DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
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Forçoso é dizer que, a despeito dos melhores esforços da religião, o cepticismo, a dúvida, a indiferença ganham terreno dia a dia.
1 Um moço de dezoito anos, afectado de uma enfermidade do coração, foi declarado incurável.
A Ciência havia dito: Pode morrer dentro de oito dias ou de dois anos, mas não irá além.
Sabendo-o, o moço para logo abandonou os estudos e entregou-se a excessos de todo o género.
Quando se lhe ponderava o perigo de uma vida desregrada, respondia:
Que me importa, se não tenho mais de dois anos de vida?
De que me serviria fatigar o espírito?
Gozo o pouco que me resta e quero divertir-me até o fim.
— Eis a consequência lógica do niilismo.
Se este moço fora espírita, teria dito:
A morte só destruirá o corpo, que deixarei como fato usado, mas o meu Espírito viverá.
Serei na vida futura aquilo que eu próprio houver feito de mim nesta vida;
do que nela puder adquirir em qualidades morais e intelectuais nada perderei, porque será outro tanto de ganho para o meu adiantamento;
toda a imperfeição de que me livrar será um passo a mais para a felicidade.
A minha felicidade ou infelicidade depende da utilidade ou inutilidade da presente existência.
É portanto de meu interesse aproveitar o pouco tempo que me resta, e evitar tudo o que possa diminuir-me as forças.
Qual destas doutrinas é preferível?
Mas, se a religião se mostra impotente para sustar a incredulidade, é que lhe falta alguma coisa na luta.
Se por outro lado a religião se condenasse à imobilidade, estaria, em dado tempo, dissolvida.
O que lhe falta neste século de positivismo, em que se procura compreender antes de crer, é, sem dúvida, a sanção de suas doutrinas por factos positivos, assim como a concordância das mesmas com os dados positivos da Ciência.
Dizendo ela ser branco o que os factos dizem ser negro, é preciso optar entre a evidência e a fé cega.
4. É nestas circunstâncias que o Espiritismo vem opor um dique à difusão da incredulidade, não somente pelo raciocínio, não somente pela perspectiva dos perigos que ela acarreta, mas pelos fatos materiais, tornando visíveis e tangíveis a alma e a vida futura.
Todos somos livres na escolha das nossas crenças;
podemos crer em alguma coisa ou em nada crer, mas aqueles que procuram fazer prevalecer no espírito das massas, da juventude principalmente, a negação do futuro, apoiando-se na autoridade do seu saber e no ascendente da sua posição, semeiam na sociedade germens de perturbação e dissolução, incorrendo em grande responsabilidade.
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Forçoso é dizer que, a despeito dos melhores esforços da religião, o cepticismo, a dúvida, a indiferença ganham terreno dia a dia.
1 Um moço de dezoito anos, afectado de uma enfermidade do coração, foi declarado incurável.
A Ciência havia dito: Pode morrer dentro de oito dias ou de dois anos, mas não irá além.
Sabendo-o, o moço para logo abandonou os estudos e entregou-se a excessos de todo o género.
Quando se lhe ponderava o perigo de uma vida desregrada, respondia:
Que me importa, se não tenho mais de dois anos de vida?
De que me serviria fatigar o espírito?
Gozo o pouco que me resta e quero divertir-me até o fim.
— Eis a consequência lógica do niilismo.
Se este moço fora espírita, teria dito:
A morte só destruirá o corpo, que deixarei como fato usado, mas o meu Espírito viverá.
Serei na vida futura aquilo que eu próprio houver feito de mim nesta vida;
do que nela puder adquirir em qualidades morais e intelectuais nada perderei, porque será outro tanto de ganho para o meu adiantamento;
toda a imperfeição de que me livrar será um passo a mais para a felicidade.
A minha felicidade ou infelicidade depende da utilidade ou inutilidade da presente existência.
É portanto de meu interesse aproveitar o pouco tempo que me resta, e evitar tudo o que possa diminuir-me as forças.
Qual destas doutrinas é preferível?
Mas, se a religião se mostra impotente para sustar a incredulidade, é que lhe falta alguma coisa na luta.
Se por outro lado a religião se condenasse à imobilidade, estaria, em dado tempo, dissolvida.
O que lhe falta neste século de positivismo, em que se procura compreender antes de crer, é, sem dúvida, a sanção de suas doutrinas por factos positivos, assim como a concordância das mesmas com os dados positivos da Ciência.
Dizendo ela ser branco o que os factos dizem ser negro, é preciso optar entre a evidência e a fé cega.
4. É nestas circunstâncias que o Espiritismo vem opor um dique à difusão da incredulidade, não somente pelo raciocínio, não somente pela perspectiva dos perigos que ela acarreta, mas pelos fatos materiais, tornando visíveis e tangíveis a alma e a vida futura.
Todos somos livres na escolha das nossas crenças;
podemos crer em alguma coisa ou em nada crer, mas aqueles que procuram fazer prevalecer no espírito das massas, da juventude principalmente, a negação do futuro, apoiando-se na autoridade do seu saber e no ascendente da sua posição, semeiam na sociedade germens de perturbação e dissolução, incorrendo em grande responsabilidade.
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
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5. Há uma doutrina que se defende da pecha de materialista porque admite a existência de um princípio inteligente fora da matéria:
é a da absorção no Todo Universal.
Segundo esta doutrina, cada indivíduo assimila ao nascer uma parcela desse princípio, que constitui sua alma, e dá-lhe vida, inteligência e sentimento.
Pela morte, esta alma volta ao foco comum e perde-se no infinito, qual gota d’água no oceano.
Incontestavelmente esta doutrina é um passo adiantado sobre o puro materialismo, visto como admite alguma coisa, quando este nada admite.
As consequências, porém, são exactamente as mesmas.
Ser o homem imerso em o nada ou no reservatório comum, é para ele a mesma coisa;
aniquilado ou perdendo a sua individualidade, é como se não existisse;
as relações sociais nem por isso deixam de romper-se, e para sempre.
O que lhe é essencial é a conservação do seu eu;
sem este, que lhe importa ou não subsistir?
O futuro afigura-se-lhe sempre nulo, e a vida presente é a única coisa que o interessa e preocupa.
Sob o ponto de vista das consequências morais, esta doutrina é, pois, tão insensata, tão desesperadora, tão subversiva como o materialismo propriamente dito.
6. Pode-se, além disso, fazer esta objecção:
todas as gotas d’água tomadas ao oceano se assemelham e possuem idênticas propriedades como partes de um mesmo todo;
por que, pois, as almas tomadas ao grande oceano da inteligência universal tão pouco se assemelham?
Por que o génio e a estupidez, as mais sublimes virtudes e os vícios mais ignóbeis?
Por que a bondade, a doçura, a mansuetude ao lado da maldade, da crueldade, da barbaria?
Como podem ser tão diferentes entre si as partes de um mesmo todo homogéneo?
Dir-se-á que é a educação que a modifica?
Neste caso donde vêm as qualidades inatas, as inteligências precoces, os bons e maus instintos independentes de toda a educação e tantas vezes em desarmonia com o meio no qual se desenvolvem?
Não resta dúvida de que a educação modifica as qualidades intelectuais e morais da alma;
mas aqui ocorre uma outra dificuldade:
Quem dá a esta a educação para fazê-la progredir?
Outras almas que por sua origem comum não devem ser mais adiantadas.
Além disso, reentrando a alma no Todo Universal donde saiu, e havendo progredido durante a vida, leva-lhe um elemento mais perfeito.
Daí se infere que esse Todo se encontraria, pela continuação, profundamente modificado e melhorado.
Assim, como se explica saírem incessantemente desse Todo, almas ignorantes e perversas?
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5. Há uma doutrina que se defende da pecha de materialista porque admite a existência de um princípio inteligente fora da matéria:
é a da absorção no Todo Universal.
Segundo esta doutrina, cada indivíduo assimila ao nascer uma parcela desse princípio, que constitui sua alma, e dá-lhe vida, inteligência e sentimento.
Pela morte, esta alma volta ao foco comum e perde-se no infinito, qual gota d’água no oceano.
Incontestavelmente esta doutrina é um passo adiantado sobre o puro materialismo, visto como admite alguma coisa, quando este nada admite.
As consequências, porém, são exactamente as mesmas.
Ser o homem imerso em o nada ou no reservatório comum, é para ele a mesma coisa;
aniquilado ou perdendo a sua individualidade, é como se não existisse;
as relações sociais nem por isso deixam de romper-se, e para sempre.
O que lhe é essencial é a conservação do seu eu;
sem este, que lhe importa ou não subsistir?
O futuro afigura-se-lhe sempre nulo, e a vida presente é a única coisa que o interessa e preocupa.
Sob o ponto de vista das consequências morais, esta doutrina é, pois, tão insensata, tão desesperadora, tão subversiva como o materialismo propriamente dito.
6. Pode-se, além disso, fazer esta objecção:
todas as gotas d’água tomadas ao oceano se assemelham e possuem idênticas propriedades como partes de um mesmo todo;
por que, pois, as almas tomadas ao grande oceano da inteligência universal tão pouco se assemelham?
Por que o génio e a estupidez, as mais sublimes virtudes e os vícios mais ignóbeis?
Por que a bondade, a doçura, a mansuetude ao lado da maldade, da crueldade, da barbaria?
Como podem ser tão diferentes entre si as partes de um mesmo todo homogéneo?
Dir-se-á que é a educação que a modifica?
Neste caso donde vêm as qualidades inatas, as inteligências precoces, os bons e maus instintos independentes de toda a educação e tantas vezes em desarmonia com o meio no qual se desenvolvem?
Não resta dúvida de que a educação modifica as qualidades intelectuais e morais da alma;
mas aqui ocorre uma outra dificuldade:
Quem dá a esta a educação para fazê-la progredir?
Outras almas que por sua origem comum não devem ser mais adiantadas.
Além disso, reentrando a alma no Todo Universal donde saiu, e havendo progredido durante a vida, leva-lhe um elemento mais perfeito.
Daí se infere que esse Todo se encontraria, pela continuação, profundamente modificado e melhorado.
Assim, como se explica saírem incessantemente desse Todo, almas ignorantes e perversas?
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
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7. Nesta doutrina, a fonte universal de inteligência que abastece as almas humanas é independente da Divindade; não é precisamente o panteísmo.
O panteísmo propriamente dito considera o princípio universal de vida e de inteligência como constituindo a Divindade.
Deus é concomitantemente Espírito e matéria;
todos os seres, todos os corpos da Natureza compõem a Divindade, da qual são as moléculas e os elementos constitutivos;
Deus é o conjunto de todas as inteligências reunidas;
cada indivíduo, sendo uma parte do todo, é Deus ele próprio;
nenhum ser superior e independente rege o conjunto;
o Universo é uma imensa república sem chefe, ou antes, onde cada qual é chefe com poder absoluto.
8. A este sistema podem opor-se inumeráveis objecções, das quais são estas as principais:
não se podendo conceber divindade sem infinita perfeição, pergunta-se como um todo perfeito pode ser formado de partes tão imperfeitas, tendo necessidade de progredir?
Devendo cada parte ser submetida à lei do progresso, força é convir que o próprio Deus deve progredir;
e se Ele progride constantemente, deveria ter sido, na origem dos tempos, muito imperfeito.
E como pôde um ser imperfeito, formado de ideias tão divergentes, conceber leis tão harmónicas, tão admiráveis de unidade, de sabedoria e previdência quais as que regem o Universo?
Se todas as almas são porções da Divindade, todos concorreram para as leis da Natureza;
como sucede, pois, que elas murmurem sem cessar contra essas leis que são obra sua?
Uma teoria não pode ser aceita como verdadeira senão com a cláusula de satisfazer a razão e dar conta de todos os factos que abrange;
se um só facto lhe trouxer um desmentido, é que não contém a verdade absoluta.
9. Sob o ponto de vista moral, as consequências são igualmente ilógicas.
Em primeiro lugar é para as almas, tal como no sistema precedente, a absorção num todo e a perda da individualidade.
Dado que se admita, consoante a opinião de alguns panteístas, que as almas conservem essa individualidade, Deus deixaria de ter vontade única para ser um composto de miríades de vontades divergentes.
Além disso, sendo cada alma parte integrante da Divindade, deixa de ser dominada por um poder superior;
não incorre em responsabilidade por seus aptos bons ou maus;
soberana, não tendo interesse algum na prática do bem, ela pode praticar o mal impunemente.
10. Demais, estes sistemas não satisfazem nem a razão nem a aspiração humanas;
deles decorrem dificuldades insuperáveis, pois são impotentes para resolver todas as questões de facto que suscitam.
O homem tem, pois, três alternativas:
o nada, a absorção ou a individualidade da alma antes e depois da morte.
É para esta última crença que a lógica nos impele irresistivelmente, crença que tem formado a base de todas as religiões desde que o mundo existe.
Continua...
7. Nesta doutrina, a fonte universal de inteligência que abastece as almas humanas é independente da Divindade; não é precisamente o panteísmo.
O panteísmo propriamente dito considera o princípio universal de vida e de inteligência como constituindo a Divindade.
Deus é concomitantemente Espírito e matéria;
todos os seres, todos os corpos da Natureza compõem a Divindade, da qual são as moléculas e os elementos constitutivos;
Deus é o conjunto de todas as inteligências reunidas;
cada indivíduo, sendo uma parte do todo, é Deus ele próprio;
nenhum ser superior e independente rege o conjunto;
o Universo é uma imensa república sem chefe, ou antes, onde cada qual é chefe com poder absoluto.
8. A este sistema podem opor-se inumeráveis objecções, das quais são estas as principais:
não se podendo conceber divindade sem infinita perfeição, pergunta-se como um todo perfeito pode ser formado de partes tão imperfeitas, tendo necessidade de progredir?
Devendo cada parte ser submetida à lei do progresso, força é convir que o próprio Deus deve progredir;
e se Ele progride constantemente, deveria ter sido, na origem dos tempos, muito imperfeito.
E como pôde um ser imperfeito, formado de ideias tão divergentes, conceber leis tão harmónicas, tão admiráveis de unidade, de sabedoria e previdência quais as que regem o Universo?
Se todas as almas são porções da Divindade, todos concorreram para as leis da Natureza;
como sucede, pois, que elas murmurem sem cessar contra essas leis que são obra sua?
Uma teoria não pode ser aceita como verdadeira senão com a cláusula de satisfazer a razão e dar conta de todos os factos que abrange;
se um só facto lhe trouxer um desmentido, é que não contém a verdade absoluta.
9. Sob o ponto de vista moral, as consequências são igualmente ilógicas.
Em primeiro lugar é para as almas, tal como no sistema precedente, a absorção num todo e a perda da individualidade.
Dado que se admita, consoante a opinião de alguns panteístas, que as almas conservem essa individualidade, Deus deixaria de ter vontade única para ser um composto de miríades de vontades divergentes.
Além disso, sendo cada alma parte integrante da Divindade, deixa de ser dominada por um poder superior;
não incorre em responsabilidade por seus aptos bons ou maus;
soberana, não tendo interesse algum na prática do bem, ela pode praticar o mal impunemente.
10. Demais, estes sistemas não satisfazem nem a razão nem a aspiração humanas;
deles decorrem dificuldades insuperáveis, pois são impotentes para resolver todas as questões de facto que suscitam.
O homem tem, pois, três alternativas:
o nada, a absorção ou a individualidade da alma antes e depois da morte.
É para esta última crença que a lógica nos impele irresistivelmente, crença que tem formado a base de todas as religiões desde que o mundo existe.
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E se a lógica nos conduz à individualidade da alma, também nos aponta esta outra consequência:
a sorte de cada alma deve depender das suas qualidades pessoais, pois seria irracional admitir que a alma atrasada do selvagem, como a do homem perverso, estivesse no nível da do sábio, do homem de bem.
Segundo os princípios de justiça, as almas devem ter a responsabilidade dos seus aptos, mas para haver essa responsabilidade, preciso é que elas sejam livres na escolha do bem e do mal;
sem o livre-arbítrio há fatalidade, e com a fatalidade não coexistiria a responsabilidade.
11. Todas as religiões admitiram igualmente o princípio da felicidade ou infelicidade da alma após a morte, ou, por outra, as penas e gozos futuros, que se resumem na doutrina do céu e do inferno encontrada em toda parte.
No que elas diferem essencialmente, é quanto à natureza dessas penas e gozos, principalmente sobre as condições determinantes de umas e de outras.
Daí os pontos de fé contraditórios dando origem a cultos diferentes, e os deveres impostos por estes, consecutivamente, para honrar a Deus e alcançar por esse meio o céu, evitando o inferno.
12. Todas as religiões houveram de ser em sua origem relativas ao grau de adiantamento moral e intelectual dos homens:
estes, assaz materializados para compreenderem o mérito das coisas puramente espirituais, fizeram consistira maior parte dos deveres religiosos no cumprimento de fórmulas exteriores.
Por muito tempo essas fórmulas lhes satisfizeram a razão;
porém, mais tarde, porque se fizesse a luz em seu espírito, sentindo o vácuo dessas fórmulas, uma vez que a religião não o preenchia, abandonaram-na e tornaram-se filósofos.
13. Se a religião, apropriada em começo aos conhecimentos limitados do homem, tivesse acompanhado sempre o movimento progressivo do espírito humano, não haveria incrédulos, porque está na própria natureza do homem a necessidade de crer, e ele crerá desde que se lhe dê o pábulo espiritual de harmonia com as suas necessidades intelectuais.
O homem quer saber donde veio e para onde vai.
Mostrando-se-lhe um fim que não corresponde às suas aspirações nem à ideia que ele faz de Deus, tampouco aos dados positivos que lhe fornece a Ciência;
impondo-se-lhe, ademais, para atingir o seu desiderato, condições cuja utilidade sua razão contesta, ele tudo rejeita;
o materialismo e o panteísmo parecem-lhe mais racionais, porque com eles ao menos se raciocina e se discute, falsamente embora.
E há razão, porque antes raciocinar em falso do que não raciocinar absolutamente.
Apresente-se-lhe, porém, um futuro condicionalmente lógico, digno em tudo da grandeza, da justiça e da infinita bondade de Deus, e ele repudiará o materialismo e o panteísmo, cujo vácuo sente em seu foro íntimo, e que aceitará à falta de melhor crença.
O Espiritismo dá coisa melhor;
eis por que é acolhido pressurosamente por todos os atormentados da dúvida, os que não encontram nem nas crenças nem nas filosofias vulgares o que procuram.
O Espiritismo tem por si a lógica do raciocínio e a sanção dos factos, e é por isso que inutilmente o têm combatido.
14. Instintivamente tem o homem a crença no futuro, mas não possuindo até agora nenhuma base certa para defini-lo, a sua imaginação fantasiou os sistemas que originaram a diversidade de crenças.
