LUZ ESPÍRITA
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Lírios Colhidos - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 19, 2020 8:11 pm

Lírios Colhidos
Irene Pacheco Machado

Luiz Sérgio


Neste livro, Luiz Sérgio acompanha o trabalho da equipe do doutor Albuquerque, médico espiritual responsável pelo desligamento dos corpos na hora do desencarne, um dos temas que maior interesse desperta em todos nós.
Presenciando vários casos, o autor espiritual elucida-nos quanto à correcta maneira de deixarmos o plano físico, o necessário para termos um desprendimento tranquilo.
São feitas, também, importantes revelações acerca da vida espiritual, como a visita de Luiz Sérgio a um hospital onde se encontram Espíritos que tiveram seus corpos congelados na terra, e a um leprosário, com vários antigos inquisidores reencarnados.
Lírios Colhidos é um livro de leitura obrigatória para todos aqueles que, acompanhando as transformações da Terra, desejam estar a par também dos factos ocorridos no mundo espiritual.

SUMARIO
MENSAGEM AO LEITOR.

Capítulo I - RENATA, LÍRIO COLHIDO POR DEUS
Capítulo II - O ADEUS NA ESTAÇÃO - A MORTE
Capítulo III - DUPLO ETÉRICO, GUARDA DO CORPO FÍSICO
Capítulo IV - GRAVIDEZ
Capítulo V - FÉ: ÚNICO REMÉDIO CONTRA A DOR
Capítulo VI - ÁLCOOL: BENGALA DO FRACO
Capítulo VII - DEIXEMOS QUE OS MORTOS ENTERREM SEUS MORTOS
Capítulo VIII - INGRATIDÃO FILIAL
Capítulo IX - O RESPEITO À CRIANÇA
Capítulo X - BRINCADEIRA FATAL - JOVENS E VELHOS ENTRELAÇADOS
Capítulo XI - A JUSTIÇA DA REENCARNAÇÃO - AS TRÊS REVELAÇÕES DIVINAS
Capítulo XII - OS PERIGOS DO VÍCIO - CRIANÇAS SOZINHAS
Capítulo XIII - ÓRFÃO DE PAIS VIVOS
Capítulo XIV - RESPEITEM AQUELES QUE PARTEM
Capítulo XV - A RESPONSABILIDADE DO MÉDIUM
Capítulo XVI - NO CONGELAMENTO DOS CORPOS, A ILUSÃO
Capítulo XVII - CORAÇÕES TREVOSOS DE ÓDIO
Capítulo XVIII - AS RESPONSABILIDADES DO SER HUMANO
Capítulo XIX - A DROGA COLHE UM LÍRIO
Capítulo XX - A CADA DESENCARNE UMA AULA
Capítulo XXI - A SIMPLICIDADE DE UM LÍRIO
Capítulo XXII - O PÁSSARO LIBERTO
Capítulo XXIII - A MARGARIDA DO MEU JARDIM
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 19, 2020 8:12 pm

MENSAGEM AO LEITOR
Graças às preces de amor de todos vocês, minha família querida, aqui estou a iniciar outro livro.
Considero todos os meus leitores um pedaço de mim, meus irmãos queridos, que muito me ajudam a evoluir.
Sei que para muitas leitoras sou o filho amado e também as estimo muito e grato sou por tanto carinho a mim oferecido nesses quatorze anos de vida espiritual.
A cada óbulo de trabalho que surge à minha frente, cerro os olhos e diviso um por um dos que vibram comigo em cada linha dos meus escritos e o abraço, reconhecido.
Se hoje ocupo um lugar, simples é verdade, na literatura espírita, isso devo graças ao respeito e ao carinho não só dos espíritas, mas de muitos amigos de outras seitas que buscam os esclarecimentos da vida após vida.
Neste livro, procuro narrar vários casos de desencarne, principalmente de jovens que tive a oportunidade de socorrer, atendendo aos pedidos dos que ficaram.
Mas, diante de tudo isso, espero que com a dor da separação valorizemos a vida de nossos entes queridos e aprendamos a respeita los ainda no corpo físico, mesmo quando não correspondam ao que deles esperamos.
Consideramos a Terra um pântano e os encarnados os lírios cujos pés se firmam no lodo do pretérito e, mesmo assim, cuidados são pelo jardineiro de Deus — Jesus.
Muitos lutam para alcançar o sol dos esclarecimentos cristãos, outros preferem buscar na própria terra os seus valores, sem encontrar tempo para o crescimento da alma.
Quando esses lírios são colhidos, sofrem com a podação, porque preferem continuar prisioneiros de si mesmos a caminhar em direcção a Deus, onde os nossos perispíritos, mais livres, serão observados sem os trajes das condições sociais usados na trajectória física.
Nós, os espíritos desencarnados, somos os lírios colhidos pelas mãos de Deus, não para enfeitar um vaso de flores em um lar, mas sofrermos a poda para adquirir a beleza divina.
E essa beleza todos nós podemos conquistar lutando pela melhoria dos nossos espíritos.
A poda é necessária e quem lhes fala sentiu-a na carne quando junto a outros companheiros viajava tranquilamente.
Isso se deu no dia 12 de fevereiro de 1973.
Sofri muito e mais ainda sofreram meus pais.
Hoje, graças à Doutrina Espírita, eu e eles sabemos que as plantas sofrem a poda para ficarem mais belas e sadias.
E me recordo de Jó, Cap. XIV, versículo 14:
“Nesta guerra em que me encontro, todos os dias de minha vida, estou esperando que chegue a minha mutação. ”
Lírios Colhidos é um livro simples, porém muito útil para aqueles que já viveram o doloroso adeus na “estação da morte”.
Nada de novo contarei, mas levarei até você, leitor amigo, minhas experiências junto a muitos lírios colhidos, não importando de que maneira, todavia revelando que a cada um foi dispensado um tratamento repleto de amor e respeito.
Se você já sofreu a separação de um ente querido, vai encontrar nestas páginas alguma coisa que o fará amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Que Lírios Colhidos possa perfumar suas mãos ao manuseá-lo, mas muito mais ainda os corações repletos de saudades.

LUIZ SÉRGIO
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 19, 2020 8:12 pm

Capítulo I - RENATA, LÍRIO COLHIDO POR DEUS
Nossa casa preenche as nossas necessidades e as daqueles a quem prestamos auxílio.
É um pequeno chalé de onde vemos montes, rios, belas florestas e cuidamos do pequeno jardim.
Sempre recebemos amigos e, como na terra, contentes ficamos em conversar sobre vários assuntos.
Naquela manhã, encontrava-me ocupado, estudando, quando alguém se fez anunciar, e com alegria reencontrei o amigo Saturnino.
Informou-me que eu havia sido convidado para mais uma tarefa, precisando comparecer ao Departamento do Trabalho.
Avisei Josefa, querida tia que mora comigo, e me dirigi ao Departamento que me convocara.
Enquanto caminhávamos, fiz várias perguntas ao meu amigo Saturnino e ele gentilmente não as deixou sem respostas.
Uma delas: de onde vinha a melodia que ouvíamos?
Ele respondeu:
— De um lugar fora do círculo — e nada mais falou.
Ao apresentar-me, fui informado do meu trabalho e feliz fiquei em conhecer os novos companheiros:
Edouard e Deleuze, de quem logo gostei muito.
Eram jovens e me pareceram muito capazes.
Retiramo-nos.
Pensei em dar uma passada por minha casa, porém Saturnino ao se despedir alertou-nos sobre a necessidade de iniciarmos imediatamente os trabalhos.
E foi ele quem nos apresentou os demais companheiros do grupo Patrice, Joana e um jovem muito alegre — Aécio.
Deleuze nos guiou até uma Colónia bem estranha para mim, toda circundada de montes.
A cidade era composta de uma única e imensa casa à qual darei o nome de Casa da Esperança.
Ao cruzar a porta, sentimos forte vibração — ela nos pareceu possuir vida.
Fomos informados de que a esse estranho lugar chegavam as tristezas, as brigas, o desespero e os pedidos de socorro.
Entramos em uma sala muito ampla, rodeada de computadores.
Deleuze retirou dali uma anotação onde vários pedidos a mim eram endereçados.
Fiquei encabulado, mas logo foi esclarecido que naquela cidade eram registradas as rogativas dos encarnados; ali se reunia uma plêiade de espíritos que emitia vibrações de amor aos necessitados.
— Vimos só conhecer a Colónia? - perguntei.
— Não, respondeu Edouard.
Devemos prestar assistência nos locais dos chamados.
Edouard dirigiu-se ao sector vinte e seis e lá recebeu uma ficha.
Descemos à terra para atender ao apelo de uma família que se encontrava desesperada.
Assim, chegamos a um hospital para ver uma criança.
Seus pais, aflitos, fitavam o corpo físico da garotinha, que lutava para prender a alma.
Edouard aproximou-se do pai tentando acalmá-lo, pois ele era o protótipo da tristeza.
Deleuze examinou a garota, que apresentava infecção generalizada, mas olhando o Raio X do seu perispírito percebemos que ela não tinha condição de permanecer na terra.
Presenciamos os encarregados realizarem o desligamento, começando pelo chacra básico, os demais foram apagando-se um a um até afrouxarem o nó que interliga todos os corpos.
Chorei junto à família e quando fixei o corpo físico da garotinha, fiquei feliz, porque ela já bem longe dele se encontrava.
Partimos para o Hospital de Maria, chamado Caminho Divino, onde a menina continuaria o tratamento.
Abracei-a; ela permanecia semi-desperta.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 19, 2020 8:13 pm

