LUZ ESPÍRITA
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GÉMEAS - Não se Separa o que a Vida Juntou - Leonel / Mónica de Castro

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 21, 2015 9:23 pm

CAPÍTULO 5

Renato saiu de casa feito um louco.
Havia ido além do limite da razão, mas não conseguira se controlar.
Ao ver o rapaz, até que o achara simpático e educado.
Mas saber que ele era filho do único homem que nunca mais gostaria de encontrar, era algo inadmissível.
Jamais permitiria que sua filha se aliasse a alguém que tivesse qualquer relação com Gilson Betuel.
Dirigiu a esmo por quase toda a noite, pensando no que fazer para reverter àquela situação.
Tentar proibir o namoro só serviria para piorar as coisas.
Beatriz era uma menina geniosa e de muita personalidade, e ele não conseguiria impor-lhe obediência.
Após tantos anos, viu-se na iminência de procurar Gilson, depois de jurar a si mesmo que jamais tornaria a falar com ele.
Mas as circunstâncias eram complexas e envolviam interesses dele também, pois Renato estava certo de que Gilson se apavoraria ante a notícia de que o filho estava namorando justo sua filha.
Àquela hora, contudo, não tinha como localizá-lo.
Fazia anos que jogara fora o seu telefone, e a única notícia que ouvira dele fora a da morte da mulher, muitos anos atrás.
Podia tentar a internet, mas Renato estava certo de que Gilson não deixaria lá o seu telefone.
Portanto, só lhe sobrava o jornal, e ele teria que esperar até o dia seguinte.
Naquele mesmo momento, Gilson se remexia em sua cama.
As indagações de Vítor sobre Renato Lima Negreiro haviam-no deixado alarmado e confuso.
Quando o filho lhe contou que estava namorando Beatriz, jamais poderia imaginar que ela fosse filha de quem era.
E o que lhe dissera naquela noite revelava que, assim como ele, Renato também se assustara e, provavelmente, estaria imaginando a melhor maneira de afastar os dois.
A situação era alarmante.
Tanto que lhe tirara o sono e fizera seus pensamentos se voltarem para a esposa, Lorena.
Por que fora dar-lhe ouvidos?
Se tivesse seguido seu coração, jamais se teria envolvido naquele esquema sórdido e não estaria hoje atormentado pela culpa e o remorso.
E, ainda por cima, a mulher morrera naquele acidente horrível.
Deitado a seu lado, invisível, o espírito de Lorena se contorcia de raiva.
Ouvira os comentários do filho e amaldiçoou-se a si mesma por ter sido tão estúpida.
O tempo que perdera colada a Gilson impediu-a de tomar ciência de que Vítor estava de namorico justo com aquela menina.
Se tivesse prestado mais atenção ao filho, aquilo não teria acontecido.
Ela teria dado um jeito de impedir que os dois se aproximassem, nem que tivesse que derrubar o filho da moto num acidente sem maiores consequências.
E nem se dera o trabalho de perscrutar a sua mente!
Simplesmente o deixara de lado, livre para fazer o que quisesse, sem nem lhe passar pela cabeça que ele poderia namorar justamente Beatriz.
E só agora ela descobria que a menina se chamava Beatriz.
Em sua experiência no invisível, já devia saber que os arranjos da vida não podem ser desfeitos, a não ser que estivesse alerta para criar dificuldades que talvez levassem os envolvidos a desistir por vontade própria.
De tanto vibrar sobre a mente de Gilson, ele se mantinha desperto, ligado a ela por um fio energético de culpa.
Sentia-se culpado não só por sua morte, mas pelos muitos crimes que cometera no passado de sua vida, culpa essa que era alimentada pelas constantes acusações que a ex-mulher lhe fazia do astral, tentando incutir em sua mente a ideia de que fora o responsável pelo acidente.
No entanto, lá no íntimo, ele sabia que não era assim.
Lorena, contudo, aproveitava-se desse sentimento para alimentar a ligação entre ambos, estimulando nele pensamentos carregados da mesma energia, que iam fortalecendo-a e lhe assegurando a permanência a seu lado.
Embora Gilson não vibrasse no mal, o arrependimento, a culpa e o remorso abriam um canal de sintonia que Lorena soube aproveitar, minando as suas forças justamente no ponto mais fraco de sua alma.
Estabelecida a sintonia entre Gilson e Lorena, ela se recusou a afastar-se dele, permanecendo a seu lado dia após dia.
Mesmo os espíritos de bem que tentavam ajudá-la mal conseguiam se aproximar, pois a vibração que ela emitia não lhe permitia vê-los ou ouvi-los, e ela se julgava sozinha e à vontade para desfrutar da vida e da cama do marido.
― Se Lorena estivesse aqui, saberia o que fazer - pensou Gilson em voz alta.
― Mas eu estou aqui - afirmou ela, postando-se bem acima dele, rosto colado ao seu.
Você é que não consegue me ver.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 21, 2015 9:23 pm

― E agora? O que vou fazer?
― Acho melhor deixar-me cuidar disso.
Talvez eu consiga algo com a garota.
Gilson olhou para o lado no momento em que um raio de sol penetrou pela janela.
O dia amanhecia sem que ele tivesse conseguido pregar o olho.
Desistiu de tentar dormir e se levantou, indo directo para o banheiro.
Uma boa chuveirada talvez o animasse, fazendo-o raciocinar melhor.
Era muito cedo, e o filho estava dormindo.
A criada ainda não havia chegado, de forma que ele mesmo teve que preparar o café.
Pouco depois, Vítor acordou também e, atraído pelo aroma perfumado do café, adentrou a cozinha ainda de pijamas.
― Bom dia, pai. Acordou cedo, hein?
― Tive insónia esta noite.
― É mesmo? Que chato.
― Pois é. E você?
Como vai ser o seu dia?
― Como sempre.
― Vai-se encontrar com a sua namorada?
― É claro. Por quê?
Quer conhecê-la?
― Gostaria, sim.
― Tem certeza de que você e Renato não se conhecem?
― Já conversamos sobre isso ontem.
― Mas você não me convenceu.
― Pois então, vou repetir:
não conheço Renato Lima Negreiro nem pretendo conhecer.
― Por quê?
― Pela forma como ele tratou você.
― Só por isso?
― Não tenho mais nenhum outro motivo.
― E por que quer conhecer Beatriz?
― Porque ela é sua namorada, e você está gostando dela.
― Não vai tratá-la mal?
― Já disse que não.
Lorena não perdia uma só palavra daquela conversa, ansiosa por descobrir mais a respeito da menina.
Vítor terminou de tomar o café e foi se arrumar.
Quando voltou, o pai já havia saído.
A criada havia chegado e se encontrava só na cozinha, excepto pelo espírito de Lorena, que lhe dava ordens inaudíveis sobre a melhor forma de preparar um peixe.
A moça nada escutava e permanecia limpando o peixe alheia às palavras de Lorena, que, logo que viu o filho, deixou a empregada de lado e saiu atrás dele.
Quando ele subiu na moto, ela fez uma careta de repulsa, mas sentou na garupa, enlaçando sua cintura.
Tinha medo de motocicleta, mas já estava morta mesmo...
No momento em que atravessou os braços ao redor do corpo de Vítor, ele sentiu um calafrio e balançou a cabeça e os ombros, para surpresa de Lorena.
Por que o filho, que era sangue do seu sangue, sentia visível mal-estar com o seu contacto?
Seria por desconhecer que era a mãe quem estava ali perto dele?
O ronco do motor da moto desviou a sua atenção e Lorena cerrou os olhos quando o veículo se pôs em movimento.
A cada curva, encolhia-se ainda mais atrás dele, protegida do vento e do susto pelas costas do filho.
Finalmente, chegaram à universidade, e ela saltou aliviada.
Teria sido melhor acompanhá-lo mentalmente, mas tivera medo de que seus pensamentos, irradiados por ondas mentais de baixo teor vibratório, acabassem perdidos no mar de confusão de pensamentos semelhantes aos seus e não alcançassem a mente do filho.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 21, 2015 9:24 pm

Acompanhou-o até a sala de aula e ocupou uma carteira vazia, pondo-se à espera de que chegasse à hora de encontrar a menina.
Quando a sineta anunciou o intervalo, Vítor saiu e se encaminhou para a cantina, indo directo em direcção a uma garota que estava sentada a uma mesa, conversando com as amigas.
Ele a beijou nos lábios, e os dois se afastaram do resto do grupo.
― Então? - perguntou ela ansiosa.
Conseguiu alguma coisa com o seu pai?
― Nada. Ele disse que não conhece o seu, embora eu desconfie de que esteja mentindo.
E o seu? Disse alguma coisa?
― Não. Veio com uma conversa estranha, de que seu pai estaria metido em negócios escusos do passado.
Sabe algo a respeito?
― Negócios escusos? - indignou-se Vítor.
Isso é um absurdo, Bia!
Meu pai é um editor respeitável.
― Sei disso. Não sei de onde meu pai tirou essa ideia, mas ela foi suficientemente forte para ele brigar comigo e com minha mãe.
Saiu de casa furioso ontem à noite.
― Sua mãe, então, não sabe mesmo de nada.
― Parece que não.
Ficou tão surpresa quanto nós.
― Esquisito, não é?
Enquanto os dois continuavam a conversa, Lorena quase saltou no pescoço de Beatriz, que sentiu uma vaga e momentânea tonteira, tão leve que Vítor sequer percebeu.
Então era aquela a moça que estava ameaçando a paz e a segurança de Gilson?
Era preciso tomar alguma providência contra a menina, porque, se ela descobrisse tudo, Gilson iria parar na prisão, e Lorena não estava disposta a seguir com ele.
Não pretendia se mudar para uma cela desconfortável e imunda, sem os luxos com os quais convivia em sua casa.
O que seria dela?
Não era sua intenção ficar vagando pelo mundo como um ser errante.
Não era uma alma penada.
Era um espírito obrigado a sair da matéria por uma imprudência do marido.
Não era sua culpa o facto de ele ter batido com o carro, forçando-a a deixar a vida física.
Não quisera partir da vida, assim como não queria partir agora.
Queria ficar em sua casa, onde tinha as coisas pelas quais lutara toda a sua vida.
Gostava do seu lar, de dormir em sua cama e acordar ao lado do marido.
Mesmo que ele não tivesse consciência de que ela estava ali, sempre que dormia era possível falar com ele, e isso lhe parecia satisfatório.
Além disso, a cadeia era lotada de espíritos ignorantes, e ela não estava em condições de disputar com seres das trevas muito mais poderosos do que ela, que, na certa, a expulsariam da companhia do marido.
Não. A perspectiva de o marido ser preso não era nada animadora.
O filho não dava a mínima para ela, e não era com ele que ela podia ter a energia do sexo.
Quando Gilson dormia, muitas vezes, ela podia tocar o seu corpo astral, que vibrava intensamente e lhe deixava a impressão de que sonhara estar fazendo sexo com ela.
Aquilo era muito bom.
Dava-lhe a sensação de estar viva também.
O jeito era atrapalhar o namoro dos dois.
Lorena sondou a mente do filho, mas não encontrou nenhuma fraqueza que pudesse dar acesso a sua intervenção.
A menina, contudo, parecia mais vulnerável.
Havia nela certa dose de rebeldia que favorecia a raiva, e a ira se mostrava um sentimento capaz de abrir rupturas nos corpos astral e mental propícias à interferência do invisível.
Durante o resto da manhã, Lorena permaneceu junto a Beatriz.
A presença da moça lhe causava certa repulsa, mas era necessário suportá-la se quisesse garantir a sua sobrevivência.
No final das aulas, Beatriz e Vítor se despediram, e Lorena seguiu com ela.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 21, 2015 9:24 pm

