LUZ ESPÍRITA
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CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 04, 2020 7:25 pm

Tornamos a nos juntar aos outros; eles também haviam prestado ajuda a outros doentes e Alice me contou que haviam auxiliado um grupo de crianças que estava se suicidando com loló e baseado.
— Qual a faixa de idade?
— Doze anos.
— O quê? O que faziam eles?
— Simplesmente usavam certos desodorantes misturados a outras substâncias e faziam vaquinha para comprar maconha.
— E vocês, como os socorreram?
— Simplesmente aplicando passes, só que alguns passaram tão mal com a experiência da droga, que precisaram receber assistência médica.
Esses dificilmente se tornarão dependentes.
0 traficante, Luiz, fornece para iniciantes a bagana.
E assim vão-se acostumando, por isso dificilmente alguns ficam só na maconha.
— Vocês tiveram muito trabalho?
— Sim, ser babá de criança não é fácil, principalmente criança querendo ser homem.
— Por que, meus amigos, o homem se entrega tão facilmente ao prazer momentâneo?
— Por não conhecer ainda o valor da vida.
No dia em que ele se encontrar, não mais teremos corações chagados pela dor.
— E mesmo, amigo, nós trabalhamos, mas somente quem deseja ser ajudado sê-lo-á.
— Se o homem não procurar no Alto a sua meta, rastejará sempre no lodo do vício.
A Terra ainda é um lugar onde procuramos a felicidade.
Precisamos e muito de luz, porque os nossos olhos estão vendados para as belas coisas que Deus nos oferece, por serem muito simples.
Um dia todos compreenderão.
— E mesmo.
Quando estamos com sede, de nada vale o melhor uísque.
0 dia deles chegará.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 04, 2020 7:25 pm

CAPÍTULO XX - O QG DAS TREVAS
Tentei fazer Enoque sorrir.
Enlaçou-me o ombro e disse:
— Luiz, não me encontro tristonho, há muito aprendi a conviver com a mentira; não pense que fico magoado ao constatar o facto de que crianças já orientadas por mim estão entrando na cadeia do tóxico.
— Mas, amigo, por que você não lhes dá uma prensa?
— Respeito o livre arbítrio.
Quem deseja caminhar rastejando custará a compreender a leveza da volitação.
Nisso, Benigno veio chamar Enoque:
alguém estava precisando de ajuda.
Seguimos prontamente para o local e ficamos pasmados.
O grupo das trevas cercava a casa onde se realizava o ritual de uma seita, com roda de coca.
Pensei: "Como entrar aí?"
Enoque, num instante, convidou-nos a vestir as fantasias características.
O Benigno apareceu como um boémio carioca gozadíssimo, ele, que hoje é muito sisudo, e eu ri muito, sendo advertido:
— Por que a guarda prá casa? — perguntei, curioso a Karina.
— Luiz Sérgio, os recantos iluminados são guardados dos ataques dos trevosos.
Esta seita também tem os seus guardiães, onde não é permitida a entrada dos irmãos do Cordeiro.
— Enoque — brinquei — você aqui vai se dar bem, não é?
Mesma filosofia!...
Ele sorriu, mas discordou:
— Engana-se, meu caro, a minha filosofia não tem pátria, chama-se Amor.
Calei-me.
Quem fala o que quer tem que aceitar qualquer resposta, e a do Enoque dá a cada um de nós a certeza de que só Cristo é Caminho, Verdade e Vida.
Entramos.
As pessoas nos pareciam anormais; umas em total relax, algumas falando sozinhas, outras tendo relação sexual sem o mínimo constrangimento, na frente da própria turma.
Uma coisa de louco!
Enoque, bem à vontade, colocou-se ao lado de um casal que ali fora à procura de emoção e, de maneira amiga, ficou conversando mentalmente com eles, notando-os assustados.
Compreendendo o trabalho, também nós nos aproximamos do casal e eles, trémulos, presenciavam o desrespeito ao espírito, já que este, mesmo sendo chama, quando encarnado liga-se ao aglomerado de matéria denominado corpo físico.
Desejando atingir a plenitude espiritual, eles abusam da veste física; e o sexo, sublime órgão reprodutor, ali era usado vulgarmente.
O sentimento é a energia que faz vibrar o ser no momento a dois; sem este néctar, a relação é fria e passageira.
E, ali, era praticado selvagemente.
Como pode uma seita dizer-se espiritualista e utilizar a matéria como alavanca para o espírito, quando este é que deve se libertar de qualquer sensação da carne?
E quem se serve da veste física sem equilíbrio dificilmente se verá livre dela.
Os grandes mestres viveram além do corpo, porque as necessidades desse corpo eram controladas pela razão e pela moral.
Todavia, desejar alcançar as alturas rastejando no pântano da dependência é jamais atingir a plenitude da liberdade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 04, 2020 7:26 pm

Presenciei factos que você, leitor, desconhece.
Homens dominados por homens; seres munidos de inteligência voltando à era primitiva, arrastando-se no lodo da indecência.
Meninas usadas de maneira cruel, o fim da esperança, pois ninguém sonha quando vive no pesadelo.
Naquela bela mansão, uma organização das trevas havia fundado o seu quartel general.
Mais apavorado me senti ao verificar a presença de espíritos desencarnados usufruindo das mesmas sensações dos pervertidos sexuais.
Enoque já havia conseguido tirar o casal na hora máxima da rodada de cocaína.
Todos, doidões, acomodaram-se quando o chefe entrou na sala.
Era uma figura muito estranha acompanhada de uma legião de desencarnados tão vivos, que vibraram com o tóxico e com as aberrações sexuais do grupo.
Ali ele era o chefe desencarnado e tratava os espíritos pequenos com espora e chicote.
Quando ele se aproximou de mim, confesso que gelei.
Situação difícil.
Olhando-me duro, inquiriu:
— Por que estás aqui sem fazer nada?
Olha, tem muita gente devagar aqui.
Cada vez que eles se entregam à orgia, somos fortalecidos pelo prazer.
Empurrou-me para junto de um jovem que meditava.
Quase caí.
O jovem não gostou. Falei-lhe:
— 0 chefão não está gostando de vê-lo aí parado, por que não se droga?
Ele abriu os olhos e me respondeu:
— Estou em outra.
Se pudesse eu o abraçaria, mas nada podia falhar.
Enoque realizava um sério trabalho naquela casa onde o ser era ludibriado com falsas e bonitas palavras, onde o homem, para fugir de si mesmo, se via aprisionado numa rede de necessidades.
Enoque nos deu sinal para a nossa retirada e quando o fazíamos, vimos Alice sendo levada por um dos espíritos protectores da seita, la voltar para salvá-la.
Enoque segurou-me, dizendo:
— Cada um de vocês já possui maturidade para se ver livre dos trevosos.
— Confesso, Enoque, que se eu estivesse no lugar de Alice, só faria gritar por socorro.
Enoque nada respondeu, mas voltou para buscá-la; Alice tinha um olhar estranho quando se juntou a nós.
— Ela pirou, Enoque?
— Não, Luiz, emocionou-se.
— O que fez você para libertá-la?
— Apenas a chamei mentalmente, porque estava sendo magnetizada por mentes terríveis, que desconfiaram que os Miosótis de Maria aqui se encontravam.
— Eles nos descobriram?
Então estamos fritos!
— Pode-se considerar uma batata fritinha!
Fiquei feliz quando ganhamos o belo jardim da Casa do Diabo; nele haviam várias pessoas, todas elas apreciando a lua cheia, figuras estranhas, mas pelas quais o meu coração se encheu de ternura.
Seres que estão à procura da felicidade, esquecendo de buscá-la dentro de si mesmos.
Os adeptos das seitas dominadoras são vítimas que merecem de nós muita prece.
Comecei a rir sem parar.
Enoque, sério, custou a compreender que eu ria do seu traje, ele, de veste colorida, era um péssimo actor.
Se não fomos descobertos fora somente porque Maria orvalha os nossos passos com cânticos de amor e Jesus ilumina a nossa jornada de trabalho com Sua presença irmã.
Assim, ganhamos a estrada, deixando para trás o covil de uma falsa doutrina e todos nós ouvimos, cabisbaixos, Enoque recitar a Epístola de Paulo aos Romanos, no seu Capítulo II, versículos 12 a 24.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 04, 2020 7:26 pm

