LUZ ESPÍRITA
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“DEIXE-ME VIVER” - Luiz Sérgio / Irene Pacheco Machado

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 11, 2011 9:56 pm

“DEIXE-ME VIVER”
Irene Pacheco Machado

Espírito Luiz Sérgio

PREFÁCIO

O Paráclito prometido por Jesus veio de forma a não escandalizar as pessoas.

Kardec apresentou, intermediando os espíritos, as verdades que podiam ser ditas no século passado.

Foram depois aparecendo espíritos acrescentando novas verdades, sem desfazer o que ficou dito pelo Codificador e seus assistentes espirituais.

Assim, sucessivamente, vêm sendo acrescentadas à Doutrina minudências sobre a Lei de Causa e Efeito, à proporção que as mentes possam entender.

Muitos não as aceitam, mas a vanguarda espiritual do Paráclito entende e parte para novas aquisições do saber.

Seguindo essa linha de conduta, Luiz Sérgio veio, desde seu primeiro livro, "dosando a pílula".

Cada livro seu traz novidades compatíveis com o entendimento de seus leitores e de acordo com as necessidades dos espíritos irrequietos da modernidade.
Conquistou os jovens leitores de tal forma que pode agora trazer "alimentos" proporcionalmente mais fortes a cada livro que apresenta.

E, assim, veio este "Deixe-me viver".

Como diz o Evangelho, "...discurso duro de ouvir", mas necessário, em face dos desmandos da humanidade actual para atender ao preceito de Jesus "conhecereis a verdade e a verdade vos libertará".

É trágico, mas lógico!

Quando assistimos às sessões de "tratamento orgânico", ou seja, àquelas em que os espíritos usam de médiuns de efeito físico para curar o físico dos enfermos, vê-se, às vezes, espíritos que são trazidos para tratamento orgânico, isto é, recomposição do perispírito dilacerado ou defeituoso.

Tínhamos vaga ideia de que havia alguma coisa sobre desencarnados por acidente.
Mas aparecem também espíritos na forma infantil e achávamos que eram pelos mesmos motivos traumáticos, mas já em vias de reencarnação.

Lógico que, se isso fosse, estariam na forma embrionária, microscópica. Agora veio a explicação por este livro que temos a grata satisfação, e até um certo orgulho, de prefaciar.

Luiz Sérgio nos traz detalhadamente o sofrimento dos espíritos ao serem abortados e que, pela perplexidade e incompreensão da falta de amor dos pais, cristalizaram a forma fetal.

Quem já assistiu a uma curetagem uterina para retirada de restos de embrião ou feto mais ou menos desenvolvido vê a sangueira e os fragmentos dilacerados do concepto e não imagina que ali está uma alma atormentada, aterrorizada.

Nos pronto-socorros obstétricos do Rio de Janeiro, até a década de cinquenta, eram comuns os atendimentos de aborto inevitável.

Geralmente a paciente dizia:
"foi um susto que levei e por isso abortei", mas muitas vezes o obstetra encontrava fragmentos de madeira, talo de mamoneira etc.

dilatando o colo do útero, ocasionalmente útero perfurado por algum instrumento usado às ocultas.


Última edição por O_Canto_da_Ave em Qui Jan 03, 2013 10:03 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 11, 2011 9:57 pm

Eram casos constrangedores, mas levados à conta da ignorância.

Notava-se, entretanto, que esses abortos provocados apresentavam aspecto mais grave que os espontâneos, acontecendo, às vezes, até o chamado "útero de Couvelaire", cujo sangramento incontrolável leva à morte, evitada somente com a retirada do útero.

Estes detalhes Luiz Sérgio mostra com toda a crueza.
Este livro até que poderia chamar-se "O martírio dos abortados", tão vivamente mostra o sofrimento dos "rejeitados".

Mas não fica só nisso...
Traz ensinamentos aos pais, aos jovens e faz lembrar aos mesmos que "sexo não é parque de diversões" e que a mocidade está confundindo inquietação sexual com amor, vindo, daí, a raiz dos descasamentos fáceis.

A mulher que era atavicamente reprimida viu-se liberada, mas saiu de um extremo e caiu no outro; confundiu liberdade com libertinagem.

Segundo Luiz Sérgio, essa liberalidade, do ponto de vista espiritual, foi a decadência da mulher:
"o homem tomou-se ganancioso e a mulher decaiu".

Os quadros de obsessões, de desentendimentos entre os casais, segundo Luiz Sérgio, têm origem no desejo de "gozar a vida" e levar vantagem sem importar-se com os demais, num egoísmo atroz.

Traz também o livro orientação para as Casas Espíritas, de modo a nos fazer lembrar os dizeres de Paulo de Tarso:
"importa que pratiqueis a sã Doutrina", para o caso de novatos na Doutrina misturando credos e religiões sem tratar da melhoria interior.

Leitor amigo, deleite-se com estas verdades de Luiz Sérgio, mas prepare-se para "rectificar as veredas do Senhor", porque, senão, haverá "choro e ranger de dentes".

Luiz Sérgio, aquele abraço do tio, amigo e admirador, Júlio Capilé.

Brasília, 09 de outubro de 1992.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 11, 2011 9:57 pm

MÃE, NÃO ME MATE, DEIXE-ME VIVER....

MENSAGEM AO LEITOR.


Deixai vir a mim os pequeninos e não os embaraceis (Marcos, X: 14).

Quem atrapalha a evolução de uma criança é muito culpado e indigno de alcançar o Reino de Deus.

Hoje a sociedade comenta, apavorada, os sequestros, os assassinatos, os estupros, os furtos, as drogas, mas se cala diante do frio e cruel assassinato de inocentes: o aborto.

Em vários países o aborto cresce, até mesmo protegido por lei; todavia, ninguém se detém para pensar que esses crimes são praticados contra milhares de inocentes e indefesos seres.

A vítima não tem voz para suplicar:
"deixe-me viver, não me mate", nem braços fortes para se defender.

Essas crianças estão sendo esquartejadas friamente, sem piedade, por mentes gananciosas e sem Deus.

Quase ninguém se importa;
poucas campanhas se levantam em prol da vida desses pequeninos, vida esta tão importante como a de cada um de nós.

Quem interrompe uma gravidez está rasgando a passagem de alguém para a escola da evolução.
Não esqueçamos que o feto só está alojado no útero porque obedeceu a um planeamento de Deus.

Porque o homem não respeita semelhante obra?
Sabemos que muitas mulheres se julgam donas do seu corpo e com orgulho levantam bandeiras, dizendo:
"eu me pertenço, faço do meu corpo o que desejo, do meu ventre disponho como quero".

E assim vão matando sonhos, esperanças e causando dores.

É certo, companheiros?
Será que não nos conscientizamos ainda de que desde a concepção já há vida no ovo e de que a mulher é terra fértil, destinada a alimentar a semente divina?

Mas muitas fogem dessa responsabilidade, desejando apenas ser fêmeas; mães, jamais.
E matam cruelmente, de várias e estranhas maneiras.

Que é o corpo da mulher?
Um santuário, onde órgãos férteis mantêm com vida um embrião.

Nenhum cientista é capaz de criar um corpo de mulher, e muitas não se respeitam, fazendo de si um objecto de desejo e de consumo.

Até quando os defensores dos direitos humanos irão ignorar esses bárbaros crimes que são praticados diante de uma sociedade estática?

