LUZ ESPÍRITA
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Momentos Espíritas III

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty Em casa

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 27, 2017 10:17 am

Ninguém foge à lei da reencarnação.
Ontem, atraiçoamos a confiança de um companheiro, induzindo-o à derrocada moral. Hoje, guardamo-lo na condição do parente difícil, que nos pede sacrifício incessante.

Ontem, abandonamos a jovem que nos amava, inclinando-a ao mergulho na lagoa do vício.
Hoje, temo-la de volta por filha incompreensiva, necessitada do nosso amor.

Ontem, colocamos o orgulho e a vaidade no peito de um irmão que nos seguia os exemplos menos felizes.
Hoje, partilhamos com ele, à feição de esposo despótico ou de filho problema, o cálice amargo da redenção.

Ontem, esquecemos compromissos veneráveis, arrastando alguém ao suicídio.
Hoje, reencontramos esse mesmo alguém na pessoa de um filhinho, portador de moléstia irreversível, tutelando-lhe à custa de lágrimas, o trabalho de reajuste.

Ontem, abandonamos a companheira inexperiente, a míngua de todo auxílio, situando-a nas garras da delinquência.
Hoje, achamo-la ao nosso lado, na presença da esposa conturbada e doente, a exigir-nos a permanência, no curso infatigável da tolerância.

Ontem, dilaceramos a alma sensível de pais afectuosos e devotados, sangrando-lhe o espírito, a punhaladas de ingratidão.
Hoje, moramos no espinheiro, em forma de lar, carregando fardos de angústia, a fim de aprender a plantar carinho e fidelidade.

À frente de toda dificuldade e de toda prova, abençoa sempre e faz o melhor que possas.

Ajuda os que te partilham a experiência, ora pelos que te perseguem, sorri para os que te ferem e desculpa todos aqueles que te injuriam.

A humildade é chave de nossa libertação.

E, sejam quais sejam os teus obstáculos na família, é preciso reconhecer que toda construção moral do Reino de Deus, perante o mundo, começa nos alicerces invisíveis da luta em casa.

Do livro Mãe, antologia mediúnica constituída de mensagens e poemas psicografados pelo médium Francisco Cândido Xavier.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty Se arrependimento matasse...

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 28, 2017 11:14 am

Ah! Se arrependimento matasse...
O que está implícito nesse lamento costumeiro de nossas vidas é:
se o facto de estar me arrependendo, acabasse com minha vida agora, eu estaria morto.
Como ainda consideramos, erroneamente, a morte como o que de pior pode nos acontecer, associamos algo de muito ruim a ela.
Nesse caso, o arrependimento.
Não gostamos de ter feito algo e depois nos arrependermos, essa é a verdade.
Se pudéssemos voltar atrás, voltaríamos.
Se pudéssemos fazer diferente, faríamos.
Por isso nos penitenciamos, nos auto-culpamos e alguns até nos auto-flagelamos – lembrando dos que agridem a si mesmos, nessas circunstâncias.
Precisamos, porém, modificar nossa maneira de pensar.
Arrependimento é bom. Muito bom.
Arrepender-se é abrir-se para o bem.
Só quando descobrimos que erramos é que podemos iniciar a acção reparadora.
Só quando descobrimos onde falhamos é que podemos estudar como conseguiremos melhorar na próxima oportunidade.
Aquele que nunca se arrepende está ainda cego, iludido, vagando por uma realidade por vezes muito frágil.
Aquele que não se arrepende permanece na letargia do primarismo com a consciência adormecida, vivendo o período do pensamento instintivo.
Nele predomina a herança da fase inicial de que ainda não se libertou, ou que prefere não superar.
Notemos que, por vezes, quando estamos numa dessas situações do se arrependimento matasse, estamos encarando um acontecimento inevitável que, num primeiro momento, não parece bom.
No entanto, ainda faz parte da escola desse mundo.
Criamos expectativas falsas de esperar resultados maravilhosos de onde eles nunca viriam de qualquer jeito.
Arrependimento, de todas as formas, é aprendizado, é auto-conhecimento, pois identificar algo que, numa outra situação, faríamos diferente, é muito importante.
Deveríamos ter connosco, nesses momentos, um instrumento de gravação ou de anotação, para registar, com todas as letras e sons, as impressões e sentimentos, e não mais seguirmos por aquele caminho.
É o primeiro passo rumo à possibilidade da reparação, que é o ajuste, o conserto.
Colocar no lugar o que nós mesmos tiramos.
Se tratamos mal alguém e nos arrependemos, imaginando que poderíamos ter escolhido melhor as palavras, que poderíamos ter utilizado um tom um pouco mais ameno, a reparação deve se dar na forma de um pedido sincero de desculpas, um reconhecimento do excesso cometido.
Também podemos oferecer algum gesto a mais de generosidade para essa pessoa.
Devemos sempre pensar em substituir um mal que fizemos por um bem.
Esse é apenas um exemplo.
Cada um de nós encontrará a sua maneira, como o coração sentir e indicar.
Conhecendo a realidade, cultivemos a coragem de identificar o erro, de nos arrependermos dele e, ato contínuo, façamos a reparação.
Com a mente elevada às fontes sublimes da vida, desfrutemos emoções e pensamentos ideais, que nos auxiliarão a não errar.
Mas, se tal acontecer, eles ajudarão a nos arrependermos e recompormos, reparando qualquer mal que tenhamos feito, liberando-nos assim da culpa.

Momento Espírita, com base no cap. 9, do livro Desperte e seja feliz, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty Tolerância antes de tudo

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 29, 2017 8:45 am

Conta-se que um velho guerreiro, admirado e respeitado por todos de sua tribo, era frequentemente consultado pelos seus.
Certo dia, um jovem de seu clã, ansioso por galgar o mesmo sucesso do velho, foi ter com ele, desejando beber de sua sabedoria.
Venerável ancião, disse o moço, busco compreender quais as melhores lições que a vida vos ofereceu.
Guerreastes em muitos campos de batalha, enfrentastes destemido os mais audaciosos adversários, demonstrando coragem e bravura.
Fostes o maior líder de nosso povo, e sob vossa égide conquistamos paz e soberania.
Assim, desejo saber qual a maior lição que pudestes aprender em vosso caminhar.
Meu caro jovem, redarguiu o velho líder, após tantas lutas, tantos enfrentamentos, digo-lhe apenas uma coisa:
O grande segredo da vida não é lutar pelas nossas diferenças, mas sim unirmo-nos pelo que temos em comum.
Não importa se somos dessa ou daquela etnia, se somos branco, índio ou negro.
Antes de tudo, temos que nos entender porque somos gente, homens e mulheres, sem diferença nenhuma quando vistos por dentro.

A lição do guerreiro é considerável.
Em um meio onde as ideologias partidárias, as diferenças, brigas e os antagonismos são a tónica dos relacionamentos em nossa sociedade, ele nos orienta a que busquemos nos unir em torno do que temos em comum.
Ideal seria que dessa forma acontecesse connosco em sociedade.
É natural que existam pessoas que tenham uma ideologia política diferente da nossa.
Nem todos temos a mesma orientação sexual a nos conduzir a vida.
Educamos nossos filhos de maneira diferente.
Votamos em candidatos distintos e torcemos para times contrários.
Temos gostos musicais dos mais variados.
E escolhemos essa ou aquela religião para alimentar nossa Espiritualidade.
Mas isso tudo é secundário.
Antes de tudo, somos irmãos.
Somos todos Espíritos reencarnados, navegando em um corpo físico, buscando superar nossas dificuldades, enfrentar a nós mesmos, dando conta das responsabilidades que nos cabem no mundo.
Assim, se alguém nos enfrenta com suas opiniões, compreendamos.
Se alguém precisa convencer a outrem sobre suas próprias opiniões, é porque talvez ainda esteja inseguro delas.
Se outrem nos procura para conduzir-nos às suas crenças, tenhamos paciência.
Muitas vezes, a estreiteza imposta a eles os impede de perceber que o caminho pouco importa, quando se tem claro o destino.
Com os luminares espirituais aprendemos que toda doutrina, mesmo parcialmente equivocada, é digna de respeito, desde que conduza as pessoas ao bem.
Assim, no agrupamento que estejamos, evitemos as polarizações, seja qual for o tema.
Tolerar é compreender que, no limite daquilo que é legal e ético, temos direito de agir conforme os ditames da consciência.
E o maior exemplo de tolerância nos oferece Deus, quando nos permite que usemos nosso livre-arbítrio.
Na Sua tolerância Divina, Ele sabe que nossos erros e opções, nem sempre acertadas, são caminhos de aprendizado e amadurecimento.

Momento Espírita.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty Em luta constante, movimenta os braços.

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 30, 2017 10:02 am

Bate os pés.
Respira fundo.
Desgasta-se agoniado.
Esforça-se para não afundar.

Fadiga-se para sobreviver.
E avança contra o impulso das águas e os obstáculos.
Com dificuldade, ele nada, nada sempre, varando, pouco a pouco, a torrente poderosa.
Tudo lhe é contrário.


Esta é a vida do homem na Terra.
Descer a favor da corrente do mundo é sempre fácil.
É só deixar-se levar.
Acumpliciando-se sistematicamente com as acções da maioria.
Jamais se dispondo contra o erro, o equívoco.
Só dizendo sim para tudo e para todos.
Seguindo despreocupadamente, sem o exame dos próprios actos.
Boiando sempre, em menor esforço.
Mas, subir contra a corrente do mundo, é mais difícil.
É preciso valor para enfrentar a adversidade.
É necessário paciência para fugir aos erros de tradição.
É indispensável ser forte para tornar-se excepção no esforço maior.

