LUZ ESPÍRITA
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Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz

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Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz - Página 9 Empty Re: Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 24, 2018 8:14 pm

Hoje tem o Código do Consumidor pra prender gente que nem vocês – falava o cliente, querendo ter razão.
- Sim, tem o Código mesmo.
É por isso que o senhor não tem direito.
O senhor modificou o produto quando ele não funcionou correctamente.
O senhor abriu, quebrou o lacre, modificou as peças e, somente depois de tudo isso é que veio reclamar.
Quem garante que não foi o senhor mesmo que o quebrou e, agora, está querendo um outro novo para pôr no lugar?
- Você tá me chamando de mentiroso, sua insolente?
Tá dizendo que tô inventando coisas?
Você me respeite, senão eu chamo a polícia aqui mesmo.
Por acaso, você sabe com quem tá falando?
Está me acusando de desonesto, dizendo que quebrei o produto de propósito?
Não aguentando a pressão e a grossura do cliente, Meire respondeu com ironia:
- Vai ver, então, meu senhor, que foi obra do capeta ou do saci-pererê:
O cliente arregalou os olhos e respondeu, assustado:
- Não brinque comigo, não, sua moça.
Eu sou Evangélico e sei que o Diabo tem muito poder.
Mas neste caso, o diabo são vocês que fazem essas porcarias e, depois, na hora de consertar, ficam empurrando a responsabilidade para os outros.
Tenha sido o diabo ou não, eu quero um produto novo, senão vou procurar o doutor promotor de Justiça.
Perdendo a paciência, descumprindo as determinações da própria empresa, Meire respondeu:
- Pois o senhor pode procurar o promotor, o bispo, o papa e até o Satanás em pessoa, mas esteja certo de que não vamos lhe dar um produto novo, não.
São as regras da empresa e pronto.
Sem esperar a resposta indignada do cliente, gritou para a fila que esperava atendimento, amedrontada com a agressividade da funcionária:
- Próximo...
- Pois não saio daqui enquanto não resolverem meu problema... pode gritar quanto quiser.
Vendo a situação ficar no limite da agressão generalizada, porque os outros da fila também queriam ser atendidos e não tinham paciência para esperar a solução daquele caso, alguns colegas se levantaram de suas mesas e foram até o balcão dar apoio à Meire que, nervosa, estava à beira do descontrole.
Quase hora do almoço de um dia infernal, cheio de capetas e sacis por todos os lados.
E tudo isso por culpa dela própria, das escolhas que tivera desde a manhã.
Pouco antes da pausa para a alimentação, eis que Carlos a convoca ao seu escritório.
- Era só o que me faltava.
Ter de ir falar com essa cascavel horrorosa.
Lavou o rosto para acalmar-se, ensaiou um sorriso fingido e apresentou-se ao chefe:
- Dona Meire, acabei de receber um telefonema que pede a sua presença na escola de seu filho.
Parece que ele passou mal.
Meire foi ficando branca, branca.
Vendo sua reacção, o ríspido chefe tentou aliviar-lhe a preocupação:
- Não fique assustada não, dona Meire.
Não parece ser nada grave.
Mas a estou dispensando do turno da tarde para poder ir ver seu filho.
Sentindo, pela primeira vez, a compreensão do chefe, Meire agradeceu-lhe a dispensa, procurando sair rapidamente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 24, 2018 8:15 pm

No entanto, antes que ela deixasse o gabinete, Carlos chamou-a novamente para lhe dizer:
- E, dona Meire, desculpe-me pelo mau juízo que fiz hoje a seu respeito.
Seu filho devia estar doente mesmo.
Não gosto de ser injusto com as pessoas. Perdoe-me...
Meire lhe endereçou um aceno de cabeça como a lhe dizer que não havia nenhuma mágoa no coração e saiu correndo em busca do veículo para ir à escola, onde Luciano, nervoso desde a manhã, tivera uma crise de bronquite justamente na hora da prova.
Enquanto dirigia o carro pelas ruas da cidade, Meire pensava consigo mesma:
- Não é que esse seu Carlos não é tão ruim quanto parece?
Foi até capaz de se desculpar comigo...
Mal sabe ele que o que contei era mentira mesmo...
E acompanhava o pensamento com uma gargalhada, zombando da inocência do chefe, colhido pelas armadilhas do destino.
Mas mesmo sem querer, foi uma boa vingança, isso foi...!
Em momento algum, entretanto, pensara que Carlos, firme e disciplinador, tivera muito maior nobreza de carácter e agira com muito maior correcção com ela do que ela o havia feito com a pobre Maria.
Ali estava o orgulho que faz calar o coração, o ódio que o sufoca, a falta de equidade nas relações sociais demonstrando seus efeitos danosos na atitude das pessoas.
Maria estava num caminho certo para a aquisição das virtudes que se esperavam de todos os eleitos para as novas etapas da Humanidade Renovada.
Carlos, o chefe áspero, precisava limar certas arestas, mas trazia o senso de justiça acima do orgulho, sacrificando seu ponto de vista e solicitando publicamente o perdão pela injustiça supostamente cometida.
Meire, ao contrário, estava muito pior do que eles, mal encaminhada por si própria nas menores condutas de seu dia-a-dia, graças à impaciência, à arrogância, ao orgulho que não se desculpa, ao melindre, à mentira, à falsidade, à dissimulação e, o que era mais comprometedor, conduzindo-se por essa estrada apesar de se dizer Espírita e de ser médium actuante.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 24, 2018 8:15 pm

37 - FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO
Terminado o dia ao lado da pobre Meire, a noite esperava os membros do centro espírita para o trabalho regular no atendimento dos desencarnados necessitados de uma palavra de amor e compreensão.
No estado de ânimo em que se encontravam, a pobre médium não estava nos melhores dias.
Vivenciando a mediunidade não como um apostolado, mas como um compromisso com dia e hora marcados, Meire se encomendava aos tratos dos amigos espirituais que deveriam ter o trabalho de “fazer-lhe uma limpeza” antes de se começarem as tarefas da noite.
Como a maioria dos médiuns invigilantes ou despreparados para o mandato mediúnico, ela não passava de uma sensitiva, dessas que não se tornaram responsáveis por si mesmas, policiando suas condutas mentais, suas palavras, exercitando a humildade diariamente, o controle das emoções, a capacidade de compreender os erros alheios, adoptando uma postura de correcção íntima.
Meire vivia como o mundo a empurrava e, na sua visão imatura, acreditava que os Espíritos deveriam protegê-la, inclusive contra entidades que a envolvessem.
Quando chegou ao centro espírita, estava exausta.
Não havia feito uma prece sequer antes de se oferecer a Jesus e aos Espíritos.
- Ai, seu Jurandir, eu preciso de um passe.
Hoje meu dia foi um desastre completo.
Se não fosse a doutrina, não sei o que teria feito.
Graças a Deus a gente tem o Espiritismo e pode contar com seus ensinos para não perder o controle.
Mas mesmo assim, acho que estou carregada.
Meu chefe é um homem muito difícil e é um curso de paciência.
Minha empregada é uma desastrada, meu filho teve um “piripaque”, tenho que atender um povo sem educação, tudo isso vai desgastando a gente que, como médium, acaba pegando tudo de ruim que os outros trazem.
Ao seu lado estavam Jerónimo e Adelino que, desde as primeiras horas da manhã, puderam acompanhá-la e observar qual havia sido, efectivamente, a Verdade.
Os dois se entreolharam com um sorriso que dizia muito mais do que milhares de palavras.
Que coragem ela tinha de se colocar na posição de vítima do mundo, jogando a responsabilidade de seu estado geral nas costas de pessoas que, de uma forma ou de outra, haviam demonstrado ser muito melhores do que ela própria!
E fazia isso sem ficar vermelha de vergonha.
É que a pessoa, quando se vicia na mentira, nos exageros da autocomiseração, perde o bom senso e passa a se esconder atrás de desculpismos intermináveis com os quais espera obter a compaixão alheia, ficando na condição de “coitadinha”.
Jurandir, que já conhecia a personalidade exagerada de Meire, encaminhou-a ao passe magnético para ver se, com esse atendimento, ao menos lhe garantia um pouco de equilíbrio e calma para os trabalhos da noite.
Realmente, a mulher era um verdadeiro caminhão de lixo.
As vibrações degeneradas, a raiva vivida e exteriorizada em palavras e olhares, pensamentos e emoções vis fustigavam sua atmosfera psíquica, além de atrair uma grande quantidade de espíritos que necessitavam de amparo.
Os dois amigos que a secundaram naquela jornada diária se acercara de Ribeiro e Bezerra, no salão dos trabalhos mediúnicos, para relatarem as observações.
- e então, meus filhos, como foi o primeiro dia?
- Muito instrutivo, paizinho – exclamou Adelino.
Pudemos observar como a rotina humana é administrada pelas criaturas como se as exortações do Evangelho fossem água cristalina somente para os momentos do culto.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 24, 2018 8:15 pm