A Doutrina Espírita sobre o futuro — não sendo uma obra de imaginação mais ou menos arquitectada engenhosamente, porém o resultado da observação de factos materiais que se desdobram hoje à nossa vista — congraçará, como já está acontecendo, as opiniões divergentes ou flutuantes e trará gradualmente, pela força das coisas, a unidade de crenças sobre esse ponto, não já baseada em simples hipótese, mas na certeza.
A unificação feita relativamente à sorte futura das almas será o primeiro ponto de contacto dos diversos cultos, um passo imenso para a tolerância religiosa em primeiro lugar e, mais tarde, para a completa fusão.
§.§.§- O-canto-da-ave
E se a lógica nos conduz à individualidade da alma, também nos aponta esta outra consequência:
a sorte de cada alma deve depender das suas qualidades pessoais, pois seria irracional admitir que a alma atrasada do selvagem, como a do homem perverso, estivesse no nível da do sábio, do homem de bem.
Segundo os princípios de justiça, as almas devem ter a responsabilidade dos seus aptos, mas para haver essa responsabilidade, preciso é que elas sejam livres na escolha do bem e do mal;
sem o livre-arbítrio há fatalidade, e com a fatalidade não coexistiria a responsabilidade.
11. Todas as religiões admitiram igualmente o princípio da felicidade ou infelicidade da alma após a morte, ou, por outra, as penas e gozos futuros, que se resumem na doutrina do céu e do inferno encontrada em toda parte.
No que elas diferem essencialmente, é quanto à natureza dessas penas e gozos, principalmente sobre as condições determinantes de umas e de outras.
Daí os pontos de fé contraditórios dando origem a cultos diferentes, e os deveres impostos por estes, consecutivamente, para honrar a Deus e alcançar por esse meio o céu, evitando o inferno.
12. Todas as religiões houveram de ser em sua origem relativas ao grau de adiantamento moral e intelectual dos homens:
estes, assaz materializados para compreenderem o mérito das coisas puramente espirituais, fizeram consistira maior parte dos deveres religiosos no cumprimento de fórmulas exteriores.
Por muito tempo essas fórmulas lhes satisfizeram a razão;
porém, mais tarde, porque se fizesse a luz em seu espírito, sentindo o vácuo dessas fórmulas, uma vez que a religião não o preenchia, abandonaram-na e tornaram-se filósofos.
13. Se a religião, apropriada em começo aos conhecimentos limitados do homem, tivesse acompanhado sempre o movimento progressivo do espírito humano, não haveria incrédulos, porque está na própria natureza do homem a necessidade de crer, e ele crerá desde que se lhe dê o pábulo espiritual de harmonia com as suas necessidades intelectuais.
O homem quer saber donde veio e para onde vai.
Mostrando-se-lhe um fim que não corresponde às suas aspirações nem à ideia que ele faz de Deus, tampouco aos dados positivos que lhe fornece a Ciência;
impondo-se-lhe, ademais, para atingir o seu desiderato, condições cuja utilidade sua razão contesta, ele tudo rejeita;
o materialismo e o panteísmo parecem-lhe mais racionais, porque com eles ao menos se raciocina e se discute, falsamente embora.
E há razão, porque antes raciocinar em falso do que não raciocinar absolutamente.
Apresente-se-lhe, porém, um futuro condicionalmente lógico, digno em tudo da grandeza, da justiça e da infinita bondade de Deus, e ele repudiará o materialismo e o panteísmo, cujo vácuo sente em seu foro íntimo, e que aceitará à falta de melhor crença.
O Espiritismo dá coisa melhor;
eis por que é acolhido pressurosamente por todos os atormentados da dúvida, os que não encontram nem nas crenças nem nas filosofias vulgares o que procuram.
O Espiritismo tem por si a lógica do raciocínio e a sanção dos factos, e é por isso que inutilmente o têm combatido.
14. Instintivamente tem o homem a crença no futuro, mas não possuindo até agora nenhuma base certa para defini-lo, a sua imaginação fantasiou os sistemas que originaram a diversidade de crenças.
A Doutrina Espírita sobre o futuro — não sendo uma obra de imaginação mais ou menos arquitectada engenhosamente, porém o resultado da observação de factos materiais que se desdobram hoje à nossa vista — congraçará, como já está acontecendo, as opiniões divergentes ou flutuantes e trará gradualmente, pela força das coisas, a unidade de crenças sobre esse ponto, não já baseada em simples hipótese, mas na certeza.
A unificação feita relativamente à sorte futura das almas será o primeiro ponto de contacto dos diversos cultos, um passo imenso para a tolerância religiosa em primeiro lugar e, mais tarde, para a completa fusão.
§.§.§- O-canto-da-ave
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
A Génese
segundo o Espiritismo
“Por mim mesmo juro — disse o Senhor Deus — que não quero a morte do ímpio, senão que ele se converta, que deixe o mau caminho e que viva.”
(EZEQUIEL, 33:11.)
OS MILAGRES E AS PREDIÇÕES SEGUNDO O ESPIRITISMO
A DOUTRINA ESPÍRITA É RESULTADO DO ENSINO COLECTIVO E CONCORDANTE DOS ESPÍRITOS.
A CIÊNCIA É CHAMADA A CONSTITUIR A GÉNESE DE ACORDO COM AS LEIS DA NATUREZA.
DEUS PROVA A SUA GRANDEZA E SEU PODER PELA IMUTABILIDADE DAS SUAS LEIS E NÃO PELA AB-ROGAÇÃO DELAS.
PARA DEUS, O PASSADO E O FUTURO SÃO O PRESENTE.
ALLAN KARDEC
Introdução À PRIMEIRA EDIÇÃO PUBLICADA EM JANEIRO DE 1868
Esta nova obra é mais um passo dado ao terreno das consequências e das aplicações do Espiritismo.
Conforme seu título o indica, tem ela por objecto o estudo dos três pontos até agora diversamente interpretados e comentados:
a Génese, os milagres e as predições, em suas relações com as novas leis que decorrem da observação dos fenómenos espíritas.
Dois elementos, ou, se quiserem, duas forças regem o Universo: o elemento espiritual e o elemento material.
Da acção simultânea desses dois princípios nascem fenómenos especiais, que se tornam naturalmente inexplicáveis, desde que se abstraia de um deles, do mesmo modo que a formação da água seria inexplicável, se se abstraísse de um dos seus elementos constituintes: o oxigénio e o hidrogénio.
Demonstrando a existência do mundo espiritual e suas relações com o mundo material, o Espiritismo fornece a chave para a explicação de uma imensidade de fenómenos incompreendidos e considerados, em virtude mesmo dessa circunstância, inadmissíveis, por parte de uma certa classe de pensadores.
Abundam nas Escrituras esses factos e, por desconhecerem a lei que os rege, é que os comentadores, nos dois campos opostos, girando sempre dentro do mesmo círculo de ideias, fazendo, uns, abstracção dos dados positivos da ciência, desprezando, outros, o princípio espiritual, não conseguiram chegar a uma solução racional.
Essa solução se encontra na acção recíproca do Espírito e da matéria. É exacto que ela tira à maioria de tais factos o carácter de sobrenaturais.
Porém, que é o que vale mais:
admiti-los como resultado das leis da Natureza, ou repeli-los?
A rejeição pura e simples acarreta a da base mesma do edifício, ao passo que, admitidos a esse título, a admissão, apenas suprimindo os acessórios, deixa intacta a base.
Tal a razão por que o Espiritismo conduz tantas pessoas à crença em verdades que elas antes consideravam meras utopias.
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
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Esta obra é, pois, como já o dissemos, um complemento das aplicações do Espiritismo, de um ponto de vista especial.
Os materiais se achavam prontos, ou, pelo menos, elaborados desde longo tempo;
mas, ainda não chegara o momento de serem publicados.
Era preciso, primeiramente, que as ideias destinadas a lhes servirem de base houvessem atingido a maturidade e, além disso, também se fazia mister levar em conta a oportunidade das circunstâncias.
O Espiritismo não encerra mistérios, nem teorias secretas;
tudo nele tem que estar patente, a fim de que todos o possam julgar com conhecimento de causa.
Cada coisa, entretanto, tem que vir a seu tempo, para vir com segurança.
Uma solução dada precipitadamente, primeiro que a elucidação completa da questão, seria antes causa de atraso do que de avanço.
Na de que aqui se trata, a importância do assunto nos impunha o dever de evitar qualquer precipitação.
Antes de entrarmos em matéria, pareceu-nos necessário definir claramente os papéis respectivos dos Espíritos e dos homens na elaboração da nova doutrina.
Essas considerações preliminares, que a escoimam de toda ideia de misticismo, fazem objecto do primeiro capítulo, intitulado:
Caracteres da revelação espírita.
Pedimos séria atenção para esse ponto, porque, de certo modo, está aí o nó da questão.
Sem embargo da parte que toca à actividade humana na elaboração desta doutrina, a iniciativa da obra pertence aos Espíritos, porém não a constitui a opinião pessoal de nenhum deles.
Ela é, e não pode deixar de ser, a resultante do ensino colectivo e concorde por eles dado.
Somente sob tal condição se lhe pode chamar doutrina dos Espíritos.
Doutra forma, não seria mais do que a doutrina de um Espírito e apenas teria o valor de uma opinião pessoal.
Generalidade e concordância no ensino, esse o carácter essencial da doutrina, a condição mesma da sua existência, donde resulta que todo princípio que ainda não haja recebido a consagração do controle da generalidade não pode ser considerado parte integrante dessa mesma doutrina.
Será uma simples opinião isolada, da qual não pode o Espiritismo assumir a responsabilidade.
Continua...
Esta obra é, pois, como já o dissemos, um complemento das aplicações do Espiritismo, de um ponto de vista especial.
Os materiais se achavam prontos, ou, pelo menos, elaborados desde longo tempo;
mas, ainda não chegara o momento de serem publicados.
Era preciso, primeiramente, que as ideias destinadas a lhes servirem de base houvessem atingido a maturidade e, além disso, também se fazia mister levar em conta a oportunidade das circunstâncias.
O Espiritismo não encerra mistérios, nem teorias secretas;
tudo nele tem que estar patente, a fim de que todos o possam julgar com conhecimento de causa.
Cada coisa, entretanto, tem que vir a seu tempo, para vir com segurança.
Uma solução dada precipitadamente, primeiro que a elucidação completa da questão, seria antes causa de atraso do que de avanço.
Na de que aqui se trata, a importância do assunto nos impunha o dever de evitar qualquer precipitação.
Antes de entrarmos em matéria, pareceu-nos necessário definir claramente os papéis respectivos dos Espíritos e dos homens na elaboração da nova doutrina.
Essas considerações preliminares, que a escoimam de toda ideia de misticismo, fazem objecto do primeiro capítulo, intitulado:
Caracteres da revelação espírita.
Pedimos séria atenção para esse ponto, porque, de certo modo, está aí o nó da questão.
Sem embargo da parte que toca à actividade humana na elaboração desta doutrina, a iniciativa da obra pertence aos Espíritos, porém não a constitui a opinião pessoal de nenhum deles.
Ela é, e não pode deixar de ser, a resultante do ensino colectivo e concorde por eles dado.
Somente sob tal condição se lhe pode chamar doutrina dos Espíritos.
Doutra forma, não seria mais do que a doutrina de um Espírito e apenas teria o valor de uma opinião pessoal.
Generalidade e concordância no ensino, esse o carácter essencial da doutrina, a condição mesma da sua existência, donde resulta que todo princípio que ainda não haja recebido a consagração do controle da generalidade não pode ser considerado parte integrante dessa mesma doutrina.
Será uma simples opinião isolada, da qual não pode o Espiritismo assumir a responsabilidade.
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
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Essa colectividade concordante da opinião dos Espíritos, passada, ao demais, pelo critério da lógica, é que constitui a força da doutrina espírita e lhe assegura a perpetuidade.
Para que ela mudasse, fora mister que a universalidade dos Espíritos mudasse de opinião e viesse um dia dizer o contrário do que dissera.
Pois que ela tem sua fonte de origem no ensino dos Espíritos, para que sucumbisse seria necessário que os Espíritos deixassem de existir.
É também o que fará que prevaleça sobre todos os sistemas pessoais, cujas raízes não se encontram por toda parte, como com ela se dá.
O Livro dos Espíritos só teve consolidado o seu crédito, por ser a expressão de um pensamento colectivo, geral.
Em abril de 1867, completou o seu primeiro período decenal.
Nesse intervalo, os princípios fundamentais, cujas bases ele assentara, foram sucessivamente completados e desenvolvidos, por virtude da progressividade do ensino dos Espíritos.
Nenhum, porém, recebeu desmentido da experiência;
todos, sem excepção, permaneceram de pé, mais vivazes do que nunca, enquanto que, de todas as ideias contraditórias que alguns tentaram opor-lhe, nenhuma prevaleceu, precisamente porque, de todos os lados, era ensinado o contrário.
Este o resultado característico que podemos proclamar sem vaidade, pois que jamais nos atribuímos o mérito de tal facto.
Os mesmos escrúpulos havendo presidido à redacção das nossas outras obras, pudemos, com toda verdade, dizê-las:
segundo o Espiritismo, porque estávamos certo da conformidade delas com o ensino geral dos Espíritos.
O mesmo sucede com esta, que podemos, por motivos semelhantes, apresentar como complemento das que a precederam, com excepção, todavia, de algumas teorias ainda hipotéticas, que tivemos o cuidado de indicar como tais e que devem ser consideradas simples opiniões pessoais, enquanto não forem confirmadas ou contraditadas, a fim de que não pese sobre a doutrina a responsabilidade delas. 1
Aliás, os leitores assíduos da Revue hão tido ensejo de notar, sem dúvida, em forma de esboços, a maioria das ideias desenvolvidas aqui nesta obra, conforme o fizemos, com relação às anteriores.
A Revue, muita vez, representa para nós um terreno de ensaio, destinado a sondar a opinião dos homens e dos Espíritos sobre alguns princípios, antes de os admitir como partes constitutivas da doutrina.
1 Nota da Editora: Ao leitor cabe, pois, durante a leitura desta obra, distinguir a parte apresentada como complementar da Doutrina, daquela que o próprio Autor considera hipotética e pessoalmente dele.
§.§.§- O-canto-da-ave
Essa colectividade concordante da opinião dos Espíritos, passada, ao demais, pelo critério da lógica, é que constitui a força da doutrina espírita e lhe assegura a perpetuidade.
Para que ela mudasse, fora mister que a universalidade dos Espíritos mudasse de opinião e viesse um dia dizer o contrário do que dissera.
Pois que ela tem sua fonte de origem no ensino dos Espíritos, para que sucumbisse seria necessário que os Espíritos deixassem de existir.
É também o que fará que prevaleça sobre todos os sistemas pessoais, cujas raízes não se encontram por toda parte, como com ela se dá.
O Livro dos Espíritos só teve consolidado o seu crédito, por ser a expressão de um pensamento colectivo, geral.
Em abril de 1867, completou o seu primeiro período decenal.
Nesse intervalo, os princípios fundamentais, cujas bases ele assentara, foram sucessivamente completados e desenvolvidos, por virtude da progressividade do ensino dos Espíritos.
Nenhum, porém, recebeu desmentido da experiência;
todos, sem excepção, permaneceram de pé, mais vivazes do que nunca, enquanto que, de todas as ideias contraditórias que alguns tentaram opor-lhe, nenhuma prevaleceu, precisamente porque, de todos os lados, era ensinado o contrário.
Este o resultado característico que podemos proclamar sem vaidade, pois que jamais nos atribuímos o mérito de tal facto.
Os mesmos escrúpulos havendo presidido à redacção das nossas outras obras, pudemos, com toda verdade, dizê-las:
segundo o Espiritismo, porque estávamos certo da conformidade delas com o ensino geral dos Espíritos.
O mesmo sucede com esta, que podemos, por motivos semelhantes, apresentar como complemento das que a precederam, com excepção, todavia, de algumas teorias ainda hipotéticas, que tivemos o cuidado de indicar como tais e que devem ser consideradas simples opiniões pessoais, enquanto não forem confirmadas ou contraditadas, a fim de que não pese sobre a doutrina a responsabilidade delas. 1
Aliás, os leitores assíduos da Revue hão tido ensejo de notar, sem dúvida, em forma de esboços, a maioria das ideias desenvolvidas aqui nesta obra, conforme o fizemos, com relação às anteriores.
A Revue, muita vez, representa para nós um terreno de ensaio, destinado a sondar a opinião dos homens e dos Espíritos sobre alguns princípios, antes de os admitir como partes constitutivas da doutrina.
1 Nota da Editora: Ao leitor cabe, pois, durante a leitura desta obra, distinguir a parte apresentada como complementar da Doutrina, daquela que o próprio Autor considera hipotética e pessoalmente dele.
§.§.§- O-canto-da-ave
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
Obras Póstumas
É preciso propagar a Moral e a Verdade.
MUMS
Biografia de Allan Kardec
É ainda sob o guante da dor profunda que nos causou a prematura partida do fundador da Doutrina Espírita, que nos abalançamos a uma tarefa, simples e fácil para suas mãos sábias e experientes, mas cujo peso e gravidade nos esmagariam, se não contássemos com o auxílio eficaz dos bons Espíritos e com a indulgência dos nossos leitores.
Quem, dentre nós, poderia, sem ser tachado de presunçoso, lisonjear-se de possuir o espírito de método e organização de que se mostram iluminados todos os trabalhos do mestre?
Só a sua pujante inteligência podia concentrar tantos materiais diversos, triturá-los e transformá-los, para os espalhar em seguida, como orvalho benfazejo, sobre as almas desejosas de conhecer e de amar.
Incisivo, conciso, profundo, sabia agradar e fazer compreendido numa linguagem simples e elevada ao mesmo tempo, tão distanciada do estilo familiar, quanto das obscuridades da metafísica.
Multiplicando-se incessantemente, pudera até agora bastar a tudo.
Entretanto, o quotidiano alargamento de suas relações e o contínuo desenvolvimento do Espiritismo lhe faziam sentir a necessidade de reunir em torno de si alguns auxiliares inteligentes e preparava simultaneamente a nova organização da Doutrina e de seus labores, quando nos deixou, para ir, num mundo melhor, receber a sanção da missão que desempenhara e colectar elementos para uma nova obra de devotamento e sacrifício.
Era sozinho!... Chamar-nos-emos legião e, por muito fracos e inexperientes que sejamos, nutrimos a convicção íntima de que nos conservaremos à altura da situação, se, partindo dos princípios estabelecidos e de incontestável evidência, nos consagrarmos a executar, tanto quanto nos seja possível e de acordo com as necessidades do momento, os projectos que ele pretendia realizar no futuro.
Enquanto nos mantivermos nas suas pegadas e todos os de boa vontade se unirem, num esforço comum pelo progresso e pela regeneração intelectual e moral da Humanidade, connosco estará o Espírito do grande filósofo e nos secundará com a sua influência poderosa.