Antes da reencarnação, necessária ao progresso, a alma roga a porta estreita das dificuldades, como oportunidade gloriosa nos círculos carnais.
Reconhece a necessidade do sofrimento purificador.
Anseia pelo sacrifício que redime.
Exalta o obstáculo que ensina.
Compreende a dificuldade que enriquece a mente e não pede outra coisa que não seja a lição, nem espera senão a luz do entendimento que a elevará nos caminhos infinitos da vida.
E, graças a Misericórdia Divina, obtém o vaso frágil de carne, em que mergulha para o serviço de rectificação e aperfeiçoamento.
Reconquistando, porém, a oportunidade da existência terrestre, volta a procurar as portas largas por onde transitam as multidões.
Fugindo das dificuldades, empenha-se no menor esforço.
Temendo o sacrifício, exige a vantagem pessoal.
Longe de servir aos semelhantes, reclama os serviços dos outros para si.
Lembremo-nos de que, como cristãos, em muitas ocasiões devemos estar contra a corrente dos preconceitos e prejuízos das convenções.
E que, conforme ensinou o Cristo, devemos nos esforçar por entrar pela porta estreita, a porta que dará acesso à felicidade almejada por todos nós.
O caminho normal é viver com todos. No entanto, vez por outra é imperioso nadar em sentido contrário...

Pensemos nisso!

Momento Espírita, com base no cap. 39, do livro Bem-aventurados os simples, pelo Espírito Valerium, psicografia de Waldo Vieira e no cap. 20, do livro Vinha de luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ambos ed. FEB.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty Sejamos...

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 31, 2017 8:17 am

Se você não puder ser um pinheiro no topo da colina, seja um arbusto no vale – mas seja o melhor arbusto à margem do regato.
Seja um ramo se não puder ser uma árvore.
Se não puder ser um ramo, seja um pouco de relva, e dê alegria a algum caminho.
Se não puder ser um perfume raro, seja então apenas uma tília; porém, a tília mais cheia de vida do lago.
Não podemos ser todos capitães, temos de ser tripulação.
Há alguma coisa para todos nós aqui.
Há grandes obras e outras menores a realizar.
E é a próxima a tarefa que devemos empreender.
Se você não puder ser uma estrada, seja apenas uma senda.
Se não puder ser o sol, seja uma estrela.
Não é pelo tamanho que terá êxito ou fracasso.
Mas seja o melhor que puder, independentemente do que seja.

Fazer a diferença no mundo não quer dizer fazer grandes coisas.
Claro que temos os que, dentre nós, seremos os grandes realizadores, os capitães, os líderes, os exemplos, porém, a grande maioria de nós é tripulação.
Mas, lembremos que uma tripulação pode afundar um navio se assim o quiser.
Todos somos importantes e temos nossas tarefas, nossas missões e responsabilidades.
Em nossas esferas de actuação podemos fazer muito, pouco ou nada.
O convite é para que sejamos mais.
Mais amáveis, mais responsáveis, mais amigos, mais civilizados.
Sejamos a mudança que queremos tanto ver no mundo, nos poderosos, cujo comportamento tanto rechaçamos, na sociedade doente que criticamos duramente.
Construamos ao nosso redor esse mundo novo, iniciemos em nossa família uma vida nova, com novos hábitos, novas regras e novas disposições.
Sejamos diferentes. Sejamos estranhos.
Sejamos motivo para comentários dos que não saem da mesmice dos dias iguais e dos comportamentos de massa.
Sejamos amorosos com todos, independentemente da forma com que sejamos tratados.
Sejamos firmes, sem sermos rudes. Tenhamos paciência.
Não deixemos que nada nem ninguém roube a nossa tão preciosa paz.
Sejamos optimistas, mas não tolos.
Carreguemos o optimismo inteligente de quem sabe que o Universo é regido por leis perfeitas, de quem sabe que no aparente caos há uma Ordem Invisível tomando conta.
Sejamos fortes, mas saibamos pedir ajuda sem medo.
Humildade é sinal de grandeza de alma.
Sejamos caridosos, o que significa sermos benevolentes, indulgentes e misericordiosos.
Um pouco mais a cada dia.
Somos uma construção de séculos, milénios.
Essa vida é mais uma etapa dessa grande edificação que somente está ficando mais alta.
Sejamos atenciosos.
Percebamos tudo ao nosso redor: a natureza, os movimentos, as pessoas. Principalmente, as pessoas.
Elas precisam de atenção.
Precisam de alguém que pare e as ouça, que saia de seu individualismo ensurdecedor, retire seu fone de ouvido e diga: Pode falar, estou ouvindo...
Sejamos o melhor que pudermos, dentro das nossas possibilidades.
Façamos a nossa parte, sem nos preocuparmos se os outros estão fazendo a deles.
O convite é para nós, para cada um de nós.

Momento Espírita, com base em poema, do livro Be the best whathever you are, de Douglas Malloch, ed. The Scott Dowd Company.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty Amor sem preço

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 01, 2017 10:26 am

Havia um garoto que, nos seus quase oito anos, adquirira um hábito nada salutar.
Tudo para ele se resumia em dinheiro.
Queria saber o preço de tudo o que via.
Se não custasse grande coisa, para ele não tinha valor algum.
Nem se apercebia o pequeno que há muitas coisas que dinheiro algum compra.
E dentre essas coisas, algumas são as melhores do mundo.
Certo dia, no café da manhã, ele teve o cuidado de colocar sobre o prato da sua mãe um papelzinho cuidadosamente dobrado.
A mãe o abriu e leu:
Mamãe me deve: por levar recados - três reais; por tirar o lixo - dois reais; por varrer o chão - dois reais; extras - um real.
Total que mamãe me deve: oito reais.
A mãe espantou-se no primeiro momento.
Depois, sorriu, guardou o bilhetinho no bolso do avental e não disse nada.
O garoto foi para a escola e, naturalmente, retornou faminto.
Correu para a mesa do almoço.
Sobre o seu prato estava o seu bilhetinho com os oito reais.
Os seus olhos faiscaram.
Enfiou depressa o dinheiro no bolso e ficou imaginando o que compraria com aquela recompensa.
Mas então, percebeu que havia um outro papel ao lado do seu prato.
Igualzinho ao seu e bem dobrado.
Abriu e viu que sua mãe também lhe deixara uma conta.
Filhinho deve à mamãe: por amá-lo - nada.
Por cuidar da sua catapora - nada.
Pelas roupas, calçados e brinquedos - nada.
Pelas refeições e pelo lindo quarto - nada.
Total que filhinho deve à mamãe - nada.
O menino ficou sentado, lendo e relendo a sua nova conta.
Não conseguia dizer nenhuma palavra.
Depois se levantou, pegou os oito reais e os colocou na mão de sua mãe.
A partir desse dia, ele passou a ajudar sua mãe por amor.

Nossos filhos são Espíritos que trazem suas virtudes e suas paixões inferiores de outras existências.
Cabe-nos examiná-las para auxiliá-los na consolidação das primeiras e no combate às segundas.
Todo momento é propício e não deve ser desperdiçado.
As acções são sempre mais fortes que as palavras.
Na condução dos nossos filhos, cabe-nos executar a especial tarefa de agir sempre com dignidade e bom senso, o que equivale a dizer, educar-nos.
Com excepção dos filhos extremamente rebeldes, uma boa dose de amor somada à energia, sempre dá bons resultados.

É no lar que recebemos os primeiros ensinamentos sobre as virtudes.
Na construção do senso moral, dos conceitos de certo e errado são muito importantes os exemplos dados pelos pais.
É no doce mundo familiar que se adquire o hábito da virtude que nos guiará as acções quando sairmos mundo afora.

Momento Espírita.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty Caminhar juntos

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 02, 2017 10:38 am

Ao nos casarmos, decidimos caminhar com alguém ao nosso lado.
Mas é necessário entender que caminhar lado a lado não é dar os mesmos passos.
Caminhar juntos pode apresentar descompassos, tropeços ou mesmo algumas paradas vez ou outra para ajuste dos passos.
Isso porque nós e o caminho vamos modificando na medida que os passos vão se desdobrando.
A estrada se descortina com suas surpresas, próprias de trechos ainda não percorridos.
Naturalmente, no transcorrer do percurso, bifurcações surgem, nos obrigando a tomar decisões, escolher para que lado seguir.
Se, individualmente, temos opções a fazer, diante das encruzilhadas que a vida nos oferece, podendo realizar escolhas pessoais, a vida a dois igualmente apresenta tais momentos.
E se nosso desejo é caminharmos um ao lado do outro, importante que optemos pelas mesmas direcções nessas oportunidades.
Assim, as decisões deverão ser tomadas de comum acordo, para que não nos distanciemos um do outro ao longo da jornada.
Nesse caminhar decidiremos o tamanho da família que queremos ter, as datas propícias para o seu crescimento, como será a educação dos filhos.
Tomaremos, ainda, decisões importantes relativas à vida profissional de ambos, dos bens a adquirir, e outras que se fizerem presentes.
Quando não existir o diálogo franco, pela falta de ouvir o outro ou não ceder nos propósitos pessoais, é comum os cônjuges optarem por caminhos diferentes.
Dessa forma, seguem individualmente, como se sozinhos estivessem, e não percebem que o outro não mais caminha ao seu lado.
Haverão de se dar conta muitos passos adiante, muito tempo depois, de que estão caminhando a sós.
É quando surgem os desentendimentos, as discussões tolas, por tudo e por qualquer coisa.
Caminhar juntos é cuidar um do outro, é prestar atenção na direcção dos próprios pés para que não se distanciem de quem está ao lado.
Importante lembrar que nenhum de nós é obra acabada a ser descoberta aos poucos pelo outro.
Somos obra em construção, modificada, alterada e estruturada a cada dia.
Ocorre, por vezes, que mesmo depois de anos de caminhada, nos surpreendemos com as acções ou reacções do outro.
Descobrimos, então, que não conhecemos verdadeiramente quem há tanto tempo está ao nosso lado.
Por isso é necessário atentar para os passos, mas também aprender a ler nos olhos.
Será através dessas janelas da alma que conseguiremos penetrar a intimidade do cônjuge.
Por outro lado, também devemos permitir que ele nos leia nos olhos, que nos examine a alma.
Dessa forma, caminhar lado a lado será mais simples porque iremos acompanhando as mudanças íntimas, a conquista dos valores, os desejos e os sonhos um do outro.
Muitos desistem da caminhada.
Outros tantos se permitem afastamentos e passam a seguir sozinhos.
Não raro são aqueles que se perdem, em uma bifurcação qualquer.
Será sempre valioso aprendizado se, atentos ao caminhar, seguirmos pela longa estrada, vencendo tropeços, acertando passos e escolhendo juntos os caminhos.
Portanto, sigamos com atenção para que juntos possamos estabelecer belo e venturoso percurso e, finalmente, cheguemos ao destino que ambos idealizamos, em uma data qualquer.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty Vontades imperfeitas

