LUZ ESPÍRITA
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 07, 2010 10:50 pm

DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO

Dê uma oportunidade a você mesmo talvez você já tenha feito perguntas como estas:

De onde vim ao nascer?
Para onde irei depois da morte?
O que há depois dela?

Porque uns sofrem mais do que outros?
Porque uns têm determinada aptidão e outros não?
Porque alguns nascem ricos e outros pobres?

Alguns cegos, aleijados, débeis mentais, enquanto outros nascem inteligentes e saudáveis?
Porque Deus permite tamanha desigualdade entre seus filhos?
Porque uns, que são maus, sofrem menos que outros, que são bons?


No entanto, a maioria das pessoas, vivendo a vida atribulada de hoje, não está interessada nos problemas fundamentais da existência.

Antes se preocupam com seus negócios, com seus prazeres, com seus problemas particulares.

Acham que questões como "a existência de Deus" e "a imortalidade da alma" são da competência de sacerdotes, de ministros religiosos, de filósofos e teólogos.

Quando tudo vai bem em suas vidas, elas nem se lembram de Deus e, quando se lembram, é apenas para fazer uma oração, ir a um templo, como se tais atitudes fossem simples obrigações das quais todas têm que se desincumbir de uma maneira ou de outra.

A religião para elas é mera formalidade social, alguma coisa que as pessoas devem ter, e nada mais;
no máximo será um desencargo de consciência, para estar bem com Deus.

Tanto assim, que muitos nem sequer alimentam firme convicção naquilo que professam, carregando sérias dúvidas a respeito de Deus e da continuidade da vida após a morte.

Quando, porém, tais pessoas são surpreendidas por um grande problema, a perda de um ente querido, uma doença incurável, uma queda financeira desastrosa – factos que podem acontecer na vida de qualquer pessoa – não encontram em si mesmas a fé necessária, nem a compreensão para enfrentar o problema com coragem e resignação, caindo, invariavelmente, no desespero.

Onde se encontra a solução?
Há uma doutrina que atende a todos estes questionamentos. É o Espiritismo.

O conhecimento espírita abre-nos uma visão ampla e racional da vida, explicando-a de maneira convincente e permitindo-nos iniciar uma transformação íntima, para melhor.

Mas, o que é o Espiritismo?

O Espiritismo é a doutrina revelada pelos Espíritos Superiores, através de médiuns, e organizada (codificada), no século XIX, por um educador francês, conhecido por Allan Kardec.

Continua...

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 07, 2010 10:51 pm

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O Espiritismo é, ao mesmo tempo filosofia, ciência e religião.

Filosofia, porque dá uma interpretação da vida, respondendo questões como "de onde eu vim", "o que faço no mundo", "para onde irei depois da morte".

Toda doutrina que dá uma interpretação da vida, uma concepção própria do mundo, é uma filosofia.

Ciência, porque estuda, à luz da razão e dentro de critérios científicos, os fenómenos mediúnicos, isto é, fenómenos provocados pelos espíritos e que não passam de factos naturais.

Todos os fenómenos, mesmo os mais estranhos, têm explicação científica.
Não existe o sobrenatural no Espiritismo.

Religião, porque tem por objectivo a transformação moral do homem, revivendo os ensinamentos de Jesus Cristo, na sua verdadeira expressão de simplicidade, pureza e amor.

Uma religião simples sem sacerdotes, cerimoniais e nem sacramentos de espécie alguma.
Sem rituais, culto a imagens, velas, vestes especiais, nem manifestações exteriores.

E quais são os fundamentos básicos do Espiritismo?

A existência de Deus que é o Criador, causa primária de todas as coisas.
A Suprema Inteligência.
É eterno, imutável, imaterial, omnipotente, soberanamente justo e bom.

A imortalidade da alma ou espírito.

O espírito é o princípio inteligente do Universo, criado por Deus, para evoluir e realizar-se individualmente pelos seus próprios esforços.

Como espíritos já existíamos antes do nascimento e continuaremos a existir depois da morte do corpo.

A reencarnação.

Criado simples e sem nenhum conhecimento, o espírito é quem decide e cria o seu próprio destino.

Para isso, ele é dotado de livre-arbítrio, ou seja, capacidade de escolher entre o bem e o mal.

Tem a possibilidade de se desenvolver, evoluir, aperfeiçoar-se, de tornar-se cada vez melhor, mais perfeito, como um aluno na escola, passando de uma série para outra, através dos diversos cursos.

Essa evolução requer aprendizado, e o espírito só pode alcança-la encarnando no mundo e reencarnando, quantas vezes necessárias, para adquirir mais conhecimento, através das múltiplas experiências de vida.

O progresso adquirido pelo espírito não é somente intelectual, mas, sobretudo, o progresso moral.

Não nos lembramos das existências passadas e nisso também se manifesta a sabedoria de Deus.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 07, 2010 10:52 pm

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Se lembrássemos do mal que fizemos ou dos sofrimentos que passamos, dos inimigos que nos prejudicaram ou daqueles a quem prejudicamos, não teríamos condições de viver entre eles actualmente.

Pois, muitas vezes, os inimigos do passado hoje são nossos filhos, nossos irmãos, nossos pais, nossos amigos que, presentemente, se encontram junto de nós para a reconciliação.

A reencarnação, desta forma, é a oportunidade de reparação, assim como é, também, oportunidade de devotarmos nossos esforços pelo bem dos outros, apressando nossa evolução espiritual.

Pelo mecanismo da reencarnação vemos que Deus não castiga.
Somos nós os causadores dos próprios sofrimentos, pela lei de "acção e reacção".

A comunicabilidade dos espíritos.

Os espíritos são seres humanos desencarnados e continuam sendo como eram quando encarnados:
bons ou maus, sérios ou brincalhões, trabalhadores ou preguiçosos, cultos ou medíocres, verdadeiros ou mentirosos.

Eles estão por toda parte.
Não estão ociosos.
Pelo contrário, eles têm as suas ocupações.

Através dos denominados médiuns, o espírito pode se comunicar connosco, se puder e se quiser.

A pluralidade dos mundos habitados.

Os diferentes mundos, disseminados pelo espaço infinito, constituem as inúmeras moradas aos Espíritos que neles encarnam.

As condições desses mundos diferem quanto ao grau de adiantamento ou de inferioridades dos seus habitantes.

Como o Espiritismo interpreta o Céu e o Inferno?

Não há céu nem inferno.
Existem, sim, estados de alma que podem ser descritos como celestiais ou infernais.

Não existem também anjos ou demónios, mas apenas espíritos superiores e espíritos inferiores, que também estão a caminho da perfeição – os bons se tornando melhores e os maus se regenerando.

Deus não se esquece de nenhum de seus filhos, deixando a cada um o mérito das suas obras.
Somente desta forma podemos entender a Suprema Justiça Divina.

Porque o Espiritismo realça a Caridade?

Porque fora dos preceitos da verdadeira caridade, o espírito não poderá atingir a perfeição para a qual foi destinado.
Tendo-a por norma, todos os homens são irmãos e qualquer que seja a forma pela qual adorem o Criador, eles se estendem as mãos, se entendem e se ajudam mutuamente.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 07, 2010 10:53 pm

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Porque fé raciocinada?

A fé sem raciocínio não passa de uma crendice ou mesmo de uma superstição.

Antes de aceitarmos alguma coisa como verdade, devemos analisá-la bem.
"Fé inabalável é aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade."- Allan Kardec.

E onde podemos encontrar mais esclarecimentos sobre o Espiritismo?

Começando pela leitura dos livros de Allan Kardec:

O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
O livro básico da Doutrina Espírita.

Contém os princípios do Espiritismo sobre a imortalidade da alma, a natureza dos espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida futura e o porvir da humanidade.

O LIVRO DOS MÉDIUNS.

Reúne as explicações sobre todos os géneros de manifestações mediúnicas, os meios de comunicação e relação com os espíritos, a educação da mediunidade e as dificuldades que eventualmente possam surgir na sua prática.

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO.
É o livro dedicado à explicação das máximas de Jesus, de acordo com o Espiritismo e sua aplicação às diversas situações da vida.

O CÉU E O INFERNO, ou "A Justiça Divina Segundo o Espiritismo".

Oferece o exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual.

Coloca ao alcance de todos o conhecimento do mecanismo pelo qual se processa a Justiça Divina.

A GÉNESE.

Destacam-se os temas:
Existência de Deus, origem do bem e do mal, explicações sobre as leis naturais, a criação e a vida no Universo, a formação da Terra, a formação primária dos seres vivos, o homem corpóreo e a união do princípio espiritual à matéria.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 08, 2010 10:32 pm

DÊ UMA OPORTUNIDADE A VOCÊ MESMO Les-petit

Introdução ao Livro dos Espíritos

Com este livro, a 18 e abril de 1857, raiou para o mundo a era espírita.