Dado lhe seja suprir à nossa insuficiência e nos possamos mostrar dignos do seu concurso, dedicando-nos à obra com a mesma abnegação e a mesma sinceridade que ele, embora sem tanta ciência e inteligência.
Em sua bandeira, inscrevera o mestre estas palavras:
Trabalho, solidariedade, tolerância.
Sejamos, como ele, infatigáveis;
sejamos, acordemente com os seus anseios, tolerantes e solidários e não temamos seguir-lhe o exemplo, reconsiderando, quantas vezes forem precisas, os princípios ainda controvertidos.
Tentemos avançar, antes com segurança e certeza, do que com rapidez, e não ficarão infrutíferos os nossos esforços, se, como estamos persuadidos, e seremos os primeiros a dar disso exemplo, cada um cuidar de cumprir o seu dever, pondo de lado todas as questões pessoais, a fim de contribuir para o bem geral.
Continua...
É preciso propagar a Moral e a Verdade.
MUMS
Biografia de Allan Kardec
É ainda sob o guante da dor profunda que nos causou a prematura partida do fundador da Doutrina Espírita, que nos abalançamos a uma tarefa, simples e fácil para suas mãos sábias e experientes, mas cujo peso e gravidade nos esmagariam, se não contássemos com o auxílio eficaz dos bons Espíritos e com a indulgência dos nossos leitores.
Quem, dentre nós, poderia, sem ser tachado de presunçoso, lisonjear-se de possuir o espírito de método e organização de que se mostram iluminados todos os trabalhos do mestre?
Só a sua pujante inteligência podia concentrar tantos materiais diversos, triturá-los e transformá-los, para os espalhar em seguida, como orvalho benfazejo, sobre as almas desejosas de conhecer e de amar.
Incisivo, conciso, profundo, sabia agradar e fazer compreendido numa linguagem simples e elevada ao mesmo tempo, tão distanciada do estilo familiar, quanto das obscuridades da metafísica.
Multiplicando-se incessantemente, pudera até agora bastar a tudo.
Entretanto, o quotidiano alargamento de suas relações e o contínuo desenvolvimento do Espiritismo lhe faziam sentir a necessidade de reunir em torno de si alguns auxiliares inteligentes e preparava simultaneamente a nova organização da Doutrina e de seus labores, quando nos deixou, para ir, num mundo melhor, receber a sanção da missão que desempenhara e colectar elementos para uma nova obra de devotamento e sacrifício.
Era sozinho!... Chamar-nos-emos legião e, por muito fracos e inexperientes que sejamos, nutrimos a convicção íntima de que nos conservaremos à altura da situação, se, partindo dos princípios estabelecidos e de incontestável evidência, nos consagrarmos a executar, tanto quanto nos seja possível e de acordo com as necessidades do momento, os projectos que ele pretendia realizar no futuro.
Enquanto nos mantivermos nas suas pegadas e todos os de boa vontade se unirem, num esforço comum pelo progresso e pela regeneração intelectual e moral da Humanidade, connosco estará o Espírito do grande filósofo e nos secundará com a sua influência poderosa.
Dado lhe seja suprir à nossa insuficiência e nos possamos mostrar dignos do seu concurso, dedicando-nos à obra com a mesma abnegação e a mesma sinceridade que ele, embora sem tanta ciência e inteligência.
Em sua bandeira, inscrevera o mestre estas palavras:
Trabalho, solidariedade, tolerância.
Sejamos, como ele, infatigáveis;
sejamos, acordemente com os seus anseios, tolerantes e solidários e não temamos seguir-lhe o exemplo, reconsiderando, quantas vezes forem precisas, os princípios ainda controvertidos.
Tentemos avançar, antes com segurança e certeza, do que com rapidez, e não ficarão infrutíferos os nossos esforços, se, como estamos persuadidos, e seremos os primeiros a dar disso exemplo, cada um cuidar de cumprir o seu dever, pondo de lado todas as questões pessoais, a fim de contribuir para o bem geral.
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
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Sob auspícios mais favoráveis não poderíamos entrar na nova fase que se abre para o Espiritismo, do que dando a conhecer aos nossos leitores, num rápido escorço, o que foi, durante toda a sua vida, o homem íntegro e honrado, o sábio inteligente e fecundo, cuja memória se transmitirá aos séculos vindouros com a auréola dos benfeitores da Humanidade.
Nascido em Lião, a 3 de outubro de 1804, de uma família antiga que se distinguiu na magistratura e na advocacia, Allan Kardec (Hippolyte Léon Denizard Rivail) não seguiu essas carreiras. Desde a primeira juventude, sentiu-se inclinado ao estudo das ciências e da filosofia.
Educado na Escola de Pestalozzi, em Yverdun (Suíça), tornou-se um dos mais eminentes discípulos desse célebre professor e um dos zelosos propagandistas do seu sistema de educação, que tão grande influência exerceu sobre a reforma do ensino na França e na Alemanha.
Dotado de notável inteligência e atraído para o ensino, pelo seu carácter e pelas suas aptidões especiais, já aos catorze anos ensinava o que sabia àqueles dos seus condiscípulos que haviam aprendido menos do que ele.
Foi nessa escola que lhe desabrocharam as ideias que mais tarde o colocariam na classe dos homens progressistas e dos livres-pensadores.
Nascido sob a religião católica, mas educado num país protestante, os aptos de intolerância que por isso teve de suportar, no tocante a essa circunstância, cedo o levaram a conceber a ideia de uma reforma religiosa, na qual trabalhou em silêncio durante longos anos com o intuito de alcançar a unificação das crenças. Faltava-lhe, porém, o elemento indispensável à solução desse grande problema.
O Espiritismo veio, a seu tempo, imprimir-lhe especial direcção aos trabalhos.
Concluídos seus estudos, voltou para a França.
Conhecendo a fundo a língua alemã, traduzia para a Alemanha diferentes obras de educação e de moral e, o que é muito característico, as obras de Fénelon, que o tinham seduzido de modo particular.
Era membro de várias sociedades sábias, entre outras, da Academia Real de Arras, que, em o concurso de 1831, lhe premiou uma notável memória sobre a seguinte questão:
Qual o sistema de estudos mais de harmonia com as necessidades da época?
De 1835 a 1840, fundou, em sua casa, à rua de Sèvres, cursos gratuitos de Química, Física, Anatomia comparada, Astronomia, etc., empresa digna de encómios em todos os tempos, mas, sobretudo, numa época em que só um número muito reduzido de inteligências ousava enveredar por esse caminho.
Preocupado sempre com o tornar atraentes e interessantes os sistemas de educação, inventou, ao mesmo tempo, um método engenhoso de ensinar a contar e um quadro mnemónico da História de França, tendo por objectivo fixar na memória as datas dos acontecimentos de maior relevo e as descobertas que iluminaram cada reinado.
Entre as suas numerosas obras de educação, citaremos as seguintes:
Plano proposto para melhoramento da Instrução pública (1828);
Curso prático e teórico de Aritmética, segundo o método de Pestalozzi, para uso dos professores e das mães de família (1824);
Gramática francesa clássica (1831); Manual dos exames para os títulos de capacidade;
Soluções racionais das questões e problemas de Aritmética e de Geometria (1846);
Catecismo gramatical da língua francesa (1848);
Programa dos cursos usuais de Química, Física, Astronomia, Fisiologia, que ele professava no Liceu Polimático;
Ditados normais dos exames da Municipalidade e da Sorbona, seguidos de Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas (1849), obra muito apreciada na época do seu aparecimento e da qual ainda recentemente eram tiradas novas edições.
Continua...
Sob auspícios mais favoráveis não poderíamos entrar na nova fase que se abre para o Espiritismo, do que dando a conhecer aos nossos leitores, num rápido escorço, o que foi, durante toda a sua vida, o homem íntegro e honrado, o sábio inteligente e fecundo, cuja memória se transmitirá aos séculos vindouros com a auréola dos benfeitores da Humanidade.
Nascido em Lião, a 3 de outubro de 1804, de uma família antiga que se distinguiu na magistratura e na advocacia, Allan Kardec (Hippolyte Léon Denizard Rivail) não seguiu essas carreiras. Desde a primeira juventude, sentiu-se inclinado ao estudo das ciências e da filosofia.
Educado na Escola de Pestalozzi, em Yverdun (Suíça), tornou-se um dos mais eminentes discípulos desse célebre professor e um dos zelosos propagandistas do seu sistema de educação, que tão grande influência exerceu sobre a reforma do ensino na França e na Alemanha.
Dotado de notável inteligência e atraído para o ensino, pelo seu carácter e pelas suas aptidões especiais, já aos catorze anos ensinava o que sabia àqueles dos seus condiscípulos que haviam aprendido menos do que ele.
Foi nessa escola que lhe desabrocharam as ideias que mais tarde o colocariam na classe dos homens progressistas e dos livres-pensadores.
Nascido sob a religião católica, mas educado num país protestante, os aptos de intolerância que por isso teve de suportar, no tocante a essa circunstância, cedo o levaram a conceber a ideia de uma reforma religiosa, na qual trabalhou em silêncio durante longos anos com o intuito de alcançar a unificação das crenças. Faltava-lhe, porém, o elemento indispensável à solução desse grande problema.
O Espiritismo veio, a seu tempo, imprimir-lhe especial direcção aos trabalhos.
Concluídos seus estudos, voltou para a França.
Conhecendo a fundo a língua alemã, traduzia para a Alemanha diferentes obras de educação e de moral e, o que é muito característico, as obras de Fénelon, que o tinham seduzido de modo particular.
Era membro de várias sociedades sábias, entre outras, da Academia Real de Arras, que, em o concurso de 1831, lhe premiou uma notável memória sobre a seguinte questão:
Qual o sistema de estudos mais de harmonia com as necessidades da época?
De 1835 a 1840, fundou, em sua casa, à rua de Sèvres, cursos gratuitos de Química, Física, Anatomia comparada, Astronomia, etc., empresa digna de encómios em todos os tempos, mas, sobretudo, numa época em que só um número muito reduzido de inteligências ousava enveredar por esse caminho.
Preocupado sempre com o tornar atraentes e interessantes os sistemas de educação, inventou, ao mesmo tempo, um método engenhoso de ensinar a contar e um quadro mnemónico da História de França, tendo por objectivo fixar na memória as datas dos acontecimentos de maior relevo e as descobertas que iluminaram cada reinado.
Entre as suas numerosas obras de educação, citaremos as seguintes:
Plano proposto para melhoramento da Instrução pública (1828);
Curso prático e teórico de Aritmética, segundo o método de Pestalozzi, para uso dos professores e das mães de família (1824);
Gramática francesa clássica (1831); Manual dos exames para os títulos de capacidade;
Soluções racionais das questões e problemas de Aritmética e de Geometria (1846);
Catecismo gramatical da língua francesa (1848);
Programa dos cursos usuais de Química, Física, Astronomia, Fisiologia, que ele professava no Liceu Polimático;
Ditados normais dos exames da Municipalidade e da Sorbona, seguidos de Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas (1849), obra muito apreciada na época do seu aparecimento e da qual ainda recentemente eram tiradas novas edições.
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
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Antes que o Espiritismo lhe popularizasse o pseudónimo de Allan Kardec, já ele se ilustrara, como se vê, por meio de trabalhos de natureza muito diferente, porém tendo todos, como objectivo, esclarecer as massas e prendê-las melhor às respectivas famílias e países.
“Pelo ano de 1851, posta em foco a questão das manifestações dos Espíritos, Allan Kardec se entregou a observações perseverantes sobre esse fenómeno, cogitando principalmente de lhe deduzir as consequências filosóficas.
Entreviu, desde logo, o princípio de novas leis naturais:
as que regem as relações entre o mundo visível e o mundo invisível.
Reconheceu, na acção deste último, uma das forças da Natureza, cujo conhecimento, haveria de lançar luz sobre uma imensidade de problemas tidos por insolúveis, e lhe compreendeu o alcance, do ponto de vista religioso.
“Suas obras principais sobre esta matéria são:
O Livro dos Espíritos, referente à parte filosófica, e cuja primeira edição apareceu a 18 de abril de 1857;
O Livro dos Médiuns, relativo à parte experimental e científica (janeiro de 1861);
O Evangelho segundo o Espiritismo, concernente à parte moral (abril de 1864);
O Céu e o Inferno, ou A justiça de Deus segundo o Espiritismo (agosto de 1865);
A Génese, os Milagres e as Predições (janeiro de 1868);
a Revista Espírita, jornal de estudos psicológicos, periódico mensal começado a 1º de janeiro de 1858.
Fundou em Paris, a 1º de abril de 1858, a primeira Sociedade espírita regularmente constituída, sob a denominação de Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, cujo fim exclusivo era o estudo de quanto possa contribuir para o progresso da nova ciência.
Allan Kardec se defendeu, com inteiro fundamento, de coisa alguma haver escrito debaixo da influência de ideias preconcebidas ou sistemáticas.
Homem de carácter frio e calmo, observou os factos e de suas observações deduziu as leis que os regem.
Foi o primeiro a apresentar a teoria relativa a tais factos e a formar com eles um corpo de doutrina, metódico e regular.
“Demonstrando que os factos erroneamente qualificados de sobrenaturais se acham submetidos a leis, ele os incluiu na ordem dos fenómenos da Natureza, destruindo assim o último refúgio do maravilhoso e um dos elementos da superstição.
“Durante os primeiros anos em que se tratou de fenómenos espíritas, estes constituíram antes objecto de curiosidade, do que de meditações sérias.
O Livro dos Espíritos fez que o assunto fosse considerado sob aspecto muito diverso.
Abandonaram-se as mesas girantes, que tinham sido apenas um prelúdio, e começou-se a atentar na doutrina, que abrange todas as questões de interesse para a Humanidade.
“Data do aparecimento de O Livro dos Espíritos a fundação do Espiritismo que, até então, só contara com elementos esparsos, sem coordenação, e cujo alcance nem toda gente pudera apreender.
A partir daquele momento, a doutrina prendeu a atenção de homens sérios e tomou rápido desenvolvimento.
Em poucos anos, aquelas ideias conquistaram numerosos aderentes em todas as camadas sociais e em todos os países.
Esse êxito sem precedentes decorreu sem dúvida da simpatia que tais ideias despertaram, mas também é devido, em grande parte, à clareza com que foram expostas e que é um dos característicos dos escritos de Allan Kardec.
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Antes que o Espiritismo lhe popularizasse o pseudónimo de Allan Kardec, já ele se ilustrara, como se vê, por meio de trabalhos de natureza muito diferente, porém tendo todos, como objectivo, esclarecer as massas e prendê-las melhor às respectivas famílias e países.
“Pelo ano de 1851, posta em foco a questão das manifestações dos Espíritos, Allan Kardec se entregou a observações perseverantes sobre esse fenómeno, cogitando principalmente de lhe deduzir as consequências filosóficas.
Entreviu, desde logo, o princípio de novas leis naturais:
as que regem as relações entre o mundo visível e o mundo invisível.
Reconheceu, na acção deste último, uma das forças da Natureza, cujo conhecimento, haveria de lançar luz sobre uma imensidade de problemas tidos por insolúveis, e lhe compreendeu o alcance, do ponto de vista religioso.
“Suas obras principais sobre esta matéria são:
O Livro dos Espíritos, referente à parte filosófica, e cuja primeira edição apareceu a 18 de abril de 1857;
O Livro dos Médiuns, relativo à parte experimental e científica (janeiro de 1861);
O Evangelho segundo o Espiritismo, concernente à parte moral (abril de 1864);
O Céu e o Inferno, ou A justiça de Deus segundo o Espiritismo (agosto de 1865);
A Génese, os Milagres e as Predições (janeiro de 1868);
a Revista Espírita, jornal de estudos psicológicos, periódico mensal começado a 1º de janeiro de 1858.
Fundou em Paris, a 1º de abril de 1858, a primeira Sociedade espírita regularmente constituída, sob a denominação de Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, cujo fim exclusivo era o estudo de quanto possa contribuir para o progresso da nova ciência.
Allan Kardec se defendeu, com inteiro fundamento, de coisa alguma haver escrito debaixo da influência de ideias preconcebidas ou sistemáticas.
Homem de carácter frio e calmo, observou os factos e de suas observações deduziu as leis que os regem.
Foi o primeiro a apresentar a teoria relativa a tais factos e a formar com eles um corpo de doutrina, metódico e regular.
“Demonstrando que os factos erroneamente qualificados de sobrenaturais se acham submetidos a leis, ele os incluiu na ordem dos fenómenos da Natureza, destruindo assim o último refúgio do maravilhoso e um dos elementos da superstição.
“Durante os primeiros anos em que se tratou de fenómenos espíritas, estes constituíram antes objecto de curiosidade, do que de meditações sérias.
O Livro dos Espíritos fez que o assunto fosse considerado sob aspecto muito diverso.
Abandonaram-se as mesas girantes, que tinham sido apenas um prelúdio, e começou-se a atentar na doutrina, que abrange todas as questões de interesse para a Humanidade.
“Data do aparecimento de O Livro dos Espíritos a fundação do Espiritismo que, até então, só contara com elementos esparsos, sem coordenação, e cujo alcance nem toda gente pudera apreender.
A partir daquele momento, a doutrina prendeu a atenção de homens sérios e tomou rápido desenvolvimento.
Em poucos anos, aquelas ideias conquistaram numerosos aderentes em todas as camadas sociais e em todos os países.
Esse êxito sem precedentes decorreu sem dúvida da simpatia que tais ideias despertaram, mas também é devido, em grande parte, à clareza com que foram expostas e que é um dos característicos dos escritos de Allan Kardec.
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
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“Evitando as fórmulas abstractas da Metafísica, ele soube fazer que todos o lessem sem fadiga, condição essencial à vulgarização de uma ideia.
Sobre todos os pontos controversos, sua argumentação, de cerrada lógica, poucas ensanchas oferece à refutação e predispõe à convicção.
As provas materiais que o Espiritismo apresenta da existência da alma e da vida futura tendem a destruir as ideias materialistas e panteístas.
Um dos princípios mais fecundos dessa doutrina e que deriva do precedente é o da pluralidade das existências, já entrevisto por uma multidão de filósofos antigos e modernos e, nestes últimos tempos, por João Reynaud, Carlos Fourier, Eugénio Sue e outros.
Conservara-se, todavia, em estado de hipótese e de sistema, enquanto o Espiritismo lhe demonstra a realidade e prova que nesse princípio reside um dos atributos essenciais da Humanidade.
Dele promana a explicação de todas as aparentes anomalias da vida humana, de todas as desigualdades intelectuais, morais e sociais, facultando ao homem saber donde vem, para onde vai, para que fim se acha na Terra e por que aí sofre.
