O que é a Doutrina
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A Regeneração
Revista Espírita, junho de 1869
Há muitos séculos as humanidades prosseguem de maneira uniforme a sua marcha ascendente através do espaço e do tempo.
Cada uma delas percorre, etapa por etapa, a rota do progresso.
Se diferem quanto aos meios infinitamente diversos que a Providencia lhes concedeu, são todas chamadas a se unirem e a se identificarem na perfeição, desde que todas partem da ignorância e da inconsciência de si mesmas e avançam indefinidamente para um mesmo objectivo:
Deus, para atingirem a felicidade suprema pelo conhecimento do amor.
Há universos e mundos, como povos e indivíduos.
As transformações físicas da terra, que sustenta os corpos, podem ser divididas em duas formas, da mesma maneira que as transformações morais e intelectuais que alargam o espírito e o coração.
A terra se modifica pela cultura, pelo arroteamento e os esforços perseverantes dos seus possuidores e interessados.
Mas a esse aperfeiçoamento incessante devemos juntar os efeitos dos grandes cataclismos periódicos, que representam o seu regulador supremo, à maneira da enxada e da charrua para o lavrador.
As Humanidades se transformam e progridem pelo estudo perseverante e pela permuta de pensamentos.
Ao se instruírem e ao instruírem os outros, as inteligências se enriquecem, mas os cataclismos morais que regenerem o pensamento são necessários para determinar a aceitação de certas verdades.
Assimilam-se sem perturbações e progressivamente as consequências de verdade aceitas, mas é necessária uma conjugação imensa de esforços perseverantes para que novos princípios sejam aceites.
Marcha-se lentamente e sem fadiga por um caminho plano, mas são necessárias todas as forcas para subir-se uma senda agreste e superar os obstáculos que surgem.
Assim também, para avançar, o homem tem de quebrar as cadeias que o prendem ao pelourinho do passado através do habito, da rotina e dos preconceitos.
Do contrario continuara firme e ele rodara num circulo vicioso, sem saída, ate compreender que, para superar a resistência que lhe fecha a rota do futuro, não basta quebrar as velhas armas estragadas, mas é indispensável fazer outras.
Destruir um navio que faz água por todos os lados, antes de empreender uma travessia marítima, é medida de prudência, mas será ainda necessário, para realizar a viagem, construir novos meios de transporte.
Eis, no entanto, actualmente, onde se encontram certos homens avançados, no mundo moral e filosófico e em outros mundos do pensamento!
Tudo solaparam, tudo atacaram!
As ruínas se espalham por toda parte, mas eles ainda não compreenderam que é necessário elevar, sobre essas ruínas, alguma coisa mais seria do que um livre pensamento e uma independência moral, independentes apenas da moral e da razão.
O nada em que se apoiam é uma palavra profunda somente por ser vazia.
Se Deus não pode mais criar os mundos do nada, não pode o homem criar novas crenças sem bases.
Essas bases estão no estudo e na observação dos factos.
A verdade eterna, como a lei que a confirma, não dependem da aceitação dos homens para existir.
Ela é.
E governa o Universo a despeito dos que fecham os olhos para não vê-la.
A electricidade existia antes de Galvani e o vapor antes de Papin, como a nova crença e os princípios filosóficos do futuro, antes mesmo que os publicistas e os filósofos os confirmem.
Sede os pioneiros perseverantes e infatigáveis!
Se vos chamarem de loucos, como a Salomão de Caus, se vos repelirem como a Fulton, continuai avançando, porque o tempo, o juiz supremo, fará surgir das trevas os que alimentam o farol que deve, um dia, iluminar toda a Humanidade.
Na Terra, o passado e o futuro são os dois braços de uma alavanca que tem no presente o seu ponto de apoio.
Enquanto a rotina e os preconceitos dominam, o passado esta no apogeu.
Quando a luz se faz, a alavanca se move e o passado que já escurecia desaparece, para dar lugar ao futuro que alvorece.
Allan Kardec.
§.§.§- O-canto-da-ave
Há muitos séculos as humanidades prosseguem de maneira uniforme a sua marcha ascendente através do espaço e do tempo.
Cada uma delas percorre, etapa por etapa, a rota do progresso.
Se diferem quanto aos meios infinitamente diversos que a Providencia lhes concedeu, são todas chamadas a se unirem e a se identificarem na perfeição, desde que todas partem da ignorância e da inconsciência de si mesmas e avançam indefinidamente para um mesmo objectivo:
Deus, para atingirem a felicidade suprema pelo conhecimento do amor.
Há universos e mundos, como povos e indivíduos.
As transformações físicas da terra, que sustenta os corpos, podem ser divididas em duas formas, da mesma maneira que as transformações morais e intelectuais que alargam o espírito e o coração.
A terra se modifica pela cultura, pelo arroteamento e os esforços perseverantes dos seus possuidores e interessados.
Mas a esse aperfeiçoamento incessante devemos juntar os efeitos dos grandes cataclismos periódicos, que representam o seu regulador supremo, à maneira da enxada e da charrua para o lavrador.
As Humanidades se transformam e progridem pelo estudo perseverante e pela permuta de pensamentos.
Ao se instruírem e ao instruírem os outros, as inteligências se enriquecem, mas os cataclismos morais que regenerem o pensamento são necessários para determinar a aceitação de certas verdades.
Assimilam-se sem perturbações e progressivamente as consequências de verdade aceitas, mas é necessária uma conjugação imensa de esforços perseverantes para que novos princípios sejam aceites.
Marcha-se lentamente e sem fadiga por um caminho plano, mas são necessárias todas as forcas para subir-se uma senda agreste e superar os obstáculos que surgem.
Assim também, para avançar, o homem tem de quebrar as cadeias que o prendem ao pelourinho do passado através do habito, da rotina e dos preconceitos.
Do contrario continuara firme e ele rodara num circulo vicioso, sem saída, ate compreender que, para superar a resistência que lhe fecha a rota do futuro, não basta quebrar as velhas armas estragadas, mas é indispensável fazer outras.
Destruir um navio que faz água por todos os lados, antes de empreender uma travessia marítima, é medida de prudência, mas será ainda necessário, para realizar a viagem, construir novos meios de transporte.
Eis, no entanto, actualmente, onde se encontram certos homens avançados, no mundo moral e filosófico e em outros mundos do pensamento!
Tudo solaparam, tudo atacaram!
As ruínas se espalham por toda parte, mas eles ainda não compreenderam que é necessário elevar, sobre essas ruínas, alguma coisa mais seria do que um livre pensamento e uma independência moral, independentes apenas da moral e da razão.
O nada em que se apoiam é uma palavra profunda somente por ser vazia.
Se Deus não pode mais criar os mundos do nada, não pode o homem criar novas crenças sem bases.
Essas bases estão no estudo e na observação dos factos.
A verdade eterna, como a lei que a confirma, não dependem da aceitação dos homens para existir.
Ela é.
E governa o Universo a despeito dos que fecham os olhos para não vê-la.
A electricidade existia antes de Galvani e o vapor antes de Papin, como a nova crença e os princípios filosóficos do futuro, antes mesmo que os publicistas e os filósofos os confirmem.
Sede os pioneiros perseverantes e infatigáveis!
Se vos chamarem de loucos, como a Salomão de Caus, se vos repelirem como a Fulton, continuai avançando, porque o tempo, o juiz supremo, fará surgir das trevas os que alimentam o farol que deve, um dia, iluminar toda a Humanidade.
Na Terra, o passado e o futuro são os dois braços de uma alavanca que tem no presente o seu ponto de apoio.
Enquanto a rotina e os preconceitos dominam, o passado esta no apogeu.
Quando a luz se faz, a alavanca se move e o passado que já escurecia desaparece, para dar lugar ao futuro que alvorece.
Allan Kardec.
§.§.§- O-canto-da-ave
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O Exemplo é o mais poderoso agente de propagação
Revista Espírita, junho de 1869
(SOCIEDADE DE PARIS, SESSÃO DE 30 DE ABRIL DE 1869)
Venho esta noite, meus amigos, falar-vos por alguns instantes.
Na ultima sessão não respondi;
estava ocupado alhures.
Nossos trabalhos como Espíritos são muito mais extensos do que podeis supor e os instrumentos de nossos pensamentos nem sempre estão disponíveis.
Tenho ainda alguns conselhos a dar-vos sobre a marcha que deveis seguir perante o publico, com o fito de fazer progredir a obra a que devotei minha vida corporal, e cujo aperfeiçoamento acompanho na erraticidade.
O que vos aconselho antes de mais nada e sobretudo, e a tolerância, a afeição, a simpatia de uns para com os outros e também para com os incrédulos.
Quando vedes um cego na rua, vosso primeiro sentimento e a compaixão.
Que assim seja também para os vossos irmãos cujos olhos estão fechados e velados pelas trevas da ignorância ou da incredulidade.
Lamentai-os, em vez de os censurar.
Por vossa doçura, mostrai vossa resignação para suportar os males desta vida, vossa humildade em meio as satisfações, vantagens e alegrias que Deus vos envia;
mostrai que há em vos um principio superior, uma alma obediente a lei, a uma verdade também superior: o Espiritismo.
As brochuras, os jornais, os livros, as publicações de toda a espécie são meios poderosos de introduzir a luz por toda a parte, mas o mais seguro, o mais intimo e o mais acessível a todos e o exemplo da caridade, a doçura e o amor.
Agradeço a Sociedade por ajudar aos verdadeiros infortúnios que lhe são indicados.
Eis o bom Espiritismo, eis a verdadeira fraternidade.
Ser irmãos:
e ter os mesmos interesses, os mesmos pensamentos, o mesmo coração!
Espíritas, sois todos irmãos na mais santa acepção do termo.
Pedindo que vos ameis uns aos outros, limito-me a lembrar a divina palavra daquele que, há mil e oitocentos anos, pela primeira vez trouxe a Terra o germe da igualdade.
Segui a sua lei:
ela e a vossa.
Nada mais fiz do que tornar mais palpáveis alguns de seus ensinamentos.
Obscuro operário daquele mestre, daquele Espírito superior emanado da fonte de luz, reflecti essa luz como o verme luzidio reflecte a claridade de uma estrela.
Mas a estrela brilha nos céus e o verme luzidio brilha na terra, nas trevas.
Tal e a diferença.
Continuai as tradições que vos deixei ao partir.
Que o mais perfeito acordo, a maior simpatia, a mais sincera abnegação reinem no seio da Comissão.
Espero que ela saiba cumprir com honra, fidelidade e consciência o mandato que lhe e confiado.
Ah! quando todos os homens compreenderem tudo o que encerram as palavras amor e caridade, na Terra não haverá mais soldados nem inimigos;
só haverá irmãos;
não haverá mais olhares torvos e irritados;
só haverá frontes inclinadas para Deus!
Até logo, caros amigos, e ainda obrigado, em nome daquele que não esquece o copo d'água e o óbolo da viúva.
Allan Kardec
§.§.§- O-canto-da-ave
(SOCIEDADE DE PARIS, SESSÃO DE 30 DE ABRIL DE 1869)
Venho esta noite, meus amigos, falar-vos por alguns instantes.
Na ultima sessão não respondi;
estava ocupado alhures.
Nossos trabalhos como Espíritos são muito mais extensos do que podeis supor e os instrumentos de nossos pensamentos nem sempre estão disponíveis.
Tenho ainda alguns conselhos a dar-vos sobre a marcha que deveis seguir perante o publico, com o fito de fazer progredir a obra a que devotei minha vida corporal, e cujo aperfeiçoamento acompanho na erraticidade.
O que vos aconselho antes de mais nada e sobretudo, e a tolerância, a afeição, a simpatia de uns para com os outros e também para com os incrédulos.
Quando vedes um cego na rua, vosso primeiro sentimento e a compaixão.
Que assim seja também para os vossos irmãos cujos olhos estão fechados e velados pelas trevas da ignorância ou da incredulidade.
Lamentai-os, em vez de os censurar.
Por vossa doçura, mostrai vossa resignação para suportar os males desta vida, vossa humildade em meio as satisfações, vantagens e alegrias que Deus vos envia;
mostrai que há em vos um principio superior, uma alma obediente a lei, a uma verdade também superior: o Espiritismo.
As brochuras, os jornais, os livros, as publicações de toda a espécie são meios poderosos de introduzir a luz por toda a parte, mas o mais seguro, o mais intimo e o mais acessível a todos e o exemplo da caridade, a doçura e o amor.
Agradeço a Sociedade por ajudar aos verdadeiros infortúnios que lhe são indicados.
Eis o bom Espiritismo, eis a verdadeira fraternidade.
Ser irmãos:
e ter os mesmos interesses, os mesmos pensamentos, o mesmo coração!
Espíritas, sois todos irmãos na mais santa acepção do termo.
Pedindo que vos ameis uns aos outros, limito-me a lembrar a divina palavra daquele que, há mil e oitocentos anos, pela primeira vez trouxe a Terra o germe da igualdade.
Segui a sua lei:
ela e a vossa.
Nada mais fiz do que tornar mais palpáveis alguns de seus ensinamentos.
Obscuro operário daquele mestre, daquele Espírito superior emanado da fonte de luz, reflecti essa luz como o verme luzidio reflecte a claridade de uma estrela.
Mas a estrela brilha nos céus e o verme luzidio brilha na terra, nas trevas.
Tal e a diferença.
Continuai as tradições que vos deixei ao partir.
Que o mais perfeito acordo, a maior simpatia, a mais sincera abnegação reinem no seio da Comissão.
Espero que ela saiba cumprir com honra, fidelidade e consciência o mandato que lhe e confiado.
Ah! quando todos os homens compreenderem tudo o que encerram as palavras amor e caridade, na Terra não haverá mais soldados nem inimigos;
só haverá irmãos;
não haverá mais olhares torvos e irritados;
só haverá frontes inclinadas para Deus!
Até logo, caros amigos, e ainda obrigado, em nome daquele que não esquece o copo d'água e o óbolo da viúva.
Allan Kardec
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Introdução ao estudo do perispírito
Revista Espírita, março de 1866
Até agora só se tinham ideias muito incompletas sobre o mundo espiritual ou invisível.
Imaginavam-se os Espíritos como seres fora da humanidade.
Os anjos também eram criaturas à parte, de uma natureza mais perfeita.
Quanto ao estado das almas após a morte, os conhecimentos não eram mais positivos.
A opinião mais geral deles fazia seres abstractos, dispersos na imensidade e não tendo mais relações com os vivos, a não ser que, segundo a doutrina da Igreja, estivessem na beatitude do céu ou nas trevas do inferno.
Além disso, as observações da Ciência, não parando na matéria tangível, resulta entre o mundo corporal e o mundo espiritual, um abismo que parecia excluir toda reaproximação.
É este abismo que novas observações e o estudo de fenómenos ainda pouco conhecidos vem encher, ao menos em parte.
Para começar o Espiritismo nos ensina que os Espíritos são as almas dos homens que viveram na Terra, que progridem sem cessar, e que os anjos são essas mesmas almas ou Espíritos chegados a um estado de perfeição que os aproxima da Divindade.
Em segundo lugar, ensina-nos que as almas passam alternativamente do estado de encarnação ao de erraticidade, que neste último estado elas constituem a população invisível do globo, ao qual ficam ligadas, até que aí tenham adquirido o desenvolvimento intelectual e moral que comporta a natureza deste globo, depois do que o deixam, passando a um mundo mais adiantado.
Pela morte do corpo, a humanidade corporal fornece almas ou Espíritos ao mundo espiritual.
Pelos nascimentos, o mundo espiritual alimenta o mundo corporal.
Há, pois, transmutação ou deversão incessante de um no outro.
Esta relação constante os torna solidários, pois são os mesmos seres que entram no nosso mundo e dele saem alternativamente.
Eis um primeiro traço de união, um ponto de contacto, que já diminui a distância que parecia separar o mundo visível do mundo invisível.
A natureza íntima da alma, isto é, do princípio inteligente, fonte do pensamento, escapa completamente às nossas investigações.
Mas sabe-se agora que a alma é revestida de um envoltório ou corpo fluídico, que dela faz, após a morte do corpo material, como antes, um ser distinto, circunscrito e individual.
A alma é o princípio inteligente considerado isoladamente.
É a força actuante e pensante, que não podemos conceber isolada da matéria senão como uma abstracção.
Revestida de seu envoltório fluídico, ou perispírito, a alma constitui o ser chamado Espírito, como quando está revestida do envoltório corporal, constitui o homem.
Ora, posto que no estado de Espírito goze de propriedades e de faculdades especiais, não cessou de pertencer à humanidade.
Os Espíritos são, pois, seres semelhantes a nós, pois cada um de nós torna-se Espírito após a morte do corpo, e cada Espírito torna-se homem pelo nascimento.
Esse envoltório não é a alma, pois não pensa:
é apenas uma vestimenta.
Sem a alma, o perispírito, assim como o corpo, é uma matéria inerte privada de vida e de sensações.
Dizemos matéria, porque, com efeito, o perispírito, posto que de uma natureza etérea e subtil, não é menos matéria com os fluidos imponderáveis e, demais, matéria da mesma natureza e da mesma origem que a mais grosseira matéria tangível, como logo veremos.
A alma não reveste o perispírito apenas no estado de Espírito;
é inseparável desse envoltório, que a segue na encarnação, como na erraticidade.
Na encarnação, é o laço que a une ao envoltório corporal, o intermediário com cujo auxílio age sobre os órgãos e percebe as sensações das coisas exteriores.
Durante a vida, o fluido perispiritual identifica-se com o corpo, cujas partes todas penetra;
com a morte, dele se desprende;
privado da vida, o corpo se dissolve, mas o perispírito, sempre unido à alma, isto é, ao princípio vivificante, não perece.
Apenas a alma, em vez de dois envoltórios, conserva apenas um:
o mais leve, o que está mais em harmonia com o seu estado espiritual.
Continua...
Até agora só se tinham ideias muito incompletas sobre o mundo espiritual ou invisível.
Imaginavam-se os Espíritos como seres fora da humanidade.
Os anjos também eram criaturas à parte, de uma natureza mais perfeita.
Quanto ao estado das almas após a morte, os conhecimentos não eram mais positivos.
A opinião mais geral deles fazia seres abstractos, dispersos na imensidade e não tendo mais relações com os vivos, a não ser que, segundo a doutrina da Igreja, estivessem na beatitude do céu ou nas trevas do inferno.
Além disso, as observações da Ciência, não parando na matéria tangível, resulta entre o mundo corporal e o mundo espiritual, um abismo que parecia excluir toda reaproximação.
É este abismo que novas observações e o estudo de fenómenos ainda pouco conhecidos vem encher, ao menos em parte.
Para começar o Espiritismo nos ensina que os Espíritos são as almas dos homens que viveram na Terra, que progridem sem cessar, e que os anjos são essas mesmas almas ou Espíritos chegados a um estado de perfeição que os aproxima da Divindade.
Em segundo lugar, ensina-nos que as almas passam alternativamente do estado de encarnação ao de erraticidade, que neste último estado elas constituem a população invisível do globo, ao qual ficam ligadas, até que aí tenham adquirido o desenvolvimento intelectual e moral que comporta a natureza deste globo, depois do que o deixam, passando a um mundo mais adiantado.
Pela morte do corpo, a humanidade corporal fornece almas ou Espíritos ao mundo espiritual.
Pelos nascimentos, o mundo espiritual alimenta o mundo corporal.
Há, pois, transmutação ou deversão incessante de um no outro.
Esta relação constante os torna solidários, pois são os mesmos seres que entram no nosso mundo e dele saem alternativamente.
Eis um primeiro traço de união, um ponto de contacto, que já diminui a distância que parecia separar o mundo visível do mundo invisível.
A natureza íntima da alma, isto é, do princípio inteligente, fonte do pensamento, escapa completamente às nossas investigações.
Mas sabe-se agora que a alma é revestida de um envoltório ou corpo fluídico, que dela faz, após a morte do corpo material, como antes, um ser distinto, circunscrito e individual.
A alma é o princípio inteligente considerado isoladamente.
É a força actuante e pensante, que não podemos conceber isolada da matéria senão como uma abstracção.
Revestida de seu envoltório fluídico, ou perispírito, a alma constitui o ser chamado Espírito, como quando está revestida do envoltório corporal, constitui o homem.
Ora, posto que no estado de Espírito goze de propriedades e de faculdades especiais, não cessou de pertencer à humanidade.