CAPÍTULO XXI - POCILGA DE DESENCARNADOS
Como existem ainda tantas pessoas na ignorância do que acontece ao seu redor!
Quantos pais choram a perda dos filhos por julgá-los morros, com saudade, quando aquele que desencarnou está vivo e crescendo a cada dia espiritualmente, ao passo que um bom número de jovens estão mortos por estarem prisioneiros de outras mentes.
Falei a Carlos:
— Sabe, amigo, que me sinto feliz em trabalhar com uma equipe alegre e tão amiga?
Não concebo o Espiritismo cavernoso, proibitivo, a ameaçar com umbral e obsessor.
Admiro a Doutrina Espírita que ensina o homem a viver de maneira fraterna.
Qualquer religião que deseja dominar, como dona da verdade, está longe do Evangelho de Jesus.
A Doutrina é uma estrada onde o doente, o fraco se apoiam no companheiro, mas jamais é por ele carregado, porque cada um tem que lutar para progredir.
O Pastor é Jesus e Ele não deixa ninguém para trás.
Ameaças e sermões são palavras vazias.
Hoje, o homem necessita de exemplos e a Doutrina nos oferece oportunidade de viver em trabalho constante, a favor do nosso crescimento e da felicidade alheia.
— Tens razão, Luiz, tudo é progresso e no momento actual não podemos usar métodos ultrapassados, da época da Inquisição.
O espírito deve ser alegre e repleto de esperança.
Se o homem estiver sempre amedrontado, com receio de desencarnar e ir para o umbral, ou achando que a natureza não dá salto, acomodar-se-á com as imperfeições e continuará sem sonhos, acreditando que tem de pagar por tudo.
— É mesmo, amigo, muitos fatos são mal interpretados.
Para mim, Doutrina Espírita é intercâmbio entre os dois mundos, verdade que nos orienta para alcançarmos a vida eterna.
Ninguém tem o direito de abusar do dom desse intercâmbio.
O mundo atravessa momentos de apreensão e a Doutrina é o Consolador Prometido.
Não devemos nos esquecer disso.
O ortodoxismo é contra Kardec, que disse ter o Espiritismo de progredir junto à ciência.
Se ontem as mesas falavam, hoje milhares de espíritos ditam suas mensagens através de muitos médiuns.
Enoque aproximou-se, chamando-nos para uma tarefa e, sem demora, alcançamos um lugar, aqui mesmo, na Crosta da Terra.
A princípio nos pareceu um acampamento, contudo, à medida que nos aproximávamos, fomos constatando que se tratava de um terreno baldio, onde vários dependentes da droga, desencarnados, viviam em estado lamentável, mas adorando ficar por ali, alimentando-se e vivendo como se ainda fossem encarnados.
Confesso que fiquei assombrado, e quando Enoque procurou um dos homens, percebemos que eram ainda muito dependentes.
Benigno me explicou tratar-se do tipo daqueles que participam de todas as festinhas de embalo e ali era o local onde eles viviam.
No solo víamos grama, de aspecto queimado, dando a impressão de sê-lo por causa das vibrações baixas.
Era uma pocilga de desencarnados.
Procurei crianças, graças a Deus não as vi. Enoque mostrou-me uma garota de catorze anos, viciada em pico, em crise pela falta da droga.
Os outros nem ligaram para o seu estado desesperador.
Enoque conversou com Isaac e este, juntamente com os outros médicos, auxiliaram-na, retirando-a.
Pedi para acompanhá-los, desejoso de assistir à desintoxicação, mas Enoque me mostrou que ali é que tínhamos serviço.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 04, 2020 7:26 pm

A droga ainda aprisionava em sua mão um senhor de seus cinquenta anos, sentado no chão de cabeça baixa.
Acabara de receber uma dose de morfina através do braço de um encarnado.
E procurei ver a cena:
o espírito adere-se de tal maneira ao perispírito do dependente encarnado que este, ao tomar a dose acha pouco e vai aumentando a quantidade.
Aí, seu coração não aguenta.
Geralmente um dependente encarnado sustenta fisicamente dez desencarnados, essa é a causa do aumento do vício.
Dificilmente quem começa na maconha, só com ela fica.
Tentei conversar com o velho, mas ele nem me ouviu, encontrava-se em outra.
— Não é possível isto existir.
Por que eles não vão para a Espiritualidade?
— Porque aqui estão em contacto directo com os encarnados, que os mantêm no vício.
Outro fato que me causou estranheza foi que muitos deles dormiam durante o dia e, nesse período, os encarnados viciados que também dormiam, deslocavam-se pelo sono até aquele bizarro lugar, por estarem dependentes uns dos outros.
— Benigno, o viciado gosta de trocar o dia pela noite, não é?
— Em geral, é o que acontece.
Sei que dali Enoque conseguiu recolher quatro espíritos, porque estes se encontravam doentes.
Perguntei:
— Por que a Espiritualidade Maior não vem aqui e acaba com isto, levando todos para os hospitais competentes?
— Se fosse possível.
Deus congregaria todos em Seus braços amigos.
Esquece, Luiz, que somos donos das nossas decisões?
— É mesmo, amigo!
Vocês só puderam socorrer quem pedia ajuda.
— Podemos intuir o proprietário a vender o lote ou preparar o terreno para uma construção.
— E daí, eles temerão o tractor?
— Sim, estão de tal maneira embrutecidos que não vivem independentes.
Saímos do Vale da Morte, deixando um mundo que o ser comprometido construiu com sua fraqueza e procuramos um hospital onde certa jovem acabara de dar à luz um bebé que chorava muito.
Enoque, aproximando-se, nele aplicou um passe e eu, ao fitá-lo, percebi que já nascera viciado.
Contei o facto para Alice:
— É mesmo, Luiz?
Será possível?
— Sim - respondeu Enoque - ele foi viciado pela própria mãe e hoje precisa da nossa ajuda para que o clínico descubra este triste facto que poderá levá-lo ao desencarne.
— Que garota irresponsável! — falei — merecia umas boas palmadas!
Todos me olharam assustados, mas não me envergonhei e nem me arrependi.
Uma mulher que não sabe ser mãe é triste demais!
O que espera da vida?
Só drogar-se? Não sei.
No entanto, chorei muito no momento que, intuídos por nós, os médicos descobriram o porquê das convulsões do bebé e lhe aplicaram uma injecção sedativa.
Senti-me condoído por aquele espírito que pedira para vir à Terra prestar exame e que era maltratado por muitos egoístas, que diziam estar curtindo a vida.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 04, 2020 7:26 pm

O bebé, roxo de tanto gritar, foi ficando quieto e nós, que presenciamos a cena, defrontamo-nos com outra bem lamentável:
a jovem, na ausência dos médicos encarnados, acendera tranquilamente o baseado, sem respeitar a criança a seu lado, que agora dormia por haver recebido o que precisava.
A consciência é um riacho onde muitos estão jogando seus detritos.
Queira Deus que o remorso não chegue tarde demais.
Eu oro pela paz desses desesperados.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 04, 2020 7:27 pm

CAPÍTULO XXII - [b]MAIS UMA VITIMA/b]
Saí de perto dos outros sem conter minha tristeza.
É difícil para um espírito recém-desencarnado divisar diante de si a Terra com suas violências, principalmente quando nela encontramos muitas pessoas que amamos, desvalorizando a encarnação presente.
Não sei quanto tempo ali fiquei, sendo despertado por Karina.
— Luiz Sérgio, você nos acompanha?
— Sim, querida irmã. Aonde iremos?.
— Enoque ainda não determinou.
Fomos até ele e quando nos viu, sorrindo-me, interrogou:
— Frade, o que está te acontecendo?
Ainda não te acostumaste?
— Confesso, Enoque, que a cada dia fico mais preocupado; o homem está correndo atrás de algo que nem ele sabe o que é.
Enquanto não encontra, vive batendo a cabeça nas pedras da dor.
— Tens razão, Luiz e o problema não é só dos jovens; hoje em dia existem muitos coroas viajando.
Dali saímos, dirigindo-nos a um colégio e à medida que nos aproximávamos, íamos percebendo a vibração pesada.
Um encarnado talvez quase nada notasse, porém, atento, veria muitos jovens, já cedo, drogados.
Tentávamos impedi-los de entrar nessa, mas confesso que ali muito pouco pudemos fazer.
Vimos um garoto de doze anos vapor — traficante de pequenas quantidades de maconha.
Com que desembaraço ele passava a droga!
Enoque aproximou-se.
Notamos por sua expressão que algo acontecia ao garoto, pois o medo tomou conta dele.
Olhava assustado para todos os lados e foi nesse momento que a polícia o pegou.
Uma correria.
Todos alarmados.
Droga jogada fora para não haver flagrante.
O garoto, desesperado, gritava pelos pais.
Os policiais o revistaram e com que carinho Enoque o livrou de ser flagrado como traficante.
Ele foi indiciado como dependente.
Como chorava!
E eu com ele, até que o Carlos me chamou à realidade.
— Luiz, esse menino foi salvo agora.
Com essa idade, já iniciado no vicio através do tráfico, logo entraria na heroína.
Esses casos são terríveis.
Eles passam cada vez mais a droga, para também se abastecerem.
Foi um alvoroço no colégio.
Os professores não acreditaram que aquele garoto fosse viciado e nem desconfiavam que já era um astuto traficante.
Os nossos médicos ali ficaram, pois muitos precisavam de ajuda.
Eu, Enoque, Karina e Alice nos dirigimos ao distrito policial, onde o menino seria interrogado.
Não demoraram a chegar os pais que, furiosos, acompanhados de advogado, tachavam a polícia de injusta.
Não sabiam que aquele aperto seria óptimo para o menino.
A mãe, abraçada ao filho, chorava bastante.
Eu já estava desanimado, quando o pai se aproximou com fisionomia fechada, após uma conversa com o policial, e disse:
— Hoje eu te tiro daqui, mas da próxima vez te deixarei preso.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 04, 2020 7:27 pm

