O que é a Doutrina
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O que é a Doutrina
Preâmbulo
As pessoas que não têm do Espiritismo senão um conhecimento superficial, são naturalmente levadas a fazer certas indagações, às quais um estudo completo lhes daria, sem dúvida, a solução.
Mas o tempo e, frequentemente, a vontade, lhes faltam para se consagrarem às observações continuadas.
Quereriam, antes de empreender essa tarefa, saber ao menos do que se trata e se vale a pena dela se ocuparem.
Pareceu-nos útil, pois, apresentar, em um quadro restrito, a resposta a algumas das questões fundamentais que nos são diariamente dirigidas.
Isso será, para o leitor, uma primeira iniciação e, para nós, tempo ganho pela dispensa de repetir constantemente a mesma coisa.
O primeiro capítulo contém, sob a forma de diálogos, respostas às objecções mais comuns da parte daqueles que ignoram os primeiros fundamentos da Doutrina, assim como a refutação dos principais argumentos dos seus opositores.
Essa forma nos pareceu mais conveniente, porque não tem a aridez da forma dogmática.
O segundo capítulo é consagrado à exposição sumária das partes da ciência prática e experimental, sobre as quais, na falta de uma instrução completa, o observador novato deve dirigir sua atenção para julgar com conhecimento de causa.
É de alguma forma o resumo de O Livro dos Médiuns.
As objecções nascem, o mais frequentemente, de ideias falsas que são feitas, a priori, sobre o que não se conhece.
Corrigir essas ideias é antecipar-se às objecções: tal é o objecto deste pequeno escrito.
O terceiro capítulo pode ser considerado como o resumo de O Livro dos Espíritos.
É a solução, pela Doutrina Espírita, de um certo número de problemas do mais alto interesse de ordem psicológica, moral e filosófica, que são colocados diariamente, e aos quais nenhuma filosofia deu, ainda, soluções satisfatórias.
Que se procure resolvê-los por outra teoria, e sem a chave que nos oferece o Espiritismo, e ver-se-á que elas são as respostas mais lógicas e que melhor satisfazem à razão.
Este resumo não é somente útil para os iniciantes que poderão nele, em pouco tempo e sem muito esforço, haurir as noções mais essenciais, mas também o é para os adeptos aos quais ele fornece os meios para responder às primeiras objecções que não deixam de lhe fazer, e, de outra parte, porque aqui encontrarão reunidos, em um quadro restrito, e sob um mesmo exame, os princípios que eles não devem jamais perder de vista.
Para responder, desde agora e sumariamente, à questão formulada no título deste opúsculo, nós diremos que:
O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica.
Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos;
como filosofia, ele compreende todas as consequências morais que decorrem dessas relações.
Pode-se defini-lo assim:
O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal.
As pessoas que não têm do Espiritismo senão um conhecimento superficial, são naturalmente levadas a fazer certas indagações, às quais um estudo completo lhes daria, sem dúvida, a solução.
Mas o tempo e, frequentemente, a vontade, lhes faltam para se consagrarem às observações continuadas.
Quereriam, antes de empreender essa tarefa, saber ao menos do que se trata e se vale a pena dela se ocuparem.
Pareceu-nos útil, pois, apresentar, em um quadro restrito, a resposta a algumas das questões fundamentais que nos são diariamente dirigidas.
Isso será, para o leitor, uma primeira iniciação e, para nós, tempo ganho pela dispensa de repetir constantemente a mesma coisa.
O primeiro capítulo contém, sob a forma de diálogos, respostas às objecções mais comuns da parte daqueles que ignoram os primeiros fundamentos da Doutrina, assim como a refutação dos principais argumentos dos seus opositores.
Essa forma nos pareceu mais conveniente, porque não tem a aridez da forma dogmática.
O segundo capítulo é consagrado à exposição sumária das partes da ciência prática e experimental, sobre as quais, na falta de uma instrução completa, o observador novato deve dirigir sua atenção para julgar com conhecimento de causa.
É de alguma forma o resumo de O Livro dos Médiuns.
As objecções nascem, o mais frequentemente, de ideias falsas que são feitas, a priori, sobre o que não se conhece.
Corrigir essas ideias é antecipar-se às objecções: tal é o objecto deste pequeno escrito.
O terceiro capítulo pode ser considerado como o resumo de O Livro dos Espíritos.
É a solução, pela Doutrina Espírita, de um certo número de problemas do mais alto interesse de ordem psicológica, moral e filosófica, que são colocados diariamente, e aos quais nenhuma filosofia deu, ainda, soluções satisfatórias.
Que se procure resolvê-los por outra teoria, e sem a chave que nos oferece o Espiritismo, e ver-se-á que elas são as respostas mais lógicas e que melhor satisfazem à razão.
Este resumo não é somente útil para os iniciantes que poderão nele, em pouco tempo e sem muito esforço, haurir as noções mais essenciais, mas também o é para os adeptos aos quais ele fornece os meios para responder às primeiras objecções que não deixam de lhe fazer, e, de outra parte, porque aqui encontrarão reunidos, em um quadro restrito, e sob um mesmo exame, os princípios que eles não devem jamais perder de vista.
Para responder, desde agora e sumariamente, à questão formulada no título deste opúsculo, nós diremos que:
O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica.
Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos;
como filosofia, ele compreende todas as consequências morais que decorrem dessas relações.
Pode-se defini-lo assim:
O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal.
Ave sem Ninho- Mensagens : 126609
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Re: O que é a Doutrina
Capítulo I
Pequena Conferência Espírita
Primeiro Diálogo - O Crítico
Visitante – Eu vos direi, senhor, que minha razão se recusa a admitir a realidade dos fenómenos estranhos atribuídos aos Espíritos e que, disso estou persuadido, não existem senão na imaginação.
Todavia, diante da evidência, seria preciso se inclinar, e é o que farei se eu puder ter provas incontestáveis.
Venho, pois, solicitar de vossa bondade a permissão para assistir somente a uma ou duas experiências, para não ser indiscreto, a fim de me convencer, se for possível.
Allan Kardec – Desde o instante, senhor, que vossa razão se recusa a admitir o que nós consideramos factos comprovados, é que vós a credes superior à de todas as pessoas que não compartilham de vossa opinião.
Eu não duvido do vosso mérito e não teria a pretensão de colocar a minha inteligência acima da vossa.
Admiti, pois, que eu me engano, uma vez que é a razão que vos fala, e que esteja dito tudo.
Visitante – Todavia, se vós chegásseis a me convencer, eu que sou conhecido como um antagonista das vossas ideias, isso seria um milagre eminentemente favorável à vossa causa.
A.K. – Eu o lamento, senhor, mas não tenho o dom dos milagres.
Pensais que uma ou duas sessões bastarão para vos convencer?
Isso seria, com efeito, um verdadeiro prodígio.
Foi-me necessário mais de um ano de trabalho para eu mesmo estar convencido, o que vos prova que, se o sou, não o foi por leviandade.
Aliás, senhor, eu não dou sessões e parece que vos enganastes sobre o objectivo de nossas reuniões, já que nós não fazemos experiências para satisfazer à curiosidade de quem quer que seja.
Visitante – Não desejais, pois, fazer prosélitos?
A.K. – Por que eu desejaria fazer de vós um prosélito se vós mesmo isso não o desejais?
Eu não forço nenhuma convicção.
Quando encontro pessoas sinceramente desejosas de se instruírem e que me dão a honra de solicitar-me esclarecimentos, é para mim um prazer, e um dever, responder-lhes no limite dos meus conhecimentos.
Pequena Conferência Espírita
Primeiro Diálogo - O Crítico
Visitante – Eu vos direi, senhor, que minha razão se recusa a admitir a realidade dos fenómenos estranhos atribuídos aos Espíritos e que, disso estou persuadido, não existem senão na imaginação.
Todavia, diante da evidência, seria preciso se inclinar, e é o que farei se eu puder ter provas incontestáveis.
Venho, pois, solicitar de vossa bondade a permissão para assistir somente a uma ou duas experiências, para não ser indiscreto, a fim de me convencer, se for possível.
Allan Kardec – Desde o instante, senhor, que vossa razão se recusa a admitir o que nós consideramos factos comprovados, é que vós a credes superior à de todas as pessoas que não compartilham de vossa opinião.
Eu não duvido do vosso mérito e não teria a pretensão de colocar a minha inteligência acima da vossa.
Admiti, pois, que eu me engano, uma vez que é a razão que vos fala, e que esteja dito tudo.
Visitante – Todavia, se vós chegásseis a me convencer, eu que sou conhecido como um antagonista das vossas ideias, isso seria um milagre eminentemente favorável à vossa causa.
A.K. – Eu o lamento, senhor, mas não tenho o dom dos milagres.
Pensais que uma ou duas sessões bastarão para vos convencer?
Isso seria, com efeito, um verdadeiro prodígio.
Foi-me necessário mais de um ano de trabalho para eu mesmo estar convencido, o que vos prova que, se o sou, não o foi por leviandade.
Aliás, senhor, eu não dou sessões e parece que vos enganastes sobre o objectivo de nossas reuniões, já que nós não fazemos experiências para satisfazer à curiosidade de quem quer que seja.
Visitante – Não desejais, pois, fazer prosélitos?
A.K. – Por que eu desejaria fazer de vós um prosélito se vós mesmo isso não o desejais?
Eu não forço nenhuma convicção.
Quando encontro pessoas sinceramente desejosas de se instruírem e que me dão a honra de solicitar-me esclarecimentos, é para mim um prazer, e um dever, responder-lhes no limite dos meus conhecimentos.
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Re: O que é a Doutrina
Quanto aos antagonistas que, como vós, têm convicções firmadas, eu não faço uma tentativa para os desviar, já que encontro bastante pessoas bem dispostas, sem perder meu tempo com as que não o são.
A convicção virá, cedo ou tarde, pela força das coisas, e os mais incrédulos serão arrastados pela torrente.
Alguns partidários a mais, ou a menos, no momento, não pesam na balança.
Por isso, não vereis jamais zangar-me para conduzir às nossas ideias aqueles que têm tão boas razões como vós para delas se distanciarem.
Visitante – Haveria, entretanto, no meu convencimento mais interesse do que vós o credes.
Quereis me permitir explicar-me com franqueza e me prometer não vos ofender com minhas palavras?
São minhas ideias sobre o assunto e não sobre a pessoa à qual me dirijo;
posso respeitar a pessoa sem partilhar sua opinião.
A.K. – O Espiritismo me ensinou a dar pouco valor às mesquinhas susceptibilidades do amor próprio, e a não me ofender com palavras.
Se vossas palavras saírem dos limites da urbanidade e das conveniências, concluirei, com isso, que sois um homem mal educado, eis tudo.
Quanto a mim, prefiro deixar aos outros os erros, ao invés de os partilhar.
Vedes, só por isso, que o Espiritismo serve para alguma coisa.
Eu vos disse, senhor, não me empenho de nenhum modo em vos fazer partilhar minha opinião;
respeito a vossa, se ela é sincera, como desejo que se respeite a minha.
Uma vez que tratais o Espiritismo como um sonho quimérico, vindo para mim, dizíeis a vós mesmo: eu vou ver um louco.
Confessai-o, francamente, isso não me melindrará.
Todos os espíritas são loucos, é coisa convencionada.
Pois bem, senhor, uma vez que olhais isso como uma doença mental, sentiria escrúpulo em vô-la comunicar, e eu me espanto que com um tal pensamento vós procureis adquirir uma convicção que vos colocará entre os loucos.
Se estais antecipadamente persuadido de não poder ser convencido, vossa tentativa é inútil, porque não tem por objectivo senão a curiosidade.
Abreviemos, pois, eu vos rogo, porque eu não teria tempo a perder em conversas sem objectivo.
Visitante – Podemos nos enganar, iludir-nos, sem por isso ser louco.
A.K. – Falai claramente:
dizeis, como tantos outros, que é um capricho que tem seu tempo;
mas convireis que um capricho que em alguns anos ganhou milhões de partidários em todos os países, que conta com sábios de todas as ordens, que se propaga de preferência nas classes esclarecidas, é uma singular mania que merece algum exame.
A convicção virá, cedo ou tarde, pela força das coisas, e os mais incrédulos serão arrastados pela torrente.
Alguns partidários a mais, ou a menos, no momento, não pesam na balança.
Por isso, não vereis jamais zangar-me para conduzir às nossas ideias aqueles que têm tão boas razões como vós para delas se distanciarem.
Visitante – Haveria, entretanto, no meu convencimento mais interesse do que vós o credes.
Quereis me permitir explicar-me com franqueza e me prometer não vos ofender com minhas palavras?
São minhas ideias sobre o assunto e não sobre a pessoa à qual me dirijo;
posso respeitar a pessoa sem partilhar sua opinião.
A.K. – O Espiritismo me ensinou a dar pouco valor às mesquinhas susceptibilidades do amor próprio, e a não me ofender com palavras.
Se vossas palavras saírem dos limites da urbanidade e das conveniências, concluirei, com isso, que sois um homem mal educado, eis tudo.
Quanto a mim, prefiro deixar aos outros os erros, ao invés de os partilhar.
Vedes, só por isso, que o Espiritismo serve para alguma coisa.
Eu vos disse, senhor, não me empenho de nenhum modo em vos fazer partilhar minha opinião;
respeito a vossa, se ela é sincera, como desejo que se respeite a minha.
Uma vez que tratais o Espiritismo como um sonho quimérico, vindo para mim, dizíeis a vós mesmo: eu vou ver um louco.
Confessai-o, francamente, isso não me melindrará.
Todos os espíritas são loucos, é coisa convencionada.
Pois bem, senhor, uma vez que olhais isso como uma doença mental, sentiria escrúpulo em vô-la comunicar, e eu me espanto que com um tal pensamento vós procureis adquirir uma convicção que vos colocará entre os loucos.
Se estais antecipadamente persuadido de não poder ser convencido, vossa tentativa é inútil, porque não tem por objectivo senão a curiosidade.
Abreviemos, pois, eu vos rogo, porque eu não teria tempo a perder em conversas sem objectivo.
Visitante – Podemos nos enganar, iludir-nos, sem por isso ser louco.
A.K. – Falai claramente:
dizeis, como tantos outros, que é um capricho que tem seu tempo;
mas convireis que um capricho que em alguns anos ganhou milhões de partidários em todos os países, que conta com sábios de todas as ordens, que se propaga de preferência nas classes esclarecidas, é uma singular mania que merece algum exame.
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Re: O que é a Doutrina
Visitante – Eu tenho minhas ideias sobre esse assunto, é verdade.
Elas, porém, não são tão absolutas que eu não consinta sacrificá-las à evidência.
Eu vos disse, pois, senhor, que tendes um certo interesse em me convencer.
Eu vos confessarei que devo publicar um livro onde me proponho demonstrar ex-professo (sic) o que eu vejo como um erro, e como esse livro deve ter um grande alcance e atacar vivamente os Espíritos, se eu chegar a ser convencido, não o publicarei.
A.K. – Eu ficaria desolado, senhor, por vos privar do benefício de um livro que deve ter um grande alcance.
Eu não tenho, de resto, nenhum interesse em vos impedir de fazê-lo, mas lhe desejo, ao contrário, uma grande popularidade, já que isso nos servirá de prospectos e de anúncios.
