LUZ ESPÍRITA
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DRIBLANDO A DOR - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 27, 2020 7:49 pm

DRIBLANDO A DOR
Irene Pacheco Machado

Luiz Sérgio

SUMÁRIO
MENSAGEM AO LEITOR

Capítulo I - NO VALE DO BRILHO
Capítulo II - DOENTES DA ALMA
Capítulo III - EDUCAÇÃO INFANTIL - UMA FESTA DA PESADA
Capítulo IV - O TRABALHO DESTRUIDOR DO TÓXICO - VALIOSAS ELUCIDAÇÕES
Capítulo V - O DESEQUILÍBRIO DO CORPO FÍSICO
Capítulo VI - CASA ESPÍRITA: OFICINA DE DEUS - A CARIDADE COBRE A MULTIDÃO DE PECADOS
Capítulo VII - A EQUIPE TREVOSA EM ACÇÃO
Capítulo VIII - A PROCURA INCESSANTE DO FLUIDO VITAL
Capítulo IX - NA CIDADE DA DOR
Capitulo X - A COBAIA DO MUNDO INFERIOR
Capítulo XI - UMA AULA SOBRE MEDIUNIDADE
Capítulo XII - A COLÓNIA DAS HORTÊNSIAS
Capítulo XIII - COMO SE CONSTRÓI O UMBRAL
Capítulo XIV - O REFÚGIO NO VALE DA INCONSCIÊNCIA
Capítulo XV - UM SUSTO NECESSÁRIO
Capítulo XVI - AS NUVENS NEGRAS JÁ CHEGARAM
Capítulo XVII - ALIMENTAÇÃO NATURAL
O SOFRIMENTO QUE ESPERA UM SUICIDA
Capítulo XVIII - TATIANA — UM AMOR DIVIDIDO
Capítulo XIX - A CIÊNCIA ALIADA AO ESPIRITISMO
Capítulo XX - LIVRE-ARBÍTRIO: ASA DO SER
Capitulo XXI - EVOLUÇÃO: META DE TODOS OS ESPÍRITOS
Capítulo XXII - AS ENERGIAS DA VIDA
Capítulo XXIII - CARIDADE — JESUS EM ACÇÃO
Capítulo XXIV - GERAÇÃO SUICIDA
Capítulo XXV - A TRISTE HISTÓRIA DE GENARO
Capítulo XXVI - OS TREVOSOS E SUAS TÉCNICAS
Capítulo XXVII - A SAGA DE GINO E GUIDITTA
Capítulo XXVIII - ENCONTRO E DESENCONTRO
Capítulo XXIX - OVÓIDES, COMPROMISSO COM A NATUREZA
Capítulo XXX - UMA AULA COM NAGI
Capítulo XXXI - DE VICIADO A TRAFICANTE
Capítulo XXXII - O RETORNO À COLÓNIA DOS VELHOS PATRIOTAS
Capítulo XXXIII - ISMAEL E OS VELHOS PATRIOTAS
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 27, 2020 7:50 pm

MENSAGEM AO LEITOR
Queridos amigos, ao iniciar este outro volume desejo que, ao ficarmos juntos por algumas horas, durante a sua leitura, venhamos a entrelaçar as nossas auras irmãs em uma vontade muito grande de orar e lutar pelos sofridos.
Não importa o tamanho da dor, importa, sim, que o homem suporte o seu fardo e tenha a dignidade de carregar a sua cruz nunca precisando de paliativos para aliviá-la, mas da confiança em Deus, na certeza de que Ele, o querido Pai, sempre estará em nós, mostrando o verdadeiro mundo.
Gritar, chorar, maldizer ou buscar nos vícios o alívio é perda de tempo; para enfrentar a dor precisamos ter fé, somente ela banha o nosso espírito, dando-nos força para viver.
Quem não possui fé morto se encontra, ou morre lentamente, porque só a fé sustenta o homem neste Planeta de expiação e provas.
E isso, irmão, se a dor, o desequilíbrio ou a fraqueza buscarem sua alma, não se deixe abater.
Segure a mão de Deus e com fé lute contra as adversidades, principalmente quando desejar tomar tranquilizantes ou algum outro tóxico que poderá levá-lo à dependência; nada disso dribla a dor, o que precisamos é transpor a dor com o coração repleto de fé e de amor.
O livro está aqui, é todo seu.
Não se escandalize, são factos verídicos vividos por uma sociedade sem amanhã que precisa das preces daqueles que acreditam em Jesus, quando Ele diz:
"O Meu Reino não é deste mundo".

LUIZ SÉRGIO
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 27, 2020 7:50 pm

Capítulo I - NO VALE DO BRILHO
A música tomava conta do ambiente.
O anfiteatro dava a impressão de ser maior, muito maior, porque eu o visitava vazio.
Só a música e o perfume de jasmim me faziam companhia.
Olhei as paredes e estas me pareceram fluorescentes; a tonalidade azul-celeste foi dissipando-se, tornando-as translúcidas.
Observei-as novamente e notei que vibravam com a música, ora azul mais escuro, da "cor do céu", como dizemos, ora brancas.
Sentei-me na cadeira duzentos e trinta e três, mas, ao fazê-lo, algo me colocou para fora, a cadeira me rejeitava.
Assustado, disse para mim mesmo:
"sai dessa, Luiz Sérgio".
Tentei duas vezes, aí liguei o "desconfiómetro" e fui saindo sem pressa.
Na portaria, o espírito que ali já se encontrava quando entrei sorriu-me com ternura.
Perguntei:
— Irmão, a minha cadeira está com defeito?
Não consigo me sentar.
—Desculpe, mas ainda não está na hora da conferência.
—Não posso esperar os outros lá dentro? - insisti.
—Poder pode, mas não deve.
O local está sendo preparado e o irmão, com sua curiosidade, pode atrapalhar os encarregados desse trabalho de equilíbrio.
Acho que fiquei cor-de-rosa e vermelho ao mesmo tempo.
Que vergonha!
Como não me dei conta que estava incomodando?
Olhei para o irmão da portaria e lhe falei:
—Um dia chego lá.
Um dia deixarei de ser tão desesperado.
Ele apenas sorriu e desejei muito abraçá-lo pela educação de que era possuidor, pois não me barrou a entrada nem foi lá dentro para ver o que eu estava fazendo.
Afastei-me, de costas, dizendo:
—Até logo, irmão.
—Até já, Luiz Sérgio.
Só naquele instante reparei o pátio, as flores, as pedras, enfim, o jardim, e que jardim!
Procurei um banco e fiquei a recordar de cada amigo, sentindo uma saudade imensa da Faculdade de Maria, onde convivi com o teatro vivo de Jesus.
Alguns minutos depois percebi que muitos irmãos já entravam no salão e para lá me dirigi.
A música chegava até o jardim, era lindíssima.
Meu corpo parecia volitar.
Nesse êxtase, ouvi uma voz:
—Frade, como evoluíste, hem?
Volitando!
Voltei-me, à procura da dona daquela voz, e quem vi?
A minha amiga Sara.
Corri e lhe dei aquele abraço.
Rimos muito.
—Não me diga que vai participar dessa reunião, Sara.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 27, 2020 7:50 pm

—Não só eu, como a Karina, o doutor Carlos, o Sadu, a Samita, enfim, toda a nossa patota.
Não cabia em mim de felicidade.
—Você está brincando!
Então voltaremos a "atacar" novamente? . perguntei.
—Claro, Sérgio, voltaremos com força total.
—Cadê os outros?
—Já entraram, não compreendo por que tu estás aqui fora.
Estou estranhando, mudaste muito.
Antigamente eras o primeiro...
Confesso que sorri amarelo, não lhe contando o meu fiasco junto àquela cadeira.
Entramos.
Ela procurou a sua cadeira e eu, meio cabreiro, fui apalpando a minha antes de me sentar.
Mas com que carinho me acolheu, senti-me como se estivesse em um trono.
A tudo observava.
Confesso que não busquei nas pessoas as fisionomias conhecidas, estava atento ao palco.
E aqui tentarei desenhar para vocês o que vi:
O anfiteatro era redondo, com cadeiras giratórias.
Havia sete palcos.
Quando sentamos, o número um estava aceso, os outros seis apagados, ou melhor, na penumbra.
Na hora certa o número um acendeu-se de vez e deslocou-se bem para frente, nele aparecendo uma senhora, que fez a prece inicial.
Ouvimos, contritos.
Meus olhos marejaram de lágrimas, tão linda foi a oração.
Aí iniciou-se a prelecção de um irmão, que também já se encontrava no palco:
—"Prezados irmãos em Jesus.
Estamos empenhados em combater o maior dos males que hoje afecta a humanidade: a droga.
E a sociedade, indiferente, vira as costas ao viciado.
Propomos organizar um trabalho, esperando contar com a boa vontade de espíritos que, mesmo já possuindo condição de viver em planos melhores, preocupados se encontram com a dor dos que ainda sofrem na terra e se juntaram a nós para dar, àqueles que ficaram, orientação sobre a besta do Apocalipse, a droga.
Precisamos de almas desprendidas e com esperança nos planos sublimes, porque se avolumam as que gemem de dor e remorso nas esquinas e ruelas do planeta Terra.
Os companheiros que se juntarem aos Raiozinhos de Sol devem lembrar que cada caso corresponde a uma situação particular a ser compreendida e tratada com carinho, lançando mão, não de receitas milagrosas, mas de ideias e dos conhecimentos adquiridos nos cursos da Faculdade de Maria.
Cada Raiozinho de Sol já é considerado um profissional apto a servir a Jesus nesse difícil caminho, que uns dizem sem volta.
Mas bem orientados, muitos podem se salvar e voltar a compor a sociedade a qual o cidadão tem obrigação de bem servir.
Aqui estamos esperando que cada equipe crie o seu método de treinamento, nunca esquecendo que o doente deve ser respeitado e que cada caso é um caso, não importando a gravidade do mesmo, lembrando sempre que Jesus é o Médico e que o seu companheiro é um enfermeiro em trabalho.
O amor é a essência que todos precisam usar nesse tratamento de almas sem vida.
Queremos que as pessoas sejam instruídas e alertadas sobre o perigo das drogas, que a população seja bem informada; que se peça, às Casas religiosas, profissionais para trabalharem na área social, alertando para o perigo das drogas, mostrando às famílias que elas precisam inteirar-se do problema e que somente a compreensão e o equilíbrio poderão ajudar a enfrentar a questão.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 27, 2020 7:50 pm