Fora dele, a maioria das pessoas prefere servir-se do fel do destempero, do lodo da raiva, da mentira, da acusação injusta.
Então, pudemos observar a imensa quantidade de oportunidades do Bem que nossa irmã desperdiçou pela vivência dos velhos defeitos na convivência do dia-a-dia:
o orgulho, o egoísmo e os daí decorrentes.
- E o mais interessante – completou Jerónimo -, é que ela se apresenta aqui a pedir passe magnético acusando o mundo à sua volta e culpando a todos pelos seus males pessoais.
Não bastasse nada ter feito para aplicar o Evangelho que conhece de ouvir e ler, vem tornar-se peso exigindo a cooperação de encarnados e desencarnados para que resolvam o seu problema.
É a velha história de recorrer ao Pai para que Ele nos abasteça dos bens que nós deveríamos estar produzindo.
Observando-os assim, francos, mas sem hostilizarem a irmã que acompanharam, Bezerra completou:
- E olha que nossa irmãzinha já melhorou em várias áreas de sua personalidade.
A maioria dos encarnados está numa vida de faz de conta.
As pessoas estão vivendo para o cemitério ao invés de viverem para a eternidade.
Quando isso acontece, os encarnados se apegam às coisas da Terra, tentam resolver seus problemas no imediatismo, inventam desculpas, mentem e tergiversam, se permitem uma conduta sem pudores ou valores elevados se isso se fizer necessário à conquista dos bens do mundo que tanto disputam até aos limites da sepultura, onde são obrigados a abandoná-los em definitivo.
Quando, no entanto, as pessoas vivem para a eternidade observam a durabilidade da vida verdadeira e não perdem tempo com as condutas mentirosas, mesquinhas, iludindo-se com falsas expectativas.
Por isso, encontram motivação suficiente para viver experiências melhor definidas nos valores que defendem, nos princípios que cumprem, nas virtudes que ostentam.
E desenvolvem coragem suficiente para fazer isso, mesmo quando tais atitudes os coloquem contra a maré da maioria, mesmo que sejam criticados, ironizados e tomados por tolos.
A falta de firmeza da vontade na escolha deste caminho recto pode fazer a criatura desperdiçar as melhores oportunidades de crescimento.
O horário anunciava a necessidade de se prepararem para o trabalho.
Naquela noite, Bezerra falaria através de Dalva, exortando a todos à continuidade das lutas no Bem, no aproveitamento das horas, sobretudo falando acerca da Caridade, cujo capítulo respectivo de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO competia aos encarnados ler e comentar antes do trabalho mediúnico.
Assim, o texto do capítulo XV da obra básica da Doutrina Espírita se fez ouvir, exortando os seres humanos a buscarem a salvação através da prática da Caridade:
(...)
34 Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita:
Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;
35 Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
36 Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes-me ver-me.
37 Então os justos lhe responderão, dizendo:
Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
38 E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?
39 E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
40 E, respondendo o Rei, lhes dirá:
Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 24, 2018 8:15 pm

41 Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda:
Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;
42 Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;
43 Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes.
44 Então eles também lhe responderão, dizendo:
Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos?
45 Então lhes responderá, dizendo:
Em verdade, vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim.
46 E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna.
Após a leitura e os rápidos comentários dos presentes sobre a passagem de Mateus, a prece harmonizou o ambiente, preparando os médiuns para o início do serviço da mediunidade, sempre inaugurado pela palavra da entidade amiga responsável pela instituição.
Naquela oportunidade, entretanto, Ribeiro havia cedido essa tarefa ao nobre Médico dos Pobres que, junto à médium com quem mais se afinizava, falaria sobre tão importante tema Evangélico:
“Em vão os homens têm lido as Sagradas Escrituras buscando vaticínios, revelações ou a solução de mistérios da fé como alguém que, olhando para o céu, procura pela luz, mas é incapaz de reconhecer a claridade do Sol.
Em inúmeras passagens evangélicas encontram-se dispostas as orientações do Cristo acerca da estrada recta, do caminho da iluminação, das condições para a conquista da chamada Salvação.
Os capítulos e versículos das Escrituras nos oferecem verdadeiro manancial de passagens bíblicas nas quais a palavra lúcida Divino Mestre assegura o roteiro da salvação a qualquer um que tiver olhos de ver e ouvidos de ouvir.
No entanto, ainda assim, boa parte da Humanidade cristã tem-se debruçado sobre estas frases sem lhes identificar a luz meridiana a fluir de cada sílaba, procurando decorar-lhes o fraseado sem entender-lhes a essência.
Por tal estrabismo, ingénuo em algumas circunstâncias, mas deliberado na maioria dos casos, pouco têm-se valido de exortações tão lúcidas quanto de alertas tão oportunos.
Então, interesses de ordem material interferem nas pregações, nas interpretações, nos entremeios morais para desnaturar a autenticidade da mensagem cristã, sempre visando a conquista do reino do mundo em detrimento do acesso ao Reino de Deus.
A passagem evangélica desta noite não deixaria margem a nenhum equívoco, não fosse a malícia dos homens a reduzir o conceito mais nobre à sua expressão pecuniária mais sórdida.
Observemos o extremo cuidado e zelo do Celeste Amigo ao informar como fazer para que, no momento da separação das almas, a selecção se fizesse por critérios muito claros.
Tive fome e me deste de comer – compartilhar o alimento que se possua.
Tive sede e me deste de beber – dividir o cantil com a necessidade de outrem.
Tive necessidade de alojamento e me alojaste – acolher o desamparado no momento do desamparo, abrindo o campo do egoísmo e o oásis do lar para um sofredor em uma condição de carência transitória.
Estive nu e me vestiste – compartilhar a roupa que se possua com alguém que se viu desprotegido na própria carne em um momento de desdita qualquer.
Estive doente e me visitaste – atenção com o sofrimento alheio na hora difícil da dor e do isolamento.
Estive na prisão e vieste me ver – compaixão diante de quem cometeu um delito, ao invés de julgamento e aversão pela criatura faltosa.
Se observarem com clareza, todas estas atitudes não envolvem o dinheiro.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 24, 2018 8:15 pm

Não encontramos Jesus dizendo:
Tive fome e compraste um lanche para mim, tive sede e me pagaste um refresco; tive necessidade de alojamento e me alugaste um hotel; estive nu e me compraste uma roupa; estive doente e me pagaste o remédio; estive preso e contraste um defensor para me tirar da cadeia.
O dinheiro parece não fazer nenhuma diferença na exortação da caridade a que o Cristo se refere.
Ao contrário, tudo está ligado a uma postura de doação do Espírito diante da dificuldade de seus semelhantes, combatendo o vilão que se chama Egoísmo.
O egoísta faz de tudo para resumir a caridade a alguns trocados, porque lhe é mais fácil abrir o bolso do que ceder de seu tempo, de sua atenção, de seu conforto, de seu luxo, de sua abundância, de seu refúgio.
É mais simples ao ególatra tomar uma ínfima parte de seu património para se desculpar dizendo que já fez a sua parte.
Então, dizemos para nós mesmos que praticamos a caridade e que, por causa disso, merecemos as bênçãos do Céu.
No entanto, nada mais fizemos que dar coisas para não darmos de nós.
O esforço de Jesus nesse sentido é incisivo.
Trata de nos ensinar que a salvação depende de nos ofertarmos em tudo o que fizermos pelos outros.
Mais proveito obtém para si mesmo aquele que já aprendeu a dividir o prato de comida que tem diante de si com um faminto que o busca pessoalmente do que aquele que, com seus milhões, financia um grande programa de abastecimento através da doação de cestas de alimento a pessoas que ele nunca viu nem haverá de ver.
Há pessoas cuja caridade consiste no árduo esforço de assinar uma folha de cheque.
Aí está a desnaturação do ensinamento cristão.
Do alto as pregações religiosas, os representantes do culto viram a oportunidade de enganar os fiéis com a ideia de que a caridade era dar – dar para a igreja, para o templo, para o centro espírita, para os pobres.
Tal pregação lhes garantiu o enriquecimento material e a conquista de poderes mundanos sem, no entanto, tornar melhores os fiéis que, ao se desfazerem de certa parte de seu património o fazem como alguém que está depositando em um fundo de investimento ao invés de se o fazerem pela bondade espontânea de seus corações.
Geralmente, é a cobiça que tem motivado a maioria das atitudes caridosas, fundamentadas no sonho de um lugar melhor à custa das moedas espalhadas na Terra. Estaria, então, o Reino de Deus dependente dos cofres humanos?
Teria sido essa a recomendação do Cristo?
Os eleitos seriam os esbanjadores de dinheiro e não os demais?
Claro que não. Essa foi a deturpação que os homens fizeram ao exortar seus irmãos a uma caridade de dar coisas, bens, comida, roupa, alojamento, como se a caridade ou o dar se esgotasse nele mesmo.
Nada disso está registado no ensinamento evangélico.
A Caridade não é um objectivo que se esgota na assinatura de um papel valioso, na entrega de pratos repletos de alimento, na compra e distribuição de cobertores, dispensando os que fazem isso da obrigação de serem bons. Então, meus filhos, estejamos atentos ao entendimento da essência porque, em verdade, a Salvação existe, mas para aqueles que, entendendo a caridade como um meio, aceitam ser esculpidos por ela, dando coisas, comprando alimentos, roupas, remédios – se lhes é possível fazer isso com os recursos que possuam – mas, acima disso, tornando-se caridosos pela prática pessoal e directa do DAR-SE NAS COISAS.
Aquele que se limita a dar coisas, é o investidor que, ao tilintar das moedas, espera a aprovação de sua entrada no Paraíso.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 24, 2018 8:16 pm

