LUZ ESPÍRITA
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Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz

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Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz - Página 6 Empty Re: Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Nov 16, 2018 7:46 pm

Ele, a esposa e os filhos vão sair com uma mão na frente e outra atrás.
Certamente vão acabar nos procurando para pedir ajuda.
- Ufa – disse Valda, aliviada.
Como Deus é bom.
Eu não suportaria vê-los felizes enquanto a gente afundava.
O marido sabia que Valda precisava sentir-se acima da irmã para poder enfrentar a derrocada social não como alguém que perdia tudo, mas como alguém que continuava a estar por cima da outra que invejava.
Tudo isso era uma mentira que ele inventara de última hora, já que, desde a derradeira conversa, duas semanas antes, não mais havia falado com o antigo sócio.
O certo é que a estratégia deu o resultado que esperava.
A desgraça de Alice significava um refrigério para a sua vaidade, encarando a derrocada de uma maneira mais amena por imaginar a irmã em piores situações.
- Bem, Moacir, sei que você está empenhado em arrumar as coisas.
Então, vamos fazer tudo da forma como sugere.
Aliás, diante de tantas notícias ruins, não seria bom a gente ao Centro tomar uns passes?
Sempre fomos muito invejados por tanta gente, a começar por Rafael e Alice.
Com toda certeza, estamos numa situação delicada assim por conta de tanto “olho gordo”.
Sem querer contrariar a esposa, Moacir acenou com a cabeça, concordando com o alvitre sugerido.
- Estou segura de que Deus não nos vai faltar nesta hora difícil – falou a mulher tola e superficial.
- Pois eu vou é cuidar de minha vida, que não é Deus quem paga as
minhas contas – falou Juliano.
Já que vou ter de ganhar a vida, vou começar a fazer o que me compete.
Quem sabe não consigo dinheiro pra tirar vocês do buraco...
- Só se for traficando drogas, meu irmão.
Afinal, não lhe vai faltar clientela... – atalhou Sabrina, provocando Juliano com comentários sobre as más companhias que elegera como seus “melhores amigos”, todos consumidores de drogas como Sabrina já sabia há um bom tempo.
- Sabe que não é uma má ideia, retrucou o rapaz, cínico.
Mas depois que eu estiver bem, não me venha você querendo uma ajudinha, heim, Sabrina.
Vire-se como pode, até porque seu corpinho esbelto tem atractivos que o meu não possui.
Aliás, desempregada é uma situação em que você nunca estará, afinal, você já nasceu com o emprego fixo.
Cuide do seu corpo e se faça uma boa funcionária... Há! Há! Há!
Sabrina fuzilou o irmão, igualmente provocador porquanto, da mesma forma que ela conhecia o tipo de amigos que ele possuía, o irmão também estava ciente de como Sabrina cultuava os prazeres físicos, dormindo com qualquer bonitinho que aparecesse por aí.
Dois exemplares de uma juventude digna de compaixão.
Um, acostumado a consumir drogas, resolveria seus problemas financeiros passando à categoria dos que ganhariam dinheiro vendendo entorpecentes aos próprios amigos de aventura, fazendo-se intermediário entre os grandes traficantes e os consumidores abastados que conhecia.
A outra, bonequinha cobiçada pela beleza física, aproveitar-se-ia dela para cobrar pelo prazer que, até aqueles dias, desfrutava gratuitamente na companhia de rapazes em ebulição hormonal, destruindo relacionamentos, exercendo sua capacidade de seduzir rapazes, sobretudo os comprometidos, pelos quais tinha especial atracção.
Era a “virtude” de que mais se orgulhava.
Sabrina: sua capacidade de impor-se sobre homens que já se relacionavam com outras para fazê-lo romper esses compromissos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Nov 16, 2018 7:46 pm

Seu ego só se contentava em vencer suas competidoras no interesse dos rapazes.
Juliano conhecia Sabrina tanto quanto Sabrina o conhecia.
Para ambos, a conquista dos recursos para levar uma vida no mesmo padrão não seria muito complicada ou difícil.
Assim, estava decidida a jornada dos integrantes daquela casa, todos inclinados às facilidades delituosas, sem quaisquer preocupações éticas na adopção de condutas que prejudicassem os demais.
Não se importavam que o sucesso que buscavam viria destruir ou ferir a vida alheia, desde que isso lhes facultasse o gozo das mesmas facilidades e prazeres.
Sempre o interesse pessoal sobrepujando o respeito aos semelhantes.
Entrementes, não eram obrigados por nenhuma força sobrenatural a se conduzirem por esse caminho espinhoso.
Poderiam ter escolhido outros caminhos, assumindo as responsabilidades pelos erros, suportando o peso da lei, honrando o maior número de compromissos possível ao invés de buscar a ilicitude como solução para as dificuldades.
No entanto, o velho e traiçoeiro ORGULHO se aliava ao sempre vigilante EGOÍSMO para fazer prosperar em cada um a indústria da maldade, não importando com as vítimas que produzissem, desde que isso lhes garantisse a manutenção do velho status e mantivesse as aparências.
Por óbvios motivos, nenhum deles estava habilitado a fincar raízes na Nova Humanidade, aquela que se construía sobre os escombros fumegantes da personalidade indiferente, mesquinha, ególatra e orgulhosa.
Talvez restasse alguma chance de salvação à infeliz Valda, também contaminada em seus pensamentos materialistas, mas que ainda sugeria o recurso da oração para tentarem reverter o quadro sombrio que pesava sobre os destinos.
Era a única inclinada a buscar ajuda em Deus, mesmo que fosse somente naquele momento, premiada pela circunstância adversa.
Quem sabe, escutando alguma mensagem elevada, pensando sobre os problemas, meditando acerca das Verdades do Espírito, ainda fosse capaz de se deixar tocar por um raio de esperança.
Quem sabe se, melhorando interiormente com o aprendizado e com amparo dos Espíritos Amigos, ela não conseguiria ajudar o marido a adoptar uma outra postura, fazendo-o dirigir seus esforços para a solução do problema, para a modificação de condutas, para o cumprimento dos deveres morais, ainda que isso não os mantivesse no mesmo padrão de vida.
Tanto quanto você, querido (a) leitor (a), os espíritos amigos viam tal possibilidade de modificação de comportamento, como algo extremamente improvável.
No entanto, desde que existisse a mais remota chance de arrependimento e reforma, as mãos invisíveis se empenhariam para que essa insignificante oportunidade fosse explorada ao máximo.
Era o que tais amigos tentariam, valendo-se da ida de Moacir e Valda ao centro espírita, no qual solicitariam o aconselhamento de como se opor a tal estado de coisas e a melhor maneira de “neutralizar” o olho gordo de muitos.
Enquanto isso, as vidas de Rafael, Alice e seus filhos, igualmente se modificariam ao sabor da desgraça financeira.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Nov 16, 2018 7:46 pm

25 - RAFAEL, ALICE E FILHOS
Passando pelo mesmo drama financeiro que o sócio, Rafael necessitava adoptar certas estratégias para revelar aos próprios familiares a brusca modificação da vida de todos.
Dominado pela esposa, mulher impetuosa e cheia de ambições, sabia que precisaria de um cenário para explicar tão grande repentino insucesso financeiro a fim de que tal situação não fosse atribuída à sua própria incompetência.
Na verdade, a derrocada financeira era de responsabilidade de todos eles, criaturas indisciplinadas, gastadeiras, arrogantes, vaidosas e orgulhosas, indiferentes para com o futuro.
No entanto, ninguém estava preparado para assumir a sua parcela de responsabilidade na tragédia colectiva.
Todos achavam que as obrigações dos administradores da empresa eram as de abastecê-los de facilidades e recursos, nada mais.
Na desgraça que se abateu sobre o núcleo produtivo representado pelo negócio, a maior cota de culpa recaía, certamente, sobre as esposas de ambos os sócios e sobre Leda, esposa do gerente Alberto, mulheres caprichosas, astutas e sonhadoras, ambicionando sempre facilidades e demonstrações de poder financeiro pela exorbitância de gastos e confortos inesgotáveis que exigiam, ensinando os filhos a serem tão ou mais irresponsáveis do que elas próprias, cultivando neles a falsa ideia de que a vida era essa sucessão de emoções, num carrossel de aventuras e luxos inúteis.
A falta do equilíbrio, da noção de limites, as exigências materiais e o jogo da sedução eram armas muito usadas por elas, fazendo com que seus respectivos maridos, infantis fantoches em suas mãos, se contorcessem conforme elas iam puxando as cordinhas da dança, o que, por fim, levou ao naufrágio o navio no qual todos estavam abrigados.
Moacir e Rafael, escudados na competência e seriedade de Alberto, acostumaram-se a receber dividendos sem se preocupar com o futuro do negócio ou com a manutenção do equilíbrio financeiro.
Acomodados sob os cuidados diligentes do gerente, imaginavam que sempre nadariam no oceano das facilidades, conduzindo-se como os piores inimigos da empresa, sempre afrouxando os controles e disciplinas para garantirem retiradas e mais retiradas para os seus gastos.
Fracos de carácter, também se permitiam afundar nos já mencionados excessos, ao lado de moças de conduta inadequada, além dos gastos desmedidos com bens ou objectos para a exibição social.
Rafael, conhecendo o carácter firme da mulher, engendrou para a esposa uma explicação aparente.
Em sua versão, a culpa de Alberto e de Moacir era ainda maior, isentando-se com o facto de estar atrelado à produção, afastando-se do controle financeiro e administrativo.
Isso seria suficiente para que, no cômputo da desgraça, a sua participação ficasse reduzida.
Alice, nem de longe, desconfiava que Rafael possuía uma outra família em cidade distante, na qual mantinha um filho ilegítimo nascido do relacionamento com a funcionária Lia.
Ao ser informada sobre a perda das condições estáveis em decorrência de toda esta situação, na versão que lhe foi exposta pelo marido, Alice, que se demonstrava muito mais perigosa na construção de estratégias e arrojada no jogo da vida, imediatamente quis saber da situação da irmã e do cunhado no cenário apresentado, sendo informada de que também estavam em dificuldades muito sérias.
- Muito bem!
Se a desgraça é de todos nós, vamos mostrar para eles que estamos por cima.
Vou reunir minhas economias e sairemos em viagem.
Na da melhor do que uma viagem internacional para pagar a ideia de desgraça, falência ou de miséria rondando a nossa porta – disse a pobre Alice, ainda tão refém das aparências.
- Ma... mas... – balbuciava o esposo, acostumado a obedecer as vontades de Alice – você não acha que seria mais adequado que a gente guardasse esse dinheiro com cuidado ou que comprássemos alguma coisa no nome de terceiros, uma casinha, para a gente se abrigar nas horas mais complicadas que, certamente, mais cedo ou mais tarde haverão de chegar?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Nov 16, 2018 7:46 pm