Que a mulher se libere, mas respeite os seus sentimentos de mãe e lute pela vida dos seus filhos.

A mulher que aborta é uma fracassada;
ela não tem coragem de compartilhar sua vida com outra vida, que dela tanto necessita.

Por tudo isso, fui chamado à Universidade Maria de Nazaré para um novo trabalho e, quando soube do assunto, meus olhos marejaram de lágrimas.

Nada é mais triste do que a revolta de um espírito no momento do seu assassinato - o aborto.

Por isso aqui me encontro, unindo minha voz à de milhões de almas indefesas que neste momento sussurram em pungente apelo:
"Mãe, deixe-me viver, não me mate!"

Luiz Sérgio.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 11, 2011 9:57 pm

Capítulo I - Os REJEITADOS ATRAVÉS DO ABORTO

Depois do meu último trabalho, passei uns dias de folga e aproveitei para estudar um pouco mais.

Um dia, estando eu na biblioteca, tirando algumas dúvidas sobre fluidos, reencontrei Conrad.

Contentes pelo reencontro, ali ficamos conversando, até que fui informado por Saturnino, outro querido amigo, que estava sendo aguardado no Departamento do Trabalho.

Tão logo terminamos o assunto, despedi-me de Conrad e fui com Saturnino até o local onde frei Luiz e irmã Loreta nos aguardavam.

Foi-me, então, comunicado:
- Sérgio, estamos muito apreensivos, pois vem aumentando, em escala surpreendente, o número de abortos praticados friamente e, com isso, ocorrendo um desequilíbrio no planeamento divino, pois muitos que precisam reencarnar sofrem a rejeição dos pais, principalmente a da mãe, árvore que tem por função dar frutos.

O aborto, irmão Luiz, será o tema do seu próximo trabalho.

- Algo contra, Luiz Sérgio? inquiriu Loreta.
- Não, irmã, nem imaginava que o assunto fosse tão preocupante.
- Não só você o ignora como também as autoridades, os religiosos, a sociedade, enfim.
Por isso aumentam cada vez mais esses pavorosos crimes.

- Estou ao inteiro dispor do Departamento e espero que a equipe que trabalha comigo no plano físico esteja apta a colaborar, para que tudo ocorra de acordo com a vontade divina.

- Sabemos disso.
Agora, vamos aguardar o dia do início do socorro;
até lá, desfrute as nossas alamedas e se prepare para mais uma árdua tarefa.
Obrigado, irmãos. Que Deus nos ampare.

Retirei-me. Contemplando a bela universidade, sorri para os imensos jardins e pensei:
"como é possível um espírito desejar ficar ao lado dos encarnados, quando temos este céu de amor!"

Aproveitei bastante o tempo em que ali fiquei para inteirar-me da minha nova tarefa.

Finalmente, chegou o dia esperado.
Encontrava-me no meu alojamento, quando um jovem chamado Manhuaçu foi-me avisar que me estavam aguardando para o início dos trabalhos.

Saí conversando com aquele jovem muito educado e grande conhecedor do magnetismo das matas, até alcançarmos a sala oito, onde a equipe já se encontrava.

Os irmãos Luiz e Loreta fizeram a apresentação:
- Luiz Sérgio, aí estão os irmãos que irão trabalhar com você.

Meu coração se apertou ao procurar, em vão, os Raiozinhos de Sol, pois todos ali me eram desconhecidos:
irmão Misael médico, irmão Zeus - médico, irmão Aloísio, irmão Amintas, doutora Kelly e Hápila.

Cumprimentei-os, meio sem graça.

O doutor Zeus falou:
- Muito prazer, Luiz Sérgio, esperamos que todos possamos cooperar com o Cristo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 11, 2011 9:58 pm

Notei que eram espíritos muito bonitos, de soberba linhagem.

- Sérgio, temos a certeza de que o trabalho de vocês será benéfico para o Departamento da Reencarnação, falou-me frei Luiz.
- Assim espero, amigo.

Fomos saindo e não é preciso contar a vocês que o papai aqui, sem Enoque, Sadu e os outros, fica que nem peixe fora d'água.

Mas, que fazer?
O jeito é ir levando.

O médico Misael instruiu o grupo:
- Primeiro, vamos conversar com Rafaela, conhecê-la.
Já tentou duas vezes mergulhar na carne e não a deixaram.

Neste instante, ela se prepara para voltar mais uma vez, depois do tratamento a que se submeteu após ter sido abortada.

Chegamos à Colónia dos Rejeitados que, apesar de bela, possui uma aura triste.
Olhei ao meu redor e senti certa melancolia até nas flores, apesar de as fontes de águas cristalinas emitirem suave fragrância de jasmim.

- Que lugar tristonho! As árvores parecem soluçar, observou Hápila.
- É mesmo, amigo.

Ali estava, à minha frente, um departamento da Colónia, ou melhor, o grande hospital.
Fomos entrando. Paramos.

Inúmeros espíritos avistamos, metade homem, metade criança;
homem com fisionomia de bebé e bebé com fisionomia de homem.

Diante daquela cena insólita, nunca por mim divisada, indaguei, perplexo:
- O que é isso, irmão Misael?
- São os abortados.
- Quê?

- Sim, Luiz Sérgio, estão aqui em tratamento até retornarem à carne.
- Irão assim, deformados?
- Não. Só depois de curados.
Ficaram assim pelo choque;
mesmo socorridos, a casa mental foi atingida.

Na enfermaria três - Enfermaria de Jesus, vários espíritos recebiam da irmã Paulina uma aula de amor.

Ela os tratava como crianças, cantava e orava, enquanto eles brincavam como se realmente o fossem.
Ali da porta, ficamos a observar.

- Até quando ficarão assim? perguntou Hápila.
- A volta ao normal é um trabalho demorado, o abortado se sente extremamente infeliz.

Seguíamos devagar, quando nos defrontamos com Rafaela, uma bela mocinha, acompanhada de uma irmã, chamada Maria, que fez a nossa apresentação:
- Rafaela, estes são nossos amigos, estão aqui em estudo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 11, 2011 9:58 pm

Sorriu com carinho.
Meu coração recebeu seu sorriso com ternura e também lhe sorri.

A irmã elucidou:
- Rafaela inicia amanhã o regresso à carne.
Sendo um trabalho de risco, ela parte para outro departamento e hoje estamos nos despedindo.

- Que bom, você vai reencarnar.
Gosta de seus pais? indaguei-lhe.
- Nem sei se vou conseguir reencarnar, minha mãe não me aceita, já me abortou...

- Já? admirou-se Amintas
- Sim, e temo passar outra vez por semelhante situação.
- Não, isso não vai ocorrer.
Se Deus quiser, você será recebida com amor.

- Deus o ouça.
Às vezes sinto-me tão cansada...

Ali ficamos conversando, enquanto os médicos da equipe visitavam outros departamentos.
Percebemos o quanto aquela criança precisava reencarnar.

Amintas, comovendo-se, disse-lhe:
- Rafaela, desejo a você muita luz.
- Obrigada, irmão.

Despedimo-nos.
Aloísio nos convidou a observar outros lugares.
Notamos que os cuidados eram imensos para com aqueles desprezados.
Quando nos dirigimos a um desses locais, encontramos irmã Severina.

