LUZ ESPÍRITA
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Página 2 de 4 Anterior  1, 2, 3, 4  Seguinte

Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 01, 2020 8:03 pm

As campanhas Auta de Souza estão nas mãos da juventude, o que é muito certo, pois não existe Doutrina sem Caridade — isso não sou eu, Enoque, a falar — Allan Kardec se preocupou tanto com a vaidade dos homens que colocou a caridade no Evangelho Segundo o Espiritismo, em dois capítulos; e ainda existem Centros cujos dirigentes apregoam que a caridade não deve preocupar a Doutrina e sim os estudos do Evangelho, olvidando que não existe fé sem obras.
Templos frios e luxuosos na Terra existem demais.
Jesus Cristo fez a sua Igreja no Seu coração, distribuindo amor para os doentes da alma.
Desejar transformar o terceiro chamado em uma pálida luz e colocá-la debaixo do alqueire é voltar às origens pretéritas quando, ostentando vestes luxuosas, julgávamo-nos donos da verdade.
A caridade é o alicerce da Doutrina Espírita, onde não existem sacerdotes, apenas corações entrelaçados, onde todos somos irmãos — velhos e jovens.
— Hoje em dia, Enoque, presenciamos vários Grupos jovens se desfazendo, por quê?
— Isso é natural.
Viverem comunidade torna-se muito difícil, principalmente quando somos tão imperfeitos.
Não só os Grupos jovens estão se desfazendo, muitos Grupos estão vivendo horas difíceis.
Enquanto o Evangelho não resplandecer nos nossos actos, semearemos discórdia ao nosso redor e, como existe a lei da atracção, só atrairemos irmãos semelhantes a nós.
— Enoque, você e Francisca Theresa formam uma bela dupla em defesa da juventude.
— Luiz Sérgio, fico muito triste quando presencio a falta de respeito a um jovem.
Muitos deles desprezam os adultos simplesmente porque estes gostam de manter distância, por julgá-los irresponsáveis.
Procuremos a mão jovem para unir às nossas, elas são os miosótis da Casa de Maria.
Nós cremos neles e até hoje não nos decepcionamos.
Enoque foi chamado e terminou a conversa.
Alice, virando-se para mim, perguntou:
— Quantos anos devemos ter como espíritos?
Sorri, respondendo:
— Eu sei que velho não sou, pois me sinto ainda como um bebé.
Benigno disse-me:
— Tem razão, parece sim:
um bebé enrugado e bem pequeno.
— Engraçadinho!...
Todos rimos, saindo à procura dos nossos alojamentos onde iríamos descansar para um novo trabalho junto àqueles que estão atrofiando a consciência.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 01, 2020 8:03 pm

CAPÍTULO XI - O ASSEDIO DOS VICIADOS A MULHER-OBJECTO
Carlos, Benigno e eu, ainda ficamos conversando.
De repente ouvimos gritos alucinantes que vinham do pátio.
Quase toda a cidade dormia, pois era duas horas da madrugada.
Benigno foi até a janela e avistou uma entidade sendo torturada por outras.
Virou-se para nós, semblante assustado:
— Meu Deus, o que podemos fazer?
— Vamos até lá! — respondi.
Carlos, mais sensato, redarguiu:
— Procuremos antes o encarregado espiritual do Centro para saber como podemos auxiliar.
E assim o fizemos, porém, ao alcançá-lo, o irmão desesperado já estava sendo atendido:
envolveram-no em uma luz azul, enquanto os algozes se afastavam em disparada, dando gostosas gargalhadas.
O espírito, bastante aflito, fora atingido pela ira dos outros.
Carlos examinou-o e endereçou ao Benigno um olhar, como a indagar:
-Como pode, amigo, isto acontecer?"
Eu boiava, sem entender, até que o encarregado do Centro elucidou-nos:
— Ele é um dependente da droga, sendo esta a causa do assédio daqueles espíritos, ainda presos às amarras do vício.
— Explique-nos irmão, como se dá isso.
— É muito simples.
Adere-se aos dependentes, saboreando as emanações tóxicas consumidas por eles.
Os que o perseguem, também desejam o mesmo, porque não querem se dar ao trabalho de procurar viciados encarnados.
Encontrando o Mauro, acharam mais cómodo se colarem a ele.
— Então é obsessão de desencarnado para desencarnado?
— Não, obsessão não, mas atracção de fluidos.
— Doidão tem cada coisa!...
E por que ele correu para esta Casa?
— Estava aqui perto, só por isso.
— Mas ele não contava que nós estivéssemos aqui.
— Quando o viu, Luiz Sérgio, aí é que gritou mesmo.
— Mas por que eu?
— Ora, ele passa o tempo todo ao lado de um jovem encarnado, cuja mãe tem orado muito, pedindo ajuda a você.
— Até que valeu, pois ele veio aqui.
Carlos aproximou-se de Mauro e quando este o percebeu, foi logo pedindo:
— Deixe-me ir, doutor, já me sinto curado.
— Engana-se, irmão, curado você não está, mas logo estará, tenha fé no Médico dos médicos — Jesus; somente Ele tem o poder de dar vista aos cegos e todos os dependentes poderiam enxergar as belezas da vida, se o quisessem.
Mauro insistia em ir embora, mas Benigno e Carlos foram projectando todas as passagens de sua vida encarnada e desencarnada.
No início assustou-se; depois, exclamou:
— Mas o meu corpo não está deformado, como no filme!
Os médicos não responderam, continuando a projecção.
Mauro, cada vez mais preocupado, apalpou-se cuidadosamente e então começou a chorar.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 01, 2020 8:03 pm

Suas narinas estavam corroídas e uma feia deformação havia no seu corpo perispiritual.
— Que zica, eu sou um jovem bonito.
— Sim, você até que não é feio, mas olhe bem como está o seu corpo!
E você continua deformando-o.
Mauro começou a gritar.
Seu braço era uma chaga viva; cada picada no seu amigo encarnado, nele se reflectia.
Aí foi duro fazê-lo acalmar-se.
Ele estava tão alterado que até de rato de piolho fomos chamados.
Enoque entrou.
O nosso garoto-sorriso foi logo dizendo:
— Soltem-no.
— Cuidado, ele está furioso! — falei.
No mesmo instante foi solto, porém quedou-se, imobilizado pelo olhar de Enoque.
Mauro impressionado, bradou:
— Você está muito louco, onde arranjou o bagulho?
Enoque apenas respondeu:
— Primeiro, meu amigo, eu não transo bagulho, estou tentando activar a minha consciência com a luz do Cristo.
Se nascemos livres, por que vamo-nos tornar dependentes de algo que não tem vida, e se vida não tem, força também não?
— E por que só uma picada, um bolinha, vai-nos tomar prisioneiros?
— Mauro, há muito você deixou o corpo físico, mas não quer abandonar os vícios e vive colado aos doentes, emanando as vibrações pesadas desses tóxicos destruidores.
Dia após dia, o seu corpo perispiritual está diminuindo, desintegrando-se, e poderá chegar à condição ovóide.
Ficará com a consciência viva, mas rastejando no lodo do remorso.
Venha cá.
— Deixe eu ir embora, nada mais quero ouvir.
— Irá embora sim, mas antes olhe neste aparelho e veja mais além.
Mauro obedeceu, percebendo na tela alguma coisa.
Divisou, então, seres rastejando-se no limo.
— O que é aquilo? — indagou.
— Apenas formas ovóides, homens que se enfraqueceram tanto, que chegaram a esse feio aspecto.
Agora volte a consultar a sua ficha e compare a sua imagem de ontem, antes da droga, com a de agora, como está ficando o seu corpo, todo retorcido e diminuindo.
Logo você também estará rastejando, porque ninguém tem o direito de apagar a chama da vida.
Mauro observava os seres ovóides e voltava a examinar o seu corpo perispiritual.
Nós nos retiramos, para depois saber que ele pediu para ser levado ao tratamento desintoxicante.
Falei ao Carlos:
— Até que aqueles doidões praticaram uma boa acção: trouxeram o menino para cá.
Carlos riu. Benigno convidou-nos a segui-lo, perguntando-me se eu iria ao alojamento descansar.
— Não, se vocês dois me aceitarem estou firme para o que der e vier.
— É que fui designado para prestar ajuda a uma gestante e hoje ela não está passando bem.
— Vamos lá, estou pronto. Benigno.
Assim, chegamos a um apartamento onde algumas jovens viviam; uma delas, já bem gordinha, estirada no sofá, fumava, tranquilamente, o baseado.
Benigno segurou seu pulso, examinou-a bem.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 01, 2020 8:04 pm