Os Espíritos são, pois, seres semelhantes a nós, pois cada um de nós torna-se Espírito após a morte do corpo, e cada Espírito torna-se homem pelo nascimento.
Esse envoltório não é a alma, pois não pensa:
é apenas uma vestimenta.
Sem a alma, o perispírito, assim como o corpo, é uma matéria inerte privada de vida e de sensações.
Dizemos matéria, porque, com efeito, o perispírito, posto que de uma natureza etérea e subtil, não é menos matéria com os fluidos imponderáveis e, demais, matéria da mesma natureza e da mesma origem que a mais grosseira matéria tangível, como logo veremos.
A alma não reveste o perispírito apenas no estado de Espírito;
é inseparável desse envoltório, que a segue na encarnação, como na erraticidade.
Na encarnação, é o laço que a une ao envoltório corporal, o intermediário com cujo auxílio age sobre os órgãos e percebe as sensações das coisas exteriores.
Durante a vida, o fluido perispiritual identifica-se com o corpo, cujas partes todas penetra;
com a morte, dele se desprende;
privado da vida, o corpo se dissolve, mas o perispírito, sempre unido à alma, isto é, ao princípio vivificante, não perece.
Apenas a alma, em vez de dois envoltórios, conserva apenas um:
o mais leve, o que está mais em harmonia com o seu estado espiritual.
Continua...
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Re: O que é a Doutrina
Continua...
Posto que esses princípios sejam elementares para os Espíritas, era útil lembrá-los para a compreensão das explicações subsequentes e a ligação das ideias.
Algumas pessoas contestaram a utilidade do invólucro perispiritual da alma e, em consequência, a sua existência.
Dizem que a alma não precisa de intermediário para agir sobre o corpo;
e, uma vez separada do corpo, ele é um acessório supérfluo.
A isto respondemos, para começar, que o perispírito não é uma criação imaginária, uma hipótese inventada para chegar a uma solução;
sua existência é um facto constatado pela observação.
Quanto à sua utilidade, durante a vida ou após a morte, é preciso admitir que, desde que existe, é que serve para alguma coisa.
Os que contestam a sua utilidade são como um indivíduo que, não compreendendo as funções de certas engrenagens num mecanismo, concluíssem que elas só servem para desnecessariamente complicar a máquina.
Não vê que se a menor peça fosse suprimida, tudo seria desorganizado.
Quantas coisas, no grande mecanismo da natureza, parecem inúteis aos olhos do ignorante e, mesmo, de certos cientistas, que de boa fé julgam que se tivessem sido encarregados da construção do Universo, o teriam feito melhor!
O perispírito é uma das mais importantes engrenagens da economia.
A Ciência o observou nalguns de seus efeitos e, seguidamente, tem sido designado como fluido vital, fluido ou influxo nervoso, fluido magnético, electricidade animal, etc., sem se dar precisa conta de sua natureza e de suas propriedades, e, ainda menos, de sua origem.
Como envoltório do Espírito após a morte, foi suspeitado desde a mais alta antiguidade.
Todas as teogonias atribuem aos seres do mundo invisível um corpo fluídico.
São Paulo diz em termos precisos que nós renascemos com um corpo espiritual
(I Cor. XV: 35-44 e 50)
Dá-se o mesmo com todas as grandes verdades baseadas nas leis da natureza, e das quais, em todas as épocas, os homens tiveram a intuição.
É assim que, desde antes de nossa era, notáveis filósofos tinham suspeitado da redondeza da Terra e seu movimento de rotação, o que nada tira ao mérito de Copérnico e de Galileu, mesmo supondo que estes últimos tenham aproveitado as idéias de seus predecessores.
Graças a seus trabalhos, o que não passava de opinião individual, uma teoria incompleta e sem provas, desconhecida das massas, tornou-se uma verdade científica, prática e popular.
A doutrina do perispírito está no mesmo caso.
O Espiritismo não foi o primeiro a descobri-lo.
Mas, assim como Copérnico para o movimento da Terra, ele o estudou, demonstrou, analisou, definiu e dele tirou fecundos resultados.
Sem os estudos modernos mais completos, esta grande verdade, como muitas outras ainda estaria no estado de letra morta.
O perispírito é o traço de união que liga o mundo espiritual ao mundo corporal.
O Espiritismo no-los mostra em relação tão íntima e tão constante, que de um ao outro a transição é quase insensível.
Ora, assim como na natureza o reino vegetal se liga ao reino animal por seres semivegetais ou semi-animais, o estado corporal se liga ao estado espiritual não só pelo princípio inteligente, que é o mesmo, mas ainda pelo envoltório fluídico, ao mesmo tempo semimatéria e semi-espiritual, desse mesmo princípio.
Durante a vida terrena, o ser corporal e o ser espiritual estão confundidos e agem de acordo;
a morte do corpo apenas os separa.
A ligação destes dois estados é tal, reagem um sobre o outro com tanta força, que dia virá em que será reconhecido que o estudo da história natural do homem não seria completo sem o do envoltório perispiritual, isto é, sem por um pé no domínio do mundo invisível.
Tal aproximação é ainda maior quando se observa a origem, a natureza, a formação e as propriedades do perispírito, operação que decorre naturalmente do estudo dos fluidos.
Continua...
Posto que esses princípios sejam elementares para os Espíritas, era útil lembrá-los para a compreensão das explicações subsequentes e a ligação das ideias.
Algumas pessoas contestaram a utilidade do invólucro perispiritual da alma e, em consequência, a sua existência.
Dizem que a alma não precisa de intermediário para agir sobre o corpo;
e, uma vez separada do corpo, ele é um acessório supérfluo.
A isto respondemos, para começar, que o perispírito não é uma criação imaginária, uma hipótese inventada para chegar a uma solução;
sua existência é um facto constatado pela observação.
Quanto à sua utilidade, durante a vida ou após a morte, é preciso admitir que, desde que existe, é que serve para alguma coisa.
Os que contestam a sua utilidade são como um indivíduo que, não compreendendo as funções de certas engrenagens num mecanismo, concluíssem que elas só servem para desnecessariamente complicar a máquina.
Não vê que se a menor peça fosse suprimida, tudo seria desorganizado.
Quantas coisas, no grande mecanismo da natureza, parecem inúteis aos olhos do ignorante e, mesmo, de certos cientistas, que de boa fé julgam que se tivessem sido encarregados da construção do Universo, o teriam feito melhor!
O perispírito é uma das mais importantes engrenagens da economia.
A Ciência o observou nalguns de seus efeitos e, seguidamente, tem sido designado como fluido vital, fluido ou influxo nervoso, fluido magnético, electricidade animal, etc., sem se dar precisa conta de sua natureza e de suas propriedades, e, ainda menos, de sua origem.
Como envoltório do Espírito após a morte, foi suspeitado desde a mais alta antiguidade.
Todas as teogonias atribuem aos seres do mundo invisível um corpo fluídico.
São Paulo diz em termos precisos que nós renascemos com um corpo espiritual
(I Cor. XV: 35-44 e 50)
Dá-se o mesmo com todas as grandes verdades baseadas nas leis da natureza, e das quais, em todas as épocas, os homens tiveram a intuição.
É assim que, desde antes de nossa era, notáveis filósofos tinham suspeitado da redondeza da Terra e seu movimento de rotação, o que nada tira ao mérito de Copérnico e de Galileu, mesmo supondo que estes últimos tenham aproveitado as idéias de seus predecessores.
Graças a seus trabalhos, o que não passava de opinião individual, uma teoria incompleta e sem provas, desconhecida das massas, tornou-se uma verdade científica, prática e popular.
A doutrina do perispírito está no mesmo caso.
O Espiritismo não foi o primeiro a descobri-lo.
Mas, assim como Copérnico para o movimento da Terra, ele o estudou, demonstrou, analisou, definiu e dele tirou fecundos resultados.
Sem os estudos modernos mais completos, esta grande verdade, como muitas outras ainda estaria no estado de letra morta.
O perispírito é o traço de união que liga o mundo espiritual ao mundo corporal.
O Espiritismo no-los mostra em relação tão íntima e tão constante, que de um ao outro a transição é quase insensível.
Ora, assim como na natureza o reino vegetal se liga ao reino animal por seres semivegetais ou semi-animais, o estado corporal se liga ao estado espiritual não só pelo princípio inteligente, que é o mesmo, mas ainda pelo envoltório fluídico, ao mesmo tempo semimatéria e semi-espiritual, desse mesmo princípio.
Durante a vida terrena, o ser corporal e o ser espiritual estão confundidos e agem de acordo;
a morte do corpo apenas os separa.
A ligação destes dois estados é tal, reagem um sobre o outro com tanta força, que dia virá em que será reconhecido que o estudo da história natural do homem não seria completo sem o do envoltório perispiritual, isto é, sem por um pé no domínio do mundo invisível.
Tal aproximação é ainda maior quando se observa a origem, a natureza, a formação e as propriedades do perispírito, operação que decorre naturalmente do estudo dos fluidos.
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Re: O que é a Doutrina
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É sabido que todos os animais tem como princípios constituintes o oxigénio, o hidrogénio, o azoto e o carbono, combinados em diferentes proporções.
Ora, como dissemos, esses mesmos corpos simples tem um princípio único, que é o fluido cósmico universal.
Por suas diversas combinações eles formam todas as variedades de substâncias que compõem o corpo humano, o único de que aqui falamos, posto seja o mesmo em relação aos animais e às plantas.
Disto resulta que o corpo humano, na realidade, não passa de uma espécie de concentração, de condensação ou , se quiser, da solidificação do gás carbónico.
Com efeito, suponhamos a desagregação completa de todas as moléculas do corpo, reencontraremos o oxigénio, o hidrogénio, o azoto e o carbono;
em outros termos, o corpo será volatilizado.
Os quatro elementos, voltando ao seu estado primitivo por uma nova e mais completa decomposição, se os nossos meios de análise o permitissem, dariam o fluido cósmico.
Esse fluido, sendo o princípio de toda a matéria, é ele mesmo matéria, posto que num completo estado de eterização.
Um fenómeno análogo se passa na formação do corpo fluídico, ou perispírito: é, igualmente, uma condensação do fluído cósmico em redor do foco de inteligência, ou alma.
Mas aqui a transformação molecular opera-se diferentemente, porque o fluido conserva sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas.
O corpo perispiritual e o corpo humano tem, pois, sua fonte no mesmo fluido;
um e outro são matéria, posto sob dois estados diferentes.
Assim, tivemos razão de dizer que o perispírito é da mesma natureza e da mesma origem que a mais grosseira matéria.
Como se vê, nada há de sobrenatural, desde que se liga, por seu princípio, às coisas da natureza, das quais ele mesmo não passa de uma variedade.
Sendo o fluido universal o princípio de todos os corpos da natureza, animados e inanimados e, por consequência, da terra, das pedras.
Moisés estava certo quando disse:
"Deus formou o corpo do homem do limo da terra."
Isto não quer dizer que Deus tomou terra, a petrificou e com ela modelou o corpo do homem, como se modela uma estátua com barro, como acreditaram os que tomam ao pé da letra as palavras bíblicas, mas que o corpo era formado dos mesmos princípios ou elementos que o limo da terra, ou que tinham servido para formam o limo da terra.
Moisés acrescenta:
"E lhe deu uma alma vivente, feita à sua semelhança" faz , assim, uma distinção entre alma e corpo;
indica que ela é de natureza diferente, que não é matéria, mas espiritual e imaterial como Deus.
Diz:
uma alma vivente, para especificar que nela só está o princípio de vida, ao passo que o corpo, formado de matéria, por si mesmo não vive.
As palavras:
à sua semelhança implicam uma similitude e não uma identidade.
Se Moisés tivesse olhado a alma como uma porção da Divindade, teria dito:
Deus o anima dando-lhe uma alma tirada da sua própria substância, como disse que o corpo tinha sido tirado da terra.
Estas reflexões são uma resposta às pessoas que acusam o Espiritismo de materializar a alma, porque lhe dá um envoltório semimaterial.
No estado normal, o perispírito é invisível aos nossos olhos e impalpável ao nosso tacto, como o são uma infinidade de fluidos e de gases.
Contudo, a invisibilidade, a impalpabilidade, e mesmo a imponderabilidade do fluido perispiritual não são absolutas.
Eis por que dizemos no estado normal.
Em certos casos, ele sofre, talvez, uma condensação maior, ou uma modificação molecular de natureza especial, que o torna momentaneamente visível ou tangível.
É assim que se produzem as aparições.
Sem que haja aparição, muitas pessoas sentem a impressão fluídica dos Espíritos pela sensação do tacto, o que é o indício de um natureza material.
Continua...
É sabido que todos os animais tem como princípios constituintes o oxigénio, o hidrogénio, o azoto e o carbono, combinados em diferentes proporções.
Ora, como dissemos, esses mesmos corpos simples tem um princípio único, que é o fluido cósmico universal.
Por suas diversas combinações eles formam todas as variedades de substâncias que compõem o corpo humano, o único de que aqui falamos, posto seja o mesmo em relação aos animais e às plantas.
Disto resulta que o corpo humano, na realidade, não passa de uma espécie de concentração, de condensação ou , se quiser, da solidificação do gás carbónico.
Com efeito, suponhamos a desagregação completa de todas as moléculas do corpo, reencontraremos o oxigénio, o hidrogénio, o azoto e o carbono;
em outros termos, o corpo será volatilizado.
Os quatro elementos, voltando ao seu estado primitivo por uma nova e mais completa decomposição, se os nossos meios de análise o permitissem, dariam o fluido cósmico.
Esse fluido, sendo o princípio de toda a matéria, é ele mesmo matéria, posto que num completo estado de eterização.
Um fenómeno análogo se passa na formação do corpo fluídico, ou perispírito: é, igualmente, uma condensação do fluído cósmico em redor do foco de inteligência, ou alma.
Mas aqui a transformação molecular opera-se diferentemente, porque o fluido conserva sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas.
O corpo perispiritual e o corpo humano tem, pois, sua fonte no mesmo fluido;
um e outro são matéria, posto sob dois estados diferentes.
Assim, tivemos razão de dizer que o perispírito é da mesma natureza e da mesma origem que a mais grosseira matéria.
Como se vê, nada há de sobrenatural, desde que se liga, por seu princípio, às coisas da natureza, das quais ele mesmo não passa de uma variedade.
Sendo o fluido universal o princípio de todos os corpos da natureza, animados e inanimados e, por consequência, da terra, das pedras.
Moisés estava certo quando disse:
"Deus formou o corpo do homem do limo da terra."
Isto não quer dizer que Deus tomou terra, a petrificou e com ela modelou o corpo do homem, como se modela uma estátua com barro, como acreditaram os que tomam ao pé da letra as palavras bíblicas, mas que o corpo era formado dos mesmos princípios ou elementos que o limo da terra, ou que tinham servido para formam o limo da terra.
Moisés acrescenta:
"E lhe deu uma alma vivente, feita à sua semelhança" faz , assim, uma distinção entre alma e corpo;
indica que ela é de natureza diferente, que não é matéria, mas espiritual e imaterial como Deus.
Diz:
uma alma vivente, para especificar que nela só está o princípio de vida, ao passo que o corpo, formado de matéria, por si mesmo não vive.
As palavras:
à sua semelhança implicam uma similitude e não uma identidade.
Se Moisés tivesse olhado a alma como uma porção da Divindade, teria dito:
Deus o anima dando-lhe uma alma tirada da sua própria substância, como disse que o corpo tinha sido tirado da terra.
Estas reflexões são uma resposta às pessoas que acusam o Espiritismo de materializar a alma, porque lhe dá um envoltório semimaterial.
No estado normal, o perispírito é invisível aos nossos olhos e impalpável ao nosso tacto, como o são uma infinidade de fluidos e de gases.
Contudo, a invisibilidade, a impalpabilidade, e mesmo a imponderabilidade do fluido perispiritual não são absolutas.
Eis por que dizemos no estado normal.
Em certos casos, ele sofre, talvez, uma condensação maior, ou uma modificação molecular de natureza especial, que o torna momentaneamente visível ou tangível.
É assim que se produzem as aparições.
Sem que haja aparição, muitas pessoas sentem a impressão fluídica dos Espíritos pela sensação do tacto, o que é o indício de um natureza material.
Continua...
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Re: O que é a Doutrina
Continua...
De qualquer maneira por que se opere a modificação atómica do fluido, não há coesão como nos corpos materiais:
a aparência se forma e se dissipa instantaneamente, o que explica as aparições e as desaparições súbitas.
Sendo as aparições o produto de um fluido material invisível, tornado visível por força de uma mudança momentânea na sua constituição molecular, não são mais sobrenaturais que os vapores que alternadamente se tornam visíveis ou invisíveis pela condensação ou pela rarefacção.
Citamos o vapor como ponto de comparação, sem pretender que haja similitude de causa e efeito.
Algumas pessoas criticaram a qualificação de semimaterial dada ao perispírito, dizendo que uma coisa é matéria ou não o é.
Admitindo que a expressão seja imprópria, seria preciso adoptá-la, em falta de um termo especial para exprimir esse estado particular da matéria.
Se existisse um mais apropriado à coisa, os críticos deveriam tê-lo indicado.
O perispírito é matéria, como acabamos de ver, falando filosoficamente, e por sua essência íntima.
Ninguém poderia contestá-lo; mas não tem as propriedades da matéria tangível, tal como se a concebe vulgarmente;
não pode ser submetido à análise química;
porque, embora tenha o mesmo princípio que a carne e o mármore e possa tornar as suas aparências, na realidade nem é carne nem mármore.
Por sua natureza etérea, tem, ao mesmo tempo, da materialidade por sua substância, e da espiritualidade por sua impalpabilidade;
e a palavra semimaterial não é mais ridícula do que semiduplo e tantas outras, porque também pode se dizer que uma coisa é dupla ou não o é.
Como princípio elementar universal, o fluido cósmico oferece dois estados distintos:
o de eterização ou de imponderabilidade, que pode se considerar como o estado normal primitivo, e o de materialização ou de ponderabilidade, que, de certo modo, não é senão consecutivo.
O ponto intermediário é o da transformação do fluido em matéria tangível.
Mas aí, ainda, não há transição brusca, porque se pode considerar os nossos fluidos imponderáveis como um termo médio entre os dois estados.
Cada um desses dois estados necessariamente dá lugar a fenómenos especiais.
Ao segundo pertencem os do mundo visível, e ao primeiro os do mundo invisível.
Uns, chamados fenómenos materiais, são do campo da Ciência propriamente dita;
os outros, qualificados de fenómenos espirituais, porque se ligam à existência dos Espíritos, são da atribuição do Espiritismo.
Mas há entre eles tão numerosos pontos de contacto, que servem para mútuo esclarecimento e, como dissemos, o estudo de uns não poderia ser completo sem o estudo dos outros.
É à explicação desses últimos que conduz o estudo dos fluidos de que, posteriormente, faremos assunto para um trabalho especial.
§.§.§- O-canto-da-ave
De qualquer maneira por que se opere a modificação atómica do fluido, não há coesão como nos corpos materiais:
a aparência se forma e se dissipa instantaneamente, o que explica as aparições e as desaparições súbitas.
Sendo as aparições o produto de um fluido material invisível, tornado visível por força de uma mudança momentânea na sua constituição molecular, não são mais sobrenaturais que os vapores que alternadamente se tornam visíveis ou invisíveis pela condensação ou pela rarefacção.
Citamos o vapor como ponto de comparação, sem pretender que haja similitude de causa e efeito.
Algumas pessoas criticaram a qualificação de semimaterial dada ao perispírito, dizendo que uma coisa é matéria ou não o é.
Admitindo que a expressão seja imprópria, seria preciso adoptá-la, em falta de um termo especial para exprimir esse estado particular da matéria.
Se existisse um mais apropriado à coisa, os críticos deveriam tê-lo indicado.
O perispírito é matéria, como acabamos de ver, falando filosoficamente, e por sua essência íntima.
Ninguém poderia contestá-lo; mas não tem as propriedades da matéria tangível, tal como se a concebe vulgarmente;
não pode ser submetido à análise química;
porque, embora tenha o mesmo princípio que a carne e o mármore e possa tornar as suas aparências, na realidade nem é carne nem mármore.
Por sua natureza etérea, tem, ao mesmo tempo, da materialidade por sua substância, e da espiritualidade por sua impalpabilidade;
e a palavra semimaterial não é mais ridícula do que semiduplo e tantas outras, porque também pode se dizer que uma coisa é dupla ou não o é.
