LUZ ESPÍRITA
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LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 30, 2014 9:16 pm

CAPITULO 4 - SENHORES DA ESCURIDÃO

— Sob qualquer ponto de vista que se analise a vida astral inferior e os intricados problemas obsessivos, as obsessões chamadas complexas — que abarcam implantes de larvas e aparelhos parasitas, magia negra, emprego de seres artificiais e outras técnicas similares — denotam claramente que nesse plano há quem esteja no domínio de uma tecnologia de ponta e de um conhecimento extremamente especializado.
Essa tecnologia, juntamente com toda a prática ligada à criação mental e fluídica e ao manejo da matéria astral, forma um quadro que não pode ser enfrentado unicamente através do diálogo convencional das reuniões mediúnicas.
Assim iniciou a exposição que viera ministrar para mim o espírito Joseph Gleber, especializado em física, medicina e outros ramos da ciência sideral.
Na verdade, incumbira-me também de transmitir algo de seus ensinamentos ao médium Raul, que não pôde comparecer, já que consistiam em pré-requisito para as etapas seguintes de nossa excursão, que explorava o panorama astral inferior.
Ele continuou:
— Sob essa óptica, podemos identificar, por trás da manipulação energética, a presença de entidades altamente intelectualizadas e com profunda experiência científica e magística, portadoras de tamanha cultura espiritual e de tal conhecimento do mundo oculto que desafiam os métodos consagrados da chamada doutrinação.
Não basta disposição íntima de auxiliar ou solucionar o processo obsessivo, é preciso conhecer o procedimento utilizado, bem como a arquitectura do poder que exercem as mentes extra-físicas responsáveis pela aglomeração de forças no chamado submundo astral.
"Com certeza, a existência dos dragões, dos chefes de legião e de muitos dos magos negros é bem mais antiga do que a história das civilizações terrenas, considerando-se os registos que se tem à disposição nas academias.
Sua origem remonta a outros mundos e aos exílios planetários, dos quais esses seres vieram, em situação de degredo cósmico.
Em decorrência disso, sua procedência e sua maneira de pensar, assim como o conhecimento, o desenvolvimento e a visão que eles têm do mundo, da ética e da moral, não podem ser classificados simplesmente como erróneos, segundo uma perspectiva reducionista.
Tachá-los desse modo não leva em conta e empobrece sua cultura espiritual, que advém de bases sensivelmente distintas daquelas que norteiam a população do planeta Terra.
"Ao longo dos séculos de aculturação, suas ideias e seus valores foram pouco a pouco disseminados entre os demais seres extra físicos terrenos, muitos dos quais ainda estagiam nas regiões densas e nos subplanos do universo astral.
À parte tudo o que os espíritos imigrantes absorveram nesse processo, facto é que esse seu saber, por assim dizer, 'estrangeiro', pulverizou-se entre as falanges de obsessores e foi assimilado progressivamente pelas diversas equipas de especialistas das sombras.
Cada grupo de poder diferenciou-se, a partir de então, de acordo com a porção ou a faceta do conhecimento com a qual manteve relação durante os milénios."
Nunca havia olhado sob esse ângulo a influência dos aspectos culturais no desenvolvimento das civilizações do mundo extra corpóreo...
Enquanto uma série de nuances ficavam mais claras para mim à medida que reflectia, Jospeh Gleber prosseguia, dando-me apenas alguns segundos para sorver as ideias.
— De volta aos métodos da ciência astral, é preciso ter em vista que a superioridade tecnológica dessas inteligências é algo passageiro, quando se considera o factor cósmico do tempo.
Isso porque a vida no mundo astral é impermanente, e toda criação desse plano é passível de desaparecer ou diluir-se no grande reservatório de energias próprio dessa realidade, que é transitória.
Assim é que as construções, invenções e criações do pensamento poderão ser destruídas ou desorganizadas pela acção de outros agentes do mundo extra físico e de fatos oriundos de determinada dimensão com constante energética superior à do plano astral, que é uma esfera mais próxima da matéria bruta.
— Mas o homem, habitando a dimensão física, não age directamente sobre as estruturas da realidade astral? — interrompi, após fazer menção de perguntar.
— A rigor, de modo directo, não.
As acções humanas têm repercussão sobre o plano transitório porque o homem age indissociavelmente no físico e no astral, de forma simultânea.
Mesmo encarnado e em vigília, por exemplo, o perispírito permanece activo, é seu veículo de actuação.
Basta ver o produto dos pensamentos e palavras que emite: são criações que têm existência e geram impacto no campo astral.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 30, 2014 9:16 pm

Após responder-me de modo solícito, nosso instrutor discorreu mais acerca dos mecanismos e da técnica astral:
— De qualquer forma, as descobertas e o desenvolvimento tecnológico alcançados pelos habitantes desse mundo de natureza inferior podem beneficiar a humanidade.
É que as ideias e invenções, ou ao menos as intuições que lhes dão origem, têm ponto de partida no mundo extra físico, de onde seguem em direcção ao panorama dos encarnados, no qual cientistas e pesquisadores apreendem mais ou menos intensamente as emanações desse universo além das fronteiras da matéria.
Mesmo a maior das inovações tecnológicas elaborada no submundo das sombras, ao ser captada por alguém encarnado, poderá ser mais bem utilizada, a depender do senso ético e moral daquele que desenvolve e aplica tal criação na arena física.
Além do mais, quando alguma dessas inteligências extra corpóreas invulgares encontra um caminho mais ético e enobrecedor de vivenciar suas experiências, em geral não perderá, no processo de reencarne, o conhecimento adquirido.
Pelo contrário, passa a recorrer ao vasto arcabouço de seu intelecto e das conquistas arquivadas na memória do psicossoma para auxiliar, modificando profundamente a rota de suas realizações.
Portanto, há diversas alternativas de interface ou colaboração de fins positivos, no tocante ao aprimoramento tecnológico da humanidade.
— E como se dá a questão energética no campo astral?
Há uma dependência e uma busca insaciável por ectoplasma por parte dos cientistas das sombras, e de tantos outros, como temos podido observar.
— É verdade, mas não é somente ectoplasma—prosseguiu o mentor.
Há muitos outros aspectos a se considerar, que procurarei esclarecer.
Hoje, no mundo físico, muitos cientistas buscam fontes de energia mais ecológicas; contudo, essa preocupação não é algo que se restringe à área de pesquisa dos seres encarnados.
O mesmo princípio de obtenção de energia de modo sustentável, que desafia a humanidade encarnada, verifica-se entre as inteligências das dimensões mais densas do astral.
"No caso da esfera extra física, as fontes energéticas podem se multiplicar muitíssimo, embora sua utilização dependa do conhecimento das entidades envolvidas e do desenvolvimento tecnológico das comunidades em questão.
Entretanto, em qualquer que seja a situação, toda manipulação energética realizada na dimensão astral está condicionada ao exercício e ao domínio dos processos básicos do pensamento, tais como a ideoplastia e a criação de ideias e padrões mentais, que possam actuar como clichés ou moldes para a posterior concretização no âmbito das formas transitórias."
— Segundo crêem muitos espiritualistas e espíritas, basta o espírito pensar, e imediatamente surge à sua frente o produto ou objecto de sua imaginação... — acrescentei.
— Isso sem falar naqueles tantos que ignoram ou repudiam a existência de toda uma indústria tecnológica semelhante à que se vê na Crosta, composta por laboratórios de experimentações científicas de espectro variado, além de inúmeros outros recursos, de natureza distinta, como as ferramentas da magia.
Rejeitam inclusive que as inteligências do mundo extra corpóreo possam empregar a tecnologia de que dispõem tanto para o bem quanto para as acções destituídas de compromisso ético e moral.
"Compreendemos que as teorias do pensamento espírita e espiritualista ainda carecem de elaboração mais detalhada, pois que são repletas de considerações e aspectos que permanecem nebulosos no entendimento da antiga geração de pesquisadores.
Aliás, nenhum campo da ciência é passível de ser esgotado, de modo que sempre há lacunas a serem preenchidas pelos estudiosos, com o espiritismo, não haveria por que ser diferente."
As ideias do espírito que fazia as vezes de meu professor eram ilustradas com clareza em telas e projecções que ele utilizava, e minhas intervenções eram acatadas com tamanha satisfação que me sentia à vontade para participar.
Não eram tão frequentes as oportunidades de conversar face a face com tal espírito, o qual costumava ver em aulas e conferências de público recorde.
— Retomemos o enfoque sobre a alimentação energética — conduziu ele.
O método tradicional de obtenção de energia pelos seres extra corpóreos repousa no princípio da transformação de energia latente em energia activa, a qual pode ser plasmada, coagulada ou particularizada, de acordo com a vontade daquele que a emprega.
Pode-se fazer um paralelo bastante prático com a dimensão material a fim de esclarecer esse ponto.
A energia latente numa substância física qualquer pode ser convertida em activa quando se dá a combustão, por exemplo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 30, 2014 9:16 pm

Com tal fenómeno, a matéria transforma-se em energia radiante, com característica diferente da que apresenta em estado condensado ou sólido.
"Nesse caso, se assim podemos dizer, houve uma ascensão dimensional da energia com a queima, a qual migrou do estado latente para o activo ao tornar-se menos material.
No entanto, o processo contrário também pode ser efectuado, isto é, uma espécie de materialização, ou melhor, astralização da energia dispersa numa dimensão imediatamente superior.
É assim que os espíritos têm à disposição um reservatório energético de capacidade praticamente inesgotável.
Fazem frente à sua demanda de energia transformando-a, conforme descrito anteriormente, canalizando-a do estado natural em que se encontra para uma forma propícia à manipulação e à coagulação, utilizando instrumentos de sua tecnologia.
"A ciência terrestre já conhece há muito tempo a teoria da conversão da energia em matéria ou da matéria em energia, a qual ilustra a realidade de que as dimensões diferentes entre si também possuem reservas energéticas apropriadas para o abastecimento dos seres nelas domiciliados.
Em analogia com a física nuclear, diz-se que as diversas dimensões extra-físicas representam diferentes estados de excitação de uma energia básica, universal, única. Isso nos leva a entender que duas dimensões vizinhas podem ter conteúdo energético distinto, porém perfeitamente manipulável por seus respectivos habitantes.
Dependendo do conhecimento e da técnica que têm à disposição, os habitantes de um plano poderão lançar mão dos reservatórios energéticos do plano vizinho em benefício próprio.
Todavia, de forma alguma poderão utilizar um reservatório que estiver numa dimensão bem mais superior.
— Eis como tanto os seres físicos quanto os extra físicos podem interagir uns com os outros, realizando manipulações energéticas onde habitam! — exclamei com o júbilo de quem finalmente entendia mais sobre um tema fascinante.
— Ou seja, os encarnados poderão movimentar recursos da dimensão astral ou espiritual no uso de energias para os passes e transferências fluídicas, tanto quanto os desencarnados poderão empregar energias telúricas, solares, atmosféricas ou radioactivas de determinados elementos, bem como ectoplásmicas, para dinamizar suas criações mentais no plano em que se movimentam.
Na prática, isso se torna visível quando determinadas entidades do astral, cuja inteligência é mais avançada que a da maioria dos habitantes de sua dimensão, desenvolvem objectos e aparatos tecnológicos, constroem cidades, laboratórios e até mesmo veículos que lhes facilitem a locomoção em ambientes mais dispendiosos.
"As formas de obtenção de energia no plano astral são muito superiores a quaisquer métodos utilizados na Crosta, até mesmo se comparadas às modernas usinas nucleares.
Na dimensão astral, nenhum combustível valioso e insubstituível precisa ser modificado para sua eventual utilização, nenhuma fonte de energia corre o risco de se esgotar.
Na realidade extra física, seja astral ou espiritual, simplesmente se empregam as energias existentes no imenso reservatório da natureza ou se sugam as energias de dimensões vizinhas, paralelas.
Embora, no que se refere às entidades de perfil mais materializado e cuja sintonia com as dimensões superiores é deficiente, sejam necessários aparatos técnicos para extrapolar o uso comum dessas energias.
"Os espíritos especialistas, cientistas e magos do submundo astral, ao longo dos milénios, descobriram uma maneira de promover a sucção das reservas naturais de energia.
Aprenderam a explorar as reservas do ambiente humano, próprias dos encarnados, como o ectoplasma e as energias da natureza física, e a influenciar os elementos pressurizados no interior do planeta.
Extraem a energia contida nos minerais radioactivos encontrados no interior da crosta terrestre, no magma ou no solo dos oceanos.
Por meio da tecnologia, da força e disciplina mentais, a empregam, transformam, coagulam ou simplesmente a induzem, lançando-a em direcção a alvos certeiros, objecto de seus interesses muitas vezes mesquinhos.
"Eis, portanto, a realidade das criações mentais, energéticas e fluídicas erigidas na realidade astral e nos subplanos imediatamente inferiores, bem como dos combustíveis que garantem seu abastecimento e correcto funcionamento."
— É impressionante. E pensar que a sustentação energética consome tantos esforços e, paradoxalmente, é tratada de modo tão secundário por muitos estudiosos encarnados.
Após consentir com a cabeça, Joseph Gleber ainda pôde me inteirar a respeito de outro ponto, abordado durante a batalha presenciada em nossa visita ao cemitério.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 30, 2014 9:17 pm

