LUZ ESPÍRITA
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“DEIXE-ME VIVER” - Luiz Sérgio / Irene Pacheco Machado

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 20, 2011 11:05 pm

Capítulo XXI - O RESGATE DE EUGÉNIA

Enquanto descansávamos um pouco, resolvemos ler o Antigo Testamento, para acalmar o nosso espírito.

E caiu Reis, Capítulo XXII, versículos 19-23, quando Miquéias narra uma visão que dá a entender como Deus permitira ao diabo falar por intermédio dos profetas.

Ficamos tecendo comentários sobre o perigo de sermos enganados e que isso somente acontece com as pessoas orgulhosas, desejosas de receber elogios.

Um ser humilde jamais será vítima de espíritos embusteiros.

Abri, novamente, por acaso, e caiu no Apocalipse, Capítulo XXI, versículo 9:
Esplendor e riqueza da cidade santa:
Vem e eu te mostrarei a noiva, a esposa do Cordeiro.

Pela descrição de João surgiu em meu pensamento a cidade de Brasília, apesar de as medidas serem simbólicas.

As maiores cidades do Oriente antigo eram quadradas, por exemplo:
Babilónia e Nínive.

Quanto ao nome da pedra, jaspe, era para nos dar uma pálida ideia da beleza da cidade prometida.

27: Não entrará nela coisa alguma contaminada.
No Capítulo XXII, versículo 15.

Ficam fora os cães, os feiticeiros, os impuros, os homicidas, os idólatras e todos os que amam e praticam as injustiças.

Percebemos que da terra celeste serão afastados todos aqueles que de alguma forma tiverem agido contra a lei divina, para os quais não haverá prazeres ou gozo, mas serão lançados na segunda morte;

quer dizer que os espíritos que da Terra sairão exilados retroagirão na forma perispiritual, de acordo com a vibração do planeta para onde serão levados, e sofrerão a segunda morte - a primeira morte é livrar-se do corpo físico e a segunda, da forma humana do perispírito.

Chegou até nós o chamado para darmos outra incursão pela cidade das trevas, a cidade dos aborteiros, dos espíritos condenados pela própria maldade de extinguir vidas humanas ainda embrionárias.

Saímos mais uma vez pela cidade, revendo aquele solo negro e viscoso, onde seres rastejavam com seus corpos deformados, mais parecendo larvas humanas.

Senti-me meio tonto e segurei nos braços de Isis, que me reconfortou.

Fitei os irmãos sofredores e, à medida que os olhava, dava-me a impressão de que aqueles espectros lutavam para se livrar das deformações, mas elas estavam vivas demais naquelas consciências.

Esforçavam-se, muitos deles, para se locomover com desenvoltura.
Ao perceberem nossa presença, tapavam os rostos ou cuspiam, dizendo desaforos.

Já havíamos caminhado um longo percurso e eis que uma mulher, segurando as pernas de Hápila, implorou por socorro:
- Ajude-me, não suporto mais viver aqui, tire esses vermes do meu corpo, almejo a liberdade.

Nem sei o porquê de aqui estar, junto a esses monstros!
Fui, na terra, excelente profissional.
Ajudei tantas pessoas...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 21, 2011 10:36 pm

Voltamos nossa atenção para aquele corpo perispiritual informe, tendo coladas nele suas vítimas.

Ninguém lhe dava ouvidos, quando, chorando, pediu:
- Pelo amor de Deus, tire-me daqui!
Estou arrependida de ter feito inúmeros abortos.

Mas eu não tinha religião alguma, só valorizava as coisas materiais.
Fui criada assim, sem Deus, sem amor, sem humildade.
Mas diga ao Cordeiro que já me arrependo do que fiz, quero ser salva.
Tire-me daqui!

Enquanto pronunciava essas palavras, ela já estava me segurando, ou melhor, me afundando, porque, sentindo pena, desequilibrei-me.

Logo os outros nos socorreram e Misael providenciou a maca onde Eugénia foi transportada, recebendo, antes, um passe magnético.

Fomos deixando para trás aquele vale de sofrimentos, onde o odor fétido era a prova do apodrecimento mental da criatura humana, lugar sombrio, bem apropriado para abrigar almas sem amor e sem fé.

Conforme nos aproximávamos do portão, o lugar tomava-se mais turbulento, com animais ferozes e muitas aves que o sobrevoavam com alarido, a nos ameaçar.

Silenciosamente, só orávamos.
Às vezes eu as procurava com o olhar;
queria compreender o porquê da existência delas.

Porém, aquela não era a hora propícia para perguntas.
Aquele lugar pavoroso era o inferno tão falado, só não possuía o fogo eterno.

Quando alcançamos o portão, despedimo-nos dos guardiões daquele lugar, espíritos também culpados mas que, mesmo doentes, ajudavam a Espiritualidade Maior.

Olhei-os com carinho, pedindo a Deus pela salvação de todos.

Recitei o Salmo CIII, bem alto, em louvor àquele lugar e os guardiões baixaram a cabeça para me ouvir:
Bendiz a minha alma, ó Senhor.

Este Salmo é um hino ao Criador do Universo.
Em sete quadros, conta as magnificências da Criação.

Cantei cada um deles e quando terminei todos choravam, principalmente os guardas daquele lugar.
Dessa forma, deixamos para trás aquelas almas sofridas, encaminhando-nos de volta à casa de frei Quirino.

Depois do que vimos, ali pareceu-nos o céu;
a paz era o perfume do lugar.

Sorridente, frei Quirino logo providenciou socorro à mulher que trouxéramos.

Aquela casa, que à primeira vista mostrava-se pequena, agora percebia possuir uma confortável enfermaria, onde Eugénia logo foi atendida.

Primeiro tomou um bom banho, depois uma saborosa sopa.
Reencontramo-la dois dias depois, já livre dos outros espíritos, os quais um dia havia impedido de retornar à carne.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 21, 2011 10:36 pm

Perguntei ao auxiliar de Quirino:
- Vocês conseguiram livrá-la dos verdugos?
- Coitadinhos, eram tão sofridos que nem tivemos dificuldade em separá-los!

- E onde estão?
- Já foram levados para os departamentos apropriados para esses casos.
- Onde ficam esses departamentos?
- Na Universidade Maria de Nazaré, mas aqui existe hospital que também presta auxílio a esses casos.

Ao nos aproximarmos de Eugénia, ela dormia tranquilamente, porém, para surpresa minha, seu corpo ainda estava deformado.

Livre dos verdugos, sua deformação apresentava-se mais terrível.
Seus olhos pareciam os de uma caveira.

Aproximei-me, vendo que despertava:
- Como vai, Eugénia?
- Estou óptima - disse friamente.

Depois, arrependendo-se, falou-me:
- Ah, foi você o moço que me ajudou?
- Eu, não - respondi.
Quem a ajudou foram os médicos do nosso grupo.

- Engana-se, Sérgio, falou Kelly, Eugénia tem razão.
Quando ela o tocou, seu coração a cobriu de bênçãos e só assim ela teve condição de ser salva.

- Mas eu, logo eu?
- Sim. Os seus leitores o cobrem de fluidos bons e você, carinhosamente, reparte-os com os outros.

Meio sem graça, alisei as mãos deformadas de Eugénia e lhe beijei o rosto que, ao contacto dos meus lábios, deu a impressão de um bloco gelatinoso, muito gelado. Retirei-me, mas os médicos ainda permaneceram junto à doente.

Ao passar por outra enfermaria, vi outros seres repousando.

Ao perceber que eu os observava, irmão Quirino me falou:
- Todos voltarão um dia a possuir a perfeição da veste nupcial.
Até lá, terão de sofrer o ranger de dentes.

Acompanhei-o até o jardim interno onde, sabendo de minha admiração por orquídeas, presenteou-me com uma branca.