Sei que a polícia está certa, vou cumprir com a minha obrigação de pai, mas, se eu aqui for chamado novamente, direi:
não conheço este cidadão, o meu filho está morto!
A mãe olhou para o marido furiosa, mas eu o abracei.
Aquelas duras palavras seriam óptimas para aquele fedelho.
E assim nós os vimos voltar para casa e tenho certeza que este garoto tudo fará para deixar a droga pela vergonha que passou. Além do mais, percebi que o pai tudo faria para ajudá-lo.
Muitos outros ali estavam; uns, bem jovens; outros, bem experientes, mas perto deles nós nem chegamos, porque outra turma tentaria mostrar-lhes Jesus.
— Será que o menino vai sarar? — perguntei a Enoque.
— Acho que sim, ele está arrasado.
— Quer dizer que uma cadeiazinha de vez em quando até que faz bem, hein?
— Quando o cara tem carácter, sim.
Caso contrário, começará a fazer turismo nas delegacias, principalmente se os pais o defenderem, sempre julgando-o inocente e injustiçado.
— Mas, Enoque, você mesmo diz que os jovens estão sem amor!...
— Sim, Luiz, a cada dia presenciamos os casais tratarem seus filhos de maneira muito cómoda.
As crianças quase já nascem nas creches, mas nem por isso devem ser esquecidas.
Vemos casais reclamando porque nos fins-de-semana as crianças estão em casa.
Deviam procurar um divertimento para toda a família.
Hoje em dia os filhos estão sendo criados sem amor e quem prescinde desse fortificante?
A primeira turma que lhes oferecer atenção fará deles prisioneiros. Aos pais que ficam longe dos filhos diremos:
— Nas poucas horas de convívio, não queiram compensar as de separação.
O seu filho precisa ser educado e só o amor disciplinado o faz.
Presenteá-lo com jogos electrónicos e passeios internacionais, nada irá resolver.
Os seus filhos necessitam do seu exemplo e nós esperamos que ele seja um homem que cumpra com o dever de chefe de família.
— Enoque, nós que trabalhamos nesse sector de auxílio aos jovens temos presenciado mães serem agredidas pelos filhos, que as chamam de ignorantes.
Qual é a causa?
— Fraqueza dos próprios pais que estão falhando como educadores.
Não é a passividade que vai fazer com que os filhos os amem.
0 respeito se consegue através da coragem, da verdade e da disciplina.
Ninguém conquista o outro com mentiras e fraquezas.
Eu sempre digo:
não mintam para seus filhos, muitas crianças aprendem a mentir com os pais.
— Como é difícil educar um filho!
— Sim, é muito difícil educar alguém, porque poucos somos educados.
— Essas mães que brigam com vizinhos por causa dos filhos, embora os conhecendo bem, sabendo-os insuportáveis?
— A criança normal, às vezes, também se excede e perturba os adultos.
Muitas vezes trata-se de factos normais.
Existem crianças que praticam actos de vandalismo, e os pais que os acobertam estão doentes e são irresponsáveis, porque se Deus colocou um ser em seus braços para ser educado, é porque ele necessita dessa educação.
Negligenciá-la é jogar o filho na escola do mundo e esta é cruel por demais, porque bate, mata e aleija sem piedade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 04, 2020 7:27 pm

Portanto, se o filho aborrece o vizinho, não tenha orgulho, vá até ele e peça desculpas; eduque o seu filho, ele precisa se relacionar com a sociedade, porque faz parte dela, mesmo ainda sendo bem pequeno.
Se a vizinha vier reclamar e você achar que ela não gosta do seu filho, não se altere, procure a razão de tudo e você encontrará.
Hoje você pode brigar com a rua toda, mas amanhã você não poderá ir contra as leis da sociedade.
Comece hoje mesmo a mostrar ao seu filho o valor do carácter.
Disse-me-disse de vizinhos faz muito mal para a educação de uma criança, principalmente se ela é agressiva e mal educada.
— Enoque, não é fácil ter a responsabilidade de um lar, não é mesmo?
Ele apenas sorriu.
Nesse momento fomos chamados; algo sério acontecia em um apartamento e para lá nos dirigimos.
As acomodações eram bem pequenas.
Quatro jovens se drogavam.
Sentados no chão, aplicavam pico.
A cena deprimente de sempre.
Um deles, muito magro, olhar profundo, sem camisa:
era de quem precisávamos cuidar.
Este jovem viera à Terra em tarefa e a cada dia se entregava mais ao vício, já sendo dependente da heroína.
Deitou-se no chão, retorcendo-se.
— Por que, Enoque, ele está assim?
— Espere um pouco.
Não aguentando mais, Leandro procurou os objectos: seringa e colher.
Esquentou a heroína e se picou.
Ficou imóvel, como fora de si.
Tentamos reanimá-lo, mas pouco a pouco foi como que adormecendo, olhar perdido no tempo.
Era mais uma vítima da droga.
Enoque, muito triste, lamentou:
— A heroína interrompe mais uma encarnação.
Chegamos tarde, muito tardei...
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 04, 2020 7:27 pm

CAPÍTULO XXIII - TRISTES REALIDADES
0 corpo do jovem continuava estirado no chão, ainda com a seringa no braço.
Quando os outros três perceberam que Leandro não estava bem, jogaram água em seu rosto.
Pobres coitados!
Não queriam enfrentar a realidade:
era mais um deles que deixava o corpo físico violentamente.
Isaac interrompeu o nosso silêncio:
— A carne é um fardo de prazer ou de dor.
Se o espírito que dela se utiliza não for forte, ver-se-á prisioneiro das suas necessidades, e só dará conta disso se acontecer deixá-la, por mau uso.
E aquele jovem, chamado Leandro, à nossa frente, sofria agora como espírito.
A sua viagem custou-lhe muito caro.
Terá que pagar ceitil por ceitil a negligência para com a sua indumentária física, que ali se debatia repleta de fluidos vitais.
O seu espírito, completamente dementado, era sugado por entidades ainda dependentes da droga que, coladas a ele, pareciam urubus na carniça.
Enoque interveio com a sua experiência, dando alívio ao espírito de Leandro que, asfixiado, tentava se livrar dos verdugos.
A overdose é tão forte que faz com que o espírito demore muito a sair do torpor.
Leandro, ao injectar a droga no seu organismo, rompeu o cordão fluídico bruscamente.
O abalo se compara a uma queda do décimo sexto andar de um edifício.
O cordão fluídico que liga o perispírito ao corpo é estraçalhado, portanto, se o corpo físico sofre violência, mais ainda o perispírito.
Leandro, um jovem que tinha pela frente sessenta e oito anos a serem vividos, agora jazia diante de nós, lutando para compreender por que o prazer sonhado com a droga não se estava completando.
Tentou buscar a seringa para nova dose, porém suas mãos não lhe obedeciam.
Pensou: Deixei a seringa no braço e o sangue coagulou na agulha.
Por isso não consigo retirá-la."
No mesmo instante em que tinha ideias precisas, divagava.
Ia-me retirar, todavia Alice me deteve:
— Vamos, Luiz, até o fim.
O leitor precisar saber de tudo, principalmente aqueles que desconhecem o mundo de hoje, isolados em seus lares, sem enxergar ao seu redor o quadro inquietante e cruel dos drogados.
— Então vamos socorrê-lo?
— Não, Luiz, Enoque não pode retirá-lo agora daqui; só iremos aplicar-lhe passes e dispersar os espíritos doentes que estão querendo se aproveitar dele.
O socorro far-se-á mais tarde.
Enoque empregou alguns métodos de assistência a esses casos, porém, o espírito de Leandro ia tornando-se lodoso, fisionomia de desespero; seu cérebro, enegrecido, falhava a cada minuto, transformando-o em um ser mentalmente desequilibrado.
— Enoque — perguntei — se Leandro, ao tomar as picadas, teve desencarnação violenta, por que ainda tem preso o perispírito ao corpo físico?
— Rompeu-se a ligação corpo físico-perispírito, mas não totalmente.
Se você examinar melhor, notará que o cordão se esgarçou, mas permanece ligado ao corpo.
Ele ainda vai penar muito para libertar-se.
— Meu Deus, não me diga que sentirá o frio da geladeira do IML, o velório com velas queimando e a prisão no túmulo?
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 05, 2020 7:57 pm