Nele se cumpria a promessa evangélica do Consolador, do Paracleto ou Espírito da Verdade.

Dizer isso equivale a afirmar que «O Livro dos Espíritos» é o código de uma nova fase da evolução humana.

E é exactamente essa a sua posição na história do pensamento.
Este não é um livro comum, que se pode ler de um dia para o outro e depois esquecer num canto da estante.

Nosso dever é estudá-lo e meditá-lo, lendo-o e relendo-o constantemente.

Sobre este livro se ergue todo um edifício: o da doutrina espírita.
Ele é a pedra fundamental do Espiritismo, o seu marco inicial.

O Espiritismo surgiu com ele e com ele se propagou, com ele se impôs e consolidou no mundo.

Antes deste livro não havia Espiritismo, e nem mesmo esta palavra existia.
Falava-se em Espiritualismo e Neo-Espiritualismo, de maneira geral, vaga e nebulosa.

Os factos espíritas, que sempre existiram, eram interpretados das mais diversas maneiras.

Mas, depois que Kardec o lançou à publicidade, «contendo os princípios da doutrina espírita», uma nova luz brilhou nos horizonte mentais do mundo.

Há uma sequência histórica que não podemos esquecer, ao tomar este livro nas mãos.

Quando o mundo se preparava para sair do caos das civilizações primitivas, apareceu Moisés, como o condutor de um povo destinado a traças as linhas de um novo mundo: e de suas mãos surgiu a Bíblia.

Não foi Moisés quem a escreveu, mas foi ele o motivo central dessa primeira codificação do novo ciclo de revelações: o cristão.

Mais tarde, quando a influência bíblica já havia modelado um povo, e quando este povo já se dispersava por todo o mundo gentio, espalhando a nova lei, apareceu Jesus:
e das suas palavras, recolhidas pelos discípulos, surgiu o Evangelho.

A Bíblia é a codificação da primeira revelação cristã, o código hebraico em que se fundiram os princípios sagrados e as grandes lendas religiosas dos povos antigos.

A grande síntese dos esforços da antiguidade em direcção ao espírito.

Não é de admirar que se apresente muitas vezes assustadora e contraditória, para o homem moderno.

O Evangelho é a codificação da segunda revelação cristã, a que brilha no centro da tríada dessas revelações, tendo na figura do Cristo o sol que ilumina as duas outras, que lança a sua luz sobre o passado e o futuro, estabelecendo entre ambos a conexão necessária.

Mas assim como, na Bíblia, já se anunciava o Evangelho, também neste aparecia a predição de um novo código, o do Espírito da Verdade, como se vê em João, XIV.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 08, 2010 10:34 pm

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E o novo código surgiu pelas mãos de Allan Kardec, sob a orientação do Espírito da Verdade, no momento exacto em que o mundo se preparava para entrar numa fase superior de desenvolvimento.

Hegel, em suas lições de estética, mostra-nos as criações monstruosas da arte oriental, - figuras gigantescas, de duas cabeças e muitos braços e pernas, e outras formas diversas, - como a primeira tentativa do Belo para dominar a matéria e conseguir exprimir-se através dela.

A matéria grosseira resiste à força do ideal, desfigurando-o nas suas representações.
Mas acaba sendo dominada, e então aparecem no mundo as formas equilibradas e harmoniosas da arte clássica.

Atingido, porém, o máximo de equilíbrio possível, o Belo mesmo rompe esse equilíbrio, nas formas românticas e modernas da arte, procurando superar o seu instrumento material, para melhor e mais livremente se exprimir.

Essa grandiosa teoria hegeliana nos parece perfeitamente aplicável ao processo das revelações cristãs:
das formas incongruentes e aterradoras da Bíblia, passamos ao equilíbrio clássico do Evangelho, e deste à libertação espiritual de «O Livro dos Espíritos».

Cada fase da evolução humana se encerra com uma síntese conceptual de todas as suas realizações.

A Bíblia é a síntese da antiguidade, como o Evangelho é a síntese do mundo greco-romano-judaico, e «O Livro dos Espíritos» a do mundo moderno.

Mas cada síntese não traz em si tão somente os resultados da evolução realizada, porque encerra também os germens do futuro.

E na síntese evangélica temos de considerar, sobretudo, a presença do Messias, como uma intervenção directa do Alto para a reorientação do pensamento terreno.

É graças a essa intervenção que os princípios evangélicos passam directamente, sem necessidade de readaptações ou modificações, em sua pureza primitiva, para as páginas deste livro, como as vigas mestras da edificação da nova era.

A Codificação Espírita

«O Livro dos Espíritos»
não é, porém, apenas, a pedra fundamental ou o marco inicial da nova codificação.

Porque é o seu próprio delineamento, o seu núcleo central e ao mesmo tempo o arcabouço geral da doutrina.

Examinando-o, em relação às demais obras de Kardec, que completam a codificação, verificamos que todas essas obras partem do seu conteúdo.

Podemos definir as várias zonas do texto correspondentes a cada uma delas.

Assim como, na Bíblia, há o núcleo central do Pentateuco, e no Evangelho o do ensino moral do Cristo, no «Livro dos Espíritos» podemos encontrar uma parte que se refere a ele mesmo, ao seu próprio conteúdo: é o constante dos Livros I e II, até o capítulo quinto.

Este núcleo representa, dentro da esquematização geral da codificação, que encontramos no livro, a parte que a ele corresponde.

Quanto aos demais, verificamos o seguinte:
1º) «O Livro dos Médiuns», sequência natural deste livro, que trata especialmente da parte experimental da doutrina, tem a sua fonte no Livro II, a partir do capítulo sexto até o final.

Toda a matéria contida nessa parte é reorganizada e ampliada naquele livro, principalmente a referente ao capítulo nono: «Intervenção dos Espíritos no mundo corpóreo».

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 08, 2010 10:35 pm

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2º) «O Evangelho segundo o Espiritismo» é uma decorrência natural do Livro III, em que são estudadas as leis morais, tratando-se especialmente da aplicação dos princípios da moral evangélica, bem como dos problemas religiosos da adoração, da prece e da prática da caridade.

Nessa parte, o leitor encontrará, inclusive, as primeiras formas de «Instruções dos Espíritos», comuns aquele livro, com a transcrição de comunicações por extenso e assinadas, sobre questões evangélicas.

3º) «O Céu e o Inferno» decorre do Livro IV, «Esperanças e Consolações», em que são estudadas os problemas referentes às penas e aos gozos terrenos e futuros, inclusive com a discussão do dogma das penas eternas e a análise de outros dogmas, como o da ressurreição da carne, e os dos paraíso, inferno e purgatório.

4º) «A Génese, os milagres e as predições», relaciona-se aos capítulos II, III e IV do Livro I, e capítulo IX, X e XI do Livro II, assim como as partes dos capítulos do Livro III que tratam dos problemas genésicos e da evolução física da terra.

Por seu sentido amplo, que abrange ao mesmo tempo as questões da formação e do desenvolvimento do globo terreno, e as referentes a passagens evangélicas e escriturísticas, esse livro da codificação se ramifica de maneira mais difusa que os outros, na estrutura da obra-mater.

5º) Os pequenos livros introdutórios ao estudo da doutrina, «O Principiante Espírita» e «O que é o Espiritismo», que não se incluem propriamente na codificação, também eles estão directamente relacionados com «O Livro dos Espíritos», decorrendo da «Introdução» e dos «Prolegómenos».

A Filosofia Espírita

Esta rápida apreciação da estrutura de «O Livro dos Espíritos», em suas ligações com as demais obras da codificação, parece-os suficiente para mostrar que ele constitui, como dissemos, no início, o arcabouço filosófico do Espiritismo.

Contém, segundo Kardec declarou no frontispício, «Os princípios da doutrina espírita».
É, portanto, o seu tratado filosófico.

Embora não tenha sido elaborado em linguagem técnica, e não observe os rigores da minúcias exposição filosófica, é todo um complexo e amplo sistema de filosofia que nele se expõe.

Ao apreciá-lo, sob esse aspecto, devemos considerar que Kardec não era um filósofo, mas um educador, um especialista em pedagogia, discípulo emérito de Pestalozzi.

Daí o aspecto antes didáctico do que propriamente de exposição filosófica que imprimiu ao livro.

Em segundo lugar, a obra não foi propriamente escrita por ele, mas elaborada com as respostas dadas pelos Espíritos às suas perguntas, nas sessões mediúnicas, com as meninas Boudin e Japhet, e mais tarde com outros médiuns.