Beijei sua mão amiga, dizendo-lhe:
- Irmão, eu amo você!

Sorriu e se afastou.
Fiquei esperando os outros, que não demoraram a chegar.

Ainda conhecemos outra ala da pequena casa de frei Quirino, a ala da prece, onde bondosas almas protegiam, através da oração, os espíritos sofredores ali socorridos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 21, 2011 10:37 pm

Quando terminamos, perguntei a José, um dos companheiros de frei Quirino:
- Os senhores não são molestados pelos trevosos?
- Graças a Jesus, nunca o fomos.
Vivemos aqui há muito tempo e ninguém nos vem assustar.

- Os senhores sempre vão ao Vale?
- Às vezes, quando alguém grita por socorro.
- E nós, porque fomos lá agora?

Quem me respondeu foi Aloísio:
- Sérgio, fui eu quem pediu ajuda para Eugénia, ela é minha mãe.
- Sua mãe?

- Sim, Sérgio.
Apesar de tudo, ela foi uma mãe razoável.
- É mesmo, Aloísio?

Kelly nos interrompeu, comunicando:
- Vamos partir, a terra nos espera.
- Irmã, eu só gostaria de saber por que lá no vale existem tantas árvores feias e bichos peçonhentos.

- Graças a eles, naquele lugar ainda se respira.
Eles são os filtros das emanações ruins que partem das mentes humanas e de todos os habitantes daquele lugar.
Eles trituram os lixos mentais da Humanidade.

- Sabe que estou surpreso com esses animais?
- Porquê?
Nessas aves do umbral inferior não existe espírito em evolução.
Elas foram criados pelas imperfeições do homem.

- Quer dizer que a mente perturbada cria e alimenta seres monstruosos?
- Não é bem assim, Sérgio.

- Mas que o plano inferior vive das vibrações baixas dos encarnados, isso vive.
- Sim, os motéis, por exemplo, possuem uma aura vermelha que, imantada pela luxúria da perversão, fornece energia aos espíritos que ainda desejam praticar sexo, mesmo já desencarnados.

É nesses lugares que eles buscam as forças sexuais lá existentes, para suprir seus desejos desenfreados.

- Obrigado, amiga.

Até outro dia, irmãos deste vale falei, fazendo continência.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 21, 2011 10:37 pm

Capítulo XXII - UM PONTO DE LUZ NAS TREVAS

Na saída, reencontramos frei Quirino que, muito gentil, desejou-nos boa viagem.

Os médicos ficaram para trás, conversando mais um pouquinho com ele.

Eu, Aloísio e os outros fomos ganhando estrada.
Logo depois Zeus, Kelly, Isis e Misael juntaram-se a nós.

Não perguntei aonde iríamos, mas também não precisava, o ar ia ficando deletério, denso e mórbido.

Aproximávamo-nos do umbral inferior.
Se o solo era lodoso, o céu era coberto de nuvens escuras, como se estivéssemos envoltos por sombras tenebrosas.

Hápila perguntou-me:
- Está com medo?
- Medo de quê, companheiro?

Ele nada mais falou, mas aos nossos ouvidos chegavam os ruídos mais estranhos.
Eu não via a hora de avistar algum ser humano, mas o céu ficava cada vez mais turbulento.

Orava tanto a Deus que as lágrimas me faziam companhia.
Nisso, um barulho terrível, como se uma catástrofe fosse ocorrer, chegou aos nossos ouvidos.

Era como se um turbilhão se aproximasse.
Detivemo-nos, protegidos pela oração.
Um grupo passou por nós em desabalada correria.

Logo, outro atrás dele.
Era uma briga entre bandos de trevosos.
Os urros eram assustadores.

- Calma, muita calma, alertou Misael.
Os irmãozinhos estão agitados, isto é comum entre eles.
Aqui o ódio toma conta dos espíritos.

Continuamos a caminhar até divisarmos aqueles seres endurecidos, que pareciam concentrados nas imediações dos vales, sem um lar que os abrigasse, somente árvores e rochas.

Pareciam mendigos, sem roupas decentes nem casas.
Amintas pediu que parássemos e olhássemos o vale que se estendia à nossa frente.

Ninguém pode calcular o horror desse lugar.
Vários espíritos sendo maltratados, verdadeiros escravos dos mais fortes, torturados mesmo.

- Porque batem tanto nesses homens? perguntei a Amintas
- Porque estão vingando-se daqueles que outrora abusando da autoridade, do poder do mando e também torturavam.

- E que mérito têm eles para se vingar assim?
- Nenhum, mas para mentes sem Deus a vingança é o único meio encontrado como um ajuste de contas, por isso vampirizam suas vítimas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 21, 2011 10:37 pm

- E o que estamos fazendo aqui?
Nosso trabalho não é com os aborteiros?
- Sim, mas isso não nos impede de prestar auxílio aos necessitados.

Nisso, avistamos um espírito que fazia outro de cavalo.

Montado nele, chicoteava-o, dizendo:
- Anda ligeiro, senão eu te mato.

E o coitado, com as mãos machucadas, ia correndo, de quatro, enquanto o cavaleiro ria ruidosamente.

Quando passaram por nós, Hápila, com seu poder magnético, tirou-o de cima da sua vítima e ele se desequilibrou, levando um tombinho.

Como esbracejou!
Fiz tudo para conter o riso.
Confesso que foi muito engraçado.

Aproveitando o descuido do algoz, Aloísio retirou a vítima, que aqui chamarei de Túlio, e o resguardou junto a nós.

O homem, assustado, só implorava:
- Salva-me, mensageiro de Deus, salva-me!
Nem sei por que estou aqui, jamais o maltratei, somente cumpri a lei.

Ninguém lhe dava atenção.
Ele falava muito e só parou quando Kelly lhe aplicou um passe.

O outro, ao se levantar do chão, gritava tanto, chamando a guarda do lugar, que tivemos de nos abrigar mais uma vez na prece.

Quando percebemos, todo o vale estava em alerta.

Diziam eles:
- Os Filhos de Deus estão aqui!

Mas se a guarda trevosa ficou atenta, por outro lado as vítimas daqueles espíritos tudo faziam para fugir e logo tínhamos, ao nosso redor, muitos deles, em estado desesperador.

Ainda ficamos mais algumas horas.
O nosso grupo já abrigava uns quinze espíritos sofredores.

Pensava:
"como vamos sair daqui?
Será que algum de nós tem experiência com este vale?"

Amintas respondeu-me:
- Sempre trabalhei neste lugar.
Não estamos saindo da rota de trabalho, este vale também está repleto de aborteiros.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 21, 2011 10:38 pm

Muitos deles defenderam o aborto ou criaram leis favorecendo-o.
Eles são culpados pelo extermínio de várias e várias almas que só pediam:
"deixem-me viver, não me matem".

Além de criarem as leis e as defenderem, executaram-nas sem piedade.
Hoje moram aqui, junto aos torturadores, aos exterminadores, enfim, àqueles que abusaram da autoridade.

O homem, quando encarnado, não imagina o que o espera após a separação corpo físico-espírito e vai praticando actos selvagens.

Não seria mais fácil se todos os encarnados se tomassem espiritualizados?
Cessariam as violências e os homens não sofreriam tanto nos umbrais.

No maior silêncio, fomos andando à procura de um meio de sairmos dali.
O lugar ficava cada vez mais tenebroso e os gritos, mais horrorosos.

Os irmãozinhos recebiam tratamento especial e nos acompanhavam como se estivessem anestesiados, íamos vencendo os empecilhos:
ora um pântano lodoso, outras vezes insectos dos mais peçonhentos.

Quando já nos aproximávamos da porta do vale, que parecia imensa rocha, uma mulher nos barrou os passos, dizendo:
- Tirem-me daqui, não suporto mais os torturadores!

