LUZ ESPÍRITA
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LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jul 28, 2014 9:26 pm

Assim que Pai João socorreu o médium com suas elucidações, logo fui me intrometendo e acrescentando:
— Vale registar algo mais, Raul — iniciei minha fala.
Muitos pesquisadores encarnados, ao abordarem a realidade do mundo astral, extraíram informações valiosas para quem se interesse em devassá-la.
Diversas evidências, colhidas através de observações mediúnicas e parapsíquicas, sugeriram a esses estudiosos a existência permanente, ou melhor, predominante, de temperaturas baixíssimas na atmosfera extra física próxima à Crosta, à semelhança das temperaturas existentes no espaço interestelar.
"Naturalmente que nós, como desencarnados que habitamos uma dimensão superior a esta, não estamos sujeitos à diferença de temperatura, conforme lhe explicou Pai João, embora não ignoremos que esse fenómeno afecta aqueles que vibram no corpo físico ou em corpo astral compatível com essa região."
Raul, interrompendo-me, argumentou:
— Já participei de algumas reuniões de materialização e pude perceber, em determinados momentos, quanto a temperatura caiu na sala onde nos reuníamos.
Entendo, então, o porquê da condição de resfriamento que se dá no ambiente humano das manifestações mediúnicas e psíquicas de forma geral.
Muitas vezes, quando ocorrem efeitos físicos, tais como ectoplasmias, telecinesias e desmaterializações, pude perceber correntes de ar frias, como se o local onde acontecem tais fenómenos fosse de repente resfriado...
— Exactamente! A condição do plano astral, por ser de uma vibração mais densa, faz com que certas impressões sejam percebidas mais intensamente pelos médiuns.
O caso que houve com você — que, embora encarnado, se encontra fora do corpo desempenhando tarefa e realizando estudos — é algo natural, pois também está sensível e vibratóriamente próximo às condições desta dimensão em que transitamos temporariamente.
Em seguida, o mentor segurou a mão de Raul, sorriu para mim, como a transmitir confiança, e guiou-nos em direcção ao próximo destino.
Lentamente, adentrávamos as regiões mais profundas do mundo oculto.
Eu sabia que Pai João nos levaria a conhecer os pormenores de alguns redutos do astral.
Sabia igualmente que nossa jornada mal havia começado e que aquilo que víramos até aqui era somente uma preparação para as cenas dos próximos capítulos.
Logo que penetramos as vibrações mais densas daquela área do plano extra físico, ouvimos gritos terríveis, gemidos e prantos que ecoavam pela escuridão sem estrelas.
Os lamentos eram tão intensos que Raul não se conteve e chorou. Gritos de mágoa, contendas e discussões, queixas iradas em diversas línguas formavam um tumulto que tinha o som de uma tempestade.
O médium, visivelmente abalado com as vibrações que percebia, trazia nos pensamentos imagens que emergiam de regiões mais profundas do seu psiquismo, realçando o que ocorria ali com as cores vivas das emoções das quais era portador.
— Pai João, quem são esses espíritos que sofrem tanto e se expressam com tamanha dor? — perguntou o companheiro Raul, após empreender um esforço incomum para dominar as imagens que emergiam de seu interior.
Olhando-o amorosamente, João Cobú demonstrou conhecer-lhe as lutas íntimas e os pensamentos mais secretos.
Respondeu pausadamente, dando tempo para assimilarmos a triste realidade daquele lugar:
— Esta é a situação daquelas pessoas que não se definiram no mundo pelo bem divino, colocando-se numa posição neutra, o que já representa um mal em si.
Misturam-se com a multidão de seres e confundem-se com os quiumbas, arrastando-se por entre a turba de marginais do astral.
Não assumiram uma posição clara e resoluta durante suas vidas; assim, meu filho, do lado de cá do véu que separa as duas realidades, são arrastadas como num vendaval, sem encontrar forças para se subtraírem às influências daninhas dos espíritos delinquentes.
Seu sofrimento representa a angústia de quem sabe não estar bem, mas julga não possuir recursos próprios para se libertar.
A imagem que observamos neste momento nos lembra uma águia, que, podendo singrar os céus, permanece com os pés enlameados, presa a perigoso pântano.
A imagem evocada por Pai João não poderia ser mais perfeita, pois aquele bando de seres sofredores parecia se contorcer em meio a um lamaçal de imenso poder magnético.
Era uma espécie de areia movediça do Além, ainda que suas presas não submergissem nela.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jul 28, 2014 9:26 pm

A chamada lama astralina retinha os espíritos prisioneiros ao solo da região, como se fora um lodo pegajoso, ao tentarem se libertar, eram puxados de volta.
A matéria astral da qual era composta a lama era viscosa e grudava como uma cola poderosíssima, evitando que pudessem fugir.
Conseguiam se locomover, embora sempre com os pés mergulhados no solo astral de estranha aparência; escapar dali, porém, era algo aparentemente fora de alcance.
Alguns espíritos tinham, à primeira vista, as pernas e os pés corroídos por vermes ou algo similar.
Mais uma vez Pai João intercedeu:
— Estes seres desencarnam aos milhares pelo mundo afora, principalmente nos países onde a vida espiritual não é cogitada, nem ao menos pressentida.
Os ensinamentos ministrados ao povo em suas religiões, quando é o caso, muitas vezes se atem ao aspecto materialista e imediatista.
Permanecem completamente ignorantes de uma vida espiritual ou espiritualizada.
Ao cruzarem o rio da vida, suas mentes automaticamente os conduzem a essa situação desoladora, de acordo com a lei das afinidades.
O pântano e as sensações que experimentam são apenas criações mentais, que foram se materializando em torno de si desde quando encarnados, agora, como habitantes dessas zonas purgatoriais, ressentem-se intensamente de sua acção daninha.
Essa classe de espíritos compõe a imensa legião dos chamados encostos, que se aproximam dos encarnados para se sentirem aliviados.
Advêm desse contingente os chamados sofredores -, muitas vezes percebidos pelos médiuns, que captam suas vibrações doentias e entram também num processo de adoecimento.
— Então eles não fazem parte da legião de quiumbas, os marginais do mundo oculto? — indagou Raul, surpreso.
— Digamos, meu filho, que os marginais os utilizem da mesma forma como eles próprios são manipulados por espíritos perversos, sem que o saibam.
Por exemplo: imagine a hipótese de um elemento da malta de marginais ou quiumbas ser contratado por algum espírito mais especializado e inteligente, a fim de provocar um processo de enfermidade em alguém.
Como procederá?
O tal marginal levará cativo em suas vibrações alguns desses sofredores, e, havendo sintonia mental e emocional com o encarnado, ambos os espíritos se acoplam à aura do infeliz.
Nessa circunstância, o sofredor absorve certos fluidos animalizados, sentindo-se aparentemente mais revigorado, enquanto a vítima do processo obsessivo padece das dores e dos incómodos daquele ser, que aos poucos são transferidos para seus corpos etérico e físico.
— Você afirma que os sofredores são usados, sem terem consciência disso.
Estarão hipnotizados?
— Ocorre algo semelhante, mas não podemos classificar como sendo a hipnose clássica.
A mente da criatura desequilibrada, que não se preparou para a vivência ou o conhecimento da espiritualidade, encontra-se nublada, embotada e, por conseguinte, incapaz de realizar observações com maior grau de lucidez.
Esse estado de dormência dos sentidos espirituais faz com que as entidades em sofrimento sejam os objectos predilectos de magos e feiticeiros, quando querem realizar uma transferência energética mórbida para o corpo humano.
Funcionam como depósito de morbofluido, que ao longo do tempo se acumulou em seu perispírito.
A mente adoecida cria continuamente clichés de sofrimento, além da matéria astral contaminada.
Tais elementos ficam condensados na delicada textura de seus corpos espirituais patogénicos.
Exalam uma espécie de matéria mental densa, pegajosa e de alto poder corrosivo.
Por tudo isso, magos e feiticeiros frequentemente aproveitam essa turba de espíritos infelizes na consecução de seus planos destruidores.
— O que se pode fazer para libertar algum desses seres reduzidos a ferramentas de processos obsessivos?
— No âmbito umbandista, meu filho, são conhecidas e utilizadas certas ervas, que, simplificando, são dotadas de altíssimo poder absorvente.
Bem utilizados, esses recursos da natureza sugam o fluido mórbido tanto do chamado encosto ou sofredor, quanto do encarnado, que é a vítima.
É claro que somente o expediente fitoterápico, mesmo empregado com propriedade, não será suficiente.
É necessário proceder ao esclarecimento do ser subjugado, quando se trata do sofredor, o que se alcança através da conversa com o espírito, incorporado num médium.
Essa etapa pode ser cumprida num trabalho de mesa, no centro espírita, ou de terreiro, na tenda de umbanda bem orientada.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jul 28, 2014 9:26 pm

A eficácia da limpeza energética com os elementais13 é inquestionável.
Quando é realizado esse tipo de limpeza nas auras dos seres envolvidos em assimilação energética de fundo mórbido, o desencarnado é imediatamente liberado da carga tóxica e então estará apto para a conversa fraterna, que muitos espíritas chamam de doutrinação.
Pai João nos deu oportunidade de assimilar melhor seu ensinamento enquanto eu anotava tudo, cada detalhe do que ouvia.
Pretendia, mais tarde, transmitir os apontamentos através da psicografia.
Logo após, o pai-velho continuou:
— Como esses espíritos em sofrimento não possuem, quase em sua totalidade, o conhecimento da vida espiritual, precisam de um tempo para meditar, fazer algumas reflexões, a seguir, devem ser conduzidos, em breve espaço de tempo, à reencarnação.
Durante a próxima vida, em novo corpo físico, entrarão em contacto natural com o sofrimento e a marginalidade, mas se verão também envoltos em algum conhecimento espiritual elementar.
Reclamarão um tipo de alimento espiritual básico, sem complexidade nem sofisticação, para que possam começar a ter noções de algo além do mundo material.
— Se precisam de um conhecimento tão básico assim, com certeza não estarão preparados para o ensinamento espírita ou umbandista, pois que ambos já expressam um grau maior de iniciação espiritual, não é assim? — inquiriu Raul.
— Pois é, meu filho — anuiu o pai-velho.
Precisamente por essa razão é que vemos no mundo a actuação cada vez mais intensa das chamadas igrejas pentecostais e neo-pentecostais, bem como do movimento católico carismático, os quais abordam a questão espiritual de maneira bem distinta daquela que o espiritismo apresenta.
Esses nossos irmãos, com sua fé radical e grande poder de persuasão, têm prestado imenso benefício, pois retiram esses espíritos, já reencarnados, de dependências químicas e antros de perdição, como dizem.
Conduzem-nos à vivência de algum princípio moral, que desperte neles conceitos elementares, a fim de elevá-los em relação à vida puramente material.
— Mas será válida a forma como trabalham com esse público?
Em suas pregações, valem-se de imagens como o inferno, a perdição eterna e o diabo, arrebatando fiéis para suas igrejas através do medo.
— Que outra linguagem tais irmãos entenderiam?
Emergem de uma situação no plano astral na qual conviveram com imenso sofrimento, eram fantoches nas mãos de espíritos marginais.
Sobretudo, seu despreparo espiritual é tamanho que não compreenderiam jamais a linguagem detalhada e explícita da doutrina espírita.
Reencarnam, então, em meio à marginalidade, conforme dita a própria sintonia de seus espíritos, integrando gangues ou agindo sozinhos, de conformidade com as impressões e lembranças firmemente gravadas na memória espiritual.
Habituaram-se de tal maneira às imagens mentais de sofrimento e dor do plano onde estagiaram que, uma vez na Terra, só estão aptos a dar ouvido aos apelos das pregações fortes e recheadas de elementos familiares a seu universo.
O inferno do qual querem escapar, ou o diabo, por quem alimentam tanto pavor, são os obsessores e magos negros que deles se serviam antes da reencarnação actual.
Decorrem desse facto o conteúdo de medo e as imagens mentais fortes que muitos ministros pentecostais e carismáticos empregam.
"Tudo tem uma finalidade útil.
Muitos dos actuais pregadores que se dedicam a trabalhar nos guetos, nas favelas e nos lugares de peso vibratório são espíritos de guardiões, que já desempenhavam esse papel nas regiões do mundo oculto, antes de reencarnar.
Especializaram-se no resgate dessas almas, ao reencarnarem, em seu ministério, contam com a linguagem mais adequada a coibir os abusos que esses espíritos trazem como marca de sua conduta.
Somente esse tipo de linguagem e vocabulário poderá ser capaz de conter seus instintos primitivos."
Nova pausa foi feita por Pai João, pois naturalmente sabia que era muita informação para nós.
Precisávamos digerir tudo antes de prosseguir.
Olhando-nos bondosamente, o pai-velho deixou transparecer seu carinho imenso.
Percebendo que o tempo transcorrido fora suficiente, prosseguiu:
— Reencarnados, tanto os espíritos sofredores como os quiumbas ou marginais e outros semelhantes encontrarão no linguajar típico das igrejas reformadas um eco, imagens expressas de acordo com o que viveram na erraticidade.
"Talvez vocês entrem em contacto com alguma propaganda igrejeira, falando de ex-drogados, ex-ladrões, ex-prostitutas, que agora se converteram àquela determinada religião.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jul 28, 2014 9:26 pm