Em terceiro lugar, o livro não se destinava a forma escola filosófica, a conquistar os meios especializados, mas apenas a divulgar os princípios da doutrina de maneira ampla, convocando os homens em geral para o estudo de uma realidade superior a todas as elucubrações do intelecto.

Em quarto lugar, o próprio Kardec teve o cuidado de advertir, nos «Prolegómenos» , que evitava os prejuízos do espírito de sistema, como vemos neste trecho, em que se refere ao ensino dos Espíritos:
«Ce livre est le recueil de leurs enseignements; il a été écrit par l'ordre et sous la dictée d'Esprits supérieurs pour établir les fondements d'une philosophie rationelle, dégagée des préjugés de l'esprit de systhème.»

Como se vê, «estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, livre dos prejuízos do espírito de sistema», e não criar uma nova escola filosófica, o que implicaria toda uma rígida sistematização.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 08, 2010 10:36 pm

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Esse propósito vem ao encontro do pensamento dos filósofos modernos, como vemos, por exemplo, em Ernest Cassirer, que em sua «Antropologia Filosófica», referindo-se à inconveniência dos sistemas, diz:
«Cada teoria se converte num leito de Procusto, em que os factos empíricos são obrigados a se acomodar a um padrão preconcebido».

Max Scheller, por sua vez, comenta:
«Dispomos de uma antropologia científica, outra filosófica e outra teológica, que se ignoram entre si».

Kardec esquivou-se precisamente a isso, tanto mais que o espírito de sistema seria a própria negação dos objectivos da doutrina.

Quanto ao problema da linguagem técnica, não devemos nos esquecer de que o livro se destinava ao grande público, e não apenas aos especialistas.

Podemos lembrar, a propósito, o exemplo de Descartes, que escreveu o seu «Discurso do Método» em francês, quando o latim era a língua oficial da filosofia, porque desejava dar-lhe maior divulgação.

Mesmo que Kardec fosse um filósofo especializado, a linguagem técnica não serviria aos seus propósitos nesta obra.

Quanto ao método didáctico, não seria este o primeiro livro de filosofia a dele se socorrer.

Podemos lembrar, por exemplo, «A Ética», de Espinosa. Kardec inicia este livro com a definição de Deus, como Espinosa naquele, e se não segue a forma geométrica de exposição, por meio de definições, axiomas, proposições e escólios, segue entretanto a forma lógica, através de perguntas e respostas, intercaladas de comentários e explicações.

Há, aliás, curiosas similaridade de estrutura, de posição, de ligações histórica e de princípios, entre esses dois livros, reclamando estudo mais aprofundado.

Como as há entre o que se pode chamar a revolução cartesiana e o Espiritismo, a começar pelos famosos sonhos de Descartes e a sua convicção de haver sido inspirado pelo Espírito da Verdade.

Yvonne Castellan, num breve, falho, às vezes gritantemente injusto, mas em parte simpático estudo da doutrina referindo-se ao «Livro dos Espíritos», mostra que:
«O sistema é completo, e compreende uma metafísica, inteiramente repleta de considerações físicas ou genéticas, e uma moral.»

Numa análise mais séria, a autora teria visto que a estrutura é mais complexa do que supôs.

O livro começa pela metafísica, passando depois à cosmologia, à psicologia, aos problemas propriamente espíritas da origem e natureza do espírito e suas ligações com o corpo, bem como aos da vida após a morte, para chegar, com as leis morais, à sociologia e à ética, e concluir, no Livro IV, com as considerações de ordem teológica sobre as penas e gozos futuros e a intervenção de Deus na vida humana.

Todo um vasto sistema, sem as exigências opressoras ou os prejuízos do espírito de sistema, numa estrutura livre e dinâmica, em que os problemas são postos em debate.

Lembrando-nos dos primórdios do Cristianismo, podemos dizer que o Espiritismo tem sobre ele uma vantagem, no tocante ao problema filosófico.

A simplicidade de «O Livro dos Espíritos» não chegar ao ponto de nos obrigar a adaptar sistema antigos aos nossos princípios, como aconteceu com Santo Agostinho e São Tomás, em relação a Platão e Aristóteles, para a criação da chamada filosofia cristã.

O Espiritismo já tem o seu próprio sistema, na forma ideal que o futuro consagrará, e cujas vantagens vimos acima.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 08, 2010 10:36 pm

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Por outro lado, é curioso notar que «O Livro dos Espíritos» se enquadra numa das formas clássicas e mais fecundamente livres da tradição filosófica: o diálogo.

Por tudo isso, vê-se que Kardec, sem ser o que se pode chamar um filósofo profissional, tinha muita razão ao afirma, no capítulo VI da «Conclusão», referindo-se ao Espiritismo «Sa force est dans sa philosphie, dans l'appel qu'il fait à la raison, au bon-sens»

A Dialéctica Espírita

Hegel definiu a estrutura e a função do diálogo, identificando as suas leis com as do próprio ser: tese, antítese e síntese.

Mais tarde, Marx e Engels deslocaram o diálogo dessas concepção ontológica, para lhe dar um sentido materialista e revolucionário.

Coube a Hamilin, entretanto, defini-lo em seu aspecto mais fecundo, como um processo de fusão necessária da tese e da antítese, na produção de uma nova ideia ou nova tese.

Este, a nosso ver, é o processo dialéctico do Espiritismo, que em vez de dar ênfase à contradição em si, à luta dos opostos, prefere dá-la à harmonia, à fusão dos contrários, para uma nova criação.

E é nesse sentido que se desenvolve o diálogo no «Livro dos Espíritos».
Nunca houve, aliás, um diálogo como este.

Jamais um homem se debruçou, com toda a segurança do homem moderno, nas bordas do abismo do incognoscível, para interrogá-lo, ouvir as suas vozes misteriosas, contradizê-lo, discutir com ele, e afinal arrancar-lhe os mais íntimos segredos.

E nunca, também, o abismo se mostrou tão dócil, e até mesmo desejoso de se revelar ao homem em todos os seus aspectos.

Sócrates ouvia as vozes do seu «daimon» e discutia com o Oráculo de Delfos.

Mas Kardec não se limitou a isso: foi mais longe, dialogando com todo o mundo invisível, analisando rigorosamente as suas vozes, ouvindo inferiores e superiores, para descobrir as leis desse mundo, as formas de vida nele existentes, o mecanismo das suas relações com o nosso.

O método dialéctico é o processo natural do desenvolvimento, tanto do pensamento como de todas as coisas.
Emmanuel, certa vez, comparou o Velho Testamento a um apelo dos homens a Deus, e o Novo Testamento, à resposta de Deus.

Aceitando essa imagem, podemos dizer que «O Livro dos Espíritos» é a síntese desse diálogo, é o momento em que segundo a definição de Hamelin, o apelo e a resposta se fundem na compreensão espiritual, abrindo caminho a uma nova fase da vida terrena.

A Legitimidade do Livro

Ao publicar «A Génese», em 1868, Kardec pôde acentuar que «O Livro dos Espíritos», lançado dez anos antes, continuava tão sólido como então.

Nenhum dos seus princípios fundamentais havia sido abalado pela experiência, todos permaneciam em pé.

Hoje, cem anos depois, se ainda vivesse entre nós, o codificador poderia dizer o mesmo.

E isso num século em que o mundo se transformou de maneira vertiginosa, em que a chamada ciência positiva foi revirada de ponta a ponta, em que as concepções filosóficas sofreram tremendos impactos.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 08, 2010 10:37 pm

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Há conceitos que, à primeira vista, parecem desmentidos, ou pelo menos postos em dúvida pela ciência.

É o caso do fluido universal, mas somente quando o confundimos com o conceito científico do éter espacial.

Na verdade, o desenvolvimento da ciência se processa exactamente na direcção dos princípios espíritas.

A desintegração da matéria pela física nuclear, a concepção da matéria como concentração de energia, a percepção cada vez mais clara de uma estrutura matemática do universo, a conclusão a que alguns cientistas são forçados a chegar, de que, por trás da energia parece haver outra coisa, que seria o pensamento, tudo isso nos mostra que Kardec tinha razão ao proclamar que nem Deus, nem a religião verdadeira, nem portanto o Espiritismo tinham nada a perder com o avanço da ciência.

Pelo contrário, só tem a ganhar, como os factos demonstram, dia a dia.

Essa segurança dos princípios espíritas decorre da legitimidade da fonte espiritual deste livro, da pureza dos seus meios de transmissão mediúnica, da precisão do método kardeciano.