— Sim, Luiz, agora ele vai iniciar o processo de desencarne lento.
É como um parto difícil, onde o feto sofre e muito.
— Não podemos ajudá-lo? — indaguei ao Carlos.
— Infelizmente só Leandro poderá cuidar de si.
Ele é o dono dos seus corpos e precisa-aprender a respeitá-los.
Ainda olhei para trás.
O espírito de Leandro se debatia junto ao corpo cadavérico, onde os hematomas das picadas transformaram-se em nódoas marcantes no perispírito.
— O que podemos fazer para alertar alguém que hoje se inicia no vício?
— Confesso que não sei — respondeu Enoque.
Ontem, eu julgava que aconselhando bastante, mas muitos jovens que tiveram contacto comigo, aos quais apresentei o Evangelho de Jesus, e que diziam me amar, tiveram a coragem de procurar na droga o seu mundo, deixando tudo para trás, e ainda dizendo que eu nada sei, que exagero quando digo que o lança é nocivo ao cérebro e ao coração, que loló — mistura caseira — é o começo de uma longa estrada de tombos e desrespeito a si próprio; que não estou com nada; que qualquer droga é um barato.
Portanto, Luiz, se os próprios jovens que vivem na Doutrina e lêem os livros espíritas ainda procuram prazer no tóxico, que podemos esperar dos outros?
— Enoque, sinto-o cansado, ou melhor, desiludido.
— Não, meu amigo, apenas realista.
Se antes, ao abraçar um jovem, eu julgava que lhe indicando o caminho ele teria coragem de caminhar, hoje, bem mais vivido, sei que ele só irá ao encontro de Jesus se de facto o desejar.
Estamos sempre ao lado dos que precisam, mas não podemos realizar milagres.
Só não entrará na droga quem tiver força para dizer não.
Actualmente, muitas meninas pegam droga, não só os rapazes.
Assim falando, afastou-se de Leandro, e nós o acompanhamos. íamos socorrer uma mulher que gritava desesperadamente:
o filho, desejando drogar-se, mas sem dinheiro, apertava a garganta da mãe, exigindo que lho desse para adquirir a droga.
Um quadro constrangedor.
Quebrando tudo na casa, gritava que nem um bicho; as irmãs já haviam apanhado, agora ele tentava matar a mãe.
Enoque enlaçou-o com vibrações e ele foi afrouxando as mãos.
A pobre senhora, apavorada, saiu correndo pedindo ajuda.
E ali, ao lado daquele doente, assisti com que desespero a equipe médica tentava evitar uma tragédia.
0 dependente sem a droga tem a sua mente bloqueada, ficando fora de si, e, nesse estado, muitos têm assassinado os pais, os amigos e causado outros malefícios.
0 dei frio é tamanho que são transformados em monstros.
Nada lhes interessa nesse momento, só a sua dose.
Sara ligou um dos seus aparelhos e vimos as células nervosas do garoto: nem pareciam ser as de uma criatura humana.
A dependência é tanta que o viciado só ama o seu vício.
Ele não considera pais, irmãos, amigos, nem namoradas.
Portanto, são uns mortos-vivos.
0 ideal de sua vida se resume em seringas descartáveis, rodadas de coca é noitadas de embalo.
Eles não têm tempo de olhar a fisionomia dos pais, já cansados das lutas da vida;
não amam a pátria, porque em suas mentes a bandeira do país é escura; nem sabem o que se pensa na política, no desporto e nas artes; se sabem, não participam porque são doentes, prisioneiros do vício.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 05, 2020 7:58 pm

A mãe, com a cena apresentada pelo filho, sentiu-se mal, pediu socorro à vizinha, mas ainda defendeu o garoto.
Outros casos graves já presenciamos e ninguém ficou sabendo.
Um viciado matou a mãe, apenas porque queria dinheiro.
Você, leitor, muitas vezes, ao ler este livro, irá dizer:
"Os raiozinhos de sol exageram!"
Mas é a pura verdade.
Presenciamos muitos irmãos nossos sofrendo; uns, trapos humanos, outros, por sentirem o fracasso dos seus entes queridos.
As clínicas psiquiátricas estão repletas de pais que levam os seus filhos abobalhados para tratamento, sem esperança de vê-los recuperados.
Existe tudo isso ao redor de cada um de nós, como este caso desta mãe, quase estrangulada pelo filho e depois acometida de um ataque cardíaco, e muito mais.
Há dias fomos socorrer também uma senhora baleada pelo filho, porque esta lhe negava dinheiro para comprar droga.
Outras mães e pais são levados ao desespero.
Muitas mães, por maldade e loucura dos filhos doidões, são obrigadas a se drogar.
£ uma realidade dura de enfrentar, mas que não pode ser ignorada por todos.
Se nos uníssemos em uma só prece de amor, teríamos soluções para tanta desventura.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 05, 2020 7:58 pm

CAPÍTULO XXIV - A INÚTIL PROCURA
Sara e Karina dialogavam e interferi na conversa.
Dizia Sara:
— Ninguém pode imaginar os dramas provocados pela droga.
Em certas cidades ela está tão livre que se fuma abertamente.
A droga é oferecida como se fosse cigarro comum.
— E as autoridades, por que se omitem?
— Elas não se omitem, Luiz, mas o consumo está ficando tão grande que se torna quase impossível contê-lo.
— Meu Deus, até quando iremos presenciar a juventude sendo corroída por um vício?
— Poucos hoje não usam droga e a cocaína está se infiltrando no mercado, tornando-se a causa do aumento dos roubos.
Quem é rico pode manter o vício caro da coca, mas quem não tem condição apela para meios mais fáceis e aí inicia a depenar carros ou puxá-los.
Enoque juntou-se a nós.
Senti que ele estava preocupado, mas nada perguntei.
Foi então que nos convidou a irmos mais adiante, onde um grupo se reunia em uma festinha.
O lugar era muito bonito, a grama bem verdinha, flores, enfim, um belo jardim.
Admirando-o, pude notar que vários casais ali conversavam.
As meninas lindíssimas, desde quinze anos de idade.
Mas, à medida que foi passando o tempo, pude observar a desmoralização da mulher:
as jovens se abraçavam ora com um, ora com outro, sem o mínimo constrangimento.
Ali ficamos, tentando ajudá-las, mas a cada momento crescia o desrespeito à alma.
Seguimos Enoque.
Uma garota conversava com o namorado e notamos que o jovem só desejava aproveitar-se do corpo da menina.
Karina tentava fazer a garota compreender o valor do relacionamento homem-mulher.
A conversa do rapaz era insistente, pois desejava de maneira grotesca conquistar a garota, utilizando até ameaças.
— Se você não quiser ser minha, eu me mando!
A menina, ingénua, estava quase cedendo.
Enoque foi-se retirando.
Aproximei-me do rapaz e ele sentiu um arrepio.
Falou, então, para a garota:
— Veja, estou ficando nervoso.
Você está me desequilibrando!
Continuei me acercando dele.
Sara, apreensiva, não me aprovava.
Karina me chamou, dizendo:
— Luiz, vamos com calma.
Eu pedia tanto a Maria de Nazaré que o fizesse desistir da agressão, que ele levantou cambaleando, dizendo estar se sentindo mal.
A garota, toda apaixonada, amparava-o.
Ele dizia:
— Gozado, só bebi um copo de vinho e me sinto com náuseas e tontura.
Preciso ir ao médico.
E eu ali colado com ele.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 05, 2020 7:58 pm