Sentou-se confortavelmente em seu carro, dando graças por não precisar montar na garupa de uma moto outra vez, e foi para a casa de Beatriz.
Não se surpreendeu ao se deparar com a imensa mansão em que ela vivia, num condomínio luxuoso de frente para a praia da Barra da Tijuca.
Entrou sem cerimónia e perscrutou o ambiente, dando-se por satisfeita por não haver mais nenhum outro espírito ali.
Isso lhe pouparia o trabalho de ter que entrar em entendimento com ele e explicar os seus motivos, correndo ainda o risco de não ser admitida.
No começo, Lorena ficou ao lado de Beatriz pensando na melhor estratégia para minar o namoro dela e de seu filho.
Todavia, ao acompanhar a família ao jantar, não duvidou mais do que fazer.
A entrada de Renato chegou a lhe causar ânsias de vómito, mas se conteve e se aproximou.
Ele praticamente não havia mudado em todos aqueles anos.
Lorena fixou os olhos em Carminha, que não chegara a conhecer em vida, e fez um muxoxo de desdém.
Ela parecia uma mulher tola e sem fibra, provavelmente alheia às actividades do marido.
Logo que todos foram dormir, Lorena sentou-se na cama ao lado de Beatriz para esperá-la.
Não demorou muito, e o perispírito da moça se desprendeu parcialmente do físico, pairando alguns centímetros acima da matéria densa.
Lorena soltou uma gargalhada irónica e chamou-a pelo nome várias vezes.
Desperta em seu corpo astral, Beatriz se espantou com a presença de Lorena, a quem nunca antes havia visto.
― Quem é você? - indagou curiosa, um medo indefinível se apossando de todo o seu corpo.
― Sua tonta, idiota, vagabunda! - esbracejou Lorena, os olhos duas chispas de fogo.
Como se atreve a se aproximar de Vítor?
Saia do lado dele, para o seu próprio bem, ou então, vai ter que se entender comigo!
A reacção de Lorena foi tão violenta, e Beatriz estava tão despreparada, que imediatamente retornou ao corpo físico, o que o fez despertar com um choque intenso.
A seu lado, Lorena praguejava e investia contra ela, mas Beatriz nada sentiu além de uma rápida tonteira.
Assustada, levantou-se e foi até a cozinha apanhar um copo de água.
Não se lembrava de nada do que vivera no outro plano, mas uma sensação de desconforto permaneceu impressa em seu corpo e sua mente.
Ao retornar ao quarto, sentiu certo medo e deixou a luz acesa.
Embora temerosa, fechou os olhos e se encolheu na cama, mas, quando adormeceu novamente, o espírito de Lorena não estava mais ali.

2Quando o homem pensa, faz vibrar seu copo mental, irradiando ondas que vão alcançar outras que estejam vibrando em sintonia com o pensamento emitido.
Isso faz com que o a ao nosso redor esteja repleto de matéria mental, que responde a vibrações afins, em forma de ondulações que se irradiam em todas as direcções.
Por isso, as ondas mentais inferiores tendem a encontrar dificuldade em alcança o destinatário, justamente porque acabam se perdendo na imensa quantidade de ondas mentais semelhantes que se encontram ao redor da matéria mental enviada com o pensamento
(N. A).
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 21, 2015 9:24 pm

CAPÍTULO 6

Os convites já haviam sido enviados para a recepção de bodas de prata de Carminha e Renato, caso contrário, ele teria suspendido a comemoração.
Não sentia a menor animação para festas.
A novidade com que a filha o surpreendera estragara o seu humor, e ele só pensava em como encontrar uma maneira de afastá-la daquele rapaz.
Evitou encontrá-la durante os dias que se seguiram e não tocou mais no assunto com a mulher, embora Carminha lhe perguntasse várias vezes o que havia acontecido.
Descobrir o telefone do jornal de Gilson não foi difícil, e Renato ficou com o número no bolso até tomar coragem para ligar.
Não gostaria de falar com ele novamente, mas não havia outro jeito.
O interesse em afastar os dois devia ser mútuo.
Do celular, ligou para o jornal, e a secretária que o atendeu informou que Gilson ainda não havia chegado.
Renato conseguiu estacionar o carro numa vaga próxima e postou-se em frente ao prédio em que funcionava o jornal.
Não demorou muito, e Gilson apareceu.
Estava mais velho, mas ainda era o mesmo e Renato facilmente o reconheceu.
Quando Gilson se aproximou, logo notou o outro parado ali.
Abordou-o com ar cansado e, sem estender-lhe a mão, disse calmamente:
― Renato... Já faz mais de vinte anos.
― Vinte anos que vivi sem nem lembrar de sua existência.
Mas agora...
― Agora... Sei por que está aqui.
― Imagino que sabe.
Depois de tantos anos, só um assunto de extrema gravidade como esse para me colocar em contacto com você novamente.
― Entendo.
― Já pensou a respeito? - ele assentiu.
E que atitude vai tomar?
― Nenhuma.
― Nenhuma? Ficou louco?
Não sabe em que esse namoro pode dar?
― Se não falarmos nada, eles acabarão se afastando normalmente.
É só um namoro de juventude sem maiores consequências.
Agora, se fizermos alarde, eles vão se unir ainda mais.
― E deixá-los à vontade para que descubram tudo?
Jamais!
― Eles vão descobrir se nós nos comportarmos de forma a levantar suspeitas.
Vítor já andou me fazendo perguntas sobre você.
Está desconfiado de que nos conhecemos e que existe alguma animosidade entre nós.
E aposto como sua filha tem a mesma desconfiança.
Renato concordou com a cabeça e retrucou cheio de fúria:
― Mais um motivo para impedir que aqueles dois namorem.
Já pensou se eles resolvem se casar?
― Você está antecipando as coisas.
Não creio que isso vá acontecer...
― Tudo é possível, e precisamos nos cuidar.
Ou será que você está pronto para enfrentar a cadeia?
― Você tem motivos para temer a prisão mais do que eu.
― Não tenho, não!
E o proíbo de tocar nesse assunto.
É coisa do passado, acabou.
― Esse não é um passado que se possa esquecer facilmente.
Todavia, concordo que o mais importante é nos concentrarmos nos meninos.
Eu ainda acho que, se não dermos importância ao facto, eles acabam terminando o namoro naturalmente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 22, 2015 7:36 pm

― Não posso confiar nisso.
Preciso fazer alguma coisa.
― Toda trama requer uma boa dose de frieza e dissimulação.
Se sua filha perceber, tudo vai por água abaixo, e só o que você conseguirá é que ela fique com raiva de você.
― Não quero tramar contra a minha filha - protestou ele com raiva.
Quero apenas a felicidade dela.
― E eu, a do meu filho.
Só que não é assim que conseguiremos isso.
― Não acredito que você vá apoiar o namoro dos dois.
― Não vou apoiar, mas também não vou dar contra.
Quer saber, Renato?
Cansei de lutar contra o destino.
― Idiota. Se sua mulher estivesse viva, ela saberia como agir.
Do lado invisível, Lorena acompanhava a tudo com ódio e perplexidade.
― Eu sei como agir, imbecil! - esbracejou, desferindo um tapa que atravessou o rosto de Renato, sem que ele o sentisse.
Pensa que estou satisfeita com isso?
Só que não posso fazer nada.
Nada, ouviu bem?
Quem pode é o Gilson, mas ele se está tornando um molóide sentimental e arrependido.
― De nada adianta isso, Renato - contrapôs Gilson.
Somos nós que temos que cuidar de tudo, e eu não o aconselho a pressioná-los.
― Você até que tem razão quando diz que a pressão só vai servir para fortalecer ainda mais esse namoro.
Já fomos jovens e sabemos que a desaprovação dos pais só serve para nos estimular.
Mas eu insisto que alguma coisa tem que ser feita.
― Diga-me o quê.
― Não sei ainda.
Por ora, contudo, vou aceitar a sua sugestão e me abster de pressionar Beatriz a romper o namoro, até que uma ideia me surja.
Mais uma vez, Lorena interveio aborrecida:
― A ideia sou eu, seu tonto.
Vou conseguir mais resultados do que você.
E depois, nem precisa me agradecer.
E quanto a você, bobão - tornou ela, cutucando as costelas de Gilson, que também nada sentiu -, acho bom parar de querer dar uma de bonzinho e colaborar.
Não quero ir para a cadeia com você.
Não quero e não vou.
― Essa é a melhor solução, acredite.
― Não sei se é a melhor solução, mas é a que seguirei no momento.
Não incentivarei o namoro, mas não darei contra.
Espero que você faça o mesmo. - Gilson não respondeu.
Enquanto isso, não quero ter que me encontrar com você novamente.
― Foi você quem me procurou, Renato, não o contrário.
E tampouco eu faço questão de manter contacto com você.
Quanto mais afastados estivermos, melhor para ambos.
― Óptimo. E agora, preciso ir.
Tenho trabalho à minha espera.
Muito embora aquela solução não fosse totalmente satisfatória, racionalmente, era a mais coerente.
É claro que a pressão para os jovens terminarem só faria aproximá-los ainda mais, além de aguçar a curiosidade de Beatriz.
Renato arranjaria uma justificativa convincente para sua primeira reacção e faria o resto em silêncio.
Nem com Carminha podia se abrir.
Ela não conhecia Gilson e era melhor que continuasse sem conhecer.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 22, 2015 7:37 pm