- Cuidado, não se aproximem muito de Paulinho, ele está furioso - alertou-nos.
- Quem é Paulinho? perguntei.
- É um espírito que já foi rejeitado oito vezes, respondeu-me Aloísio.
- Oito vezes? E porque ainda tenta?

- Por ser necessário.
A mãe de Paulinho deve-lhe essa oportunidade.
Desta vez será a última.

Se ela o rejeitar, ele renascerá no útero de uma santa mulher que, mesmo não tendo ligação com ele, irá recebê-lo.
Ele será como um adoptado.

- Adoptado? Explique-me.
- Sim. Existem mulheres que, quando consultadas pelo departamento reencarnatório, aceitam ser mães de um rejeitado e engravidam.
Quantas vezes indagamos como um certo casal pode possuir um filho tão diferente dele!

- Obrigado, irmão, tomaremos cuidado. Até já.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 11, 2011 9:58 pm

Aproximamo-nos de Paulinho e vimos que se encontrava como se enjaulado.
Seu quarto era amplo, nove por nove, talvez, mas dentro dele havia outro, com grades magnéticas.

Ele chorava e gritava:
"assassina, assassina! Eu te mato! Mãe dos infernos!"

Recitei uma oração que fiz para minha mãe.
As palavras foram ditas com tanto fervor, que ele se foi acalmando.

- Que fé, hem, Luiz Sérgio?
Parece-me que vai dormir, disse Hápila.
- Graças a Deus, falei.

O quarto possuía somente uma cama.
A parede sonora lhe ofertava a companhia dos grandes mestres da música clássica.

Hápila falou-me com ternura:
- Irmão, repita a sua prece. Achei-a linda.

Cerrei meus olhos e orei:
- Bendito és, meu Pai, por me teres ofertado uma mãe, mulher que deixou desabrochar em seu ventre o meu espírito e me amparou em criança.

Foi o guia dos meus dias, o anjo das minhas noites, a mãe das horas difíceis, a amiga dos momentos alegres, conciliadora nas minhas contendas, baluarte do meu carácter.

Mãe, pronuncio o teu nome, bem baixinho para os outros, mas para o meu coração uma sinfonia de amor.

És também bendita, toda minha.
Só tu, mãe, me conheces como sou e me amas mesmo assim.

Flor do meu caminho, alicerce do meu lar, brisa da minha vida.
Mãe querida, que Deus te abençoe, és meu anjo protector.

Minha oração adormeceu Paulinho, o que nos permitiu analisa-lo.
Pareceu-me doente, muito doente.
Jamais supus a existência de tantas enfermidades nos rejeitados.

Paulinho era uma das vítimas do aborto.
Como é possível o profissional que recebeu um diploma para salvar vidas ser um exterminador?

Aquele garoto trazia no corpo as marcas das torturas físicas e na mente a chaga da rejeição.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 11, 2011 9:59 pm

Dava-nos vontade de agasalhá-lo em nossos braços, ao vê-lo deitado, na posição fetal.

Paulinho sofria terrivelmente pelos pavorosos abortos praticados contra ele.

Em sua casa mental pudemos reencontrar todos os aparelhos possíveis, usados nas clínicas da dor.

Ficamos, por bom tempo, orando por ele.
Depois, voltamos ao grande jardim florido da Colónia.

Eles precisam muito daquele belo lugar, ninguém mais do que eles carecem de Jesus.

Os médicos juntaram-se a nós.
- Ficaremos no "chalé amor-perfeito", comunicou-nos a doutora Kelly.

- Não vamos agora ao plano físico salvar as crianças? perguntei.
- Ainda não.
Conheceremos antes cada caso, para tentar ajudá-los.

- Desculpe, irmã, mas os Raiozinhos não podem trabalhar com a gente?
- Não, Luiz, no momento eles tentam salvar também outras crianças de Jesus.

- Espero que você goste de nós, falou Zeus.

- Desculpe-me, sou meio "lelé da cuca".
- Conhecemos você muito bem e sabemos que o irmão é possuidor de um imenso coração, que também nos abrigará.

- É isso, amigos, eu amo vocês.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 11, 2011 9:59 pm

Capítulo II - O DIREITO À VIDA

Passeava meus olhos por toda a Colónia, enquanto pensava:
"meu Deus, como é possível entender que uma mulher seja capaz de assassinar o próprio filho?"

Nisso, fui chamado pela minha nova equipa de trabalho:
- Luiz Sérgio, vamos prosseguir com a visita aos doentes.

Assim o fizemos e chegamos a uma enfermaria.
Os bebés eram metade bebé, metade adulto, como me referi antes.

Uns urravam, outros choravam, e ainda outros proferiam palavrões;
todos muito revoltados.

O encarregado daquela enfermaria permitiu que somente os médicos entrassem e estes, quando o fizeram, foram cercados pelas vítimas do aborto.

A doutora Kelly indagou:
- Quando eles voltarão à carne?
- Não sabemos.
Antes terão de sofrer algumas cirurgias perispirituais e receber tratamento psicológico.

Se os irmãos desejarem, podem assistir à luta dos psicólogos espirituais para tratar essas mentes, pois muitos deles relutam em sarar.

Zeus aproximou-se de Mário e lhe perguntou:
- Que deseja o irmãozinho?
- Quero mamãe, quero papai - respondeu, com voz infantil.

Zeus alisou sua cabecinha, dizendo, carinhosamente:
- Recorde, Mário, que Deus, nosso verdadeiro Pai, jamais nos abandonou.
Procure tomar-se filho dele e jamais será abandonado.

Mário começou a babar, com a mão dentro da boca.
Jogou-se ao chão, retorcendo-se e gritando:
"mamãe, papai, mamãe, papai..."

Da porta, eu e os outros companheiros observávamos a triste cena.

Eu fazia força para parecer durão, mas o meu espírito chorava de tristeza por verificar que, enquanto as clínicas abortivas se alastram no Brasil e no mundo, o plano espiritual colhe os lírios e os cura das violências de que são vítimas no plano físico.

Ninguém pode imaginar o trabalho da espiritualidade nas colónias que funcionam como verdadeiras clínicas de recuperação.

E tudo isso porque o homem e a mulher julgam-se no direito de matar.
Observávamos o martírio dos rejeitados, quando vimos Solange, uma garotinha, ou melhor, um bebé, toda deformada, que gemia baixinho.

A médica de serviço, chegando bem perto, envolveu-a com a luz azul, enquanto ela, suplicante, olhava para todos.

- Hoje vamos submetê-la a mais uma cirurgia.
Logo estará curada - falou a doutora para Solange.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 11, 2011 9:59 pm

Continua...

O nené nada disse, mas seu olhar queria indagar:
"para quê? Para voltar ao plano físico e ser novamente violentada através do aborto?"

A médica pareceu compreender Solange.
- Se agora tiver de voltar, será através de uma mulher que mesmo não tendo ligação espiritual com você, irá recebê-la como filhinha querida.

Existem, Solange, criaturas boas e mulheres divinas;
não tema os encarnados.
Existem criaturas maravilhosas, que tudo fazem pelos outros.
Poucos são os maus.

Solange submetera-se a longo tratamento perispiritual.

Fora sugada pelo aborto, retirada do útero materno aos pedaços e já sofrera, até aquele momento, oito operações, porém recusava-se a apagar de sua casa mental os minutos cruéis do seu assassinato.

- Que mãe, hem?
- Vamos assistir ao filme de Solange, Luiz Sérgio.