Qual foi a minha surpresa quando ele enlaçou a menina, dizendo:
— Hoje eu vi que te amo.
Não adianta eu ficar forçando a barra, estou sendo muito burro.
Fica comigo sim?
Sara e Karina, que estavam assustadas, sorriram contentes, e eu aí me dei pela coisa:
será que era lícito tal atitude minha?
Esperava pelas consequências, mas me sentia feliz.
A garota, mesmo amando o rapaz, não conseguiria ficar em paz se fosse violentada.
— Karina, o que está acontecendo com as jovens?
— Não sei, mas que elas estão se vendendo muito barato, isso estão.
— Veja quantos casos nós presenciamos de meninas sendo usadas por simples capricho.
E elas se dizendo liberadas!...
Que liberdade é essa que toma o ser prisioneiro de si mesmo?
— Luiz, a liberdade sexual é um facto.
O que ontem era tabu, hoje a sociedade aceita livremente.
— Certo, Karina, mas isso se o ser se sentisse livre.
Mas nós, que trabalhamos com os jovens, bem sabemos que poucas meninas encaram com naturalidade a situação que vivem.
E a cada romance vem o medo de ser repudiada ou mal compreendida.
Uma mulher, para assumir a liberação, precisa estar financeiramente segura, não ficar esperando casamento, possuir dignidade.
A mulher ainda não conseguiu se impor como espírito; ela, julgando-se emancipada, está cada vez mais se desvalorizando ao tentar se igualar ao homem, no ponto onde ele mais falha: o sexo.
Uma mulher inteligente é dona do seu corpo, ela não o coloca na vitrina da vida, para ser remarcado em liquidações constantes.
O ser que não se respeita não é respeitado.
Portanto, a liberdade do espírito só é conseguida se compreendermos melhor o amor e por ele lutarmos.
Karina e Sara me ouviam em silêncio, quando Benigno chegou narrando-nos o atendimento a um casal.
0 jovem se picara e tentava convencer a garota, já viciada em maconha, a fazer o mesmo.
Ele e Isaac tentaram de todas as maneiras evitar o facto.
— E conseguiram?
— Sim, graças a Deus.
Enoque levou até eles o irmão da menina, também viciado, mas que hoje evitou a iniciação da jovem no pico.
— Você diz hoje, então amanhã ela poderá entrar nessa?
— Vamos orar para ver se a família consegue despertar e nos ajudar.
— Desculpe-me, mas existem muitos pais adormecidos, principalmente os dessas meninas.
Será que eles não percebem o drama que elas vivem?
E essas festas em casas de família, onde a droga, o sexo e a bebida correm soltos?
Retiramo-nos e ainda olhei para trás.
Um quadro muito triste, composto de meninas e garotos brincando de amor, por falta de conhecimento deste sublime sentimento que fez Deus criar o Universo, dando vida aos seres:
amor — sentimento que jamais se extingue quando é nascido de uma fonte de respeito pura e cristalina.
Andamos apenas alguns quarteirões, e já nos aproximávamos de outro local.
Lá, encontramos vários jovens, filhos de pais espíritas, muitos deles nossos conhecidos.
Fiquei bastante preocupado.
Estes jovens, mesmo já tendo noções da Doutrina, estão levando uma vida igual aos outros, que desconhecem a imortalidade da alma.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 05, 2020 7:58 pm

Vi meninas puxando fumo e uma delas muito apreensiva, julgando-se grávida.
E o namorado, na dele, cheio de tóxico, alheio ao drama do medo que a garota estava vivendo.
Todos eles conversavam sobre sexo e droga, misturando na conversa filosofia oriental.
Espiritismo e outras seitas — uma salada bastante apimentada.
Assustei-me.
— Por que o susto? — perguntou-me Enoque.
Eles estão tentando sair da lama onde entraram.
Muitas vezes o homem necessita cair para levantar; o mais certo seria a gente aprender sem apanhar.
Este grupo se julgou apto a aprender todas as filosofias da vida, fugindo dos ensinamentos do Cristo, que conduzem o ser à humildade, sem perda do seu universo íntimo.
Alice perguntou a Enoque:
— Eles são espiritualistas?
— Não, eles são eles mesmos.
Não vamos confundir religião com fraqueza de carácter.
— Mas eles se julgam como tais!...
— Sim, mas muito afastados dos preceitos evangélicos.
Chegaram à fonte, mas ainda não souberam a maneira certa de beber a água pura do conhecimento.
Esses jovens, ao adentrarem a casa espírita, em companhia de seus pais, ou sozinhos, entusiasmaram-se por demais e se julgaram donos da verdade. Iniciaram a busca de conhecimento e os livros eram lidos sem critério; assistiam todos os encontros espiritualistas.
Estas mentes, ainda enfraquecidas por quedas pretéritas, viram-se adultas de repente.
E então a Doutrina foi colocada de lado.
— Enoque, você, quando encarnado, nasceu no Oriente, e vejo esses jovens fascinados por tudo o que se refere às coisas orientais...
— Meus amigos, se cada ser procurasse olhar ao seu redor, descobriria a cultura do seu próprio povo e com ele, junto a ele, encontraria a resposta para as suas indagações.
Buscar no velho Oriente a fuga para as suas neuroses é afundar-se nelas.
Não se aprende uma filosofia milenar apenas com alguns estudos ministrados precariamente.
Além disso, se você nasceu no Ocidente, procure aprofundar-se na sua cultura, porque há dificuldade de nos adaptarmos a novos costumes sem estarmos lado a lado com seu povo, principalmente os mais sábios.
Existe muita mistificação por aí; repare que muitos médiuns só dizem receber espíritos orientais com turbantes e pedras preciosas.
Mas trabalhadores da Falange de Maria jamais usariam esses trajes, pois iriam contra a simplicidade do nosso trabalho junto aos maltrapilhos.
Os orientais da Faculdade de Maria respeitam o Evangelho de Jesus e batalham pela Doutrina Espírita, onde a Verdade é o Caminho da Vida.
Estes jovens, que ainda se encontram sem rumo, devem primeiro procurar conhecer as obras básicas para depois decidir se são espíritas ou espiritualistas, porque, se continuarem a viver nessa mistura, logo estarão loucos, como levados foram ontem à loucura.
Veja o quadro à nossa frente; meninos ainda e já desiludidos da vida, e outros completamente sem rumo.
A Doutrina não lhes oferece os elementos que eles desejam.
Ela é muito sublime para uma mente materialista compreender de pronto.
Sempre dizemos: é preferível ser um bom católico, um bom iogue, a ser um péssimo espírita, pois a responsabilidade é bem maior.
O espírita deve estar ciente de que ele chegou até a biblioteca divina e diante dele surgiram todas as realidades, que no ontem eram encobertas pelo véu da letra.
Chegar ao tesouro e proceder como pirata é prender-se nas grades da obsessão.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 05, 2020 7:58 pm

Considero muito sério o caminho espírita; se desejarmos desvirtuar os seus ensinamentos, devemos estar preparados para os desequilíbrios que ocorrerão em nós.
— Puxa, Enoque, dá pena ver essas crianças procurando não sabemos o quê.
— Muitos deles terão a chance de se reequilibrar, mas está neles a cura.
Se continuarem presos no misticismo, apegados aos símbolos, dificilmente se verão livres da própria mente.
— E isso ainda se dá entre as pessoas que estudam a Doutrina?
— A leitura também precisa de orientação, porque é muito perigoso desejar se aprofundar em bases alheias à doutrina que dizemos professar.
— Não é bom, Enoque, ler de tudo e depois tirar a média?
— Isso se você já tiver um alicerce de fé bem firme, senão ver-se-á alienado, sem saber que direcção tomar.
— Eu prefiro ficar com Deus, as Suas leis são sábias.
Dizia-me um amigo:
que queimem todos os livros até as Escrituras, mas quem irá me convencer de que o homem seja capaz de dar vida a um ser, colorir a natureza?
Só Ele, o Pai de tudo e de todos.
Só Ele tem o poder de guiar; portanto, se nós O respeitamos, respeitados sempre seremos.
Assim, deixamos aquele grupo de jovens que se encontravam à procura de um ídolo, esquecidos de procurar em si mesmos o maior deles: Deus.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 05, 2020 7:59 pm