Mesmo em contacto com uma fé mais elementar, esses ex-sofredores e ex-quiumbas, agora encarnados, têm oportunidade de ouvir falar também de um paraíso cristão, de uma continuidade da vida em alguma estância do universo.
Ou seja, estão recebendo informações simples, sem complexidade, para que mais tarde possam assimilar o alimento espiritual mais elaborado das religiões espiritualistas de carácter mediúnico."
— Meu Deus! — exclamou Raul.
Os espíritos pensam em tudo! Nunca imaginei esse aspecto da vida religiosa.
Como todas as religiões têm de fato sua função com vistas a acordar as consciências dos filhos de Deus.
O nosso guia espiritual, Pai João de Aruanda, deixou-nos a filtrar as informações que trouxera em suas palavras sábias.
Fiquei imaginando quantas oportunidades certos espíritas perdem ao rejeitar as palavras simples e sábias de um pai-velho ou de uma mãe-velha, que poderiam dar imensa contribuição nas tarefas do bem.
Talvez tenhamos de esperar uma nova geração de espíritas até que o preconceito esteja erradicado de nossas fileiras.
Até lá, nós fazemos o papel de ovelhas negras do movimento, já que aproveitamos esta chance que nos é oferecida para aprofundar nossos estudos e melhorar a qualidade de nossas actividades.
Pai João certamente guardava outros ensinamentos, que nos transmitiria mais tarde.
Como pai-velho, feição na qual se apresentava para nós, ele conhecia profundamente as regiões do astral e até mesmo as organizações das trevas.
Foi de posse desse raciocínio que perguntei:
--- Conte-me, Pai João: como você pode ter tanto conhecimento a respeito dessas regiões e das características de seus habitantes?
— Olhe, Ângelo, meu filho, trabalhar como pai-veIho não é algo tão simples assim.
Não basta haver acumulado experiências como escravo ou conhecer algumas mandingas e depois manifestar-se por aí, fazendo benzeções.
Nosso trabalho é bem mais amplo, e nossa preparação, mais complexa.
A fim de desempenhar bem a função que abraçamos, temos de nos especializar em diversas áreas do conhecimento oculto.
Dependendo da tarefa a que um pai-velho queira dedicar-se, além das diversas iniciações pelas quais passou em outras vidas, é preciso capacitar-se.
No período em que estagiar no mundo oculto, além dos limites da matéria, deverá aprofundar seu conhecimento, infiltrando-se nas organizações das trevas, conhecendo-lhes perfeitamente as estruturas complexas e os antros do mal.
Há que saber os detalhes da geografia astralina.
E, tanto quanto conhece as ervas e suas aplicações, o pai-velho tem de ser experimentado no trato com as entidades endurecidas, com o vil obsessor, além de dominar o que se refere a magia, teurgia e outras coisas semelhantes.
Para que um espírito se manifeste como pai-velho, coordenando uma tarefa de responsabilidade, é crucial ingressar nas escolas do astral ligadas às sagradas correntes da umbanda, a lei divina de amor e caridade, realizando seu aperfeiçoamento com disciplinas rigorosíssimas e sob a tutela dos mestres do pensamento universal.
Mas isso é apenas uma parte do processo, meu filho, outras coisas mais são necessárias, das quais não convém falar aqui, neste momento.
Não havia como comentar as palavras do pai-velho.
Fiquei mais admirado ainda com sua postura elegante e seu gesto de extrema simplicidade ao compartilhar connosco algo mais de seu espírito.
Tínhamos muito ainda o que aprender com Pai João.

(...) pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas
contra os poderes e autoridades,
contra os dominadores deste mundo de trevas,
contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais.

Efésios6:12
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jul 28, 2014 9:27 pm

9 A ideia aqui expressa não é nova, apesar de persistir contrariando o senso comum, como ressalta o personagem João Cobú.
Mais uma vez, Allan Kardec foi claro ao expô-la na obra basilar da codificação espírita, na qual chamou o plano extra corpóreo de mundo normal primitivo.
Vejamos o que diz o item 85 de O livro dos espíritos:
"Qual dos dois, o mundo espírita ou o mundo corpóreo, é o principal, na ordem das coisas?
'O mundo espírita [ou dos espíritos], que preexiste e sobrevive a tudo.'"

(KARDEC. Idem, parte n, cap. 1: Dos espíritos. Ed. FEB. Ver também itens 76 a 87).

10 Um estudo minucioso das dimensões em que a vida se manifesta é algo fascinante e urgente para o pesquisador do espírito, além de bastante abrangente, é claro.
Tudo se resume a uma questão de faixas de percepção e vibração, já que as diversas dimensões estão justapostas e se interpenetram incessantemente.
Para quem vê o assunto com descrença, além dos conhecimentos que a física relativista trouxe no século XX, é válido citar o espectro electromagnético.
É uma escala de frequência das ondas electromagnéticas, medida em hertz (ou ciclos por segundo), que revela a característica de propagação de cada onda no espaço.
A física mostra que todas as ondas que conhecemos viajam pela atmosfera, no mesmo espaço, embora não se perceba sua presença sem o instrumento adequado e sensível àquela frequência ondulatória.
Por exemplo: as ondas de televisão, celular e rádio percorrem as cidades sem que sejam percebidas, a menos que se conecte um aparelho receptor apto a reconhecer aquele tipo específico de onda.
O mesmo se dá com as microondas, os raios x, entre outros.
É interessante notar que, conforme a espécie de onda, observa-se que certo elemento pode constituir oposição à sua propagação, enquanto outro não.
É o caso dos raios x, por exemplo, que atravessam músculos ou tijolos com facilidade, mas não penetram ossos nem chumbo.
Apenas pequena parte do espectro é visível aos olhos.
Denomina-se esse trecho de luz, que vai do vermelho ao violeta.
A fundamentação espírita do conhecimento das diversas dimensões encontra-se mais uma vez nas palavras do Codificador, em O livro dos espíritos.
No item 181, embora seu tema seja a encarnação em diferentes mundos, o assunto densidade da matéria perpassa a discussão:
"Os seres que habitam os diferentes mundos têm corpos semelhantes aos nossos?
'É fora de dúvida que têm corpos, porque o Espírito precisa estar revestido de matéria para actuar sobre a matéria.
Esse envoltório, porém, é mais ou menos material, conforme o grau de pureza a que chegaram os Espíritos' (...)•"
Aliás, acerca dessa interacção envoltório corporal e plano dimensional, é também o próprio Kardec que estabelece que um está ligado ao outro, ou seja, é preciso haver compatibilidade entre corpo e plano para que o espírito possa agir sobre a matéria mais ou menos densa. Exactamente como ocorre com os equipamentos e as ondas no espectro electromagnético — um deve ser compatível com o outro.
Veja-se o que diz o item 187:
"A substância do perispírito é a mesma em todos os mundos?
'Não, é mais ou menos etérea.
Passando de um mundo a outro, o Espírito se reveste da matéria própria desse outro, operando-se, porém, essa mudança com a rapidez do relâmpago'"

(Op. cit., parte n, cap. 4: Da pluralidade das existências.
Ver também itens 181 a 188, inclusive a nota a este último).
Mas a mudança não se opera somente quando o espírito vai de um planeta para outro, como se vê em outro trecho:
"Sabemos que quanto mais eles [os espíritos] se purificam, tanto mais etérea se torna a essência do perispírito, donde se segue que a influência material diminui à medida que o Espírito progride, isto é, à medida que o próprio perispírito se torna menos grosseiro"

(Op. cit., parte n, cap. 6, item 257: Ensaio teórico da sensação nos Espíritos, § 4).
Ora, se corpo e dimensão devem ser correlatos, conclui-se que o estudo de um aspecto é, em alguma medida, indissociável do outro.
Isso leva o espírito Joseph Gleber a denominar de modo idêntico corpo e plano correspondentes, isto é, ferramenta que habilita o espírito a agir em determinado contexto, bem como o contexto em si.

(Para aprofundar-se nesse tema, veja:
PINHEIRO, Robson pelo espírito Joseph Gleber.
Além da matéria. Destaque para os capítulos l, 2, 7 a 10,12 e 14.)
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 29, 2014 9:16 pm

11 Além da feição que Pai João dá ao carácter emocional, logo a seguir, no diálogo, é preciso destacar a realidade do intercâmbio incessante de fluidos entre os seres inteligentes, corpóreos ou não.
Somente esclarecendo esse ponto se poderá entender o sentido de expressões como sugar ou absorver emoções.
Sabe-se que a emoção tem a propriedade de aglutinar os fluidos dispersos no ambiente e emanados pelo ser, conferindo-lhes determinada característica particular, condizente com a fonte que a gerou. O médium Robson Pinheiro afirma ter podido ver, em certas ocasiões na companhia dos espíritos, uma espécie de hálito ou substância gasosa, vaporosa, ao visitar alguns locais.
Segundo pôde apurar, era o que se poderia chamar fluído emocional, isto é, fluido impregnado dos atributos emocionais emprestados a ele.
Essa substância, composta por matéria astral, é inalada pela boca e pelo nariz, durante o processo de respiração, e absorvida também pelos poros da epiderme de encarnados e desencarnados que entram em contacto com ela.
Todos experimentam os efeitos dessa troca fluídica de natureza emocional quando se agitam na presença de pessoas excitadas, se entristecem ao comparecer a um velório, por exemplo, ou ficam mais alegres ao encontrar alguém bem disposto.
É novamente Kardec quem traz luz ao tema, ainda que não tratasse especificamente da transferência fluídica de cunho emocional.
Vejamos o que diz em A génese:
"Como os odores, eles [os fluidos] são designados pelas suas propriedades, seus efeitos e tipos originais.
Sob o ponto de vista moral, trazem o cunho dos sentimentos de ódio, de inveja, de ciúme, de orgulho, de egoísmo, de violência, de hipocrisia, de bondade, de benevolência, de amor, de caridade, de doçura etc.
Sob o aspecto físico, são excitantes, calmantes, penetrantes, adstringentes, irritantes, dulcificantes, soporíficos, narcóticos, tóxicos, reparadores, expulsivos, tornam-se força de transmissão, de propulsão etc.
O quadro dos fluidos seria, pois, o de todas as paixões, das virtudes e dos vícios da humanidade e das propriedades da matéria, correspondentes aos efeitos que eles produzem"

(Op. at., cap. 14, item i, Qualidades dos fluidos, ed. FEB).

12 O possível estranhamento diante das afirmações sobre a sensibilidade à temperatura pode ser dissipado através de uma consulta rápida a O livro dos espíritos.
Nas questões 255 e 256, Allan Kardec dirige aos espíritos perguntas específicas acerca desse tópico e discorre detidamente a respeito no item seguinte:
Ensaio teórico da sensação nos Espíritos.