Aquele que se dá, é o que, mesmo sem esperar o Paraíso, é convocado para nele penetrar pela força das preces que os infelizes elevam a Deus a seu benefício.
Isso porque deu-se no pedaço de pão, no copo d’água, na roupa, no tecto, na saúde, no tempo, compartilhando o próprio ser, solidário e fraterno, com aquele a quem faltava.
Os que fizeram isso, esses encontrarão o Juízo Favorável na hora da separação das ovelhas e dos bodes.
Que Jesus nos perdoe a ignorância e a pouca vontade em seguirmos suas lições, mas que nos ajude a abrirmos os olhos para a compreensão de tais Verdades”.
Encerrada a mensagem do amigo de todos, o trabalho de atendimento das criaturas desencarnadas teve início, coordenado pelos servidores do mundo invisível, que acercavam dos médiuns as entidades sofridas, revoltadas, maliciosas, aflitas, doentes autorizadas a se comunicarem na noite.
Sobre a instituição, jorrava a Luz proveniente do Infinito, marco de Esperança e Paz, como âncora na turbulenta face planetária, agitada pelas inumeráveis contendas físicas e morais da transformação indispensável.
Aproximando-se dos amigos que o esperavam para a continuidade das lições, Bezerra continuou comentando as lições:
- As escolhas dos homens os levaram a este estado de desajuste colectivo no qual, a benefício deles mesmos, a dor que produzem se incumbirá de seleccioná-los.
Estamos no limiar de um aprofundamento do bisturi da Verdade na chaga da ilusão.
Com a superpopulação em sintonia com os padrões mais inferiores da vida, o ambiente pestilento de pensamentos e sentimentos desajustados cria o “caldo apetitoso” a abastecer e nutrir toda a gama de bacilos psíquicos e de seus correspondentes materializados, favorecendo o surgimento periódico e, em escala mundial, de epidemias e surtos generalizados, através dos quais a Justiça do Universo acelera a separação.
Neste processo, cada qual será responsável pelo equilíbrio protector ou pelo campo aberto à instalação da enfermidade em seu grau de nocividade ou pestilência mais grave ou fatal.
O entendimento dos mecanismos espirituais na raiz das enfermidades do corpo facilitará aos que tenham conhecimentos nessa área a manter o equilíbrio, os cuidados essenciais para não se misturarem ao “campo enfermiço” dos desajustados pelo pavor, pelo medo da morte, pela paranóia do contágio, pela certeza do fim.
A maioria das pessoas não está preparada para o momento doloroso do julgamento selectivo.
No entanto, os que estiverem perseverantes no Bem, ainda que contraiam os bacilos naturalmente transmissíveis pelos meios físicos variados, possuirão a estrutura biológica em equilíbrio para sustentar a luta vitoriosa contra a virulência, sem desprezo pelos tratamentos medicamentosos eventualmente disponíveis decorrentes do esforço da medicina e da farmacologia.
Trata-se de um trabalho de amadurecimento do Espírito e, assim, suceder-se-ão ondas de dor e sofrimentos físicos, testando o comportamento da Humanidade, seleccionando os melhores, aqueles que já estejam em outro padrão para que, mesmo que lhes pereça o corpo carnal e se vejam do outro lado da vida, tenham garantido o prosseguimento de suas trajectórias de crescimento evolutivo no ambiente bendito de uma Terra melhorada.
Gripes, Tuberculoses, Cânceres, Infecções desconhecidas, são engendradas pelos próprios homens e desabam sobre eles em resposta directa ao padrão de seus pensamentos e sentimentos.
Daí ser tão importante a transformação real, para que os irmãos de humanidade se apressem em obtê-la, sob pena de, como já sabem, não terem mais oportunidade de fazê-lo ainda no presente mundo.
Já pensaram, meus filhos, na decepção daqueles que viveram a caridade pelo lado do investimento?
Amargarão o arrependimento por milhares de anos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 24, 2018 8:16 pm

Rompendo o silêncio ao aproveitar a pausa natural, Adelino dirigiu a palavra ao médico amigo:
- Querido doutor, aprendemos sempre a necessidade do desprendimento material.
Como a Lei do Universo avaliará o desprendimento, se a entrega dos bens materiais não estiver dentro dos padrões da caridade aceitável?
Há pessoas que doam fortunas no sincero desejo de melhorar o mundo.
Estariam desprovidas de méritos?
Observando o sincero interesse, Bezerra afiançou, sorrindo:
- Claro que não, Adelino.
O Bem, quando feito com unção, nunca é desperdiçado e se transforma em um passaporte para qualquer que o pratique.
No entanto, a maioria das pessoas está iludida imaginando que o Céu é uma conquista que se faz na base de quantidades, esquecendo-se deque é no fundamento das qualidades que as suas portas estarão abertas.
Pessoas existem que dão milhões para se fazerem conhecidas.
Não estão dando nada. Investem motivadas pela vaidade.
Diz o nosso Evangelho que “a prodigalidade não é generosidade, mas, frequentemente, uma forma de egoísmo; aquele que atira ouro a mancheias para satisfazer uma fantasia, não daria uma moeda para prestar um serviço”
(O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 16, item 14. Edição IDE.).
Daí não dever o indivíduo generoso descuidar-se dos próprios exemplos pessoais.
Se já se tornou um benfeitor no atacado, não estará dispensado das demonstrações pessoais de desprendimento no varejo da vida, junto aos aflitos que o rodeiam, ao lado dos sofredores que cruzam seu caminho.
Essa é a verdadeira prova que atestará estar apto à elevação essencial de sua alma.
Isso porque, meu filho, a condição da riqueza é transitória, mas a situação de Bondade é definitiva.
A primeira está ligada à quantidade, mas a segunda é conquista da qualidade.
Observando a compreensão de todos acerca de tais conceitos, Bezerra reiterou os compromissos feitos antes acerca da observação do dia-a-dia para que melhor avaliassem, nos homens e nas mulheres, a existência das virtudes importantes para a Salvação, segundo os critérios do Evangelho.
- Aproveitem as lições sobre a Caridade e fixem suas próximas observações nas questões ligadas à sua compreensão verdadeira – aconselhou o venerável servidor.
Despediram-se, então, para dar continuidade aos trabalhos, marcando para daí a alguns dias um novo encontro, naquele mesmo local, quando as observações finais seriam relatadas.
O dia seguinte vivido ao lado dos encarnados reservaria excelente aprendizado aos amigos espirituais.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 24, 2018 8:16 pm

38 - A CARIDADE QUE NÃO SALVA
A cerimónia já se encaminhava para o final e, no grande ambiente da catedral em reformas, as pessoas se acotovelavam entre andaimes e escadas.
Acostumados ao comparecimento semanal e rotineiro, cada um seguia os rituais repetindo as frases constantes do folheto orientador do culto daquele dia.
Jerónimo e Adelino, atendendo às exortações de Bezerra, lá estavam para os estudos ligados à caridade.
Haviam escolhido começar por um templo religioso de orientação católica porquanto, certamente, no ambiente da fé encontrariam as referências à virtude em foco, para que a apreciassem em profundidade.
A um canto da nave, acercaram-se de um casal que, despreocupado com a cerimónia, observavam um mural quadriculado colocado sobre um cavalete, encimado pelo título escrito em letras garrafais:
DOADORES DO PISO DA IGREJA.
Falando aos sussurros, a mulher dizia ao esposo, ambos já na casa dos cinquenta:
- Meu bem, olha só, os Oliveira doaram dez mil.
Que coisa pouca.
São uns muquiranas, isso sim, imagine...!
- É, querida, tirar dinheiro dessa gente não é fácil.
Eles são muito financistas.
Veja a família Barreto.
Essa já é um caso de ostentação.
Doaram trinta mil e estão em destaque no quadro.
- Como é que vamos fazer para não ficar atrás, querido?
Não podemos deixar de figurar nessa tabela de benfeitores.
Afinal, tudo bem que Jesus andava descalço, mas a sua Igreja está se esmerando em colocar granito de primeira no piso.
A gente sempre está sendo observada por aquilo que aparece.
Nossa demonstração de fé não pode ser menor do que a deles, senão vão pensar que estamos mal das pernas.
Além do mais, a gente sabe que quem dá aos pobres, empresta a Deus, não é mesmo?
- Olha, Mariana, já sei o que fazer para conseguirmos desbancar os Barretos lá do alto, assumindo o lugar deles.
Vou conversar com Dom Barcelos depois da missa e ver se, fazendo uma doação de cinquenta mil dividida em cinco parcelas de dez, ele nos coloca lá no alto.
O que você acha?
- Bem, meu querido, creio que só se o Bispo for muito exigente ou estiver querendo proteger os Barreto.
Do contrário, acho que ninguém poderá nos negar a posição principal.
Mas como é que você vai fazer essa doação?
Vai tirar das economias que estamos juntando para a nossa tão sonhada volta ao mundo do ano que vem?
- Ora, Mariana, pensa que eu nasci ontem?
Claro que não.
Jónatas, nosso amigo deputado, está organizando uma “boquinha” no governo para a nossa empresa porque ele controla uma verba que precisa ser gasta até o final do ano.
Caso não o faça, terá que devolver o dinheiro aos cofres públicos.
Então, vamos usar nossa empresa para validar essa transacção, recebendo e dando-lhe uma parte do valor para a sua caixinha pessoal.
O que ficar com a gente, colocamos no rol das despesas ou nas doações para a caridade, e assim, além de fazermos o bem, causamos inveja nesse povo metido que gosta de aparecer.
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Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz - Página 9 Empty Re: Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 24, 2018 8:16 pm

Jónatas conta com a gente e a gente conta com ele.
E, no final, é Jesus quem acaba se beneficiando mesmo, com um granito dos melhores para o chão de sua Igreja.
- Eita, Lucas, você sempre dando nó em fumaça, meu querido.
Os Barreto vão ficar loucos da vida.
E a conversa seguia por outros comentários pouco elevados enquanto a cerimónia chegava ao final, com a despedida dos presentes e o casal Ribas dirigindo-se ao gabinete do Bispo Barcelos, aquele mesmo conselheiro de Alceu, para os entendimentos
necessários à organização do tão “generoso” ato de caridade.
No dia seguinte, o nome da família Ribas estava no topo da lista, estimulando a corrida para a demonstração de grandezas e vaidades, orgulhos sociais e competições mesquinhas, sob o título de caridade.
O próprio Bispo conhecia as mazelas humanas e delas se valia estimulando esse clima de disputa entre as vaidades para que, ao final, a catedral fosse a maior beneficiada.
Da mesma forma, o Bispo esperava que a indignação dos Barreto gerasse uma doação de mais alguns milhares de reais e, assim, conseguisse manter as luxuosas reformas da catedral, com o mármore e o granito em detrimento da fome dos infelizes.
Jerónimo e Adelino entreolharam-se, compreendendo num relance que não estavam presenciando nada que se aproximasse do conceito real da Caridade preconizada por Jesus.
- Vamos a uma outra igreja, Jerónimo.
Quem sabe encontramos alguma diferença.
Elegeram, então, uma denominação protestante para avaliarem a natureza da caridade.
Chegaram durante a pregação do pastor, entusiasmado e bem preparado, com a Bíblia na mão.
Defendia com intransigência o pagamento do dízimo por parte dos fiéis.
- SE você não quer comemorar com Deus, com que cinismo vai continuar se aproveitando do oxigénio, do copo de água, das facilidades que a Terra nos propicia?
Não tem vergonha de receber de Deus todas essas coisas e de não deixar de ser egoísta?
O dízimo é a única forma de demonstrarmos nossa gratidão ao Criador por tanto carinho para connosco.
Já pensaram nos pais e mães, sacrificando-se durante toda a sua existência para que os filhos tivessem pão à mesa, roupa limpa, escola, remédio, médico?
E o que pensar se os próprios filhos lhes dessem as costas assim que se posicionassem na vida?
Escalaram o mundo com os recursos que os pais lhe concederam e, depois de terem vencido na vida, se esquecem dos genitores, deixando-os à míngua!
Que vergonha, meus irmãos.
Quando você se recusa a entregar a Deus pelo menos a décima parte do que a bondade divina lhe permitiu ganhar, está usurpando do próprio Pai aquilo que Ele lhe está concedendo, demonstrando o quão indiferente e egoísta você é.
E então, não reclame caso a sorte mude de direcção, caso as coisas ruins comecem a acontecer em sua vida.
Se você ficar doente, se perder o trabalho, se não conseguir dinheiro para pagar as contas, como é que vai voltar até a Casa do Pai para pedir uma ajuda se não se animou a ajudá-lo quando tudo ia bem?
Então, os que não querem dar nada, não tem problema.
Podem ficar com dinheiro tão amado nos bolsos, podem guardá-lo no egoísmo que Satanás soprou em seu coração... sim... porque só mesmo o diabo para conseguir se meter no caminho entre a sua generosidade ao encontro do nosso amado Pai.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 25, 2018 8:56 pm