O tratamento inicia-se no lar; é nele que o jovem aprende a viver em sociedade.
Um lar sem disciplina leva o jovem a afundar-se no ócio e nos vícios.
Os pais devem desenvolver no jovem o senso de responsabilidade com relação à própria vida.
A criança já deve ser orientada sobre o seu valor como ser humano e o quanto a sociedade precisa de pessoas portadoras de moral; que cada ser recebe de Deus uma tarefa e ai daqueles que não tiverem tempo nem força para realizá-la.
Desejamos a todas as equipes um bom trabalho e que todos tragam para Jesus almas renovadas e felizes, e que cada jovem seja despertado para a verdadeira vida, deixando para trás as suas fraquezas, voltando a viver para o cumprimento do plano divino.
Muita paz, amigos, que Deus nos acompanhe." (Lourival)
Fiquei ainda um bom tempo ali sentado.
Quando saí, encontrei minha patota e quase chorei de alegria; só o Rayto ali não se achava.
Estávamos de novo juntos.
—Por que estamos novamente nesse trabalho? - perguntei a Sara.
—Simplesmente, porque a droga está tomando conta da Terra e a cada segundo desencarna uma pessoa com overdose.
—Verdade?
Voltaremos, então, a escrever algo que foi tão combatido?
Muitos dizem que os espíritos devem ficar longe disso.
Samita foi quem respondeu:
—Existem muitas divergências sobre informação e prevenção, que devem ser avaliadas por quem deseja trabalhar com drogados.
E desagradável para o viciado e para quem deseja ajudá-lo ouvir um milhão de palavras inúteis sobre repressão e ameaças.
O que se deve fazer é levar a pessoa a se interessar por si mesma, a se gostar, mostrar-lhe o quanto a sociedade perde por tê-la tão distante, agonizante mesmo.
A pessoa precisa conhecer o perigo que está enfrentando.
Quem a está ajudando não está fazendo isso apenas por fazer, mas sim porque é um conhecedor do assunto.
Cabe explicar a um provável consumidor, ou já dependente, que o drogado carrega um estigma, por parte da comunidade, de difícil aceitação para a família.
—O dependente de drogas é um doente psíquico, completou Carlos.
Ele tem no seu inconsciente um trauma.
Quem consome droga deseja driblar a dor, não é mesmo, Luiz Sérgio?
—Tem razão, Carlos.
O jovem, quando busca o tóxico, o faz por alguma causa.
Se buscarmos a origem, encontraremos primeiramente a fraqueza familiar, ou seja, pais inseguros; lar desequilibrado, filhos negligenciados ou super-protegidos, quer dizer, mimo ou desprezo.
Ainda mais: dinheiro fácil, excesso de liberdade.
Nisso que estávamos conversando, eis quem chegou: o nosso Enoque, chamado por todos nós de Rayto ou Rad.
Abracei-o bem forte.
Ele olhou-me com carinho, dizendo:
—É, Luiz Sérgio, a Terra está esfumaçada, ou melhor, com tanto pó que fica difícil respirar.
Começamos a caminhada.
Enoque, sempre alegre, ia-nos contando os últimos acontecimentos.
Meu coração nem cabia no peito de tanta ansiedade e contentamento.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 27, 2020 7:51 pm

A patota toda ali, Sara, Karina, enfim, os meus amigos.
Rayto convidou-nos a acompanhá-lo até o terceiro umbral e para lá nos dirigimos, mas antes oramos para captar energias.
À medida que fomos chegando, o ar me pareceu pesado, o lugar era escuro e ainda não havíamos divisado qualquer irmão.
Rayto, aproximando-se de mim, perguntou:
—Por que o silêncio?
Não o estou reconhecendo, Frade.
—Fique sabendo que estou envelhecendo e preciso tomar vergonha na cara, não posso mais aprontar.
—Engana-se, Sérgio, pequenas brincadeiras não fazem mal a ninguém, somente quando atingem o próximo, aborrecendo-o.
Ficamos calados.
O vento se encarregava de fazer o barulho, que era desesperador.
Todos nós estávamos orando em silêncio, quando nos deparamos com cenas difíceis de narrar: o chão mais parecia nuvens vermelhas e pegajosas e no meio delas irmãos em total desespero.
Eles iam varando a atmosfera com dificuldade, mesmo assim caminhavam sempre juntos.
O grupo que encontramos era composto de três homens e dois garotos, todos em estado deprimente:
roupas rasgadas, olhos saindo das órbitas, lábios sangrando, assim como os braços e as pernas.
Passaram por nós, mas não nos viram.
Enoque usava um aparelho para detectar o que os nossos olhos não enxergavam.
—O que é isso? Perguntei.
—Estou vendo o estado do períspirito e se eles desejam ser ajudados.
—Acho que sim, quem quer ficar nesse inferno?
—Eu!... - gritou um espírito que quase me derrubou, tão ruim era a sua vibração.
Enoque acercou-se de nós.
—É mesmo, irmão, gostas daqui? - Perguntou.
—Claro que gosto, aqui vivemos como se estivéssemos na carne.
Aspiramos pó, nos picamos, enfim, vivemos num barato.
Onde vocês se encontram?
Por que não aparecem? - falava, olhando para todos os lados.
Sara pegou outro aparelho e o focalizou.
Ele cobriu os olhos, blasfemando contra Jesus.
—Se vocês são amigos do Cordeiro, vão para o inferno!
—Mas nós estamos nele, aqui é o inferno.
—Mas eu gosto daqui, temos aqui tudo o que se tem na terra.
—Não acredito, então nos mostre, falou Enoque.
—Não, pensam que me enganam?
Nada mostrarei, se desejarem descubram a nossa aldeia.
—Eu não! Depois, nem acredito... continuou Enoque.
—Se é assim, siga-me.
Eu vou mostrar só uma parte da nossa aldeia e depois sumirei assim vocês serão um dos nossos.
Nisso, Enoque fez com que Lílian, uma jovem recém-desencarnada, estudante de medicina, ficasse visível.
O espírito, aproximando-se dela, disse:
—Está óptimo, esta estou vendo e estou gostando.
Quis segurar o ombro de Lílian, entretanto ela continuou firme, como se petrificada.
Enoque me pareceu ocupar o corpo da Lílian, que olhou tão duro para Celso que ele ficou na dele.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 27, 2020 7:51 pm

Fomos andando até um portão vermelho, onde estava escrito:
"Seja bem-vindo ao Vale do Brilho".
Aí, ele parou, dizendo a Lílian:
—Sinto, garota, mas só você entra, a sua turma não pode.
O Rayto, servindo-se do corpo de Lílian, falou:
—Eu não quero entrar, e depois, meus amigos já se mandaram.
—Covardes, - falou Celso, - deixando uma garota como você sozinha.
Venha querida, vamos entrar.
De hoje em diante você é minha companheira.
O portão abriu-se com o tocar de um dedo de Celso.
Nesse momento Lílian estremeceu, mas o portão se fechara.
Celso, muito preocupado, ainda olhou para fora, como se nos procurasse, não sabendo ele que o Enoque, ao se servir do corpo perispiritual de Lílian, havia nos dado condição de também nos acercarmos dela e entrarmos numa boa.
Respirei fundo.
O lugar era árido, nem flores e nem árvores o enfeitavam, apenas umas esculturas louvando o sexo.
Lâmpadas vermelhas tomavam conta do pátio e a música que tocava era parecida com a lambada; pares se retorciam no chão do salão que ora penetrávamos.
Celso enlaçou a cintura de Lílian e ela, comandada por Enoque, fingiu que estava gostando.
Nisso, um homem bem alto aproximou-se de Celso, falando:
—Já lhe disse para não entrar aqui com estranhos!
—Chefe, esta garota é das nossas e está querendo se divertir.
Eu não gosto de estranhos, bem sabe que só trago para cá os que morrem no embalo, caso contrário os discípulos de Jesus lhes prestam auxílio.
E fique sabendo que eles já estão desconfiados desse local.
Naira já foi abordada por um "santo", querendo salvá-la.
—Gino, não se preocupe, ela é das nossas.
—Então, garoto, aproveite — falou, sorrindo, o chefe.
Confesso que as minhas pernas tremiam.
Como Enoque iria sair dali?
E a Lílian, que se encontrava visível?
Celso, olhando-a, disse:
—Boneca, fique aqui um pouco que vou lá dentro buscar algo para você se ligar.
Ao deixar Lílian sozinha, nós nos aproximamos.
—Vamos, Lílian, dar no pé, - falou Enoque.
Saímos dali numa velocidade tão grande que quase me afoguei de susto.
Ganhamos a sala do Gino e verificamos que ele estava por dentro de todos os locais de consumo da droga.
E com que segurança dava as ordens aos subordinados para levarem àquele local os suicidas por tóxico.
—Agora compreendo porque estou aqui, falei a Karina.
No último livro presenciei os lírios colhidos por Jesus e aqui vou presenciar os lírios sendo cortados com a fúria do ódio e da ganância.
Não sei o que fazer para me sentir forte.
Estou tremendo na base, acho que estou destruído.
—Que nada, Luiz, falou-me Damian.
Você está é estranhando a nossa vibração, andou muito tempo na Faculdade, junto aos evangelizadores, agora está sentindo a diferença de trabalhar no umbral.
Olhei-o com aquele olhar de quem não gostou, mas Damian é um grande amigo e sei que compreendeu o meu desequilíbrio.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 27, 2020 7:51 pm