13 Para maiores esclarecimentos sobre os elementais naturais, denominados espíritos da natureza por Allan Kardec (ver questões 536 a 540 de O livro dos espíritos), consultar o livro anterior da série de Ângelo Inácio, Aruanda, em particular o capítulo 7.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 29, 2014 9:17 pm

CAPÍTULO 3 - MORTOS-VIVOS

Prosseguimos nossa jornada por caminhos cada vez mais sombrios, adentrando um local que, visto no plano astral, parecia estar envolvido em um nevoeiro mais ou menos espesso.
Uma turba de seres sem seus corpos físicos rondava o lugar, sem que eu pudesse perceber qual seria sua intenção.
O local parecia uma ilha em meio ao ambiente que o rodeava.
Árvores, estátuas, flores por todo lado podiam ser vistas à distância.
Era um cemitério.
Um grupo de espíritos, ao nos ver aproximar do campo-santo, começou a gritar, na tentativa de nos insultar, talvez esperando de nós alguma reacção.
Pai João foi taxativo:
— Não dêem atenção a estes seres.
São vampiros, que buscam vencer a resistência dos guardiões para roubar a energia sobrevivente dos corpos eterizes em dissolução.
Pude notar, juntamente com Raul, que uma estranha luminosidade exalava de algumas lápides, sendo percebida à distância.
Além disso, em determinado lugar, havia uma luz fulgurante que iluminava tudo ao redor, formando algo semelhante a um campo de força, delimitando aquele espaço e dimensão, de onde o brilho mais intenso irradiava.
Ao olhar mais intensamente, vi outro grupo, que aguardava do lado de dentro daquela área, sem se confundir com a multidão que víramos antes.
— Quem são aqueles? — perguntei ao pai-velho.
— Você saberá no seu devido tempo, quando chegarmos à região circunscrita ao facho de luz — respondeu Pai João, sem aprofundar o assunto.
Raul e eu entendemos que aquele momento não comportava perguntas.
Concentramo-nos e juntos vencemos a névoa, aproximando-nos mais ainda do ponto central, para onde rumava nosso guia.
Alguém do interior daquele perímetro fechado hasteou uma flâmula com o símbolo de uma caveira, desenhado em meio a alguns traços, riscos e outros elementos, todos igualmente incompreensíveis para mim.
Uma voz potente se fez ouvir, vinda de alguém que demonstrava muita firmeza e um intenso magnetismo ao falar:
— Almas ruins, espíritos famintos e sedentos de sensações, abandonem toda a esperança de entrar aqui outra vez, pois vou impedi-los de roubar algo que não lhes pertence.
Estejam preparados para a vinda dos atalaias...
Quando ele nos viu, gritou, como que se dirigindo ao médium que estava desdobrado, acompanhando-nos:
— E você, alma vivente, afaste-se deste meio, pois aqui só vem quem tem permissão!
Pai João tocou o ombro de Raul transmitindo-lhe segurança, enquanto a voz continuou a falar:
— Você deve seguir para outro lugar, onde encontrará o que procura.
Porventura será você algum dos feiticeiros em busca de plasma dos corpos para suas artimanhas?
Não encontrará nada disso por aqui!
Pai João interveio, respondendo em voz forte e potente:
— Não! Ele não é feiticeiro e está connosco.
Somos também filhos do Cordeiro.
Falando assim, Pai João fez com a mão direita alguns gestos, de modo que, por onde ele circulasse o dedo em riste, um sinal luminoso se esboçava nos fluidos ambientes.
Era como se desenhasse no ar alguma coisa que os tais seres do outro lado conheciam.
Terminando o processo que realizava, ele deu um sopro forte, e os símbolos então se projectaram no alto, iluminando por alguns momentos a região logo acima do local para onde nos dirigíamos. Imediatamente alguém gritou da parte interna:
— É João Cobú!
O vivente está com João Cobú.
Eles têm passe livre.
Deixe-os entrar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 29, 2014 9:17 pm

Quando chegamos ao lugar, um grande portão foi aberto, e notei uma cintilação envolvendo todo o ambiente externo, como se fosse uma rede finíssima.
Pai João foi recebido com extrema reverência e respeito.
— Salve, meu pai!
Desculpe-nos as medidas inóspitas, mas ultimamente tivemos diversos ataques seguidos dos vampiros astrais.
— Salve, guardião — respondeu Pai João, enquanto acompanhávamos tudo com extremo interesse.
— Onde está o seu tata?14
— O chefe estava numa tarefa muito importante, mas ele percebeu seu ponto projectado na esfera astral e já se encontra a caminho.
O espírito não tirava o olhar de Raul, algo desconfiado, talvez, mas a presença de Pai João exercia uma forte influência sobre ele e os demais.
O porta-voz dos guardiões tinha a aparência de um homem alto, com mais ou menos 1,85m de altura.
Calvo, trajava-se com uma roupa estranha, lembrando vagamente as fardas do exército alemão, contudo, ao invés da suástica, uma caveira era o emblema estampado no peito.
Enquanto Pai João conversava com o guardião, caminhávamos todos em direcção àquela luz mais forte que eu vira antes.
Dirigindo-se a mim e Raul, o preto-velho informou:
— Estes guardiões são os caveiras, como são conhecidos nestas regiões do astral inferior, bem como nos cultos umbandistas e de tradição afro.
Ao contrário do que muitos médiuns ignorantes da realidade espiritual dizem, esta legião de espíritos trabalha para o bem, auxiliando nos cemitérios aqueles seres que desencarnaram e que, por algum motivo, permaneceram ligados ainda aos despojos em deterioração nas sepulturas.
Especializou-se na tarefa de limpeza energética dos cemitérios, evitando que magos negros e feiticeiros ainda encarnados, mas desdobrados, tenham êxito quando vêm em busca do fluido vital restante contido nos duplos das pessoas recém-desencarnadas.
— Por que este nome tão bizarro, caveiras?
— Muitos guardiões utilizam-se de nomes cabalísticos, pois que convivem diariamente com uma espécie de seres desencarnados, habitantes das regiões inferiores, que os respeitam exactamente por trazerem algo diferente, um nome ou um símbolo que evoca em sua memória espiritual algo que eles mesmos não sabem explicar.
Como trabalham em cemitérios, o símbolo mais óbvio a ser escolhido foi a caveira.
Sua tarefa, de singular importância, consiste no processo de limpeza energética, ao mesmo tempo em que realizam a transição, para as esferas mais altas, daqueles espíritos que já acordaram para algo maior.
Raul interferiu em nosso diálogo, acrescentando suas observações:
— O movimento espírita normalmente rejeita o uso de símbolos e nomes estranhos...
— Sim, meu filho, mas o movimento espírita não é a doutrina espírita.
Nesses redutos habitados por seres com costumes e interesses diferentes daqueles classificados como equilibrados, a atmosfera é muitíssimo densa.
Ante a densidade dos fluidos, a periculosidade de muitos que estagiam por aqui e a insalubridade energética de regiões inteiras do plano astral, a linguagem do pensamento, como a conhecemos, torna-se muitas vezes difícil de se propagar.
Basta traçar um paralelo com a dimensão física para entender melhor essa realidade.
Portanto, nada mais lógico do que associar imagens, símbolos e ideogramas para que certas falanges de espíritos prontamente se comuniquem e identifiquem logo com quem estão lidando.
Veja bem o caso de certos espíritos bastante respeitados, como os da Legião de Maria, tão comentada em um livro da médium Yvonne Pereira.
Seus integrantes exibem uma cruz azul como emblema de sua tarefa, de seu vínculo com esse corpo de trabalhadores.
"O espiritismo, para o desgosto dos adeptos pouco perspicazes, traz um sinal distintivo inspirado pelo próprio Espírito Verdade.
Falo da insígnia que Allan Kardec inseriu no cabeçalho do texto intitulado Prolegómenos, que temos como a acta de fundação do espiritismo na Terra.
Está lá, logo no início de O livro dos espíritos, a cumprir uma determinação directa daquelas almas que patrocinaram a Codificação, conforme ele explica.
É o ramo da videira, simbologia destrinçada pelos espíritos ao longo do texto."
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LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 2 Empty Re: LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 29, 2014 9:17 pm

— Você mesmo — falei a Pai João — desenhou nos fluidos um símbolo e o projectou no alto, só então os guardiões liberaram a nossa passagem.
— Pois é, meus filhos, esta é a simbologia dos pontos riscados, algo bem mais profundo do que se pode imaginar a princípio e com implicações mais vastas do que muitos iniciados conhecem.
Esses símbolos têm a função primordial de identificar certas entidades, falanges ou agrupamentos de espíritos, como eu disse.
Assim como as bandeiras, flâmulas e fardas que militares usam em todos os países do mundo contêm seus emblemas, também os guardiões possuem seus símbolos distintivos.
— Lembro-me também — comentou Raul — dos sinais de trânsito, que possibilitam a circulação de veículos em qualquer país.
Parece-me inclusive que sua adopção segue padrões internacionais, para facilitar a comunicação e, consequentemente, a locomoção de qualquer pessoa.
— Bem lembrado, Raul — Pai João prosseguiu.
Tudo na humanidade está relacionado a símbolos, sejam eles de natureza artística, mística, poética ou objectiva; não importa.
Do lado de cá, legiões superiores também ostentam seu simbolismo sagrado, o que facilita a interacção e a colaboração.
As fraternidades do espaço adoptam cada uma seu emblema como forma de serem reconhecidas nas tarefas de assistência espiritual que realizam no mundo oculto.
O que não fazem é associar quaisquer símbolos a poderes intrínsecos que não possuem, nem sequer a forças ocultas15.
Isso seria convertê-los em instrumentos fetichistas, o que não é o caso aqui.
Os sinais facilitam muito a comunicação.
E, quando se trata de estágios prolongados nos planos inferiores do astral ou umbral, nada mais sensato do que desenvolver um sistema de comunicação visual facilmente reconhecido pelas falanges de trabalhadores que realizam suas actividades nesses sítios.
— Na Terra — acrescentei — há inúmeros símbolos que ajudam na identificação de instituições, nações e muitos agrupamentos.
O que dizer da própria escrita?
Em nada mais consiste que em sinais gráficos associados a sons e, a partir daí, a ideias.
Aproximamo-nos do local de onde se irradiava a luz que me chamara a atenção.
Pude ver que se tratava de uma enorme cruz.
Uma aura de espiritualidade envolvia aquele cruzeiro, como era conhecido o lugar.
— O cruzeiro, meus filhos, presente em quase todo cemitério, é o ponto de convergência de vibrações mais subtis, que atendem às necessidades dos guardiões em suas tarefas.
As pessoas que visitam os cemitérios em geral se dirigem ao cruzeiro, onde realizam suas orações para os pretensos mortos.
Com o tempo, essas mesmas vibrações, de devoção, saudade e amor, criam essa aura que se irradia daqui.
Também é nesse espaço que os chamados exus caveira, guardiões dedicados a estes distritos, reúnem-se para determinar suas acções, de cujo benefício muitas dessas almas desesperadas não podem prescindir.
Se não fosse a determinação desses comandos especializados, que trabalham no resgate e na condução das almas desequilibradas, há muito os magos negros já teriam dominado completamente todos os cemitérios do planeta, transformando-os em laboratórios de extracção de ectoplasma.
— Quando chegamos aqui, aqueles espíritos que estão lá fora tentavam vencer a segurança — principiou Raul, fazendo menção com o braço.
Eles estão sob o comando dos magos?
Desta vez foi o guardião quem respondeu:
— Os seres em forma de réptil são degenerações do aspecto espiritual de pessoas que se especializaram no roubo de energias vitais.
Procuram os restos de ectoplasma que ficam no ambiente dos cemitérios após o sepultamento.
Embora não percam o património intelectual adquirido, trazem a consciência nublada, e, aos poucos, sua forma exterior vai degenerando.
Nossa tarefa é justamente assegurar que não obtenham o que vieram buscar.
Devemos impedir que capturem tanto essas energias vitais quanto aqueles espíritos que ainda se apegam ao corpo, suas presas predilectas, como poderão ver depois.
— Mas parecem compor um grupo muito grande...
Como vocês conseguem rechaçar as investidas deles?
— Há mais ou menos 40 anos, recebemos a incumbência de trabalhar mais intensamente nos cemitérios.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 29, 2014 9:17 pm