“As ideias inatas se explicam pelos conhecimentos adquiridos nas vidas anteriores;
a marcha dos povos e da Humanidade, pela acção dos homens dos tempos idos e que revivem, depois de terem progredido;
as simpatias e antipatias, pela natureza das relações anteriores.
Essas relações, que religam a grande família humana de todas as épocas, dão por base, aos grandes princípios de fraternidade, de igualdade, de liberdade e de solidariedade universal, as próprias leis da Natureza e não mais uma simples teoria.
“Em vez do postulado: Fora da Igreja não há salvação, que alimenta a separação e a animosidade entre as diferentes seitas religiosas e que há feito correr tanto sangue, o Espiritismo tem como divisa:
Fora da Caridade não há salvação, isto é, a igualdade entre os homens perante Deus, a tolerância, a liberdade de consciência e a benevolência mútua.
“Em vez da fé cega, que anula a liberdade de pensar, ele diz: Não há fé inabalável, senão a que pode encarar face a face a razão, em todas as épocas da Humanidade.
À fé, uma base se faz necessária e essa base é a inteligência perfeita daquilo em que se tem de crer.
Para crer, não basta ver, é preciso, sobretudo, compreender.
A fé cega já não é para este século.
É precisamente ao dogma da fé cega que se deve o ser hoje tão grande o número de incrédulos, porque ela quer impor-se e exige a abolição de uma das mais preciosas faculdades do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio.”
([/b]O Evangelho segundo o Espiritismo[/b])
Trabalhador infatigável, sempre o primeiro a tomar da obra e o último a deixá-la, Allan Kardec sucumbiu, a 31 de março de 1869, quando se preparava para uma mudança de local, imposta pela extensão considerável de suas múltiplas ocupações.
Diversas obras que ele estava quase a terminar, ou que aguardavam oportunidade para vir a lume, demonstrarão um dia, ainda mais, a extensão e o poder das suas concepções.
Morreu conforme viveu: trabalhando.
Sofria, desde longos anos, de uma enfermidade do coração, que só podia ser combatida por meio do repouso intelectual e pequena actividade material.
Consagrado, porém, todo inteiro à sua obra, recusava-se a tudo o que pudesse absorver um só que fosse de seus instantes, à custa das suas ocupações predilectas.
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“Evitando as fórmulas abstractas da Metafísica, ele soube fazer que todos o lessem sem fadiga, condição essencial à vulgarização de uma ideia.
Sobre todos os pontos controversos, sua argumentação, de cerrada lógica, poucas ensanchas oferece à refutação e predispõe à convicção.
As provas materiais que o Espiritismo apresenta da existência da alma e da vida futura tendem a destruir as ideias materialistas e panteístas.
Um dos princípios mais fecundos dessa doutrina e que deriva do precedente é o da pluralidade das existências, já entrevisto por uma multidão de filósofos antigos e modernos e, nestes últimos tempos, por João Reynaud, Carlos Fourier, Eugénio Sue e outros.
Conservara-se, todavia, em estado de hipótese e de sistema, enquanto o Espiritismo lhe demonstra a realidade e prova que nesse princípio reside um dos atributos essenciais da Humanidade.
Dele promana a explicação de todas as aparentes anomalias da vida humana, de todas as desigualdades intelectuais, morais e sociais, facultando ao homem saber donde vem, para onde vai, para que fim se acha na Terra e por que aí sofre.
“As ideias inatas se explicam pelos conhecimentos adquiridos nas vidas anteriores;
a marcha dos povos e da Humanidade, pela acção dos homens dos tempos idos e que revivem, depois de terem progredido;
as simpatias e antipatias, pela natureza das relações anteriores.
Essas relações, que religam a grande família humana de todas as épocas, dão por base, aos grandes princípios de fraternidade, de igualdade, de liberdade e de solidariedade universal, as próprias leis da Natureza e não mais uma simples teoria.
“Em vez do postulado: Fora da Igreja não há salvação, que alimenta a separação e a animosidade entre as diferentes seitas religiosas e que há feito correr tanto sangue, o Espiritismo tem como divisa:
Fora da Caridade não há salvação, isto é, a igualdade entre os homens perante Deus, a tolerância, a liberdade de consciência e a benevolência mútua.
“Em vez da fé cega, que anula a liberdade de pensar, ele diz: Não há fé inabalável, senão a que pode encarar face a face a razão, em todas as épocas da Humanidade.
À fé, uma base se faz necessária e essa base é a inteligência perfeita daquilo em que se tem de crer.
Para crer, não basta ver, é preciso, sobretudo, compreender.
A fé cega já não é para este século.
É precisamente ao dogma da fé cega que se deve o ser hoje tão grande o número de incrédulos, porque ela quer impor-se e exige a abolição de uma das mais preciosas faculdades do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio.”
([/b]O Evangelho segundo o Espiritismo[/b])
Trabalhador infatigável, sempre o primeiro a tomar da obra e o último a deixá-la, Allan Kardec sucumbiu, a 31 de março de 1869, quando se preparava para uma mudança de local, imposta pela extensão considerável de suas múltiplas ocupações.
Diversas obras que ele estava quase a terminar, ou que aguardavam oportunidade para vir a lume, demonstrarão um dia, ainda mais, a extensão e o poder das suas concepções.
Morreu conforme viveu: trabalhando.
Sofria, desde longos anos, de uma enfermidade do coração, que só podia ser combatida por meio do repouso intelectual e pequena actividade material.
Consagrado, porém, todo inteiro à sua obra, recusava-se a tudo o que pudesse absorver um só que fosse de seus instantes, à custa das suas ocupações predilectas.
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
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Deu-se com ele o que se dá com todas as almas de forte têmpera: a lâmina gastou a bainha.
O corpo se lhe entorpecia e se recusava aos serviços que o Espírito lhe reclamava, enquanto este último, cada vez mais vivo, mais enérgico, mais fecundo, ia sempre alargando o círculo de sua actividade.
Nessa luta desigual não podia a matéria resistir eternamente.
Acabou sendo vencida: rompeu-se o aneurisma e Allan Kardec caiu fulminado.
Um homem houve de menos na Terra;
mas, um grande nome tomava lugar entre os que ilustraram este século;
um grande Espírito fora retemperar-se no Infinito, onde todos os que ele consolara e esclarecera lhe aguardavam impacientes a volta!
“A morte, dizia, faz pouco tempo, redobra os seus golpes nas fileiras ilustres!... A quem virá ela agora libertar?”
Ele foi, como tantos outros, recobrar-se no Espaço, procurar elementos novos para restaurar o seu organismo gasto por uma vida de incessantes labores.
Partiu com os que serão os fanais da nova geração, para voltar em breve com eles a continuar e acabar a obra deixada em delicadas mãos.
O homem já aqui não está;
a alma, porém, permanecerá entre nós. Será um protector seguro, uma luz a mais, um trabalhador incansável que as falanges do Espaço conquistaram.
Como na Terra, sem ferir a quem quer que seja, ele fará que cada um lhe ouça os conselhos oportunos;
abrandará o zelo prematuro dos ardorosos, amparará os sinceros e os desinteressados e estimulará os mornos.
Vê agora e sabe tudo o que ainda há pouco previa!
Já não está sujeito às incertezas, nem aos desfalecimentos e nos fará partilhar da sua convicção, fazendo-nos tocar com o dedo a meta, apontando-nos o caminho, naquela linguagem clara, precisa, que o tornou aureolado nos anais literários.
Já não existe o homem, repetimo-lo.
Entretanto, Allan Kardec é imortal e a sua memória, seus trabalhos, seu Espírito estarão sempre com os que empunharem forte e vigorosamente o estandarte que ele soube sempre fazer respeitado.
Uma individualidade pujante constituiu a obra.
Era o guia e o fanal de todos.
Na Terra, a obra substituirá o obreiro.
Os crentes não se congregarão em torno de Allan Kardec;
congregar-se-ão em torno do Espiritismo, tal como ele o estruturou e, com os seus conselhos, sua influência, avançaremos, a passos firmes, para as fases ditosas prometidas à Humanidade regenerada.
(Revista Espírita, maio de 1869.)
1 Ver pp. 265/6. Nota da Editora (FEB) à 14ª edição em 1975.
§.§.§- O-canto-da-ave
Deu-se com ele o que se dá com todas as almas de forte têmpera: a lâmina gastou a bainha.
O corpo se lhe entorpecia e se recusava aos serviços que o Espírito lhe reclamava, enquanto este último, cada vez mais vivo, mais enérgico, mais fecundo, ia sempre alargando o círculo de sua actividade.
Nessa luta desigual não podia a matéria resistir eternamente.
Acabou sendo vencida: rompeu-se o aneurisma e Allan Kardec caiu fulminado.
Um homem houve de menos na Terra;
mas, um grande nome tomava lugar entre os que ilustraram este século;
um grande Espírito fora retemperar-se no Infinito, onde todos os que ele consolara e esclarecera lhe aguardavam impacientes a volta!
“A morte, dizia, faz pouco tempo, redobra os seus golpes nas fileiras ilustres!... A quem virá ela agora libertar?”
Ele foi, como tantos outros, recobrar-se no Espaço, procurar elementos novos para restaurar o seu organismo gasto por uma vida de incessantes labores.
Partiu com os que serão os fanais da nova geração, para voltar em breve com eles a continuar e acabar a obra deixada em delicadas mãos.
O homem já aqui não está;
a alma, porém, permanecerá entre nós. Será um protector seguro, uma luz a mais, um trabalhador incansável que as falanges do Espaço conquistaram.
Como na Terra, sem ferir a quem quer que seja, ele fará que cada um lhe ouça os conselhos oportunos;
abrandará o zelo prematuro dos ardorosos, amparará os sinceros e os desinteressados e estimulará os mornos.
Vê agora e sabe tudo o que ainda há pouco previa!
Já não está sujeito às incertezas, nem aos desfalecimentos e nos fará partilhar da sua convicção, fazendo-nos tocar com o dedo a meta, apontando-nos o caminho, naquela linguagem clara, precisa, que o tornou aureolado nos anais literários.
Já não existe o homem, repetimo-lo.
Entretanto, Allan Kardec é imortal e a sua memória, seus trabalhos, seu Espírito estarão sempre com os que empunharem forte e vigorosamente o estandarte que ele soube sempre fazer respeitado.
Uma individualidade pujante constituiu a obra.
Era o guia e o fanal de todos.
Na Terra, a obra substituirá o obreiro.
Os crentes não se congregarão em torno de Allan Kardec;
congregar-se-ão em torno do Espiritismo, tal como ele o estruturou e, com os seus conselhos, sua influência, avançaremos, a passos firmes, para as fases ditosas prometidas à Humanidade regenerada.
(Revista Espírita, maio de 1869.)
1 Ver pp. 265/6. Nota da Editora (FEB) à 14ª edição em 1975.
§.§.§- O-canto-da-ave
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
Discurso pronunciado junto ao túmulo de Allan Kardec
Por
Camille Flammarion
Senhores:
Aceitando com deferência o convite simpático dos amigos do pensador laborioso cujo corpo terreno jaz agora aos nossos pés, vem-me à mente um dia sombrio do mês de dezembro de 1865, em que pronunciei palavras de supremo adeus junto à tumba do fundador da Livraria Académica, do honrado Didier, que, como editor, foi colaborador convicto de Allan Kardec, na publicação das obras fundamentais de uma doutrina que lhe era cara.
Também ele morreu subitamente, como se o céu houvesse querido poupar a esses dois Espíritos íntegros o embaraço fisiológico de sair desta vida por via diferente da comumente seguida.
A mesma reflexão se aplica à morte do nosso ex-colega Jobard, de Bruxelas.
Hoje, maior ainda é a minha tarefa, porquanto eu desejara figurar à mente dos que me ouvem e à das milhões de criaturas que na Europa inteira e no Novo Mundo se têm ocupado com o problema ainda misterioso dos fenómenos chamados espíritas;
— eu quisera, digo, poder figurar-lhes o interesse científico e o porvir filosófico do estudo desses fenómenos, ao qual se hão consagrado, como ninguém ignora, homens eminentes dentre os nossos contemporâneos.
Estimaria fazer-lhes entrever os horizontes desconhecidos que a mente humana verá rasgar-se diante de si, à medida que ela ampliar o conhecimento positivo das forças naturais que em torno de nós actuam;
mostrar-lhes que essas comprovações constituem o mais eficaz antídoto para a lepra do ateísmo, de que parece atacada, principalmente, a nossa época de transição;
dar, enfim, aqui, testemunho público do eminente serviço que o autor de O Livro dos Espíritos prestou à filosofia, chamando a atenção e provocando discussões sobre factos que até então pertenciam ao domínio mórbido e funesto das superstições religiosas.
Seria, com efeito, um acto importante firmar aqui, junto deste túmulo eloquente, que o metódico exame dos fenómenos erroneamente qualificados de supra normais, longe de renovar o espírito de superstição e de enfraquecer a energia da razão, ao contrário, afasta os erros e as ilusões da ignorância e serve melhor ao progresso, do que as negações ilegítimas dos que não querem dar-se ao trabalho de ver.
Mas, este não é lugar apropriado a estabelecer uma arena às discussões desrespeitosas.
Deixemos apenas que das nossas mentes desçam, sobre a face impassível do homem ora estendido diante de nós, testemunhos de afeição e sentimentos de pesar, que lhe permaneçam ao derredor em seu túmulo, qual embalsamamento do coração!
E, pois que sabemos que sua alma eterna sobrevive a estes despojos mortais, do mesmo modo que a eles preexistiu;
pois que sabemos que laços indestrutíveis unem o nosso mundo visível ao mundo invisível;
pois que esta alma existe hoje tão bem como há três dias e que não é impossível se ache actualmente na minha presença;
digamos-lhe que não quisemos se desvanecesse a sua imagem terrena encerrada no sepulcro, sem unanimemente rendermos homenagem a seus trabalhos e à sua memória, sem pagar um tributo de reconhecimento à sua encarnação terrena, tão útil e tão dignamente preenchida.
Traçarei, primeiro, num esboço rápido, as linhas principais da sua carreira literária.
Morto na idade de 65 anos, Allan Kardec consagrara a primeira parte de sua vida a escrever obras clássicas, elementares, destinadas, sobretudo, ao uso dos educadores da mocidade.
Continua...
Por
Camille Flammarion
Senhores:
Aceitando com deferência o convite simpático dos amigos do pensador laborioso cujo corpo terreno jaz agora aos nossos pés, vem-me à mente um dia sombrio do mês de dezembro de 1865, em que pronunciei palavras de supremo adeus junto à tumba do fundador da Livraria Académica, do honrado Didier, que, como editor, foi colaborador convicto de Allan Kardec, na publicação das obras fundamentais de uma doutrina que lhe era cara.
Também ele morreu subitamente, como se o céu houvesse querido poupar a esses dois Espíritos íntegros o embaraço fisiológico de sair desta vida por via diferente da comumente seguida.
A mesma reflexão se aplica à morte do nosso ex-colega Jobard, de Bruxelas.
Hoje, maior ainda é a minha tarefa, porquanto eu desejara figurar à mente dos que me ouvem e à das milhões de criaturas que na Europa inteira e no Novo Mundo se têm ocupado com o problema ainda misterioso dos fenómenos chamados espíritas;
— eu quisera, digo, poder figurar-lhes o interesse científico e o porvir filosófico do estudo desses fenómenos, ao qual se hão consagrado, como ninguém ignora, homens eminentes dentre os nossos contemporâneos.
Estimaria fazer-lhes entrever os horizontes desconhecidos que a mente humana verá rasgar-se diante de si, à medida que ela ampliar o conhecimento positivo das forças naturais que em torno de nós actuam;
mostrar-lhes que essas comprovações constituem o mais eficaz antídoto para a lepra do ateísmo, de que parece atacada, principalmente, a nossa época de transição;
dar, enfim, aqui, testemunho público do eminente serviço que o autor de O Livro dos Espíritos prestou à filosofia, chamando a atenção e provocando discussões sobre factos que até então pertenciam ao domínio mórbido e funesto das superstições religiosas.
Seria, com efeito, um acto importante firmar aqui, junto deste túmulo eloquente, que o metódico exame dos fenómenos erroneamente qualificados de supra normais, longe de renovar o espírito de superstição e de enfraquecer a energia da razão, ao contrário, afasta os erros e as ilusões da ignorância e serve melhor ao progresso, do que as negações ilegítimas dos que não querem dar-se ao trabalho de ver.
Mas, este não é lugar apropriado a estabelecer uma arena às discussões desrespeitosas.
Deixemos apenas que das nossas mentes desçam, sobre a face impassível do homem ora estendido diante de nós, testemunhos de afeição e sentimentos de pesar, que lhe permaneçam ao derredor em seu túmulo, qual embalsamamento do coração!
E, pois que sabemos que sua alma eterna sobrevive a estes despojos mortais, do mesmo modo que a eles preexistiu;
pois que sabemos que laços indestrutíveis unem o nosso mundo visível ao mundo invisível;
pois que esta alma existe hoje tão bem como há três dias e que não é impossível se ache actualmente na minha presença;
digamos-lhe que não quisemos se desvanecesse a sua imagem terrena encerrada no sepulcro, sem unanimemente rendermos homenagem a seus trabalhos e à sua memória, sem pagar um tributo de reconhecimento à sua encarnação terrena, tão útil e tão dignamente preenchida.
Traçarei, primeiro, num esboço rápido, as linhas principais da sua carreira literária.
Morto na idade de 65 anos, Allan Kardec consagrara a primeira parte de sua vida a escrever obras clássicas, elementares, destinadas, sobretudo, ao uso dos educadores da mocidade.
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
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Quando, pelo ano de 1851, as manifestações, novas na aparência, das mesas girantes, das pancadas sem causa ostensiva, dos movimentos insólitos de objectos e móveis começaram a prender a atenção pública, determinando mesmo, nos de imaginação aventureira, uma espécie de febre, devida à novidade de tais experiências, Allan Kardec, estudando ao mesmo tempo o magnetismo e seus singulares efeitos, acompanhou com a maior paciência e clarividência judiciosa as experimentações e as tentativas numerosas que então se faziam em Paris.
Recolheu e pôs em ordem os resultados conseguidos dessa longa observação e com eles compôs o corpo de doutrina que publicou em 1857, na primeira edição de O Livro dos Espíritos.
Todos sabeis que êxito alcançou essa obra, na França e no estrangeiro. Havendo atingido a 16ª edição, tem espalhado em todas as classes esse corpo de doutrina elementar que, na sua essência, não é absolutamente novo, porquanto a escola de Pitágoras, na Grécia, e a dos druidas, em a nossa pobre 1 Gália, ensinavam os seus princípios fundamentais, mas que agora reveste uma forma de verdadeira actualidade, pelo corresponder aos fenómenos.