- O quê? Morar no subúrbio?
Apertar-me entre móveis e caixas de papelão que não caberiam em qualquer casinha de quinze cómodos?
E as minhas roupas?
Vocês, homens, não têm o problema que nós, as mulheres, possuímos.
Como posso transferir o meu quarto de roupas para caixas de papelão e deixar amontoadas por aí?
Quanto Valda daria de risadas de minhas caixas!
Não, nada disso.
A viagem é a melhor saída.
Além do mais, se as coisas estão tão pretas assim, melhor a gente vender tudo mesmo e se mandar daqui.
Lembrando-se de tantos golpista que se saíam bem nas disputas humanas ao fraudarem leis e autoridades fugindo para longe para que não perdessem o fruto de seus crimes e de suas apropriações inadequadas, a mulher estabeleceu o rumo, decidindo pelo próprio esposo:
- Bem, Rafael, se tudo vai acontecer como você nos diz, tratemos de vender nossos bens o mais discretamente possível e, assim, com dinheiro vivo, a gente vai embora e vive lá fora com conforto e sem os riscos de nos transformarmos em mendigos por aqui.
Se lá tivermos que comer pão com mortadela, pelo menos estamos em Paris, em Roma ou em algum país distante.
Ninguém nos está vendo. O problema é estarmos por aqui, não podendo ir mais aos mesmos restaurantes, pegando ônibus lotados, andando de metrôs, deixando de frequentar as rodas da sociedade... isso sim é a desgraça maior.
E assim, você também se livra das perseguições judiciais.
Até porque, a sua função na empresa era secundária.
Você cuidava da produção. Não tem por que responder pelos desmandos do Moacir e Alberto.
Vamos logo, querido, que a sorte não espera.
Coloque os carros à venda, vamos ver se conseguimos um bom dinheiro à vista dando um desconto no valor, antes que nossos nomes e bens estejam no serviço de protecção ao crédito ou que haja buscas de nossas coisas.
Se não vendermos a casa, tudo bem.
Ao menos, com a alienação dos carros, já temos dinheiro para irmos bem longe daqui.
Sentindo que a esposa não admitiria contradição em suas decisões, Rafael baixou a cabeça e, relembrando dos filhos, aventurou-se apenas a dizer:
- O que faremos com Gabriel e Ludmila?
Os dois estão com suas vidas ligadas às nossas.
Deveriam deixar tudo para trás para nos seguirem por onde fôssemos?
Cada um tem sua vida, seus relacionamentos, seus interesses.
Como faremos com eles?
De espírito prático e demonstrando a frieza de suas decisões, Alice respondeu, directa:
- Bem, eles já são adultos, Rafael.
Precisam aprender a se decidir sobre os caminhos que devem trilhar.
Se desejam vir connosco, terão de pagar suas passagens vendendo suas coisas ou arrumando dinheiro de alguma forma.
Quando querem ir a festas ou comprar coisas, sabem como fazer.
Eu procurei juntar recursos para uma emergência, guardando parte das finanças que você me dava para meus gastos pessoais.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Nov 16, 2018 7:47 pm

Que eles possam ter feito o mesmo.
Se não o fizeram, podem se livrar de seus veículos.
Agora, caso não desejem vir connosco, que fiquem por aqui mesmo, deixando a gente mais livre pra podermos desfrutar nossa vida em outro mundo mais civilizado do que este Brasil de pobres e medíocres.
Quando eles chegarem, eu mesma vou falar com os dois.
Rafael nada dizia sobre as suas outras responsabilidades familiares.
No entanto, sabendo que as coisas se complicariam também para os lados da antiga amante que, vivendo uma vida bem menos confortável do que a dele e de Alice, lutava para garantir para o filho um futuro mais seguro, também seria muito prejudicada com a partida dele para longe.
Então, assim que saiu de casa para levar seu carro para a venda, passou a meditar em uma maneira de amparar o filho adulterino evitando, igualmente, que a amante revelasse o segredo de Rafael para toda a família, como sempre ameaçou fazer.
Então, precisaria compor as coisas com muito cuidado, antes que a situação de precariedade financeira acabasse por desencadear a outra.
Só de pensar nessa hipótese, Rafael sentia calafrios na espinha, uma vez que conhecia de perto a ferocidade de Alice que seria potencializada pela descoberta de uma traição tão antiga, além do desvio de recursos para a manutenção da família clandestina.
Rafael, assim, estava no meio de duas pressões femininas, as quais ia administrando com o cofre aberto nas duas direcções.
O problema agora era, justamente, o esvaziamento do cofre.
E, então, logo começariam os telefonemas cobrando pelos pagamentos mensais não realizados.
Então, antes que tudo acontecesse, Rafael precisava conversar com Lia, pessoalmente.
Aproveitando-se da saída, ao invés de ir a uma concessionária de veículos, dirigiu-se ao litoral, onde moravam Lia e o filho, para que a informasse desses detalhes antes de ficar a pé.
Diferentemente de Moacir, Rafael mantinha algumas economias bem escondidas da própria família e, com isso, pretendia acalmar as violentas reacções de Lia diante de uma situação tão calamitosa como a que eles passariam a viver dali por diante.
Desde a separação, o casal se havia avistado poucas vezes, não obstante o fato de todos os meses Rafael enviar, através dos cuidados de Alberto, a pensão alimentícia para o filho menor.
No entanto, falavam-se, eventualmente, pelo telefone como se fossem amigos que há muito não se viam.
O tempo e a distância fizeram esfriar as ansiedades físicas que, na afinidade de gostos e desejos, haviam incandescido as paixões carnais que os unira no passado.
A chegada de Rafael, sem avisar, colheu Lia de surpresa, sem qualquer pensamento preconcebido a respeito do motivo da visita.
Além do mais, apesar de todos os oito anos que se haviam transcorrido, Lia mantinha os atractivos físicos do passado, aqueles que Rafael tanto apreciava.
Dessa forma, o reencontro físico daquelas duas almas afinizadas seria algo muito forte para ambos, ocasião para reavivarem as antigas paixões, na troca das efusivas emoções.
Tão logo se viram a sós depois da recepção junto ao modesto lar, a recordação do passado fez incandescer novamente a emoção não de todo extinta dentro deles e, sem maiores explicações ou barreiras, em poucos minutos estavam novamente nos braços um do outro, ela plenamente correspondida pelo amor daquele homem que, apesar de casado, não a havia esquecido, e ele alimentado por alguém que o desejava verdadeiramente, cansado de ser menosprezado por Alice, fria e superior, indiferente e dominadora.
Tudo era muito surpreendente para ambos.
Rafael não resistiu à emoção de rever a antiga paixão ali, assim, tão disponível.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 17, 2018 8:21 pm

As carícias se sucederam naturalmente.
A paixão sexual reavivada fez periclitar o pensamento do homem desacostumado àquela efusividade feminina.
Nos braços de Lia, ele voltava a se sentir pleno, alguém importante e querido, desejado e abastecido, enquanto que ao lado de Alice a sua vida era a de um reles empregado sob o comando da esposa.
Estas emoções reacenderam em Rafael as antigas aspirações de Amar e ser Amado.
E depois que as lembranças haviam renovado em ambos a satisfação de se sentirem os mesmos apaixonados do passado, Rafael já não sabia se abandonava Lia e o filho para continuar sendo escravo de Alice ou se, realmente, não seria melhor abandonar Alice à própria sorte.
Ainda mais agora que, com os filhos crescidos, estaria livre e por sua própria conta, ficando em companhia da antiga amante.
Lia não se havia casado com ninguém porque, no fundo, sonhava com a volta do antigo patrão aos seus braços macios e sedutores.
Aventurara-se com outros homens em situações passageiras e sem maior profundidade emocional.
Namoricos ou relacionamentos sexuais superficiais para saciar as necessidades da emoção ou do estômago.
No entanto, compromissos sérios não assumira com nenhum outro homem, porque desejava estar totalmente livre para o momento em que Rafael retornasse, como ela sempre esperara que acontecesse um dia.
Assim, foi a atracção física que dominou os dois nas primeiras horas do reencontro, quando as palavras não eram mais importantes que as carícias.
Quando, por fim, o tórrido ambiente se asserenou permitindo que a conversa pudesse voltar a ter importância, Lia sorriu e disse:
- Ah! Eu nunca tive um patrão tão competente e generoso como o senhor!
Compreendendo a brincadeira com as experiências do passado, Rafael respondeu no mesmo tom:
- E nunca uma funcionária fez tantas e tão importantes horas extras como você, minha querida.
O tempo passou, mas parece que estamos em meu escritório, altas horas da noite, deitados no tapete macio, sentindo nossos corações pulsarem.
- Ah! Rafael, você foi o único homem que me fez sentir tudo isso, querido.
Quanta saudade eu tinha de voltar a estes momentos especiais em seus braços.
Enaltecido com a conversa íntima que lhe alimentava o ego, Rafael deitou longo beijo nos lábios da submissa Lia.
Depois disso, perguntou pelo menino:
- Como está “nosso” pequeno?
A palavra “nosso” fez Lia sentir um tremor no íntimo do ser.
Era a maneira de Rafael dizer-lhe que não a havia riscado do mundo pessoal, mas, ao contrário, reconhecia a existência de um laço familiar que os unia.
- Querido, você nem vai acreditar como cresceu.
Foi à escola e deve chegar no fim da tarde.
Sempre pergunta quando o pai virá vê-lo, mas sempre lhe digo que você é muito ocupado e, quando puder, aqui estará.
Ele vai ficar muito feliz em sentir sua presença aqui, hoje.
- É, Lia, como o tempo passa e como as coisas mudam.
Parece que só a sua graça e o seu calor não desaparecem – falou ele, malicioso.
Porventura não estarei ocupando o espaço que já pertence a outro homem em sua vida?
- Nunca, meu querido.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 17, 2018 8:22 pm