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 03, 2017 11:48 am

Por que a vontade de Deus não é a nossa vontade?
Com certeza muitos de nós já fizemos esta pergunta.
Os acontecimentos se sucedem em nossas vidas e nem sempre gostamos ou com eles concordamos.
Desejaríamos que fossem diferentes.
Mas, se aprendemos que tudo acontece sob o comando divino, que Deus tudo vê e a todos ampara, por que tantas vezes nos comportamos dessa forma?
Se já conseguimos entender que Deus é infinitamente bom e justo, perfeito em Suas acções e que tudo que dEle emana tem o cunho da perfeição, tudo visa o nosso bem, por que, então, ainda não concordamos?
Muitos de nós, quando passamos por reveses mais intensos, chegamos até a negá-lO, dizendo desacreditar da Sua existência.
Outros, apelamos para reclamações, maldizendo o que nos acontece, tal a nossa discordância, muitas vezes envolta em cólera e revolta.
Porém, a vontade de Deus é de tal forma ideal, que Jesus, ao orar, ensina-nos a pedir que seja feita a Sua vontade, e não a nossa.
Ainda assim, desatentos do que afirmamos em oração, não raro queremos que seja feita a nossa vontade, e não a do Pai.
E indagamos: Porque Deus permite que o anjo da morte arranque de nosso convívio aqueles que antes embalávamos nos braços?
Que a doença rapidamente mine a saúde do corpo, perfeito e cheio de vigor?
Porque permite que nossa vida sem dificuldades se transforme em escassez, enquanto a carência, como melodia monótona, passe a nos guiar os passos?
Quantos de nós já nos pegamos fazendo esses e outros tantos questionamentos com os olhos voltados ao firmamento.
Embora os conhecimentos já adquiridos, por que tanta dificuldade para entender as coisas de Deus?
Qual a razão de ainda não aceitarmos aquilo que a vida nos apresenta e que não conseguimos mudar?
Como a criança que se rebela em ir à escola, desejando permanecer nos folguedos infantis, somos nós a analisar as coisas de Deus.
Nosso olhar ainda é imaturo.
Queremos uma vida de facilidades, tranquilidade e despreocupação.
Dias sem tribulações, sem reveses, sem dores.
Esquecemos de que são exactamente esses dias de tempestade que nos oferecem as melhores lições.
Não percebemos que as dores transitórias são oportunidades valiosas para a aquisição de valores nobres para o Espírito imortal que somos.
Assim, aprendamos a consolidar nossa fé em Deus e no entendimento de que devemos agir buscando o melhor para nossa alma.
E nos conscientizemos de que haverá momentos em que, alheias à nossa vontade, dores irão surgir, perdas irão acontecer, dificuldades nos chegarão.
Nessas horas, pensemos que a vontade de Deus continua sendo sábia, coerente e justa.
Se ainda não a entendemos, aguardemos. Esperemos o transcorrer dos dias.
Logo mais, quando nosso entendimento de Deus e da vida forem mais profundos, concluiremos que a Providência Divina nunca nos abandonou, e que Deus, sábia e amorosamente, cuida sempre, de cada um de nós.

Momento Espírita.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty Quem nos vê?

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 04, 2017 9:12 am

Conta-se que, certa vez, um agricultor cujos campos não produziam, optou por roubar trigo dos seus vizinhos.
Imaginou que se retirasse um pouco de trigo de cada campo, ninguém haveria de perceber.
E ele teria com que se alimentar e à família.
Quando a noite chegou, tomou da filha, uma menina de dez anos e foi ao campo de trigo do vizinho mais próximo.
Filha, – ele sussurrou – você fica de guarda.
Se enxergar alguém, me avise logo.
Mal iniciara a colheita, ouviu a garota gritar:
Papai, alguém está vendo você!
Assustado, ele olhou ao redor. Não viu ninguém.
Amarrou rapidamente o trigo que recolhera e foi para o segundo campo.
Logo a criança tornou a gritar:
Papai, alguém está vendo você!
Ele parou. Não havia ninguém à vista.
Amarrou o trigo roubado e rumou para o terceiro campo.
De imediato, a menina gritou:
Papai, alguém está vendo você!
Irritado, ele foi para junto da filha e falou:
Por que você fica dizendo que alguém está me vendo?
Não há ninguém por perto. Ninguém nos vê.
Num murmúrio, como se temesse ser ouvida por mais alguém, a menina disse:
Há sim, papai. Deus está vendo o que você faz.
Ele tudo vê. Não importa seja noite escura, sem lua.
Não importa que você faça escondido. Ele vê.
Quantas vezes, em nossas vidas, temos agido como o agricultor da história?
Realizamos acções às ocultas dos olhares humanos e imaginamos que ninguém jamais saberá o que fizemos.
Assim urdimos a calúnia, enganamos o próximo, armamos intrigas.
E que dizer dos crimes contra a vida, cometidos em salas fechadas, em noites escuras?
Aborto, eutanásia, violências no lar.
Ainda somos daqueles que imaginamos que o mal não tem importância, desde que ninguém saiba que o cometemos.
No entanto, embora possamos passar impunes pelas leis dos homens, que não nos descobrirão os feitos covardes, a Divina Justiça tudo vê e anota.
Um dia, de consciência desperta, haveremos de responder perante a Lei Maior por tudo o que de errado fizemos.
E a justiça da Lei determina que seja dado a cada um conforme as próprias obras.
A chaga que abrimos na alma de alguém pode lhe ser luz e renovação.
Mas para nós, os causadores da dor, será sempre chaga de aflição a nos pesar na vida.
A injúria que lançamos aos semelhantes é chibata mental que nos chicoteia.
Porque cada consciência vive dentro dos seus próprios reflexos, evitemos o mal, mesmo porque todo o mal que fizermos aos outros é mal para nós mesmos.
A fé raciocinada nos revela que nenhuma acção passa despercebida, que nada é desconsiderado na Contabilidade Divina.
Se acreditarmos nisso, com certeza agiremos melhor, para nossa própria felicidade.

Momento Espírita, com base no cap. Alguém está vendo você, de O livro das virtudes para crianças, de William J. Bennett, ed. Nova Fronteira e no cap. 47, do livro Justiça Divina, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty Cantando saudades...

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 05, 2017 8:06 am

É comum nos darmos conta do valor de quem conviveu próximo a nós, quando essa pessoa realiza a sua viagem para o Grande Além.
É como se de repente tudo o que ela representava nos assomasse à memória, numa sucessão de cenas.
É o momento em que temos, ao lado do sentimento de perda física, um misto de arrependimento por não termos usufruído um tanto mais daquela presença.
E, na medida que ouvimos comentários de outros a respeito dos benefícios realizados por aquele que se foi, da influência salutar de sua vida em outras vidas, mais aumenta esse sentimento de quem perdeu alguém muito precioso.
Alguém que nem sabíamos que nos faria tanta falta.
Possivelmente, iremos recordando e repassando uma vez, e mais outra, os momentos vividos ao seu lado, os conselhos recebidos, as histórias ouvidas.
E, ao lado do arrependimento por ter deixado passar tantas oportunidades, uma leve tristeza nos toma a alma.
Uma saudade dolorida se instala.
Talvez sentindo exactamente isso, é que aquele compositor escreveu:
Naquela mesa ele sentava sempre e me dizia o que é viver melhor.
Naquela mesa ele contava histórias que hoje na memória eu guardo e sei de cor.
Naquela mesa ele juntava gente e contava contente o que fez de manhã.
E nos seus olhos havia tanto brilho que mais que seu filho eu fiquei seu fã.
E descrevendo a dor da ausência, continua nos versos seguintes:
Eu não sabia que doía tanto uma mesa num canto, uma casa e um jardim.
Sim, todo lugar que olhamos, grita a ausência daquela presença que conferia um toque especial a cada recanto.
A mesa, materialmente falando, é a mesma.
No entanto, falta-lhe brilho, porque o amigo, o familiar, o amado não está ali.
A casa, o jardim tudo pode continuar a ser conservado, cuidado.
Mas tiveram diminuídos seus valores porque quem os abrilhantava, não mais se faz presente.
É a ausência do riso, da fala, da alegria, da voz.
Conforme o inspirado compositor:
Hoje ninguém mais fala do seu bandolim...
Naquela mesa está faltando ele e a saudade dele está doendo em mim.

