LUZ ESPÍRITA
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CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 30, 2020 7:54 pm

CONSCIÊNCIA
Irene Pacheco Machado

Pelo Espírito Luiz Sérgio

A Doutrina Espírita é a raiz e nós só nos tornaremos árvores dermos bons frutos.
PEDRO VINÍCIUS 9.10.86

PREFÁCIO
Quando acolhemos um livro espírita, sentimos imediatamente aquela afinidade com o autor.
Passou-se comigo o mesmo.
Conheço o trabalho de nosso Luiz Sérgio, quando de suas primeiras crónicas, publicadas no suplemento azul do Jornal dos desportos, nas edições de domingo.
Foi instantânea a afinidade naquele ano de 1974.
De lá para cá outras afinidades ocorreram, sobretudo quando tomei conhecimento do livro "O Mundo que Encontrei", presenteado por querido irmão, na ocasião da passagem para o Oriente Eterno do nosso querido filho Bruno, em 1980.
Desde aquela época uma produção exuberante de livros do nosso amigo Luiz Sérgio, através dos médiuns Alayde, Lúcia e Irene, têm nos mostrado a Espiritualidade Maior através de uma óptica corajosa e objectiva.
O presente livro é mais uma grande oportunidade concedida a todos nós de, conscientemente, enfrentarmos um problema de característica biopsicosocial de grande importância para o mundo actual, notadamente quando a imprensa mundial enfatiza com maiores números de artigos o aumento do consumo de variadas drogas e suas nefastas consequências.
O momento é mais que auspicioso, e o despertar de consciências é uma das tarefas a que tem se dedicado a Espiritualidade.
E este livro de Luiz Sérgio apresenta esta primeira tomada de consciência num sentido bem amplo, desprovido de uma linguagem piegas, sem ferir ortodoxias.
O enfoque farmacológico dos capítulos iniciais é claro e actualizado, evidenciando, obviamente, a seriedade da obra proposta.
O desenrolar dos capítulos que se seguem mostram-nos de maneira lúcida o que se passa realmente em "nossa sociedade".
O objectivo colimado do livro é um só:
despertar nossas consciências para enfrentar o problema das drogas, corajosamente.
Alerta os leitores para a unidade da família e a importância da presença do Cristo no lar.
Enfim, somente a leitura desprovida de argueiros nos conduzirá a entender a criteriosa abordagem do tema desenvolvido por Luiz Sérgio, sobre problema de tal magnitude.
Creio, será mais um caminho esclarecedor, na tentativa de se evitar que as drogas se tornem brevemente endémicas em nossa sociedade.

Brasília, 30 de outubro de 1986.
CARLOS EDUARDO BENEZATH COUTO
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 30, 2020 7:54 pm

CAPITULO I - DRAMAS ACTUAIS
Carta de Paulo aos Romanos, Capítulo II, versículos 12 a 15:
Todos os que sem Lei pecaram, sem aplicação da Lei perecerão; e quantos pecaram sob o regime da Lei, peia Lei serão julgados.
Porque diante de Deus não são justos os que ouvem a Lei', mas serão tidos por justos os que praticam a Lei.
Os pagãos, que não têm Lei, fazendo naturalmente as coisas que são da Lei, embora não tenham Lei, a si mesmos servem de Lei.
Eles mostram que o objecto da Lei está escrito nos seus corações, dando-lhes testemunho a sua consciência, bem como os seus pensamentos com os quais eles se acusam.
Uma luz negra dava ao ambiente um certo ar de mistério.
As fisionomias das pessoas que ali se encontravam denotavam cansaço, peles amareladas e sem viço, olhares parados, lábios secos, cabelos húmidos de suor, bocas semi-abertas, mãos trémulas.
Os rapazes já deitados estavam sem suas camisas; as jovens, muitas delas bem crianças ainda, em peças sumárias.
Luzes coloridas piscavam, aumentando o embalo da festa.
Os desencarnados, dementados, aspiravam as emanações daqueles corpos doentes e intoxicados.
O álcool misturado à droga tornava-os trapos humanos.
No plano espiritual iniciamos o nosso auxílio.
Espíritos desvairados disputavam, aos tapas, o contacto com os dependentes.
Em cada um deles podíamos ver grudados cerca de seis espíritos desencarnados; muitos receberam os primeiros socorros, mesmo relutando, sendo isolados por uma protecção vibratória e, por mercê do Pai, foram adormecidos.
Se a luz no plano físico era negra, no espiritual mesclava-se de vermelho.
Estupefacto, pareceu-me ver apenas formas ovóides retorcendo-se e, principalmente, procurando colar-se ao cérebro e ao baço dos dependentes.
Todos nós prestávamos auxílio, quando Enoque e Karina se retiraram.
Desejei segui-los, mas como não fora chamado, ali permaneci com os demais, porém por pouco tempo, pois o nosso amigo Enoque voltou à sala, convocando primeiro os médicos Carlos, Isaac, Benigno e depois todos nós.
Seguimo-lo ao quarto de casal, onde fomos encontrar uma* jovem que, aos gritos, tentava desenvencilhar-se dos companheiros, que a continham a custo.
Seus olhos estavam vidrados, punhos cerrados, fisionomia desvairada.
Carlos, Benigno e Isaac aplicavam passes equilibrantes, procurando diminuir, através do magnetismo, a carga tóxica do seu organismo.
Os três tentavam desintegrar o veneno que lhe corria por todo o sistema circulatório.
Benigno socorria a parte ginecológica, Isaac a cardíaca, e Carlos, a neurológica.
Benigno aplicou, no ventre da irmã* um aparelho minúsculo, que me pareceu uma bomba de oxigénio.
Observando mais atentamente, constatei uma outra vida em perigo: a de um feto que se debatia naquele jovem ventre materno.
Os três médicos trabalhavam com afinco mas, no plano físico, o desespero dos seus amigos em salvá-la estava dificultando todo o tratamento.
Eles sacudiam a moça, puxavam-lhe a língua, aplicavam respiração boca a boca, davam-lhe pancadas com uma violência tamanha, que até fracturaram uma de suas costelas.
Eu, Alice e Sara nos aproximamos dos três jovens, dando-lhes passes, intuindo-os a levarem-na a um hospital.
Eles também precisavam de ajuda médica, pois tinham as veias necrosadas por muitas picadas.
Quase entrei em parafuso.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 30, 2020 7:55 pm

O quadro que presenciei era uma realidade amarga que muitos estão vivendo.
Oramos com fervor; cheguei até a alisar o cabelo de um deles e foi justamente este que propôs levarem a menina até um pronto-socorro.
Os outros responderam:
— Você está louco?
Seremos todos enquadrados.
O outro ponderou:
— Zeca, precisamos tirá-la daqui, não podemos marcar bobeira.
— Também ela tinha que alugar?
Por fim, decidiram levá-la para a rua, só que no meio do caminho jogaram a moça na calçada, por estar incomodando-os e voltaram para a festa.
Sem aqueles três, tínhamos mais condição de prestar ajuda, porquanto o quadro clínico da jovem inspirava cuidados.
Precisávamos urgentemente de auxílio.
E fizemos parar um rapaz que logo a socorreu, levando-a para o hospital — era um estagiário de medicina.
Enoque, que lado a lado com os médicos ministrava passes magnéticos, lavagem perispiritual, renovação dos centros de força, agora me parecia preocupado.
— Camarada, o que o inquieta?
— Luiz, este jovem vai precisar de nós, e muito.
— Mas Enoque, ele prestou uma ajuda valiosa; se essa menina se salvar, ele terá todo o mérito!...
Estávamos nesse diálogo quando percebemos o interrogatório do segurança do hospital.
E por mais que o jovem falasse que voltava de um plantão, a coisa foi ficando preta...
— Mas Enoque, isso não é certo!
Esse moço foi muito útil e agora querem acusá-lo?
— Luiz, a Justiça tem que investigar, o que hoje dificulta qualquer socorro.
Se alguém recolhe um acidentado e este morre a caminho do hospital, o que prestou auxílio facilmente poderá se ver envolvido no inquérito.
Alice foi para o lado do estudante de medicina, acalmando-o, pois este já estava ficando nervoso.
Nós outros nos dirigimos para junto da jovem, que estava recuperando-se do pré-coma.
Benigno, que tratava do feto com enorme desvelo, sorriu e, junto ao seu sorriso, as lágrimas se misturaram.
O colega do plano físico dialogava com outro e dizia:
— Existe milagre, o feto não foi atingido, veja só.
Como pode? Só milagre mesmo.
A jovem está intoxicada por excesso de drogas e a criança respira normalmente!
Pensei que, se em um deles surgisse a vidência, até que seria engraçado constatarem a presença dos modernos aparelhos que circundavam aquele corpo de mulher.
Isaac, Benigno e Carlos ali ficariam até vê-la restabelecida e nós voltaríamos para a festa.
Quando nos preparávamos, Enoque foi até Alice buscá-la, e ela, muito penalizada, perguntou?
— E o estagiário, será envolvido no processo?
— Não se preocupe, a jovem vai se salvar e ela mesma o livrará de qualquer acusação.
— Enoque, e se a jovem morresse?
— Ele, que por bondade socorreu alguém que precisava, iria sofrer com isso.
Irmã, infelizmente o homem teme o homem.
No dia em que se libertar do medo e encontrar a fé, as injustiças serão eliminadas.
Enoque continuou:
— Não se esqueça, Alice, que a justiça existe.
Procure ler a passagem evangélica da Carta aos Romanos, Capítulos II a XII.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 30, 2020 7:55 pm