Ouvimos cada palavra do Gino com sua equipe de busca aos desencarnados por tóxico e fomos saindo devagar.
As nuvens pegajosas facilitavam a nossa invisibilidade.
Só Lílian permanecia visível.
Quando Celso a reencontrou, desdobrou-se em carinho e com muita delicadeza lhe ofereceu um canudo.
Ela perguntou:
—Cadê o pó?
Ele a segurou pelo braço, dizendo:
—Venha cá depressa, o pó acabou de chegar, está no ponto desejado.
Entramos junto com a Lílian num quarto onde dois espíritos recém-desencarnados debatiam-se no chão; haviam se suicidado com overdose de cocaína.
Celso simplesmente colocou o canudo na gengiva do espírito desencarnado e foi aspirando o pó.
Estávamos apatetados coma cena.
Aqueles "cadáveres" eram condutores de tóxicos do plano físico para o espiritual.
Em seguida, ele foi aspirando a pele dos toxicómanos.
Ao notar que Lílian não o queria fazer, ele a empurrou com força.
—Ou você aspira ou lhe coloco pra fora daqui! gritou.
As vítimas da overdose continuavam debatendo-se no chão, com a língua asfixiando-as, olhos fora das órbitas, trapos humanos, e ainda vampirizados pelos espíritos desencarnados.
Era demais, principalmente quando a Lílian se debruçou sobre o jovem e foi aspirando a coca, a maconha e os comprimidos.
Ao mesmo tempo, Enoque ia dispersando os fluidos tóxicos da jovem.
Celso parou assombrado.
—Menina, como você é boa, hein?
O coitado ficou a zero.
Ainda bem que não lhe dei os dois.
À medida que Lílian ia aspirando o corpo da garota, Enoque, Samita, Carlos e Sadu iam curando o doente.
Em determinado instante, Lílian piscou para o jovem e Celso não gostou, mas Damian lhe ofereceu algo que ele "bodou" logo.
Saímos dali levando os dois desencarnados.
—Enoque, estou com dó de Celso, ele vai sofrer com Gino, que não vai perdoá-lo, falou Lílian.
—Engana-se, eles se entenderão.
Depois, se Celso sofrer alguma agressão saberemos logo, porque de agora em diante o teremos em nossas mãos.
Ele nos será de grande valia.
—Ainda bem, falou Lílian.
Não quero que ninguém sofra por minha causa.
Olhei-a e alisei seus cabelos.
Lílian desencarnou no Rio de Janeiro em desastre de automóvel.
Cursava o terceiro ano de Medicina.
Os seus pais moram em Brasília e com fé enfrentam a dor corajosamente, tudo fazendo para o crescimento da filha desencarnada.
—Obrigada, Luiz Sérgio, por tudo — e sorriu para mim.
—Não há de quê, estarei sempre em qualquer lugar para ajudá-la, porque eu amo você, sabia?
Karina aproximou-se.
—Veja só, agora é Lílian a preferida.
Fitei a bela Karina.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 27, 2020 7:51 pm

—Não tenha ciúme, querida, o papai aqui é de todas.
—De todas não, de todos, - falou Carlos.
O aprendiz de Jesus ama a todos com o mesmo carinho.
—Veja quem fala o teórico médico do receituário mediúnico.
Por falar nisso, me receite um remédio para saudade.
Carlos escreveu no papel:
serviço, iniciar na Caridade.
Rimos todos, acho que de nervoso, porque já estávamos na saída da aldeia do pó.
Nisso, Enoque abriu o portão e nos vimos lá fora, onde a atmosfera era mais densa e tínhamos dificuldade para andar.
—Levite, Sérgio, - recomendou-me Samita.
—Engraçadinha, - respondi.
O vento era gelado e o ar diminuto.
A nossa turma me pareceu estar varando as nuvens como fazem as aeronaves.
Olhei para baixo e não vi o chão compacto, dando a impressão de vazio.
—Onde estamos? - Perguntei ao Enoque.
—Em um dos umbrais mais próximos da terra, - respondeu.
Se o irmão desejar, poderá perceber que se entrelaçam o plano físico e este lugar.
Confesso que nada fiz para ver onde estava, apenas acompanhei os outros, orando em silêncio.
Encontramos várias caravanas de drogados que se dirigiam para a Casa do Pó, mas nós as ignoramos.
O que precisávamos fazer havíamos feito. Enoque só brincou connosco quando pisamos em solo firme.
Avistamos, então, o Cantinho de Maria, uma casa branquinha, rodeada de rosas silvestres, composta de uma sala e um amplo quarto, onde irmãs de caridade, junto com Eustáquio, prestavam auxílio aos recém-desencarnados.
A casa assemelhava-se a um ninho de amor.
Ali encontramos não só o leito acolhedor, como ouvimos música e escutamos belas histórias dos lábios de Eustáquio, o querido frei dos pobres.
As irmãs Noémia e Cenira eram de uma gentileza sem conta, tudo faziam para que nós nos sentíssemos reconfortados.
Nos leitos, encontravam-se dez entidades recém-desencarnadas que logo seriam levadas até o Hospital de Jesus.
Lá eram socorridos os espíritos errantes, ou melhor, aqueles que, mesmo socorridos, somente desejavam ficar na terra ao lado dos familiares, querendo resolver seus problemas, não sabendo como fazer para obter a passagem.
Eustáquio possui uma equipe que leva essas criaturas primeiro ao Lar de Maria, para depois ganhar o grande Hospital.
—Gostaria de morar aqui, acho lindo este lugar, - falei para Noémia.
—E mesmo?
Todos os locais seriam lindos se nós os imantássemos de amor e paz.
Deus fez o Universo maravilhoso, o homem é que o deforma através dos sentimentos de ódio e orgulho.
Tirou uma flor do vaso e me ofereceu.
Eu não só beijei a rosa, como também a mão carinhosa que ma ofertou.
Cerrei os olhos e orei baixinho:
"Senhor, abençoai este recanto, fazei dele um relicário da Vossa paz.
Dai aos que o buscam a serenidade e a luz do Vosso caminho.
Fazei com que as almas que aqui cheguem sintam o perfume da querida Mãe que os enlaça com braços carinhosos e amigos, para que todos sejam beneficiados.
Que a cura dos nossos espíritos se perpetue até a eternidade, quando encontraremos a paz".
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 27, 2020 7:51 pm

Capítulo II - DOENTES DA ALMA
Aquele aconchegante lugar era um cântico divino.
Assemelhava-se a um pedaço do céu, flutuando nas nuvens escuras dos umbrais.
Irmão Eustáquio dedicava-lhe um carinho todo especial e ali, na enfermaria de Jesus, presenciávamos a prática da verdadeira caridade.
Os irmãos socorridos eram elucidados, através de lindas prelecções de Irmão Eustáquio.
Ele, na sua bondade, mostrava aos andarilhos que nada se leva da terra, a não ser as lembranças e as saudades.
A cada um dirigia uma palavra de amor e respeito.
Ao me aproximar de uma jovem, senti o seu desespero:
havia desencarnado em desastre de automóvel e, mesmo socorrida, não desejava partir para longe do namorado e de seus pais.
Permanecendo junto a eles, sem que sua presença fosse notada, vivia momentos dramáticos.
Descobriu muitas coisas que não sabia quando encarnada e a agonia tomou conta do seu espírito, que desejava sair à procura da paz, mas por mais que a buscasse, não a encontrava.
A família não lhe apresentou Jesus e ela apenas cultivara a vaidade e os bens temporais.
Só foi socorrida quando, desesperada, pediu ajuda divina.
Chegara a algumas horas apenas e parecia dormir.
Olhei o seu semblante em desalinho, as roupas em farrapos, enfim, uma verdadeira "morta".
As irmãs, carinhosamente, lhe trocaram a roupa e lhe curavam as chagas.
—A família é muito culpada nesses casos? - perguntei a Samita.
—Quantos filhos hoje se encontram longe do Evangelho, simplesmente porque a família reluta em viver com Cristo.
Com a chegada de uma nova era, o homem tem por obrigação encontrar um caminho, e queira
Deus seja esse o caminho certo.
Ainda observei Isilda. Ela me pareceu, com os cuidados das irmãs, uma garotinha.
Devia ter uns dezoito anos.
—Sérgio, se os pais não despertarem seus filhos para a realidade da vida, continuaremos a ver almas, como Isilda, que na terra vivem intensamente, bem longe das verdades divinas.
Por que os espíritas, em vez de levantarem tantos Centros, não criam uma fundação, ou melhor, um bom colégio onde se ensine desde a moral evangélica até os compromissos sexuais do homem?
Uma escola como a de Pestalozzi, na Suíça, com as portas sempre abertas, mas a disciplina e o dever trancafiados na consciência; escolas espíritas ensinando a nascer e a morrer.
Diante de tal verdade, o homem tudo fará para bem viver a vida.
—Não sei, não, falou Enoque.
Para tal trabalho não podemos contar com fanáticos nem seres orgulhosos.
A verdade kardequiana tem de ser a base de todo o ensino, não devendo ser misturada a teoria com as práticas mediúnicas, mas revelar aos não-conhecedores a força das manifestações mediúnicas.
E um trabalho de mestre e este tem de possuir uma educação evangélica para equilibrar, e não desesperar ou amedrontar os iniciantes.
Aceitei a colocação de Rayto, mas ponderei que se torna cada vez mais difícil um instituto com tal moralidade.
—Engana-se, Luiz Sérgio, logo teremos na capital do País um Instituto como o de Pestalozzi, tendo à frente, entretanto, só educadores espíritas.
—És um sonhador, falou Samita.
—Não, minha irmã, continuou Enoque.
Tenho fé que um dia a educação evangélica não ficará trancafiada só nos Centros Espíritas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 28, 2020 7:54 pm