A saudade é recíproca. Quem fica a sente intensificar a cada dia.
E quando pensa que não poderá doer mais, descobre que o peso daquela ausência ficou muito maior.
Por outro lado, os que partem também sentem saudades.
Saudades do ninho onde foram felizes, das brincadeiras com os filhos, dos mil nadas do matrimónio, que fazem a grande diferença.
Eles, de certa forma, se ressentem, quando nos visitam, nos abraçam, nos enviam todo o seu amor em vibrações e nós não os percebemos.
Nunca será demais insistirmos em como se faz de importância, nesse mundo de transitoriedades, usufruirmos da companhia dos amores, enquanto estamos a caminho com eles.
Gravar na retina da alma os momentos de felicidade.
Os primeiros passos do filho, as alegrias das festas em família, o aconchego do lar.
Pensemos nisso e não percamos essas oportunidades que enchem a alma, hoje.
E, amanhã nos servirão para abrandar a imensa saudade das ausências...

Momento Espírita, com citação de versos da música Naquela mesa, de Sérgio Bittencourt.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty Brasil de todos nós

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 06, 2017 8:35 am

Há de chegar um tempo em que o Brasil de todos nós será um país de paz.
Um país onde não haja a miséria de recursos amoedados, nem a ignorância das letras.
Onde todos trabalhem e haja trabalho para todos.
Os que não necessitem dos valores salariais, trabalhem pelo bem geral, em voluntariado de amor.
Há de chegar um tempo em que derrubaremos os muros dos quintais, não mais cultivando o medo.
E abraçaremos o vizinho como um irmão.
Um tempo onde as crianças voltem a correr pelos parques, nos dias de sol.
Crianças que possam ir e vir das escolas, sozinhas ou em grupos, enchendo as ruas de risos, corridas, alegria.
Ah, Brasil, como te desejo grande!
Maior do que teu território.
Um Brasil sem fronteiras internas, onde os filhos do Norte e os do Sul falem a mesma linguagem, a do bem.
Onde os sotaques, os regionalismos sejam preservados, como essa diversidade sadia, característica do grande mundo de Deus.
Mas onde o idioma único seja o da fraternidade.
Irmãos do leste e do oeste trabalhando pela mesma grandeza da nação.
Haverá de chegar um tempo, que pode ser já, se você e eu começarmos hoje a estender a mão ao vizinho e o saudar com um bom dia, amigo!
Um tempo em que os estádios ficarão lotados com pessoas cujo objectivo é assistir um bom jogo de futebol. Um jogo onde o importante não será quem leve a taça, mas aquele que demonstre a mais apurada técnica, a melhor habilidade e a mais fina ética.
Um tempo em que as salas de teatro se abram para todos, crianças, jovens, adultos, idosos para assistir o drama e a tragédia em elaboradas peças.
Assistir o cómico, rindo com prazer.
Também para ouvir a música dos imortais, o cancioneiro popular, as baladas do coração.
Haverá de chegar um tempo em que música também se ouvirá nas praças, nos parques, nas estações de trem, nos terminais de ónibus.
Então, em vez de ansiedade e preocupação, a alma se extasiará com a harmonia das notas, em escalas crescentes e decrescentes, com as melodias compostas com a mais delicada sensibilidade.
Quisera que esse dia chegasse logo para não mais ver lágrimas de mães pranteando filhos prisioneiros, mas sim deixando escorrer o pranto da emoção pelas conquistas dos seus rebentos.
Quisera que esse dia chegasse logo para ver mais sorrisos e menos dores; mais justiça e menos demagogia.
Quisera que esse dia chegasse logo para, no dia da pátria, contemplar com emoção o pavilhão nacional tremular ao vento, mostrando suas cores, com especial destaque para o branco da paz.

E, então, cantar o hino pátrio com todo vigor:
Terra adorada, entre outras mil,
És tu, Brasil, ó pátria amada!
Dos filhos deste solo, és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

Momento Espírita.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty Independência do Brasil

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 07, 2017 8:56 am

Sete de setembro. Feriado nacional. Dia da Independência do Brasil.
Por todo o país se fazem presentes as comemorações.
São desfiles militares, escolares, civis.
Discursos, bandas, orquestras.
Evoca-se 1822, em verso e prosa.
Enaltece-se Dom Pedro I como o libertador.
Desde a sua audaciosa desobediência às determinações da metrópole portuguesa, não regressando a Portugal, estava proclamada a Independência do Brasil.
O príncipe tinha suas noites povoadas de sonhos de amor à liberdade.
Desenvolvia no Espírito as noções da solidariedade humana.
Não representava o tipo ideal necessário à realização dos projectos espirituais, mas era voluntarioso. E ele era a autoridade.
Os patriotas já não pensavam noutra coisa que não fosse a organização política do Brasil.
A imprensa da época concentrava as energias nacionais para a suprema afirmação da liberdade da pátria.
As pessoas viviam a expectativa. Todos os corações aguardavam.
Então, no retorno da sua viagem a São Paulo, um correio leva ao conhecimento de Dom Pedro as novas imposições das cortes de Lisboa.
Ali mesmo, nas margens do Ipiranga, ele deixa escapar o grito: Independência ou morte!
Sem suspeitar, Dom Pedro I era dócil instrumento de um emissário Divino, que velava pela grandeza da pátria.
Consumou-se o facto e, logo, os versos do Hino da Independência eram cantados:
Já podeis da pátria filhos, ver contente a mãe gentil.
Já raiou a liberdade, no horizonte do Brasil.
A Independência do Brasil foi fruto do intenso trabalho das hostes espirituais junto aos homens.
Muitos homens deram a vida por este ideal.
São passados cento e noventa e cinco anos da nossa independência.
Olhamos o nosso imenso país, um gigante geográfico e nos indagamos: Somos realmente livres?
A verdadeira independência é moral.
Enquanto prosseguem vigentes o jeitinho brasileiro e a lei de Gerson não seremos livres.
Quando assumirmos nosso papel de homens dignos, correctos, fiéis aos nobres ideais, seremos livres.
Quando o estandarte da solidariedade e da tolerância se implantar em nossos corações, a nossa bandeira verde e amarela tremulará mais bela.
Quando estendermos os braços para o bem da comunidade, as estrelas do pano pátrio brilharão com maior intensidade.
Quando a ordem e a disciplina se instalarem nas acções de todos nós, o branco do pavilhão nacional terá alcançado o verdadeiro sentido: a paz.
Para que o progresso real se instale, é necessário que as individualidades cresçam.
A soma das conquistas pessoais resultará no crescimento colectivo.
Hoje é um excelente dia para se propor a trabalhar pelo nosso gigante.
Dizem que está adormecido, mas só porque os seus filhos dormem.
A mãe gentil que nos recebe nesta etapa da vida no planeta merece-nos o esforço.
Se quisermos, e só se quisermos, poderemos tornar verdadeira, desde agora a assertiva espiritual: Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho.
Coração que pulsa, que ama, que não relega ao abandono os seus filhos.
E tanto quanto pode, recebe e ampara os filhos de outros solos.
Pátria do Evangelho que irradia o bem, que serve de modelo, que luta pela justiça, pela verdade.
Independência moral. Crescimento real.
Vamos todos começar neste dia a lutar por tais objectivos?
Relatam as tradições espirituais que Tiradentes, morto em 1792, continuou após a sua morte, a trabalhar pela Independência do Brasil.
Ele estava com o príncipe regente Dom Pedro no grito do Ipiranga.
Isso demonstra que os Espíritos, mesmo abandonando a carne, prosseguem nos ideais abraçados.
Os Espíritos, como os homens, amam o torrão que lhes serviu de berço, se interessam pelas colectividades, trabalham pelo bem geral.

Momento Espírita, com base nos cap.18 e 19 do livro Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho, pelo Espírito Humberto de Campos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty Pedi e recebereis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 08, 2017 9:21 am

É bastante conhecida a passagem evangélica na qual Jesus afirma: Pedi e recebereis.
Não é possível ver em tal afirmativa a negação da lei do trabalho.
Pedir não significa a mera formulação de cómodas e insensatas rogativas.
Quem pede precisa fazer a sua parte, a fim de merecer o auxílio Divino.
Não é viável acreditar que a fé e o pedir eximam o homem de seus deveres materiais.
Afinal, quem deseja seguir o Cristo necessita carregar a própria cruz.
As dificuldades inerentes ao viver burilam e fortalecem o carácter.
O estudo desenvolve a inteligência.
O trabalho bem desempenhado permite o amealhar de variadas virtudes, como disciplina e paciência.
Desde o princípio, os cristãos são chamados a dar o testemunho de sua fé.
Durante algum tempo, o acto de testemunhar implicou abrir mão da vida física.
O cristianismo desviou o foco das expectativas religiosas, que deixaram de se cingir à vida terrena.
Não se tratava mais de cumprir preceitos para viver longo tempo ou triunfar em questões materiais.
Mediante as palavras do Cristo, começou a se disseminar a ideia de vida futura, após a morte física.
Em tempos de ignorância e crueldade, os cristãos demonstravam o vigor de sua fé no martírio.
Enfrentavam a morte no circo das feras entoando cânticos de louvor.
Atestavam sua fé na vida futura com a disposição de abdicar da existência física por um ideal.
Esse corajoso proceder não deixou de produzir frutos.
Era impossível deixar de se impressionar com tais espectáculos de coragem.
Pouco a pouco, o cristianismo ganhou o mundo e o testemunho mudou de forma.
Hoje não é mais necessário morrer pela fé.
O desafio actual é viver o ideal cristão.
Não se trata de dar a vida em um instante, num espectáculo sangrento.
Cuida-se de viver com dignidade longos anos, sem se corromper, sem odiar, sem se agastar com a maldade alheia.
Ninguém cogita de menosprezar a coragem dos primeiros cristãos.
Mas a tarefa actual não é menos importante e difícil.
A todo instante, os convites do mundo surgem sedutores.
Os exemplos de desonestidade campeiam.
Levar vantagem parece quase normal.
A vulgaridade no vestir e no falar tornam-se um padrão.
A sexualidade desvairada e inconsequente contamina e banaliza as relações.
Sob a justificativa de carência, as pessoas se permitem indignidades sem nome.
É preciso coragem e perseverança para ser diferente.
Para permanecer puro em meio à podridão.
Para ser honesto e não buscar vantagens indevidas.
Para não odiar quem semeia desgraças e violências.
Para cumprir o próprio dever sem titubear, independentemente do que fazem os outros.
É preciso muita fibra moral para seguir os exemplos do Cristo.
Em meio às dificuldades inerentes ao viver cristão, surgem consoladoras as palavras do Messias Divino: Pedi e recebereis.
A quem se esforçar com sinceridade para vencer as tentações mundanas, não faltará auxílio.
Ciente disso, faça a sua parte.
Esforce-se sinceramente em ser puro, trabalhador, honrado e generoso.
E conte com o auxílio Divino para vencer todas as tentações.