Accionado, o projector nos ofereceu a imagem de um casal em sua vida social:
barzinhos, festas, cinemas, teatros, enfim, "aproveitando a vida", até que surgiu uma gravidez inesperada.

E justamente quando planeavam uma viagem para a Europa.
O que fazer com a criança?
Não pensaram duas vezes: abortar.

Assim, a mãe de Solange deu entrada numa clínica de aborto, pagando alta quantia para se livrar dela.

Nem achou caro.
Não sabia ela o quanto este dinheiro iria render-lhe de débito.
Quantas lágrimas teria de verter para pagar este hediondo crime!

Queira Deus que Solange um dia cruze o seu caminho e possa perdoar-lhe.
Jamais supusera existissem casais que por um nada matassem seu próprio filho.

Acompanhamos, em seguida, o suplício de Solange, recebendo as pancadas de um médico aborteiro.

Ninguém pode imaginar esse horror.

Só não sofre mais o espírito do abortado, porque Maria de Nazaré e Sua falange de abnegados espíritos divinos fazem guarda nessas clínicas, para socorrer essas vítimas indefesas.

No momento em que o espírito está lutando para permanecer no útero, a equipe de Maria tenta retirá-lo, antes do crime, mas muitos deles reagem, por julgar que a mãe ainda vai desistir do seu intento.

Fiquei louco de dó.
Solange acreditava que a mãe fosse salvá-la.
Corria do aparelho, apavorada, rejeitando o socorro da equipe de Maria.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 11, 2011 10:00 pm

Enquanto o homem mata, Deus cria e perdoa os que não respeitam a vida, mas ai daqueles que brincam com as obras de Deus.
A maternidade bendita é luz a clarear a Terra.

Solange foi esquartejada e jogada em uma lata de lixo.
Seu perispírito, todavia, foi socorrido pelos médicos divinos.
Ninguém conseguia apagar da mente de Solange a violência sofrida.

- E ainda vão mandá-la de volta a tão sangrento casal? perguntei ao meu colega.
- Não. Solange sofreu muito e agora entrará em uma outra família.
Será adoptada no plano espiritual.

- Quê? Explique para mim, não estou compreendendo.
- Mas é fácil compreender:
há muito esta criança espera a boa vontade dos pais, e eles sempre relutando em recebê-la.

As voltas dolorosas maltrataram Solange demais.
Será seleccionado um lar, mesmo sem que ela tenha qualquer vínculo com o casal escolhido, ou seja, dívidas pretéritas.

Queira Deus ela ame como merecem aqueles que, por bondade, irão abrigá-la.
O casal em questão não tem filhos e há muito deixou de se preocupar com essa possibilidade;
agora vai receber Solange, uma criança marcada pela ignorância do homem, mas rediviva pela bondade de Deus.

Sabemos que os espíritos, unidos pelos sentimentos, formam no espaço grupos e famílias.
Solange não pertence ao agrupamento espiritual da família que irá abrigá-la.

Os que seriam seus pais longe se encontram de Deus.
Sabe que Solange foi mãe do homem que hoje pagou para matá-la?

Veja o que faz a matéria, entorpece os sentimentos, e se o homem não se espiritualizar, cada vez mais se distanciara de Deus.

- O que pode acontecer aos pais que a renegaram?
- Não sabemos. Mas um dia chorarão de remorsos.

Outro caso lamentável foi o de Fernando.
Da cintura para baixo possuía a forma de um bebé e da cintura para cima o formato de um homem.
Seu olhar cintilava de ódio.

O médico lhe perguntou:
- Você é o Fernando? ele assentiu, com leve movimento de cabeça.
- Deseja conversar hoje?
- Não, nada quero, somente morrer de vez.

- Sabe que isso é impossível.
E depois, o plano de Deus espera por você.
Terá de voltar à terra e prosseguir viagem.
- Vocês são loucos e sanguinários.
Vejam o meu estado!

Obedecendo à Espiritualidade Maior, frequentei todos os cursos para o mergulho em novo corpo e hoje, o que restou de mim?
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 12, 2011 10:42 pm

Uma deformação odiosa, pela rejeição de alguém que prometeu acolher-me em seu ventre.
Tudo mentira! Nada quero, não acredito em mais nada.
O mundo é feito de ódio.

- Fernando, por favor, vamos buscar sua antiga forma, ela está na sua mente, vamos correr para os braços de Jesus e verá que é capaz de fazê-lo.

Nada pode tolher seus movimentos, eles lhe pertencem, portanto, a saúde está em você, busque-a agora, queira-a, meu irmão!

Fernando gritava:
não posso, não vê que tenho um aleijão?
Sou homem e bebé.

Não, você não é um bebé.
Você é que insiste em recordar tão triste facto.
Esqueça-o, irmão querido, e busque em sua alma a forma verdadeira do seu corpo de homem.
Agora vamos imaginar cada órgão seu e verá surgir o verdadeiro Fernando.

- Não posso, eles me matam!
A mesa... os aparelhos... as seringas... a dor, a dor, a dor queima, queima, queima!...
Não, não me mate, mãe!
Nada lhe fiz de mal, peço-lhe somente: deixe-me nascer!

- Fernando, o seu corpo, o seu corpo, Fernando!
Molde-o novamente!
Molde-o novamente como você era antes!

- Não posso!
O líquido me queima, estou sendo assassinado friamente!
O que fiz para vocês, assassinos?

Reduzem-me a feto e, agora, covardemente, abusam da minha pequenez e me matam!
Por favor, deixe-me nascer, não os perturbarei jamais.
Abandonem-me depois para que outros me criem, mas não me matem, covardes.

Eu não tenho armas para me defender.
Um dia terão de pagar por isso e o meu ódio será eterno.
Como posso chamá-la de mãe, quando assassina um filho inocente e indefeso?

Nem o animal pratica tão cruel assassinato.
Bandidos, bandidos cruéis!

Dizendo isto, desmaiou.
- Luiz Sérgio, todos os dias tentamos trazer Fernando de novo à realidade, mas ele não esquece o aborto covarde que sofreu.

Fernando foi retirado dali, mas os seus gritos ainda ressoam em meu espírito:
"como vocês são cruéis, eu não posso me defender, sou tão pequeno!...
Vejam, o que lhes posso fazer de mal?
Apenas deixem-me nascer, não me matem, covardes."
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 12, 2011 10:42 pm

- Meu Deus, que desespero!
- Tem razão, Luiz, esta Colónia é regada pelas lágrimas.

Ao virar-me para ver quem me falava, vi irmã Rosália, a querida irmã das flores, o rouxinol de Deus.
Encostei a cabeça em seu ombro e chorei como uma criança.

Ela me consolou, carinhosamente:
- Querido Sérgio, fique calmo, o trabalho vai exigir-lhe muito equilíbrio, não se esqueça de que, enquanto o homem despreza, a Espiritualidade Maior socorre e ampara.

Todos recebem de Maria e de Jesus as bênçãos da eternidade.

- Irmã, será que o homem nunca se conscientizará de que o seu corpo é frágil e um dia terá de guardá-lo numa vala de terra para que os vermes se alimentem dele?

Será que a mulher não aprende com Maria a amar o seu filho como uma obra das suas entranhas?
Até quando a mulher que aborta vai ser um objecto sem coração?

- Meu filho, não julgue.
Elas são tão infelizes!
O ser que não respeita não é respeitado.