Retomou ele:
— Compreende-se assim como, utilizando o mesmo método, ambos constroem armas que se assemelham àquelas existentes no mundo físico:
de um lado, os chamados obsessores, os especialistas envolvidos nas obsessões complexas, de outro, os próprios guardiões, responsáveis pela ordem e pela disciplina nas dimensões astral e física.
Embora o objectivo dessas armas não seja o de matar, pela simples impossibilidade de ser morto o habitante da esfera astral, isso não implica que sejam menos perigosas.
Algumas disparam correntes eléctricas ou radiações de elementos do mundo astral nos corpos subtis das entidades atingidas.
Outras têm a finalidade de paralisar ou interromper a conexão do cordão de ouro — que liga o corpo astral ao corpo mental —, causando o desligamento temporário do espírito de seu perispírito, o qual, atordoado, apresenta inconsciência mais ou menos duradoura.
Há aparatos bélicos que visam induzir as vítimas a estados hipnóticos mecânicos, com irradiações na faixa do ultra-som.
E ainda há aqueles armamentos mais potentes, equivalentes à artilharia pesada dos militares, responsáveis por desarticular ou desmantelar as criações fluídicas, as bases, as construções e os equipamentos dos seres extra físicos.
— "Isso tudo é possível?", devem se perguntar os encarnados — interrompi nosso instrutor, imaginando como transmitir o que ouvia para o papel, mais tarde, através da psicografia.
— É algo tão perfeitamente possível que é realizado com extrema eficiência, porém sempre de acordo com as leis que regulam o uso e as transformações da energia e sua consequente manifestação nas dimensões em que será manipulada.
A pergunta inteligente a ser feita talvez fosse:
"Se tudo isso é algo factível, perfeitamente tangível à inteligência e à razão dos encarnados, como conciliar toda essa tecnologia e seus usuários com uma simples conversação ou doutrinação, que despreza esse aparato de que se cercam?".
— Essa é mesmo uma questão pertinente — respondi meditativo, lembrando-me do início de nosso diálogo.
— Faz-se necessária, com extrema urgência, uma actualização do conhecimento e da metodologia de trabalho, visando somar esforços para a desarticulação do sistema de transformação e astralização da energia, particularmente nas criações da indústria bélica das entidades sombrias.
Não estranhe o agente encarnado quando deparar com exércitos de entidades, desde obsessores convencionais aos especializados, como os sombras, os espectros e diversas outras legiões de peritos, todos dedicados à preservação de seu modus vivendi e de interesses que possam desafiar, inclusive, nossa capacidade de entendimento de seu significado e amplitude."
Sinceramente — pensei —, mesmo no que se refere a mim, residente em uma dimensão superior ao chamado astral, muita coisa ainda me desafia inteligência e por esse motivo, se transforma em objecto de estudo permanente, para meu crescimento e meu próprio bem.
Dando por encerradas suas elucidações, o espírito Joseph Gleber despediu-se apressada, porém educadamente, comunicando-me que tinha outros compromissos e que o tempo urgia.
Também pude concluir que a quantidade de informações a mim transmitidas era suficiente.
A seguir, certamente eu teria oportunidade de fixar o aprendizado, verificando na prática os aspectos mencionados por ele.
Antes que pudéssemos penetrar mais ainda nas regiões densas do mundo oculto, Pai João conduziu o médium para repouso numa estância regeneradora — essa era a razão por que teve de se ausentar da exposição de Joseph Gleber, à qual assisti, enquanto ele lá permanecia.
Somente na noite seguinte Raul deveria submeter-se a novas tarefas, pois, como ainda estava encarnado, necessitava reabastecer-se, para que o desgaste não afectasse a saúde do corpo físico.
Após seu refazimento, seria reconduzido ao corpo para as actividades diárias.
Assim, depois da despedida do benfeitor espiritual, continuamos, Pai João e eu, em actividade na dimensão onde nos localizávamos temporariamente.
Eu sempre aproveitava os momentos de interrupção de alguma tarefa para organizar as ideias a serem transmitidas ao plano físico, mais tarde, através da psicografia.
Enquanto eu fazia apontamentos, Pai João acompanhava de perto o direccionamento da ex-modelo, após tantos anos finalmente resgatada.
Com o máximo de carinho, conduziu aquela alma carente de reequilíbrio a um posto de socorro, avalizando seu atendimento com os méritos de que era pessoalmente detentor.
Esse gesto garantiu à entidade um estágio de maior duração, para que tivesse tempo suficiente de se recompor espiritualmente e actualizar seu conhecimento, à medida que reorganizava suas emoções e seus pensamentos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 30, 2014 9:17 pm

Afinal, não bastava retirar o espírito da situação calamitosa na qual se encontrava, era preciso oferecer recursos para que pudesse se reestruturar perispiritualmente e reordenar o campo mental, afectado pelos anos de desequilíbrio íntimo.
Além do mais, com as providências tomadas tendo em vista a actualização daquele espírito, ele seria informado dos progressos realizados no mundo após seu desencarne e teria chance de fazer uma reprogramação metal, de modo a dar prosseguimento à sua caminhada espiritual.
Durante o dia, juntei-me ao pai-velho, e o passamos envolvidos com o caso da mulher que resgatamos da sepultura, até que nova noite chegou e pudemos retomar as actividades com o médium já desdobrado junto de nós.
Visitaríamos agora uma região de maior densidade, de vibrações grosseiras, aprofundando-nos no mundo astral.
Com certeza precisávamos nos proteger através de pensamentos elevados, mantendo uma disciplina mental que favorecesse a realização da tarefa.
Essa região astral localizava-se num vale.
Montanhas altíssimas podiam ser avistadas ao longe.
Os flancos dos montes, multiplamente alcantilados, apresentavam vegetação rasteira, ressequida, mas que teimava em prosperar naquela paisagem inóspita.
Atravessa o vale um córrego de águas tóxicas, naturalmente contaminadas devido às emanações mentais dos desencarnados que povoavam o local.
O córrego de odor intenso e desagradável, cujas águas tinham o aspecto de fluidos densos e pastosos, desembocava num rio, que tragava todo o conteúdo mórbido nele despejado.
Avistamos ao longe uma área que parecia uma cidade de pequeno porte, cuja estrutura oferecia recursos para no máximo 20 mil habitantes.
Por certo, os espíritos que ali conviviam, em sua maioria, estavam longe de ser exigentes em termos de beleza e harmonia.
Apesar da distância, pudemos observar, aguçando os sentidos, que apenas as edificações centrais da cidade pareciam ser produto de uma arquitectura mais moderna, enquanto a periferia aparentemente consistia de casas e prédios antiquíssimos, jungidos uns aos outros, com vielas estreitas, angulosas e de aparência desleixada.
A cidadela que visitávamos pertencia a uma das regiões mais insalubres do plano astral.
Durante séculos, segundo os registos dos guardiões, as gigantescas montanhas talhadas nas rochas consistiam em obstáculo para bandos de espíritos que poderiam fluir para ali, na tentativa de tomar aquela base do umbral.
Parecia que a civilização não chegara ao lugar, ou, se chegara, somente a região central era contemplada com algo que lembrasse o progresso.
Concentrando ainda mais a visão, pude divisar um grupo numeroso de seres que, como vultos, andavam de um lado para outro.
Muitos espíritos se aninhavam nas vielas sinuosas daquele lugar, afastado e perdido em meio à paisagem estranha do astral inferior.
Dava para entender por que alguns magos negros se alojavam naquela cidade astral enquanto empreendiam seus intentos.
Tinham como cobaias espíritos cuja capacidade mental não opunha resistência ao jugo imposto por eles.
Segundo as informações obtidas pelos guardiões da noite, as experiências levadas a cabo naquela comunidade do astral pareciam focar pessoas religiosas, isto é, aquelas que tiveram um envolvimento mental e emocional mais intenso com algumas religiões da Terra durante sua última experiência física.
Tais espíritos, embora conservassem sua característica de religiosidade, tornaram-se intransigentes e rígidos ao longo da vida, alimentando ideias retrógradas em termos de espiritualidade.
Desencarnaram, mas permaneceram apegados à culpa e aos conceitos extremos que abrigaram em suas mentes, de tal forma que se estabeleceu um clima mental favorável à acção dos magos negros, que impunham grave processo obsessivo a todos.
Dependendo dos resultados obtidos naquelas experiências psíquicas, os magos empregariam os mesmos métodos para subjugar encarnados.
Se não fosse tão mórbida, a estratégia através da qual os espíritos sob dominação haviam sido aglutinados ali poderia ser tida como admirável.
Era um capítulo à parte, lance de uma mente genial.
Aproveitando-se do círculo vicioso de culpa e auto punição que os localizou nas regiões inferiores, o mago responsável por aquela colónia desenvolveu uma técnica que fazia com que cada um enxergasse nele o líder máximo de sua denominação religiosa, num autêntico processo de fascinação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 30, 2014 9:17 pm