Momento Espírita.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty A necessária convivência familiar

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 09, 2017 10:37 am

A paixão daquela avó era se ver rodeada pelos netos atentos, contando-lhes histórias e histórias.
E os pequenos adoravam fazer perguntas e mais perguntas.
Certa tarde, ela começou a falar sobre sua infância, tão diferente da vivida por eles.
Confessou que sentia saudades de muitas coisas e situações que não se repetiam na actualidade:
O fogão, em minha casa, era feito de tijolos e barro, para queimar lenha.
Todas as manhãs, fazia tanta fumaça até acender, que dava vontade de chorar.
Enquanto a água fervia para fazer o café, o leiteiro anunciava sua chegada, no portão de casa, com os galões de leite fresquinho, recém tirado das vacas.
O pão era feito por minha mãe e assado no forno de lenha.
Ficava delicioso com manteiga purinha. Nunca mais comi pão igual.
Sentávamos todos ao redor da mesa grande.
Mamãe ia nos servindo e meu pai fazia uma oração.
Depois que nos alimentávamos, cada qual seguia seu rumo.
Papai saía para o trabalho, os maiores iam para a escola.
Mamãe ficava em casa, cuidando dos pequenos, limpando, cozinhando.
O encontro seguinte era no horário do almoço em família.
E, depois da tarefa escolar realizada, podíamos brincar no quintal.
Um balde de água era posto no fogão para aquecer o banho de caneca, que tomávamos ao anoitecer.
Depois do jantar, à luz do lampião, ficávamos sentados ao redor de meu pai, ouvindo as histórias fantásticas, com que nos alimentava a imaginação.
À medida que o sono ia nos alcançando, éramos recebidos pelos colchões de palha de milho, desfiada.
E dormíamos, entre brancos lençóis.
Parece conto de fadas, diziam sorrindo, as crianças...

A transformação da vida se fez muito grande na última metade de século.
Fogões a gás, eléctricos, micro-ondas substituíram o fogão a lenha, que tanto trabalho e sujeira causava.
O leite ordenhado e entregue no portão, todas as manhãs, agora é encontrado em várias formulações nos supermercados.
Pães das mais variadas composições satisfazem a todos os gostos.
A mesa grande, onde a família se reunia, orava, conversava e se alimentava, é pouco utilizada, considerando-se a correria e os horários desencontrados.
Brincar no quintal é praticamente impossível, pois os espaços diminuíram sensivelmente.
E o banho é com chuveiros e duchas modernas.
Colchões de espuma, de mola, de ar ocupam as camas da actualidade.
De facto, foi grande a mudança.
Desde que a electricidade foi alcançando todas as regiões, a tecnologia nos presenteou com centenas de máquinas e artefactos para facilitar nossas vidas.
O tempo, antes apenas voltado para a sobrevida, hoje nos é oferecido largamente.
E, são exactamente essas horas que a modernidade nos oferece as que devemos melhor investir.
De um modo geral, ocupamos esse tempo nos vinculando a actividades de variada espécie.
É nesse pormenor que, por vezes, nos equivocamos, esquecendo da importância da convivência familiar.
Esquecemos do tempo para conversar, dizer do que nos aconteceu, do que nos aborreceu ou nos alegrou.
Esquecemos das horas de estarmos juntos, de oferecermos abraços sem pressa, de nos perdermos nos braços uns dos outros, em doce e familiar aconchego.

Pensemos nisso.

Momento Espírita.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty No campo da vida

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 10, 2017 11:17 am

Se o Evangelho nos ensina que a árvore é conhecida por seus frutos, transformemos cada dia em planta preciosa de nossa oportunidade.
Para isso, meus irmãos, cada noite, indaguemos sobre o resultado de nossas horas.
Que frutos recolhemos de nossas conversações?
Que benefícios semeamos no espírito dos nossos semelhantes?
Que atitudes assumimos para com os nossos amigos?
Quantas vezes esquecemos o mal desculpando-lhes os portadores sinceramente?
Que serviços foram efectuados por nossas mãos?
Teremos sido uma presença proveitosa para quem nos segue?
Conseguimos extinguir, em torno de nossa lavoura espiritual, os vermes da maledicência e os gafanhotos da crueldade?
Como teremos vivido nossos minutos?
Como alguém que chora, perdendo o tempo, ou qual o servidor vigilante que conhece o valor dos segundos, na obra que lhe cabe fazer?
Quantas vezes teremos doado algo de bom aos outros, para poder pedir aos outros algo que nos auxilie?
Que espécie de exemplos estamos oferecendo?
Que resultados produzem a nossa conduta e o nosso esforço no ambiente doméstico e na área social?
Teremos fugido, durante o dia, ao gelo da preguiça e à ventania da cólera?
Estaremos valorizando o lugar que ocupamos, em nome do Senhor?
Não nos esqueçamos de semelhantes indagações e saibamos viver o bem, de maneira constante, porque cada dia é princípio de “Tempo Novo” para nossa alma e a Sabedoria Divina nos julgará, acima de tudo, não por nossas palavras vazias ou por nossos votos brilhantes, e, sim, pela produção de actos, com que nos expressamos no grande e abençoado caminho para a vida mais alta, porque, se o verbo é o elemento que nos define, as demonstrações e os fatos constituem a força que fala por nós, agora e incessantemente.

Do livro Reconforto, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty Religião

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 11, 2017 9:50 am

Todas as reuniões religiosas, seja qual for o culto a que pertençam, são fundadas na comunhão de pensamentos.
É aí que podem e devem exercer a sua força, porque o objectivo deve ser a libertação do pensamento das amarras da matéria.
Infelizmente, a maioria se afasta deste princípio à medida que a religião se torna uma questão de forma.
Disto resulta que cada um, fazendo seu dever consistir na realização da forma, se julga quite com Deus e com os homens, desde que praticou uma fórmula.
Resulta ainda que cada um vai aos lugares de reuniões religiosas com um pensamento pessoal, por sua própria conta e, na maioria das vezes, sem nenhum sentimento de confraternidade em relação aos outros assistentes.
Fica isolado em meio à multidão e só pensa no céu para si mesmo.
Por certo não era assim que entendia Jesus, ao dizer:
“Quando duas ou mais pessoas estiverem reunidas em meu nome, aí estarei entre elas.”
Reunidos em Meu nome, isto é, com um pensamento comum; mas não se pode estar reunido em nome de Jesus sem assimilar os Seus princípios, Sua doutrina.
Qual é o princípio fundamental da doutrina de Jesus?
A caridade em pensamentos, palavras e acções.
Mentem os egoístas e os orgulhosos, quando se dizem reunidos em nome de Jesus, porque Jesus não os conhece por Seus discípulos.
O isolamento religioso, assim como o isolamento social, conduz ao egoísmo.
Que alguns homens sejam bastante fortes por si mesmos, largamente dotados pelo coração, para que sua fé e caridade não necessitem ser revigoradas num foco comum, é possível.
Mas não é assim com as massas, por lhes faltar um estimulante, sem o qual poderiam se deixar levar pela indiferença.
Dissemos que o verdadeiro objectivo das assembleias religiosas deve ser a comunhão de pensamentos.
É que a palavra religião quer dizer “laço”.
Uma religião, em sua acepção larga e verdadeira, é um laço que religa os homens numa comunhão de sentimentos, de princípios e de crenças.

Esta é parte do discurso de Allan Kardec, em 1º de novembro de 1868, face à comemoração do Dia dos Mortos.
Ele assim orientava porque é importante que as pessoas se reúnam em assembleias para unirem os pensamentos, para vibrarem em uníssono pelos amores que já partiram.
Aproveita também para lhes falar de como a doutrina dos Espíritos entende a palavra religião.
Não como culto, com hierarquias, dogmas e cerimónias externas mas, como laço que nos une em fraternidade, em comunhão de pensamento e que precisa ter sua base na mais pura caridade.
Que possamos verificar em nossa vida se a religião não se tornou apenas uma casca, uma conveniência social.
Independente da crença que tenhamos, procuremos fazê-la nossa ligação com o Criador, com as questões mais graves da existência.
Que ela possa ser nossa libertação das amarras da matéria.
Nossa alma necessita de transcendência para sobreviver, para não sucumbir ao desânimo, à depressão, à falta de sentido existencial.
Encontremos esse laço na religiosidade e na religião verdadeira.
Uma ligação com a consciência cósmica, com o Pai.
Ligação perene, constante, que não depende de local ou situação.