E, carinhosamente, abraçou-a, juntando-se a nós.
Deixamos aquele grande hospital, retornando à festa.
Do que assistimos, pouco podemos narrar.
Ninguém, em sã consciência, pode imaginar o inferno da droga, tendo na mulher a sua maior vítima.
Ali passamos o resto da noite, prestando ajuda àquela juventude enlouquecida.
No final eles me pareceram cansados, pois muitos dormiam.
Foi quando percebi alguém dançando numa boa, sem dar sinal de que havia passado a noite naquele embalo louco.
Pensei no Carlos ou no Benigno para me explicar cientificamente como pode alguém aguentar tanta droga, e outros bodear.
O Enoque explicou-nos então a tolerância cruzada entre duas drogas:
— Embora a maconha provoque alucinações quando usada em doses elevadas, não tem tolerância cruzada com outros alucinogénios.
Mas não devemos esquecer que a maconha aumenta a quantidade de THC retida nos tecidos, provocando intensificação dos efeitos da droga.
Nem bem terminara de nos orientar, correu para junto de um menino que respirava com dificuldade.
Afrouxou-lhe as roupas e me mandou colocar o dedo na nuca do irmão para fazê-lo vomitar.
O jovem pareceu-me bastante mal; estava em pânico.
Dávamos passes, mas ele se retorcia.
Enoque tudo fazia para ajudá-lo.
Quanto aos encarnados, uns riam e alguns se mostravam indiferentes.
E assim ficamos auxiliando aquele irmão.
Vomitou bastante e melhorou.
Perguntei:
— Ele está bom, Enoque?
— Por hoje sim, mas até quando?
Se a família não o levar a um tratamento, buscando soluções duradouras para o caso, ele logo estará no Vale dos Suicidas.
Geralmente o dependente não abusa só de uma droga, quer experimentar todas.
O dia amanhecia.
Olhei para meus companheiros e me senti feliz:
havíamos chegado à Crosta da Terra levando um pouco da nossa ajuda, tentando despertar consciências para uma realidade amarga de crianças, jovens e velhos, escravos do vício.
Cerramos os olhos e surgiu em nossa mente um pântano limoso, onde mãos desesperadas pedem socorro e, à medida que tentam sair, são tragadas pela força do mal.
Pensei então nos jovens da festa, com olhos avermelhados, lábios secos — os viciados são os mortos, aqueles que dizem viver intensamente, mas que pouco a pouco estão adormecendo a consciência.
Não sabem eles que cada corpo físico é moldado em uma forma chamada perispírito, que vai perdendo a sua forma à medida que a consciência vai ficando adormecida.
Quando abri os olhos, uma chuva fina caía sobre a grande cidade que, indiferente ao drama actual, fingia dormir.
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CAPITULO II - FUGA DA REALIDADE, MORTE DOS SONHOS
Enoque aproximou-se, olhando-me com carinho.
— Cresceste, amigo, sabias?
Apalpei-me, sorrindo.
Claro que sei, são os célebres sete palmos.
Ele riu, indagando:
— Gostaste do trabalho com os suicidas?
— Enoque, venho recebendo muito de Deus, principal mente grandes amigos; em todos os lugares onde fui chamado a colaborar, encontrei companheiros leais.
Karina, que também participava da conversa, falou-me:
‘ Enoque tem razão, você hoje se encontra mais maduro; nada como o sofrimento para nos conscientizar da luta de cada ser.
Permanecemos calados até chegarmos a uma casa espírita onde nos reunimos no jardim todo florido.
Sentamos, iniciamos um bate-papo amigo, que mais interessante se tornou com a chegada dos médicos da equipe.
Enoque, muito bem informado, apresentava o número alarmante de desencarnes ocorridos pelo uso de drogas.
E assim fomos ficando a par de toda uma trama que hoje envolve o mundo.
Foi projectado por Carlos um filme de uma festa de embalo, ou melhor, um festival.
Se observássemos bem cada pessoa ali, veríamos que pouco a pouco estava perdendo a forma humana, tal a dependência.
A sequência fixou um casal bem jovem:
ele, bem experiente, tudo fazia para demonstrar amor àquela garota que em casa era considerada difícil, uma criança problema.
Apesar de aparentarem a mesma idade, o rapaz era uns cinco anos mais velho.
Ela já estava bem familiarizada com a maconha e alguns comprimidos, e ele, muito amigo das picadas.
Naquele dia a moça se encontrava desesperada porque os pais haviam descoberto que ela puxava fumo.
Com a intenção de animá-la, ele a convidou a ir mais além e presenciamos, então, uma jovem de dezasseis anos recebendo do seu namorado a primeira picada.
Antes, porém, a droga foi bem diluída por ser muito cara e considerada, por eles, de real valor.
A veia da menina era muito difícil de ser encontrada e o jovem tentou quatro vezes, aplicando todo o conteúdo de uma seringa suja.
Pensei:
"E agora que a garota desencarna."
la cerrar os olhos para não ver o desfecho, mas recordei-me que víamos um filme, e aí iniciou-se, sob os nossos olhos, a reacção da droga.
A menina sentiu como se de repente tudo houvesse escurecido.
Seu corpo entorpecera, algo diferente transcorria com ela; parecia que, de súbito, tudo desaparecera à sua volta, até o namorado.
A heroína, naquele jovem corpo, transformou-se em sobrecarga aniquilante para todas as células nervosas.
O baço cresceu de tal maneira que julgamos que iria sofrer uma ruptura.
Os médicos, atentos a tudo, observavam.
Confesso que dei graças a Deus quando terminou a projecção.
Ninguém pode imaginar como é deprimente a cena de alguém se picando.
Enoque levantou-se e nós o seguimos até a casa espírita, onde receberíamos os fluidos revitalizantes para tão árdua caminhada.
- Benigno, pode me dar uma explicação?
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 30, 2020 7:55 pm

— Sim, Luiz Sérgio, no que me for possível.
— Aquela garota conseguirá se livrar do vício?
— Dificilmente, só se assim o desejar.
Muitos, ao aplicarem a primeira picada, não conseguem ir além, sentem-se tão mal que desistem; outros iniciam com uma por dia e vão aumentando, até a dose fatal.
— Penso eu que no Brasil a turma é mais da maconha.
— Foi-se o tempo, Luiz!
Hoje a DP está aumentando assustadoramente.
. — Então, a continuar assim, poucos restarão.
— E por que estamos aqui?
Para ajudá-los.
Temos fé de que um dia encontrarão a porta estreita.
— Doidões como andam, eles vão dar é com a cara no cemitério.
Isaac, o outro médico da equipe, conversando com Carlos, dizia:
— Percebeste o globo ocular da irmã na hora da viagem, o porquê do escurecimento da visão?
— Sim, um pequeno bloqueio cerebral.
— Assim eles vão até as overdoses.
Vivem fugindo da realidade, quando já nem sonhar conseguem.
Calado, segui-os e me senti no céu, em uma das saias daquele Centro Espírita, onde espíritos amigos ministravam aulas de amor.
Karina, carinhosamente, tocou-me o braço.
— Querido, a juventude está morrendo e com ela os sonhos.
Alice vinha junto ao Enoque.
Ele estava como sempre, sereno, mas nós, que tão bem o conhecíamos, sabíamos o quanto sofria com o desamor das criaturas, o tóxico e o ódio na sociedade.
Ali nos refugiamos, recebendo de Jesus a claridade do Seu amado Evangelho.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 30, 2020 7:56 pm