Para os espíritas, ele reflectia a imagem de Kardec, para os evangélicos, era um anjo, que vinha em meio às nuvens do céu; de acordo com a visão dos católicos, um santo; umbandistas e esoteristas, por sua vez, viam nele um iniciado da Fraternidade Branca.
Profundo conhecedor de artimanhas psicológicas e dos anseios e projecções de almas aflitas, reuniu a todos sob o pretexto de que, juntos, deveriam avaliar suas vidas, e assim acreditavam se preparar para a nova chance que lhes seria concedida pelo Pai.
Pai João convidara uma equipe de guardiões para nos acompanhar.
Em nossa jornada de estudos, eu ficara conhecendo diversos grupos de guardiões, cada um dedicando-se a tarefas especializadas de amparo, assistência e protecção a pessoas e lugares.
Todavia, os seres convocados por Pai João desta vez definitivamente pertenciam a uma categoria diferente daquelas que conhecêramos até então.
Eles se denominavam guardiões da noite ou especialistas da noite.
Minha curiosidade parecia não ter limites e a de Raul também; embora procurasse disfarçar, queria a todo custo saber detalhes a respeito do trabalho desse destacamento.
Pai João nos incentivou a conversar com um dos especialistas da noite enquanto nos dirigíamos ao acampamento dos magos negros.
Após sermos apresentados a Jamar, identificado como o dirigente daquela equipe, entabulamos com ele intensa conversação.
Quando Raul e eu pedimos para descrever suas actividades, ele não se fez de rogado:
— Somos uma equipe especializada no trato com os magos negros e a milícia negra que mantêm.
Os magos, desde as épocas mais remotas, organizaram-se em facções muito fechadas, sendo que cada agrupamento é governado por um único mago negro.
Evitam enquanto podem a reencarnação, mas quando a acção telúrica ameaça a estabilidade dos centros de força de seu perispírito, não há como impedir o renascimento.
— Que tipo de reacção se pode observar no corpo espiritual, ante a força telúrica e magnética, à qual você se refere?
— Essa força, que é própria do planeta Terra, exerce acção constante sobre os corpos espirituais na erraticidade, atraindo-os em direcção à Crosta, de modo análogo à gravidade, porém induzindo-os ao útero materno.
No caso dos magos negros, eles se opõem à natureza com relativo êxito, pois são dotados de intenso magnetismo e rigorosa disciplina mental, que adquiriram durante os milénios a partir do período de iniciação a que se submeteram, invariavelmente.
Como disse, protelam a reencarnação o máximo que podem.
Alguns não reencarnam há milénios.
— Mas isso é possível? — inquiriu Raul.
Isto é, poderão evitar por tanto tempo assim a reencarnação?
— É perfeitamente possível, mas não por tempo indeterminado — respondeu o guardião da noite.
— A atracção telúrica, a que me referi, faz com que as partículas astrais componentes do perispírito percam o poder de coesão, o que provoca a degeneração progressiva da forma humana, originalmente mantida pelo corpo astral.
Pagam alto preço por sua obstinação, como se vê.
O tempo que resistem é proporcional à capacidade mental de cada um.
— Quer dizer que, com o transcorrer dos milénios, os magos vão perdendo a forma humana...
— Isso mesmo — tornou o especialista.
Há um momento, portanto, em que os magos têm de reencarnar, senão podem se transformar em ovóides, perdendo de vez a aparência perispiritual e retrocedendo a uma forma mental inferior.
A conversa prendia minha atenção, por ser tão interessante, quando Pai João resolveu dar sua contribuição ao diálogo:
— Com isso, meus filhos — falou o preto-velho —, chegamos a um tema interessante para o estudioso.
A constelação de poder formada há milénios pelos magos negros foi obrigada a programar uma espécie de sucessão entre os diversos dirigentes das falanges que representam.
Como enfrentar a reencarnação e, ao mesmo tempo, conservar-se no poder, exercendo o domínio entre os integrantes dos grupos de magos?
Essa é uma questão que os tiranos tiveram de solucionar.
— A reencarnação significa — completou o guardião da noite — o esquecimento do período entre vidas.
Ou seja, o espírito, ao renascer, perde temporariamente a memória dos acontecimentos ocorridos até então.
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Além do mais, como reencarnação significa progresso, uma vez no corpo físico, os magos estão sujeitos à modificação profunda de suas ideias, no contacto com uma visão diferente do mundo e da verdade.
Pai João, reflectindo um pouco, compartilhou mais alguns esclarecimentos:
— Os magos não aceitam, de modo algum, correr o risco de perder, ainda que temporariamente, a memória dos fatos que vivem no plano astral.
Não estão dispostos a abrir mão do poder que detêm nas regiões inferiores, e, nesse contexto, a reencarnação configura-se num entrave aos seus planos.
Por essa razão, estão determinados a evitá-la, adiando por um tempo sobremodo longo o retorno ao corpo físico.
O problema enfrentado pelos magos foi aparentemente solucionado com um sistema de sucessão de poder entre os representantes das sombras.
Sem desejar abdicar do domínio mental sobre seus subordinados, estabeleceram que seriam substituídos, apenas durante o período reencarnatório, por outro mago que apresentasse condições para exercer o comando entre os espíritos das trevas.
— E que condições são essas? — perguntou Raul, ansioso por saber mais.
— O candidato à sucessão deveria mostrar intensa força mental e disciplina, somente aprendidas nos templos iniciáticos do passado remoto, além de conhecer profundamente os elementos da natureza e saber manipular outras mentes com extrema desenvoltura.
Para passar no teste, seria submetido a um rigoroso tratamento hipnótico pelo mago negro que deve reencarnar, a fim de garantir que não usurpasse o poder indefinidamente.
O sistema desenvolvido pelos magos se afigurava diabólico, considerando suas pretensões ousadas.
Foi Jamar quem contribuiu novamente com sua palavra de esclarecimento:
— Poderia ocorrer que, na hipótese de o mago retornar a seu território no astral, após a reencarnação, não conseguisse mais exercer o domínio sobre a comunidade que subjugava anteriormente.
Seu substituto poderia se libertar das sugestões hipnóticas e assumir o controle directo e permanente sobre os demais magos e espíritos, então submetidos à sua autoridade.
Nesse cenário, a hipnose profunda é a garantia de que, ao retornar à dimensão astral, o poder imediatamente retorne ao primeiro mago negro, e tudo continue da forma como programaram.
— Então, pode haver a usurpação do poder entre eles? — perguntei por minha vez.
Sabemos, pela história da humanidade, que os déspotas e governantes que exerceram o domínio das multidões de modo autoritário nunca confiaram plenamente em seus subordinados, nem mesmo em seus supostos aliados.
Não raras vezes foram traídos pelos mais próximos de si.
Pode se dar o mesmo entre os magos negros?
— Sim, Ângelo, e com frequência isso se verifica — respondeu Jamar.
Embora os comparsas das trevas ajam com afinco e demonstrem tenacidade em seus propósitos, o que dá a ilusão de serem unidos, existe permanente disputa pelo poder entre as diversas facções de espíritos desta dimensão inferior.
— E, como a ganância nunca se satisfaz, há sempre articulações para conquistar mais e mais... — acrescentou Raul, sem interromper o guardião.
— Diante da necessidade de se estabelecer um planeamento duradouro, que abrangesse um período mais ou menos longo, correspondente ao intervalo de uma encarnação, elaboraram uma especialização para sentinelas das sombras, compondo a chamada milícia negra dos magos.
Criaram assim um sistema que visa lhes assegurar a colaboração de uma espécie de guerrilheiro, que tem diversos objectivos, entre eles o de exercer constante vigilância sobre aquele que for substituir cada mago enquanto permanece reencarnado.
Os sombras, como são conhecidos os soldados dos magos, são monitorados psíquica e completamente pelas mentes dos maiorais das trevas.
Muitos deles são submetidos durante anos a um terrível controlo hipno-sugestivo, a fim de garantir a total submissão ao mago dominante.
— Parece que a mente diabólica dos magos pensa em cada detalhe...
— É verdade que desenvolveram um plano muitíssimo detalhado para o caso de terem de reencarnar, por força da lei.
Os tais sombras, ao mesmo tempo em que representam um poderoso factor de poder nas regiões do umbral, também se especializaram em diversos sectores.
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LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 30, 2014 9:18 pm

Contudo, o controle hipnótico prolongado, a que fizemos alusão, acaba por afectar seriamente a capacidade de raciocínio, própria do corpo mental.
Esses seres sofrem uma espécie de lavagem extra cerebral por parte dos magos.
O assunto era fascinante.
Mesmo com toda a minha imaginação, não poderia supor que o jogo de poder nas legiões das trevas acabara por criar uma espécie de política ou sucessão astral.
Agora eu era capaz de entender melhor como, entre os encarnados, as questões ligadas à política também se mostravam tão complexas, uma vez que, nas dimensões extra-físicas, as disputas pelo poder e pelo domínio das consciências se transformaram num embate extremamente ardiloso e acirrado.
Se entre os representantes das trevas era assim, o que dizer do sistema vigente entre os encarnados, tão susceptíveis de captar as influências do plano astral?
Pai João, após dar um tempo para raciocinarmos quanto às informações que nos eram transmitidas, continuou pausadamente:
— Entre os sombras, os que foram submetidos ao controle mental intensivo e específico com a finalidade de vigilância nunca são conhecidos pelos sucessores ou substitutos dos magos.
Eles se misturam aos demais sentinelas, de forma tal que exercem o papel de agentes secretos dos magos negros durante o período em que estejam reencarnados.
Porém, nem todo esse cuidado garante de modo inequívoco ao mago reencarnante que o poder lhe será devolvido.
Sempre corre o risco de seus planos irem à falência.
— Sim — continuou o guardião da noite, com novas informações.
Outra coisa pode acontecer no decorrer do período no qual o mago negro estiver reencarnado.
Dependendo da lucidez e da disciplina mental do reencarnante, já no útero materno começa a exercer influência sobre a formação do embrião.
Conforme seus interesses, manipula, inclusive geneticamente, seu futuro corpo, de modo a propiciar, entre diversas aptidões, o desdobramento consciente.
Assim, ao longo da vida física, pode policiar seu território astral e exercitar seu poder, ainda que de modo menos intenso, mas nem por isso ineficaz.
Desdobrado, durante o sono físico, retorna a seu posto de comando, nas regiões inferiores do astral, e então vive duas faces da realidade.
Uma como encarnado, quando pode difundir suas ideias entre os homens, num âmbito mais abrangente e perceptível, e outra no astral, enquanto seu corpo físico dorme, de maneira que se mantenha ainda como controlador das falanges sombrias.
— Mas existe algum registo na história, em que magos negros tenham realizado esse tipo de influência dupla? —- perguntou Raul.
Quero dizer, casos em que, desdobrados, exerceram poder e coordenaram processos obsessivos e, ao retornar a seus corpos físicos, durante o dia, deram sequência a seus planos macabros entre os encarnados?
— Temos muitos lances conhecidos, que se transformaram num problema complexo, desafiando nossas equipes de trabalho.
O inquisidor Tomás de Torquemada [1420-1498] e Rasputin [1869-1916], que hoje é um dos mais temidos magos negros do astral, tanto quanto muitos outros, são exemplos de espíritos que se viram obrigados a reencarnar para não perder a forma perispiritual.
Rasputin, além de exercer seu império e fascínio sobre o czar e a czarina russos, ao dormir, continuava a elaborar seus planos de dominação das consciências e a comandar as falanges das trevas que mantinham estreitas ligações com ele.
O aiatola Khomeini [1900-1989], ditador que ocupou o poder no Irão durante 10 anos, também é um mago negro que provoca grande assombro entre os habitantes do astral, embora seus objectivos sejam antagónicos aos de Rasputin, o que os torna inimigos.
Ambos têm em torno de si sistemas rivais de poder.
Mesmo durante a encarnação, desdobrado através do sono físico, Khomeini conseguia manter o dirigente escolhido para sua sucessão no astral sob intenso controlo hipnótico.
Dessa forma, garantiu pessoalmente a consecução de seus projectos nas regiões inferiores.
Portanto, agia em duas dimensões da vida ao mesmo tempo.
— E como ficam aqueles que são dominados ainda no corpo pelos magos reencarnados? — voltou a indagar o médium.
Refiro-me ao que ocorre no período após a morte, como, por exemplo, na situação dos soberanos russos.
— Rasputin, igualmente, fazia esse papel de agente duplo — elucidou Jamar.
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LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 30, 2014 9:18 pm

Ora na vigília física, com ascendência sobre os que orbitavam em torno de si, ora no plano astral, enquanto dormia, não abandonava sua posição de supremacia entre os desencarnados.
O mago russo exercia tão grande domínio mental sobre seus subordinados que nenhum deles pôde se furtar a seu jugo.
Quanto aos czares, ao desencarnar, permaneceram sob o braço forte do influente mago que, durante a vida física, os submetera completamente.
— Esse então pode ser classificado como um caso de obsessão complexa? — questionou novamente Raul.
— Não é só isso — interferiu Pai João, ao passo que respondia ao médium.
A magia negra tida como a acção dos magos do astral é o tipo mais intricado de obsessão do qual se tem notícia.
Nesses processos complexos de obsessão, meus filhos, quando há influência dos magos e de magia negra do astral, implantação de aparelhos parasitas ou elementais utilizados por esses seres perigosos, em geral se observa o uso de campos de força dissociativos ou magnéticos de acção contínua.
Os magos conhecem profundamente tais ferramentas, empregadas como agentes de instauração de desarmonias tissulares, que, por sua vez, dão origem a processos cancerosos, provocados frequentemente por eles.
Como a maioria dos médiuns e dirigentes espíritas ainda não despertou para a realidade das obsessões complexas, os magos encontram vasto campo de acção entre os encarnados.
— Mais ainda, Pai João — adicionou Raul.
Muitos dirigentes espíritas não aceitam sequer a existência da magia negra, vendo nos magos apenas espíritos ignorantes que tentam nos enganar com sortilégios e mentiras.
— Muita gente confunde magos negros com feiticeiros...
— Eu mesmo já confundi esses dois tipos de seres do astral — reconheceu o médium.
No entanto, pude ver nos estudos a enorme diferença entre eles, tanto no conhecimento quanto na metodologia empregada nas obsessões que promovem.
Esclarecendo ainda mais a situação, Pai João complementou:
— Enquanto os magos negros são os personagens mais atemorizantes do astral inferior, profundos conhecedores de certas leis do mundo oculto, os feiticeiros podem ser considerados a degeneração dos magos.
Isto é, mesmo que representem uma força considerável nos casos de obsessão, não detêm o saber milenar que possuem os magos; ainda fazem uso de matanças, ebós, despachos e oferendas como forma de canalizar suas energias para as pessoas visadas.
Os magos negros não agem dessa maneira, possuem requintes de elaboração e sordidez em seus projectos, que os feiticeiros estão longe de alcançar, pois aqueles são iniciados dos grandes templos do passado remoto e exímios manipuladores das forças mentais.
Os magos podem, por exemplo, controlar completamente os elementais naturais, que utilizam como seus agentes, além de impor a seus subordinados estreita submissão a suas mentes poderosas, em carácter duradouro.
Ao contrário, para se ter uma ideia, há feiticeiros que, ao ingressar na erraticidade, tornam-se presa tanto das entidades como dos elementais escravizados por ele, denotando seu despreparo e sua capacidade limitada.
Os comentários estavam cada vez mais interessantes e nos envolviam intensamente com novas perspectivas, quando o guardião da noite interveio com uma anotação e sugestões acerca de nossa actividade:
— Precisamos ficar mais atentos agora, pois estamos cada vez mais próximos do acampamento dos magos.
Aconselho que nos sirvamos de um veículo para facilitar a locomoção, pois, a partir daqui, as vibrações se tornam bem mais grosseiras, exigindo de nossa parte maior concentração de energia mental.
Com efeito, o solo era cada vez mais escarpado, e não era sem esforço que nos equilibrávamos para caminhar; mesmo assim, sem muita agilidade.
Como que se antecipando à surpresa de Raul diante de sua proposta, Jamar acrescentou:
— Na hipótese de utilizarmos um veículo para nosso transporte, não precisaremos empregar um quantum de força mental tão grande e intenso, pois viajaremos nestas regiões num equipamento artificial criado especialmente para este fim, de modo a favorecer-nos o trabalho.
— Seria uma espécie de nave que nos transportaria? — perguntou Raul, sorridente.
Ele adorava naves espaciais...
— Creio que você já conhece o chamado aeróbus, utilizado em algumas cidades espirituais.
— Sim, inclusive já tive oportunidade de ver de perto um desses veículos — disse Raul, com certo ar de decepção.
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LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 30, 2014 9:18 pm