Como princípio elementar universal, o fluido cósmico oferece dois estados distintos:
o de eterização ou de imponderabilidade, que pode se considerar como o estado normal primitivo, e o de materialização ou de ponderabilidade, que, de certo modo, não é senão consecutivo.
O ponto intermediário é o da transformação do fluido em matéria tangível.
Mas aí, ainda, não há transição brusca, porque se pode considerar os nossos fluidos imponderáveis como um termo médio entre os dois estados.
Cada um desses dois estados necessariamente dá lugar a fenómenos especiais.
Ao segundo pertencem os do mundo visível, e ao primeiro os do mundo invisível.
Uns, chamados fenómenos materiais, são do campo da Ciência propriamente dita;
os outros, qualificados de fenómenos espirituais, porque se ligam à existência dos Espíritos, são da atribuição do Espiritismo.
Mas há entre eles tão numerosos pontos de contacto, que servem para mútuo esclarecimento e, como dissemos, o estudo de uns não poderia ser completo sem o estudo dos outros.
É à explicação desses últimos que conduz o estudo dos fluidos de que, posteriormente, faremos assunto para um trabalho especial.
§.§.§- O-canto-da-ave
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Introdução ao estudo dos fluidos espirituais
Revista Espírita, março de 1866
Os fluidos espirituais representam um importante papel em todos os fenómenos espíritas, ou melhor, são o princípio mesmo desses fenómenos.
Até agora se estava limitado a dizer que tal efeito é o resultado de uma acção fluídica, mas esse dado geral, suficiente no início, não o é mais quando se quer investigar os detalhes.
Sabiamente os Espíritos limitaram seu ensinamento no princípio.
Mais tarde, chamaram a atenção para a grave questão dos fluidos, e não foi num centro único que a abordaram:
foi mais ou menos em todos.
Mas os Espíritos não nos vem trazer esta ciência, como nenhuma outra, já pronta:
eles nos põem no caminho, fornecem-nos os materiais e a nós cabe estudá-los, observá-los, analisá-los, coordená-los e os pôr em obra.
Foi o que fizeram para a constituição da doutrina e agiram assim em relação aos fluidos.
Em milhares de lugares diversos e do nosso conhecimento, esboçaram o seu estudo.
Em toda parte encontramos alguns factos, algumas explicações, uma teoria parcial, uma ideia, mas em parte alguma um completo trabalho de conjunto.
Porquê isto?
Impossibilidade da parte deles?
Certo que não, porque o que teriam podido fazer como homens, com mais forte razão podê-lo-ão como Espíritos.
Mas, como dissemos, é que por coisa alguma eles vem libertar-nos do trabalho da inteligência, sem o qual as nossas forças, ficando inactivas, estiolar-se-iam, porque acharíamos mais cómodo que eles trabalhassem por nós.
Assim, o trabalho foi deixado ao homem, mas a sua inteligência, a sua vida, o seu tempo sendo limitados, a nenhum é dado elaborar tudo o que é necessário para a constituição de uma ciência.
Eis porque não há uma só que, em todas as suas peças seja obra de um só homem;
nenhuma descoberta que o seu primeiro inventor tenha levado à perfeição.
A cada edifício intelectual vários homens e diversas gerações trouxeram seu contingente de pesquisas e de observações.
Assim também com a questão que nos ocupa, cujas diversas partes foram tratadas separadamente, depois coligidas num corpo metódico, quando puderam ser reunidos materiais suficientes.
Esta parte da ciência espírita mostra, desde já, que não é uma concepção individual sistemática, de um homem ou de um Espírito, mas o produto de observações múltiplas, que tiram sua autoridade da concordância entre elas existente.
Pelo motivo que acabamos de exprimir, não poderíamos pretender que esta seja a última palavra.
Como temos dito, os Espíritos graduam os seus ensinos e os proporcionam à soma e à maturidade das ideias adquiridas.
Não se poderia, pois, duvidar que, mais tarde, elas pusessem novas observações sobre a via.
Mas desde agora há elementos suficientes para formar um corpo que, ulteriormente e gradualmente, será completado.
O encadeamento dos factos nos obriga a tomar nosso ponto de partida de mais alto, a fim de proceder do conhecido para o desconhecido.
Tudo se liga na obra da criação.
Outrora consideravam-se os três reinos como inteiramente independentes entre si e teriam rido de quem pretendesse encontrar uma correlação entre o mineral e o vegetal, entre o vegetal e o animal.
Urna observação atenta fez desaparecer a solução de continuidade, e provou que todos os corpos formam uma cadeia ininterrupta.
De tal sorte que os três reinos não subsistem, na realidade, senão pelos caracteres gerais mais marcados.
Mas nos seus limites respectivos eles se confundem, a ponto de se hesitar em saber onde um termina e o outro começa, e em qual certos seres devem ser colocados.
Tais são, por exemplo, os zoofitas, ou animais plantas, assim chamados porque tem, ao mesmo tempo de animal e de planta.
O mesmo acontece no que concerne à composição dos corpos.
Continua...
Os fluidos espirituais representam um importante papel em todos os fenómenos espíritas, ou melhor, são o princípio mesmo desses fenómenos.
Até agora se estava limitado a dizer que tal efeito é o resultado de uma acção fluídica, mas esse dado geral, suficiente no início, não o é mais quando se quer investigar os detalhes.
Sabiamente os Espíritos limitaram seu ensinamento no princípio.
Mais tarde, chamaram a atenção para a grave questão dos fluidos, e não foi num centro único que a abordaram:
foi mais ou menos em todos.
Mas os Espíritos não nos vem trazer esta ciência, como nenhuma outra, já pronta:
eles nos põem no caminho, fornecem-nos os materiais e a nós cabe estudá-los, observá-los, analisá-los, coordená-los e os pôr em obra.
Foi o que fizeram para a constituição da doutrina e agiram assim em relação aos fluidos.
Em milhares de lugares diversos e do nosso conhecimento, esboçaram o seu estudo.
Em toda parte encontramos alguns factos, algumas explicações, uma teoria parcial, uma ideia, mas em parte alguma um completo trabalho de conjunto.
Porquê isto?
Impossibilidade da parte deles?
Certo que não, porque o que teriam podido fazer como homens, com mais forte razão podê-lo-ão como Espíritos.
Mas, como dissemos, é que por coisa alguma eles vem libertar-nos do trabalho da inteligência, sem o qual as nossas forças, ficando inactivas, estiolar-se-iam, porque acharíamos mais cómodo que eles trabalhassem por nós.
Assim, o trabalho foi deixado ao homem, mas a sua inteligência, a sua vida, o seu tempo sendo limitados, a nenhum é dado elaborar tudo o que é necessário para a constituição de uma ciência.
Eis porque não há uma só que, em todas as suas peças seja obra de um só homem;
nenhuma descoberta que o seu primeiro inventor tenha levado à perfeição.
A cada edifício intelectual vários homens e diversas gerações trouxeram seu contingente de pesquisas e de observações.
Assim também com a questão que nos ocupa, cujas diversas partes foram tratadas separadamente, depois coligidas num corpo metódico, quando puderam ser reunidos materiais suficientes.
Esta parte da ciência espírita mostra, desde já, que não é uma concepção individual sistemática, de um homem ou de um Espírito, mas o produto de observações múltiplas, que tiram sua autoridade da concordância entre elas existente.
Pelo motivo que acabamos de exprimir, não poderíamos pretender que esta seja a última palavra.
Como temos dito, os Espíritos graduam os seus ensinos e os proporcionam à soma e à maturidade das ideias adquiridas.
Não se poderia, pois, duvidar que, mais tarde, elas pusessem novas observações sobre a via.
Mas desde agora há elementos suficientes para formar um corpo que, ulteriormente e gradualmente, será completado.
O encadeamento dos factos nos obriga a tomar nosso ponto de partida de mais alto, a fim de proceder do conhecido para o desconhecido.
Tudo se liga na obra da criação.
Outrora consideravam-se os três reinos como inteiramente independentes entre si e teriam rido de quem pretendesse encontrar uma correlação entre o mineral e o vegetal, entre o vegetal e o animal.
Urna observação atenta fez desaparecer a solução de continuidade, e provou que todos os corpos formam uma cadeia ininterrupta.
De tal sorte que os três reinos não subsistem, na realidade, senão pelos caracteres gerais mais marcados.
Mas nos seus limites respectivos eles se confundem, a ponto de se hesitar em saber onde um termina e o outro começa, e em qual certos seres devem ser colocados.
Tais são, por exemplo, os zoofitas, ou animais plantas, assim chamados porque tem, ao mesmo tempo de animal e de planta.
O mesmo acontece no que concerne à composição dos corpos.
Continua...
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Re: O que é a Doutrina
Continua...
Durante muito tempo os quatro elementos serviram de base às ciências naturais:
caíram ante as descobertas da química moderna, que reconheceu um número indeterminado de corpos simples.
A química nos mostra todos os corpos da natureza formados desse elementos combinados em diversas proporções.
É da infinita variedade dessas proporções que nascem as inumeráveis propriedades dos diferentes corpos.
É assim, por exemplo, que uma molécula de gás oxigénio e duas de gás hidrogénio, combinadas, formam água.
Na sua transformação em água, o oxigénio e o hidrogénio perdem suas qualidades próprias.
A bem dizer, não há mais oxigénio, nem hidrogénio, mas água.
Decompondo a água, encontram-se novamente os dois gases, nas mesmas proporções.
Se, em lugar de uma molécula de oxigénio, houver duas, isto é, duas de cada gás, não será mais água, mas um líquido muito corrosivo.
Bastou, pois, uma simples mudança na proporção de um dos elementos para transformar uma substância salutar em outra venenosa.
Por uma operação inversa, se os elementos de uma substância deletéria, como, por exemplo, o arsénico, forem simplesmente combinados em outras proporções, sem adição ou subtracção de nenhuma outra substância, ela tornar-se-á inofensiva, ou mesmo salutar.
Há mais:
várias moléculas reunidas de um mesmo elemento, gozarão de propriedades diferentes, conforme o modo de agregação e as condições do meio onde se encontram.
O ozono, recentemente descoberta no ar atmosférico, é um exemplo.
Reconheceu-se que essa substância não passa de oxigénio, um dos principais constituintes do ar, num estado particular, que lhe dá propriedades distintas das do oxigénio propriamente dito.
O ar não deixa de ser formado de oxigénio e de azoto, mas suas qualidades variam conforme contenha maior ou menor quantidade de oxigénio no estado de ozono.
Estas observações, que parecem estranhas ao nosso assunto, não obstante a ele se ligam de maneira directa, como se verá mais tarde.
Elas são, além disso, essenciais como pontos de comparação.
Essas composições e decomposições se obtém artificialmente e em pequenas doses nos laboratórios, mas se operam em grande e espontaneamente no grande laboratório da natureza.
Sob a influência do calor, da luz, da electricidade, da humanidade, um corpo se decompõe, seus elementos se separam, outras combinações se operam e novos corpos se formam.
Assim, a mesma molécula de oxigénio, por exemplo, que faz parte do nosso corpo, após a destruição deste, entra na composição de um mineral, de uma planta, ou de um corpo animado.
Em nosso corpo actual acham-se, pois, as mesmas parcelas de matéria, que foram partes constituintes de uma multidão de outros corpos.
Citemos um exemplo para tornar a coisa mais clara.
Um pequeno grão é posto na terra, nasce, cresce e torna-se uma grande árvore que, anualmente, dá folhas, flores e frutos.
Quer dizer que a árvore se achava inteirinha no grão?
Certamente que não, porque ela contém uma quantidade de matéria muito mais considerável.
Então de onde lhe veio essa matéria?
Dos líquidos, dos sais, dos gases que a planta tirou da terra e do ar, que infiltraram em sua haste e, pouco a pouco, alimentaram o volume.
Mas nem na terra nem no ar encontram-se madeira, folhas, flores e frutos.
É que esses mesmos líquidos, sais e gases, no acto de absorção, se decompuseram, seus elementos sofreram novas combinações, que os transformaram em seiva, lenho, casca, folhas, flores, frutos, essências voláteis, etc.
Estas mesmas partes, por sua vez, vão destruir-se, decompor-se, seus elementos, misturar-se de novo na terra e no ar;
recompor as substâncias necessárias à frutificação, ser reabsorvidos, decompostos e, mais uma vez, transformados em seiva, lenho, casca, etc.
Numa palavra, a matéria não sofre aumento nem diminuição.
Transforma-se e, por força dessas transformações sucessivas, a proporção das diversas substâncias é sempre em quantidade suficiente para as necessidades da natureza.
Continua...
Durante muito tempo os quatro elementos serviram de base às ciências naturais:
caíram ante as descobertas da química moderna, que reconheceu um número indeterminado de corpos simples.
A química nos mostra todos os corpos da natureza formados desse elementos combinados em diversas proporções.
É da infinita variedade dessas proporções que nascem as inumeráveis propriedades dos diferentes corpos.
É assim, por exemplo, que uma molécula de gás oxigénio e duas de gás hidrogénio, combinadas, formam água.
Na sua transformação em água, o oxigénio e o hidrogénio perdem suas qualidades próprias.
A bem dizer, não há mais oxigénio, nem hidrogénio, mas água.
Decompondo a água, encontram-se novamente os dois gases, nas mesmas proporções.
Se, em lugar de uma molécula de oxigénio, houver duas, isto é, duas de cada gás, não será mais água, mas um líquido muito corrosivo.
Bastou, pois, uma simples mudança na proporção de um dos elementos para transformar uma substância salutar em outra venenosa.
Por uma operação inversa, se os elementos de uma substância deletéria, como, por exemplo, o arsénico, forem simplesmente combinados em outras proporções, sem adição ou subtracção de nenhuma outra substância, ela tornar-se-á inofensiva, ou mesmo salutar.
Há mais:
várias moléculas reunidas de um mesmo elemento, gozarão de propriedades diferentes, conforme o modo de agregação e as condições do meio onde se encontram.
O ozono, recentemente descoberta no ar atmosférico, é um exemplo.
Reconheceu-se que essa substância não passa de oxigénio, um dos principais constituintes do ar, num estado particular, que lhe dá propriedades distintas das do oxigénio propriamente dito.
O ar não deixa de ser formado de oxigénio e de azoto, mas suas qualidades variam conforme contenha maior ou menor quantidade de oxigénio no estado de ozono.
Estas observações, que parecem estranhas ao nosso assunto, não obstante a ele se ligam de maneira directa, como se verá mais tarde.
Elas são, além disso, essenciais como pontos de comparação.
Essas composições e decomposições se obtém artificialmente e em pequenas doses nos laboratórios, mas se operam em grande e espontaneamente no grande laboratório da natureza.
Sob a influência do calor, da luz, da electricidade, da humanidade, um corpo se decompõe, seus elementos se separam, outras combinações se operam e novos corpos se formam.
Assim, a mesma molécula de oxigénio, por exemplo, que faz parte do nosso corpo, após a destruição deste, entra na composição de um mineral, de uma planta, ou de um corpo animado.
Em nosso corpo actual acham-se, pois, as mesmas parcelas de matéria, que foram partes constituintes de uma multidão de outros corpos.
Citemos um exemplo para tornar a coisa mais clara.
Um pequeno grão é posto na terra, nasce, cresce e torna-se uma grande árvore que, anualmente, dá folhas, flores e frutos.
Quer dizer que a árvore se achava inteirinha no grão?
Certamente que não, porque ela contém uma quantidade de matéria muito mais considerável.
Então de onde lhe veio essa matéria?
Dos líquidos, dos sais, dos gases que a planta tirou da terra e do ar, que infiltraram em sua haste e, pouco a pouco, alimentaram o volume.
Mas nem na terra nem no ar encontram-se madeira, folhas, flores e frutos.
É que esses mesmos líquidos, sais e gases, no acto de absorção, se decompuseram, seus elementos sofreram novas combinações, que os transformaram em seiva, lenho, casca, folhas, flores, frutos, essências voláteis, etc.
Estas mesmas partes, por sua vez, vão destruir-se, decompor-se, seus elementos, misturar-se de novo na terra e no ar;
recompor as substâncias necessárias à frutificação, ser reabsorvidos, decompostos e, mais uma vez, transformados em seiva, lenho, casca, etc.
Numa palavra, a matéria não sofre aumento nem diminuição.
Transforma-se e, por força dessas transformações sucessivas, a proporção das diversas substâncias é sempre em quantidade suficiente para as necessidades da natureza.
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Re: O que é a Doutrina
Continua...
Suponhamos, por exemplo, que uma dada quantidade de água seja decomposta, no fenómeno da vegetação, para fornecer o oxigénio e o hidrogénio necessários á formação das diversas partes da planta;
é uma quantidade de água que existe a menos na massa;
mas essas partes da planta, quando de sua decomposição, vão tornar livres o oxigénio e o hidrogénio que elas encerravam, e esses gases, combinando-se entre si, vão formar uma nova quantidade de água equivalente à que havia desaparecido.
Um facto que é oportuno assinalar aqui, é que o homem, que pode operar artificialmente as composições e decomposições que se operam espontaneamente na natureza, é impotente para reconstituir o menor corpo organizado, ainda que fosse uma palha de erva ou uma folha morta.
Depois de ter decomposto um mineral, pode recompô-lo em todas as suas peças, como era antes.
Mas quando separou os elementos de uma parcela de matéria vegetal ou animal, não pode reconstituí-la e, com mais forte razão, dar-lhe a vida.
Seu poder pára na matéria inerte:
o princípio de vida está na mão de Deus.
A maioria dos corpos simples são chamados ponderáveis, porque é possível achar o seu peso, e este está na razão da soma de moléculas contidas num dado volume.
Outros são ditos imponderáveis, porque para nós não tem peso e, seja qual for a quantidade em que se acumulem num outro corpo, não aumentam o peso deste.
Tais são:
o calórico, a luz, a electricidade, o fluido magnético ou do ímã.
Este último não passa de uma variedade da electricidade.
Posto que imponderáveis, nem por isto esses fluidos deixam de ter um grande poder.
O calórico divide os corpos mais duros, os reduz a vapor, dá aos líquidos evaporados uma irresistível força de expansão.
O choque eléctrico quebra árvores e pedras, curva barras de ferro, funde os metais, atira longe enormes massas.
O magnetismo dá ao ferro um poder de atração capaz de sustentar pesos consideráveis.
A luz não possui esse género de força, mas exerce uma ação química sobre a maioria dos corpos, e sob sua influência operam-se incessantemente composições e decomposições.
Sem a luz os vegetais e os animais se estiolam, os frutos não têm sabor nem colorido.
Todos os corpos da natureza, minerais, vegetais, animais, animados ou inanimados, sólidos, líquidos ou gasosos, são formados dos mesmos elementos, combinados de maneira a produzir a infinita variedade dos diferentes corpos.
Hoje a Ciência vai mais longe.
Suas investigações pouco a pouco a conduzem à grande lei da unidade.
Agora é geralmente admitido que os corpos reputados simples não passam de modificações, de transformações de um elemento único, princípio universal designado sob os nomes de éter, fluido cósmico ou fluido universal.
De tal sorte que, segundo o modo de agregação das moléculas desse fluido, e sob a influência de circunstâncias particulares, adquire propriedades especiais, que constituem os corpos simples.
Estes, combinados entre si em diversas proporções, formam, como dissemos, a inumerável variedade de corpos compostos.
Segundo esta opinião, o calórico, a luz, a eletricidade e o magnetismo não passariam de modificações do fluido primitivo universal.
Assim esse fluido que, segundo toda probabilidade, é imponderável seria ao mesmo tempo o princípio dos fluidos imponderáveis e dos corpos ponderáveis.
A química nos faz penetrar na constituição íntima dos corpos, mas, experimentalmente não vai além dos corpos considerados simples.
Seus meios de análise são impotentes para isolar o elemento primitivo e determinar a sua essência.
Ora, entre esse elemento em sua pureza absoluta e o ponto onde pára as investigações da Ciência, o intervalo é imenso.
Raciocinando por analogia, chega-se a esta conclusão que entre esse dois pontos extremos, esse fluido deve sofrer modificações que escapam aos nossos instrumentos e aos nossos sentidos materiais.
É nesse campo novo, até aqui fechado à exploração, que vamos tentar penetrar.