CAPITULO III - NÃO PREGAR O MEDO
Muito atento, Enoque ouvia a prelecção do orador encarnado amedrontando o auditório.
Percebemos que o nosso amigo tudo anotava.
Confesso que a palestra nada de novo a mim acrescentava, tornando-se repetitiva também para os frequentadores.
Quando saímos perguntei-lhe:
— Cara, você gostou do orador?
— Sim, muito bom, só que está deixando passar uma grande oportunidade de transmitir amor ao próximo.
As pessoas que procuram uma casa espírita, um templo religioso, muitas vezes estão à procura de esperança, não sendo certo amedrontá-las.
Para muitos explanadores o sofrimento é palavra fácil, tanto que a usam sem medir as consequências.
Esse nosso irmão, por exemplo, só amedrontou.
Umbral e obsessão foram palavras que ele proferiu sem o mínimo de critério.
— Mas, Enoque, o umbral é um fato e a obsessão nem se fala...
— Jesus expulsava os espíritos trevosos, mas procuremos no Evangelho as passagens em que Ele a isso se referiu.
Ele não vivia amedrontando os homens, mandando-os para o inferno.
Depois é que os ditos pregadores, não encontrando em si mesmos força interior, acharam mais fácil pregar o medo, procurando desse modo converter os pecadores.
Jesus, em João, Capítulo VII, versículo 37, chamava:
Se alguém tiver sede, venha a mim e beba, do interior do Cristo que é a fonte de onde emanam os eflúvios do espírito..
Portanto, quem deseja transmitir alguma coisa a alguém, deve estudar o Evangelho; os que acostumados estão a pregar o medo, devem recordar-se do Irmão Maior.
Ele usou pouco as palavras porque o Seu coração abrigou o pecador, protegendo-o.
Sabemos das nossas deficiências, mas também já tivemos oportunidade de ouvir alguém a nos amedrontar com o fogo do inferno, do purgatório.
Então, por que teimamos em cair nos mesmos erros?
— Enoque, confesso que não estou entendendo.
Você é contra se falar em obsessão e umbral?
— Não, meu amigo, mas os pregadores das casas espíritas — friso bem: casas espíritas — devem tentar abrir o coração para aprenderem a usar as palavras, estendendo mais os braços, porque hoje em dia o homem está carente de amor.
A própria sociedade anda amedrontada, uns isolando-se dos outros, muito temerosos de demonstrar amor ao próximo.
Quando procuram uma casa espírita, esta deve abrigá-los, ofertando esperança e fé raciocinada, nada exigindo, deixando-os descobrir a verdade.
E ela é cristalina quando a Casa é dirigida por Jesus.
Benigno, o nosso amigo, perguntou ao Enoque:
— O homem não se acomodaria só recebendo amor?
Falo como médico, irmão, se nós não alertarmos o doente de seu real estado, ele continuará cometendo abusos.
— Benigno, as Casas espíritas devem possuir orientadores.
No momento, estamos tratando de pregadores.
Ouvir um orador, fazendo parte de uma multidão, torna mais difícil a compreensão do assunto, principalmente se estamos alheios a ele, o que se dá muito em casas espíritas.
Um diálogo amigo é uma claridade que nos penetra o espírito, principalmente se este se encontra na escuridão.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 30, 2020 7:56 pm

— Obrigado, Enoque, sempre achei que a Doutrina Espírita tem muito mais a oferecer, e hoje dou graças a Deus por ter um dia encontrado uma florinha em meu caminho.
— E ela sempre nos diz:
Se posso me abrigar nos braços de Jesus, por que procurarei abrigo nos espíritos das trevas?
Para mim o medo e a opressão significam o demónio.
— Você tem razão, Enoque, quem vai até um templo ou a um hospital está à procura de remédio, e existe remédio mais sublime do que o amor?
Enoque ainda nos falou desta passagem do Evangelho de João, Capítulo VIII, versículos 48 a 50, quando Jesus foi acusado de estar obsediado:
Respondeu-lhes Jesus:
Eu não estou possesso de um demónio, mas honro o meu Pai.
Vós, porém, me ultrajais!
Não busco a minha glória.
Há quem a busque e Ele fará justiça.
Contemplando o nosso amigo, o jovem Enoque, confesso que me senti feliz por estar aqui segurando a sua mão amiga, trazendo para vocês, meus irmãos, um pouco do muito que venho recebendo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 30, 2020 7:56 pm

CAPÍTULO IV - A MACONHA NA ESCALA DOS VÍCIOS
Enoque e Karina ainda ficaram, enquanto eu e os outros nos retiramos.
Notei que Isaac, o jovem médico que ora trabalha connosco, encontrava-se pensativo.
Aproximei-me.
— Algo errado, camarada?
— Luiz, ao ouvir o Enoque, preocupei-me bastante com minha família; meu pai vive ministrando cursos religiosos e eu, quando ainda no corpo físico já não os aprovava.
Lá em casa tudo era pecado, as minhas irmãs não podiam se maquilhar ou ter um pouco de vaidade e sofriam uma opressão violenta.
Por ficar mais tempo na faculdade, de mim cobravam menos.
Nem podes imaginar o que é uma família fanática!
— Imagino, irmão.
Não deve ser fácil.
E o pior é quando a gente descobre que quem deseja a nossa pureza muito longe se encontra dela.
Isaac sorriu, dizendo-me:
— Tens razão e é justamente essa a causa de muitos desajustes familiares:
pais pregando uma moral que longe estão de possuir.
Aí os filhos começam a mentir, ganhando a rua porque em casa não podem ter a mesma liberdade dos pais.
Então vêm os abusos.
— Isaac, criar um filho não deve ser fácil, não acha?
— Devemos recordar que todos os pais já foram filhos, pena é que muitos disso esqueceram ou não querem lembrar.
Carlos, agora participando da nossa conversa, disse:
— Lá em casa, o que levou Carla a drogar-se foi o excesso de mimos.
Meus pais a julgavam a mais bonita, a que melhor se vestia, a mais inteligente, e assim Carla foi desejando mais, muito mais.
Quando a família percebeu já era uma dependente.
O mal de certos pais é julgar que as pessoas de suas relações são inofensivas, principalmente se da mesma posição social.
— Como está ela, Carlos?
— Muito bem.
Agora já se convenceu de que a vida só tem valor se Jesus nos proteger e n'Ele tenta hoje se amparar.
— Não acha que ela deveria fazer parte de algum grupo de trabalho?
— Luiz, Carla tão cedo não se libertará das toxinas, pois comprometeu, e muito, o seu perispírito com o tóxico.
Para adquiri-lo, ela servia de avião.
Bonita e inteligente, ela se tornou presa muito útil para os traficantes.
Acredito que terá de voltarem um corpo físico deficiente para reencontrar tudo o que deixou inacabado, ou seja, tarefas, e muitas, necessárias ao seu espírito carente.
— Você sempre a vê, Carlos?
— Não fico sem visitá-la e quando a encontro ela sempre recomenda para eu tomar cuidado, porque conhece bem esse mundo escuro e asfixiante.
Alice a tudo escutava, bem atenta, assim como a dócil Sara.
Aí não resisti: abracei-as com respeito e carinho, dizendo:
— Eu amo vocês!
Uma e outra sorriram:
— Interessante, nós também!
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 30, 2020 7:56 pm

Nisso, Carlos entrou na conversa:
— E você. Benigno, que há pouco terminou um curso sobre droga, o que tem para nos contar?
O discreto amigo demorou a responder e ao fazê-lo era como se estivesse soltando a voz com dificuldade.
— Para me juntar a vocês, o Enoque achou prudente que eu ficasse a par de todas as reacções das diferentes drogas.
Assombrei-me ao constatar que a maconha é tão nociva ao organismo humano quanto qualquer outra considerada como da pesada.
Quando ainda médico encarnado, muitas controvérsias ouvi sobre a maconha, que para mim hoje, de onde me encontro, já não existem mais.
Ela, a cannabis sativa, se exposta ao calor por bastante tempo, produz uma resina rica em THC e os seus efeitos dependem da dose de THC introduzida no organismo.
Há pessoas que sentem o barato mesmo quando o teor de THC na maconha que fumam é mais baixo do que o mínimo necessário para provocar alterações psicofisiológicas:
são os efeitos da auto-sugestão.
— Mas vivem a dizer que ela não faz mal ao organismo... — comentei.
— Acompanhei um jovem puxando fumo Manga Rosa; o THC passou ao sangue, que distribuiu a substância por todo o organismo.
Fazendo um exame no garoto, encontramos o THC nos pulmões, rins, baço, fígado e até no cérebro.
Como não faz mal?
Isso só pode ser coisa de traficante ou viciado, já disse alguém que conheço.
— Benigno, espalham que hoje maconha nem é mais droga e que só pobre ainda a fuma.
Eles estão em outra.
— Engana-se, Luiz, ela é igual ao cigarro comum para quem ingere caras bebidas: jamais é esquecido pelo viciado.
Legalizar o uso da maconha é sonho de muitos.
Só que ela é o ponto de partida.
Afirmam que ela se tornou careta e saem para outra — a cocaína.
Para nós, a maconha e o lança-perfume são prejudiciais ao espírito; desde que atinja o sistema nervoso, o cérebro e a medula espinhal, estará desequilibrando o corpo físico, e este vai como que borrifando o perispírito, enfraquecendo-o.
Temos aí então um doente, e até quando ele poderá ser útil à sociedade?
— Por falar no lança-perfume, como foi usado no carnaval, hein?!!!
E os coroas, como cheiraram...!
Nessa ocasião, tivemos oportunidade de observar que há muitos coroas precisando de ocupação.
Existe muito dinheiro sobrando ou falta de vergonha na cara.
Quem sabe os dois?
Todos rimos.
Enoque e Karina se aproximaram apressados!
— Vamos sair logo; uma festa está sendo preparada em uma casa e precisamos chegar lá antes que seja tarde.
Enquanto seguíamos, ia pensando comigo mesmo:
"Quantos pais hoje choram com saudade de seus filhos que para cá voltaram, imaginando-os mortos.
Não sabem que Deus, por bondade, afastou-os das vielas tortuosas da vida, onde talvez se comprometessem a cada passo por se encontrarem distantes das coisas do espírito.
Morrer, amigos, é ter a consciência resvalada nas toxinas dos vícios."
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 31, 2020 8:10 pm