Eu e Carlos a tudo observávamos, e posso dizer que a sujeira era o cartão de visitas da daquelas bonitas garotas.
— Como está a criança? — perguntou Carlos a Benigno.
— Vai indo, mas dificilmente chegará ao término da gravidez.
Olha como foi gerada.
Passou à nossa frente a maneira animalesca pela qual aquela jovem engravidou: ela e o seu companheiro, de cabeça feita, praticaram o sublime momento sexual de uma forma desequilibrada.
Ela — que aqui chamarei Aurora — que deveria receber em seu organismo perispiritual, o seu filho, usando os poderes naturais da sua mente, fê-lo levianamente, pois se encontrava entorpecida pelo tóxico.
O momento da fecundação é uma prece de amor; se ela não existir, o óvulo estará imantado de energias desequilibrantes e a célula masculina que o atingirem primeiro lugar, para fecundá-lo, também não possuirá superioridade.
Tudo obedece à sintonia magnética.
— Vocês sempre vêm aqui?
— Sim. O irmão que tenta reencarnar é um espírito muito devedor, e Aurora, como mãe que deveria ser, não está cooperando para que ele possa ter um corpo menos deformado.
A criança recebe diariamente doses de tóxico bem fortes; não só de maconha e de comprimidos, como da branquinha.
— E não aborta? Essa criança não foi gerada de uma maneira violenta?
Deus permite que venham à Terra espíritos tendo seres tão irresponsáveis por pais?
— Este que está alojado no útero de Aurora é um espírito de vibrações afins.
A garota, impossibilitada de curtir a vida, por causa da gravidez, refere-se ao filho assim:
"essa coisa está me torrando a paciência".
Deixei os meus amigos ali, pois precisava respirar.
Naquele apartamento algumas jovens, que se diziam livres, estavam vivendo de uma maneira moderna demais.
Elas haviam trocado as casas paternas pela liberdade.
Os pais, ao feitio deles, amavam-nas, enquanto que ali elas eram usadas de um modo muito triste.
Recordei-me de um dos mentores quando diz:
"Deus criou o homem e a mulher iguais, uma energia divina; e luz não tem sexo, portanto, espírito não possui sexo.
Mas essa energia precisou de um corpo e aí Deus revestiu o espírito — um macho, uma fêmea — para a sublime tarefa da reprodução.
O da mulher, de uma roupa frágil, bela; o do homem, mais grosseira, pelo trabalho que ele teria que enfrentar.
Com o decorrer dos anos, a mulher se acomodou em ser mandada pelo homem e a sociedade a colocou à margem da vida.
Assim, ela enfraqueceu por conveniência:
era mais fácil passar para os ombros do homem todas as responsabilidades do lar.
Quando a mulher descobriu que poderia igualar-se ao homem, passou a fazê-lo de uma maneira errada, gritando liberdade sexual, quando deveria gritar liberdade de espírito.
Algumas mulheres estão lado a lado dos seus maridos, como espíritos fortes que são.
Outras, cantando pretensa liberdade, dia após dia se aprisionam na cadeia do remorso, pois estão se tornando um objecto sexual de pouco valor, não procurando nas Escrituras a importância da mulher como ser criado por Deus '
E ali, sob nossos olhos, estava uma garota que se diz para frente, mas bem atrasada ainda em relação a si própria, pois a mulher-objecto é um ser doente e precisa muito das nossas orações.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 01, 2020 8:05 pm

CAPÍTULO XII - REQUINTE NÀO É SINÔNIMO DE MORAL
Saímos ao encontro de Enoque, Sara, Isaac e Karina.
Estavam às voltas com uma garota de seus quinze anos, tentando retirá-la de uma festinha.
Seu estado era lamentável, completamente embriagada.
Um quadro muito triste.
Extremamente enciumada, aproximou-se do namorado e recebeu umas bofetadas.
Desejou, por isso, afogar o seu desgosto ingerindo mais bebida.
Enoque, com seu jeitinho especial, foi intuindo-a a se retirar.
Sara o ajudava.
Olhei para as meninas que ali se encontravam:
eram quase bebés de treze a dezasseis anos, mas suas expressões pareciam de experientes mulheres, sem o mínimo pudor, completamente alucinadas.
— O que está acontecendo, Enoque?
Não existe uma lei de protecção ao menor?
Por que os pais deixam estas garotas ficarem soltas assim, acompanhadas de marginais?
— Luiz, ninguém segura ninguém, quando o ser deseja resvalar no lodo, rejeita o jardim verdejante à sua frente.
Alguns desses pais ignoram que seus filhos estão vivendo perigosas e tristes aventuras.
Outros sabem e sofrem, mas para não perdê-los de vez, sujeitam-se em aceitá-los como são, alheios a qualquer moral.
— Enoque — chamou Isaac — essa garota está muito doente.
Tem o útero bastante ferido e os remédios que vem ingerindo, misturados ao álcool, podem levá-la a um estado desesperador.
Precisamos levá-la a um tratamento espiritual.
Enoque, condoído, encaminhou-se até ela e, com carinho, alisou seu rosto, por onde deslizavam grossas lágrimas.
Enlaçou-a, fazendo-a recordar-se dele e, assim, fê-la ir para casa.
Por já conhecê-la, nosso amigo sofria.
Aproximei-me dele:
— Não deve ser fácil para você encontrar em situação tão deprimente irmãos que já receberam orientação e dizem amá-lo.
— Luiz, Jesus, que é Jesus, não conseguiu reunir o Seu rebanho, deixou cair o Seu sangue sobre a Terra e assim mesmo, até hoje, nós, que também dizemos amá-Lo, negligenciamos os Seus ensinamentos.
Imagine um pequeno espírito como eu, o que posso fazer além do que venho fazendo: apenas aliviando o tombo das pequenas ovelhas desgarradas?
A amiguinha, muito pálida, era o reflexo da sua juventude sem amor e sem respeito a si mesma.
Benigno e Carlos aplicavam fluidos em um jovem que se picara.
A branquinha, misturada, dava ao seu organismo uma reacção violenta e ele se retorcia, deixando os companheiros, para meu espanto, nada preocupados com sua saúde, mas loucos para saberem a qualidade da droga ingerida.
O jovem se debatia, mais parecendo em crise epiléptica. Isaac o envolveu com uma luz azul que, pouco a pouco, foi acalmando-o.
Aí iniciou o tratamento para não deixá-lo desencarnar, porquanto Deus espera que cada um de nós cumpra a sua etapa.
0 menino, chamado Marcelo, ali, sem um amigo encarnado, era socorrido por todos os Raiozinhos de Sol.
— Que festa, hein? — sussurrei a Karina.
— Luiz, isto até que está calmo, logo mais iremos visitar uma da pesada!...
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 02, 2020 7:37 pm

— Está brincando!
Pior do que isto só mesmo a própria droga.
Mas ela estava com a razão.
Logo demos entrada em um luxuoso
palacete, onde o bom gosto imperava.
Aqueles senhores e senhoras, a fina flor da sociedade, deixaram-me aliviado.
Pensei:
''Aqui não presenciaremos cenas tão tristes como as que assistimos antes."
Todos conversavam animadamente.
Gente fina, como dizem alguns.
Todavia, à medida que consumiam bebidas, fui notando que as pessoas se mostravam diferentes.
No inicio imaginei que estavam ficando altas, mas, aí percebi que cada convidado recebia a sua cota de tóxico — e nem posso contar a variedade.
Como uma dona-de-casa eficiente prepara variados pratos para serem degustados em sua festa, ali a droga era oferecida com requintes nunca imaginados.
E volto a repetir: inúmeras ainda ignoradas por muitos.
Constatando a mudança de comportamento daquele grupo selecto, eu, o Luiz Sérgio, presenciava os verdadeiros viciados em drogas.
Recordei o nosso trabalho aqui e senti o peso da responsabilidade do que me propus a fazer.
Os jovens que se drogam fazem-no de uma maneira desequilibrada, querendo curtir a vida, ou melhor, primariamente.
Porém, os viciados das altas rodas o fazem de uma maneira controlada da droga e nem por isso deixam de ter atitudes animalescas: aqueles elegantes casais recordavam-nos as narrações de Sodoma e Gomorra — a moral longe estava de todo aquele requinte.
— Não trabalharemos ali? — interrogou-me Karina.
Indaguei ao Enoque e ele disse, rindo:
— Aos coroas basta a sua própria consciência, o nosso trabalho é com os jovens, que iludidos se encontram com esse falso mundo de sonhos.
— Enoque, notei que esse pessoal possui alto conhecimento do artigo consumido e não aceita falsificações.
Retiramo-nos devagar, deixando para trás aqueles que hoje se aproveitam da ingenuidade do seu próximo, mas que amanhã terão que pagar ceitil por ceitil e para esse pagamento o dinheiro vale tão pouco!
O belo jardim da mansão nos convidava a um descanso.
Rodeado por mim, Alice, Sara, Karina, Carlos, Benigno e Isaac, o nosso Enoque pegou sua cítara e iniciou a cantar:
"'Eu sou, eu sou, eu sou
Eu sou Rayto de Sol.. — música de sua autoria.
E depois, todos nós cantamos esta:
"Abra seus olhos Irmãozinho meu
Existe tanta coisa para se ver
Você precisa melhor compreender
O que é a vida, o valor do ser.
Por que você se suicida?
Nós amamos você!
O pico em suas veias
0 tóxico em seu corpo
São pesadas peias a lhe aprisionar
Venha cá, dê-nos sua mão
Vamos levantar
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 02, 2020 7:37 pm