Momento Espírita, com base no Discurso de Abertura – O Espiritismo é uma religião?, da Revista Espírita, de Allan Kardec, v. 11, de dezembro 1868, ed. FEB.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty O nome de Deus

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 12, 2017 8:28 am

Entre os povos que nos afirmamos deístas, é comum se ouvir expressões que se referem a Deus.
Há quem enuncie o nome de Deus por qualquer motivo. Ou sem motivo algum.
Outros dizem que usar o sagrado nome de Deus, por qualquer questão, é uma grande falta de respeito para com o Pai da vida.
Naturalmente, cada qual defende a sua ideia, cheio de razões, de explicações.
Como se fosse uma questão fundamental para a vida da sociedade.
Exceptuando-se o nome de Deus, temos o uso dos palavrões, das expressões de baixo calão, que encharcam as almas com vibrações negativas, pesadas.
De outra banda, os ímpetos da alma atormentada, as revoltas desatadas da intimidade de cada um, que se apresentam na convivência de muitos, costumam se mostrar por meio da pornografia.
Convenhamos que, observando uma e outra situação, bem melhor será que as pessoas se acostumem a falar de Deus.
Todo e qualquer comentário sobre o Criador dos mundos trará ondas de harmonia para quem o expresse.
E também para quem esteja em redor.
Uma interjeição simples, expressa numa sílaba, num gesto popular a respeito do Pai Criador, será sempre bem-vinda.
O impacto que a vibração de Deus impõe, traz consigo fluidos positivos e bons para a existência de todos nós.
Dessa forma, diante das discussões em torno do falar em Deus ou não utilizar Seu precioso nome, cabe a cada um de nós optar por continuar a falar em Deus.
A falar de Deus, a falar para projectar o Seu nome.
Não se discute a questão dos hábitos vazios.
Dos que falam por falar, sem repercussão no moral.
Mas isso é problema que não nos deve afectar.
Olhemos os céus e lembremos a glória de Deus.
Extasiemo-nos com as estrelas que cintilam, cantando a excelência de Deus e pronunciemos Seu nome, em gratidão.
Abramos as janelas, pela manhã, saudando o novo dia, enaltecendo o nome de Deus, que nos permite viver mais um dia na Terra.
Abracemos nossos filhos e lhes recordemos o nome de Deus, Providência Excelsa que nos sustenta a vida, todos os dias.
Escrevamos uma mensagem de optimismo a alguém e lembremos de invocar o nome de Deus, desejando-lhe paz.
Oremos em favor de quem padece as dores da solidão, da detenção, da perseguição dos homens e lhe lembremos o nome de Deus, causa de todas as causas.
Ante os sofrimentos atormentadores, falemos em Deus, a explicação de todas as explicações, de todas as teses.
Enlevados pela música que nos conduz a estados especiais da alma, tenhamos em mente o nome de Deus, que criou a harmonia, a estesia.
Encantados pela cadência dos versos de uma poesia, de um poema; agradecidos pela luz dos nossos olhos, pelo som da nossa voz, pela amplidão das riquezas naturais que nos envolvem, falemos em Deus.
Felicitados com o amor de um esposo, de uma mãe, de um irmão, de um amigo, agradeçamos a Deus pelo sentimento que nos invade.
Enfim, busquemos sintonizar Deus com nosso psiquismo, ao mesmo tempo que vivenciamos as mais profundas emoções, os sentimentos mais luminosos, as estesias mais felizes.
O nome de Deus, seja falado, escrito ou pensado, logo que é também sentido, imprime em nós imensas alegrias, profundos enlevos e sublime registo da paz.

Momento Espírita, com base no cap. A paz do nome de Deus, do livro Em nome de Deus, do Espírito José Lopes Neto, psicografado por Raul Teixeira, ed. Fráter.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty Os dois montes

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 13, 2017 10:25 am

No ano 100 a. C., foi edificada a fortaleza de Massada, nome derivado desse imenso planalto na Cordilheira da Judeia.
Toda a região era árida, o clima hostil e ardente.
Poucas vezes, as chuvas amenizavam o tormento das pedras calcárias que os ventos e as poucas torrentes cavavam, produzindo abismos.
O deserto da Judeia pode ser comparado a muitos sentimentos humanos, nos quais não brotam as delicadas expressões da gentileza, do amor, da compaixão ou da solidariedade.
Na solidão do deserto são inevitáveis a morte ou a comunhão com a Divindade.
Após a queda de Jerusalém, algumas centenas de pessoas buscaram abrigo em Massada.
Então, oito mil soldados sitiaram a fortaleza.
Depois de vários meses, conseguiram penetrar a forte muralha.
Mas, as novecentas e setenta pessoas, entre crianças, mulheres e homens haviam sido mortas e o autor se suicidara.
Tudo para não se renderem aos romanos.
Sobreviveram à tragédia duas mulheres e cinco crianças, que se esconderam, e mais tarde narraram o acontecimento pavoroso.
Massada passou para a História como o triunfo, a vitória da liberdade sobre a escravidão, pela prática generalizada de crimes de homicídio e suicídio.

Na fértil e verde Galileia existe um monte de menor altura de onde se contempla o mar generoso e rico de peixes.
A natureza ali é alegre, as flores desabrocham.
Tudo fala de vida social pacífica, de amizade, de lutas e de esforços para a sobrevivência no dia a dia existencial.
O rio Jordão é o responsável por aquele abençoado mar, que as barcas atravessam de um lado para o outro entre as inúmeras cidades que o embelezam, como pérolas num colar.
Nesse local, Jesus ensinou as mais valiosas lições da Sua doutrina.
As bem-aventuranças tornaram-se o hino internacional de beleza e de misericórdia, de vida exuberante e de esperança, de emoções sublimes e de venturas.
O poema tomou conta das mentes e dos corações dos simples em espírito, dos mansos e pacíficos, dos esfaimados e sedentos de paz e justiça, dos misericordiosos, dos perseguidos.
Aquela região é abençoada pela beleza e pelo perfume de uma quase eterna primavera, com lembranças felizes e alegrias renováveis.
No monte das bem-aventuranças o verde continua e a suave melodia, que ali foi cantada, permanece engrandecendo as vidas que se movem em sua volta como símbolo de grandeza do amor.
Ali foram estabelecidas as bases éticas e morais da doutrina de Jesus.
Nunca mais se ouviu nada que se igualasse ao que ali foi apresentado.
Na sociedade terrestre existem pessoas que fazem recordar Massada, temida e detestada, dominadas pela força bruta e pela ambição desmedida.
Também existem pessoas que são semelhantes às paisagens do outro monte, o das venturas excelsas, da generosidade ímpar, da renúncia e da abnegação, do sacrifício da própria vida em favor do seu irmão.
Massada continua ardente quase sempre ou gelada nos dias frios do inverno.
O monte esperança permanece agasalhador e vital para o ser humano, ameno e gentil, evocando o amor.
O que somos nós: o monte árido ou o monte da esperança?

Pensemos nisso.

Momento Espírita, com base na mensagem Dois montes, dois destinos, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, em 28 de janeiro de 2014, em Jerusalém, Israel.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 14, 2017 8:36 am

Quando o duque de Windsor era príncipe de Gales, teve que dar uma volta pela América do Sul.
Antes de partir para tal viagem, passou meses estudando espanhol, com o objectivo de poder fazer discursos em público, no idioma dos países que visitava.
Obviamente, os sul-americanos gostaram mais dele por isso.
Um antigo actor da Broadway, certa vez foi entrevistado por um estudioso, que pesquisava a origem do carisma das pessoas.
Perguntando ao artista qual poderia ser a possível razão de ser tão querido pelo público, esse lhe respondeu:
Cada vez que entro em cena, ainda digo a mim mesmo:
- Estou muito grato porque esta gente veio me ver.
A sua presença faz com que minha vida corra de um modo agradável.
E, com certa emoção nas palavras, terminou afirmando:
- Vou dar-lhes, pois, o melhor que me for possível.
Conta-se também que, certa feita, Theodore Roosevelt foi à Casa Branca, quando já não era mais o presidente dos Estados Unidos.
Sua sincera estima pelas pessoas humildes ficou patente, quando saudou todos os antigos empregados da Casa Branca pelos seus nomes, mesmo as serventes que lavavam louça na cozinha.
Quando viu Alice, a empregada da cozinha, perguntou-lhe se ainda fazia pão de milho.
Alice respondeu que algumas vezes o fazia para os empregados, mas não para os patrões.
Eles demonstram mau gosto, gracejou Roosevelt, e direi tal coisa ao presidente quando o vir.
Alice então lhe trouxe um pedaço, num prato, e ele atravessou o gabinete comendo-o, saudando os jardineiros e trabalhadores na sua passagem...
Um homem que havia sido porteiro da Casa Branca, durante quarenta anos, disse com lágrimas nos olhos:
Foi o único dia feliz que tivemos, durante quase dois anos, e nenhum de nós o trocará por uma nota de cem dólares.
Realmente, o interesse pela vida dos outros faz mágicas, e sua falta causa desastres.
Alfred Adler, famoso psicólogo vienense, certa vez escreveu em uma de suas obras:
É o indivíduo que não está interessado no seu semelhante quem tem as maiores dificuldades na vida e causa os maiores males aos outros.
É entre tais indivíduos que se verificam todos os fracassos humanos.
A reflexão é valiosa e séria.
Não há adversário mais competente que este, para se combater o orgulho e o egoísmo.
O interesse sincero pelo próximo nos mostra que não somos melhores que os outros, que somos irmãos.
O interesse sincero pelo próximo nos faz dividir nossa atenção, nosso tempo, nossa vida e tudo mais com esses que nos cercam.
A alma que mais se interessou pela vida de seu semelhante, quando esteve na Terra, sempre deixou muito claro que a Lei maior que deveria reger nossa vida em sociedade seria:
Fazer aos homens tudo o que queiramos que eles nos façam, pois é nisso que consistem a lei e os profetas.
O interesse pela vida do outro é o germe do amor maior que todos buscamos.
O interesse pela vida do semelhante é o caminho mais seguro e prazeroso para a almejada felicidade.