Já me encontrava na porta, porém retornei ao notar que a pequena ainda quedava-se ligada pela mente ao seu corpo físico.
E por mais que Joana e Patrice fizessem ela assistia aos choros e ao seu sepultamento.
Interferi:
— Não podem adormecê-la?
— Não. Os pais possuem muita autoridade sobre os filhos e eles agora a chamam e a desejam junto deles.
— Mas é demais para essa criança!...
— Sabemos, mas nada podemos fazer além do que já fizemos.
Voltei e abracei Renata, que esboçou um sorriso, mas também sentia saudade, e saudade é uma dor tão grande que não nos permite o raciocínio.
— O que será de Renata?
Quanto tempo ficará aqui, Edouard?
— Muito pouco, logo reencarnará.
— Quê? E por que desencarnou?
— Simplesmente para embelezar seu corpo perispiritual.
Morrendo e nascendo sofremos uma plástica divina e Renata precisou da plástica para livrar-se de algumas deformações.
— Posso olhar a ficha médica da garota?
Preciso saber qual o órgão afectado.
Deleuze olhou-me assustado, sem entender o meu pedido, mas Edouard mostrou-me o filme do desencarne:
a falta de ar, a infecção se alastrando, o desespero do espírito, sua libertação, a saudade do lar, dos pais, enfim, dores que eram transformadas em bênçãos para aquele corpinho tão frágil.
Atentamente, busquei o corpo físico de Renata e este, bastante debilitado, apresentava o aparelho respiratório deficiente.
Dificilmente chegaria à idade adulta.
O perispírito ainda conservava algumas marcas, mas logo os médicos divinos completariam o trabalho e Renata, que teria de reencarnar, faria a viagem de volta.
Fiquei analisando os dois corpos:
o físico e o perispiritual, e dei graças a Deus por sermos eternos.
Quando saí, meus amigos me esperavam sem aparentar qualquer ansiedade, eu, sim, fiquei meio sem jeito.
Deleuze cumprimentou-me pelo interesse demonstrado e aí fui adiante:
— Amigo, este pedido se encontrava registrado no Departamento?
— Sim. Os pais, desesperados, registraram toda a dor e tristeza no painel do Caminho Divino.
— Coitados!... falei.
— Coitados, não — respondeu Edouard — feliz do homem que tem humildade para pedir, eles tiveram oportunidade de testar a fé e Deus lhes dará o bálsamo da compreensão e de novas alegrias.
Este pedido, que se encontrava registrado no Departamento da Dor, foi o primeiro por nós atendido.
— Existe só aquela cidade? - perguntei.
— Não. Existem várias e de todas elas partem emissários da paz.
Por isso o título deste livro é Lírios Colhidos.
Hoje Renata foi um lírio colhido, cujo perfume ficou com seus pais na lembrança das horas em que ela os encantou com seu sorriso de criança.
A saudade é dolorida, mas a vida continua e ninguém pode entregar-se à dor, que sempre é passageira.
Ela passa, todavia permanecemos caminhando e jamais sozinhos, porque Jesus prometeu ficar ao nosso lado e cumpre com Sua palavra.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 19, 2020 8:13 pm

Ele orvalha os nossos lábios com a água da prece, prece esta que vara a sensação do nada e chega até o coração de Deus, Pai extremoso que, atento, busca consolar Seus filhos dando-lhes a certeza de que toda dor é efémera.
O homem não foi criado para sofrer nem a dor é criação divina.
Foi ele mesmo quem buscou a dor conquanto abusou demais da liberdade oferecida por Deus.
Meus companheiros me viram pensativo e Patrice acercou-se de mim, dizendo:
— Lírio colhido por Deus, embelezado pelas lágrimas de tantos olhos que o amam.
— Obrigado, irmã, sou um homem feliz.
Onde chego encontro amigos e espero que o nosso aprendizado seja propício ao crescimento de todos nós.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 19, 2020 8:13 pm

Capítulo II - O ADEUS NA ESTAÇÃO DA MORTE
Dirigimo-nos à Colónia onde Renata receberia os primeiros socorros.
Com amor as enfermeiras divinas tentavam preencher a lacuna dos pais!
Renata chorava, abraçada à sua boneca, olhando ao redor, mas logo adormeceu.
Aproximei-me de Rosália, uma das encarregadas da Colónia, e ela me informou do reencarne próximo de Renata, porém desta vez como homem.
Como homem, por quê?
Renata precisava antes ser esperada com amor e criada com carinho.
Seus pais sonhavam com uma menina e se chegasse homem eles poderiam, sem sentir, rejeitá-la.
O espírito da irmãzinha precisa de muito afecto.
Esses anos que passou na terra foram benéficos não só para sua cura física como espiritual.
O amor faz milagres!
— E agora, ela voltará como homem?
— Sim, um garoto lindo e portador de muito magnetismo.
Breve estará fortificado para levar uma vida normal, regada com as águas do Evangelho.
Ainda olhei Renata e alisei sua cabecinha, esperando estar ao seu lado no momento em que tiver de voltar.
Despedi-me de Rosália e nossa irmã das rosas, sorrindo, cantou esta canção de ninar para adormecer Renata:
“Dorme criança,
Dorme neném,
Que o bicho
Aqui não vem...”
Patrice consultou outra ficha de pedido de socorro e me falou:
— Da Colónia das Acácias está partindo um pedido de socorro.
— De uma Colónia?
— Sim.
Nada mais indaguei.
Era um trabalho que eu estava realizando nas férias e já me sentia a gostar dele.
Chegamos à Colónia muito florida e com plantas crescendo em profusão nos bem cuidados canteiros.
As flores eram tão belas quanto as da terra, de cores lindíssimas, e espargiam sua força energética, beneficiando a tudo e a todos.
Parei para apreciá-las, porém os meus amigos já iam longe quando os alcancei.
Somente reparei os prédios, que pareciam de mármore.
À frente de um deles, Sandra nos recebeu:
— Alonso espera por vocês.
“Quem seria Alonso?” — pensei.
Mas logo nos detivemos ante um senhor simpático que nos colocou à vontade.
Urgia que nos dirigíssemos à enfermaria, pois alguém solicitava auxílio.
Conversamos um pouco com Alonso, depois nos encaminhamos para lá, onde uma senhora ainda jovem fingia dormir. Aproximando-me, indaguei:
— Como está passando, Sheila?
Ela abriu os olhos.
— Muito mal.
Não quero ficar aqui, tenho marido e filhos na terra e vou ficar ao lado deles para ajudá-los, Deleuze falou:
— Está bem.
Vista-se e vamos. Iremos levá-la até sua casa.
— Verdade?
Nem posso acreditar — disse, muito alegre
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 19, 2020 8:13 pm

— Baixinho, — falei ao amigo — você enlouqueceu?
Ela vai aborrecer os seus familiares. Isso é o que vai fazer.
Sheila, sorrindo, foi despedir-se de Alonso e se juntou ao nosso grupo, que mais uma vez descia à crosta.
Ao chegarmos à casa de Sheila, o seu jovem marido lanchava com uma bonita garota.
Observei Sheila, que tentava abraçá-lo.
Logo entraram as filhas, duas mocinhas mascando chicletes, olhos vermelhos, aparência desleixada.
A mãe, em desespero, procurava abraçar os familiares, e estes, sentindo sua presença, iniciaram uma conversa sobre ela. Uma das filhas falou:
— Hoje, só penso na mamãe, ela tem de me ajudar a passar no vestibular.
A vela acesa é para ela.
Sim, prometi à mamãe dez pacotes de velas.
— Deixa a velha em paz — retrucou a outra.
Sheila não gostou do linguajar da filha.
Olhou para mim e exclamou, desconcertada:
— Velha, eu?!...
Abracei-a, dizendo:
— Sheila, vamos voltar para a Colónia.
O encarnado tem a vida dele e nós a nossa.
— Sérgio, eu preciso fazer minha filha passar no vestibular.
— Você tem curso superior?
— Não, só estudei até a quarta série do primeiro grau.
— E quer ajudar sua filha a fazer prova?
— Como espírito desencarnado eu não posso saber tudo?
— Não. Você, minha amiga, em vez de ajudar vai é atrapalhar.
— Mas eu preciso!...
Não podia continuar o diálogo, pois ali éramos apenas expectadores.
O marido de Sheila, segurando a mão da namorada, falou:
— Foi a falecida quem escolheu você para mim, por isso nos damos tão bem.
Sheila retirou-se da sala chorando.
Ainda fiquei com Deleuze, indo até o quarto onde as velas queimavam diante de uma fotografia de Sheila.
Quando saímos, a nossa irmã pediu para visitar alguns amigos e, quando deles se aproximou, ouviu comentários maldosos sobre as suas filhas.
Desiludida, pediu-nos que a levássemos de volta, o que Edouard fez com prazer.
Iríamos ainda até um local onde vários irmãos haviam desencarnado por acidente.
Lá chegando, presenciamos um quadro doloroso.
Fiquei sabendo, então, que Deleuze era médico, pois ele, de imediato, integrou-se à equipe de socorro.
Nós fazíamos a nossa parte: carregar feridos, ajudar os encarnados a encontrar e tirar das ferragens os doentes ou os já “mortos”.
Enquanto prestávamos auxílio, defrontamo-nos com a dureza do homem, saqueando feridos e cadáveres.
Uma cena muito triste.
Aproximei-me de uma criança chamada Sueli, abracei- me a ela e com carinho conduzi-a até o posto médico da espiritualidade.
Apesar de já pertencer à nossa esfera, ainda sentia as dores do mundo físico.
Tentei consolá-la, mas sua casa mental plasmara a hora terrível do acidente.
E ali, diante da dor, senti a grandeza de todos os que trabalham pela alegria de se fazer útil aos outros.
Enquanto alguns encarnados saqueavam sem respeito um irmão, nós lutávamos para consolar os que sofriam.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 19, 2020 8:14 pm