CAPITULO V - O DESENCARNE DE SANDRA
Ao nos aproximarmos da casa onde estava se realizando a festa, Enoque convidou-nos à prece e, contritos, pedimos ajuda ao Divino Mestre.
Enquanto aguardávamos, Alice perguntou-me:
— Luiz, você gosta deste trabalho?
— Sim, para mim ele oferece grandes lições.
— Irmão, a sociedade ignora este câncer que se amplia cada vez mais, atingindo-a de maneira tão violenta.
Não compreendo porque isto está acontecendo.
— Nem eu, Alice, mas pelo que tenho aprendido, percebo que o homem, por ser dono da sua vida, nem sempre a colore de tranquilizantes cores.
Benigno acrescentou:
— Luiz Sérgio, também existe o excesso de horas livres.
Quem procura lutar para tornar realidade os seus sonhos não vive à cata de sensações diferentes, pois a própria vida já lhe é bem difícil.
Mente desocupada, mãos atrofiadas.
— O papo está bom, hein, amigos? — era Enoque que chegava bem mais perto de nós.
Ouvimos uma música estridente.
Ao entrarmos, deparamo-nos com casais que se retorciam e me espantei ao verificar que a festa não era só de jovens, vários coroas ali se divertiam.
Sara, com seu pequeno aparelho, ia descobrindo os lugares onde a droga se encontrava guardada.
Notamos que só havia droga da pesada e essa era servida com requinte por seus anfitriões.
Nisso, Isaac prestava ajuda a uma jovem senhora que aspirava coca e começava a sofrer intoxicação exógena, congestão pulmonar, renal e edema cerebral.
Os seus companheiros, completamente fora de si, nem percebiam que a moça se encontrava em perigo.
Karina, Sara, Alice e eu tentávamos afastar as entidades que se divertiam junto aos encarnados e que se satisfaziam com as emanações da droga.
Benigno tentou uma lavagem perispiritual, mas a moça ia, pouco a pouco, apagando.
Nisso, Enoque levou o dono da festa a perceber o estado da moça e este, muito cauteloso, apenas pediu a um dos seus empregados que a levasse para um dos quartos da bela mansão.
Pedi a Enoque para acompanhar os médicos e quando lá chegamos, notamos que uma luz azul banhava o aposento e vários espíritos oravam pelo equilíbrio da moça que, apesar disso, piorava.
E ali, na minha frente, uma equipe de Jesus tentava, com todo empenho, salvar alguém que brincara com a vida.
Os médicos empregavam os mais modernos tratamentos, mas suas energias cada vez mais se exauriam.
Observávamos, estarrecidos, o corpo físico de uma bela mulher se retorcendo em total agonia e a sua alma entrar no mundo espiritual com a consciência adormecida.
O perispírito, ao sofrer o impacto violento da droga se encolheu, ganhando um aspecto diferente da forma humana.
Queria perguntar algo, mas o socorro já estava sendo ministrado e não era possível qualquer interrupção no momento.
Enquanto isso, a festa ia ficando cada vez mais quente.
Retirei-me; a minha presença não era mais necessária.
Sentia-me triste, perguntando a mim mesmo:
"Por que alguém se suicida assim?
Solidão? Desespero?
O que leva alguém a ingerir tanto tóxico:
fraqueza de carácter ou carência?"
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 31, 2020 8:11 pm

Sentei-me no degrau da escada, só dando conta da minha fraqueza ao ver meus amigos tentando, desesperadamente, ajudar os dependentes.
Voltei a juntar-me a eles.
A maioria dos viciados nem sabe como pode aguentar tanto.
E que sempre existe um amigo lhes segurando a mão para que o tombo não seja mais forte.
Enoque havia desaparecido, mas nós, que ali estávamos, notamos que a festa começava a esfriar; eles pareciam cansados e sonolentos.
O dono da casa fora até o quarto e ficara desesperado ao constatar que Sandra havia desencarnado.
Chamou dois grandes amigos e logo pensaram em como dar fim ao corpo.
Com muito cuidado o conseguiram.
— Não será descoberto?
E a família, não ficará atrás dela? — perguntei à Sara.
— Quando os pais estão a par da dependência do filho, vivem sempre esperando o pior e, sendo Sandra uma mulher independente, a família não gostará de se ver envolvida em escândalo.
A festa chegava ao fim, porque quase todos dormiam ou se encontravam incapazes de se erguer.
Olhamos suas fisionomias: olheiras profundas, trapos humanos.
Os empregados iam guardando os copos.
A noite toda ali ficamos tentando ajudar aqueles doentes e quando ganhamos a rua as cenas não nos saíam da mente:
Sandra babando, se retorcendo toda, sozinha, trancada naquele belo e luxuoso quarto...
Enoque me pareceu preocupado e dele me aproximei:
— Cara, que festa, não?
Ele, carinhosamente, tocou-me o ombro.
— Coisa de louco!
E o pior é que ainda não acabou o nosso trabalho de hoje.
— O quê? Vem mais festa?
— Sim, iremos agora à festa dos pobres.
Todos riram, meio sem graça.
Não esperávamos por isso.
E rumamos para um local onde seis garotos, bem jovens, puxavam fumo.
Uns eram ainda novatos no vício, mas se sentiam muito importantes na nova vida.
Os nossos médicos prestavam assistência e, no mesmo instante, através de aparelhos, nos apresentavam a reacção da maconha no organismo humano.
Num dos garotos, a temperatura caiu; ele sentiu tremores, a boca seca, começou a tossir, a garganta irritada.
Notamos que em alguns deles a droga pouca reacção apresentava, mas em outros ela causava rápida intoxicação por THC.
Com passes, orações e cuidados médicos, logo dispersamos os iniciantes da droga, os primários puxadores de fumo.
Ainda procurei olhar um deles, o aspecto era bem triste; cambaleante, não dominava os seus passos.
Era uma criança ainda, procurando uma cadeia, cujo cadeado está em mãos muito perversas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 31, 2020 8:11 pm

CAPÍTULO VI - A PRISÃO DE MARCELO
Enoque nos convidou a acompanharmos um daqueles jovens de catorze anos, e quando este chegou em casa foi directo à geladeira, ingerindo uma boa quantidade de leite.
Nós tentamos ajudar na vibração do ambiente.
Procuramos os pais; já recolhidos em seus aposentos, nem se preocuparam em ver se o filho retomara.
Assim, aguardamos o amanhecer.
Sua família era composta de quatro membros e uma serviçal.
0 pai levantou-se cedo e se preparou para ir trabalhar.
A irmã do garoto denotava cansaço.
Evitaram o diálogo durante o café, pois não se davam.
A jovem, com seus dezassete anos, já bem vividos, prematuramente começara as suas experiências sexuais.
O irmão não a aceitava e agora também ele estava entrando em uma turma perigosa.
A garota, Joana, olhando duro para Marcelo, disse-lhe:
— Cuidado, o xincho é barra.
— Cuida da tua vida, que eu cuido da minha!
— Estou só avisando.
A mãe, que gostava muito de dormir, nunca participava do desjejum da família.
Tentamos orar, mas o ambiente era por demais carregado.
Todos fumavam, até a serviçal.
Quando os jovens saíram, procuramos ajudar a senhora Eunice.
Ela se sentia sozinha, desmotivada, gostando apenas de ficar deitada lendo e fumando.
Ignorava a vida lá fora.
Os filhos, julgava-os óptimas crianças, pois não queria ter com o que se preocupar.
Enoque tentou, através da projecção mental, despertá-la.
Meio sonolenta pensava nos filhos:
"Eu preciso conversar mais com eles.
Ontem quase não vi o Marcelo.
Joana é que me preocupa, é muito namoradeira.
Também, coitadinha, deixe que ela aproveite, eu me casei muito cedo, e hoje vivo só cuidando da casa."
Alice olhou-me como a perguntar:
"Viemos aqui para ouvir lamentos?
Enoque e os outros espíritos, tão ocupados, perdendo tempo aqui?"
Captei os seus pensamentos e meio sem jeito procurei dela me aproximar.
— Sabia que há pouco também pensei a mesma coisa?
O Enoque aplicou passes na irmã e nos convidou a sair. Já na rua, ele falou:
— Fomos àquele lar para presenciar a indiferença dos pais.
Eles não estão procurando viver a realidade do século.
Alheios à vida dos jovens, fingem nada ver ao seu redor.
Eunice, preocupada consigo mesma, ainda não percebeu que Joana já é uma mulher e sem sonhos; vivendo uma vida sexual intensa, explorada pelos namorados, logo sentirá rejeição ao sexo.
Será mais uma mulher doente, porque iniciou tudo errado.
O sexo, chamado livre, representa para Joana um ato muito banal, e a satisfação não alcançada poderá levá-la a frustrações futuras de difícil solução.
O aumento do homossexualismo é decorrente da iniciação errada no sexo, da saturação.
— Isto está acontecendo muito, não é Enoque?
— Sim; presenciamos, nessa casa onde estivemos, um casal lutando para dar aos filhos moradia e educação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 31, 2020 8:11 pm