Nada é mais triste que isso.
Os médicos ainda permaneceram ali, mas nós seguimos irmã Rosália até o refeitório, onde outros rejeitados se encontravam.

Irmã Rosália foi cantando:
- Mãe, deixa-me nascer, preciso muito de ti, eu quero descer à terra e crescer.
Deixa-me, mãe, não me mates, não.
Se tu podes viver, por que me matar?
Não me mates, não.

O refeitório estava repleto.
Aquelas crianças deformadas pareciam filhos de uma guerra.

- Porque ainda estão assim?
- Cada um guarda na lembrança o cruel momento do aborto.
E ainda por muito tempo eles irão sofrer o trauma dolorido da maldade humana.

Luiz Sérgio, hoje, no mundo inteiro, o aborto é praticado.
São milhões de almas que voltam para o plano espiritual em estado desesperador.
Fala-se muito em direitos humanos, mas ninguém levanta a voz para defender a vida de um feto.

Eles são ainda tratados, por alguns homens, como uma bola sem vida, desconhecendo que no zigoto já existe vida.

Enquanto na Terra existir uma clínica de aborto, nela existirão lágrimas e desespero.

O homem que defender esse covarde crime sentirá o ranger dos dentes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 12, 2011 10:42 pm

Ninguém, nenhum ser encarnado possui o corpo físico imortal, e queira Deus não estejam ao lado do túmulo os espinhos plantados pelo seu coração repleto de egoísmo, no dia em que depositar esse corpo na sepultura.

Ninguém tem o direito de infringir as leis da Natureza e nesta Colónia defrontamos com milhares de espíritos que não puderam reencarnar, porque a ganância de alguns profissionais e o egoísmo de algumas mulheres não o permitiram.

Fitando aqueles espíritos, agradecemos a Deus pelo Seu amor e perdão.

Prometemos a Ele lutar pelo direito da vida, pelo direito da mulher com Deus e orar por todos os que, fria e covardemente, assassinam seus próprios filhos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 12, 2011 10:43 pm

Capítulo III - MARINA CONSTRÓI O SEU UMBRAL

Os rejeitados olhavam para irmã Rosália com muito amor, pois eram tratados com carinho e respeito.

Terminada a refeição, ela e mais duas irmãs saíram para o jardim, onde inúmeras brincadeiras levavam aqueles espíritos a esquecer, por breves momentos, o ódio de algumas pessoas por eles.

Aproximei-me de Aquiles, um garoto com aparência de oito anos, olhar tristonho, mas muito bonito.

- Gosta de brincar de pique-esconde?
- Sim, gosto muito, mas gosto mais é de ouvir histórias da tia Rosália.
Quer ouvir uma que julgo seja da minha própria vida?
- É mesmo? E você pode contar-me?

Sorriu, iniciando a narração:
- Vivia um casal de meia-idade em um palacete muito belo na capital paulista.
Eles não tiveram filhos, mas apegaram-se à filha da empregada, que cresceu cercada de todo conforto e amor.

O casal adorava Marina e ela, já moça, "aproveitava a vida".
Preocupados, davam-lhe muitos conselhos que, geralmente, não eram obedecidos.

Pouco parava em casa.
Era modelo fotográfico, com o passar dos meses, tomou-se famosa, escolhida como capa de quase todas as revistas brasileiras.

Um dia Marina foi levada, através do sono, até o Departamento da Reencarnação, pois relutava em aceitar um espírito muito devedor que precisava reencarnar.

Implorou, chegou até a chorar, justificando que não podia ter filhos.
O Departamento concedeu-lhe um prazo, salientando que por nada retardaria mais a volta do irmão à carne.

Marina prometeu que, tão logo estivesse em condições de ser mãe, tudo faria para conceber o filho.
Foi mostrado que esse filho era um irmão do passado que ela, Marina, lesara, tanto na herança quanto no carinho.

Ela precisava receber o irmão, para que o planeamento espiritual fosse cumprido.
Marina sentia pavor de engravidar.

Os filhos, no seu entender, só serviam para atrapalhar e ela não tinha tempo, o sucesso era a sua meta.

Os pais adoptivos a adoravam e almejavam um neto.
O tempo foi passando.
Sua mãe verdadeira desencarnou, deixando Marina só com os velhos pais adoptivos.

Seguiram-se viagens e compromissos.
Um dia, a "sineta do amor"ressoou no Departamento da Reencarnação e Marina se viu grávida.

Horror, desespero, lágrimas.
Os pais prometeram ajudá-la; ficariam com a criança.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 12, 2011 10:43 pm

Mas, e o seu corpo escultural?
O que seria dela, gorda e preocupada com um filho?
Se a vaidade gritava "mata", o coração de mulher dizia baixinho "eu preciso ter um filho".

- Aquela tarde de setembro - continuou Aquiles – encontrou Marina sentada na sala de espera, aguardando o momento de se livrar do feto.

Já o sentia crescendo no seu ventre de mulher.
Não queria pensar, nem havia contado sobre a gravidez para o homem com o qual vivia um louco e atormentado amor.

Celso lhe cobrava uma dedicação absoluta, morria de ciúmes dela, era apaixonadíssimo e desejava casar-se o mais depressa possível.

Se ele tomasse ciência da gravidez, obrigá-la-ia a ter o filho.
Marina meditava.
Enquanto se encontrava pensativa, os socorristas daquela clínica abortiva tudo faziam para que ela desistisse do crime.

Os seus pensamentos estavam embaralhados.
De repente, surgia uma criança linda, pedindo-lhe: "deixe-me viver! Não me mate!"

Mas, se os socorristas lhe chamavam pelo coração, outros espíritos lhe aguçavam a vaidade.
Era a luta entre o bem e o mal.

Na hora em que Marina deu entrada na sala médica, o olhar dos socorristas foi de desespero.

Mais um crime seria ali praticado, num matadouro de homens.
O médico, Roberto, usando dos mais sofisticados métodos, em alguns minutos destruiu o trabalho de anos da espiritualidade.

No momento da sucção, Marina sentiu seu coração doer.
Era o filho que se desligava do seu corpo.

Olhou os pedaços de carne atirados no lixo e pensou:
"ainda bem que não tem vida".

Ela, porém, não assistiu, do lado espiritual, a uma equipe médica entrar em acção e tentar, desesperadamente, impedir que o feto sofresse demais.

Contudo, mesmo recebendo boa assistência do departamento encarnatório, o espírito não conseguia livrar-se da dor da rejeição e se contraiu de tal maneira, que o seu perispírito sofreu uma sobrecarga energética e continuou criança.

Uns conseguem crescer aqui na Colónia, outros se vêem ora criança, ora adulto.
Não é raro voltarem totalmente alucinados pela forma violenta do aborto.
Esses são confiados a excelentes psicanalistas ou psiquiatras, tal o trauma que sofrem.

Marina jogou o corpo do filho numa lata de lixo, corpo este que ela, com seu parceiro, compuseram num acto de amor.

Marina deixou, naquela clínica, um pedaço do seu corpo e levou consigo um débito enorme.

O grupo de socorristas sentia-se desolado;
por mais que prestasse auxílio à criança, ela, bastante perturbada, retorcia-se nos braços dos enfermeiros e gritava sem parar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 12, 2011 10:43 pm

- Quando Marina chegou à sua casa, foi repousar;
sentia-se vazia e triste.

Algo acontecera com ela. Mas isso durou pouco tempo, pois estava novamente aproveitando a vida.