Ficamos muitas horas no local e com curiosidade cheguei até um irmão que estava tendo os corpos desligados, mas que, mesmo assim, padecia das dores do corpo físico.
O duplo mantinha-se ainda muito fígado ao físico, como se estivesse lutando para não se desfazer.
Um dos encarregados espirituais apenas impôs a mão e os chacras coronário e cardíaco deixaram de rodar.
Intrigado, indaguei:
— Como pode isso acontecer?
O espírito, não é ele quem comanda a matéria?
— Sim, mas a matéria física não perde de imediato a energia.
O reservatório energético do duplo ainda mantém, por algum tempo, o corpo físico sensível.
Mas logo tudo termina e o espírito ganha a eternidade, levando consigo lembranças, saudades e remorsos.
Aqueles corpos, ali estirados, fizeram-me pensar que o homem encarnado, muitas vezes, joga fora os seus minutos de paz, brigando por nada, reclamando da vida, impacientando-se em família.
Se ele estudasse as verdades espirituais encontraria o remédio para o dia-a-dia.
O mal do homem é que ele, de tão orgulhoso que é, não concebe que a dor do vizinho pode ser sua amanhã.
Ele foge da realidade da “morte”, julgando que na sua família ninguém vai desencarnar.
E assim, distante da verdade, vive o homem moderno atrás dos bens temporais, deixando passar os momentos felizes.
Instantes depois, corri para socorrer um jovem de quinze anos que sofria entre as ferragens.
Olhei o seu cordão prateado, ele ia, devagarinho, se desamarrando e o corpo físico morrendo pouco a pouco.
O corpo parecia uma casa apagando as suas luzes.
Ao se completar o desligamento, o espírito do jovem não sabia o que fazer.
Fitava, atónito, seu corpo mutilado e aí começou a gritar estridentemente.
Edouard aproximou- se, aplicou-lhe passes, mas o jovem sentiu pavor ao nos ver.
— Por que ele nos teme tanto? perguntei a Deleuze.
— É perturbação somente.
— Não sei, não, acho que aqui tem coisa.
O médico parou um pouco o atendimento e aquiesceu, dizendo:
— Tem razão.
Não esqueça que estamos vestidos de maneira diferente, dada a nossa condição de socorristas da espiritualidade.
E o garoto nos julga de outro planeta.
Dei uma gostosa gargalhada; nós estávamos vestidos de calça e blusão cinza-chumbo, à semelhança das roupas chinesas.
Apalpei-me, sorrindo.
Marciano, eu, hem?
Mas um encarnado ainda se debatia.
Deleuze, aproximando-se, aplicou-lhe passes e prestou socorro.
Fitando o perispírito do doente, percebi, mais uma vez, que este corpo plástico é igualzinho ao corpo físico.
E prestei muita atenção nos fios intermediários.
Não só o cordão prateado é importante.
Os outros fios, que mantêm os corpos unidos, são também muito importantes, embora comandados pelo cordão-rei:
é este a fechadura do intercâmbio corpo-espírito.
Pude notar também que cada caso é um caso, cada um de nós se separa de seus corpos de maneira diferente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 19, 2020 8:14 pm

Perguntei aos médicos e ainda foi Deleuze quem me respondeu:
— Uma a uma, vão as partes enfraquecidas do corpo físico diminuindo sua frequência no chacra correspondente ao funcionamento do órgão.
Vou tentar explicar melhor:
um doente cardíaco tem enfraquecidos todos os fios de ligação ao chacra do mesmo nome; como as válvulas cardíacas estão obstruídas, as dos chacras também, igualmente as dos centros de força e, assim, todas as auras doentes.
Ainda perguntei:
— O tratamento espiritual se dá nos centros de força, por isso o passe é salutar, não é?
— Um corpo debilitado necessita receber fluidos energéticos de outro que esteja bem.
Em minha cabeça surgiam vários pontos de interrogação.
— E se o passista não estiver bem?
Hoje poucas pessoas se encontram equilibradas.
— O dirigente de uma Casa Espirita precisa estar atento aos grupos de passe.
É necessário que não só se auto-eduquem, como saibam isolar sua vida cotidiana da acção que irão exercer ao entrarem em uma sala de passe.
Se o passista atravessa momentos difíceis, os seus corpos se encontram em desajuste e, nesse estado, torna-se difícil os seus canais doadores ficarem aptos ao trabalho de doar energia.
Mas, mesmo que o doador não esteja bem, se se propuser a realizar um trabalho, conscientizar-se de sua tarefa, poderá oferecer energias salutares, porque o seu amigo espiritual irá fortalecer a sua aura espiritual e ela ajustará os seus corpos.
Olhando os corpos físicos corroídos pelo acidente, busquei a luz divina, que é o espírito, e percebi que o homem estuda, trabalha e luta, mas se distancia do estudo sobre a morte.
Quando ela chega, sem preparo, ele se apega à matéria inerte — o corpo físico — lutando para não o deixar.
Mas o espírito é divino e, mesmo sem compreensão, é socorrido por mãos amigas.
Deleuze nos reuniu.
Havíamos terminado nossa tarefa e iríamos agora á capela onde estava sendo velado o corpo do um dos acidentados.
É preciso? perguntei.
Sim, é preciso - respondeu Edouard.
Quando chegamos, a esposa do desencarnado chorava baixinho.
O ambiente era de tristeza.
No início estavam presentes apenas alguns familiares e amigos, mas logo o recinto foi ficando repleto e aí começou a dor do espírito que, mesmo distante e já socorrido, ouvia os comentários da sua vida:
Coitada da viúva!
Ele viajava com a amante e tem um filho com ela, que é da idade de uma das suas filhas.
E depois, também o filho dele não presta, já deu até desfalque...”
Entristeci-me.
Como pode alguém comparecer a um velório e não respeitar a dor dos outros?
Poucos ali oravam, as conversas iam desde as novelas até a maledicência.
As anedotas? de arrepiar...
— Isso se dá sempre? — perguntei a um dos encarregados da segurança das capelas mortuárias:
— Infelizmente, meu jovem.
O encarnado não está educado para visitar esta estação.
Ele julga que não vai precisar dela um dia e quando vem trazer o seu adeus a um parente ou conhecido o faz, muitas vezes, por obrigação social; por isso esses tristes fatos que você está presenciando.
Quanto mais concorrido o enterro, mais triste é o comportamento dos homens.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 19, 2020 8:15 pm

Olhei o painel e vi o irmão desencarnado.
Apesar de já desligado o corpo físico, pelo rompimento do cordão de prata, continuava unido a ele pela atracção magnética.
O corpo físico operava como um aparelho eléctrico, emitindo energia magnética até o recém-desencarnado.
Aproximei-me do corpo velado e constatei que, mesmo sem o perispírito, que se encontrava resguardado em um hospital da espiritualidade, o corpo físico e o duplo ainda se mantinham ligados a ele.
Voltei-me para o encarregado da capela:
— Como devemos nos portar diante de um corpo?
— Com a dignidade de um ser educado.
O certo seria colocar músicas suaves e harmoniosas, evitando a conversação, principalmente falar sobre o modo pelo qual o irmão desencarnou.
Ao invés de conversas vazias, cada um deveria fazer uma prece de despedida.
Sacudi a cabeça e completei:
— As músicas suaves possuem grande poder energético.
Não se deve fumar no ambiente, nem relatar factos desagradáveis da vida do desencarnado.
Devemos, quando formos despedir-nos de alguém, não só lhe demonstrar nossa amizade porém, ainda mais, respeitar a vida que ele deixa para trás.
Deleuze e os outros amigos prestavam auxílio aos familiares que sofriam.
Fui esperá-los no portão, porquanto o comportamento dos encarnados não era muito digno.
Orei baixinho:
“Deus, nosso Pai de amor e bondade, sábias são as Tuas leis.
O homem sofre por desrespeitá-las.
Senhor, enviaste Jesus à terra, não só para que o Mestre ensinasse aos alunos repetentes, que somos todos nós, a bondade, o amor e a caridade, porém ainda mais para que Ele nos fizesse compreender que o túmulo é a porta da verdadeira vida e, ao passarmos por ela, sabermos dar valor à coragem de Jesus em nos mostrar que Tu, Senhor, não matas.
Jesus é o Mestre porque não traiu as Tuas leis e tão bem ensinou aos homens o valor do nascer e do morrer.
Quando ressurgiu dos mortos, Jesus quis nos consolar, porque todos teríamos de buscar o túmulo para a vida.
E ainda, Senhor, colocaste Maria para completar a vida de Jesus.
Na outra porta da estação, Ele foi o exemplo da dignidade e da fé.
Oh, Pai! Agradecidos por tantos ensinamentos, nós, os teus filhos, pedimos-Te perdão por ainda não assimilá-los.
Ajuda-nos a viver dentro das Tuas leis, porque só elas nos revelam a salvação.
Assim seja.”
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Lírios Colhidos - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado Empty Re: Lírios Colhidos - Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 20, 2020 7:08 pm