Temos de levar ao jovem o conhecimento dos fluidos energéticos da vida após vida, dos corpos que possuímos, como se processa a captação dos fluidos, como fazer para não tombarmos diante dos obstáculos.
Irmão Eustáquio, que nos honrava com sua presença, falou:
—Também oro para que os colégios espíritas sejam jardins com excelentes jardineiros, só assim não teremos tantas plantinhas tenras arrancadas com violência pelos inúmeros vícios que se alastram.
—Irmão, qual foi o caso mais triste que o amigo já socorreu? - perguntei.
—Um dia, alguém me contou a história de uma irmã que desencarnou com overdose e que há dois anos sofria ao lado do corpo.
Ela não aceitava a situação vivida no momento e todos os que dela se aproximavam eram agredidos, pois julgava serem seus inimigos.
Essa jovem, muito rica, jamais imaginara que um dia teria de deixar o corpo físico, mesmo já tendo presenciado o desencarne de vários familiares.
Era uma fera ao lado do corpo e do imenso património material.
Sofria horrores, tinha visões distorcidas dos familiares, tal o desequilíbrio do seu espírito.
Quando presenciou a distribuição da fortuna, gritou no tribunal:
"ladrões! ladrões! ", e com ódio aproximou-se da filha, herdeira de grande fortuna.
A criança apresentou logo uma debilidade não descoberta pelos médicos.
Era ela, desejando tirar a filha de perto dos actuais tutores.
Uma cena estarrecedora, a jovem rica era um espírito maltrapilho.
Desci, então, à crosta da Terra e procurei a irmãzinha que, desconfiada, ouviu minhas palavras.
Quando terminei, ela me abraçou, pedindo que a matasse de vez, dizendo que não suportava a morte física, pois ao presenciar os últimos acontecimentos viu que jamais tivera amigos e felicidade.
Abracei-a com amor e a trouxe para este recanto de paz e ela, com muita felicidade, foi inteirando-se das verdades espirituais.
Hoje ainda se encontra em um hospital.
Sempre a visito e uma vez ela me disse:
"Irmão, ainda hei de fazer a minha herdeira doar uma boa quantia para os seus pobres".
"Engana-se, irmã, - falei.
Os pobres não só me pertencem, como também à sociedade, que os ignora.
Se de cada lar saísse uma cota de sustento para uma criança pobre, teríamos mais tranquilidade, pois a criança hoje educada é o cidadão digno de amanhã".
—Onde essa jovem se encontra?
—Na casa de Jesus, na escola do amor, cercada de amigos e de alguns familiares.
—É, irmão, se o homem descobrisse Jesus, através de um conhecimento espiritual, sofreria menos, não é verdade?
—Sim, se o homem conhecer a verdade do nascimento e do desencarne, procurará viver com dignidade e terá uma vida muito mais feliz.
—Perdão, - interveio Enoque, - precisamos partir.
Levaremos a presença amiga de vocês na lembrança, esperando voltar logo.
Que Jesus esteja sempre ao lado de todos nós.
—Assim seja, - falei.
Levamos não só a recordação de um belo lugar, mas a certeza de que Deus está ao lado de todos os Seus filhos, não Se importando com a evolução deles.
Lílian aproximou-se de mim, dizendo:
—Obrigada, Sérgio, por me chamar a este trabalho.
—Não me agradeça ainda, só no final dele.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 28, 2020 7:55 pm

Você nem sabe o que nos espera...
Ela sorriu.
Fiquei a meditar:
"meu Deus, gostaria de dizer a todos: morto o corpo, a individualidade sobrevive.
Aí é que actua o seu estado psíquico, de acordo com as crenças do indivíduo, seu modo de vida na terra, seu grau de evolução.
Por isso muitos crêem que não morreram, buscando o céu ou o inferno, enfim, vivendo em desequilíbrio".
Dei graças ao Senhor por ter encontrado um dia um mundo repleto de amigos, que me ensinam a viver bem.
Paramos.
Enoque fez uma prece, comunicando-nos:
—Irmãos, agora desceremos ao plano físico.
Vamos levar socorro aos sofridos.
Não esqueçam que nos propusemos a ajudar a Jesus.
Todos somos capazes.
Agora, vamos limpar a nossa mente, buscando forças no Universo.
Todos nós, de braços abertos, ali ficamos, imóveis.
Depois descemos, levados pela força das nossas mentes, à crosta da Terra.
Buscamos o "Solar dos Sonhos", uma pequena casa que fortalece os Raiozinhos de Sol.
Quando lá chegamos, fomos recebidos por Etelvina e Terência, duas abnegadas irmãs, que logo nos levaram até o auditório, onde um gráfico assinalava o aumento do número de viciados, principalmente em cocaína.
Foram mostrados vários países e em muitos deles existiam dois milhões e meio de viciados em coca.
Vimos, também, as plantações de maconha e coca e, em um país amigo, notamos que num vale a coca era tão bem cuidada que até parecia um jardim.
—Por que não ateamos um foguinho nesse vale? - Perguntei.
—Porque não temos esse poder, mas podemos fazer com que seja descoberto.
Isso é pouco?
—Amigo, falei com Enoque, quando escrevi "Consciência"(1) ficamos atordoados diante dos factos que registamos, mas hoje percebo que aumentou tanto o consumo que até as autoridades estão alarmadas.
—O uso de drogas é tão antigo quanto a própria humanidade.
—Entretanto, o século XX é o "século das drogas", mais parece uma epidemia.
—E o pior é que os jovens, ou melhor, as crianças, estão se afundando no lodaçal dos vícios.
—Quais são, no momento, perguntou Samita, os tratamentos realizados no plano físico com os drogados?
—Existem vários métodos, explicou Enoque, sendo o primeiro através de clínicas para toxicómanos, para onde a família, ou a polícia, leva o doente.
Sendo assim, pouco se faz ao paciente.
A psiquiatria de uma clínica tenta curar o vício e não o homem, e o drogado é um ser doente, fraco e carente.
Nessas clínicas o psiquiatra não dispõe de tempo para cuidar da alma.
Em segundo lugar, vêm os recintos religiosos, louvados por nós.
O jovem larga a droga e busca Cristo na leitura do Evangelho.
É inserido num rígido regime quotidiano, tarefas caseiras, leituras da Bíblia e cultos em horas fixas.
Esse programa ensina o doente a se disciplinar.
Queríamos que em muitos lugares existissem trabalhos semelhantes a esses.
Só que o viciado muitas vezes não aguenta a pressão religiosa.
Mas, mesmo assim, esse programa tem ajudado inúmeras famílias.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 28, 2020 7:56 pm


Muitas vezes, contudo, o viciado larga o vício, mas se toma um fanático religioso, não voltando a ser ele mesmo.
—Mas como, Rayto? - perguntou Sadu.
Não é melhor tomar-se um fanático religioso do que um pária da sociedade?
—O homem tem obrigação de usar o seu livre-arbítrio.
Não se cura a doença provocando outra doença.
O viciado tem de largar a droga conscientemente, tendo a certeza de que ela é algo que para ninguém serve.
Volto a dizer:
o dependente de drogas é um ser fraco e não é justo que ele faça da sua religião um vício.
A fé é muito mais do que muitos imaginam.
Ela fortalece o homem, não o deixando vulnerável.
Ele crê, porque já se descobriu a si mesmo e não porque os outros o levaram a crer.
—Enoque, qual o método correto? - perguntou Carlos.
—Estamos à procura, mas aumenta a cada hora o número de dependentes.
A espiritualidade, no momento, procura orientar o viciado sobre o seu próprio comportamento, fazendo-o compreender o valor da vida.
Enfim, ganha a confiança do doente para aplicar o remédio.
E preciso contar com a cooperação dos pais, sem se sentirem culpados, nem filhos acusando-os.
A droga adoptou o seu filho e você precisa vencê-la.
Quando o jovem busca a companhia da droga é porque algo acontece com ele.
Ele é um doente.
A família tem de conscientizar-se de que algo falhou na vida do jovem.
Ou ele é por demais orgulhoso, ou tímido e complexado.
Um jovem dono de si mesmo jamais se droga.
A família de um drogado deve buscar a orientação de um bom psicólogo.
Algo o jovem deseja: agredir a família ou se auto-destruir.
Ele, muitas vezes, é agressivo, e outras vezes óptimo filho, dependendo do ambiente familiar.
Os pais não são culpados, como também não o são os filhos dependentes.
No dia a dia de uma família algo triste aconteceu e eles não perceberam as tendências do filho e alimentaram seu ego, fazendo dele um ser especial ou inexistente.
O que é preciso é o filho ser tratado como um componente da família.
Não importa a sua idade; importa, sim, que ele se julgue útil e amado por todos.
Geralmente, o jovem, quando deseja agredir os pais, tudo faz para que a família descubra o seu vício, ficando contente com as brigas da mãe e a violência do pai.
Se os pais derem ao filho a certeza de um amor equilibrado, ele voltará atrás e abandonará o vício.
Mas se os pais continuarem desejando que ele seja um homem de bem, sem a família ter um procedimento elevado, ele continuará a agredir.
Quem descobrir que seu filho é viciado tudo deve fazer para mudar o ambiente familiar.
O pai tem de voltar a ser o herói da época infantil, a mãe o ninho de amor que o aconchega nas horas de tormenta.
Se não for assim, o filho viverá distante da sociedade e a família sentirá ainda mais a sua ausência.
—É difícil, não é mesmo, Enoque? - perguntei.
—Sim, é muito difícil, mas não impossível.
A família tem de dar o exemplo moral ao filho doente.
Se não for possível curá-lo, é porque junto a ele caminham criaturas que também são viciadas, possuidoras de outros vícios que ele também considera perniciosos.
As irmãs se entre-olharam e nós nos acercamos de Rayto, unindo-nos em prece por todos os doentes da alma.