CAPITULO XXV - UMA FAMÍLIA SEM CRISTO
Nosso grupo, orientado por Enoque, pôs-se a caminho de um colégio, onde se realizava uma festa.
Lá chegando, sentimos a beleza da juventude, com suas risadas e alegrias.
Muitos daqueles jovens nem por um momento imaginavam que um dia viessem a envelhecer.
Brincavam com a vida.
Aproximamo-nos de uma garota de seus quatorze anos, que narrava para as colegas o seu drama:
não suportava a mãe e estava louca para sair de casa.
Ouvimo-la contar as suas brigas familiares, mas o namoradinho se aproximou e os dois se afastaram.
Nós os acompanhamos e de repente estávamos diante de dois jovens puxando fumo.
Confesso que eu não via motivo para um grupo ficar ali assistindo a cena tão rotineira, e de braços cruzados.
Enoque aplicava passes nos dois.
Eu lhe perguntei o que pretendia fazer em favor do casal..
— Luiz — explicou — esta garota é adoptada, e há pouco tempo descobriu o facto.
Como todos nós somos velhos espíritos, na presente encarnação a garota foi rejeitada no ventre e esta rejeição a marcou tanto que transferiu o ódio para a mãe adoptiva, vendo nela a mulher que não a soube amar.
Desconta na única amiga que tem — a mãe — as suas neuroses, chegando a agredi-la fisicamente, como se fosse a mulher que ela não perdoa.
— Por que a mãe adoptiva não lhe contou tudo?
— O certo é contar quando em criança mas, mesmo sabendo, os adoptados geral mente são agressivos, precisando muito de amor e carinho.
— Enoque, então não é bom adoptar uma criança?
— Luiz, é uma bênção, mas desde que os pais o façam conscientes de que ali está um ser em evolução e não bonecos para serem admirados pelos amigos e parentes.
Muitos casais adoptam pensando salvar casamento e uma criança nessa casa não vai encontrar um lar.
Será tão infeliz como se vivesse na sarjeta.
Para adoptar uma criança, a mulher precisa ser equilibrada e corajosa, não ficar fazendo cobranças de um ser ainda fraco com frases como esta:
"Eu te criei e não és reconhecido".
Os filhos da carne são carne, os filhos do espírito são eternos.
Mas a encarnação nos oferece a oportunidade de todos nos tornarmos irmãos.
Quando a garota se propôs a voltar ao seu lar, eu, Enoque, Karina e Alice a acompanhamos, deixando os outros em trabalho no colégio, e não era pouco: ali a coca já estava fazendo as suas vítimas.
Ao chegarmos na casa de Soraia, encontramos a sua mãe na cozinha:
a garota, mesmo vendo a senhora muito atarefada, rumou ao seu quarto para ouvir música, sem dar importância à mãe.
E nos poucos momentos em que se dirigiu a ela foi gritando, chamando-a de imbecil, de ignorante e de louca.
A senhora, ainda jovem, tudo fazia para agradar a filha e esta chegou a dizer que sentia vergonha da mãe.
Virei-me para Karina e desabafei:
— Mas também esta senhora não sabe educar!...
Será que ela está confundindo amor com covardia?
Nem terminei de falar e a garota voou para cima da mãe, enfurecida, porque lhe fora pedido que baixasse o som.
Chegou mesmo a empurrá-la.
Carolina indignou-se mas não agrediu a filha.
Por mais que tentássemos acalmar Soraia, ela e seus amigos desencarnados transformaram a vida de Carolina em um inferno.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 05, 2020 7:59 pm

Perguntei a Alice:
— Por que ela não conversa com a garota?
— E, Luiz, muitas vezes nós não estamos preparados para assumir compromissos e não sabemos como executá-los; o compromisso materno exige da mulher muita força.
Ali ficamos, tentando fazer Soraia ter um gesto de amor por Carolina, mas esta continuava a dizer, gritando, que odiava a mãe e sentia vergonha dela.
— Como vai acabar esta história?
— Muito fácil, Karina, Soraia vai apanhar da vida de uma maneira violenta.
Já se está preparando: a droga — o primeiro passo; depois as chicotadas da dor a farão reflectir melhor e ela verá que não existem braços mais amigos do que os dos nossos pais, adoptivos ou verdadeiros.
Alcançamos a porta, entretanto tivemos que voltar:
a garota agora agredia a mãe de forma cruel.
Por muito tempo ali permanecemos, procurando reequilibrar aquele lar e, ao sairmos, oramos por todos os lares, principal mente aqueles que hoje vivem em grande desespero, lares onde mulheres são agredidas por covardes maridos e filhos, lares onde crianças são abandonadas mesmo vivendo em belos palacetes.
Sinto que a cada passo o homem foge de Jesus, ignorando-O, por isso a vida está se tornando violenta, uma batalha de cegos, onde homens endurecidos pela matéria correm atrás do ouro, afastando-se da verdade e da fé.
Naquele lar confortável, uma garota fora recolhida por
misericórdia e cuspia naquele rosto cansado pelas noites de insónia, por tantos cuidados a ela dispensados.
Era uma criança ainda e já carregava tanto ódio no coração!
Triste realidade a que nós, espíritos, presenciamos com frequência cada vez maior.
Os jovens, desconhecendo o valor da vida, morrem no mar da ignorância.
Vendo-me calado, Karina falou-me:
— Luiz, os pais também são culpados.
Dão a impressão de que temem os filhos; estes são criados sem orientação alguma, não aprendem a respeitar os mais velhos, não conhecem o Evangelho vivo de Jesus.
São criados para vencer na vida e não para vencer a si próprios.
Percebeste o conforto do quarto daquela menina?
O luxo ali impera, ela foi criada para obter tudo o que deseja e assim está levando a existência.
— Tem razão, os pais estão jogando os filhos para o abismo, criando um mundo onde eles não precisam lutar para obter o que almejam, pois fazem tudo por eles.
Confesso que naquele lar aprendi muito sobre família e dei graças ao Senhor pela família cristã que ensina o filho a se respeitar, para ser respeitado pela sociedade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 05, 2020 7:59 pm

CAPITULO XXVI - OS PRISIONEIROS SEM GRADES
Benigno dirigiu-se a mim, convidando-me a acompanhá-lo.
Despedi-me dos outros e me juntei à equipe médica que visitaria um hospital.
Confesso que de início fiquei preocupado, mas logo que chegamos procurei aproveitar os ensinamentos.
Benigno aproximou-se de uma garota que se mirava no espelho e ajeitava os cabelos.
Junto a ela, vários companheiros desencarnados inseparáveis.
— Por que nós não os separamos, Isaac?
— Luiz, aqui viemos para prestar ajuda, não podendo interferir na vontade de ninguém.
No instante em que os médicos chegaram à porta, os seus obsessores se retiraram, assustados, sem compreender o que estava ocorrendo.
Notei algumas entidades com aparência bem velha. Carlos, sorrindo, esclareceu:
— Não somente os jovens hoje procuram o fumo, no idoso, o vício é mais dominador.
— É mesmo?
Benigno examinou a jovem e notamos a sua mente como que adormecida.
À medida que os médicos a tratavam, víamos a alegria incontida de uma entidade que se aproximava e indaguei:
— É sua conhecida?
— Sim, minha filha!
Quando desencarnei deixei-a com cinco anos.
Criada pela madrasta, nunca se entenderam bem e na primeira oportunidade, colocou-se à frente de grupos os quais poderia liderar.
Foi mudando de colégio, sem se deter em nenhum.
O pai, mais preocupado com os filhos da segunda mulher, foi deixando Elaine tudo fazer e assim a minha menina afundou-se no vício da droga e do sexo.
— E a irmã, não pode ajudá-la?
— É o que venho fazendo.
Hoje está aqui nesta clínica; espero que, com a ajuda dos Raiozinhos de Sol, ela venha a melhorar.
Nisso que conversávamos, deu entrada no quarto dois enfermeiros e um médico encarnados.
Eles a adormeceram e passaram a fazer- lhe perguntas sobre a sua vida; à medida que Elaine respondia, eles iam falando do presente e do futuro, como a gravar em sua mente novos comportamentos.
Os médicos e amigos espirituais, auxiliavam-nos.
Quando Elaine entrou no processo de regressão, notamos que sua fisionomia ia-se modificando.
Como um relógio que voltasse no tempo, a trabalhar velozmente, pudemos ver uma bela mulher dominando um militar e fazendo-o praticar terríveis delitos.
Bem sedutora, levava-o a cometer crimes tenebrosos em nome da pátria.
Depois a vimos no pavoroso serviço de espionagem, preparando essências fortes que forçavam confissões secretas.
Elaine, no passado, abusou dos espíritos que hoje vivem ao seu redor, induzindo-a ao suicídio.
Percebemos que os fluidos dos seus algozes eram semelhantes aos seus; ela, ontem, os dominara, hoje eles eram seus credores implacáveis.
Carlos reequilibrou a mente da garota com aplicação de luzes e, quando ela foi despertada pelos médicos, tinha no olhar uma esperança.
Aquela sessão de tratamento muito ajudou Elaine.
Fiquei pensativo ao notar que, no momento em que recordava o passado, ela mesma relutava em aceitá-lo por não se identificar com a terrível espiã que fora e essa resistência muito a beneficiou, assustando seus inimigos; para eles era como se Elaine não fosse a mesma Elizabeth.
Os médicos espirituais renovaram tanto os fluidos da jovem, que dois dos seus inimigos se retiraram.
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Bem mais calma e por eu estar mais perto, perguntou-me:
— O que você deseja?
Eu não tenho droga, se a desejar, dou um jeito com alguns comprimidos.
Sorri. Ela nem havia percebido que eu era um morto.
Observei o básico — centro de força que se situa na base da espinha dorsal, tendo a função de captar energia vitalizadora, que mantém o nosso corpo; atua sobre a coluna vertebral, sistema nervoso, aparelho renal e reprodutor — a sua cor não estava fixa, oscilava de alaranjado a vermelho, o que me deixou grilado.
A mente humana é um tesouro a que só damos valor quando não mais o possuímos.
Elaine, ali na nossa frente, em seus plenos dezassete anos, era uma mulher vivida, sem esperanças.
À medida que os médicos espirituais e os encarnados dela cuidavam, percebi que muito eu ainda preciso aprender em relação à mente humana.
Depois da regressão, o médico encarnado deu por terminado o tratamento, mas Carlos e os outros continuaram.
Aplicaram-lhe luz verde no sistema nervoso, de baixo para cima; azul na coluna e rosa forte no sistema nervoso central.
Elaine ali ficou, porém os médicos retornariam, esperamos que eles consigam vê-la restabelecida.
Voltei a olhar para a irmã que lutava pela filha e pedi a Jesus protecção para todos nós, ínfimos seres pecadores.
Carlos passou ainda pelo quarto de um jovem também dependente da droga.
Quase sem reflexos, alheio a tudo, ali se encontrava Jorge, vinte anos, completamente fora de si.
— Como pode, Carlos?
Uns tomam picada, aspiram coca, fazem tudo a que se julgam com direito e vivem bastante tempo; outros, com pouca coisa ficam nesse estado!...
— E, Luiz, muitos passam mal com um simples comprimido para dor de cabeça, enquanto outros podem ingerir vários.
Este garoto, bem sensível, não suportou a droga no seu organismo.
Benigno e Isaac o examinavam.
Ele possuía vários sinais no corpo.
Perguntei a causa.
— Simplesmente porque gosta de se martirizar, diz que vai virar santo.
Parece-nos que ele não sente dor e, fazendo isso, procura algo que lhe mostre estar vivo.
— E por que essa dormência em seu organismo?
— Esse jovem está em tratamento, ele adormeceu o cérebro com doses quase fatais de heroína.
Jorge recebia um tratamento especial que o fizera deixar o corpo e, ali na sua veste física, foi feita uma operação, ou melhor, uma troca de energia, e quando eles atingiram o cérebro, constatou-se que várias artérias estavam destruídas.
Ouvi Benigno dizer:
— Aqui só nova encarnação, só os técnicos da Espiritualidade possuem capacidade para trocá-las.
Enquanto eles examinavam o corpo de Jorge, este permanecia um pouco separado, adormecido, já que o seu perispírito também era portador de lesões.
O cérebro de Jorge era dominado por várias mentes que, ao contacto da luz, viam-se encurraladas e se retiravam.
Mas, por quanto tempo?
O crânio — caixa óssea que envolve o cérebro — foi envolto por luzes apropriadas ao tratamento. Isaac jogava energia no tálamo e no hipotálamo.
Depois foram até a medula, onde se demoraram mais. Benigno, com um aparelho, tocou o cerebelo — parte mais volumosa do encéfalo, depois do cérebro, formado por dois hemisférios, direito e esquerdo, com uma terceira parte denominada Verne, que une os hemisférios.
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CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 3 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 06, 2020 7:56 pm