Momento Espírita, com base no cap. 6, pt. 2, do livro Como fazer amigos e influenciar pessoas, de Dale Carnegie, ed. Companhia Editora Nacional.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty Vozes amigas

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 15, 2017 9:38 am

Pedro e Ana se conheceram no colégio.
De início, não simpatizaram muito um com o outro, mas reconheceram a inteligência e a integridade mútuas e se tornaram amigos.
A amizade foi se consolidando e, em pouco tempo, evoluiu para algo mais forte, mais intenso.
Eram companheiros de ideias e ideais.
Um até sabia o que o outro estava pensando.
Casaram-se, tiveram filhos, alguns cachorros, gatos, peixes.
Fizeram amigos, viajaram, trabalharam em parceria.
A vida nem sempre foi fácil, mas encararam unidos as dificuldades.
O amor crescia, amadurecia e se fortalecia.
Entraram na meia idade planeando a aposentadoria e as viagens que fariam.
Os filhos, criados, não precisavam mais de dedicação integral.
Estavam batendo asas, independentes e autónomos.
Em meio a planos resgatados do fundo do baú e o nascimento de novos sonhos, Ana começou a sentir que algo não estava bem.
Evitou alarmar o marido e foi ao médico.
Para sua surpresa, foi diagnosticada com um tipo de câncer raro e agressivo.
Passado o choque inicial, ela não se rendeu.
Buscou informações, médicos e tratamentos alternativos.
As perspectivas, no entanto, eram bastante sombrias.
A família se uniu e Ana decidiu seguir a vida até o momento em que não seria possível fazer mais nada.
Foram anos de batalha com quimioterapia, cirurgias para a retirada de tumores, testes com novos medicamentos.
Uma noite, internada na Unidade de Terapia Intensiva e desenganada pelos médicos, pediu ao marido para conversar com familiares e amigos distantes.
Como seria possível, contudo, se a entrada na UTI era restrita e nem todos conseguiriam chegar a tempo?
Além disso, conversar com todos lhe seria exaustivo e desgastante.
Pedro teve uma ideia.
Conversou com o médico de plantão e obteve autorização para permanecer ao lado dela e usar o celular.
Fez contacto com quase toda a sua lista de amigos e familiares, solicitando que gravassem, num dos aplicativos do celular, mensagens de afecto para Ana.
Muitos não conseguiram gravar, por conta da emoção.
Mas vieram mensagens de todos os cantos, com palavras entoadas, cantadas, sussurradas.
Todas carregavam carinho, respeito e a esperança de um reencontro.
Ana passou a noite ouvindo as mensagens, que Pedro tocava de tempos em tempos, em seu celular.
Lágrimas escorriam dos olhos de ambos.
Lágrimas escorriam também dos olhos de enfermeiros e médicos.
Aquela UTI estava cheia de pessoas, não fisicamente, mas em espírito, em boas energias, em luz.
Ana atravessou aquela noite, acordou na manhã seguinte e permaneceu por mais uma semana, tranquila e serena, até a sua morte.
Nesse período, pedia para ouvir as vozes amigas que tanto bem lhe haviam feito, que tanto carinho lhe haviam transmitido.
Partiu em paz, sabendo que não estava só.
As vozes amigas a ladeavam, amparavam e a preparavam para retornar à pátria espiritual, onde iria se encontrar com outras vozes amigas, igualmente cheias de amor e saudade, ansiosas por aquele tão esperado reencontro.

Momento Espírita.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty Seres especiais

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 16, 2017 9:41 am

Quem a conheceu em criança diz que era uma menina diferente, magra, sem muita saúde.
Sempre ocupada com alguma actividade, se mostrava introspectiva, silenciosa.
Em outros momentos, podia-se ouvir sua voz, cantando canções que ninguém conhecia.
Mal sabiam que tais canções desconhecidas eram criações suas, falando de gratidão à natureza e de amor a Jesus.
De família pobre, onde todos deviam colaborar, ela também fazia a sua parte.
Supervisionava os irmãos nas lições escolares, auxiliando-os na memorização dos conteúdos.
Orientava-os na obediência aos pais, e a Jesus, a quem dedicava muito amor.
Quando o pai ficava nervoso com os compromissos vivenciados frente à família numerosa, ela o abraçava, no intuito de acalmá-lo.
Mais de uma vez ouviu os desabafos da mãe, adoentada e insatisfeita com a vida.
Numa época em que as meninas não permaneciam na escola depois de alfabetizadas, feliz, percebeu os pais lutando para lhe oferecer tal oportunidade.
Agradecida, dava o melhor retorno, com muita vontade e bom desempenho.
Logo que a idade lhe permitiu, conseguiu trabalho para ajudar na manutenção do lar.
Incentivada por uma de suas professoras, anotava suas canções e poesias, e as guardava com esmero.
Acordava no meio da noite, e se punha a escrever na penumbra, para não acordar os demais.
Era junto dela que irmãos e amigas encontravam ajuda para as dificuldades.
Contam, que certa feita, sem entender o porquê, ouviu seu avô dizer aos pais que cuidassem bem dela, porque tais criaturas não ficavam muito tempo na Terra.
Seu amor e confiança em Jesus, as tarefas constantes em favor do próximo lhe davam vontade de viver.
Inspirada, escreveu, em determinada oportunidade:
Se eu pudesse explicar a emoção que o meu peito domina, quando imagino Teus olhos divinos que me iluminam...
Tua voz suave, como um doce canto, a me embalar, me acalenta, o meu ser sustenta e me ponho a cantar...
Se eu pudesse Tua companhia sempre usufruir, eu seria o ser mais feliz que pode existir...
Ser tão querido, fonte de ternura, de luz, de calor, aqui me proponho declarar meu sonho de eterno amor...
És das manhãs o lume; do ar o perfume, torrente de luz.
Da vida és calor. Do sentimento, o amor.
Tu és Jesus.

Muitas almas especiais passam anonimamente pela Terra, deixando seu recado.
São criaturas que Deus envia para o planeta, colocando-as ao lado de outras que sofrem, que padecem dificuldades de toda sorte, a fim de que as possam alentar.
Com sua presença, amparam.
Com seus braços, acolhem.
Com suas palavras, aconchegam.
Por vezes, sua acção é de tal forma constante, eficiente e subtil, que parece que sempre ali estiveram para servir de apoio.
Seu extraordinário valor, quase sempre, somente é medido quando a morte as arrebata e um grande vazio substitui a sua presença física.
Então, é comum se ouvirem as expressões: Era um ser especial.
Nossa, iremos sentir muito a sua falta.
Pessoas do bem. Pessoas que servem.
Salutar seria que, enquanto estivessem a caminho connosco, melhor usufruíssemos das suas companhias e com elas aprendêssemos algumas lições.

Momento Espírita.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty Perante a felicidade

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 17, 2017 11:59 am

O problema da felicidade está sempre condicionado ao foro íntimo.
E porque, ainda mesmo nos assuntos mais transcendentes, não podemos prescindir da simplicidade, em auxílio à nossa argumentação, invocamos a natureza, em cujos degraus evolutivos é possível observar as crisálidas de consciência nas limitações relativas a que se ajustam.
Vemos que cada ser, nos círculos inferiores à escola humana, possui as alegrias que lhe são próprias.

Para o corvo, a felicidade é a penetração nos detritos.
Para a serpente, é a absorção do veneno com que se fortalece na defensiva.
Para a coruja é a excursão nas trevas.
Para a lesma é a ociosidade incessante.
Para a andorinha é o culto da primavera onde a primavera fulgure.
Para a fonte é o serviço a todos.
Para a árvore é a incansável beneficência.
Para o sol é o privilégio de servir em luminosa doação de si mesmo.

Cada espírito, qual acontece aos elementos mais simples, demora-se mais ou menos na atitude mental que se lhe afigura como sendo a aspiração satisfeita.
Para muitos, a felicidade é a imersão na preguiça e no ódio, na discórdia e na crueldade, na penúria e na ignorância, no desalento e na rebeldia.
Entretanto, para as almas acordadas na Revelação do Cristo, a felicidade é a construção de si mesmas para a comunhão ideal com Deus.

Se já despertaste para a verdade, aceita o trabalho e a renúncia, as aflições e as penas da estância física por abençoado material de tua própria edificação.

E, aprendendo e servindo infatigavelmente, sem qualquer inventário de sacrifícios e sem qualquer preocupação pelo tempo adequado ao reajuste, conseguirás o equilíbrio interior, tecendo com a própria luta as asas com que librarás nos cimos da vida, em pleno triunfo.