A acção do Maligno tem a dupla função de privar a obra de Deus dos recursos ao mesmo tempo em que demonstra o poder que exerce sobre o indivíduo egoísta, fazendo-o ainda mais indiferente para com os deveres cristãos.
Então, como dizia, você pode ficar com dinheiro no bolso, na carteira ou no banco, sem problemas.
Deus vai entender o seu apego.
No entanto, prepare-se para não encontrar mão amiga a não ser a do Demónio em pessoa.
Se é esse o tipo de companhia que você deseja encontrar, tudo bem, vá em frente.
Então, quando chegar a hora da contribuição, não demonstre nenhum tipo de amor a Deus.
Esqueça do Pai que lhe deu a vida e diga para si mesmo que nunca mais vai precisar dele.
A palavra electrizante e o jogo de cena que o pregador usava, criavam nas mentes mais frágeis e amedrontadas uma noção de ingratidão, ideia que sabiam não ser adequada nem bonita para quem se dizia cristão.
Além do mais, a aliança do egoísmo com Satanás aterrorizava os mais influenciáveis e, com isso, estabelecia-se o ambiente favorável para o golpe final.
- E não pensem que qualquer moedinha é suficiente para arrumar as coisas.
Estamos falando do dízimo, algo sagrado, que corresponde a dez por cento de tudo o que você ganha, antes de descontar o imposto.
E se você não tem emprego, o dízimo deve ser contado sobre as coisas que são de sua propriedade, de forma que o seu sacrifício em cumprir com esse dever bíblico demonstrará maior confiança e maior submissão a Deus, agradando-o mais ainda.
Afinal, não é a Deus que você está pedindo para conseguir um trabalho?
Que maior boa vontade haverá no coração do Pai do que arrumar a vida do filho responsável e cumpridor dos seus deveres, não é mesmo?
Então, não regateiem com Deus. Se você é amigo Dele, ao invés de ser aliado de Satanás, lembre-se de que o Criador sabe quanto você ganha por mês, sabe quanto você tem guardado no banco, debaixo do colchão, dentro da caixa de sapato no seu guarda-roupas, no bolso do seu casaco.
Então, não se façam de desentendidos.
O dízimo é o sangue da Igreja de Deus.
A hora é agora.
Vamos, demonstrem que vocês amam o Pai Querido.
Se não têm dinheiro, podem fazer cheques no valor correspondente.
Caso não tenham cheques podem sinalizar com o braço que nossos obreiros vão levar a máquina do cartão de crédito.
Não importa de que forma será o pagamento.
O que interessa é que vocês não deixem Deus falando sozinho.
Vamos lá, Aleluia, meu Pai.
Aleluia, Aleluia, para que cada alma se erga no seu Reino de Bondade, na caridade do Dízimo espontâneo.
Que todos sejam livres para cumprir os deveres que a Bíblia assinala.
Vamos lá, meu povo de Deus... é agora... abram o coração abrindo o bolso!
E a multidão se revirava, cada qual procurando os recursos que possuía, demonstrando o medo de ser visto como um seguidor do Diabo.
Os que não tinham dinheiro diziam aos vizinhos que iriam vender a televisão para trazer os valores depois, justificando-se por não oferecerem nada diante dos olhares dos demais.
Novamente, Jerónimo e Adelino se entreolharam.
Naquela avalanche de notas, moedas, cheques e cartões bancários não havia a menor demonstração da Caridade Cristã, uma vez que toda boa vontade dos fiéis estava canalizada pelo interesse em ficar rico no mundo, medo de Satanás ou pela consciência.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 25, 2018 8:56 pm

Para conseguir cada um desses objectivos, surgia o dízimo que, segundo o pensamento dos crentes, representaria o seu Amor a Deus ou deixaria bem claro que o doador não fazia parte do bando do capeta.
Sob os olhares vigilantes e cúpidos dos membros da igreja, que recolhiam, em sacos, o dinheiro da colecta ao som das descontroladas Aleluias gritadas pelo pastor a cada pacote que subia ao púlpito, uma música estridente e agitada completava a atmosfera de hipnose colectiva estimuladora da prática de uma doação que, sob qualquer ponto de vista, não correspondia ao desprendimento sincero, ao doar-se nas coisas, ao desejar ajudar alguém ou ao condoer-se com o sofrimento alheio.
- É, meu amigo, neste culto também não encontraremos a expressão da Verdadeira Caridade.
Vamos em busca de outra coisa.
Despedindo-se do ambiente com uma oração sincera em favor de todos os iludidos fiéis, saíram dali escolhendo outro rumo para o aprendizado acerca da Salvação pela Caridade Real.
Vamos em busca dos nossos irmãos espíritas, que estão realizando um evento doutrinário onde, certamente, encontraremos algo que nos sirva para o entendimento da Caridade a que se refere Jesus.
Deslocaram-se para um centro de convenções no qual os Espíritas se reuniam na discussão de temas relevantes para a melhoria da Humanidade.
O ambiente menos agitado do que os anteriores ajudava na criação de uma atmosfera favorável.
No entanto, algo não ia bem, segundo a observação directa feita por Jerónimo e Adelino.
Entre os participantes de rosto risonho e palavra amorosa, destilava-se a competição e as comparações depreciativas.
À boca pequena, os comentários demonstravam o interesse de cada um na obtenção da hegemonia do auditório para a sua exibição da vaidade.
- Puxa, a palestra do fulano foi a mais concorrida até agora – comentava um dos assistentes, admirado.
- Também, acabou ficando no salão principal!
Isso é sempre uma vantagem.
Queria saber como é que ele conseguiu essa façanha.
Deve ser amigo dos organizadores.
- Que nada, como tem muitos espíritas publicados, deve ter conseguido esse espaço privilegiado porque a venda de suas obras é muito vantajosa para a editora que financiou este encontro.
- É, é uma boa justificativa mesmo.
Mais além, encontravam-se os organizadores com os editores e representantes de diversas instituições espíritas, a discutirem alguns problemas de organização.
- É, eu entendo que não é possível agradar a todo mundo com o mesmo espaço na pauta dos eventos.
No entanto, é um desrespeito fazer o fulano vir de tão longe para lhe darem somente duas conferências no dia de hoje.
Sabem vocês quanto custa a passagem de avião, a estadia, o transporte e a alimentação?
Tudo isso às expensas da editora – reclamava um dos responsáveis pela manutenção daquele certame de Cultura Espírita a um dos membros da Organização Geral.
Logo depois dele, outro vinha se queixando:
- A margem de lucro na venda dos livros está prejudicando o retorno de nosso investimento.
Acreditamos que vocês precisariam rever essa questão.
Afinal, sem nossa ajuda, não haveria este evento.
Além do mais, o Doutor..., médium consagrado e famoso, também está descontente por não ter recebido a atenção que esperava.
Para a sua Conferência, não foram feitas as chamadas no quadro geral.
Acha que a Direcção do Congresso está boicotando a sua participação e pediu que averiguássemos isso.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 25, 2018 8:57 pm

Outro, ainda menos delicado e mais embrenhado nas lutas por vantagens, cobrava de um terceiro membro da junta organizadora:
- Você me prometeu que, se eu conseguisse uma data na agenda do palestrante para que estivesse aqui, ele falaria no salão principal no horário nobre.
Agora, estou vendo o cartão de eventos e a palestra não está agendada para o salão, em horário nobre.
Respondendo a tal questionamento, o aflito organizador tentava contemporizar:
- Sim, é verdade.
No entanto, nós lhe concedemos quatro intervenções nas salas mais importantes depois do salão.
Ele falará mais do que todos os outros.
- É, mas isso não interessa.
Ou você cumpre o prometido ou, então, ele não vai ficar.
Onde já se viu uma coisa dessas?
Vocês estão pensando que nós somos crianças?
Além do mais, nossa distribuidora de livros é das maiores do país e não cooperaremos mais com a organização caso não se cumpra o que foi prometido.
Enquanto isso corria pelos bastidores, nos palanques doutrinários se falava da Reforma Íntima, do Desinteresse, da Caridade Real, do Não Servir a Dois Senhores, da Importância da Compreensão nas Relações Sociais.
Os membros da junta organizadora se multiplicavam para atender a todos os reclamos, ao mesmo tempo em que procuravam não ferir as susceptibilidades de tão “caridosas” criaturas, para que não sofressem prejuízos financeiros ou ruptura dos diversos acordos firmados para que o evento chegasse ao seu termo.
Fora desses bastidores, as conversas entre os integrantes da equipe doutrinária ia acalorada:
- Mas o médium “x” está muita estrela.
Está se deixando levar pela vaidade, o pobrezinho.
Não está percebendo a obsessão que se aproxima pelo caminho da fascinação.
- É possível.
No entanto, o caso dele não é o pior.
E o escritor “y”, que adora polemizar falando pra todo mundo que Chico Xavier é a reencarnação de Allan Kardec.
Ele deveria evitar essas discussões desnecessárias.
Afinal de contas, isso não serve para nada, a não ser demonstrar seus próprios pontos de vista e gerar antagonismos.
- Por causa disso, não vale a pena a gente prestigiar a palestra dele, não.
Vai pensar que está com tudo.
Vamos dizer que temos um outro compromisso porque, certamente, está esperando nos encontrar no auditório.
E tanto eu quanto você não podemos deixar a nossa imagem ligada à dele.
O que vão dizer os outros?
Vão começar a falar que concordamos com suas teses.
Em outra rodinha de escritores e palestrantes, comentava-se com certo desdém ou censura o facto de um trabalhador, outrora dedicado à divulgação como médium de psicografia, ter deixado a seara espírita para aliar-se ao ganho de dinheiro através da edição de seus próprios livros:
- É um mercenário, interesseiro, vira-casaca – falava um dos mais indignados.
- No “meu centro” não compramos mais livros psicografados por ele.
É um Judas do espiritismo – complementava o outro.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 25, 2018 8:57 pm