Nessa parte, Carlos colocou uma luz brilhante, dando elasticidade aos músculos do corpo.
Nisso, Jorge foi despertando e parecia se sentir bem.
Quando saímos daquele hospital, percebemos como o Médico dos médicos continua cuidando das almas.
Ninguém está sozinho, em cada leito de hospital.
Ele está presente no carinho e na dedicação dos Seus tarefeiros.
Jorge e Elaine estão sendo tratados, queira Deus que voltem a viver na sociedade a que pertencem.
Até lá, sempre que puder, acompanharei a recuperação deles, na qual deposito muita fé.
Esses são os mortos, jovens prisioneiros de si mesmos.
Como deve ser triste para uma família conviver com, um dos seus nessa triste situação!
Não são mais crianças, pois perderam a ternura e a pureza; não são adolescentes, porque não esperam nada do amanhã; não são velhos, porque nada têm de bom para recordar.
Sim, esses são os mortos que precisam das nossas orações para ressuscitar, saindo do frio túmulo da dependência e ressurgindo dos mortos para a vida, o trabalho, o estudo, agradecendo a Deus a oportunidade que todos recebemos de passar algum tempo na Terra, procurando aprender as lições, sem jamais delas fugir pela porta do precipício.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 06, 2020 7:56 pm

CAPÍTULO XXVII - CORPO FÍSlCO - PORCELANA DE REAL VALOR
Dali nos dirigimos para outro local.
Benigno, muito solícito, examinava uma jovem senhora com ameaça de aborto.
Pela sua fisionomia, pudemos notar que as coisas não corriam bem.
Chamando Isaac, ele logo providenciou a aplicação de luzes, colocando azul turquesa no baixo ventre, azul na coluna, azul claro no baixo ventre e depois verde no mesmo local.
A gestante perdia sangue; rejeitava o filho e o expulsava de dentro de si.
Perguntei ao Benigno o porquê da rejeição.
Ele sorriu:
— Simplesmente porque não o quer.
— E ele deseja ficar junto a ela?
— Ele precisa ficar.
E uma grande chance concedida pelo Pai.
Terminada a aplicação, Isaac e Carlos davam curso a um tratamento de cálculo renal em uma jovem de seus quinze anos que gritava de dor.
Assim foi tratada:
verde na aura, azul na coluna, verde sobre o rim, amarelo também no rim, passando para a cor laranja, e o verde em todo o tórax.
Com isso a garota foi-se acalmando e eu, ao lado dos meus amigos, sentia-me feliz em presenciar a força das cores na terapia.
Outro caso foi o de um garoto que sofria muito de dor no ouvido.
Colocaram azul em sua aura, na coluna e no canal auditivo; dez segundos de lilás e depois azul, saindo do pescoço até o começo da orelha.
Verde em todo o corpo.
Assim assisti ao tratamento cromoterápico.
Esses médicos o usavam através da força mental ou portando pequeno aparelho que emitia irradiação de várias cores, numa rapidez espantosa.
— Isaac — perguntei — vocês visitam sempre os hospitais do plano físico?
— Sim, sempre que necessário.
Fomo-nos juntar aos outros e agradeci aos meus amigos pelo convite tão gentil, que me permitiu constatar a dor daqueles que lutam para viver um pouco mais no corpo físico, enquanto dia após dia convivo com outros que brincam com a vida física, ingerindo drogas e vivendo sem um mínimo de decência.
Todos os encarnados deveriam visitar os hospitais, principalmente os jovens, para se certificarem de que o corpo físico é uma porcelana de real valor, muito frágil e que por mais que tenhamos grandes médicos para restaurá-lo, ele ainda continua necessitando de maiores cuidados e mesmo assim ninguém ainda lhe pode dar vida eterna.
Se todos parassem para pensar nesses factos, no mundo não existiriam tantos sofredores e o homem se cuidaria mais.
Encontramos a turma.
Sara, a querida amiga, dialogava com Enoque, que a orientava em como usar um novo aparelho.
Carlos, um dos médicos, foi convidado por Enoque para examiná-lo e quando o fazia, Isaac chamou sua atenção:
o mesmo possuía uma lente tão compacta que parecia matéria física.
Sara, sorrindo, respondeu:
— Mas claro, amigo, eu o usarei em encarnados!...
Examinei todo o aparelho e confesso que nada notei de especial; também, não é a minha especialidade!
Junto à patota, dirigimo-nos a um apartamento.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 06, 2020 7:57 pm