(1) N.E. — 10° livro da Série Luiz Sérgio.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 28, 2020 7:56 pm

Capítulo III - EDUCAÇÃO INFANTIL UMA FESTA DA PESADA
Ali ainda permanecemos, recebendo orientação sobre como proceder com toxicómanos, ou melhor, viciados.
Enoque muito bem nos elucidou e, para não perder tempo, perguntei:
—O que devemos fazer para ajudar alguém que sabemos ser consumidor de drogas?
—Caso se tenha um parente ou um amigo que consome drogas, jamais deve ficar falando, reclamando, porque de nada vai adiantar.
—E se for um jovem espírita a falar?
—Não diferencia dos outros e ainda vai ser chamado de "careta".
—E se convencermos o viciado a tomar passes?
—Pode tentar, mas dificilmente ele aceitará.
Quem se vicia é porque gosta.
Veja bem, Luiz Sérgio, o exemplo do obeso:
se não partir dele a vontade de emagrecer, jamais deixará de ser gordo.
Pode frequentar as melhores clínicas, que de nada adiantará.
A cura parte de dentro para fora.
O que a Casa Espírita precisa fazer é elucidar as crianças desde a evangelização, mostrar através de fantoches, de teatro infantil, o perigo do monstro devorador, que é a droga.
Hoje, o casal dá aos filhos bons colégios, conforto, mas se esquece do diálogo, de sentar-se com as crianças e discutir o que está ocorrendo no mundo.
Um garoto de seis anos já deve participar dos comentários relativos aos acontecimentos do dia, inflação, assuntos internacionais, enfim, estar a par do que está acontecendo na sociedade, através do que aprenderá a respeitá-la.
Uma criança não deve apenas brincar.
Deve, desde cedo, aprender a viver e só aprendemos a viver convivendo com as verdades.
O mundo da criança só é fantasia até os quatro anos, passou daí ela precisa enxergar com seus próprios olhos.
—Não é dose muito forte para uma cabeça infantil? - perguntou Lílian.
—É, mas é preferível o remédio ser dado pelos pais do que por um mundo sem Deus.
—O irmão acha prudente a mãe ou o pai, quando aumentar o preço do pão, por exemplo, chamar o filho e dizer:
"de hoje em diante vamos controlar nossas despesas; de hoje em diante pão não se joga fora, ele está custando caro"?
Continuou indagando Lílian.
—E será que a criança vai compreender? - Perguntei.
—Sim, ela não é deficiente mental e depois, o pai deve expor a situação económica do seu país.
—Enoque, o que estamos precisando mesmo é de diálogo, não é? - Perguntou Lílian
—Sim. Observando as crianças de hoje, percebemos que, apesar dos belos trajes e dos mais sofisticados brinquedos, elas estão relegadas à solidão.
E o meio que encontram de se fazerem notadas é gritar bem alto:
"eu existo", mas esse grito sai do peito de várias maneiras: às vezes por brigas constantes na rua, outras juntando-se a turmas barra pesada, enfim, a criança percebe o que está ocorrendo ao seu redor e reage à sua maneira.
—O que você acha de pais que consentem que crianças de oito anos já frequentem festinhas que terminam a zero horas? - Indagou Lílian.
—Se os pais participarem da festa, não há mal algum, mas se essas festinhas são à meia-luz e os pais ausentes, cuidado, o seu filho ou filha já pode estar entrando na onda da moda: sexo e drogas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 28, 2020 7:57 pm

Tudo tem seu tempo.
Hoje, dói-me ver as meninas todas borradas de batom, blush, sombra etc. e tal.
—Mas, Enoque, é a sociedade actual.
Como não permitir, se todas as outras meninas se maquiam? - Perguntou Sara.
—Aí é que está a força de uma mãe, força espiritual: fazer a criança compreender que tudo tem o seu tempo.
Acontece que os pais não querem se incomodar e aguentar as reacções de uma criança zangada, que não são fáceis.
Levamos horas e horas a convencer uma criança.
E isso é praticamente impraticável para pais que estudam, trabalham e aplicam o seu tempo em academias e contas bancárias.
O filho foi um acidente, a pílula falhou, ou foi encomendado, planeado, porque, enfim, todos precisam ter um filho... carma...
—Enoque, é certo presentearmos por demais a criança? - Perguntou Sara.
—Não vemos inconveniência nisso, apenas que a criança aprenda a amar seus brinquedos e não os destrua.
Ela precisa sentir que os pais desembolsaram certa quantia para adquirir os seus brinquedos; mesmo a criança de tenra idade, quando a vemos agredir os brinquedos, devemos alisá-los e lhe mostrar que os brinquedos também gostam de carinho.
Portanto, as Casas religiosas que evangelizam crianças também devem ajudar os pais, através de peças infantis que elucidem, eduquem e evangelizem.
Porque as crianças não se preocupam ainda com a vida, devemos embelezar suas horas para que aprendam a bem viver.
—Não sabia, Enoque, - interveio Sadu, - que também conheces a alma infantil.
—Não a conheço; apenas, por conviver com os jovens, busco o passado de cada um e lá encontro a causa do desequilíbrio de hoje.
—O que aconselhas os pais a fazerem, nesta época da electrónica, quando o consumismo toma conta de cada um?
—Não aconselho, imploro:
o dia tem vinte e quatro horas, se vinte horas do seu tempo é pouco para tantos afazeres, lembre-se de dispor de quatro ou duas horas, no mínimo, em prol do seu filho.
Ele não veio à terra para escandalizar, mas para aprender a ser digno.
E árdua a tarefa de cada pai, mas bendito o lar que entrega para a sociedade gente de verdade e não homens com atitudes animalescas.
O silêncio reinou no ambiente.
O jovem-sorriso olhou o painel e nele viu a palavra "socorro".
Esperei ansioso a explicação, quando ouvi sua voz:
—Irmãos, temos de partir, os Raiozinhos nos chamam.
Em uma casa ocorre uma roda de coca e dois irmãos já estão prestes a sofrer uma parada cardíaca.
Não poderei acompanhá-los, há um trabalho junto à fonte da rota, mas tenham a certeza de que todo mundo vai sair-se muito bem.
Que Deus nos acompanhe.
Disse isso e retirou-se.
Olhei com um amor de respeito e admiração o jovem Rayto de Sol, um metro e noventa de altura, olhos esverdeados, indiano em sua última encarnação.
Engana-se quem diz que os Lanceiros de Maria vestem-se como marajás.
Eles são os peregrinos da caridade, pés descalços e fronte limpa para receber os fluidos espirituais, que lhes dão condição de conviver com almas tão imperfeitas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 28, 2020 7:57 pm

Enoque sempre usa a sua calça tipo pescador, tórax nu, sorriso constante.
De tanto conviver com jovens e crianças plasmou a fisionomia de dezoito anos.
Mas o que mais nos toca é a luta desse espírito para salvar almas.
Ele tudo faz para varar a atmosfera pesada do umbral da Terra, a fim de socorrer quem precisa.
—Como gostas dele, não é, Sérgio? - observou Karina.
—Gostar é pouco, tenho por ele respeito e carinho e quando respeitamos alguém é porque esse alguém é muito importante para nós.
Verifiquei o painel.
O pedido lá se encontrava e quase de imediato alcançamos o local.
Cerca de uns duzentos metros já dava para ouvir a música estridente.
Aproximamo-nos.
Ao entrarmos, vimos casais se retorcendo, em verdadeiras cenas de sexo explícito.
Coisa de arrepiar.
Os parceiros às vezes se revezavam e nesse vaivém ninguém parava para se drogar, não era preciso.
Os garçons passavam com as bandejas do "brilho" arrumado em fileira e, mesmo dançando, eles aspiravam a coca; muitos apenas passavam o dedo no pó e depois esfregavam-no na gengiva.
—Estamos em lugar errado, aqui é o décimo umbral! falou Damian.
—Não, filhinho, falei.
Estamos em um baile da sociedade.
—Luiz Sérgio, isso aqui é um cabaré da pior espécie.
—Não, irmão, é uma casa que deveria ser um lar.
Percebemos que cada casal possuía junto a si uns dez espíritos completamente alucinados.
Desde o pronto-socorro espiritual havia-nos acompanhado uma equipa de Lanceiros, espíritos capacitados para os trabalhos umbralinos e no momento em que as entidades desencarnadas sugavam os viciados terráqueos, eles tudo faziam para socorrê-los e muitos foram levados para o posto de recuperação de toxicómanos.
Eram espíritos que desencarnaram, mas permaneciam junto aos dependentes de tóxicos.
Cheguei perto de um dos Lanceiros, Khan, e lhe perguntei:
—Por que não foram socorridos na hora do desencarne?
—Simplesmente, porque não quiseram.
Não quis atrapalhar, mas ainda olhei para trás e me emocionei com o carinho daqueles espíritos.
Segui os outros e deparamos com um jovem que se debatia no chão.
—Parece matança de galinhas! exclamou Sara.
O jovem se retorcia e para espanto nosso os outros o ignoravam.
Sadu, Carlos, Samita e o médico dos Lanceiros — Pattabli — tudo faziam por aquele jovem.
Havia misturado cocaína, maconha e álcool e, por último, aplicado na veia uma substância por demais tóxica.
Do seu braço escorria sangue, um quadro de terror.
O doutor Pattabli juntou-se a uma garota que me pareceu a melhor deles e a intuiu a levar o rapaz até o hospital.
Ali somente orávamos.
Percebi que Lílian, por ser novata, estava cambaleante.
Segurei-a fortemente, animando-a:
—Coragem, chega de doentes.
Logo se recompôs.
A jovem encarnada, intuída pelo doutor Pattabli, começou a gritar:
—Roberto está morrendo! Roberto está morrendo!
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 28, 2020 7:57 pm