Capítulo III - DUPLO ETÉRICO, GUARDA DO CORPO FÍSICO
Deleuze, Edouard e eu caminhávamos calados de volta à nossa Colónia, quando encontramos os caravaneiros de Maria que estavam saindo para assistir alguns acidentados.
Para lá também nos dirigimos e constatamos que vários irmãos se debatiam ao lado de seus corpos, mesmo já tendo sido desligado o cordão da vida física.
Os enfermeiros colocavam os doentes nas macas e a equipe de Maria cuidava do corpo físico, pois nele concentravam-se ainda as energias vindas do espírito, as quais, apesar do desligamento dos corpos, continuavam presentes não só no duplo como no corpo físico.
A equipe retirava essas energias do corpo físico concentrando-as no duplo, porque na hora do desligamento elas sobrecarregam o corpo físico.
Os fluidos magnéticos que mantêm os corpos alinhados na luta pela sobrevivência correm para os reservatórios energéticos do corpo físico e este, que com a separação do espírito não sobrevivo, vai morrendo pouco a pouco.
Daí existirem equipes que dispersam os fluidos, ou melhor, concentram-nos no duplo e depois esperam que isto os elimine paulatinamente, num processo de dispersão disciplinado, para que não haja perda nem violência.
Isso acontece quando a legião das trevas tende a apropriar-se desses fluidos, que considera benéficos para seus espíritos ainda apegados à matéria.
Um daqueles corpos físicos me pareceu mais vivo, apesar de morto como organismo, porque as moléculas lutavam para permanecerem juntas.
O duplo etérico pode ser chamado de guarda do corpo físico, pois mesmo já tendo sofrido o desligamento deste, permanece sobre ele como um cão fiel.
E os encarregados deste trabalho colhem a energia do corpo que na hora da “morte” reage rapidamente para se concentrar no corpo físico.
Algo me chamou a atenção: alguns acidentados só tinham o duplo como companheiro, mas em outros o corpo perispiritual se encontrava ainda ligado ao duplo e ao corpo físico, mesmo este já considerado morto.
— Poucos são os que têm os corpos desligados com apenas um só toque no cordão de prata.
Há desencarnes que levam horas, dias e até semanas nesse processo — explicou o dr. Roberto a uma indagação minha.
Ele fazia parte da equipe , socorrista.
— E sentem todo o drama do corpo em decomposição?
— Sim, mas graças a Deus são minoria.
O mais frequente é o perispírito se desligar do duplo etérico e este se alojar no corpo físico para ambos se decomporem.
Os enfermeiros de Jesus continuavam retirando as energias de alguns daqueles corpos.
— É possível uma falange de trevosos fazer esse trabalho para outros fins? perguntei ao médico.
— Sim, é possível.
Certas falanges aproveitam os fluidos vitais para saciarem os seus desejos, outros para realizarem trabalhos de feitiçaria.
— Sempre existiu essa equipe de socorro?
— Sempre, mas nem a todos ela consegue socorrer.
Existe muito encarnado que luta para não deixar o corpo físico e junto a ele sofre demais.
— Não é muito fácil desencarnar...
Doutor Roberto sorriu.
— Para os avaros e orgulhosos não é mesmo.
Quando o homem é espiritualizado, ele mesmo ajuda as equipes de socorro.
Ao iniciar-se o processo do seu desencarne ele, conhecedor dos seus corpos, vai-se desligando pouco a pouco de cada um deles.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 20, 2020 7:09 pm

E se sente livre como um pássaro, porque se vê em espírito.
— Mas quem consegue chegar a esse estágio?
— Muitos, Luiz, muitos.
Olhei o meu corpo e pensei:
“Deus, quando ofertou a inteligência ao homem, só desejou que ela fosse desenvolvida para o bem, mas o homem pervertido a adormece pelas carícias da matéria”.
Contente, porque todos ali haviam sido socorridos, vi que a equipe resplandecia de luz por mais uma tarefa cumprida.
Despedimo-nos, não sem antes indagar:
— Doutor, aqui presenciei o desencarne, como faço para assistir a uma encarnação?
— Procure o respectivo Departamento; lá você terá belas lições de amor ao próximo.
Saímos dali desejando abraçar Deus, dizer a Ele como somos felizes em possuir um grande Pai.
Iamos voltar para casa, mas um jovem da nossa equipe, Edouard, manifestou o desejo de ajuda ao seu irmão Ernesto, que ultimamente vivia embriagado, e logo estávamos nós em um barzinho, onde Ernesto, cercado de amigos, conversava animadamente.
Pensava eu:
“o que poderemos fazer aqui?”
Um dos nossos aproximou-se do grupo e ficou em silêncio, emitindo vibração, mas de imediato voltou, dizendo a Edouard que Ernesto precisava de um tratamento desobsessivo.
Percebi que nos mais bêbados os corpos se encontram bem desnivelados e afastados.
Nos espaços entre os corpos uma névoa escura tomava conta dos fios fluídicos, dificultando o trabalho da troca energética entre os corpos.
Falei a Deleuze:
— Por isso ficam cambaleantes.
É que os corpos se desequilibram, porque se afastam uns dos outros por demais, não é mesmo?
Deleuze sorriu, dizendo:
— O homem de vida equilibrada, de moral elevada, sem vícios e com alimentação adequada possui os fios fluídicos perfeitos e esses condutores de vida mantêm os corpos nivelados, o que não se dá com quem toma droga ou ingere bebidas alcoólicas.
Até mesmo um simples barbitúrico sobrecarrega o cérebro, que é ponte de ligação com os centros de força do perispírito, sede do espírito.
Portanto, a sobrecarga de uma energia negativa leva o espírito a se descontrolar e ele, uma vez descontrolado, não consegue emitir energia positiva para manter alinhados os corpos.
Sem comando, não existe veículo.
É o mesmo que um automóvel ser dirigido por uma pessoa incapaz.
O bêbado ou drogado está muitas vezes distante da consciência e dos seus corpos.
Ernesto era presa de mentes perturbadas e seu duplo e seu perispírito pareciam um sino, batendo de um lado para outro.
Edouard tinha os olhos repletos de lágrimas.
Abracei-o, dizendo:
— Nós vamos ajudá-lo, espere e verá.
Deus não desampara nenhum de Seus filhos.
Disse ele:
— Meus pais têm muita culpa.
Quando éramos pequenos, o comum em nossa casa eram as festas.
A bebida corria farta e muitos dos convidados nos ofereciam pequenos goles.
Eu sempre relutei em beber mas ele, mesmo criança, embriagou-se muitas vezes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 20, 2020 7:09 pm