§.§.§- O-canto-da-ave
Suponhamos, por exemplo, que uma dada quantidade de água seja decomposta, no fenómeno da vegetação, para fornecer o oxigénio e o hidrogénio necessários á formação das diversas partes da planta;
é uma quantidade de água que existe a menos na massa;
mas essas partes da planta, quando de sua decomposição, vão tornar livres o oxigénio e o hidrogénio que elas encerravam, e esses gases, combinando-se entre si, vão formar uma nova quantidade de água equivalente à que havia desaparecido.
Um facto que é oportuno assinalar aqui, é que o homem, que pode operar artificialmente as composições e decomposições que se operam espontaneamente na natureza, é impotente para reconstituir o menor corpo organizado, ainda que fosse uma palha de erva ou uma folha morta.
Depois de ter decomposto um mineral, pode recompô-lo em todas as suas peças, como era antes.
Mas quando separou os elementos de uma parcela de matéria vegetal ou animal, não pode reconstituí-la e, com mais forte razão, dar-lhe a vida.
Seu poder pára na matéria inerte:
o princípio de vida está na mão de Deus.
A maioria dos corpos simples são chamados ponderáveis, porque é possível achar o seu peso, e este está na razão da soma de moléculas contidas num dado volume.
Outros são ditos imponderáveis, porque para nós não tem peso e, seja qual for a quantidade em que se acumulem num outro corpo, não aumentam o peso deste.
Tais são:
o calórico, a luz, a electricidade, o fluido magnético ou do ímã.
Este último não passa de uma variedade da electricidade.
Posto que imponderáveis, nem por isto esses fluidos deixam de ter um grande poder.
O calórico divide os corpos mais duros, os reduz a vapor, dá aos líquidos evaporados uma irresistível força de expansão.
O choque eléctrico quebra árvores e pedras, curva barras de ferro, funde os metais, atira longe enormes massas.
O magnetismo dá ao ferro um poder de atração capaz de sustentar pesos consideráveis.
A luz não possui esse género de força, mas exerce uma ação química sobre a maioria dos corpos, e sob sua influência operam-se incessantemente composições e decomposições.
Sem a luz os vegetais e os animais se estiolam, os frutos não têm sabor nem colorido.
Todos os corpos da natureza, minerais, vegetais, animais, animados ou inanimados, sólidos, líquidos ou gasosos, são formados dos mesmos elementos, combinados de maneira a produzir a infinita variedade dos diferentes corpos.
Hoje a Ciência vai mais longe.
Suas investigações pouco a pouco a conduzem à grande lei da unidade.
Agora é geralmente admitido que os corpos reputados simples não passam de modificações, de transformações de um elemento único, princípio universal designado sob os nomes de éter, fluido cósmico ou fluido universal.
De tal sorte que, segundo o modo de agregação das moléculas desse fluido, e sob a influência de circunstâncias particulares, adquire propriedades especiais, que constituem os corpos simples.
Estes, combinados entre si em diversas proporções, formam, como dissemos, a inumerável variedade de corpos compostos.
Segundo esta opinião, o calórico, a luz, a eletricidade e o magnetismo não passariam de modificações do fluido primitivo universal.
Assim esse fluido que, segundo toda probabilidade, é imponderável seria ao mesmo tempo o princípio dos fluidos imponderáveis e dos corpos ponderáveis.
A química nos faz penetrar na constituição íntima dos corpos, mas, experimentalmente não vai além dos corpos considerados simples.
Seus meios de análise são impotentes para isolar o elemento primitivo e determinar a sua essência.
Ora, entre esse elemento em sua pureza absoluta e o ponto onde pára as investigações da Ciência, o intervalo é imenso.
Raciocinando por analogia, chega-se a esta conclusão que entre esse dois pontos extremos, esse fluido deve sofrer modificações que escapam aos nossos instrumentos e aos nossos sentidos materiais.
É nesse campo novo, até aqui fechado à exploração, que vamos tentar penetrar.
§.§.§- O-canto-da-ave
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Os Profetas do Passado
Revista Espírita, agosto de 1866
Se os princípios que acabamos de citar não passassem de opinião pessoal do autor dessa obra, não mereceriam mais preocupação do que muitas outras excentricidades.
Mas ele não fala apenas em seu nome;
e o partido, do qual se torna órgão, não as desaprovando, lhe dá uma adesão tácita.[/i]
Aliás, não é a primeira vez que, em nossos dias, essas mesmas doutrinas são preconizadas publicamente e é bem certo que estas ainda hoje constituem a opinião de certa classe de pessoas.
Se se não comove bastante, é que a sociedade tem muita consciência de sua força para se amedrontar.
Cada um compreende que tais anacronismos prejudicam, antes de tudo, aos que os cometem, porque cavam mais profundamente o abismo entre o passado e o presente:
esclarecem as massas e as mantêm despertas.
Como se vê, o autor não disfarça o seu pensamento e não toma precauções oratórias;
não vai por quatro caminhos:
"Teria sido necessário queimar Lutero;
teria sido preciso queimar todos os autores de heresias, para maior glória de Deus e salvação da religião".
É claro e preciso.
É triste para uma religião fundar a sua autoridade e sua estabilidade em semelhantes expedientes;
em mostrar pouca confiança em seu ascendente moral.
Se a sua base é a verdade absoluta, ela deve desafiar todos os argumentos contrários;
como o sol, basta que este se mostre para dissipar as trevas.
Toda religião que vem de Deus nada tem a temer do capricho nem da malícia dos homens;
ela aure a sua força no raciocínio;
e se um homem tivesse o poder de a derrubar, de duas, uma:
ou ela não seria obra de Deus, ou esse homem seria mais lógico do que Deus, desde que seus argumentos prevaleçam contra os de Deus.
O autor teria preferido antes queimar Lutero do que os seus livros, porque, diz ele, as cinzas destes caíram sobre a Europa como uma semente.
Concorda, pois, que os autos de fé dos livros aproveitam mais à ideia que se quer destruir do que a prejudicam.
Eis a grande e profunda verdade constatada pela experiência.
Assim, queimar o homem lhe parece mais eficaz porque, em sua opinião, é parar o mal na fonte.
Mas acredita ele que as cinzas do homem sejam menos fecundas que a dos livros?
Reflectiu em todos os rebentos que produziram as de quatrocentos mil heréticos queimados pela Inquisição, sem contar o número imensamente grande dos que pereceram em outros suplícios?
Os livros queimados apenas dão cinzas;
mas as vítimas humanas dão sangue, que faz marcas indeléveis e cai sobre os que o derramam.
Foi desse sangue que saiu a febre de incredulidade que atormenta o nosso século e se a fé se extingue é que a quiseram cimentar pelo sangue e não pelo amor de Deus.
Como amar um Deus que faz queimar os seus filhos?
Como crer em sua bondade, se a fumaça das vítimas é um incenso que lhe é agradável?
Como crer em seu poder infinito, se necessita do braço do homem para fazer prevalecer a sua autoridade pela destruição?
Dirão que isto não é religião, mas abuso.
Se tal fosse, com efeito a essência do cristianismo, nada haveria a invejar ao paganismo, mesmo quanto aos sacrifícios humanos e o mundo pouco teria ganho com a troca.
Sim, certamente é abuso;
mas quando o abuso é obra de chefes que têm autoridade, que dela fazem uma lei e a apresentam como a mais santa ortodoxia, não é de admirar se, mais tarde, as massas pouco esclarecidas confundem o todo na mesma reprovação.
Ora, foram precisamente os abusos que geraram as reformas, e os que as preconizavam colhem o que semearam.
É de notar que nove décimos de trezentas e sessenta e tantas seitas que dividiram o cristianismo desde a sua origem tiveram por objectivo aproximar-se dos princípios evangélicos.
De onde é racional concluir que, se não se tivessem dele afastado, essas seitas não se teriam formado.
Continua...
Se os princípios que acabamos de citar não passassem de opinião pessoal do autor dessa obra, não mereceriam mais preocupação do que muitas outras excentricidades.
Mas ele não fala apenas em seu nome;
e o partido, do qual se torna órgão, não as desaprovando, lhe dá uma adesão tácita.[/i]
Aliás, não é a primeira vez que, em nossos dias, essas mesmas doutrinas são preconizadas publicamente e é bem certo que estas ainda hoje constituem a opinião de certa classe de pessoas.
Se se não comove bastante, é que a sociedade tem muita consciência de sua força para se amedrontar.
Cada um compreende que tais anacronismos prejudicam, antes de tudo, aos que os cometem, porque cavam mais profundamente o abismo entre o passado e o presente:
esclarecem as massas e as mantêm despertas.
Como se vê, o autor não disfarça o seu pensamento e não toma precauções oratórias;
não vai por quatro caminhos:
"Teria sido necessário queimar Lutero;
teria sido preciso queimar todos os autores de heresias, para maior glória de Deus e salvação da religião".
É claro e preciso.
É triste para uma religião fundar a sua autoridade e sua estabilidade em semelhantes expedientes;
em mostrar pouca confiança em seu ascendente moral.
Se a sua base é a verdade absoluta, ela deve desafiar todos os argumentos contrários;
como o sol, basta que este se mostre para dissipar as trevas.
Toda religião que vem de Deus nada tem a temer do capricho nem da malícia dos homens;
ela aure a sua força no raciocínio;
e se um homem tivesse o poder de a derrubar, de duas, uma:
ou ela não seria obra de Deus, ou esse homem seria mais lógico do que Deus, desde que seus argumentos prevaleçam contra os de Deus.
O autor teria preferido antes queimar Lutero do que os seus livros, porque, diz ele, as cinzas destes caíram sobre a Europa como uma semente.
Concorda, pois, que os autos de fé dos livros aproveitam mais à ideia que se quer destruir do que a prejudicam.
Eis a grande e profunda verdade constatada pela experiência.
Assim, queimar o homem lhe parece mais eficaz porque, em sua opinião, é parar o mal na fonte.
Mas acredita ele que as cinzas do homem sejam menos fecundas que a dos livros?
Reflectiu em todos os rebentos que produziram as de quatrocentos mil heréticos queimados pela Inquisição, sem contar o número imensamente grande dos que pereceram em outros suplícios?
Os livros queimados apenas dão cinzas;
mas as vítimas humanas dão sangue, que faz marcas indeléveis e cai sobre os que o derramam.
Foi desse sangue que saiu a febre de incredulidade que atormenta o nosso século e se a fé se extingue é que a quiseram cimentar pelo sangue e não pelo amor de Deus.
Como amar um Deus que faz queimar os seus filhos?
Como crer em sua bondade, se a fumaça das vítimas é um incenso que lhe é agradável?
Como crer em seu poder infinito, se necessita do braço do homem para fazer prevalecer a sua autoridade pela destruição?
Dirão que isto não é religião, mas abuso.
Se tal fosse, com efeito a essência do cristianismo, nada haveria a invejar ao paganismo, mesmo quanto aos sacrifícios humanos e o mundo pouco teria ganho com a troca.
Sim, certamente é abuso;
mas quando o abuso é obra de chefes que têm autoridade, que dela fazem uma lei e a apresentam como a mais santa ortodoxia, não é de admirar se, mais tarde, as massas pouco esclarecidas confundem o todo na mesma reprovação.
Ora, foram precisamente os abusos que geraram as reformas, e os que as preconizavam colhem o que semearam.
É de notar que nove décimos de trezentas e sessenta e tantas seitas que dividiram o cristianismo desde a sua origem tiveram por objectivo aproximar-se dos princípios evangélicos.
De onde é racional concluir que, se não se tivessem dele afastado, essas seitas não se teriam formado.
Continua...
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Re: O que é a Doutrina
Continua...
E com que armas as combateram?
Sempre a ferro e fogo, proscrições e perseguições.
Tristes e pobres meios de convencer!
Foi no sangue que as quiseram abafar.
Em falta de raciocínio, a força pode triunfar dos indivíduos, destruí-los, dispersá-los, mas não pôde aniquilar a ideia.
É por isto que, com algumas variantes, nós as vemos reaparecer incessantemente, sob outros nomes ou sob novos chefes.
O autor desse livro, como se viu, é pelos remédios heróicos.
Contudo, como teme que a ideia de queimar faça gritar no século em que estamos, declara "não se ater essencialmente à fogueira, desde que o erro seja suprimido na sua manifestação do momento e na sua manifestação contínua, isto é, o homem que o disse ou o escreveu, e que o chama verdade".
Assim, desde que o homem desapareça, pouco lhe importa a maneira.
Sabe-se que os recursos não faltam:
o fim justifica os meios.
Eis para a manifestação do momento;
mas, para que o erro seja destruído na sua manifestação contínua, é necessário fazer desaparecer todos os aderentes que não tiveram querido render-se de boa vontade.
Vê-se que isto nos leva longe.
Aliás, se o meio é duro, é infalível para se desembaraçarem de toda oposição.
Tais ideias, no século em que vivemos, não podem deixar de ser importações e reminiscências de existências precedentes.
Quando aos cordeiros que berram a liberdade, aí ainda está um anacronismo, uma lembrança do passado.
Realmente outrora não podiam senão berrar;
mas hoje os cordeiros tornaram-se grandes:
não berram mais a liberdade; eles a tomam.
Entretanto, vejamos se queimando Lutero teriam detido o movimento, do qual foi o instigador.
O autor não parece muito certo disto, pois que diz:
"O mundo estaria salvo, ao menos por um século".
Um século de espera, eis tudo o que teriam ganho!
E porquê? Eis a razão.
Se os reformadores só exprimissem as suas ideias pessoais, não reformariam absolutamente nada, porque não encontrariam eco.
Um homem só é impotente para agitar as massas, se estas estiverem inertes e não sentires em si vibrar alguma fibra.
É de notar que as grandes renovações sociais jamais chegam bruscamente;
como as erupções vulcânicas, são precedidas por sintomas precursores.
As ideias novas germinam, fervem em muitas cabeças;
a sociedade é agitada por uma espécie de frémito, que a põe à espera de algo.
É nesses momentos que surgem os verdadeiros reformadores, que assim se vêem como representantes, não de uma ideias individual, mas de uma ideia colectiva, vaga, à qual o reformador dá forma precisa e concreta e só triunfa porque encontra os espíritos prontos a recebê-la.
Tal era a posição de Lutero.
Mas Lutero nem foi o primeiro, nem o único promotor da reforma.
Antes dele houve apóstolos como Wicklef, João Huss, Jerôme de Praga.
Estes dois últimos foram queimados por ordem do concílio de Constança;
os hussitas, perseguidos tenazmente após uma guerra encarniçada, foram vencidos e massacrados.
Os homens foram destruídos, mas não a ideia, que foi retomada mais tarde, sob outra forma e modificada nalguns detalhes por Lutero, Calvino, Zwingle etc.
De onde é permitido concluir que, se tivessem queimado Lutero, isto para nada teria servido e nem mesmo dado um século de espera, porque a ideia da reforma não estava só na cabeça de Lutero, mas na de milhares de outras, de onde deveriam sair homens capazes de a sustentar.
Não teria sido senão um crime a mais, sem proveito para a causa que o tivesse provocado.
Tanto é certo que quando uma corrente de ideias novas atravessam o mundo, nada poderá detê-la.
Lendo tais palavras, julgar-se-iam escritas durante a febre das guerras religiosas, e não nos tempos em que se julgam as doutrinas com a calma da razão.
Allan Kardec
§.§.§- O-canto-da-ave
E com que armas as combateram?
Sempre a ferro e fogo, proscrições e perseguições.
Tristes e pobres meios de convencer!
Foi no sangue que as quiseram abafar.
Em falta de raciocínio, a força pode triunfar dos indivíduos, destruí-los, dispersá-los, mas não pôde aniquilar a ideia.
É por isto que, com algumas variantes, nós as vemos reaparecer incessantemente, sob outros nomes ou sob novos chefes.
O autor desse livro, como se viu, é pelos remédios heróicos.
Contudo, como teme que a ideia de queimar faça gritar no século em que estamos, declara "não se ater essencialmente à fogueira, desde que o erro seja suprimido na sua manifestação do momento e na sua manifestação contínua, isto é, o homem que o disse ou o escreveu, e que o chama verdade".
Assim, desde que o homem desapareça, pouco lhe importa a maneira.
Sabe-se que os recursos não faltam:
o fim justifica os meios.
Eis para a manifestação do momento;
mas, para que o erro seja destruído na sua manifestação contínua, é necessário fazer desaparecer todos os aderentes que não tiveram querido render-se de boa vontade.
Vê-se que isto nos leva longe.
Aliás, se o meio é duro, é infalível para se desembaraçarem de toda oposição.
Tais ideias, no século em que vivemos, não podem deixar de ser importações e reminiscências de existências precedentes.
Quando aos cordeiros que berram a liberdade, aí ainda está um anacronismo, uma lembrança do passado.
Realmente outrora não podiam senão berrar;
mas hoje os cordeiros tornaram-se grandes:
não berram mais a liberdade; eles a tomam.
Entretanto, vejamos se queimando Lutero teriam detido o movimento, do qual foi o instigador.
O autor não parece muito certo disto, pois que diz:
"O mundo estaria salvo, ao menos por um século".
Um século de espera, eis tudo o que teriam ganho!
E porquê? Eis a razão.
Se os reformadores só exprimissem as suas ideias pessoais, não reformariam absolutamente nada, porque não encontrariam eco.
Um homem só é impotente para agitar as massas, se estas estiverem inertes e não sentires em si vibrar alguma fibra.
É de notar que as grandes renovações sociais jamais chegam bruscamente;
como as erupções vulcânicas, são precedidas por sintomas precursores.
As ideias novas germinam, fervem em muitas cabeças;
a sociedade é agitada por uma espécie de frémito, que a põe à espera de algo.
É nesses momentos que surgem os verdadeiros reformadores, que assim se vêem como representantes, não de uma ideias individual, mas de uma ideia colectiva, vaga, à qual o reformador dá forma precisa e concreta e só triunfa porque encontra os espíritos prontos a recebê-la.
Tal era a posição de Lutero.
Mas Lutero nem foi o primeiro, nem o único promotor da reforma.
Antes dele houve apóstolos como Wicklef, João Huss, Jerôme de Praga.
Estes dois últimos foram queimados por ordem do concílio de Constança;
os hussitas, perseguidos tenazmente após uma guerra encarniçada, foram vencidos e massacrados.
Os homens foram destruídos, mas não a ideia, que foi retomada mais tarde, sob outra forma e modificada nalguns detalhes por Lutero, Calvino, Zwingle etc.
De onde é permitido concluir que, se tivessem queimado Lutero, isto para nada teria servido e nem mesmo dado um século de espera, porque a ideia da reforma não estava só na cabeça de Lutero, mas na de milhares de outras, de onde deveriam sair homens capazes de a sustentar.
Não teria sido senão um crime a mais, sem proveito para a causa que o tivesse provocado.
Tanto é certo que quando uma corrente de ideias novas atravessam o mundo, nada poderá detê-la.
Lendo tais palavras, julgar-se-iam escritas durante a febre das guerras religiosas, e não nos tempos em que se julgam as doutrinas com a calma da razão.
Allan Kardec
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Questões e Problemas - Crianças, Guias Espirituais dos Pais
Revista Espírita, agosto de 1866
Tendo perdido um filho de sete anos, e tendo-se tornado médium, a mãe teve a mesma criança como guia.
Um dia lhe fez a seguinte pergunta:
- Caro bem amado filho, um dos meus amigos espírita não compreende e não admite possas ser o guia espiritual de tua mãe, desde que ela existia antes de ti e, indubitavelmente, deve ter tido um guia, nem que fosse durante o tempo que te tivemos ao nosso lado.
Podes dar-nos algumas explicações?
Resposta do Espírito da criança:
- Como quereis aprofundar tudo quanto vos parece incompreensível?
Aquele que vos parece mesmo o mais adiantado no Espiritismo está apenas nos primeiros elementos da doutrina e não sabe mais do que este ou aquele que vos parece ao par de tudo e capaz de vos dar explicações.
- Eu existi muito tempo antes de minha mãe, e ocupei, em outra existência, uma posição eminente por meus conhecimentos intelectuais.
Mas um imenso orgulho se havia apoderado de meu Espírito, e durante várias existências consecutivas fui submetido à mesma provação, sem poder triunfar, até chegar à existência em que estava junto de vós.