Ao voltar para casa no final daquela tarde, estava mais calmo e sentou-se normalmente para jantar com a família.
Brincou com Nícolas, fez carinho na mulher, a quem adorava, e tratou Beatriz com a amorosidade de sempre.
As duas estranharam a mudança, e foi Beatriz quem comentou:
― Você está estranho, pai.
Parece que voltou ao normal.
― Você acha? - o retrucou, fingindo não perceber a ironia.
É porque nunca estive diferente.
― Não?
― Olhe, minha filha, se está se referindo a minha reacção com seu namorado, já passou.
Reflecti melhor e cheguei à conclusão de que você e sua mãe têm razão.
Eu não tenho que dar ouvidos a mexericos do passado, e não há nada que comprove que Gilson não é uma pessoa correcta.
― Nossa! Que mudança radical, hein?
― Aquilo foi um exagero, preocupação de pai...
― Ciúmes - afirmou Carminha.
Todo pai tem ciúmes da filha.
― É, ciúmes, pode ser - concordou ele, fitando a filha directamente nos olhos.
É que a amo tanto, minha filha, a você e a seu irmão, que jamais me perdoaria se algo lhes acontecesse.
― O que pode acontecer com um simples namoro?
Questionou ela.
― Nada. E foi por isso que mudei de opinião.
É que eu nunca havia visto você tão interessada por alguém como por esse rapaz, e isso me assustou.
Só estava pensando em protegê-la.
― Tudo bem, pai, já passou.
Fico feliz que você tenha pensado melhor e reconsiderado.
Com o tempo, vai ver que Vítor é um bom rapaz.
― E o pai dele?
Você já o conheceu?
― Ainda não, mas Vítor pretende me apresentar a ele em breve.
E podemos marcar um jantar para que vocês se conheçam também.
― Vamos deixar isso para mais tarde, está bem? - revidou ele, cheio de horror.
A última coisa que queria era Gilson em sua casa, em contacto com sua mulher e seus filhos.
É melhor esperarmos para ver se a coisa fica mais séria.
Do contrário, não convém uma aproximação desse tipo.
― Seu pai tem razão - concordou Carminha.
Essa aproximação de famílias só é conveniente quando há um compromisso mais sério.
― Acho o Vítor muito legal ― interrompeu Nícolas, visivelmente satisfeito com a decisão do pai.
Ele me trouxe figurinhas do Harry Potter.
Renato teve vontade de dizer ao filho que não precisava aceitar presentes daquele rapaz, que ele era rico e podia comprar-lhe quantas figurinhas do Harry Potter ele quisesse e tudo o mais que desejasse.
Todavia, forçou um sorriso falso e acrescentou:
― Muito bem, meu filho.
Que bom que gosta do namorado de sua irmã.
Assim você pode tomar conta deles.
― Até parece - ironizou Beatriz, e Renato forçou um sorriso amistoso.
Terminado o jantar, Beatriz se levantou e foi para o quarto, voltando em seguida com a bolsa e a chave do carro.
― Vai sair? - indagou Renato.
― Vou me encontrar com Vítor. Tudo bem?
― É claro que está tudo bem - Carminha respondeu.
E você pode trazê-lo aqui em casa quando quiser.
Não pode, Renato?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 22, 2015 7:37 pm

A ideia causou certo horror a Renato, mas não podia deixar que Beatriz ou Carminha percebessem o quanto ele mentia.
Por isso, engoliu em seco e respondeu:
― É claro.
― Óptimo! - exclamou Beatriz.
Bom, agora chega de papo.
Combinei de me encontrar com ele no Barra Shopping para irmos ao cinema.
― Até logo, minha filha - despediu-se Carminha.
E cuidado no trânsito.
― Pode deixar.
A desculpa fora convincente, e Beatriz estava certa de que o pai apenas exagerara na preocupação.
Cantarolando, entrou no carro, e Lorena sentou-se no banco a seu lado, tentando perscrutar a sua mente.
Mas ela não pensava em nada além da conversa que tivera com os pais e não se abria a suas sugestões.
O jeito era esperar.
Se Lorena quisesse descobrir uma brecha para poder penetrar nos pensamentos de Beatriz, tinha que ser paciente.
Não precisou esperar muito.
Quando chegaram ao lugar em que haviam combinado de se encontrar, Vítor não estava.
Beatriz o procurou ao redor e viu-o no caixa electrónico do banco, junto com uma mulher.
Imediatamente, o raio fulminante do ciúme rasgou seu coração, e ela se aproximou rapidamente, tentando disfarçar o que sentia.
Quando chegou mais perto, viu que a mulher era uma senhora de seus cinquenta e poucos anos e percebeu que Vítor a ajudava com os procedimentos da máquina.
Suspirou aliviada, mas Lorena, a seu lado, se comprazia com a descoberta.
Beatriz sentia ciúmes.
Nitidamente, Lorena percebera uma enxurrada marrom esverdeada em seu corpo astral , e raios de um vermelho intenso acusavam a cólera que a dominara à primeira visão do namorado em companhia de outra mulher.
Lorena sempre se caracterizara pela inteligência e, de tanto conviver com Gilson e seus amigos encarnados, acabara desenvolvendo a aptidão para reconhecer a vibração de cada sentimento humano, revelada através das cores do corpo astral.
Ainda mais para ela, agora habitante desse plano, a percepção dos sentimentos era muito mais nítida e vívida, pois, inclusive, os experienciava com maior intensidade do que quando vivia limitada pela matéria densa.
O ciúme é o elemento perfeito para se trabalhar a discórdia.
Através dele, Lorena poderia implantar o germe da desconfiança na mente de Beatriz, e daí para a dilapidação do amor nascente seria um passo muito rápido.
Ou, pelo menos, era assim que pensava.
Se Beatriz não fosse vigilante nos pensamentos, sentimentos e atitudes, ela poderia agir com maior liberdade e interferir com mais eficiência no relacionamento dos dois.
Quando Beatriz se acercou de Vítor, ainda pôde ouvir as últimas palavras dele para a mulher que auxiliava:
― Não foi nada.
Mas a senhora não deve mais pedir ajuda a estranhos.
Eu sou um cara honesto, mas hoje em dia, nunca se sabe.
A mulher sorriu e foi-se agradecida, e só então Vítor percebeu que Beatriz estava parada um pouco mais atrás.
― Você é uma gracinha - a elogiou, depois do beijo rápido.
Sempre tentando ajudar as pessoas.
Ele a estreitou nos braços, e foram caminhando em direcção ao cinema.
― Já comprei os ingressos.
Vamos, está na hora.
Lorena não os acompanhou.
O que vira já fora o suficiente, já lhe dera elementos para começar a pôr em prática os seus planos.
Gilson e Renato iam ver só uma coisa.
Ela sozinha seria capaz de muito mais estrago do que os dois juntos jamais poderiam supor.

3O copo astral, que é o das emoções e desejos, interpenetra o corpo físico e se estende para fora dele, formando a aura astral.
A porção central, que interpenetra a matéria densa, possui a aparência do corpo físico humano, e a parte que dele se expande é de forma oval e repleta de cores que estão em movimento constante, cada uma delas revelando o teor vibracional de cada sentimento
(N.A).
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 22, 2015 7:37 pm

CAPÍTULO 7

Graziela era uma mulher bonita, embora com certo ar de tristeza.
Casada com um homem mais velho, vivia na Itália, embora fosse sua ideia se mudar para o Brasil.
No princípio, fora difícil.
Ela era apenas uma empregada na casa de um homem rico, e os familiares não quiseram aceitar quando Aécio lhes informou que pretendia se casar com ela.
Sanguessugas, esperavam que o velho morresse para poderem sugar até o último tostão da herança.
Quando se conheceram, Aécio era um viúvo sem filhos, muito atarefado e solitário.
A vida de diplomata fazia com que empreendesse constantes viagens ao exterior, e ela ficava praticamente sozinha em casa, tomando conta de tudo.
Quase não o via, mas houve um momento em que seus caminhos se cruzaram de forma significativa.
Aécio ocupava o cargo de adido cultural num consulado da Espanha e voltara ao Brasil para um período de férias em casa.
Andava cansado, já sentindo os primeiros sinais de fadiga e descompasses no coração, que culminariam com uma cirurgia para colocação de um marca-passo.
Nessas férias, tivera um mal súbito e fora operado às pressas.
De volta a casa, ficou sob os cuidados de Graziela, à época, uma jovem de pouco mais de vinte anos.
Ele já se aproximava dos sessenta, mas ainda era um homem atraente e, sobretudo, muito bondoso.
Não tardou a se interessar por Graziela.
Apesar de bonita, ela andava muito descuidada da aparência, sem tempo nem dinheiro para tratar de si.
Aécio se encantou com ela e, mesmo sob os protestos da família, pediu-a em casamento.
Irmãos e sobrinhos tentaram impedi-lo, mas nada conseguiram.
Um homem na sua posição, diplomata a serviço de sua nação em vários países da Europa, precisava de uma nova esposa e Graziela parecia perfeita.
Aécio e Graziela se casaram em uma cerimónia que não contou com a presença de nenhum dos parentes, apenas uns amigos de profissão mais chegados.
Logo após o casamento, já prontamente restabelecido, viajaram de volta à Espanha, onde ele reassumiu o seu posto de adido cultural.
Depois disso, foi nomeado cônsul em Barcelona, Coimbra e Florença, e ela sempre o acompanhou a todos esses lugares.
Uma professora foi contratada para lhe dar aulas de português e etiqueta.
Graziela mal sabia ler, mas se dedicou aos estudos com afinco, até que conseguiu aprender e adquirir uma cultura razoável.
Lia todos os clássicos que podia, interessava-se por música e pintura.
Como não trabalhava, podia se dedicar à cultura, sob a orientação de Aécio, que lhe dizia que, para ser alguém na vida e conquistar o respeito da sociedade, era preciso ser uma pessoa letrada e culta.
Graziela amou Aécio à sua maneira.
Era um amor sem o fogo da paixão, mas recheado de carinho, amizade e, sobretudo, respeito e gratidão.
Quando ele morreu, Graziela sentiu o mundo desmoronar.
Ele era o seu porto seguro.
Como poderia agora viver sem Aécio?
Por mais que o marido a tivesse preparado para aquele momento, sentia que nunca estaria pronta de verdade.
A vida sem ele ficara vazia e temerosa.
A Europa perdera o encanto e passara a ser um lugar estranho e sombrio.
Sem a presença de Aécio, nada mais tinha graça.
De repente, lugares e pessoas se tornaram assustadores, e ela começou a ver a Europa como o que realmente era: um lugar de fuga.
E a hora não era de fugir.
Era de voltar e retomar o rumo de seu destino.
O marido lhe deixara imensa fortuna.
Quase todos os seus bens estavam no Brasil.
Havia alguns imóveis espalhados pela Europa, mas Graziela não queria morar em nenhum deles sem a companhia de Aécio.
Vendeu as propriedades e os móveis, e arranjou tudo para sua volta.
Precisava escolher um lugar para morar.
Talvez o Recife, terra de Aécio, mas uma voz interior lhe inspirava o Rio de Janeiro.
Ela, contudo, não deu atenção à inspiração e se resolveu por São Paulo.
Era uma cidade grande e desenvolvida, pronta a lhe oferecer um padrão de vida mínimo diante daquele a que se acostumara na Europa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 22, 2015 7:37 pm