Quando uma coisa é atacada, isso desperta a atenção;
há muitas pessoas que querem ver os prós e os contras, e a crítica a faz conhecida daqueles mesmos que dela não sonhavam.
É assim que a publicidade, frequentemente, sem o querer, aproveita àqueles aos quais se quer prejudicar.
A questão dos Espíritos, aliás, é tão palpitante de interesse e ela espicaça a curiosidade a um tal ponto, que basta mencioná-la à atenção para dar o desejo de aprofundá-la. (1)
(1) Depois deste diálogo, escrito em 1859, a experiência veio demonstrar largamente a justeza desta proposição.
Visitante – Então, segundo vós, a crítica não serve para nada, a opinião pública não conta para nada?
A. K. – Eu não considero a crítica como a expressão da opinião pública, mas como uma opinião individual que pode se enganar.
Lede a História e vereis quantas obras-primas foram criticadas quando apareceram, o que não as impediu de permanecerem obras-primas.
Quando uma coisa é má, todos os elogios possíveis não a tornarão boa.
Se o Espiritismo é um erro, ele cairá por si mesmo;
se é uma verdade, todas as diatribes não farão dele uma mentira.
Vosso livro será uma apreciação pessoal sob o vosso ponto de vista;
a verdadeira opinião pública julgará se é correcta.
Por isso, quererão ver e se, mais tarde, for reconhecido que vos enganastes, vosso livro será ridículo como aquele que se publicou recentemente contra a teoria da circulação do sangue, da vacina, etc.
Mas esqueci que vós deveis tratar a questão ex-professo, o que quer dizer que a haveis estudado sob todas as faces, que haveis visto tudo o que se poder ver, tudo o que se escreveu sobre a matéria, analisado e comparado as diversas opiniões;
Elas, porém, não são tão absolutas que eu não consinta sacrificá-las à evidência.
Eu vos disse, pois, senhor, que tendes um certo interesse em me convencer.
Eu vos confessarei que devo publicar um livro onde me proponho demonstrar ex-professo (sic) o que eu vejo como um erro, e como esse livro deve ter um grande alcance e atacar vivamente os Espíritos, se eu chegar a ser convencido, não o publicarei.
A.K. – Eu ficaria desolado, senhor, por vos privar do benefício de um livro que deve ter um grande alcance.
Eu não tenho, de resto, nenhum interesse em vos impedir de fazê-lo, mas lhe desejo, ao contrário, uma grande popularidade, já que isso nos servirá de prospectos e de anúncios.
Quando uma coisa é atacada, isso desperta a atenção;
há muitas pessoas que querem ver os prós e os contras, e a crítica a faz conhecida daqueles mesmos que dela não sonhavam.
É assim que a publicidade, frequentemente, sem o querer, aproveita àqueles aos quais se quer prejudicar.
A questão dos Espíritos, aliás, é tão palpitante de interesse e ela espicaça a curiosidade a um tal ponto, que basta mencioná-la à atenção para dar o desejo de aprofundá-la. (1)
(1) Depois deste diálogo, escrito em 1859, a experiência veio demonstrar largamente a justeza desta proposição.
Visitante – Então, segundo vós, a crítica não serve para nada, a opinião pública não conta para nada?
A. K. – Eu não considero a crítica como a expressão da opinião pública, mas como uma opinião individual que pode se enganar.
Lede a História e vereis quantas obras-primas foram criticadas quando apareceram, o que não as impediu de permanecerem obras-primas.
Quando uma coisa é má, todos os elogios possíveis não a tornarão boa.
Se o Espiritismo é um erro, ele cairá por si mesmo;
se é uma verdade, todas as diatribes não farão dele uma mentira.
Vosso livro será uma apreciação pessoal sob o vosso ponto de vista;
a verdadeira opinião pública julgará se é correcta.
Por isso, quererão ver e se, mais tarde, for reconhecido que vos enganastes, vosso livro será ridículo como aquele que se publicou recentemente contra a teoria da circulação do sangue, da vacina, etc.
Mas esqueci que vós deveis tratar a questão ex-professo, o que quer dizer que a haveis estudado sob todas as faces, que haveis visto tudo o que se poder ver, tudo o que se escreveu sobre a matéria, analisado e comparado as diversas opiniões;
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Re: O que é a Doutrina
que vos encontrastes nas melhores condições para observar por vós mesmo;
que vós lhe consagrastes vossas vigílias, durante anos;
em uma palavra, que não negligenciastes em nada para atingir a constatação da verdade.
Eu devo crer que assim o é, se sois um homem sério, porque só aquele que fez tudo isso, tem o direito de dizer que fala com conhecimento de causa.
Que pensaríeis de um homem que se erigisse em censor de uma obra literária sem conhecer literatura?
De um quadro sem ter estudado pintura?
É de uma lógica elementar que o crítico deva conhecer, não superficialmente, mas a fundo, aquilo de que fala, sem o que sua opinião não tem valor.
Para combater um cálculo, é preciso opor-lhe outro cálculo mas, para isso, é preciso saber calcular.
O crítico não deve se limitar a dizer que tal coisa é boa ou má; é preciso que ele justifique sua opinião por uma demonstração clara e categórica, baseada sobre os próprios princípios da arte ou da ciência.
Como poderá fazê-lo se ignora esses princípios?
Poderíeis apreciar as qualidades ou os defeitos de uma máquina se vós não conheceis a mecânica?
Não, pois bem! vosso julgamento sobre o Espiritismo, que não conheceis, não teria mais valor do que o que faríeis sobre essa máquina.
Seríeis a cada instante preso em flagrante delito de ignorância, porque aqueles que o estudaram, verão, conseqüentemente, que estais fora da questão;
de onde se concluirá ou que não sois um homem sério ou que não sois de boa fé;
em um e outro caso vos exporeis a receber desmentidos pouco lisonjeiros para vosso amor-próprio.
Visitante – É precisamente para evitar esse escolho que vim vos pedir permissão para assistir a algumas experiências.
A.K. – E pensais que isso vos bastaria para falar do Espiritismo ex-professo?
Mas como poderíeis compreender essas experiências, e com mais forte razão julgá-las, se não haveis estudado os princípios que lhes servem de base?
Como poderíeis apreciar o resultado, satisfatório ou não, de experiências metalúrgicas, por exemplo, se não conheceis a fundo a metalurgia?
Permiti-me dizer-vos, senhor, que vosso projecto é absolutamente como se, não sabendo nem matemática, nem astronomia, fosseis dizer a um desses senhores do Observatório:
Senhor, eu quero escrever um livro sobre astronomia, e além disso provar que vosso sistema é falso;
mas como disso eu não sei nem a primeira palavra, deixai-me olhar uma ou duas vezes através de vossas lunetas.
que vós lhe consagrastes vossas vigílias, durante anos;
em uma palavra, que não negligenciastes em nada para atingir a constatação da verdade.
Eu devo crer que assim o é, se sois um homem sério, porque só aquele que fez tudo isso, tem o direito de dizer que fala com conhecimento de causa.
Que pensaríeis de um homem que se erigisse em censor de uma obra literária sem conhecer literatura?
De um quadro sem ter estudado pintura?
É de uma lógica elementar que o crítico deva conhecer, não superficialmente, mas a fundo, aquilo de que fala, sem o que sua opinião não tem valor.
Para combater um cálculo, é preciso opor-lhe outro cálculo mas, para isso, é preciso saber calcular.
O crítico não deve se limitar a dizer que tal coisa é boa ou má; é preciso que ele justifique sua opinião por uma demonstração clara e categórica, baseada sobre os próprios princípios da arte ou da ciência.
Como poderá fazê-lo se ignora esses princípios?
Poderíeis apreciar as qualidades ou os defeitos de uma máquina se vós não conheceis a mecânica?
Não, pois bem! vosso julgamento sobre o Espiritismo, que não conheceis, não teria mais valor do que o que faríeis sobre essa máquina.
Seríeis a cada instante preso em flagrante delito de ignorância, porque aqueles que o estudaram, verão, conseqüentemente, que estais fora da questão;
de onde se concluirá ou que não sois um homem sério ou que não sois de boa fé;
em um e outro caso vos exporeis a receber desmentidos pouco lisonjeiros para vosso amor-próprio.
Visitante – É precisamente para evitar esse escolho que vim vos pedir permissão para assistir a algumas experiências.
A.K. – E pensais que isso vos bastaria para falar do Espiritismo ex-professo?
Mas como poderíeis compreender essas experiências, e com mais forte razão julgá-las, se não haveis estudado os princípios que lhes servem de base?
Como poderíeis apreciar o resultado, satisfatório ou não, de experiências metalúrgicas, por exemplo, se não conheceis a fundo a metalurgia?
Permiti-me dizer-vos, senhor, que vosso projecto é absolutamente como se, não sabendo nem matemática, nem astronomia, fosseis dizer a um desses senhores do Observatório:
Senhor, eu quero escrever um livro sobre astronomia, e além disso provar que vosso sistema é falso;
mas como disso eu não sei nem a primeira palavra, deixai-me olhar uma ou duas vezes através de vossas lunetas.
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Re: O que é a Doutrina
Isso me bastará para conhecê-la tanto quanto vós.
Não é senão por extensão que a palavra criticar é sinónimo de censurar.
Em seu significado próprio, e segundo sua etmologia, ela significa julgar, apreciar.
A crítica pode, pois, ser aproveitada ou desaproveitada.
Fazer crítica de um livro não é necessariamente condená-lo.
Aquele que empreende essa tarefa deve fazê-la sem idéias preconcebidas.
Mas, se antes de abrir o livro já o condenou em seu pensamento, seu exame não pode ser imparcial.
Tal é o caso da maioria daqueles que têm falado do Espiritismo.
Apenas sobre o nome formaram uma opinião e fizeram como um juiz que pronunciou uma sentença sem se dar ao trabalho de examinar o processo.
Disso resultou que seu julgamento ficou sem razão e, ao invés de persuadir, provocou riso.
Quanto àqueles que estudaram seriamente a questão, a maioria mudou de opinião e mais de um adversário dela tornou-se partidário, quando viu que se tratava de coisa diversa daquela em que ele acreditava.
Visitante – Falais do exame dos livros em geral.
Credes que seja materialmente possível a um jornalista, ler e estudar todos os que lhe passam pelas mãos, sobretudo quando se trata de teorias novas que lhe seria preciso aprofundar e verificar?
Igualmente exigirias de um impressor que lesse todas as obras que saem das suas impressoras.
A.K. – A um raciocínio tão judicioso eu não tenho nada a responder, senão que, quando não se tem tempo de fazer conscientemente uma coisa, não se deve envolver-se com ela, e que é melhor não fazer senão uma coisa bem, do que fazer dez mal.
Visitante – Não creais, senhor, que minha opinião esteja formada levianamente.
Eu vi mesas girarem e baterem;
pessoas que estavam supostamente escrevendo sob a influência de Espíritos;
mas eu estou convencido de que havia charlatanismo.
A.K. – Quanto pagastes para ver isso?
Visitante – Nada, seguramente.
A.K. – Então eis charlatães de uma espécie singular, e que vão reabilitar a palavra.
Até o presente não se viu ainda charlatães desinteressados.
Se algum brincalhão maldoso quis se divertir uma vez por acaso, segue-se que as outras pessoas sejam cúmplices da fraude?
Aliás, com que objectivo se tornariam cúmplices de uma mistificação?
Não é senão por extensão que a palavra criticar é sinónimo de censurar.
Em seu significado próprio, e segundo sua etmologia, ela significa julgar, apreciar.
A crítica pode, pois, ser aproveitada ou desaproveitada.
Fazer crítica de um livro não é necessariamente condená-lo.
Aquele que empreende essa tarefa deve fazê-la sem idéias preconcebidas.
Mas, se antes de abrir o livro já o condenou em seu pensamento, seu exame não pode ser imparcial.
Tal é o caso da maioria daqueles que têm falado do Espiritismo.
Apenas sobre o nome formaram uma opinião e fizeram como um juiz que pronunciou uma sentença sem se dar ao trabalho de examinar o processo.
Disso resultou que seu julgamento ficou sem razão e, ao invés de persuadir, provocou riso.
Quanto àqueles que estudaram seriamente a questão, a maioria mudou de opinião e mais de um adversário dela tornou-se partidário, quando viu que se tratava de coisa diversa daquela em que ele acreditava.
Visitante – Falais do exame dos livros em geral.
Credes que seja materialmente possível a um jornalista, ler e estudar todos os que lhe passam pelas mãos, sobretudo quando se trata de teorias novas que lhe seria preciso aprofundar e verificar?
Igualmente exigirias de um impressor que lesse todas as obras que saem das suas impressoras.
A.K. – A um raciocínio tão judicioso eu não tenho nada a responder, senão que, quando não se tem tempo de fazer conscientemente uma coisa, não se deve envolver-se com ela, e que é melhor não fazer senão uma coisa bem, do que fazer dez mal.
Visitante – Não creais, senhor, que minha opinião esteja formada levianamente.
Eu vi mesas girarem e baterem;
pessoas que estavam supostamente escrevendo sob a influência de Espíritos;
mas eu estou convencido de que havia charlatanismo.
A.K. – Quanto pagastes para ver isso?
Visitante – Nada, seguramente.
A.K. – Então eis charlatães de uma espécie singular, e que vão reabilitar a palavra.
Até o presente não se viu ainda charlatães desinteressados.
Se algum brincalhão maldoso quis se divertir uma vez por acaso, segue-se que as outras pessoas sejam cúmplices da fraude?
Aliás, com que objectivo se tornariam cúmplices de uma mistificação?
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Re: O que é a Doutrina
Para divertir a sociedade, direis.
Eu aceito que uma vez alguém se preste a um gracejo;
mas quando um gracejo dura meses e anos, é, eu creio, o mistificador que está mistificado.
É provável que, pelo único prazer de fazer crer em uma coisa que se sabe ser falsa, espera-se aborrecidamente horas inteiras sobre uma mesa?
O prazer não valeria o trabalho.
Antes de concluir pela fraude é preciso primeiro se perguntar qual interesse se pode ter em enganar;
ora, concordareis que há posições que excluem toda suspeita de fraude;
pessoas das quais só o carácter é uma garantia de probidade.
Outra coisa seria se se tratasse de uma especulação, porque a atração do lucro é uma péssima conselheira.
Mas, admitindo-se mesmo que, neste último caso, um facto de manobra fraudulenta seja positivamente constatado, isso não provaria nada contra a realidade do princípio, já que se pode abusar de tudo.
Do facto de que há pessoas que vendem vinhos adulterados, não se segue daí que não haveria vinho puro.
O Espiritismo não é mais responsável pelos que abusam desse nome e o exploram, do que a ciência médica não o é pelos charlatães que vendem suas drogas, nem a religião pelos sacerdotes que abusam do seu ministério.
O Espiritismo, pela sua novidade e pela sua própria natureza, devia prestar-se a abuso;
mas ele dá os meios de os reconhecer, definindo claramente seu verdadeiro carácter e recusando qualquer solidariedade com aqueles que o exploram ou o desviam de seu objectivo exclusivamente moral para fazer dele um ofício, um instrumento de adivinhação ou de procuras fúteis.