Mas como já era adiantado e minha partida devia servir ao vosso adiantamento, a vós tão atrasados na vida espírita, Deus me chamou antes do fim de minha carreira, considerando minha missão junto a vós mais aproveitável como Espírito do que como encarnado.
Durante minha última estada na terra, minha mãe teve o seu anjo da guarda junto a ela, mas temporariamente, porque Deus sabia que era eu que devia ser o seu guia espiritual e que eu a traria mais eficazmente na via de que ela estava tão afastada.
Esse guia, que ela tinha então, foi chamado a uma outra missão, quando vim tomar seu lugar junto a ela.
Perguntai aos que sabeis mais adiantados do que vós, se esta explicação é lógica e boa.
Porque por ser que seja minha opinião pessoal e, mesmo a emitindo, não sei bem se me engano.
Enfim, isto vos será explicado, se perguntardes.
Muitas coisas ainda vos são ocultas e vos parecerão claras mais tarde.
Não queirais aprofundar muito porque, então, dessa constante preocupação nasce a confusão de vossas ideias.
Tende paciência;
e, assim como um espelho embaciado por um sopro ligeiro, se clarifica pouco a pouco, vosso espírito tranquilo e calmo atingirá esse grau de compreensão necessário ao vosso adiantamento.
Coragem, pois, bons pais;
marchai com confiança, e um, dia bendirei a hora da provação terrível que vos trouxe à via da felicidade eterna, e sem a qual teríeis muitas existências infelizes a percorrer ainda.
OBSERVAÇÃO:
Essa criança era de uma precocidade intelectual rara para a sua idade.
Mesmo em estado de saúde, parecia pressentir seu fim próximo.
Alegrava-se nos cemitérios e sem jamais ter ouvido falar em Espiritismo, em que os pais não acreditavam, muitas vezes perguntava se, quando se está morto, não se podia voltar para os que se tinha amado;
aspirava a morte como uma felicidade e diria que quando morresse sua mãe não deveria afligir-se, porque voltaria para junto dela.
Com efeito, foi a morte de três filhos em alguns dias que levou os pais a buscar uma consolação no Espiritismo.
Essa consolação a encontraram largamente e sua fé foi recompensada pela possibilidade de conversar a cada instante com os filhos, pois em muito pouco tempo a mãe se tornou excelente médium, tendo até o filho como guia, Espírito que se revela por uma grande superioridade.
Allan Kardec
§.§.§- O-canto-da-ave
Tendo perdido um filho de sete anos, e tendo-se tornado médium, a mãe teve a mesma criança como guia.
Um dia lhe fez a seguinte pergunta:
- Caro bem amado filho, um dos meus amigos espírita não compreende e não admite possas ser o guia espiritual de tua mãe, desde que ela existia antes de ti e, indubitavelmente, deve ter tido um guia, nem que fosse durante o tempo que te tivemos ao nosso lado.
Podes dar-nos algumas explicações?
Resposta do Espírito da criança:
- Como quereis aprofundar tudo quanto vos parece incompreensível?
Aquele que vos parece mesmo o mais adiantado no Espiritismo está apenas nos primeiros elementos da doutrina e não sabe mais do que este ou aquele que vos parece ao par de tudo e capaz de vos dar explicações.
- Eu existi muito tempo antes de minha mãe, e ocupei, em outra existência, uma posição eminente por meus conhecimentos intelectuais.
Mas um imenso orgulho se havia apoderado de meu Espírito, e durante várias existências consecutivas fui submetido à mesma provação, sem poder triunfar, até chegar à existência em que estava junto de vós.
Mas como já era adiantado e minha partida devia servir ao vosso adiantamento, a vós tão atrasados na vida espírita, Deus me chamou antes do fim de minha carreira, considerando minha missão junto a vós mais aproveitável como Espírito do que como encarnado.
Durante minha última estada na terra, minha mãe teve o seu anjo da guarda junto a ela, mas temporariamente, porque Deus sabia que era eu que devia ser o seu guia espiritual e que eu a traria mais eficazmente na via de que ela estava tão afastada.
Esse guia, que ela tinha então, foi chamado a uma outra missão, quando vim tomar seu lugar junto a ela.
Perguntai aos que sabeis mais adiantados do que vós, se esta explicação é lógica e boa.
Porque por ser que seja minha opinião pessoal e, mesmo a emitindo, não sei bem se me engano.
Enfim, isto vos será explicado, se perguntardes.
Muitas coisas ainda vos são ocultas e vos parecerão claras mais tarde.
Não queirais aprofundar muito porque, então, dessa constante preocupação nasce a confusão de vossas ideias.
Tende paciência;
e, assim como um espelho embaciado por um sopro ligeiro, se clarifica pouco a pouco, vosso espírito tranquilo e calmo atingirá esse grau de compreensão necessário ao vosso adiantamento.
Coragem, pois, bons pais;
marchai com confiança, e um, dia bendirei a hora da provação terrível que vos trouxe à via da felicidade eterna, e sem a qual teríeis muitas existências infelizes a percorrer ainda.
OBSERVAÇÃO:
Essa criança era de uma precocidade intelectual rara para a sua idade.
Mesmo em estado de saúde, parecia pressentir seu fim próximo.
Alegrava-se nos cemitérios e sem jamais ter ouvido falar em Espiritismo, em que os pais não acreditavam, muitas vezes perguntava se, quando se está morto, não se podia voltar para os que se tinha amado;
aspirava a morte como uma felicidade e diria que quando morresse sua mãe não deveria afligir-se, porque voltaria para junto dela.
Com efeito, foi a morte de três filhos em alguns dias que levou os pais a buscar uma consolação no Espiritismo.
Essa consolação a encontraram largamente e sua fé foi recompensada pela possibilidade de conversar a cada instante com os filhos, pois em muito pouco tempo a mãe se tornou excelente médium, tendo até o filho como guia, Espírito que se revela por uma grande superioridade.
Allan Kardec
§.§.§- O-canto-da-ave
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O curador do campo Châlons
Revista Espírita, outubro de 1866
Lê-se no Écho de l'Aisne, de 1º de agosto de 1866:
"Não se fala em nosso interior senão das maravilhas realizadas no campo de Châlons, por um jovem zuavo espírita que diariamente faz novos milagres.
"Numerosos comboios de doentes se dirigem a Châlons e, coisa incrível, um bom número deles voltam curados.
"Nestes últimos dias um paralítico, vindo de carro, depois de ter sido visto pelo `jovem espírita' achou-se radicalmente curado e voltou para casa galhardamente a pé.
"Quem puder explique estes fatos, que tocam ao prodígio;
sempre há os que são exactos e afirmados por grande número de pessoas inteligentes e dignos de fé."
Renaud
Este artigo é produzido textualmente pela Presse Illustrée de 6 de agosto.
O Petit Jorunal, de 17 de agosto, conta o facto nestes termos:
"Depois de ter podido visitar o quartel imperial, que penso já tenhais descrito aos leitores, isto é, a morada mais inteligente e, ao mesmo tempo, a mais simples que possa ter um soberano, mesmo que apenas por alguns dias, passei a tarde a correr à procura do zuavo magnetizador.
"Esse zuavo, um simples músico, é, há três meses, o herói do campo e suas imediações.
É um homenzinho magro, moreno, de olhos profundamente enterrados nas órbitas, uma verdadeira fisionomia de derviche torneiro.
Dele contam coisas incríveis e sou forçado a não falar senão do que contam, porque, desde alguns dias, por ordem superior, teve ele que interromper as sessões públicas que fazia no ‘Hotel de la Meuse’.
Vinham de dez léguas ao redor.
E1e recebia vinte e cinco a trinta doentes por vez, e à sua voz, ao seu olhar, ao seu toque, pelo menos dizem, subitamente os surdos ouviam, os mudos falavam, os coxos se iam, sobraçando as muletas.
"Tudo isto é bem certo?
Nada sei. Conversei uma hora com ele.
Chama-se Jacob, é simplesmente burginhão, exprime-se com facilidade, deu-me a impressão dos mais convencidos e dos mais inteligentes.
Sempre recusou qualquer espécie de remuneração e não gosta de agradecimentos.
Além disso, prometeu-me um manuscrito que lhe foi ditado por um Espírito.
Inútil vos dizer que vos falarei dele assim que o receber, contudo se o Espírito tiver espírito."
René de Pont-Jest
Enfim, o Écho de L 'Aisne, depois de haver citado o facto, em seu número de 1º de agosto, assim o comenta no número de 4:
"No número de quarta-feira última que não se fala em nosso interior senão das curas realizadas no campo de Châlons, por um jovem zuavo espírita.
"Creio fazer bem em vos pedir que o reprima, porque um verdadeiro exército de doentes se dirige diariamente para o campo.
Os que voltam satisfeitos animam outros a os imitar.
Ao contrário, os que nada ganharam, não calam as censuras e as zombarias.
"Entre essas duas opiniões extremas, há uma prudente reserva que `bom número de doentes' deve tornar como regra de conduta como guia do que podem fazer.
"Essas `curas maravilhosas', esses `milagres', corno os chamam, em geral, os mortais, nada têm de maravilhoso, nada de miraculoso.
"De saída, causam admiração porque não são comuns;
mas como nada do que se realiza não deixa de ter uma causa, foi preciso procurar o que produz tais factos, e a ciência explicou.
"As impressões morais fortes sempre tiveram a faculdade de agir sobre o `sistema nervoso';
- as curas obtidas pelo zuavo espírita não atingem senão as moléstias deste sistema.
Continua...
Lê-se no Écho de l'Aisne, de 1º de agosto de 1866:
"Não se fala em nosso interior senão das maravilhas realizadas no campo de Châlons, por um jovem zuavo espírita que diariamente faz novos milagres.
"Numerosos comboios de doentes se dirigem a Châlons e, coisa incrível, um bom número deles voltam curados.
"Nestes últimos dias um paralítico, vindo de carro, depois de ter sido visto pelo `jovem espírita' achou-se radicalmente curado e voltou para casa galhardamente a pé.
"Quem puder explique estes fatos, que tocam ao prodígio;
sempre há os que são exactos e afirmados por grande número de pessoas inteligentes e dignos de fé."
Renaud
Este artigo é produzido textualmente pela Presse Illustrée de 6 de agosto.
O Petit Jorunal, de 17 de agosto, conta o facto nestes termos:
"Depois de ter podido visitar o quartel imperial, que penso já tenhais descrito aos leitores, isto é, a morada mais inteligente e, ao mesmo tempo, a mais simples que possa ter um soberano, mesmo que apenas por alguns dias, passei a tarde a correr à procura do zuavo magnetizador.
"Esse zuavo, um simples músico, é, há três meses, o herói do campo e suas imediações.
É um homenzinho magro, moreno, de olhos profundamente enterrados nas órbitas, uma verdadeira fisionomia de derviche torneiro.
Dele contam coisas incríveis e sou forçado a não falar senão do que contam, porque, desde alguns dias, por ordem superior, teve ele que interromper as sessões públicas que fazia no ‘Hotel de la Meuse’.
Vinham de dez léguas ao redor.
E1e recebia vinte e cinco a trinta doentes por vez, e à sua voz, ao seu olhar, ao seu toque, pelo menos dizem, subitamente os surdos ouviam, os mudos falavam, os coxos se iam, sobraçando as muletas.
"Tudo isto é bem certo?
Nada sei. Conversei uma hora com ele.
Chama-se Jacob, é simplesmente burginhão, exprime-se com facilidade, deu-me a impressão dos mais convencidos e dos mais inteligentes.
Sempre recusou qualquer espécie de remuneração e não gosta de agradecimentos.
Além disso, prometeu-me um manuscrito que lhe foi ditado por um Espírito.
Inútil vos dizer que vos falarei dele assim que o receber, contudo se o Espírito tiver espírito."
René de Pont-Jest
Enfim, o Écho de L 'Aisne, depois de haver citado o facto, em seu número de 1º de agosto, assim o comenta no número de 4:
"No número de quarta-feira última que não se fala em nosso interior senão das curas realizadas no campo de Châlons, por um jovem zuavo espírita.
"Creio fazer bem em vos pedir que o reprima, porque um verdadeiro exército de doentes se dirige diariamente para o campo.
Os que voltam satisfeitos animam outros a os imitar.
Ao contrário, os que nada ganharam, não calam as censuras e as zombarias.
"Entre essas duas opiniões extremas, há uma prudente reserva que `bom número de doentes' deve tornar como regra de conduta como guia do que podem fazer.
"Essas `curas maravilhosas', esses `milagres', corno os chamam, em geral, os mortais, nada têm de maravilhoso, nada de miraculoso.
"De saída, causam admiração porque não são comuns;
mas como nada do que se realiza não deixa de ter uma causa, foi preciso procurar o que produz tais factos, e a ciência explicou.
"As impressões morais fortes sempre tiveram a faculdade de agir sobre o `sistema nervoso';
- as curas obtidas pelo zuavo espírita não atingem senão as moléstias deste sistema.
Continua...
Ave sem Ninho- Mensagens : 126629
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Re: O que é a Doutrina
Continua...
Em todas as épocas, na antiguidade como nos tempos modernos, tem sido assinaladas curas em grande número de casos.
Nada há, pois, de extraordinário que hoje as mesmas causas produzam os mesmos resultados.
"É, pois, apenas aos doentes do `sistema nervoso' que é possível `ir ver e esperar'."
Antes de qualquer outro comentário, faremos uma ligeira observação sobre este último artigo.
O autor constata os factos e os explica a seu modo.
Conforme ele, essas curas nada tem de maravilhoso ou de miraculoso.
Sobre este ponto estamos de perfeito acordo:
o Espiritismo diz claramente que não faz milagres;
que todos os factos, sem excepção, que se produzem por influência mediúnica, são devidos a uma força natural e se realizam em virtude de uma lei tão natural quanto a que faz transmitir um telegrama ao outro lado do Atlântico em alguns minutos.
Antes da descoberta da lei da electricidade, semelhante facto teria passado pelo milagre dos milagres.
Suponhamos por um instante que Franklin, ainda mais iniciado do que o era sobre as propriedades do fluido eléctrico, tivesse lançado um fio metálico através do Atlântico e estabelecido uma correspondência instantânea entre a Europa e a América, sem lhe indicar o processo, que teriam pensado dele?
Incontestavelmente teriam gritado milagre.
Ter-lhe-iam atribuído um poder sobrenatural.
Aos olhos de muita gente teria passado por feiticeiro e por ter o diabo às suas ordens.
O conhecimento da lei da electricidade reduziu esse pretenso prodígio às proporções dos efeitos naturais.
Assim de uma porção de outros fenómenos.
Mas são conhecidas todas as leis da natureza?
A propriedade de todos os fluidos?
Não é possível que um fluido desconhecido, como por tanto tempo foi a eletricidade, seja a causa de efeitos inexplicados, produza sobre a economia resultados impossíveis para a Ciência, com a ajuda dos meios limitados de que dispõe?
Então! Aí está todo o segredo, porque o Espiritismo só tem mistérios para os que não se dão no trabalho de o estudar.
Essas curas tem muito simplesmente por princípio uma acção fluídica dirigida pelo pensamento e pela vontade, em vez de o ser por um fio metálico.
Tudo está em conhecer as propriedades desse fluido, as condições em que pode agir e saber dirigi-lo.
Além disso, é preciso um instrumento humano suficientemente provido desse fluido e apto a lhe dar a energia suficiente.
Esta faculdade não é privilégio de um indivíduo.
Por isto mesmo que está na natureza, muitos a possuem, mas em graus muito diferentes, como todo o mundo há de ver, posto que mais ou menos longe.
No número dos que dela são dotados, alguns agem com conhecimento de causa, como o zuavo Jacob.
Outros malgrado seu, e sem se dar conta do que se passa neles;
sabem que curam, e eis tudo.
Perguntai-lhes como e nada sabem.
Se forem supersticiosos, atribuirão seu poder a uma causa oculta, à virtude de algum talismã ou amuleto que, na realidade, não serve para nada.
E assim com todos os médiuns inconscientes, cujo número é grande. Inúmeras pessoas são, elas próprias, a causa primeira dos efeitos que admiram, mas não explicam.
Entre os negadores mais obstinados muitos são médiuns sem o saber.
O jornal em questão diz:
"As curas obtidas pelo zuavo espírita não atingem senão as moléstias do sistema nervoso.
São devidas à influência da imaginação, constatada por grande números de factos.
Houve dessas curas na antiguidade, como nos tempos modernos, assim, nada tem de extraordinário."
Continua...
Em todas as épocas, na antiguidade como nos tempos modernos, tem sido assinaladas curas em grande número de casos.
Nada há, pois, de extraordinário que hoje as mesmas causas produzam os mesmos resultados.
"É, pois, apenas aos doentes do `sistema nervoso' que é possível `ir ver e esperar'."
Antes de qualquer outro comentário, faremos uma ligeira observação sobre este último artigo.
O autor constata os factos e os explica a seu modo.
Conforme ele, essas curas nada tem de maravilhoso ou de miraculoso.
Sobre este ponto estamos de perfeito acordo:
o Espiritismo diz claramente que não faz milagres;
que todos os factos, sem excepção, que se produzem por influência mediúnica, são devidos a uma força natural e se realizam em virtude de uma lei tão natural quanto a que faz transmitir um telegrama ao outro lado do Atlântico em alguns minutos.
Antes da descoberta da lei da electricidade, semelhante facto teria passado pelo milagre dos milagres.
Suponhamos por um instante que Franklin, ainda mais iniciado do que o era sobre as propriedades do fluido eléctrico, tivesse lançado um fio metálico através do Atlântico e estabelecido uma correspondência instantânea entre a Europa e a América, sem lhe indicar o processo, que teriam pensado dele?
Incontestavelmente teriam gritado milagre.
Ter-lhe-iam atribuído um poder sobrenatural.
Aos olhos de muita gente teria passado por feiticeiro e por ter o diabo às suas ordens.
O conhecimento da lei da electricidade reduziu esse pretenso prodígio às proporções dos efeitos naturais.
Assim de uma porção de outros fenómenos.
Mas são conhecidas todas as leis da natureza?
A propriedade de todos os fluidos?
Não é possível que um fluido desconhecido, como por tanto tempo foi a eletricidade, seja a causa de efeitos inexplicados, produza sobre a economia resultados impossíveis para a Ciência, com a ajuda dos meios limitados de que dispõe?
Então! Aí está todo o segredo, porque o Espiritismo só tem mistérios para os que não se dão no trabalho de o estudar.
Essas curas tem muito simplesmente por princípio uma acção fluídica dirigida pelo pensamento e pela vontade, em vez de o ser por um fio metálico.
Tudo está em conhecer as propriedades desse fluido, as condições em que pode agir e saber dirigi-lo.
Além disso, é preciso um instrumento humano suficientemente provido desse fluido e apto a lhe dar a energia suficiente.
Esta faculdade não é privilégio de um indivíduo.
Por isto mesmo que está na natureza, muitos a possuem, mas em graus muito diferentes, como todo o mundo há de ver, posto que mais ou menos longe.
No número dos que dela são dotados, alguns agem com conhecimento de causa, como o zuavo Jacob.
Outros malgrado seu, e sem se dar conta do que se passa neles;
sabem que curam, e eis tudo.
Perguntai-lhes como e nada sabem.
Se forem supersticiosos, atribuirão seu poder a uma causa oculta, à virtude de algum talismã ou amuleto que, na realidade, não serve para nada.
E assim com todos os médiuns inconscientes, cujo número é grande. Inúmeras pessoas são, elas próprias, a causa primeira dos efeitos que admiram, mas não explicam.
Entre os negadores mais obstinados muitos são médiuns sem o saber.
O jornal em questão diz:
"As curas obtidas pelo zuavo espírita não atingem senão as moléstias do sistema nervoso.
São devidas à influência da imaginação, constatada por grande números de factos.
Houve dessas curas na antiguidade, como nos tempos modernos, assim, nada tem de extraordinário."
Continua...
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Re: O que é a Doutrina
Continua...
Dizendo que o Sr. Jacob só curou afecções nervosas o autor se adianta um tanto levianamente, porque os fatos contradizem essa afirmação.
Mas admitamos que seja assim.
Essas espécies de afecções são inumeráveis e precisamente destas em que a Ciência é, o mais das vezes, forçada a confessar a sua impotência.
Se, por um meio qualquer dela se pode triunfar, não é um resultado importante?
Se esse meio estiver na influência da imaginação, que importa?
Por que o negligenciar?
Não é melhor curar pela imaginação do que não curar absolutamente?