- No entanto, meus amigos, não nos esqueçamos de que já prestou vastos serviços no esclarecimentos de muitos irmãos leigos que se debruçam sobre suas obras com carinho e emoção – falou alguém mais inspirado pela tolerância evangélica.
- Bem, por esse prisma, não há como negar.
É verdade mesmo – respondeu o primeiro, um pouco envergonhado pelo comentário negativo, destoante dos objectivos fraternos daquele encontro.
Jerónimo e Adelino, observando os meandros da alma humana ali colocada em realce na vitrine das vaidades, tinham dificuldade em encontrar nos participantes daquele conclave doutrinário as raízes verdadeiras de um desinteresse, de um desprendimento, de uma abnegação verdadeira.
Esmero na apresentação pessoal, roupas bem talhadas, recursos avançados da tecnologia, - beleza de fora contrastando com a feiura íntima – nas disputas de bastidores, nos protestos dos financiadores a exigirem privilégios, no interesse dos organizadores em favorecer grupos ou representantes mais poderosos do movimento, além de se tentar, por baixo do pano, esvaziarem certos temas, dirigindo o interesse do público para outras actividades, tudo isso sorrateiramente.
Palestrantes convidados, escritores famosos, divulgadores bem engajados junto à equipe organizadora contavam com favores especiais, sobretudo porque emprestavam a sua popularidade para atrair mais público.
Tudo porque os organizadores desse evento queriam superar o sucesso do anterior, organizado por outro grupo espírita, nas competições impróprias ou nas comparações indevidas.
Apesar dessas nódoas de bastidores, a maioria dos escritores como participantes – o público assistente – estava dotada de verdadeira vontade de aprender, abertos para o contacto com os líderes que admiravam, com aqueles que lhes serviam de referência doutrinária.
Já nos membros da equipe organizadora e nos que estrelariam os eventos, prevaleciam os interesses políticos e de competição, que davam o tom dominante em muitos deles, desnaturando a pureza espiritual do certame e obliterando, com as vaidades mundanas, aquilo que fora projectado para ser um evento do Espírito, no enaltecimento das virtudes da Imortalidade e das qualidades verdadeiras da Alma.
Jerónimo e Adelino novamente se entreolharam, agora com uma decepção ainda maior porque, esperando encontrar a Verdadeira Caridade no centro do evento promovido em nome do Consolador Prometido, não haviam conseguido identificá-la.
Procuraram, então, avistar-se com a equipe espiritual encarregada daquele certame para conversarem sobre essa constatação.
Assim que se apresentaram, foram acolhidos com carinho por um dos Espíritos Coordenadores que, identificando-os como enviados de Bezerra, abraçou-os com renovado entusiasmo.
A alegria do responsável espiritual era tão sincera, que contagiou o ânimo dos dois decepcionados visitantes.
Tomando a palavra, Jerónimo considerou:
- Bem, Salomão, estamos tão tristes, mas tão grande é sua alegria, que se transformou em fonte de ânimo para nós.
- Sim, Jerónimo.
Estamos muito felizes mesmo. Todos os responsáveis invisíveis por este acontecimento, elevamos nossas orações agradecendo a Jesus pelo trabalho do Bem.
Meio sem jeito, Jerónimo tocou o assunto:
- Deve ser difícil para vocês manterem o ânimo elevado no meio de tantas demonstrações de interesses mesquinhos, disputas mal disfarçadas, comparações da vaidade.
Admiramos a nobreza de suas almas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 25, 2018 8:57 pm

Entendendo as referências do visitante, Salomão abraçou-os e respondeu:
- Sabem o que acontece, meus amigos, nós estamos aqui em todas as realizações, ano após ano e, para informação de vocês, creio que este é o primeiro evento em que conseguimos uma razoável diminuição da interferência inferior.
Com a autorização dos nossos superiores, instalamos em todas as entradas pelas quais os encarnados devem passar, sistemas de filtragem que bloqueiam a acção das entidades obsessoras que, pelos diversos meios, se conectam com os participantes do movimento. Então, ficaram isolados, fora daqui, os fascinadores de médiuns, os obsessores da vaidade dos escritores e palestrantes, os fomentadores de distúrbios vibratórios que costumeiramente penetravam nos outros eventos como membros da “comitiva” de cada participante.
Estamos fazendo essa experiência pela primeira vez.
Nas outras, havia certa tolerância, sobretudo por respeito à boa vontade dos integrantes do certame, a quem estimamos com carinho e sinceridade.
Nós os afastávamos de seus sócios no mal para não lhes causar os já conhecidos danos fluídicos.
Agora, no entanto, depois de tantos problemas causados nas outras edições, a exigir dos membros da equipe espiritual atendimentos emergenciais da chamada equipe dos “Bombeiros do Bem”, optamos pelas medidas mais rigorosas na prevenção de influenciações desagregadoras.
E, para nós, isso é motivo de alegria porque, desde o início da reunião, diminuíram em mais de cinquenta por cento o número de “incêndios fluídicos” e, por isso, caíram também os prejuízos aos participantes.
Adelino não acreditava no que estava ouvindo.
- Quer dizer, então, que nas edições anteriores as coisas eram piores?
- Muito, meu amigo.
Você nem imagina.
O que está vendo agora, não é nada perto do que já tivemos de enfrentar.
No entanto, não reclamamos do serviço, porque é através dele que vamos ajudando as pessoas a se melhorarem também.
Quem sabe se, de tanto falarem de virtudes para os outros, um dia não acabam aprendendo a praticá-las neles próprios, não é mesmo?
Salomão sorria com os próprios comentários.
Jerónimo e o amigo, surpreendidos pela forma de encarar a circunstância, corresponderam ao bom humor do dirigente espiritual.
- Além do mais, nossos irmãos também estão precisando ser testados para os processos da selecção espiritual.
Pensam que, por serem médiuns, escritores, oradores, expositores e outros “ores” desfrutarão de privilégios, inexistentes na Justiça do Universo.
Então, cada participação deles nestas reuniões é uma oportunidade de meditarem no que estão dizendo, nas coisas que estão ouvindo e na transformação que, neles, se faz ainda mais necessária do que no público que assiste ao evento.
Não nos esqueçamos do ensinamento do Evangelho de Mateus contido no capítulo 21, versículos 28 a 32, sob o título de PARÁBOLA DOS DOIS FILHOS:
28 E que vos parece?
Um homem tinha dois filhos.
Chegando-se ao primeiro, disse:
Filho, vai hoje trabalhar na vinha.
29 Ele respondeu:
Sim, senhor; porém não foi.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 25, 2018 8:58 pm

30 Dirigindo-se ao segundo, disse-lhe a mesma coisa.
Mas este respondeu:
Não quero; depois, arrependido, foi.
31 Qual dos dois fez a vontade do pai?
Disseram: O segundo.
Declarou-lhes Jesus:
Em verdade os digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus.
32 Porque João veio a vós outros no caminho da justiça, e não acreditastes nele; ao passo que publicanos e meretrizes creram.
Vós, porém, mesmo vendo isto, não vos arrependestes, afinal, para acreditardes nele.
- Neste ambiente, existem os dois tipos de filhos.
Há os que o Senhor convoca ao trabalho da vinha e pensam que se trata de falar bonito, de parecer boa coisa, de ser líder das ideias.
Então respondem, “sim, Senhor”, mas não querem, realmente, fazer o trabalho duro junto à terra inculta, no serviço braçal a serviço dos que sofrem.
São os teóricos do Bem.
Por outro lado, também há os que são tidos pelos homens como grosseirões, incultos, rudes ou indiferentes às teses doutrinárias, mas que, ouvindo o chamamento do Pai, se arrependem do tempo gasto, pegam a ferramenta e vão ao canteiro para fazer-lhe a vontade.
Encerrando o raciocínio, complementou:
- Então, meus irmãos, aqui estarão sendo testados para que seja verdadeira a parábola que diz:
EM VERDADE VOS DIGO QUE PUBLICANOS E MERETRIZES VOS PRECEDEM NO REINO DE DEUS, exactamente porque estes, tendo escutado o chamamento do ARREPENDEI-VOS realizado por João Batista junto ao rio Jordão, assim procederam, acreditando na chegada do Messias e se transformando nos vícios e defeitos.
No entanto, muitos dos que se julgam capacitados para “baptizar os outros” do alto de sua sapiência doutrinária e de sua arrogante ignorância, ainda estão sujos pelo pecado.
Esta é a oportunidade de estes ingénuos acordarem para o chamamento ao verdadeiro trabalho, nos últimos momentos de selecção para a construção da Nova Humanidade.
As tarefas, no entanto, pediam a presença de Salomão que, desculpando-se, colocou os dois enviados de Bezerra à vontade para que pudessem continuar aprendendo. Despediram-se.
Foi então que Adelino comentou com o amigo:
- Olha, Jerónimo, e pensar que as coisas estão deste jeito só por conta dos próprios participantes, sem a ajuda de seus obsessores!
Imagina como devia ser, então, antes das medidas profilácticas.
Foi então que os dois escutaram uma voz inconfundível que a eles se dirigia com amabilidade, dizendo:
- Pois então, meu queridos, já estão desacreditados da Caridade que Salva?
Era Bezerra que se achegava de mansinho, sabendo de tudo o que acontecia em seus íntimos.
Abraçaram-se uma vez mais, felizes pelo encontro inesperado.
- Bem, doutor, a coisa está difícil mesmo... – falou Jerónimo.
No entanto, não desistimos.
- Isso mesmo.
Eu sei que tiveram experiências frustrantes, porque procuraram no seio das cerimónias e dos núcleos hierarquizados.
Aconselho que voltem aos nossos irmãos católicos, evangélicos e espíritas fora dos templos sumptuosos ou dos certames de aparência.
Verão como é rica a mensagem Cristã da Caridade no seio dos corações fiéis à Verdade.
Depois que fizerem isso, espero-os para o nosso encontro lá no Centro.
A palavra rápida do médico dos médicos parece que reavivou o ânimo dos dois estudantes da Salvação que, atendendo ao conselho experiente, voltaram ao estudo da lição, em busca, agora, da CARIDADE QUE SALVA.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 25, 2018 8:58 pm