Do livro Nós, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty Amor em família

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 18, 2017 10:42 am

Ele nasceu no ano de 1961, durante o governo de Mao Tsé Tung.
Sexto filho de um total de sete.
A hora das refeições era sempre triste, conta ele.
Porque sua mãe, muitas vezes, não tinha o que cozinhar.
Inhame seco era a base da alimentação pela maior parte do ano.
Ocasionalmente, havia pão de milho e farinha, artigos especiais e por isso guardados para oferecer a visitas importantes.
À hora das refeições, as sete crianças ficavam esperando que o pai começasse a comer.
Comiam inhames secos, cozidos na água ou no vapor, dia após dia, mês após mês, ano após ano.
Depois da primeira mordida do pai é que eles se serviam.
Os pais comiam bem devagar, para que sobrasse mais comida para os filhos.
A mãe dizia aos filhos que deixassem a melhor porção para o pai, pois era ele quem garantia o sustento.
Mas o pai sempre arranjava desculpas e pedia que deixassem a melhor porção para a mãe.
Não fosse ela, enfatizava, nada teriam para comer senão “vento noroeste”.
Raramente comiam carne.
Uma vez por mês, após enfrentar longas filas, podiam comprar um pedaço de porco gordo.
E Li Cunxin narra, em suas memórias, que numa tarde, sua mãe o mandou comprar carne no açougue da comuna onde moravam.
As filas eram enormes. Três filas.
Ele esperou mais de uma hora e finalmente conseguiu comprar um pedaço pequeno de carne gorda de porco.
Saiu a correr e a saltar de felicidade por sua conquista.
Sua mãe cortou a carne em pedaços pequenos, igualmente feliz pela gordura que iria durar, com certeza, um bom tempo.
Naquela noite, quando foi servida a carne com acelga, todos podiam ver o óleo precioso flutuando no molho.
Um dos meninos encontrou um pedaço de carne de porco em sua porção.
Sem pestanejar, colocou no prato do pai.
Este repassou imediatamente a carne para o prato da mãe.
Ela devolveu, dizendo:
Não seja tolo!
Fiz a comida especialmente para você.
Você precisa ficar forte para trabalhar!
Próximo ao pai, estava o filho mais novo.
O pai olhou para ele, chamou-o pelo nome e disse:
Deixe-me ver os seus dentes.
Antes que alguém pudesse dizer alguma coisa, ele colocou o pedaço de carne de porco na boca do filho.
O silêncio que se seguiu foi quebrado apenas pelo longo suspiro da mãe.
Sempre era assim.
Um raro pedacinho de carne em uma tigela de vegetais era passado de um para outro.
Os olhos famintos pediam mais. Mas nunca falavam.
Todos sabiam que era difícil conseguir comida.
Não havia mais, simplesmente.
E os pais não sabiam de onde viria a próxima refeição.
Assim era a vida naquela família, onde o pai trabalhava da madrugada ao entardecer, por miserável pagamento mensal.
Onde a mãe lavava, limpava, cozinhava, costurava e ainda ia trabalhar no campo, para conseguir um pouco mais de recursos.

Cuidado uns com os outros – é isso que o facto narrado nos ensina.
Será que em nosso lar estamos passando esses valores para nossos filhos:
de se preocuparem com o irmão, connosco, seus pais?
Lendo a história da miséria vivida por Li Cunxin, podemos pensar que jamais seremos tão pobres, a ponto de disputar o alimento.
Não importa. O importante a ressaltar é que cultivemos o amor.
Esse amor que se demonstra em pequenos gestos, em preciosas doações.
Pode ser ofertar uma flor, um doce, um mimo.
Pode, com doçura se resumir em fitar nos olhos o outro e perguntar:
Você está muito cansado? Como foi o seu dia?
Que posso fazer para você se sentir melhor?
Pense nisso.

Momento Espírita, com base no cap. 1 do livro Adeus, China – o último bailarino de Mao, de Li Cunxin, ed. Fundamento.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty Tuas mãos cabiam dentro das minhas

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 19, 2017 9:20 am

Quando tuas mãos ainda cabiam dentro das minhas e num abraço eu te fazia como que desaparecer, a ventania passava veloz e enfurecida, e feito árvore de raiz profunda, nada nos fazia mover.
Quando teus sonhos ainda cabiam dentro dos meus e uma dúzia e meia eram os habitantes da Terra, nem um dia sequer de sorriso se perdeu e de meu rosto sempre tiveste a expressão mais sincera.
Quando teus deuses do Olimpo eram apenas dois, socorrendo-te e atendendo-te na velocidade do pensar, percebi que servir me fez feliz, pois a entrega me deu sentido. Viver é se entregar.
Quando tua mente ainda era casa de brinquedo, que eu conhecia cómodo a cómodo, do tecto ao chão;
quando ainda tua morada não possuía sequer um segredo, e o teu respirar, no colo, era letra da minha canção;
quando tua voz no mundo ainda era a minha, eu me desafiava tentando te entender.
Perdi-me de mim e encontrei a linha; teci no teu linho e aceitei te ensinar a tecer.
Quando teu ir e vir dependia do meu e ainda te levava para onde meu coração queria, já aceitava o futuro meu, o futuro teu, o dia em que esse meu amor, sem pesar, te libertaria.

Estudos mostram que até em torno dos seis meses, os bebés se percebem como extensão das mães, isto é, não se vêem ainda como um outro ser.
As mães, por sua vez, pela intensa ligação que têm com os filhos, desde a vida intra-uterina, acabam tendo a impressão de que os filhos são como que partes de si mesmas.
Os filhos crescem. Enxergam-se como individualidades.
Pensam por si só. têm vontade própria e tornam-se independentes em quase tudo.
Por outro lado, muitos corações de mãe e de pai ainda permanecem com aquela impressão singela de que continuam sendo seus bebés.
Como se uma parte de seu amor tivesse ficado mergulhado no passado...
Tornam-se nostálgicos, voltam a olhar os álbuns de fotografias para tentar entender quando foi que cresceram, quando foi que mudaram tanto e não conseguem encontrar...
Tudo isso é saudável quando serve para reforçar os laços, quando torna os vínculos cada vez mais fortes e perenes, impossíveis de serem afectados por qualquer dificuldade encontrada pelo caminho.
Os pais devem apenas ter atenção quando esses sentimentos descambam para as esferas da superprotecção, do excessivo cuidado que sempre trazem prejuízo para todos na família.
Há o tempo de carregar no colo, de atender as vontades, de seguir as escolhas dos pais.
Depois há o tempo de caminhar ao lado, atender uma ou outra vontade e lhes dar a chance de fazer algumas escolhas.
E, por fim, o tempo de observar sua nova caminhada à distância, de permitir que eles mesmos satisfaçam suas vontades, aceitando as consequências de todas suas decisões e escolhas.
Não se trata de um abandono, mas é o momento em que os pais deixam de ser servos – e não há nada depreciativo nesta palavra – e passam a ser anjos de guarda.
Os anjos guardiões estão sempre presentes, actuam prontamente em toda necessidade, porém, não interferem no livre-arbítrio das criaturas.
Aconselham, advertem, consolam.
A decisão final é sempre do protegido.

Momento Espírita, com base no poema Tuas mãos cabiam dentro das minhas, de Andrey Cechelero.

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Momentos Espíritas III - Página 37 Empty Amados e amáveis

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 20, 2017 9:57 am

Todos desejamos ser amados.
Mas será que já compreendemos a necessidade de sermos amáveis?
A História nos conta que todos os que foram hóspedes de Theodore Roosevelt, o presidente americano, ficaram espantados com a extensão e a diversidade dos seus conhecimentos.
Fosse um vaqueiro ou um domador de cavalos, um político ou diplomata, Roosevelt sabia o que lhe dizer.
E como fazia isso?
A resposta é simples:
Todas as vezes que ele esperava um visitante, passava acordado até tarde, na véspera, lendo sobre o assunto que sabia interessar particularmente àquele hóspede.
Porque Roosevelt sabia, como todos os grandes líderes, que a estrada real para o coração de um homem é lhe falar sobre as coisas que ele mais estima.
O ensaísta e outrora professor de literatura em Yale, William Phelps, aprendeu cedo esta lição.
Narra a seguinte experiência:
Quando tinha oito anos de idade, estava passando um final de semana com minha tia.
Certa noite chegou um homem de meia idade que, depois de uma polida troca de gentilezas, concentrou sua atenção em mim.
Naquele tempo, andava eu muito entusiasmado com barcos, e o visitante discutiu o assunto, de tal modo, que me deu a impressão de estar particularmente interessado no mesmo.
Depois que ele saiu, falei vibrante: “Que homem!”
Minha tia me informou que ele era um advogado de Nova York, que não entendia coisa alguma sobre barcos, nem tinha o menor interesse no assunto.
“Mas, então, por que falou todo o tempo sobre barcos?”
“Porque ele é um cavalheiro.
Viu que você estava interessado em barcos, e falou sobre coisas que lhe interessavam e lhe causavam prazer. Fez-se agradável!”
Inspirados nessas duas ricas experiências, indagamos:
Será que nos esforçamos para nos tornarmos agradáveis aos outros?
Será que encontramos neste mundo cavalheiros com tais características de altruísmo e polidez?
São raros, infelizmente.
Por isso, a lição nos mostra mais um caminho para a verdadeira caridade, ou mais uma subtil nuance dessa virtude.
Se desejamos ser amados, obviamente que precisamos nos esforçar para sermos amáveis!
A amabilidade é esta qualidade ou característica de quem é amável, por definição.
É ser polido, cortês, afável.
É agir com complacência.
Allan Kardec, ao estudar a afabilidade e a doçura, na obra O Evangelho segundo o Espiritismo, conclui:
A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que são a sua manifestação.
Não será porque sorrias a todo instante que conseguirás o milagre da fraternidade.
A incompreensão sorri no sarcasmo e a maldade sorri na vingança.
Não será porque espalhes teus ósculos com os outros que edificarás o teu santuário de carinho. Judas, enganado pelas próprias paixões, entregou o Mestre com um beijo.
Por outro lado, não é porque apregoas a verdade, com rigor, que te farás abençoado na vida.
Na alegria ou na dor, no verbo ou no silêncio, no estímulo ou no aviso, acende a luz do amor no coração e age com bondade.
Cultiva a brandura sem afectação.
E a sinceridade, sem espinhos.
Somente o amor sabe ser doce e afável.

Momento Espírita, com base no cap. 6, pt. 2, do livro Como fazer amigos e influenciar pessoas, de Dalle Carnegie, ed. Companhia Nacional; no item 6, do cap. IX do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB e no cap. Afabilidade e doçura, do livro Escrínio de luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. O CLARIM.

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