O que mais me feriu o coração ao olhar aquele corpo físico cambaleante foi presenciar os trevosos pendurados no duplo e no perispírito, sugando a bebida através das rodas da vida.
O baço daquele irmão parecia um copo por onde eles se fartavam das bebidas alcoólicas.
O bar repleto, risos, piadas e palavrões, era um reduto de espíritos menos esclarecidos.
Vários mensageiros estavam ah para socorrer os espíritos desencarnados que, completamente alcoolizados, saíam do bar carregados por eles.
Baixei a cabeça e fui saindo na frente dos outros.
“Meu Deus, até quando o homem vai ignorar a vida após vida?
Até quando o homem vai destruir os seus próprios sonhos?
Até quando o homem vai recusar-se a amar a Deus?” - pensei.
Respondeu-me Edouard:
— Até o dia que cansar de sofrer.
Abracei-o e ganhamos as esferas da erraticidade, cuja brisa refrescante dava-nos boa noite.
No céu, as estrelas eram tão brilhantes que ofuscavam a Lua.
A nossa casa nos abrigou e me senti o homem mais feliz da Terra, pois, enquanto muitos vagueiam ainda no plano físico, apesar de desencarnados, eu possuo um lar que me acolhe e me protege; isso tudo agradeço a você, leitor, que com seus gestos de caridade acende a luz da verdade no altar da minha consciência.
Conhecendo o meu dever para com a Doutrina Espírita, vejo-me na obrigação de jamais fraquejar no meio desse caminho, onde as dores de alguns irmãos são chagas de provação em minha vida.
Peguei o violão e cantei baixinho esta canção:
“Vento que sopra lá fora
Que sopra lá fora
Vento vai embora
Vento vai embora.
E leva notícias minhas
Notícias minhas
Diz que sou feliz.
Na minha nova vida
Tanta coisa fiz.
Diz também
Que não sintam
Saudades minhas
Sou feliz,
Sou feliz”.
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Capítulo IV - GRAVIDEZ
Ao passarmos de um plano para outro, divisamos perfeitamente as duas atmosferas.
Há sempre um abalo na corrente dos nossos pensamentos ao voltarmos ao plano espiritual, onde ele é mais veloz.
Portanto, feliz do espírito que compreende que o plano físico não é mais sua morada.
Um grande erro dos familiares é desejar aprisionar seus entes queridos no laço do inconformismo.
É o mesmo que colocar pássaros em gaiolas, tirando-lhes a liberdade.
Cantando, acompanhado do meu violão, senti-me tão filho de Deus que o meu amor por Ele cresceu em agradecimento.
Mas novas tarefas me esperavam.
Juntei-me aos outros companheiros, buscando a terra.
Na Casa Espírita, participamos da prece aos suicidas.
Uma irmã chamada Gertrudes, acercou-se de nós pedindo socorro para sua neta, pois não se sentia em condição de ajudá-la, visto só ter um ano de desencarne.
Partimos em auxílio a Margareth, mas chegamos tarde, ela já se atirara do quarto andar.
Deparamo-nos com um quadro desolador:
o espírito da jovem se debatia ligado ao corpo e, junto a este, outro espírito, o da criança que ela esperava.
Margareth tinha quinze anos.
Naquele momento, lamentei:
“até quando meninas, julgando-se emancipadas, terão forças para enfrentar sozinhas as situações criadas por elas mesmas?
As mulheres se dizem em igualdade com os homens, mas raras possuem forças para criar um filho sem auxílio de terceiros.
Ainda assim, acreditam que estão se igualando ao homem.
As famílias precisam orientar, urgentemente, seus jovens, não só contra as drogas mas muito mais elucidando-os para o perigo do sexo sem controle.”
Testemunhávamos o desespero de Margareth e do espírito que ela levava no ventre.
Entramos em sua casa.
Os pais, desorientados e com remorsos, não aceitaram a realidade, porquanto a vergonha fora maior do que o amor à filha.
Margareth, que desejou ser livre, porém dependente ainda da família, não se sentiu com forças para lutar.
Por quê? Simplesmente porque ninguém é livre se não é dono de si mesmo.
Se desejamos a liberdade, devemos lutar por ela, estudando e trabalhando.
Deleuze prestou ajuda à garota e ao bebé.
O quadro era triste demais e eu me fui retirando.
— Sérgio, este é um problema social que se agrava a cada dia.
A juventude está morrendo — falou o doutor Paulo, outro médico da equipe.
— Doutor, e a criança?
— Será levada para a maternidade espiritual, mas Margareth sofrerá por muito tempo.
— Como se deu a gestação?
— Ao constatar que estava grávida, Margareth ficou em desespero.
— E o espírito da criança sofreu toda essa apreensão?
— Se esse espírito já possuía compreensão, cooperou com o ato reencarnatório, se não, foi levado através do sono magnético a encontrar-se com o espírito da mãe.
Sabemos nós que a formação do feto é realizada pelos benfeitores e pela mente materna.
A mãe, mesmo inconsciente, é leal guardiã do filho.
Na gestação, a mente materna transmite ao espírito as suas sensações.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 20, 2020 7:09 pm

Esse espírito que estamos vendo ser desligado da mãe suicida participou de toda a angústia de Margareth.
— Quando socorríamos alguns irmãos no desencarne, assisti à separação dos corpos e presenciei o desligamento do perispírito do duplo e do corpo físico.
Na ocasião relatei aos leitores e gostaria que me falasse agora como se faz a união dos corpos.
— Sérgio, o Departamento da Reencarnação possui equipes capacitadas para trazer ao plano físico os espíritos necessitados de reencarnar.
Portanto, é enorme o trabalho do Departamento reencarnacionista.
A partir do momento em que a mulher inicia suas actividades sexuais, ela é levada ao Departamento para escolher os filhos, durante o sono.
— Todas as mulheres?
— Sim, as que ao reencarnarem assumem a missão de mãe.
Não existe injustiça desde que a mulher aceite a sua condição de fêmea.
Ela, que é considerada o canal da vida física, tem por obrigação receber os espíritos que precisam voltar.
Em livro anterior1, o irmão já falou que a mulher é uma nave protectora, para onde Deus, confiante, encaminha aqueles que muito necessitam da bênção da reencarnação.
A gestação é um grito de amor a Deus; só Ele é capaz de tanta bondade.
— Perdoe-me uma pergunta um tanto ignorante: em qualquer relação sexual estão presentes os encarregados da fecundação?
— Presentes não, pois sabemos que um espírito esclarecido respeita a intimidade do encarnado, mas nos órgãos reprodutores femininos encontra-se uma espécie de aparelho que dá o sinal quando activado e esse mesmo aparelho separa os espermatozóides para a fecundação.
Todo esse pro- cesso se dá sozinho, sem a participação de espíritos; é a máquina física que trabalha.
No momento em que os dois elementos geradores se fundem é que entram os encarregados do Departamento e fazem a ligação luminosa.
— Perdoe-me, mas então do corpo da mulher parte o aviso de que ela está apta a fecundar?
— Isso mesmo, por isso é que se comenta: “fulana se descuidou”.
— Algumas mulheres dizem que com elas não existe o livre arbítrio.
Talvez porque o Departamento viva atento, não é mesmo?
— Todos nós temos uma tarefa a ser cumprida.
Quantos trabalham sem gostar, mas é preciso!
Assim são todas as mulheres.
Elas não estão na terra apenas de passagem.
Assim como os homens, elas estão em trabalho e os operários de Deus devem obedecer aos Seus Mandamentos.
— Amigo, pode responder a mais uma pergunta?
— Sim, com todo o prazer.
— Até as mulheres chamadas de “vida fácil” são veículos divinos?
— Sim, Deus não discrimina Seus filhos.
Se os seus órgãos estiverem livres, nada os impedirá à fecundação.
— E os cuidados da mulher: pílulas, tabelas etc.?
— Já lhe falei, o próprio órgão dá o aviso; se a mulher bloqueia a passagem dos espermatozóides, os encarregados do Departamento não são chamados e lá não comparecem.
Nos dias não férteis as energias uterinas são fracas e não acendem a luz do chamado.
Mas diga aos seus leitores que nessa nova era, com muitos espíritos para reencarnar, o Departamento está muito atento — falou sorrindo.
Ainda perguntei:
— Doutor Paulo, já tendo sido fecundado o óvulo, como se faz a ligação do espírito?
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 20, 2020 7:10 pm

— Quando se fundem os dois elementos — feminino e masculino — o óvulo recebe a luz da vida — o espírito.
Logo em seguida, o perispírito.
Devemos recordar-nos de que o perispírito é a veste do espírito e nós, quando na espiritualidade, temos o corpo perispiritual que vai ficando diminuto para unir-se ao conjunto, partindo daí a busca das energias vitais dos elementos, as energias vindas do corpo materno e também as captadas pelo genésico.
São assimilados elementos magnéticos da espiritualidade e da natureza, tudo isso para moldar o novo corpo físico, que em outra encarnação foi decomposto com o desencarne.
As células orgânicas recebem estímulos do espírito e dos centros de força do perispírito; principalmente do coronário parte a ajuda ao corpo que se forma e junto a este cresce a sua duplicata, condutor e condensador das energias entre o perispírito e o corpo físico, o chamado duplo etérico.
Eles são tão amigos que só se separam após o desencarne.
O duplo é cicerone para o corpo físico.
Quando partimos, ele se desfaz e as suas energias vão compor outros corpos.
— Paulo, sou-lhe grato, espero um dia receber mais elucidações para crescimento do meu espírito.
— Um abraço, Sérgio, e que Deus nos abençoe.
Olhei ainda estendida no pátio do edifício a menina
Margareth. Imaginei o seu desespero ao se ver abandonada pelo homem que julgou amá-la.
Os pais devem inteirar-se dos acontecimentos, não se concebe estarem ainda alheios à realidade.
Eles precisam amparar os filhos que, por sua vez, necessitam sentir-se amados.
Não é justo jogarmos na rua da amargura uma filha só porque ela não se vestiu de branco.
Se abandonada, mais precisará do nosso amor e do nosso respeito.
Os filhos não são nossos, mas a responsabilidade com eles, sim.
Mães, orientem suas filhas para o perigo que hoje correm.
A liberdade não é a do corpo e sim a do espírito; e ninguém é feliz quando seu espírito está doente de fraqueza.
Se a mulher se valorizasse, não sofreria tanto, pena é que esteja esquecendo-se de si mesma.