Desde que o próprio Espiritismo traça os limites nos quais ele se contém, precisa o que ele diz e o que não diz, o que ele pode e o que não pode, o que está ou não está em suas atribuições, o que ele aceita e o que repudia, o erro está naqueles que, não se dando ao trabalho de o estudar, julgam-no sobre as aparências;
que, porque encontram saltimbancos usando o nome de Espíritas, para atrair os que passam, dirão gravemente:
Eis o que é o Espiritismo.
Sobre o que, em definitivo, recai o ridículo?
Não é sobre o saltimbanco que faz o seu trabalho, nem sobre o Espiritismo cuja doutrina escrita desmente semelhantes assertivas, mas sobre os críticos convictos de falarem daquilo que não sabem, ou de alterarem conscientemente a verdade.
Aqueles que atribuem ao Espiritismo o que está contra sua própria essência, o fazem, ou por ignorância ou deliberadamente.
No primeiro caso é por leviandade, no segundo é por má fé.
Neste último caso, eles se assemelham a certos historiadores que alteram os factos históricos no interesse de um partido ou de uma opinião.
Eu aceito que uma vez alguém se preste a um gracejo;
mas quando um gracejo dura meses e anos, é, eu creio, o mistificador que está mistificado.
É provável que, pelo único prazer de fazer crer em uma coisa que se sabe ser falsa, espera-se aborrecidamente horas inteiras sobre uma mesa?
O prazer não valeria o trabalho.
Antes de concluir pela fraude é preciso primeiro se perguntar qual interesse se pode ter em enganar;
ora, concordareis que há posições que excluem toda suspeita de fraude;
pessoas das quais só o carácter é uma garantia de probidade.
Outra coisa seria se se tratasse de uma especulação, porque a atração do lucro é uma péssima conselheira.
Mas, admitindo-se mesmo que, neste último caso, um facto de manobra fraudulenta seja positivamente constatado, isso não provaria nada contra a realidade do princípio, já que se pode abusar de tudo.
Do facto de que há pessoas que vendem vinhos adulterados, não se segue daí que não haveria vinho puro.
O Espiritismo não é mais responsável pelos que abusam desse nome e o exploram, do que a ciência médica não o é pelos charlatães que vendem suas drogas, nem a religião pelos sacerdotes que abusam do seu ministério.
O Espiritismo, pela sua novidade e pela sua própria natureza, devia prestar-se a abuso;
mas ele dá os meios de os reconhecer, definindo claramente seu verdadeiro carácter e recusando qualquer solidariedade com aqueles que o exploram ou o desviam de seu objectivo exclusivamente moral para fazer dele um ofício, um instrumento de adivinhação ou de procuras fúteis.
Desde que o próprio Espiritismo traça os limites nos quais ele se contém, precisa o que ele diz e o que não diz, o que ele pode e o que não pode, o que está ou não está em suas atribuições, o que ele aceita e o que repudia, o erro está naqueles que, não se dando ao trabalho de o estudar, julgam-no sobre as aparências;
que, porque encontram saltimbancos usando o nome de Espíritas, para atrair os que passam, dirão gravemente:
Eis o que é o Espiritismo.
Sobre o que, em definitivo, recai o ridículo?
Não é sobre o saltimbanco que faz o seu trabalho, nem sobre o Espiritismo cuja doutrina escrita desmente semelhantes assertivas, mas sobre os críticos convictos de falarem daquilo que não sabem, ou de alterarem conscientemente a verdade.
Aqueles que atribuem ao Espiritismo o que está contra sua própria essência, o fazem, ou por ignorância ou deliberadamente.
No primeiro caso é por leviandade, no segundo é por má fé.
Neste último caso, eles se assemelham a certos historiadores que alteram os factos históricos no interesse de um partido ou de uma opinião.
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Re: O que é a Doutrina
Um partido se desacredita sempre pelo emprego de semelhantes meios, e falta ao seu objectivo.
Notai bem, senhor, que eu não pretendo que a crítica deva necessariamente aprovar nossas ideias, mesmo depois de as ter estudado;
não censuramos de modo algum aqueles que não pensam como nós.
O que é evidente para nós, pode não o ser para todo o mundo.
Cada um julga as coisas pelo seu ponto de vista, e do facto mais positivo todo o mundo não tira as mesmas consequências.
Se um pintor, por exemplo, coloca em seu quadro um cavalo branco, qualquer um poderá dizer que esse cavalo faz um mau efeito e que um preto conviria melhor:
mas seu erro será dizer que o cavalo é branco se ele é preto.
É o que faz a maioria dos nossos adversários.
Em resumo, senhor, cada um é perfeitamente livre para aprovar ou criticar os princípios do Espiritismo, para deduzir deles tais consequências boas ou más, como lhe agrade, mas a consciência impõe um dever a todo crítico sério de não dizer ao contrário do que é;
ora, por isso, a primeira condição é de não falar daquilo que não se sabe.
Visitante – Retornemos, eu vos peço, às mesas moventes e falantes.
Não poderia ocorrer que elas estivessem preparadas?
A.K. – É sempre a questão da boa fé à qual já respondi.
Quando a fraude estiver provada eu vô-la entrego;
se vós assinalardes fatos confirmados de fraude, de charlatanismo, de exploração, ou de abuso de confiança, eu os entrego à vossa fustigação, vos declarando de antemão que não lhes tomarei a defesa, porque, o Espiritismo sério é o primeiro a repudiá-los, e mencionar os abusos é ajudar a preveni-los e prestar-lhe serviço.
Mas generalizar essas acusações, derramar sobre uma massa de pessoas honradas a reprovação que merecem alguns indivíduos isolados, é um abuso de um outro género: o da calúnia.
Admitindo, como vós o dizeis, que as mesas estivessem preparadas, seria preciso um mecanismo bem engenhoso para fazer executar movimentos e ruídos tão variados.
Como não se conhece, ainda, o nome do hábil fabricante que as confecciona?
No entanto, ele deveria ter uma enorme celebridade, uma vez que seus aparelhos estão espalhados nas cinco partes do mundo.
É preciso convir, também, que seu procedimento é bem subtil, uma vez que se pode adaptar à primeira mesa encontrada, sem nenhum sinal exterior.
Por que desde Tertuliano que, ele também, falou das mesas girantes e falantes, até o presente ninguém pôde ver o mecanismo, nem descrevê-lo?
Notai bem, senhor, que eu não pretendo que a crítica deva necessariamente aprovar nossas ideias, mesmo depois de as ter estudado;
não censuramos de modo algum aqueles que não pensam como nós.
O que é evidente para nós, pode não o ser para todo o mundo.
Cada um julga as coisas pelo seu ponto de vista, e do facto mais positivo todo o mundo não tira as mesmas consequências.
Se um pintor, por exemplo, coloca em seu quadro um cavalo branco, qualquer um poderá dizer que esse cavalo faz um mau efeito e que um preto conviria melhor:
mas seu erro será dizer que o cavalo é branco se ele é preto.
É o que faz a maioria dos nossos adversários.
Em resumo, senhor, cada um é perfeitamente livre para aprovar ou criticar os princípios do Espiritismo, para deduzir deles tais consequências boas ou más, como lhe agrade, mas a consciência impõe um dever a todo crítico sério de não dizer ao contrário do que é;
ora, por isso, a primeira condição é de não falar daquilo que não se sabe.
Visitante – Retornemos, eu vos peço, às mesas moventes e falantes.
Não poderia ocorrer que elas estivessem preparadas?
A.K. – É sempre a questão da boa fé à qual já respondi.
Quando a fraude estiver provada eu vô-la entrego;
se vós assinalardes fatos confirmados de fraude, de charlatanismo, de exploração, ou de abuso de confiança, eu os entrego à vossa fustigação, vos declarando de antemão que não lhes tomarei a defesa, porque, o Espiritismo sério é o primeiro a repudiá-los, e mencionar os abusos é ajudar a preveni-los e prestar-lhe serviço.
Mas generalizar essas acusações, derramar sobre uma massa de pessoas honradas a reprovação que merecem alguns indivíduos isolados, é um abuso de um outro género: o da calúnia.
Admitindo, como vós o dizeis, que as mesas estivessem preparadas, seria preciso um mecanismo bem engenhoso para fazer executar movimentos e ruídos tão variados.
Como não se conhece, ainda, o nome do hábil fabricante que as confecciona?
No entanto, ele deveria ter uma enorme celebridade, uma vez que seus aparelhos estão espalhados nas cinco partes do mundo.
É preciso convir, também, que seu procedimento é bem subtil, uma vez que se pode adaptar à primeira mesa encontrada, sem nenhum sinal exterior.
Por que desde Tertuliano que, ele também, falou das mesas girantes e falantes, até o presente ninguém pôde ver o mecanismo, nem descrevê-lo?
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Re: O que é a Doutrina
Visitante – Eis o que vos engana.
Um célebre cirurgião reconheceu que certas pessoas podem, pela contração de um músculo da perna, produzir um ruído parecido com o que vós atribuís à mesa, de onde ele concluiu que vossos médiuns se divertem às custas da credulidade.
A.K. – Então, se é um estalido do músculo, não é a mesa que está preparada.
Uma vez que cada um explica essa pretendida fraude à sua maneira, isso é prova, a mais evidente, de que nem uns nem outros conhecem a verdadeira causa.
Eu respeito a ciência desse sábio cirurgião, somente que surgem algumas dificuldades na aplicação dos factos que ele assinala às mesas falantes.
A primeira, que é singular que essa faculdade, até o presente excepcional, e olhada como um caso patológico, tenha de repente se tornado tão comum.
A segunda, que é preciso ter uma bem robusta vontade de mistificar para fazer estalar seu músculo durante duas ou três horas seguidas, quando isso não produz nada além da fadiga e da dor.
A terceira é que não entendo como esse músculo se corresponde com as portas e paredes nas quais as pancadas se fazem ouvir.
A quarta, enfim, que é preciso a esse músculo estalante uma propriedade bem maravilhosa, para fazer mover uma pesada mesa, levantá-la, abri-la, fechá-la, mantê-la suspensa sem ponto de apoio e, finalmente, quebrá-la na queda.
Não se desconfiava que esse músculo tivesse tanta virtude.
(Revista Espírita, junho de 1859, página 141: O músculo estalador).
O célebre cirurgião do qual falastes, estudou o fenómeno da tiptologia naqueles que o produzem?
Não; ele constatou um efeito fisiológico anormal entre alguns indivíduos que jamais se ocuparam com as mesas batedoras, tendo uma certa analogia com aquele que se produz nas mesas, e, sem um exame mais amplo, concluiu, com toda a autoridade da sua ciência, que todos aqueles que fazem as mesas falarem devem ter a propriedade de fazer estalar seu músculo curto peroneiro, e que não são senão enganadores, sejam eles príncipes ou operários, façam-se pagar ou não.
Ao menos estudou o fenómeno da tiptologia em todas as suas fases?
Verificou se, com a ajuda desse estalido muscular, poder-se-ia produzir todos os efeitos tiptológicos?
Nada mais, sem isso estaria convencido da insuficiência do seu processo;
o que não impediu de proclamar sua descoberta em pleno Instituto.
Não há aqui, para um sábio, um julgamento bem sério?
O que restou dele hoje?
Um célebre cirurgião reconheceu que certas pessoas podem, pela contração de um músculo da perna, produzir um ruído parecido com o que vós atribuís à mesa, de onde ele concluiu que vossos médiuns se divertem às custas da credulidade.
A.K. – Então, se é um estalido do músculo, não é a mesa que está preparada.
Uma vez que cada um explica essa pretendida fraude à sua maneira, isso é prova, a mais evidente, de que nem uns nem outros conhecem a verdadeira causa.
Eu respeito a ciência desse sábio cirurgião, somente que surgem algumas dificuldades na aplicação dos factos que ele assinala às mesas falantes.
A primeira, que é singular que essa faculdade, até o presente excepcional, e olhada como um caso patológico, tenha de repente se tornado tão comum.
A segunda, que é preciso ter uma bem robusta vontade de mistificar para fazer estalar seu músculo durante duas ou três horas seguidas, quando isso não produz nada além da fadiga e da dor.
A terceira é que não entendo como esse músculo se corresponde com as portas e paredes nas quais as pancadas se fazem ouvir.
A quarta, enfim, que é preciso a esse músculo estalante uma propriedade bem maravilhosa, para fazer mover uma pesada mesa, levantá-la, abri-la, fechá-la, mantê-la suspensa sem ponto de apoio e, finalmente, quebrá-la na queda.
Não se desconfiava que esse músculo tivesse tanta virtude.
(Revista Espírita, junho de 1859, página 141: O músculo estalador).
O célebre cirurgião do qual falastes, estudou o fenómeno da tiptologia naqueles que o produzem?
Não; ele constatou um efeito fisiológico anormal entre alguns indivíduos que jamais se ocuparam com as mesas batedoras, tendo uma certa analogia com aquele que se produz nas mesas, e, sem um exame mais amplo, concluiu, com toda a autoridade da sua ciência, que todos aqueles que fazem as mesas falarem devem ter a propriedade de fazer estalar seu músculo curto peroneiro, e que não são senão enganadores, sejam eles príncipes ou operários, façam-se pagar ou não.
Ao menos estudou o fenómeno da tiptologia em todas as suas fases?
Verificou se, com a ajuda desse estalido muscular, poder-se-ia produzir todos os efeitos tiptológicos?
Nada mais, sem isso estaria convencido da insuficiência do seu processo;
o que não impediu de proclamar sua descoberta em pleno Instituto.
Não há aqui, para um sábio, um julgamento bem sério?
O que restou dele hoje?
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Re: O que é a Doutrina
Eu vos confesso que, se tivesse que sofrer uma intervenção cirúrgica, hesitaria muito em me confiar a esse profissional, porque temeria que ele não julgasse meu mal com mais perspicácia.
Uma vez que esse julgamento é de umas das autoridades sobre as quais pareceis dever vos apoiar para abrir uma brecha no Espiritismo, isso me tranquiliza completamente sobre a força dos outros argumentos que apresentareis, se vós não os tomardes de fontes mais autênticas.
Visitante – Todavia, vedes que a moda das mesas girantes já passou;
durante um tempo foi um furor, hoje, dela não se ocupam mais.
Porquê isso, se é uma coisa séria?
A.K. – Porque das mesas girantes saiu uma coisa mais séria ainda;
delas saiu toda uma ciência, toda uma doutrina filosófica, muito mais interessante para os homens que reflectem.
Quando estes não tinham mais nada para aprender vendo rodar uma mesa, dela não se ocuparam mais.
Para as pessoas fúteis que não se aprofundam em nada, era um passatempo, um brinquedo e o tiveram bastante;
essas pessoas não são consideradas em ciência.
O período de curiosidade teve seu tempo:
o da observação lhe sucedeu.
O Espiritismo, então, entrou para o domínio das pessoas sérias, que não se divertem com ele, mas que se instruem.
Também as pessoas que fazem dele uma coisa séria não se prestam para nenhuma experiência de curiosidade, e menos ainda para aqueles que nela viriam com pensamentos hostis.
Como elas próprias não se divertem, não procuram divertir os outros;
e eu sou desse número.
Visitante – Não há, todavia, senão a experiência para convencer, mesmo não tendo, no início, senão um objectivo de curiosidade.