Desse imundo chão
Onde está a se afundar.
Venha cá, o mundo é nosso.
Nada vale, somente a vida
Vamos aproveitar
Para que se drogar?
Ê hora de parar
E hora de parar.
Nada vale, somente a vida.
Para que se drogar?
Ê hora de parar
Estamos aqui
Viemos ajudar
Venha cá, vamos amar!"
Quando paramos, as nossas vozes estavam embargadas de pranto, pranto pela Terra, onde dia após dia são plantados espinhos no lugar de flores, onde os homens esquecem que, como as flores, necessitam da natureza, pois também fazem parte dela e mesmo se julgando fortes os homens são frágeis vasos de porcelana que se trincam com facilidade.
O espírito é imortal, mas a matéria física envelhece, desintegra-se e não existe dinheiro que conserve o homem na Terra.
O amor de Deus pelo homem torna imortal o seu espírito.
Não matemos, não roubemos, para alcançarmos a liberdade de um ser livre.
O que narramos hoje é um pouco do mundo que gira em redor do conforto, do poder e da glória.
Mas também lhes narramos a preocupação de Deus por todos os Seus filhos; e é muito bom conhecer o outro lado da vida, vida repleta de esperança no próximo, onde todos um dia entrelaçarão as mãos em prece de agradecimento à vida ofertada por Deus.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 02, 2020 7:38 pm

CAPITULO XIII - OS PAIS - OS VERDADEIROS AMIGOS
— Luiz, como deve proceder a família do viciado quando descobre que ele é dependente? — indagou-me Alice.
— Deve contribuir activamente no tratamento, não se envergonhando de procurar socorro nas clínicas especializadas; em muitos casos os familiares também precisam de tratamento.
Enquanto conversávamos fomo-nos dirigindo para um local onde, à medida em que nos aproximávamos, íamo-nos sentindo asfixiados.
Enoque e Isaac reuniram todo o grupo e aplicaram passes, recomendando que tivéssemos sempre a mente em Jesus.
— A coisa parece que vai ficar preta, Karina.
Ela sorriu.
— Você não está ainda acostumado?
— E mesmo, já deveria tirar de letra, mas a cada dia me vejo mais assustado.
Hoje não são somente os transeiros, o comércio está variadíssimo.
Dessa forma, chegamos a uma bela casa, onde alguns jovens se divertiam.
A bebida era consumida muito naturalmente de maneira desregrada.
Sentei-me, perplexo.
Quanta cara conhecida!
E ao lado deles os espíritos desencarnados, sem o mínimo conhecimento da vida além vida, se retorciam junto às garotinhas.
Quem as visse agir daquela maneira provocante, nem poderia imaginar que ao lado delas — botões de flores da juventude — encontravam-se figuras deformadas de mulheres experientes que as usavam para os seus prazeres.
Aquelas garotas de treze anos, sem o mínimo de pudor, formavam um quadro deprimente.
Confesso que, ao observá-las, pensei comigo:
'"Coitadas, não sabem os que as espera."
Precisavam, urgentemente, de um trabalho de desobsessão e principalmente de diálogo familiar.
Sara apresentou-me a ficha de cada uma, onde se depreendia serem garotas criadas sem responsabilidade, vaidosas, fúteis e indisciplinadas, enfim, sem orientação familiar.
Enoque, com a sua equipe, prestava-lhes assistência médica e as envolvia, tentando induzi-las a irem para casa.
Enquanto as meninas passavam de mão em mão, completamente malucas, víamos muitos jovens jogados pelos cantos da casa, quase em estado de coma alcoólica.
Aproximei-me de Maria.
Ela se virou para a companheira, dizendo:
— Estou com zoeira.
— Que nada, fumaste tão pouco!
Isso acontece quando misturamos com alucinogénios, fizeste isso?
— Não, mas acho que vou morrer.
Sinto náuseas e minha cabeça está rodando.
Amparei-a, ajudado por Benigno.
Este, examinando-a, chamou Carlos que, munido de vários aparelhos, foi fazendo uma espécie de lavagem perispiritual.
Curioso me encontrava, pois a garota de quinze anos parecia morta.
Observei toda a turma e notei que eles não se amam porque nem ligaram para o desmaio da amiga; até a garota que antes conversava com ela, a havia abandonado.
Um deles, olhando-a deitada no chão, desmaiada, bateu em seu rosto, dizendo:
— Está zoada.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 02, 2020 7:38 pm

Os médicos espirituais tudo faziam por ela, principalmente por terem percebido que estava grávida de dois meses.
Pouco a pouco foi voltando do desmaio.
Enoque e eu a ajudamos, conduzindo-a até alguém que se apiedasse do seu estado e a levasse para casa.
Por mais que procurássemos naquele numeroso grupo algum amigo, constatamos que o dependente da droga ou do álcool é amigo somente do seu vício.
Ninguém se prontificou a ampará-la.
Fizemos com que ela, mesmo envergonhada, chamasse os pais, ficando ao seu lado, enquanto ela ali, sentadinha no chão, esperava pelos pais — únicos e verdadeiros amigos, mas ainda desrespeitados por alguns jovens.
Chegou o pai.
Tememos que ele percebesse o quanto a filha estava drogada, mas pai é pai.
Enlaçou-a num carinhoso abraço e a levou para casa.
— Iremos juntos? — perguntei a Enoque.
— Não é preciso.
Esta menina enfrentará momentos bem difíceis; a sua gravidez lhe pesará muito.
Ela nem sabe quem é o pai da criança.
Além do mais, o filho não nascerá perfeito, a droga atingiu tanto o óvulo fecundado que a criança será mais um caso a ser estudado.
— 0 que falta a essa garotada, Enoque?
Nunca tiveram tanto conforto!...
— Calo-me, amigo.
Para defender os Miosótis de Maria, teríamos de acusar, e palavras duras não são benignas, mesmo quando necessárias.
Com a saída da garotinha, sentei-me ao lado de Karina que, vendo-me triste, tocou-me o ombro.
Não pudemos curtir o descanso, tivemos que levantar: um garoto de quinze anos estava aos gritos.
Enoque aplicava-lhe passes e ele nada de se calar.
Um dos colegas encarnados deu-lhe uma bofetada, piorando a situação.
Carlos virou-se para Benigno, sugerindo:
— Vamos levá-lo para fora.
0 garoto dizia que estava sendo atacado por dragões.
Olhava os colegas e via neles chifres e orelhas grandes; as cadeiras eram múmias, enfim, parecia enlouquecido.
Um jovem, bem experiente na droga, disse aos outros:
— Deixa ele gritar, isso é comum, é só visual.
Carlos parou:
— Como eles conhecem bem as reacções, Benigno!...
— Esse menino jamais será um dependente passivo; a maconha faz com que enxergue coisas que não existem.
0 garoto, virando-se para mim, gritou:
— Saia daqui, gigante, não tenho medo dos seus olhos de fogo!
Sorri, dizendo a Carlos:
— Melhorei muito, virei gigante.
Quanto aos olhos de fogo, por quê?
— Sérgio, ele está alucinado, só isso.
— Mas logo comigo acontece isso de abrir vidências nesses caras?
— Quem mandou ser o colírio dos nossos olhos!...
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 02, 2020 7:38 pm

— Alice, até você aprendeu a pegar no meu pé?
Nessa, altura, a festa estava quente; quem não se encontrava bêbado e drogado apenas divagava.
Nisso vi Carlos correr, tentando impedir que Marcos, um jovem de dezassete anos, bebesse mais xarope; carregara cinco vidros e já havia consumido dois.
Isso puxado com fumo.
O olhar do garoto parecia perdido no tempo. Pensei:
“Como é triste viver sem sonhos!
Essas festinhas puxadas a droga, podem ser um barato para aqueles que não conhecem o valor do espírito.
Mas para quem já esteve ao lado de um Enoque, já frequentou uma Mocidade Espírita, já leu o Evangelho, entrar nessa dizendo aproveitar a vida é um retardado mental ou não ama a si mesmo, é um verme sem consciência.
Deveria, então, assumir a sua fraqueza, ter coragem para enfrentar qualquer situação que pintar, não correr para a saia da mamãe nem apelar para a posição do papai; ser homem ou mulher, para assumir a liberação escolhida.
É muito fácil ser filho do papai na hora do aperto e desmoralizá-lo no momento em que se julga dono da sua própria vida, procedendo de maneira grotesca, sem um mínimo de moral.
Você, meu irmão, que anda à procura de algo, recorde que só você mesmo pode fazer-se respeitado, ou usado, numa sociedade onde o homem está jogando fora a sua dignidade.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 02, 2020 7:38 pm