— Pois o nosso comboio pode ser considerado algo semelhante, embora adaptado às condições do ambiente onde nos encontramos.
Após uma ligeira troca de olhar entre o guardião da noite e Pai João, o preto-velho concentrou seu pensamento por alguns segundos, e, em pouco tempo, deslizava perto de nós o equipamento que nos transportaria ao reduto dos magos.
Acomodamo-nos dentro dele enquanto outro guardião desempenhava a função de condutor.
Dessa forma, pudemos acompanhar mais detalhadamente a paisagem ao derredor e os elementos próprios da cidade que visitaríamos.
À medida que nos aproximamos da cidadela sombria, pude observar detalhes que antes, ao longe, me escaparam.
O perímetro era delimitado por uma muralha, e, acima dela, uma cintilação de cor roxa indicava a existência de um potente campo de força envolvendo todo o vilarejo.
Nos imponentes portões que se erguiam diante de nós, dando acesso ao imenso acampamento, havia duas estátuas gigantescas, que competiam com a estrutura da muralha em grandiosidade.
Ambas retratavam um ser envolto num manto negro e escaríate, com uma das mãos espalmada sobre o peito e a outra apontando à sua frente, como se indicasse algo no horizonte ou, talvez, saudasse alguém com altivez.
Entre as duas esculturas, elaboradas, naturalmente, em matéria astral, estavam os portões da cidade, que se abriram à nossa presença.
Assim que chegamos, dois sentinelas da falange dos sombras se apresentaram imediatamente, armados com escudos e lanças, que pareciam instrumentos de tecnologia avançada, embora encobertos por aparência rústica.
— Fiquem aqui, quietos — instruiu Pai João, dirigindo-se a mim e ao médium, ao passo que ele e Jamar se achegavam aos soldados.
Pai João assumiu uma postura mais firme, demonstrando sua ascendência espiritual, enquanto o guardião da noite, envolvido num campo de protecção individual, parecia brilhar dentro desse recurso energético, criado exclusivamente para a ocasião.
Com voz de comando, própria de iniciado de um passado longínquo, Pai João falou aos sombras:
— Viemos fazer algumas observações.
Diga a seu chefe que nos receba imediatamente.
— Vocês não deveriam vir aqui — respondeu um dos integrantes da milícia dos magos.
Não são bem-vindos e, além disso, poderão atrapalhar nossas actividades.
Provocando o sentinela das sombras, Pai João ordenou, com autoridade inquebrantável:
— Não podemos perder tempo. Chame seu superior e diga-lhe que ternos a permissão do Cordeiro para entrar e fazer uma inspecção no ambiente.
— E quanto àquele ali? — retrucou, indicando o médium desdobrado.
Ele é um vivente.
Não convém que conheça nosso acampamento...
— Vá! — determinou enfático o guardião da noite, interferindo abruptamente.
Não pode ver que ele é nosso protegido?
Temos autoridade superior e não estamos dispostos a perder tempo com vocês.
Somente agora pude ver a autoridade da qual se revestia o especialista da noite, pois prontamente os sombras obedeceram, trancando os portões da cidade após entrarem, para nos impedir temporariamente.
Talvez não conhecessem Pai João e o guardião que nos guiava naquele território.
Mas, mesmo assim, sentiram a força que emanava de suas palavras, que, embora severas, representavam um poder superior ali, naquelas paisagens do umbral inferior.
Passado algum tempo, surgiu um estranho ser à nossa frente, após os portões se abrirem novamente.
Secundado por uma tropa de sentinelas, todos armados, o estranho parecia ter o olhar vitrificado, parado no tempo.
Pelo menos era essa a impressão que tinha ao vê-lo.
Um manto escuro envolvia todo o corpo espiritual daquele ser, que parecia algo deformado debaixo da túnica negra.
Rugas profundas marcavam a face do espírito, fazendo com que ele aparentasse uma idade acima dos 100 anos ou muito mais, devido ao aspecto notavelmente antigo que seu perispírito demonstrava.
Cintilação intensa pôde ser percebida envolvendo-o, que, por certo, eram potentes campos de força, sobrepostos em camadas.
O ser literalmente deslizava sobre o solo astral, como se andasse sobre patins, embora fosse patente a dificuldade com que se movia, ocultada de modo precário.
O ambiente tornou-se subitamente carregado ante a figura daquele espírito.
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LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 31, 2014 10:10 pm

Não fosse nossa presença, com certeza o médium Raul teria sido acometido de profunda depressão e angústia.
Era algo de uma dimensão assustadora, tanto quanto a aura tétrica e sinistra da qual o ser se revestia.
Os sentinelas ou os sombras evidenciavam total submissão ao representante das trevas.
Era tangível a aura de pavor intenso que dominava a milícia negra, em virtude da presença daquele ser de aspecto assombroso.
Ao ver Pai João e o guardião da noite, o mago expressou-se com desprezo.
Sua voz era gutural:
— Ah! São vocês.
Os malditos filhos do Cordeiro...
— Não tolerarei essa referência ao Senhor de todos nós — falou Pai João enfático.
— Senhor de vocês, pois aqui, nestas regiões, o único poder reconhecido é o nosso.
— Para que saiba que seu poder é tão transitório quanto sua arrogância — falou o preto-velho, fixando firmemente o olhar no representante das sombras — veja o que posso fazer e o quanto posso.
Vi como Pai João se transformou à nossa frente, assumindo nova aparência.
Agora vestia um manto branco e trazia, encimando a cabeça, um adorno próprio dos iniciados antigos.
Manipulando os fluidos do ambiente astral, criou a forma de um bastão e, com o braço estendido, inseriu-o na cintilação que envolvia o mago, desfazendo no acto todos os campos de força que o envolviam.
Nesse instante, o ser urrou vorazmente à nossa frente, como um animal sendo sacrificado, e a voz de seu desespero ecoou por todo o vale.
Ao mesmo tempo, bateu em retirada, como que rebocado por uma força invisível, que o arrastava em velocidade alucinante para longe de nós.
Forte ventania assolou a entrada da cidadela, abatendo os sombras, que se chocavam contra as construções e corriam enlouquecidos, de um lado para outro, sem poder se equilibrar.
Alguns caíam no solo astral, e outros conseguiam fugir, apavorados, pois não sabiam para onde fora seu dirigente ou superior.
Neste momento, Jamar, o especialista da noite, interferiu, agitando levemente os braços e projectando jactos de fluidos de cores variadas em torno, acalmando a situação.
O sopro frio de João Cobú também colaborou para restaurar o ar pacato, porém soturno da aldeia.
Os sentinelas se aquietaram, comportando-se então como um grupo de seres sem direcção.
Não sabiam o que fazer e aonde ir; estavam em colapso, acometidos de um torpor repentino.
Pai João assumiu novamente a forma do pai-velho, vestido impecavelmente de um terno branco, conservando o olhar sereno e seguro que nos guiava.
Ele era com certeza o representante de um poder superior, que não havia como ignorar.
Adentramos os portões da cidade, na qual os magos usavam muitos espíritos como cobaias de suas experiências.
O local parecia em rebuliço depois da fuga do mago negro.
Acredito que os seres que ali eram mantidos em regime de prisão tenham ficado completamente dependentes, já que haviam sofrido uma espécie de reprogramação mental.
Religiosos e indivíduos que ocuparam cargos eclesiásticos, médiuns que não honraram o divino legado que lhes foi confiado, representantes de instituições de diversas filosofias espiritualistas, todos desencarnados — além de alguns poucos encarnados, desligados temporariamente de seus corpos físicos —, eram vistos andando pelas ruas daquela cidadela das sombras.
Eu e Raul estranhávamos o facto de espíritos com tal história serem utilizados como experiências vivas por uma classe de seres do astral inferior considerados altamente perigosos.
Quando ainda estávamos pensando nessas questões, Pai João interferiu beneficamente em nossos pensamentos, esclarecendo-nos com maiores detalhes:
— Os magos negros, meus filhos, são espíritos especializados em manipulação de fluidos da natureza e exímios conhecedores das leis que os regulam.
Receberam iniciação espiritual nos diversos templos da Antiguidade e de civilizações ainda mais remotas, e, como iniciados, forjaram seu conhecimento e sua disciplina mental em anos e anos de adestramento das faculdades da alma, sob a tutela de seus superiores hierárquicos.
O tema nos fascinava, mas principalmente a Raul, que parecia se interessar ainda mais.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 31, 2014 10:11 pm

Acabou nos favorecendo sua curiosidade a respeito do assunto, já que muitas perguntas ele fazia, para as quais Pai João sempre tinha uma resposta iluminadora.
— Considerando que nos templos e escolas iniciáticas foram realizadas cerimónias ou ministrados ensinamentos a respeito de um conhecimento superior, qual a relação dos actuais magos negros com os magos e iniciados do pretérito?
— Como regra, toda iniciação foi realizada para o bem, para o uso dos elementos da vida oculta com intuito de auxiliar a humanidade.
Em geral, a pessoa era admitida nos colégios iniciáticos desde cedo, a partir dos 7 anos de idade.
Num processo lento e gradual, à medida que oferecia condições e a maturidade despertava, o aprendiz recebia ensinamentos compatíveis com seu momento evolutivo e sua capacidade.
Até que, ao completar 42 ou 49 anos, faixa etária observada na maioria das ordens iniciáticas, era recebido como mago maior ou alçado à categoria de grão-mestre daquele templo de sábios.
A partir de então, o mago branco estava apto a conduzir outros aprendizes, formando novos colégios iniciáticos.
O período longo de aprendizado era favorável ao desenvolvimento da disciplina mental e do poder de manipular certos fluidos, segundo as leis do mundo oculto.
Era um modelo lento, porém eficaz, e aqueles que a ele se submetiam eram reconhecidos tanto nas comunidades às quais se vinculavam quanto nos planos adjacentes à Crosta, como representante de poderes superiores.
Contudo, nem todos se sujeitavam ao processo sem interesses particulares e, por vezes, escusos.
Algumas pessoas, desenvolvendo a sede pelo poder e pelo domínio mental sobre os demais membros de suas ordens, acabaram desvirtuando-se e desviando-se dos sagrados objectivos para os quais lhes foram concedidos os poderes iniciáticos, conforme se dizia na época.
Nasciam, então, os magos negros.
Revoltados e gananciosos, desejavam a todo custo subjugar os grupos a que pertenciam, deixando-se transtornar com a inveja que sentiam de seus superiores e fomentando, assim, o espírito de insurreição e tirania.
— Existia especialização entre os magos e os diversos grupos ou templos iniciáticos do passado?
Parece que por aqui, na região astral, há diversos grupos rivais, que lutam entre si...
— No momento de sua iniciação, no passado — respondeu Pai João, despertando ainda mais nossa atenção —, os magos escolhiam ou eram levados aos diversos templos iniciáticos de acordo com o mandato espiritual que possuíam.
Todavia, apenas os grão-mestres ou sumos-sacerdotes desses templos tinham acesso aos arquivos espirituais de seus tutelados.
Desse modo, ao longo dos anos e milénios, nasceram diversos centros de formação espiritual, cada qual especializado segundo o compromisso e a afinidade daquela região ou daquele agrupamento.
"Aqueles magos negros do plano extra físico cuja iniciação e formação oculta sucederam em regiões da Mesopotâmia, da Caldeia e da Pérsia utilizam-se hoje de seus pupilos, encarnados no Oriente Médio, como suas marionetes.
Têm um verdadeiro exército à disposição entre os indivíduos pertencentes aos grupos radicais e adeptos de regimes extremistas que lá vigoram.
Estes, ao desencarnar, muitas vezes são convertidos definitivamente em sentinelas e agentes daqueles magos, já que a iniciação com as mesmas raízes culturais lhes confere soberania sobre tais consciências.
Além disso, como cederam à pujança e à fascinação pelo poder ainda encarnados, é com pouco esforço que os magos os manipulam após a morte do corpo."
As informações de Pai João eram demasiadamente ricas nos detalhes e muitíssimo importantes para quem fosse trabalhar com processos de obsessão complexa, no trato com os magos das trevas e seus métodos.
Notadamente, aqueles trabalhadores que optaram por se instrumentalizar, lançando mão de técnicas mais modernas, teriam nas orientações de Pai João um excelente material.
Por isso, acredito, Raul perguntava mais e mais.
Não somente porque tanto ele próprio quanto eu aprenderíamos, mas com o objectivo de que as explicações ficassem registadas para consultas futuras.
Sabendo de nosso interesse, o preto-velho Pai João de Aruanda continuou discorrendo sobre os chamados senhores da escuridão, enquanto caminhávamos por entre as construções estranhas da região astral:
— Hábeis na manipulação das energias do duplo etérico e no uso de elementais naturais para suas investidas no mal, os magos se dedicam a treiná-los para aplicação nos processos de obsessão complexa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 31, 2014 10:11 pm