A fonte, como se vê pela revelação espontânea e inesperada do Espírito da Verdade a Kardec, segundo as anotações autobiográficas de «Obras Póstumas», e pela confirmação posterior de tantos outros Espíritos, ou como se pode constactar, lógica e historicamente, pelo processo de restabelecimento do Cristianismo, que o Espiritismo realiza, é a mesma de que precedeu aquele.

Não é Kardec, nem este ou aquele Espírito em particular, nem um grupo de homens, mas toda a falange do Espírito da Verdade, enviada à terra em cumprimento da promessa de Jesus a fonte espiritual de «O Livro dos Espíritos».

Quanto aos meios mediúnicos de transmissão, correspondiam à pureza da fonte.

As médiuns que serviram a esse trabalho foram duas meninas, Caroline e Julie Boudin, de 16 e 14 anos respectivamente, a que mais tarde se juntaria outra menina, a Srta. Japhet, no processo de revisão do livro.

As reuniões se realizavam na casa da família Boudin, na intimidade do lar, entre pessoas amigas, e as respostas dos Espíritos eram transmitidas por meio da cesta de bico, a que se adaptava um lápis.

As meninas punham as mãos sobre a cesta e esta se movimentava, escrevendo as mensagens, com absoluta impossibilidade de acção dos médiuns na escrita.

Mais tarde, seguindo instruções dos próprios Espíritos, Kardec submete o livro ao controle de outros médiuns, mas todos escolhidos criteriosamente.

Além disso, as respostas dos Espíritos eram confrontadas com as comunicações obtidas em outros grupos, em obediência ao princípio da universalidade das revelações, que veremos a seguir.

O método de Kardec transformou-se no método da própria doutrina, e tem, na sua própria simplicidade, a garantia da sua eficiência.

Podemos resumi-lo assim:

1.º) Escolha de colaboradores mediúnicos insuspeitos, tanto do ponto de vista moral, quando da pureza das faculdades e da assistência espiritual;

2.º) Análise rigorosa das comunicações, do ponto de vista lógico, bem como do seu confronto com as verdades científicas demonstradas, pondo-se de lado tudo aquilo que não possa ser logicamente justificado;

3.º) Controle dos Espíritos comunicantes, através da coerência de suas comunicações e do teor de sua linguagem;

4.º) Consenso universal, ou seja, concordância de várias comunicações, dadas por médiuns diferentes, ao mesmo tempo e em vários lugares, sobre o mesmo assunto.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 08, 2010 10:38 pm

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Armado desses princípios, escudado rigorosamente nesse critério, Kardec pôde realizar a difícil tarefa de reunir a série de informações que lhe permitiram organizar o livro.

Interessante lembrar que esse mesmo critério, em parte, havia sido ensinado por João, em sua primeira epístola (IV:1) bem como pelo apóstolo Paulo, em sua primeira epístola aos coríntios.

As raízes do método kardeciano estão no Novo Testamento.

Não se pode confundir, porém, o método doutrinário com os métodos de investigação científica dos fenómenos espíritas.

No trato mediúnico, a premissa da existência do Espírito e da possibilidade da comunicação já está firmada.

O que importa é o controle da legitimidade da comunicação.
Na pesquisa científica, tudo ainda está para ser descoberto e provado.

As investigações científicas podem variar infinitamente de processos e métodos, de acordo com os investigadores.

As sessões mediúnicas não podem fugir ao método kardeciano, que se comprovou na prática, há um século, o único realmente eficiente, e que procede, como vimos, das reuniões mediúnicas da era apostólica.

Problemas secundários, como o da assinatura de certas comunicações por nomes céleres, são explicados por Kardec na «Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita», publicando apenas a mensagem, como fez com a maioria das respostas deste livro.

Essas assinatura, segundo dizem, afastam da obra muitos leitores, que a consideram mistificação grosseira.

A explicação está na sinceridade de Kardec e na sua fidelidade ao Espíritos que lhe revelaram a doutrina.

Ocultar-lhes os nomes seria deixar uma possibilidade de lhe atribuírem a obra, e ele sempre fez questão de precisar que não passava de um colaborador dos autores espirituais.

Além disso, suas explicações a respeito são absolutamente claras, para todos os que estão aptos a compreender o fenómeno espírita em sua plenitude

O Problema Científico

Kardec examina o problema científico do Espiritismo nos capítulos VII e VII da «Introdução ao estudo da doutrina espírita».

Vejamos um trecho bastante esclarecedor, cuja tradução o leitor encontrará no lugar próprio desta edição:
«La science propement dite, comme science, est donc incompétente pour se prononcer dans la question du spiritisme: elle n'a pas à s'en occuper, et son jugement, quel qu'il soit, favorable ou non, ne saurait être d'aucun poids.»

Não obstante, Kardec insiste no carácter científico da doutrina.

Carácter próprio, como ele explica nos capítulos citados, pois se trata de uma ciência que deve ter os seus próprios métodos, uma vez que o seu objecto não é a matéria, mas o espírito.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 08, 2010 10:38 pm

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Porque essa insistência no carácter científico?
Porque «O Livro dos Espíritos» vem abrir uma nova era no estudo dos problemas espirituais.

Até a sua publicação, esses problemas eram tratados de maneira empírica ou apenas imaginosa.

As religiões, como seus intrincados sistemas teológicos, ou as ordens ocultas, as corporações místicas e teosóficas, deslocavam os problemas do espírito para o terreno do mistério.

O conhecimento humano se dividia, para nos servirmos das expressões de Santo Agostinho, na «iluminação divina» e na «experiência».

O Espiritismo veio modificar essa ordem de coisas, mostrando a possibilidade de encararmos os problemas espirituais através da experiência agostiniana, ou seja, através da mesma razão que aplicamos aos problemas materiais.

Nesse sentido, «O Livro dos Espíritos» se apresenta como um divisor de águas.

Tudo aquilo que, antes dele, constitui o espiritualismo, pode ser chamado «espiritualismo utópico», e tudo o que vem com ele e depois dele, seguindo a sua linha doutrinária, «espiritualismo científico», como fazem os marxistas com o socialismo de antes e depois de Marx.

Esta a posição especial de «O Livro dos Espíritos», no plano da cultura espiritual.

Com ele, o espírito e os seus problemas saíram do terreno da abstracção, para se tornarem acessíveis à investigação racional, e até mesmo à pesquisa experimental.

O sobrenatural tornou-se natural.
Tudo se reduziu a um questão de conhecimento das leis que regem o universo.

A tese espinosiana da impossibilidade do milagre, como violação da ordem natural, veio comprovar-se nas suas demonstrações.

E as leis dessa ordem, como vemos no capítulo primeiro do Livro III, são todas naturais, quer digam respeito às relações materiais, quer às espirituais e morais.

Não existe o sobrenatural, senão para a ignorância humana das leis naturais, uma vez que o universo é um sistema único, e todas as suas partes se entrosam na grande estrutura.

O Problema Religioso

A natureza religiosa do «Livro dos Espíritos», ressalta desde as suas primeiras páginas.

Como já vimos, Kardec o inicia pela definição de Deus Mas o Deus espírita não é antropomórfico, não é um ser constituído à imagem e semelhança do homem, como o das religiões.

A definição espírita é incisiva:
«Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.»

Assim como, para Espinosa, Deus é a substância infinita, para Kardec é a inteligência infinita.

Mas assim como erraram os que confundiram a substância espinosiana com o Universo, assim também se enganam os que confundem a inteligência infinita com o homem finito, e a religião espírita com os formalismos religiosos.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 08, 2010 10:39 pm

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Os atributos de Deus não se confundem com os precários atributos humanos:
ele é eterno, imutável, imaterial, único, todo poderoso, soberanamente justo e bom.

Deus não se confunde com o Universo, pois é o criador e o mantenedor do Universo.

Entretanto, ao tratar da justiça de Deus, vemos Kardec empregar uma terminologia antropomórfica, falando em castigos e recompensas, o que tem dado motivo a afirmar-se que o Deus espírita é semelhante ao das religiões.

A explicação desse facto, que à primeira vista parece contraditória, está no item décimo do capítulo primeiro:
«L'homme peut-il comprendre la nature intime de Dieu? Non, c'est un sens qui lui manque.»

E logo a seguir vem a explicação de Kardec a respeito.

Mais adiante, no item treze, encontramos a resposta de que os atributos de Deus, a que nos referimos acima, são apenas uma interpretação humana, aquilo que o homem pode conceber a respeito de Deus, nos eu estágio actual de evolução.

Kardec, portanto, emprega a linguagem que podemos empregar, de maneira compreensiva, para tratar de Deus.

Não humaniza a Deus, mas apenas o coloca ao alcance da compreensão humana.
Não obstante, a natureza de Deus, como inteligência infinita e causa primária, é sempre resguardada.