No dia marcado para a compra da passagem, tudo deu errado.
Primeiro, a secretária particular de Aécio, que continuava prestando-lhe serviços até que ela fosse embora, contraiu um forte resfriado e não pôde cumprir seus compromissos.
O computador apresentou uma pane geral, e Graziela não conseguiu se conectar a internet, por onde poderia comprar a passagem com mais rapidez.
Resolveu telefonar, mas na hora em que falava com a atendente, ouviu um estalo na linha, e o telefone ficou mudo.
Depois foi a vez do celular.
No instante em que o pegou, ele deslizou de sua mão e foi cair dentro da banheira cheia de água, que ela acabara de preparar para o seu banho.
Era demais.
Decididamente, aquele dia conspirava contra ela, e Graziela, impaciente e irritada, resolveu que iria, pessoalmente, à companhia de viagens comprar a passagem.
Mas não foi o que aconteceu.
Logo que acabou o banho, a campainha da porta soou, e uma amiga entrou aflita:
surpreendera o marido nos braços da amante e pedira o divórcio.
Graziela suspirou desanimada.
Não podia negar ajuda a uma amiga desesperada.
Sentou-se com a amiga no sofá e, por quase três horas consecutivas, ouviu suas lamúrias e confortou suas lágrimas.
Quando a amiga foi embora, já passava das seis da tarde, e ela resolveu deixar a passagem para o outro dia.
Na manhã seguinte, lembrou-se de ter sonhado com o Rio de Janeiro e anotou mentalmente a ideia de ir visitá-lo um dia.
Depois de instalada em São Paulo, faria essa viagem.
Primeiro, contudo, era preciso comprar a passagem para o Brasil, e ela reiniciou suas tentativas.
O telefone ainda estava mudo.
Havia pedido à amiga que solicitasse o conserto, mas nada acontecera.
Será que ela, envolvida com seus problemas conjugais, havia se esquecido?
O computador continuava com defeito, pois o técnico só poderia comparecer no final da tarde, e o celular havia se afogado.
A única solução era ir, ela mesma, comprar a passagem.
O relógio marcava nove e quarenta, cedo o suficiente para ela ir e voltar a tempo de formalizar a escritura de compra e venda daquele apartamento, último imóvel a vender, marcada para aquele dia.
Desceu até a garagem do prédio e entrou em seu automóvel.
Contudo, ao girar a chave na ignição, não conseguiu dar partida.
Tentou uma, duas, três vezes, e nada.
Consultou o painel e constatou incrédula:
o tanque de gasolina estava vazio.
À beira do desespero, desferiu vários socos no volante e disse para si mesma:
― Não é possível!
Tudo acontece para me prender aqui, mas não vou desistir. Não vou!
A seu lado, um espírito amigo suspirou.
Tudo fazia para que ela compreendesse que não devia comprar uma passagem para São Paulo.
O lugar para onde deveria ir era o Rio de Janeiro, só que Graziela não compreendia.
As dificuldades que encontrava para comprar a passagem não eram para atrapalhar os seus planos nem para prendê-la na Europa.
Serviam para tentar alertá-la de que estava indo por outro caminho que não aquele que a vida seleccionara para o seu bem.
Graziela trancou o carro e foi pegar um táxi, mas o trânsito estava congestionado, devido a um grave acidente, e o veículo ficou preso no meio do engarrafamento, sem poder avançar ou retroceder.
Por que o motorista não fora por outro caminho?
Por que tinha que escolher justo aquela via que estava obstruída?
Já fazia mais de meia hora que estavam parados ali, e nada de o trânsito se mexer.
O rádio transmitia notícias do acidente, e ela ficou ainda mais desanimada.
Havia uma carreta tombada na pista, e demoraria muitas horas até que a rua fosse liberada.
A seu lado, o espírito amigo continuava soprando em seu ouvido:
― Vá para o Rio de Janeiro.
Não percebe que as dificuldades são para evitar que você vá para o lugar errado?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 22, 2015 7:38 pm

Ela registava a presença do espírito e tomava as suas palavras como se fossem os seus pensamentos, aos quais não deu nenhum crédito, afastando-os sem nem ao menos os considerar.
O que a irritava era aquele engarrafamento, e o espírito, por uns momentos, distanciou-se de Graziela e foi até o local do acidente ver se podia fazer alguma coisa para ajudar.
Havia muitos seres de luz por lá, que agradeceram a sua presença e o informaram de que tudo estava sob controle.
Não fora ele a causa do acidente, que acontecera porque estava programado para as pessoas envolvidas.
Mas se aproveitara da ocasião para sugestionar o motorista, que logo captou o pensamento do espírito e guiou o carro pela via congestionada.
Graziela suspirou desanimada e apoiou o cotovelo na porta do carro, descansando a testa na palma da mão.
Consultou o relógio de pulso e praguejou intimamente.
A escritura estava marcada para a uma da tarde, e já eram quase onze.
Não podia mais esperar.
Deu uma gorda gorjeta ao motorista e saltou do táxi, indignada com a vida, sem saber por que tudo estava dando errado.
Aquela passagem parecia encantada, mas ela não iria desistir.
Vencer os tropeços era sinal de persistência e coragem.
Assim que fechou a porta do carro, ouviu alguém chamar o seu nome.
Era a amiga que estivera em sua casa no dia anterior, sentada ao volante de seu automóvel, parado bem atrás do táxi em que ela estava.
Nem tudo estava perdido.
Depois de saber notícias da situação dela com o marido, e descobrir que tudo não passara de uma discussão boba por causa de uma sirigaita sem importância, Graziela indagou cheia de esperança:
― Já que você vai em direcção ao centro, será que não podia comprar uma passagem de avião para mim?
Para São Paulo, no Brasil.
Deposito o dinheiro, hoje mesmo, na sua conta.
Finalmente, depois de muitos lamentos pela partida de Graziela, a moça concordou.
― Para onde é que você vai mesmo?
― Para São Paulo, no Brasil.
Pode ser para quarta ou quinta-feira da semana que vem.
― Ok. São Paulo, Brasil.
Quarta ou quinta da semana que vem.
― Isso. Muito obrigada.
Graziela pegou um táxi em outra rua e chegou a tempo de fechar o negócio.
Escritura assinada, foi logo depositar o cheque em sua conta e voltou para casa.
Quando chegou, o telefone já estava funcionando, e o técnico do computador apareceu em seguida.
Ficaria sem celular, porque viajaria dali a uma semana, e poderia passar sem ele nesse período.
No dia seguinte, levaria o carro a uma agência de automóveis e o venderia também.
As coisas pareciam haver retomado o eixo, e ela se acalmou, felicitando-se por não se deixar desanimar diante das dificuldades.
Colocou um CD de música clássica e estirou-se no sofá para esperar a amiga.
Ela só chegou ao anoitecer e entregou a passagem a Graziela, desculpando-se por não poder ficar para conversar, pois tinha um encontro marcado com o marido para jantar.
Graziela agradeceu duplamente:
pela passagem e por ser poupada do falatório da amiga naquele momento.
De posse do bilhete, foi conferir seus dados e levou um choque.
Em lugar de destino:
São Paulo, Brasil, o que se lia era:
Rio de Janeiro, Brasil.
A perplexidade foi dominando-a, e um calor asfixiante subiu pelo seu rosto, congestionou o seu nariz e fez arder os seus olhos.
Depois daquilo tudo, a amiga se confundia e trocava o destino da sua viagem.
Era demais! E ela que chegara a pensar que vencera as adversidades e conseguira seu intento pela perseverança.
Não estava certo.
Furiosa, apanhou o telefone e ligou para o celular da amiga:
― Você trocou o meu destino.
Era São Paulo, não Rio de Janeiro.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 22, 2015 7:38 pm

― São Paulo? Não, não, não.
Tenho certeza de que você falou Rio de Janeiro.
― Não falei. Disse São Paulo.
― Não disse, Graziela. Não sou louca.
Alguém estava enlouquecendo.
Ela estava certa de que falara São Paulo, e não Rio de Janeiro, mas a amiga teimava que fora o contrário.
E ainda repetira: São Paulo!
Todavia, aquela discussão não ia levar a nada.
Não importava quem tivesse trocado o nome da cidade.
O facto era que a passagem que tinha em mãos era para o Rio de Janeiro, e ficar discutindo não ia alterar o que estava escrito.
― Está bem - disse ela, por fim.
Eu me enganei. Obrigada, de qualquer forma.
Desligou. As coisas começavam a dar errado de novo.
Mas não tão errado.
Ela agora tinha computador e telefone.
Podia tentar alterar a passagem, dizer que fora um engano da amiga.
Retirou o fone da base e começou a discar o número grafado na capa do bilhete.
Foi quando o espírito se aproximou dela novamente e soprou em seu ouvido:
― Será que a vida não está tentando lhe mostrar que o melhor para você é ir para o Rio de Janeiro, e não para São Paulo?
Ela parou com o dedo sobre a última tecla do número que discava e pousou o fone novamente na base.
Aquilo era muito estranho.
Tudo dera errado para ela comprar a passagem e, quando conseguia, a amiga tinha que trocar o destino.
Será que não era um aviso?
― É o aviso de que você está tentando algo que não é o melhor para a sua vida - esclareceu o espírito, do invisível.
― Por que será que minha amiga trocou os nomes?
― Porque eu apaguei o nome São Paulo de sua mente e lhe sugeri Rio de Janeiro.
Como os pensamentos dela estavam ligados no marido, foi fácil de conseguir.
Não se aborreça com ela por isso.
Ela foi um instrumento para que o bem se realizasse na sua vida.
― E agora, o que faço?
― Vá para o Rio de Janeiro.
Você vai ser feliz lá.
De repente, São Paulo não lhe pareceu mais tão atraente.
No actual momento de sua vida, precisava de uma cidade cheia de sol, calor e alegria, e o Rio, com suas praias, atenderia mais a esse propósito.
Ela já havia planeado ir para São Paulo, mas que diferença faria se mudasse de ideia?
Não tinha compromisso com nada nem ninguém em parte alguma do Brasil.
Era livre para mudar de ideia e ir aonde bem entendesse.
Ficou decidido. Iria para o Rio de Janeiro.
Aécio tinha amigos em várias partes do Brasil e, com certeza, ela lá encontraria alguém influente que a apresentasse às pessoas certas no Rio.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 22, 2015 7:38 pm