Se vós não operais senão em presença de pessoas convencidas, permiti-me dizer-vos que pregais aos convertidos.
A.K. – Uma coisa é estar convencido, outra é estar disposto a se convencer.
É a estes últimos que eu me dirijo, e não àqueles que crêem humilhar sua razão vindo escutar aquilo que chamam de fantasia.
Com estes eu me preocupo o menos possível.
Quanto àqueles que dizem ter o desejo sincero de se esclarecer, a melhor maneira de o provar é mostrando perseverança.
Se os conhece por outros sinais além do desejo de ver uma ou duas experiências:
estes querem trabalhar seriamente.
Uma vez que esse julgamento é de umas das autoridades sobre as quais pareceis dever vos apoiar para abrir uma brecha no Espiritismo, isso me tranquiliza completamente sobre a força dos outros argumentos que apresentareis, se vós não os tomardes de fontes mais autênticas.
Visitante – Todavia, vedes que a moda das mesas girantes já passou;
durante um tempo foi um furor, hoje, dela não se ocupam mais.
Porquê isso, se é uma coisa séria?
A.K. – Porque das mesas girantes saiu uma coisa mais séria ainda;
delas saiu toda uma ciência, toda uma doutrina filosófica, muito mais interessante para os homens que reflectem.
Quando estes não tinham mais nada para aprender vendo rodar uma mesa, dela não se ocuparam mais.
Para as pessoas fúteis que não se aprofundam em nada, era um passatempo, um brinquedo e o tiveram bastante;
essas pessoas não são consideradas em ciência.
O período de curiosidade teve seu tempo:
o da observação lhe sucedeu.
O Espiritismo, então, entrou para o domínio das pessoas sérias, que não se divertem com ele, mas que se instruem.
Também as pessoas que fazem dele uma coisa séria não se prestam para nenhuma experiência de curiosidade, e menos ainda para aqueles que nela viriam com pensamentos hostis.
Como elas próprias não se divertem, não procuram divertir os outros;
e eu sou desse número.
Visitante – Não há, todavia, senão a experiência para convencer, mesmo não tendo, no início, senão um objectivo de curiosidade.
Se vós não operais senão em presença de pessoas convencidas, permiti-me dizer-vos que pregais aos convertidos.
A.K. – Uma coisa é estar convencido, outra é estar disposto a se convencer.
É a estes últimos que eu me dirijo, e não àqueles que crêem humilhar sua razão vindo escutar aquilo que chamam de fantasia.
Com estes eu me preocupo o menos possível.
Quanto àqueles que dizem ter o desejo sincero de se esclarecer, a melhor maneira de o provar é mostrando perseverança.
Se os conhece por outros sinais além do desejo de ver uma ou duas experiências:
estes querem trabalhar seriamente.
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Re: O que é a Doutrina
A convicção não se forma senão com o tempo, por uma contínua observação feita com um cuidado particular.
Os fenómenos espíritas diferem essencialmente daqueles que se apresentam nas ciências exactas:
eles não se produzem à vontade.
É preciso compreendê-los quando ocorrem.
É vendo-os muito e por longo tempo, que se descobre uma multidão de provas que escapam ao primeiro olhar, sobretudo, quando não se está familiarizado com as condições nas quais eles podem se produzir, e ainda mais quando se leva um espírito de prevenção.
Para o observador assíduo e reflectido, as provas são bastante:
para ele uma palavra, um facto aparentemente insignificante, pode ser um sinal de luz, uma confirmação.
Para o observador superficial e de passagem, para o simples curioso, elas nada são.
Eis porque eu não me presto para experiências sem resultado provável.
Visitante – Mas, enfim, é preciso um começo para tudo.
O iniciante, que é uma tábula rasa, que não viu nada, mas que quer se esclarecer, como pode fazê-lo se vós, para isso, não lhe dais os meios?
A.K. – Eu faço uma grande diferença entre o incrédulo por ignorância e o incrédulo sistemático.
Quando vejo em alguém disposições favoráveis, nada me custa esclarecê-lo.
Mas há pessoas em que o desejo de se instruir não é senão uma aparência:
com estes perde-se tempo, porque se eles não encontram imediatamente o que têm o ar de procurar, e que talvez os descontentariam encontrar, o pouco que vêem é insuficiente para destruir suas prevenções.
É inútil lhes fornecer oportunidade porque elas a julgam mal e a fazem objecto de zombaria.
Àquele que deseja se instruir, direi:
"Não se pode fazer um curso de Espiritismo experimental como se faz um curso de física ou de química, já que não se é jamais senhor para produzir os fenómenos à vontade, e que as inteligências que lhes são agentes, frustram frequentemente todas as nossas previsões.
O que vós poderíeis ver acidentalmente, não apresentando nenhuma continuidade, nenhuma ligação necessária, seria pouco inteligível para vós.
Instruí-vos, primeiro, pela teoria;
lede e meditai os livros que tratam dessa ciência;
ali aprendereis seus princípios, encontrareis a descrição de todos os fenómenos, compreendereis sua possibilidade pela explicação que é dada, e pela narração de uma multidão de factos espontâneos, dos quais podeis ter sido testemunhas sem o saber e que vos tornarão à memória.
Os fenómenos espíritas diferem essencialmente daqueles que se apresentam nas ciências exactas:
eles não se produzem à vontade.
É preciso compreendê-los quando ocorrem.
É vendo-os muito e por longo tempo, que se descobre uma multidão de provas que escapam ao primeiro olhar, sobretudo, quando não se está familiarizado com as condições nas quais eles podem se produzir, e ainda mais quando se leva um espírito de prevenção.
Para o observador assíduo e reflectido, as provas são bastante:
para ele uma palavra, um facto aparentemente insignificante, pode ser um sinal de luz, uma confirmação.
Para o observador superficial e de passagem, para o simples curioso, elas nada são.
Eis porque eu não me presto para experiências sem resultado provável.
Visitante – Mas, enfim, é preciso um começo para tudo.
O iniciante, que é uma tábula rasa, que não viu nada, mas que quer se esclarecer, como pode fazê-lo se vós, para isso, não lhe dais os meios?
A.K. – Eu faço uma grande diferença entre o incrédulo por ignorância e o incrédulo sistemático.
Quando vejo em alguém disposições favoráveis, nada me custa esclarecê-lo.
Mas há pessoas em que o desejo de se instruir não é senão uma aparência:
com estes perde-se tempo, porque se eles não encontram imediatamente o que têm o ar de procurar, e que talvez os descontentariam encontrar, o pouco que vêem é insuficiente para destruir suas prevenções.
É inútil lhes fornecer oportunidade porque elas a julgam mal e a fazem objecto de zombaria.
Àquele que deseja se instruir, direi:
"Não se pode fazer um curso de Espiritismo experimental como se faz um curso de física ou de química, já que não se é jamais senhor para produzir os fenómenos à vontade, e que as inteligências que lhes são agentes, frustram frequentemente todas as nossas previsões.
O que vós poderíeis ver acidentalmente, não apresentando nenhuma continuidade, nenhuma ligação necessária, seria pouco inteligível para vós.
Instruí-vos, primeiro, pela teoria;
lede e meditai os livros que tratam dessa ciência;
ali aprendereis seus princípios, encontrareis a descrição de todos os fenómenos, compreendereis sua possibilidade pela explicação que é dada, e pela narração de uma multidão de factos espontâneos, dos quais podeis ter sido testemunhas sem o saber e que vos tornarão à memória.
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Re: O que é a Doutrina
Vós vos edificareis sobre todas as dificuldades que podem se apresentar e formareis, assim, uma primeira convicção moral.
Então, quando se apresentarem as circunstâncias de ver e de operar por vós mesmos, compreendereis, qualquer que seja a ordem pela qual os factos se apresentem, porque nada vos será estranho."
Eis, senhor, o que aconselho a quem diz querer se instruir, e, pela sua resposta, é fácil de se ver se tem outra coisa além da curiosidade.
Segundo Diálogo - O Céptico
Visitante - Eu compreendo, senhor, a utilidade do estudo prévio do qual acabais de falar.
Como predisposição pessoal, não sou nem pró nem contra o Espiritismo, mas o assunto, por si mesmo, excita ao mais alto grau meu interesse.
No círculo dos meus conhecimentos se encontram partidários, mas, também, adversários;
ouvi a esse respeito argumentos muito contraditórios.
Eu me proporia submeter-vos algumas das objecções que foram feitas em minha presença, e que me parecem ter um certo valor, pelo menos para mim, que confesso minha ignorância.
Allan Kardec – Ser-me-á um prazer, senhor, responder às questões que se queira me endereçar, quando elas são feitas com sinceridade e sem prevenção, sem me iludir, entretanto, de poder resolvê-las todas.
O Espiritismo é uma ciência que acaba de nascer e na qual há, ainda, muito a aprender.
Seria, pois, muito presunçoso pretendendo tirar todas as dificuldades:
eu não posso dizer senão daquilo que sei.
O Espiritismo toca em todos os ramos da filosofia, da metafísica, da psicologia e da moral.
É um campo imenso que não se pode percorrer em algumas horas.
Ora, compreendeis, senhor, que me seria materialmente impossível repetir de viva voz, e a cada um em particular, tudo o que escrevi sobre esse assunto para uso geral.
Em uma séria leitura prévia, encontrar-se-á, aliás, a resposta à maioria das perguntas que vêm, naturalmente, ao pensamento.
Ela tem a dupla vantagem de evitar as repetições inúteis, e de provar um desejo sério de se instruir.
Se depois disso, ainda restarem dúvida ou pontos obscuros, a sua explicação torna-se mais fácil, porque se apoia sobre alguma coisa e não se perde tempo em retornar sobre os princípios mais elementares.
Se o permitirdes, nós nos limitaremos, pois, até nova ordem, a algumas questões gerais.
Visitante – Seja.
Eu vos peço me chamar à ordem se delas me afastar.
Então, quando se apresentarem as circunstâncias de ver e de operar por vós mesmos, compreendereis, qualquer que seja a ordem pela qual os factos se apresentem, porque nada vos será estranho."
Eis, senhor, o que aconselho a quem diz querer se instruir, e, pela sua resposta, é fácil de se ver se tem outra coisa além da curiosidade.
Segundo Diálogo - O Céptico
Visitante - Eu compreendo, senhor, a utilidade do estudo prévio do qual acabais de falar.
Como predisposição pessoal, não sou nem pró nem contra o Espiritismo, mas o assunto, por si mesmo, excita ao mais alto grau meu interesse.
No círculo dos meus conhecimentos se encontram partidários, mas, também, adversários;
ouvi a esse respeito argumentos muito contraditórios.
Eu me proporia submeter-vos algumas das objecções que foram feitas em minha presença, e que me parecem ter um certo valor, pelo menos para mim, que confesso minha ignorância.
Allan Kardec – Ser-me-á um prazer, senhor, responder às questões que se queira me endereçar, quando elas são feitas com sinceridade e sem prevenção, sem me iludir, entretanto, de poder resolvê-las todas.
O Espiritismo é uma ciência que acaba de nascer e na qual há, ainda, muito a aprender.
Seria, pois, muito presunçoso pretendendo tirar todas as dificuldades:
eu não posso dizer senão daquilo que sei.
O Espiritismo toca em todos os ramos da filosofia, da metafísica, da psicologia e da moral.
É um campo imenso que não se pode percorrer em algumas horas.
Ora, compreendeis, senhor, que me seria materialmente impossível repetir de viva voz, e a cada um em particular, tudo o que escrevi sobre esse assunto para uso geral.
Em uma séria leitura prévia, encontrar-se-á, aliás, a resposta à maioria das perguntas que vêm, naturalmente, ao pensamento.
Ela tem a dupla vantagem de evitar as repetições inúteis, e de provar um desejo sério de se instruir.
Se depois disso, ainda restarem dúvida ou pontos obscuros, a sua explicação torna-se mais fácil, porque se apoia sobre alguma coisa e não se perde tempo em retornar sobre os princípios mais elementares.
Se o permitirdes, nós nos limitaremos, pois, até nova ordem, a algumas questões gerais.
Visitante – Seja.
Eu vos peço me chamar à ordem se delas me afastar.
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Re: O que é a Doutrina
Espiritismo e Espiritualismo
Eu vos perguntaria, primeiro, que necessidade haveria de criar as palavras novas de espírita, Espiritismo para substituir as de Espiritualismo, espiritualista, que estão na linguagem popular e compreendidas por todo o mundo?
Já ouvi alguém tratar essas palavras de barbarismos.
A.K. – A palavra espiritualista, desde muito tempo, tem uma significação bem definida;
é a Academia que no-la dá:
ESPIRITUALISTA é aquele ou aquela cuja doutrina é oposta ao materialismo.
Todas as religiões, necessariamente, estão baseadas no Espiritualismo.
Quem crê haver em nós outra coisa além da matéria, é espiritualista, o que não implica na crença nos Espíritos e nas suas manifestações.
Como vós o distinguiríeis daquele que o crê?
Precisar-se-ia, pois, empregar uma perífrase e dizer:
é um espiritualista que crê, ou não crê, nos Espíritos.
Para as coisas novas, é preciso palavras novas, se se quer evitar equívocos.
Se eu tivesse dado à minha REVISTA a qualificação de Espiritualista, não lhe teria de, modo algum, especificado o objecto, porque, sem faltar ao meu título, poderia não dizer uma palavra sobre os Espíritos e mesmo combatê-los.
Eu li, há algum tempo em um jornal, a propósito de uma obra filosófica, um artigo onde se dizia que o autor o havia escrito sob o ponto de vista espiritualista.
Ora, os partidários dos Espíritos ficariam singularmente desapontados se, na confiança dessa indicação, tivessem acreditado nela encontrar a menor concordância com suas ideias.
Portanto, se adoptei as palavras Espírita e Espiritualismo, é porque elas exprimem, sem equívoco, as ideias relativas aos Espíritos.
Todo espírita é, necessariamente, espiritualista, sem que todos os espiritualistas sejam espíritas.
Fossem os Espíritos uma quimera e seria ainda útil existirem termos especiais para aquilo que lhes concerne, porque são necessárias palavras para as ideias falsas como para as ideias verdadeiras.
Essas palavras não são, aliás, mais bárbaras que todas aquelas que as ciências, as artes e a indústria criam cada dia.
Elas não o são, seguramente, mais que as que Gall imaginou para sua nomenclatura das faculdades, tais como:
secrétivité, amativité, combativité, alimentivité, affectionivité, etc.
Há pessoas que, por espírito de contradição, criticam tudo que não provém delas e desejam aparentar oposição;
aqueles que levantam tão miseráveis contestações capciosas, não provam senão uma coisa:
a pequenez de suas ideias.
Eu vos perguntaria, primeiro, que necessidade haveria de criar as palavras novas de espírita, Espiritismo para substituir as de Espiritualismo, espiritualista, que estão na linguagem popular e compreendidas por todo o mundo?
Já ouvi alguém tratar essas palavras de barbarismos.
A.K. – A palavra espiritualista, desde muito tempo, tem uma significação bem definida;
é a Academia que no-la dá:
ESPIRITUALISTA é aquele ou aquela cuja doutrina é oposta ao materialismo.