Com muita piedade, ia socorrê-la, quando me seguraram pelos braços.

- Não faça isso, deixe para os encarregados do socorro!

Amintas aproximou-se, quando ela soltou estrondosa gargalhada, tentando abraçar o socorrista, que foi envolvendo-a com fluidos de amor.

Ela os recebia como se fossem chicotadas.
Gritava:
- Vão para o inferno, filhos do diabo!
Deixem-nos em paz!

Amintas nos deu sinal para passarmos e só respirei aliviado quando ultrapassamos a gruta e nos vimos longe dali.

- Quem é ela? perguntei.
- E uma irmãzinha que sempre defendeu o aborto, gritando para as mulheres o direito da defesa do seu corpo e de dizer não à gravidez.

Líder feminista, lutou pela liberação do aborto em seu país e hoje vive neste vale, ainda mais revoltada, coberta de ódio e maldade.

Assim, levamos alguns irmãozinhos connosco;
em fila indiana, nada falavam, mas tinham no olhar o desespero de uma vida.

- Para onde iremos levá-los?
- Para o Hospital de There - informou-me Kelly.

Caminhamos ainda algumas horas até alcançarmos o abrigo, onde já nos aguardavam.
O hospital, todo branquinho, era um raio de luz que despontava na escuridão da dor e do desespero.

O Hospital de There abriu suas portas para receber os nossos doentes e irmã Sofie nos alojou numa bela sala, florida e perfumada, onde reequilibramos os nossos espíritos.

Os doentes foram levados para as enfermarias, onde primeiramente iriam receber uma boa limpeza.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 21, 2011 10:38 pm

Ouvindo música, procurei relaxar e logo adormeci.
Quando acordei, meio sem graça, Lélis sorria-me:
- O que lhe aconteceu, Sérgio?

Respondi:
- Eu é que lhe pergunto: por onde você andou?

Perguntas sem respostas.
Eu não respondi à dela nem ela à minha.
Nesse momento, outra irmã viera chamar-nos.
Estávamos sendo esperados na sala de palestras.

Irmã Maria, uma bela senhora, sorriu-nos, desejando boas-vindas.
Ela resplandecia carinho e amor.
Emocionado, beijei sua mão e a olhei com imenso respeito.

Maria José convidou-nos à oração:
- Pai, generoso e bom, apiedai-Vos dos Vossos filhos imaturos e dai-lhes a oportunidade de ressarcir seus erros.

Não os deixeis perdidos nas estradas escuras do ódio.
Clareai os seus olhos para os campos do trabalho e dai-lhes coragem para plantar as sementes da humildade, do amor e do perdão.

O sofrimento na Terra é imenso e ninguém existe que não esteja colhendo o fruto dos seus erros passados.

Mas Vós sois o Pai bondoso e tendes o poder de aliviar todos os sofrimentos.

Confiantes, portanto, em Vosso amor, esperamos que, ao ouvirdes as nossas preces, façais brotar nesses endurecidos corações o desejo de paz e que eles venham a praticar o bem, a fim de, mais facilmente, prosseguirem no caminho da evolução.

Precisamos de forças, alento e coragem para conseguir atingir o fim da jornada.

Tirai, Senhor, de nós, o véu que nos embaraça;
purificai nossas vidas para que sejamos dignos do Vosso amor, Pai amado.

Assim seja.

Terminada a prece, irmã Maria José levou-nos até a enfermaria, onde nem reconhecemos os antigos maltrapilhos.

Quase todos dormiam.
- Eles ficarão aqui? perguntei.

- Não, meu irmãozinho.
Terão de seguir para o grande Hospital de Maria, onde receberão cuidados especiais.
Nós somos apenas uma pequena luz no caminho, aplicamos os primeiros socorros.

- A irmã trabalha com muitos auxiliares?
- Trabalho com Sofie, Catherine, Magnólia, Paulina, doutor Murillo e doutor José Pithar.

- Que Deus os abençoe, irmã querida.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 21, 2011 10:38 pm

Tivemos muitas elucidações e irmã Maria nos contou o que se passa naquele vale.
Eles também vão até lá prestar auxílio.

Quantos, no corpo físico, julgam que quem desencarna descansa!...
Esses espíritos lutam pelos que sofrem, dando-nos valorosas lições de amor.

Irmã Maria projectou para nós um filme sobre o socorro, onde a equipe de There prestava auxílio àqueles estranhos espíritos.

Nele víamos almas torturadas, debatendo-se em substância viscosa.

O lugar era impressionante.
Um não se importava com o outro, mas os anjos divinos tudo faziam para auxiliá-los.

A irmã explicava-nos que naquele vale estavam confinados muitos espíritos esclarecidos intelectualmente, mas sem elevação moral.

A "morte" não foi encarada como um facto normal, para eles foi um golpe terrível e fazem dos seus impulsos inferiores a razão de vida do lugar.

Oferecem, uns para os outros, suas energias desequilibradas e se tornam um bando de espíritos sofridos.

Naquele filme mostrado por irmã Maria, divisamos os lugares onde não nos foi possível chegar.

- Quem são eles? perguntei.

Ela me respondeu:
- Aqueles que só levam vantagem quando no corpo físico.
É, meus irmãos, o vale do sofrimento, composto de espíritos esfarrapados, esqueléticos, era uma dolorosa realidade.

Irmã Sofie, aproximando-se de mim, disse:
- O homem tem tudo para ser feliz, mas nunca está contente com o que possui, mas depois, terá de colher o que plantou.

Terminado o filme, despedimo-nos daqueles irmãos, levando no coração o amor de agradecimento a Deus, por Ele um dia ternos criado.

É lamentável que o homem não reflicta sobre a vida e amontoe iniquidades na sua bagagem, trazendo para o mundo espiritual uma rede de ódio e egoísmo que o mantém prisioneiro nesses vales de sofrimento.

Enquanto o homem não se tornar bom, existirão esses lugares tenebrosos.
Volto a repetir, as Casas Espíritas precisam conscientizar-se da educação doutrinária.

De nada adianta reerguermos templos e não curarmos almas.
A Doutrina é a água viva que dá ao homem encarnado o passaporte para a paz.

Os Centros precisam ressuscitar os mortos, dando a cada frequentador a certeza de que só a caridade salva;
que enquanto buscarmos as Casas Espíritas e continuarmos presos aos bens materiais, longe estaremos ainda de amarmos a Doutrina Espírita, que é o Cristo esperando por nós.

Só existe obsessão porque o homem ainda não é bondoso.

Se a Doutrina nos ressuscitar, seremos libertados e a liberdade se chama paz.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 21, 2011 10:39 pm

Capítulo XXIII - COLÓNIA AZUL

CIDADE E ESCOLA DOS NASCIDOS MORTOS


Não consigo ficar indiferente ao ver alguém sofrendo.

Presenciar as consequências do erro humano foi demais.

Aquele lugar mexera comigo.
Pensava:
"porque o ser não procura viver bem, respeitando o espaço do seu próximo? Seria tudo mais fácil."

- Mas as pessoas gostam de sofrer, falou Lélis, novamente junto a nós.

Aproximando-me de Zeus, perguntei:
- Irmão, observei no Vale que, mesmo sendo portador de pesadas vibrações, alguns espíritos volitavam.
Julgava eu que só fosse possível volitar os espíritos bons.

- Luiz, a volição é conquista dos que desenvolveram o poder mental, e mesmo aquele possuidor de fluidos pesados, devido à sua baixa vibração, pode volitar seja desenvolveu sua potência mental.

Se o irmão prestou atenção, percebeu que volitam com dificuldade, a imperfeição cortou suas asas.
Mas em um lugar onde muitos se arrastam, é uma glória dar um voo, mesmo que rasante.