Vemos isso em todo o primeiro capítulo e em muitas outras passagens do livro.
No capítulo sobre o Panteísmo, qualquer confusão entre o Criador e a Criação foi afastada.

O Deus espírita não é antropomórfico, mas também não é panteísta.

Por outro lado, «O Livro dos Espíritos» veda imediatamente o caminho às especulações ilusórias e imaginosas sobre a natureza de Deus.

Uma vez que falta ao homem o meio de compreendê-lo, inútil será tentar a sua definição através de suposições ingénuas ou atrevidas.

É o que vemos no item 14.º do primeiro capítulo, no estabelecimento de um princípio que define de maneira absoluta a posição do Espiritismo em face do problema, separando-o decisivamente de todas as escolas de teologia especulativa ou de ocultismo de qualquer espécie.

Vejamos esse trecho fundamental no original francês, podendo o leitor encontrar a sua tradução no lugar próprio deste volume:
«Dieu existe, vous v'en pouvez douter, c'est l'essentielç; croyez-moi, n'allez pas au delà; ne vous égarez pas dans un labyrinthe d'ou vous ne pourriez sortir; cela ne vous rendrait pas meilleurs, mas peut-être un peu plus orgueilleux, parce que vous croiriez savoir, et qu?en réalité vous ne sauriez rien, Laissez donc de côté tous ces systèmes; vous avez assez de choses que vous touchent plus directement, à commencer par vouas memes; étudiez vos propes imperfections afin de vous en débarrasser, cela vous sera plus utile que de vouloir pénétrer ce qui est impénetrable.»

Deus, como inteligência infinita ou suprema, é o que é.
Não comporta especulações ociosas, definições imaginosas.
O homem deve conter-se nos limites de si mesmo, cuidar das suas imperfeições, melhorar-se.

Basta-lhe saber que Deus existe, e que é justo e bom. Disso ele não pode duvidar, porque «pela obra se reconhece o obreiro», a própria natureza atesta a existência de Deus, sua própria consciência lhe diz que ele existe, e a lei geral da evolução comprova a sua justiça e a sua bondade.

Descartes dizia que Deus está na consciência do homem como a marca do obreiro na sua obra.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 08, 2010 10:40 pm

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Os Espíritos confirmam esse princípio, mas vão além, mostrando que a marca do obreiro está em todas as coisas, na natureza inteira.

A negação de Deus é, para o Espiritismo, como a negação do sol.
O ateu, o descrente, não é um condenado, um pecador irremissível, maus, um cego, cujos olhos podem ser abertos, e realmente o serão.

Porque Deus é necessariamente existente, segundo o princípio cartesiano.

Nada se pode entender sem Deus.
Ele é o centro e a razão de ser de tudo quanto existe.
Tirar Deus do Universo é como tirar o sol do nosso sistema. Simples absurdo.

Mas, pelo fadto de não ter a forma humana, de não se assemelhar ao homem, no tocante à constituição física deste, não se segue que Deus esteja distante do homem e indiferente a ele.

O Deus espírita se assemelha ao aristotélico, pelo seu poder de atracção, mas se afasta dele, quanto à indiferença em relação ao cosmos.

Porque Deus é providência, Deus é amor, é o criador e o pai de tudo e de todos.

O Universo se define por uma tríade, semelhante às tríades druídicas:
Deus, espírito e matéria.

Vemos isso no item 27, quando Kardec pergunta se existem dois elementos gerais, o espírito e a matéria, e os Espíritos respondem:
«Oui, e par dessus tout cela Dieu, le créatur, le père de toutes choses; ces trois choses sont le principe de tout ce qui existe, la trinité universelle.»

A matéria, porém, não é só o elemento palpável, pois há nela o fluido universal, o seu lado fluídico, que desempenha o papel de intermediário entre o plano espiritual e o propriamente material.

Diante dessa concepção, surge um problema de ordem teológica e escriturística.

Se Deus não se assemelha ao homem, como entender-se a passagem bíblica segundo a qual ele criou o homem à sua imagem e semelhança?

A explicação vem no item 88, quando Kardec pergunta pela forma do Espírito, não daquele que ainda está revestido do corpo espiritual ou perispírito, mas do Espírito puro.

Vejamos a pergunta e a resposta no original, cuja tradução o leitor pode encontrar no lugar próprio do livro:
«Les Espirits ont-ils une forme déterminée, limitée et constante? A vos yeux, non: aux nôtres, oui; c'est, si vous le voulez, une flame, une lueur, ou une étincelle éthérée.»

Como se vê, o homem, na sua essência, naquilo unicamente em que ele pode assemelhar-se a Deus:
não é um animal de carne e osso, nem mesmo uma forma humana em corpo espiritual, mas uma centelha etérea.

Foi assim que Deus o fez à sua imagem e semelhança.

Colocado o problema fundamental de Deus e da criação, «O Livro dos Espíritos» entra pelo controvertido terreno da destinação humana.

Sua concepção deísta do Universo é necessariamente teológica.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 09, 2010 10:21 pm

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Tudo avança para Deus, do átomo ao arcanjo, como vimos no item 540, e á frente dessa marcha, no plano terreno, encontra-se o homem.

Vemo-lo numa escala evolutiva, na terra como no espaço: do imbecil ao sábio, do criminoso ao santo.

A «escala espírita», que começa no item 100, nos oferece uma visão esquemática dessa escada de Jacó, que vai da terra ao céu.

O estudo da «progressão dos espíritos», que começa no item 114, nos mostra a necessidade do esforço próprio para que o Espírito se realize a si mesmo, revelando-nos ao mesmo tempo o papel da Providência, sempre amorosamente voltada para as criaturas.

No estudo sobre «anjos e demónios», que se inicia no item 128, defrontamo-nos com um debate teórico sobre passagens evangélicas.

O problema da justiça de Deus é equacionado à luz dos ensaios de Cristo, no seu verdadeiro sentido.

A seguir, «O Livro dos Espíritos» trata da encarnação dos Espíritos e da finalidade da vida terrena.

Combate o materialismo, mostrando a sua inconsistência.
Não são os estudos que levam o homem a ele, não é o desenvolvimento do conhecimento que o torna materialista, mas apenas a sua vaidade.

É o que vemos no item 148:
«Il n'est pas vrai que le matérialisme soit une conséquence de ces études; c'est l'homme que en tire une fausse conséquence, car il peut abuser de tout, même des veilleurs choses».

Kardec corrobora a tese dos Espíritos:
o materialismo é uma aberração da inteligência.

É o que nos diz no início do seu comentário:
«Par une aberration de l'inteligence, il y a des gens qui ne voient dans les êtres organiques que l'action de la matière et à rapportent tous nos actes».

E assim prossegue o livro, todo ele impulsionado pelo sopro do espírito, impregnado pelo sentimento religioso, e mais particularmente, pelo sentido cristão desse sentimento.

Quando, no item 625, Kardec pergunta qual o tipo humano mais perfeito que Deus ofereceu ao homem, para lhe servir de guia e modelo, a resposta é incisiva:
«Voyes Jésus».

E Kardec comenta:
«Jésus est pour l'homme le type de la perfection morale à laquele peut prètendre l'humanité sur la terre. Dieu nous l'offre comme le plus parfait modelo, et la doctrine qu'il a enseignée est la plus pure expression de sa loi, parce qu'il etat animé de l'esprit divin, et l'etre le plus pur qui ait paru sur la terre».

A religião espírita se traduz em espírito e verdade.

O que interessa a Deus não é a precária exterioridade dos ritos e do culto convencional, quase sempre vazio:
é o pensamento e o sentimento do homem.

A adoração da divindade é uma lei natural, quanto a lei de gravidade.
O homem gravita para Deus como a pedra gravita para a terra e esta para o sol.
Mas as manifestações exteriores da adoração não são necessárias.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 09, 2010 10:21 pm

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No item 653 vemos a clara resposta dos Espíritos a respeito:
«La véritable adoration est dans le coeur. Dans toutes vos actions songez toujours qu'un maitre vous regarde».

A vida contemplativa é condenada porque inútil, assim também a monacal, pois Deus não que o cultivo egoísta do sentimento religioso, mas a prática da caridade, a experiência viva e constante do amor, através das relações humanas.

«O Livro dos Espíritos» não deixa de lado o problema do culto religioso, que necessita manifestar a sua religiosidade:
Essa manifestação se verifica nas formas naturais de adoração, uma das quais é a prece.
Pela prece o homem pensa em Deus, aproxima-se dele, põe-se em comunicação com ele.


É o que vemos a partir do item 658.
Pela prece, o homem pode evoluir mais depressa, elevar-se mais rapidamente sobre si mesmo.
Mas a prece também não pode ser apenas formal.