Ninguém queria saber de nada.
Um dos Lanceiros parou a música.
Eles gritavam alucinadamente, entretanto, ajudaram o amigo.
Antes não o fizessem, pois jogavam o mesmo para todos os lados e tentavam pegar a sua língua, enfim, eles, em vez de ajudarem, estavam piorando a situação.
O dono da casa, intuído por Sara, falou:
—Vamos levá-lo imediatamente a um hospital.
—Está louco, cara, vamos ser descobertos e, aí, adeus liberdade.
—Não posso deixar que ele morra em minha casa, é galho demais para meus pais.
Dois garotos seguraram Roberto, enquanto os Lanceiros de Maria e os Raiozinhos de Sol auxiliavam aquele jovem que tinha uma encarnação pela frente.
A festa terminou, pois nada fez o som funcionar, nem mesmo os chutes que o coitado do equipamento levou.
Muitos deram no pé, somente uns três casais ali permaneceram e ninguém pode imaginar o que eles ainda fizeram.
É o final dos tempos.
As meninas de quatorze anos eram vítimas de uma época onde os alucinogénios fazem dos homens animais doentes.
Roberto continuou debatendo-se, só que agora em menor espaço físico.
O grupo que o levou para o hospital estava muito drogado, mas o susto diminuiu o efeito do tóxico e Felipe, o dono da festa, chorava com medo do escândalo, que envergonharia o nome da sua "santa família".
—Papai sempre me aconselhou a não me exceder, ele e a sua turma consomem sem exagero — dizia ele, lamentando-se.
—Mas o pó que eles usam é dos melhores e nós, para aumentar o nosso, fazemos as misturas.
Eu já lhe falei, isso é que mata, retrucou Renato.
—Não me diga que ele vai morrer, senão estamos fritos!
Nisso, Felipe teve uma ideia:
deixaria o carro bem longe, jogariam Roberto na porta do hospital e "pernas com o vento".
—E mesmo, agora o policiamento deve estar cochilando.
E assim fizeram.
Colocaram Roberto no chão e nunca vi duas pessoas correrem tanto.
O policial não sabia se corria atrás dos garotos ou se socorria Roberto, que mesmo recebendo um tratamento especial da equipe espiritual de socorro não suportou, vindo a falecer.
No momento do desencarne eu nem sabia se chorava.
Assim, presenciei mais uma violência ao plano divino.
No livro de frente" Lírios Colhidos"(1) presenciei o cordão de prata sendo desatado pela equipe de socorro.
No desencarne de Roberto presenciei o seu esmagamento.
Observando o corpo do jovem Roberto pude notar a sua corrente sanguínea:
o THC( 2) se ligou completamente às proteínas do plasma sanguíneo, sendo uma proporção com as lipoproteínas, outra com a albumina.
O sangue corria até o cérebro, sobrecarregando-o por demais.
Os pulmões, por ser Roberto viciado desde os doze anos, estavam diminuídos, ou melhor, atrofiados.
Os médicos espirituais ali se encontravam tudo fazendo para minimizar a dor do irmão, mas ele nem me pareceu desligado do corpo físico.
Apesar do impacto do desencarne, permanecia colado à matéria inerte, mas já declarado "morto" clinicamente.
—Meu Deus, Sadu, esse menino vai para a autópsia ainda "vivo" — observei.
—Sim, ele não tem como se separar do corpo, pois estraçalhou os fios da vida e não tem força para "decolar".
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 28, 2020 7:57 pm

—Explique, por favor.
—Muito simples: quando chega a época do homem deixar a casca grossa, que é o corpo físico, as ligações dos corpos vão-se enfraquecendo, ou melhor, se desprendendo.
Com o suicídio, o espírito não tem como deixar o corpo e, em vez de se deslocar, ele se agarra à matéria, assim:
e mesmo que desejemos, não há como separá-los.
—O que se pode fazer por Roberto, apenas prece?
—Não mais que isso, mas irá ajudá-lo, disse-me o doutor Pattabli.
O corpo, clinicamente morto, estava envolto numa tela escura:
o períspirito de Roberto, junto ao corpo que ele não soube respeitar.
As veias estavam necrosadas pelos picos; o baço, o cérebro, tudo estava atingido por algo que mata, alucina, destrói e envergonha o espírito — o tóxico.
Queria ficar ali mais tempo, estudando aquele corpo.
Foi quando os pais, desesperados, chegaram, e notei que pediram ao médico sigilo, pois o filho era viciado em drogas.
—Eles não vão apurar a morte? - Perguntou Lílian.
—Não. Se fossem apurados todos os desencarnes por droga, viveríamos num mundo de escândalos.
—Não seria mais justo?
Talvez, até um mínimo de jovens deixasse a droga.
—Talvez — falei e afastei-me.
A nossa equipe ainda ficou para tentar ajudar Roberto, mas eu achava muito difícil alguém fazer alguma coisa.
O espírito do jovem ainda iria sofrer muito.
Saí e esperei do lado de fora, antes passando pelo pronto-socorro, e vi o contraste da vida física:
uns lutando para viver, outros morrendo a cada dia.
Deitadas nas maças estavam pessoas atropeladas, doentes cardíacos, vítimas de desastre de carro, enfim, muitos seres necessitados de cuidados médicos.
E ali, junto a eles, um jovem cheio de saúde jogou pela janela uma encarnação, de modo cruel, pelo excessivo uso de tóxicos.
Esperei a minha turma e me deparei com outro grupo que prestava ajuda na terra.
Quando nos reunimos, perguntei aos médicos:
—Até quando a besta vai matar?
—Até o dia em que cada família elucidar os filhos sobre a vida após vida, para viver com Deus, respeitar Suas Leis, o jovem amando o seu próximo e não somente a si mesmo.
—Doutor, o jovem fez uma vitamina de tóxicos, misturou tudo o que tinha direito, por isso a "explosão"?
—E, meu amigo, ele não estava num dia feliz; por mais que se drogasse, não se satisfazia.
Brigou em casa, foi expulso do colégio e os pais não o queriam mais no lar.
Nesse estado de espírito, angustiado, ele buscou alucinadamente os tóxicos naquela noite e foi misturando tudo, até produzir o que assistimos: uma explosão sanguínea.
Nenhum organismo aguenta tanta substância tóxica, nem mesmo um coração jovem.
—Os pais pareciam aliviados.
—Sim. Quando descobriram que Roberto consumia drogas, levaram-no a um psicólogo, mas esse trabalho individual muitas vezes chega tarde até o profissional.
O certo é curar o doente antes de consumir drogas.
—Todos os jovens devem procurar um psicólogo?
—Sim, se os pais notarem que há algo errado no comportamento dos filhos, se mente por demais, se é áspero com os irmãos, se agride a propriedade alheia, se é péssimo aluno, se destrói o que é seu e o que é dos outros ou apresenta mudanças de humor.
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DRIBLANDO A DOR - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado Empty Re: DRIBLANDO A DOR - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 28, 2020 7:58 pm

—Mas essa já não é a conduta de um viciado?
—Não, nesse estágio a droga ainda não chegou, mas as tendências da falta de educação familiar já.
Portanto, o jovem difícil precisa de um tratamento da mente antes que o verdadeiro mal o atinja: o tóxico.
—Nunca imaginei que antes o jovem apresentasse a sua outra face.
—É verdade, com oito, dez ou doze anos a criança já está colocando para fora as suas neuroses.
E parte sempre desse princípio, daí é que vem a dependência.
O jovem se droga somente para se auto afirmar, agredir a família e sentir que está na moda.
—Por que não se educa o jovem para não consumir tóxico?
—O certo é desde tenra idade oferecer ao filho uma educação firme e disciplinada, dando-lhe exemplos de hombridade, longe das mentiras e das fraquezas.
O irmão segurou o meu ombro e fomos deixando o hospital.
Desejei pegar meu violão e dizer muitas coisas, mas apenas cantei uma canção de amor a Deus por Ele nos ter ofertado a vida e, trabalhando, pedir-Lhe perdão por fazer parte de uma família tão complicada.
Como Deus deve sofrer por ter na Sua família toxicómanos, assaltantes, assassinos e outros mais.
Mas, mesmo assim, Ele vive perdoando Seus filhos.
Quanta dignidade!
Fitei o céu e pisquei para uma estrelinha, querendo dizer-lhe: vai, diz a todo o Universo que sou feliz, porque respeitei o meu corpo físico e tudo faço para me tomar digno trabalhador da seara do Mestre.
Diz, estrela, isso: que sou feliz, porque em muitos corações deixei uma lembrança de saudade e amor.
Diz, também, que um dia batalharei na eternidade, junto a todos os que acreditam em um mundo de paz.