39 - A CARIDADE QUE SALVA
Quando os dois espíritos amigos chegaram ao novo destino, foram surpreendidos por um alvoroço sem precedentes.
Sabiam que os seres humanos eram criaturas complicadas, difíceis, temperamentais.
Todavia, o que presenciaram, assim que transpuseram as paredes do lar de Samuel, foi algo muito deprimente.
Pratos voavam pela cozinha, indo espatifar-se nas paredes ou no piso, reduzidos a cacos.
Mas não se tratava de efeitos físicos produzidos pelo mundo espiritual no uso do ectoplasma de algum encarnado, não!
O que ocorria, era uma feroz discussão entre mãe e filho, ambos em descontrole, extravasando sua neuroses nos pobres utensílios da casa.
Joana era uma senhora perturbada que guardava frustrações e desgostos, sem qualquer inclinação religiosa, e dominadora por natureza.
Seu filho Fernando, rapaz sonhador e cheio de convicções próprias de sua idade, procurava viver a vida segundo seus padrões, mas era policiado de maneira muito intensa pela mãe que, invadindo sua privacidade e decidindo suas coisas desde quando pequeno, não se preparara para o amadurecimento do filho, imaginando-o ainda sob o seu controle.
O filho crescera vendo os disparates nervosos e as medidas autoritárias da genitora, aprendendo a funcionar pelo mesmo padrão que ela.
Então, quando não era a mãe que perdia as estribeiras partindo para a agressão, era o filho Fernando, já na casa dos trinta anos, que se desincumbia do show constrangedor das atitudes ignorantes.
Naquela manhã, haviam discutido por causa do comportamento do rapaz que, na noite anterior, chegara em casa fora do horário costumeiro.
Ele e a namorada haviam saído a passeio tendo extrapolado no relógio, obrigando Joana a permanecer acordada, porque tinha o hábito de não dormir enquanto o filho não retornasse.
Assim, o assunto ganhou a pauta de conversas familiares logo no café matinal, temperado pela reclamação materna.
Da queixa de Joana, revidada por um Fernando orgulhoso e arrogante, a conversação foi esquentando para a troca de insultos e, por fim, com o filho descontrolado, atirando pratos para todos os lados.
Fazia assim para intimidar a mãe que, por sua vez, também descontrolada, aderia à violência de igual maneira.
Sentado na sala de sua casa, a poucos passos do local da discussão.
Samuel era a calma em pessoa. Sereno e sem agitações, o velho protestante mantinha o pensamento elevado a Deus, rogando ao Criador que ajudasse sua esposa e seu filho a se acalmarem.
Comparados, os dois ambientes eram a antítese um do outro.
A cozinha é um poço de lodo vibratório no qual os dois encarnados, adversários de outras vidas, se atritavam sob o patrocínio de um grande grupo de entidades infelizes, igualmente agressoras, impuras e zombeteiras.
A sala era a sucursal do Paraíso.
A elevação de sentimentos fazia de Samuel o porto seguro daquelas duas almas aflitas em profundos desajustes consigo mesmas.
A cena parecia ser comum no inter-relacionamento dos dois agressores.
Nas primeiras vezes, Samuel tentara intervir levando um pouco de bom senso aos contendores ignorantes.
No entanto, no calor da discussão, não lograva senão irritá-los ainda mais com a sua calma franciscana.
Então, passou a silenciar, esperando o término do terremoto.
Quando tudo passou, Fernando estava transtornado, como que tomado por entidades alucinadas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 25, 2018 8:58 pm

Joana, chorando, foi meter-se em seu quarto, de onde não sairia tão cedo.
Samuel, então, sob o olhar admirado dos dois amigos invisíveis, levantou-se calmamente e foi ao quintal em busca da pá e da vassoura com as quais limparia o estrago produzido por aquela verdadeira guerra de orgulhos.
- Fernando, meu filho, já lhe disse que estes comportamentos não ajudam ninguém – falou o pai, carinhoso.
Seus cabelos brancos e a sua paciência faziam-no assemelhar-se a um personagem bíblico, sobretudo quando se observava que as Escrituras Sagradas eram seu livro de cabeceira nos hábitos de leitura comum aos adeptos das religiões reformadas.
- Ah! Meu pai, essa megera me deixa enlouquecido.
Quando me dou conta, já perdi o controle de mim mesmo.
Entendendo as necessidades do rapaz, Samuel não o censurou directamente, limitando-se a dizer:
- Mas desse jeito, teremos que nos tornar fabricantes de pratos e copos, Fernando, porque em cada discussão entre vocês, quem mais sofre são o armário e o nosso bolso.
As pobres louças não têm de você e sua mãe não se entenderem.
- É, eu sei, pai, mas tem vez que quem começa a quebradeira é ela.
Aliás, desde de pequeno me recordo da mãe atirando coisas pelas paredes, janelas e portas.
- E então, meu filho, você aprendeu a fazer o que não era correto.
Por que não aprende um pouco do que eu lhe aconselho, Fernando?
O que faz com que você imite o que é ruim na conduta de sua mãe ao invés de aprender um pouco com as coisas que tento lhe exemplificar?
Joana é uma boa esposa e uma excelente mãe.
Se lhe falou sobre o horário é porque, por muito se preocupar com sua segurança, não dorme direito enquanto você não chega.
E, apesar de não se lembrar sempre deste detalhe, a sua condição de filho único piora essas coisas.
- Tudo bem, velho – respondeu Fernando, chamando o pai, carinhosamente -, como sempre, você tem razão.
- Não me preocupo em ter razão, mas em viver em paz, como o Senhor nos recomendou, meu filho.
Além do mais, a sua ida à Igreja comigo pesa a seu favor tanto quanto também pesa contra você, porque o torna um adepto esclarecido.
A humildade de Samuel era digna de um pedestal.
Enquanto falava com o rapaz, ia varrendo os cacos do chão e organizando a cozinha para que voltasse ao padrão anterior.
Sua intervenção generosa correspondia à extensão da Luz ao campo das Trevas onde, momentos antes, dois cavaleiros, empunhando as espadas do orgulho e do egoísmo, haviam se agredido com o máximo de violência que podiam.
- Filho, vou falar com Joana e lhe peço que não a provoque com comentários rudes.
Vamos ver se até a hora do jantar podemos nos sentar novamente como uma família civilizada ao redor desta mesa e comermos em paz!
Aquele velhinho simpático exercia uma grande e benéfica influência sobre o filho que, admirando o seu grau de paciência, de compreensão e tolerância, se sentia pequeno diante dele, ao mesmo tempo em que desejava seguir seus passos para imitá-lo.
Tanto que foi graças aos exemplos de Samuel que Fernando fizera sua opção religiosa, acompanhando o pai livremente, indo aos cultos protestantes onde a palavra bíblica era o pão para a alma.
A escola dominical, os contactos com os garotos de sua idade, os ensinamentos evangélicos e as mensagens cristãs haviam penetrado sua alma pela porta dos exemplos vivos do pai, constantemente testado na experiência de um lar atribulado.
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Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz - Página 9 Empty Re: Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 25, 2018 8:59 pm

Depois de falar com Fernando, Samuel, dirigiu-se ao quarto onde a esposa estava em prantos, já um pouco mais calma.
- Lá vem você, pregador do Evangelho – falou Joana, tentando tirá-lo do equilíbrio.
Você viu quem foi que começou.
Seu filho é um desalmado, um louco.
Precisamos arrumar um jeito de interná-lo.
Desde que começou a sair com essa prostitutazinha, mudou completamente.
Está irreconhecível.
Mantendo a serenidade, revestido do Amor Verdadeiro que emana do Celeste Coração do Criador, Samuel sentou-se ao seu lado como um pai se acerca do leito do filho enfermo.
Tomou as mãos de Joana entre as suas e lhe disse:
- Minha querida, estou aqui do seu lado não para pregar e, sim, para dizer que eu a entendo profundamente, Joana.
Sei que seu carácter forte não aceita certas coisas e que, realmente, a atitude de Fernando não foi das melhores.
Já falei com nosso filho a respeito disso também.
Com o carinho nas palavras, parecia que Samuel não havia presenciado nada daquela cena horrível, capaz de tirar a tranquilidade de qualquer um dos seres considerados normais.
- Sim... ainda bem que você reconhece que a culpa foi dele... também não acha que a gente deveria arrumar um jeito de interná-lo?
- Ora, Joana, como poderemos internar Fernando sem nos internarmos também?
Ele é fruto de nossa educação, querida.
Aprendeu a ser assim com os exemplos que lhes demos.
Samuel falava sempre no plural para se incluir nas situações, mas, em verdade, Joana sabia que o pai jamais havia adoptado um comportamento daqueles.
Sempre se mantivera como um homem equilibrado, sendo dela as más condutas, enraizadas no nervosismo descontrolado.
Isso fez com que a mãe ficasse vermelha de vergonha.
- Antes Fernando houvesse aprendido alguma coisa de você, Samuel, um homem educado, gentil e pacato.
Mas parece que tem o meu génio.
- Então, querida!
Se as coisas são assim, reconheçamos que não poderíamos atribuir ao rapaz toda a culpa de ser como ele é.
Além do mais, está apaixonado e os corações que se deixam fisgar são sempre temperamentais.
Além disso, não é de hoje que você não consegue controlar o seu ciúme, não é mesmo, querida?
O sorriso de Samuel amenizava a crítica dessas observações, transformando-as em simples constatações da verdade dos factos.
- Ah! Samuel, é tão difícil a gente criar um filho, ainda mais como filho único, fazer planos, edificar seu futuro e, então, entregá-lo nos braços de uma pistoleira qualquer que, com meia dúzia de palavrinhas açucaradas, tira a cabeça do homem do pescoço e leva nossos planos por água abaixo.
- Não é bem assim, Joana. Fernando tem a cabeça no lugar, apesar de ser temperamental como você.
Ele está na flor da juventude e isso é difícil de controlar.
Você mesmo já teve a idade dele e, como mulher, sabe como as mulheres se comportam.
- É exactamente por isso que me preocupo, Samuel – respondeu Joana, já esboçando um sorriso.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 25, 2018 8:59 pm