1 Chama Eterna, décimo-primeiro livro da série, Capítulo 20
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 20, 2020 7:10 pm

Capítulo V - FÉ: ÚNICO REMÉDIO CONTRA A DOR
Todos os lírios deveriam ser colhidos perfeitos, mas existem muitos deles que se mutilam através do suicídio.
Aquela garota que um dia sonhou demais não reservou forças para enfrentar as duras realidades da vida.
Os pais precisam oferecer aos filhos o único remédio contra a dor: a fé.
Sem ela o homem se vê perdido ao se defrontar com as adversidades.
A fé é luz que guia o espírito, mesmo quando ele se encontra cego pelo desespero.
Devem oferecer à criança, desde pequena, a certeza da vida eterna.
Só assim ela não lerá pressa de viver.
O que vem acontecendo é que homens e mulheres, desejando aproveitar o hoje, jogam fora os anos seguintes.
Quantas jovens iniciam a vida sexual com treze unos, e aos vinte e cinco muitas já se encontram doentes actualmente pelos abusos praticados.
Pensando nessas garotas, visitamos um hospital, onde uma jovem com dezoito anos ia retirar parte do útero.
Perguntei ao doutor Jerónimo:
— Não existe um modo de evitar essa operação?
— Infelizmente, não.
Essa menina já praticou três abortos, fez várias cauterizações e abusou de inúmeros preservativos de gravidez sem controle médico.
— Doutor, esta garota, sentindo-se mutilada, não ficará traumatizada sexualmente?
Sérgio, a frigidez feminina bem como a impotência coo resultantes, muitas vezes, de excessos sexuais.
Carmem, a jovem visitada, era assistida por vários médicos espirituais e recebia energia nos centros de força do perispírito para fortalecê-lo.
Encontrava-se muito triste.
Só com o tratamento espiritual seu espírito se sentiu mais calmo.
Quanta dor no leito de um hospital!
Quem se julga infeliz deveria visitar os doentes para dar mais valor à saúde e ir aos presídios para dar a devida importância à liberdade.
Viver na “fossa” é ser egoísta.
O homem que crê não foge da vida, enfrenta-a e sempre procura bem vivê-la.
Ia saindo dali, quando percebi que Carmem vinha lendo meu livro, “Na Esperança de Uma Nova Vida”.
Sorri, pensando:
“Deus queira que ela encontre Jesus através da Doutrina dos espíritos!”
Edouard convidou-nos a visitar um rapaz que precisava de ajuda.
Chegamos ao seu lar às sete horas da manhã.
Ele se levantou e, ao invés do café, foi até o carrinho de bebidas e tomou uma dose de conhaque.
Assim, em poucos minutos, José já havia ingerido quatro doses de bebida.
Nós o observamos e percebemos que sua família ainda não o considerava um alcoólatra.
— Como consegue beber tanto? - perguntei a Deleuze.
— Olhe só o seu fígado! - respondeu-me.
Vimos que José logo sentiria os primeiros sintomas da cirrose.
O álcool não permitia ao órgão um funcionamento normal.
— Quantos anos tem José?
— Vinte e um.
— Os pais não percebem isso?
— É comum nessa casa a ingestão de álcool todos os dias.
O pai sempre toma um aperitivo.
— José vai desencarnar?
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 20, 2020 7:10 pm

— Se não fizer tratamento, logo virá para a espiritualidade, e o que é pior, na condição de suicida.
Reparando o nosso amigo, notamos o desnível dos seus corpos.
Quando o álcool entrava no sistema circulatório, a aura espiritual diminuía a frequência da transmissão energética ao espírito, que não irradiava ao perispírito.
Como o perispírito não possui luz própria, também se viu enfraquecido, ou melhor, diminuiu o intercâmbio entre os corpos.
O duplo sofreu um afastamento tanto do físico como do perispírito e José se viu meio tonto, sensação de leveza, mas bem consciente.
Somente seus corpos sofriam com a separação, pois desde que se opera a encarnação eles precisam um do outro, são amigos inseparáveis.
Qualquer violação no sistema nervoso eles se separam; e um milímetro de distância é nocivo ao seu equilíbrio.
Um vidente, ao olhar uma pessoa bêbada, nota os corpos assim:
— E se José continuar “bebendo socialmente”?
— Pois é socialmente que ele ingere álcool todos os dias, não concedendo, ao organismo, tempo de se limpar.
José se suicida até mesmo quando ingere uma gota de álcool.
Se continuar bebendo, assim como está, logo o visitaremos no vale dos suicidas.
Ao sairmos, José já estava com outro copo de bebida na mão.
Fiquei penalizado ao constatar o quanto estavam sofrendo os corpos do nosso amigo.
O álcool desequilibrava a linha magnética que os mantinha unidos.
Portanto, você, que está lendo este livro, cuidado com a euforia de querer se sentir fora do ar por alguns momentos. Isso poderá tirar-lhe o equilíbrio para sempre.
Quando expulsos fomos do “paraíso” pela nossa própria consciência, foi preciso nos vestirmos de uma folha de parreira.
Este simbolismo da Bíblia se confirma hoje pela Doutrina Espírita.
Quando caímos, olhamos em nós a imperfeição e sentimos vergonha, porque ela é muito feia, e então buscamos nos cobrir com uma folha de parreira, o emblema do trabalho do Criador que depois embelezaria o “Livro dos Espíritos” (Prolegómenos).
Se observarmos o desenho dos espíritos, vamos encontrar a cepa, o licor e o bago — “O corpo é a cepa; o espírito, o licor; a alma ou o espírito ligado à matéria é o bago.”
Basta procurarmos Deus para compreendermos Sua bondade.
Não foi Ele quem expulsou o homem, este é que não se sentiu bem no “paraíso” e de lá saiu por reconhecer os seus erros.
Mas, bondosamente, Deus vestiu o homem e lhe deu oportunidade de se limpar.
No dia em que o ser pecador de hoje desgastar as suas vestes materiais, buscará de novo o “paraíso” e o seu espírito estará em paz, pois se sentirá livre da vergonha.
Deus nos ofereceu os corpos como instrumentos de trabalho e danificá-los é desconhecer a própria vida.
Se violarmos as leis divinas, sujando os nossos corpos, teremos de morrer e renascer para fortificá-los.
Preste atenção, fortificá-los, não limpá-los.
A cada desencarne se dá o fortalecimento.
Vamos comparar nossos corpos a um carro que necessita de revisão, as peças se desgastam e peças novas as substituem.
Chegará um dia em que não mais necessitaremos dos nossos corpos, pois teremos as asas da liberdade.
Até lá, vamos trocar de veste física pelo gasto natural determinado por Deus, e não porque a destruímos através do tóxico, do álcool ou por acções más.
Iremos até o Departamento da Reencarnação buscar roupa nova para cumprir nossas tarefas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 20, 2020 7:10 pm

Caso contrário, voltaremos com a nossa antiga, remendada ou mutilada, porque não temos crédito para nova confecção.
Dizem alguns espíritos que dos fluidos bons é que podemos embelezar-nos, e a beleza do espírito se dá pela reforma íntima.
O homem que considera um copo de bebida ou outro vício mais importante do que o seu equilíbrio e sua moral longe está de Deus e terá de pagar por renegar as Suas verdades.
— Luiz Sérgio — falou-me Deleuze — a Bíblia é rica do verdades, o homem é que tem dificuldade em assimilar os seus ensinamentos.
Olhei o meu corpo perispiritual e disse:
— Bendita folha de parreira que me permite trabalhar para minha melhoria, corpo divino que preciso embelezar através do crescimento espiritual.
Perispírito, folha bendita que cobre, mas não oculta, as minhas deformações.
Sou grato ao Arquitecto da vida que tão bem compreende as necessidades dos Seus filhos.
Naquele momento, o amor por Deus foi tão intenso que brilhou diante de mim uma luz e pude divisar uma ala do Departamento da Reencarnação, onde os espíritos que estão partindo para a terra em missão comandam os seus corpos sem precisarem adormecer a consciência.
Eles não esquecem quem são; comandam os corpos já na condição fetal, sem estarem a eles ligados.
A ligação só se dará na hora do reencarne.
Meus olhos me dificultaram contemplar os espíritos de tal hierarquia, pois as lágrimas eram por demais abundantes.
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Capítulo VI - ÁLCOOL: BENGALA DO FRACO
Cheguei atrasado. Desculpei-me com Aécio e Patrice, que já me esperavam no jardim de Maria.
Os amigos, delicadamente, disseram que ainda não estava na hora de sairmos.
Tenho conhecimento de que um bom tarefeiro chega ao trabalho com quinze minutos de antecedência e só faltavam cinco minutos.
Apresentava-me afobado, porque me preocupei por chegar atrasado.
Aécio mostrou-me a meta a ser atingida; havíamos sido chamados a um hospital, onde um homem já idoso esperava desencarnar e a esposa em desespero chorava, pedindo a Deus que não os separasse.
O irmão sofria de cirrose e pudemos notar que a causa havia sido excesso de bebida.
A esposa aflita orava e quando o fazia o corpo do irmão recebia luzes curadoras.
Assistíamos ao tratamento dos corpos físico, perispiritual e duplo etérico.
As luzes ajudariam aquele espírito a cumprir mais um tempo no corpo físico.
O duplo, reprodução do corpo físico, está a ele justaposto.
O corpo físico também o alimenta, além da energia recebida do perispírito.
Quando o espírito está equilibrado, o duplo se apresenta com uma tonalidade azul, tornando-se acinzentada se em desequilíbrio.
Ele é o filtro da transmissão e captação de energia entre o corpo e o perispírito.
O duplo do nosso irmão recebeu tratamento e, à medida em que se ia energizando, mais aproximava-se do corpo físico e do perispírito.
Como sabemos, o perispírito é a veste do espírito, não se desfazendo com a morte.
Os médicos espirituais controlavam a corrente sanguínea, detendo-a na artéria hepática.
Ao terminar, o nosso amigo apresentava-se sorridente, os seus corpos haviam voltado às condições normais de um encarnado.
Percebi por que quando estamos doentes ficamos enfraquecidos e muitas vezes tristes.
É que os nossos corpos desalinham-se, daí o desequilíbrio.
O perispírito fica ora junto ao duplo, ora bem distante dele, oscilando sem posição certa.
— O irmão é suicida? perguntei.
— Sim, mesmo inconscientemente lesou o seu corpo físico através da bebida.
— Mas, se ele está com uma boa reserva de fluidos vitais como fica a situação?
— Nós não podemos gastá-los, só ele poderá fazê-lo.
A doença às vezes se arrasta por anos a fio, com grande sofrimento para o homem.
Por isso, devemos gastar nossos fluidos vitais no trabalho, é mais digno.
Antes de sairmos dali, os amigos aplicaram luz azul na aura, na coluna, em torno da cabeça do doente e em todo o corpo, então adormeceu.
Quantas vezes a causa da doença, a bebida, levou a esposa quase ao desespero!
Admiro-me ao ver ditos espíritas ingerindo bebida alcoólica, dizendo só beber socialmente.
O espírita que conhece os males que causam a carne, o álcool, o fumo, o tóxico, jamais incorre em tal delito.
Um dia, uma irmã querida nos falou:
“O cristão espírita deve dar bons exemplos e ninguém admira quem tem a mão ocupada com copo de bebida, quando pode tê-la no socorro ao próximo”.
Imaginei que se aquele irmão não tivesse estragado a saúde hoje seria um homem sadio.
Será que valeu a pena?
— Ele chora muito.
É o remorso que o ataca de vez em quando - falou Aécio.
Actualmente, Luiz Sérgio, presenciamos vários garotos ingerindo bebida alcoólica e os pais nada fazendo para evitar, porque para eles é normal viver bêbado.
Um dia desses fomos chamados para socorrer um menino de doze anos que se encontrava completamente alcoolizado.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 21, 2020 7:06 pm