Tive alguns relacionamentos nada sérios de vez em quando, mas jamais me deixei desiludir quanto à necessidade de manter livre para um dia poder viver ao seu lado.
Então, nunca deixei que qualquer outro ocupasse o que lhe pertence.
A revelação da mulher emocionava o sentimento de Rafael.
Em sua mente, o turbilhão da dúvida o levava de roldão, passando da ideia de abandonar a antiga amante afastando-se para frente, à ideia de abandonar a mulher, entregando-a à própria sorte e refazendo a vida afectiva ao lado daquela esfuziante companheira.
- Mas você não veio até aqui, depois de tanto tempo, meu querido apenas para matar a saudade de meu corpo, não é? – perguntou a moça, experiente.
- Não, é claro... quer dizer... isso foi muito bom... mas... – titubeou Rafael.
Entendendo que chegara o momento das decisões, começou, então, a abordar o assunto da falência da empresa.
Lia escutava seus argumentos e notícias com o olhar curioso, sem demonstrar reacções desagradáveis e agressivas.
A moça sabia que Rafael estava sob pressão e que de nada lhe adiantaria agir de maneira impetuosa, preferindo ser carinhosa e doce para que o rapaz se sentisse acolhido.
- Não deve ser fácil, meu bem, ter de enfrentar as dificuldades que você está precisando defrontar.
Eu bem que percebi haver algo errado quando observei que o pagamento do mês veio menor do que de costume.
Entretanto, não quis ligar por imaginar que, em mais alguns dias, ele seria complementado, como já aconteceu em outras épocas.
Mas, pelo que vejo, as coisas estão piores do que eu supunha.
- Sim, Lia.
Tudo está caindo aos pedaços e, agora, minha esposa inventou de arrumar as malas e mudarmo-nos para outro país.
Deseja ela fugir da situação constrangedora de ficar pobre.
A informação de Rafael foi uma punhalada no coração da moça.
Ainda mais depois que haviam reavivado a chama da emoção longamente reprimida.
Ainda assim, apesar de fazer um olhar de tristeza, Lia se
manteve paciente e serena.
- Sim, meu querido, entendo.
E você veio até aqui para me avisar de que não vai mais voltar a me procurar, não é?
Observando que Lia falava isso em um tom de compreensão e carícia, Rafael olhou-a profundamente nos olhos, imaginando como teria sido mais feliz se tivesse preferido ficar com a amante ao invés de continuar com o relacionamento mentiroso e superficial que o consumia sem abastecê-lo.
Então, usando de toda a sinceridade que poderia exprimir a Verdade de seus sentimentos, respondeu:
- Sabe, Lia, quando tudo aconteceu, preocupei-me com o seu destino e do pequeno Sérgio.
Ainda que não pudesse ser um pai e um marido à altura do que vocês mereciam ter, não desejava deixá-los sem conforto material.
Então, sem que minha família soubesse, vim até aqui para falar sobre esse assunto com você.
No entanto, ao voltarmos aos velhos tempos e sentir as emoções que pensava apagadas dentro de mim, olhando-a como estou fazendo agora, não me quero ir embora para longe...
As palavras de Rafael soavam aos ouvidos de Lia como sinfonias de esperança.
- Sim, Rafael, continue... pode falar o que quiser... eu não irei exigir nada de você... como não tenho feito isso ao longo destes anos todos.
- Sim, querida. Tenho sido injusto com você e com o nosso filho.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 17, 2018 8:22 pm

Privilegiei a mulher com quem me casara, mas de quem há muito estou apartado, pela ausência de afecto compartilhado.
Alice se perdeu nas coisas do mundo material, festas, shows, shoppings, roupas, recepções, e eu me perdi de mim mesmo ao achar que minha felicidade estava no financiamento de todas essas loucuras.
Alice me aceitava em sua cama apenas como o marido a quem deveria submeter-se sexualmente por dever.
Desde aquela época em que nos conhecemos, minha esposa não me faz sentir a emoção dos primeiros dias de casado, não se fazendo diferente de um robô que cumpre tarefas sem demonstrar emoções.
As revelações da intimidade do antigo patrão eram demonstrações vivas de que tudo o que ela houvera semeado naqueles tempos, ficara sob a terra da personalidade para eclodir um dia, no momento em que as vulnerabilidades emocionais criassem o clima certo para germinação da semente.
- Agora que a revejo – continuava Rafael -, e que, sem maiores dificuldades ou explicações, nos entregamos um ao outro com a facilidade e a emoção dos melhores dias de nossa relação, percebo que não estou morto como Alice me faz sentir e que a vida que eu construí ao lado dela foi uma mentira bem ornamentada.
Nossa mansão mais se parece com uma tumba funerária repleta de mármore e cortinas caras, mas absolutamente fria de sentimentos verdadeiros.
Eu pensava que meu destino era o de morrer dessa forma, sendo tangido por essa mulher perigosa que, mesmo hoje, decidiu o que faríamos, sem que eu tivesse qualquer importância na decisão de um destino que também me pertence.
Então, Lia, preciso confessar que o seu calor e o seu carinho me devolveram não só as emoções sinceras que a gente trocou e que estão aqui dentro, mas, também, a vontade de viver nesse clima de saúde, de jovialidade, de afecto sincero, porque reconheço que isso é muito melhor do que tudo tenho tido com Alice.
Meus filhos já cresceram e estão encaminhados para seus compromissos afectivos.
Alice é tão calculista, que decidiu nosso destino sem sequer perguntar-lhes se gostariam de ir connosco.
E quando eu levantei essa questão, demonstrou que não está nem um pouco preocupada com o que será deles.
Está pensando nela própria e nas malditas aparências.
Por isso, eu, que vim aqui para lhe dizer certas coisas, afastando-me, agora confesso que estou precisando ficar aqui, ao seu lado.
Você estaria disposta a me perdoar por todo este tempo de indiferença?
A emoção tomara conta da garganta de Rafael, apequenado pelas condutas do passado diante daquela que não houvera sido contemplada com suas atenções de marido e que suportara a qualificação de “outra” em sua vida.
O homem chorava com o rosto mergulhado nas próprias mãos, usando o travesseiro do leito onde os dois ainda se encontravam como apoio.
Lia nunca havia visto aquela demonstração de sinceridade por parte do amado em sua vida.
Não tinha o que duvidar de seus sentimentos, sobretudo agora que, de sua parte, poderia recomeçar a construção do antigo sonho ao lado do homem amado.
Ela enlaçou-se ao corpo trémulo de Rafael com a paixão à flor da pele, no discurso silencioso dos que se amam a ponto de esquecerem anos da estiagem da solidão, sussurrou-lhe:
- Seremos felizes, meu amor.
Por fim seremos felizes.
- Mas agora eu sou um quase derrotado, Lia.
Não tenho mais as facilidades de outrora.
Mesmo assim, você me aceitaria?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 17, 2018 8:22 pm

- Ora, Rafael, quero você, não o seu dinheiro.
É certo que a riqueza é sempre um factor importante em nossa vida e, assim, não posso mentir dizendo que, quando o conheci, não pensei nas vantagens de ser a esposa e a dona de tudo o que você tinha.
No entanto, com o passar dos meses e com o aprofundamento de nossa relação, descobri um homem que me abastecia de emoções novas e sentimentos verdadeiros e, graças ao amor que desenvolvi por você, encontrei forças para suportar a distância, as dificuldades, as tentações, sem transformar sua vida num inferno de cobranças e espinhos.
Então, ainda que você não tenha nada, temo-nos um ao outro e, juntos, saberemos superar os desafios como uma família que se quer, sem qualquer obstáculo que nos afaste.
Rafael sentia-se renascer diante de uma pessoa que lhe dava o alimento mais importante para o Espírito:
a compreensão, a amizade, o respeito e o carinho da verdadeira companheira.
Olhando para o rosto de Lia, onde se viam brotar as primeiras marcas do tempo sem que isso a privasse da antiga beleza, Rafael abraçou-a e, talvez como há muito tempo não o fazia, tomou a decisão que julgava ser a mais importante de sua vida:
- Então está decidido.
Ficaremos juntos.
Volto para casa cheio de amor e esperança.
Anunciarei a Alice que não irei para o mesmo destino que ela, entregarei os bens que ainda poderão ser vendidos, ficarei com meu carro, que vou vender para a gente alguma coisa para começarmos.
Além do mais, possuo algumas economias que ela não sabe e, com isso, garantimos um período de estabilidade, enquanto procuro um emprego por aqui onde possa ganhar meu salário com decência.
Lia não sabia dizer se estava sonhando ou se, realmente, a felicidade sorrira para ela, depois de tantos anos de amargura e solidão.
Acertados os planos, voltaram à troca de carícias que haviam interrompido nos longos anos de separação, saciando a fome de alegrias.
Ao final da tarde, foram à escola esperar a saída de Sérgio que, por fim, estaria na companhia do pai para ser informado sobre a grande notícia: a de que ele viria residir em sua companhia.
A alegria do menino foi intensa e emocionante porque, ao longo de sua vida infantil, sempre se sentira lesado emocionalmente, diante de colegas que falavam de seus pais, que eram levados e buscados por eles enquanto ele próprio não tinha o que dizer quando lhe perguntavam onde estava o seu.
Era sempre a mesma desculpa:
- Minha mãe me falou que ele está viajando, mas que vai voltar logo.
Agora, finalmente o pai havia voltado ao mundo de Sérgio, mas, além disso, havia voltado ao Mundo Real.
Pelo menos era esta a ideia de todos naquele momento de sonhos que se construíam sobre a esteira da desgraça financeira da empresa de Rafael.
É assim que as criaturas começam a entender como uma tragédia pode ser vista como um conjunto de novas oportunidades, quando sabemos entender as coisas boas que podem surgir de dores ou desafios que nos fustiguem a carne ou as emoções.
Enquanto Rafael acertava os detalhes com Lia e Sérgio, lá em sua casa, Alice conversava com os dois filhos.
Gabriel, jovem com seus vinte e dois anos, era fruto de seu meio, vivendo das facilidades e luxos que lhe eram propiciados pelos pais, enquanto que Ludmila, com vinte e um, estava muito apaixonada por seu namorado Fernando, circunstância esta que a impedia de se afastar do Brasil, apesar de não entender como é que uma desgraça financeira daquela magnitude houvesse recaído sobre suas cabeças.
No entanto, como se sentia amada pelo rapaz, que tinha excelente condição material, certamente não teria por que abandonar o relacionamento só para seguir a mãe em uma empreitada tão maluca.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 17, 2018 8:22 pm