Todas as religiões, necessariamente, estão baseadas no Espiritualismo.
Quem crê haver em nós outra coisa além da matéria, é espiritualista, o que não implica na crença nos Espíritos e nas suas manifestações.
Como vós o distinguiríeis daquele que o crê?
Precisar-se-ia, pois, empregar uma perífrase e dizer:
é um espiritualista que crê, ou não crê, nos Espíritos.
Para as coisas novas, é preciso palavras novas, se se quer evitar equívocos.
Se eu tivesse dado à minha REVISTA a qualificação de Espiritualista, não lhe teria de, modo algum, especificado o objecto, porque, sem faltar ao meu título, poderia não dizer uma palavra sobre os Espíritos e mesmo combatê-los.
Eu li, há algum tempo em um jornal, a propósito de uma obra filosófica, um artigo onde se dizia que o autor o havia escrito sob o ponto de vista espiritualista.
Ora, os partidários dos Espíritos ficariam singularmente desapontados se, na confiança dessa indicação, tivessem acreditado nela encontrar a menor concordância com suas ideias.
Portanto, se adoptei as palavras Espírita e Espiritualismo, é porque elas exprimem, sem equívoco, as ideias relativas aos Espíritos.
Todo espírita é, necessariamente, espiritualista, sem que todos os espiritualistas sejam espíritas.
Fossem os Espíritos uma quimera e seria ainda útil existirem termos especiais para aquilo que lhes concerne, porque são necessárias palavras para as ideias falsas como para as ideias verdadeiras.
Essas palavras não são, aliás, mais bárbaras que todas aquelas que as ciências, as artes e a indústria criam cada dia.
Elas não o são, seguramente, mais que as que Gall imaginou para sua nomenclatura das faculdades, tais como:
secrétivité, amativité, combativité, alimentivité, affectionivité, etc.
Há pessoas que, por espírito de contradição, criticam tudo que não provém delas e desejam aparentar oposição;
aqueles que levantam tão miseráveis contestações capciosas, não provam senão uma coisa:
a pequenez de suas ideias.
Ave sem Ninho- Mensagens : 126609
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Re: O que é a Doutrina
Prender-se a semelhantes bagatelas é provar que se tem pouco de boas razões.
Espiritualismo, espiritualista, são as palavras inglesas empregadas nos Estados Unidos desde o início das manifestações:
delas se serviu, primeiro, por algum tempo, na França.
Mas, desde que apareceram as palavras espírita e Espiritismo, compreendeu-se tão bem sua utilidade, que foram imediatamente aceitas pelo público.
Hoje o uso delas é de tal modo consagrado, que os próprios adversários, os que primeiro as apregoaram de barbarismo, não empregam outras.
Os sermões e as pastorais que fulminam contra o Espiritismo e os espíritas, não poderiam, sem confundir as ideias, lançar anátema sobre o Espiritualismo e os espiritualistas.
Bárbaras ou não, essas palavras doravante passaram para a linguagem popular e em todas as línguas da Europa.
Só elas são empregadas em todas as publicações, pró ou contra, feitas em todos os países.
Elas formaram o sustentáculo da nomenclatura da nova ciência;
para exprimir os fenómenos especiais dessa ciência, foram precisos termos especiais.
O Espiritismo tem, de hoje em diante, sua nomenclatura, como a química tem a sua (1)
(1) Essas palavras, aliás, hoje têm direito de burguesia, pois estão no suplemento do Petit Dictionnaire des Dictionnaires Français, extraído de Napoleón Landais, obra que se tira em vinte mil exemplares.
Nela se encontra a definição e a etimologia das palavras:
erraticidade, medianímico, médium, mediunidade, perispírito, pneumatografia, pneumatofonia, psicográfico, psicografia, psicofonia, reencarnação, sematologia, espírita, Espiritismo, estereorito, tiptologia.
Elas se encontram igualmente, com todo o desenvolvimento que comportam, na nova edição do Dictionnaire Universel de Maurice Lachâtre.[/i]
As palavras Espiritualismo e espiritualista, aplicadas às manifestações dos Espíritos, não são mais empregadas hoje, senão pelos adeptos da escola dita americana.
Dissidências
Visitante – Essa diversidade na crença do que chamais uma ciência, me parece ser a sua condenação.
Se essa ciência repousasse sobre factos positivos, não deveria ser a mesma na América como na Europa?
A.K. – A isso eu responderei primeiro que essa diferença está mais na forma que no fundo.
Ela não consiste, na realidade, senão na maneira de encarar alguns pontos da doutrina, mas não constitui um antagonismo radical nos princípios, como afectam em dizer nossos adversários, sem haverem estudado a questão.
Espiritualismo, espiritualista, são as palavras inglesas empregadas nos Estados Unidos desde o início das manifestações:
delas se serviu, primeiro, por algum tempo, na França.
Mas, desde que apareceram as palavras espírita e Espiritismo, compreendeu-se tão bem sua utilidade, que foram imediatamente aceitas pelo público.
Hoje o uso delas é de tal modo consagrado, que os próprios adversários, os que primeiro as apregoaram de barbarismo, não empregam outras.
Os sermões e as pastorais que fulminam contra o Espiritismo e os espíritas, não poderiam, sem confundir as ideias, lançar anátema sobre o Espiritualismo e os espiritualistas.
Bárbaras ou não, essas palavras doravante passaram para a linguagem popular e em todas as línguas da Europa.
Só elas são empregadas em todas as publicações, pró ou contra, feitas em todos os países.
Elas formaram o sustentáculo da nomenclatura da nova ciência;
para exprimir os fenómenos especiais dessa ciência, foram precisos termos especiais.
O Espiritismo tem, de hoje em diante, sua nomenclatura, como a química tem a sua (1)
(1) Essas palavras, aliás, hoje têm direito de burguesia, pois estão no suplemento do Petit Dictionnaire des Dictionnaires Français, extraído de Napoleón Landais, obra que se tira em vinte mil exemplares.
Nela se encontra a definição e a etimologia das palavras:
erraticidade, medianímico, médium, mediunidade, perispírito, pneumatografia, pneumatofonia, psicográfico, psicografia, psicofonia, reencarnação, sematologia, espírita, Espiritismo, estereorito, tiptologia.
Elas se encontram igualmente, com todo o desenvolvimento que comportam, na nova edição do Dictionnaire Universel de Maurice Lachâtre.[/i]
As palavras Espiritualismo e espiritualista, aplicadas às manifestações dos Espíritos, não são mais empregadas hoje, senão pelos adeptos da escola dita americana.
Dissidências
Visitante – Essa diversidade na crença do que chamais uma ciência, me parece ser a sua condenação.
Se essa ciência repousasse sobre factos positivos, não deveria ser a mesma na América como na Europa?
A.K. – A isso eu responderei primeiro que essa diferença está mais na forma que no fundo.
Ela não consiste, na realidade, senão na maneira de encarar alguns pontos da doutrina, mas não constitui um antagonismo radical nos princípios, como afectam em dizer nossos adversários, sem haverem estudado a questão.
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Re: O que é a Doutrina
Mas, dizei-me qual é a ciência que, em seu início, não suscitou dissidências até que seus princípios estivessem claramente estabelecidos?
Não existem dissidências, ainda hoje, nas ciências melhor constituídas?
Todos os sábios estão de acordo sobre o mesmo princípio?
Não têm eles seus sistemas particulares?
As sessões do Instituto apresentam sempre o quadro de um entendimento perfeito e cordial?
Em medicina não há a Escola de Paris e a de Montpellier?
Cada descoberta, em uma ciência, não é ocasião de um cisma entre os que querem avançar e os que querem manter-se atrás?
No que concerne ao Espiritismo, não é natural que, na aparição dos primeiros fenómenos, quando se ignoravam as leis que os regiam, cada um tenha dado seu sistema particular e os examinado à sua maneira?
Em que se tornaram todos esses sistemas primitivos isolados?
Eles ruíram diante de uma observação mais completa dos factos.
Alguns anos bastaram para estabelecer a unidade grandiosa que prevalece hoje na doutrina e que reúne a imensa maioria dos adeptos, salvo algumas individualidades que, aqui como em todas as coisas, se agarram às ideias primitivas e morrem com elas.
Qual a ciência, qual a doutrina filosófica ou religiosa que oferece um semelhante exemplo?
O Espiritismo jamais apresentou a centésima parte das divisões que afligiram a Igreja durante vários séculos, e que a dividem ainda hoje.
É verdadeiramente curioso ver as puerilidades às quais se fixam os adversários do Espiritismo;
isso não indica a falta de razões sérias?
Se as tivessem, eles não deixariam de as apresentar.
Que lhe opõem?
Zombarias, negações, calúnias, mas, argumentos peremptórios, nenhum.
A prova de que não encontraram um lado vulnerável é que nada detém sua marcha ascendente, e que depois de dez anos ele conta mais adeptos do que jamais o contou nenhuma seita depois de um século.
Esse é um facto tirado da experiência e reconhecido pelos próprios adversários.
Para o arruinar, não basta dizer:
isto não existe, isso é um absurdo.
Precisar-se-ia provar categoricamente que os fenómenos não existem e não podem existir.
E é isso o que ninguém fez.
Fenómenos espíritas simulados
Visitante – Não se provou que fora do Espiritismo poder-se-ia produzir esses mesmos fenómenos?
Pode-se concluir, daí, que eles não têm a origem que lhe atribuem os espíritas.
Não existem dissidências, ainda hoje, nas ciências melhor constituídas?
Todos os sábios estão de acordo sobre o mesmo princípio?
Não têm eles seus sistemas particulares?
As sessões do Instituto apresentam sempre o quadro de um entendimento perfeito e cordial?
Em medicina não há a Escola de Paris e a de Montpellier?
Cada descoberta, em uma ciência, não é ocasião de um cisma entre os que querem avançar e os que querem manter-se atrás?
No que concerne ao Espiritismo, não é natural que, na aparição dos primeiros fenómenos, quando se ignoravam as leis que os regiam, cada um tenha dado seu sistema particular e os examinado à sua maneira?
Em que se tornaram todos esses sistemas primitivos isolados?
Eles ruíram diante de uma observação mais completa dos factos.
Alguns anos bastaram para estabelecer a unidade grandiosa que prevalece hoje na doutrina e que reúne a imensa maioria dos adeptos, salvo algumas individualidades que, aqui como em todas as coisas, se agarram às ideias primitivas e morrem com elas.
Qual a ciência, qual a doutrina filosófica ou religiosa que oferece um semelhante exemplo?
O Espiritismo jamais apresentou a centésima parte das divisões que afligiram a Igreja durante vários séculos, e que a dividem ainda hoje.
É verdadeiramente curioso ver as puerilidades às quais se fixam os adversários do Espiritismo;
isso não indica a falta de razões sérias?
Se as tivessem, eles não deixariam de as apresentar.
Que lhe opõem?
Zombarias, negações, calúnias, mas, argumentos peremptórios, nenhum.
A prova de que não encontraram um lado vulnerável é que nada detém sua marcha ascendente, e que depois de dez anos ele conta mais adeptos do que jamais o contou nenhuma seita depois de um século.
Esse é um facto tirado da experiência e reconhecido pelos próprios adversários.
Para o arruinar, não basta dizer:
isto não existe, isso é um absurdo.
Precisar-se-ia provar categoricamente que os fenómenos não existem e não podem existir.
E é isso o que ninguém fez.
Fenómenos espíritas simulados
Visitante – Não se provou que fora do Espiritismo poder-se-ia produzir esses mesmos fenómenos?
Pode-se concluir, daí, que eles não têm a origem que lhe atribuem os espíritas.
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Re: O que é a Doutrina
A.K. – Do facto de se poder imitar uma coisa, não se segue que ela não existe.
Que diríeis da lógica daquele que pretendesse que, porque se faz vinho da Champagne com água de Seltz, todo o vinho de Champagne não é senão de água de Seltz?
É privilégio de todas as coisas que têm ressonâncias, produzir falsificações.
Os prestidigitadores pensaram que o nome do Espiritismo, devido à sua popularidade e as controvérsias das quais era objecto, poderia ser bom para explorar, e, para atrair a multidão, simularam mais ou menos grosseiramente, alguns fenómenos mediúnicos, como recentemente simularam a clarividência sonambúlica, e todos os escarnecedores, aplaudindo, exclamaram:
eis o que é o Espiritismo!
Quando a engenhosa produção dos espectros apareceu em cena, não proclamaram por toda parte que era seu golpe de misericórdia?
Antes de pronunciarem uma sentença tão positiva, deveriam reflectir que as assertivas de um escamoteador não são palavras do Evangelho, e se assegurarem de que haveria identidade real entre a imitação e a coisa imitada.
Ninguém compra um brilhante sem antes se assegurar de que não é uma imitação.
Um estudo não muito sério os teria convencido de que os fenômenos espíritas se apresentam em outras condições e teriam sabido, além disso, que os espíritas não se ocupam nem em fazer aparecer espectros, nem em adivinhações.
Só a malevolência e uma notável má fé puderam assemelhar o Espiritismo à magia e à feitiçaria, uma vez que ele repudia o objectivo, as práticas, fórmulas e as palavras místicas.
Há mesmo os que não temem comparar as reuniões espíritas às assembleias do sabbat, onde se espera a hora fatal de meia-noite para fazer aparecerem os fantasmas.
Um espírita, meu amigo, encontrava-se um dia em uma representação de Macbeth, ao lado de um jornalista que não conhecia.
Quando chegou a cena das feiticeiras, ele ouviu este último dizer ao seu vizinho:
"Olha! vamos assistir a uma sessão de Espiritismo.
É justamente isso o que preciso para meu próximo artigo.
Eu vou saber como as coisas se passam.
Se houvesse aqui um desses loucos eu lhe perguntaria se ele se reconhece nesse quadro."
- "Eu sou um desses loucos, disse-lhe o espírita, e posso vos certificar que não me reconheço inteiramente, porque embora já tenha assistido a centenas de reuniões espíritas, jamais vi nelas nada semelhante.
Se é aqui onde vindes haurir informações para vosso artigo, ele não se distinguirá pela verdade."
Muitos críticos não têm base mais séria.
Sobre quem cai o ridículo senão sobre aqueles que se adiantam estouvadamente?
Quanto ao Espiritismo, seu crédito, longe de sofrer com isso, tem aumentado pela ressonância que todas essas manobras lhe deram, chamando a atenção de uma multidão de pessoas que dele não haviam ouvido falar, provocando seu exame e aumentando o número de adeptos, porque se reconheceu que ao invés de uma brincadeira, ele era uma coisa séria.
Que diríeis da lógica daquele que pretendesse que, porque se faz vinho da Champagne com água de Seltz, todo o vinho de Champagne não é senão de água de Seltz?
É privilégio de todas as coisas que têm ressonâncias, produzir falsificações.
Os prestidigitadores pensaram que o nome do Espiritismo, devido à sua popularidade e as controvérsias das quais era objecto, poderia ser bom para explorar, e, para atrair a multidão, simularam mais ou menos grosseiramente, alguns fenómenos mediúnicos, como recentemente simularam a clarividência sonambúlica, e todos os escarnecedores, aplaudindo, exclamaram:
eis o que é o Espiritismo!
Quando a engenhosa produção dos espectros apareceu em cena, não proclamaram por toda parte que era seu golpe de misericórdia?