CAPITULO XIV - OS PERIGOS DO FANATISMO
— Luiz Sérgio, vejo-o tristonho.
Por quê?
— "Como ficar alegre, quando o mundo chora junto a mim?", diz sempre Jacó.
Deparamos com vários jovens que dizem amar Enoque e quando o encontram dão boas gargalhadas; ao seu lado, aqui, senti-me muito triste por ele; todo o trabalho desse espírito pouco vale.
— Não diga isso, Luiz! — falou-me Sara.
Os que encontram a satisfação no sexo, na bebida e na droga são minoria, eles nunca foram de dar muito valor aos esclarecimentos espirituais.
Vamos recordar-nos dos outros, que possuem bem vivas a imagem de Jesus e as palavras do amigo Enoque.
— Não sei não, Sara.
Acho esses caras que vivem batendo no peito, dizendo amar Enoque e que logo depois o trocam pelo cigarro, pela droga e pela bebida, muito mais viciados do que aqueles que já habitam as sarjetas da vida.
São uns caras de pau.
Enganam os pais e julgam enganar os espíritos, dizendo-se espíritas.
Não sabem o mal que estão fazendo a si mesmos.
Enoque chegou sorrindo, contando vários casos, fazendo-nos esquecer dos tristes fatos que havíamos presenciado.
— Enoque, o que falta para essa juventude?
— Para a juventude somente não, falta fé para toda uma sociedade viciada e materialista.
— Amigo, percebeste que quanto maior o conforto, maior a insatisfação?
— Luiz, convivemos com ricos e pobres e percebemos que todos eles estão à procura de algo mais.
Torno a dizer, está faltando fé.
As famílias não estão preocupadas em dar uma educação religiosa aos filhos, mas em aumentar as contas bancárias para vê-los ricos.
E assim os jovens estão sempre esperando conquistar um tesouro, sem buscá-lo dentro de si mesmos.
— Enoque, sei que você teve várias encarnações no Oriente, mas hoje você fala em Cristo com muito amor.
Como posso explicar para os leitores essa dedicação da equipe oriental para com a Doutrina Espírita, quando sabemos que muitos espíritas não gostam nem de ouvir falar na filosofia oriental?
— Ortodoxos existem em todas as religiões.
Nós, os filhos de Maria, somos irmãos uns dos outros e cremos em Deus, que é poder e bondade.
Não nos importamos se somos aceitos ou não.
Lutamos para amar o nosso próximo mais que a nós mesmos, e para que isso venha a acontecer, não temos tempo de procurar em cada um os rótulos religiosos.
Ademais, Luiz Sérgio, se existem espíritas preocupados com espíritos orientais, eles não deixam de ter razão.
Muitas Casas espíritas gostam de misturar as coisas.
Para compreendermos uma cultura, muito precisamos estudá-la.
Nós, os tarefeiros do Senhor, não nos apresentamos vestidos de marajás.
Se alguém disser que me viu de turbante enfeitado de pedras preciosas, deve estar enganado.
Como posso estar todo enfeitado, enfrentando o frio da dor e o calor do desespero?
Nós, que trabalhamos com suicidas, não temos tempo para acender incensos nem praticar rituais.
No entanto, existem muitos que ainda necessitam disso tudo e nós os respeitamos.
— Você, Onor, Sadu, Samita, King, Ocaj, Najii são tão simples que não consigo vê-los com sumptuosas vestes e cobertos de jóias.
— Isso não significa virtude.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 02, 2020 7:39 pm

Somos trabalhadores do campo e nos vestimos como os párias; cremos na Doutrina dos Espíritos; mas, se existem espíritas que não nos aceitam porque tivemos encarnações no Oriente, nada podemos fazer.
Terão que nos perdoar os erros e nos oferecer exemplos de amor para a nossa evolução.
Felizes ficaremos se todos os espíritas lutarem por uma Doutrina de Verdade, onde o medianeiro se sinta equilibrado e seguro para desempenhar dignamente a sua tarefa.
— Enoque, você, que ama a liberdade, também não acha que existe muita seita orientalista que aprisiona o homem, principalmente o jovem?
— Somos os primeiros a alertar os jovens sobre o perigo do fanatismo.
Tudo o que nos anestesia a consciência é prejudicial, e o fanatismo é um ópio destruidor.
Para não sermos iludidos por falsas doutrinas, devemos encontrar em nós mesmos a verdade.
Se ficarmos procurando no nosso próximo a verdade e a pureza, logo nos decepcionaremos, pois, sendo o Planeta uma escola de aperfeiçoamento do espírito, todos os que nele se encontram ainda estão sujeitos a quedas, desse modo, como iremos buscar no próximo a perfeição?
Somente Deus e Jesus são capazes de não nos decepcionar.
Um, que nos criou; o outro, que nos governa no Seu Reino de amor e paz.
É tão belo o caminho, a verdade e a vida que Jesus nos oferece, que quem n'Ele crê não precisa de gurus, de sacerdotes, de médiuns, para se agarrar.
Basta descobrir o mundo maravilhoso que Deus criou — o nosso espírito — e nele encontrará montanhas a serem escaladas, rios de pureza, campos verdejantes de esperanças, botões perfumados de virtudes; e tentando pouco a pouco viver em nós mesmos, aprenderemos a aceitar o mundo ao nosso redor, a não exigir tanto do nosso semelhante, felizes por perceber que temos valor, acreditando sermos criação divina.
O homem que procura no outro a perfeição se distancia do seu mundo interior e vive nas trevas da insatisfação.
As doutrinas não são más, os homens é que delas se aproveitam para escravizar o próprio homem.
Aquele que colocar Deus no seu altar de obras jamais será escravo dos fanáticos religiosos.
Nós, que o escutávamos com amor, ali ficaríamos muitas horas, mas logo que ele se calou fomo-nos retirando e nos dirigimos ao Centro Espírita que sempre nos abriga quando aqui na Crosta chegamos para trabalhar.
Peguei meu violão e cantamos esta canção que fiz, com o coração repleto de saudade:
MEU AMIGO VIOLÃO
Eu quero cantar baixinho.
Solando meu violão.
Eu quero cantar baixinho,
Esta minha canção.
Eu quero abraçar bem forte.
Este pinho querido.
Que apesar da morte.
Ele não foi esquecido.
Eu quero cantar baixinho.
Para dizer aos irmãos.
Vamos dar mais carinho,
Unindo nossas mãos.
Eu que quero cantar querida.
Para você também.
Nunca será esquecida.
Pois lhe quero muito bem.
Oh! meu pinho querido.
Hoje quero lhe falar.
Fique sempre comigo,
E vamos cantar.
Lá, lá, lá...


Última edição por Ave sem Ninho em Dom Ago 02, 2020 7:46 pm, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 02, 2020 7:39 pm

CAPÍTULO XV - TRATAMENTO PERISPIRITUAL
Já no Centro, dirigimo-nos ao auditório, onde se realizava uma palestra sobre suicidas que nos deixou preocupados.
Procurei o Benigno com o olhar e ele me sorriu, sabendo que me encontrava impaciente com tal disparate:
o orador tratava os suicidas como se estes fossem espíritos maus, indo contra tudo o que venho aprendendo.
Confesso que pensei em me retirar, mas o grupo permanecia atento.
Tratei logo de me aquietar, mas não foi fácil.
Ao sairmos, falei para Isaac:
— Que absurdo! Os Centros deveriam tomar mais cuidado aos escolher os seus oradores, não acha?
— Luiz, tens razão, o nosso amigo ainda está naquela de achar que quase todos os espíritos são terríveis obsessores.
— E como devemos classificá-los?
— Há muita diferença entre espíritos maus e espíritos sofredores.
Quem trabalha com suicidas fica muito triste ao presenciar algumas pessoas tratá-los como se fossem tenebrosos obsessores; e eles sofrem tanto!
A acusá-los, bastam suas próprias consciências.
Caminhando ao lado de Isaac, do Carlos e do Benigno, fui colhendo informações e desejei acompanhá-los ao grupo de cura da Casa.
Fiquei maravilhado com a eficiência da equipe médica.
Os doentes recebiam transfusões de fluidos e muitos deles somente a hipófise reactivada, já que uma carga energética nervosa havia como que adormecido essa glândula.
— Como pode, Carlos, aquela senhora ali com os pés inchados, tontura, dor no ventre, apatia, não estar sofrendo de nenhuma doença específica?
Noto que os médicos espirituais só trabalham na hipófise.
Pode me dizer por quê?
— Esta senhora veio à Terra com uma tarefa mediúnica, mas como a maioria, os afazeres domésticos não a deixam dedicar-se totalmente ao próximo.
Amanhece e anoitece tudo fazendo para servir ao marido e aos filhos.
E uma pessoa tensa, pois vive correndo sem encontrar tempo para si mesma.
Os nervos vão enrijecendo, já que a irmã vive sob tensão, com poucas oportunidades para um relax.
A sobrecarga vai, lentamente, levando-a ao desequilíbrio, aparecendo as mais estranhas doenças.
— Por isso muitos são escravos dos remédios, não é verdade?
— Infelizmente, sim.
Presenciamos um tratamento cancerígeno.
0 médico espiritual com um bisturi fosforescente, queimava os miasmas pesados do local atingido.
Notamos que as células doentes não foram totalmente curadas.
Perguntei a Isaac o porquê.
— Irmão, não está na hora do doente ficar totalmente são; às vezes é adiada a prova, mas se ele tiver que passar por ela não vai ser um médico desencarnado que promoverá mudança em sua ficha cármica.
— Então ele vai mesmo desencarnar dessa doença?
— Luiz, se um doente receber a cura espiritual, deve dedicar-se de corpo e alma ao serviço do Senhor; e muitos, ao obterem alta, fogem da responsabilidade de servir, voltando à vida anterior, ingerindo álcool, fumando, esquecendo da oração do amor.
— E aí vem o tombo.
— Não digamos tombo, aí vem o cumprimento da prova.
— Então caridade é um fato, não é mesmo?
— E a luz do caminho, o perfume da vida, a esperança do espírito, o tapete florido da paz e a tranquilidade da consciência.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 02, 2020 7:40 pm