CAPÍTULO 8

Chegando ao Rio de Janeiro, Graziela hospedou-se num hotel, até comprar um apartamento e se estabelecer em definitivo.
Como imaginava, Aécio tinha alguns conhecidos no Rio, e Laerte Souto Bastos, funcionário do alto escalão do governo, era um deles.
A pedido de um amigo em comum de Florença, Laerte deu um telefonema para a mulher no Rio e falou-lhe sobre Graziela, solicitando que a apresentasse à sociedade.
No começo, Graziela sentiu-se acanhada e insegura, mas logo chegou o primeiro convite.
Era uma festa beneficente promovida por Amélia, esposa de Laerte, à qual compareceu, e conheceu Carmem Lima Negreiro, mulher da alta sociedade carioca, dona de uma empresa de mineração e famosa designer de jóias.
Carminha, como era chamada, pareceu uma pessoa interessante e com quem valeria à pena travar algum tipo de amizade.
Como a simpatia foi mútua, Graziela.
Não teve dificuldade em aceitar o convite para as bodas de prata de Carminha, que se realizariam no sábado dali a quinze dias.
Era um óptimo começo.
Durante o resto da semana, ciceroneada por Amélia, Graziela se ocupou em conhecer a cidade.
Foi ao Corcovado, ao Pão de Açúcar, Aterro do Flamengo, Vista Chinesa e Floresta da Tijuca, sem deixar de dar uma passada na Confeitaria Colombo, no centro da cidade.
Ficou encantada.
Depois passou aos museus e teatros, visitou livrarias e confeitarias, deliciando-se com as ruas em estilo antigo do Centro.
Em momento algum se arrependeu de ter escolhido o Rio para morar, já começando a gostar daquela cidade tão cheia de contrastes e encantamentos.
O sábado da festa de bodas amanheceu ensolarado, e ela despertou com uma ponta de tristeza.
Havia sonhado com Aécio, e a saudade apertou seu coração.
― Como sinto falta de você, meu velho - a suspirou, beijando de leve sua fotografia, que ficava na mesa-de-cabeceira ao lado.
Mas não quero que se preocupe comigo. Vou ficar bem.
Gentilmente, pousou o retrato na mesinha e se levantou.
O sol entrava tímido pelas nesgas da cortina, e ela abriu tudo, escancarando a janela para que a luz inundasse o quarto.
Fazia um lindo dia de verão, e ela inspirou o ar da manhã com satisfação.
Em seguida, foi tomar o café na varanda, de onde podia ver o mar do Recreio.
O resto do dia transcorreu sem anormalidades.
Graziela experimentou o vestido da festa, foi ao cabeleireiro e fez as unhas.
Na hora marcada, já estava pronta e seguiu para a casa de Carminha, que ficava num condomínio elegante na Barra da Tijuca.
Quando chegou, a festa já havia se iniciado e Carminha a recebeu com alegria:
― Minha querida, que bom que veio!
Venha, quero apresentá-la a todo mundo.
Aproximou-se de Renato.
― Meu bem, veja quem está aqui.
Esta é a Graziela Martins, a moça de quem lhe falei.
― Muito prazer - cumprimentou Renato, beijando-lhe a mão.
― O prazer é todo meu - respondeu Graziela, sentindo no peito uma sensação esquisita, uma mistura de sentimentos que não podia definir.
Carminha apresentou-a aos demais convidados, e ela granjeou a simpatia de todos.
Era bonita, culta e mulher de um cônsul.
Procurou os filhos, que estavam em uma rodinha de jovens, e foi apresentá-la a eles também.
― Estes são meus filhos - falou Carminha.
Beatriz e Nícolas.
E este aqui é o Vítor, namorado de Beatriz.
― Como vão?
― Tudo bem - respondeu Beatriz, enquanto Vítor a cumprimentava com um sorriso.
― Você que é a mulher do cônsul? - indagou Nícolas, curioso.
― Dá para ter um pouco mais de educação? - censurou a irmã, notando que a mãe havia ficado um pouco sem graça.
Mas Graziela não se importou com a pergunta.
Sorriu amistosamente e respondeu com simpatia:
― Sou eu, sim.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 22, 2015 7:38 pm

Apesar do sorriso amigável, Beatriz não simpatizou com ela.
Nícolas parecia bastante interessado e lhe fazia perguntas sobre a Europa e a vida dos cônsules, que ela ia respondendo com paciência e cortesia.
― Bom - cortou a mãe -, agora é hora de deixarmos a nossa convidada à vontade.
Venha comigo, Graziela, vou colocá-la à mesa de uns amigos.
Foram se afastando, e Graziela comentou:
― Você tem filhos maravilhosos.
― Obrigada. E você?
Não tem filhos?
― Não. Quando me casei, Aécio já tinha certa idade, e não pudemos ter filhos.
― Nunca pensou em adoptar?
Uma nuvem passou pelo semblante de Graziela, que se tornou rígido e sombrio.
― Não sou a favor de adopção.
― Por quê? - indignou-se Carminha.
― Por nada. Quero dizer, queria ter filhos meus e de Aécio.
Como não foi possível...
Calou-se, demonstrando desagrado com aquela conversa e Carminha mudou de assunto, até que chegaram à mesa em que várias senhoras tagarelavam animadamente.
― Vou deixá-la em companhia de amigas divertidas - gracejou Carminha.
Sempre têm algo interessante para contar.
― Amélia não veio?
― Não, querida. Infelizmente, o marido chegou cansado da viagem, e ela não pôde se ausentar.
― Que pena.
Graziela realmente lamentou a ausência de Amélia, de quem já se considerava amiga.
Sentou-se numa das cadeiras vazias e ficou ouvindo a conversa.
― Seja bem-vinda, querida - disse uma das mulheres, exibindo largo sorriso e acrescentando em tom jocoso:
― Estávamos falando mal da vida alheia, como sempre.
A conversa até que estava divertida, porque a mulher tinha um jeito engraçado de falar.
Contudo, por vezes, referia-se a pessoas e factos que ela não conhecia, e Graziela se perdia no assunto.
Isso acabou desinteressando-a, e permaneceu calada, bebendo champanhe e admirando os casais que dançavam na pista improvisada no meio do gramado.
Estava distraída, sentindo a saudade do marido que começava a se avizinhar, quando uma voz rompeu a monotonia:
― Não quer dançar?
Era Renato.
Graziela pousou a taça de champanhe na mesa e, sem dizer nada, estendeu a mão para ele, que a tomou, conduzindo-a até a pista de dança.
Estavam tocando uma música de Frank Sinatra, e ele a enlaçou pela cintura, mantendo certa distância de seu corpo.
Entre os dois, fluía uma vibração estranha e impossível de se identificar.
Graziela sentiu por ele uma simpatia inocente, ao mesmo tempo em que um medo indescritível e injustificável fez estremecer seu coração.
Aqueles sentimentos a incomodaram, e ela teve vontade de pedir licença e parar a dança, mas seria uma indelicadeza muito grande com o dono da festa.
Ele, por sua vez, também experimentava sensações contraditórias.
Se, por um lado, a admiração deixava-o impressionado, por outro, havia algo inquietante na familiaridade de sua voz que o assustou.
De onde estava, Beatriz assistia a tudo com olhos que viam além do que acontecia.
― Olhe lá o papai e a mulher do cônsul - comentou Nícolas de forma ingénua.
Beatriz não gostava nada do que via.
O pai e Graziela dançavam de um jeito estranho, e uma apreensão inquietante tomou conta de sua mente.
Por mais que mantivessem uma distância respeitosa, Beatriz julgou perceber a atracção fluindo entre eles.
Sem dizer nada, afastou-se dos amigos e foi caminhando para junto dos dois, apesar dos protestos de Vítor.
Chegou de mansinho e deu um tapa de leve no ombro de Graziela, que se virou rapidamente.
― Será que eu posso dançar essa música com meu pai? - indagou a jovem, fuzilando-a com o olhar.
― É claro, meu bem - aquiesceu Graziela, entre aliviada e decepcionada.
Ele é todo seu.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 22, 2015 7:39 pm