Depois dessa primeira obra apareceram, sucessivamente, O Livro dos Médiuns, ou Espiritismo experimental;
— O que é o Espiritismo? ou resumo sob a forma de perguntas e respostas;
— O Evangelho segundo o Espiritismo; — O Céu e o Inferno; — A Génese.
A morte o surpreendeu no momento em que, com a sua infatigável actividade, trabalhava noutra sobre as relações entre o Magnetismo e o Espiritismo.
Pela Revista Espírita e pela Sociedade de Paris, cujo presidente ele era, se constituíra, de certo modo, o centro a que tudo ia ter, o traço de união de todos os experimentadores.
Faz alguns meses, sentindo próximo o seu fim, preparou as condições de vitalidade de tais estudos para depois de sua morte e instituiu a Comissão Central que lhe sucede.
Suscitou rivalidades; fez escola de feição um pouco pessoal, havendo ainda alguns dissídios entre os “espiritualistas” e os “espíritas”.
Doravante, Senhores (tal, pelo menos, o voto que formulam os amigos da verdade), devemos unir-nos todos por uma solidariedade fraterna, pelos mesmos esforços em prol da elucidação do problema, pelo desejo geral e impessoal do verdadeiro e do bem.
Disseram, Senhores, do digno amigo a quem rendemos hoje as derradeiras homenagens, que ele não era o que se chama um sábio, que não fora, primeiro, físico, naturalista, ou astrónomo e que preferira constituir um corpo de doutrina moral, antes de haver submetido à discussão científica a realidade e a natureza dos fenómenos.
Talvez, Senhores, se deva preferir que as coisas tenham começado assim. Nem sempre se deve recusar valor ao sentimento.
Quantos corações já foram consolados por esta crença religiosa!
Quantas lágrimas hão secado!
Quantas consciências se abriram às irradiações da beleza espiritual!
Nem toda a gente é ditosa neste mundo. Muitas afeições aí são despedaçadas!
Muitas almas têm adormecido no cepticismo!
Então, nada é o haver trazido ao espiritualismo tantos seres que flutuavam na dúvida e que já não amavam a vida, nem a vida física, nem a intelectual?
Fora Allan Kardec um homem de ciência e de certo não houvera podido prestar este primeiro serviço e dilatá-lo até muito longe, como um convite a todos os corações.
Ele, porém, era o que eu denominarei simplesmente “o bom-senso encarnado”.
Razão recta e judiciosa, aplicava sem cessar à sua obra permanente as indicações íntimas do senso comum.
Continua...
Quando, pelo ano de 1851, as manifestações, novas na aparência, das mesas girantes, das pancadas sem causa ostensiva, dos movimentos insólitos de objectos e móveis começaram a prender a atenção pública, determinando mesmo, nos de imaginação aventureira, uma espécie de febre, devida à novidade de tais experiências, Allan Kardec, estudando ao mesmo tempo o magnetismo e seus singulares efeitos, acompanhou com a maior paciência e clarividência judiciosa as experimentações e as tentativas numerosas que então se faziam em Paris.
Recolheu e pôs em ordem os resultados conseguidos dessa longa observação e com eles compôs o corpo de doutrina que publicou em 1857, na primeira edição de O Livro dos Espíritos.
Todos sabeis que êxito alcançou essa obra, na França e no estrangeiro. Havendo atingido a 16ª edição, tem espalhado em todas as classes esse corpo de doutrina elementar que, na sua essência, não é absolutamente novo, porquanto a escola de Pitágoras, na Grécia, e a dos druidas, em a nossa pobre 1 Gália, ensinavam os seus princípios fundamentais, mas que agora reveste uma forma de verdadeira actualidade, pelo corresponder aos fenómenos.
Depois dessa primeira obra apareceram, sucessivamente, O Livro dos Médiuns, ou Espiritismo experimental;
— O que é o Espiritismo? ou resumo sob a forma de perguntas e respostas;
— O Evangelho segundo o Espiritismo; — O Céu e o Inferno; — A Génese.
A morte o surpreendeu no momento em que, com a sua infatigável actividade, trabalhava noutra sobre as relações entre o Magnetismo e o Espiritismo.
Pela Revista Espírita e pela Sociedade de Paris, cujo presidente ele era, se constituíra, de certo modo, o centro a que tudo ia ter, o traço de união de todos os experimentadores.
Faz alguns meses, sentindo próximo o seu fim, preparou as condições de vitalidade de tais estudos para depois de sua morte e instituiu a Comissão Central que lhe sucede.
Suscitou rivalidades; fez escola de feição um pouco pessoal, havendo ainda alguns dissídios entre os “espiritualistas” e os “espíritas”.
Doravante, Senhores (tal, pelo menos, o voto que formulam os amigos da verdade), devemos unir-nos todos por uma solidariedade fraterna, pelos mesmos esforços em prol da elucidação do problema, pelo desejo geral e impessoal do verdadeiro e do bem.
Disseram, Senhores, do digno amigo a quem rendemos hoje as derradeiras homenagens, que ele não era o que se chama um sábio, que não fora, primeiro, físico, naturalista, ou astrónomo e que preferira constituir um corpo de doutrina moral, antes de haver submetido à discussão científica a realidade e a natureza dos fenómenos.
Talvez, Senhores, se deva preferir que as coisas tenham começado assim. Nem sempre se deve recusar valor ao sentimento.
Quantos corações já foram consolados por esta crença religiosa!
Quantas lágrimas hão secado!
Quantas consciências se abriram às irradiações da beleza espiritual!
Nem toda a gente é ditosa neste mundo. Muitas afeições aí são despedaçadas!
Muitas almas têm adormecido no cepticismo!
Então, nada é o haver trazido ao espiritualismo tantos seres que flutuavam na dúvida e que já não amavam a vida, nem a vida física, nem a intelectual?
Fora Allan Kardec um homem de ciência e de certo não houvera podido prestar este primeiro serviço e dilatá-lo até muito longe, como um convite a todos os corações.
Ele, porém, era o que eu denominarei simplesmente “o bom-senso encarnado”.
Razão recta e judiciosa, aplicava sem cessar à sua obra permanente as indicações íntimas do senso comum.
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
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Não era essa uma qualidade somenos, na ordem de coisas com que nos ocupamos.
Era, ao contrário, pode-se afirmá-lo, a primeira de todas e a mais preciosa, sem a qual a obra não teria podido tornar-se popular, nem lançar pelo mundo suas raízes imensas.
A maioria dos que se têm dado a estes estudos lembram-se de que na mocidade, ou em certas circunstâncias, foram testemunhas de manifestações inexplicadas.
Poucas são as famílias que não contem na sua história provas desta natureza.
O ponto de partida era aplicar-lhes a razão firme do simples bom-senso e examiná-las segundo os princípios do método positivo.
Conforme o seu próprio organizador previu, esse estudo, que foi lento e difícil, tem que entrar agora num período científico.
Os fenómenos físicos, sobre os quais a princípio não se insistia, hão de tornar-se objecto da crítica experimental, a que devemos a glória dos progressos modernos e as maravilhas da electricidade e do vapor.
Esse método tem de tomar os fenómenos de ordem misteriosa a que assistimos para os dissecar, medir e definir.
Porque, meus Senhores, o Espiritismo não é uma religião, mas uma ciência, da qual apenas conhecemos o abecê.
Passou o tempo dos dogmas.
A Natureza abrange o Universo, e o próprio Deus, feito outrora à imagem do homem, a moderna Metafísica não o pode considerar senão como um espírito na Natureza.
O sobrenatural não existe.
As manifestações obtidas com o auxílio dos médiuns, como as do magnetismo e do sonambulismo, são de ordem natural e devem ser severamente submetidas à verificação da experiência.
Não há milagres.
Assistimos ao alvorecer de uma ciência desconhecida. Quem poderá prever a que consequências conduzirá, no mundo do pensamento, o estudo positivo desta nova psicologia?
Doravante, o mundo é regido pela ciência e, Senhores, não virá fora de propósito, neste discurso fúnebre, assinalar-lhe a obra actual e as induções novas que ela nos patenteia, precisamente do ponto de vista das nossas pesquisas.
Em nenhuma época da História a Ciência desdobrou, ante o olhar espantado do homem, tão grandiosos horizontes.
Sabemos agora que a Terra é um astro e que a nossa vida actual se completa no céu.
Pela análise da luz, conhecemos os elementos que ardem no Sol e nas estrelas, a milhões e triliões de léguas do nosso observatório terrestre.
Por meio do cálculo, possuímos a história do céu e da Terra, assim no passado longínquo, como no futuro, passado e futuro que não existem para as leis imutáveis.
Pela observação, temos pesado as terras celestes que gravitam na amplidão.
O globo em que nos encontramos tornou-se um átomo estelar que voa no espaço dentro das profundezas infinitas e a nossa própria existência neste globo se tornou uma fracção infinitesimal da nossa eterna vida.
Mas, o que, com razão, nos pode tocar ainda mais vivamente é esse surpreendente resultado dos trabalhos físicos realizados nestes últimos anos:
que vivemos em meio de um mundo invisível, a actuar incessantemente em torno de nós.
Sim, Senhores, é esta, para nós, uma revelação imensa.
Continua...
Não era essa uma qualidade somenos, na ordem de coisas com que nos ocupamos.
Era, ao contrário, pode-se afirmá-lo, a primeira de todas e a mais preciosa, sem a qual a obra não teria podido tornar-se popular, nem lançar pelo mundo suas raízes imensas.
A maioria dos que se têm dado a estes estudos lembram-se de que na mocidade, ou em certas circunstâncias, foram testemunhas de manifestações inexplicadas.
Poucas são as famílias que não contem na sua história provas desta natureza.
O ponto de partida era aplicar-lhes a razão firme do simples bom-senso e examiná-las segundo os princípios do método positivo.
Conforme o seu próprio organizador previu, esse estudo, que foi lento e difícil, tem que entrar agora num período científico.
Os fenómenos físicos, sobre os quais a princípio não se insistia, hão de tornar-se objecto da crítica experimental, a que devemos a glória dos progressos modernos e as maravilhas da electricidade e do vapor.
Esse método tem de tomar os fenómenos de ordem misteriosa a que assistimos para os dissecar, medir e definir.
Porque, meus Senhores, o Espiritismo não é uma religião, mas uma ciência, da qual apenas conhecemos o abecê.
Passou o tempo dos dogmas.
A Natureza abrange o Universo, e o próprio Deus, feito outrora à imagem do homem, a moderna Metafísica não o pode considerar senão como um espírito na Natureza.
O sobrenatural não existe.
As manifestações obtidas com o auxílio dos médiuns, como as do magnetismo e do sonambulismo, são de ordem natural e devem ser severamente submetidas à verificação da experiência.
Não há milagres.
Assistimos ao alvorecer de uma ciência desconhecida. Quem poderá prever a que consequências conduzirá, no mundo do pensamento, o estudo positivo desta nova psicologia?
Doravante, o mundo é regido pela ciência e, Senhores, não virá fora de propósito, neste discurso fúnebre, assinalar-lhe a obra actual e as induções novas que ela nos patenteia, precisamente do ponto de vista das nossas pesquisas.
Em nenhuma época da História a Ciência desdobrou, ante o olhar espantado do homem, tão grandiosos horizontes.
Sabemos agora que a Terra é um astro e que a nossa vida actual se completa no céu.
Pela análise da luz, conhecemos os elementos que ardem no Sol e nas estrelas, a milhões e triliões de léguas do nosso observatório terrestre.
Por meio do cálculo, possuímos a história do céu e da Terra, assim no passado longínquo, como no futuro, passado e futuro que não existem para as leis imutáveis.
Pela observação, temos pesado as terras celestes que gravitam na amplidão.
O globo em que nos encontramos tornou-se um átomo estelar que voa no espaço dentro das profundezas infinitas e a nossa própria existência neste globo se tornou uma fracção infinitesimal da nossa eterna vida.
Mas, o que, com razão, nos pode tocar ainda mais vivamente é esse surpreendente resultado dos trabalhos físicos realizados nestes últimos anos:
que vivemos em meio de um mundo invisível, a actuar incessantemente em torno de nós.
Sim, Senhores, é esta, para nós, uma revelação imensa.
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
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Contemplai, por exemplo, a luz que a esta hora o Sol brilhante espalha na atmosfera;
contemplai esse azul tão suave da abóbada celeste;
notai os eflúvios deste ar tépido, que nos vem acariciar as faces;
admirai estes monumentos e esta terra.
Pois bem: conquanto tenhamos escancarados os olhos, não vemos o que aqui se passa!
Sobre cem raios emanados do Sol, apenas um terço deles é acessível à nossa vista, quer directamente, quer reflectidos por todos os corpos;
os dois terços restantes existem e actuam à volta de nós, mas de maneira invisível, embora real.
São quentes, sem nos serem luminosos e são, no entanto, muito mais activos do que os que nos impressionam, porquanto são eles que atraem as flores para o lado do Sol, que produzem todas as acções químicas 1 e também que elevam, sob forma igualmente invisível, o vapor d’água na atmosfera para formar as nuvens, exercendo assim, sem cessar, em torno de nós, de maneira oculta e silenciosa, uma acção colossal, mecanicamente equiparável ao trabalho de muitos bilhões de cavalos!
Se nos são invisíveis os raios caloríficos e os raios químicos que constantemente actuam na Natureza, é porque os primeiros não nos ferem com bastante rapidez a retina e porque os segundos a ferem com rapidez excessiva.
Os nossos olhos somente vêem as coisas entre dois limites, aquém e além dos quais nada enxergam.
Pode comparar-se o nosso organismo terreno a uma harpa de duas cordas, que são o nervo óptico e o nervo auditivo.
Certa espécie de movimentos põe em vibração a primeira e outra espécie de movimentos faz vibrar a segunda:
nisto se resume toda a sensação humana, mais restrita neste ponto do que a de alguns seres vivos, de alguns insectos, por exemplo, que possuem mais delicadas essas mesmas cordas da visão e da audição.
Ora, em a Natureza, existem realmente, não dois, porém dez, cem, mil espécies de movimentos.
A ciência física nos ensina, portanto, que vivemos, assim, dentro de um mundo que nos é invisível, nada tendo de impossível que seres (também invisíveis para nós) vivam igualmente na Terra, com uma ordem de sensações absolutamente diversa da das nossas e sem que lhes possamos apreciar a presença, a menos que se nos manifestem por factos que caibam na ordem das nossas sensações.
Diante de verdades tais, que apenas se entreabrem, quão absurda e sem valor se revela a negação a priori!
Quando se compara o pouco que sabemos e a exiguidade da nossa esfera de percepção com a quantidade do que existe, não se pode deixar de concluir que nada sabemos, que tudo estamos por saber.
Com que direito, então, proferiremos a palavra impossível, em presença de fatos que testemunhávamos, sem, todavia, lhes podermos descobrir a causa única?
A Ciência nos faculta perspectivas tão autorizadas quanto as precedentes, sobre os fenómenos da vida e da morte e sobre a força que nos anima.
Basta observemos a circulação das existências.
Tudo são meras metamorfoses.
Arrastados em seu curso eterno, os átomos constitutivos da matéria passam incessantemente de um corpo a outro, do animal à planta, da planta à atmosfera, da atmosfera ao homem, e o nosso próprio corpo, enquanto nos dura a vida, muda continuamente de substância constitutiva, do mesmo modo que a chama, que só brilha por meio dos elementos que de contínuo se renovam.
Continua...
Contemplai, por exemplo, a luz que a esta hora o Sol brilhante espalha na atmosfera;
contemplai esse azul tão suave da abóbada celeste;
notai os eflúvios deste ar tépido, que nos vem acariciar as faces;
admirai estes monumentos e esta terra.
Pois bem: conquanto tenhamos escancarados os olhos, não vemos o que aqui se passa!
Sobre cem raios emanados do Sol, apenas um terço deles é acessível à nossa vista, quer directamente, quer reflectidos por todos os corpos;
os dois terços restantes existem e actuam à volta de nós, mas de maneira invisível, embora real.
São quentes, sem nos serem luminosos e são, no entanto, muito mais activos do que os que nos impressionam, porquanto são eles que atraem as flores para o lado do Sol, que produzem todas as acções químicas 1 e também que elevam, sob forma igualmente invisível, o vapor d’água na atmosfera para formar as nuvens, exercendo assim, sem cessar, em torno de nós, de maneira oculta e silenciosa, uma acção colossal, mecanicamente equiparável ao trabalho de muitos bilhões de cavalos!
Se nos são invisíveis os raios caloríficos e os raios químicos que constantemente actuam na Natureza, é porque os primeiros não nos ferem com bastante rapidez a retina e porque os segundos a ferem com rapidez excessiva.
Os nossos olhos somente vêem as coisas entre dois limites, aquém e além dos quais nada enxergam.
Pode comparar-se o nosso organismo terreno a uma harpa de duas cordas, que são o nervo óptico e o nervo auditivo.
Certa espécie de movimentos põe em vibração a primeira e outra espécie de movimentos faz vibrar a segunda:
nisto se resume toda a sensação humana, mais restrita neste ponto do que a de alguns seres vivos, de alguns insectos, por exemplo, que possuem mais delicadas essas mesmas cordas da visão e da audição.
Ora, em a Natureza, existem realmente, não dois, porém dez, cem, mil espécies de movimentos.
A ciência física nos ensina, portanto, que vivemos, assim, dentro de um mundo que nos é invisível, nada tendo de impossível que seres (também invisíveis para nós) vivam igualmente na Terra, com uma ordem de sensações absolutamente diversa da das nossas e sem que lhes possamos apreciar a presença, a menos que se nos manifestem por factos que caibam na ordem das nossas sensações.
Diante de verdades tais, que apenas se entreabrem, quão absurda e sem valor se revela a negação a priori!
Quando se compara o pouco que sabemos e a exiguidade da nossa esfera de percepção com a quantidade do que existe, não se pode deixar de concluir que nada sabemos, que tudo estamos por saber.
Com que direito, então, proferiremos a palavra impossível, em presença de fatos que testemunhávamos, sem, todavia, lhes podermos descobrir a causa única?
A Ciência nos faculta perspectivas tão autorizadas quanto as precedentes, sobre os fenómenos da vida e da morte e sobre a força que nos anima.
Basta observemos a circulação das existências.
Tudo são meras metamorfoses.
Arrastados em seu curso eterno, os átomos constitutivos da matéria passam incessantemente de um corpo a outro, do animal à planta, da planta à atmosfera, da atmosfera ao homem, e o nosso próprio corpo, enquanto nos dura a vida, muda continuamente de substância constitutiva, do mesmo modo que a chama, que só brilha por meio dos elementos que de contínuo se renovam.
Continua...
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
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E, quando a alma desfere o voo, esse mesmo corpo já tantas vezes transformado durante a vida, restitui definitivamente à Natureza todas as moléculas, para não mais as retomar.