Estabelecem contratos com outras organizações interessadas em seus serviços sofisticados e altamente especializados e, em troca, exigem pesados tributos das associações umbralinas que se submetem ao seu poderio, muitas das quais subestimam as consequências de barganhar com os magos.
"Vamos retomar nossos comentários anteriores, meus filhos — prosseguiu Pai João.
Aqueles que disciplinaram seu pensamento e adquiriram seus conhecimentos na época do Egipto, nos templos de Karnac, Heliópolis e outros centros de referência, além, é claro, daqueles advindos da Atlântida, distinguem-se pela actuação no âmbito da mente.
O uso, a manipulação e a exploração da faculdade de pensar e do corpo mental, com todas as consequências advindas desse saber, constituem sua especialização.
Desencarnados, sintonizam-se com as hostes das sombras, visando à ascendência sobre cientistas, psicólogos, médicos e psiquiatras, também afinados com seus propósitos.
Esses profissionais podem se transformar em instrumentos da acção perversa dos magos, sem que o suspeitem, pois a influência desses espíritos desajustados é discreta, imperceptível ao olhar desatento, ao menos até se instaurar mais definitivamente.
"Empregam força mental, hipnose e magnetismo, promovendo inclusive o sequestro do duplo etérico de encarnados para experimentos, nos laboratórios que administram em aliança funesta com os cientistas do mal.
Nesse conluio, engendram elementais artificiais para contaminação mental, com o objectivo de direccionamento do corpo mental dos encarnados e domínio psicológico sobre as massas.
Do aprimoramento desse processo surgem os chamados clones de encarnados, e mesmo de outros espíritos, pois conseguem implantai-nos elementais uma memória fictícia, um dado conteúdo mental com vida temporária, que os anima, portanto, igualmente artificial."
— Já deparei com casos assim — disse Raul.
Entretanto, vi apenas clones de encarnados, encontrados em bases das sombras; não sei nada a respeito de clones de desencarnados.
Poderia dar um exemplo?
— Claro, Raul! — continuou João Cobú.
Conhecemos muitos agrupamentos espiritualistas ou espíritas, tanto quanto médiuns sujeitos a longos anos de fascinação, conforme classificou Kardec, que julgam ser devidamente acompanhados por seus mentores.
Em inúmeros casos, o que denominam de orientadores espirituais nada mais são do que clones, estruturados de tal forma a permitir a manipulação à distância.
As criaturas artificiais obedecem ao regime imposto pelas trevas, mas são percebidos próximos de seus médiuns como mentores elevados, que vêm em missão junto a seus pupilos. Instauram-se assim obsessões graves e de difícil resolução, perpetradas por magos negros interessados na condução de sensitivos e de grupos.
Com a vantagem de que estão ausentes, reclusos às suas bases sombrias, onde se dedicam com relativa liberdade aos vários projectos de sua cobiça e, ao mesmo tempo, previnem-se quanto a possíveis surpresas, que os poderiam flagrar.
"Não raro, os alvos da operação em curso trazem as mentes e os pensamentos desorganizados com teorias estranhas e exóticas, que extrapolam os limites do bom senso.
Convém observar que as pessoas envolvidas em fascinação e, portanto, também nesse tipo particular de obsessão complexa, costumam apresentar tal característica.
Como a maioria dos espiritualistas ainda nem admite a acção da magia negra, especialmente do modo como a empreendem os magos, tornam-se presas fáceis desses déspotas do umbral.
Os encarnados obsediados pelos magos das sombras com especialização mental passam a ser objecto de uma lavagem extra cerebral, que substitui por outros, sedimentados passo a passo, os padrões mentais naturais e conquistados pelo espírito no decorrer de sua história.
Em geral, têm predilecção por médiuns e representantes religiosos."
— Então, o procedimento utilizado nesse tipo de obsessão — interferi agora, em lugar de Raul — deveria gerar a eclosão de uma nova ferramenta para o enfrentamento da problemática, compatível com o grau de conhecimento de seus agentes...
— Certamente que sim!
As trevas têm se especializado e aprimorado cada vez mais intensamente seus métodos, mas infelizmente a maioria dos grupos espíritas e umbandistas ainda prefere cristalizar-se na metodologia consagrada ao longo de décadas.
É fundamental a abertura consciente para o novo, o avanço que se incorpora à base, ao que já existe.
Muitos insistem em ver a mudança como substituição do que se fez até então, o que é um equívoco de grandes proporções.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 31, 2014 10:11 pm

Capacitar-se significa somar, e não subtrair ferramentas.
Se porventura tais agrupamentos não se actualizarem urgentemente, ficarão desprotegidos e à mercê de investidas das quais não poderão esquivar-se.
É inadiável a actualização dos métodos espíritas e umbandistas, em face dos ataques cada vez mais elaborados dos emissários das sombras.
— Nesses casos, Pai João, não é suficiente a simples doutrinação desses seres?
— Pois é, meu filho...
Não adiantam apenas palavras decoradas de trechos do Evangelho ou conceitos apreendidos nas aulas de catequese espiritual.
Aliás, cada vez mais a doutrinação tradicional será eficiente para um número menor de espíritos, que, à medida que reencarnam, tornam-se mais capazes, críticos e questionadores.
Basta ver que as respostas de décadas atrás não mais saciam a curiosidade e as questões levantadas pelas crianças de hoje em dia, na Terra.
O nível de elaboração é outro, e as explicações simplórias não mais as convencem.
Portanto, no âmbito da terapia espiritual, também o diálogo precisa ser reformulado em seus princípios, incorporando elementos da programação neurolinguística, da psicologia, em suma, das áreas da comunicação e das disciplinas que tratam do conhecimento da alma humana.
Nada de pregação estéril; em vez disso, conversas que busquem revelar, para si mesmas, o íntimo das próprias criaturas em desequilíbrio, habilidade em que era mestre o Nosso Senhor, Jesus.
"Agora, com relação à abordagem dos magos negros, não há como se furtar ao entendimento de alguns factores centrais.
Por exemplo, esses espíritos se revestem de campos de força de natureza distinta, para fins de protecção, aglutinação das células perispirituais e deflexão da luz, entre outras funções, o que causa invisibilidade e faz com que os médiuns nem ao menos os percebam em suas reuniões.
Há ainda outros elementos dos quais se utilizam como instrumentos para a consecução de seus planos sombrios, além dos que já mencionamos.
Como você afirmou, Ângelo, o desenvolvimento da metodologia do processo obsessivo por parte desses espíritos nos leva fatalmente à necessidade de desenvolver procedimentos desobsessivos à altura, actualizando a forma e o conteúdo de nossas possibilidades.
E repare que isso é tão-somente reagir às sombras, quando o ideal que perseguimos é anteciparmo-nos à sua acção nociva e maligna."
Auxiliados pelo especialista da noite, que permanecia atento às diversas manifestações dos espíritos que cruzavam nosso caminho na cidadela dos magos, continuávamos nossa conversa, cada vez mais interessante.
Estávamos tão absortos nas explicações do pai-velho que nem percebíamos os ruídos, o burburinho e os impropérios dos espíritos à nossa volta.
Não precisávamos nos ocupar da segurança, ao menos naquele momento, pois Jamar inspirava temor e respeito nos sombras, a tropa de elite dos magos — que, de todo modo, havia sofrido golpe mortal, desferido contra seu chefe por Pai João de Aruanda.
Além disso, o guardião providenciara para que uma cúpula nos abrigasse em energias de dimensão superior.
Pai João continuava:
— E não podemos nos esquecer, Ângelo e Raul, de que, além dos magos negros, existe uma legião de espíritos também especializados, cujos métodos denotam franca decadência, que são os chamados feiticeiros do astral.
Ambos constituem categorias claramente distintas, apesar de bastante confundidas.
Pai João retomava o assunto já citado anteriormente, porém, agora, com mais detalhes:
— Os magos, como lhes disse antes, são especialistas e iniciados em templos e colégios do passado antigo ou remoto, dotados de vasto saber.
Por outro lado, os feiticeiros, na melhor das hipóteses, são aprendizes, experimentadores da manipulação energética e fluídica, que tiveram contacto com um ensino degenerado, superficial e vulgar, se comparado ao que possuem os magos.
Estão ainda extremamente apegados a elementos mais grosseiros, tais como despachos, ebós e objectos de fetiche de um modo geral, além de sacrifícios de animais, pois, em sua grande maioria, são dependentes do plasma sanguíneo.
Empregam métodos bastante materiais na tentativa de atingir seus alvos, costumeiramente motivados por vinganças pessoais, encomendadas ou não.
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LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 31, 2014 10:11 pm

"Na verdade, os feiticeiros constituem grupos menos especializados, ainda que fortemente intimidadores.
Habitualmente adestrados no uso de substâncias tóxicas diversas, extraídas do bioplasma das plantas, é frequente que estejam vinculados a traficantes e usuários de drogas, bem como ao desenvolvimento de novos narcóticos de uso popular.
Além disso, empregam artefactos em suas empreitadas, como, por exemplo, condensadores energéticos e elementais naturais, viciados por eles.
Gostam de actuar magneticamente em indivíduos com crenças exóticas e recorrem aos chamados exus inferiores para a realização de seus trabalhos.
São um misto de magos e vampiros.
"Os feiticeiros astrais típicos foram iniciados em religiões de origem ou de influência africana, tais como catimbós, canjerês, candomblés e vodus.
São antigos pais e mães-de-santo que se desviaram da ética espiritual.
Podem ser encontrados também entre os representantes do pensamento nas diversas áreas de actuação humana, como na política, na religião e em outras.
Não podemos ignorar que a forma mais elaborada de feitiçaria é a mental; aliás, é aquela que mais se aproxima da genuína magia negra.
Portanto, onde há carisma e magnetismo a serviço da manipulação de massas ou individualidades, provavelmente há feitiçaria mental em andamento.
Sob esse ponto de vista, encontramos seres especializados no emprego da força da mente em variados graus, independentemente da religião a que pertencem.
Pastores e pregadores evangélicos, pentecostais e neo-pentecostais, assim como dirigentes religiosos, sejam eles católicos, espíritas ou maometanos, muitos deles integram as fileiras de feiticeiros quando se distanciam do conteúdo espiritual de seu trabalho e se deixam corromper.
"Os magos propriamente ditos trabalham com elementais e criações do pensamento, egrégoras, contaminações energéticas e ordinariamente mantêm bases na subcrosta, nas profundezas dos oceanos e nas cavernas incrustadas nas rochas.
Em suma, locais de difícil acesso, pelos quais médium algum sente atracção.
Eventos como o que presenciamos aqui, nesta cidadela, ou seja, magos dirigindo vilas do umbral e mantendo-as sob comando hipnótico, são apenas laboratórios, campos de experiência.
As bases efectivas de espíritos dessa classe situam-se em regiões ainda mais incrustadas no submundo astral."
— Pelo que vimos aqui, eles não são lá muito unidos... — interferi, alterando um pouco o rumo da conversa.
— Há a união provocada pela intimidação e pelo receio, ou mesmo imposta pela coerção mental, mas somente dentro do próprio grupo.
— Se é que podemos denominar de união essa coesão com ar de tirania, baseada no acatamento e na subserviência.
— É verdade, Ângelo — retomou o preto-velho.
Entre si, as diversas ligas de magos ou falanges disputam o poder em carácter permanente.
Há verdadeiras guerras desencadeadas pelo abuso e pelo desejo de oprimir e sujeitar os demais.
A rivalidade é acirrada nessas faixas de existência do mundo astral.
Não se esqueçam, meus filhos, de que não estamos visitando a espiritualidade propriamente dita, mas estâncias de escuridão muitíssimo materializadas, sob todos os sentidos.
Estávamos completamente inebriados pelos comentários de Pai João a respeito dos magos negros.
Ele mesmo, João Cobú, era um mago branco, a serviço da luz.
Normalmente, os magos das sombras temem os pais-velhos, porque estes, em sua maioria, são também iniciados dos templos antigos e trazem na memória espiritual considerável experiência, além de vasta bagagem a respeito de certos elementos da vida oculta, que muitos espíritos não detêm.
Ao lado disso, mantêm-se encobertos na aparência singela de uma anciã ou um ancião, geralmente disfarçados pela ausência do verniz da cultura escolar, a que o negro escravo, forma sob a qual se manifestam, não teve acesso.
Entretanto, conhecem amplamente as áreas mais densas e sombrias dos planos inferiores, pois isso faz parte de sua capacitação para o enfrentamento dos magos, entre outras habilidades, como o mais completo domínio mental, as experiências com magia e processos iniciáticos, tanto quanto o poder de comando, atributos que inegavelmente possuem.
Em virtude de tudo isso, enfrentar os magos negros sem o concurso desses espíritos capacitados, que muitas vezes se manifestam como uma mãe-velha ou um pai-velho tarimbados, é muitíssimo arriscado ou, no mínimo, imprudente.
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LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 31, 2014 10:11 pm