Renato não disse nada.
Não conseguia definir a sensação perturbadora e incómoda que Graziela lhe transmitia.
Era como se a conhecesse sem tê-la jamais visto, tendo experimentado um breve mal-estar, que logo se dissipou.
A presença da filha o fez esquecer-se de Graziela, e Renato se entregou à música e ao divertimento.
Durante um bom tempo, Beatriz não largou o pai.
Mais uma vez, a sombra do ciúme nublou seus pensamentos, e uma desconfiança incontrolável fez crescer a antipatia por Graziela.
Junto a eles, Lorena dava gargalhadas nervosas, assustada com a presença de Graziela.
Se Gilson e Renato soubessem quem estava ali, ficariam ainda mais assustados.
E era mesmo aterrador.
Não entendia como uma mulher que julgava morta podia estar circulando entre os vivos.
A explicação era óbvia demais.
É claro que Graziela não morrera, e Lorena, estúpida, não se preocupara com ela aqueles anos todos, supondo que ela e o marido tivessem sido carregados para o lado da luz.
Mas tinha que reaparecer justamente ali?
Não havia nenhum desencarnado à vista, apenas um ébrio colado ao corpo de um gorducho róseo, com cara de beberrão, que não lhe prestou a mínima atenção, ocupado que estava em sugar o éter da bebida que o homem ingeria.
Tampouco Lorena se interessou por ele.
Já havia tomado tragos suficientes do copo de uns e outros, e o que pretendia, naquele momento, era aproximar-se de Graziela.
― Como é que eu, sozinha, vou dar conta de tanta gente? - disse em voz alta, sem que ninguém ouvisse.
Passando por entre as pessoas, Lorena foi ao encontro de Graziela, que havia voltado à mesa à qual estivera sentada a noite toda.
Aproximou-se lentamente e pôs-se de frente a ela, as mãos nas cadeiras em sinal de desafio.
Quando ia tentar uma investida, sentiu-se tolhida por uma força superior à dela que vinha descendo do alto.
Uma luz branca irradiou sobre a cabeça de Graziela e Lorena recuou amedrontada, pensando que algum ser iluminado fosse se materializar diante dela.
Não foi isso que aconteceu.
Apenas aquela luminosidade alva permaneceu e se alastrou por todo o corpo de Graziela, impedindo Lorena de se aproximar.
Ela ainda tentou alguns ataques, mas foi repelida pela luz, que começou a incomodá-la e fez arder a sua vista.
Ela não queria aceitar a derrota, mas aos poucos foi percebendo que não havia sintonia com Graziela que facilitasse a sua aproximação.
Em seus pensamentos, Lorena julgava que Graziela deveria ter um coração carregado de ódio e desejo de vingança, mas surpreendeu-se com o que encontrou.
A sua vibração era de esperança e compreensão, sem nenhum traço de egoísmo ou mesmo revolta, apenas de resignação e confiança.
Lorena afastou-se acabrunhada.
Nunca vira alguém com uma vibração assim, a não ser em algumas igrejas e centros espíritas nos quais entrara por mera curiosidade.
Como acabara de acontecer ali, a luz que envolvia aqueles ambientes costumava ser de uma alvura tão brilhante que a sua vista não suportava, e ela se afastava com uma desagradável sensação de cegueira.
Muitos espíritos haviam tentado convencê-la a permanecer, afirmando que o que ela sentia era uma impressão passageira, mas ela temia que eles a prendessem e ela fosse obrigada a sair do lado de Gilson.
E agora ali, no lugar mais improvável de reencontrar aquela luz, Lorena se deparava com ela novamente, refulgindo sobre alguém que considerava sua inimiga.
Estava claro que não conseguiria nada com Graziela e achou melhor voltar para o lado de Beatriz, que as brumas do ciúme tornavam mais acessível ao seu assédio.
Naquele momento, a sensação do inevitável sacudiu seu corpo fluídico, e ela olhou ao redor apavorada, como se algum ser invisível estivesse monitorando seus passos.
Um pânico irrefreável se instalou ao seu redor, e ela buscou Beatriz com o olhar, pensando que talvez pudesse se fortalecer com os seus sentimentos confusos.
Mas a menina, nessa ocasião, estava enlaçada pelos braços de Vítor, dançando numa aura de amor róseo que a afastou por instantes.
Aquela vibração de amor, ela também não podia suportar.
― Mas que droga! - praguejou ela, caminhando a esmo por entre os convidados, dando tapas imperceptíveis no rosto das mulheres mais imprudentes e sugando a essência da bebida daqueles que já demonstravam sinais de embriaguez.
Acho melhor ir embora.
Chegou trôpega à casa de Gilson, que havia saído.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 22, 2015 7:39 pm

Forçou o pensamento e, em instantes, estava ao lado dele, olhando as paredes do quarto com desconfiança.
Felizmente, a mulher que estava com o marido não tinha uma vibração das mais elevadas, e ela pôde se aproximar.
O marido fazia sexo com a desconhecida e Lorena pensou em se deitar com ela e aproveitar o seu prazer.
Mas estava muito bêbada e não aguentou.
Tinha que esperar.
No começo, fora difícil aceitar que Gilson fizesse sexo com outras mulheres.
Por mais que ela tentasse, não conseguia frear o desejo sexual dele nem evitar que arranjasse namoradas esporádicas.
Interferia, sim, em seus relacionamentos, impedindo que durassem mais do que poucas semanas.
Como Gilson ainda pensava nela com frequência, era fácil interferir, e ele não se apaixonava, verdadeiramente, por ninguém.
Nas primeiras vezes, chorara desconsolada, vendo-o arrumar-se e perfumar-se para se encontrar com outras mulheres.
Ele saía, e ela ficava em casa amargurada, sem coragem para segui-lo.
Quando ele voltava, sempre na companhia de alguma vagabunda, ela saía do quarto, enojada com o que viria a seguir.
Tamanho desconforto gerou nela uma revolta sem limites, e passou a atacar o marido, interferindo em seu desempenho sexual.
Envergonhado, Gilson consultou um especialista que o aconselhou a não mais levar mulheres para a cama em que dormira com a esposa, justificando o problema com as lembranças que permeavam sua cabeça naquele local.
Realmente, Gilson pensava em Lorena todas as vezes que se deitava com mulheres na cama em que se haviam amado tantas e tantas vezes.
O médico tinha razão:
o melhor era não levar as moças para sua casa, o que, até certo ponto, deixou Lorena feliz.
Ao menos não tinha que se sujeitar a ver tantas vadias se deliciando na cama em que ela fora feliz com o marido.
O problema, contudo, persistia.
Gilson não fazia mais sexo com mulheres em sua cama, mas, ainda assim, saía e dormia com elas.
Lorena queria impedi-lo, porém, não conseguia, e voltou a permanecer em casa, angustiada com o cheiro e a vibração de sexo que o acompanhavam quando ele retornava.
Até que um dia, não suportando mais que ele a deixasse, resolveu ir atrás dele.
Acompanhou todo o processo da conquista, desde um inocente jantar até a troca de beijos e carícias na boate a que foram a seguir.
Depois, mesmo contrariada, foi com eles até o motel.
Quando os dois começaram a se despir, Lorena investiu contra o marido novamente.
Até contra a mulher se voltou, causando-lhe repentina aversão pelo homem à sua frente.
Como era uma mulher sem qualquer preparo espiritual, foi fácil para Lorena incutir-lhe pensamentos de antipatia.
A mulher, contudo, excitada na libido, superou o desagrado e entregou-se a Gilson com ardor, e ele, por sua vez, afastado do ambiente doméstico, desfez uma parte da sintonia que alimentava a força de Lorena contra ele.
Aquilo a deixou furiosa, e ela os teria atacado novamente, não fosse uma voz atrás de si:
― Hei, psiu!
Ela se voltou assustada e deu de cara com um sujeito magrinho, que olhava o marido e a mulher com ar de cobiça.
― Quem é você? - rugiu Lorena colérica.
O que quer aqui?
― Por que você não aproveita? - retorquiu o espírito, passando a língua nos lábios ao começar a sentir as ondas de prazer que eram atiradas dos corpos dos dois.
― Aproveitar? - tornou Lorena, confusa.
Como assim?
― Ao invés de ficar aí tentando o impossível, por que não se junta a eles e se deleita também?
Ou você não gosta de sexo?
― Gosto... Mas como posso me aproveitar?
É o meu marido que está aqui, transando com essa vagabunda.
― Não seja boba.
E daí que é o seu marido?
Ele não morreu, mas ainda está ligado a você e não é uma pessoa muito certinha, é?
Quero dizer, não é o tipo de homem que reza e policia os pensamentos.
― Não...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 22, 2015 7:39 pm

― E essa aí também não é nenhuma santinha.
Veja esse vermelho sangue na área da libido.
E não tem nada aí que indique sentimentos elevados.
― Acho que não...
Lorena não compreendia, mas estava fascinada com as instruções do espírito e com a súbita percepção que começava a ter dos sentimentos do marido e de sua parceira.
― Pois é. Assim, fica fácil ter orgasmos com ele.
Mas você tem que se apressar, ou vai ser tarde demais.
Vai perder a melhor parte.
― Como assim?
Não sei o que fazer.
Ele olhou para ela com ar de malícia e perguntou ansioso:
― Posso?
Ela assentiu, e o espírito partiu para cima de Gilson, colando-se a ele de tal forma que ficava quase impossível distinguir quem era quem.
À medida que o casal intensificava as sensações do sexo, o espírito ia absorvendo aquelas vibrações até a completa satisfação ocasionada com o orgasmo de Gilson, que desprendeu no ar uma grande quantidade de energia.
Encerrado o acto, ele se afastou do homem, dando mostras de visível satisfação, enquanto Lorena o fixava maravilhada.
Depois daquele dia, deixou de se incomodar com as mulheres com quem Gilson dormia, aproveitando com elas todos os prazeres do sexo.
Apenas tomou o cuidado de não permitir que ele se apaixonasse por ninguém, o que era fácil, devido aos pensamentos ainda ligados à culpa que o prendiam irresistivelmente a ela.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 22, 2015 7:39 pm

CAPÍTULO 9

O sucesso de Suzane dependia do quanto ela não se deixasse abater.
Durante todo aquele mês, desfilara suas últimas roupas de griffe em Ipanema e Copacabana, sem que nada acontecesse.
Só o que conseguiu foram algumas cantadas de velhos decadentes e ser enxotada pelas meninas que faziam ponto no calçadão e a olhavam como uma perigosa concorrente.
Ser confundida com garota de programa deixava-lhe uma forte frustração.
O que ela procurava era um homem que a levasse de volta ao mundo que lhe fora tomado, não um amante que a bancasse e a escondesse da mulher ciumenta.
Não era nada disso que buscava, mas era o que parecia.
Suzane começava a desanimar, mas uma voz dentro dela a incentivava, sem que ela percebesse que era Roberval quem a animava a sair e encontrar o seu destino.
Naquela noite, estava decidida.
Arrumou-se com esmero e tomou o ónibus para Copacabana.
Saltou e foi caminhar na beira da praia, com ares de quem passeava para saborear a noite.
Não demorou muito e um carro encostou ao lado dela.
Dentro, três rapazes, que começaram a mexer com ela e a lhe fazer gracejos.
Chamavam-na para uma voltinha.
Suzane estacou e fitou os rapazes com fingido aborrecimento, estudando o automóvel com olhar crítico e aparentemente desinteressado.
― Não têm mais o que fazer, não? - repreendeu-os com uma falsa zanga.
― Depende - respondeu o que estava no banco do carona.
Queríamos saber se você não gostaria de fazer connosco.
― Fazer o que? - tornou ela, de forma ingénua.
Os rapazes caíram na gargalhada, e foi o motorista quem falou:
― Nada não, gatinha.
Vamos dar uma volta e nos falta companhia feminina.
Por que não se junta a nós?
Enquanto continuava a fingir desinteresse, Suzane avaliou os três com atenção.
Eram rapazes bem-apessoados e, aparentemente, ricos, o que a entusiasmou.
O carro era um Astra tinindo de novo, e os meninos se vestiam bem ao gosto da moda.
Seriam companhias interessantes, e ela só precisava agir de forma que não a tomassem por uma garota de programa.
― Não sou o que vocês estão pensando - disse calmamente.
― Não estamos pensando nada - afirmou o carona.
― Só queremos a sua companhia - disse o que estava atrás.
― É melhor você se decidir logo - considerou o motorista.
Estamos parados em local proibido, e isso pode nos valer uma multa ou acidente.
O que você escolhe?
― Não vai querer ser responsável pela nossa ruína, vai? ― gracejou o de trás.
Suzane estava louca para aceitar o convite, mas temia pela sua integridade nas mãos de três rapazes que nunca antes havia visto.
A seu lado, contudo, Roberval lhe passava confiança e disse ao seu ouvido que ela podia aceitar, pois nada de mal ia lhe acontecer.
Como se ouvisse a voz do invisível, ela sorriu graciosamente e ajeitou os cabelos, acrescentando com uma desconfiança ingénua e dissimulada:
― Vão me deixar em casa depois?
― É lógico - prometeu o motorista.
― Intacta?
― O que pensa que somos? - brincou o carona.
Alguma espécie de tarados?
A porta de trás do carro se abriu, e o rapaz que estava sentado ali chegou para o lado, dando lugar para que ela se acomodasse.
O carro logo se movimentou e pegou o primeiro retorno.
― Aonde vamos? - quis saber Suzane.
― Para a Barra - foi o que respondeu o motorista.
Marquei com uma menina lá.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 22, 2015 7:39 pm