Correr atrás dos grupos de cura e nada fazer para a melhoria interior pouco acrescentará à saúde.
Cada companheiro deve procurar a cura em si mesmo, limpando o perispírito com a água da humildade, reactivando o corpo físico com o perfume da prece.
Somos todos doentes à procura do sublime remédio: a reforma íntima.
Observei aqueles irmãos à procura de alívio para os seus males e pude, mais uma vez, perceber que poucos se encontravam realmente doentes.
Quase todos eram doentes da alma, tristes e acabrunhados com as dores da vida.
Aproximei-me de uma jovem senhora de olhar tristonho e procurei saber do que sofria.
Para meu espanto, constatei que estava no fim da jornada física, que era uma vida chegando ao fim.
Os fluidos vitais já estavam escassos, a leucemia queimava o último combustível daquele corpo físico, e fiquei assombrado quando presenciei a transfusão de fluidos naquele jovem corpo de mulher; os médicos, com amor, tentavam impedir que aquela jovem sofresse tanto.
Ela permanecia no corpo físico graças ao tratamento que vinha recebendo ali no Centro.
Seria mínimo o tempo, mas para o marido e a filha de dois anos era muito importante.
Confesso que respirei fundo quando dali saímos.
— Carlos, não deve ser fácil para vocês presenciarem o desespero de quem deseja ficar bom, sem que isso seja possível!
— É verdade, Luiz.
Muitos médiuns não gostam desse trabalho que é de muita seriedade.
O doente, quando chega a um hospital, vai à procura de alívio e não podemos destruir-lhes as esperanças.
Enquanto uns lutam para permanecer na came, outros a destroem, afundando-se cada vez mais no vício.
E por falar na fera, vamos ver agora um irmão desencarnado que está recebendo aqui mesmo, no Centro, um tratamento de reequilíbrio.
E para lá nos dirigimos.
Quando chegamos ao quarto do paciente do Carlos, ele gemia alto, ficando muito contente com a presença dos médicos.
Notamos que sua narina estava muito ferida.
Carlos aplicou-Ihe passes, deixando-o mais aliviado.
Não conhecia aquele caso e tentei perguntar, o que não foi preciso, pois Isaac logo falou:
— 0 nosso amigo vivia cheirando tudo o que lhe ensinavam a cheirar e contraiu essa terrível doença que lhe destruiu a narina.
— Isso foi causado por loló?
— Loló de pobre, ou melhor, lança-perfume caseira.
Só que, além da mistura usual, vivia sempre acrescentando algo mais.
E aí chegou a esse ponto de sofrimento.
O cheiro é terrível para a saúde e muitas crianças vivem nessa.
Os médicos tudo faziam para aliviar a dor daquele irmão.
Quando ele falou, pude notar que a ferida não atingira só a narina, as cordas vocais encontravam-se destruídas.
Como um ser pode auto-destruir-se dessa maneira, dizendo aproveitar a vida?
Presenciei o tormento e a dor do irmão que logo seria levado pelos médicos para um hospital da Espiritualidade, onde receberia não só tratamento no perispírito, como elucidações evangélicas para o seu espírito tão perturbado.
— A droga mata e aleija, não é mesmo, Benigno?
— É o que venho presenciando, Luiz, e você sentiu muito bem.
Ela mata a oportunidade da encarnação e aleija o perispírito.
O irmão era tão viciado em fungada que até o braço ele vivia cheirando.
Com o coração dorido conversei com Maria, Mãe de Jesus e de toda a Humanidade:
— Senhora, somos filhos desobedientes que Vos fazem chorar, mas temos certeza de que os Vossos braços fortes, que ampararam Jesus, serão estendidos à nossa frente.
Sois refúgio amigo que jamais nos falta, mesmo quando Vos viramos as costas, rejeitando Vosso amparo e Vosso amor.
Mana, sois bendita entre todas as mulheres e Vos rendemos graças por nos perdoardes tanta maldade e covardia.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 02, 2020 7:40 pm

CAPITULO XVI - OS ANJOS SEM ASAS
Sentia no meu amigo Enoque uma imensa tristeza.
— O que há, posso saber? — indaguei-lhe.
Olhando-me, carinhosamente, respondeu':
— Luiz, daqui a pouco vamos enfrentar mais uma festinha de embalo e é muito triste presenciarmos crianças ainda, mortas completamente, sem um mínimo de esperança.
Conheço a sua luta em prol da juventude, mas percebo que poucos são aqueles que abandonam o vício, mesmo recebendo ajuda médica e espiritual.,
— Você tem razão, não são muitos os que retornam a uma vida normal, e quando o fazem sentem dificuldade mental, já que a droga atinge por demais o sistema nervoso.
Karina, que se aproximava, perguntou-me:
— Luiz, você vai connosco àquela festinha da pesada?
— Claro, você se esquece de que sou um dos raiozinhos? Se de sol, não sei.
Karina ficou ao meu lado, enquanto Enoque saía a procura dos outros companheiros.
— Querida, você que viveu nessa, que conselho daria a uma garota que está iniciando na droga?
— Nenhum, Luiz.
Depois que presenciei Enoque, ao vivo, com os encarnados, e estes negligenciarem os seus ensinamentos, não será o meu conselho que irá ser escutado.
Posso contudo dizer a uma garotinha que ora está entrando em turma da pesada que a droga domina o homem, já mulher drogada não só se escraviza à droga como ainda mais ao homem.
Ela se degrada, tornando-se um objeto gasto, indigno e inútil.
E não demorará a perceber isso, porque os próprios companheiros jogarão a cada instante em seu rosto, não só as palavras, como também o desprezo.
Enoque chegou com os outros e partimos.
0 apartamento visitado era bem simples.
Alguns casais conversavam.
Quem os visse não diria que eram prisioneiros do vício.
Mas, pouco a pouco, foram misturando bebida, maconha, lança.
A certa altura, ninguém era mais de ninguém.
Tudo fazíamos para ajudá-los.
A garota cuidada por Enoque estava completamente drogada.
Confesso que foi muito triste para todos nós presenciarmos a cena: a menina se oferecia, achando tudo natural.
Os médicos esforçavam-se para que ninguém desencarnasse, mas aí trouxeram uma maconha chamada Rabo de Macaco, que contém muito THC e as garotinhas, querendo dar uma de espertas, foram ficando muito ruins.
Benigno e Carlos trabalhavam sem cessar.
Eu não aguentava mais assistir àquelas cenas deprimentes.
Quanta falta de esperança!
Sim, só quem não possui dentro de si dignidade pode procurar prazer de maneira tão selvagem.
Uma conhecida nossa, considerando-se a artista, dava gostosas gargalhadas.
Confesso que não achava justo ficarmos ali ao lado de quem só deseja brincar com a vida, enquanto nos cárceres, nos leprosários, nos hospitais, o homem luta prá viver.
Fui saindo. Já fora do apartamento, Isaac me alcançou.
— Luiz, de que foges?
— De nada, apenas não estou me sentindo bem.
Acho um absurdo o comportamento desses meninos.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 03, 2020 7:30 pm