Vendo que a esposa retomava um pouco do equilíbrio, Samuel acariciou-lhe os cabelos e disse:
- Ah! Querida, nunca me esqueci dos nossos sonhos ao pé do altar, de sua beleza que tanto me encantou e encanta, mesmo depois de os cabelos começarem a ficar brancos.
Nosso lar é o nosso refúgio, querida.
Vamos continuar a construir uma vida de harmonia juntos.
Fernando é o maior tesouro que temos.
Não estraguemos a sua vida pessoal com a desculpa de que muito o amamos.
Deixemos o rapaz livre para que possa aprender com os próprios erros a construir um ninho que melhor o abrigue.
Se a gente sempre estiver palpitando como deve fazer, jamais conseguirá decidir por si próprio.
Aliás, esse é um dos problemas que tem enfrentado na vida.
Não se sente seguro em escolher as coisas mais importantes porque nossa sombra o atormenta.
Envolvida pelo luminoso halo que nascia no coração daquele velhinho bondoso, Joana baixou a cabeça e cedeu aos seus argumentos.
- Ah! Samuel, como minha vida seria triste se você não estivesse ao meu lado – exclamou a desequilibrada mulher.
Meus nervos me destruiriam e, certamente, seria eu quem estaria no hospício.
- Esqueçamos esse assunto, Joana.
O dia está muito bonito e não quero que você o perca.
Ainda mais agora, que a sua aposentadoria nos permite a liberdade para fazer o que desejarmos.
Abrindo a janela para que a luz da manhã penetrasse, Samuel concluiu:
- Vamos dar um passeio até a praça.
Quero mostrar-lhe a beleza dos ipês amarelos, que estão cheios de flores.
Vamos. Vista-se, que estou esperando.
Saiu do quarto com o coração cheio de alegria por poder ajudar aqueles dois seres tão queridos para que recuperassem o bom senso.
Fernando havia saído para as actividades do dia e só voltaria na hora do almoço.
Enquanto isso, depois do passeio com a esposa, Samuel a auxiliaria no preparo da comida para que a harmonia voltasse à sua casa.
Graças ao esforço do pai, cuja religião sincera se incorporava na vivência dos ensinamentos em todas as horas do dia, a cozinha voltou a ser o núcleo de entendimento familiar, deixando a posição de campo de batalha.
Sem que necessitasse de qualquer atitude espalhafatosa, demonstradora de superioridade religiosa, a fé de Samuel servia de porto seguro para aquelas almas que, beneficiadas pela reencarnação em sua companhia, dele recebiam todas as coisas, como doador constante de virtudes evangélicas.
À noite, em companhia de Fernando, Jerónimo e Adelino foram encontrar Samuel no culto religioso, atento ao estudo bíblico e elevando-se a Deus da maneira mais sincera que um ser humano poderia relacionar-se com o Pai:
sem fingimentos, sem artifícios, sem negócios.
Ali estava o primeiro exemplo da Caridade Salvadora.
Samuel transformava os demais pelo muito dar-se em tudo o que fazia.
A esposa estava desajustada e ele se dava em carinhos e compreensão sincera.
O filho era temperamental e ele se dava em conselhos e orientações, em amizade e afecto verdadeiros.
A casa estava em desalinho e ele se dava manejando a vassoura.
O estômago pedia alimento e ele se dava cortando os legumes, preparando a sopa, servindo a mesa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 26, 2018 8:37 pm

Aqueles a quem amava lhe entregavam o fel da violência e ele retribuía com passeios no jardim e visitas à Igreja, onde se reabastecia e ajudava cada qual a aprender as belezas da vida segundo suas necessidades e capacidade de entendimento.
Joana precisava de calma, de carinho e de estímulo luminoso para não se entregar ao ambiente escuro de si mesma.
Por isso Samuel a levava a passeios pela natureza.
Fernando, inseguro e frágil, carecia de entendimento, de novos conceitos para o pensamento e de transformar seus sentimentos.
Assim, Samuel o levava como um carente de Luz Espiritual directamente à Casa de Deus, onde encontraria os bens que iriam irrigar sua alma e facilitar o entendimento entre ambos, depois que voltassem.
Quando a noite se fez alta e Joana já se encontrava adormecida depois de um dia difícil, Adelino e o companheiro encontraram pai e filho à mesa da cozinha, com o texto bíblico aberto para os comentários correspondentes.
Fernando perguntava coisas e Samuel tentava fazê-lo entender que a religião não é um pedaço de papel escrito há milhares de anos, mas, ao contrário, tinha um poder tão imenso que, vencendo os séculos, seria capaz de levar a paz aos membros daquela família, debaixo daquele tecto, se os seus integrantes se ocupassem em tornar vivos os seus ensinamentos.
E como sempre faziam, antes de dirigir-se para a cama, Samuel preparou um copo de leite quente para o filho e, juntos, agradeceram a Deus as bênçãos da vida e do alimento, no que foram acompanhados pelos amigos espirituais emocionados e enobrecidos pelo exemplo verdadeiro de Caridade que aquele irmão evangélico lhes havia transmitido.
***
No outro dia, dirigiram-se para pequenina paróquia localizada na periferia da cidade, que abrigava, segundo haviam sido informados, um verdadeiro pescador de almas.
Padre Sebastião era desses idealistas e generosos filhos de Deus, que não se deixam enganar pela sumptuosidade e pelas convenções sociais.
Tanto que, diferentemente de seus pares, sempre interessados no galgar os postos mais elevados da hierarquia religiosa, Sebastião preferiu permanecer junto ao seu rebanho como aquele que se esforça para representar o equilíbrio no seio da comunidade.
Sua aparência física era um misto de debilidade e força.
A debilidade orgânica pelas décadas de sacrifício e renúncias no trabalho do bem, na visita a doentes, no amparo aos órfãos, na alimentação precária, e a força que provinha da sua ligação com energia superior que abastecia seu Espírito, aquela com a qual Sebastião estava ligado nas vinte e quatro horas de seu dia.
Sua vida já não era mais dele, havia muito tempo.
Apesar de não ser idoso, seu corpo ressentia-se com o peso dos repetidos testemunhos.
Em função disso, suas potencialidades mediúnicas se desenvolveram naturalmente, permitindo que o padre vislumbrasse o mundo invisível e tivesse informações preciosas, só obtidas através da confiança que Deus e os Espíritos Superiores depositam em um servo fiel.
Por causa das palavras inspiradas e das vibrações poderosas, sua fama se fizera no seio da pequena comunidade como a do padre milagreiro.
De vários bairros das cercanias acorriam doentes, infelizes, desajustados de todos os padrões a pedirem a sua bênção.
Sem qualquer laivo de envaidecimento, Sebastião a todos acolhia.
Suas mãos dedicadas ao ideal cristão eram as mãos do próprio Jesus, apascentando o rebanho, acalmando as ovelhas, diminuindo o desespero e recrutando idealistas para o redil do senhor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 26, 2018 8:38 pm

A notoriedade que lhe cercava o nome, para cujo merecimento nada fizera a não ser servir por amor a seus semelhantes na vivência dos princípios cristãos que sua igreja professava, chegou até os ouvidos das autoridades eclesiásticas que lhe eram superiores.
E seus chefes não viam com bons olhos o surgimento de um “padre- santo”.
Isso feria a hierarquia religiosa de sua congregação.
Como seria possível que um simples e desconhecido sacerdote da periferia tivesse poderes curativos que seus superiores não detivessem, eles mesmos?
O facto de os próprios fieis cultivarem admiração pelo sacerdote, pela seriedade e pelo devotamento daquele homem de Deus, era motivo de inveja e temor por parte dos que, por décadas seguidas, perambulavam pelos cultos e catedrais, revestindo-as de mármore e granito, ouro e prata, mas que nunca foram capazes de fecundar no coração dos fiéis a pureza inocente da fé verdadeira, substituindo-a por palavras decoradas.
A sumptuosidade das próprias roupas era uma das ferramentas usadas pelos qualificados sacerdotes para infundir respeito e admiração no rebanho que, em verdade, deveria reunir-se ao redor deles em busca do calor humano, da bondade espontânea, da compreensão por meio da qual os líderes religiosos amparassem a comunidade.
Sebastião, ao contrário, construíra tudo isso de forma natural, graças à convivência com os membros de sua paróquia, aos quais nada pedia ou impunha por meio de sermões ameaçadores.
A Casa de Deus, que ele administrava com poucos recursos, estava quase em ruínas.
No entanto, nela se abrigava uma comunidade inteira, sempre partindo dos próprios membros as iniciativas para a melhoria da condições físicas do lugar.
- Padre, meu marido está querendo saber se pode consertar alguns bancos que estão quebrados.
Ele é marceneiro e sabe como fazer esse serviço – falava uma das mulheres que eram assíduas naquele ambiente de amor.
- Ora, Valdete, deixe como está.
Colocamos uns tijolos para sustentar o assento e tudo funciona bem.
Além do mais, a igreja está pobre e não tem recursos para pagar pelo trabalho, filha.
- Mas o Juvenal faz questão de arrumar os bancos, padre.
E o senhor nem pense em pagar pelo serviço.
Aquele indiferente do meu marido está melhorando muito depois que veio aqui escutar a sua palavra.
Outro dia mesmo, estava com uma dor tão grande no meio da cabeça, que nada era capaz de tirar.
Quando o senhor passou perto dele e, sem saber do assunto, colocou sua mão em sua cabeça, Juvenal diz que a dor desapareceu.
Desde esse dia, não sentiu mais nada.
Ficou tão impressionado, que está me enchendo a paciência porque quer arrumar os bancos quebrados.
O senhor precisa deixar, padre.
Feliz com a notícia da melhora do marido, Sebastião respondeu:
- Filha, as obras do Bem são todas de Deus, enquanto que as obras do mal são filhas da ignorância dos homens.
Diga ao seu marido que é ao Pai que ele precisa agradecer.
Não é necessário pagar nada, fazendo serviços para compensar a melhora, porque Deus é de graça, filha.
- Já disse isso para ele também, padre.
Tenho aprendido muito com o senhor aqui na igreja.
Ele não está tentando pagar pela melhora, não.
É que está tão contente, tão feliz desde esse dia, que gostaria muito de alegrar consertando os bancos.
E olha, tenho o caso do Tadeu, que quer arrumar as goteiras do altar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 26, 2018 8:38 pm