― Eu sou o Roberto - falou o carona e, apontando para o motorista, continuou:
― Este aqui é o Jorge, e o que está ao seu lado é o Leandro.
Ela viu o olhar de Jorge pelo espelho e sentiu a mão de Leandro sobre a sua.
― E você? Como se chama?
― Suzane.
― Muito prazer, Suzane - acrescentou Leandro, com um sorriso que a agradou.
Dos três, Leandro foi o que mais lhe chamou a atenção.
Era o mais bonito, o mais simpático e, aparentemente, o mais cortês.
― O que estava fazendo sozinha na Atlântica? - indagou Roberto com malícia.
― Passeando.
― Sei. E você mora ali por perto?
― Moro - mentiu.
― Onde?
Fingindo que não ouvia a pergunta, ela se virou para Leandro:
― E vocês? São amigos há muito tempo?
― Desde a época de faculdade.
Hoje somos sócios.
― Em que?
― Numa pequena empresa de publicidade e propaganda.
― Ainda bem que não são advogados - a murmurou.
― Por quê? - quis saber Jorge.
Não gosta de advogados?
― Não.
― Meu tio é advogado - esclareceu Roberto.
É um cara legal.
― Não gosto de advogados.
Estudam a lei para descobrir meios de enganar as pessoas.
― Hei! Não é bem assim - protestou Leandro.
Você pode ter tido uma experiência ruim com advogados, mas isso não significa que todos sejam ruins.
― Quem foi que disse que tive uma experiência ruim com advogados?
― Só pode ser, pelo jeito como fala.
Parece que tem raiva de advogados e, para ter raiva, é porque foi prejudicada por algum. Não é assim?
― Vamos mudar de assunto - cortou ela, franzindo o cenho.
― Não precisa ficar zangada - tornou Jorge.
Aqui ninguém é advogado.
Chegaram a uma boate em frente à praia e saltaram.
Jorge encontrou a moça que procurava, que estava acompanhada de outra, e o grupo entrou na danceteria, onde só iam casais.
― Foi por isso que vocês me abordaram? - questionou Suzane.
Porque precisavam de mais uma garota para servir de par na boate?
― Na verdade - esclareceu Leandro, já que Roberto se aproximara da outra moça - foi por isso sim.
Mas não nos leve a mal.
Somos pessoas de bem, e prometo que você vai ter uma noite de diversão sem aborrecimentos.
Essa é uma boate família.
― Nunca vi isso.
― Quero dizer que não é barra pesada.
É por isso que gostamos de vir aqui.
Não tem brigas, as pessoas são bem comportadas.
E sabe por quê?
― Porque só entram casais.
― Exactamente.
Um cara não mexe com a mulher do outro, e fica tudo bem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 22, 2015 7:40 pm

O ambiente na danceteria era agradável e ameno, e Suzane logo se pôs à vontade para dançar e tomar uns drinques.
― Adoro dançar - confessou ela, puxando Leandro para a pista de danças.
― Você não é do Rio, é? - gritou ele, tentando se fazer ouvir por cima da música estridente.
― Como é que você sabe?
― Pelo sotaque. E diferente.
― Sou de Brasília.
― E o que uma menina de Brasília está fazendo perdida aqui no Rio?
Seus pais vieram para trabalhar?
Ela o encarou seriamente e abaixou a cabeça.
Havia ensaiado aquela mentira várias vezes, mas não conseguiu dizê-la.
A lembrança dos pais assaltou a sua mente, e ela chorou de forma quase imperceptível.
― Meus pais morreram - desabafou.
Ela lhe pareceu tão frágil naquele momento que Leandro não resistiu.
Puxou-a para si e deu-lhe um beijo arrebatado, balançando o seu corpo e o dela ao sabor da música frenética.
O DJ, como que sentindo a atracção entre os dois, colocou uma série de baladas românticas, favorecendo o clima de romantismo, e Leandro a apertou com força, já sentindo o desejo subir pelo seu corpo.
― Vamos sair daqui - sussurrou ele.
― Para onde? - protestou ela.
Você não está de carro.
― Não tem problema.
Meu pai mora aqui por perto.
Podemos ir para a casa dele.
― Ele não vai se importar?
― Não.
Saíram. Despediram-se dos amigos, que estavam mais preocupados com as garotas do que com eles, e Leandro pediu que chamassem um táxi.
Roberval, do lado invisível, seguia-os com satisfação.
Quinze minutos depois, chegaram ao apartamento do pai de Leandro, e Roberval se afastou, em respeito à discrição do casal.
Os dois estavam cobertos por uma aura natural de protecção erguida ao seu redor pela simpatia mútua que fluía entre eles, fazendo do sexo um complemento da afeição recém-descoberta.
Quando terminaram de se amar, Suzane comentou com certo arrependimento:
― Será que é direito o que fizemos?
Seu pai não está nem em casa.
― Se meu pai se incomodasse, não me daria uma chave do apartamento dele nem faria um quarto só para mim.
― Seus pais são separados?
― Divorciados.
Mas são bons amigos.
― E você vive com sua mãe? - ele assentiu.
Onde é que você mora?
― No Joá. Você conhece?
― Não. Conheço pouco do Rio.
― E você? Acabou não dizendo onde morava.
Havia algo em Leandro que não permitia que ela mentisse, embora Suzane relutasse em lhe revelar a verdade.
― Ah! Moro muito longe daqui - confessou com embaraço.
― Onde?
― Em Cascadura - disse com voz quase inaudível.
Leandro não pareceu surpreso nem chocado, e comentou naturalmente:
― Tive uma namorada que morava lá.
― Teve?
― Já faz algum tempo.
Eu ainda estava no segundo grau.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 23, 2015 8:41 pm

Suzane ficou agradavelmente surpresa em saber que ele não tinha preconceito e acabou revelando, quase se justificando:
― Quando meus pais morreram, meu mundo veio abaixo.
Foi aí que resolvi vir para o Rio.
― Você não tem parentes em Brasília?
A lembrança de Cosme tornou o seu rosto rubro de raiva, mas ela disfarçou e mentiu com veemência:
― Não.
― E o que você faz para viver?
― No momento, estou procurando emprego.
Mas está tão difícil!
Não era totalmente mentira.
Depois daquela noite, se ela não fosse bem-sucedida no seu plano de encontrar um namorado rico, iria mesmo procurar um emprego.
Mesmo assim, sentiu-se mal em não lhe revelar a verdade e desejou que ele parasse de fazer perguntas para não se ver forçada a mentir.
Por sorte, um ruído na sala distraiu a atenção de Leandro, fazendo cessar o interrogatório.
― Meu pai chegou.
Venha conhecê-lo.
― Não sei se deveria, Leandro.
Ele pode ficar zangado.
― Deixe de bobagens.
Meu pai é uma pessoa liberal.
― Como ele se chama?
― Valdo.
O pai de Leandro era, efectivamente, um homem liberal e não se incomodou nem um pouco com o facto de o filho ter levado uma desconhecida para o seu apartamento.
Parecia, na verdade, que aquilo era comum e usual, mas Suzane não deixou escapar nenhum comentário.
Durante o tempo em que permaneceu na casa de Leandro, vendo-o em amistosa conversa com o pai, a ternura foi invadindo o coração de Suzane.
Sentiu-se envergonhada por estar naquela situação, à procura de um casamento que lhe garantisse a sobrevivência e procurou não pensar naquilo.
Devia agradecer por ter encontrado um rapaz doce feito Leandro, que parecia ter gostado dela.
... Depois daquela noite, se ela não fosse bem-sucedida no seu plano de encontrar um namorado rico, iria mesmo procurar um emprego.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 23, 2015 8:41 pm