- Sabe, Zeus, eu ainda sinto dificuldade em volitar, gostaria que me desse uma aula para transmitir aos meus leitores.

- A volição se processa através da acção dinâmica da vontade, é ela que actua sobre a energia mental.
Para isso, precisamos educar a mente.
A disciplina fortalece a mente e esta, energizada, pode alcançar os pontos desejados.

- Você aconselha o homem a desenvolver sua força mental?
- Não no sentido do que estamos falando.
De nada vale ao espírito sua força mental, se ela está desequilibrada.

O bom seria se o homem desenvolvesse a mente para o bem, aí sim, quando liberto do corpo físico, transformar-se-ia em um pássaro livre e feliz.

- Notei que aqueles que ali volitam sentem-se como reis.

Zeus sorriu.
- Por isso é bom todos estudarem e desenvolverem o coração;
só o amor dá ao homem a paz.

Se conhecer o seu metabolismo, o homem chegará ao ponto máximo de fortalecimento da mente, que lhe vai ajudar muito ao libertar-se do corpo físico.

Entretanto, fortalecer a mente para escravizar alguém é como cursar uma faculdade de Medicina e depois se tomar aborteiro.
Não tem valor algum.

- Recordo-me sempre da dificuldade que tive em volitar e hoje percebi que muitos dos trevosos volitam...
- É, Luiz, eles volitam, mas não saem do lugar, são aves de asas cortadas.

Nada mais falamos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 21, 2011 10:40 pm

O vento soprava forte, quando Lélis, com sua voz aveludada, cantou esta canção:
Maria, Maria, Mãe amada,
Não me deixes cair em tentação.
Quero ser digna de Ti,
Acolhe-me em Teu grande coração.

Livra-me do egoísmo,
Da vaidade e da avareza.
Segura, Maria, minha mão,
Leva-me para longe da tristeza.

Quero ficar ao lado de Jesus, irmão,
Maria, Maria.


Pareceu-me que todo o lugar se curvou, em respeito à Mãe de Jesus.
À medida que Lélis cantava, uma ondulação colorida nos envolveu.
Aprontei-me para orar por todos os que precisam.

Quando reabri os olhos, notei que uma nova Colónia despontava:
era a Colónia Azul.

Lélis, intrigada com a minha indiferença, indagou:
- O que aconteceu, porquê a tristeza?
- Nada, apenas me sinto cansado.
Vou descansar um pouco.

Hápila intercedeu, dizendo:
- Está bem, podes descansar, mas enquanto ficares descansando deixarás de aprender.

Nada falei, porque já pedíamos abrigo à Colónia e seus portões floridos abriam-se para nos acolher.

Descortinou-se aos nossos olhos um jardim em flor, onde os miosótis compunham, junto às rosas, um buquê divino.

A Colónia era pequena, mas muito florida.
Quem nos recebeu foi Carlito, levando-nos para a ala nove, onde Francis nos esperava.

- Sejam bem-vindos à nossa Colónia.
Espero que tenhamos elevação para bem acolhê-los.

Examinava cada detalhe daquele belo lugar, curiosamente, sendo advertido por Aloísio:
- Cuidado, muito cuidado, a curiosidade é um desequilíbrio mental.

- Desculpe, é que a gente vem de um lugar tão triste, que é difícil acreditar que aqui no umbral exista esse pedaço de céu.

Francis conversou com os médicos e pediu a Joaquina para nos levar até o campo das violetas.

Segui o grupo sem muito entusiasmo, mas à proporção que nos aproximávamos, o perfume ia-nos inebriando, sob a luz do Sol não muito intensa;
passamos por uma cascata, cujas águas cristalinas nos reconfortaram.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 22, 2011 10:38 pm

Todos estavam alegres, só eu não estava bem, a tristeza me corroía o coração;
permaneciam em minha casa mental as fisionomias desesperadas do Vale.

Misael me aplicou um passe e logo me vi livre da tristeza.
Chegando ao local das violetas azuis, fomos bem recebidos por Constança, que nos dava explicações de tudo.

O salão era composto de muitos berços e carros de bebé.
As crianças eram bem pequenas, mas muito bem tratadas pelas enfermeiras.

Estava curioso para saber algo sobre elas, quando irmão Lourenço esclareceu:
- Estes irmãos foram abortados inconscientemente pelas mães por excesso de medicamentos, fraqueza uterina ou mesmo câncer, ou a própria vontade dos bebés que não queriam voltar à carne.

- E pode isso ocorrer?
- Sim, em muitas ocasiões a gravidez é efectuada, mas não consegue atingir os nove meses.
Este recanto fortalece os fetos para nova descida à carne.

- Porque ocorrem estas rejeições?
- Como já disse, vários factores as originam, porém o mais comum refere-se aos bebés que não querem reencarnar.
Muitos por terem sido rejeitados.

Perguntei se podia pegar Lisandra no colo e, ao fazê-lo, gritou tanto que quase saí correndo.
É difícil de acreditar, mas ali estava, no plano espiritual, uma colónia de crianças, uma das maternidades divinas.

Todo o grupo admirava o lugar, que nem parecia estar alojado no umbral, tal a paz ali reinante.
Depois de visitarmos o pátio, fomos levados até a sala de estudos, onde se preparava mais uma reencarnação.

Comentei com Aloísio:
- O departamento é fogo, está em muitos lugares, por isso a "negada" não pode bobear.

Todos fizeram força para não rir e confesso que fiquei envergonhado, porque a irmã Joaquina acrescentou:
- Deus é bom, por isso Ele não cansa de nos chamar ao trabalho.

A equipa passou a examinar os prontuários daqueles espíritos que foram abortados por vários factores.

No desencarne, como na reencarnação, o espírito passa por uma experiência marcante.

É como um salto bem alto de um plano para outro.
Assistimos aos filmes projectados e um deles relacionava-se com Lisandra.

Vimo-la em tamanho normal, uma senhora de seus sessenta anos, sendo unida ao útero materno e este, composto de fortes correntes electromagnéticas, ia reduzindo-a.

O espírito de Lisandra, aconchegado ao seio materno, iniciava o trabalho divino da formação do seu corpo carnal.

Mas percebemos que o espírito, mesmo com a veste perispiritual reduzida, enfrentava momentos dramáticos:
na sua mente, bem viva, encontrava-se guardado o passado e o que ocorrera em encarnação anterior.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 22, 2011 10:39 pm

Notamos a indecisão daquele espírito:
Vou ou não Vou, e na mente de Lisandra surgiam fatos que a levaram a desistir da nova encarnação.

Então, tudo fez para retornar ao plano espiritual.
Assistimos naquele filme ao bloqueio mental de um espírito que não desejava mais renascer.

Ele, o espírito, é que aglutina sobre a veste perispiritual os elementos que darão vida ao físico.
Bloqueadas as energias, o físico vai ficando doente e a mãe aborta.

- Que danadinha!...
- Isso mesmo, Luiz.

O espírito não sabe o mal que está fazendo a ele mesmo.
Esta Colónia tenta ajudar estes irmãos.
Graças a Deus só estamos tendo vitórias.

- Irmã, todos eles foram inimigos dos pais?
- Não.
Muitos destes espíritos sofreram no corpo físico doenças cruéis, abandono ou mesmo aborto.

- Desculpe esta pergunta, mas se existem outros meios de reencarnação, por que estes espíritos doentes voltam dessa maneira?

Já Presenciamos a redução perispiritual feita pelo próprio espírito, o espírito comandando a sua redução e chegando ao ponto desejado.
Tudo isso pela força mental.

E porque, sendo Lisandra um espírito repleto de neuroses, não usaram tal método?

- Muito boa a sua pergunta, Luiz Sérgio, e fácil de ser respondida, interveio Ísis.