Não gostam dos pais, mas não trabalham, só sabem roubar ou pedir dinheiro para os seus vícios.
Vivem chamando tudo de careta, mas não olham no espelho suas expressões de mortos-vivos; dizem-se corajosos, mas morrem de medo da polícia.
Cansa-me presenciar tanta loucura.
Isaac, olhando-me de frente, falou:
— Sérgio, vamos voltar, eles podem, no amanhã, tornar-se bons pais de família.
Se hoje são presas do vício e praticam actos tão comprometedores não cabe a nós condená-los.
— Não é isso, Isaac, é que não estou passando bem; é triste presenciar a caída de alguém conhecido.
E essa menina, dia após dia, está se tornando dependente não só da droga, mas de entidades perigosas.
Retornamos ao ambiente.
Um jovem de dezasseis anos havia trazido cogumelo.
Esse fungo, seco, não só foi misturado ao cigarro da maconha, como dele foi feito chá.
Aí, sim, as alucinações foram terríveis.
Isaac apressou-se a socorrer um garoto que se debatia; ele fazia a viagem, ignoravam o facto de que seu cérebro estava recebendo uma voltagem além da sua capacidade.
Cercamo-lo, enquanto os médicos trabalhavam, mas os encarnados, felizes com a nova experiência, nem percebiam o seu desespero.
Ali, aquele apartamento — que bem pode ser o apartamento ao seu lado — meia dúzia de jovens dilaceravam o seu corpo físico, violentando-o com doses letais.
Quando dali saímos, perguntei a Enoque por que alguns deles jogavam fora a ponta que sobrava do baseado, dizendo:
fica para o santo.
Enoque riu, dizendo:
— E você viu como os viciados desencarnados saboreavam as mutucas?
Caso os viciados tivessem vidência activa, veriam os tristes fatos que os rodeiam.
Se no apartamento a turma era pequena, na parte espiritual eram disputados a tapa os corpos dos encarnados.
Para os jovens, gostaríamos de escrever mais abertamente e talvez no futuro possamos fazê-lo.
Contemplei condoído a cena: todos caídos, uns ressonando, outros apenas em viagem; as menininhas eram como sacos inúteis amontoados no chão.
Alice falou-me:
— Foi muito difícil viver ao lado dos suicidas, mas eles eram gente.
Estes meninos estão tomando forma de animal e já não possuem raciocínio.
Até onde irão?
— Ao remorso — disse Karina.
oOo
Era sexta-feira, o dia da fera, e ela estava solta.
Fomos até uma chácara.
Lá, a droga era servida como tira-gosto.
Eu, que a tudo observava, fiquei surpreso com os casais — se assim podemos chamá-los.
Aqui também garotas lindas estavam acompanhadas de outras do mesmo sexo, em intimidade.
Procurei os espíritos trevosos e reparei que poucos ali se encontravam.
As aberrações ali praticadas ficavam restritas aos encarnados:
eram doentes sexuais.
E posso acrescentar que a droga cooperava com o ambiente.
Nessa chácara presenciamos cenas de horror regadas a coca, loló, lança, pico, cogumelo.
O álcool era consumido juntamente com as drogas.
Era o inferno na chácara. Enoque e sua equipe ajudava, livrando-os de perigos.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 03, 2020 7:30 pm

Assim passamos o resto da noite.
Quando de lá saímos, falei a Enoque:
— Muitos dizem que o espírito não tem sexo, é verdade?
— Sim, espírito é uma centelha divina, uma luz.
Mas essa luz conquistou um corpo, o seu perispírito, e este perispírito ganhou os órgãos da reprodução.
No Evangelho Jesus disse, em Mateus, Capítulo XIX, versículo 4:
Não tendes lido que quem criou o homem desde o princípio o fez macho e fêmea?
O espírito não tem sexo, mas a sua roupa perispiritual o possui e muitos que hoje renegam essa veste, sendo ela feminina ou masculina, é porque julgaram que teriam forças para viver junto a ela, seja na tarefa de mãe ou na de pai de família.
Isso não quer dizer que mudamos de sexo em cada encarnação.
Deus nos respeita e só mudamos de sexo quando assim o desejamos e, ainda assim, somos advertidos de que podemos fracassar.
Muitos de nós nunca chegamos a mudar de sexo, sempre respeitamos o nosso corpo.
Quem estuda reencarnação pode notar que Theresa D'Ávila há muito reencarna como mulher.
Já Francisco de Assis há muito como homem.
Portanto, justificar os nossos fracassos, culpando a lei de Deus, é falta de conhecimento evangélico.
O espírito, sendo luz, não possui forma, mas dela precisa para encarnar, principalmente no nosso Planeta, onde chega com a sua vestimenta de macho ou fêmea.
Mas essa vestimenta não possui força sobre ele — o espírito.
Só se dá o contrário quando o espírito desejou viciar-se ao longo dos séculos, principalmente desde a época de Sodoma e Gomorra.
O homossexualismo, que naquela época recebeu o nome de sodomia, era muito conhecido entre os cananeus.
São espíritos que faliram como homens, outros como mulheres, e pedem desesperadamente para mudarem de sexo.
Advertidos são da sua deficiência, mas mesmo assim eles vêm ao plano físico e depois que reencarnam não aceitam a tarefa a que se propuseram na Espiritualidade.
Podemos dizer que espírito não tem sexo, mas nem por isso ele pode ser usado indiscriminadamente.
O espírito é uma luz que aumenta cada vez mais, à medida que vamos crescendo em inteligência, razão e moral, distanciando-nos da veste material, seja ela perispiritual ou física.
— Eu bem desconfiava que sempre fui homem!
Enoque olhou-me bem e falou:
— Não sei, não!
Todos rimos.
Nós precisávamos sorrir.
É muito triste presenciar um anjo sem asas e sem consciência.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 03, 2020 7:31 pm

CAPITULO XVII - PROTEGER O JOVEM É PRESERVAR O AMANHA
Alice e Karina se distanciaram do grupo.
Notei que elas se encontravam preocupadas e ao retomarem indaguei:
— Qual é o grilo?
Benigno respondeu:
— Nós... os homens!
— Nós, não, eu nada tenho com os erros dos homens, estou tentando me tornar um espírito, isto é, uma luz radiante!
— Bravo! — disse Carlos — o garoto está criando juízo!
Mande-o, Isaac, junto com as garotas, ele vai gostar!
— Espere aí, mandar prá onde?
Estou tentando ficar evoluído, mas ainda sou o pequenino Luiz Sérgio, vamos com calma!
Nisso, Enoque, que havia saído, aproximou-se, dizendo:
— Coitadinho!...
Vem cá, meu garoto...
Olhei-o, respondendo:
— Papai, você cuida de mim?
Prontamente Enoque disse, em tom mais sério:
— No início pensei em mandar só as garotas, mas agora iremos todos, até os pontos principais.
Nada mais perguntamos até chegar ao nosso destino, onde aparentemente tudo era normal.
Não demorou, vi meninas abordando garotos, passando droga.
Da forma que o faziam e como estavam trajadas ninguém diria tratar-se de traficantes.
Tentamos fazer alguma coisa, principalmente intuindo os garotos a não entrarem naquela onda.
Mas o adolescente tão absorvido se encontra com as transformações do seu corpo físico que se esquece de olhar ao seu redor, onde a família deve ser o seu amparo.
Observamos uma garota de seus quatorze anos aproximando-se de um garoto de treze.
Ele, todo animado, sentindo-se o tal, foi logo aceitando a companhia da menina, a quem aqui daremos o nome de Viviane.
Enoque colocou-se detrás do jovem André e tudo tentava para que ele se recordasse dos pais.
Tão enfeitiçado estava pelos ares teatrais da menina que não captava nada do Enoque.
Aí eu me ofereci para ajudar.
Sabem como é: por estar há menos tempo na Espiritualidade, sou mais terra a terra.
Dirigi-me à garota, fazendo-a sentir algo por André.
Meio sem jeito, ela foi se retraindo, chegando a pedir licença para se retirar.
Mas o fedelho, dando uma de bacana, foi logo pedindo:
— Cadê a tromba?
Ela, sorridente, perguntou:
— Você já está na transacção?
E eu com remorso...
Veja que boboca eu sou!
O garoto, que nunca havia fumado nada, estava a fim de impressionar a menina.
Fiquei meio chateado e se nos fosse permitido eu bem que usaria um método mais forte, mas olhando a turma do sol me contive, fazendo o garoto sentir-se envergonhado.
Quando Viviane perguntou para ele se também usava pedra, eu, que não sou bobo, intuí-o a dizer:
— De isqueiro?
Viviane riu muito da cara do André, que se sentiu traído.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 03, 2020 7:31 pm