(1) N.E. —12° livro da Série Luiz Sérgio.
(2) Tetrahidrocanabinol — ingrediente activo da maconha
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 28, 2020 7:58 pm

Capítulo IV - O TRABALHO DESTRUIDOR DO TÓXICO VALIOSAS ELUCIDAÇÕES
Aumenta cada vez mais o número de pessoas envolvidas com o tráfico de drogas.
É algo assustador.
Encontramos lugares que o encarnado nem imagina existir, tal o avanço da tecnologia operada no refino do tóxico.
São verdadeiras organizações.
Dificilmente um traficante de peso é detido, só mesmo as chamadas minhoquinhas.
Os "tubarões" são protegidos pela posição que ocupam na sociedade.
—Não seria mais prudente fazermos esses caras serem presos? - perguntei ao Rayto.
—Às vezes eles se envolvem em escândalos, mas sempre se saem bem de qualquer situação.
—Volto a perguntar: por que em vez de ficar atrás dos doidões, não fazemos com que sejam descobertas essas organizações do tóxico?
—Não esqueça Sérgio, que de vez em quando são descobertas toneladas de drogas e sempre existe um famoso traficante envolvido.
—Queria muito mais.
O que estamos vendo são vales-fazendas com refinarias do mais alto poder tecnológico, tudo isso para destruir o homem.
—É mesmo, amigo, o traficante mata a cada minuto um filho de Deus.
—Gostaria de visitar os vales dos traficantes e dos torturadores políticos.
—Um dia iremos lá.
—Já tenho até o nome: desespero.
Rayto sorriu.
Logo juntou-se a nós o querido Olavo, um grande conhecedor da alma.
—Olavo, por que o homem se droga e se alcooliza? - Perguntei.
—Porque sempre deseja algo mais, e para isso precisamos ter força para conseguir o almejado.
Quando nos sentimos fracos, buscamos o que venha a nos fortalecer.
Veja: uma pessoa com insónia busca o remédio, o sonífero, em vez de buscar a causa do problema.
A insónia é a consequência dos acontecimentos actuais da pessoa.
Até para dormir temos de nos exercitar, ou melhor, prepararmo-nos.
Não se leva preocupação para o leito e sim o corpo, que precisa descansar.
O viciado busca a droga, porque deseja algo e não consegue através de uma liberação consciente, isto é, natural, sem excitantes.
Se a criança desde pequena fosse educada para enfrentar qualquer situação, correria pouco ou nenhum risco.
O aumento do número de drogados ocorre, simplesmente, porque o ser que está chegando à terra é recebido erradamente e criado de maneira ainda mais errada.
—Explique, por favor, falou Lílian.
—No tempo actual o sexo está livre em termos, porque nunca se viu tantas pessoas presas de remorsos por trocas excessivas de parceiros.
O jovem, no primeiro contacto amoroso, já busca no sexo o completar do sentimento.
E aí se iniciam as ligações de remorsos e tristezas.
No primeiro amor, o lirismo deveria ser tanto que o sexo ficaria distante.
Assim era antigamente e as pessoas eram mais felizes, porque se guardavam para o real momento, o que não se dá hoje.
Uma jovem ou um jovem, muitas vezes depois de dois dias de conhecimento já se despiram um diante do outro.
Despiram as roupas, não as almas, porque é muito difícil despir a alma diante de um desconhecido, e quem se conhece em dois dias não teve tempo ainda de mostrar todo o seu interior.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 29, 2020 7:38 pm

A relação corpo a corpo, isto é, sexual, precisa dos atractivos da alma, senão ela se perde.
Se no decorrer do relacionamento não surgir um terceiro personagem — um filho, muito bem, caso contrário, virão as cobranças ou a separação.
O feto vive o desequilíbrio dos pais e isso se aloja na sua alminha como estigma, sentindo a incompatibilidade da sua presença entre os pais.
E leva pela vida afora o complexo da rejeição.
Junto aos colegas deseja atenção e, para se sentir o "tal", imita todos os que se acercam dele.
Hoje, vemos quase todas as crianças nascerem assim, aumentando os dependentes, enfim, as cabeças ocas, seres teleguiados por neuroses uterinas, factos ocorridos durante a gestação da mãe.
Mas não só os filhos do desamor são fracos e inseguros.
Os filhos de pais normais também.
Se é o primeiro pimpolho, os avós, os tios e os pais o esperam inebriados de alegria e, ao nascer, os cuidados se desdobram; a criança de vê cercada de adultos e o centro das atenções.
Quando vai para o colégio, inicia-se a insegurança, buscando na professora a mãe, os tios e a babá.
E ali a mestra é mãe de vários filhos e a criança mimada é uma entre muitas.
Aí inicia-se o processo: por que eu não sou amado aqui?
A criança ora se toma doce, outras vezes agressiva.
Não gosta do colégio, ou gosta para bater, morder, quebrar, enfim, chamar a atenção sobre si.
Depois, essa criança por demais amada irá crescer e já não será admirada pela sociedade, vai ser um indivíduo como muitos outros.
Isso a fere, a maltrata, e al vai levando o seu fardo, que considera pesado demais para os seus ombros frágeis.
Toma-se difícil em casa, na escola, enfim, uma criança desagradável.
—Meu Deus, disse Karina, então não tem jeito:
carinho estraga e indiferença também?
—Todos nós passamos nove meses numa bolha fluídica, no ventre de uma mulher, alimentados e guardados por ela.
O útero é um coração, onde o homem inicia a sua viagem reencarnatória.
No seu interior, começa o seu contacto com a sociedade.
Ali ele é protegido pela mãe e pelos encarregados da reencarnação.
Portanto, quando a criança nasce agarra-se às pessoas, sentindo-se desamparada.
Necessita de carinho e do aconchego ao corpo da mãe e das pessoas que a cercam.
Com o passar dos meses e anos, a criança vai iniciando a sua vida, a tudo observando, principalmente os gritos do adulto.
Aí o sacrifício dos pais, deixando para trás tudo o que pode alterar a mente do filho:
discussões inúteis, mentiras "inocentes", mudanças de humor, ora brincando com a criança para logo zangar se ele deseja continuar.
Lembre-se de que ela, a criança, está ociosa, a mente não se preocupa com a conta do telefone, as prestações da casa, com coisa alguma, enfim.
Ela só deseja ser amada.
Infelizmente, os pais julgam que naquele corpo infantil a alma é retardada.
E, assim, tomam atitudes que julgam que a criança não compreende e esta vai fazendo na mente uma colcha de retalhos só das atitudes dos adultos, atitudes essas descabidas.
Dizem para ela não fazer algo e fazem coisas piores.
A criança sofre em silêncio e toma atitudes violentas.
Os pais proíbem e às vezes negligenciam fatos mais graves.
Onde está o equilíbrio?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 29, 2020 7:40 pm

A criança brinca e, quando adulta, procura na caixa de recordações os seus momentos já vividos, deparando-se com proibições, excessos e mimos.
Sua mente infantil trabalha milhões de vezes no mesmo ponto: por que eles são assim?
Para se tomar algo da criança, deve-se tentar substituir por algo que ela deseja, ou então explicar porque ela não pode quebrar um vaso de cristal, por exemplo.
Contarei, aqui, uma história ocorrida em meu lar:
tinha uma das minhas filhas quatro anos, ela adorava um vaso de cristal lindíssimo, que minha esposa ganhara de uma amiga.
O vaso era valiosíssimo.
Ao menor descuido da minha mulher, minha filha era encontrada tentando pegar o vaso.
Todos corriam para salvá-lo.
Um dia, encontrava-me em casa quando ocorreu o facto e não deixei ninguém ir ao seu encontro.
Ela, um pouco desconfiada, olhava se alguém iria interrompê-la.
Lendo me encontrava e lendo fiquei.
Minha esposa observava, atónita, e meus outros filhos desesperados, mas escondidos como eu havia pedido.
Nisso, a garota subiu na cadeira para pegar o vaso.
Levantei-me acerquei-me dela, dizendo:
—Queridinha, deixe o papai ajudá-la, é tão lindo este vaso que também tenho vontade de segurá-lo.
Ela parou, perguntando:
—Vai me deixar tocá-lo?
—Sim, creio que a minha princesa já está ficando grande e sabe que devemos tomar cuidado com os nossos objectos e também com os das outras pessoas.
Este vaso não pertence à minha criança, pertence à mamãe, que o adora.
Se a mamãe for até o seu quartinho e pegar a Greta, a sua boneca de estimação, e jogá-la no chão, quebrando-lhe a cabeça, a minha filhinha vai chorar de saudade; o mesmo vai ocorrer com a mamãe.
O seu belo vaso, se segurado sem cuidado, poderá cair no chão e partir-se em vários pedaços.
Ela me olhou, assustada.
Eu lhe entreguei, com dor no coração, o belo vaso de cristal da Bulgária.
Protegeu-o com o próprio corpo, abraçando-o bem forte, dizendo:
—Papai, ele é lindo, não é?
Mas a Greta é mais linda ainda.
Não quero que a mamãe a deixe cair.
Por isso, pegue o vaso da mamãe, senão eu poderei quebrá-lo.
Entregou-me o vaso.
Respirei aliviado.
Correu para seu quarto e lá ficou, brincando de porta fechada.
Quando minha mulher foi chamá-la para o lanche, ela respondeu lá de dentro:
—Não entre, mamãe, logo estarei aí fora.
A Greta está dormindo e ninguém pode acordá-la, já vou sair do quarto.
Assim fez e, ao passar pelo vaso, nem o olhou.
Era algo que não desejava mais possuir, tomara conhecimento que não lhe pertencia.
Essa filha foi a minha cobaia e, graças a isso, tornamo-nos grandes amigos.
Certa vez contou-me que, ao analisar o vaso, ficou feliz:
a sua boneca era mais bonita do que o vaso da sua mãe, e quando era tentada a tocá-lo, sempre se recordava da minha voz:
"cada pessoa possui um objecto de estimação; como nós não queremos que ninguém nos furte o objecto, não devemos também tirar do próximo".
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 29, 2020 7:40 pm