Gabriel também tinha namorada, mas, em verdade, o relacionamento era regado pelo dinheiro do pai que, agora não mais existindo, não mais possibilitaria à bonequinha que se nutria com mimos e caprichosos presentes o mesmo estilo de namoro de antes.
Então, a sugestão materna lhe caiu como uma solução excelente, até porque, como ele gostava de repetir, “mulher a gente arruma em qualquer lugar, não é?”
E sem pretender afastar-se da fonte das suas rendas, Gabriel concordara totalmente com a mãe aceitando suas sugestões e saindo para vender tudo o que possuía, inclusive seu carro.
Arrecadaria o recurso de maneira mais rápida possível para que, comprando passagens para o exterior, voassem para longe dos problemas.
Ludmila ficaria para administrar a situação até que toda a maré ruim passasse e a família pudesse regressar ao Brasil.
Cuidaria da própria vida, coisa que já fazia antes mesmo da fuga dos pais para fora do país.
Certamente poderia contar com a ajuda do namorado que, já planeando o futuro de ambos, vinha falando em casamento havia alguns meses.
A noite ia alta quando Rafael regressou ao lar, encontrando apenas a esposa esperando por ele.
Ali haveriam de ter a conversa decisiva.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 17, 2018 8:23 pm

26 - SEPARANDO O QUE SEMPRE ESTEVE SEPARADO
Alice escutou de Rafael o que jamais pensou que escutaria.
- Como? Você não vai viajar comigo?
Como assim...?
não estou entendendo!
- Sim, Alice, acho que a sua decisão é sábia, e você deve seguir seu caminho para o lado que mais lhe agrade.
Eu, no entanto, não penso em sair daqui.
- Mas nós combinamos tudo ainda hoje pela manhã, Rafael – falou ela amainando o tom da voz, como estratégia para vencer a oposição do esposo.
- Não, Alice, nós não combinamos nada.
Foi você quem impôs a decisão, como sempre faz.
Só que, desta vez, você vai assumir a viagem sozinha, porque eu não irei.
- Mas o que é que vai ficar fazendo por aqui, ainda mais sem mim?
Fugindo dos credores, da polícia, dos Oficiais de Justiça?
- Não vou ficar por aqui. Eu também irei embora para outro local, mas, certamente, não será para o exterior.
- Ora boas... – exclamou Alice, irritada – quer dizer, então, que você não concorda com o destino que eu lhe apresentei... então, tudo bem... fala aí, experiente e viajado marido... qual o destino que seria do “seu” agrado e que fosse melhor do que Paris, por exemplo?
Perdendo a paciência com as ironias da esposa, fortalecido pelo reavivamento da paixão ao contacto com Lia, respondeu com palavras cortantes para ferir o orgulho da esposa:
- Qualquer lugar nesta terra, um rancho no meio do brejo, uma cabana na beira do rio há-de ser melhor do que paris, desde que você não esteja no rancho ou na cabana!
Alice escutou aquilo como se não estivesse ouvindo bem.
- Co... como é...?
Pode repetir o que disse? – falou, surpresa e agitada.
- É isso mesmo que escutou.
Não há lugar melhor no mundo do que qualquer um onde você não esteja.
Então, se quer ir para Paris, Londres, Nova Iorque, vá como quiser.
Eu, no entanto, não desejo viajar e, na realidade, o que mais quero é ficar longe de você.
- Pelo que estou entendendo, então, Rafael, está me dizendo que, depois de todos estes anos administrando a sua incompetência, a sua fraqueza, a sua falta de personalidade, sendo a sua esposa, sua empregada e sua mãe ao mesmo tempo, você vem me jogar na cara esse absurdo e essa tamanha ingratidão?
- O quê? Minha esposa, minha empregada e minha mãe?
Você deve ter enlouquecido sem que tivesse notado isso antes.
Desde quando sua atitude foi a de um esposa?
Seu negócio sempre foi gastar mais do que Valda, sua irmã.
E muito mais do que seu marido, eu sempre fui o seu banco.
Além disso, jamais você se comportou em qualquer circunstância com o intuito de me servir.
Nosso batalhão de empregados cuidava de todas as coisas de tal sorte.
Em verdade, talvez me sentisse mais feliz se tivesse me casado com uma das nossas funcionárias daqui de casa porquanto, certamente, elas cuidam mais de mim, se preocupam mais comigo – mesmo recebendo o salário que lhes pago – do que você que, apesar de muito bem remunerada, sempre foi uma indiferente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 17, 2018 8:23 pm

Agora, comparar-se a minha mãe, ora, Alice, faça-me o favor.
Lave sua boca com água sanitária antes de invocar minha mãe, que não merece ser tão rebaixada dessa maneira.
Minha mãe se incomodava com os filhos, você não está nem aí para o destino deles.
Minha mãe era carinhosa e deixava de gastar consigo mesma para garantir uma camisa melhor para seus filhos.
Você nem sabe onde os seus se encontram.
Quando Ludmila apresentou os primeiros sinais do amadurecimento físico, ao invés de conversar com ela, você marcou uma consulta com a ginecologista, deixou a menina com a acompanhante e foi fazer compras no shopping ao lado, lembra?
Se é uma coisa que você nunca soube o significado, é dessa palavra, Alice: MÃE!
A coragem de Rafael parecia saída de um filme de cinema, abastecida por um vigor que, de há muito, a própria Alice não presenciava.
- Puxa, meu marido resolveu virar macho depois que empobreceu... – retrucou a esposa, arrogante e cínica, não podendo responder aos argumentos certeiros do marido.
Você, Rafael, é o primeiro gato rugidor que eu conheço.
Todos os homens, enquanto são miseráveis, são gatinhos que se calam quando os leões, os mais poderosos, rugem para dominá-los.
Acovardam-se, com seus miadinhos servis, porque precisam agradar os grandes que lhes deixam as sobras, formando uma corja de aduladores.
Todavia, quando os pobretões ficam ricos, se transformam em leões rugidores, mostrando que se tornaram poderosos porque subiram na vida.
Mas você, rapaz... você, quando era Leão, era covarde como um gato.
E agora que virou gato, está querendo bancar o Leão rugidor.
Você não acha que perdeu o bonde, não?
- O que eu acho, Alice, é que já é hora de você seguir o seu caminho e eu o meu.
Se sou gato ou leão, se mio ou rujo, não é você mais quem vai constatar.
Seja feliz com um leão qualquer e eu vou encontrar uma outra companheira.
Rafael desejava terminar logo a conversa, mas Alice, ao contrário, desejava continuar a discussão.
Então a esposa voltou à carga:
- Há! Há! Há!
Faça-me rir, Rafael.
Já não é suficiente a surpresa de me mandar viajar sozinha?
Naturalmente está pensando que é insubstituível, não é?
Pois fique bem seguro de que, se uma coisa é verdade, é que assim que você sair por esta porta, estará riscado de minha vida e, no seu lugar, será muito fácil encontrar alguém para me acompanhar à Europa, um companheiro ainda mais viril e atraente do que um fracassado como você.
- Claro, Alice, o mundo está cheio de garotos de programa como aqueles que você tem conhecido nas suas festinhas particulares com as suas outras tão “decentes” amigas, além da sua irmãzinha pervertida.
Todos eles escorados na bolsa farta de velhas pelancudas, de mulheres maduras ou dominadoras o suficiente para sugar-lhes a carne fresca em troca de se sentirem desejadas na mesma medida em que lhes pagam as contas.
Esse tipo de homem, mesmo, será fácil para você encontrar por aí, um desses macacos musculosos que lhe sirva para carregar as malas e saciar seus apetites durante a viagem.
Vendo que a esposa ia ficando cada vez mais vermelha de ódio, Rafael não se conteve mais, prosseguindo a série de ofensas à dignidade feminina.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 17, 2018 8:23 pm

- Ora, Alice, você deveria se envergonhar de precisar pagar para que alguém desses desconhecidos se animasse a beijá-la.
Pensei que seu conceito a respeito de si própria não fosse descender tanto assim ao nível dessas mulheres que, apesar de endinheiradas, se fazem rasteiras da pior estirpe cuja carência as transforma em consumidoras de emoções compradas.
Você se acostumou tanto a consumir que, sem perceber, ingressou no mercado de emoções onde a gente sempre quer comprar a Verdade, a Sinceridade, a Honestidade, mas somente encontramos Mentira, Fingimento e Astúcia, revestidas de músculos e hormônios.
Essas pessoas acabam pagando por uma coisa e levando outra, e este é, exactamente, o seu caso:
Vive comprando “gatos”, mas eles pulam fora na velocidade da lebre!
Há! Há! Há!...
Alice não suportou aquilo.
De punhos cerrados, partiu para cima de Rafael, que a segurou com firmeza antes de levar o primeiro soco, atirando-a longe de si próprio.
Aos gritos, alucinada pelo ódio, ferida no amor-próprio, sobretudo por ver suas condutas levianas atiradas na sua face quando julgava tudo muito bem escondido, ela estava fora de si.
- Você me paga, infeliz! Pois fique sabendo que eu não lhe darei sossego pelo resto da vida. Você jamais vai ser feliz enquanto eu existir.
E usando de sarcasmo tanto a mulher o fazia, Rafael respondeu:
- Mas isso já é assim há muito tempo, Alice.
Se essa é a condição para a sua felicidade, fique feliz, porque eu já não sou feliz enquanto você existe...!
Mas com o seu afastamento, a felicidade talvez me encontre e eu possa repousar a minha cabeça nos ombros de uma mulher de verdade, não de uma fabricadora de contas, de uma alucinada do espelho, de um cartão de crédito com pernas.
Chorando em descontrole, Alice retorquiu:
- Alguma balconistazinha, uma garotinha de mau hálito, alguma sardenta desdentada que esteja à altura de um derrotado e falido como você.
É só isso que você vai encontrar pela frente.
Erguendo os braços para o alto, como se estivesse entronizada nos mistérios de algum ritual satânico, Alice verberou em alto brado:
- Pois eu invoco os deuses da má sorte e os conclamo a se atirarem sobre você, Rafael, para que a felicidade nunca ande pelo mesmo caminho que você e que seu coração possa amargar a solidão para sempre.
Que nenhuma mulher o faça feliz, que qualquer uma que se aventure ao seu lado seja somente para fazê-lo chorar.
Essa maldição eu rogo para você, maldito homem que um dia aceitei como meu marido.
Assustado com o grau de desequilíbrio de Alice, Rafael procurou manter o controle sobre si mesmo, dizendo antes de sair:
- Certamente aprendeu esses rituais satânicos na companhia das outras bruxas que se metem nos antros onde os rapazes se despem para as mulheres se sentirem desejáveis, não foi?
Pois saiba de uma coisa, Alice, até mesmo para ser feiticeira, a pessoa tem de ser competente e ter moral.
O seu currículo é tão desprovido de competência e seriedade, que nem como ajudante do capeta você conseguiria emprego.
Aliás, até Satanás a evita, porque não ganha um salário suficientemente alto para sustentar seus gastos.
Além do mais, não gaste seu “latim” como maldições inócuas.
Saiba que eu já sou bem mais feliz do que você. Adeus.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 17, 2018 8:23 pm