Os jovens de hoje, entretanto, pedem e precisam de muito mais e o diálogo ainda é o melhor meio de se educar.
Eunice, afundada no seu poço de futilidades, fugia dos problemas dos seus filhos e estes, cada vez mais infelizes se tomavam.
Joana, já portadora de doenças ginecológicas; Marcelo, iniciado na droga, logo estará morto.
— Como poderemos ajudá-los?
— Alice e Luiz Sérgio, por isso estivemos lá, eles entrarão em nossa corrente de vibrações.
Deveriam os psicólogos apresentar trabalhos de orientação às famílias.
Muitos pais, alheios ao movimento social, levam os filhos à dependência da droga.
Se estivessem atentos ao que se passa lá fora, eles mesmos os defenderiam.
Infelizmente muitos só pensam em enriquecer e cada vez mais se distanciam dos filhos.
Um de seus grandes erros é o de julgar os jovens incapazes.
Eles precisam ser respeitados.
A criação reflecte-se muito no carácter.
Os pais precisam dar exemplos nobres.
O conforto da alma é o repouso da consciência; o do corpo, quando em excesso, é a morte desta.
Karina — que havia acompanhado Marcelo — já de volta, mostrou a Enoque um papel.
Este, preocupado, falou:
— Precisamos esta noite ajudá-lo, de outro modo será o fim.
E que aqueles meninos ainda fariam uma roda de cocaína, eles, que nem conheciam ainda a maconha!
Deslocamo-nos para o ponto de encontro da turma.
Marcelo, todo eufórico, já possuía o dinheiro — havia roubado dos pais.
Sara, Alice e Karina oravam baixinho.
Eu não podia acreditar: aquelas crianças já querendo entrar na DP!
Ficou combinado o local do encontro.
Uns seis jovens iriam iniciar-se na coca.
Enoque nos dispersou para um giro pela cidade.
Eu quis chegar até minha casa — saudade, muita saudade...
Depois, ultimamente venho prestando assistência à vovó, já bem cansada da prisão física.
À noite, lá estávamos à espera dos garotos.
Enoque chegou por último, quando eles já preparavam os papelotes.
Nem chegaram a aspirar, foram cercados pelos tiras.
Muitos tentaram esconder a droga, mas o flagrante foi efectuado.
Marcelo chorava, todos desesperados se encontravam.
Enoque foi-se retirando cabisbaixo, seguido por nós.
— Fracassamos, amigo!
Ele sorriu.
— Não, Luiz, não fracassamos.
Muitas vezes o médico tem que amputar um órgão sem anestesia para que o paciente não morra.
Hoje nós tivemos que operar com dor, para que eles comecem a viver de verdade.
Quando chegamos à Delegacia, os jovens, muito assustados, já haviam sido colocados em uma cela, seus pais convocados e o inevitável escândalo.
— Impossível!...
Meu filho não é disso...
Marcelo chorava e eu junto a ele.
O pai, face cansada, olhos lacrimejantes, apenas falou:
— Por que, meu filho?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 31, 2020 8:11 pm

0 que lhe falta?
Eu e sua mãe sacrificamos tudo por você e sua irmã, e você me faz passar por uma vergonha dessa?
Marcelo nada disse, mas Enoque respondeu por ele:
— Nem Deus deseja sacrifícios, imagine os filhos.
Todos nós precisamos ser amados e respeitados; os pais precisam se conscientizar de que, além de tudo, são mestres do saber na escola da vida e o amor ainda é o maior tesouro.
Pena que muitos não conseguem ou temem colocá-lo à mostra.
E assim Marcelo voltou para casa envergonhado e apavorado por ter o seu nome nas fichas policiais.
Agora estava marcado.
Seus pais sentiam-se muito infelizes, mas para Marcelo, o medo, o pavor do escândalo, foram a salvação de que precisava.
Jurou a si mesmo jamais se meter com a droga, a vergonha era muita para ele.
Eunice, sua mãe, constrangida: como aparecer para as amigas?
O seu menino, um drogado!
Em nenhum momento ela parou para pensar que a batida policial fora providencial, a mão de Deus impedindo que seu filho se um escravo do traficante.
A polícia passou por ele, mas não notou; a lei não prende, a prisão está naqueles que traem as leis.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 31, 2020 8:12 pm

CAPITULO VII - A NECESSIDADE DA ORIENTAÇÃO SEXUAL
Nosso grupo se dirigiu à outra festinha, onde ficou bem evidenciado que a mulher, desejando a igualdade de direitos, está se prostituindo cada vez mais. Meninas de treze anos já iniciam suas experiências sexuais. Poucas garotas, ali presentes, não eram portadoras de remorsos.
Encontrando-me ao lado de Benigno, fiz-lhe a seguinte pergunta:
— Amigo, estas meninas quando chegarem à idade adulta, estarão saudáveis sexualmente?
— Luiz, da maneira que está sendo encarado o sexo, serão mulheres frustradas.
Há uma saturação pelas múltiplas experiências que, muitas vezes, deixam marcas profundas pela insatisfação, dado ser o sexo praticado sem amor.
Hoje se faz sexo como se vai ao cinema, ao barzinho, e ele não é diversão.
Num relacionamento a dois, minutos sublimes devem ser vividos com amor e respeito.
Uma criança de treze anos ainda não está desperta espiritual mente para se dar por inteira.
O sexo normal é permuta de vibrações e se um dos canais ainda se encontra adormecido, não é saudável despertá-lo precocemente, apenas por julgar que o relacionamento homem-mulher constitui divertimento que está em moda.
Quando isso acontece, esses jovens logo acabam se sentindo insatisfeitos, partindo para um outro tipo de relacionamento, sendo este o motivo dos grandes desvios sexuais que estamos presenciando, porque a iniciação está sendo processada cedo e erradamente, principalmente por pacientes do sexo feminino, que sentem medo da gravidez, até a anorgasmia primária.
Os distúrbios sexuais são condições disfuncionais das múltiplas expressões da sexualidade.
Existem várias técnicas e habilidades que podem ser usadas para minorar esses distúrbios, mas muitos temem enfrentar um médico e nem para um clínico revelam que se encontram doentes.
Nisso, juntam-se a nós os amigos.
Enoque me parecia preocupado e quando olhei à nossa volta percebi o porquê.
Pensei comigo mesmo:
"Como pode uma jovem que nasceu ao lado do Evangelho esquecê-lo assim?"
Senti uma vontade muito grande de abraçar Enoque; vi que ele sofria.
Uma das ovelhinhas de Maria ali se encontrava bebendo, fumando e se drogando. Karina perguntou-me:
— Luiz Sérgio, você já viu quem se encontra nesta festa?
Apenas sacudi a cabeça afirmativamente.
Tínhamos que socorrer
outras garotinhas que ali haviam sido levadas pelos experientes companheiros.
A bebida corria à vontade.
Era um quadro muito triste:
quem ontem brincava de boneca, hoje oferecia seu corpo de maneira deprimente.
Todos nós tentávamos serenar o ambiente, quando duas menininhas saíram em disparada; um dos jovens tentou segurá-las.
Enoque pôs-se à sua frente e ele nos pareceu embriagado, chegando a cambalear.
Assustei-me com a atitude do garoto-sorriso, que raramente utiliza métodos fortes.
O jovem, caído no chão, não compreendia o que estava acontecendo, sem condição de sair à procura das garotas.
— Estas festinhas são feitas geralmente à tarde.
Esses caras não trabalham e nem estudam, Isaac?
— Luiz, para as inocentes mães, estas garotinhas se encontram no colégio, sendo este o motivo das festas serem realizadas à tarde.
É um verdadeiro gazetear.
As bobas julgam que dessa forma aproveitam a vida, não sabendo que estão sendo usadas sem piedade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 31, 2020 8:12 pm