O senhor lembra daquela chuvarada da semana passada?
Pois então, tinha uma goteira bem na testa do menino Jesus.
Tadeu foi pra casa falando que, desse jeito, o pobre ia acabar resfriado.
Ele também virá aqui pedir para consertar o telhado.
A Juventina está achando que o senhor está com a batina muito surrada.
Outro dia ela conversou comigo dizendo que havia contado doze remendos no pano de sua roupa.
Onde já se viu uma coisa dessas, padre?
Deus cura os outros por intermédio de um esfarrapado?
- Deus sabe o que faz, filha.
Não é o que está por fora de nós o que importa.
É o que habita o nosso coração, Valdete.
Mas, de qualquer forma, diga ao seu marido que, quando desejar, pode dar um jeito nos bancos porque eu mesmo fico preocupado com alguém que possa cair e se machucar durante a missa.
Naquele ambiente de pobreza e simplicidade, a Caridade era algo que fazia parte natural das rotinas do Bem.
Nunca ninguém sabia quando ela estava sendo realizada, porque Sebastião não se preocupava em fazê-la.
Apenas vivia de acordo com os ditames do Evangelho, de onde boa parte das escolas Cristãs havia se afastado.
No entanto, a fama de benemérito incomodava seus superiores.
Para tentar impedir o prosseguimento daquele estado de coisas, Dom Barcelos firmou decreto “promovendo” o referido sacerdote para outra comunidade, do outro lado da cidade.
Vinculado à Igreja pelos votos de obediência, Sebastião estava, exactamente naquele dia, comunicando aos seus amigos a determinação superior.
A revolta tomou conta da comunidade.
Incontáveis anos de devotamento e de carinho não poderiam ser substituídos facilmente por qualquer um outro que chegasse à paróquia.
Todos os paroquianos se indignaram com a conduta da diocese que, desejando “rebaixar” seu membro inconveniente, promovera-o para longe, usando em sua motivação, exactamente, a fama de padre-santo, para enviá-lo a perigosa zona dominada pela violência de traficantes, a fim de apaziguá-la com a sua “santimónia”.
Sebastião sabia identificar, facilmente, a mensagem por detrás da transferência.
No entanto, envolvido pelas luzes espirituais que o fortaleciam, manteve a serenidade e, contra todas as opiniões agressivas, passou a defender os motivos da igreja, preocupada em melhorar as condições da distante paróquia encravada no meio das gangues e das drogas.
- Mas padre, a gente não vai mais ter a quem recorrer.
Dom Barcelos está preocupado em terminar a catedral, enquanto que a gente está lutando para manter a própria vida.
Com o senhor por aqui, as coisas iam se sustentando.
Agora, sem a sua protecção, a sua palavra de coragem, o que vai ser de nós?
E quando a gente ficar doente, quem vai nos tratar?
A todas estas exortações, Sebastião respondia, sereno:
- Filhos, a Casa do Pai é uma grande edificação no coração onde nunca ninguém fica ao desamparo.
Certamente que outro me sucederá aqui, com mais competência e devoção a Jesus e a todos vocês.
Além disso, não se esqueçam de que é Deus quem realiza todas as coisas.
Ele os sustentará em suas lutas, em suas doenças, em suas forças.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 26, 2018 8:38 pm

E não se esqueçam de que não terei me mudado para o outro mundo.
Estarei aqui mesmo.
Quando a saudade se tornar muito grande, vocês me visitarão e eu mesmo voltarei aqui para vê-los.
Sebastião, além de muitas outras, exercitava a caridade da Compreensão, do apaziguamento dos ânimos, asserenando as aflições colectivas diante da novidade que os prejudicava sobremaneira.
Apesar de tudo, Sebastião iria obedecer e tentar fazer o melhor pela nova comunidade que o receberia.
Acatando as determinações da hierarquia à qual pertencia de coração, continuava a ser um Instrumento de Deus nas mãos de Jesus junto aos mais aflitos entre os aflitos.
E como já havia desenvolvido a capacidade de renunciar, de não temer a agressão nem o mal, o Cristo o premiava com a mais difícil tarefa de sua existência.
Seria o pastor do rebanho dos marginais, levando a palavra generosa ao coração e o exemplo de carinho às suas vidas.
- Mas lá, padre, as pessoas se matam todos os dias – afirmava Valdete, rodeada de outros fiéis, que concordavam com ela.
Compreendendo a sua missão evangelizadora e pacífica, Sebastião lhes respondeu, sorrindo:
- Filhos queridos, as pessoas se matam todos os dias, mas ninguém morre. Já se esqueceram de nossas conversas dominicais aqui mesmo, na igreja?
O próprio demonstrou isso.
Orem por todos nós, os filhos do infortúnio.
Não sou digno de perder a vida a serviço do Cristo.
No entanto, acato suas determinações e sigo para onde me enviar, contando com a sua celeste protecção e com as energias para poder servir em qualquer parte.
Ali estava a Caridade da renúncia visando a harmonia, a diminuição dos conflitos sociais, pela submissão às ordens ainda que injustas ou mesquinhas.
Acima de todas as coisas, Sebastião era um cristão que servia ao Cristo mais do que à Igreja que os homens construíram.
E demonstraria isso ainda mais agora, mesmo correndo o risco de perecer no meio do tiroteio.
Tentaria salvar as crianças do destino criminoso, amparar os velhos amedrontados pelos conflitos, ajudar os pais a pensarem em outros caminhos.
Sebastião via a dificuldade como o desafio de um Jesus que sabe colocar cada soldado no lugar em que deve estar para que faça o melhor que pode.
Os dois espíritos que buscava a Caridade Salvadora compreendiam a nobreza daquele padre valoroso, capacitado para as agruras da guerra porque não temia o Mal, nem o combatia usando as suas próprias armas.
Defendia o Bem e se valia dos instrumentos da Bondade para converter a maldade.
Os dois espíritos beijaram-lhe a mão com respeito pela sua fé arrebatadora e partiram para a última visita que os aguardava.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 26, 2018 8:38 pm

40 - DIFERENÇA ENTRE DAR COISAS E DAR-SE NAS COISAS
Atendendo às orientações do Médico dos Pobres na busca da Caridade que Salva, muitas vezes distante dos certames intelectuais, das discussões teóricas e dos embates da inteligência, Adelino e Jerónimo rumaram para amplo ambiente que servia de moradia a criaturas isoladas do mundo social em decorrência de difícil resgate.
Cruel enfermidade se incumbira de lançar sobre eles a nódoa discriminatória que os condenara à separação dos afectos, milenar recurso usado para afastar os marcados pela peste dos demais ainda não contaminados.
A lepra de todos os tempos, ferramenta do destino para rectificar os sentimentos pelo cadinho da dor e da solidão, do desprezo e do preconceito, já havia sido domada pelos modernos recursos medicamentosos.
No entanto, a alma humana continuava a carregar os temores de seu contágio, gerando aos seus portadores desagradáveis consequências.
Num passado não muito remoto, os enfermos eram compelidos ao confinamento, sob vigilância armada e, em que pese o abrandamento de tais rigores graças ao avanço do tratamento, as feridas decorrentes do longo isolamento já se haviam instalado na vida de muitas criaturas que, ao longo de décadas, perderam as referências familiares, foram esquecidas de todos os parentes e viram o mundo reduzido à expressão do leprosário, dentro do qual, muitos encontraram o companheirismo de outros hansenianos, aí estabelecendo novas famílias, casando-se e tendo filhos.
No entanto, se alguns conseguiram superar suas dores compartilhando-as com outros infelizes no ambiente das colónias ou asilos para enfermos, muitos mais viram a velhice chegar entre as amarguras reprimidas e as angústias da solidão.
Nada possuíam porque, em geral, a família se apropriava de todas as suas propriedades ficando, muitos deles, na pobreza mais completa.
Quando muito, recebiam modesta pensão estatal, espécie de benefício previdenciário com o qual podiam adquirir algumas coisas para as necessidades mínimas.
Condenados pela sociedade da época a viver como réprobos diante do temor do contágio viam-se obrigados a se contentar com migalhas, a trabalhar mesmo doentes, a produzir artesanatos para venderem aos poucos visitantes, degradando-se na condição humana pela indiferença dos próprios irmãos de humanidade.
Certamente que não se tratava de punição casual, fundamentada no ódio de Deus contra tais pessoas.
Uma dor tão atroz correspondia ao efeito doloroso, o fruto amargo de amargas sementeiras do pretérito.
Reis, príncipes, nobres de todos os títulos abastados e poderosos senhores escravocratas, príncipes da igreja, políticos corruptos, todos estes haviam inoculado o veneno da lepra no próprio Espírito pela vivência da inferioridade moral, contaminando seus tecidos subtis com as vibrações corrosivas que, mais tarde, migrariam para a carne de seus futuros corpos com a finalidade de reparar desajustes da consciência e da responsabilidade.
No entanto, apesar de ser um sofrimento justo, segundo as leis espirituais, esse facto não modificava em nada o sentimento de compaixão de que todos eles eram dignos.
Culpados pelos erros de outras vidas, isso não transformava seu inferno moral em paraíso.
E as dores, com causa justa ou sem aparente motivação, não deixam de ser dores a pedir consolação dos corações mais sensíveis.
Naquele triste ambiente asilar, viveram milhares de pessoas carregando seus sonhos quebrados, suas ilusões despedaçadas e sua vidas amputadas sem a anestesia do carinho.
Vasta cidade de outrora, agora ia se reduzindo a amontoados de casas arruinadas em decorrência do abandono produzido pela morte de seus ocupantes ou pela saída de seus moradores, alguns deles voltando ao mundo exterior para o convívio de um ou outro generoso parente que os acolhia.
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