E ela, também intuída por Alice, foi dizendo a ele:
— Não entre nessa, garoto!
Nem sei por que fui com a sua cara e estou a lhe dar conselho, acho porque até agora não puxei a soruma.
Sabe, né, a gente tem que enganar os tiras e se a cabeça estiver feita pode dar bobeira.
André não sabia o que fazer.
Eu, de uma maneira amorosa, fi-lo ver o perigo por que passava, tirando-o dali.
Alice e Karina me acompanharam até a casa do menino e quando lá chegamos, ele foi para o quarto, decidido a se iniciar na droga.
Nada via demais: vários garotos, seus colegas, viviam curtindo a vida, mas ele só estudava.
Enquanto ele assim pensava, Karina e Alice envolviam-no em fluidos de amor.
Queríamos que ele dormisse para orientá-lo.
Quando já estávamos conseguindo, entrou uma jovem senhora aos gritos, chamando-o de inútil e irresponsável.
Ficamos desesperados.
A mãe de André estava preocupada com a bela colcha da cama, com a limpeza do quarto e não com o filho.
Furioso, ele saiu, batendo a porta, enquanto ela voltava a tudo arrumar.
Seguimo-lo, mas logo a mãe apareceu e bastou vê-lo sentar-se nas almofadas, para que ela gritasse.
André não tinha casa, a casa era de sua mãe, somente dela.
Que fazer?
O jovem desceu e se reuniu com a turma costumeira.
Eu confesso que já ia voltar para junto de Enoque e chorar em seu ombro, pelo nosso fracasso.
Mas nisso vejo chegar um senhor que carinhosamente chamou André, abraçando-o com amor, dizendo:
— Filho, vou fazer uma viagem ao Pantanal, gostaria que me acompanhasse; seria tão bom para nós dois, não acha?
André não acreditou no que estava ouvindo.
Era demais para ele!
Logo pensou:
"Será que mamãe também vai?"
"Não, só ele" — eu também pensei.
"Será que Rute não vai dar o contra?"
Olhei minhas amigas e com elas retomei ao apartamento onde uma mulher se apegava cada vez mais à limpeza da casa, esquecida de que o lar deve ser um lugar onde nos sintamos bem, e não um hotel de luxo onde não temos liberdade porque não é nosso.
Rute ainda nos aguentou uns dias ali, ajudando André.
Só nos retiramos quando ele e o pai foram viver algumas horas, horas bem valiosas, que fariam de André um jovem equilibrado e com coragem para dizer não a todas as ofertas, mesmo quando partissem de garotinhas preparadas para tal comércio.
Conversando com Karina, perguntei:
— Será que André está salvo?
— Acho que sim.
Ele é um bom garoto e o pai é seu amigo.
— E a mãe, Karina?
A mulher é louca!
— Não fale assim, Luiz.
Ela é só uma mulher que ainda não descobriu o mundo; egoisticamente só se importa com a sua casa, por isso as suas neuroses.
Iguais a esta, existem muitas mães que se comportam como se os filhos não fossem também donos dos lares.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 03, 2020 7:31 pm

Eles não podem trazer amigos para almoçar, para dormir, para bater papo; não podem abrir geladeira e se servir à vontade; não têm o direito de mudar a posição dos móveis dos seus quartos, enfim, ainda existem pais que tratam os filhos como se fossem criaturas sem vontade própria.
— E mesmo, Karina, temo-nos defrontado com cada tipo de pais!
Um dia desses fui com Enoque em casa de um garoto de índole pura e boa, cujo pai procedia de maneira desumana, embriagando-se e mandando o jovem buscar bebida para ele e para os amigos.
Este jovem rejeita hoje o álcool, mas será que diante de uma queda não irá achar natural a embriaguez como fuga, acostumado que está a ver seu pai nesse estado?
Alice e Karina, vi Enoque com os olhos marejados.
Os pais que se embriagam diante dos filhos pequenos, jovens ou adolescentes, não merecem a missão sublime de receber um espírito para evolução.
O mais triste é sabermos que muitas pessoas, ditas espíritas, ainda usam o copo de bebida como se este fosse um degrau para o sucesso social.
oOo
Circulamos pela cidade, que apresentava muitas tristezas.
A maior delas foi a de uma jovem que procurava se vender e assim obter dinheiro para compra de cocaína, droga muito cara, sem a qual ela já não conseguia viver.
Oferecia-se a quem passasse e que julgava pudesse pagar bem.
Apesar de ser uma bela garota, a ninguém interessava.
Com a liberação actual toma-se difícil o comércio do sexo, e esta garota nos exibia um quadro desolador, pois a muitos se ofereceu.
Vendo que nada conseguia, decidiu-se pelo assalto.
Foi a maneira que encontrou.
E vocês irão perguntar se nada fizemos.
Como o tentamos, irmãos!
Mas junto a Kelly havia uma legião de espíritos desencarnados, desejando tanto ou mais que ela, um pouco do pó cocaíno.
Ainda ficamos alguns dias tentando em vão fazer com que Kelly deixasse o furto, mas ela, com agilidade, depenava os carros, tirando vidros com a maior facilidade; os pneus, toca-fitas, nem se fala, enfim, só não puxava ainda os carros, mas para o resto era mão-leve.
Um caso como este já não pertencia à nossa equipe, passamo-lo para os lanceiros; é obsessão mesmo, ou melhor, possessão.
Só recebendo tratamento severo o viciado pode abandonar o vício ou maneirar nas doses.
Quando voltei a me encontrar com Enoque, procurei não lhe demonstrar minha tristeza.
Os casos me haviam tocado por demais.
Havia presenciado Viviane oferecendo droga a um e a outro e deles também recebendo a sua cota, o que não foi para mim uma cena chocante.
O que mais me chocou foi a Kelly, que se propunha a qualquer situação.
Alguém lhe dera uns trocados da mesma forma que dá aos guardadores de carros.
Mas um grama do brilho não está fácil.
Enoque, que me observava, com semblante anuviado, disse-me:
— Aqui, bem ou mal, o viciado ainda consegue algum dinheiro, mas em vários países, para se sustentar, ele tem que se sujeitar a diversas situações animalescas, tornando-se farrapo humano.
— Enoque, essa é a besta do Apocalipse?
— Sim. Todos a temos um pouco dentro de nós; se não nos cuidarmos ela aflora em direcção ao próximo.
É O que está se dando em toda a Terra.
Mas, baixinho, não vamos ficar com pena, vamos orar e cantar para que os nossos jovens, os jovens sadios, tenham forças para conviver ao lado do vício e não se deixar levar pelos sonhos fáceis.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 03, 2020 7:31 pm

Não é um grama de tóxico que irá colorir nossos sonhos, mas, sim, as nossas lutas, o nosso trabalho, as nossas vitórias.
Vamos, Luiz Sérgio, ficar ao lado dos jovens que hoje enfrentam um mundo onde a cada passo existe um quadro deprimente de difícil solução; mesmo alguns jovens, sendo chamados hoje de irresponsáveis, está em suas mãos a força do amanhã.
Existem grandes países que, se não cuidarem da sua juventude, serão destruídos não por bombas nucleares, porém por formiguinhas ocultas que abalam qualquer sociedade, pois atingem a esperança do futuro — a juventude.
E país com jovens doentes não terá homens de bem no amanhã.
Preocupam-se com ataques atómicos e com armas potentes, mas se esquecem de procurar um meio de fortalecer o homem — que comanda e que torna um país livre.
Se hoje os jovens estão doentes, o país vai agonizando cada vez mais, e poderosas armas nada resolverão se suas mãos estiverem trémulas pela dependência do tóxico.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 03, 2020 7:32 pm

CAPITULO XVIII - OS ABUTRES
Diante daquele triste caso, constatei a eficiência dos médiuns de uma Casa Espírita; não só prestam auxílio aos obsediados e obsessores, como efectuam as curas perispirituais.
E como existem doentes necessitando dos primeiros socorros que são oferecidos pelos médiuns humildes!
Muitos dirigentes deveriam prestar auxílio aos recém-desencarnados; eles, muitas vezes, necessitam do fluido do médium para aceitarem o desencarne.
Com isso, não devemos crer que são obsessores e, sim, espíritos muito sofredores.
Não me canso de dizer prá vocês:
— Vamos aproveitar os médiuns que dizem nada fazerem em um grupo mediúnico e vamos agrupá-los, criando um grupo de cura perispiritual.
No mundo moderno desencarnam diariamente milhares de pessoas em condições precárias.
Ajudemo-las.
Espiritismo não é somente tratamento desobsessivo.
Assim como auxiliamos encarnados em grupos de cura, também devemos recordar que a Espiritualidade luta para levar um doente aos seus hospitais, quando o desencarnado está apegado ao mundo físico.
Mediunidade com Jesus é trabalho humilde.
Benigno, Carlos e Isaac dirigiram-se à farmácia do Centro e eu logo me ofereci para acompanhá-los.
Lá, cada um deles examinava atentamente os medicamentos homeopáticos e notamos que eles gostariam que os encarregados do preparo dos remédios sempre fossem pessoas responsáveis.
Encontrava-me louco para perguntar alguma coisa sobre a homeopatia, terapêutica médica que cresce cada vez mais.
É sabido que os médicos desencarnados muito estudam sobre ela, principalmente se eles trabalham no receituário, actuando nos Centros Espíritas, ou ao lado de médicos homeopatas.
Indaguei a Isaac por que a homeopatia é apreciada pelos espíritos.
— Sendo energia, age na energia de cada um — respondeu.
Estávamos ali conversando, quando chegou uma paciente com uma terrível dor de cabeça.
0 encarregado da farmácia, muito bem intuído por Carlos, deu-lhe um remédio que foi tomado ali mesmo.
Ao ingeri-lo foi transmitida a energia pelo nervo até o cérebro, e este respondeu, iniciando a melhora.
Os médicos continuaram observando e eu feliz me senti por presenciar o alívio de uma dor.
E aí pensei:
"Será que existe remédio para a saudade?"
Nisso, Alice, que vinha nos chamar, captou meu pensamento dizendo:
— Existe, sim, trabalho!
Os médicos riram do meu ar de espanto.
Mas logo completei:
— Se Audes Sulles reclama dessa doença, imaginem eu, um ser ainda tão pobre de elevação!
E recitei esse soneto da nossa amiga:
"Saudade dor dolorida
Que maltrata a gente
Fazendo-nos tão diferentes
Tornando amarga a vida.
Saudade, não és esquecida.
Como podemos ficar indiferentes?
Perto de ti somos carentes
Nossa alma se toma padecida.
Saudade, palavra pronunciada
E no meu coração guardada
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 03, 2020 7:32 pm