Entretanto, parece-nos difícil que só a imaginação, ainda que excitada ao mais alto grau, possa fazer marchar um paralítico e restaurar um membro anquilosado.
Em todo o caso, desde que, segundo o autor, curas de doenças nervosas em todos os tempos foram obtidas por influência da imaginação, os médicos não são desculpados por se obstinarem no emprego de meios impotentes, quando a experiência lhes mostra outros eficazes.
Sem o querer o autor lhes faz o processo.
Mas, diz ele, o Sr. Jacob não cura a todos.
É possível e, mesmo, certo.
Mas que é o que isto prova?
Que ele não tem um poder curador universal.
O homem que tivesse tal poder seria igual a Deus, e o que tivesse a pretensão de o possuir não passaria de um tolo presunçoso.
Se não se curasse senão quatro ou cinco doentes em dez, reconhecidos incuráveis pela Ciência isto bastaria para provar a existência da faculdade.
Há muitos médicos que façam tanto?
Há muito tempo conhecemos pessoalmente o Sr. Jacob como médium escrevente e propagador zeloso do Espiritismo, sabíamos que havia feito alguns ensaios parciais de mediunidade curadora, mas parece que esta facilidade teve nele um desenvolvimento rápido e considerável durante sua estada no campo de Châlons.
Um dos nossos colegas da Sociedade de Paris, o Sr. Boivinet, que mora no departamento do Aisne, teve a bondade de nos enviar um relatório muito circunstanciado dos factos que são de seu conhecimento pessoal.
Seus profundos conhecimentos do Espiritismo, juntos a um carácter isento de exaltação e de entusiasmo, lhe permitiram apreciar as coisas correctamente.
Seu testemunho tem, pois, para nós, todo o valor do de um homem honrado imparcial e esclarecido, e o seu relatório tem toda a autenticidade desejável.
Temos assim, os factos, atestados por ele como constatados, como se nós mesmos os tivéssemos testemunhado.
A extensão desses documentos não nos permite sua publicação por inteiro nesta revista, mas nós os coordenamos para os utilizar ulteriormente, limitando-nos por hoje a lhes citar as passagens essenciais:
"... Com o fito de bem justificar a confiança que tendes em mim, informei-me, já por mim mesmo, já por pessoas inteiramente honestas e dignas de fé, das curas bem constatadas, operadas pelo Sr. Jacob.
Aliás, essas pessoas não são espíritas, o que tira às suas afirmações toda suspeita de parcialidade em favor do Espiritismo.
"Reduzo de um terço as apreciações do Sr. Jacob quanto ao número dos doentes por ele recebidos, mas parece que estou aquém, talvez muito aquém da verdade, estimando esta cifra em 4.000, sobre os quais um quarto foi curado e os três quartos aliviados.
A afluência era tal que a autoridade militar emocionou-se e o consignou, interditando as visitas para o futuro.
Sei pelo próprio chefe da estação que a estrada de ferro transportava diariamente massas de doentes ao campo.
"Quanto à natureza das doenças sobre as quais exerceu mais particularmente a sua influência, é-me impossível dize-lo.
São sobretudo os enfermos que a eles se dirigiram, e são estes, por consequência, que figuram em maior número entre os seus clientes satisfeitos.
Mas muitos outros aflitos poderiam apresentar-se a ele com sucesso.
Continua...
Dizendo que o Sr. Jacob só curou afecções nervosas o autor se adianta um tanto levianamente, porque os fatos contradizem essa afirmação.
Mas admitamos que seja assim.
Essas espécies de afecções são inumeráveis e precisamente destas em que a Ciência é, o mais das vezes, forçada a confessar a sua impotência.
Se, por um meio qualquer dela se pode triunfar, não é um resultado importante?
Se esse meio estiver na influência da imaginação, que importa?
Por que o negligenciar?
Não é melhor curar pela imaginação do que não curar absolutamente?
Entretanto, parece-nos difícil que só a imaginação, ainda que excitada ao mais alto grau, possa fazer marchar um paralítico e restaurar um membro anquilosado.
Em todo o caso, desde que, segundo o autor, curas de doenças nervosas em todos os tempos foram obtidas por influência da imaginação, os médicos não são desculpados por se obstinarem no emprego de meios impotentes, quando a experiência lhes mostra outros eficazes.
Sem o querer o autor lhes faz o processo.
Mas, diz ele, o Sr. Jacob não cura a todos.
É possível e, mesmo, certo.
Mas que é o que isto prova?
Que ele não tem um poder curador universal.
O homem que tivesse tal poder seria igual a Deus, e o que tivesse a pretensão de o possuir não passaria de um tolo presunçoso.
Se não se curasse senão quatro ou cinco doentes em dez, reconhecidos incuráveis pela Ciência isto bastaria para provar a existência da faculdade.
Há muitos médicos que façam tanto?
Há muito tempo conhecemos pessoalmente o Sr. Jacob como médium escrevente e propagador zeloso do Espiritismo, sabíamos que havia feito alguns ensaios parciais de mediunidade curadora, mas parece que esta facilidade teve nele um desenvolvimento rápido e considerável durante sua estada no campo de Châlons.
Um dos nossos colegas da Sociedade de Paris, o Sr. Boivinet, que mora no departamento do Aisne, teve a bondade de nos enviar um relatório muito circunstanciado dos factos que são de seu conhecimento pessoal.
Seus profundos conhecimentos do Espiritismo, juntos a um carácter isento de exaltação e de entusiasmo, lhe permitiram apreciar as coisas correctamente.
Seu testemunho tem, pois, para nós, todo o valor do de um homem honrado imparcial e esclarecido, e o seu relatório tem toda a autenticidade desejável.
Temos assim, os factos, atestados por ele como constatados, como se nós mesmos os tivéssemos testemunhado.
A extensão desses documentos não nos permite sua publicação por inteiro nesta revista, mas nós os coordenamos para os utilizar ulteriormente, limitando-nos por hoje a lhes citar as passagens essenciais:
"... Com o fito de bem justificar a confiança que tendes em mim, informei-me, já por mim mesmo, já por pessoas inteiramente honestas e dignas de fé, das curas bem constatadas, operadas pelo Sr. Jacob.
Aliás, essas pessoas não são espíritas, o que tira às suas afirmações toda suspeita de parcialidade em favor do Espiritismo.
"Reduzo de um terço as apreciações do Sr. Jacob quanto ao número dos doentes por ele recebidos, mas parece que estou aquém, talvez muito aquém da verdade, estimando esta cifra em 4.000, sobre os quais um quarto foi curado e os três quartos aliviados.
A afluência era tal que a autoridade militar emocionou-se e o consignou, interditando as visitas para o futuro.
Sei pelo próprio chefe da estação que a estrada de ferro transportava diariamente massas de doentes ao campo.
"Quanto à natureza das doenças sobre as quais exerceu mais particularmente a sua influência, é-me impossível dize-lo.
São sobretudo os enfermos que a eles se dirigiram, e são estes, por consequência, que figuram em maior número entre os seus clientes satisfeitos.
Mas muitos outros aflitos poderiam apresentar-se a ele com sucesso.
Continua...
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Re: O que é a Doutrina
Continua...
"Foi assim que em Chatères, aldeia vizinha daquela em que resido, vi e revi um homem de cerca de cinquenta anos que, desde 1856 vomitava tudo o que comia.
No momento em que foi ver o zuavo, tinha partido muito doente e vomitava ao menos três vezes por dia.
Vendo-o, o Sr. Jacob lhe disse:
"Estais curado!" e, durante a sessão, convidou-o a comer e beber.
O pobre camponês, vencendo a apreensão, comeu e bebeu e não se sentiu mal.
Desde mais de três semanas não mais experimentou o menor mal-estar.
A cura foi instantânea.
Inútil acrescentar que o Sr. Jacob não o fez tomar qualquer medicamento e não lhe prescreveu nenhum tratamento.
Somente a sua acção fluídica, como uma comoção eléctrica, tinha bastado para restabelecer os órgãos em seu estado normal."
Observação:
Esse homem é dessas naturezas frustas, que se exaltam muito pouco.
Se, pois, uma só palavra houvesse bastado para superexcitar sua imaginação a ponto de curar instantaneamente uma gastrite crónica, seria preciso convir que o fenómeno seria ainda mais surpreendente que a cura, e mereceria bem alguma atenção.
"A filha do dono do `Hotel de la Meuse', em Mourmelon, doente do peito, estava tão fraca a ponto de não sair do leito.
O zuavo a convidou a levantar-se, o que ela fez imediatamente.
Com a estupefação de numerosos espectadores, desceu a escada sem auxílio e foi passear no jardim com o seu novo médico.
Desde esse dia a moça passa bem.
Não sou médico, mas não creio que esta seja uma doença nervosa.
"Sr. B..., gerente de pensão, que dá pulos à ideia da intervenção dos Espíritos nos nossos assuntos, contou-me que uma senhora, há muito doente do estômago, tinha sido curada pelo zuavo e que, desde então tinha engordado notavelmente cerca de vinte libras.
Observação:
Esse senhor, que se exaspera à ideia da intervenção dos Espíritos, ficaria muito chocado se, quando morrer, seu Espírito pudesse vir assistir às pessoas que lhe são caras, curá-las e lhes provar que ele não está perdido para elas.
"Quanto aos enfermos, propriamente ditos, os resultados por eles obtidos são mais estupefacientes, porque o olho aprecia imediatamente os resultados.
"Em Treloup, aldeia a 7 ou 8 quilómetros daqui, um velho de setenta anos estava entrevado e nada podia fazer.
Deixar a sua cadeira era quase impossível.
A cura foi completa e instantânea.
Ontem ainda me falaram do caso.
Então! diziam-me, eu o vi, o Pai Petit; ele ceifava!
"Uma mulher de Mourmelon tinha a perna encolhida, imobilizada;
o joelho estava à altura do estômago.
Agora anda e passa bem.
"No dia em que o zuavo foi interdito, um pedreiro percorreu exasperado o Mourmelon e dizia que queria enfrentar os que impediam o médium de trabalhar.
Esse pedreiro tinha os punhos voltados para os lados internos dos braços.
Hoje os seus punhos se movem como os nossos e ganha mais dois francos por dia.
Quantas pessoas chegaram carregadas e voltaram sós, tendo recuperado o uso de seus membros durante a sessão!
"Uma menina de cinco anos, trazida de Reims, e que nunca tinha andado, andou imediatamente.
Continua...
"Foi assim que em Chatères, aldeia vizinha daquela em que resido, vi e revi um homem de cerca de cinquenta anos que, desde 1856 vomitava tudo o que comia.
No momento em que foi ver o zuavo, tinha partido muito doente e vomitava ao menos três vezes por dia.
Vendo-o, o Sr. Jacob lhe disse:
"Estais curado!" e, durante a sessão, convidou-o a comer e beber.
O pobre camponês, vencendo a apreensão, comeu e bebeu e não se sentiu mal.
Desde mais de três semanas não mais experimentou o menor mal-estar.
A cura foi instantânea.
Inútil acrescentar que o Sr. Jacob não o fez tomar qualquer medicamento e não lhe prescreveu nenhum tratamento.
Somente a sua acção fluídica, como uma comoção eléctrica, tinha bastado para restabelecer os órgãos em seu estado normal."
Observação:
Esse homem é dessas naturezas frustas, que se exaltam muito pouco.
Se, pois, uma só palavra houvesse bastado para superexcitar sua imaginação a ponto de curar instantaneamente uma gastrite crónica, seria preciso convir que o fenómeno seria ainda mais surpreendente que a cura, e mereceria bem alguma atenção.
"A filha do dono do `Hotel de la Meuse', em Mourmelon, doente do peito, estava tão fraca a ponto de não sair do leito.
O zuavo a convidou a levantar-se, o que ela fez imediatamente.
Com a estupefação de numerosos espectadores, desceu a escada sem auxílio e foi passear no jardim com o seu novo médico.
Desde esse dia a moça passa bem.
Não sou médico, mas não creio que esta seja uma doença nervosa.
"Sr. B..., gerente de pensão, que dá pulos à ideia da intervenção dos Espíritos nos nossos assuntos, contou-me que uma senhora, há muito doente do estômago, tinha sido curada pelo zuavo e que, desde então tinha engordado notavelmente cerca de vinte libras.
Observação:
Esse senhor, que se exaspera à ideia da intervenção dos Espíritos, ficaria muito chocado se, quando morrer, seu Espírito pudesse vir assistir às pessoas que lhe são caras, curá-las e lhes provar que ele não está perdido para elas.
"Quanto aos enfermos, propriamente ditos, os resultados por eles obtidos são mais estupefacientes, porque o olho aprecia imediatamente os resultados.
"Em Treloup, aldeia a 7 ou 8 quilómetros daqui, um velho de setenta anos estava entrevado e nada podia fazer.
Deixar a sua cadeira era quase impossível.
A cura foi completa e instantânea.
Ontem ainda me falaram do caso.
Então! diziam-me, eu o vi, o Pai Petit; ele ceifava!
"Uma mulher de Mourmelon tinha a perna encolhida, imobilizada;
o joelho estava à altura do estômago.
Agora anda e passa bem.
"No dia em que o zuavo foi interdito, um pedreiro percorreu exasperado o Mourmelon e dizia que queria enfrentar os que impediam o médium de trabalhar.
Esse pedreiro tinha os punhos voltados para os lados internos dos braços.
Hoje os seus punhos se movem como os nossos e ganha mais dois francos por dia.
Quantas pessoas chegaram carregadas e voltaram sós, tendo recuperado o uso de seus membros durante a sessão!
"Uma menina de cinco anos, trazida de Reims, e que nunca tinha andado, andou imediatamente.
Continua...
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Re: O que é a Doutrina
Continua...
"O facto seguinte foi, por assim dizer, o ponto de partida da faculdade do médium ou, pelo menos, o exercício público dessa faculdade, tornada notória:
"Chegando a Ferté-sous-Jouarre, e dirigindo-se para o campo, o regimento de zuavos estava reunido na praça pública.
Antes de debandar a banda executa uma marcha.
No número dos espectadores achava-se uma menina num carrinho, empurrado por seus pais.
A menina foi assinalada ao zuavo por um de seus camaradas.
Terminada a música, ele se dirige para ela e dirigindo-se aos pais, lhe pergunta:
"Então esta menina é doente?
- Ela não pode andar, foi a resposta.
Há dois anos tem na perna um aparelho ortopédico.
- Tirais, então, o aparelho, do qual não mais precisa".
Isto foi feito, não sem alguma hesitação e a menina andou.
Então foram ao café e o pai, louco de alegria, queria que o homem dos refrescos abrisse o seu negócio, para que os zuavos bebessem.
"Agora vou contar como o médium procedia, isto é, vou descrever uma sessão, que não assisti, mas que me foi minuciosamente descrita por vários doentes.
"O zuavo faz entrarem os doentes.
As dimensões do local limitam o seu número.
É assim que, ao que afirmam, transportou-se do hotel da Europa, onde não podia admitir senão dezoito pessoas por vez, para o `Hotel de la Meuse', onde eram admitidos vinte e cinco ou trinta.
Entram.
Os que moram mais longe são geralmente convidados a vir primeiro.
Certas pessoas querem falar.
"Silencio!" diz ele "os que falarem serão postos na rua!"
Ao cabo de dez ou quinze minutos de silêncio e imobilidade geral, ele se dirige a alguns doentes, raramente interroga, mas lhes diz o que sofrem.
Depois, passeando ao longo da grande mesa, em redor da qual estão sentados os doentes, fala a todos, mas sem ordem;
toca-os mas sem os gestos que lembram os magnetizadores;
depois despede todos, dizendo a uns:
`Estais curados; ide embora';
a outros:
‘Curareis sem nada fazer;
apenas tendes fraquezas';
a outros, mais raramente:
`Nada posso por vós.' Querem agradecer, e ele responde muito militarmente, que nada tem que agradecer e põe os clientes para fora.
Às vezes lhes diz:
`Vossos agradecimentos? Dirigi-os à Providência.'
"A 7 de agosto uma ordem do marechal veio interromper o curso das sessões.
Logo após a interdição, e visto a enorme afluência dos doentes em Mourmelon, tiveram que empregar a respeito do médium um meio sem precedentes.
Como não havia cometido nenhuma falta e observava a disciplina muito rigorosamente, não podiam prendê-lo.
Ligaram um plantão à sua pessoa, com ordem de o seguir a toda parte e impedir que alguém dele se aproximasse.
"Disseram-se que foram toleradas todas essas curas, contanto que a palavra Espiritismo não fosse pronunciada e não creio que o Sr. Jacob o tenha feito.
Foi a partir desse momento que agiram contra ele com rigor.
"De onde o pavor que causa o simples nome do Espiritismo, mesmo quando só faz o bem, consola os aflitos, alivia a humanidade sofredora?
De minha parte creio que certas pessoas temem que ele faça muito bem.
Continua...
"O facto seguinte foi, por assim dizer, o ponto de partida da faculdade do médium ou, pelo menos, o exercício público dessa faculdade, tornada notória:
"Chegando a Ferté-sous-Jouarre, e dirigindo-se para o campo, o regimento de zuavos estava reunido na praça pública.
Antes de debandar a banda executa uma marcha.
No número dos espectadores achava-se uma menina num carrinho, empurrado por seus pais.
A menina foi assinalada ao zuavo por um de seus camaradas.
Terminada a música, ele se dirige para ela e dirigindo-se aos pais, lhe pergunta:
"Então esta menina é doente?
- Ela não pode andar, foi a resposta.
Há dois anos tem na perna um aparelho ortopédico.
- Tirais, então, o aparelho, do qual não mais precisa".
Isto foi feito, não sem alguma hesitação e a menina andou.
Então foram ao café e o pai, louco de alegria, queria que o homem dos refrescos abrisse o seu negócio, para que os zuavos bebessem.
"Agora vou contar como o médium procedia, isto é, vou descrever uma sessão, que não assisti, mas que me foi minuciosamente descrita por vários doentes.
"O zuavo faz entrarem os doentes.
As dimensões do local limitam o seu número.
É assim que, ao que afirmam, transportou-se do hotel da Europa, onde não podia admitir senão dezoito pessoas por vez, para o `Hotel de la Meuse', onde eram admitidos vinte e cinco ou trinta.
Entram.
Os que moram mais longe são geralmente convidados a vir primeiro.
Certas pessoas querem falar.
"Silencio!" diz ele "os que falarem serão postos na rua!"
Ao cabo de dez ou quinze minutos de silêncio e imobilidade geral, ele se dirige a alguns doentes, raramente interroga, mas lhes diz o que sofrem.
Depois, passeando ao longo da grande mesa, em redor da qual estão sentados os doentes, fala a todos, mas sem ordem;
toca-os mas sem os gestos que lembram os magnetizadores;
depois despede todos, dizendo a uns:
`Estais curados; ide embora';
a outros:
‘Curareis sem nada fazer;
apenas tendes fraquezas';
a outros, mais raramente:
`Nada posso por vós.' Querem agradecer, e ele responde muito militarmente, que nada tem que agradecer e põe os clientes para fora.
Às vezes lhes diz:
`Vossos agradecimentos? Dirigi-os à Providência.'
"A 7 de agosto uma ordem do marechal veio interromper o curso das sessões.
Logo após a interdição, e visto a enorme afluência dos doentes em Mourmelon, tiveram que empregar a respeito do médium um meio sem precedentes.
Como não havia cometido nenhuma falta e observava a disciplina muito rigorosamente, não podiam prendê-lo.
Ligaram um plantão à sua pessoa, com ordem de o seguir a toda parte e impedir que alguém dele se aproximasse.
"Disseram-se que foram toleradas todas essas curas, contanto que a palavra Espiritismo não fosse pronunciada e não creio que o Sr. Jacob o tenha feito.
Foi a partir desse momento que agiram contra ele com rigor.
"De onde o pavor que causa o simples nome do Espiritismo, mesmo quando só faz o bem, consola os aflitos, alivia a humanidade sofredora?
De minha parte creio que certas pessoas temem que ele faça muito bem.
Continua...
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Re: O que é a Doutrina
Continua...
"Nos primeiros dias de setembro o Sr. Jacob quis vir passar dois dias em minha casa, cumprindo urna promessa eventual que me tinha feito no campo de Châlons. O prazer que tive em recebê-lo foi decuplicado pelos serviços que pode prestar a bom número de infelizes.