Por ela, podemos fazer três coisas:
louvar, pedir e agradecer a Deus, mas desde que o façamos como o coração, e não apenas com os lábios.

Temos assim a religião espírita, que mais tarde se definirá de maneira mais objectiva ou directa em «O Evangelho segundo o Espiritismo».

Uma religião psíquica, como a chamou Conan Doyle, equivalente à «religião dinâmica» de Bergson.

No capítulo V da «Conclusão», Kardec afirma:
«Le spiritisme est fort parce qu'il s'appuis sur les bases mêmes de la religon: Dieu, l'âme, les peines et recompenses futures; parce que surtout il montre ces peines et ces recompenses comme des conséquences naturelles de la vie terrestre, et que rien, dans le tableau qu'il offre de l'avenir, ne peut être désavoué par la raison la plus exigente».

Enfim:
religião positiva, baseada nas leis naturais, destituída de aparatos misteriosos e da teologia imaginosa.

Para completar o quadro religioso de «O Livro dos Espíritos» temos ainda o capítulo XII do Livro III e todo o Livro IV.

NO capítulo referido, Kardec trata do aperfeiçoamento moral do homem, encara os problemas referentes às virtudes e aos vícios, às paixões, ao egoísmo, define por fim o carácter do homem de bem e conclui com uma mensagem de Santo Agostinho sobre a maneira de nos conhecermos a nós mesmos.

No Livro IV temos um capítulo sobre as penas e gozos terrenos, que é um código da vida moral na terra, verdadeiro catecismo da conduta espírita, e um capítulo sobre as penas e gozos futuros, sobre as consequência espirituais do nosso comportamento terreno.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 09, 2010 10:22 pm

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Estudos Futuros

Este, em linhas gerais, o livro que a 18 de Abril deste ano completou cem anos, e cujo primeiro centenário foi celebrado em todo o mundo civilizado, pelos adeptos do Espiritismo.

Sua estrutura, como se vê, o coloca entre os tratados filosóficos, e seu conteúdo se relaciona com todos os aspectos fundamentais do conhecimento.

Sua simplicidade aparente é tão ilusória como a da superfície tranquila de um grande rio.

Como no «Discurso do Método», de Descartes, a clareza do texto pode enganar o leitor desprevenido.

As coisas mais profundas e complexas aparecem na linguagem mais directa e simples, e a compreensão geral do livro só pode ser alcançada por aquele que for capaz de apreender todos os nexos entre os diversos assuntos nele tratados.

Até hoje, cem anos depois de sua publicação, «O Livro dos Espíritos» vem sendo lido e meditado, no mundo inteiro, mas pouco se tem cuidado de analisá-lo em suas múltiplas implicações e em sua mais profunda significação.

Acreditamos que o segundo século do Espiritismo, que se iniciou neste ano, será assinalado por uma atitude mais consciente dos próprios espíritas em face deste livro, e que estudos futuros virão revelar, cada vez de maneira mais clara, o seu verdadeiro papel na história do conhecimento.

Para concluir, lembremos que sir Oliver Lodge, o grande físico inglês, uma das mais altas expressões de cultura científica do nosso tempo, considerou o Espiritismo, no seu livro sobre «A imortalidade pessoal», como «uma nova revolução copérnica».

E Léon Denis, o sucessor de Kardec, legítima expressão da cultura francesa, proclamou no Congresso Espírita Internacional de Paris, em 1925, e no seu livro «Le Genie Celtique et le Monde Invisible», de 1927, que o Espiritismo tende a reunir e a fundir, numa síntese grandiosa, todas as formas do pensamento e da ciência.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 09, 2010 10:23 pm

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA

I


Para se designarem coisas novas são precisos termos novos.

Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras.

Os vocábulos espiritual, espiritualista, espiritualismo têm acepção bem definida.

Dar-lhes outra, para aplicá-los à doutrina dos Espíritos, fora multiplicar as causas já numerosas de anfibiologia.

Com efeito, o espiritualismo é o oposto do materialismo.
Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista.

Não se segue daí, porém, que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível.

Em vez das palavras espiritual, espiritualismo, empregamos, para indicar a crença a que vimos de referir-nos, os termos espírita e espiritismo, cuja forma lembra a origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, apresentam a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando ao vocábulo espiritualismo a acepção que lhe é própria.

Diremos, pois, que a doutrina espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível.

Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se quiserem, os espiritistas.

Como especialidade, O Livro dos Espíritos contém a doutrina espírita; como generalidade, prende-se à doutrina espiritualista, uma de cujas fases apresenta.

Essa a razão por que traz no cabeçalho do seu título as palavras: Filosofia espiritualista.

II

Há outra palavra acerca da qual importa igualmente que todos se entendam, por constituir um dos fechos de abóbada de toda doutrina moral e ser objecto de inúmeras controvérsias, à míngua de uma acepção bem determinada.

É a palavra alma. A divergência de opiniões sobre a natureza da alma provém da aplicação particular que cada um dá a esse termo.

Uma língua perfeita, em que cada ideia fosse expressa por um termo próprio, evitaria muitas discussões.

Segundo uns, a alma é o princípio da vida material orgânica.
Não tem existência própria e se aniquila com a vida: é o materialismo puro.

Neste sentido e por comparação, diz-se de um instrumento rachado, que nenhum som mais emite: não tem alma.

De conformidade com essa opinião, a alma seria efeito e não causa.
Pensam outros que a alma é o princípio da inteligência, agente universal do qual cada ser absorve uma certa porção.

Segundo esses, não haveria em todo o Universo senão uma só alma a distribuir centelhas pelos diversos seres inteligentes durante a vida destes, voltando cada centelha, mortos os seres, à fonte comum, a se confundir com o todo, como os regatos e os rios voltam ao mar, donde saíram.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 09, 2010 10:23 pm

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Essa opinião difere da precedente em que, nesta hipótese, não há em nós somente matéria, subsistindo alguma coisa após a morte.

Mas é quase como se nada subsistisse, porquanto, destituídos de individualidade, não mais teríamos consciência de nós mesmos.

Dentro desta opinião, a alma universal seria Deus, e cada ser um fragmento da divindade.

Simples variante do panteísmo.

Segundo outros, finalmente, a alma é um ser moral, distinto, independente da matéria e que conserva sua individualidade após a morte.

Esta acepção é, sem contradita, a mais geral, porque, debaixo de um nome ou de outro, a ideia desse ser que sobrevive ao corpo se encontra, no estado de crença instintiva, não derivada de ensino, entre todos os povos, qualquer que seja o grau de civilização de cada um.

Essa doutrina, segundo a qual a alma é causa e não efeito, é a dos espiritualistas.

Sem discutir o mérito de tais opiniões e considerando apenas o lado linguístico da questão, diremos que estas três aplicações do termo alma correspondem a três ideias distintas, que demandariam, para serem expressas, três vocábulos diferentes.

Aquela palavra tem, pois, tríplice acepção e cada um, do seu ponto de vista, pode com razão defini-la como o faz.

O mal está em a língua dispor somente de uma palavra para exprimir três ideias.

A fim de evitar todo equívoco, seria necessário restringir-se a acepção do termo alma a uma daquelas ideias.

A escolha é indiferente; o que se faz mister é o entendimento entre todos, reduzindo-se o problema a uma simples questão de convenção.

Julgamos mais lógico tomá-lo na sua acepção vulgar e por isso chamamos ALMA ao ser imaterial e individual que em nós reside e sobrevive ao corpo.

Mesmo quando esse ser não existisse, não passasse de produto da imaginação, ainda assim fora preciso um termo para designá-lo.

Na ausência de um vocábulo especial para tradução de cada uma das duas outras ideias a que corresponde a palavra alma, denominamos:
Princípio vital o princípio da vida material e orgânica, qualquer que seja a fonte donde promane, princípio esse comum a todos os seres vivos, desde as plantas até o homem.

Pois que pode haver vida com exclusão da faculdade de pensar, o princípio vital é coisa distinta e independente.

A palavra vitalidade não daria a mesma ideia.

Para uns o princípio vital é uma propriedade da matéria, um efeito que se produz achando-se a matéria em dadas circunstâncias.

Segundo outros, e esta é a ideia mais comum, ele reside em um fluido especial, universalmente espalhado e do qual cada ser absorve e assimila uma parcela durante a vida, tal como os corpos inertes absorvem a luz.