— Isaac, há pouco o Benigno me falava sobre o perigo dessa iniciação sexual.
— Ele tem razão, Luiz Sérgio, estas menininhas dificilmente serão mulheres realizadas sexualmente.
Mudarão de parceiros, mas poucas encontrarão a satisfação, porque não existe um tratamento sexual para esses casos.
O problema está aí, à frente de toda a sociedade.
Como em todas as áreas da medicina, a selecção dentre a variedade de técnicas de tratamento é determinada pelas circunstâncias específicas de cada paciente.
O que se necessita é de uma orientação dos pais referente ao sexo, não com liberação de termos para se dizerem modernos e sim buscando com os terapeutas a solução para o caso do seu filho em particular, desde que nele esteja despertando a sexualidade.
Os pais deveriam se educar sexualmente para dar aos filhos orientações certas.
Muitos julgam que oprimindo estarão protegendo.
Errado. A curiosidade leva a práticas nocivas.
O que é preciso, principalmente, é que os pais se actualizem.
Essas crianças, precocemente comprometidas com o sexo, nasceram de pais que ontem gritaram liberdade, mas que com o passar dos anos voltaram aos velhos tabus porque não se aprofundaram na beleza da relação homem-mulher; eles foram levados aos prazeres, não alcançando a liberdade tão falada através do amor, que é troca de vibrações sublimes.
Enoque e os nossos amigos conseguiram tirar várias garotinhas dali, mas a jovem conhecedora dos meus livros, "amiga" do Enoque, retorcia-se, embriagada, esquecida de que um dia, por suas mãos, passou o pão de Deus: o Evangelho do Senhor Jesus.
Alice se aproximou dela, tentando fazê-la sentir algo por si própria, para reconhecer que estava sendo explorada pelos homens.
No início ela ficou triste, mas logo os seus companheiros espirituais, os seus amigos afins, a tiraram da faixa vibratória de Alice, Karina e Sara.
Ela ainda olhou em minha direcção, pensando:
"Será que o Rayto e o Luiz Sérgio se encontram aqui?
Que nada, deixa prá lá..."
As lágrimas banharam os nossos rostos.
Como é triste presenciar a queda de um espírito, principalmente se ele já foi chamado por Jesus!
Ouvi Karina orando baixinho:
— Pai, tende piedade daqueles que erram, mas ainda mais dos que nos levam ao erro.
Dai a todos nós a certeza da vida, para que não matemos os sonhos dos nossos pais.
Complacência, Senhor, para com todas as Vossas criaturas, principalmente aquelas que dia após dia fogem da verdade, afundando-se no mundo pavoroso da traição.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 31, 2020 8:12 pm

CAPITULO VIII - LIVRE ARBÍTRIO - FACA DE DOIS GUMES
Carlos, que já enfrentara situação bem amarga ao presenciar a decadência de sua irmãzinha ao se envolver com drogas e pela qual tanto lutara (hoje Carla está bem melhor, mas ainda hospitalizada), ali também se encontrava ajudando garotos que, julgando aproveitar a vida, estavam sendo vítimas da própria fraqueza.
— Amigo, de que maneira você encara, como médico, a situação desses adolescentes, principalmente a das meninas?
— Luiz, é muito triste vê-los brincar com ato tão sério.
Que o abuso sexual traz problemas é coisa perfeitamente conhecida pelo adolescente.
O período da puberdade é de mudanças rápidas e, muitas vezes, caóticas.
O adolescente precisa integrar-se às alterações fisiológicas, isto é, ao rápido crescimento linear, às várias modificações hormonais e muitas vezes não está preparado.
— Eles contraem doenças?
Pelo que estamos presenciando, as meninas não se preocupam em escolher o parceiro...
— As DST, Doenças Sexualmente transmissíveis, continuam a ser um problema que preocupa sobremaneira as autoridades.
— Carlos, penso que o jovem jamais correu tanto perigo.
— Luiz, sempre existiram aqueles que são dominados pelos instintos, mas hoje a liberação — cartilha que muitos estão a ler - ensina-os a usar a energia desregradamente.
E como o excesso gera o desequilíbrio, já foi verificado que grandes problemas relacionados com o sexo ocorreram durante a adolescência.
— Essas garotinhas não engravidam?
Aqui se encontram meninas de treze anos.
Não lhes é prejudicial o uso de anti-concepcionais?
— Elas se encontram total mente fecundas, sendo este um dos quadros tristes da vida da adolescente sexual mente activa, pois esta vive em constante sobressalto.
Futuramente será uma mulher insatisfeita.
Quanto ao controle da maternidade, com a fecundidade precoce e a experiência mais cedo, torna-se necessário, para o que se propõe, esclarecimento evangélico aos adolescentes.
As pílulas ministradas a uma criança-mulher sobrecarregam o seu organismo e logo sentirá as consequências.
Contemplei aquelas meninas, que devem dormir em quartos perfumados e veladas pelos pais, ali se embriagando e se drogando, dizendo-se prá frente.
Sacudi a cabeça, pensando:
"Estão à frente, sim, de um grande problema futuro".
Enoque, Karina, Alice e Sara continuavam a prestar assistência.
Dei mais uma olhada e me retirei. Iria esperá-los no jardim.
Não sei quanto tempo ali fiquei, mas pude perceber que vários desencarnados entravam e saíam daquela festa, divertindo-se muito.
Quem os visse como eu os vi, não poderia imaginar que já não pertenciam ao plano físico: eram prisioneiros do fumo, do álcool, do sexo e da droga.
E os jovens encarnados os seus fornecedores de prazer.
— Luiz Sérgio, estás triste?
Virei-me. Na minha frente, Enoque, o garoto-sorriso, naquele momento também trazia o semblante fechado pela dor.
— Enoque, como é possível isso?
Esta casa não tem dono?
O jovem que os recebe mora sozinho?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 31, 2020 8:12 pm

— Não, os pais viajaram e ele aproveita para trazer as garotinhas. Luiz Sérgio, os adultos são muito culpados, quem faz a propaganda do sexo não são os jovens, é toda uma máquina publicitária.
0 jovem está sendo induzido a uma falsa liberdade, controlada por todos os meios de comunicação.
As revistas pornográficas são manuseadas pelos pais e as crianças, desde pequenas, já admiram as mulheres que enfeitam suas páginas.
Assim as famílias, pouco a pouco, vão se desequilibrando.
Tudo, hoje em dia, gira em tomo de neuroses que aumentam cada vez mais.
— Enoque, há pouco encontramos uma garota conhecida nossa, cujos pais são estudiosos do Evangelho.
Apesar de ter recebido a água viva dos conhecimentos espíritas, com catorze anos já possui vida sexual activa.
— Nada justifica um erro, principalmente os que estudam o Espiritismo pelo conhecimento da grandeza e da fraqueza de que podem ser portadores.
A jovem, Luiz, nasceu em um ambiente onde suas atitudes não causariam tanto escândalo.
Mas, por bondade dos pais adoptivos, ela foi transportada para aquele lar cristão, onde lhe deveriam, paulatinamente, ser ministradas lições sem radicalismos.
Esse espírito, ainda embrionário no erro, se viu cego diante de tanta luz e, não estando ainda preparado, quando pode fugir procura o ambiente que lhe recorda a vida uterina.
— Enoque, explique isso melhor, meu amigo, estou até tonto, perdoe-me.
— Luiz Sérgio, o que estamos conversando pode causar celeuma, mas é a pura verdade.
Quando algum casal resolve adoptar uma criança, deveria fazê-lo consciente de que até eles chegou um ser que precisa de amor para evoluir.
Geralmente os casais sem filhos, quando resolvem fazer uma adoçam, cercam a criança de amor e cuidados doentios, levando-a a sofrer mais tarde porque não aprende a ser humilde.
Consultados somos por várias mulheres, mães adoptivas; queixam-se elas de que os filhos parecem odiá-las.
A criança abandonada recebe, ainda no ventre, a rejeição, e este estado de espírito só poderá ser apagado de sua memória com uma educação disciplinada, onde a mulher-mãe forma a imagem de amor e força, procurando apagar a lembrança da primeira, que se mantém viva no arquivo mental da criatura rejeitada.
Se a mulher-mãe não possuir um espírito forte, no futuro enfrentará uma situação desagradável: a criança, quando chegar à adolescência, agredirá a mãe adoptiva, julgando que o estará fazendo àquela que a renegou.
O erro, Luiz, está aí: a mulher que já sofreu por não fecundar, agora se depara com outro problema — a filha querida a despreza e sem que ela saiba a razão.
Daí, mostra-se fraca, submissa ou intransigente.
E cada vez mais a filha a despreza, a agride.
— Enoque, então não se deve adoptar uma criança?
— Pelo contrário, para Deus esse é o mais digno acto de um casal, mas quem pretende adoptar deve preparar-se para não cobrar da criança atitudes que ela, muitas vezes, não tem condições de oferecer.
— Enoque, conheço muitos filhos adoptivos que adoram os pais.
— Sim, nesses casos eles não foram renegados no ventre ou os pais lhes ofereceram uma educação disciplinada, em suma, souberam educar.
Existem pais que julgam que a felicidade dos filhos consiste em receber apenas bens temporais, ficando distante a educação evangélica.
Quando chega a adolescência presenciamos muitas lágrimas, com os pais sendo agredidos sem piedade.
Notamos que isto acontece mais frequentemente com aqueles que não contam aos filhos que foram adoptados.
Voltemos ao caso da jovem que conhecemos:
essa garota teve um pretérito por demais comprometedor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 31, 2020 8:12 pm