Antes de pronunciarem uma sentença tão positiva, deveriam reflectir que as assertivas de um escamoteador não são palavras do Evangelho, e se assegurarem de que haveria identidade real entre a imitação e a coisa imitada.
Ninguém compra um brilhante sem antes se assegurar de que não é uma imitação.
Um estudo não muito sério os teria convencido de que os fenômenos espíritas se apresentam em outras condições e teriam sabido, além disso, que os espíritas não se ocupam nem em fazer aparecer espectros, nem em adivinhações.
Só a malevolência e uma notável má fé puderam assemelhar o Espiritismo à magia e à feitiçaria, uma vez que ele repudia o objectivo, as práticas, fórmulas e as palavras místicas.
Há mesmo os que não temem comparar as reuniões espíritas às assembleias do sabbat, onde se espera a hora fatal de meia-noite para fazer aparecerem os fantasmas.
Um espírita, meu amigo, encontrava-se um dia em uma representação de Macbeth, ao lado de um jornalista que não conhecia.
Quando chegou a cena das feiticeiras, ele ouviu este último dizer ao seu vizinho:
"Olha! vamos assistir a uma sessão de Espiritismo.
É justamente isso o que preciso para meu próximo artigo.
Eu vou saber como as coisas se passam.
Se houvesse aqui um desses loucos eu lhe perguntaria se ele se reconhece nesse quadro."
- "Eu sou um desses loucos, disse-lhe o espírita, e posso vos certificar que não me reconheço inteiramente, porque embora já tenha assistido a centenas de reuniões espíritas, jamais vi nelas nada semelhante.
Se é aqui onde vindes haurir informações para vosso artigo, ele não se distinguirá pela verdade."
Muitos críticos não têm base mais séria.
Sobre quem cai o ridículo senão sobre aqueles que se adiantam estouvadamente?
Quanto ao Espiritismo, seu crédito, longe de sofrer com isso, tem aumentado pela ressonância que todas essas manobras lhe deram, chamando a atenção de uma multidão de pessoas que dele não haviam ouvido falar, provocando seu exame e aumentando o número de adeptos, porque se reconheceu que ao invés de uma brincadeira, ele era uma coisa séria.
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Re: O que é a Doutrina
Impotência dos detractores
Visitante – Eu concordo que entre os detratores do Espiritismo há pessoas inconsequentes, como esta de que acabais de falar;
mas, ao lado destas, não há homens de um valor real e cuja opinião é de um certo peso?
A.K. – Eu não o contesto de modo algum.
A isso respondo que o Espiritismo conta também em suas fileiras com um bom número de homens de um valor não menos real.
Eu digo mais:
que a imensa maioria dos espíritas se compõem de homens inteligentes e estudiosos.
Só a má fé poder dizer que eles são recrutados entre os incautos e os ignorantes.
Um facto peremptório responde, aliás, a esta objecção:
é que malgrado seu saber ou sua posição oficial, ninguém conseguiu deter a marcha do Espiritismo.
Todavia, não há entre eles um só, desde o mais medíocre folhetinista, que não esteja se vangloriando de lhe vibrar o golpe mortal.
Todos, sem excepção, ajudaram, sem o querer, a vulgarizá-lo.
Uma ideia que resiste a tantos esforços, que avança sem tropeço através da fúria dos golpes que lhe dão, não prova sua força e a profundidade de suas raízes?
Esse fenómeno não merece atenção dos pensadores sérios?
Outros também se dizem hoje que ele deve ter alguma coisa, que pode ser um desses grandes e irresistíveis movimentos, que, de tempos em tempos, comovem as sociedades para transformá-las.
Assim o foi sempre com todas as ideias novas chamadas a revolucionarem o mundo.
Elas encontram obstáculos, porque têm que lutar contra os interesses, os preconceitos, os abusos que elas vêm derrubar.
Mas como estão nos desígnios de Deus, para cumprir a lei do progresso da Humanidade, quando a hora é chegada, nada saberia detê-las.
É a prova de que elas são a expressão da verdade.
Essa impotência dos adversários do Espiritismo prova, primeiro, como eu o disse, a ausência de boas razões, uma vez que aqueles que se lhe opõem não convencem;
ela, porém, se prende a uma outra causa que frustra todas as suas combinações.
Espantam-se com o seu progresso, malgrado tudo o que fazem para detê-lo;
ninguém lhe encontra a causa, porque a procuram onde ela não está.
Uns a vêem na força do diabo, que se mostraria assim mais forte que eles, e mesmo que Deus, outros, no desenvolvimento da loucura humana.
O erro de todos é crer que a fonte do Espiritismo é única, e que repousa sobre a opinião de um homem;
daí a ideia de que arruinando a opinião desse homem, arruinarão o Espiritismo.
Visitante – Eu concordo que entre os detratores do Espiritismo há pessoas inconsequentes, como esta de que acabais de falar;
mas, ao lado destas, não há homens de um valor real e cuja opinião é de um certo peso?
A.K. – Eu não o contesto de modo algum.
A isso respondo que o Espiritismo conta também em suas fileiras com um bom número de homens de um valor não menos real.
Eu digo mais:
que a imensa maioria dos espíritas se compõem de homens inteligentes e estudiosos.
Só a má fé poder dizer que eles são recrutados entre os incautos e os ignorantes.
Um facto peremptório responde, aliás, a esta objecção:
é que malgrado seu saber ou sua posição oficial, ninguém conseguiu deter a marcha do Espiritismo.
Todavia, não há entre eles um só, desde o mais medíocre folhetinista, que não esteja se vangloriando de lhe vibrar o golpe mortal.
Todos, sem excepção, ajudaram, sem o querer, a vulgarizá-lo.
Uma ideia que resiste a tantos esforços, que avança sem tropeço através da fúria dos golpes que lhe dão, não prova sua força e a profundidade de suas raízes?
Esse fenómeno não merece atenção dos pensadores sérios?
Outros também se dizem hoje que ele deve ter alguma coisa, que pode ser um desses grandes e irresistíveis movimentos, que, de tempos em tempos, comovem as sociedades para transformá-las.
Assim o foi sempre com todas as ideias novas chamadas a revolucionarem o mundo.
Elas encontram obstáculos, porque têm que lutar contra os interesses, os preconceitos, os abusos que elas vêm derrubar.
Mas como estão nos desígnios de Deus, para cumprir a lei do progresso da Humanidade, quando a hora é chegada, nada saberia detê-las.
É a prova de que elas são a expressão da verdade.
Essa impotência dos adversários do Espiritismo prova, primeiro, como eu o disse, a ausência de boas razões, uma vez que aqueles que se lhe opõem não convencem;
ela, porém, se prende a uma outra causa que frustra todas as suas combinações.
Espantam-se com o seu progresso, malgrado tudo o que fazem para detê-lo;
ninguém lhe encontra a causa, porque a procuram onde ela não está.
Uns a vêem na força do diabo, que se mostraria assim mais forte que eles, e mesmo que Deus, outros, no desenvolvimento da loucura humana.
O erro de todos é crer que a fonte do Espiritismo é única, e que repousa sobre a opinião de um homem;
daí a ideia de que arruinando a opinião desse homem, arruinarão o Espiritismo.
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Re: O que é a Doutrina
Eles procuram essa fonte sobre a Terra, enquanto ela está no espaço;
ela não está num lugar determinado, está por toda parte, porque os Espíritos se manifestam por toda parte, em todos os países, no palácio como na choupana.
A verdadeira causa está, pois, na própria natureza do Espiritismo que não recebe seu impulso de uma pessoa só, mas que permite a cada um receber directamente comunicações dos Espíritos e se assegurar assim da realidade dos factos.
Como persuadir a milhões de indivíduos que tudo isso não é senão malabarismo, charlatanismo, destreza, quando são eles mesmos que obtêm esses resultados sem o concurso de ninguém?
Se lhes fará crer que são seus próprios companheiros que fazem charlatanismo e escamoteação só para eles?
Essa universalidade das manifestações dos Espíritos que vêm a todos os pontos do globo, vem dar um desmentido aos detratores e confirmar os princípios da doutrina;
é uma força que não pode ser compreendida por aqueles que não conhecem o mundo invisível, da mesma forma que aqueles que não conhecem a lei da electricidade não podem compreender a rapidez da transmissão de um telegrama.
É contra essa força que vêm se quebrar todas as negações, porque é como se se dissesse às pessoas que recebem os raios do sol, que o sol não existe.
Abstração feita das qualidades da doutrina, que satisfaz mais do que aquelas que se lhe opõem, aí está a causa dos fracassos daqueles que tentam deter-lhe a marcha.
Para terem sucesso seria preciso que encontrassem um meio de impedir os Espíritos de se manifestarem.
Eis porque os espíritas tomam tão pouco cuidado com as suas manobras;
eles têm a experiência e a autoridade dos factos.
O maravilhoso e o sobrenatural
Visitante – O Espiritismo, evidentemente, tende a reviver as crenças fundadas sobre o maravilhoso e o sobrenatural.
Ora, no nosso século de positivismo, isso me parece difícil, porque é recomendar superstições e erros populares já julgados pela razão.
A.K. – Uma ideia não é supersticiosa senão porque ela é falsa;
ela cessa de sê-lo desde o momento em que é reconhecida verdadeira.
A questão, pois, é saber se há, ou não, manifestações de Espíritos.
Ora, vós não podeis taxar a coisa de supersticiosa visto que não haveis provado que ela não existe.
Direis: minha razão as recusa;
mas todos aqueles que nelas crêem, e que não são tolos, invocam também sua razão, e mais, invocam os factos.
Qual das duas razões deve prevalecer?
O grande juiz, aqui, é o futuro, como o foi em todas as questões científicas e industriais taxadas de absurdas e impossíveis em sua origem.
ela não está num lugar determinado, está por toda parte, porque os Espíritos se manifestam por toda parte, em todos os países, no palácio como na choupana.
A verdadeira causa está, pois, na própria natureza do Espiritismo que não recebe seu impulso de uma pessoa só, mas que permite a cada um receber directamente comunicações dos Espíritos e se assegurar assim da realidade dos factos.
Como persuadir a milhões de indivíduos que tudo isso não é senão malabarismo, charlatanismo, destreza, quando são eles mesmos que obtêm esses resultados sem o concurso de ninguém?
Se lhes fará crer que são seus próprios companheiros que fazem charlatanismo e escamoteação só para eles?
Essa universalidade das manifestações dos Espíritos que vêm a todos os pontos do globo, vem dar um desmentido aos detratores e confirmar os princípios da doutrina;
é uma força que não pode ser compreendida por aqueles que não conhecem o mundo invisível, da mesma forma que aqueles que não conhecem a lei da electricidade não podem compreender a rapidez da transmissão de um telegrama.
É contra essa força que vêm se quebrar todas as negações, porque é como se se dissesse às pessoas que recebem os raios do sol, que o sol não existe.
Abstração feita das qualidades da doutrina, que satisfaz mais do que aquelas que se lhe opõem, aí está a causa dos fracassos daqueles que tentam deter-lhe a marcha.
Para terem sucesso seria preciso que encontrassem um meio de impedir os Espíritos de se manifestarem.
Eis porque os espíritas tomam tão pouco cuidado com as suas manobras;
eles têm a experiência e a autoridade dos factos.
O maravilhoso e o sobrenatural
Visitante – O Espiritismo, evidentemente, tende a reviver as crenças fundadas sobre o maravilhoso e o sobrenatural.
Ora, no nosso século de positivismo, isso me parece difícil, porque é recomendar superstições e erros populares já julgados pela razão.
A.K. – Uma ideia não é supersticiosa senão porque ela é falsa;
ela cessa de sê-lo desde o momento em que é reconhecida verdadeira.
A questão, pois, é saber se há, ou não, manifestações de Espíritos.
Ora, vós não podeis taxar a coisa de supersticiosa visto que não haveis provado que ela não existe.
Direis: minha razão as recusa;
mas todos aqueles que nelas crêem, e que não são tolos, invocam também sua razão, e mais, invocam os factos.
Qual das duas razões deve prevalecer?
O grande juiz, aqui, é o futuro, como o foi em todas as questões científicas e industriais taxadas de absurdas e impossíveis em sua origem.
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Re: O que é a Doutrina
Vós julgais à priori segundo vossa opinião.
Nós não julgamos senão depois de ter visto e observado durante muito tempo.
Acrescentamos que o Espiritismo esclarecido, como o é hoje, tende, ao contrário, a destruir as ideias supersticiosas porque ele mostra aquilo que há de verdadeiro e de falso nas crenças populares, e tudo aquilo que a ignorância e os preconceitos nela introduziram de absurdo.
Eu vou mais longe e digo que é precisamente o positivismo do século que faz aceitar o Espiritismo e a ele é que deve sua rápida propagação, e não, como alguns o pretendem, a uma recrudescência do amor ao maravilhoso e ao sobrenatural.
O sobrenatural desaparece diante da luz da ciência, da filosofia e da razão, como os deuses do paganismo desapareceram diante da luz do Cristianismo.
O sobrenatural é o que está fora das leis da Natureza.
O positivismo não admite nada fora dessas leis;
mas as conhece todas?
Em todos os tempos, os fenómenos cuja causa era desconhecida foram reputados sobrenaturais;
cada nova lei descoberta pela Ciência recuou os limites do sobrenatural.
Pois bem! o Espiritismo vem revelar uma lei segundo a qual a conversação com o Espírito de um morto repousa sobre uma lei tão natural como aquela que permite à electricidade estabelecer contacto entre dois indivíduos a quinhentas léguas de distância;
e assim todos os outros fenómenos espíritas.
O Espiritismo repudia, no que lhe concerne, todo efeito maravilhoso, quer dizer, fora das leis da Natureza.
Ele não faz nem milagres, nem prodígios, mas explica, em virtude de uma lei, certos efeitos reputados até hoje como milagres e prodígios, e por isso mesmo demonstra sua possibilidade.
Amplia assim o domínio da Ciência, e é nisso que ele próprio é uma ciência.
Mas a descoberta dessa nova lei, ocasionando consequências morais, a codificação dessas consequências fez dele uma doutrina filosófica.
Neste último ponto de vista ele responde às aspirações do homem, no que diz respeito ao futuro, sobre bases positivas e racionais e é por isso que ele convém ao Espírito positivista do século.
É o que vós compreendereis quando vos derdes ao trabalho de estudá-lo.
(O Livro dos Médiuns, cap. II - Revista Espírita, dezembro de 1861, página 393, e janeiro de 1862, página 21 – Veja-se também, adiante, o cap. II).
Oposição da Ciência
Visitante – Vós dizeis que vos apoiais sobre factos;
mas se vos opõe a opinião dos sábios que os contestam ou que os explicam de maneira diversa da vossa.
Por que eles não encamparam o fenómeno das mesas girantes?
Nós não julgamos senão depois de ter visto e observado durante muito tempo.
Acrescentamos que o Espiritismo esclarecido, como o é hoje, tende, ao contrário, a destruir as ideias supersticiosas porque ele mostra aquilo que há de verdadeiro e de falso nas crenças populares, e tudo aquilo que a ignorância e os preconceitos nela introduziram de absurdo.