Quem educa uma criança deve passar a observá-la, assim não perderá tempo, no futuro, em querer analisá-la.
O que ela vai ser amanhã está hoje visível no seu olhar e nas suas atitudes.
Criança sem amor e indisciplinada, criança infeliz.
—É certo darmos encargos à criança?
—Sim. Ela é um ser apto, portanto, ensiná-la a trabalhar é uma bênção, mas não esquecendo que ali está um corpo em desenvolvimento.
Defecar, urinar nos recipientes próprios, alimentar-se, escolher os alimentos, tudo isso é trabalho para a mente infantil e a leva a ter reacções cujo comportamento os pais devem observar.
—É por esses pequenos fatos que as crianças, ao se acercarem de companheiros, os imitam?
—Sim, a criança e o jovem, quando se iniciam em turmas, se bem orientados, passam por elas sem se macular, mas outros se afundam na loucura juvenil das agressões, destruições e tóxicos.
Hoje o jovem está encontrando tudo com muita facilidade.
Tem uma vida privilegiada, com doze anos já dirige veículos e frequenta as famosas festas de embalo.
As crianças e os jovens estão envelhecendo prematuramente, desde cedo já vivem em festinhas.
Com o passar dos anos tudo é rotina, não houve descoberta.
Levados pelo cotidiano, buscam algo que os leve a viver situações diferentes.
A droga é um alucinogénio repleto de surpresas; se o drogado tivesse uma reacção idêntica, todos os dias, ele se cansaria do tóxico.
Mas não, ela, ao chegar ao organismo, faz com que o dependente sinta aquilo que busca, por isso aumentam as doses dia-após-dia.
O homem, ao se drogar, espera atingir uma satisfação que não encontra em seu estado normal.
—Olavo, por que ocorre esse fato? - Perguntei.
—Vou aqui falar do cérebro espiritual, como se processa a entrada do tóxico no organismo humano, como reage o cérebro, enfim, todo o corpo físico e espiritual.
A região frontal do cérebro, responsável pela formação do juízo e ondas de retomo, governa todas as manifestações nervosas, centro de força mental.
O diencéfalo, centro de força coronário, fixa conhecimentos, virtudes morais, compreensão.
Aqui se encontra a consciência de cada indivíduo, é a sede do Espírito.
Ele supervisiona os demais centros de força e lhes transmite os impulsos vindos do espírito.
E ele que capta as energias da aura espiritual e as transmite aos chacras e ao físico.
E a sede do Espírito, é dele que partem as decisões.
Aglutina, transmite e dissemina energias do córtex cerebral para o funcionamento equilibrado do sistema nervoso.
Ele é majestoso e de grande poder; é concentração de força do Espírito e das forças psíquicas e físicas do ambiente da vida.
Irradia energias vitalizadoras e correntes magnéticas.
Portanto, é máquina poderosa que, quando violentada por pensamentos ou ideias de mentes desencarnadas, ou algo forte como o tóxico, faz com que o cérebro trabalhe com sobrecarga, muitas vezes causando sérias lesões.
Daí o viciado não trabalhar ou render pouco e suas cordas vocais ficarem deficientes, falando pausadamente.
O tóxico age no sistema nervoso central, composto pelo cérebro e pela medula espinhal, centro esse formado por vários biliões de células nervosas denominadas neurónios, que se comunicam entre si por meio de mensageiros químicos, denominados neurotransmissores.
A droga, ao penetrar no cérebro, interfere directamente nas transmissões desses neurotransmissores, esmagando cada célula, que possui vida própria.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 29, 2020 7:40 pm

Estas, ao serem atingidas, fazem com que o viciado sinta sensações sempre novas e nunca idênticas.
Mas morre pouco a pouco também.
À medida que vão aumentando as doses, o viciado apresenta uma doença cerebral orgânica, dificuldade de concentração, agitação ou prostração, perda de memória e muitas vezes uma dilatação dos ventrículos cerebrais, atrofia ou até mesmo morte destes ventrículos.
O cérebro de um dependente apresenta-se alterado.
Por isso ele nada teme, quando a droga já tomou conta, lesando-lhe o cérebro.
—Irmão, notamos que os consumidores de tóxicos, principalmente do pó, usam e abusam hoje da cocaína, que é passada na gengiva.
Por que esse novo método?
—O drogado vive em busca do aumento de prazer, e esse novo método lhe oferece reacções mais rápidas, mas também consequências mais terríveis.
A gengiva é por demais sensível e o pó brasileiro contém muitos corrosivos, um deles o pó de mármore.
Essa busca se dá pelo fenómeno chamado tolerância, que se caracteriza pelo consumo ininterrupto de uma droga, uma necessidade de se aumentar a dose, obter o mesmo efeito ou outros ainda desconhecidos.
Muitos, com uma overdose, desencarnam; outros, com quantidades maiores, nada sentem.
E o segredo da vida.
O perigo de ocorrer o desencarne aumenta com os coquetéis de drogas.
O indivíduo considerado um grande consumidor, na busca do prazer, é levado a misturar álcool, comprimidos, maconha, que é grande inimiga do álcool, coca, LSD e outros tóxicos.
Não existe organismo que suporte, arrebenta tudo, é uma sobrecarga negativa na carcaça física e perispiritual.
Muitas vezes, entretanto, quando socorrido em tempo, se salva.
—Como devemos proceder diante de tal fato?
—Afrouxar as roupas e aspirar secreções do vómito.
Melhor e mais prudente, no entanto, é correr com o doente para um hospital.
Sem isso, dificilmente se salvará.
—A "viagem" é interrompida pela passagem no cemitério, não é? - Falei.
—Mesmo sendo levado a um pronto-socorro e a um médico, muitas vezes não tem condição de se salvar.
O mal, quando isso ocorre, é que o usuário da droga abusa não de uma só droga, mas de todas as que lhe caem nas mãos. Hoje a faixa etária está caindo assustadoramente, com crianças de tenra idade já se drogando, isso porque estão inseguras diante de um mundo sem amor e verdades.
Para uma criança, o desmoronar de seus sonhos é muito mais grave do que para o adulto.
E os adultos não estão respeitando o mundo da criança.
Ela é um brinquedo para o adulto, algo deficiente.
E num corpo infantil, irmãos, está um espírito velho, que volta à terra para buscar o que aqui deixou: as oportunidades perdidas.
Vamos ajudá-la, dando-lhe um lar, um verdadeiro lar, sem dogmas, apenas verdades e companheirismo.
Só assim teremos uma sociedade sem os mortos-vivos, dependentes de drogas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 29, 2020 7:40 pm

Capítulo V - O DESEQUILÍBRIO DO CORPO FÍSICO
Olavo terminara e nós ainda meditávamos sobre suas palavras, quando Simeão, um dos espíritos do pronto-socorro, entrou no recinto.
Nós o cumprimentamos e, feliz, nos disse:
—Sejam bem-vindos a esse tão belo serviço.
—E verdade, irmão, que a cada minuto desencarnam pessoas levadas pelo desequilíbrio, portanto, os chamados suicidas inconscientes? - indagou Samita.
—Querida Samita, hoje vivemos em imensa agonia diante de uma humanidade distante de Deus.
Os bens materiais suplantam as jóias da alma: as virtudes e, longe da fé, o homem vai sendo prisioneiro de si mesmo, dos seus anseios.
O que temos visto?
Pessoas extremamente indiferentes; crianças sendo assassinadas em noites de orgia; meninos assassinando, matando, violentando; almas completamente desequilibradas.
Muitos até indagam: como pode o Ser Supremo — Deus — criar tais criaturas?
Neste pronto-socorro de Maria temos convivido com a verdadeira dor; almas que se desligam do corpo das maneiras mais diversas das estabelecidas pelo plano divino.
—Irmão, completou Sadu, nós, como vários outros, estamos empenhados em socorrer suicidas inconscientes.
—Sei disso.
Temos muitas equipes de socorro, mas estão aumentando assustadoramente esses factos tão tristes, tomando-se cada vez mais necessária a vinda de irmãos socorristas para a crosta da Terra.
Pensei:
"mas eu quase nada sei sobre desligamento!..."
—Junto aos Raiozinhos, - respondeu-me Simeão, - estarão irmãos capacitados para esse serviço.
As organizações das trevas aproveitam o desequilíbrio dos encarnados e, com objectivos bem definidos, colhem os frutos antes do tempo.
Lembram pessoas que furtam as frutas antes destas estarem prontas para serem colhidas.
"É mesmo, pensei, a fruta madura solta-se do galho, a verde é retirada com violência."
—Quantas criaturas, continuou Simeão, julgando o corpo físico eterno, por não conhecerem a vida espiritual, castigam os órgãos, sobrecarregando-os de remédios, de alimentos e de tóxicos.
E essa máquina divina, violentada, estoura.
Cada corpo físico é uma usina energética com electricidade necessária para operar no plano material.
Quando é destruída, a energia trasborda e aí entram os espíritos que, mesmo não se encontrando mais no corpo físico, dela precisam para se sentirem encarnados.
Para colher esses fluidos de vida, eles estudam, elaboram e fundam vales bem próximos da terra, para onde são levados os suicidas inconscientes.
—Até os hipocondríacos? perguntei.
—Esses existem mais do que se pode imaginar. Inúmeras pessoas se automedicam.
Não imaginam os pais o mal que fazem aos filhos, quando os sobrecarregam de medicamentos.
A criança, desde bebé, já toma remédio para prisão de ventre e para abrir o apetite.
Os pais devem ser esclarecidos que os bebés sofrem eólicas intestinais, porque os seus órgãos ainda estão virgens e com o passar dos dias tudo vai funcionando paulatinamente, não sendo prudente uma ajuda artificial.
—O que fazer, então, neste caso?
—Usar bolsa de água quente, fazer massagem, não deixar o ventre descoberto.
O ventre aquecido ajuda a máquina física a funcionar normalmente.
Depois vem a época da dentição, iniciando-se outra corrida à farmácia, quando devíamos tudo fazer para evitar os remédios, só o fazendo quando o bebé estiver realmente doente.
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