O dogma inadmissível da ressurreição da carne se acha substituído pela elevada doutrina da transmigração das almas.
O Sol de abril irradia nos céus e nos inunda com o seu primeiro rocio calorífico.
Já as campinas despertam, já os primeiros rebentos se entreabrem, já a primavera refloresce, o azul-celeste sorri e a ressurreição se opera.
Entretanto, esta vida nova é formada pela morte e apenas ruínas cobre!
Donde vem a seiva destas árvores que reverdecem nos campos dos mortos?
Donde vem esta humidade que lhe nutre as raízes?
Donde vêm todos os elementos que farão apareçam, sob as carícias de maio, as silenciosas florinhas e os pássaros canoros?
— Da morte!... Senhores... destes cadáveres sepultados na noite sinistra dos túmulos!...
Lei suprema da Natureza, o corpo material não passa de transitório agregado de partículas que absolutamente não lhe pertencem e que a alma agrupou, segundo o seu próprio tipo, a fim de criar para si órgãos que a ponham em relação com o nosso mundo físico.
E, enquanto o nosso corpo assim se renova, peça por peça, mediante a perpétua troca das matérias;
enquanto que um dia ele cai, massa inerte, para não mais se reerguer, o nosso espírito, ser pessoal, conservou constantemente a sua indestrutível identidade, reinou soberanamente sobre a matéria de que se revestira, estabelecendo, por meio desse facto perene e universal, a sua personalidade independente, sua essência espiritual não sujeita ao império do espaço e do tempo, sua grandeza individual, sua imortalidade.
Em que consiste o mistério da vida?
Por que laços a alma se prende ao organismo?
Por efeito de que desatamento se lhe escapa?
Sob que forma e em que condições existe ela após a morte?
Que lembrança, que afeições conserva? Como se manifesta?
— Eis aí, meus Senhores, problemas que longe se acham de estar resolvidos e que, em seu conjunto, constituirão a ciência psicológica do futuro.
Certos homens podem negar a existência mesma da alma, como a de Deus;
podem afirmar que não existe a verdade moral, que não há na Natureza leis inteligentes e que nós, espiritualistas, somos vítimas de imensa ilusão.
Podem outros, contrariamente, declarar que conhecem, por especial privilégio, a essência da alma humana, a forma do Ser supremo, o estado da vida futura e tratar-nos de ateus, porque a nossa razão se nega a adoptar a fé que eles alardeiam.
Uns e outros, Senhores, não impedirão que estejamos aqui em presença dos maiores problemas, que nos interessemos por estas coisas (que de modo nenhum nos são estranhas) e que tenhamos o direito de aplicar o método experimental da ciência contemporânea à pesquisa da verdade.
Pelo estudo positivo dos efeitos é que se remonta à apreciação das causas.
Na ordem dos estudos que se agrupam sob a denominação de “Espiritismo”, os fatos existem;
mas, ninguém lhes conhece o modo de produção.
Continua...
E, quando a alma desfere o voo, esse mesmo corpo já tantas vezes transformado durante a vida, restitui definitivamente à Natureza todas as moléculas, para não mais as retomar.
O dogma inadmissível da ressurreição da carne se acha substituído pela elevada doutrina da transmigração das almas.
O Sol de abril irradia nos céus e nos inunda com o seu primeiro rocio calorífico.
Já as campinas despertam, já os primeiros rebentos se entreabrem, já a primavera refloresce, o azul-celeste sorri e a ressurreição se opera.
Entretanto, esta vida nova é formada pela morte e apenas ruínas cobre!
Donde vem a seiva destas árvores que reverdecem nos campos dos mortos?
Donde vem esta humidade que lhe nutre as raízes?
Donde vêm todos os elementos que farão apareçam, sob as carícias de maio, as silenciosas florinhas e os pássaros canoros?
— Da morte!... Senhores... destes cadáveres sepultados na noite sinistra dos túmulos!...
Lei suprema da Natureza, o corpo material não passa de transitório agregado de partículas que absolutamente não lhe pertencem e que a alma agrupou, segundo o seu próprio tipo, a fim de criar para si órgãos que a ponham em relação com o nosso mundo físico.
E, enquanto o nosso corpo assim se renova, peça por peça, mediante a perpétua troca das matérias;
enquanto que um dia ele cai, massa inerte, para não mais se reerguer, o nosso espírito, ser pessoal, conservou constantemente a sua indestrutível identidade, reinou soberanamente sobre a matéria de que se revestira, estabelecendo, por meio desse facto perene e universal, a sua personalidade independente, sua essência espiritual não sujeita ao império do espaço e do tempo, sua grandeza individual, sua imortalidade.
Em que consiste o mistério da vida?
Por que laços a alma se prende ao organismo?
Por efeito de que desatamento se lhe escapa?
Sob que forma e em que condições existe ela após a morte?
Que lembrança, que afeições conserva? Como se manifesta?
— Eis aí, meus Senhores, problemas que longe se acham de estar resolvidos e que, em seu conjunto, constituirão a ciência psicológica do futuro.
Certos homens podem negar a existência mesma da alma, como a de Deus;
podem afirmar que não existe a verdade moral, que não há na Natureza leis inteligentes e que nós, espiritualistas, somos vítimas de imensa ilusão.
Podem outros, contrariamente, declarar que conhecem, por especial privilégio, a essência da alma humana, a forma do Ser supremo, o estado da vida futura e tratar-nos de ateus, porque a nossa razão se nega a adoptar a fé que eles alardeiam.
Uns e outros, Senhores, não impedirão que estejamos aqui em presença dos maiores problemas, que nos interessemos por estas coisas (que de modo nenhum nos são estranhas) e que tenhamos o direito de aplicar o método experimental da ciência contemporânea à pesquisa da verdade.
Pelo estudo positivo dos efeitos é que se remonta à apreciação das causas.
Na ordem dos estudos que se agrupam sob a denominação de “Espiritismo”, os fatos existem;
mas, ninguém lhes conhece o modo de produção.
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
Continua...
Eles existem tanto quanto os fenómenos eléctricos, luminosos, calóricos;
porém, Senhores, nós não conhecemos nem a Biologia, nem a Fisiologia.
Que é o corpo humano? que é o cérebro?
Qual a acção absoluta da alma? Ignoramo-lo.
Igualmente ignoramos a essência da electricidade, a essência da luz.
Prudente é, pois, que observemos sem parcialidade todos esses factos e tentemos determinar-lhes as causas, que talvez sejam de espécies diversas e mais numerosas do que o tenhamos suposto até agora.
Que os que têm a vista restringida pelo orgulho ou pelo preconceito não compreendam absolutamente os anseios de nossas mentes ávidas de conhecer e lancem sobre este género de estudos seus sarcasmos ou anátemas, pouco importa.
Colocamos mais alto as nossas contemplações!...
Foste o primeiro, oh! mestre e amigo!
Foste o primeiro a dar, desde o princípio da minha carreira astronómica, testemunho de viva simpatia às minhas deduções relativas à existência das humanidades celestes, pois, tomando do livro sobre a Pluralidade dos mundos habitados, o puseste imediatamente na base do edifício doutrinário com que sonhavas.
Muito amiúde conversávamos sobre essa vida celeste tão misteriosa;
agora, oh! alma, sabes, por visão directa, em que consiste a vida espiritual a que voltaremos e que esquecemos durante a existência na Terra.
Voltaste a esse mundo donde viemos e colhes o fruto de teus estudos terrestres.
Aos nossos pés dorme o teu envoltório, extinguiu-se o teu cérebro, fecharam-se-te os olhos para não mais se abrirem, não mais ouvida será a tua palavra...
Sabemos que todos havemos de mergulhar nesse mesmo último sono, de volver a essa mesma inércia, a esse mesmo pó.
Mas, não é nesse envoltório que pomos a nossa glória e a nossa esperança.
Tomba o corpo, a alma permanece e retorna ao Espaço.
Encontrar-nos-emos num mundo melhor e no céu imenso onde usaremos das nossas mais preciosas faculdades, onde continuaremos os estudos para cujo desenvolvimento a Terra é teatro por demais acanhado.
É-nos mais grato saber esta verdade, do que acreditar que jazes todo inteiro nesse cadáver e que tua alma se haja aniquilado com a cessação do funcionamento de um órgão.
A imortalidade é a luz da vida, como este refulgente Sol é a luz da Natureza.
Até à vista, meu caro Allan Kardec, até à vista!
1 Ver pp. 265/6. Nota da Editora (FEB) à 14ª edição, em 1975.
1 Na Revue Spirite, maio-1869, p.139, está própria (propre).
Nota da Editora (FEB) à 14ª edicão, em 1975.
1 A nossa retina é insensível a esses raios;
mas, há substâncias que os vêem, como, por exemplo, o iodo e os sais de prata.
Fotografado o espectro solar químico, que o nosso olhar não percebe, nenhuma imagem visível jamais apresenta a chapa fotográfica ao sair da câmara escura, se bem exista nela uma, pois que certa operação química a faz aparecer.
Fonte: http://www.autoresespiritasclassicos.com/Allan%20Kardec/Obras%20Postumas/Allan%20Kardec%20-%20Obras%20P%C3%B3stumas.pdf
§.§.§- O-canto-da-ave
Eles existem tanto quanto os fenómenos eléctricos, luminosos, calóricos;
porém, Senhores, nós não conhecemos nem a Biologia, nem a Fisiologia.
Que é o corpo humano? que é o cérebro?
Qual a acção absoluta da alma? Ignoramo-lo.
Igualmente ignoramos a essência da electricidade, a essência da luz.
Prudente é, pois, que observemos sem parcialidade todos esses factos e tentemos determinar-lhes as causas, que talvez sejam de espécies diversas e mais numerosas do que o tenhamos suposto até agora.
Que os que têm a vista restringida pelo orgulho ou pelo preconceito não compreendam absolutamente os anseios de nossas mentes ávidas de conhecer e lancem sobre este género de estudos seus sarcasmos ou anátemas, pouco importa.
Colocamos mais alto as nossas contemplações!...
Foste o primeiro, oh! mestre e amigo!
Foste o primeiro a dar, desde o princípio da minha carreira astronómica, testemunho de viva simpatia às minhas deduções relativas à existência das humanidades celestes, pois, tomando do livro sobre a Pluralidade dos mundos habitados, o puseste imediatamente na base do edifício doutrinário com que sonhavas.
Muito amiúde conversávamos sobre essa vida celeste tão misteriosa;
agora, oh! alma, sabes, por visão directa, em que consiste a vida espiritual a que voltaremos e que esquecemos durante a existência na Terra.
Voltaste a esse mundo donde viemos e colhes o fruto de teus estudos terrestres.
Aos nossos pés dorme o teu envoltório, extinguiu-se o teu cérebro, fecharam-se-te os olhos para não mais se abrirem, não mais ouvida será a tua palavra...
Sabemos que todos havemos de mergulhar nesse mesmo último sono, de volver a essa mesma inércia, a esse mesmo pó.
Mas, não é nesse envoltório que pomos a nossa glória e a nossa esperança.
Tomba o corpo, a alma permanece e retorna ao Espaço.
Encontrar-nos-emos num mundo melhor e no céu imenso onde usaremos das nossas mais preciosas faculdades, onde continuaremos os estudos para cujo desenvolvimento a Terra é teatro por demais acanhado.
É-nos mais grato saber esta verdade, do que acreditar que jazes todo inteiro nesse cadáver e que tua alma se haja aniquilado com a cessação do funcionamento de um órgão.
A imortalidade é a luz da vida, como este refulgente Sol é a luz da Natureza.
Até à vista, meu caro Allan Kardec, até à vista!
1 Ver pp. 265/6. Nota da Editora (FEB) à 14ª edição, em 1975.
1 Na Revue Spirite, maio-1869, p.139, está própria (propre).
Nota da Editora (FEB) à 14ª edicão, em 1975.
1 A nossa retina é insensível a esses raios;
mas, há substâncias que os vêem, como, por exemplo, o iodo e os sais de prata.
Fotografado o espectro solar químico, que o nosso olhar não percebe, nenhuma imagem visível jamais apresenta a chapa fotográfica ao sair da câmara escura, se bem exista nela uma, pois que certa operação química a faz aparecer.
Fonte: http://www.autoresespiritasclassicos.com/Allan%20Kardec/Obras%20Postumas/Allan%20Kardec%20-%20Obras%20P%C3%B3stumas.pdf
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
RESUMO DA LEI DOS FENÓMENOS ESPÍRITAS
por ALLAN KARDEC
Observações Preliminares
As pessoas alheias ao Espiritismo, não lhe compreendendo nem os objectivos nem os fins, dele fazem, quase sempre, uma ideia, completamente falsa.
O que lhe falta, sobretudo, é o conhecimento do princípio, a chave primeira dos fenómenos;
à falta disso, o que vêem e o que ouvem é sem proveito e mesmo sem interesse para elas.
A experiência tem demonstrado que apenas a visão ou o relato dos fenómenos não bastam para convencer.
Aquele mesmo que é testemunha de factos capazes de confundirem, fica mais espantado do que convencido;
quanto mais o efeito parece extraordinário, mais dele se suspeita.
Somente um estudo prévio sério pode conduzir à convicção; frequentemente, basta para mudar inteiramente o curso das ideias.
Em todos os casos, é indispensável para compreensão dos mais simples fenómenos.
À falta de uma instrução completa, um resumo sucinto da lei que rege as manifestações bastará para fazer considerar as coisas sob seu verdadeiro aspecto, para as pessoas que nela ainda não estão iniciadas.
É o primeiro passo que damos na pequena instrução adiante.
Esta instrução foi feita, sobretudo, tendo em vista as pessoas que não possuem nenhuma noção do Espiritismo.
Nos grupos ou reuniões espíritas, onde se encontrem assistentes noviços, pode servir, utilmente, de preâmbulo às sessões, segundo as necessidades.
Dos Espíritos
1. O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica.
Como ciência prática, consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos;
como filosofia, compreende todas as consequências morais que decorrem dessas relações.
2. Os Espíritos não são, como frequentemente se imagina, seres à parte na criação;
são as almas daqueles que viveram sobre a Terra ou em outros mundos.
As almas ou Espíritos são, pois, uma única e mesma coisa;
de onde se segue que quem crê na existência da alma crê, por isso mesmo, na dos Espíritos.
Negar os Espíritos seria negar a alma.
3. Geralmente, se faz uma ideia muito falsa do estado dos Espíritos;
eles não são, como alguns o crêem, seres vagos e indefinidos, nem chamas como os fogos fátuos, nem fantasmas como nos contos de assombração.
São seres semelhantes a nós, tendo um corpo igual ao nosso, mas fluídico e invisível no estado normal.
4. Quando a alma está unida ao corpo, durante a vida, ela tem duplo envoltório:
um pesado, grosseiro e destrutível, que é o corpo;
outro fluídico, leve e indestrutível, chamado perispírito.
O perispírito é o laço que une a alma e o corpo;
é por seu intermédio que a alma faz o corpo agir, e percebe as sensações experimentadas pelo corpo.
A união da alma, do perispírito e do corpo material constitui o homem;
a alma e o perispírito separados do corpo constituem o ser chamado Espírito.
Continua...
por ALLAN KARDEC
Observações Preliminares
As pessoas alheias ao Espiritismo, não lhe compreendendo nem os objectivos nem os fins, dele fazem, quase sempre, uma ideia, completamente falsa.
O que lhe falta, sobretudo, é o conhecimento do princípio, a chave primeira dos fenómenos;
à falta disso, o que vêem e o que ouvem é sem proveito e mesmo sem interesse para elas.
A experiência tem demonstrado que apenas a visão ou o relato dos fenómenos não bastam para convencer.
Aquele mesmo que é testemunha de factos capazes de confundirem, fica mais espantado do que convencido;
quanto mais o efeito parece extraordinário, mais dele se suspeita.
Somente um estudo prévio sério pode conduzir à convicção; frequentemente, basta para mudar inteiramente o curso das ideias.
Em todos os casos, é indispensável para compreensão dos mais simples fenómenos.
À falta de uma instrução completa, um resumo sucinto da lei que rege as manifestações bastará para fazer considerar as coisas sob seu verdadeiro aspecto, para as pessoas que nela ainda não estão iniciadas.
É o primeiro passo que damos na pequena instrução adiante.
Esta instrução foi feita, sobretudo, tendo em vista as pessoas que não possuem nenhuma noção do Espiritismo.
Nos grupos ou reuniões espíritas, onde se encontrem assistentes noviços, pode servir, utilmente, de preâmbulo às sessões, segundo as necessidades.
Dos Espíritos
1. O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica.
Como ciência prática, consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos;
como filosofia, compreende todas as consequências morais que decorrem dessas relações.
2. Os Espíritos não são, como frequentemente se imagina, seres à parte na criação;
são as almas daqueles que viveram sobre a Terra ou em outros mundos.
As almas ou Espíritos são, pois, uma única e mesma coisa;
de onde se segue que quem crê na existência da alma crê, por isso mesmo, na dos Espíritos.
Negar os Espíritos seria negar a alma.
3. Geralmente, se faz uma ideia muito falsa do estado dos Espíritos;
eles não são, como alguns o crêem, seres vagos e indefinidos, nem chamas como os fogos fátuos, nem fantasmas como nos contos de assombração.
São seres semelhantes a nós, tendo um corpo igual ao nosso, mas fluídico e invisível no estado normal.
4. Quando a alma está unida ao corpo, durante a vida, ela tem duplo envoltório:
um pesado, grosseiro e destrutível, que é o corpo;
outro fluídico, leve e indestrutível, chamado perispírito.
O perispírito é o laço que une a alma e o corpo;
é por seu intermédio que a alma faz o corpo agir, e percebe as sensações experimentadas pelo corpo.
A união da alma, do perispírito e do corpo material constitui o homem;
a alma e o perispírito separados do corpo constituem o ser chamado Espírito.
Continua...
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
Continua...
5. A morte é a destruição do envoltório corporal;
a alma abandona esse envoltório como troca a roupa usada, ou como a borboleta deixa sua crisálida;
mas conserva seu corpo fluídico ou perispírito.
A morte do corpo livra o Espírito do envoltório que o prendia à Terra e o fazia sofrer;
uma vez livre desse fardo, não tem senão seu corpo etéreo que lhe permite percorrer o espaço e vencer as distâncias com a rapidez do pensamento.
6. Os Espíritos povoam o espaço;
eles constituem o mundo invisível que nos rodeia, no meio do qual vivemos, e com o qual estamos, sem cessar, em contacto.
7. Os Espíritos têm todas as percepções que tinham na Terra, mas num mais alto grau, porque suas faculdades não estão mais amortecidas pela matéria;
têm sensações que nos são desconhecidas;
vêem e ouvem coisas que nossos sentidos limitados não nos permitem nem ver e nem ouvir.