O tata, nosso orientador e líder, recebeu certos recursos das dimensões superiores e nos equipou de tal maneira que hoje formamos grupos em todo o planeta, preparados para o enfrentamento desses ataques.
Segundo o tata nos transmitiu, a ordem do Alto era para que impedíssemos a acção dos vampiros de energia e formássemos uma linha de defesa nos ambientes dos cemitérios.
Muitos magos negros e feiticeiros se apoderam de espíritos ainda prisioneiros dos despojos e os transformam em marionetes, cobaias para suas experiências.
Nesse particular, os guardiões interferem profundamente nos planos dos magos das trevas, interrompendo o fluxo criado directamente entre os cemitérios e seus laboratórios.
O roubo de energias vitais está cada vez menos intenso.
A ordem do Alto é erradicar completamente dos ambientes inferiores qualquer vestígio da acção das trevas.
— Então o trabalho de vocês não pára nunca...
— Infelizmente temos de lidar com a ignorância de inúmeros espiritualistas.
Por exemplo, quando um de nossos guardiões é percebido em reuniões mediúnicas, conduzindo espíritos para serem resgatados, somos mal interpretados pelos médiuns que não estudam nem suspeitam de nosso trabalho.
A simples visão de uma caveira evoca na mente dos sensitivos imagens negativas, associações relacionadas à morte, como se fosse um tema macabro.
É incrível o pavor que sentem pela morte muitos daqueles que lidam com os espíritos e postulam a reencarnação!
Não é uma incoerência?
Facto é que, ao sermos vistos, informam aos dirigentes que um exu com aspecto de caveira está presente, carregando prisioneiro outro espírito.
Pronto: assumem atitude paternalista e, como a visão depende de quem olha, enxergam um bandido subjugando a suposta vítima.
Nesse ponto da conversa, Pai João interrompeu o guardião e continuou em seu lugar:
— O dirigente, despreparado, não conhecendo o simbolismo utilizado no astral, conclui que exu caveira é a representação do mal.
Através de uma indução quase hipnótica e uma associação infeliz de ideias, alguns médiuns, a partir de então, deixam sua parte anímica falar mais alto e relatam coisas inacreditáveis a respeito dos guardiões.
O espírito que deveria ser resgatado é liberado, como se fosse um sofredor, e o guardião ou exu é doutrinado, conforme dita o figurino adoptado em larga escala nos centros espíritas.
Terminada a reunião, o verdadeiro obsessor foi libertado, como se fosse um espírito necessitado, livre para voltar às suas actividades, e o guardião, que é o parceiro das actividades do bem, é confundido com espíritos maus.
— Isso mesmo — falou o guardião com o símbolo de caveira.
Por esse motivo, procuramos regularmente os centros umbandistas para nos auxiliar nas tarefas, pois neles nossos trabalhadores da polícia astral manifestam-se e são conhecidos como exus caveira.
Evidentemente, também enfrentamos problemas sérios nos centros de umbanda, só que de natureza distinta.
Com o tempo, porém, temos certeza de que cada vez mais umbandistas e espíritas se esclarecerão, de modo que possamos realizar um trabalho em parceria, com eficácia ainda maior.
— Se os umbandistas sabem sobre vocês e o papel que desempenham, por qual razão há problemas em sua participação?
— O conhecimento somente aos poucos vai conquistando as mentes e os corações dos verdadeiros umbandistas, assim como ocorre com todas as pessoas.
Muitos médiuns e dirigentes estão cativos de ideias preconcebidas ou transmitidas por pessoas absolutamente despreparadas.
Conhecem certos símbolos, sagrados para eles, e sabem de nossos nomes, é verdade.
Entretanto, quando procuramos alguns médiuns para realizar um trabalho de parceria, teatralizam tanto a nossa manifestação através deles que perdem de vista o objectivo da tarefa.
Existem casos extremos em que nos vemos compelidos a nos afastar, deixando o médium sozinho, entregue à encenação de um verdadeiro teatro.
Encurva-se todo, fala palavras incompreensíveis, até mesmo palavrões, como se nos comportássemos de modo tão grotesco.
Querem apenas uma plateia para aplaudir sua performance notável.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 29, 2014 9:18 pm

"Graças ao investimento do Alto, vem surgindo uma geração de umbandistas cada vez mais conscientes, que têm procurado estudar, conhecer mais e trabalhar melhor sua mediunidade, de maneira mais afeita aos ideais superiores, o que também os torna mais aptos a promover resgates, defesas e limpezas no astral, actividades com as quais muitos guardiões, de diversas falanges, estão seriamente comprometidos."
Nossa atenção foi desviada para um espírito que chegou.
Sua aparência impunha respeito, mas não podíamos dizer que havia nele expressão de beleza.
Apesar da figura rude, irradiava de sua face, de seus olhos tal autoridade e, ao mesmo tempo, tal simpatia, que diria incomuns.
Alto, olhos vivos e poucos cabelos, aparentava aproximadamente 40 anos de idade, segundo as referências terrestres.
Sabemos que a exterioridade de um espírito depende muito de sua vontade, de suas experiências e da plasticidade de seu perispírito ao retratar o íntimo do ser.
Mas ali estava alguém que realmente chamava a atenção.
Dirigiu-se ao pai-velho e, numa demonstração de gratidão, respeito e algo que beirava a veneração, cumprimentou Pai João:
— Salve, meu pai!
Sinto-me honrado em recebê-lo novamente em nosso círculo de actividades.
— Que bom vê-lo de novo, meu menino — expressou Pai João com certa desenvoltura e demonstração de amizade.
Fico feliz em verificar que está desempenhando bem sua tarefa.
— Pretendo ser fiel ao legado que me confiaram, além de ser eternamente grato por você haver me abonado diante do comando dos guardiões.
— Tenho certeza de que você é capaz.
Parece-me que os caveiras estão satisfeitos com sua forma de conduzir a situação por aqui...
— Temos procurado encontrar soluções para os desafios impostos pelas trevas ouvindo a opinião de todos, meu pai.
— Parece-me que a democracia chegou aqui... — satirizou Pai João.
— Não diria que é exactamente um regime democrático, mas buscamos uma igualdade relativa nos trabalhos, uma vez que os magos negros, vampiros e quiumbas não nos têm dado trégua.
O que não é para menos, pois temos avançado nossas trincheiras.
Na medida do possível, tenho visitado diversos campos de actividade, outros cemitérios, nos quais pudemos estabelecer um plano de acção semelhante ao que temos em funcionamento aqui.
São iniciativas simples, é claro, sem esquecer que nosso planeamento estratégico vem do comando supremo dos guardiões.
Seguimos a rota traçada, que, com certeza, é de inspiração superior e, naquilo que podemos, adaptamos essa orientação à realidade de cada local de nossa ocupação.
— Afinal, não é tão democrático assim, não é mesmo? — tornou a brincar o preto-velho, de forma afectuosa, colocando a mão sobre o ombro daquele soldado do astral.
Voltando-se para nós, Pai João apresentou-nos ao tata, como todos se referiam ao chefe daquela legião de espíritos:
— Este é Ângelo e o outro companheiro é o nosso amigo Raul. Ambos estão comigo, pois o nosso Ângelo precisa colher informações e apontamentos para transmiti-los aos filhos encarnados.
E Raul é um vivente que está desdobrado, acompanhando-nos, pois carecemos de uma fonte de ectoplasma e de um parceiro com habilidade para se deslocar em nosso plano com relativa facilidade.
Ele concordou em nos auxiliar.
— Escrever aos viventes da Terra a nosso respeito? — perguntou o chefe da daqueles guardiões.
— É preciso ter muita coragem para confrontar as ideias erróneas que elaboraram acerca de nosso trabalho.
— É o que pretendo, com ajuda de vocês — redargui.
Já é hora de romper esse tabu, você não acha?
Dirigindo-se a nosso convidado Raul, o guardião falou, sem constrangimento:
— Você me parece corajoso também.
Vejo que é coroado e traz uma outorga do Alto...
— Estou aprendendo com João Cobú a respeito da vida espiritual, sou um aprendiz.
Pai João interferiu na conversa:
— Raul é pupilo de um amigo nosso de outros planos, e juntos realizamos um trabalho de parceria.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 29, 2014 9:18 pm

Aprendemos uns com os outros.
Ele também é iniciado e serve sob a égide do espiritismo.
— Espiritismo? — o chefe dos caveiras deu uma estrondosa gargalhada.
Desculpe o jeito de me expressar, mas é que sinto pena de você.
Os espíritas parecem ter criado um movimento tão cheio de preconceitos que dificilmente se interessam por algo a nosso respeito sem nos tachar de obsessores e acusar o médium de anti-doutrinário, como é seu costume.
— Eu sei, mas, conforme disse Pai João, meu trabalho se dá sob a bandeira do espiritismo, e não dos espíritas — Raul foi taxativo.
— Corajoso, o rapaz! — respondeu o representante dos guardiões no cemitério, com certa ironia e bom humor.
Gostei de você.
Então, abraçando Raul como se abraça um amigo, retornou a atenção a Pai João e perguntou, com entusiasmo:
— Creio que não vieram aqui apenas para me ouvir, não é mesmo?
Em que posso ajudá-los?
João Cobú instruiu o guardião a respeito das intenções que norteavam nossa excursão, no tocante à pesquisa do mundo oculto, principalmente no que concerne ao império das sombras, sua estrutura, organização e seu método de trabalho.
Aquele a quem chamavam tata prontificou-se imediatamente a nos acompanhar em um breve reconhecimento daqueles sítios, denominados por eles de campo-santo, numa atitude solene, que me despertou interesse.
Sem delongas, pusemo-nos a caminho a fim de conhecer aquele local que, a começar pela postura dos anfitriões, merecia de nossa parte imenso respeito.
Dentro de instantes ouvíamos gritos e gemidos.
Era algo tão aterrador que parecia vir de uma alma presa no lendário inferno criado pelos cristãos.
Vimos dois guardiões curvados sobre uma sepultura, auxiliando o espírito de uma mulher a se desenvencilhar dos despojos carnais, junto aos ossos que permaneciam no interior da tumba.
Detive-me, com Raul, e pude notar horrorizado o quanto a pobre mulher se debatia em meio aos vermes que percorriam o local onde haviam sido devorados os últimos fragmentos do corpo em decomposição.
A aparência daquele espírito desafiava minha capacidade de expressão.
Não conseguiria descrever com clareza o que via. Raul, ao contrário, parecia não se abalar com o quadro à nossa frente e permanecia a meu lado, observando o desenrolar da cena.
Pai João e o guardião conversavam a respeito daquele espírito e do que acontecia:
— Este infeliz espírito, que em sua última existência estagiou no corpo feminino, foi agraciado com uma beleza incomum — reportava o tata.
Trabalhou como modelo e, entre as passarelas e a fotografia, conseguiu imenso prestígio no mundo dos homens, devido à singular beleza, aliada ao charme e ao exercício da sedução.
No entanto, entregou-se às drogas, como comummente ocorre nesses casos, e dedicou sua vida a esculpir o corpo e projectar determinada imagem, concentrando na beleza física toda a sua atenção.
Desencarnou vítima de um câncer, que foi, aos poucos, corroendo o intestino e o fígado, deixando-a cada vez mais desvitalizada.
Após o desencarne, entrou num processo insano de apego ao antigo corpo, que fora objecto de culto e veneração durante a vida, num saudosismo doentio, ligado ao sucesso de outrora.
Tem resistido a todas as tentativas de socorro.
Mesmo sentindo os vermes a envolver seu corpo espiritual, a ex-modelo, por processo de ideoplastia, cria imagens e situações que agravam seu desespero íntimo.
Não concorda que esteja desencarnada e, revoltada contra a vida, entrega-se a este estado calamitoso.
Destaquei dois guardiões com o objectivo de ampará-la e observar se ocorreria algum progresso no caso da infeliz, até que ontem conseguimos algo.
A avó da pobre criatura, desencarnada recentemente, resolveu visitar a neta, mas encontrou-a ligada aos despojos carnais.
— Há quanto tempo ela resiste ao auxílio? — perguntou Raul, voltando-se, interessado, para o guardião.
— Mais ou menos 20 anos.
O tempo parece longo demais para um ser ficar acreditando que está sendo devorado por vermes, a criar continuamente situações aflitivas em torno de si.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 29, 2014 9:18 pm