Os pais adoptivos viveram pouco mais, vindo a falecer.
Ela ficou milionária, e aí, viajando muito, largou o homem que dizia amar, iniciando outro romance, agora com um político.

Pobre Marina, outra vez chamada ao compromisso, aceitou sem vacilar;
era fácil livrar-se de uma gravidez, porquanto existem clínicas com excelente aparelhagem, completo tratamento e ela bem as conhecia.

Volta o Departamento trazendo a mesma criança, só que agora, se ela nascesse, iria dar um pouco mais de trabalho.

O perispírito havia sofrido com o último aborto e o espírito ainda estava perturbado.
Quando Marina soube da gravidez, nem se preocupou.

Marcou uma hora e lá, mais uma vez, extraiu o feto, não sabendo ela que nesse segundo aborto o filho designado para ela sofreu ainda mais.

Foi dramático.
Não só ele sofreu, como também Marina, porque perdeu muito sangue, sentindo-se muito mal.

Mas, outra vez olhou o depósito de lixo e pensou:
"nem estava formado ainda".

Se ela fosse espiritualizada, teria visto a expressão de horror e muitas lágrimas naqueles pequenos olhos.
Marina logo estava recuperada e voltou a aproveitar a vida.
Os parceiros eram trocados conforme o momento vivido.

Agora se dizia apaixonada por um jovem, cerca de cinco anos mais novo, que sonhava ser pai.
Marina não engravidava.
Passou por vários tratamentos, até que um dia anunciou ao homem amado a gravidez.

Quanta felicidade!
A espera não foi fácil, sofreu, mas com um repouso absoluto até o parto, a criança nasceu.
Só que ao sofrer tanta violência, aquele espírito voltou à terra com algumas deficiências.

Marina não se conformava, e os amigos diziam:
"coitada!", não sabendo que foi Marina a culpada daquelas lesões no filho.

O marido queria um filho perfeito;
ao sabê-lo deficiente, não o aceitou e Marina se viu sozinha.

Revoltada, criava o filho, ou melhor, sustentava-o materialmente, pois era criado por Elza, uma velha babá.

Ela continuava na mesma rotina e nunca mais foi mãe.
Às vezes olhava o filho doente e uma lágrima molhava o seu rosto.
Remorso? Não sei.
Acho mesmo que de revolta.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 12, 2011 10:44 pm

A rica, cobiçada e linda mulher tinha um filho doente.
Era demais para ela.
Nunca Marina perdoou a Deus, a injustiça de Deus, como ela sempre dizia.

- E o garoto, o que foi feito dele? perguntei a Aquiles.
- Para felicidade de Marina, desencarnou com doze anos.

Teve uma parada cardíaca.
Os remédios que tomava eram tão fortes que o coração não aguentou.
Mas quando isso aconteceu, o menino já tinha estudado e aprendido muito no corpo físico.

- Para que hospital ele foi quando desencarnou?
- Veio para cá.
Não se esqueça de que é um rejeitado.

- E Marina? O que foi feito dela?
- Desencarnou. Um dos seus amores, com imenso ciúme, lhe tirou a oportunidade de pagar os seus débitos na carne.

Hoje sofre nos umbrais, grita por clemência, mas ninguém pode aproximar-se dela.
Plantou a dor e está colhendo o desespero.

- E porque você não vai até lá buscá-la?
- Simplesmente porque até ontem eu era um doente.
Somente hoje, depois de muito tratamento, vejo-me quase refeito da violência terráquea.

Vou pedir permissão para ajudar minha mãe e queira Deus ela agora me aceite - falou, com os olhos rasos de lágrimas.

Não só ele chorava, eu chorava muito mais e pensei:
"como é triste desejar aproveitar a vida, esquecendo-se de respeitar as outras vidas!"

Que Deus perdoe aqueles que matam os sonhos alheios.
Abri as Escrituras: Sabedoria, Capítulo VII, versículos 1 a 6: Salomão era apenas um homem.

Também eu sou um homem mortal, igual a todos, filho do primeiro que a terra modelou, feito de carne, no seio de uma mãe, onde, por dez meses (lunares), no sangue me solidifiquei, de viril semente e do prazer, companheiro do sono.

Ao nascer, também eu respirei o ar comum.
E, ao cair na terra que a todos recebe igualmente, estreei minha voz chorando, igual a todos.

Criaram-me com mimo, entre cueiros.
Nenhum rei começou de outra maneira.
Idêntica é a entrada de todos na vida, e a saída.

# Para melhor compreensão desta passagem, consultar o livro Lírios Colhidos, 12° volume da Série Luiz Sérgio, Capítulo IV - Gravidez.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 12, 2011 10:44 pm

Capítulo IV - YURA - SEQUELAS DA INSENSATEZ

A medida que me inteirava das histórias daqueles espíritos, mais me comovia.

Como pode o homem ignorar o mundo espiritual, se aqui e ali um adoece, outro desencarna?

Mesmo assim, a Humanidade está cada vez mais materialista e é esse materialismo que hoje faz aumentarem as clínicas do aborto.

Muitos fingem ignorá-las, mas elas funcionam e até em lugares respeitados pela sociedade.
Aqui, na Colónia dos Rejeitados, estamos vivendo ao lado das vítimas da liberdade sexual.

Na nossa frente, os rejeitados, os filhos assassinados por mulheres que não aprenderam a respeitar a si mesmas.

A enfermeira Loreta, indicando uma garota de dois anos, Yura, que cantava junto à irmã Rosália, disse-me:
- Veja, Sérgio, aquela menina:
no momento do desencarne, ou melhor, na hora do aborto, plasmou esse corpo de uma criança de dois anos e aqui se encontra há quatro anos.

Por mais que receba tratamento, teima em não crescer e encarnar de novo.
Vamos até lá, quero que a conheça.

Ao nos aproximarmos, ela buscou o colo da irmã Rosália, encolhendo-se toda, trémula de medo e choramingando, assustada.

- Não fique assim, querida, o titio já vai embora, disse-lhe eu.
Alisei seu cabelo e me retirei.

Loreta me acompanhou, pedindo desculpas.
- Sabe, Sérgio, vou-lhe contar a vida e a luta de Yura para nascer.
Dizem que é da sua última encarnação o nome que hoje usa.

Foi mulher lindíssima quando viveu no plano físico.
Desencarnou, mas precisou retornar ao seio da sua antiga família.

Aí, iniciou-se a sua tortura.
Após longo aprendizado, chegou o momento da volta à carne e com apenas dois meses de vida uterina recebeu violenta carga negativa de repulsa e ódio.

Por mais que implorasse que a deixassem viver, sentiu a violência do homem encarnado, infligindo-lhe um dos mais cruéis métodos abortivos:
aquele no qual sentiu sobre a sua frágil pele a queimação.

Desesperada, viu-se tragada por uma água fervente e, para não sofrer demais, plasmou em sua mente que era uma linda menina de dois anos de idade.

O corpo foi jogado fora, mas sua alma foi amparada pela mão sublime de Maria de Nazaré.
Outras tentativas reencarnatórias se fizeram e o mesmo facto ocorreu.

Abrigada por espíritos abnegados, Yura reluta em voltar à carne e até hoje não se reequilibrou.

- Meu Deus, julgava eu que a droga fosse a pior coisa do mundo, a assassina cruel dos sonhos e da dignidade humana, mas diante de tantas clínicas abortivas, cheguei à conclusão de que o aborto, diante da droga, é um mal assustador.