O garoto, ao ser inquirido, falou:
— Por que eu não posso beber, se o meu pai bebe?
A mãe silenciou, mas o Olavo2 recomenda a todas as mães que se defrontam com caso semelhante que não se calem e digam ao filho que o seu pai, na sua idade, estudava e trabalhava, não encontrando tempo para as bebidas.
Se hoje ele o faz, erradamente, é verdade, é com o seu próprio dinheiro.
O vício é a “bengala do fraco”, ainda mais triste é .alimentar os vícios com o dinheiro alheio.
Os garotos ditos liberados não percebem que ainda são fedelhos grudados às i alças do papai, porque não possuem a dignidade de estudar e trabalhar para o próprio sustento.
A propaganda e os meios de comunicação também levam os garotos a julgarem que, para se sentirem homens, precisam usar drogas ou ficar bêbados.
Patrice falou:
— Sabemos que lojas de etiquetas famosas vendem objectos para enrolar maconha na mais completa liberdade, enquanto levam guris, julgando-se na moda, a iniciarem o vício através de tais etiquetas.
Sabe, Sérgio, não dá para entender onde andam esses pais que não procuram inteirar-se do que se passa em volta das suas crianças.
Crescem a cada dia os dependentes de bebidas alcoólicas - comentou Aécio.
As crianças nem precisam cometê-las, pois as adegas dos pais dão perfeitamente para sustentar seus vícios.
Há dias fomos a uma casa onde a adega ui ,ii t parecia uma loja de bebidas.
— E alguém bebia na casa?
— Acho que somente os cachorros é que não, porque até os empregados eram consumidores de álcool.
— Não me diga, Luiz, é verdade? - perguntou Patrice.
— O alcoolismo está tão intenso no Brasil que ninguém pode imaginar.
É doloroso que ditos grandes homens vivam alcoolizados, quando bem sabemos que um cérebro movido a álcool pouca capacidade possui.
— É difícil, não é mesmo, Luiz, largar a bebida?
— Todos os vícios são como parasitas.
Chegam para se colar na gente, mas se o espírito desejar, ele é ele, ser pensante, chama eterna, luz bendita da vida; portanto, como pode ser prisioneiro de algo que não possui inteligência?
O álcool é o álcool, a droga é a droga.
O homem, entretanto, tem um espírito, que está vestido do perispírito, e ainda possui outro corpo, chamado duplo etérico, além do corpo físico.
Neste último corpo existe um cérebro que pesa cerca de mil e duzentas gramas e é formado de dois hemisférios: direito e esquerdo, e cada hemisfério é dividido em quatro lóbulos:
frontal, parietal, temporal e occipital.
Nele está a sede das actividades intelectuais e sensoriais.
Portanto, sendo o homem um ser inteligente, não pode deixar-se dominar pelo vício.
A bebida, a droga ou a comida não possuem força.
Entretanto o homem a possui desde que busque essa força em si próprio, no seu interior.
Dessa forma, tornar-se-á um deus e vencerá as coisas perecíveis.
Está nas nossas mãos fortalecermos os nossos espíritos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 21, 2020 7:06 pm

Capítulo VII - DEIXEMOS OUE OS MORTOS ENTERREM SEUS MORTOS
A terra é um canteiro florido onde Deus, por bondade, colocou Jesus para cuidar das várias espécies de flores.
Mesmo nascendo no lodo, os lírios buscam o sol para se alimentarem; assim também considero os homens: embora imperfeitos, procuram a luz divina para viverem.
Quem não tem fé não vive, sofre diante das tempestades e dos ventos.
Jesus, carinhosamente, como todo bom jardineiro, oferece-nos a água da vida eterna e nós, frágeis flores, muitas vezes preferimos ignorá-Lo, talvez porque Ele nos ensine que no jardim de Deus as flores são irmãs e, sendo assim, todas devam ser respeitadas.
Saindo do hospital, fomos até um Centro onde procuramos assistir a uma aula sobre os corpos.
Recordei-me do meu caso pessoal quando defrontei comigo mesmo depois de de encarnado, muito surpreso por constatar a existência do meu outro corpo — o perispiritual — e nele estarem contidos todos os meus órgãos.
Eu vivi e louvei a Deus por Sua inteligência; caso contrário, Ele construiria e destruiria Suas próprias obras.
Que trabalhão!
Mas os inteligentes não destroem e graças à maior Inteligência do Universo, estou aqui, escrevendo para você.
A aula mostrava por que os desencarnados precisam d« uma sala mediúnica, com médiuns capazes.
Vimos, em uma das reuniões, hábeis espíritos colhendo dos médiuns duns espécies de substâncias; uma tirada em grande quantidade, a outra só os médiuns de efeitos físicos forneciam, e, nesses, observávamos o ectoplasma primeiramente apresentar-se em estado semilíquido, depois tornar-se compacto.
Diante dos médiuns sendo esclarecidos através da aula, pude constatar que a mediunidade é bênção para aqueles que a educam, porque nada mais triste do que o homem desejar algo que não possui e não ter critério em relação ao próximo.
O estudo era por demais interessante, mas pouco tempo ali ficamos.
Dirigimo-nos a um local onde um jovem se encontrava muito mal.
Aproximamo-nos, notando no seu olhar a solidão.
A família o temia. Se ele estivesse leproso a dor não seria tanta!
Abandonado e enfraquecido, Célio procurava ao seu redor as explicações para o seu estado de saúde e, olhando as manchas que tomavam conta do seu corpo, recordou o passado.
Julgando-se castigado, deixou cair sentidas lágrimas.
Nem seus próprios pais lhe prestavam assistência.
Ele sofria por sentir-se marginalizado pelas pessoas que mais amava.
Célio sentia o seu interior como se algo lhe sugasse as forças.
A tristeza e o desânimo eram tantos que ele já esquecera até de sorrir.
Os médicos espirituais aplicavam-lhe passes e fluidificavam a garrafa de água que a família deixara ao lado de sua cama.
Buscamos nos centros de força os fluidos que, alojados no perispírito, emitiam uma luz tão fraca que não revitalizava o duplo e este pouco oferecia ao corpo físico — eram mínimos os fluidos.
Esses fluidos precisavam chegar até o duplo fortes e luminosos para que este fornecesse saúde ao corpo físico.
Tudo tem de funcionar equilibradamente.
O perispírito recebe e transmite ao duplo; este, interligado ao físico, a ele abastece.
O doente por nós visitado desgastou-se através de vibrações baixas e sua aura espiritual apresentava-se distante de seus corpos, por isso seus centros de força recebiam fracamente as energias, bem pouco tendo para oferecer ao duplo e ao físico.
Através do corpo macilento de Célio percebíamos como havia exaurido os seus órgãos através do descontrole.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 21, 2020 7:06 pm