— Não podemos fazer nada a respeito?
Não há como acelerar o processo de resgate da mulher infeliz? — replicou, espantado.
— Precisamos de médiuns de boa vontade e capacitados para a empreitada.
Procuramos certa vez um agrupamento mediúnico, e um de nossos guardiões se apresentou como Exu Caveira.
Antes que pudesse explicar o motivo pelo qual comparecia àquela reunião, que era pedir ajuda para este espírito, o dirigente começou a doutriná-lo, sem sequer escutar seu lado da história.
Casos como esse ocorrem repetidas vezes.
Ontem, depois que a avó desta pobre mulher esteve aqui, fomos informados sobre um agrupamento mediúnico familiar que está disposto a auxiliar, mas, além disso, precisamos de um médium que doe ectoplasma e que conheça minimamente o processo de resgate.
Vejam o que sucede com ela — falou o tata, apontando para dentro da sepultura.
Olhamos interessados, e eu, vencendo o pavor e a repugnância que a situação me inspirava, pude perceber detalhes que antes não havia visto.
O espírito da mulher contorcia-se em meio a inúmeros vermes que envolviam cada centímetro do seu corpo espiritual.
De sua boca, ouvidos e nariz, saíam formas horrendas, seus olhos esbugalhados, era como se estivessem fora de órbita, o que transformava sua aparência em algo assustador.
A matéria astral que havia dentro da sepultura reflectia diversos rostos de figuras quase humanas, que apareciam e desapareciam à medida que a examinávamos.
Ora se assemelhando a seres humanos, ora se comportando como escorpiões, tais formas ferroavam incisivamente seu corpo espiritual.
Seria isso um exercício de auto punição? — indaguei-me.
— Todo esse processo é o resultado de uma vida voltada com exclusividade às questões puramente materiais, somada ao uso de drogas poderosas.
A mente desse espírito, habituada com imagens mentais sem nexo, geradas pelo uso de entorpecentes e outras substância tóxicas, passou a produzir, do lado de cá, essas formas mentais destrutivas que a atacam permanentemente.
Vejam a situação da matéria astral junto ao corpo espiritual...
Fixamos a atenção em uma espécie de lama ou muco, que se achava grudado no perispírito da mulher, mais intensamente na parte inferior, próxima à região genital, às coxas e pernas.
O estranho elemento astralino, produto de uma transformação antinatural, devido às imagens mentais tóxicas criadas pela mente enferma, assemelhava-se a um ácido de grande poder corrosivo, que ia aos poucos desfigurando o corpo subtil da mulher desencarnada.
Diante de nossa admiração pelo que observávamos, o guardião esclareceu:
— Precisamos de alguém entre os encarnados que entenda do processo em questão.
Não basta boa vontade, nesse caso.
É necessário que o médium ou o grupo estude o processo de ideoplastia, conheça alguns recursos da natureza e que o doador de ectoplasma se disponha pessoalmente ao resgate...
— Eu me candidato — interrompeu Raul.
Se quiserem, podem contar comigo.
O guardião olhou para Pai João, como que esperando sua aprovação, que veio através de um olhar significativo, assentindo com a cabeça.
A um sinal do tata, um dos guardiões subordinados a ele partiu imediatamente dali.
— Aceitamos sua ajuda com regalo — respondeu.
Enviei um dos guardiões para falar com o representante dos trabalhos mediúnicos.
Creio que no máximo até amanhã à noite poderemos libertar a infeliz.
Em seguida o local ficou repleto de guardiões.
Notei também que algumas mulheres, semelhantes à polícia feminina, acorriam ao local próximo à sepultura onde a infeliz se mantinha refém.
Eram espíritos de mulheres dotados de intenso magnetismo e que transmitiam segurança, dando a impressão de conhecer perfeitamente a tarefa que as aguardava.
Estranhei, pois até aquele momento só observara a presença de espíritos com aparência masculina naquela equipe de guardiões do campo-santo.
— São a chamada polícia feminina do astral.
Na umbanda, são conhecidas como pombajiras, ou bombonjiras16 , como expressam melhor alguns umbandistas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 29, 2014 9:18 pm

— Mas as informações que nos chegam acerca desses espíritos... — comecei a falar, logo sendo interrompido pelo tata dos caveiras.
— Sei, Ângelo, são desastrosas.
As pessoas dizem, lá entre os encarnados, que as chamadas pombajiras são espíritos de mulheres da vida, prostitutas, ou coisa semelhante.
Isso se deve muito mais à ignorância de médiuns e dirigentes, que desconhecem por completo a verdadeira identidade e a importante tarefa que desempenham essas guardiãs.
Na verdade, formam uma falange de amazonas do plano astral e trabalham em todo caso que envolve sentimentos e emoções mal orientadas e desequilibradas, que é sua vocação.
Como o presente caso exige um acompanhamento ligado ao emocional, nada melhor do que espíritos especializados nessas questões, que, além disso, são portadores da garra e da determinação que distinguem as guardiãs comprometidas com o bem do próximo.
Elas operam nas encruzilhadas vibratórias, que não guardam relação com as chamadas esquinas das ruas terrenas.
São exímias conhecedoras dos problemas do coração, da sensibilidade e exercem seu trabalho com maestria quando se cruzam os problemas da razão, da perda do bom senso, com aqueles gerados por emoções descontroladas.
— Tenho muito que aprender...
— Ao contrário do que muitos médiuns expressam, em seu animismo confundido com mediunismo, esses espíritos não se comportam do modo como são retratados pela incompreensão.
Para nosso desapontamento, muitos sensitivos, que desonram o verdadeiro trabalho dessas guardiãs, representam-nas, no momento da incorporação, utilizando palavrões, atitudes grotescas e maldosas, desprezando a oportunidade ímpar de concorrer para o equilíbrio do sentimento e das emoções, técnica que elas dominam como ninguém no astral inferior.
Em suma, não podemos prescindir de sua actuação, pois nas esferas do umbral elas desempenham actividade fundamental no resgate dos espíritos comprometidos com o coração, a emoção e a sexualidade.
Dando uma pausa necessária para que eu assimilasse suas palavras, ele continuou:
— É certo, Ângelo, que existem espíritos na forma feminina que abusaram da sexualidade e, do lado de cá, continuam com seus desequilíbrios, tanto quanto ocorre com espíritos na forma masculina.
Muitos médiuns se sintonizam com essas entidades, que várias vezes pretendem se mostrar, através da incorporação ou da psicofonia, como sendo bombonjiras.
São farsantes, espíritos inferiores e desrespeitosos, que produzem mistificações as mais diversas ao estabelecer sintonia com médiuns obtusos, comprometendo assim a imagem e o trabalho sério das verdadeiras guardiãs.
Creio que não precisava de maiores detalhes no momento.
Após essa explicações, o tata dos guardiões dispensou a força-tarefa feminina, como denominei as modernas amazonas do plano astral.
Prosseguimos nossas observações em outro terreno, entre as sepulturas do cemitério.
Nossa atenção voltou-se para um barulho externo.
Uma multidão de seres em desequilíbrio tentava a todo o custo romper o cerco dos guardiões, na ânsia de adentrar o cemitério.
Eram desencarnado, muitos com aparência grotesca, dentes afiados, imensos e desproporcionais, tinham a boca aberta enquanto a saliva escorria-lhes entre os lábios.
Outros, em menor quantidade, trajando longas túnicas, pareciam se arrastar em meio à turba, silenciosos, mas visivelmente ameaçadores.
A grande maioria, porém, assemelhava-se a um bando de marginais, mulheres e homens desfigurados, sujos e maltrapilhos, todos com alguma deformidade na aparência perispiritual.
O cemitério efectivamente estava sendo atacado — e sob artilharia pesada.
— Vejam, Ângelo e Raul — elucidou o tata.
Os que vestem túnicas são os representantes dos magos negros; são os iniciantes, na verdade.
Detêm total controlo sobre a turba de seres em desequilíbrio, composta basicamente por duas classes de espíritos.
Os mais horrendos e agressivos são os vampiros astrais, que sobrevivem dos restos de fluidos densos exalados pelos corpos eterizes de recém-desencarnados, os demais são quiumbas, totalmente submissos a estes.
Essa cadeia de dominação perversa, como poderão ver mais adiante, é a regra, que se estende até os comandantes supremos das sombras.
O tata interrompeu as explicações, como se tivesse recebido um comunicado de algum dos seus.
— Tenho de me apressar no comando dos guardiões.
Fiquem por aqui — disse ele, retirando-se.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 29, 2014 9:19 pm

Vimos quanto os guardiões trabalhavam em sintonia.
Algo diferente, que eu nunca poderia imaginar ocorresse no plano astral, presenciei ali naquela noite.
Uma batalha no mundo oculto.
Por mais inusitado que pudesse soar para mim, não tinha como descrever com outra palavra o que se dava diante de meus olhos.
Sob o comando do tata dos caveiras, imenso contingente de guardiões se colocou em seus postos.
Poderoso arsenal, composto por armas desconhecidas para nós, era posicionado estrategicamente.
Intrigado com tudo aquilo, recorri mentalmente a Pai João, que me socorreu no acto:
— Não se esqueçam, meus filhos, de que não estamos nos mundos superiores nem na espiritualidade propriamente dita; muito pelo contrário.
Este é o astral, também conhecido como umbral, uma dimensão de transição ainda bastante densa, situada entre os planos material e espiritual.
Aliás, bem mais próxima do primeiro, vibracionalmente falando, é esta região específica onde nos encontramos.
Por aqui as coisas ocorrem de modo muito semelhante ao que se dá na Terra.
Como os magos negros atacam utilizando o arsenal de seres em desequilíbrio à sua disposição, os guardiões, por sua vez, armam-se de uma tecnologia que lança radiações eléctricas.
O choque dos raios emitidos afugenta a multidão de almas perturbadas, acordando-as temporariamente do transe hipnótico a que os magos as submetem.
Mal Pai João encerrou sua fala, ouvimos um barulho ensurdecedor.
Os guardiões estavam munidos de armamentos diversos: alguns pareciam tridentes, outros eram como lanças, e ainda havia aqueles em forma de canhões, cujas bocas cuspiam faíscas eléctricas em direcção ao alvo.
Era algo cinematográfico, poderia se dizer, mas perfeitamente real — para meu espanto, inclusive17.
Os magos negros e sua turba de vampiros estavam na linha de frente do combate, e, mais além, a grande multidão de quiumbas agitava-se.
Os magos mantinham os braços estendidos em direcção aos policiais do astral, e podíamos notar raios finos partindo de suas mãos, os quais eram visíveis somente devido à materialidade dos fluidos ambientes.
De suas cabeças irradiava imenso poder hipnótico, em especial dos olhos, iluminados com um clarão medonho e avermelhado.
O grito de guerra do tata dos guardiões não se fez esperar:
— Laroiê, Exu! — bradou o tata a plenos pulmões, como que dando uma ordem.
Pai João entrou na batalha, e mais uma vez o vimos desenhar nos fluidos ambientes o sinal que lhe era característico, projectando-o nas regiões imediatamente superiores.
O preto-velho transformou-se em nossa frente, em meio à aparência do velho negro africano, vimos a forma de um antigo iniciado egípcio se destacar.
Quando os símbolos de Pai João foram estampados no astral, algo diferente aconteceu do outro lado, fora do cemitério.
Uma falange de exus ou guardiões, cerca de 500 espíritos, de repente veio chegando.
Deslizavam nos fluidos do ambiente umbralino, portando armas do tipo tridente, as quais jorravam de suas pontas raios eléctricos que repeliam a multidão enfurecida.
À medida que o grupo era atingido, os quiumbas tentavam correr, a fim de escapar de seus algozes, mas logo se viam aprisionados — só que agora pelos exus — em uma malha finíssima, de estrutura electromagnética.
Era grande o número de guardiões que os envolviam, de modo que não tinham como fugir.
Os magos e os vampiros, por sua vez, encontraram resistência inesperada.
Contrariando suas previsões, sofreram investida tenaz por parte dos caveiras, que estavam preparados para o confronto, intensificando o campo de força em torno do cemitério.
Em pouco tempo, o destino da batalha estava decidido.
Os magos ainda conseguiram bater em retirada, porém deixaram para trás os vampiros e os quiumbas, que lentamente acordavam do transe hipnótico, embora não soubessem que rumo tomar.
Antes de encerrar-se a contenda, tive oportunidade de surpreender-me uma vez mais, agora com a técnica utilizada por Pai João.
Projectando sua forma perispiritual de pai-velho entre o cemitério e os magos em retirada, a figura do nosso guia os perseguia por onde quer que fossem.
Era como se uma projecção holográfica ganhasse vida própria e ficasse no encalce da legião das trevas.
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LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 2 Empty Re: LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 29, 2014 9:19 pm