A saída do marido não interrompeu o surto que dominava Alice, que continuou vomitando impropérios por todas as juntas além de emitir os piores dardos energéticos pelos centros vibratórios de seu corpo.
Desacostumada a ser contrariada, a postura firme de Rafael a desafiava, levando-a ao descontrole.
Além do mais, a firmeza do marido lhe conferia convicção de que ele já devia estar com o pé em outra canoa.
Havia convivido muito tempo com ele para não conhecê-lo.
Tamanha segurança de opinião, certamente estava motivada por uma base afectiva consolidada que lhe assegurava a posição de equilíbrio emocional naquela decisão tão importante em suas vidas, notadamente na de abandoná-la.
Para Alice, realmente, Rafael era apenas o pagador de suas contas graças à riqueza que havia conquistado, no patrocínio de suas farras e extravagâncias mais eloquentes, a quem ela própria dedicava quase nada de carinho, além de algumas esporádicas carícias nas horas da intimidade.
Trazia constantemente inquieta a própria alma, buscando aventuras variadas e, também como Valda, sua irmã buscava todo tipo de recurso para vencer seus desafios, inclusive o de recorrer às artes da magia negra, dos rituais esdrúxulos e das forças inferiores da natureza para conseguir seus desejos.
Segundo acreditava, havia sido dessa maneira que conquistara Rafael, nos idos tempos do começo do relacionamento, recorrendo a toda sorte de sortilégios que lhe foram apontados por pessoas desqualificadas, nos trabalhos de magia que fizera ou mandara fazer.
Com essas forças ocultas, segundo acreditava, mantinha a submissão do marido que, ao longo dos anos, se fizera verdadeiro cordeirinho em suas mãos.
Tão comum se tornara essa realidade, que Alice passara a abusar do poder que sobre ele exercia, imaginando que o encantamento jamais poderia ser rompido.
Todavia, diante dos fatos que acabara de presenciar, a realidade nova era bem diferente, com Rafael de nariz empinado, determinando outros rumos para a própria vida independentemente de controle da mulher.
- O que será que aconteceu?
Será que é porque não fui mais falar com pai Serapião?
É..., bem que me mandaram voltar para continuar os trabalhos, mas, como no fundo queriam mais dinheiro, resolvi dar um tempo.
Será que foi por isso?
Acho que preciso voltar lá para ver como refaço o pacto.
Até hoje tudo funcionou tão bem...
Pensando um pouco melhor, considerou:
- Mas será que não é melhor deixar as coisas assim?
Afinal, esse idiota foi embora mesmo e, como está pobre, não acho que seja conveniente botar dinheiro bom em cima de defunto ruim.
Acho melhor ir lá pedir ajuda é para mim mesma e meu futuro.
E, claro, se não ficar muito mais caro, botar uns espinhos no caminho desse folgado, fazê-lo sofrer com umas dores para estragar os planos do idiota.
Acho que preciso ir lá no pai Serapião logo.
Afinal, Gabriel já foi vender o carro e logo estaremos com as passagens compradas.
Lá ia, então, a desditosa mulher enveredar-se pelos caminhos obscuros da magia, através dos quais, pensando em fazer mal ao seu semelhante, não percebia que era a si mesma que prejudicava terrivelmente.
Saindo dali, Rafael tremia mais do que se tivesse enfrentado algum ladrão no meio da rua.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 17, 2018 8:23 pm

Jamais se sentira tão encorajado como naqueles momentos em que, lastreado na emoção renovada pelo contacto de Lia, colocara fim num relacionamento que, obviamente, nunca havia existido. Em realidade, desde muito haviam se transformado em dois estranhos que dormiam juntos, sem carinho, sem cumplicidade, sem sinceridade.
Tanto era verdade, que Rafael encontrara espaço para viver o amor com Lia, anos atrás, enquanto que Alice se perdia de aventuras em aventuras, nas festinhas que se realizavam nos diversos clubes especializados naquele tipo de entretenimento.
A ruptura, no entanto, fora traumática.
Sem conhecerem os efeitos negativos do ódio que as palavras desencadeiam, Alice e Rafael haviam atirado para todos os lados o lodo de seus sentimentos feridos, de suas diferenças, de seus insultos, atraindo ainda mais entidades hostis, mais perturbações desnecessárias.
Alimentando o sentimento negativo de Alice, entidades a fizeram recordar da necessidade de recorrer aos serviços da magia negra, não só para conhecer o próprio futuro como também para criar embaraços ao futuro de seu ainda marido.
Abrindo espaço mental para a agressão desmedida, Rafael recebeu em cheio os torpedos mentais que Alice lhe havia desferido e, sem o costume da oração protectora, sentiu a carga agressiva que a mulher disparara e que encontrou ambiente na sua irritação.
Além disso, a culpa de sua consciência pelo adultério do passado o fazia sentir-se desonesto ao acusar a esposa de condutas levianas que eram de seu conhecimento porque ele próprio não se escusava da mesma prática, sabendo que houvera sido desonesto e insincero.
Ele também se valia de mulheres vistosas e curvilíneas para afogar suas carências.
Como poderia o roto acusar o rasgado?
Terminavam, então, a mentirosa vida conjugal pela pior maneira, de onde os dois colheriam amargos frutos por não terem sabido administrar a liberdade como concessão divina para a construção de um futuro mais nobre.
Os dois sofreriam por tudo o que estavam fazendo, porquanto tais demonstrações de ódio recíproco eram um atestado do baixo padrão evolutivo de ambos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 18, 2018 8:17 pm

27 - O ESTÁGIO PREPARATÓRIO
A paisagem era penumbrosa e se assemelhava ao estado vibratório de tantas entidades ali concentradas, como se aquele ambiente se houvesse transformado em um grande asilo de desditosos e infelizes, loucos, criminosos, rebeldes e indiferentes.
Revolta e ira, perseguições e gritos, dores e angústias de todos os tipos e padrões se manifestavam como o cruel e triste resultado das opções milenares que tais espíritos haviam feito, agora definitivamente afastados do convívio humano.
Convidados às transformações que lhes garantiriam, ainda que na última hora, a possibilidade de prosseguirem sua evolução por caminhos menos ásperos, essa turba de indiferentes e gozadores da vida, imaginando que poderia se manter à margem da Justiça do Universo, viu-se colhida pelo amargo fruto de suas próprias sementeiras infelizes.
Entre outros, ali estavam as almas dos corruptos, exploradores dos vícios, governantes irresponsáveis, autoridades venais, pessoas orgulhosas, adeptas e cultivadoras do arsenal dos prazeres desvairados, religiosos venais,
exploradores e desencaminhadores do rebanho de almas que estava sob sua responsabilidade.
Astutos negociantes se assemelhavam a lobos devoradores em busca de novas vítimas, sem que as possuíssem, agora, para atacá-las com sua astúcia.
Viciados carregavam a marca dos próprios deslizes nas estruturas deformadas de seus perispíritos, demonstrando as dependências químicas ou morais que definiram em suas condutas durante a vida física ou as que mantiveram, depois da morte, nos fenómenos da fixação mental.
Cada qual com sua história de dores e insanidades, violências e gozos infindáveis nos quais afogaram sentimentos elevados como a compaixão, a piedade, a solidariedade e o respeito pelos semelhantes.
Eram uma grande massa de violentos desditosos, dignos de lástima e piedade pelo tempo desperdiçado e pela dor que infligiam a si mesmos.
Outra circunstância comum a todos era a do desprezo aos convites do Bem.
Haviam recebido das mil maneiras com as quais o Criador buscou despertá-los, algum tipo de convocação para a modificação de seus sentimentos e a renovação de suas atitudes.
Optaram por ridicularizar a necessidade de transformação e não abdicaram das condutas nefastas, grafando a própria sentença de banimento, condenando-se ao exílio necessário, excluindo-se dos futuros promissores da humanidade renovada.
Dotados de vibrações incompatíveis com aquelas que se instalavam na Terra e já tendo definido a estrada que melhor lhes servia, não mais seria possível continuarem perturbando a existência dos que se esforçavam em busca da elevação espiritual, lutando para adoptar uma vida compatível com os princípios morais adequados para a Nova Humanidade.
Então, atendendo aos Decretos Divinos, uma vez ostentando as vibrações inadequadas, seguiam em novo curso de evolução, “Despedindo-se da Terra” com a finalidade de permitir que os que ficassem, livres de suas pressões psíquicas, pudessem continuar “Esculpindo o próprio Destino”.
Assim, enquanto esperavam o translado para outra morada celeste de padrão primitivo, eram provisoriamente transferidos para a estéril superfície da Lua terrestre, confinados à distância da azulada esfera dos homens.
Tal medida de isolamento evitava que continuassem a actuar negativamente, usando os seus tentáculos magnéticos sobre os vivos do mundo, já por si mesmos tão perturbados pelos fenómenos da grande transição.
Além do mais, esse afastamento os favorecia uma vez que, com ele, já iniciavam a adaptação aos ambientes mais hostis para onde seriam levados, preparando-os para a migração colectiva à atmosfera do mundo a que se destinavam, com seu transporte para longe do orbe terráqueo.
Como se pode observar, não estava em curso uma medida punitiva, mas, ao contrário, providência duplamente salutar para alívio das pressões magnéticas sobre a humanidade encarnada e, simultaneamente, mecanismo de adaptação das almas inferiorizadas ao seu novo destino.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 18, 2018 8:17 pm