Eu vou mais longe e digo que é precisamente o positivismo do século que faz aceitar o Espiritismo e a ele é que deve sua rápida propagação, e não, como alguns o pretendem, a uma recrudescência do amor ao maravilhoso e ao sobrenatural.
O sobrenatural desaparece diante da luz da ciência, da filosofia e da razão, como os deuses do paganismo desapareceram diante da luz do Cristianismo.
O sobrenatural é o que está fora das leis da Natureza.
O positivismo não admite nada fora dessas leis;
mas as conhece todas?
Em todos os tempos, os fenómenos cuja causa era desconhecida foram reputados sobrenaturais;
cada nova lei descoberta pela Ciência recuou os limites do sobrenatural.
Pois bem! o Espiritismo vem revelar uma lei segundo a qual a conversação com o Espírito de um morto repousa sobre uma lei tão natural como aquela que permite à electricidade estabelecer contacto entre dois indivíduos a quinhentas léguas de distância;
e assim todos os outros fenómenos espíritas.
O Espiritismo repudia, no que lhe concerne, todo efeito maravilhoso, quer dizer, fora das leis da Natureza.
Ele não faz nem milagres, nem prodígios, mas explica, em virtude de uma lei, certos efeitos reputados até hoje como milagres e prodígios, e por isso mesmo demonstra sua possibilidade.
Amplia assim o domínio da Ciência, e é nisso que ele próprio é uma ciência.
Mas a descoberta dessa nova lei, ocasionando consequências morais, a codificação dessas consequências fez dele uma doutrina filosófica.
Neste último ponto de vista ele responde às aspirações do homem, no que diz respeito ao futuro, sobre bases positivas e racionais e é por isso que ele convém ao Espírito positivista do século.
É o que vós compreendereis quando vos derdes ao trabalho de estudá-lo.
(O Livro dos Médiuns, cap. II - Revista Espírita, dezembro de 1861, página 393, e janeiro de 1862, página 21 – Veja-se também, adiante, o cap. II).
Oposição da Ciência
Visitante – Vós dizeis que vos apoiais sobre factos;
mas se vos opõe a opinião dos sábios que os contestam ou que os explicam de maneira diversa da vossa.
Por que eles não encamparam o fenómeno das mesas girantes?
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Re: O que é a Doutrina
Se eles tivessem visto nelas alguma coisa de sério, não teriam, me parece, negligenciado de factos tão extraordinários, e ainda menos de os repelir com desdém, ao passo que eles estão todos contra vós.
Os sábios não são o farol das nações e seu dever não é de espalhar a luz?
Por que quereríeis que eles a tivessem abafado, quando se lhes apresentava uma tão bela ocasião de revelar ao mundo uma força nova?
A.K. – Acabais de traçar o dever dos sábios de um modo admirável;
pena que o tenham olvidado em mais de uma circunstância.
Mas antes de responder a esta judiciosa observação, eu devo revelar um erro grave que vós haveis cometido, dizendo que todos os sábios estão contra nós.
Como já disse, é precisamente na classe esclarecida que o Espiritismo faz mais prosélitos, e isso em todos os países do mundo.
Eles se contam, em grande número, entre os médicos de todas as nações, e são homens de Ciência.
Os magistrados, os professores, os artistas, os homens de letras, os oficiais, os altos funcionários, os grandes dignitários, os eclesiásticos, etc., que se alinham sob sua bandeira, todos são pessoas às quais não se pode recusar uma certa dose de luz.
Não há sábios senão na ciência oficial e nos corpos constituídos?
Do facto de o Espiritismo não ter ainda direito de cidadania na ciência oficial é motivo para condená-lo?
Se a Ciência não tivesse jamais se enganado, aqui sua opinião poderia pesar na balança; infelizmente, a experiência prova o contrário.
Não foram rejeitadas como quimeras uma multidão de descobertas que, mais tarde, ilustraram a memória de seus autores?
Não foi a um relatório de nosso primeiro corpo de sábios que deve a França ter sido privada da iniciativa do vapor?
Quando Fulton veio ao campo de Bolonha apresentar seu sistema a Napoleão I, que o recomendou ao exame imediato do Instituto, este não concluiu que esse sistema era um sonho impraticável e não tinham tempo para com ele se ocupar?
É preciso concluir que os membros do Instituto são ignorantes?
Isso justifica os epítetos triviais, e de mau gosto, que certas pessoas se comprazem em lhes prodigalizar?
Seguramente que não;
não há pessoa sensata que não renda justiça ao seu eminente saber, embora reconhecendo que eles não são infalíveis e que, assim, seu julgamento não é o de última instância, sobretudo em factos de ideias novas.
Os sábios não são o farol das nações e seu dever não é de espalhar a luz?
Por que quereríeis que eles a tivessem abafado, quando se lhes apresentava uma tão bela ocasião de revelar ao mundo uma força nova?
A.K. – Acabais de traçar o dever dos sábios de um modo admirável;
pena que o tenham olvidado em mais de uma circunstância.
Mas antes de responder a esta judiciosa observação, eu devo revelar um erro grave que vós haveis cometido, dizendo que todos os sábios estão contra nós.
Como já disse, é precisamente na classe esclarecida que o Espiritismo faz mais prosélitos, e isso em todos os países do mundo.
Eles se contam, em grande número, entre os médicos de todas as nações, e são homens de Ciência.
Os magistrados, os professores, os artistas, os homens de letras, os oficiais, os altos funcionários, os grandes dignitários, os eclesiásticos, etc., que se alinham sob sua bandeira, todos são pessoas às quais não se pode recusar uma certa dose de luz.
Não há sábios senão na ciência oficial e nos corpos constituídos?
Do facto de o Espiritismo não ter ainda direito de cidadania na ciência oficial é motivo para condená-lo?
Se a Ciência não tivesse jamais se enganado, aqui sua opinião poderia pesar na balança; infelizmente, a experiência prova o contrário.
Não foram rejeitadas como quimeras uma multidão de descobertas que, mais tarde, ilustraram a memória de seus autores?
Não foi a um relatório de nosso primeiro corpo de sábios que deve a França ter sido privada da iniciativa do vapor?
Quando Fulton veio ao campo de Bolonha apresentar seu sistema a Napoleão I, que o recomendou ao exame imediato do Instituto, este não concluiu que esse sistema era um sonho impraticável e não tinham tempo para com ele se ocupar?
É preciso concluir que os membros do Instituto são ignorantes?
Isso justifica os epítetos triviais, e de mau gosto, que certas pessoas se comprazem em lhes prodigalizar?
Seguramente que não;
não há pessoa sensata que não renda justiça ao seu eminente saber, embora reconhecendo que eles não são infalíveis e que, assim, seu julgamento não é o de última instância, sobretudo em factos de ideias novas.
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Re: O que é a Doutrina
Visitante – Eu admito perfeitamente que eles não são infalíveis;
mas não é menos verdadeiro que, em razão do seu saber, sua opinião tem algum valor, e se os tivésseis convosco isso daria um grande peso ao vosso sistema.
A.K. – Vós admitis também que cada um não é bom juiz senão naquilo que é da sua competência.
Se quereis construir uma casa, procurais um músico?
Se estivésseis doente, vos faríeis cuidar por um arquitecto?
Se tivésseis um processo, procuraríeis a opinião de um dançarino?
Enfim, se se trata de uma questão de teologia, a fareis resolver por um químico ou um astrónomo?
Não; cada um em seu trabalho.
As ciências vulgares repousam sobre as propriedades da matéria que se pode manipular à vontade, e os fenómenos que ela produz têm por agentes as forças materiais.
Os do Espiritismo têm por agentes inteligências independentes, que têm seu livre arbítrio e não estão submetidas aos nossos caprichos.
Eles escapam, assim, aos nossos procedimentos de laboratório e aos nossos cálculos e, desde então, não são mais da alçada da Ciência propriamente dita.
A ciência, pois, enganou-se quando quis experimentar os Espíritos como uma pilha voltaica;
ela fracassou, e assim deveria sê-lo porque usou uma analogia que não existe.
Depois, sem ir mais longe, ela concluiu pela negativa.
Julgamento temerário que o tempo se encarrega, todos os dias, de reformar, como reformou muitos outros, e aqueles que o tiverem pronunciado, passarão pela vergonha de se inscreverem, muito levianamente, por falsearem contra o poder infinito do Criador.
As corporações científicas não têm, e não terão jamais, que se pronunciar sobre a questão;
ela não é mais da sua alçada que a de decretar se Deus existe, ou não.
Portanto, é um erro fazer delas juízes.
O Espiritismo é uma questão de crença pessoal que não pode depender do voto de uma assembleia, porque esse voto, mesmo favorável, não pode forçar as convicções.
Quando a opinião pública estiver formada a esse respeito, os sábios, como indivíduos, a aceitarão, e suportarão a força das coisas.
Deixai passar uma geração e, com ela, os preconceitos do amor-próprio em que se obstina, e vereis que ocorrerá com o Espiritismo como ocorreu com tantas outras verdades antes combatidas, e que agora seria ridículo pô-las em dúvidas.
Hoje são aos crentes que se chama de loucos;
amanhã serão todos os que não creiam;
da mesma forma como se chamou de loucos outrora, aqueles que criam que a Terra girava.
mas não é menos verdadeiro que, em razão do seu saber, sua opinião tem algum valor, e se os tivésseis convosco isso daria um grande peso ao vosso sistema.
A.K. – Vós admitis também que cada um não é bom juiz senão naquilo que é da sua competência.
Se quereis construir uma casa, procurais um músico?
Se estivésseis doente, vos faríeis cuidar por um arquitecto?
Se tivésseis um processo, procuraríeis a opinião de um dançarino?
Enfim, se se trata de uma questão de teologia, a fareis resolver por um químico ou um astrónomo?
Não; cada um em seu trabalho.
As ciências vulgares repousam sobre as propriedades da matéria que se pode manipular à vontade, e os fenómenos que ela produz têm por agentes as forças materiais.
Os do Espiritismo têm por agentes inteligências independentes, que têm seu livre arbítrio e não estão submetidas aos nossos caprichos.
Eles escapam, assim, aos nossos procedimentos de laboratório e aos nossos cálculos e, desde então, não são mais da alçada da Ciência propriamente dita.
A ciência, pois, enganou-se quando quis experimentar os Espíritos como uma pilha voltaica;
ela fracassou, e assim deveria sê-lo porque usou uma analogia que não existe.
Depois, sem ir mais longe, ela concluiu pela negativa.
Julgamento temerário que o tempo se encarrega, todos os dias, de reformar, como reformou muitos outros, e aqueles que o tiverem pronunciado, passarão pela vergonha de se inscreverem, muito levianamente, por falsearem contra o poder infinito do Criador.
As corporações científicas não têm, e não terão jamais, que se pronunciar sobre a questão;
ela não é mais da sua alçada que a de decretar se Deus existe, ou não.
Portanto, é um erro fazer delas juízes.
O Espiritismo é uma questão de crença pessoal que não pode depender do voto de uma assembleia, porque esse voto, mesmo favorável, não pode forçar as convicções.
Quando a opinião pública estiver formada a esse respeito, os sábios, como indivíduos, a aceitarão, e suportarão a força das coisas.
Deixai passar uma geração e, com ela, os preconceitos do amor-próprio em que se obstina, e vereis que ocorrerá com o Espiritismo como ocorreu com tantas outras verdades antes combatidas, e que agora seria ridículo pô-las em dúvidas.
Hoje são aos crentes que se chama de loucos;
amanhã serão todos os que não creiam;
da mesma forma como se chamou de loucos outrora, aqueles que criam que a Terra girava.
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Re: O que é a Doutrina
Mas todos os sábios não julgaram da mesma forma, e por sábios eu entendo os homens de estudo e de ciência, com ou sem título oficial.
Muitos fizeram o seguinte raciocínio:
"Não há efeito sem causa, e os mais vulgares efeitos podem conduzir ao caminho dos maiores problemas.
Se Newton tivesse desprezado a queda de uma maçã;
se Galvani tivesse menosprezado sua criada, tratando-a de louca e visionária quando ela lhe falou das rãs que dançavam no prato, talvez estivessem ainda por serem descobertas a admirável lei da gravitação universal e as fecundas propriedades da pilha.
O fenómeno que se designa sob o nome burlesco de dança das mesas, não é mais ridículo que o da dança das rãs, e talvez encerre, também, um desses segredos que revolucionam a Humanidade quando se tem sua chave".
Disseram ainda, por outro lado:
"Uma vez que tantas pessoas deles se ocupam, uma vez que homens sérios deles fizeram um estudo, é preciso que haja aí alguma coisa.
Uma ilusão, se se quer, não pode ter carácter de generalidade.
Ela pode seduzir um círculo, uma comunidade, mas não o mundo todo.
Guardemo-nos, pois, de negar a possibilidade do que não compreendemos sob pena de receber, cedo ou tarde, um desmentido que não fará o elogio da nossa perspicácia."
Visitante – Muito bem, eis um sábio que raciocina com sabedoria e prudência e, sem ser sábio, penso como ele. Mas anotai que não afirma nada:
ele duvida.
Ora, sobre o que basear a crença na existência dos Espíritos e, sobretudo, na possibilidade de comunicação com eles?
A.K. – Essa crença se apóia sobre o raciocínio e sobre os factos.
Eu mesmo não a adotei senão depois de um maduro exame.
Tendo adquirido, nos estudos das ciências exactas, o hábito das coisas positivas, eu sondei, perscrutei essa nova ciência em seus detalhes mais ocultos.
Eu quis conhecer tudo, porque não aceito uma ideia senão quando lhe conheço o porquê e o como.
Eis o raciocínio que me fez um sábio médico, outrora incrédulo, e hoje adepto fervoroso:
"Diz-se que os seres invisíveis se comunicam;
e por que não?
Antes da invenção do microscópio, supunha-se a existência desses biliões de animálculos que causam tantos prejuízos na economia?
Onde está a impossibilidade material de que haja no espaço seres que escapam aos nossos sentidos?
Teríamos por acaso a ridícula pretensão de tudo saber e de dizer a Deus que ele nada mais nos pode ensinar?
Muitos fizeram o seguinte raciocínio:
"Não há efeito sem causa, e os mais vulgares efeitos podem conduzir ao caminho dos maiores problemas.
Se Newton tivesse desprezado a queda de uma maçã;
se Galvani tivesse menosprezado sua criada, tratando-a de louca e visionária quando ela lhe falou das rãs que dançavam no prato, talvez estivessem ainda por serem descobertas a admirável lei da gravitação universal e as fecundas propriedades da pilha.
O fenómeno que se designa sob o nome burlesco de dança das mesas, não é mais ridículo que o da dança das rãs, e talvez encerre, também, um desses segredos que revolucionam a Humanidade quando se tem sua chave".
Disseram ainda, por outro lado:
"Uma vez que tantas pessoas deles se ocupam, uma vez que homens sérios deles fizeram um estudo, é preciso que haja aí alguma coisa.
Uma ilusão, se se quer, não pode ter carácter de generalidade.
Ela pode seduzir um círculo, uma comunidade, mas não o mundo todo.
Guardemo-nos, pois, de negar a possibilidade do que não compreendemos sob pena de receber, cedo ou tarde, um desmentido que não fará o elogio da nossa perspicácia."