Em virtude disso, chegaram a parar por um momento, mas prosseguiram em seguida, alterando sua rota de fuga.
Estavam certamente atordoados ante o desfecho da batalha.
Olhei para Raul e tive a nítida impressão de que ele tremia por inteiro.
Será que achou que poderia desencarnar, estando desdobrado? — cogitei ironicamente.
Após tudo voltar ao habitual, inclusive o aspecto do preto-velho Pai João de Aruanda, este chamou o tata, e voltamos a nos reunir no cruzeiro do cemitério.
— Chamei os guardiões que trabalham sob o comando de um grande amigo espiritual, um caboclo — principiou o pai-velho.
Eles são especialistas no trato com os quiumbas e os conduzirão a um local apropriado, na tentativa de conversar com eles.
Contudo, é evidente que os magos não desistirão tão cedo de seu intento.
Precisam de fluido vital a qualquer preço, até porque entre eles mesmos existem grupos rivais, facções inimigas que procuram boicotar as experiências uns dos outros.
Para realizarem uma operação tão escancarada, suas reservas de ectoplasma devem estar escassas, por isso buscam extrair a maior cota possível directamente dos cadáveres.
Creio que com o susto procurarão outros campos-santos; não esperavam encontrar tamanha resistência.
— Os demais cemitérios estarão protegidos, como este? — perguntou Raul.
— De forma alguma.
Todos certamente têm equipes trabalhando, mas ainda não conseguimos equipar e especializar um número suficiente de guardiões para o trato com essas questões delicadas, que envolvem magos, feiticeiros e vampiros do astral.
São espíritos altamente perigosos.
Há muitos cemitérios do planeta ainda sem a protecção no nível que este possui, embora as equipes socorristas dêem o melhor de si.
Mudando o rumo da conversa, o tata nos convidou a um momento de reflexão e prece.
Nessa hora, quando mentalizamos os recursos superiores, o cruzeiro iluminou-se ainda mais, como se uma profusão de luzes e cores irradiassem de planos mais altos e se derramassem directamente sobre a cruz, em cuja base nos reuníamos.
De suas hastes partiam jactos de luz, que eram disparados em toda as direcções do cemitério, acalmando os espíritos que ali se encontravam, apegados aos antigos despojos.
Diversas lápides se acenderam, e, embora o lugar pudesse despertar nos encarnados alguma lembrança lúgubre, o ambiente por inteiro recebeu a bênção superior em forma de safirina luz.
Ao que tudo indica, o corpo de guardiões aguardava a ocorrência, pois todos eles espalmaram as mãos, em atitude receptiva, sendo cada um mergulhado nos jactos daquela luminosidade e envolto nas cores que irradiaram do cruzeiro.
Após alguns minutos, tudo parecia voltar ao normal, e as actividades prosseguiram conforme o planeamento.
Desta vez foi Raul quem falou:
— Este cruzeiro funciona como um condensador de energias superiores.
De certa maneira, também se comporta como um imenso condutor e transformador energético, pois as vibrações de dimensões mais altas fluem através dele, envolvendo a todos e ao ambiente por inteiro com um acréscimo de vitalidade subtil.
Ao mesmo tempo, a luz astral reabastece os guardiões e dispersa aqueles fluidos densos, que talvez fossem resquício do encontro com os magos.
— Humm... — assenti.
Pelo jeito o fenómeno era conhecido pelo médium, pois ele revelava detalhes que eu mesmo, como desencarnado, não sabia.
— Raul já visitou outros lugares como este, Ângelo, e também traz na memória espiritual certos registos, que eclodem de seu psiquismo à medida que a necessidade se faz presente — elucidou Pai João.
Prosseguimos nossa excursão pelo cemitério, sem maiores delongas, enquanto as equipes de guardiões também se dispersavam, para dar prosseguimento a suas actividades.
Entre as sepulturas, deparamos com cenas incomuns.
Alguns espíritos tentavam se esconder dentro dos montes de terra; outros, na ânsia de fugir de nossa presença, entravam terra adentro e, talvez acreditando chocar-se com uma barreira, ficavam com metade do corpo perispiritual para fora, debatendo-se intensamente.
Associaria essa visão com emas e avestruzes, se não fosse tão trágico.
A forma humana, nesses seres, era distante daquela conhecida pelos companheiros encarnados.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 29, 2014 9:19 pm

Esqueléticos, mais humanóides do que propriamente humanos, os membros desarticulados apresentavam-se com intensa deformidade, as mãos, por exemplo, lembravam mais mãos de símios que de homens.
O chefe dos guardiões deteve-se por instantes, observando ou dando um tempo maior para que pudéssemos visualizar mais detalhadamente a situação daqueles estranhos seres.
Após breve intervalo, informou:
— Temos aqui espíritos revoltados com o fato de que a morte do corpo impede que vivam no meio dos encarnados.
Além disso, trazem a mente obscurecida por uma visão muitíssimo distorcida da realidade espiritual.
Há também outros grupos, que vagam medrosos por entre as sepulturas.
Poderiam ser classificados pelos estudiosos como sendo seres endógenos, pois vivem escavando a terra na esperança de desenterrar seus antigos corpos.
Entre nós, guardiões, são chamados de fura-terras, um termo menos complexo para referirmo-nos a eles, facilitando a comunicação entre a polícia astral.
Enlouqueceram diante do pavor que a morte lhes inspirou, mas recusam-se a despertar o pensamento para que possam ser socorridos.
Eventualmente, escapam ao controle exercido pelos guardiões e vagam pelas ruas à noite, sem rumo definido.
Comportam-se como sonâmbulos.
— Mas os magos negros não usam esses seres, como fazem com os quiumbas? — indaguei o guardião.
— Esses espíritos estão enlouquecidos e não se prestam aos objectivos dos magos.
Perderam o controle das emoções e da razão.
Os magos negros precisam que a pessoa visada tenha um mínimo de raciocínio e que a mente objecto de seu poder hipnótico esteja em perfeito funcionamento.
Os que observamos aqui têm seu campo mental totalmente comprometido, ao se refugiarem na loucura que os torna mortos-vivos.
Nem mesmo sabem o que ocorre à sua volta, e a única sensação que experimentam é a do medo de qualquer outro ser vivo.
— Vocês permitem que fiquem soltos pelas ruas?
Não poderão prejudicar alguém?
— Acreditamos que não.
Estão de tal maneira mergulhados em seu universo distorcido e tão distantes da realidade que não percebem o que ocorre em torno de si.
Além do mais, servem de alguma forma para deter a acção de pessoas encarnadas que poderiam prejudicar outros.
— Não compreendi bem o que você quer dizer...
— Como tais espíritos mantêm-se alijados do contacto com o mundo corpóreo, vivem em estado de sonambulismo, como fantasmas, e procuram de preferência lugares ermos, casas abandonadas e territórios com pouco tráfego humano.
Quando alguém entre os encarnados os percebe, através de sua sensibilidade, é um deus-nos-acuda.
De um lado, o encarnado sai apavorado, correndo de medo, e, do outro, o próprio espírito foge, em pânico, pois sua mente encontra-se em completo desequilíbrio.
Caso a pessoa esteja frequentando esses ambientes preferidos pelos fantasmas do astral maquinando algum plano ou tentando promover algo escuso, a simples presença desses seres desperta no intruso o pavor que o faz sair do local, desesperado.
Mas nem todos eles conseguem sair por aí, a esmo.
Os que o fazem, logo ao nascer do sol voltam para os cemitérios, tentando se enterrar pelo chão adentro.
Nosso olhar voltou-se para um outro grupo de espíritos, que notamos entrarem pelo chão, também em busca de esconderijo.
Esses pareciam menos medrosos; encaravam-nos com os olhos quase saltando da órbita, embora não demonstrassem querer contacto com nenhum de nós.
Eram mais humanos na aparência, entretanto seus corpos espirituais continham marcas profundas, que sugeriam ser fruto de acidentes ou doenças mais graves.
Feridas fétidas, membros amputados, cortes profundos em alguma parte de seus corpos — tudo compunha um quadro estranho de se ver.
Mostravam-se de tal modo envergonhados que claramente desejavam ocultar suas deformidades uns dos outros, mas principalmente de nós.
Sumiam chão adentro sem deixar vestígio.
Certas sepulturas funcionavam como portas, das quais se utilizavam para ingressar num pretenso mundo subterrâneo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 29, 2014 9:19 pm

Dessa vez foi Pai João quem nos esclareceu:
— Abaixo da superfície, outros planos ou dimensões existem, em situação energética mais densa, nos quais esses seres se refugiam.
Agrada-lhes viver em cavernas subterrâneas, apesar de que já têm coragem de ver e ouvir além de seu mundo mental, diferentemente dos primeiros fantasmas.
Vivem em bandos, embora tenham perdido a lembrança de como articular a voz, para que pudessem efectivamente se comunicar entre si.
Não despertaram ainda para qualquer actividade mental superior.
Também podem ser classificados de fantasmas de cemitérios, entre os guardiões, porém, são conhecidos como cavernícolas, que assim os distinguem dos fura-terras.
"Há uma razão para tanto.
Essa classe de espíritos, especificamente, é muito visada pelos feiticeiros encarnados, que, desdobrados, procuram os cemitérios para realizar seus trabalhos.
Quando detêm tal capacidade, perseguem esses fantasmas, capturam-nos e os aprisionam sob seu poder magnético.
Nos processos de magia negra, os feiticeiros os acoplam às auras de encarnados vítimas do processo obsessivo.
Enfermidades desconhecidas, processos de adoecimento prolongado, sem diagnóstico claro ou tratamento, nem ao menos resposta diante das intervenções da medicina humana, passam a fazer parte da vida de tais pessoas.
Tal situação é conhecida entre nós como ressonância vibratória.
Isto é, o encarnado absorve os fluidos do ser em desequilíbrio, que está mentalmente comprometido e cujo perispírito apresenta grave contaminação por elementos pertinentes à esfera astral, tais como matéria tóxica, larvas, bactérias e outras criações mentais totalmente integradas ao corpo espiritual dessas entidades.
"O quadro pode se tornar ainda mais complexo quando os feiticeiros se associam aos seus pares na dimensão extra física.
Afinal, é natural que actuem em conjunto, dada a sintonia que existe entre eles por conta das acções mórbidas que empreendem, independentemente de estarem deste ou de outro lado da vida.
Assim, se o feiticeiro do astral tiver um poder mental e hipno-sugestivo mais intenso, ele poderá inclusive manipular certos vírus e bactérias cultivados em pântanos e charcos do umbral, que ordinariamente só se encontram em regiões inferiores, com vistas a transferi-los para o corpo físico de seus alvos.
Usam os cavernícolas como transmissores ou vectores desses micro organismos etéricos, muitos dos quais completamente desconhecidos do homem.
Em virtude do contacto intenso e constante que promovem com o campo energético do enfeitiçado, dá-se a transferência, o salto para o plano material.
Sejam vírus, bactérias ou comunidades microbianas próprias do mundo astralino inferior, o facto é que se materializam ante a interferência da baixa feitiçaria, causando enfermidades variadas e dificilmente diagnosticadas pela medicina terrena."
Dando uma pausa para que pudéssemos absorver as informações e reflectir acerca das consequências perfeitamente previsíveis daquilo tudo que nos explicava, Pai João prosseguiu sua exposição:
— Os chamados cavernícolas representam perigo porque também são presas perfeitas para os magos negros desencarnados e cientistas das trevas, categorias bem diversas dos feiticeiros, de que tratamos anteriormente, e conforme veremos em detalhes em outro momento.
"Como não perderam completamente o uso da razão e sua situação mental é diferente da situação dos fura-terras, os magos e cientistas procuram os cavernícolas para transformá-los em cobaias de suas experiências infernais.
São utilizados como hospedeiros para o desenvolvimento de bactérias e comunidades de vírus, nos laboratórios localizados nas regiões mais densas, aproveitando-se seu estado perispiritual, que evidencia grande decomposição.
A matéria astral de seus perispíritos, obedecendo ao comando mental dos agentes das sombras, transforma-se num ninho de seres microscópicos semi-materiais, que se desenvolvem e se reproduzem.
São seres cuja existência é restrita ao plano astral, mas isso não impede que sejam utilizados em experimentos por essas figuras do mal.
Objectivam, aos poucos, materializar na Terra esses elementos cultivados em laboratório, através do ectoplasma que conseguem extrair dos humanos."
Caminhamos mais por entre os habitantes do cemitério, quando divisamos a presença de outra classe de seres.
Eram espíritos emocionalmente dignos de comiseração, embora não se encontrassem apegados aos corpos físicos em decomposição e tampouco estivessem com a mente adoecida pelo facto de estar desencarnados.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 29, 2014 9:20 pm