Ainda muito ligados às coisas materiais, transportavam em seu psiquismo todo o tipo de desejos e necessidades corporais.
Sofriam, então, com a falta de alimento e de água por não encontrarem nada disso disponível no solo estéril do satélite terreno nas condições adequadas para utilização.
Da mesma forma, não conseguiam suprir-se do magnetismo humano porquanto não estava disponível na Lua o manancial de energias vitais abundantes que havia na Terra e que costumavam sugar, vampirizando os encarnados.
A Lua não lhes fornecia qualquer similitude ambiental à antiga casa terrena.
Ao longe, divisavam o azul terrestre incrustado no veludo escuro do espaço, relembrando a grandeza de seus rios, lagos e oceanos, recordando-se da satisfação do copo de água que, agora, tanta falta sentiriam.
Gritos alucinados, imprecações de desespero, rezas do fanatismo cego, tudo se mesclava à ignorância dos que não se prepararam para o futuro.
Por toda parte, a agressividade e a violência se associavam ao desespero e ao medo.
Imenso contingente de entidades que, conscientes de seu destino, mesmo sabendo que o tempo terreno estava terminado, continuavam a demarcar seu território de influência, produzindo combates violentos, organizando-se em grupos ou milícias, revivendo as antigas práticas que ficaram no passado.
Compreendendo que, reunidos num mesmo local os ases da maldade, da crueldade e da ignorância, outros frutos não produziriam que não os da amargura, da perseguição, das disputas sangrentas, não era de se espantar que os campos vibratórios do satélite estivessem poluídos com os mais terríveis miasmas fluídicos, nascidos deles mesmos com a finalidade de fazê-los comer do próprio pão amargo.
A dor era superlativa, sobretudo pelas necessidades fisiológicas que, como já se disse, continuavam dominantes em seus espíritos.
Graças a tal debilidade, era verdadeiro martírio mental para boa parte dos espíritos visualizar a imensa esfera aquosa ao longe, com seus mananciais generosos e frescos a recordá-los do prazer de um copo de água fresca a abastecer seus corpos.
Fugiam, então, para o outro lado do satélite terrestre onde não fossem tentados pela beleza azul. No entanto, do outro lado encontravam-se com outro desafio:
A luz intensa proveniente do Sol actuando sobre seus perispíritos e dando-lhes a ideia de que estavam sendo queimados vivos sem se consumirem, desertificando ainda mais suas esperanças.
Fugindo do tórrido ambiente em busca da área lunar sombreada, dependendo da posição ocupada pelo satélite terrestre nas etapas do ciclo lunar, viam-se colhidos pela gélida escuridão que a muitos horrorizava.
Não importava, pois, o local onde buscassem abrigo, suas mentes dominadas pelas rotinas da vida terrena, das quais não se haviam libertado pelo esclarecimento do Espírito, não encontravam solução para tais necessidades simples: ou se sentiam perseguidos pela sede sem fim, queimados pela Luz e Calor de um Sol inclemente ou congelados na escuridão sem fim de um espaço inóspito.
Despreparados para o Reino de Deus pelo desprezo dos ensinamentos espirituais, não haviam aprendido a se defenderem através da mudança mental.
Assim, fugiam como loucos, migrando de lado a lado do satélite, como se a imensa horda bárbara fosse uma maré de espíritos a balançar-se, ora para um lado ora para outro, similar às marés oceânicas na superfície da Terra.
Nenhum pensamento de arrependimento, nenhuma maturidade espiritual ou desejo de transformação.
Todos se igualavam, dominados pela maldade e pelo egoísmo.
Naturalmente, entretanto, ainda faltava a chegada de muitos que comporiam a grande caravana dos, literalmente, desterrados.
Boa parte continuava na Terra, vivenciando as últimas experiências vestindo o escafandro da carne transitória, enquanto outros, como espíritos já desencarnados, mas vizinhos dos humanos em diferentes padrões de ligação energética, também estavam sendo gradativamente trazidos ao satélite terrestre pelas naus transportadoras já descritas anteriormente, grandes veículos destinados ao translado dos espíritos definitivamente seleccionados para o exílio onde prosseguirão suas experiências evolutivas no rumo do crescimento espiritual.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 18, 2018 8:17 pm

Nesse grande movimento selectivo instaurado no mundo, os esforços superiores visavam despertar o maior número de seres para que não desperdiçassem as últimas chances de evitar o triste degredo que, mesmo não tendo um carácter vingativo, correspondia à perda das facilidades do progresso já experimentado no mundo, trocado por uma atmosfera primitiva, áspera e hostil.
Por isso é que Deus, através dos avanços tecnológicos atuais, mormente nas telecomunicações, multiplicava o chamado às ovelhas do rebanho espalhadas por toda a parte.
Descobertas e inventos, satélites e ondas, os computadores e todos os seus correlatos, miniaturizados em telefones celulares, aparelhos de rádio, agendas electrónicas, eram os recursos que a Inteligência Soberana utilizava para amplificar a iluminação da inteligência das Leis do Universo, com a compreensão de seus mecanismos visando o aproveitamento do tempo para a transformação moral, de forma a que se salvasse o maior número de filhos.
- O mundo tem pressa – falam, espantadas, as pessoas ao constatarem a velocidade com que tudo acontece em suas vidas.
- Deus e Jesus têm pressa – asseveram as inteligências superiores incumbidas de auxiliar a humanidade na busca de sua melhoria essencial.
Por isso, por todas as partes pulsam as comunicações com a finalidade de espalhar mais depressa essa mensagem convocatória, mostrando aos encarnados os efeitos dos desatinos, as consequências de condutas inadequadas, as dores produzidas pela mentira, pela crueldade, cujo objectivo tem sido o de garantir a riqueza de alguns, fazendo crescer a pilha dos infelizes.
Estando praticamente toda a humanidade coberta pelas ondas do rádio, da televisão, do telefone, imagens e palavras podem ser vistas e escutadas por toda parte.
Daí o ensinamento de Jesus contido em Mateus, capítulo 24, versículos 12 a 14 se torna claro apontando para o hoje da Humanidade:
6 E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim.
7 Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares.
8 Mas todas estas coisas são o princípio de dores.
12 E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.
13 Mas aquele que perseverar até o fim será salvo.
14 E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.
Os tormentos experimentados no ambiente magnético Lunar narrados aqui superficialmente eram, apenas, o estágio de preparação para as temíveis aflições que se fazem necessárias ao despertamento dos alienados e trânsfugas da Lei Divina, no cortejo de dores e ranger de dentes que são abundantes nos mundos inferiores para onde serão encaminhados.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 18, 2018 8:17 pm

28 - RESUMINDO
De acordo com as diversas experiências pessoais, cada um dos personagens observados por Jerónimo e Adelino era livre para a construção do caminho, fundados nos princípios da Lei de Causa e Efeito que, no nível de evolução espiritual da humanidade terrena, é a lei que auxilia no desenvolvimento do discernimento através das atitudes auto-disciplinadoras da vontade.
Em que pese o esforço do Mundo Espiritual que, através de diversos caminhos e religiões, tem aconselhado a todos a que se transformem pela adopção de condutas compatíveis com um melhor futuro, nos momentos importantes da Grande Transição em curso no planeta, os interessados não se vêem seduzidos pelas ideias de contenção voluntária, de correcção de procedimentos, de abdicação do mal, de elevação do Espírito.
Tais conselhos são vistos ou ouvidos como cantilena monótona estragando a emoção da experiência depravada, castradora da liberdade de conduta que, sob a desculpa do livre-arbítrio, tem feito o ser humano se conduzir abaixo da linha da animalidade.
Então, mesmo com o amparo dos Amigos Invisíveis, grande parte das pessoas não tem se esforçado na modificação de seu carácter, e assim não poderão esperar coisa melhor do futuro, senão aquele cortejo de dores e ranger de dentes que estão construindo com suas próprias mãos.
Se observar cada um dos amigos até agora apresentados ao seu entendimento, querido (a) leitor (a), facilmente entenderá onde estão se equivocando.
Observe, por exemplo, a conduta de Leda, a esposa de Alberto, revoltada com a perda da posição social, atacando o marido de maneira vil, com a ajuda ou o apoio dos próprios filhos, Robson e Romeu.
Os três viveram às custas do esforço sagrado do progenitor, mas, sem titubei-os ou delongas, se fizeram inimigos justamente contra aquele que sempre lhes garantira as facilidades como uma demonstração de seu amor paternal.
Leda, depois da separação do casal, aproximara-se ainda mais da péssima companhia, aquela Moira que, socialmente, era a referência para o grupo de mulheres inúteis, consumistas, preocupadas com a apresentação de riquezas, os modismos e as aparências.
Entre as mulheres que, em verdade, mais se pareciam com cobras fantasiadas de cisnes, Leda transitava com naturalidade, sentindo-se no meio das suas afinidades mais queridas.
Vivia, agora, consumida pelo medo de ver descoberta a sua situação de “pobretona” da turma, sob cujo epíteto veria comprometidos a aceitação e o respeito das próprias amigas em relação à sua pessoa.
Tentava viver equilibrada entre esses dois mundos – o mundo real e o das aparências – caminhando sobre ovos para que suas novas condições não fossem do conhecimento da outras.
Por tudo isso, a revolta contra o ex-esposo aumentava em seu coração porque, segundo suas equivocadas avaliações, fora Alberto o causador de tudo aquilo, colocando-a nessa condição ridícula de ter de ficar fingindo o tempo todo.
Seus dois filhos não eram diferentes.
Romeu, perdido nas práticas da sexualidade fácil, elegera o caminho da venda do corpo para saciar os desejos de moças e senhoras em boates e casas nocturnas dedicadas ao deleite feminino.
Robson, por sua vez, recusara a ideia do pai arrumar um trabalho honesto para ganhar a vida, o que considerava uma vergonha.
Preferiu aliar-se a certos amigos ambiciosos, que se organizavam para a prática de variados ilícitos, através dos quais conseguiria recursos fáceis, ligando-se ao contrabando de produtos electrónicos e ao narcotráfico.
Peixoto, o médium materialista do “caso Alceu”, resolveu afastar-se do centro espírita por perda do entusiasmo em decorrência de não se ver ajudado pelos amigos invisíveis depois de décadas de dedicação aos trabalhos espirituais.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 18, 2018 8:17 pm