Recorde que o espírito de Lisandra, por estar perturbado, não possui força mental suficiente para ajudar os técnicos na sua redução perispiritual.

Não se esqueça também de que, no seu livro Lírios Colhidos, você demonstrou que cada caso de desencarne é um caso.

O mesmo se dá no reencarne.
Em ambos há um choque biológico, mas devemos dar graças a Deus por vivê-lo.

Ficamos ainda muito tempo na Colónia e antes de nos retirar-mos caminhamos para um jardim muito florido e perfumado, deliciando-nos com a paisagem.

Desejei rever Lisandra e ela me sorriu como se me pedisse desculpa.
Abracei-a com carinho, demonstrando-lhe o quanto a queria.

Outros contactos ainda tivemos com os abortados.
Despedi-me de Francis, beijando sua mão.

- Irmã, quando eles voltarão ao plano físico? perguntei.
- Estão programadas duzentas reencarnações para este mês.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 22, 2011 10:39 pm

- Tudo isso?
- Meu filho, isso é o mínimo que já tivemos.
Esta Colónia tem recebido mais irmãos do que os que encaminhamos para o corpo físico.
Os abortos violentos também têm atingido estes seres.

- É mesmo, irmã, e eles precisam tanto de uma veste carnal.

Ela sorriu, perguntando-me:
- Irmão, vai embora só?
- Não - falei, olhando ao meu redor.

Só então percebi que estava sozinho.
Pedi desculpas a Francis e saí em busca dos outros.
Mas o lugar era um convite ao passeio.

As casas pareciam colégios muito bonitos, todos eles ornados pelas flores, onde predominavam as roxas, azuis e brancas.

Os lagos emolduravam aqueles edifícios-escolas.
Parei para apreciar as crianças que corriam a brincar.
A luz era tão suave que me recordei do outono em Brasília.

Estava inebriado, feliz da vida, quando ouvi meu nome: - Sérgio.
Era Kelly que me chamava docemente.

Ao me aproximar dela, indaguei:
- Todas essas crianças são abortadas?
- Sim.
Mas elas me parecem tão belas, alegres e felizes;
dão a impressão de que amam este lugar!...

- Sim, amam tanto que relutam em voltar à terra.
- Irmã, estou meio confuso:
estas crianças são as chamadas "nascidas-mortas";
as que não chegaram ao término da gestação, não é mesmo?

- Sim, Luiz.
- E porque elas me parecem diferentes?
- Porque nesta Colónia-escola estão banhadas pela luz do Evangelho.
- Mas é crime a mãe abortar... não será crime também o espírito interromper sua gestação?

- Aquele que pratica um aborto não é doente;
estas crianças são espíritos doentes que, ao terem contacto com as verdades, entram em estado de desespero;
aqui estão sendo tratadas para reencarnar bem e para isso estão sendo instruídas por excelentes mestres.

Note que não crescem, atingem apenas um certo tamanho.
Elas vêm para cá para aprender em primeiro lugar as coisas espirituais, só depois é que receberão a educação terrena.

Quanto maior o aproveitamento da criança, mais depressa será levada a nova reencarnação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 22, 2011 10:39 pm

Não se esqueça de que todas elas são filhas da Terra e, mesmo recebendo no plano espiritual auxílio com excelentes mestres, faltam-lhes experiências terráqueas e terão de voltar para adquiri-las.

- Noto, Kelly, que aqui o livre-arbítrio funciona, não é mesmo?
- Sim, meu amigo. Agora vamos embora, o grupo nos espera.

Assim, fomos deixando para trás aquelas alamedas floridas, uma cidade-escola, onde as crianças recebiam de Jesus aulas divinas.

Mesmo sendo uma colónia dos "nascidos mortos", mostrava-se bem viva;
o vozerio alegre das crianças soava em nossos ouvidos como um grito de liberdade.

A Colónia Azul era um pedaço do manto de Maria agasalhando aqueles espíritos infantis, e a luz brilhante que pairava sobre o aconchegante lugar partia, certamente, dos olhos iluminados de Jesus.

As cascatas que banhavam aqueles corpos diminutos só podiam vir das águas da vida eterna.

Um dia Jesus mostrou à Terra a importância da água, banhando-Se no Jordão, oferecendo-nos a lição de que precisamos dela para tirar as marcas encardidas da imperfeição.

Ele, Ser puro, mergulhou nas águas para nos ensinar que precisamos mergulhar para renascer em novo ser.

Reencontramos os outros e logo as dificuldades surgiram, porque já não estávamos na Colónia Azul e sim varando as barreiras violentas dos umbrais.

Em certo momento paramos, e a voz de Zeus se fez sonora aos nossos ouvidos, em prece comovente:
- Pai, amado Pai.
Sé bendito, Senhor, porque criaste todas as Tuas criaturas, concedendo-lhes o poder do conhecimento.

Abriste o cofre da sabedoria e entregaste a cada um dos Teus filhos a chave.
Perdoa-nos, se ainda não a usamos, se ainda os nossos pés resvalam no lodo das nossas iniquidades.

Dá-nos, Senhor, a coragem, a perseverança para andarmos em Tua direcção, mesmo lutando contra as adversidades.

Não nos deixes cair nas estradas da tentação.
Dá-nos a protecção de Pai para que os nossos espíritos possam galgar o monte da consciência tranquila.

Se por acaso a vaidade cegar-nos, faz, Senhor, com que a luz do teu coração retire este argueiro cruel que aprisiona e destrói o ser.

Deus de infinita sabedoria e bondade, dá-nos a serenidade, o amor e a fé;
que cada um de nós possa adquirir o poder da humildade para descolar em Tua direcção, levando na bagagem os ensinamentos do Teu Filho muito amado, Jesus Cristo.

Sabemos que nos aguardas e que, como bom Pai que és, preparas para todos nós um banquete repleto de bênçãos.

Esperamos estar bem vestidos, dignos das Tuas mãos abençoadas.

Simples e inocentes não poderemos mais ser, mas esperamos estar cobertos com a luz da reforma íntima para que no momento em que nos fitares sintas em nós um novo ser, como sempre desejaste.

Pai, faz de cada um dos Teus filhos uma estrela, pequenina que seja, mas cujo brilho enfeite o Reino de amor e paz que criaste para todos os seres, orgânicos e inorgânicos, filhos do teu coração.

Nós te amamos, Senhor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 22, 2011 10:40 pm

Capítulo XXIV - NO POUSO DA ESPERANÇA

A prece foi o remédio de que necessitávamos e, graças a ela, nossos passos ficaram mais firmes, dando-nos condição de lutar contra muitos obstáculos que enfrentaríamos.

Enquanto seguíamos, analisava meus companheiros e os admirei demais;
conceituados médicos e excelentes técnicos da Espiritualidade Maior ali estavam, enfrentando, na maior simplicidade, vibrações violentas das zonas umbralinas, ao passo que no mundo físico basta a pessoa ter uma vida melhor para procurar as mordomias.

Zeus, vendo-me a fitá-los, sorriu, dizendo:
- Vamos recordar os Provérbios, Capitulo 28, versículos 18 e 19:
Aquele que anda em simplicidade será salvo;
porém o que anda por caminhos perversos cairá por sua vez.

Aquele que lavra a sua terra terá fartura de pão, mas o que ama a ociosidade estará cheio de miséria.

Baixei os olhos e fui recitando alguns provérbios, que calavam fundo em minha alma.

Os minutos pareciam eternos.
Nos caminhos que convergiam para os umbrais, sempre encontrávamos caravanas de trevosos e muitas vezes tivemos de "fugir" deles.

Já estávamos quase chegando à Estação das Águas, quando deparamos com algumas mulheres, que davam boas gargalhadas. Eram dez.