Esse seria então o fluido vital que, na opinião de alguns, em nada difere do fluido eléctrico animalizado, ao qual também se dão os nomes de fluido magnético, fluido nervoso, etc.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 09, 2010 10:24 pm

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Seja como for, um facto há que ninguém ousaria contestar, pois que resulta da observação:
é que os seres orgânicos têm em si uma força íntima que determina o fenómeno da vida, enquanto essa força existe; que a vida material é comum a todos os seres orgânicos e independe da inteligência e do pensamento;

que a inteligência e o pensamento são faculdades próprias de certas espécies orgânicas;

finalmente, que entre as espécies orgânicas dotadas de inteligência e de pensamento há uma dotada também de um senso moral especial, que lhe dá incontestável superioridade sobre as outras: a espécie humana.


Concebe-se que, com uma acepção múltipla, o termo alma não exclui o materialismo, nem o panteísmo.

O próprio espiritualismo pode entender a alma de acordo com uma ou outra das duas primeiras definições, sem prejuízo do Ser imaterial distinto, a que então dará um nome qualquer.

Assim, aquela palavra não representa uma opinião: é um Proteu, que cada um ajeita a seu bel-prazer.

Daí tantas disputas intermináveis.

Evitar-se-ia igualmente a confusão, embora usando-se do termo alma nos três casos, desde que se lhe acrescentasse um qualificativo especificando o ponto de vista em que se está colocado, ou a aplicação que se faz da palavra.

Esta teria, então, um carácter genérico, designando, ao mesmo tempo, o princípio da vida material, o da inteligência e o do senso moral, que se distinguiriam mediante um atributo, como os gases, por exemplo, que se distinguem aditando-se ao termo genérico as palavras hidrogénio, oxigénio, ou azoto.

Poder-se-ia, assim, dizer, e talvez fosse o melhor, a alma vitalindicando o princípio da vida material;
a alma intelectualo princípio da inteligência, e a alma espíritao da nossa individualidade após a morte.

Como se vê, tudo isto não passa de uma questão de palavras, mas questão muito importante quando se trata de nos fazermos entendidos.

De conformidade com essa maneira de falar, a alma vital seria comum a todos os seres orgânicos:
plantas, animais e homens;
a alma intelectual pertenceria aos animais e aos homens;
e a alma espírita somente ao homem.


Julgamos dever insistir nestas explicações pela razão de que a doutrina espírita repousa naturalmente sobre a existência, em nós, de um ser independente da matéria e que sobrevive ao corpo.

A palavra alma, tendo que aparecer com frequência no curso desta obra, cumpria fixássemos bem o sentido que lhe atribuímos, a fim de evitarmos qualquer engano.

Passemos agora ao objecto principal desta instrução preliminar.

III

Como tudo que constitui novidade, a doutrina espírita conta adeptos e contraditores.

Vamos tentar responder a algumas das objecções destes últimos, examinando o valor dos motivos em que se apoiam sem alimentarmos, todavia, a pretensão de convencer a todos, pois muitos há que crêem ter sido a luz feita exclusivamente para eles.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 09, 2010 10:24 pm

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Dirigimo-nos aos de boa-fé, aos que não trazem ideias preconcebidas ou decididamente firmadas contra tudo e todos, aos que sinceramente desejam instruir-se e lhes demonstraremos que a maior parte das objecções opostas à doutrina promanam de incompleta observação dos factos e de juízo leviano e precipitadamente formado.

Lembremos, antes de tudo, em poucas palavras, a série progressiva dos fenómenos que deram origem a esta doutrina.

O primeiro facto observado foi o da movimentação de objectos diversos.
Designaram-no vulgarmente pelo nome de mesas girantes ou dança das mesas.

Este fenómeno, que parece ter sido notado primeiramente na América, ou, melhor, que se repetiu nesse país, porquanto a História prova que ele remonta à mais alta antiguidade, se produziu rodeado de circunstâncias estranhas, tais como ruídos insólitos, pancadas sem nenhuma causa ostensiva.

Em seguida, propagou-se rapidamente pela Europa e pelas outras partes do mundo.

A princípio quase que só encontrou incredulidade, porém, ao cabo de pouco tempo, a multiplicidade das experiências não mais permitiu lhe pusessem em dúvida a realidade.

Se tal fenómeno se houvesse limitado ao movimento de objectos materiais, poderia explicar-se por uma causa puramente física.

Estamos longe de conhecer todos os agentes ocultos da Natureza, ou todas as propriedades dos que conhecemos:
a electricidade multiplica diariamente os recursos que proporciona ao homem e parece destinada a iluminar a Ciência com uma nova luz.

Nada de impossível haveria, portanto, em que a electricidade modificada por certas circunstâncias, ou qualquer outro agente desconhecido, fosse a causa dos movimentos observados.

O facto de que a reunião de muitas pessoas aumenta a potencialidade da acção parecia vir em apoio dessa teoria, visto poder-se considerar o conjunto dos assistentes como uma pilha múltipla, com o seu potencial na razão directa do número dos elementos.

O movimento circular nada apresentava de extraordinário:
está na Natureza. Todos os astros se movem em curvas elipsóides;
poderíamos, pois, ter ali, em ponto menor, um reflexo do movimento geral do Universo, ou melhor, uma causa, até então desconhecida, produzindo acidentalmente, com pequenos objectos em dadas condições, uma corrente análoga à que impele os mundos.


Mas, o movimento nem sempre era circular; muitas vezes era brusco e desordenado, sendo o objecto violentamente sacudido, derribado, levado numa direcção qualquer e, contrariamente a todas as leis da estática, levantado e mantido em suspensão.

Ainda aqui nada havia que se não pudesse explicar pela acção de um agente físico invisível.

Não vemos a electricidade deitar por terra edifícios, desarreigar árvores, atirar longe os mais pesados corpos, atraí-los ou repeli-los?

Os ruídos insólitos, as pancadas, ainda que não fossem um dos efeitos ordinários da dilatação da madeira, ou de qualquer outra causa acidental, podiam muito bem ser produzidos pela acumulação de um fluido oculto:
a electricidade não produz formidáveis ruídos?

Até aí, como se vê, tudo pode caber no domínio dos fatos puramente físicos e fisiológicos.

Sem sair desse âmbito de ideias, já ali havia, no entanto, matéria para estudos sérios e dignos de prender a atenção dos sábios.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 09, 2010 10:25 pm

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Porque assim não aconteceu?
É penoso dizê-lo, mas o facto deriva de causas que provam, entre mil outros semelhantes, a leviandade do espírito humano.

A vulgaridade do objecto principal que serviu de base às primeiras experiências não foi alheia à indiferença dos sábios.

Que influência não tem tido muitas vezes uma palavra sobre as coisas mais graves!

Sem atenderem a que o movimento podia ser impresso a um objecto qualquer, a ideia das mesas prevaleceu, sem dúvida, por ser o objecto mais cómodo e porque, à roda de uma mesa, muito mais naturalmente do que em torno de qualquer outro móvel, se sentam diversas pessoas.

Ora, os homens superiores são com frequência tão pueris que não há como ter por impossível que certos espíritos de escol hajam considerado deprimente ocuparem-se com o que se convencionara chamar a dança das mesas.

É mesmo provável que se o fenómeno observado por Galvâni o fora por homens vulgares e ficasse caracterizado por um nome burlesco, ainda estaria relegado a fazer companhia à varinha mágica.

Qual, com efeito, o sábio que não houvera julgado uma indignidade ocupar-se com a dança das rãs?

Alguns, entretanto, muito modestos para convirem em que bem poderia dar-se não lhes ter ainda a Natureza dito a última palavra, quiseram ver, para tranquilidade de suas consciências.

Mas aconteceu que o fenómeno nem sempre lhes correspondeu à expectativa e, do facto de não se haver produzido constantemente à vontade deles e segundo a maneira de se comportarem na experimentação, concluíram pela negativa.

Malgrado, porém, ao que decretaram, as mesas — pois que há mesas — continuam a girar e podemos dizer com Galileu:
todavia, elas se movem!

Acrescentaremos que os factos se multiplicaram de tal modo que desfrutam hoje do direito de idade, não mais se cogitando senão de lhes achar uma explicação racional.

Contra a realidade do fenómeno, poder-se-ia induzir alguma coisa da circunstância de ele não se produzir de modo sempre idêntico, conformemente à vontade e às exigências do observador?

Os fenómenos de electricidade e de química não estão subordinados a certas condições?

Será lícito negá-los, porque não se produzem fora dessas condições?

Que há, pois, de surpreendente em que o fenómeno do movimento dos objectos pelo fluido humano também se ache sujeito a determinadas condições e deixe de se produzir quando o observador, colocando-se no seu ponto de vista, pretende fazê-lo seguir a marcha que caprichosamente lhe imponha, ou queira sujeitá-lo às leis dos fenómenos conhecidos, sem considerar que para factos novos pode e deve haver novas leis?