Já Alceu, o amigo endinheirado, repentinamente defrontado pelos próprios crimes, limitou-se a renegá-los, procurando o aconselhamento com Dom Barcelos, Bispo Católico que, sabendo ser Alceu dono de expressivos recursos, cooperou decisiva e deliberadamente para o abrandamento de sua consciência, explicando que qualquer delito por ele cometido no passado estaria redimido graças ao pagamento de penitência que, no seu caso, seria cooperar com as reformas de um amplo pavilhão do palácio episcopal deteriorado pelo tempo e que precisava ser recuperado.
Além disso, segundo as palavras do alto prelado, o Espiritismo se valia desses sortilégios para impressionar os incautos e, assim, extorquir-lhes dinheiro, coisa que era condenada pelo próprio Cristo.
Por esses caminhos, Alceu matou em seus pensamentos qualquer ideia de modificação interior, de transformação verdadeira, comprando a consciência tranquila pelo preço que o Bispo lhe cobrara, prosseguindo a pelejar contra a mulher, negando-lhe a separação amigável e levantando obstáculos para a divisão do património, mas sem demonstrar qualquer interesse em se corrigir.
Seguia com seu estilo leviano e arrogante de viver, comprando pessoas e impondo sua vontade pelo preço de sua bolsa.
Geralda, a médium interessada no envolvimento amoroso com Aloísio, sentindo –se contrariada pela dificuldade de solução de seu problema emocional e pelas disciplinas de conduta que a doutrina espírita recomendava a todos os seus adeptos sinceros, também escolhera afastar-se da instituição para, com isso, continuar livre para assediar o rapaz, usando de sua astúcia feminina para tentar romper os esponsais que o prendiam à noiva e que tinham sua consolidação no casamento marcado para breves meses.
Esse era o curto prazo que a desesperada Geralda possuía para conseguir intrometer-se entre os noivos.
Planeava seduzir o jovem de alguma forma. Como estaria sob as vistas directas de Jurandir, dentro da instituição espírita não conseguiria realizar esse plano.
Então, afastara-se de lá para que, diante dos compromissos morais, garantisse sua felicidade ilusória com a destruição do bem-estar emocional de Aloísio e Márcia.
Cássio, da mesma forma, perdido nos meandros da vida festiva, também não demonstrava qualquer intuito de modificar a sua rotina, demonstrando satisfação por ter deixado a instituição espírita onde se considerava um prisioneiro de disciplinas e na qual estagiara alguns poucos anos como médium, sem entender absolutamente o verdadeiro sentido de uma Doutrina Cristã de Amor e Responsabilidade.
Agora, segundo seus pensamentos, finalmente estava livre de quaisquer amarras para poder realizar suas vontades, sem peso de consciência ou limites representados pelos dias e horários de exercício mediúnico, ficando à mercê das entidades inferiores às quais abraçou em decorrência de afinidades vibratória inconfundível.
Moreira seguia-lhe os passos, também afastando-se dos compromissos mediúnicos da casa espírita, sem fugir das práticas infelizes que o uniam às entidades promíscuas que frequentavam os prostíbulos nos quais ele gastava a saúde do corpo e as energias da alma.
Moacir e Rafael, antigos patrões de Alberto, encontravam-se metidos em mais problemas.
O primeiro, por fraudar os procedimentos apuratórios subtraindo máquinas e pertences da empresa, furtando o património dos trabalhadores para garantir o seu próprio futuro, em prejuízo de sua família e do próprio sócio.
Sua esposa Valda entregara-se aos cuidados do marido, preocupada tão somente em não ficar abaixo da condição de sua irmã, Alice, a quem invejava e com quem competia em cada palmo de vida social no sentido de ter a primazia de ser mais exuberante e rica.
Afligia-se, agora, ao desespero, vendo que sua irmã viajara para a Europa, enquanto ela amargava a desgraça que ruía sobre sua cabeça aqui mesmo, no Brasil.
Seus filhos, Juliano e Sabrina, não seriam mais sábios que os pais.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 18, 2018 8:18 pm

O rapaz, envolvido pelas más companhias e usuário de drogas nas festas de embalo, passaria a sustentar-se tornando-se fornecedor de entorpecentes para os amigos da classe alta, sem levantar suspeitas, e Sabrina, mocinha alvoroçada pelos hormônios da juventude, ganharia dinheiro com o comércio do corpo, coisa que já fazia de graça, por simples desfrute.
Nada mudaria para nenhum dos dois.
Apenas começariam a ganhar pelo que já faziam, normalmente, sem nenhum lucro.
Rafael, o outro sócio, vitimado pela mesma situação de insolvência financeira, escolhera caminho diferente, reatando antiga relação amorosa com a amante, afastando-se da esposa Alice, que optara pela viagem ao exterior como fuga das responsabilidades familiares e da humilhação de se ver diminuída no mundo das aparências que lhe era tão importante.
Aparências por aparências, responderia aos boatos de fracasso financeiro com uma mudança para a Europa, confundindo as más línguas.
O marido, como já se viu, declarara sua independência, mudando-se para o litoral na vivência do acalorado romance com Lia, reatando a velha paixão.
Ele, no entanto, também fugia da responsabilidade financeira, deixando para trás todos os funcionários as dívidas do negócio falido, bem como os próprios filhos, preferindo albergar-se em cidade distante, em endereço desconhecido de seus credores, com a ideia de reiniciar a vida sem o peso dos deveres. Leviano quando rico, leviano e meio depois de pobre.
Enquanto Alice, depois de amaldiçoar o marido e deixar pagos a Pai Serapião os trabalhos de magia para estragar-lhe a vida, tomava o rumo desejado ao lado do filho Gabriel.
Ludmila permaneceria no Brasil à espera de sua união com Fernando, união esta que, certamente, resolveria seus problemas financeiros dada a situação equilibrada do namorado.
Apostando todas as suas fichas na nova condição de casada com o rapaz a quem se devotava com sinceridade, não desconfiava, entretanto, que o próprio noivo, apesar de possuir excelentes recurso materiais, olhava para ela como um excelente investimento que viria a somar-se aos seus avantajados recursos, ampliando-os ainda mais. Fernando não estava tão interessado na moça quanto, efectivamente, no que pertencia à sua família.
Além do mais, como mandava a boa prudência, nunca seria interessante consorciar-se com alguém que estivesse em pior situação financeira, porque isso significaria diminuição do património.
O casamento, na visão do noivo, deveria juntar o necessário – o dinheiro, ao útil – o sentimento, sacrificando-se sempre o segundo em detrimento do primeiro.
Se o panorama fosse o inverso, faltando o dinheiro, de nada valeria contar com o segundo, porque isso seria uma prova de burrice.
Esse era o significado da união para o rapaz.
Fernando não queria ser o marido de uma pobretona oriunda de uma família sobra a qual pesaria, ainda, a fama de derrotada e falida.
Foi por isso que o entusiasmo do rapaz se transformou em indisfarçável decepção quando Ludmila lhe narrou, em sigilo, as novas condições de sua vida.
Frio e calculista, Fernando logo raciocinou em termos de negócio.
Vendo que, ao invés de somar recursos de Ludmila aos seus, ele teria de dividir os seus com a noiva e, por tabela, com os seus parentes, tratou de colocar panos frios no relacionamento.
Não foram necessários mais do que quinze dias para que Ludmila se visse abandonada pelo pretendido até então muito decidido em levá-la ao altar.
Estava sozinha, sem noivo, sem pais e sem irmão.
Repentinamente viu-se abandonada no mundo, com seus vinte e um anos vividos na abastança, precisando, agora, administrar-se na mais completa solidão e, o que era pior, sem perspectivas futuras.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 18, 2018 8:18 pm

Alfredo, humilde servidor da casa espírita, prosseguia o zelador da instituição, além de aprendiz espiritual, ao lado de Jerónimo e Adelino.
Jurandir, o dirigente temporariamente responsável pela instituição, acolhendo os que chegavam, conduzindo os trabalhos pelas disciplinas espirituais de seriedade e respeito, compreensão e fraternidade.
Enfrentara a tempestade de calúnias e mentiras orquestrada por Peixoto com o apoio dos já mencionados companheiros sem esmorecer na tarefa, encontrando o apoio dos outros irmãos, devotados trabalhadores, tanto encarnados quanto desencarnados.
Alberto, o médium renovado pelas novas posturas íntimas, ainda que fracassado em sua vida financeira e familiar, demonstrava-se corajoso e dedicado.
Entregara-se ainda mais às actividade, aceitando as disciplinas sugeridas pelos Espíritos Dirigentes do trabalho e que tinham em vista a reconquista do equilíbrio necessário para as tarefas mediúnicas, sem se melindrar ou assumir postura depressiva.
Tornara-se ainda mais achegado ao coração de Jurandir, apoiando-o no esforço do dirigente encarnado e compartilhando algumas tarefas que pesavam sobre o amigo, liberando-o para outras actividades próprias de suas responsabilidades.
Todos estes membros da família humana, aqui descritos, simbolizam uma infinidade de criaturas que, com maiores ou menores semelhanças, está por aí, levando a própria vida segundo as leis do mundo material, imaginado que são as únicas verdadeiras.
Cada dia que se viva afastado da realidade superior, das lutas do Bem, dos esforços de construção de uma nova personalidade pelo empenho no combate aos defeitos, pela redução das necessidades materiais é tempo desperdiçado na edificação de si mesmo.
A maioria dos seres encarnados está vivendo como se a vida não fosse algo sério e decisivo para a modelagem dos próprios destinos.
Transformam a religião em um meio fácil de limpar a consciência sem pagarem pelos erros cometidos, de conseguir vantajosas condições materiais sem que realizem esforços, de atingir as zonas celestiais sem qualquer esforço de purificação, como se o Paraíso admitisse estelionatários falando de virtudes, devassos censurando outros pecadores, mesquinhos e caluniadores falando em nome do Evangelho.
É por isso que o Evangelista Mateus, em seu capítulo 25, versículos 31 a 34, fala do Grande Julgamento, da selecção necessária para que se despolua a Humanidade dos elementos perniciosos com a finalidade de permitir-se a evolução colectiva sem os entraves produzidos pelos elementos incompatíveis com a nova ordem onde o Bem, finalmente, predominará:
31 E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória;
32 E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas;
33 E porá as ovelhas à direita, mas os bodes à esquerda;
34 Então dirá o rei aos que estiveram à sua direita:
Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.
A construção do Novo Mundo exigirá, necessariamente, uma nova humanidade, lastreada em conceitos mais nobres e no entendimento moral mais elevado porquanto não se consegue construir prédio novo usando os mesmo e apodrecidos materiais.
Depois de vinte e um séculos de paciente edificação dos conceitos espirituais, na pacienciosa escultura do Plano Divino, Jesus deixou claras todas as indicações de como o ser humano precisaria proceder para que se fizesse escolhido na decisiva hora de seu destino. Da mesma maneira que, ao seu tempo, as pessoas aguardavam por um Messias, no tempo presente também não têm sido escassos os avisos sobre a iminência da separação do joio e do trigo, da selecção das ovelhas e dos bodes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 18, 2018 8:19 pm