Examinei-as, seus trajes eram muito parecidos com os de "certas meninas":
saias curtíssimas e blusas decotadas, brincos que iam até quase a cintura, enfim, a aparência que o encarnado vê quando cruza com jovens vulgarmente vestidas.

Todos passavam por elas de cabeça baixa, ignorando-as;
eu, como as estava observando, despertei a atenção e elas, brejeiras, foram aproximando-se de mim, dizendo:
- Oi, garotão, como vai? É novato aqui?

Confesso que não sabia o que responder.

Aloísio Socorreu:
- Não, ele trabalha para Zaíra.
Ao ouvir este nome, recuaram.

- Perdoe-nos, não está mais aqui quem falou.

E foram andando de costas, olhando-nos assustadas pois que sumiram na estrada, perguntei a Aloísio:
- Quem é Zaíra?
- Antes de saber quem é, agradeça-me por tê-lo livrado delas.
- Mas quem disse que eu queria me ver livre?

Todos riram e Misael retrucou:
- Por isso não, elas foram para o vale do prazer, se desejar, nós lhe ensinamos o caminho.
- Desculpe, doutor - falei baixinho.
- Sabemos que está brincando.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 22, 2011 10:40 pm

Ainda indaguei, intrigado:
- Porque me enxergaram?
- Nós, Luiz, para penetrarmos nestas regiões inferiores, tivemos de revestir os nossos perispíritos de fluidos densos, para esconder nossa procedência, ocultando as aparências do plano em que vivemos.

O irmão, através da curiosidade, chamou a atenção sobre si e se fez visível.

Nada mais desejei saber.
O lugar ia ficando terrível, o silêncio quebrado apenas por brados, uivos e gargalhar sinistro.

Já estávamos no "vale da dor".
A vegetação, diferente, apresentava arvoredos com folhas vermelhas a balançar agressivamente;
algumas árvores lembravam animais pré-históricos.

Confesso que o papai aqui tremia mais que aquelas furiosas árvores, Isis segurou minha mão, dizendo:
- Deus não desampara Seus filhos.

O aspecto era o de uma guerra, ora coberto de névoa, ora o vento zunindo terrivelmente nos nossos ouvidos;
outras vezes parecia que ia acontecer um terramoto.

Recordei-me de uma atracção de parque de diversões, a "casa do terror":
a cada minuto uma surpresa.

E uma delas foi observar o contraste ali existente:
casas que nos assombravam, umas paupérrimas, outras luxuosas.

Compreendi que, além de governar aquele lugar, Zaíra controlava e administrava algumas colectividades sombrias subjugando várias mentes encarnadas à distância.

- Por que eles não estão deformados? Perguntei.
- Se prestar atenção, vai notar que são diferentes.

Ao penetrarmos naquela cidade, podíamos perceber que o sexo e os vícios dominavam, e infeliz daquele que para lá fosse atraído, pois víamos que muitos eram escravizados, principalmente as mulheres.

Vamos imaginar que era uma cidade da prostituição e que de lá partiam as caravanas de mulheres para perturbar os encarnados.

- Vamos até Zaíra?
Misael respondeu:
- Impossível.
Estamos aqui apenas para retirar uma irmã que abusou por demais do sexo e hoje, dominada pelos torturadores de Zaíra, clama para ser socorrida.

- E onde ela está?
- Uma equipe de socorro já nos forneceu o local.

E assim fomos andando.
Já nas proximidades do lugar indicado, constatamos a pobreza e a falta de higiene, lembrando-me certos lugares da terra.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 22, 2011 10:40 pm

Em dado momento, vimos, deitada no chão, uma mulher com os cabelos em desalinho.

Ao fitar seus olhos, quase morri de susto:
era uma pessoa conhecida minha, que não me reconheceu e gritou:
- Não me maltrate! Não Vou à terra participar de orgias!

Eu quero esquecer o que fiz de errado, deixe-me em paz! falou, tapando os olhos com a mão e permanecendo deitada no solo.

Senti vontade de abraçá-la, mas deixei que os outros a socorressem.
E assim foi feito.
Envolvemo-la em fluidos tranquilizadores e nos retiramos.

Pensei:
"como vamos vencer os guardas e os lacaios?"

Mas a nossa caravana nem sequer era notada pelo estranho povo daquele vale.
Romilda, amparada por mim e por Aloísio, parecia dopada.

- Levaremos só ela ou vamos a outras pocilgas prestar socorro? Inquiriu Kelly a Misael.

- Eu gostaria de tirar mais gente daqui, completei.
- É, Luiz, todos nós gostaríamos, mas é terrível a condição de vida destes espíritos.
Mesmo assim, subjugados, eles resistem a serem levados para as colónias de luz.

Daqui partem muitos espíritos que se comprazem com o encarnado no sexo e nos vícios.
Para eles a desencarnação não ocorreu, adoram as festinhas regadas a pó e a sexo.
E muitas vezes desequilibram famílias e fanáticos religiosos.

Romilda arrotava, como se estivesse bébada.
Olhei-a, intrigado, obtendo a resposta:
ela sempre se embriagava junto a um encarnado e também gostava de comprimidos.

Prometi a mim mesmo voltar e conhecer Zaíra.

- Vai hospedar-se no seu rico palacete? indagou-me Aloísio.
- Está com ciúme, nego?
- Não, Luiz, pode reinar em paz.

Tudo era brincadeira, pois já principiávamos a respirar aliviados.
Quando chegamos a um certo local, Romilda foi alojada em uma das macas.

Até ali comportara-se como se fosse um robô, sustentada mentalmente por Amintas.
Também ele precisou tomar um passe após tê-la acomodado.

- Ensine-me esse trabalho.
- Como não, venha cá.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 22, 2011 10:41 pm

Aproximei-me de Hápila.
- Como qualquer órgão, o cérebro é susceptível de educação mediante exercícios persistentes, graduais e cuidadosos.
É um trabalho simples, mas para efectuar o que no começo parecerá impossível, torna-se preciso muita dedicação.

Ademais, há um perigo:
se não imperar a mais elevada pureza de pensamento, palavras e actos, nada será efectuado.

Para penetrarmos em outra mente, antes temos de educar a nossa.
Há necessidade de colocar o paciente em transe e, para que isso ocorra, nós também temos de alcançar outra dimensão.

- Obrigado, amigo, mas prefiro ser apenas um aprendiz de Jesus.
Um dia talvez eu chegue a ter uma grande força espiritual.

Ele alisou minha cabeça, num gesto amigo.
Depois partimos em busca de uma Casa de socorro.

Logo avistamos o Pouso da Esperança, que nos surgiu como se fosse uma bela nave espacial, pois era todo redondo, assim como o seu belo jardim.

O que impressionava na sua base era que ele não estava fixado ao solo, podendo mudar de local a qualquer momento.

- Porquê? indaguei.
Kelly me respondeu:
- Porque muitas vezes eles têm de fugir, tal a violência dos ataques.

- De Zaíra?
- Não só dela, como de outros trevosos.

Assim, adentramos o Pouso da Esperança, onde fomos recebidos pelo irmão Zeferino, que prontamente providenciou alojamento para a nossa irmã.

Eu o acompanhei e o primeiro socorro foi um bom banho em uma pequena cascata.

Percebi que aquelas águas estavam repletas de energia e davam forças à doente, que se encontrava muito fraca, sendo a água um excelente tónico.

Eu e Amintas ajudávamos o irmão, enquanto os outros eram recebidos pelo dirigente daquele Pouso. Romilda foi muito bem tratada.

Logo se aconchegava em um leito limpinho, cujos lençóis mais pareciam raios de luar, e dormiu, como se há muito não o fizesse.

- Sérgio, na hora que ela acordar vai julgar-se no céu, comentou Amintas.
- E não deixa de estar, graças a Jesus nós estamos aqui.
Ele é o caniço de Deus pescando as almas sofridas no mar da dor.
Eu adoro Jesus e não me canso de louvá-Lo.