No passado foi uma mulher sensual, cujos amantes enfeitiçava.
Sua encarnação foi programada para um lar bem pobre.
Dada a sua vibração, foi escolhida uma mulher bem comprometida sexualmente que furiosa ficou com mais uma gravidez.
Em nenhum momento desejou a criança, mas ela nasceu e, por bondade de um casal sem filhos, encontrou um lar digno.
Cercada de muito mimo, quando cresceu começou a aflorar o seu outro lado.
Acostumara-se ao luxo.
Ali, no rico lar, ela recebia do bom e do melhor e, não tendo que trabalhar nem lutar por seu sustento, viu-se outra vez diante do ócio.
Seu espírito, já comprometido, afundava-se cada vez mais no lodo.
— E se ela tivesse ficado na favela?
— Usaria o livre arbítrio, como vem fazendo.
Poderia se perder cedo na marginalidade, ou, tendo que trabalhar para pagar os seus estudos, não encontraria tempo para os desregramentos do sexo.
Lá no seu meio ela não causaria tanto escândalo como está acontecendo com seus tristes casos.
— E se esses pais, desde o começo, a pusessem a par do perigo da vida, mas sem repressão, será que ela não encontraria um pouco de entendimento?
— O livre arbítrio é uma faca de dois gumes:
usa-se bem ou mal.
Somente ela, vivendo a situação, poderia um dia nos responder.
Uma coisa eu te garanto, Luiz, ainda espero que essa garota encontre forças para dizer aos seus instintos:
“Chega de violentar a minha consciência!“
— Assim espero também — falei, abraçando o meu grande amigo e indo juntar-me aos outros que lutavam para proteger alguns jovens bem embriagados e drogados.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 01, 2020 8:01 pm

CAPITULO IX - PROBLEMAS DO ADOLESCENTE: GRAVIDEZ E OBESIDADE
Ainda fiquei por ali alguns minutos e nem posso descrever as cenas que presenciei.
Karina aproximou-se de mim e vendo-me tristonho disse:
— Luiz, devemos alegrar-nos, conseguimos intuir algumas garotas a dizerem "não".
Olhei-a melancólico e ajuntei:
— Graças a Deus!
Nisso, Carlos nos chamou e corremos até ele.
Tentava ajudar um garoto que havia aspirado coca e se debatia em convulsões desesperadoras.
Deixando-o connosco, Carlos foi examinar o pó, chamando Benigno e Isaac:
— A coisa está preta! — falei para Karina.
Carlos constatou que haviam acrescentado alguns produtos à coca, sendo esta a causa do estado tão deplorável do garoto.
Os nossos médicos tudo faziam para salvar aquela reencarnação.
Leonardo recebia passes e todo tratamento médico-espiritual, enquanto seus amigos do embalo tão doidos se encontravam que nem percebiam sua situação crítica.
— Eles sempre são atendidos? — indaguei ao Isaac.
— Sim, se não fosse a mercê divina, em muito aumentaria o número das vítimas das overdoses.
Leonardo foi voltando ao normal e, para minha surpresa, procurou no bolso, mecanicamente, o baseado, como se fosse um cigarro comum.
Karina, segurando a sua fronte, fê-lo adormecer.
Todos nos entreolhamos aliviados e assim nos retiramos.
Ainda olhando para trás, pensava:
"Será que existe alguém que ainda desconheça esta outra face da vida?".
Acho que não, todos os dias os jornais nos mostram quão dura e amarga é a realidade.
Enoque, que nos esperava no jardim, fez uma bela prece de agradecimento.
Voltamos ao centro espírita, onde pedimos ao dirigente espiritual um dia de prece por todos os dependentes da droga.
Nós precisamos das orações dos encarnados, pois só elas podem nos oferecer condição de ajudar os mortos.
O departamento mediúnico do Centro encontrava-se reunido e Enoque pediu que todos os grupos orassem para os trabalhos de ajuda aos viciados.
Um dos espíritos encarregados dirigiu-se a Enoque:
— Muitos dirigentes temem um contacto com a vibração pesada de um viciado.
Qual seria o momento ideal para a prece?
— No término dos trabalhos podemos orar sem qualquer perigo para o grupo.
E depois, temer espíritos doentes é anti-doutrinário.
Jesus foi muito explícito ao dizer que são os doentes que necessitam de médico.
Ainda existem grupos mediúnicos que temem suicidas, esquecendo que a Casa Espírita é um hospital de Deus.
Ficamos ali em palestra gratificante com os encarregados do Centro.
Um dos assuntos abordados foi a gravidez na adolescência.
Dr. Cruz falou-nos, então, sobre a assistência obstétrica para a adolescente grávida:
— Considerações que ultrapassam a definição dos serviços médicos tradicionais devem ser enfocadas.
As jovens grávidas precisam receber cuidados pré-natais adequados, para não sofrerem complicações não somente clínicas.
Muitas vezes a adolescente grávida abusou da droga ou sofre o abandono familiar e precisa receber dos médicos muito apoio e compreensão.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 01, 2020 8:01 pm

Sugerimos a necessidade de se estabelecer um ambiente confortável e informal para um melhor tratamento de adolescentes.
— Irmão, hoje em dia o adolescente já inicia a sua vida sexual presa do remorso do aborto.
Como orientá-lo?
— Se for espírita, a jovem dificilmente praticará o aborto.
Se chegar a tão triste ato, sofrerá as consequências.
0 aborto violenta os órgãos da mulher.
— E a pílula, irmão?
— Menos cruel.
Os anticoncepcionais constituem a forma mais eficaz de controlo da natalidade, com um porém:
o risco da supressão da hipófise.
Precisamos orientar os jovens, eles estão confundindo liberdade com libertinagem, amor livre com sexo livre, e nunca presenciamos uma juventude tão prisioneira dos remorsos.
Poucos estão vivendo felizes.
— E o Centro Espírita pode ajudá-los?
— Claro, oferecendo-lhes esclarecimento e oportunidade de trabalho.
Os espíritas, por terem conhecimento da encarnação, devem tratar os jovens com respeito e confiança.
Renegá-los é fechar-lhes a porta do Centro.
Eles podem possuir um corpo jovem, mas o espírito está apto ao trabalho do Centro.
Precisamos dos jovens não só nas Mocidades, mas junto a nós, ombro a ombro, na caminhada da vida.
Gostei dele, um barato.
Logo tivemos a felicidade de ouvir o convidado do Centro: Márcio Bettencourt.
Falou sobre o adolescente obeso; o porquê da fuga através do alimento; os atritos na hora das refeições; a maneira errada de se referir ao filho obeso; a rejeição dos pais, geralmente em relação aos outros filhos esbeltos; a negligência da mãe em relação ao regime do filho; o sofrimento do adolescente obeso; a zombaria dos companheiros e irmãos, humilhando e aborrecendo; a dificuldade para namorar, gerando no jovem um complexo do qual só o amor e o respeito poderão libertá-lo e incentivá-lo a perder peso.
Aproveitaram a presença do Márcio e trataram de vários assuntos.
0 bom amigo, com desembaraço, a tudo respondia.
Muito feliz me encontrava por estar ali diante de tantos espíritos preocupados com o bem-estar do seu próximo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 01, 2020 8:01 pm