Depois de sua partida, quase que diariamente estava ao corrente do estado dos doentes tratados, e aqui dou o resultado de minhas observações.
A fim de ser exacto como um levantamento estatístico, e a título de informações posteriores, se for o caso, aqui os cito nominalmente.
(Segue uma lista de trinta e tantos nomes, com indicação da idade, da doença e dos resultados obtidos).
"O Sr. Jacob é sinceramente religioso.
Dizia-me ele:
`O que eu faço não me admira.
Eu faria coisas muito mais extraordinárias e não ficaria mais espantado, porque sei que Deus pode, se o quiser.
Só uma coisa me admira:
é ter tido o imenso favor de ter sido o instrumento que Ele escolheu.
Hoje ficam admirados do que obtenho, mas quem sabe se num mês, num ano, não haverá dez, vinte, cinqüenta médiuns como eu e ainda mais fortes que eu?
O Sr. Kardec, que procura e deve procurar estudar factos como estes que se passam aqui, deveria ter vindo.
Hoje, amanhã, posso perder a minha faculdade e para ele seria um estudo perdido.
Ele deve fazer o histórico de semelhantes factos.' "
Observação:
Sem dúvida ter-nos-íamos sentido feliz em ser testemunha dos fatos relatados acima, e provavelmente teríamos ido ao campo de Châlons, se tivéssemos tido a possibilidade e se tivéssemos sido informado em tempo hábil Só o soubemos por via indirecta dos jornais, quando estávamos em viagem e confessamos não ter uma confiança absoluta em seus relatos.
Teríamos muito o que fazer se fosse preciso ir em pessoa controlar tudo o que relatam do Espiritismo, ou mesmo tudo quanto nos é assinalado em nossa correspondência.
Não podíamos lá ir senão com a certeza de não ter uma decepção e quando o relatório do Sr. Boivinet nos chegou, o campo estava interdito.
Atrás, a vista desses factos nada nos teria ensinado de novo, pois cremos compreendê-los. Ter-se-ia apenas tratado de lhe constatar a realidade.
Mas o testemunho de um homem como o Sr. Boivinet, ao qual tínhamos mandado uma carta para o Sr. Jacob, pedindo nos informasse do que teria visto, nos bastava completamente.
Continua...
"Nos primeiros dias de setembro o Sr. Jacob quis vir passar dois dias em minha casa, cumprindo urna promessa eventual que me tinha feito no campo de Châlons. O prazer que tive em recebê-lo foi decuplicado pelos serviços que pode prestar a bom número de infelizes.
Depois de sua partida, quase que diariamente estava ao corrente do estado dos doentes tratados, e aqui dou o resultado de minhas observações.
A fim de ser exacto como um levantamento estatístico, e a título de informações posteriores, se for o caso, aqui os cito nominalmente.
(Segue uma lista de trinta e tantos nomes, com indicação da idade, da doença e dos resultados obtidos).
"O Sr. Jacob é sinceramente religioso.
Dizia-me ele:
`O que eu faço não me admira.
Eu faria coisas muito mais extraordinárias e não ficaria mais espantado, porque sei que Deus pode, se o quiser.
Só uma coisa me admira:
é ter tido o imenso favor de ter sido o instrumento que Ele escolheu.
Hoje ficam admirados do que obtenho, mas quem sabe se num mês, num ano, não haverá dez, vinte, cinqüenta médiuns como eu e ainda mais fortes que eu?
O Sr. Kardec, que procura e deve procurar estudar factos como estes que se passam aqui, deveria ter vindo.
Hoje, amanhã, posso perder a minha faculdade e para ele seria um estudo perdido.
Ele deve fazer o histórico de semelhantes factos.' "
Observação:
Sem dúvida ter-nos-íamos sentido feliz em ser testemunha dos fatos relatados acima, e provavelmente teríamos ido ao campo de Châlons, se tivéssemos tido a possibilidade e se tivéssemos sido informado em tempo hábil Só o soubemos por via indirecta dos jornais, quando estávamos em viagem e confessamos não ter uma confiança absoluta em seus relatos.
Teríamos muito o que fazer se fosse preciso ir em pessoa controlar tudo o que relatam do Espiritismo, ou mesmo tudo quanto nos é assinalado em nossa correspondência.
Não podíamos lá ir senão com a certeza de não ter uma decepção e quando o relatório do Sr. Boivinet nos chegou, o campo estava interdito.
Atrás, a vista desses factos nada nos teria ensinado de novo, pois cremos compreendê-los. Ter-se-ia apenas tratado de lhe constatar a realidade.
Mas o testemunho de um homem como o Sr. Boivinet, ao qual tínhamos mandado uma carta para o Sr. Jacob, pedindo nos informasse do que teria visto, nos bastava completamente.
Continua...
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Re: O que é a Doutrina
Continua...
Não houve, pois, perda para nós, além do prazer de ter visto pessoalmente o Sr. Jacob em trabalho, o que esperamos possa dar-se alhures, fora do campo de Châlons.
Não falamos das curas do Sr. Jacob senão porque autênticas.
Se nos tivessem parecido suspeitas ou manchadas pelo charlatanismo e por uma bazófia ridícula, que as tivessem tornado mais prejudiciais do que úteis à causa do Espiritismo, ter-nos-íamos abstido, posto se tivesse podido dizer, como o fizemos em várias outras circunstâncias, não querendo fazer o editor responsável de nenhuma excentricidade, nem secundar as vistas ambiciosas e interesseiras, que por vezes se ocultam sob aparências de devotamento.
Eis por que somos circunspectos em nossas apreciações dos homens e das coisas e também porque nossa Revista não se transforma em incensório em proveito de ninguém.
Mas aqui se trata de uma coisa séria, fecunda em resultados, e capital no duplo ponto de vista do facto em si e da realização de uma das previsões dos Espíritos.
Com efeito, desde longe data, eles anunciaram que a mediunidade curadora desenvolver-se-ia em proporções excepcionais, de maneira a fixar a atenção geral, e nós felicitamos o Sr. Jacob por ser um dos primeiros a fornecer o exemplo Mas aqui, como em todos os géneros de manifestações, para nós a pessoa, se apaga diante da questão principal.
Desde que o dom de curar não é resultado do trabalho, nem do estudo, nem de um talento adquirido, aquele que o possui não pode considerá-lo um mérito.
Louva-se um grande artista, um sábio, porque devem o que são os próprios esforços.
Mas o médium melhor dotado não passa de instrumento passivo, de que os Espíritos se servem hoje e podem deixar amanhã.
Que seria o Sr. Jacob se perdesse a sua faculdade, que ele prudentemente prevê?
O que era antes:
o músico dos zuavos Ao passo que, embora isto aconteça, ao sábio sempre restará a Ciência e ao artista o talento.
Somos feliz por ver o Sr. Jacob partilhar destas ideias, portanto, não é a ele que se dirigem estas reflexões.
Ele será igualmente de nossa opinião, não temos dúvida, quando dissermos que o que constitui um mérito real no médium, o que se deve e pode louvar com razão, é o emprego que faz de sua faculdade;
é o zelo, o devotamento, o desinteresse com os quais a põe ao serviço daqueles a quem ela pude ser útil;
é ainda a modéstia, a simplicidade, a abnegação, a benevolência que respiram em suas palavras e que todas as suas acções justificam, porque essas qualidades lhe pertencem mesmo.
Assim, não é o médium, que se deve pôr num pedestal, do qual poderá descer amanhã:
é o homem de bem, que sabe tornar-se útil sem ostentação e sem proveito para a sua vaidade.
O desenvolvimento da mediunidade curadora forçosamente terá consequências de alta Importância, que serão objecto de um exame especial e aprofundado em próximo artigo.
§.§.§- O-canto-da-ave
Não houve, pois, perda para nós, além do prazer de ter visto pessoalmente o Sr. Jacob em trabalho, o que esperamos possa dar-se alhures, fora do campo de Châlons.
Não falamos das curas do Sr. Jacob senão porque autênticas.
Se nos tivessem parecido suspeitas ou manchadas pelo charlatanismo e por uma bazófia ridícula, que as tivessem tornado mais prejudiciais do que úteis à causa do Espiritismo, ter-nos-íamos abstido, posto se tivesse podido dizer, como o fizemos em várias outras circunstâncias, não querendo fazer o editor responsável de nenhuma excentricidade, nem secundar as vistas ambiciosas e interesseiras, que por vezes se ocultam sob aparências de devotamento.
Eis por que somos circunspectos em nossas apreciações dos homens e das coisas e também porque nossa Revista não se transforma em incensório em proveito de ninguém.
Mas aqui se trata de uma coisa séria, fecunda em resultados, e capital no duplo ponto de vista do facto em si e da realização de uma das previsões dos Espíritos.
Com efeito, desde longe data, eles anunciaram que a mediunidade curadora desenvolver-se-ia em proporções excepcionais, de maneira a fixar a atenção geral, e nós felicitamos o Sr. Jacob por ser um dos primeiros a fornecer o exemplo Mas aqui, como em todos os géneros de manifestações, para nós a pessoa, se apaga diante da questão principal.
Desde que o dom de curar não é resultado do trabalho, nem do estudo, nem de um talento adquirido, aquele que o possui não pode considerá-lo um mérito.
Louva-se um grande artista, um sábio, porque devem o que são os próprios esforços.
Mas o médium melhor dotado não passa de instrumento passivo, de que os Espíritos se servem hoje e podem deixar amanhã.
Que seria o Sr. Jacob se perdesse a sua faculdade, que ele prudentemente prevê?
O que era antes:
o músico dos zuavos Ao passo que, embora isto aconteça, ao sábio sempre restará a Ciência e ao artista o talento.
Somos feliz por ver o Sr. Jacob partilhar destas ideias, portanto, não é a ele que se dirigem estas reflexões.
Ele será igualmente de nossa opinião, não temos dúvida, quando dissermos que o que constitui um mérito real no médium, o que se deve e pode louvar com razão, é o emprego que faz de sua faculdade;
é o zelo, o devotamento, o desinteresse com os quais a põe ao serviço daqueles a quem ela pude ser útil;
é ainda a modéstia, a simplicidade, a abnegação, a benevolência que respiram em suas palavras e que todas as suas acções justificam, porque essas qualidades lhe pertencem mesmo.
Assim, não é o médium, que se deve pôr num pedestal, do qual poderá descer amanhã:
é o homem de bem, que sabe tornar-se útil sem ostentação e sem proveito para a sua vaidade.
O desenvolvimento da mediunidade curadora forçosamente terá consequências de alta Importância, que serão objecto de um exame especial e aprofundado em próximo artigo.
§.§.§- O-canto-da-ave
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Kardec é Razão
Wilson Garcia
(Os mais belos pensamentos de Herculano Pires, reunidos e interpretados livremente)
O centro espírita não é templo nem laboratório é, para usarmos a expressão espírita de Victor Hugo:
point d'optique do movimento doutrinário, ou seja, o seu ponto visual de convergência
O professor ensina que o centro espírita tem muito mais importância que qualquer outra instituição criada sob a inspiração da doutrina de Kardec.
O "ponto visual de convergência" é expressão máxima dessa importância.
O Centro resume em si todas as aspirações doutrinárias;
nele começam e terminam as acções que visam levar o Espiritismo para a sociedade.
Tudo o que se pretender em Espiritismo, a qualidade que se desejar ter no seu ensino e na sua divulgação, no atendimento do ser humano, na prática dos seus postulados mediúnicos e assistências, tudo há de levar em consideração a expressão "point d'optique" que Herculano tomou emprestado de Victor Hugo.
Quando afirma que o Centro não é templo nem laboratório, o professor reforça aquilo que ele de facto é e as atenções que sobre ele devem recair.
A qualidade com que o conhecimento da Doutrina chega à sociedade depende implicitamente do centro espírita.
A qualidade dos adeptos - e não sua condição de espírita - está fundamentalmente nas mãos do Centro.
Toda essa gama de características vai levar o professor a afirmar:
Se os espíritas soubessem o que é o centro espírita, quais são realmente a sua função e a sua significação, o Espiritismo seria hoje o mais importante movimento cultural e espiritual da Terra
Assim, para o professor, o Centro é o agente de um movimento cultural e espiritual, mas não um simples e ocasional movimento;
o "mais importante" de quantos aqui já ocorreram.
É cultural porque trata, de facto, do saber humano e objectiva o Ser no Mundo.
Há, na mente do professor, uma clara noção de que boa parte dos próprios espíritas desconhecem essa importância do Centro, porque, desconhecem, também, o que de facto é o centro espírita.
Entre defensores e críticos, por muito tempo se postulou no movimento espírita três condições para o Centro:
templo, pronto socorro e escola.
Herculano, no entanto, deixa de lado as três para defender a que mais se assenta aos seus olhos de filósofo:
"ponto visual de convergência".
E como não se contentasse com o ficar aí, nesta cómoda posição, ele mesmo vai, mais tarde, trabalhar o conceito do centro espírita na direcção da casa de prestação de serviços.
O destaque, porém, é, neste instante, para o facto dessa ignorância do valor e da importância do Centro, que funcionam como diques contrários ao seu próprio crescimento e sua proliferação, ocasionando, também, uma prática muitas vezes desvirtuada dos preceitos doutrinários.
Herculano, no entanto, está voltado para a seguinte realidade:
O centro espírita significa, assim, a fortaleza espiritual da grande batalha para o restabelecimento da verdade cristã na Terra
Surge, então, e aumenta consideravelmente, a importância do centro espírita bem organizado e dirigido, onde esses problemas são estudados e tratados sem nenhum tabu, sem preconceito de qualquer espécie.
O professor fala de uma "fortaleza espiritual" em que o centro espírita deve se transformar.
A imagem é importante pelo facto da existência de uma "grande batalha para o restabelecimento da verdade".
Isto significa que o estabelecimento do conhecimento novo não vai encontrar um terreno fácil.
Eis porque o centro espírita precisa estar preparado.
Contra os novos conhecimentos se opõem as superstições, os interesses sociais e culturais e os grupos dominadores.
Continua...
(Os mais belos pensamentos de Herculano Pires, reunidos e interpretados livremente)
O centro espírita não é templo nem laboratório é, para usarmos a expressão espírita de Victor Hugo:
point d'optique do movimento doutrinário, ou seja, o seu ponto visual de convergência
O professor ensina que o centro espírita tem muito mais importância que qualquer outra instituição criada sob a inspiração da doutrina de Kardec.
O "ponto visual de convergência" é expressão máxima dessa importância.
O Centro resume em si todas as aspirações doutrinárias;
nele começam e terminam as acções que visam levar o Espiritismo para a sociedade.
Tudo o que se pretender em Espiritismo, a qualidade que se desejar ter no seu ensino e na sua divulgação, no atendimento do ser humano, na prática dos seus postulados mediúnicos e assistências, tudo há de levar em consideração a expressão "point d'optique" que Herculano tomou emprestado de Victor Hugo.
Quando afirma que o Centro não é templo nem laboratório, o professor reforça aquilo que ele de facto é e as atenções que sobre ele devem recair.
A qualidade com que o conhecimento da Doutrina chega à sociedade depende implicitamente do centro espírita.
A qualidade dos adeptos - e não sua condição de espírita - está fundamentalmente nas mãos do Centro.
Toda essa gama de características vai levar o professor a afirmar:
Se os espíritas soubessem o que é o centro espírita, quais são realmente a sua função e a sua significação, o Espiritismo seria hoje o mais importante movimento cultural e espiritual da Terra
Assim, para o professor, o Centro é o agente de um movimento cultural e espiritual, mas não um simples e ocasional movimento;
o "mais importante" de quantos aqui já ocorreram.
É cultural porque trata, de facto, do saber humano e objectiva o Ser no Mundo.
Há, na mente do professor, uma clara noção de que boa parte dos próprios espíritas desconhecem essa importância do Centro, porque, desconhecem, também, o que de facto é o centro espírita.
Entre defensores e críticos, por muito tempo se postulou no movimento espírita três condições para o Centro:
templo, pronto socorro e escola.
Herculano, no entanto, deixa de lado as três para defender a que mais se assenta aos seus olhos de filósofo:
"ponto visual de convergência".
E como não se contentasse com o ficar aí, nesta cómoda posição, ele mesmo vai, mais tarde, trabalhar o conceito do centro espírita na direcção da casa de prestação de serviços.
O destaque, porém, é, neste instante, para o facto dessa ignorância do valor e da importância do Centro, que funcionam como diques contrários ao seu próprio crescimento e sua proliferação, ocasionando, também, uma prática muitas vezes desvirtuada dos preceitos doutrinários.
Herculano, no entanto, está voltado para a seguinte realidade:
O centro espírita significa, assim, a fortaleza espiritual da grande batalha para o restabelecimento da verdade cristã na Terra
Surge, então, e aumenta consideravelmente, a importância do centro espírita bem organizado e dirigido, onde esses problemas são estudados e tratados sem nenhum tabu, sem preconceito de qualquer espécie.
O professor fala de uma "fortaleza espiritual" em que o centro espírita deve se transformar.
A imagem é importante pelo facto da existência de uma "grande batalha para o restabelecimento da verdade".
Isto significa que o estabelecimento do conhecimento novo não vai encontrar um terreno fácil.
Eis porque o centro espírita precisa estar preparado.
Contra os novos conhecimentos se opõem as superstições, os interesses sociais e culturais e os grupos dominadores.
Continua...
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Re: O que é a Doutrina
Continua...
Dessa forma, é conveniente encontrar um conceito para o centro espírita que o livre de qualquer ligação com a mentalidade obsoleta, especialmente no campo religioso, e que melhor o defina em sua actuação no campo social.
Afinal, sua finalidade, nunca é demais lembrar, é o Ser no Mundo.
Herculano atinge, assim, o momento propício para colocar que, no desempenho de sua função, o centro espírita é, sobretudo, um centro de serviços ao próximo, no plano propriamente humano e no plano espiritual.
O conceito de prestador de serviços é actual e deve ser visto como plenamente ajustável às funções do Centro, estando de acordo com sua realidade evolutiva.
O centro espírita dos nossos dias tem uma face totalmente modificada em relação àquela que lhe deu origem um dia:
a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fundada por Kardec e seus companheiros.
Isso é compreensível.
Até a denominação - "centro espírita" - deve ser vista como ajustada à cultura brasileira, uma vez que não surgiu de uma atitude deliberada de Kardec, mas do aparecimento da Doutrina em nosso País.
As funções e os objectivos da Sociedade diferem, profundamente, das funções e objectivos do Centro actual, que incorporou várias actividades ao longo deste quase século e meio que medeia a criação da Sociedade e a actualidade.
O professor compreende essa realidade, ao vê-la compatível com a Doutrina, uma vez que esta deve ser vista no seu aspecto interpretativo, com a própria interpretação, pessoal ou colectiva, também evoluindo e se adaptando ao momento em que é feita.
Assim, nem templo, nem laboratório, nem pronto socorro, nem escola;
por outra, é tudo isso, ao mesmo tempo, mas sob nova feição:
a da razão espírita.
O Centro é, portanto, uma Casa de Serviços e Cultura Espírita.
A prestação de serviços não implica em cobrança por eles.
O que regula o seu valor e a forma como são oferecidos os serviços, é o sentido profundo da caridade, segundo o "dai de graça o que de graça recebestes".
O ensino do Espiritismo se prende à parte cultural, que se completa com a prática.
É preciso ver, contudo, que no centro espírita não se podem restringir as actividades apenas ao aspecto religioso e assistencial.
Além dos cursos que devem ser dados sobre a Doutrina, com método e insistência, é necessário que em todas as sessões sejam pronunciadas breves palestras elucidadoras, seguidas de diálogos da assistência com o expositor.
Sem o constante e livre estudo da Doutrina—dirigido sem pretensões, mas também sem o receio de abordagem dos pontos mais difíceis da Doutrina, não conseguiremos superar o estágio embrionário em que ainda permanece grande parcela do movimento doutrinário.
O professor, coerente com sua função de pedagogo, prega, sempre, a necessidade de liberdade.
Fala ele em "livre estudo", mas, também, em "método e insistência", "palestras elucidadoras" e "diálogo".
Reforça a vantagem do "estudo dirigido sem pretensões", referindo-se, aí, à necessidade de desprendimento, seja do expositor, seja por parte dos estudantes, a fim de dar ao ambiente um conteúdo favorável aos objectivos, impedindo o aparecimento de factores prejudiciais, como o orgulho e a vaidade.