Algo medrosos, mas curiosos quanto à vida além dos seus estreitos limites mentais, permaneciam agrupados em turmas pequenas em redor das sepulturas, dos montes de terra, e faziam dali seu habitat.
Agachados, muitas vezes mostravam uma timidez de tamanha intensidade que não conseguiam sequer virar o rosto em nossa direcção.
Um ou outro se atrevia a levantar os olhos, mas logo desviava o olhar para baixo.
Gemiam baixinho, executando um estranho e macabro concerto, que envolvia aquele ambiente numa atmosfera singular.
O tata nos explicou a situação daqueles habitantes das covas:
— Esses são espíritos mais fáceis de ser resgatados, para os quais os guardiões convergem seus maiores esforços.
A timidez expressa por esses irmãos demonstra que são mais ou menos conscientes de seu estado de desencarnados.
Falta-lhes apenas coragem suficiente para, por si sós, libertarem-se das lembranças, que ainda gravitam, em forma de criações mentais, junto às covas onde foram enterrados seus antigos corpos.
Temem sair além dos limites dos montes de terra aos quais se apegam e, com isso, procuram alimento para sua fome espiritual no terreno delimitado pela órbita que descrevem seus clichés mentais.
Além disso, é uma maneira de se sentirem seguros em meio àquilo que lhes é familiar:
as próprias reminiscências.
"Padecem de grande fome e sede, consequência lógica do persistente vínculo com a realidade material; entretanto, já que não encontram nada que os sacie, paulatinamente suas mentes forjam nova configuração para seus corpos espirituais.
A explicação para esse fenómeno reside nas propriedades e nos mecanismos de funcionamento da ideoplastia.
No caso em questão, diferentemente do que ocorre com os espíritos que deliberadamente alteram sua aparência perispiritual, tal modificação sucede à sua revelia, sujeitando-se ao processo inconsciente.
Sendo assim, adquirem esse aspecto esquelético que vocês podem verificar, assemelhando-se aos irmãos encarnados que povoam noticiários e documentários de televisão na Terra, aqueles habitantes de países africanos, que enfrentam a verdadeira fome, numa existência sub-humana de subnutrição e degradação."
— Não podem ser resgatados dessa situação calamitosa e conduzidos a estações de tratamento? — inquiriu Raul.
— À medida que oferecerem condições — respondeu o tata.
Logo que há abertura, os guardiões retiram-nos desse ambiente psíquico que elaboraram e comunicam o facto às equipes socorristas responsáveis para que sejam atendidos, conforme a necessidade individual.
Nós, que aqui servimos, não podemos de forma alguma violentar as consciências em nome de uma caridade sem discernimento.
Temos de aguardar o amadurecimento da colheita ou o momento do despertar de cada uma dessas almas.
Sem dúvida, entre os residentes do campo-santo, essa comunidade de espíritos é a que mais factores oferece para tornar favorável seu resgate, todavia, isso deve ocorrer na hora certa, sem impor determinadas situações que pesarão no futuro desses nossos irmãos. Precisam esgotar o estágio de aprendizado que vivenciam e, aí sim, encontrar um acolhimento respeitoso e consciente.
Do contrário, em suas próximas reencarnações poderiam nascer autistas, devido à intensa introversão e à timidez diante das questões espirituais, características latentes neles.
Depois das vastas observações daquela noite, Pai João resolveu reconduzir o médium Raul ao corpo físico.
Na próxima noite, ele seria convocado novamente a dar andamento às actividades, principalmente no tocante ao socorro para o qual se oferecera como instrumento.
Um dos guardiões o levou à base física onde repousava seu corpo, e nós permanecemos no local durante o restante da madrugada e parte do dia seguinte.
Dedicamo-nos ao amparo daquelas entidades, depois de ouvir dos guardiões quais estavam mais propensas a ser resgatadas do quadro aflitivo a que se submetiam.
Pensei que fosse uma tarefa sem maiores dificuldades, mas, ao experimentá-la na companhia de Pai João, concluí que o socorro era muito mais complexo do que imaginara.
Em decorrência desse facto, nosso tempo de permanência no chamado campo-santo estendeu-se até a primeira parte do dia.
Em seguida, fomos conduzidos pelos guardiões a um abençoado pouso espiritual localizado em região próxima, onde me dediquei até à noite às anotações a respeito do que observei.
Encontrava-me entretido em meus afazeres quando fui novamente accionado por João Cobú para ir buscar o médium, através da faculdade do desdobramento perispiritual.
Achei-o deitado sobre a poltrona, diante da televisão.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 29, 2014 9:20 pm

Fiz-me visível às suas percepções, recordando-lhe da actividade que nos aguardava.
Algo contrariado, resmungou, ao dirigir-se para o quarto de dormir:
— Vocês não podem esperar nem ao menos terminar o filme que eu estava assistindo...
Essa mania de trabalhar que espírito tem cada dia está ficando mais crítica!
— Pois é, Raul, mas mesmo assim você não consegue viver sem nós... — arrisquei contrariar o médium.
— Mas vocês também não conseguem fazer muita coisa sem nós, os médiuns. Somos parceiros — comentou ele, enquanto se deitava.
Portanto, estamos na mesma situação de dependência.
Calei-me por alguns momentos, pois avaliei ser prudente, à luz das tarefas que nos aguardavam, deixar que o médium pensasse sobre sua relativa importância para o desenrolar das coisas.
Era bom para seu ego ver as coisas sob aquela óptica, e, sobretudo, isso não atrapalharia em nada o que tínhamos pela frente.
Enquanto Raul fazia uma prece, apliquei-lhe um sopro frio sobre a região da coluna e conduzi ao cérebro dele intenso magnetismo.
Ele literalmente pulou para fora do corpo, indo parar no teto do quarto.
Após alguns segundos, em que buscava se localizar e reorientar os sentidos extra físicos, justificou-se, apressadamente:
— Espero que você não leve a sério aquilo que falei, pois, como espírito, não penso exactamente assim.
— Não se preocupe, Raul.
Sei perfeitamente que aquilo que se fala em vigília é muito diferente do que o próprio indivíduo pensa, quando desdobrado.
Afinal, aqui, no plano extra físico, as consciências se expandem, e as pessoas passam a ver as coisas sob outra perspectiva.
— Ainda bem que vocês não levam a sério muitas brincadeiras nossas...
Vamos ao trabalho, pois é o que interessa.
— Veja só — falei, com certo ar de deboche.
Agora é você que está com mania de trabalhar!
Temos tempo, fique tranquilo.
— Não quero esperar demais.
Afinal, vocês precisam de mim, não é mesmo?
— Precisamos?
— Aliás — corrigiu Raul, num tom de humor entre nós — necessitamos mutuamente uns dos outros! — exclamou, piscando o olho esquerdo.
Em virtude de uma estreita convivência com o médium em diversas outras actividades, desenvolvemos uma relação amigável, de parceria, e nossas conversas não eram pautadas pela formalidade nem pelo clássico vocabulário empolado que muitos médiuns emprestam a seus mentores — até porque jamais me considerei como tal...
Éramos apenas parceiros de trabalho, conservando cada um suas características individuais, sem a máscara tão caricatural de santidade, que estamos longe de possuir.
Por isso, sempre que podíamos, Raul e eu nos permitíamos momentos de descontracção, que serviam até para fortalecer esse sentimento e o laço de amizade, que era intensificado em nossas vivências conjuntas no trabalho.
Conduzi o médium ao ponto de encontro estabelecido por Pai João.
Era uma casa simples, onde se reunia um grupo reduzido de pessoas, convocado extraordinariamente para aquela ocasião. Já era tarde, segundo os parâmetros terrenos.
A casa espírita não era nada ortodoxa, já que seus integrantes permitiam nossa presença, oferecendo a direcção dos trabalhos da noite ao preto-velho Pai João.
Raul foi mais uma vez magnetizado, antes de iniciar as actividades.
Assim que a prece inicial foi realizada, um guardião da equipe dos caveiras o levou ao cemitério, próximo à sepultura onde nossa pupila permanecia, refém das próprias criações mentais.
Logo que Raul chegou ao local, entrou automaticamente numa espécie de transe, sendo vigiado de perto por vários guardiões.
No recinto onde se realizava a reunião mediúnica, o dirigente desdobrou um dos médiuns através de pulsos magnéticos, e ele passou a nos perceber a presença, facilitando o intercâmbio entre os dois planos.
Todos estavam a postos quando o dirigente encarnado, atendendo ao conselho de Pai João, pediu aos participantes que se colocassem na posição de doadores de energia — isto é, de ectoplasma — para que não dependêssemos exclusivamente de Raul.
Foi um gesto bastante prudente, pois a tarefa certamente poderia esgotar o médium, se porventura não houvesse uma divisão de atribuições e responsabilidades.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 30, 2014 9:13 pm

Também seria fundamental contar com o auxílio de elementais, pois, para o socorro que tínhamos em vista, necessitaríamos utilizar bioplasma, a vitalidade extraída das plantas, entre outros recursos naturais.
Extremamente cauteloso, Pai João explicava que de fato precisávamos actuar a fim de resgatar o espírito infeliz que se apegara à própria sepultura, onde estavam os detritos do corpo físico que lhe servira de habitação em sua última experiência.
No entanto, acima de tudo, a preservação das faculdades do médium era essencial e estabeleceria o limite a ser observado, pois sua saúde e seu bem-estar não poderiam jamais ser prejudicados, devido ao socorro em andamento.
"Caridade que prejudica o médium ou o faz sofrer não é caridade, é falta de bom senso" — sentenciou Pai João.
Comandos magnéticos promoveram o envolvimento da reunião em campos de força adequados à natureza das incumbências que teríamos pela frente.
Enquanto isso, o preto-velho agregava elementos e agentes da natureza, evocando as salamandras e as ondinas — elementais respectivamente ligados ao fogo e à água —, que, no momento devido, serviriam aos propósitos do trabalho.
Assim que as actividades se intensificaram, o dirigente dos trabalhos no plano físico parecia ainda mais conectado à mente de João Cobú.
As orientações e o direccionamento das actividades da noite transcorreram conforme a necessidade de libertação daquele espírito que pretendíamos resgatar da sepultura.
— Os medianeiros fiquem atentos a qualquer eventualidade — frisou Tarcísio, o dirigente médium.
— Quero ser informado imediatamente de todas as ocorrências em nosso campo de acção, principalmente acerca da possível presença de magos negros ou de seus comparsas.
Assim que os médiuns foram desdobrados pelos pulsos magnéticos emitidos pelo operador encarnado, todos eles nos perceberam a presença, inclusive a da equipe dos guardiões. Tarcísio prosseguiu:
— Devemos aproveitar a ajuda do médium que neste momento está desdobrado no cemitério e trazer a entidade ao nosso recanto de oração.
Mas, para tanto, são necessários alguns recursos da natureza.
Preciso que se concentrem nos ambientes das matas e cachoeiras e, juntamente com os elementais, tragam para cá aquilo que vamos utilizar.
Procedendo a uma contagem de pulsos magnéticos e à intensa visualização daquilo que falava, o operador instruiu novamente a equipe:
— Quero transportados agora para este recinto os extractos de plantas para aplicação nas tarefas que nos aguardam. Concentrem-se e visualizem as ervas peperegum, pinhão-roxo, assa-peixe e alfavaca.
Quando os médiuns desdobrados fizeram a visualização, imediatamente se projectaram no chão do cómodo as imagens mentais das ervas.
Mais uma vez, o dirigente retomou:
— Agora quero apenas o extracto fluido das ervas disponíveis para os espíritos trabalharem, bastante rico em bioplasma.
Visualizem o sumo dessas ervas, os extractos que utilizaremos para a limpeza energética da sepultura onde se encontra a entidade a ser resgatada.
Num recipiente materializado em nosso plano, vimos como foram aos poucos gotejando líquidos e sumos de ervas, que mais e mais se acumulavam no interior do vaso.
Em breves instantes, com o trabalho de criação mental aliado às manipulações magnéticas do operador, obtivemos imensa quantidade de extractos das ervas, que enchiam o ambiente de uma fragrância exótica, porém agradável.
Pai João logo deu ordem aos elementais do fogo, as salamandras, para que entrassem no meio dos extractos, subtilizando ainda mais seu conteúdo fluídico.
Olhando para mim, o bom velho explicou:
— Para esse tipo de resgate, Ângelo, não há como dispensar os recursos da natureza.
Algumas ervas possuem intensa propriedade absorvente, como essas plantas visualizadas pelos filhos encarnados.
Agora quero que leve o preparado, juntamente com um dos guardiões, e derrame o conteúdo dentro da sepultura.
Porém, mantenha-se sempre atento às reacções de Raul, pois ele está em um estado de transe quase total. Muita cautela.
Por aqui, continuaremos com a manutenção magnética dos trabalhos.
Deixei a casa onde ocorria a reunião e dirigi-me com o guardião ao cemitério, transportando os extractos das ervas cujo teor magnético havia sido ampliado pelas salamandras.
Sob o comando de João Cobú, os recursos da natureza fizeram-se disponíveis para o resgate iminente.
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LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 2 Empty Re: LEGIÃO - Um olhar sobre o Reino das Sombras - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 30, 2014 9:13 pm