Para eles não há obscuridade, salvo para aqueles cuja punição é estar temporariamente nas trevas.
Todos os nossos pensamentos repercutem neles, que os lêem como em um livro aberto;
de sorte que aquilo que podemos ocultar a alguém vivo, não poderemos mais desde que seja um Espírito.
8. Os Espíritos conservam as afeições sérias que tiveram na Terra;
eles se comprazem em voltar para junto daqueles que amaram, sobretudo, quando são atraídos por pensamentos e sentimentos afectuosos que lhes dirigem, ao passo que são indiferentes para com aqueles que não lhes têm senão a indiferença.
9. Uma ideia quase geral entre as pessoas que não conhecem o Espiritismo é crer que os Espíritos, somente porque estão livres da matéria, tudo devem saber e possuírem a soberana sabedoria.
Aí está um erro grave.
Os Espíritos, não sendo senão as almas dos homens, não adquirem a perfeição deixando seu envoltório terrestre.
O progresso do Espírito não se realiza senão com o tempo, e não é senão sucessivamente
que ele se despoja de suas imperfeições, que adquire os conhecimentos que lhe faltam.
Seria tão ilógico admitir que o Espírito de um selvagem ou de um criminoso se torne, de repente, sábio e virtuoso, quanto seria contrário à justiça de Deus pensar que ele permanecesse perpetuamente na inferioridade.
Como há homens de todos os graus de saber e de ignorância, de bondade e de maldade, ocorre o mesmo com os Espíritos.
Há os que são apenas levianos e traquinas, outros são mentirosos, trapaceiros, hipócritas, maus, vingativos;
outros, ao contrário, possuem as mais sublimes virtudes e o saber num grau desconhecido na Terra.
Essa diversidade na qualidade dos Espíritos é um dos pontos mais importantes a se considerar, porque explica a natureza boa ou má das comunicações que se recebem;
é em distingui-las que é preciso, sobretudo, se aplicar.
(O Livros dos Espíritos, nº 100, Escala Espírita. - O Livro dos Médiuns, cap. XXIV.)
Continua...
5. A morte é a destruição do envoltório corporal;
a alma abandona esse envoltório como troca a roupa usada, ou como a borboleta deixa sua crisálida;
mas conserva seu corpo fluídico ou perispírito.
A morte do corpo livra o Espírito do envoltório que o prendia à Terra e o fazia sofrer;
uma vez livre desse fardo, não tem senão seu corpo etéreo que lhe permite percorrer o espaço e vencer as distâncias com a rapidez do pensamento.
6. Os Espíritos povoam o espaço;
eles constituem o mundo invisível que nos rodeia, no meio do qual vivemos, e com o qual estamos, sem cessar, em contacto.
7. Os Espíritos têm todas as percepções que tinham na Terra, mas num mais alto grau, porque suas faculdades não estão mais amortecidas pela matéria;
têm sensações que nos são desconhecidas;
vêem e ouvem coisas que nossos sentidos limitados não nos permitem nem ver e nem ouvir.
Para eles não há obscuridade, salvo para aqueles cuja punição é estar temporariamente nas trevas.
Todos os nossos pensamentos repercutem neles, que os lêem como em um livro aberto;
de sorte que aquilo que podemos ocultar a alguém vivo, não poderemos mais desde que seja um Espírito.
8. Os Espíritos conservam as afeições sérias que tiveram na Terra;
eles se comprazem em voltar para junto daqueles que amaram, sobretudo, quando são atraídos por pensamentos e sentimentos afectuosos que lhes dirigem, ao passo que são indiferentes para com aqueles que não lhes têm senão a indiferença.
9. Uma ideia quase geral entre as pessoas que não conhecem o Espiritismo é crer que os Espíritos, somente porque estão livres da matéria, tudo devem saber e possuírem a soberana sabedoria.
Aí está um erro grave.
Os Espíritos, não sendo senão as almas dos homens, não adquirem a perfeição deixando seu envoltório terrestre.
O progresso do Espírito não se realiza senão com o tempo, e não é senão sucessivamente
que ele se despoja de suas imperfeições, que adquire os conhecimentos que lhe faltam.
Seria tão ilógico admitir que o Espírito de um selvagem ou de um criminoso se torne, de repente, sábio e virtuoso, quanto seria contrário à justiça de Deus pensar que ele permanecesse perpetuamente na inferioridade.
Como há homens de todos os graus de saber e de ignorância, de bondade e de maldade, ocorre o mesmo com os Espíritos.
Há os que são apenas levianos e traquinas, outros são mentirosos, trapaceiros, hipócritas, maus, vingativos;
outros, ao contrário, possuem as mais sublimes virtudes e o saber num grau desconhecido na Terra.
Essa diversidade na qualidade dos Espíritos é um dos pontos mais importantes a se considerar, porque explica a natureza boa ou má das comunicações que se recebem;
é em distingui-las que é preciso, sobretudo, se aplicar.
(O Livros dos Espíritos, nº 100, Escala Espírita. - O Livro dos Médiuns, cap. XXIV.)
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Manifestações dos Espíritos
10. Os Espíritos podem se manifestar de maneiras bem diferentes:
pela visão, pela audição pelo toque, pelos ruídos, pelos movimentos dos corpos, pela escrita, pelo desenho, pela música, etc.
Eles se manifestam por intermédio de pessoas dotadas de uma aptidão especial para cada género de manifestação, e que se distinguem sob o nome de médiuns.
É assim que se distinguem os médiuns videntes, falantes, audientes, sensitivos, de efeitos físicos, desenhistas, tiptólogos, escreventes, etc.
Entre os médiuns escreventes, há numerosas variedades, segundo a natureza das comunicações que estão aptos a receber.
11. O fluido que compõe o perispírito penetra todos os corpos e os atravessa como a luz atravessa os corpos transparentes;
nenhuma matéria lhe opõe obstáculo.
É por isso que os Espíritos penetram por toda a parte, nos lugares o mais hermeticamente fechados;
é uma ideia ridícula crer-se que eles se introduzem por uma pequena abertura, como o buraco de uma fechadura ou o tubo de uma chaminé.
12. O perispírito, embora invisível para nós no estado normal, não deixa de ser matéria etérea.
O Espírito pode, em certos casos, fazê-lo sofrer uma espécie de modificação molecular que o torna visível e mesmo tangível;
assim é que se produzem as aparições.
Esse fenómeno não é mais extraordinário do que o do vapor que é invisível quando está mais rarefeito, e que se torna visível quando está condensado.
Os Espíritos que se tornam visíveis se apresentam, quase sempre, sob a aparência que tinham quando vivos e que podem fazê-los reconhecer.
13. É com a ajuda do seu perispírito, que o Espírito actua sobre seu corpo vivo;
é ainda com esse mesmo fluido que ele se manifesta actuando sobre a matéria inerte, que produz os ruídos, os movimentos de mesas e outros objectos, que ergue, tomba ou transporta.
Esse fenómeno nada tem de surpreendente se se considera que, entre nós, os mais poderosos motores se acham nos fluidos os mais rarefeitos e mesmo imponderáveis, como o ar, o vapor e a electricidade.
É igualmente com a ajuda do seu perispírito que o Espírito faz os médiuns escreverem, falarem, ou desenharem;
não tendo mais corpo tangível para actuar ostensivamente quando quer se manifestar, ele se serve do corpo do médium, de quem empresta os órgãos que faz actuarem como se fosse seu próprio corpo, e isso pela emanação fluídica que derrama sobre ele.
14. No fenómeno designado sob o nome de mesas girantes ou falantes, é pelo mesmo meio que o Espírito actua sobre a mesa, seja para fazê-la mover sem significação determinada, seja para fazê-la dar golpes inteligentes indicando as letras do alfabeto, para formar palavras e frases, fenómeno designado sob o nome de tiptologia.
A mesa não é aqui senão um instrumento do qual ele se serve, como o faz com o lápis para escrever;
lhe dá uma vitalidade momentânea pelo fluido com o qual a penetra, mas ele não se identifica com ela.
As pessoas que, em sua emoção, vendo se manifestar um ser que lhes é caro, abraçam a mesa, praticam um ato ridículo, porque é absolutamente como se elas abraçassem o bastão do qual um amigo se serve para dar pancadas.
Ocorre o mesmo com aqueles que dirigem a palavra à mesa, como se o Espírito estivesse encerrado na madeira, e como se a madeira tivesse se tornado espírito.
Quando as comunicações ocorrem por esse meio, é preciso imaginar o Espírito não na mesa, mas ao lado, tal como estaria se estivesse vivo, e tal como se o veria se, nesse momento, pudesse se tornar visível.
A mesma coisa ocorre nas comunicações pela escrita;
ver-se-ia o Espírito ao lado do médium, dirigindo sua mão, ou lhe transmitindo o seu pensamento por uma corrente fluídica.
Continua...
Manifestações dos Espíritos
10. Os Espíritos podem se manifestar de maneiras bem diferentes:
pela visão, pela audição pelo toque, pelos ruídos, pelos movimentos dos corpos, pela escrita, pelo desenho, pela música, etc.
Eles se manifestam por intermédio de pessoas dotadas de uma aptidão especial para cada género de manifestação, e que se distinguem sob o nome de médiuns.
É assim que se distinguem os médiuns videntes, falantes, audientes, sensitivos, de efeitos físicos, desenhistas, tiptólogos, escreventes, etc.
Entre os médiuns escreventes, há numerosas variedades, segundo a natureza das comunicações que estão aptos a receber.
11. O fluido que compõe o perispírito penetra todos os corpos e os atravessa como a luz atravessa os corpos transparentes;
nenhuma matéria lhe opõe obstáculo.
É por isso que os Espíritos penetram por toda a parte, nos lugares o mais hermeticamente fechados;
é uma ideia ridícula crer-se que eles se introduzem por uma pequena abertura, como o buraco de uma fechadura ou o tubo de uma chaminé.
12. O perispírito, embora invisível para nós no estado normal, não deixa de ser matéria etérea.
O Espírito pode, em certos casos, fazê-lo sofrer uma espécie de modificação molecular que o torna visível e mesmo tangível;
assim é que se produzem as aparições.
Esse fenómeno não é mais extraordinário do que o do vapor que é invisível quando está mais rarefeito, e que se torna visível quando está condensado.
Os Espíritos que se tornam visíveis se apresentam, quase sempre, sob a aparência que tinham quando vivos e que podem fazê-los reconhecer.
13. É com a ajuda do seu perispírito, que o Espírito actua sobre seu corpo vivo;
é ainda com esse mesmo fluido que ele se manifesta actuando sobre a matéria inerte, que produz os ruídos, os movimentos de mesas e outros objectos, que ergue, tomba ou transporta.
Esse fenómeno nada tem de surpreendente se se considera que, entre nós, os mais poderosos motores se acham nos fluidos os mais rarefeitos e mesmo imponderáveis, como o ar, o vapor e a electricidade.
É igualmente com a ajuda do seu perispírito que o Espírito faz os médiuns escreverem, falarem, ou desenharem;
não tendo mais corpo tangível para actuar ostensivamente quando quer se manifestar, ele se serve do corpo do médium, de quem empresta os órgãos que faz actuarem como se fosse seu próprio corpo, e isso pela emanação fluídica que derrama sobre ele.
14. No fenómeno designado sob o nome de mesas girantes ou falantes, é pelo mesmo meio que o Espírito actua sobre a mesa, seja para fazê-la mover sem significação determinada, seja para fazê-la dar golpes inteligentes indicando as letras do alfabeto, para formar palavras e frases, fenómeno designado sob o nome de tiptologia.
A mesa não é aqui senão um instrumento do qual ele se serve, como o faz com o lápis para escrever;
lhe dá uma vitalidade momentânea pelo fluido com o qual a penetra, mas ele não se identifica com ela.
As pessoas que, em sua emoção, vendo se manifestar um ser que lhes é caro, abraçam a mesa, praticam um ato ridículo, porque é absolutamente como se elas abraçassem o bastão do qual um amigo se serve para dar pancadas.
Ocorre o mesmo com aqueles que dirigem a palavra à mesa, como se o Espírito estivesse encerrado na madeira, e como se a madeira tivesse se tornado espírito.
Quando as comunicações ocorrem por esse meio, é preciso imaginar o Espírito não na mesa, mas ao lado, tal como estaria se estivesse vivo, e tal como se o veria se, nesse momento, pudesse se tornar visível.
A mesma coisa ocorre nas comunicações pela escrita;
ver-se-ia o Espírito ao lado do médium, dirigindo sua mão, ou lhe transmitindo o seu pensamento por uma corrente fluídica.
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
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15. Quando a mesa se destaca do solo e flutua no espaço sem ponto de apoio, o Espírito não a ergue a com força do braço, mas a envolve e a penetra com uma espécie de atmosfera fluídica que neutraliza o efeito da gravitação, como o ar o faz para os balões e os papagaios de papel.
O fluido do qual está penetrada lhe dá, momentaneamente, uma leveza específica maior.
Quando ela está pregada no solo, está num caso análogo ao da campana pneumática sob a qual se faz o vácuo.
Estas não são senão comparações para mostrar a analogia dos efeitos, e não a similitude absoluta das causas.
Compreende-se, depois disso, que não é mais difícil ao Espírito erguer uma pessoa do que erguer uma mesa, de transportar um objecto de um lugar para outro ou de lançá-lo em qualquer parte;
esse fenómenos se produzem pela mesma lei.[i]
Quando a mesa persegue alguém, não é o Espírito que passeia, porque ele pode permanecer tranquilamente no mesmo lugar, mas é quem lhe dá impulso por uma corrente fluídica com a ajuda da qual a faz mover-se à sua vontade.
Quando os golpes se fazem ouvir na mesa ou fora dela, o Espírito não bate com a sua mão, nem com um objecto qualquer;
[i]dirige sobre o ponto de onde parte o ruído, um jacto de fluido que produz o efeito de um choque eléctrico.
Ele modifica o ruído, como se podem modificar os sons produzidos pelo ar.
16. A obscuridade necessária à produção de certos efeitos físicos, sem dúvida, se presta à suspeição e à fraude, mas nada prova contra a possibilidade do facto.
Sabe-se que, na química, há combinações que não se podem operar sob a luz;
que composições e decomposições ocorrem sob a acção do fluido luminoso;
ora, sendo todos os fenómenos espíritas o resultado da combinação dos fluidos próprios do Espírito e do médium, e esses fluidos sendo da matéria, nada há de espantoso de que, em certos casos, o fluido luminoso seja contrário a essa combinação.
17. Os Espíritos superiores não se ocupam das comunicações inteligentes senão tendo em vista a nossa instrução;
as manifestações físicas ou puramente materiais, estão mais especialmente nas atribuições dos Espíritos inferiores, vulgarmente designados sob o nome de Espíritos batedores, como, entre nós, as habilidades dizem respeito aos saltimbancos e não aos sábios.
18. Os Espíritos são livres;
se manifestam quando querem, a quem lhes convêm, e também quando podem, porque não têm sempre a possibilidade.
Eles não estão às ordens e ao capricho de quem quer que seja, e não é dado a ninguém fazer com que venham contra sua vontade, nem fazê-los dizer o que querem calar;
de sorte que ninguém pode afirmar que um Espírito qualquer virá ao seu chamado em um momento determinado, ou responderá a tal ou tal pergunta.
Dizer o contrário, é provar ignorância absoluta dos princípios mais elementares do Espiritismo;
só o charlatanismo tem fontes infalíveis.
Continua...
15. Quando a mesa se destaca do solo e flutua no espaço sem ponto de apoio, o Espírito não a ergue a com força do braço, mas a envolve e a penetra com uma espécie de atmosfera fluídica que neutraliza o efeito da gravitação, como o ar o faz para os balões e os papagaios de papel.
O fluido do qual está penetrada lhe dá, momentaneamente, uma leveza específica maior.
Quando ela está pregada no solo, está num caso análogo ao da campana pneumática sob a qual se faz o vácuo.
Estas não são senão comparações para mostrar a analogia dos efeitos, e não a similitude absoluta das causas.
Compreende-se, depois disso, que não é mais difícil ao Espírito erguer uma pessoa do que erguer uma mesa, de transportar um objecto de um lugar para outro ou de lançá-lo em qualquer parte;
esse fenómenos se produzem pela mesma lei.[i]
Quando a mesa persegue alguém, não é o Espírito que passeia, porque ele pode permanecer tranquilamente no mesmo lugar, mas é quem lhe dá impulso por uma corrente fluídica com a ajuda da qual a faz mover-se à sua vontade.
Quando os golpes se fazem ouvir na mesa ou fora dela, o Espírito não bate com a sua mão, nem com um objecto qualquer;
[i]dirige sobre o ponto de onde parte o ruído, um jacto de fluido que produz o efeito de um choque eléctrico.
Ele modifica o ruído, como se podem modificar os sons produzidos pelo ar.
16. A obscuridade necessária à produção de certos efeitos físicos, sem dúvida, se presta à suspeição e à fraude, mas nada prova contra a possibilidade do facto.
Sabe-se que, na química, há combinações que não se podem operar sob a luz;
que composições e decomposições ocorrem sob a acção do fluido luminoso;
ora, sendo todos os fenómenos espíritas o resultado da combinação dos fluidos próprios do Espírito e do médium, e esses fluidos sendo da matéria, nada há de espantoso de que, em certos casos, o fluido luminoso seja contrário a essa combinação.
17. Os Espíritos superiores não se ocupam das comunicações inteligentes senão tendo em vista a nossa instrução;
as manifestações físicas ou puramente materiais, estão mais especialmente nas atribuições dos Espíritos inferiores, vulgarmente designados sob o nome de Espíritos batedores, como, entre nós, as habilidades dizem respeito aos saltimbancos e não aos sábios.
18. Os Espíritos são livres;
se manifestam quando querem, a quem lhes convêm, e também quando podem, porque não têm sempre a possibilidade.
Eles não estão às ordens e ao capricho de quem quer que seja, e não é dado a ninguém fazer com que venham contra sua vontade, nem fazê-los dizer o que querem calar;
de sorte que ninguém pode afirmar que um Espírito qualquer virá ao seu chamado em um momento determinado, ou responderá a tal ou tal pergunta.
Dizer o contrário, é provar ignorância absoluta dos princípios mais elementares do Espiritismo;
só o charlatanismo tem fontes infalíveis.
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
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19. Há pessoas que obtêm regularmente, e de alguma forma à vontade, a produção de certos fenómenos;
mas, há que se anotar que esses são sempre efeitos puramente físicos, mais curiosos do que instrutivos, e que se produzem constantemente em condições análogas.
As circunstâncias nas quais são obtidos, são de natureza a inspirarem dúvidas, tanto mais legítimas sobre sua realidade quando são geralmente objectos de uma exploração, e, frequentemente, quando é difícil distinguir a mediunidade real da prestidigitação.