Pela música estridente, pudemos antecipar o que estaria acontecendo lá dentro.
Entramos.
O ambiente era de penumbra.
Ali se encontravam meninas desde quatorze anos.
O odor muito forte causava-nos um certo mal-estar.
Não se via cigarro comum, todos fumavam maconha.
Logo após começou a rodada de drogas mais pesadas e aí iniciamos o trabalho, a aplicar passes, dispersar energia, conforme o caso, enfim a fazer de tudo enquanto eles se divertiam.
Vimos meninas caídas no chão como que desmaiadas, ou melhor, viajando; um casal de namorados, bem abraçadinho, imóvel, em transe, só que o garoto não se encontrava bem, sua batida cardíaca estava alterada.
Chamei Isaac e ele logo iniciou o tratamento de equilíbrio vital.
A luz amarela fui muito usada, com nuances de rosa.
O garoto foi despertando e ao fazê-lo, preocupado ficou com a namoradinha, tratando de despertá-la.
— Você está bem, querida?
— Muito bem. E você?
— Só me deu um branco, pensei que fosse morrer, acho que exagerei na dose.
Vou me mandar — falando isso, saiu ligeiro.
Seu estômago não estava bem.
A garota o acompanhou.
Sara, que usava o seu aparelho, fez o mesmo.
Desejei segui-los porém desisti.
Logo á minha frente um rapaz de uns trinta anos, picava-se com tanta fúria que quase me desesperei.
Usava cocaína e com que rapidez passava o efeito desta, levando-o a novas picadas!
Um quadro tenebroso.
Fizemos um círculo para protegê-lo, mas a irradiação não o atingia.
Foi quando Enoque dele se aproximou, isto é, da sua mente, magnetizando-o.
Ele entrou em transe, dando aos espíritos condição de adormecê-lo.
Mas — pergunto — até quando?
Logo voltará a se picar e a cocaína é uma das piores drogas.
Ali passamos a noite, uma terrível noite de horror.
Quando de lá saímos, Enoque orou:
"Deus amado, o ser volta-se contra Vós por não compreender a Vossa bondade.
Destruindo-se, está tentando Vos agredir.
Mas, Senhor, todos somos pobres de amor, longe de compreender a grandeza das Vossas obras.
Aniquilando-nos, estamos distanciando-nos de Vós e essa distância torna-nos órfãos da consciência.
Auxiliai-nos, Senhor, a sair do lodo das nossas imperfeições e ressurgir no sol da liberdade, para clarear os nossos corações, porque só eles possuem capacidade de alcançar-Vos.
Senhor, estendei-nos as Vossas mãos mais uma vez para que sejamos dignos do caminho do Cristo.
Ajudai-nos, Pai misericordioso de bondade.
Assim Seja."
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 06, 2020 7:57 pm

CAPÍTULO XXVIII - CURA PELO AMOR
Logo após, fomos ao departamento de socorro aos toxicómanos da Espiritualidade e, com que alegria observei a preocupação de Deus para com os Seus filhos!
Ali, pessoas capacitadas estudam a melhor actuação sobre as autoridades, fazendo-as despertar para o perigo da droga, muito mais perigosa que a bomba atómica, por aleijar a consciência — assim a consideramos.
Enoque, aproximou-se de um médico chamado Henry que, muito gentilmente, levou-nos a uma pequena sala, onde apresentamos o nosso trabalho.
Ele examinava cada ficha e sua expressão denotava que todos os casos eram preocupantes:
— Muito interessante, quando vocês iniciaram este trabalho de socorro, a maconha era uma das preocupações, e hoje, por essas fichas, percebemos que a heroína está ganhando a praça.
— Senhor, perdoe-me a interferência; não existe um método mais rápido de ajudar os jovens a não entrarem nessa?
— Luiz Sérgio, só a família pode ainda fazer alguma coisa.
Ao notar que um filho está iniciando na droga, deve chamá-lo para um diálogo, mudá-lo de colégio, de ambiente, principalmente demonstrar o quanto é amado e importante.
Um dos erros dos pais ao fazer essa descoberta é desprezá-lo, acusando-o de viciado e dele se envergonhando.
Muitas vezes o jovem se sente rejeitado e a droga é utilizada como uma agressão à família.
Os pais precisam dialogar, principalmente mostrar ao jovem que a liberdade é uma conquista, e um viciado é um pária, algemado pela própria fraqueza.
Muitos pais preferem ignorar que o filho consome droga porque é mais fácil ignorar.
— Irmão, inúmeras famílias perguntam o que fazer ao descobrir que o filho é dependente: interná-lo?
— Não, tratá-lo, procurando mostrar-lhe como é triste a gente ser escravo de um vício.
O próprio obeso sofre o domínio da comida; o maledicente é prisioneiro da sua fraqueza, e assim podemos observar que o vício só domina os fracos.
Se seu filho está enfraquecendo, cure-o com a fortaleza do amor.
As mães devem abandonar as futilidades da vida e tudo fazerem para reconquistar seus filhos.
Todos nós jamais deixamos de ser crianças, e quem fica indiferente a um olhar de amor?
No que, aliás, as mães são mestras!
— Muitas vezes os filhos nem desejam ouvir os pais e aí devem ser levados à força ao tratamento? — interrogou Sara.
— Não. Se eles forem obrigados jamais se libertarão; é fundamental que se tratem por livre e espontânea vontade.
O espírito é que precisa curar-se.
O homem necessita se descobrir; ele é o dono da sua vida e para tomá-la mais digna precisa se ver livre das drogas e voltar a ser ele mesmo.
— Como devem agir os grupos religiosos?
— Muito simples.
Falemos aqui da Doutrina Espírita, que é a verdade divina e que deve respeitar o livre arbítrio.
Os espíritos e os espíritas não devem amedrontar ninguém, ameaçando com umbral ou com castigo; devem, sim, oferecer o remédio amigo que tranquiliza — o Evangelho.
O jovem viciado necessita principalmente de pessoas fortes e de verdades que o façam considerar-se digno de si próprio.
Ao deixar a droga, deve sentir-se livre, e se uma seita religiosa aprisioná-lo no medo, ele terá deixado um mal por outro.
O viciado tem que se conscientizar de que é uma energia em crescimento e que nada pode dominá-lo, muito menos algo como a droga.
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Pouco a pouco ele vai se percebendo útil e o melhor remédio para um dependente é se sentir importante para alguém, porque enquanto viciado tudo gira em torno das suas necessidades.
— Notamos que vários toxicómanos se agarram nos líderes religiosos para se verem livres de drogas, é certo?
— Eles precisam deixar de ser dependentes através de uma fé raciocinada.
E quando algo nos domina, enfraquece-nos, o que é errado.
Deus nos criou livres e livres precisamos viver para o trabalho.
— Sabemos que muitos jovens deixam o vício e trabalham na recuperação de outros viciados.
— Sim, a psicoterapia específica é de grande valor para o jovem recuperado.
Vocês, espíritos que trabalham na Crosta da Terra, devem orientar os espíritas para o tratamento livre aos viciados, sem ameaças e sem permitir que eles os adorem como se fossem gurus.
Sejam amigos.
Façam-nos se reencontrarem para que deixem o vício por descobrirem que são mais fortes que ele e não por medo dos espíritos.
A Doutrina Espírita é um raio de luz no imenso caminho de Jesus, e nós, os espíritos, meros companheiros de caminhada.
Portanto, sejamos amigos e não opressores.
Na Terra já existem tantos que só desejam oprimir!...
Por que nós, espíritos livres do jugo camal, vamos proceder da mesma forma que os fracos de amor e fé?
Sejamos amigos leais dos que sofrem, companheiros que respeitam as fraquezas do seu próximo, orando pela paz de todos.
— Ainda uma pergunta — falei — a maconha, então, já era?
— Assim muitos pensam — respondeu sorrindo — mas a maconha infelizmente continua aí; é a grande iniciadora dos menores e como lhes faz mal!
Um jovem dependente da maconha pode ser bastante afectado sexualmente.
E ela é a preferida das crianças, o primeiro passo, o primeiro tombo.
Portanto, nós, do departamento de ajuda aos toxicómanos, consideramo-la tão perigosa quanto a heroína; ela é o começo, a heroína o fim.
Desse modo são nocivas ao ser que precisa crescer espiritualmente.
— Droga é droga, da pesada ou não.
Ele me sorriu, continuando:
— Tudo o que bloqueia a mente é prejudicial.
As falhas mentais causadas por tranquilizantes são por demais nocivas ao espírito.
Um simples xarope para crianças pode causar lesões futuras ou dependência.
A mente humana é um lago plácido e belo que se dirige para o mar eterno da felicidade, mas a ignorância o profana a cada minuto, atirando-lhe toxinas de ódio, revolta e prazer descontrolado.
A droga bloqueia a mente de tal maneira que o seu consumidor perde a vontade de viver em sociedade e volta à condição de animal irracional, tal o seu bloqueio mental.
Enoque ainda ficou ali, mas nós nos despedimos.
Confesso que gostaria de ter feito mais perguntas, porém saí cantando, junto aos outros esta música que fiz para as crianças, pedindo-lhes para não entrarem nesse mundo de medo, mentira e ódio.

CRIANÇA QUERIDA
Criança querida
Que brinca de roda
Criança crescida
Vivendo na moda
Criança tão minha
Crescendo depressa
Criança moderninha
Não entre nessa
Seja alegre, contente
Sonhando acordada
Seja gente
Alma elevada
Não queira correr
Ligeiro demais
Saiba viver
Em paz.
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