Ninguém pode imaginar quantos fetos são assassinados diariamente por profissionais inescrupulosos, vidas interrompidas por pessoas gananciosas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 12, 2011 10:44 pm

Assim como Yura, vários e vários espíritos estão sendo arrancados do útero materno com selvajaria e nada se diz, nada se faz;
quando se faz é para pedir a liberação desse acto covarde em nossa Pátria.

O aborto não só interfere no plano divino como também faz muito mal à mulher e muitas delas já bem cedo sofrem as suas consequências.

Hoje estamos vendo até adolescentes praticando esse ato tão cruel e desumano: o aborto.

- Você tem razão, Luiz Sérgio, a mulher que interrompe covardemente uma gravidez um dia sofrerá não só com os remorsos, como também por ter violentado o próprio corpo.

Sem deixar de fitar Yura, agradeci a Deus por todas as grandes almas que cooperam com o seu próximo.
Orei também por todos aqueles que egoisticamente só pensam em si mesmos.

Encontrava-me cansado.
Fui saindo, contando os meus passos.

Meu coração chorava baixinho em imaginar o compromisso de um aborteiro, o seu desespero ao transpor a porta da espiritualidade, quando o dinheiro ganho facilmente não lhe servirá para nada e a consciência culpada pelo remorso será um fardo pesado de carregar.

Querendo fugir dali, passei por Hápila sem vê-lo.
Era demais para mim conviver na espiritualidade com as consequências daqueles erros humanos.

Os aborteiros não podem aquilatar quantos pais, mães, filhos e parentes queridos desencarnados foram por eles impedidos de renascer, atrapalhando assim todo o trabalho do Departamento da Reencarnação.

- Luiz Sérgio!... - chamou-me Hápila.
- Sim, irmão. O que deseja?
- Apenas convidá-lo a descermos, hoje vamos integrar, a equipe das encarnações difíceis.
- Difíceis, amigo?

- Sim, dos prováveis rejeitados, pois comumente o abortado é um espírito muito ligado à mãe ou ao pai que hoje o despreza.

O grupo nos espera no anfiteatro oito;
dirijo-me para lá, se o irmão desejar ficar aqui, lá o esperaremos.

Olhei o meu novo companheiro, analisando-o:
alto, porte atlético e muito educado.

Sorri-lhe, agradecido, mas ainda fiquei na pracinha algum tempo, onde as flores me sorriam, encorajando-me a prosseguir na minha luta evolutiva junto a todos os que sofrem.

Quando cheguei, a turma orava para iniciar o trabalho na crosta da Terra.
Acomodei-me no final do anfiteatro e me senti aliviado com as preces ali proferidas, como se uma nova energia me banhasse o corpo e o espírito.

O ambiente era de uma paz tão grande, que pensei: "isto é um pedaço do Céu".

Muitos oravam sentidas preces, cada qual mais bela que a outra, levando-nos às lágrimas.

Era o departamento reencarnatório que pedia a todas as mães encarnadas: "deixe-os viver!"
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 12, 2011 10:45 pm

Capítulo V - NOVA INCURSÃO DE JONAS

Ao sairmos dali, caminhamos até a sala da doutora Ísis.

Ela nos recebeu muito sorridente.
- Luiz Sérgio, já conheceu a Colónia?
- Só alguns departamentos, que me deixaram bastante triste.

O encarnado nem imagina, ao praticar o aborto, o mal que está fazendo, destruindo o trabalho de tantas pessoas em apenas alguns momentos.

E o pior:
o aborto não só maltrata o feto, como leva o seu espírito a um terrível desequilíbrio.

- Hoje, Luiz Sérgio, pratica-se o aborto com uma facilidade enorme;
mesmo no Brasil, onde é considerado crime, até em hospitais ele é praticado sem piedade.

Alguns ginecologistas dizem que a paciente vai fazer uma cauterização e realizam o aborto.

- Verdade, irmã?
- Luiz Sérgio, no Brasil são bem corriqueiros estes factos.

- Irmã, porque matam tanto?
- Porque acham que os filhos dão trabalho e muitas mulheres não possuem amor suficiente para a renúncia que a maternidade exige.

Trabalhando junto às crianças encarnadas, constato o desleixo em que muitas são criadas.
Inúmeras pessoas julgam desnecessários certos cuidados com o bebé e este, muito frágil, logo sofre as consequências da falta de higiene.

- Mas já ouvi dizer que o excesso de cuidados é prejudicial a uma criança.
- O exagero, sim, mas uma criança necessita de ambiente limpo, roupas confortáveis e mãe amorosa.

Os sacrifícios despendidos nos primeiros meses serão compensados pela saúde futura do bebé.
O leite materno ainda é o melhor alimento e feliz da mãe que tudo faz para amamentar seu filho.

Não sendo isso possível, a alimentação artificial tem de ser feita com todo critério.

Muitas mães, por comodismo, não esterilizam a mamadeira;
enquanto a criança precisar usá-la, deve ser esterilizada.

Gostaria que as mães compreendessem o quanto são benéficos para seu filho certos pequenos cuidados.

- Dizem que é prejudicial muito cuidado com a criança.
Por exemplo, se cair a chupeta ao chão, não procurar lavá-la, porque a criança precisa imunizar-se. É verdade?

- Muitas pessoas, sem conhecimento de higiene, também não lavam o que cai no chão.
A defesa imunológica é adquirida através do fortalecimento da própria criança.

Sujeira não é defesa, ao contrário, é a inimiga número um da criança.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 13, 2011 9:49 pm

Hoje, Sérgio, defrontamo-nos com muitas crianças das classes baixa, média e alta, enfim, de todas as classes, carentes de amor e cuidados, criança que o odor forte a acompanha, por falta de asseio.

A criança que regurgita demais, isto é, vomita muito, deve ser limpa a cada vómito.
A mãe cuidadosa lava o rosto e o pescoço a cada regurgito do seu bebé.

Precisamos cuidar bem de um bebé, do contrário ele carregará pela vida afora doenças causadas pelo desleixo.

Está vendo, Luiz Sérgio, porque muitas mulheres preferem matar do que criar?

Um bebé não dá trabalho quando é tratado com amor, e gostaríamos que todas as mulheres despertassem para a maternidade, tudo fazendo para alimentar a sua criança, tomando suas vidas um cântico de esperança.

- Existe criança que sofre, não é mesmo?
- E como, Luiz Sérgio!
Infelizmente, poucos renunciam em prol de um bebé.

A criança, para muitos casais, é um fardo difícil de carregar.
Feliz do ser que recebe de Deus um espírito para cuidar e consegue cumprir satisfatoriamente sua tarefa.

Os minutos, as horas dedicados a um bebé serão benéficos para o seu equilíbrio.
Os dois primeiros anos de um reencarnante são importantíssimos.

- Irmã, gostaria que a senhora escrevesse um livro.
Já tenho até o título: "Como cuidar do seu bebé".

Ela sorriu, dizendo:
- Vou pensar.
Mas, Luiz Sérgio, deixemos este assunto para mais tarde e vamos juntar-nos ao grupo.

Neste momento está sendo preparada a reencarnação de Jonas.
Será de grande proveito para todos nós.