Os magos sabiam com quem estavam lidando.
Por isso, quando chegamos à área central da cidade umbralina, não havia mais nenhum mago, somente seus subordinados, que, no entanto, ficaram à distância, sem opor nenhuma resistência.
Penetramos em diversos edifícios e vimos de perto como eram realizados os experimentos de manipulação mental.
— Observe, Ângelo — falou de repente Jamar, o chefe da legião dos guardiões da noite.
Vi que o guardião apontava para um dos prédios, que, embora mostrasse um aspecto mais soberbo e conservado que as demais edificações, apresentava claros indícios de desestruturação de seus elementos astrais constituintes.
Isto é, como os magos negros haviam se dispersado ante nossa aproximação e a actuação do preto-velho João Cobú, algumas construções, por falta da força mental de coesão, começavam a se deteriorar substancialmente.
Atendendo à insistência de Jamar, minha atenção foi dirigida para a entrada de algumas delas, onde pude ler frases indicativas das diversas especialidades desenvolvidas pelos magos e aplicadas em suas experiências com os espíritos.
Comuniquei a Pai João o desejo de adentrar alguns daqueles locais, ao que ele prontamente cedeu, designando o amigo Jamar para me acompanhar.
Convidei Raul para compartilhar comigo das observações.
Ingressamos num prédio em cuja frente estava escrito:
Ciências psíquicas e astrais.
A fachada apresentava-se desgastada, porém demonstrava estilo arquitectónico até certo ponto apurado, diferentemente do restante das construções da estranha cidade.
Jamar foi à frente, guiando-nos lentamente, pé ante pé, naquele ambiente novo.
Não podíamos deslizar na atmosfera, simplesmente porque parecia haver ali elementos muito materiais, quase nada fluídicos.
Estava pesado o ar, que inalávamos com esforço, embora o aspecto do lugar fosse de extrema limpeza e, além disso, beirasse o exemplar no quesito organização.
No entanto, causava-me grande estranhamento o interior do edifício.
Poderia estar enganado?
Quando penetramos um amplo salão em um dos andares superiores, começamos a sentir impulsos de pensamentos como que procurando invadir nossas mentes.
Foi Jamar quem primeiro notou e logo nos advertiu:
— Procurem não ceder aos impulsos mentais que se manifestam com certa intensidade.
Creio que estamos para descobrir algo importante.
Vou aproveitar o momento para chamar outros guardiões, pois em breve precisaremos de mais ajuda.
— Esses impulsos parecem de encarnados — observou Raul, mais atento.
— Acredito que temos aqui dois tipos de pensamentos, que parecem competir entre si.
Tanto encarnados quanto desencarnados emitem os impulsos que captamos.
— Você conhece algum dos padrões mentais, Jamar? — perguntei ao guardião.
— Não, Ângelo.
Pelo menos ainda, não dá para distinguir muita coisa, em meio a essa confusão mental.
Prossigamos, pois talvez em breve possamos descobrir algo.
João Cobú nos dará cobertura, enquanto os demais guardiões vêm em nossa direcção.
Chegamos a um cómodo relativamente grande, onde avistamos um grupo de espíritos.
Eram cerca de 20, acossados num canto da sala.
A mobília consistia de macas e padiolas e alguns equipamentos de tecnologia astral que eu nunca havia visto.
Mas nossa atenção voltou-se inteiramente para os espíritos, que pareciam transtornados de medo.
— Estão em pânico com nossa chegada — comentou Raul, ao observar os seres à nossa volta.
Vejam como tremem.
— Raul, você que tem alguma experiência no trato com pessoas, em sua actividade profissional, que tal tentar um contacto com esses espíritos?
Raul foi se aproximando devagar, mas, para nossa surpresa, não víamos nenhuma reacção por parte do grupo.
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LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 31, 2014 10:12 pm

Jamar examinava atentamente os equipamentos encontrados, pois, como guardião da noite, especializara-se nas questões relativas aos magos negros.
Após a iniciativa do médium Raul, aproximei-me também, oferecendo ajuda.
Raul ponderou:
— Esses espíritos estão tão apavorados que não conseguem esboçar qualquer reacção diante de nós.
Ao que tudo indica, Ângelo, estão sofrendo uma espécie de crise de pânico.
— Acho que todos os seres usados pelos magos parecem ter reacções semelhantes.
Suas mentes sofrem uma crise momentânea de loucura quando os magos não os estão utilizando, tamanha a viciação estabelecida.
Raul resolveu aplicar energias magnéticas em um dos espíritos, que parecia se esforçar para comunicar-se.
Não sabíamos ao certo se ele queria se comunicar connosco ou emitir algum pedido de socorro, pelo pensamento, a seus manipuladores, os magos.
Mesmo assim, Raul estava determinado a correr o risco.
Estendeu as mãos, concentrando-se, e magnetizou o ser que dava evidências de uma actividade mental mais intensa.
Assim que Raul terminou os passes, o espírito espreguiçou-se, como se despertasse de um sono profundo.
Raul, alegre, chamou a atenção de Jamar:
— Deu certo, deu certo!
Veja, Jamar, ele está acordando do sono hipnótico.
Jamar aproximou-se, trazendo nas mãos um equipamento que encontrara sobre a mesa, e acomodou-se perto do espírito, que despertava lenta, mas progressivamente.
Sua aparência era de um homem de uns 35 anos de idade, mais ou menos 1 ,75m de altura.
Vestia um jaleco verde-água.
Olhos negros, vivos, pareciam agora recuperar o brilho que antes não observamos em seu olhar.
Foi Jamar quem comentou, demonstrando satisfação:
— Foram os fluidos de Raul que o acordaram do transe.
Provavelmente, o facto de estar encarnado, e ser por isso portador e doador de ectoplasma, tenha facilitado para Raul a tarefa.
Nós dois, Ângelo, sozinhos dificilmente conseguiríamos, pois nos faltam energias próprias de quem está no corpo físico.
O magnetismo peculiar a um médium desdobrado e a emissão natural de ectoplasma provocou o chamado choque anímico, que trouxe o espírito do transe imposto pelos magos.
— Vou fazer o mesmo com os outros, agora mesmo — empolgou-se o médium.
— Não faça tal coisa, Raul.
Se deu certo com esse espírito, não significa que dará com os demais.
Ainda por cima, temos muito pela frente.
— Ah! Mas...
— Nada disso — retrucou, sem deixar margem para discussão.
Não esgote suas reservas de ectoplasma e vitalidade com eles.
Em breve chegarão os guardiões, que darão conta do desafio que encontramos.
Economize energias para mais tarde, senão teremos de reconduzi-lo ao corpo antes do término de nossas actividades.
Raul entendeu que deveria ser mais comedido a partir dali.
Creio que a advertência de Jamar foi suficiente para ele conter seu impulso de caridade e utilizar mais razão e menos emoção.
Precisávamos atentar para o fato de não estarmos em ambiente favorável, mas nos movimentando em clima psíquico diverso daquele a que estávamos acostumados.
Qualquer deslize, mesmo que motivado pela mais pura boa vontade, poderia colocar em risco nosso empreendimento.
O espírito levantou-se, assustado com nossa presença e, ao mesmo tempo, olhando ao redor, para os seus companheiros.
Inicialmente, sem falar nada, sacudiu alguns outros espíritos, que permaneciam sob o pesado choque mental e emocional.
Não obtendo nenhuma reacção por parte deles, voltou-se para nós, desconfiado:
— Vocês não fazem parte de nossa equipe — observou.
—Viemos de longe — respondeu Raul.
Creio que, no fundo, você sabe de onde viemos e o que fazemos por aqui.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 31, 2014 10:12 pm

— Sei que vocês não prestam serviço aos nossos senhores.
Mas ignoro de onde vêm e o que querem entre nós.
Porventura são do grupo rival?
— Não é isso, meu amigo — interferiu Jamar na conversa.
Somos da falange do Cordeiro e não compactuamos com seus senhores, nem tampouco nos envolvemos nas intrigas e disputas da política das sombras.
Examinando atentamente em volta, irrequieto, o ser recém-desperto observava os detalhes.
Após olhar por uma janela do cómodo onde nos encontrávamos, virou-se para Raul e afirmou:
— Você é um vivente. Como conseguiu escapar do domínio mental?
— Sim, sou um encarnado e estou projectado nesta dimensão astral em trabalho de parceria com esses espíritos que me auxiliam.
Mas você certamente me confunde com alguém ou algum daqueles que conhece.
Eu não estive e nem estou sob domínio algum.
— Parece que os senhores da escuridão se foram — disse o espírito, referindo-se aos magos.
Nada corresponde à realidade que estou acostumado.
O que querem por aqui?
Desta vez foi Jamar quem conduziu a conversa com aquele homem, que agora dava sinais de compreender a dimensão do que ocorrera naquela comunidade.
A visão que tivera ao olhar pela janela por certo despertara nele a convicção de que não estavam mais, ao menos temporariamente, sob a acção dos senhores da escuridão, conforme ele se referia aos seres sinistros que os subjugavam.
Decidido a tirar proveito da situação e não dar mais tempo para que ele desviasse sua atenção dos factos, Jamar conduziu brilhantemente a conversa:
— Como pode notar, tudo em volta demonstra que estão agora sozinhos.
Nenhum impulso mental dos magos pode ser sentido nesta cidade.
Portanto, acredito que você poderia nos esclarecer muita coisa por aqui.
Mas não o obrigaremos a nada.
Terá completa liberdade para atender-nos ou não.
— Não consigo imaginar como os senhores magos abandonaram por completo este campo de experimentação.
Estávamos aprimorando muitos conhecimentos aqui, e os testes realizados eram de fundamental importância para eles — disse o espírito.
— Sei que tinham interesse nesta vila de experimentos; porém, um decreto do Alto determinou que as coisas por aqui devessem tomar outro curso.
Viemos reverter radicalmente o processo levado a efeito por vocês, pois o que empreendiam ia frontalmente de encontro a qualquer norma ética conhecida.
Portanto, meu amigo, o tempo para este seu modo de vida terminou.
É mais inteligente colaborar.
— Fui avisado sobre o trabalho de vocês.
Posso dar algumas informações, mas não tudo o que querem saber.
Os senhores da escuridão não confiam totalmente em seus subordinados e, assim, dividem sempre o trabalho em etapas, cada qual realizada por um grupo de espíritos.
Não conhecemos os demais.
— Uma estratégia interessante, sob o ponto de vista dos magos — comentou Raul.
— Eles pretendiam evitar, a todo custo, que seus planos fossem descobertos.
Dessa forma, tenho informações apenas sobre o que realizamos aqui.
Quanto a uma visão total do planeamento e da táctica dos magos, creio que nenhum de nós poderá oferecê-la, pois não sabemos nada a respeito.
— Como você explica o fato de estarem todos sob comando hipnótico, gerado naturalmente pelos magos?
— Somos estudiosos da ciência e temos um contrato com os magos.
Não nos interessa o que fazem com seus conhecimentos.
Colaboramos em troca de auxílio.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 31, 2014 10:12 pm

Mas os senhores da escuridão não confiam em nós plenamente, como disse antes, por isso implantam sugestões nas mentes de seus colaboradores.
No nosso caso, não perdemos o poder de decisão, como ocorre com a polícia negra, os sombras, ou com os demais espíritos que servem de cobaias, os quais se tornam completamente dependentes de seus mestres.
Nós nos submetemos a um processo de monitoramento mental, somente isso; conservamos, no entanto, a capacidade de raciocinar, o senso crítico e a liberdade de agir.
— Mas se são monitorados mentalmente pelos magos, não vêem que isso restringe sua liberdade? — perguntou Jamar.
— Assim como os magos não confiam plenamente em nenhum de seus aliados ou colaboradores, nós também tomamos algumas providências relativas ao chamado controlo psiônico, realizado por eles, os senhores da escuridão.
— E podemos saber quais providências são estas? — interferi, perguntando.
— Bem, já que vocês nos conhecem e têm autoridade suficiente para interromper nossas actividades, posso lhes adiantar algo.
Além do mais, não creio que os senhores voltarão a este lugar.
Mesmo porque não poderão fazer nada com estas informações que lhes transmito.
— Estou ouvindo.
Pode continuar...
— Como vocês sabem, a diferença mais marcante entre os senhores magos e nós, que trabalhamos no campo científico, é que eles manipulam os fluidos directamente através da força mental da qual são portadores, pois dominam muitas leis, das quais apenas suspeitamos.
Quanto a nós, actuamos sobre os fluidos e modificamos o que nos parece adequado através do uso da técnica astral.
Criamos elementos, produtos de uma tecnologia que desenvolvemos ao longo do tempo e vimos aperfeiçoando a cada dia.
— Até aí, não há novidade alguma — concluí.
— Pois bem — continuou o espírito do cientista, que estava a serviço dos magos negros.
Quando acatamos a exigência dos senhores da escuridão de monitorar-nos mentalmente, devido à extrema reserva que eles têm com seus colaboradores, resolvemos então fazer uma experiência.
Alguns de nós nos submetemos a um processo de implante em nossos corpos psicossomáticos.
Em determinada região do cérebro perispiritual, instalamos um aparelho minúsculo, produto da nanotecnologia astral, o qual nos imuniza em relação às actividades psíquicas dos magos.
Esse implante, imperceptível mesmo ao olhar mais atento, faz com que as ondas mentais endereçadas a nós sejam desviadas a uma dimensão diferente.
Assim, as sugestões hipnóticas podem ser desconsideradas, sem que os magos o saibam.
— Isto é, se os magos negros tomam medidas contra qualquer possível rebelião de sua parte, vocês também criaram uma forma de escapar do controle psíquico deles, mantendo sua autonomia e liberdade de acção.
— Exacto! — respondeu o cientista.
— Você não ignora que é um jogo de poder muito perigoso...
— O risco é inerente à nossa política por aqui.
Eu posso garantir que sou um dos imunes.
Talvez seja por isso que vocês conseguiram me tirar mais facilmente do choque traumático no qual nos encontraram.
Os outros cientistas não tiveram a mesma sorte; eles não se imunizaram com o implante.
Somos poucos os que nos sujeitamos ao processo.
— Mesmo de posse da tecnologia para a fabricação dos implantes, vocês não conseguem produzi-los em larga escala — considerou o guardião Jamar.
— É... — confirmou o ser, reticente.
Mas isso não importa agora.
O interessante é que não me dobro ao controle mental dos senhores da escuridão.
— Você é uma espécie de agente duplo, então?
— Sim. Enquanto desenvolvo algo que pode ser considerado de importância vital para os senhores da escuridão, paralelamente, em virtude do facto de ser um imune, eu os observo e colho informações para nossa equipe avaliar posteriormente.
Eu diria que é um sedutor jogo de poder, de que vocês, os filhos do Cordeiro, se privam...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 31, 2014 10:12 pm