Os fenómenos desse género, entretanto, podem ser o produto de uma mediunidade verdadeira, porque pode ocorrer que Espíritos de baixo estágio, que talvez tinham tido esse ofício, se comprazam nessas espécies de exibições;
mas seria absurdo pensar que os Espíritos, por pouca que seja sua elevação, se alegrem em se exibirem.
Isso não infirma em nada o princípio da liberdade dos Espíritos;
aqueles que vêm, o fazem porque isso lhes agrada, mas não porque sejam constrangidos, e do momento que não lhes convenha mais vir, se o indivíduo for verdadeiro médium, nenhum efeito se produzirá.
Os mais poderosos médiuns de efeitos físicos ou outros, têm tempos de interrupção, independentemente de sua vontade; os charlatães não os têm jamais.
De resto, esses fenómenos, supondo-os reais, são apenas uma aplicação muito parcial da lei que rege as relações do mundo corporal com o mundo espiritual, mas não constituem o Espiritismo;
de sorte que sua negação não infirmaria em nada os princípios gerais da Doutrina.
20. Certas manifestações espíritas se prestam, bem facilmente, a uma imitação mais ou menos grosseira;
mas do facto de que puderam ser explorados, como tantos outros fenómenos, pela charlatanice e pela prestidigitação, seria absurdo disso concluir que elas não existam.
Para aquele que estudou e conhece as condições normais nas quais elas podem se produzir, é fácil distinguir a imitação da realidade;
a imitação, de resto, não poderia jamais ser completa e não pode enganar senão o ignorante incapaz de apreender as nuances características do fenómeno verdadeiro.
21. As manifestações mais fáceis de serem imitadas, são certos efeitos físicos, e os efeitos inteligentes vulgares, tais como os movimentos, as pancadas, os transportes, a escrita directa, as respostas banais, etc;
não ocorre o mesmo com as comunicações inteligentes de uma alta importância, ou na revelação de coisas notoriamente desconhecidas do médium;
para imitar os primeiros não é preciso senão a destreza;
para simular os outros é preciso, quase sempre, uma instrução pouco comum, uma superioridade intelectual fora de série e uma faculdade de improvisação, por assim dizer, universal, ou o dom da adivinhação.
22. As produções de espectros nos teatros foram apresentadas, injustamente, como tendo relações com a aparição de Espíritos, das quais são apenas uma grosseira e imperfeita imitação.
É preciso ignorar os primeiros elementos do Espiritismo para ver nisso a menor analogia, e crer que é disso que se ocupa nas reuniões espíritas.
Os Espíritos não se tornam visíveis ao comando de ninguém, mas por sua própria vontade, nas condições especiais que não estão no poder de quem quer que seja provocar.
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19. Há pessoas que obtêm regularmente, e de alguma forma à vontade, a produção de certos fenómenos;
mas, há que se anotar que esses são sempre efeitos puramente físicos, mais curiosos do que instrutivos, e que se produzem constantemente em condições análogas.
As circunstâncias nas quais são obtidos, são de natureza a inspirarem dúvidas, tanto mais legítimas sobre sua realidade quando são geralmente objectos de uma exploração, e, frequentemente, quando é difícil distinguir a mediunidade real da prestidigitação.
Os fenómenos desse género, entretanto, podem ser o produto de uma mediunidade verdadeira, porque pode ocorrer que Espíritos de baixo estágio, que talvez tinham tido esse ofício, se comprazam nessas espécies de exibições;
mas seria absurdo pensar que os Espíritos, por pouca que seja sua elevação, se alegrem em se exibirem.
Isso não infirma em nada o princípio da liberdade dos Espíritos;
aqueles que vêm, o fazem porque isso lhes agrada, mas não porque sejam constrangidos, e do momento que não lhes convenha mais vir, se o indivíduo for verdadeiro médium, nenhum efeito se produzirá.
Os mais poderosos médiuns de efeitos físicos ou outros, têm tempos de interrupção, independentemente de sua vontade; os charlatães não os têm jamais.
De resto, esses fenómenos, supondo-os reais, são apenas uma aplicação muito parcial da lei que rege as relações do mundo corporal com o mundo espiritual, mas não constituem o Espiritismo;
de sorte que sua negação não infirmaria em nada os princípios gerais da Doutrina.
20. Certas manifestações espíritas se prestam, bem facilmente, a uma imitação mais ou menos grosseira;
mas do facto de que puderam ser explorados, como tantos outros fenómenos, pela charlatanice e pela prestidigitação, seria absurdo disso concluir que elas não existam.
Para aquele que estudou e conhece as condições normais nas quais elas podem se produzir, é fácil distinguir a imitação da realidade;
a imitação, de resto, não poderia jamais ser completa e não pode enganar senão o ignorante incapaz de apreender as nuances características do fenómeno verdadeiro.
21. As manifestações mais fáceis de serem imitadas, são certos efeitos físicos, e os efeitos inteligentes vulgares, tais como os movimentos, as pancadas, os transportes, a escrita directa, as respostas banais, etc;
não ocorre o mesmo com as comunicações inteligentes de uma alta importância, ou na revelação de coisas notoriamente desconhecidas do médium;
para imitar os primeiros não é preciso senão a destreza;
para simular os outros é preciso, quase sempre, uma instrução pouco comum, uma superioridade intelectual fora de série e uma faculdade de improvisação, por assim dizer, universal, ou o dom da adivinhação.
22. As produções de espectros nos teatros foram apresentadas, injustamente, como tendo relações com a aparição de Espíritos, das quais são apenas uma grosseira e imperfeita imitação.
É preciso ignorar os primeiros elementos do Espiritismo para ver nisso a menor analogia, e crer que é disso que se ocupa nas reuniões espíritas.
Os Espíritos não se tornam visíveis ao comando de ninguém, mas por sua própria vontade, nas condições especiais que não estão no poder de quem quer que seja provocar.
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
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23. As evocações espíritas não consistem, como alguns imaginam, em fazer voltar os mortos com um aspecto lúgubre da tumba.
Não é senão nos romances, nos contos fantásticos de fantasmas e no teatro que se vêem os mortos descarnados saírem de seus sepulcros vestidos de lençóis e fazendo estalar seus ossos.
O Espiritismo, que jamais fez milagres, tanto esse como outros, jamais fez reviver um corpo morto;
quando o corpo está na cova, aí está definitivamente;
mas o ser espiritual, fluídico, inteligente, aí não está metido com seu envoltório grosseiro;
dele se separou no momento da morte, e uma vez operada a separação não tem mais nada de comum com ele.
24. A crítica malevolente procura representar as comunicações espíritas como cercadas de práticas ridículas e supersticiosas da magia e da necromancia.
Diremos simplesmente que não há, para se comunicar com os Espíritos, nem dias, nem horas, nem lugares mais propícios uns do que os outros;
que não é preciso para evocá-los, nem fórmulas, nem palavras sacramentais ou cabalísticas;
e não há necessidade de nenhuma preparação, de nenhuma iniciação;
que o emprego de qualquer sinal ou objecto material, seja para atraí-los, seja para afastá-los, não tem efeito e o pensamento basta;
enfim, que os médiuns recebem suas comunicações tão simplesmente e tão naturalmente como se fossem ditadas por uma pessoa viva, sem sair do estado normal.
Só o charlatanismo poderia tomar maneiras excêntricas e adicionar acessórios ridículos.
A evocação dos Espíritos se faz em nome de Deus, com respeito e recolhimento;
é a única coisa recomendada às pessoas sérias que querem ter relações com Espíritos sérios.
25. As comunicações inteligentes, que se recebem dos Espíritos, podem ser boas ou más, justas ou falsas, profundas ou levianas, segundo a natureza dos Espíritos que se manifestam.
Os que provam a sabedoria e o saber são Espíritos avançados que progrediram;
os que provam a ignorância e as más qualidades, são Espíritos ainda atrasados, mas que progredirão com o tempo.
Os Espíritos não podem responder senão sobre o que sabem, segundo seu adiantamento, e, ademais, sobre o que lhes é permitido dizerem, porque há coisas que não devem revelar, uma vez que ainda não é dado ao homem tudo conhecer.
26. Da diversidade nas qualidades e nas aptidões dos Espíritos, resulta que não basta se dirigir a um Espírito qualquer para obter uma resposta justa a toda pergunta, porque, sobre muitas coisas, não podem dar senão a sua opinião pessoal, que pode ser justa ou falsa.
Se ele for sábio, confessará a sua ignorância sobre o que não sabe;
se for leviano ou mentiroso, responderá sobre tudo sem se importar com a verdade;
se for orgulhoso, dará a sua ideia como verdade absoluta.
Haveria, pois, imprudência e leviandade em aceitar, sem controlo, tudo o que vem dos Espíritos.
Por isso, é essencial estar esclarecido quanto à natureza daqueles com os quais se ocupe.
(O Livro dos Médiuns, nº 257.)
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23. As evocações espíritas não consistem, como alguns imaginam, em fazer voltar os mortos com um aspecto lúgubre da tumba.
Não é senão nos romances, nos contos fantásticos de fantasmas e no teatro que se vêem os mortos descarnados saírem de seus sepulcros vestidos de lençóis e fazendo estalar seus ossos.
O Espiritismo, que jamais fez milagres, tanto esse como outros, jamais fez reviver um corpo morto;
quando o corpo está na cova, aí está definitivamente;
mas o ser espiritual, fluídico, inteligente, aí não está metido com seu envoltório grosseiro;
dele se separou no momento da morte, e uma vez operada a separação não tem mais nada de comum com ele.
24. A crítica malevolente procura representar as comunicações espíritas como cercadas de práticas ridículas e supersticiosas da magia e da necromancia.
Diremos simplesmente que não há, para se comunicar com os Espíritos, nem dias, nem horas, nem lugares mais propícios uns do que os outros;
que não é preciso para evocá-los, nem fórmulas, nem palavras sacramentais ou cabalísticas;
e não há necessidade de nenhuma preparação, de nenhuma iniciação;
que o emprego de qualquer sinal ou objecto material, seja para atraí-los, seja para afastá-los, não tem efeito e o pensamento basta;
enfim, que os médiuns recebem suas comunicações tão simplesmente e tão naturalmente como se fossem ditadas por uma pessoa viva, sem sair do estado normal.
Só o charlatanismo poderia tomar maneiras excêntricas e adicionar acessórios ridículos.
A evocação dos Espíritos se faz em nome de Deus, com respeito e recolhimento;
é a única coisa recomendada às pessoas sérias que querem ter relações com Espíritos sérios.
25. As comunicações inteligentes, que se recebem dos Espíritos, podem ser boas ou más, justas ou falsas, profundas ou levianas, segundo a natureza dos Espíritos que se manifestam.
Os que provam a sabedoria e o saber são Espíritos avançados que progrediram;
os que provam a ignorância e as más qualidades, são Espíritos ainda atrasados, mas que progredirão com o tempo.
Os Espíritos não podem responder senão sobre o que sabem, segundo seu adiantamento, e, ademais, sobre o que lhes é permitido dizerem, porque há coisas que não devem revelar, uma vez que ainda não é dado ao homem tudo conhecer.
26. Da diversidade nas qualidades e nas aptidões dos Espíritos, resulta que não basta se dirigir a um Espírito qualquer para obter uma resposta justa a toda pergunta, porque, sobre muitas coisas, não podem dar senão a sua opinião pessoal, que pode ser justa ou falsa.
Se ele for sábio, confessará a sua ignorância sobre o que não sabe;
se for leviano ou mentiroso, responderá sobre tudo sem se importar com a verdade;
se for orgulhoso, dará a sua ideia como verdade absoluta.
Haveria, pois, imprudência e leviandade em aceitar, sem controlo, tudo o que vem dos Espíritos.
Por isso, é essencial estar esclarecido quanto à natureza daqueles com os quais se ocupe.
(O Livro dos Médiuns, nº 257.)
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Re: DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO
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27. Reconhece-se a qualidade dos Espíritos por sua linguagem;
a dos Espíritos verdadeiramente bons e superiores é sempre digna, nobre, lógica, isenta de contradições; anuncia a sabedoria, a benevolência, a modéstia e a mais pura moral;
é concisa e sem palavras inúteis.
Entre os Espíritos inferiores, ignorantes ou orgulhosos, o vazio das ideias, quase sempre, é compensado pela abundância das palavras.
Todo pensamento evidentemente falso, toda a máxima contrária à sã moral, todo conselho ridículo, toda expressão grosseira, trivial ou simplesmente frívola, enfim, toda marca de malevolência, de presunção ou de arrogância, são sinais incontestáveis de inferioridade em um Espírito.
28. O objectivo providencial das manifestações, é convencer os incrédulos de que tudo não termina, para o homem, com a vida terrestre, e de dar os crentes ideias mais justas sobre o futuro.
Os bons Espíritos vêm nos instruir tendo em vista o nosso melhoramento e o nosso adiantamento, e não para nos revelar o que não devemos ainda saber, ou o que não devemos aprender senão pelo nosso trabalho.
Se bastasse interrogar os Espíritos, para se obter a solução de todas as dificuldades científicas, ou para fazer descobertas e invenções lucrativas, todo ignorante poderia tornar-se sábio facilmente, e todo preguiçoso poderia se enriquecer sem esforço; é o que Deus não quer.
Os Espíritos ajudam o homem de génio pela inspiração oculta, mas não o isentam nem do trabalho das pesquisas, a fim de deixar-lhe o mérito.
29. Seria fazer uma ideia bem falsa dos Espíritos vendo neles apenas os auxiliares dos ledores de sorte;
os Espíritos sérios recusam-se ocupar de coisas fúteis;
os Espíritos levianos e zombeteiros se ocupam de tudo, respondem a tudo, predizem tudo o que se quer, sem se inquietarem com a verdade, e sentem um prazer maligno ao mistificarem as pessoas muito crédulas;
é por isso que é essencial estar perfeitamente fixado sobre a natureza das perguntas que se podem dirigir aos Espíritos.
(O Livro dos Médiuns, nº 286: Perguntas que se podem dirigir aos Espíritos)
30. As manifestações não estão, pois, destinadas a servirem aos interesses materiais, cujo cuidado está entregue à inteligência, ao discernimento e à actividade do homem.
Seria em vão que tentar-se-ia empregá-las para conhecer o futuro, descobrir tesouros ocultos, recuperar heranças, ou encontrar meios de se enriquecer.
Sua utilidade está nas consequências morais que dela decorrem;
mas se não tivessem por resultado senão fazer conhecer uma nova lei da Natureza, de demonstrar, materialmente, a existência da alma e sua imortalidade, isso já seria muito, porque seria um novo e largo caminho aberto à filosofia.
31. Pode-se ver, por essas poucas palavras, que as manifestações espíritas, de qualquer natureza que sejam, nada têm de sobrenatural nem de maravilhoso.
São fenómenos que se produzem em virtude da lei que rege as relações do mundo corporal e do mundo espiritual, lei também tão natural como a da electricidade, da gravidade, etc.
O Espiritismo é a ciência que nos faz conhecer essa lei, como a mecânica nos faz conhecer a lei do movimento, a óptica a da luz.
As manifestações espíritas, estando na Natureza, produziram-se em todas as épocas;
a lei que as rege, sendo conhecida, nos explica uma série de problemas considerados insolúveis;
é a chave de uma multidão de fenómenos explorados e aumentados pela superstição.
Continua...
27. Reconhece-se a qualidade dos Espíritos por sua linguagem;
a dos Espíritos verdadeiramente bons e superiores é sempre digna, nobre, lógica, isenta de contradições; anuncia a sabedoria, a benevolência, a modéstia e a mais pura moral;
é concisa e sem palavras inúteis.
Entre os Espíritos inferiores, ignorantes ou orgulhosos, o vazio das ideias, quase sempre, é compensado pela abundância das palavras.
Todo pensamento evidentemente falso, toda a máxima contrária à sã moral, todo conselho ridículo, toda expressão grosseira, trivial ou simplesmente frívola, enfim, toda marca de malevolência, de presunção ou de arrogância, são sinais incontestáveis de inferioridade em um Espírito.
28. O objectivo providencial das manifestações, é convencer os incrédulos de que tudo não termina, para o homem, com a vida terrestre, e de dar os crentes ideias mais justas sobre o futuro.
Os bons Espíritos vêm nos instruir tendo em vista o nosso melhoramento e o nosso adiantamento, e não para nos revelar o que não devemos ainda saber, ou o que não devemos aprender senão pelo nosso trabalho.
Se bastasse interrogar os Espíritos, para se obter a solução de todas as dificuldades científicas, ou para fazer descobertas e invenções lucrativas, todo ignorante poderia tornar-se sábio facilmente, e todo preguiçoso poderia se enriquecer sem esforço; é o que Deus não quer.
Os Espíritos ajudam o homem de génio pela inspiração oculta, mas não o isentam nem do trabalho das pesquisas, a fim de deixar-lhe o mérito.
29. Seria fazer uma ideia bem falsa dos Espíritos vendo neles apenas os auxiliares dos ledores de sorte;
os Espíritos sérios recusam-se ocupar de coisas fúteis;
os Espíritos levianos e zombeteiros se ocupam de tudo, respondem a tudo, predizem tudo o que se quer, sem se inquietarem com a verdade, e sentem um prazer maligno ao mistificarem as pessoas muito crédulas;
é por isso que é essencial estar perfeitamente fixado sobre a natureza das perguntas que se podem dirigir aos Espíritos.
(O Livro dos Médiuns, nº 286: Perguntas que se podem dirigir aos Espíritos)
30. As manifestações não estão, pois, destinadas a servirem aos interesses materiais, cujo cuidado está entregue à inteligência, ao discernimento e à actividade do homem.
Seria em vão que tentar-se-ia empregá-las para conhecer o futuro, descobrir tesouros ocultos, recuperar heranças, ou encontrar meios de se enriquecer.
Sua utilidade está nas consequências morais que dela decorrem;
mas se não tivessem por resultado senão fazer conhecer uma nova lei da Natureza, de demonstrar, materialmente, a existência da alma e sua imortalidade, isso já seria muito, porque seria um novo e largo caminho aberto à filosofia.
31. Pode-se ver, por essas poucas palavras, que as manifestações espíritas, de qualquer natureza que sejam, nada têm de sobrenatural nem de maravilhoso.
São fenómenos que se produzem em virtude da lei que rege as relações do mundo corporal e do mundo espiritual, lei também tão natural como a da electricidade, da gravidade, etc.
O Espiritismo é a ciência que nos faz conhecer essa lei, como a mecânica nos faz conhecer a lei do movimento, a óptica a da luz.
As manifestações espíritas, estando na Natureza, produziram-se em todas as épocas;
a lei que as rege, sendo conhecida, nos explica uma série de problemas considerados insolúveis;
é a chave de uma multidão de fenómenos explorados e aumentados pela superstição.
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