Amintas sorriu, talvez me julgando infantil, mas nem liguei.

Saímos e cumprimentei o céu, dizendo:
- Mestre, eu O amo muito, sabia?
Ele me ouviu, porque uma folha de árvore beijou-me o rosto.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 22, 2011 10:42 pm

- Luiz, és um grande sujeito.
Apalpei-me.
- Você acha, amigo? Ora, muitos me chamam de baixinho...

- És uma grande alma.
- Obrigado, respondi.

Íamos caminhando, quando encontramos Kelly.
Informou-nos ela que estávamos sendo esperados no salão grená.

Nós a acompanhamos.
Não pude deixar de admirar a beleza do auditório.
Não éramos os únicos ali sentados, outros caravaneiros também lá estavam.

O local, todo grená, era oval;
do chão eram projectadas luzes nas cores amarela e alaranjada, que davam ao tecto uma coloração diferente.

O auditório era hermético.
Uma suave música completava a vibração do ambiente.

Nisso, deu entrada uma irmã de seus quarenta anos que, após bela prece, iniciou a palestra.

- Que Deus seja louvado por todos os Seus filhos.
Aqui estamos para tratar de um assunto muito desagradável: o desrespeito à vida.

Hoje o que mais se faz na terra é matar.
Mata-se, sem piedade, o feto e o ser adulto, como se faz há muito com os animais.

Defrontamo-nos com inúmeras dificuldades, por quanto o homem está retardando os planos de Deus, por isso, os seus trabalhadores precisam urgentemente orientar as criaturas, cultivando o hábito do amor ao próximo.

Quem ama não mata.
Nesses crimes, quem mais está sofrendo são as crianças, que sofrem no ventre e, muitas vezes, violentadas são pelos próprios pais.

O que fazer para ajudá-las?
Orientar o homem, conscientizá-lo de que todos nós estamos no mesmo estágio de vida, um necessitando do ombro do outro

Só assim teremos condição de secar a torrente de lágrimas que está correndo sobre a Terra.
A maior responsabilidade recai sobre os que manipulam o fermento da mediunidade.

Precisam eles orientar as criaturas para a reforma interior, para a necessidade da caridade;
sem ela somos árvore sem raiz, casa sem tecto.

Cada aprendiz do Evangelho tem de apresentar Jesus ao seu próximo, principalmente se esse próximo é jovem.

Se nós não orientarmos a juventude, breve estará caduca pelos remorsos.
Hoje a mulher se entrega ao namorado com tamanha naturalidade, que nos causa espanto.

Ela não se valoriza e se isso continuar, em futuro próximo, não mais teremos crianças para alegrar nossas vidas.

Os países precisam elaborar um trabalho de assistência social, onde as pessoas sejam alertadas para as grandezas de Deus.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 22, 2011 10:43 pm

Nunca se viu tantas "mortes" prematuras.
O homem está abusando por demais da sua liberdade.

Ninguém, quando no corpo físico, se preocupa em armazenar amor;
quase todos pensam apenas em usufruir algo de Deus e ainda zombam dele.

Esperamos que os trabalhadores de Deus possuam consciência do valor da vida e que tudo façam para bem servir ao próximo.

Contamos com o auxílio de todos.
Muito obrigada.

Anne.

Logo depois, vieram as aulas.
Uma delas sobre a força mental, a necessidade dos dirigentes de instituições espíritas orientarem seus frequentadores sobre o real valor do pensamento.

O doutor João Vicente falou sobre o desdobramento mental.

Se um homem pensa fixamente que está presente em determinado lugar, ele lá estará, não vestido de um de seus corpos - pois o homem permanece no seu corpo físico - apenas a forma mental que, ao ser projectada, não fica mais sob o seu domínio.

E esta forma-pensamento pode auxiliar muito, penetrando nos hospitais, nos campos de guerra, nas prisões, enfim, ela é de grande utilidade para os aprendizes de Jesus.

Um Centro Espírita pode ajudar muito a espiritualidade, desde que ele seja bem orientado.

O homem encarnado ainda não se conhece, mas ele é um deus, que precisa da coroa da perfeição para realizar grandes coisas.

O palestrante ainda falou sobre a necessidade da disciplina evangélica, a qual só se consegue através de um desempenho sério na Casa Espírita.

Ainda recebemos muitas aulas.
Ao término, veio o professor José e junto a ele fizemos a prece de encerramento.
Na saída, observava ainda aquele estranho auditório.

- O que repara tanto, Luiz?
- Não entendi por que ele projectava aquela luz o tempo todo.

- Não se esqueça de que este Pouso fica numa zona de vibrações muito pesadas, e se eles não tomarem providências, os vales trevosos captam as aulas aqui ministradas.
- Notei que as aulas não foram só para nós.

- Tem razão.
Assistimo-las a convite dos irmãos daqui, mas elas são destinadas aos trabalhadores deste Pouso.

Como nada podemos perder, lá estávamos nós.
Aprontávamo-nos para partir, desta vez para a Crosta.

Todas as vezes que me preparo para aterrissar no solo firme da Terra minhas pernas tremem pelo receio de defrontar-me com factos muito tristes.

No Pouso da Esperança conhecemos muitos irmãos, mas gostei mesmo dos irmãos Zeferino e Alexandre.
Lembrei-me de que prometera a mim mesmo voltar e conhecer Zaíra.

Irmão Zeferino aconselhou-me, ao captar este pensamento:
- Irmão Luiz, não se preocupe com o dia de amanhã, Zaíra terá o seu dia e não vai demorar muito.

Fiquei quietinho, orando em silêncio para Deus, o Ser mais perfeito do Universo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 23, 2011 10:32 pm

Capítulo XXV - LAÇOS FAMILIARES INTERROMPIDOS

Despedimo-nos do Pouso da Esperança e logo estávamos no plano físico visitando a Casa Espírita.

Com prazer, revimos os queridos amigos, juntando-nos aos seus trabalhadores para prestar auxílio a vários desencarnados, principalmente por acidente.

Os médicos João Vicente e José Murillo tudo faziam para amenizar as dores, e à medida que prestavam auxílio, muitos doentes eram encaminhados para os hospitais de Jesus, na espiritualidade.

Notei a quantidade de jovens e perguntei ao irmão João Vicente:
- O que está acontecendo, por que os jovens estão desencarnando cedo?

- Os jovens estão suicidando-se por falta de elucidação evangélica.

Os pais estão dando tudo para seus filhos, menos educação divina, e as crianças estão se afundando no materialismo, distanciando-se das coisas de Deus.

No dia em que eles se conscientizarem de que a juventude passa rapidamente por nossas vidas, saberão plantar amor.

Hoje a maioria dos jovens está plantando desespero.

A Aids, que aniquila o corpo e desespera a alma, prolifera-se velozmente, e quantos jovens, por míseras moedas, estão se prostituindo!

O automóvel, que foi criado para o conforto do homem, tomou-se arma perigosa aos imprudentes.

Ao entrar em um veículo, muitos perdem a noção do dever, que é respeitar o seu próximo - correm sem disciplina, fazem manobras violentas e, diante disso tudo, ainda se julgam os tais.

Um jovem cauteloso com as leis de Deus não abusa do seu direito de cidadão.

Hoje, Luiz Sérgio, muitos jovens pensam que jamais irão envelhecer e, sem carácter, gastam o dinheiro dos pais e ainda os envergonham.

- Mas, doutor, já vi muitos jovens espíritas também praticando actos indignos de desrespeito ao próximo.

- Sinto contestá-lo.
Espíritas não, jovens que conhecem a Doutrina, mas ela não está nos seus corações.

A Doutrina Espírita é Cristo em acção, aquele que se diz espírita muitas vezes a conhece mas não a pratica.