Parecia uma máquina desgastada pelo uso.
Estava eu a pensar assim quando Patrice perguntou a um médico:
— Por que são os homossexuais que mais contraem essa doença?
Simplesmente porque o coito anal favorece a proliferação da AIDS.
A vagina absorve o esperma, mas o ânus, sendo um órgão de excreção, não possui condição de absorvê-lo.
A combinação do esperma com o sangue e as fezes, e às vezes alguma inflamação, concorre para a instalação do vírus, essa a razão de todos os dias se alastrar o vírus da AIDS.
— Mas se desde Sodoma e Gomorra é praticado o coito miai, porque só agora apareceu a “maldita”?
— O perispírito é o mesmo dos de Sodoma e Gomorra, portanto, de lá para cá o homem está sempre agindo contra um leis da natureza e sendo assim terá ele de sofrer as consequências.
Aliás, um estudo feito constatou que se antes os parceiros se contentavam com duas ou três relações sexuais, hoje estão insaciáveis, sendo esta uma das principais causas do rompimento dos vasos.
Essa doença tem cura?
— Sim, o homem cria a doença e ele mesmo a destrói.
A doença é a consequência do desequilíbrio do espírito.
Esta torcendo para que os homens descubram a saúde do espiríto, mas até lá vamos orar por todos os que hoje estão morrendo sem esperanças.
Foram feitas outras perguntas, mas só estas me foram permitidas narrar.
Afastei-me triste, muito triste, porque nos hospitais o doente da AIDS é pouco assistido.
O homem teme o contágio, porque não aprendeu ainda a ser puro.
A sua principal imperfeição é que o leva a temer as doenças.
Os homens bons, seguidores de Jesus, aliviam o sofrimento do próximo, porque não temem dor alguma, principalmente essa que hoje se abate sobre tantas famílias, aterrorizando-as.
Pedimos a Deus que no amanhã ela seja amenizada.
Mais uma vez presenciei um lírio sendo colhido, o enfraquecimento das células, o afrouxamento do cordão fluídico.
Célio, o jovem de quinze anos, respirava com dificuldade, tendo o seu perispírito bem afastado.
A aura espiritual encontrava-se ainda brilhante, mas os centros de força do perispírito se auto-abasteciam, pouco fornecendo para o duplo, estando este bem desequilibrado.
Os chacras pareciam estar-se apagando e assim o corpo físico sofria igualmente.
Três médicos espirituais, ao lado do doente, prestavam- lhe auxílio.
Presenciamos, então, o seu desligamento.
A aura cósmica foi deixando de iluminar os centros de força e este foi apagando as luzes do duplo e do físico.
Quando ocorreu a separação, o duplo, que antes recebia fluidos do perispírito, passou a viver das energias do corpo físico.
Parecia um grande salão antes repleto de lâmpadas que se foram apagando lentamente.
O perispírito, depois de separar-se dos corpos debilitados, ganhou novamente a companhia da aura cósmica, só que agora ela era composta de outras tonalidades, cuja causa fiquei sabendo.
Antes, ela também captava energia física, agora, com a separação, isso não era mais necessário.
O jovem socorrido apresentava-se ainda muito doente e aqui quero frisar que quem está no corpo físico, ao se desprender, sente ainda por muito tempo o que vinha sentindo.
Entretanto, quando o encarnado leva uma vida espiritual calcada no Evangelho de Jesus, ou abraça o mundo dos espíritos, vê-se livre das mazelas do corpo físico mais rapidamente.
Mas como quase todos nós somos ainda muito imperfeitos, ao nos desligarmos da matéria levamos ainda os nossos desequilíbrios.
Santificar os nossos “mortos” é falta de conhecimento.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 21, 2020 7:06 pm

Na ânsia de receber mensagens, muitos médiuns incorrem em faltas graves; com intenção de ajudar dão mensagem dos falecidos até em cemitério, quando tudo no mundo espiritual obedece a uma programação bem disciplinada.
Um espírito para dar mensagem necessita estudar, porque nem tudo lhe é permitido transmitir.
Acompanhei o garoto que ainda sofria mas já recebendo um tratamento espiritual.
Logo os seus familiares desencarnados foram-se aproximando para prestar ajuda.
Visitamos o seu lar.
A família, quando o garoto era saudável, nunca se preocupou com Deus.
A religião sempre representou fanatismo, porque cobrava alguma coisa, principalmente a moral cristã.
Agora, encontrava-se desesperada.
Nós tentamos transmitir-lhes serenidade mas todos sofriam muito, inconformados.
Aí iniciou-se outro drama: a procura de um médium psicógrafo para obter a todo custo uma mensagem.
Entretanto, os médiuns respeitáveis e conhecedores da Doutrina não podem atender a todos, conforme já explicado.
Recebo muitas cartas indagando como não ser vítima de falsos médiuns.
Respondo: passando as atitudes de todos eles, pelo crivo da razão, fugindo daqueles que, sem critério algum, transmitem mensagem até pelo correio ou nos portões dos cemitérios.
Médium é como médico e se algum médico ficar correndo atrás do doente este logo desconfiará.
O bom médium não encontra tempo para fazer propaganda da sua mediunidade.
Existem muitos médiuns que vieram com a missão do consolo mediúnico para aqueles que ficaram, portanto, nem todos estão capacitados para essa tarefa.
Para receber mensagem consoladora de familiar o médium tem de estar muito bem assessorado por espíritos humildes e bons, porque no desespero de receber mensagem vem a invocação e isto é anti-doutrinário.
Conhecemos famílias que ficam totalmente desequilibradas, correndo atrás de médiuns.
A família que se separa de um ente querido deve abraçar o Evangelho e praticar a caridade.
Desse modo, o espírito receberá uma chuva de amor.
Ninguém melhor do que Jesus para nos ofertar consolo.
Deixemos que os mortos enterrem seus mortos.
Os nossos viverão e, para viver, aquele que partiu precisa ficar livre da saudade.
Se a família estiver buscando apenas notícias, ele deixará de frequentar as escolas da espiritualidade para ficar ditando mensagens, deixando de evoluir.
A saudade é cruel, mas vamos torcer para que aquele que é tão nosso aprenda a ser puro.
E vamos amá-lo à distância.
— Sérgio, falou Patrice, é muito sério esse assunto e como nos entristece presenciarmos médiuns dando mensagem sem nenhum critério, apenas movidos pela própria vaidade!
Os Centros Espíritas precisam orientar os seus frequentadores para o perigo do ridículo.
Sabemos que a Doutrina não precisa de defesa, mas precisa do respeito daqueles que se dizem espíritas. Uma família que sofre é digna do nosso amor.
Como brincar com os seus sentimentos?
Um médium com Jesus tem tantos afazeres que não dispõe de tempo para ficar atrás de pessoas oferecendo sua mediunidade.
A dignidade de um médium é medida pelos seus pequenos gestos, gestos esses repletos de amor ao próximo.
Quem brinca com os sentimentos de alguém longe se encontra de Deus, que é amor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 21, 2020 7:06 pm

Capítulo VIII - INGRATIDÃO FILIAL
Continuando a peregrinação junto aos lírios colhidos, dirigimo-nos a um hospital, onde o homem se defronta com a sua insignificância diante da fragilidade do corpo físico.
Marialva gemia de dor, com a perna gangrenada.
Érica, sua única filha, às vezes lhe fazia uma rápida visita.
Marialva indagava a respeito dos netos, ao que Érica dizia:
— Sabe, não é, mamãe, como são os jovens de hoje, vivem ocupados com faculdade, desporte, aulas de francês...
O tempo é curto para tantas actividades.
A pobre mulher pensou:
“eu os criei com muito amor; quantas noites deixei de dormir para cuidar dos meus netinhos.
Hoje gostaria de vê-los um instante somente”.
Marialva parecia não ter família.
Sua filha, sempre bem vestida, pouco demorou, pois tinha muita pressa.
Quando esta saiu, Marialva falou para a companheira de infortúnio:
— Coitada, trabalha tanto que não tem tempo para nada!...
A companheira respondeu:
— Marialva, não precisa justificar as atitudes de sua filha.
Há dois meses nos encontramos aqui e ela poucas vezes veio lhe visitar.
Eu compreendo, minha amiga, mas não aprovo o modo pelo qual ela lhe trata.
E depois, sei que você criou os três netos para que ela trabalhasse em paz.
Marialva, a sua filha é egoísta e orgulhosa.
O filho que não respeita seus pais não possui o menor sentimento.
— Não, minha amiga.
Érica é óptima filha.
Eu é que estou lhe dando despesa e trabalho.
A colega se calou e eu tentei consolar um coração cansado de sofrer.
Ao presenciar esta cena, resolvi escrever para todos os filhos que têm os pais sob sua guarda, a fim de que eles os respeitem e os amem.
Devem recordar que graças a eles é que hoje vivem.
Quem não dá conforto e amor a seus velhos pais sentirá o ranger dos dentes, que é o remorso de ter traído o Decálogo, que nos pede que honremos pai e mãe.
Quantos filhos estão matando as esperanças de seus pais!
Marialva cerrou os olhos, mas as lágrimas foram mais fortes banhando-lhe o rosto. Ia retirar-me, porém me detive ao perceber os irmãos do Departamento do Desencarne.
Esperei que completassem o trabalho, porque eu desejava estreitar num abraço amigo a sofrida e abandonada Marialva, que se assemelhava a um passarinho pronto a voar.
À medida que o laço fluídico se afrouxava, ela foi adormecendo e seu duplo pairou sobre o corpo físico.
Preparava-se para renascer no mundo espiritual.
Sua veste física foi esfriando era a separação dos corpos material e fluídico.
Ainda tentou acordar, mas o estado de sonolência foi muito mais profundo e ela, ao adormecer, viu- se projectada no mundo dos espíritos.
Sorriu para nós e alegrou- se quando Paulinho, seu velho pai, a abraçou com amor.
Marialva teve um desencarne tranquilo, mas mesmo assim os trabalhadores do Senhor ah permaneceram dando ao seu espírito a merecida assistência.
Quando sua colega percebeu o desenlace e deu alarme, os espíritos já a haviam levado para um outro hospital.
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