Ao chegar ao cemitério, o tata já nos aguardava ansioso.
O espírito que pretendíamos socorrer entrara num estado mais intenso de demência mental, regredindo em relação ao estado favorável apresentado após o breve contacto com a avó e, consequentemente, ameaçando o desfecho dos trabalhos.
Reparei que o médium Raul, desdobrado, pairava, levitando a mais de um metro da superfície, ou seja, da sepultura.
Estava envolvido numa nuvem de ectoplasma, de tal maneira que se afigurava aos nossos olhos algo esfumaçado.
O ectoplasma jorrava dele com intensidade para o interior da sepultura, onde a mulher infeliz se retorcia inteiramente, em meio às criações mentais inferiores, produto de sua mente adoecida.
O tata dos caveiras derramou o conteúdo do recipiente que trouxemos, os fluidos das ervas, dentro da sepultura.
Nesse exacto instante, Raul começou a contorcer-se também, como se estivesse sofrendo com o processo.
Diante disso, o guardião imediatamente aplicou-lhe um passe de sopro na região do córtex cerebral, aliviando a pressão espiritual própria da actividade.
Cheguei mais perto da sepultura e de imediato não vi nenhuma mudança.
Ouvi a voz potente do tata:
— Observe mais detidamente, Ângelo.
Em breve verá claramente o que está ocorrendo.
Agucei o olhar no interior da cova e examinei o espírito ainda se retorcendo, dando suspiros profundos.
Depois de alguns instantes de observação, notei uma movimentação em meio aos fluidos densos, nos quais se debatiam larvas mentais, bactérias do plano astral e outras criações elaboradas pela mente enferma da mulher.
O extracto das ervas que ali despejamos entrou numa espécie de associação com o ectoplasma do médium.
Desse amálgama de elementos fluídicos, surgia um terceiro elemento, desconhecido por mim, que literalmente diluía ou derretia as formas mentais e toda a comunidade bacteriana e virótica astral, bem como as demais criações do pensamento daquele espírito infeliz e as imagens de origem inferior.
Após algum tempo, aproximadamente 5 minutos, não havia mais nenhuma daquelas criações no interior da sepultura.
A pobre mulher, abatida, parecia desmaiada.
Porém, envolvida na nuvem ectoplásmica de Raul, era atraída lentamente para fora da cova, onde repousavam os restos mortais de seu antigo corpo.
— Os fluidos das ervas tiveram suas propriedades absorventes e diluentes amplamente majoradas pelo ectoplasma, como você pôde comprovar, Ângelo.
— E olha que já tinham sido activadas pela acção dos médiuns reunidos e, a seguir, potencializadas pelas salamandras — acrescentei à fala do guardião.
— Pois é.
A vontade do médium doador de ectoplasma, determinante nesse processo, acelerou definitivamente a fase de destruição das criaturas e dos clichés mentais.
Desse modo, fica razoavelmente mais fácil nosso trabalho.
Após tantos anos de prisão mental, a infeliz mulher pode ser retirada deste ambiente pestilencial.
Neste momento, Raul acordou do transe e interferiu na conversa.
Enquanto isso, o espírito era retirado por outros guardiões e colocado em repouso numa maça improvisada ali mesmo, no cemitério:
— Agora é hora de evocarmos a avó dessa mulher, a fim de que ela transporte a neta para a casa espírita.
Numa atitude de prece, os exus caveira, que participaram connosco do resgate daquela alma, se uniram ao médium e a mim, rogando ao Alto a intervenção providencial.
Em apenas alguns segundos vimos algo incomum ocorrer.
O médium Raul, ainda desdobrado no plano astral, parecia entrar novamente em transe.
Notei que uma luz dourada se destacava do cérebro perispiritual do médium, enquanto seu perispírito se elevava alguns centímetros na atmosfera, pairando sobre a superfície.
A intensa luminosidade que se projectava do corpo espiritual do médium parecia irradiar poderoso magnetismo, de tal sorte que podíamos perceber o pensamento de Raul com muitíssima intensidade e sentíamos, eu e os guardiões, que ele, igualmente, percebia-nos o conteúdo dos pensamentos, sem nenhuma interferência.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 30, 2014 9:13 pm

— Raul está desdobrando seu corpo mental para ceder o perispírito à materialização, em nosso plano, da avó da pobre mulher.
É uma espécie de incorporação, que se dá na dimensão astral — esclareceu um dos guardiões.
O corpo mental de Raul parecia diluir-se muito acima de nós, até o momento que não o distinguíamos mais.
Exactamente quando ficou invisível às nossas percepções, reparei no perispírito de Raul, que vagarosamente assumia outra configuração, como se de repente fosse possuído por um outro ser.
Na verdade, o espírito que havíamos evocado para transportar a mulher resgatada é quem assumia o corpo astral de Raul, deixando-o com a aparência de uma senhora sexagenária, vestida de uma longa túnica azul e verde, que lhe ornava o corpo espiritual.
Era a primeira vez que eu presenciava o fenómeno de incorporação em nosso plano.
Um médium desdobrado cedia voluntariamente o psicossoma e, então, desdobrava-se novamente, desta vez em corpo mental.
Outra entidade, de dimensões mais altas, assumia-lhe a constituição perispiritual, num nítido processo de transfiguração e incorporação.
O espírito, agora plenamente materializado no astral inferior, dimensão onde se desenrolava a acção, tomou a mulher ainda dormindo em seus braços, acariciando-lhe os cabelos.
Lágrimas se formavam, caindo-lhe sobre a face e molhando o rosto deformado do ser socorrido.
— Minha netinha querida — emocionava-se o espírito, incorporado em Raul.
Minha querida menina!
Como esperei por este momento, minha filha...
Com a ex-modelo em seus braços, a avó pediu-nos ajuda, e juntos fomos para a reunião espírita, onde os companheiros nos aguardavam sob a direcção de Pai João de Aruanda.
Quando chegamos ao ambiente da reunião, fomos percebidos pelos médiuns desdobrados, que estavam o tempo todo em sintonia com o que ocorrera no cemitério.
O tata dos caveiras descreveu sucintamente a Pai João todas etapas da operação de resgate e pediu permissão para retornar de imediato ao seu campo de actividades.
Ele teria ainda muito trabalho pela frente, em particular na cova onde até então o espírito permanecera.
Deveria projectar campos energéticos de protecção naquele local, em carácter de urgência, impedindo que fosse assaltado por entidades imprevidentes.
Assim que o tata saiu do local, Pai João aproximou-se do ser materializado, com a mulher aconchegada nos braços, e tomou-a consigo.
A avó aproveitou esse instante e, erguendo as mãos ao Alto, proferiu uma prece sentida, intercedendo pela protecção da neta amada.
A mulher socorrida foi conduzida à presença de um dos médiuns, a fim de ser submetida ao choque anímico, sentido em virtude da proximidade do corpo físico de alguém.
Quando Pai João, pessoalmente, acoplou a aura da mulher com a do médium, intenso choque de natureza magnética fez com que aquele espírito despertasse do longo transe ao qual se entregara.
Ela parecia dopada, porém recobrava a memória e a lucidez aos poucos.
A avó aproximou-se, mostrando-se à neta:
— Vovó... — balbuciou, voltando sua atenção para a avó, enquanto um pranto intenso marcava aquele momento sublime.
— Minha querida netinha!
Como fico feliz por você estar bem!
Pai João deixou ambas naquele estado de interacção espiritual, enquanto dava prosseguimento ao serviço.
Ordenou que os elementais das águas, as ondinas, ficassem de prontidão para a limpeza energética dos médiuns.
O espírito resgatado foi conduzido a um pouso preparado pelos guardiões, já que ainda não reunia condições de ampliar as próprias vibrações e ser conduzida a planos ligeiramente mais altos.
Ficaria sob a tutela de espíritos especializados, que a conduziriam a partir daquele momento.
Assim que tudo terminou, divisei Raul retornando ao ambiente, em corpo mental, e assumindo lentamente seu psicossoma, que fora utilizado por outro espírito.
Logo que assumiu plenamente sua forma perispiritual, fui em direcção a ele, cheio de curiosidade:
— Conte-me tudo, com maiores detalhes.
O que aconteceu enquanto estava em corpo mental?
Quero que me relate tudo e não me esconda nada!
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 30, 2014 9:14 pm

Olhando-me com ar de superioridade, o médium Raul rebateu, com humor:
— Não há como saber, Ângelo.
Afinal, agora você está em minhas mãos.
Morra novamente, mas, desta vez, de curiosidade!
Não falarei por enquanto.
— Mas você não pode me deixar assim...
— Não posso? — perguntou Raul, mais irónico ainda.
Fique com sua curiosidade e deixe-me com meus segredos.
Raul saiu em direcção a Pai João, refugiando-se em sua companhia, pois sabia que a seu lado eu teria mais reservas, em vez de deliberadamente penetrar seus pensamentos.
Saímos ambos dali, satisfeitos com o desfecho dos trabalhos, preparando-nos para nova etapa, que nos aguardava com maiores surpresas.

Um homem chamado Simão vinha praticando feitiçaria durante algum tempo naquela cidade, impressionando todo o povo de Samaria.
Ele se dizia muito importante.

Actos 8:9

Pois Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os lançou no inferno, prendendo-os em abismos tenebrosos afim de serem reservados para o juízo.
II Pedro 2:4

14 Termo proveniente das religiões de cunho africano popularizadas no Brasil.
Em algumas nações de candomblé, trata-se por tata-de-inquice ou simplesmente tata o chefe, mais particularmente o chefe feminino do terreiro ou do canzuá.
Aqui, o personagem refere-se ao maioral ou o responsável pelo trabalho desempenhado no local visitado.
No contexto dos espíritos chamados exus ou guardiões, familiarizados com o contexto cultural das religiões afro-brasileiras, é natural que entre si mantenham a terminologia que lhes é própria.
Nada de estranho há nisso.
Deve-se levar em conta, sobretudo, que as características com que se apresenta o espírito geralmente são aquelas de sua última encarnação, segundo informa Kardec.

(O livro dos médiuns, parte n, cap. 6, especialmente o texto nele contido:
Ensaio teórico sobre as aparições, com destaque para o item 102).
A influência da cultura no psiquismo do espírito, tanto no corpo como na erraticidade, ainda é um tema pouco explorado nas pesquisas espíritas.
De qualquer modo, um bom exemplo disso é o facto de, no espiritismo brasileiro, ter-se criado o hábito de chamar os espíritos de Irmão Fulano ou Irmão Cicrano, o que denota uma clara influência do catolicismo.
Kardec jamais se referiu a eles assim, e tal vocábulo aparece em seus livros na acepção de irmãos consanguíneos ou de humanidade, embora mais frequentemente na boca dos espíritos, para estabelecer diálogo com os leitores de suas comunicações escritas.


15 Allan Kardec abordou de modo claro o poder de amuletos e demais objectos considerados pretensamente mágicos ou dotados de encantamento em O livro dos espíritos.
(Ver itens 551 a 556, reunidos sob o título Poder oculto, talismãs e feiticeiros.)
[b]É interessante observar que o próprio Codificador, ao dirigir aos espíritos a pergunta n° 554, cogita a utilização desses artefactos apenas com vistas à mobilização do pensamento do homem, ao que retrucam que efectivamente isso pode conferir mais intensidade à vontade, actuando como seu propulsor.
Ou seja, em outras palavras, afirmam que esse tipo de objecto não possui poder intrínseco, mas é portador de forte carga simbólica, o que guarda relação estreita com as explicações de Pai João de Aruanda.[/i]
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 30, 2014 9:14 pm

16 Apesar de este termo frequentemente ser grafado como pombagira, com "g" ao invés de "j", adoptamos aqui a indicação do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, que recomenda evitar a forma com "g".
O termo bombonjira, bem menos usual, ainda que mais correcto, é mais frequentemente encontrado como bombojira, omitindo-se o "n".
Igualmente preferimos a opção do Houaiss, que inclusive nem regista a segunda grafia.
Com relação ao uso de maiúsculas, que o dicionário recomenda empregar sempre no uso desse termo, optamos por contrariá-lo.
Entendemos que o que ele recomenda no verbete exu ("inicial maiúscula quando se refere ao nome do orixá, possibilidade de inicial minúscula ou maiúscula quando se refere à categoria do espírito) está mais de acordo com a convenção adoptada nas obras da Casa dos Espíritos Editora.
Não utilizamos maiúsculas quando o texto se refere às individualidades ou aos espíritos de um modo geral (como em os exus ou guardiões, as bombonjiras ou os espíritos, utilizando-as apenas quando a citação diz respeito ao orixá (tanto a divindade do panteão africano como a força ou vibração da natureza assim denominada:
é o caso em Oxóssi, o orixá, ou, no pólo oposto, Exu, ou ainda quando o nome comum torna-se particular ao ser usado por um espírito para se identificar
(exemplos: Exu Veludo, Caboclo Pena Branca ou Pombajira Rainha).

17 Apesar da surpresa do autor espiritual, há diversas fontes em que se pode ter uma boa visão das batalhas, que sem dúvida ocorrem também no mundo extra corpóreo, conforme pôde verificar Allan Kardec em mais de uma oportunidade.
Talvez seja inovador aqui, até certo ponto, o relato de que o confronto não ocorre paralelamente a outro na dimensão física, o que é secundário, diante do esclarecimento de que há disputas corporais e guerras na realidade extra física.

(Ver O livro dos espíritos, parte n, cap. 9, Os espíritos durante os combates — itens 541 a 548, bem como, a título de exemplo, o texto intitulado O zuavo de Magenta, na Revista espírita, ano n, julho de 1859.)
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