Visitante – Muito bem, eis um sábio que raciocina com sabedoria e prudência e, sem ser sábio, penso como ele. Mas anotai que não afirma nada:
ele duvida.
Ora, sobre o que basear a crença na existência dos Espíritos e, sobretudo, na possibilidade de comunicação com eles?
A.K. – Essa crença se apóia sobre o raciocínio e sobre os factos.
Eu mesmo não a adotei senão depois de um maduro exame.
Tendo adquirido, nos estudos das ciências exactas, o hábito das coisas positivas, eu sondei, perscrutei essa nova ciência em seus detalhes mais ocultos.
Eu quis conhecer tudo, porque não aceito uma ideia senão quando lhe conheço o porquê e o como.
Eis o raciocínio que me fez um sábio médico, outrora incrédulo, e hoje adepto fervoroso:
"Diz-se que os seres invisíveis se comunicam;
e por que não?
Antes da invenção do microscópio, supunha-se a existência desses biliões de animálculos que causam tantos prejuízos na economia?
Onde está a impossibilidade material de que haja no espaço seres que escapam aos nossos sentidos?
Teríamos por acaso a ridícula pretensão de tudo saber e de dizer a Deus que ele nada mais nos pode ensinar?
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Re: O que é a Doutrina
Se esses seres invisíveis que nos cercam são inteligentes, por que não se comunicariam connosco?
Se eles estão em relação com os homens, devem desempenhar um papel na vida, nos acontecimentos.
Quem sabe? pode ser uma das forças da Natureza, uma dessas forças ocultas que não supúnhamos existir.
Que novo horizonte isso abriria ao pensamento!
Que vasto campo de observação!
A descoberta do mundo dos seres invisíveis seria diversa da dos infinitamente pequenos;
isso seria mais que uma descoberta, seria uma revolução nas ideias.
Que luz pode dela jorrar!
Quantas coisas misteriosas seriam explicadas!
Aqueles que crêem nisso, são ridicularizados;
mas o que isso prova?
Não ocorreu o mesmo com todas as grandes descobertas?
Cristóvão Colombo não foi repelido, coberto de desgostos e tratado como insensato?
Essas ideias, diz-se, são tão estranhas que nelas não se pode crer.
Mas, àquele que tivesse dito, há somente meio século, que em alguns minutos poder-se-ia corresponder de uma parte à outra do mundo;
que em algumas horas, atravessar-se-ia a França;
que com o vapor de um pouco de água fervente um navio avançaria contra o vento;
que se tiraria da água os meios de se iluminar e aquecer;
que tivesse proposto iluminar toda Paris em um instante com um só reservatório de uma substância invisível, teria sido caçoado.
É, pois, uma coisa mais prodigiosa que o espaço seja povoado por seres pensantes que, depois de terem vivido sobre a Terra, deixaram seus envoltórios materiais?
Não se encontra nesse facto a explicação de uma multidão de crenças que remontam à mais alta antiguidade?
Semelhantes coisas bem que valem a pena serem aprofundadas."
Eis as reflexões de um sábio, mas de um sábio sem pretensão, e que também o são de uma multidão de homens esclarecidos que viram, não superficialmente e com prevenção, e estudaram seriamente sem tomarem partido, mas que tiveram a modéstia de não dizer:
eu não compreendo, portanto, isso não é verdade.
Sua convicção formou-se pela observação e pelo raciocínio.
Se essas ideias fossem quiméricas, pensais que todos esses homens de elite as teriam adoptado?
Que tivessem estado muito tempo vítima de uma ilusão?
Não há, pois, impossibilidade material à existência de seres invisíveis para nós e povoando o espaço, e só essa consideração deveria levar a uma maior circunspecção.
Se eles estão em relação com os homens, devem desempenhar um papel na vida, nos acontecimentos.
Quem sabe? pode ser uma das forças da Natureza, uma dessas forças ocultas que não supúnhamos existir.
Que novo horizonte isso abriria ao pensamento!
Que vasto campo de observação!
A descoberta do mundo dos seres invisíveis seria diversa da dos infinitamente pequenos;
isso seria mais que uma descoberta, seria uma revolução nas ideias.
Que luz pode dela jorrar!
Quantas coisas misteriosas seriam explicadas!
Aqueles que crêem nisso, são ridicularizados;
mas o que isso prova?
Não ocorreu o mesmo com todas as grandes descobertas?
Cristóvão Colombo não foi repelido, coberto de desgostos e tratado como insensato?
Essas ideias, diz-se, são tão estranhas que nelas não se pode crer.
Mas, àquele que tivesse dito, há somente meio século, que em alguns minutos poder-se-ia corresponder de uma parte à outra do mundo;
que em algumas horas, atravessar-se-ia a França;
que com o vapor de um pouco de água fervente um navio avançaria contra o vento;
que se tiraria da água os meios de se iluminar e aquecer;
que tivesse proposto iluminar toda Paris em um instante com um só reservatório de uma substância invisível, teria sido caçoado.
É, pois, uma coisa mais prodigiosa que o espaço seja povoado por seres pensantes que, depois de terem vivido sobre a Terra, deixaram seus envoltórios materiais?
Não se encontra nesse facto a explicação de uma multidão de crenças que remontam à mais alta antiguidade?
Semelhantes coisas bem que valem a pena serem aprofundadas."
Eis as reflexões de um sábio, mas de um sábio sem pretensão, e que também o são de uma multidão de homens esclarecidos que viram, não superficialmente e com prevenção, e estudaram seriamente sem tomarem partido, mas que tiveram a modéstia de não dizer:
eu não compreendo, portanto, isso não é verdade.
Sua convicção formou-se pela observação e pelo raciocínio.
Se essas ideias fossem quiméricas, pensais que todos esses homens de elite as teriam adoptado?
Que tivessem estado muito tempo vítima de uma ilusão?
Não há, pois, impossibilidade material à existência de seres invisíveis para nós e povoando o espaço, e só essa consideração deveria levar a uma maior circunspecção.
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Re: O que é a Doutrina
Há pouco tempo, quem poderia pensar que uma gota de água límpida poderia encerrar milhares de seres de uma pequenez que confunde nossa imaginação?
Ora, eu digo que era mais difícil à razão conceber seres de uma tal pequenez, providos de todos os nossos órgãos e funcionando como nós, que admitir aqueles que nós nomeamos Espíritos.
Visitante – Sem dúvida;
mas do facto de uma coisa ser possível, não se segue que ela exista.
A.K. – De acordo;
mas convireis que já é uma grande coisa desde que ela não é impossível, porque não tem nada que repugne à razão.
Resta, pois, constatá-la pela observação dos factos.
Essa observação não é nova:
a História, tanto sacra como profana, prova a antiguidade e a universalidade dessa crença, que se perpetuou através de todas as vicissitudes do mundo, e se encontra entre os povos mais selvagens, no estado de ideias inatas e intuitivas, gravadas no pensamento, como a do Ser Supremo e da existência futura.
O Espiritismo, portanto, não é criação moderna, muito longe disso;
tudo prova que os antigos o conheciam tão bem e talvez melhor que nós.
Somente ele não foi ensinado senão com precauções misteriosas que o tornaram inacessível ao vulgo, deixado propositadamente na difícil situação supersticiosa.
Quanto aos factos, eles são de duas naturezas:
espontâneos e provocados.
Entre os primeiros, é preciso situar as visões e aparições, que são muito frequentes;
os ruídos, barulhos e movimentação de objectos sem causa material, e uma multidão de efeitos insólitos que se considerava como sobrenaturais, e que, hoje, nos parecem muito simples, porque, para nós, não há nada de sobrenatural uma vez que tudo se esconde nas leis imutáveis da Natureza.
Os factos provocados são aqueles que se obtêm por intermédio dos médiuns.
Falsas explicações dos fenómenos
Alucinação – Fluido magnético – Reflexo do pensamento – Super-excitação cerebral – Estado sonambúlico dos médiuns.
Visitante – É contra os fenómenos provocados que se exerce, sobretudo, a crítica.
Coloquemos de lado toda suposição de charlatanismo, e admitamos uma inteira boa-fé;
não se poderia pensar que eles próprios são joguetes de uma alucinação?
A.K. – Não é do meu conhecimento que se tenha, ainda, explicado claramente o mecanismo da alucinação.
Tal como é entendida, é, todavia, um efeito muito singular e digno de estudo.
Como, pois, aqueles que, através dela, pretendem explicar os fenómenos espíritas não podem explicitar sua explicação?
Ora, eu digo que era mais difícil à razão conceber seres de uma tal pequenez, providos de todos os nossos órgãos e funcionando como nós, que admitir aqueles que nós nomeamos Espíritos.
Visitante – Sem dúvida;
mas do facto de uma coisa ser possível, não se segue que ela exista.
A.K. – De acordo;
mas convireis que já é uma grande coisa desde que ela não é impossível, porque não tem nada que repugne à razão.
Resta, pois, constatá-la pela observação dos factos.
Essa observação não é nova:
a História, tanto sacra como profana, prova a antiguidade e a universalidade dessa crença, que se perpetuou através de todas as vicissitudes do mundo, e se encontra entre os povos mais selvagens, no estado de ideias inatas e intuitivas, gravadas no pensamento, como a do Ser Supremo e da existência futura.
O Espiritismo, portanto, não é criação moderna, muito longe disso;
tudo prova que os antigos o conheciam tão bem e talvez melhor que nós.
Somente ele não foi ensinado senão com precauções misteriosas que o tornaram inacessível ao vulgo, deixado propositadamente na difícil situação supersticiosa.
Quanto aos factos, eles são de duas naturezas:
espontâneos e provocados.
Entre os primeiros, é preciso situar as visões e aparições, que são muito frequentes;
os ruídos, barulhos e movimentação de objectos sem causa material, e uma multidão de efeitos insólitos que se considerava como sobrenaturais, e que, hoje, nos parecem muito simples, porque, para nós, não há nada de sobrenatural uma vez que tudo se esconde nas leis imutáveis da Natureza.
Os factos provocados são aqueles que se obtêm por intermédio dos médiuns.
Falsas explicações dos fenómenos
Alucinação – Fluido magnético – Reflexo do pensamento – Super-excitação cerebral – Estado sonambúlico dos médiuns.
Visitante – É contra os fenómenos provocados que se exerce, sobretudo, a crítica.
Coloquemos de lado toda suposição de charlatanismo, e admitamos uma inteira boa-fé;
não se poderia pensar que eles próprios são joguetes de uma alucinação?
A.K. – Não é do meu conhecimento que se tenha, ainda, explicado claramente o mecanismo da alucinação.
Tal como é entendida, é, todavia, um efeito muito singular e digno de estudo.
Como, pois, aqueles que, através dela, pretendem explicar os fenómenos espíritas não podem explicitar sua explicação?
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Re: O que é a Doutrina
Aliás, há factos que escapam a essa hipótese:
quando uma mesa, ou um outro objecto, se move, se eleva ou bate;
quando ela passeia à vontade num quarto sem o contacto de alguém;
quando ela se desprende do solo e se sustém no espaço, sem ponto de apoio;
enfim, quando ela se quebra caindo, certamente isso não é uma alucinação.
Supondo-se que o médium, por um efeito de sua imaginação, creia ver o que não existe, é provável que todo um grupo esteja tomado da mesma vertigem?
Que se repita por todos os lados, em todos os países?
A alucinação, nesse caso, seria mais prodigiosa que o facto.
Visitante [/i]– Admitindo-se a realidade do fenómeno das mesas girantes e batedoras, não é mais racional atribuí-lo à acção de um fluido qualquer, o fluido magnético por exemplo?
A.K. – Tal foi o primeiro pensamento e eu o tive como tantos outros.
Se os efeitos tivessem se limitado aos efeitos materiais, ninguém duvida que poder-se-ia explicar assim.
Mas quando esses movimentos e golpes deram provas de inteligência, quando se reconheceu que respondiam ao pensamento com inteira liberdade, tirou-se esta consequência:
se todo efeito tem causa, todo efeito inteligente tem uma causa inteligente.
É isso o efeito de um fluido, a menos que se diga que esse fluido é inteligente?
Quando vedes o manipulador do telégrafo fazer os sinais que transmitem o pensamento, sabeis bem que não são esses braços de madeira ou de ferro que são inteligentes, mas dizeis que uma inteligência os faz mover.
Ocorre o mesmo com a mesa.
Há, sim ou não, efeitos inteligentes?
Esta é a questão.
Aqueles que a contestam, são pessoas que não puderam ver tudo e se apressam em concluir segundo suas próprias ideias e sobre uma observação superficial.
Visitante – A isso responde-se que se há um efeito inteligente ele não é outra coisa senão a própria inteligência, seja do médium, seja do interrogante, seja dos assistentes;
porque, diz-se, a resposta está sempre no pensamento de alguém.
A.K. – Isso é ainda um erro, consequente de uma falsa observação.
Se aqueles que assim pensam tivessem se dado ao trabalho de estudar o fenómeno em todas as suas fases, teriam, a cada passo, reconhecido a independência absoluta da inteligência que se manifesta.
quando uma mesa, ou um outro objecto, se move, se eleva ou bate;
quando ela passeia à vontade num quarto sem o contacto de alguém;
quando ela se desprende do solo e se sustém no espaço, sem ponto de apoio;
enfim, quando ela se quebra caindo, certamente isso não é uma alucinação.
Supondo-se que o médium, por um efeito de sua imaginação, creia ver o que não existe, é provável que todo um grupo esteja tomado da mesma vertigem?
Que se repita por todos os lados, em todos os países?
A alucinação, nesse caso, seria mais prodigiosa que o facto.
Visitante [/i]– Admitindo-se a realidade do fenómeno das mesas girantes e batedoras, não é mais racional atribuí-lo à acção de um fluido qualquer, o fluido magnético por exemplo?
A.K. – Tal foi o primeiro pensamento e eu o tive como tantos outros.
Se os efeitos tivessem se limitado aos efeitos materiais, ninguém duvida que poder-se-ia explicar assim.
Mas quando esses movimentos e golpes deram provas de inteligência, quando se reconheceu que respondiam ao pensamento com inteira liberdade, tirou-se esta consequência:
se todo efeito tem causa, todo efeito inteligente tem uma causa inteligente.
É isso o efeito de um fluido, a menos que se diga que esse fluido é inteligente?
Quando vedes o manipulador do telégrafo fazer os sinais que transmitem o pensamento, sabeis bem que não são esses braços de madeira ou de ferro que são inteligentes, mas dizeis que uma inteligência os faz mover.
Ocorre o mesmo com a mesa.
Há, sim ou não, efeitos inteligentes?
Esta é a questão.
Aqueles que a contestam, são pessoas que não puderam ver tudo e se apressam em concluir segundo suas próprias ideias e sobre uma observação superficial.
Visitante – A isso responde-se que se há um efeito inteligente ele não é outra coisa senão a própria inteligência, seja do médium, seja do interrogante, seja dos assistentes;
porque, diz-se, a resposta está sempre no pensamento de alguém.
A.K. – Isso é ainda um erro, consequente de uma falsa observação.
Se aqueles que assim pensam tivessem se dado ao trabalho de estudar o fenómeno em todas as suas fases, teriam, a cada passo, reconhecido a independência absoluta da inteligência que se manifesta.
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