CAPÍTULO 10

Parecia a Suzane que tinha acabado de sair de um sonho.
Leandro era tudo com que sonhara e um pouco mais.
Para um primeiro encontro, até que fora longe demais, mas ele parecia ter gostado dela.
Tanto que a convidara para ir a sua casa no dia seguinte.
Foi buscá-la depois do almoço, e Suzane se espantou com a distância que percorreram até chegarem ao Joá.
Era um caminho agradável e panorâmico, cheio de árvores e cantos de cigarra.
― É lindo - observou ela, surpresa por estar circulando numa floresta incrustada no meio da cidade do Rio de Janeiro.
― Muito diferente de Brasília, não é?
― Brasília tem o seu charme.
Mas uma floresta igual a essa...
Não sei. Acho que não vi em lugar algum.
― Fico feliz que tenha gostado.
― E eu que pensei que o Rio só era lindo por causa do mar.
― Do mar, da montanha, do céu...
De tudo. E agora, principalmente, por causa de você.
Ela corou levemente, embevecida com o elogio.
― Está me deixando sem graça.
― Graça é o que não lhe falta - ela sorriu satisfeita, e ele prosseguiu:
― Gostei muito de você, Suzane.
A noite de ontem me fez pensar em muitas coisas.
― Que coisas?
― Já não sou mais garoto.
Preciso sossegar.
― E o que eu tenho a ver com isso?
― Foi você a pessoa que me fez pensar nisso.
Suzane exultou intimamente e pousou a mão sobre a dele:
― Isso é muito bom de se ouvir.
No entanto, como pode ter certeza de algo assim?
Você mal me conhece.
― É o que estou tentando fazer agora: conhecê-la.
Leandro parou o carro em frente a um muro alto e impenetrável, accionando o botão do controle que erguia o portão da garagem.
Entrou com o carro e foi estacionar, causando uma impressão de deslumbramento em Suzane.
A mansão em que ele vivia era magnífica e luxuosa, bem parecida com a que fora sua um dia.
Depois que entraram, Leandro deu-lhe um beijo nos lábios e pediu licença um minuto.
Precisava ir ao banheiro.
Assim que ele saiu, Suzane pôs-se a olhar ao redor, maravilhando-se com o que via.
A casa parecia saída de um conto de fadas.
Mais parecia um castelo.
O chão era todo quadriculado de mármores pretos e brancos, as paredes cobertas com um suave papel cor de creme, e lustres imensos de cristal reluzente pendiam do tecto rodeado de sancas artisticamente entalhadas.
A escada subia em caracol, ladeada de balaústres dourados, e quadros com molduras de ouro davam um ar ao mesmo tempo austero e distinto ao local.
Estava assim apreciando as escadas quando uma figura altiva e elegante começou a descer.
― Boa tarde - cumprimentou ela com voz jovial.
Você deve ser a Suzane, não é?
Meu filho me falou a seu respeito.
Muito prazer, sou Amélia, mãe dele.
― Prazer... - respondeu Suzane, definitivamente pouco à vontade.
― Não precisa ficar constrangida.
Eu não mordo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 23, 2015 8:42 pm

Suzane riu sem graça, e ela prosseguiu:
― Gostaria de beber alguma coisa?
Um refrigerante, café?
― Não, obrigada, estou bem.
― Se quiser, não faça cerimónia.
Gosto que os amigos de meu filho se sintam à vontade em nossa casa.
Ainda mais você, que agora é a sua namorada.
― Foi isso que ele disse à senhora? - surpreendeu-se Suzane.
― E não é verdade?
Ela enrubesceu até a raiz do cabelo e respondeu com voz sumida:
― Gostaria de pensar que sim.
― Ah! Aí vem o nosso príncipe.
Ele é lindo, não é?
― Pare com isso, mamãe.
Não vê que está deixando Suzane sem graça?
― Bobagem. Ela é jovem, e jovens não ficam sem graça.
De repente, ela parou e comentou em tom de dúvida:
― Engraçado, você me lembra alguém.
― Lembro?
― Quem, mãe? - rebateu Leandro.
― Não sei. Não consigo atinar quem seja.
Será que nós já não nos vimos antes?
― Não creio.
Faz pouco tempo que cheguei de Brasília.
― Ah! É verdade, você nasceu em Brasília.
Talvez seja de lá.
Meu marido é funcionário do alto escalão do governo e vive viajando para Brasília.
Seu pai era político?
― Não, senhora.
― Bom, sei lá.
De qualquer forma, talvez tenhamos nos encontrado por lá em alguma recepção.
― É possível.
Amélia beijou o filho e foi saindo com um andar de pluma, causando risos em Leandro.
― Minha mãe não tem jeito.
É meio perua, mas é boa gente.
― Ela se casou de novo?
― Casou. O marido dela, que é funcionário do governo, é meu padrasto.
É meio chatinho, mas o bom é que vive viajando.
Ambos riram, e Leandro pegou a mão de Suzane, levando-a aos lábios.
― O que gostaria de fazer? Ir ao cinema?
― Não podemos ficar por aqui?
Estou um pouco cansada.
― Tudo bem. Podemos assistir a um filme ou ouvir música.
O que você quer?
― Para mim, tanto faz.
― Vou mandar a Dagmar preparar um lanche para nós.
― Sua casa é muito bonita - comentou Suzane, depois que ele chegou da cozinha.
― Obrigado.
― Tem muita classe.
Quando entrei, pensei que estava num palácio.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 23, 2015 8:42 pm

― É, concordo que a casa é linda, mas não faz muito o meu género.
Estou pensando em me mudar para a Barra.
― Quer ficar perto do seu pai?
― Quero mudar de ares.
Aqui é bonito e tranquilo, mas um pouco afastado de tudo e solitário.
E, se quisermos segurança, temos que viver trancados dentro de casa, com milhões de alarmes e vigias.
Isso não é vida.
― E a sua mãe?
― Esse é o problema.
Ela é apegada a casa e não quer se mudar.
Não posso deixá-la sozinha.
― Seu padrasto não vive aqui?
― Vive. Mas, como ela mesma disse, está sempre viajando para Brasília.
Quanto mais Suzane ouvia Leandro falar, mais se interessava por ele.
Achou a casa maravilhosa e não se importaria de viver trancada lá dentro, protegida por vigias e alarmes.
Essas medidas de segurança não a impediriam de desfrutar de todo o conforto que a casa oferecia.
No entanto, mesmo que Leandro decidisse se mudar para a Barra da Tijuca, como era de seu desejo, para ela estaria bom.
O pouco que vira do bairro fora suficiente para lhe causar boa impressão.
O importante era não se precipitar.
Leandro gostava dela e, pelo que deixava transparecer, estava interessado em um compromisso mais sério.
Agora só dependia de ela fazer com que o relacionamento dos dois durasse o suficiente para se transformar em algo além de uma mera paixão passageira.
― Você disse que é dono de uma firma de publicidade e propaganda - sondou Suzane.
― Sou um dos sócios, junto com os outros dois rapazes que você conheceu.
― Ah! Será que, por acaso, não tem um emprego para mim lá?
― Depende. O que você sabe fazer?
― Nada. Mas posso aprender.
― Bom, posso ver se arranjo algo para você depois.
Suzane nem sabia por que havia feito aquele pedido.
Seus sonhos de trabalho envolviam uma carreira brilhante, que ela abandonara depois que perdera tudo.
No entanto, gostava de desenhar, e trabalhar com propaganda talvez a ajudasse a aguçar a criatividade, dando-lhe chance de mostrar o seu talento.
Pouco depois, Leandro a levou para casa, não esboçando nenhuma reacção com o edifício de paredes descascadas e sujas em que ela vivia.
Suzane estava tão envolvida que permitiu que ele a levasse até a porta, ao invés de deixá-la na esquina, como fizera quando a buscara mais cedo.
― Vou subir com você - anunciou ele, puxando o freio de mão.
― Não precisa - a objectou.
― Quero acompanhá-la até o seu apartamento - falou ele, acariciando o seu rosto, e ela sentiu o desejo passando do corpo dele para o dela.
― O apartamento está uma bagunça.
― Não vou subir por causa do apartamento.
Quero estar com você.
Beijou-a com ardor, e ela correspondeu, experimentando o mesmo desejo que fluía do corpo dele.
Sem dizer nada, ele abriu a porta do carro e saltou, abrindo a do carona e puxando-a gentilmente pela mão.
No apartamento, foram logo para o quarto, e Leandro não demonstrou nenhum desagrado com a simplicidade do local.
Era humilde, porém, limpo, e o quarto exalava um perfume suave de flores.
Ali, pela segunda vez, entregaram-se à paixão, e Suzane teve a certeza de que poderia, realmente, vir a amá-lo um dia.
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CAPÍTULO 11

Nos últimos tempos, a lembrança de Lorena se tornava cada vez mais vivida na mente de Gilson.
Era como se a mulher, de uma hora para outra, houvesse ganhado vida e estivesse sempre ao seu lado.
Havia vezes em que ele sentia, realmente, sua presença, e, não fosse tão céptico, diria que o espírito dela o estava acompanhando.
Uma suave batida na porta desviou os seus pensamentos, e Vítor entrou sorridente.
― Meu filho! - exclamou Gilson.
Que agradável surpresa.
Vítor o beijou no rosto e sentou-se na poltrona defronte à mesa do pai.
― Queria falar com você.
― Pode falar. O que é?
― É sobre a minha carreira e o meu futuro.
― Você sabe que tem um lugar garantido aqui no jornal.
Você é que não quer.
― Não gosto da área económica, pai.
Mas se você começar a introduzir outras secções em seu jornal, com certeza, faria parte de sua equipe.
― Sobre o que gostaria de escrever?
― Desportos.
― Eu já devia saber.
Um filho surfista não poderia gostar de outra coisa.
― Desporto é legal, pai.
É uma área tão séria e de tanta responsabilidade quanto qualquer outra.
― Sei disso, meu filho.
Respeito muito os repórteres desportivos e admiro o seu trabalho.
― Pois então, pai?
Por que não inauguramos uma coluna desportiva no seu jornal?
Eu poderia me encarregar disso.
― Não sei.
O Mundo Económico tem uma tradição no ramo económico.
― E daí? Ninguém está falando em mudar a sua linha editorial, mas acrescentar algo novo pode dar um impulso ao jornal.
É sempre bom estar renovando.
― Hum... Pode ser que você tenha razão.
Desporto sempre agrada a todos, inclusive aos empresários.
Quem é que não assiste a uma partidinha de futebol?
Posso pensar em uma secção desportiva, se é o que você deseja.
― Eu ia adorar!
Poderíamos manter os executivos informados sobre partidas de futebol, campeonatos de ténis e tudo o que possa interessar ao mundo dos desportos.
― Vou pensar no assunto, Vítor, mas já posso lhe adiantar que você tem uma grande chance de conseguir o que quer.
Os outros directores vivem dizendo que precisamos nos modernizar.
Eu é que ainda resisto às mudanças.
Nosso jornal é sério e de grande prestígio, mas concordo que é um pouco austero demais.
― Os tempos hoje são outros, pai.
Seriedade não exclui prazer e entretenimento.
Ainda mais agora, com a internet mantendo todo mundo informado com tanta rapidez.
― Tem razão. Vou marcar uma reunião com a directoria e, mais tarde, volto a falar com você.
― Obrigado.
Se me der esse crédito, garanto que não vou decepcioná-lo.
― Confio em você, meu filho.
Vai ser um excelente jornalista.
Vítor deu um abraço no pai e mudou de assunto:
― Não gostaria de almoçar comigo e Beatriz hoje?
Para conhecê-la.
Ave sem Ninho
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