A abundância das leviandades e a multiplicação da violência no caminho de um mundo que se esmerou tecnologicamente não podem mais conviver pacificamente.
Com os avanços propiciados pela inteligência a melhorarem as condições de vida através das conquistas tecnológicas, a Terra se equipara a um belo cristal esculpido com zelo e cuidado, que não poderá mais ser manipulado pelas mãos descuidadas de um gorila.
Daí ser indispensável que, os homens que se assemelham aos primitivos se humanizem para que estejam à altura das conquistas aqui realizadas ou, então, sejam remetidos de volta à selva ancestral, aos ambientes inferiores nos quais se desenvolverão.
E esse apartar, iniciado há longas décadas, segue acelerado com a transferência de entidades, saindo as inadequadas para o futuro e chegando espíritos melhorados, através dos processos da reencarnação.
Assim, querido leitor (a) que estas páginas que trazem experiências variadas na vida de pessoas comuns, algumas com actividade religiosa, outras sem qualquer compromisso com a fé possam servir de alerta para que se tenha uma pálida ideia do que está esperando por todos os filhos de Deus estagiários deste planeta em hora de avaliação final com vistas à evolução.
Quantas guerras se necessitarão para abrandar o ódio do coração dos homens?
Quantas epidemias precisarão ceifar milhões de vidas para as criaturas meditem sobre a perda de tempo e as condutas mesquinhas e indiferentes que têm garantido opulência para uma minoria e misérias para bilhões?
Estejam convictos, no entanto, de que não serão esquecidos nenhum de seus habitantes.
Todos serão rastreados e avaliados segundo seus actos e vibrações pessoais.
Então, será demasiado tarde para modificar os próprios destinos.
Quando, então, os maus, invejosos, orgulhosos, ciumentos, caluniadores, lascivos, estiverem sendo transportados para o ciclópico corço de outra escola planetária, migrando ao longo da vastidão escura do Cosmo, como detritos de um orbe a se transformarem em adubo no outro, de longe vislumbrarão o planeta azul ficando à retaguarda, enquanto verão se ampliarem as sombras do mundo primitivo que os espera, nova sala de aula para rebeldes, onde se renovarão pela penúria e pelo arrependimento.
Então, entre lágrimas, choro e ranger de dentes talvez lhes ocorra lastimar pelo tempo perdido e orar pedindo a Deus lhes permita, um dia, regressar à aconchegante Terra, ainda que o façam na condição de um de seus mais ínfimos animais, sem entenderem que, nos planos do Pai Generoso e Bom, seu regresso está garantido, não como bichos, mas, sim, como Espíritos Humanos lapidados pela Dor, a caminho do Bem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 18, 2018 8:19 pm

29 - CORNÉLIA AMPARANDO MARCELO ÀS PORTAS DA MORTE
Dos diversos trabalhadores espíritas sob a avaliação de Bezerra e seus auxiliares, Cornélia era a que estava enfrentando as maiores dores morais no testemunho de sua fé.
Cornélia afastara-se do trabalho mediúnico directo havia quase um ano em decorrência da tragédia familiar que vivia, relacionada ao filho Marcelo, que lhe exigia cuidados intensos.
Jamais a doutrina espírita lhe fizera tanto sentido quanto agora, envolvida pelas dobras da dor e do resgate na própria carne.
Por isso, apesar de não comparecer ao centro para os trabalhos normais, mantinha-se fiel aos ensinamentos de amor e renúncia nos quais era acompanhada por seu esposo Lauro que, diferente dela, nunca se filiara a qualquer igreja ou prática religiosa formal.
A história de Marcelo e o drama familiar que o envolvia expressava o sofrimento de tantos pais e irmãos inseridos no contexto da dor sem remédio que vítima, em geral, os membros mais inexperientes no entendimento das coisas elevadas do Espírito.
Marcelo, um dos filhos do casal Cornélia e Lauro, rapaz imaturo e pouco afeito às coisas espirituais, desde cedo declarara a própria independência, desejando buscar a liberdade da rua, onde daria vazão às próprias inclinações sem se sentir vigiado pelos olhares paternos atormentado pelos deveres familiares, notadamente o de conduzir-se de acordo com os ensinamentos recebidos.
Tratava-se de um espírito sem compromissos sérios com a vida e que trazia em seu passado diversas peregrinações pelas facilidades destruidoras do carácter sadio.
A presente encarnação fora planejada de modo que a sua insana busca por aventuras desaguasse na oportunidade de reerguimento, na companhia de pais humildes e disciplinadores, conquanto amorosos e vigilantes, visando a sua própria edificação.
Renascido em lar simples, sem as facilidades económicas do passado, lar esse que dependia do trabalho de seus membros para ser abastecido dos recursos materiais indispensáveis à manutenção de seus integrantes, revoltava-o o fato de todos precisarem trabalhar com afinco e, depois, compartilhar os recursos pessoais para cooperar com o progresso comum.
Comida, roupas, electricidade, telefone, escola, tudo dependia do esforço compartilhado, não havendo espaço para a ociosidade de ninguém.
De espírito fraco, Marcelo não se conformava com o que o destino lhe oferecia, no caminho áspero do trabalho como a estrada dura e a disciplina como o meio de tornar-se melhor.
Não aceitava trabalhar para todos nem privar-se das facilidades que sua alma almejava desfrutar novamente.
Por isso, assim que se viu com idade suficiente e com recursos financeiros que lhe garantissem o próprio sustento, afastou-se do ambiente familiar onde era querido, onde encontrava amigos sinceros e amorosos que velavam por sua segurança e onde, fatalmente, conseguiria enfrentar a luta contra as próprias inclinações.
Com a desculpa da necessidade de espaço ou almejando dar o tão sonhado “grito de liberdade”, embrenhou-se na floresta inóspita do mundo, onde o custo dessa liberdade costuma ser a dor, o sofrimento e a decepção.
Jovem, portanto, transferiu residência em companhia de Alfredo, “amigo” que acolheu com o compromisso de dividirem despesas.
Infeliz gozador do passado, Marcelo viu, na figura do novo companheiro, a tábua de salvação que poderia livrá-lo das disciplinas da família, que ele considerava um peso, castradora de suas vontades e cheia de limitações ao exercício de sua liberdade.
Agora, em companhia do amigo, garantiria para si o “espaço” que sempre pleiteara, considerado como o território para as leviandades ocultas, fora da supervisão de pai e mãe.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 18, 2018 8:19 pm

Então, não tardou para que, na companhia do rapaz, Marcelo se iniciasse nas facilidades perniciosas do mundo livre.
Conheceu pessoas, envolveu-se com mulheres, penetrou o mundo da droga e, de degrau em degrau, foi descendo a ribanceira, envolvendo-se cada vez mais nos cipoais venenosos de vícios e aventuras impróprias, com a desculpa de que deveria provar de tudo para descobrir o sentido da vida sem a interferência de outras pessoas.
E com o apoio de um viciado ou de outro pervertido, Marcelo ia reconhecendo o velho mundo, aquele ao qual já havia pertencido outrora, em vidas anteriores, onde viciara-se naquelas atitudes superficiais e perigosas.
De nada lhe valeram as advertências dos pais quando de suas escassas visitas à família.
Quanto o mais os escutava, mais repulsa sentia contra aquele “estilinho” de vida decadente, ultrapassado, no qual dois adultos tinham de guiar os filhos escolhendo seus caminhos.
Coisa do passado, forma de viver que, segundo suas ideias, havia perdido a razão de existir.
Segundo Marcelo e seus amigos frustrados, a família era uma invenção da sociedade para manter seus membros alienados, onde os mais velhos dominassem os mais novos impedindo-os de se desenvolverem de acordo com suas próprias inclinações naturais.
Algo como uma prisão revestida de grades de carinho para melhor controlar a vida dos outros.
Então, com toda essa “filosofia” na cabeça, Marcelo não tinha olhos para perceber o buraco onde ia se afundando.
Tudo aquilo que ouvira de seus pais, os conceitos de honestidade, responsabilidade, disciplina, repudiara radicalmente, afastando tudo isso de seus comportamentos.
Responsabilidade, carácter, seriedade de conduta, respeito aos semelhantes, eram conceitos da “prisão familiar” e, portanto, não serviam para nada.
Não lhe causaram qualquer constrangimento as doses de bebidas sempre maiores que compartilhava com os “amigões”, nem o baptismo nas drogas mais pesadas, que comemorava como um ritual de iniciação no grupo que o acolhera como mais um membro.
Não percebia que suas condutas eram motivadas pelo desejo de ser aceito em um outro tipo de “família”.
Repudiando a família que o recebera e criara com zelo e carinho, buscava, contraditoriamente, tornar-se membro de outra família, aquela que reunia criaturas despreparadas como ele, frustradas, complexadas, preguiçosas e rebeldes em um único conjunto, no meio do qual poderiam dar vazão aos seus comportamentos nocivos, fazendo tudo o que desejassem sem censuras, livres para o exercício das diversas aberrações.
Não se importou quando, da droga fácil, migrou para as orgias sexuais e, junto com ambas, para a prática de delitos visando conseguir os valores para alimentar seus vícios.
Sim. Marcelo havia descido toda a escadaria da decência ao lado dos mesmos amigos, aqueles que considerava a própria família até o dia em que surgiram os primeiros sintomas da debilidade orgânica decorrente da enfermidade do sistema imunológico, demonstrando que o jovem havia antecipado o irremediável encontro com a morte.
Quando as feridas explodiram em sua epiderme, a fraqueza invadiu seus membros e a prostração colou-o à cama, a família dos desajustados expulsou o membro podre de seu seio.
Marcelo foi banido do grupo assim que a ambulância o levou ao hospital.
Dali, Marcelo não teria mais para onde voltar.
Seus amigos deixavam-no entregue a si mesmo, porque não tinham nenhum interesse em perder a própria liberdade para cuidarem dele.
O amigo Alfredo entregou as coisas de Marcelo na portaria do hospital e, para se livrar de qualquer responsabilidade, deixou o nome e o endereço dos pais do rapaz, como responsáveis por ele. Já havia mais de quatro anos que o filho não mandava notícias nem procurava por ninguém.
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