Mas é preciso, ainda, levar em consideração a necessidade de abordagem dos pontos mais difíceis", para superar o "estágio embrionário" em que está considerável parcela do movimento espírita.
É o mesmo que afirmar ser preciso abandonar a superficialidade e esforçar-se para penetrar com decisão nos objectivos do Espiritismo, a fim de melhor aproveitar a doutrina.
Um dos factores que favorece esse aprofundamento é o diálogo, muitas vezes desprezado nos cursos doutrinários, por razões que deveriam ser removidas, mas que permanecem em virtude do descaso e da teimosia dos dirigentes.
Continua...
Dessa forma, é conveniente encontrar um conceito para o centro espírita que o livre de qualquer ligação com a mentalidade obsoleta, especialmente no campo religioso, e que melhor o defina em sua actuação no campo social.
Afinal, sua finalidade, nunca é demais lembrar, é o Ser no Mundo.
Herculano atinge, assim, o momento propício para colocar que, no desempenho de sua função, o centro espírita é, sobretudo, um centro de serviços ao próximo, no plano propriamente humano e no plano espiritual.
O conceito de prestador de serviços é actual e deve ser visto como plenamente ajustável às funções do Centro, estando de acordo com sua realidade evolutiva.
O centro espírita dos nossos dias tem uma face totalmente modificada em relação àquela que lhe deu origem um dia:
a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fundada por Kardec e seus companheiros.
Isso é compreensível.
Até a denominação - "centro espírita" - deve ser vista como ajustada à cultura brasileira, uma vez que não surgiu de uma atitude deliberada de Kardec, mas do aparecimento da Doutrina em nosso País.
As funções e os objectivos da Sociedade diferem, profundamente, das funções e objectivos do Centro actual, que incorporou várias actividades ao longo deste quase século e meio que medeia a criação da Sociedade e a actualidade.
O professor compreende essa realidade, ao vê-la compatível com a Doutrina, uma vez que esta deve ser vista no seu aspecto interpretativo, com a própria interpretação, pessoal ou colectiva, também evoluindo e se adaptando ao momento em que é feita.
Assim, nem templo, nem laboratório, nem pronto socorro, nem escola;
por outra, é tudo isso, ao mesmo tempo, mas sob nova feição:
a da razão espírita.
O Centro é, portanto, uma Casa de Serviços e Cultura Espírita.
A prestação de serviços não implica em cobrança por eles.
O que regula o seu valor e a forma como são oferecidos os serviços, é o sentido profundo da caridade, segundo o "dai de graça o que de graça recebestes".
O ensino do Espiritismo se prende à parte cultural, que se completa com a prática.
É preciso ver, contudo, que no centro espírita não se podem restringir as actividades apenas ao aspecto religioso e assistencial.
Além dos cursos que devem ser dados sobre a Doutrina, com método e insistência, é necessário que em todas as sessões sejam pronunciadas breves palestras elucidadoras, seguidas de diálogos da assistência com o expositor.
Sem o constante e livre estudo da Doutrina—dirigido sem pretensões, mas também sem o receio de abordagem dos pontos mais difíceis da Doutrina, não conseguiremos superar o estágio embrionário em que ainda permanece grande parcela do movimento doutrinário.
O professor, coerente com sua função de pedagogo, prega, sempre, a necessidade de liberdade.
Fala ele em "livre estudo", mas, também, em "método e insistência", "palestras elucidadoras" e "diálogo".
Reforça a vantagem do "estudo dirigido sem pretensões", referindo-se, aí, à necessidade de desprendimento, seja do expositor, seja por parte dos estudantes, a fim de dar ao ambiente um conteúdo favorável aos objectivos, impedindo o aparecimento de factores prejudiciais, como o orgulho e a vaidade.
Mas é preciso, ainda, levar em consideração a necessidade de abordagem dos pontos mais difíceis", para superar o "estágio embrionário" em que está considerável parcela do movimento espírita.
É o mesmo que afirmar ser preciso abandonar a superficialidade e esforçar-se para penetrar com decisão nos objectivos do Espiritismo, a fim de melhor aproveitar a doutrina.
Um dos factores que favorece esse aprofundamento é o diálogo, muitas vezes desprezado nos cursos doutrinários, por razões que deveriam ser removidas, mas que permanecem em virtude do descaso e da teimosia dos dirigentes.
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Re: O que é a Doutrina
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Apresenta-se, às vezes, um absurdo temor pelo diálogo, e esse temor é resultado, não raro, do despreparo cultural, doutrinário e até mesmo psicológico dos expositores e dirigentes.
Mas está precisamente no diálogo o clímax, o ponto mais alto de qualquer estudo ou palestra.
A sua supressão acarreta enormes prejuízos para o estudo.
Dirigentes e expositores, em lugar de temê-lo, deveriam perceber que não é desonra não poder, eventualmente, responder com precisão a todas as questões, mesmo porque não devem considerar-se posicionados em pedestal mais elevado que os alunos, afinal
Nada mais triste do que um centro espírita em que alguns se julgam mestres dos outros, quando na verdade ninguém sabe nada e todos deviam colocar-se na posição exacta de aprendizes.
O professor, como professor verdadeiro, põe-se no nível dos alunos e faz-se, de facto, um deles.
O que o difere, no momento do estudo, dos alunos, é a responsabilidade que lhe pesa nos ombros.
Mas sabe-se, sempre, aprendiz, segundo a sábia orientação socrática:
"só sei que nada sei".
A experiência do professor é também outra das suas diferenças para os alunos.
A sabedoria, porém, o leva a usar essas vantagens com discrição e humildade, sem as falsidades comportamentais comuns aos orgulhosos e vaidosos
§.§.§- O-canto-da-ave
Apresenta-se, às vezes, um absurdo temor pelo diálogo, e esse temor é resultado, não raro, do despreparo cultural, doutrinário e até mesmo psicológico dos expositores e dirigentes.
Mas está precisamente no diálogo o clímax, o ponto mais alto de qualquer estudo ou palestra.
A sua supressão acarreta enormes prejuízos para o estudo.
Dirigentes e expositores, em lugar de temê-lo, deveriam perceber que não é desonra não poder, eventualmente, responder com precisão a todas as questões, mesmo porque não devem considerar-se posicionados em pedestal mais elevado que os alunos, afinal
Nada mais triste do que um centro espírita em que alguns se julgam mestres dos outros, quando na verdade ninguém sabe nada e todos deviam colocar-se na posição exacta de aprendizes.
O professor, como professor verdadeiro, põe-se no nível dos alunos e faz-se, de facto, um deles.
O que o difere, no momento do estudo, dos alunos, é a responsabilidade que lhe pesa nos ombros.
Mas sabe-se, sempre, aprendiz, segundo a sábia orientação socrática:
"só sei que nada sei".
A experiência do professor é também outra das suas diferenças para os alunos.
A sabedoria, porém, o leva a usar essas vantagens com discrição e humildade, sem as falsidades comportamentais comuns aos orgulhosos e vaidosos
§.§.§- O-canto-da-ave
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ABC do Espiritismo
ABC do Espiritismo
1. Da diferença entre Espiritismo e Espiritualismo
2. Doutrinas Espiritualistas
3. Fenómenos mediúnicos dentro da Bíblia
4. As irmãs Fox e os fenómenos de Hysdesville
5. Allan Kardec e sua obra
6. Flammarion, Denis e Delanne, fiéis continuadores da obra de Kardec
7. Síntese de "O Livro dos Espíritos"
8. Do Mundo dos Espíritos
9. Das Leis Morais
10. Das Esperanças e Consolações
11. Conclusão
12. Alguns médiuns famosos do passado
13. Opiniões de cientistas e escritores europeus e americanos
14. Alguns vultos espíritas do Brasil
15. Vocabulário
Da diferença entre Espiritismo e Espiritualismo
Continua...
1. Da diferença entre Espiritismo e Espiritualismo
2. Doutrinas Espiritualistas
3. Fenómenos mediúnicos dentro da Bíblia
4. As irmãs Fox e os fenómenos de Hysdesville
5. Allan Kardec e sua obra
6. Flammarion, Denis e Delanne, fiéis continuadores da obra de Kardec
7. Síntese de "O Livro dos Espíritos"
8. Do Mundo dos Espíritos
9. Das Leis Morais
10. Das Esperanças e Consolações
11. Conclusão
12. Alguns médiuns famosos do passado
13. Opiniões de cientistas e escritores europeus e americanos
14. Alguns vultos espíritas do Brasil
15. Vocabulário
Da diferença entre Espiritismo e Espiritualismo
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Última edição por O_Canto_da_Ave em Sex Mar 30, 2012 9:43 am, editado 1 vez(es)
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Re: O que é a Doutrina
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Primeira Parte
Capítulo 1
É muito comum afirmar-se que ser espiritualista é a mesma coisa que ser espírita ou espiritista.
Aqueles que assim pensam dão prova de que desconhecem os fundamentos da Doutrina Espírita.
Há outros que, ao serem interrogados sobre a religião a que pertencem, embora sejam espíritas militantes, vacilam e dão esta resposta: Sou espiritualista.
De duas uma:
ou respondem assim porque desconhecem a diferença que há entre a Doutrina Espírita e as doutrinas espiritualistas, ou porque temem confessar a qualidade de espírita convicto.
Acham que, afirmando serem espiritualistas, eximem-se de quaisquer responsabilidades, no tocante à religião, diante da sociedade a que pertencem.
É a isto que se chama "covardia moral".
É preciso que se saiba que "todo espírita é necessariamente espiritualista, mas nem todos os espiritualistas são espíritas".
Embora seja a Doutrina Espírita uma doutrina espiritualista, por excelência, é necessário fazer-se distinção das demais correntes espiritualistas.
Para exemplo, tomemos a Umbanda, seita muito divulgada no Brasil.
Será a Umbanda doutrina espiritualista?
Sim, é doutrina espiritualista, porquanto estabelece a comunicação entre os vivos e os chamados mortos, admitindo, conseqüentemente, a sobrevivência do Espírito após a morte do corpo físico;
admite sua evolução através das vidas sucessivas e crê no resgate, pela dor, das faltas cometidas em existências anteriores.
Por essas características, não há dúvida alguma tratar-se a Umbanda de uma doutrina essencialmente espiritualista.
Mas, por outro lado, será ela Doutrina Espírita ou Espiritismo?
Não. A Umbanda não pode ser considerada Doutrina Espírita porque admite cerimónias litúrgicas, entre elas a do casamento e a do baptizado;
é litólatra, porque adopta nos seus trabalhos imagens dos chamados "santos" (a palavra litólatra vem de litolatria, que é a adoração das pedras), e é também fitólatra, porque faz uso de ervas para defumações, além de outros ritos (a palavra fitólatra vem do grego phyton "planta"; o segundo elemento, latra, provém do verbo grego latrein "adorar").
Mas o Espiritismo não tem ritos de espécie alguma.
Como se vê, por estas observações ficou demonstrada a diferença existente entre a Doutrina Espírita e uma das doutrinas espiritualistas, que é a Umbanda, doutrina esta que tem, face aos seus dogmas e ritos, bastante afinidade com o Catolicismo, também considerado espiritualista, porque admite a existência de Deus e de entidades espirituais que sobrevivem após a desencarnação.
Continua...
Primeira Parte
Capítulo 1
É muito comum afirmar-se que ser espiritualista é a mesma coisa que ser espírita ou espiritista.
Aqueles que assim pensam dão prova de que desconhecem os fundamentos da Doutrina Espírita.
Há outros que, ao serem interrogados sobre a religião a que pertencem, embora sejam espíritas militantes, vacilam e dão esta resposta: Sou espiritualista.
De duas uma:
ou respondem assim porque desconhecem a diferença que há entre a Doutrina Espírita e as doutrinas espiritualistas, ou porque temem confessar a qualidade de espírita convicto.
Acham que, afirmando serem espiritualistas, eximem-se de quaisquer responsabilidades, no tocante à religião, diante da sociedade a que pertencem.
É a isto que se chama "covardia moral".
É preciso que se saiba que "todo espírita é necessariamente espiritualista, mas nem todos os espiritualistas são espíritas".
Embora seja a Doutrina Espírita uma doutrina espiritualista, por excelência, é necessário fazer-se distinção das demais correntes espiritualistas.
Para exemplo, tomemos a Umbanda, seita muito divulgada no Brasil.
Será a Umbanda doutrina espiritualista?
Sim, é doutrina espiritualista, porquanto estabelece a comunicação entre os vivos e os chamados mortos, admitindo, conseqüentemente, a sobrevivência do Espírito após a morte do corpo físico;
admite sua evolução através das vidas sucessivas e crê no resgate, pela dor, das faltas cometidas em existências anteriores.
Por essas características, não há dúvida alguma tratar-se a Umbanda de uma doutrina essencialmente espiritualista.
Mas, por outro lado, será ela Doutrina Espírita ou Espiritismo?
Não. A Umbanda não pode ser considerada Doutrina Espírita porque admite cerimónias litúrgicas, entre elas a do casamento e a do baptizado;
é litólatra, porque adopta nos seus trabalhos imagens dos chamados "santos" (a palavra litólatra vem de litolatria, que é a adoração das pedras), e é também fitólatra, porque faz uso de ervas para defumações, além de outros ritos (a palavra fitólatra vem do grego phyton "planta"; o segundo elemento, latra, provém do verbo grego latrein "adorar").
Mas o Espiritismo não tem ritos de espécie alguma.
Como se vê, por estas observações ficou demonstrada a diferença existente entre a Doutrina Espírita e uma das doutrinas espiritualistas, que é a Umbanda, doutrina esta que tem, face aos seus dogmas e ritos, bastante afinidade com o Catolicismo, também considerado espiritualista, porque admite a existência de Deus e de entidades espirituais que sobrevivem após a desencarnação.
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Data de inscrição : 07/11/2010
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Localização : Porto - Portugal
Re: O que é a Doutrina
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Doutrinas Espiritualistas
Capítulo 2
Falar sobre todas as doutrinas espiritualistas existentes no mundo é tarefa dificílima, pois seu número é bastante elevado, o que exigiria muito espaço e tempo.
Como nosso trabalho limita-se apenas a apresentar alguns ensinos principais, mas resumidos, objectivando, dessa forma, facilitar mais àqueles que não dispõem de tempo e nem mesmo de muitas obras de consulta, é que resolvemos abordar um pouco de cada assunto que, sobremaneira, interessa aos que desejam formar cultura generalizada no campo espiritual.
Assim, considerando que as doutrinas espiritualistas, notadamente as da antiguidade, vêm trazer apreciável subsídio para o leitor no que diz respeito aos seus conhecimentos espirituais, é que achamos conveniente citar algumas dessas doutrinas, que serviram para o desenvolvimento dos chamados "iniciados" de antanho.
Quando falamos em iniciados, lembramo-nos logo de Moisés – o salvo das águas do rio Nilo – segundo narrativa bíblica.
Moisés fora educado na corte dos Faraós, tornando-se um grande iniciado daquele época.
Seus livros, que constituem o chamado Pentateuco, deixam transparecer, claramente, que ele era dotado de grandes conhecimentos das ciências secretas, daquele tempo.
Ao que estamos informados, muitas eram as fontes de consulta de então, as quais teriam servido para aprimorar seu conhecimento no terreno da filosofia espiritualista, tornando-se, dessa forma, um dos grandes iniciados da época.
1 - Os Vedas
Não podemos precisar a data em que foram escritas estas obras, mas Souryo Shiddanto (em sânscrito "tratado do deus do sol"), obra de astronomia, cuja composição remonta, em sua parte mais antiga, ao século IV a.C., já nos fala dos Vedas.
Estas obras constituem a Bíblia da Índia e nelas encontramos preciosos ensinos espiritualistas, como a comunicabilidade dos espíritos, a reencarnação, a pluralidade dos mundos, além de sábios conselhos, muitos deles semelhantes aos que nos foram legados pelo Cristo.
Quanto à comunicabilidade dos espíritos, lemos nos Vedas que, no sacrifício do fogo, muito usado na antiguidade, compareciam os Espíritos denominados Assouras, que no panteão indiano constituem divindades do mal, e os Pitris, que eram almas dos antepassados, e dele tomavam parte.
Como se vê, desde as mais remotas eras já se estabelecia a comunicação entre os dois mundos, dando prova, assim, da sobrevivência do Espírito após a morte do corpo físico.
Devemos citar, ainda, para maiores esclarecimentos, que os Vedas encerram preciosos ensinos no campo do amor e do perdão.
O que se segue é um exemplo de sua sublimidade:
"Sê, para o teu inimigo, o que é a terra que devolve farta colheita ao lavrador que lhe rasga o seio.
Sê, para aquele que te aflige, o que é o sândalo da floresta que perfuma o machado do lenhador que o corta."
Os ensinos da pluralidade das existências, ou seja, da reencarnação da alma, eram conservados na tradição oral dos cânticos védicos;
foram divulgados sómente após a compilação dos Vedas pelo sábio brâmane, Vyasa, cerca de 14 séculos a.C., e fixados definitivamente entre os séculos XII e XI, quando a escrita foi introduzida na Índia pela influência dos fenícios.
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Doutrinas Espiritualistas
Capítulo 2
Falar sobre todas as doutrinas espiritualistas existentes no mundo é tarefa dificílima, pois seu número é bastante elevado, o que exigiria muito espaço e tempo.
Como nosso trabalho limita-se apenas a apresentar alguns ensinos principais, mas resumidos, objectivando, dessa forma, facilitar mais àqueles que não dispõem de tempo e nem mesmo de muitas obras de consulta, é que resolvemos abordar um pouco de cada assunto que, sobremaneira, interessa aos que desejam formar cultura generalizada no campo espiritual.
Assim, considerando que as doutrinas espiritualistas, notadamente as da antiguidade, vêm trazer apreciável subsídio para o leitor no que diz respeito aos seus conhecimentos espirituais, é que achamos conveniente citar algumas dessas doutrinas, que serviram para o desenvolvimento dos chamados "iniciados" de antanho.
Quando falamos em iniciados, lembramo-nos logo de Moisés – o salvo das águas do rio Nilo – segundo narrativa bíblica.
Moisés fora educado na corte dos Faraós, tornando-se um grande iniciado daquele época.
Seus livros, que constituem o chamado Pentateuco, deixam transparecer, claramente, que ele era dotado de grandes conhecimentos das ciências secretas, daquele tempo.
Ao que estamos informados, muitas eram as fontes de consulta de então, as quais teriam servido para aprimorar seu conhecimento no terreno da filosofia espiritualista, tornando-se, dessa forma, um dos grandes iniciados da época.
1 - Os Vedas
Não podemos precisar a data em que foram escritas estas obras, mas Souryo Shiddanto (em sânscrito "tratado do deus do sol"), obra de astronomia, cuja composição remonta, em sua parte mais antiga, ao século IV a.C., já nos fala dos Vedas.
Estas obras constituem a Bíblia da Índia e nelas encontramos preciosos ensinos espiritualistas, como a comunicabilidade dos espíritos, a reencarnação, a pluralidade dos mundos, além de sábios conselhos, muitos deles semelhantes aos que nos foram legados pelo Cristo.
Quanto à comunicabilidade dos espíritos, lemos nos Vedas que, no sacrifício do fogo, muito usado na antiguidade, compareciam os Espíritos denominados Assouras, que no panteão indiano constituem divindades do mal, e os Pitris, que eram almas dos antepassados, e dele tomavam parte.
Como se vê, desde as mais remotas eras já se estabelecia a comunicação entre os dois mundos, dando prova, assim, da sobrevivência do Espírito após a morte do corpo físico.
Devemos citar, ainda, para maiores esclarecimentos, que os Vedas encerram preciosos ensinos no campo do amor e do perdão.
O que se segue é um exemplo de sua sublimidade:
"Sê, para o teu inimigo, o que é a terra que devolve farta colheita ao lavrador que lhe rasga o seio.
Sê, para aquele que te aflige, o que é o sândalo da floresta que perfuma o machado do lenhador que o corta."
Os ensinos da pluralidade das existências, ou seja, da reencarnação da alma, eram conservados na tradição oral dos cânticos védicos;
foram divulgados sómente após a compilação dos Vedas pelo sábio brâmane, Vyasa, cerca de 14 séculos a.C., e fixados definitivamente entre os séculos XII e XI, quando a escrita foi introduzida na Índia pela influência dos fenícios.
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