CAPITULO X - MOCIDADES,SEMENTES EM GERMINAÇÃO
Nosso irmão Márcio, médico espiritual, representa para todos nós um braço forte onde podemos nos apoiar.
Sara, aproveitando a ocasião, perguntou-lhe:
— Como sabemos, irmão, as DST continuam a ser um problema que muito preocupam a sociedade, e os adolescentes experimentam um dos mais elevados índices de sua incidência.
Poderia tecer-nos alguns comentários a esse respeito?
— É a actividade sexual que coloca uma pessoa em risco de contraí-la e o adolescente, por definição, é cada vez mais activo do ponto de vista sexual.
Que o comprometimento sexual traz problemas é coisa perfeitamente conhecida do próprio adolescente.
DST menos importantes estão aumentando em prevalência.
0 adolescente precisa confiar mais nos médicos; muitos deles só chegam a um clínico depois de terem tentado a cura através dos colegas.
E cada caso é um caso.
Nunca presenciamos uma juventude tão sofredora sexualmente.
O excesso os está levando à exaustão e muitos estão partindo para outros tipos de relacionamento, ainda mais perigosos.
O homossexual masculino corre risco maior de contrair sífilis que um homem comum.
— Márcio, o que busca o adolescente?
— Todos nós — não só o adolescente — buscamos a felicidade, só que esquecemos de cultivá-la através de um estudo sério sobre nós mesmos.
Cada ser procura apoiar-se no seu próximo, esquecendo que ele também está à procura de um apoio.
O adolescente, ao descobrir o mundo lá fora, se deslumbra e se esquece do seu próprio mundo, do qual é o dono absoluto.
Presenciamos meninas portadoras de chagas profundas na alma. Iniciam a vida sexual com o namoradinho, coração repleto de sonhos, para logo adiante enfrentarem duras realidades.
Muitos casais vivem hoje momentos bem amargos, pois a falta de respeito à individualidade de cada um gera um relacionamento neurótico, sem um mínimo de afecto.
Consultado por mulheres que, desesperadas, julgam-se doentes, coloco-me na condição de médico e de espírito para aconselhar essas irmãs a buscarem a fé em si mesmas, que há muito perderam.
Perdoe-me, Sara, se me estendi nos meus comentários.
— Como gostaríamos que você nos falasse mais sobre este assunto, irmão Márcio!
Ele sorriu, passando a responder sobre vários outros temas.
Terminado o encontro, Enoque nos prometeu uma outra visita.
Espero encontrar o King, um médico chinês muito amado.
Karina fizera várias anotações e dela me aproximei:
— Querida, interessada, hein?
Sorrindo-me com carinho, respondeu:
— Esquece que fui uma viciada?
— Para mim, Karina, você é um Miosótis de Maria dizendo a cada ser: não se esqueça de mim.
Os olhos da irmã orvalharam-se de lágrimas.
Abracei-a carinhosamente e ela me disse:
— O Márcio tratou de um assunto seriíssimo.
Tenho pena, Luiz Sérgio, de você não poder colocá-lo no livro, por existirem ainda preconceitos.
— Tem razão, espero encaixar alguma coisa, isso eu vou fazer.
— Eu, Luiz, convivi com turmas e sei que as garotas são usadas de uma maneira violenta.
A droga e a bebida fazem suas vítimas e a mulher torna-se mero objeto sem valor.
Hoje, trabalhando, dou graças a Deus quando consigo intuir uma garota a dizer "não".
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 01, 2020 8:02 pm

Mas é tão difícil!...
Elas julgam que são "prá frente", pensam que estão agradando, ignorando que a queda é tão rápida, que só irão perceber quando nada mais restar de dignidade.
Benigno nos observava e aproveitei para lhe perguntar o que havia achado da palestra do amigo Márcio.
— Proveitosa, muito proveitosa.
— Beniguinho, a coisa é feia mesmo como o Márcio pintou?
— Se no meio universitário, onde o nível intelectual é melhor, a doença venérea está crescendo assustadoramente, imagine entre as pessoas mais desinformadas...
— Para você, Benigno, qual delas é a pior?
— Todas, amigos, todas.
A gonorreia, ainda hoje, na era atómica, continua existindo tal como o resfriado, apesar da eficácia dos antibióticos.
A cada dia surgem outras doenças, porém, se forem tratadas no início, serão debeladas.
Enoque, juntando-se a nós, convidou-nos a um bate-papo nos abrigos do jardim.
E, lá, o bom amigo, ouvindo-nos falar sobre vários assuntos, aproveitou para orientar-nos sobre o perigo do jovem se tornar um fanático.
— Em qualquer religião, Enoque?
No Espiritismo também?
— Sim, Luiz Sérgio, o jovem espírita tem que ser igual a qualquer jovem da sua idade.
Nada há mais desagradável do que um fanático.
Kardec colocou à nossa frente páginas dignas de serem lidas, repletas de verdades espirituais.
Ele condenou a fé cega. A razão é o fundamento de suas obras e hoje muitos jovens espíritas estão confundindo os ensinamentos básicos.
Todos precisam dos estudos doutrinários, mas nem por isso devem vestir-se de andrajos e mudar o tom da voz.
Devem, sim, assimilar os ensinamentos do Cristo, tomando-se bons amigos para agirem como bons cristãos.
0 jovem espírita não pode olhar os outros jovens com desdém, como se fossem pecadores.
Fanatizar as Mocidades espíritas é descê-las ao nível dos que se enclausuram porque têm medo de errar lá fora.
O certo é fazer crescer a fé e a coragem em cada ser, só assim ele saberá viver em sociedade.
— Enoque, as Mocidades prestam caridade?
— Sim, existem Mocidades belas, cristãs, mas não se esqueça de que estamos aqui tratando do perigo das Mocidades fanáticas, e estas estão crescendo por aí.
A orientação a jovens não pode ser feita por pessoas orgulhosas e mentirosas.
O jovem tem que crer em Deus, amar Jesus e lutar pelo Evangelho vivo; olhar os médiuns como seres em evolução e não como gurus, caso contrário sofrerão muitas decepções.
0 homem não pode dominar o homem, que é seu semelhante.
As Mocidades espíritas precisam inteirar-se do movimento do Centro, viver os seus problemas e procurar ajudar a Casa que as abriga.
Quem dirige a Mocidade tem que tomar cuidado com frases como esta:
“Estou vendo um espírito ao seu lado, uma mulher linda, que o ajuda“.
“Estou vendo um homem horrível, seu obsessor“.
Estes tipos de vidência são antidoutrinários.
Vidência não se revela fora do local de trabalho.
Muitos médiuns estão brincando de ver espíritos e formando quadros de horror, esquecidos de que com isso estão se colocando contra a verdade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 01, 2020 8:02 pm

Encontramos jovens espíritas apavorados, temendo obsessor como outras religiões temem o diabo.
Sabem por que estão sendo ameaçados a cada instante?
Porque ainda não se conscientizaram de que são uma energia em crescimento e que essa energia se chama vida; será apenas através de sua própria vontade, possível aumentá-la, objectivando a sua elevação no bem.
Pensar que somente passes e mais passes propiciam a melhoria do espírito é uma utopia.
Nós precisamos é conhecer o porquê da vida e o que vem a ser a “morte“.
Não adianta apenas frequentarmos um Centro, o que se faz necessário é o estudo sério dos bons livros e a comparação deles com aqueles que os dirigem.
Criar ídolos é sofrer desencanto.
Desejei que Enoque ainda nos elucidasse:
— Penso eu que muitos julgam os jovens uns irresponsáveis.
— Culpa do próprio jovem.
Muitos, com o intuito de agredir a sociedade, que é composta também de adultos, violentam a si próprios, aprisionando-se a um grama que custa muito caro.
O jovem pode desempenhar qualquer função de responsabilidade.
Não devemos olvidar que eles possuem experiências pretéritas, apenas adormecidas.
Chico Xavier iniciou sua tarefa mediúnica com dezasseis anos; Therezinha de Jesus lutou contra as regras da Igreja para se tornar religiosa aos quinze anos; João Evangelista foi convidado por Jesus quando contava apenas catorze anos para colaborar com Sua missão.
Nenhum deles fracassou por ser jovem.
— E depois, Enoque como tem coroa maluco por aí, não é mesmo?
— Se tem!
E a cura para ele se torna muito difícil.
— Há pouco o amigo falava sobre o jovem espírita: as Mocidades estão se propagando, mas sentimos que ainda no meio espírita o jovem não é tratado com confiança!
— Torno a repetir: se as Casas espíritas não tomarem uma atitude em relação à sua Mocidade, sofreremos no futuro por essa negligência.
Presenciamos vários jovens espíritas desviando-se do caminho cristão apenas por curiosidade.
Se estes meninos encontrassem na Casa que frequentam, afecto, amor e respeito, convivessem com os directores e participassem das actividades do Centro, dificilmente sairiam à procura de falsos profetas.
Os médiuns de um Centro que comparecem a uma Mocidade para fazer uma prelecção, precisam ter os pés firmes na estrada da humildade.
O jovem é bastante crítico e não aceita mentiras.
Presenciamos vários médiuns vaidosos contando histórias fantasiosas nas Mocidades; querendo chamar atenção sobre si, inventam casos difíceis de serem aceites.
Muitos abandonam o Espiritismo ao perceberem a mistificação em certos fenómenos espíritas.
Uma Casa espírita só permanecerá luminosa se nela habitarem corações simples e verdadeiros.
Os grupos jovens deveriam merecer das Casas muita atenção e respeito.
Eles serão os futuros semeadores e negligenciá-los é não valorizar as sementes.
Muitas árvores esquecem que um dia também tiveram que germinar.
No jardim de Jesus e Maria, a todos os minutos as sementes são orvalhadas de esperanças.
Por que os homens não fazem o mesmo?
— Enoque, existem belas Mocidades?
— Sim, e nós as louvamos.
Tratamos aqui é da negligência das pessoas mais idosas em relação à juventude.
O correcto é tratar o jovem de maneira respeitosa.
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