Segui ao lado da doutora Isis, pediatra tão amada de todos nós, que trabalha não só pelas crianças espirituais, como está sempre ao lado das mães encarnadas ajudando-as a cuidar com dignidade dos seus filhos.

Ao chegarmos ao departamento, já se encontravam lá os doutores Misael, Zeus e Kelly.
Aguardamos a chegada de Amintas, Hápila e Fabiana.

Todos reunidos, o doutor Zeus nos comunicou:
- Vocês acompanharão Jonas até o lar que precisa recebê-lo;
eu e Misael aqui ficaremos torcendo pela vitória de todos, Ísis, a nossa irmã pediatra, junta-se ao grupo por conhecer muito bem esse lado do mundo físico.

Desejamos-lhes muita paz e amor e que Deus guie todos vocês.

Como já conhecia Ísis, procurei ficar ao seu lado.
Hápila logo também tomou-se um grande amigo meu.
Dali, fomos até a casa-lar, onde Jonas morava.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 13, 2011 9:50 pm

Fomos recebidos por Cipriano e Januário.
Jonas demorou a aparecer na sala e quando o fez me pareceu pálido e tristonho.

- Boa-tarde, amigos, sejam bem-vindos à minha casa.

Kelly falou:
- Jonas, hoje à noite precisamos estar junto aos seus futuros pais para acertar a sua volta.
- Doutora Kelly, conhece a minha relutância em retornar ao físico, pois já sofri muito e gostaria de aqui ficar para sempre.

- Bem sabe que é impossível, mas esperamos que agora tudo corra bem.

Endereçou-nos um olhar tão tristonho que eu fiquei morrendo de pena.
Abraçou Cipriano e Januário com um carinho imenso.
E, assim, daquela casa nos retiramos, levando Jonas connosco.

Chegamos ao plano físico.
Chovia muito, na cidade onde paramos, bastante encoberta pelo nevoeiro.

- Parece até o meu coração chorando, não de tristeza, mas de saudade, disse Jonas.

Acerquei-me dele e falei:
- Irmão, eu amo você, conte comigo.
- Obrigado, Luiz Sérgio.
Não se preocupe comigo, sou mesmo muito emotivo e sempre que venho morro de saudade da Colónia.

Logo adentrávamos a casa de Rebeca, um luxuoso apartamento.
Jonas emocionou-se ao vê-la e seus olhos marejaram de lágrimas.
Rebeca foi ao telefone, falou, falou e depois desligou, zangada.

Enquanto estava ali sentada, Kelly colocou Jonas bem perto dela e ele, com um olhar muito triste, a fitava com carinho.

Em seguida deitou no seu colo e ela sentiu algo estranho, pensando:
"não sei por que, só fico achando que engravidei.

Veja se pode!
Fernando anda tão estranho comigo, e depois, quem vai cuidar do bebé quando nascer?
Deixa para lá, nem quero mais pensar".

Jonas lhe acariciou o rosto;
logo após, ela se levantou para esperar Fernando, o namorado.

Mal este chegou, formaram uma briga feia de ciúme e nós nos retiramos, só voltando quando já estavam mais calmos.
Fernando foi para perto dela, mas foi repelido.

Ele franziu a testa e falou:
- Querida, vou-me embora, não estou bem.
- Não, não vai.
Estou louca para ficar com você - disse, mudando o comportamento.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 13, 2011 9:50 pm

E assim Rebeca foi acalmando Fernando.
Nós nos retiramos, respeitando a intimidade do casal.
O apartamento, muito bem decorado, era o lar de Rebeca.

Há muito morava sozinha e naquele momento os encarregados do reencarne esperavam a hora de actuar.
Jonas seria o filho de Fernando e Rebeca, e aguardava o momento.
Passei a notar que Jonas parecia diferente de nós;
agora andava e falava com dificuldade.

Perguntei a Isis:
- Porque Jonas está tão estranho?

- Há um mês ele está em processo de ligação fluídica directa com os pais.
Gradativamente vem ele perdendo os pontos de contacto com o plano espiritual e os seus centros de força mudando de rotação para que seu organismo perispiritual possa ganhar plasticidade, necessária à vida como encarnado.

- E o espírito sofre com esse processo?
- Ao ser escolhido para reencarnar, é necessário despojar-se de certos elementos que foram incorporados ao seu perispírito quando ele desencarnou e foi viver no mundo espiritual.

É uma nova vida que vai iniciar-se e para isso tem de estar preparado.

- Coitado do Jonas, quanto trabalho dá uma volta ao corpo carnal!
Nisso, entraram no apartamento outros irmãos que compreendi pertencerem ao Departamento da Reencarnação.

Um deles, Filogónio, disse a Jonas:
- Sente-se aqui.
Ele nos olhou com o mais tristonho olhar de despedida.

Sentado, Jonas orou e Filogónio, segurando sua cabeça, falou:
- Pense que você vai tomando a forma pré-infantil.

E aquele homem foi diminuindo diante de nós.
Mas o olhar continuava sendo o mesmo: de medo da despedida.
Rodeado de todos os técnicos, recebia deles uma energia azulada.

A forma perispiritual de Jonas foi gradativamente tomando-se pequena.
Aqueles espíritos eram coração e mente;
a força que emitiam dava a Jonas uma nova forma diminuta.

Acerquei-me de Kelly e perguntei num sussurro:
- Nem todas as reencarnações são idênticas, não é mesmo?
- Sim, às vezes o espírito tem o corpo perispiritual reduzido em colónias especiais.

Cada caso é um caso.

Esperei o momento da ligação de Jonas.
E, logo após, isso aconteceu.
Ele foi colocado no ventre perispiritual de Rebeca, que recebeu uma luz radiante do Alto.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 13, 2011 9:50 pm

Como os órgãos femininos são abençoados por Deus!

Naquele momento, capacitados médicos espirituais colocaram um ser com o seu corpo reduzido para que esse mesmo ser, junto com a valiosa máquina física da mulher, pouco a pouco fosse confeccionando uma outra veste, que permitiria ao espírito de Jonas viver no plano físico.

O organismo maternal é que fornecia o alimento para o novo corpo de Jonas.
Aquele corpo reduzido, mínimo mesmo, também actuaria, ajudado pelo organismo materno, para confeccionar o seu futuro corpo carnal.

Rebeca carregava agora no seu ventre um espírito que precisava do corpo materno para ressurgir revestido de um corpo de carne.

O organismo feminino foi criado para procriar.
Nele são encontrados os elementos necessários ao retomo da vida espiritual para a vida física.

A mulher, como já disse em outro livro, é considerada uma incubadora divina e deve ser respeitada por todos os que defendem a Natureza.

Sem a mulher-mãe o mundo estaria no fim.
Isis segurou-me o ombro e dali saímos.

- E Rebeca, como vai receber Jonas? indaguei.
- Esperamos que ela se conscientize da sua tarefa de mãe.

Os outros também saíram em busca de um local para descansar.
Logo estávamos em um Centro Espírita, sendo recebidos por Laerte, que nos alojou.

Eu não conseguia esquecer-me de Jonas nem de Rebeca.

Será que Fernando iria aceitar o filho?
Assim fiquei muitas horas pensando, até levantar-me e buscar no Evangelho a luz para o meu espírito.

Abri na Epístola aos Hebreus, Cap. XIII, v. 18: Orai por nós.

Estamos persuadidos de que temos a consciência em paz, pois estamos decididos a proceder condignamente em todas as coisas.
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