— Pois bem, meu amigo — resolveu intervir Jamar.
Agora passemos ao que interessa.
Gostaria de saber o que realizam de tão importante aqui, neste prédio.
Pode nos acompanhar até o cómodo ao lado?
Jamar deu novo rumo aos trabalhos, conduzindo-nos a uma sala ainda mais ampla, ao lado de onde nos encontrávamos.
Enquanto isso, uma equipe de guardiões da noite, composta por 18 integrantes, chegava ao local, assumindo o trabalho de transportar os espíritos dos cientistas adormecidos para um lugar mais seguro, fora da cidade.
Adentramos o novo ambiente, e o que vimos me deixou estupefacto.
O lugar onde entramos era envolvido numa cintilação intensa, o que revelava a presença de um campo de força, criteriosamente criado por cientistas ou magos.
Em seu interior, oito corpos pairavam, presos em tubos que os ligavam a um aparelho externo.
Todavia, os corpos que avistamos não se assemelhavam a perispíritos ou corpos espirituais.
Tinham algo de material e, simultaneamente, um quê de imaterialidade, o que tornava difícil uma definição precisa, mediante exame superficial.
Os corpos pareciam vivos; no entanto, não possuíam feições anatómicas que os identificassem.
Formavam um amálgama de energias e fluidos mais ou menos materializados, suspensos numa aparente solução viscosa.
Como se não bastasse o quadro pitoresco, algo indefinível parecia envolver os estranhos corpos.
Seriam espíritos desencarnados ou elementais capturados pelos magos e transformados em produto de suas experiências?
Creio que a mesma reflexão se passou na mente de Raul, o médium que nos acompanhava desdobrado.
Mas os momentos de estupefacção foram interrompidos abruptamente quando Jamar exclamou, dando ênfase ao que pronunciava:
— São duplos eterizes capturados dos encarnados!
A constatação de que eram corpos eterizes pegou Raul em cheio, sem haver como disfarçar que ele se abalara com a realidade.
Afinal, ele mesmo ainda estava encarnado, embora temporariamente desdobrado ou projectado em nossa dimensão, trabalhando connosco.
Os encarnados possuem um duplo etérico, também denominado corpo vital, que é estruturado em ectoplasma puro, uma fonte de energia das mais cobiçadas pelos cientistas e magos negros.
As implicações daquilo que presenciávamos eram por demais comprometedoras.
Creio que adveio desse facto o abalo emocional de Raul ante a visão fantasmagórica dos duplos aprisionados.
Jamar, mostrando estar profundamente alterado diante daquilo, que se constituía em crime contra a vida alheia, voltou-se para o cientista e pressionou-o, enérgico:
— Vamos, fale logo o que planeavam por aqui!
Como puderam fazer uma coisa dessas?
Não sabem a gravidade do ato que praticaram?
A visão dos duplos etéricos presos naquele campo de força gerou mal-estar entre nós, pois, apesar de tudo, jamais imaginávamos encontrar algo assim tão monstruoso.
O cientista dava sinais de que temia a reacção de Jamar e prontificou-se imediatamente a conceder as informações pedidas, numa agilidade antes não verificada:
— Não fomos nós que os capturamos; foram os sombras, a serviço dos senhores da escuridão.
Fomos contratados tão-somente para mantê-los activos e extrair o máximo de ectoplasma de suas reservas.
São considerados um bem muito precioso para os senhores, por isso fomos induzidos a criar o campo de força em torno deles, para evitar que fossem usurpados por outros grupos.
Afinal, os corpos etéricos dos encarnados representam uma reserva nada desprezível de combustível para nossas criações mentais, e de vitalidade para os senhores da escuridão.
— Você esquece o estado das pessoas cujos duplos foram capturados e mantidos prisioneiros por vocês?
Será que avalia a situação física e mental a que sujeitam aqueles que são vítimas de sua acção nefasta?
— Sei que a captura e o sequestro de duplos é algo relativamente novo no planeamento dos magos e de outros cientistas.
Também não menosprezo o efeito desse ato nas pessoas que sofreram tal intervenção.
Devem estar agora com o corpo profundamente debilitado e possivelmente entraram num estado de coma profundo.
Suas mentes talvez vaguem sem referência, num estado próximo à loucura.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 31, 2014 10:13 pm

Mas, veja bem, isso tudo ainda é muito novo em nosso meio, não temos informações detalhadas a respeito do estado das cobaias.
— Então vocês vêem esses indivíduos como cobaias?
Fico assombrado com o grau de indiferença que demonstram ao empreender essa metodologia de trabalho.
Jamar externou toda a sua indignação diante da monstruosidade que aquele processo obsessivo exibia.
Qual seria o limite para a cruel inventividade dos agentes do mal?
Algo que os irmãos espíritas dificilmente suspeitariam era praticado nas regiões sombrias do plano astral.
E há muita gente ainda, entre os próprios espiritualistas, que rejeita estudar mais e aprofundar seu conhecimento acerca das questões relativas às obsessões complexas!
As trevas têm, cada dia mais, actualizado sua metodologia de acção contra os encarnados.
Novas técnicas de obsessão, com o uso de tecnologia astral, são empregadas com eficiência avassaladora e resultados chocantes.
Ainda assim, médiuns e dirigentes de trabalhos espiritualistas querem manter-se no padrão antigo, sem actualizar seus métodos de trabalho, sua visão e seus conceitos.
Tem-se a impressão de que acreditam já ter sido absolutamente tudo descrito com relação à dimensão extra física.
A realidade exposta no passado é estanque, imutável; cristalizou-se...
Será que pensam que o mundo extra-corpóreo esteve à margem do progresso extraordinário que o próprio panorama físico sofreu ao longo do século XX e nas últimas décadas?
Considerando todo o potencial utilizado pelos representantes das sombras, os médiuns encontram-se encurralados entre duas possibilidades:
dedicar-se ao estudo sério, aumentando sua cultura espiritual, ou contentar-se em ser médiuns obsoletos, instrumentos arcaicos, parados no tempo, aproveitados eventualmente por mentes descompromissadas.
No final das contas, as consequências daquilo que vimos são aterradoras, não somente da perspectiva das vítimas do processo obsessivo, como também sob a óptica daqueles que se propõem ser instrumentos de trabalho das forças do bem.
Sem protelar a tomada de decisão, Jamar instigou-nos a promover a libertação dos duplos aprisionados.
Destacou mais alguns dos guardiões especialistas, enquanto o cientista era observado de perto por outro.
Raul, por sua vez, tentou usar suas habilidades mediúnicas para verificar alguma trilha de energia psi, ou seja, procurou identificar um rastro energético que ligasse os duplos a seus corpos encarnados.
Não foi possível:
— Não consigo detectar nenhum indício ou vestígio de energia que conecte os duplos a seus corpos, no plano físico — concluiu o médium.
Obviamente, isso pode se dever a um obstáculo que os magos tenham interposto.
Talvez campos dissociativos em torno dos duplos, mas isso soa improvável.
Algo está acontecendo, que não consigo entender.
— Deixemos essa parte para Pai João resolver, Raul.
Tentemos liberar o campo que aprisiona os duplos.
Raul estava muito incomodado pelo facto de não poder rastrear mentalmente os impulsos dos donos daqueles corpos vitais, isto é, das pessoas das quais foram subtraídos.
É claro que, apesar da captura dos duplos, eles não poderiam estar totalmente desligados de seus correspondentes físicos.
Necessariamente havia uma ligação fluídica que os mantinha, por assim dizer, viventes, já que eram corpos semi-materiais, com duração limitada, e somente era possível mantê-los naquele estado de existência enquanto os corpos carnais respiravam.
A regra difundida nos meios espíritas é que o duplo etérico tem uma vida intimamente associada à existência do corpo físico.
Quando o corpo morre, o duplo sobrevive por um período máximo de 40 dias, momento em que se decompõe e tem suas energias dispersas na atmosfera.
De outra maneira, seria fatalmente vampirizado por entidades sombrias.
Porém, o que presenciávamos ali sobrepujava em grande medida qualquer processo de vampirização conhecido.
Raul levantou uma suspeita para a qual não dispúnhamos de resposta imediata:
— Será que os magos e cientistas descobriram um meio de manter o duplo etérico estável, mesmo que o corpo físico tenha morrido?
Poderá a ciência astral, nos planos mais inferiores, ter se desenvolvido a tal ponto?
Se essa suspeita fosse constatada, as consequências seriam muito maiores do que poderíamos imaginar, e então a humanidade deveria se preparar para investidas cada vez mais intensas e poderosas por parte das legiões das sombras.
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LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 31, 2014 10:13 pm

— Não vamos pensar nisso agora, Raul! — sentenciou Jamar, evidenciando que ele também estava preocupado com algo semelhante.
Afinal, os especialistas das trevas não se contentam em empregar os mesmos métodos de outrora, obstinados e sem qualquer sinal de preguiça, dedicam-se a pesquisas e à utilização de meios técnicos para o desenvolvimento de seus planos de dominação.
O guardião evitou dar prosseguimento à cogitação de Raul, que não estava de todo distante da realidade.
No entanto, o momento exigia acção urgente para a libertação dos duplos.
Um dos guardiões da noite havia penetrado em outras dependências do prédio onde nos encontrávamos, procurando por mais grupos de seres parceiros dos magos negros.
Ao retornar, prestaram seu relatório:
— Fizemos uma verificação detalhada no prédio e não encontramos rastro de nenhum dos magos ou de seus parceiros.
Também não notamos mais nenhum ambiente semelhante a este.
Tudo indica que o prédio foi abandonado às pressas.
— Raul e Ângelo! — falou Jamar, olhando para nós.
Fiquem atentos a eventuais correntes mentais.
Procurem captar algum fluxo de pensamento de seres que porventura estejam neste ou em outro dos prédios, também prisioneiros dos magos.
— Já tentamos o contacto, Jamar.
Não conseguimos captar nada — respondeu Raul.
Mas vamos permanecer alertas.
Valendo-se de sua equipe de especialistas da noite, Jamar procedeu à libertação dos corpos etéricos aprisionados naquele edifício astral.
Vi como tiveram enorme cuidado com o que faziam, sobrepondo um campo de energias superiores sobre o campo de força criado artificialmente pelos cientistas.
As energias superiores absorveriam o impacto da destruição do campo artificial e, além disso, protegeriam os duplos da atmosfera fluídica ambiente, à qual estariam mais expostos.
Como era bastante densa, ela continha muitas formas etéricas que poderiam contaminar os corpos vitais ali acondicionados e envenenar-lhes as reservas energéticas, provocando efeito directo sobre os corpos físicos a que estavam associados.
Após algum tempo preparando a acção de libertação, os guardiões da noite concentraram suas energias num ponto do campo de força.
Vimos como o campo energético primeiramente inchou, como uma bolha, sob o influxo das emissões superiores, para depois arrebentar, em um estrondo avassalador.
As energias liberadas só foram contidas devido à competência dos guardiões e especialistas sob o comando de Jamar.
O cientista resgatado, embora soubesse da superioridade dos guardiões, pareceu profundamente atordoado quando viu ruir o campo de força criado pela técnica de seus companheiros.
Sua auto-estima estava oscilando visivelmente, pois jamais poderia imaginar que seu aparato tecnológico fosse entrar em colapso ante a superioridade dos representantes do Cordeiro, conforme eles nos chamavam.
Exactamente no instante em que Jamar destruiu o campo de força que retinha os duplos, Raul e eu passamos a captar impulsos mentais que se irradiavam com tal amplitude que não restava dúvida quanto ao local de sua procedência.
As correntes de pensamento vinham de outro prédio, que ficava não muito distante dali.
Informamos Jamar imediatamente, para que providências fossem tomadas.
Nesse ínterim, Pai João voltou de sua jornada pela cidade das sombras.
Ao ver o fruto de nosso trabalho, o pai-velho deu um sorriso de contentamento, que serviu de estímulo reconfortante para todos nós.
Assim que o colocamos a par dos acontecimentos, Pai João nos relatou:
— Reuni alguns guardiões e pais-velhos para nos auxiliar.
Juntos, visitamos todas as casas da cidade, fazendo um apelo pessoal para que os espíritos mantidos sob o comando das hostes dos magos e dos sombras se colocassem sob a protecção superior.
Como vocês sabem, por aqui se encontram apenas espíritos de religiosos e cristãos, principalmente médiuns e antigos pais e mães-de-santo.
Portanto, não é de se estranhar o desfecho de nosso trabalho.
— Claro que eles aceitaram o convite — exclamou Raul.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 31, 2014 10:13 pm