O jovem espírita abraça o sacerdócio da fé, da esperança e da caridade.

Ele não fuma, não bebe, não pratica actos obscenos, não violenta o seu próximo, apenas luta para que a sociedade onde vive seja mais digna.

Estamos falando aqui de espírito que está em nova roupagem, porque, para nós, não existem jovens nem velhos e sim espíritos que precisam evoluir.

- Irmão, ali no quarto seis vimos muitas crianças que desencarnaram com drogas.
Todas são consideradas suicidas?

- Sim, qualquer "morte" provocada é suicídio.
O irmão fala da sala seis, mas quero mostrar-lhe a sala oito, que abriga vários adolescentes de doze a dezasseis anos, todos eles desencarnados pela droga, pelo aborto ou por acidente, levados por uma sede imensa de liberdade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 23, 2011 10:33 pm

As moças, muitas, estão em busca de algo que nós, os espíritos, não sabemos o que seja.

Olavo diz que a cruel repressão do passado foi gravada nas suas mentes e hoje elas julgam que foi rompido o tabu e querem aproveitar o máximo possível.

Nessas orgias exacerbadas pela droga, encontram a morte prematura, que tanto as faz gritar por socorro.

A jovem moderna, sem educação religiosa, está atropelando o "destino", forçando os acontecimentos.

Está-se tornando mulher muito cedo e também chegando cedo aos sofrimentos.
Vamos até a sala oito.

Fiquei um pouco pensativo.

- Posso, doutor Zeus?
- Se o irmão desejar, mostrar-lhe-emos as doenças.
Se você, Luiz, assim o quiser, fazemos votos que a aula seja proveitosa.

Não pensei duas vezes, logo estava eu junto ao doutor João Vicente, na sala oito, que vamos chamar de enfermaria, onde várias meninas gritavam sem cessar.

Todas elas, amarradas às camas, recebiam um banho de luz azul.
O ambiente recendia a carne queimada, muito forte.

Fitei aquelas faces, algumas lindíssimas, outras deformadas pelo ódio que havia em seus olhos.

Nos órgãos sexuais de Eurinda, uma das assistidas, notava-se uma cor escura.

Perguntei ao médico o que acontecera com ela.
- Prostituiu-se muito cedo.
Era garota de programa e, nesses encontros, contraiu uma doença terrível que nem a Medicina soube explicar.

- Irmão, por que elas não exigem que seus parceiros usem preservativos?
- Muitos homens não os aceitam, daí o aumento da Aids e de outras doenças sexualmente transmissíveis.

- Mas isso é um crime, doutor!
- É, Luiz Sérgio, é crime desumano, que os sanitaristas ignoram.

A prostituição juvenil é terrível e aumenta a cada dia.
Olhei uma outra, Suzane, e ela pôs a língua de fora para mim.

Joguei-lhe um beijo de carinho;
ela cerrou os olhos e vi uma lágrima molhar seu rosto de menina-moça.

Perguntei o que fizera.
Abortou dez crianças
- Dez? Mas ela deve ter uns dezasseis anos!...

- Mesmo assim, já é portadora de uma ficha repleta de faltas e de violação às leis de Deus.
- O que as leva a entrar nessa vida?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 23, 2011 10:33 pm

- Falta de orientação.
Para elas, o dinheiro da prostituição é seu único meio de sobrevivência.

Mas muitas entraram na droga por intermédio também do sexo;
os namorados, traficantes e viciados levaram-nas ao vício e depois à prostituição.

Está vendo aquela outra ali?
É a Célia, desencarnou com Aids.
Contraiu a doença através de um colega do seu irmão.

Namorou-o e, como quase todos os namoros de hoje, o sexo estava incluído.
Não sabia ela que ele era bissexual e, numa das relações, a doença alojou-se no seu organismo.

- Mas ela parece tão recatada...
- Sim, é uma boa menina, mas, como boa parte da sua geração, praticava o sexo descontroladamente.
Ela também desejou entrar na onda de uma sociedade sem Deus.

- Sabe, doutor, os pais têm um pouco de culpa, não é mesmo?

- Temos a incumbência de curar, de amenizar, de encaminhar os doentes, mas quem pode julgá-los são eles mesmos e creio eu que cada um sofre por demais.
Não é fácil sentir o apodrecimento do seu próprio corpo e o desespero na alma.

- Daqui, para onde eles irão?
- Para os pronto-socorros da espiritualidade, até serem transportados para algum dos inúmeros hospitais de Jesus.

- Ainda bem que os trevosos não os pegaram...

O doutor João Vicente atendeu o chamado de um dos médicos que prestavam assistência àqueles doentes e, gentilmente, me agradeceu a companhia, dando por encerrada nossa conversa.

Despedi-me:
- Um abraço, amigo, e seja sempre um operário de Jesus em acção.

Fitou-me com uma bela expressão de carinho e aduziu:
- Seja também feliz, Luiz Sérgio.

Voltei para junto dos outros, pois teríamos trabalho numa clínica aborteira, onde a especialidade do "doutor" era assassinar fetos de quatro a seis meses de vida uterina.

Para lá nos dirigimos.
A clínica ficava num bairro de classe média alta.
O "doutor", muito conceituado pelos seus clientes, sentia-se um deus.

Tudo muito limpo.
Quem a visitasse, nem poderia imaginar que o "doutor" Argemiro praticava tais crimes levado pela ambição, sem o menor constrangimento.

Esperavam-nos vários espíritos, médicos, irmãs de Maria, enfim, diversos trabalhadores do Senhor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 23, 2011 10:33 pm

Uma bela senhora segurou as mãos de Misael, dizendo:
- Não deixe minha neta fazer o aborto, não deixe!

Misael lhe respondeu:
- Estamos aqui para trabalhar, ore a Deus para que a sua neta tenha consciência do que vai fazer.

Aquela mulher estava transtornada.
Era o avô da menina que estava reencarnando e a avó sofria por presenciar o desequilíbrio daquela que tanto amava.

Quando a nossa equipe entrou na sala cirúrgica, a neta da senhora já estava sendo preparada.

Zeus fez de tudo para o médico desistir.
Provocou-lhe tontura, ânsia de vómito, tremor nas mãos.

Entretanto sua ganância era bem maior e rapidamente foi feita a operação cesariana.

Sim, meus amigos, cesariana.
O feto ainda nasceu vivo, mexendo com os pezinhos.

Mas, ao invés de ser acolhido em incubadora, foi friamente assassinado por aqueles que ali estavam.

Mesmo jogado fora, permanecia com vida.
Nossos médicos tudo faziam para socorrê-lo, até poder retirá-lo do frágil corpo físico.

O tempo que aquele feto se debateu em busca de oxigénio foi um dramático pedido de socorro.

Aproximei-me de Isis e indaguei:
- Porque não o separa logo do corpo físico?
- Esperamos que ocorra um milagre, que alguém se arrependa.

Mas, nada.
O "médico" já costurava o pequeno corte da cesariana.
E a jovem logo estaria na onda da moda, pronta para mais uma gravidez.

- Que tranquilidade!.., falou para a enfermeira o "médico".

Não sabia ele que no plano espiritual nós tentávamos conter a avó, que, abraçada ao corpo da frágil criança, gritava:
- Perdoe, querido, ela não sabia que era você! Perdoe!

Mas o feto urrava de ódio.
Logo Presenciamos sua transformação, que se operou parcialmente: de uma frágil criança para um homem já idoso.

Os médicos aguardavam, mas ele mal podia sustentar a cabeça de homem no corpo de um feto de cinco meses.

- Eu Vou matá-la! dizia Euzébio. Eu Vou matá-la!
A avó suplicava:
- Não, não! Ela não quis você, porque é muito jovem ainda...
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