Ora, para se conhecerem essas leis, preciso é que se estudem as circunstâncias em que os factos se produzem e esse estudo não pode deixar de ser fruto de observação perseverante, atenta e às vezes muito longa.

Objectam, porém, algumas pessoas: há frequentemente fraudes manifestas.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 09, 2010 10:26 pm

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Perguntar-lhes-emos, em primeiro lugar, se estão bem certas de que haja fraudes e se não tomaram por fraude efeitos que não podiam explicar, mais ou menos como o camponês que tomava por destro escamoteador um sábio professor de Física a fazer experiências.

Admitindo-se mesmo que tal coisa tenha podido verificar-se algumas vezes, constituiria isso razão para negar-se o facto?

Dever-se-ia negar a Física, porque há prestidigitadores que se exornam com o título de físicos?


Cumpre, ao demais, se leve em conta o carácter das pessoas e o interesse que possam ter em iludir.

Seria tudo, então, mero gracejo?

Admite-se que uma pessoa se divirta por algum tempo, mas um gracejo prolongado indefinidamente se tornaria tão fastidioso para o mistificador, como para o mistificado.

Acresce que, numa mistificação que se propaga de um extremo a outro do mundo e por entre as mais austeras, veneráveis e esclarecidas personalidades, qualquer coisa há, com certeza, tão extraordinária, pelo menos, quanto o próprio fenómeno.

IV

Se os fenómenos, com que nos estamos ocupando, houvessem ficado restritos ao movimento dos objectos, teriam permanecido, como dissemos, no domínio das ciências físicas.

Assim, entretanto, não sucedeu:
estava-lhes reservado colocar-nos na pista de fatos de ordem singular.

Acreditaram haver descoberto, não sabemos pela iniciativa de quem, que a impulsão dada aos objectos não era apenas o resultado de uma força mecânica cega; que havia nesse movimento a intervenção de uma causa inteligente.

Uma vez aberto, esse caminho conduziu a um campo totalmente novo de observações.

De sobre muitos mistérios se erguia o véu.

Haverá, com efeito, no caso, uma potência inteligente?
Tal a questão. Se essa potência existe, qual é ela, qual a sua natureza, a sua origem?
Encontra-se acima da Humanidade?


Eis outras questões que decorrem da anterior.

As primeiras manifestações inteligentes se produziram por meio de mesas que se levantavam e, com um dos pés, davam certo número de pancadas, respondendo desse modo — sim, ou — não, conforme fora convencionado, a uma pergunta feita.

Até aí nada de convincente havia para os cépticos, porquanto bem podiam crer que tudo fosse obra do acaso.

Obtiveram-se depois respostas mais desenvolvidas com o auxílio das letras do alfabeto:
dando o móvel um número de pancadas correspondente ao número de ordem de cada letra, chegava-se a formar palavras e frases que respondiam às questões propostas.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 09, 2010 10:32 pm

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A precisão das respostas e a correlação que denotavam com as perguntas causaram espanto.

O ser misterioso que assim respondia, interrogado sobre a sua natureza, declarou que era Espírito ou Génio, declinou um nome e prestou diversas informações a seu respeito.

Há aqui uma circunstância muito importante, que se deve assinalar.

É que ninguém imaginou os Espíritos como meio de explicar o fenómeno;
foi o próprio fenómeno que revelou a palavra.

Muitas vezes, em se tratando das ciências exactas, se formulam hipóteses para dar-se uma base ao raciocínio. Não é aqui o caso.

Tal meio de correspondência era, porém, demorado e incómodo.
O Espírito (e isto constitui nova circunstância digna de nota) indicou outro.

Foi um desses seres invisíveis quem aconselhou a adaptação de um lápis a uma cesta ou a outro objecto.

Colocada em cima de uma folha de papel, a cesta é posta em movimento pela mesma potência oculta que move as mesas;
mas, em vez de um simples movimento regular, o lápis traça por si mesmo caracteres formando palavras, frases, dissertações de muitas páginas sobre as mais altas questões de filosofia, de moral, de metafísica, de psicologia, etc., e com tanta rapidez quanta se se escrevesse com a mão.

O conselho foi dado simultaneamente na América, na França e em diversos outros países.

Eis em que termos o deram em Paris, a 10 de junho de 1853, a um dos mais fervorosos adeptos da doutrina e que, havia muitos anos, desde 1849, se ocupava com a evocação dos Espíritos:
“Vai buscar, no aposento ao lado, a cestinha;
amarra-lhe um lápis;
coloca-a sobre o papel;
põe-lhe os teus dedos sobre a borda.”


Alguns instantes após, a cesta entrou a mover-se e o lápis escreveu, muito legível, esta frase:
“Proíbo expressamente que transmitas a quem quer que seja o que acabo de dizer.
Da primeira vez que escrever, escreverei melhor.”


O objecto a que se adapta o lápis, não passando de mero instrumento, completamente indiferentes são a natureza e a forma que tenha.

Daí o haver-se procurado dar-lhe a disposição mais cómoda.
Assim é que muita gente se serve de uma prancheta pequena.

A cesta ou a prancheta só podem ser postas em movimento debaixo da influência de certas pessoas, dotadas, para isso, de um poder especial, as quais se designam pelo nome de médiuns, isto é — meios ou intermediários entre os Espíritos e os homens.

As condições que dão esse poder resultam de causas ao mesmo tempo físicas e morais, ainda imperfeitamente conhecidas, porquanto há médiuns de todas as idades, de ambos os sexos e em todos os graus de desenvolvimento intelectual.

É, todavia, uma faculdade que se desenvolve pelo exercício.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Nov 10, 2010 10:04 pm

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V

Reconheceu-se mais tarde que a cesta e a prancheta não eram, realmente, mais do que um apêndice da mão;
e o médium, tomando directamente do lápis, se pôs a escrever por um impulso involuntário e quase febril.

Dessa maneira, as comunicações se tornaram mais rápidas, mais fáceis e mais completas.

Hoje é esse o meio geralmente empregado e com tanto mais razão quanto o número das pessoas dotadas dessa aptidão é muito considerável e cresce todos os dias.

Finalmente, a experiência deu a conhecer muitas outras variedades da faculdade mediadora, vindo-se a saber que as comunicações podiam igualmente ser transmitidas pela palavra, pela audição, pela visão, pelo tato, etc., e até pela escrita directa dos Espíritos, isto é, sem o concurso da mão do médium, nem do lápis.

Obtido o facto, restava comprovar um ponto essencial — o papel do médium nas respostas e a parte que, mecânica e moralmente, pode ter nelas.

Duas circunstâncias capitais, que não escapariam a um observador atento, tornam possível resolver-se a questão.

A primeira consiste no modo por que a cesta se move sob a influência do médium, apenas lhe impondo este os dedos sobre os bordos.

O exame do fato demonstra a impossibilidade de o médium imprimir uma direcção qualquer ao movimento daquele objecto.

Essa impossibilidade se patenteia, sobretudo, quando duas ou três pessoas colocam juntamente as mãos sobre a cesta.

Fora preciso entre elas uma concordância verdadeiramente fenomenal de movimentos.

Fora preciso, demais, a concordância dos pensamentos, para que pudessem estar de acordo quanto à resposta a dar à questão formulada.

Outro facto, não menos singular, ainda vem aumentar a dificuldade.

É a mudança radical da caligrafia, conforme o Espírito que se manifesta, reproduzindo-se a de um determinado Espírito todas as vezes que ele volta a escrever.

Fora necessário, pois, que o médium se houvesse exercitado em dar à sua própria caligrafia vinte formas diferentes e, principalmente, que pudesse lembrar-se da que corresponde a tal ou tal Espírito.

A segunda circunstância resulta da natureza mesma das respostas que, as mais das vezes, especialmente quando se ventilam questões abstractas e científicas, estão notoriamente fora do campo dos conhecimentos e, amiúde, do alcance intelectual do médium, que, além disso, como de ordinário sucede, não tem consciência do que se escreve debaixo da sua influência;
que, frequentemente, não entende ou não compreende a questão proposta, pois que esta o pode ser num idioma que ele desconheça, ou mesmo mentalmente, podendo a resposta ser dada nesse idioma.

Enfim, acontece muito escrever a cesta espontaneamente, sem que se haja feito pergunta alguma, sobre um assunto qualquer, inteiramente inesperado.

Em certos casos, as respostas revelam tal cunho de sabedoria, de profundeza e de oportunidade;
exprimem pensamentos tão elevados, tão sublimes, que não podem emanar senão de uma Inteligência superior, impregnada da mais pura moralidade.

Doutras vezes, são tão levianas, tão frívolas, tão triviais, que a razão recusa admitir derivem da mesma fonte.

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