— Não foi bem isso o que ocorreu, meu filho — continuou Pai João.
Muito poucos aceitaram o convite.
O preconceito ainda vige mesmo aqui, deste lado da vida.
Quando muitos médiuns desencarnados viram que o convite vinha de pretos-velhos, logo trataram de doutrinar seus intercessores.
Diziam que preto-velho é obsessor, e, portanto, têm de se submeter ao controle dos "santos" magos, para que passem a se mostrar de forma diferente...
Cristalizaram suas percepções em conceitos antigos, profundamente arraigados.
Na verdade, creio que ainda sofrem o controle indirecto dos magos.
— Será que os magos negros os condicionaram contra a ajuda dos pais-velhos?
— Nenhum ser das sombras obriga ninguém a fazer aquilo que não quer ou o que já não existe em germe, dentro da pessoa.
Eles apenas realçam e dão cor àquilo que já existe.
No presente caso, porém, os espíritos sofrem uma forma de sugestão pós-hipnótica.
Mesmo que tenha cessado a emissão da fonte geradora de controlo mental, isto é, a acção dos magos, persiste por um período mais ou menos longo a sujeição a seus princípios.
Tentamos de tudo, mas apenas uns poucos conseguiram romper o comando hipnótico, pois desejavam, com certo grau de força de vontade, ser liberados do domínio sinistro.
— E, agora, o que os pais-velhos e guardiões farão com os resgatados?
— Como não reúnem condições mentais suficientes para vencer a atmosfera pesada da subcrosta, onde nos localizamos, os pais-velhos convocaram mais guardiões, com veículos especiais que os conduzam aos planos mais elevados.
Deverão estagiar primeiramente na Crosta, em algum albergue e, depois, poderão alçar voo a sítios do astral superior.
Depois de pequena pausa, Pai João tomou a iniciativa:
— De qualquer forma, deixemos tudo isso para os pais-velhos e guardiões.
Vamos, na companhia de Jamar, em direcção daqueles que aguardam nossa intervenção para serem libertos.
Saímos do edifício de ciências psíquicas e astrais, juntamente com uma equipe de especialistas.
Resoluto, Jamar tomava a frente, com o espírito do cientista a reboque, e nós o seguíamos, ladeados por Pai João.
Raul se mostrava eufórico demais com a situação, em decorrência disso, recebeu um olhar de advertência de Jamar e do pai-velho.
Embora sua dedicação, o médium não poderia prescindir da cautela necessária ao fiel cumprimento de nossos objectivos naquela cidadela. Indiquei a Jamar a fonte das correntes mentais captadas por mim e Raul, e ele logo encontrou o novo endereço de nossas actividades.
Um prédio de dimensão ainda maior e aparência mais sólida erguia-se diante de nós.
Imponente, a construção destoava, como a anterior, das muitas que avistamos ao chegar.
Era de uma arquitectura exemplar do estilo pós-moderno, que impunha sua fachada em meio aos elementos pesados da atmosfera sombria.
Sem nos dispersar, adentramos o prédio estruturado em matéria do plano astral, porém localizado nas regiões logo abaixo da crosta, na aldeia das cobaias dos magos.
Raul se concentrou, a pedido de Pai João.
Por possuir corpo físico, embora estivesse desdobrado em outra dimensão, teria maior facilidade em rastrear os impulsos mentais, pois pareciam advir de seres também encarnados, fora do corpo, como ele.
Sem dúvida, Pai João, ou outro espírito de nossa equipe, poderia igualmente detectar a origem de tais impulsos, mas Raul teria oportunidade de exercitar ainda mais suas faculdades, além do mais, poderíamos nos ocupar com outras situações.
Assim que ingressamos na construção e Raul procedeu ao rastreamento, Pai João e Jamar convidaram os desencarnados da equipe a estabelecer pontos onde os guardiões ficariam de prontidão.
Não poderíamos correr nenhum risco.
Ao determinar os lugares mais apropriados do edifício para o plantão dos especialistas, todos imediatamente acorreram ao local devido, mediante o chamado mental de seu chefe, Jamar.
Apesar da aparência cosmopolita daquela edificação, a luz do sol nem sequer ligeiramente banhava o ambiente com suas claridades.
A penumbra era algo quase material, que a tudo permeava.
Os guardiões da noite, seres especializados no trato directo com os magos negros e seus sentinelas, fizeram uma ronda pelo edifício a fim de detectar eventuais seres a serviço das sombras.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 31, 2014 10:13 pm

Em pouco tempo, passaram um pente-fino em todos os pavimentos e, assim que terminaram, transmitiram seu relatório a Jamar.
Nesse meio-tempo, o médium Raul identificou a origem exacta de onde partiam os fluxos de pensamento, e para lá demandamos, sob a batuta de Pai João de Aruanda e Jamar, o especialista.
Em nosso percurso, demos de cara com um saguão, que se encontrava no centro da construção astral, repleto de instrumentos criados artificialmente pela técnica astral dos cientistas e magos.
Surgiam a nossa frente máquinas em perfeito estado de conservação, condutos e elementos de controlo.
Aparelhagens que revestiam a parede e demais instalações davam mostras de haver sido abandonados repentinamente, pois algumas ainda funcionavam perfeitamente.
Logo os especialistas de Jamar assumiram a direcção do local, desligando cada equipamento encontrado.
Raul ficou ensimesmado quando percebeu algo diferente no ar, como se um perigo oculto nos rondasse.
O que encontramos em seguida foi o que mais nos impressionou, principalmente ao médium.
Uma sala rectangular, no centro da qual se erguia uma base de estrutura cristalina, possivelmente composta de matéria astral diferente daquela peculiar à região onde estávamos.
— O que é isto? — perguntou atónito um dos guardiões.
Jamar dirigiu-se ao centro da sala e constatou que havia cerca de 40 pedestais dispostos sobre a estrutura cristalina.
Sobre os pedestais, objectos lisos e escuros, semelhantes a ataúdes, abrigavam em seu interior corpos perfeitamente visíveis e aparentemente adormecidos.
Mas eram corpos de aspecto diferente daquele que vimos anteriormente, na outra construção.
Estes aqui emitiam uma espécie de radiação mental, psíquica, coisa que os duplos não possuíam.
Eram pessoas em desdobramento, ou melhor, perispíritos de encarnados, dispostos em fileiras e sustentados cada um por um pedestal, que os mantinham elevados.
Eram mais de 40 espíritos em estado de animação suspensa, profundamente adormecidos.
Além da presença dos corpos espirituais de pessoas encarnadas, algo mais nos chamou atenção.
Os perispíritos estavam todos distribuídos de maneira uniforme, perfeitamente equidistantes e conectados a fios finíssimos, de uma substância aparentemente orgânica.
Sem dúvida, eram os cordões de prata, que os ligavam ao longe, aonde quer que repousassem seus corpos físicos.
As irradiações mentais ficaram ainda mais intensas, devido à nossa proximidade.
Jamar olhou para o cientista que nos acompanhava, como a indagar sobre nossa descoberta.
O ser, agora com sua estima abalada, deu uma resposta ao olhar devassador do guardião:
— Juro que eu não conhecia nada disto.
Desta vez eu não tenho conhecimento do que se passa por aqui.
Jamar contentou-se com a resposta do espírito, mas ficou por algum momento parado, provavelmente pensativo quanto ao que ocorria ali.
Os magos negros estavam realizando experiências com encarnados desdobrados, bem como com seus duplos eterizes.
Mas ali, naquele novo ambiente, ocorria algo ímpar, diferente do que presenciáramos até então.
Jamar, tanto quanto nós, impressionou-se com o que vira.
Era algo sem precedentes em nossos registos.
Com certeza os senhores da escuridão escolheram esta área para seu experimento mais desumano de manipulação de mentes.
O que será que estes corpos espirituais estavam fazendo abrigados em ataúdes?
Que segredos eles poderiam revelar a respeito da acção dos magos negros?
Os olhos dos mais de 40 seres desdobrados pareciam vitrificados.
A aparência da epiderme espiritual era de uma brancura extrema, como se tivessem sido sugadas as últimas reservas de vitalidade.
A completa nudez dos corpos perispirituais e a penúria na qual se encontravam eram algo atemorizante.
— Não consigo deixar de pensar nestas pessoas — falou Raul.
Estes corpos astrais devem ter um propósito especial.
Dedicam a eles tanto esmero e os depositam sobre pedestais num prédio de última geração, com uma técnica tão impressionante.
Um ser que prepara o sequestro de encarnados em desdobramento e da este tipo de tratamento a seus corpos espirituais esconde alguma coisa ou planeia algo de grande relevância.
Entreolhamo-nos, e nossos pensamentos eram quase síncronos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 31, 2014 10:14 pm

Podíamos sentir que algo aterrador, um crime hediondo contra a humanidade ali se esboçava.
Os perispíritos dormiam num estado próximo ao cataléptico; no entanto, eram alimentados de alguma forma por fluidos, que os mantinham activos dentro de seus ataúdes.
Parecia até que, embora o aparente estado de inconsciência, os corpos espirituais fitavam-nos como se fôssemos invasores de um estranho ritual.
Passaram-se alguns minutos até que todos conseguíssemos reorganizar os pensamentos ante a situação estranha com que deparamos.
Subitamente, então, Raul parecia ouvir uma voz em seu interior.
Uma voz perceptível apenas a ele.
O médium que nos acompanhava desdobrado possuía imensa capacidade de ver adiante, antecipando certos obstáculos.
Dotado de imaginação muito fértil, sentia-se atraído por desafios, por mais difíceis que pudessem se afigurar.
Além disso, era investido de um tipo de intuição pré-cognitiva ou premonitória, que vinha se aprimorando no trabalho.
Essa intuição para os fatos difíceis e complicados já o fizera inclusive escapar de alguns problemas da vida diária.
Contudo, a partir de determinado ponto, resolveu que deveria filtrar as informações que recebia, aguardando o momento propício para transmiti-las.
Mas esta era uma ocasião diferente.
Os pensamentos que vieram à sua mente eram de uma clareza sem par, como acontecia nos momentos do transe mediúnico.
De repente sabia — sem que conscientemente compreendesse de que maneira — com precisão o que se passava ali.
Era como se alguém de uma instância superior estivesse mandando uma contribuição através de suas faculdades mediúnicas.
Na verdade estava — isso logo se tornou evidente.
A decisão e a certeza que ostentava diante de algumas situações como esta se deviam ao facto de captar de elevado companheiro espiritual uma intuição cristalina.
E o espírito que a enviava naquele exacto instante era justamente de quem recebera a permissão para aperfeiçoar suas percepções na excursão que fazíamos pelos planos mais densos.
Raul falou sem afobamento, com profunda convicção:
— Os perispíritos estão sendo alimentados por nutrientes desenvolvidos por uma outra equipe de cientistas, também a serviço dos magos.
Embora estejam em estado de suspensão, eles pensam, e seus pensamentos ocorrem de alguma forma que não podemos entender ainda.
Os espíritos de nossa equipe permaneceram em silêncio, talvez devido ao facto de que percebíamos, mais claramente do que o próprio Raul, que ocorria com ele uma comunicação de planos mais altos, como a nos socorrer diante do fato inédito.
Qualquer distracção ali, onde nos encontrávamos, seria arriscado demais para o transcorrer da comunicação.
Continuando, agora sob nova influência espiritual, o médium falava para todos ouvirem:
— Noto pensamentos diferentes procurando invadir minha mente...
— Fique tranquilo, meu filho — falou Pai João.
Você está amparado.
Sabemos que estes seres, embora encarnados e desdobrados, estão tentando se comunicar através de você agora.
Procure filtrar as informações, pois poderão nos ser de grande valia.
A mente de Raul estava sendo assediada por uma enorme quantidade de pensamentos.
Ele se esforçava para realizar a filtragem e isolar algumas ideias da corrente que mais insistia em estabelecer conexão.
Acostumara-se a trabalhar como médium falante ou psicofónico, porém ali se dava um facto diferente, pois não eram inteligências extra-físicas que intentavam a comunicação.
Eram seres encarnados, muito embora aprisionados pelos magos, com o agravante de apresentarem estado aparentemente cataléptico — mas, ainda assim, espíritos.
Raul os percebia intensamente.
Cada receptáculo onde repousava um ser em suspensão encontrava-se ligado a determinado equipamento, que a todos alimentava com fluidos de característica até então ignorada por nós.
Além disso, cada um dos esquifes estava conectado através de fios tenuíssimos à aparelhagem vista antes na sala, por meio dos quais se retirava dos corpos espirituais certa quota de vitalidade.
Era um processo simbiótico viabilizado tecnicamente.
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