Com lágrima e pranto.
Ontem, chorei de saudade.
Hoje, luto pela caridade Indo de canto em canto.
Quando terminei, todos os meus amigos tinham os olhos marejados de lágrimas.
Eles também sentiam saudades.
Ainda recitei o final de outro soneto de Audes:
Saudade, vai embora.
Precisamos consolar quem chora Neste mundo de desilusões.
oOo
Alice abraçou-se comigo e nos retiramos, deixando os médicos ainda na farmácia.
Enoque e vários do grupo nos aguardavam no pátio.
Notei o nosso amigo preocupado, mas nada falei.
Convidou-nos a acompanhá-lo.
Saímos do Centro, dirigindo-nos rapidamente a um matagal onde dois jovens injectavam uma droga em suas veias.
Enoque orava e foi-se aproximando dos dois, irradiando intensa luz; esta ia pouco a pouco diminuindo a acção tóxica.
— É justo. Sara, Enoque se expor a tanto? — perguntei.
Ela me respondeu com outra indagação:
— É justo deixarmos desencarnar duas crianças que ignoram a beleza da reencarnação?
Calei-me, mas, ao testemunhar a dor de Enoque, que se envolvia nas pesadas vibrações daqueles garotos, aproximei-me também, orando a Jesus, pedindo forças para todos os dominados.
Recordei-me, então, de uma conferência, quando o nosso amigo Enoque, dissertando sobre a droga, mostrou o quanto é fraca a consciência de quem a consome.
Sara, com seus aparelhos, captava as sensações daqueles dois dependentes e não Compreendemos como um ser consciente pode tornar-se prisioneiro de algo que lhe faz tanto mal!
Eles se retorciam, pois já haviam recebido vários picos, a língua de um deles atingira um tamanho descomunal.
Enoque prosseguia tentando ajudá-lo, mas logo notamos que a circulação sanguínea não ia suportar as toxinas já absorvidas.
E o rompimento da vida física aconteceu de uma maneira violenta.
O perispírito do irmão, com o impacto sofrido, atrofiou-se, ou melhor, encolheu.
Diante de nós, não mais vimos o belo garoto de dezassete anos e, sim, um corpo enrugado como o de um ancião e tão sob o jugo carnal que se debatia como se o seu corpo ainda tivesse vida.
Enoque, sem articular qualquer palavra, afastou-se tristemente.
O outro jovem não corria mais perigo.
Os nossos companheiros aplicavam passes no recém-desencarnado, porém, embora sofrendo sensações diferentes, não atinava com o seu desencarne.
Imaginem uma galinha morrendo quando lhe torcem o pescoço, pois era dessa maneira que jazia o jovem suicida.
Por mais que lhe prestássemos assistência, não assimilava as emanações de amor que lhe ofertávamos.
De repente, distinguimos algumas vozes: eram os abutres da droga que se aproximavam.
O semelhante atrai seu semelhante; eles vinham buscá-lo e nada podíamos fazer porque ele não quis receber a luz da verdade e ainda desejava continuar sendo um dominado.
Compreendi, então, porque Enoque se retirara:
é tão difícil presenciar alguém ser levado para o inferno por vontade própria...
Quantas vezes nós sofremos com aqueles que dizem nos amar, mas que negligenciam o Evangelho de Jesus, usando o corpo como se ele não tivesse valor algum!
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 03, 2020 7:32 pm

Frequentam as reuniões religiosas para não ficarem em casa, contudo nada acrescentam de útil em suas vidas.
Tristeza sentimos, sim, porque muitos, leitor amigo, brincam com o trabalho sério da Espiritualidade.
Enquanto nos retirávamos, olhei para trás:
os vampiros cheiravam
aqueles corpos, inalando a droga.
O espírito do jovem recém-desencarnado gritava de desespero, la voltar para acudi-lo, mas Karina me deteve:
— Estás louco?
Ninguém pode fazer nada, somente ele poderá deixar para trás o sofrimento.
Os gritos eram lancinantes.
As feras, sem um mínimo de respeito ao pobre garoto, abusavam dele.
A vida é uma bênção, o livre arbítrio uma lei muito respeitada por Deus.
Portanto, cada um é dono da sua vida.
Se hoje você está fazendo dela o que bem deseja, amanhã só você responderá por tudo.
Podemos todavia, alertá-lo:
Cuidado, amigo, o retorno da roda pode nos deixar de cabeça para baixo e até quando suportaremos tão difícil posição?
Tenha fé e se domine, nada vale mais do que a paz da sua consciência.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 03, 2020 7:32 pm

CAPITULO XIX - SEDE DE FELICIDADE
Pensativo, distanciei-me do grupo.
Alcançado por Enoque, permanecemos calados até que lhe ponderei:
— Enoque, estou percebendo que vem aumentando o número de viciados e poucos ainda não puxaram fumo.
Enoque, olhando-me sério, concordou:
— Tens razão, muitos encarnados vivem à procura da liberdade, achando que o mundo os está asfixiando a cada dia e nessa busca desenfreada estão encontrando a morte.
Quando somos dominados por alguém ou por algum vício, aos poucos ficamos enfraquecidos.
Nascemos livres e qualquer opressão nos debilita.
Ao despertar, o viciado se vê aniquilado; muitas vezes deseja se libertar; por desconhecer a força do espírito, se deixa ser levado, incapaz de lutar por si mesmo.
Ouvia o nosso amigo atentamente, quando ele me convidou a acompanhá-lo até um grupo de meninas e meninos que me deixou muito assustado.
Consumiam a droga e o álcool, e praticavam o sexo de maneira irracional.
O apartamento de um deles era palco de um triste e barato espectáculo.
Enoque, cercado de espíritos socorristas, tudo fazia por aqueles jovens tão longe de Deus.
E, para maior assombro meu, reencontrei vários conhecidos. Senti vontade de chorar.
Por que tem o homem tanta sede de divertimento?
Por que ele não usa a sua insatisfação em busca de causas nobres?
Ficando cada vez mais apegado aos prazeres da came, ele vai achando que tudo é normal e, imperceptivelmente, vai se afundando no lodo da irresponsabilidade.
Percebi Enoque dando assistência a uma garota que praticava actos não permitidos a mim narrar.
Aproximei-me, ouvindo-a dizer:
— Preciso hoje tomar no cano.
Desesperei-me.
Aquela garota a cada dia ficava mais dependente, mesmo recebendo orientação espiritual.
Enoque esforçava-se para que ela não afundasse mais, porém era em vão; ela procurava sempre o prazer momentâneo.
Imperfeito como sou, falei a Enoque:
— Até quando você vai servir de babá para essa louca?
Enoque parou e sorriu para mim.
Envergonhado, compreendi o que ele quis me dizer:
"Até quando ela precisar de mim".
Nisso, apareceram uns dois tabletes.
Todos demonstraram o maior contentamento.
Assim ali permanecemos, o tempo suficiente para compreendermos a gravidade do momento actual.
Ao deixarmos o local, vimos no estacionamento alguns jovens e deles nos aproximamos, ouvindo o que tramavam.
— Precisamos ripar aquele carro ali — dizia um.
Enoque, num impulso, apenas os assustou, fazendo um pequeno barulho.
Desconfiados, correram, voltando para o apartamento.
Perguntei:
— Mas eles não são filhos de gente de posse?
— Sim, mas a droga é um hobby muito caro e quando consumida leva o indivíduo à falência moral e monetária.
E amante destruidora.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado - Página 2 Empty Re: CONSCIÊNCIA - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Conteúdo patrocinado


Conteúdo patrocinado


Ir para o topo Ir para baixo

Página 2 de 4 Anterior  1, 2, 3, 4  Seguinte

Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos