O que é a Doutrina
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Re: O que é a Doutrina
Como essa tese poderia se conciliar com respostas que estão fora da capacidade intelectual e de instrução do médium?
Que contradizem suas ideias, seus desejos, suas opiniões, ou que confundem completamente as previsões dos assistentes?
De médiuns que escrevem em um idioma que não conhecem, ou em seu próprio idioma, quando eles não sabem nem ler nem escrever?
Essa opinião, à primeira vista, não tem nada de irracional, eu convenho, porém, ela é desmentida pelos factos de tal modo numerosos e concludentes, dos quais não é mais possível duvidar.
De resto, admitindo-se mesmo essa teoria, o fenómeno, longe de ser simplificado, seria bem mais prodigioso.
Ora, o pensamento se reflectiria sobre uma superfície como a luz, o som e o calor?
Na verdade, haveria nisso motivo para exercer a sagacidade da ciência.
Aliás, o que se adicionaria ainda ao maravilhoso, é que, sobre vinte pessoas reunidas, seria precisamente o pensamento de tal ou tal que seria reflectido, e não o pensamento de tal outra.
Um semelhante sistema é insustentável.
É verdadeiramente curioso ver os contraditores se esforçarem em procurar causas cem vezes mais extraordinárias e difíceis de compreender do que as que se lhes fornece.
Visitante – Não se poderia admitir, segundo a opinião de alguns, que o médium está em um estado de crise e goze de uma lucidez que lhe dá uma percepção sonambúlica, uma espécie de dupla vista, o que explicaria a extensão momentânea das faculdades intelectuais?
Por que, diz-se, as comunicações obtidas pelo médium não ultrapassam a importância daqueles que se obtêm pelos sonâmbulos?
A.K. – É isso, ainda, um desses sistemas que não suporta um exame aprofundado.
O médium não está em crise, nem em sono, mas perfeitamente desperto, agindo e pensando como todo o mundo, sem nada ter de extraordinário.
Certos efeitos particulares puderam dar lugar a esse equívoco.
Mas, qualquer um que não se limite a julgar as coisas por um único aspecto, reconhecerá, sem esforço, que o médium é dotado de uma faculdade particular que não permite confundi-lo com o sonâmbulo, e a completa independência do seu pensamento é provada por factos da máxima evidência.
Abstracção feita das comunicações escritas, qual é o sonâmbulo que fez brotar um pensamento de um corpo inerte?
Que produziu aparições visíveis e mesmo tangíveis?
Que pode manter um corpo pesado no espaço sem ponto de apoio?
Foi por um efeito sonambúlico que um médium desenhou, um dia, para mim, em presença de vinte testemunhas, o retrato de uma jovem que morreu dezoito meses antes e que jamais havia conhecido, retrato reconhecido pelo pai presente à sessão?
Que contradizem suas ideias, seus desejos, suas opiniões, ou que confundem completamente as previsões dos assistentes?
De médiuns que escrevem em um idioma que não conhecem, ou em seu próprio idioma, quando eles não sabem nem ler nem escrever?
Essa opinião, à primeira vista, não tem nada de irracional, eu convenho, porém, ela é desmentida pelos factos de tal modo numerosos e concludentes, dos quais não é mais possível duvidar.
De resto, admitindo-se mesmo essa teoria, o fenómeno, longe de ser simplificado, seria bem mais prodigioso.
Ora, o pensamento se reflectiria sobre uma superfície como a luz, o som e o calor?
Na verdade, haveria nisso motivo para exercer a sagacidade da ciência.
Aliás, o que se adicionaria ainda ao maravilhoso, é que, sobre vinte pessoas reunidas, seria precisamente o pensamento de tal ou tal que seria reflectido, e não o pensamento de tal outra.
Um semelhante sistema é insustentável.
É verdadeiramente curioso ver os contraditores se esforçarem em procurar causas cem vezes mais extraordinárias e difíceis de compreender do que as que se lhes fornece.
Visitante – Não se poderia admitir, segundo a opinião de alguns, que o médium está em um estado de crise e goze de uma lucidez que lhe dá uma percepção sonambúlica, uma espécie de dupla vista, o que explicaria a extensão momentânea das faculdades intelectuais?
Por que, diz-se, as comunicações obtidas pelo médium não ultrapassam a importância daqueles que se obtêm pelos sonâmbulos?
A.K. – É isso, ainda, um desses sistemas que não suporta um exame aprofundado.
O médium não está em crise, nem em sono, mas perfeitamente desperto, agindo e pensando como todo o mundo, sem nada ter de extraordinário.
Certos efeitos particulares puderam dar lugar a esse equívoco.
Mas, qualquer um que não se limite a julgar as coisas por um único aspecto, reconhecerá, sem esforço, que o médium é dotado de uma faculdade particular que não permite confundi-lo com o sonâmbulo, e a completa independência do seu pensamento é provada por factos da máxima evidência.
Abstracção feita das comunicações escritas, qual é o sonâmbulo que fez brotar um pensamento de um corpo inerte?
Que produziu aparições visíveis e mesmo tangíveis?
Que pode manter um corpo pesado no espaço sem ponto de apoio?
Foi por um efeito sonambúlico que um médium desenhou, um dia, para mim, em presença de vinte testemunhas, o retrato de uma jovem que morreu dezoito meses antes e que jamais havia conhecido, retrato reconhecido pelo pai presente à sessão?
Ave sem Ninho- Mensagens : 126677
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Re: O que é a Doutrina
É por um efeito sonambúlico que uma mesa responde com precisão às questões propostas, mesmo mentalmente?
Seguramente, se se admite que o médium esteja em um estado magnético, me parece difícil crer-se que a mesa seja sonâmbula.
Diz-se, ainda, que os médiuns não falam claramente senão de coisas conhecidas.
Como explicar o facto seguinte e cem outros do mesmo gênero?
Um de meus amigos, muito bom médium escrevente, perguntou a um Espírito se uma pessoa, que ele havia perdido de vista há quinze anos, estava ainda neste mundo.
"Sim, ela vive ainda, respondeu-lhe;
ela mora em Paris, à rua tal, número tal."
Ele vai e encontra a pessoa no endereço indicado.
É isso ilusão?
Seu pensamento poderia tanto menos sugerir-lhe essa resposta pois, em razão da idade da pessoa, havia toda possibilidade de que ela não existisse mais.
Se, em certos casos, viram-se respostas concordarem com o pensamento, é racional concluir daí que isso seja uma lei geral?
Nisso, como em todas as coisas, os julgamentos precipitados são sempre perigosos, porque podem estar enfraquecidos pela não observação dos factos.
Os incrédulos não podem ver para se convencerem
Visitante – São os factos positivos que os incrédulos querem ver, que eles pedem e, na maioria das vezes, não se pode lhes fornecer.
Se todo mundo pudesse testemunhar esses factos, a dúvida não seria mais permitida. Como ocorre, pois, que tanta gente nada tenha podido ver, malgrado sua boa vontade?
Se os contesta dizendo faltar-lhes fé, a isso respondem, com razão, que não podem ter uma fé antecipada, e que se quer que eles creiam é preciso dar-lhes os meios de crerem.
A.K. – A razão é bem simples.
Eles querem os fatos sob seu comando e os Espíritos não obedecem a ele;
é preciso esperar sua boa vontade.
Não basta, pois, dizer:
mostre-me tal facto e eu crerei;
é preciso ter vontade e perseverança, deixar os factos se produzirem espontaneamente, sem pretender forçá-los ou dirigi-los.
Aquele que desejais, talvez seja precisamente o que não obtereis;
mas se apresentarão outros, e aquele que quereis virá no momento em que menos esperais.
Aos olhos do observador atento e assíduo, os factos se somam e se corroboram uns aos outros, mas aquele que crê bastar virar uma manivela para mover a máquina, se engana extraordinariamente.
Seguramente, se se admite que o médium esteja em um estado magnético, me parece difícil crer-se que a mesa seja sonâmbula.
Diz-se, ainda, que os médiuns não falam claramente senão de coisas conhecidas.
Como explicar o facto seguinte e cem outros do mesmo gênero?
Um de meus amigos, muito bom médium escrevente, perguntou a um Espírito se uma pessoa, que ele havia perdido de vista há quinze anos, estava ainda neste mundo.
"Sim, ela vive ainda, respondeu-lhe;
ela mora em Paris, à rua tal, número tal."
Ele vai e encontra a pessoa no endereço indicado.
É isso ilusão?
Seu pensamento poderia tanto menos sugerir-lhe essa resposta pois, em razão da idade da pessoa, havia toda possibilidade de que ela não existisse mais.
Se, em certos casos, viram-se respostas concordarem com o pensamento, é racional concluir daí que isso seja uma lei geral?
Nisso, como em todas as coisas, os julgamentos precipitados são sempre perigosos, porque podem estar enfraquecidos pela não observação dos factos.
Os incrédulos não podem ver para se convencerem
Visitante – São os factos positivos que os incrédulos querem ver, que eles pedem e, na maioria das vezes, não se pode lhes fornecer.
Se todo mundo pudesse testemunhar esses factos, a dúvida não seria mais permitida. Como ocorre, pois, que tanta gente nada tenha podido ver, malgrado sua boa vontade?
Se os contesta dizendo faltar-lhes fé, a isso respondem, com razão, que não podem ter uma fé antecipada, e que se quer que eles creiam é preciso dar-lhes os meios de crerem.
A.K. – A razão é bem simples.
Eles querem os fatos sob seu comando e os Espíritos não obedecem a ele;
é preciso esperar sua boa vontade.
Não basta, pois, dizer:
mostre-me tal facto e eu crerei;
é preciso ter vontade e perseverança, deixar os factos se produzirem espontaneamente, sem pretender forçá-los ou dirigi-los.
Aquele que desejais, talvez seja precisamente o que não obtereis;
mas se apresentarão outros, e aquele que quereis virá no momento em que menos esperais.
Aos olhos do observador atento e assíduo, os factos se somam e se corroboram uns aos outros, mas aquele que crê bastar virar uma manivela para mover a máquina, se engana extraordinariamente.
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Re: O que é a Doutrina
Que faz o naturalista que quer estudar os costumes de um animal?
Leva-o a fazer tal ou tal coisa para ter todo o tempo de observação à sua vontade?
Não, porque sabe bem que não será obedecido;
ele espreita as manifestações espontâneas do seu instinto;
espera-as e as apreende quando ocorrem.
O simples bom-senso mostra que, por mais forte razão, deve ocorrer o mesmo com os Espíritos, que são inteligências com independência bem diversa da dos animais.
É um erro crer que a fé seja necessária;
mas a boa fé é outra coisa.
Ora, há cépticos que negam até a evidência, e que os prodígios não poderiam convencer.
Quantos há que, depois de terem visto, não persistem menos em explicar os factos à sua maneira, dizendo que isso não prova nada!
Essas pessoas não servem senão para levar a perturbação às reuniões, sem proveito para elas mesmas;
é por isso que as repelimos e não queremos perder tempo com elas.
Ocorre mesmo que ficariam bem irritadas de serem forçadas a crer, porque seu amor próprio sofreria em concordar que estavam enganadas.
Que responder a essas pessoas que não vêem por toda parte senão a ilusão e o charlatanismo?
Nada; é preciso deixá-las tranquilas e dizer, tanto como querem, que elas nada viram, e mesmo que não se pode ou não se quis fazê-las ver.
Ao lado desses cépticos endurecidos, há aqueles que querem ver à sua maneira;
que tendo formado uma opinião, querem com ela tudo relacionar:
eles não compreendem que os fenómenos não possam obedecer à sua vontade;
eles não sabem, ou não querem, se colocar nas condições necessárias.
Aquele que quer observar de boa-fé deve – não digo crer sob palavra, mas se despojar de toda ideia preconcebida – não querer comparar coisas incompatíveis.
Deve esperar, continuar, observar com uma paciência infatigável;
esta condição mesma está a favor dos adeptos, uma vez que ela prova que sua convicção não se formou levianamente.
Tendes essa paciência?
Não, dizeis, eu não tenho tempo. Então não vos ocupeis com os fenómenos, nem deles faleis;
ninguém a isso vos obriga.
Leva-o a fazer tal ou tal coisa para ter todo o tempo de observação à sua vontade?
Não, porque sabe bem que não será obedecido;
ele espreita as manifestações espontâneas do seu instinto;
espera-as e as apreende quando ocorrem.
O simples bom-senso mostra que, por mais forte razão, deve ocorrer o mesmo com os Espíritos, que são inteligências com independência bem diversa da dos animais.
É um erro crer que a fé seja necessária;
mas a boa fé é outra coisa.
Ora, há cépticos que negam até a evidência, e que os prodígios não poderiam convencer.
Quantos há que, depois de terem visto, não persistem menos em explicar os factos à sua maneira, dizendo que isso não prova nada!
Essas pessoas não servem senão para levar a perturbação às reuniões, sem proveito para elas mesmas;
é por isso que as repelimos e não queremos perder tempo com elas.
Ocorre mesmo que ficariam bem irritadas de serem forçadas a crer, porque seu amor próprio sofreria em concordar que estavam enganadas.
Que responder a essas pessoas que não vêem por toda parte senão a ilusão e o charlatanismo?
Nada; é preciso deixá-las tranquilas e dizer, tanto como querem, que elas nada viram, e mesmo que não se pode ou não se quis fazê-las ver.
Ao lado desses cépticos endurecidos, há aqueles que querem ver à sua maneira;
que tendo formado uma opinião, querem com ela tudo relacionar:
eles não compreendem que os fenómenos não possam obedecer à sua vontade;
eles não sabem, ou não querem, se colocar nas condições necessárias.
Aquele que quer observar de boa-fé deve – não digo crer sob palavra, mas se despojar de toda ideia preconcebida – não querer comparar coisas incompatíveis.
Deve esperar, continuar, observar com uma paciência infatigável;
esta condição mesma está a favor dos adeptos, uma vez que ela prova que sua convicção não se formou levianamente.
Tendes essa paciência?
Não, dizeis, eu não tenho tempo. Então não vos ocupeis com os fenómenos, nem deles faleis;
ninguém a isso vos obriga.
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Re: O que é a Doutrina
Boa ou má vontade dos Espíritos para convencerem
Visitante – Os Espíritos devem ter interesse em fazer prosélitos.
Por que não consentem, mais do que o fazem, nos meios para convencer certas pessoas, cuja opinião seria de uma grande influência?
A.K. – É que, aparentemente, no momento, eles não têm interesse em convencer certas pessoas, cuja importância não medem como elas mesmas o fazem.
É pouco lisonjeiro, eu convenho, mas nós não comandamos suas opiniões, pois os Espíritos têm um modo de julgar as coisas que não é sempre o nosso.
Eles vêem, pensam e agem segundo outros elementos;
enquanto nossa visão está circunscrita pela matéria, limitada pelo círculo estreito no meio do qual nos encontramos, eles abarcam o conjunto.
O tempo, que nos parece tão longo, para eles é um instante, assim como a distância, que não é senão um passo;
certos detalhes, que nos parecem de uma importância extrema, para eles são pueris;
em compensação, acham importantes, coisas das quais não compreendemos a importância.
Para compreendê-los, é preciso se elevar pelo pensamento acima do nosso horizonte material e moral, e nos colocar em sua posição;
não cabe a eles descerem até nós, mas cabe a nós nos elevarmos até eles, e é a isso que nos conduz o estudo e a observação.
Os Espíritos apreciam os observadores assíduos e conscienciosos, para os quais multiplicam as fontes de luz;
o que os afasta não é a dúvida que nasce da ignorância, mas a fatuidade desses pretensos observadores que, nada tendo observado, pretendem colocá-los na berlinda e manobrá-los como a marionetes;
é sobretudo o sentimento de hostilidade e de difamação que carregam consigo e que está em seu pensamento, se não está em suas palavras.
Para estes, os Espíritos nada fazem e se inquietam muito pouco com aquilo que eles possam falar ou pensar, porque sua vez chegará.
Por isso eu disse que o necessário não é a fé, mas a boa-fé.
Origem das ideias Espíritas modernas
Visitante – Uma coisa que eu desejaria saber, senhor, é o ponto de partida das ideias espíritas modernas;
elas são o resultado de uma revelação espontânea dos Espíritos ou o resultado de uma crença anterior à sua existência?
Compreendeis a importância da minha pergunta, porque, neste último caso, poder-se-ia crer que a imaginação não pode ser posta de lado.
A.K. – Esta questão, senhor, como o dissestes, é importante nesse ponto de vista, embora seja difícil admitir-se, supondo-se que essas ideias tenham nascido de uma crença antecipada, que a imaginação tenha podido produzir todos os resultados materiais observados.
Visitante – Os Espíritos devem ter interesse em fazer prosélitos.
Por que não consentem, mais do que o fazem, nos meios para convencer certas pessoas, cuja opinião seria de uma grande influência?
A.K. – É que, aparentemente, no momento, eles não têm interesse em convencer certas pessoas, cuja importância não medem como elas mesmas o fazem.
É pouco lisonjeiro, eu convenho, mas nós não comandamos suas opiniões, pois os Espíritos têm um modo de julgar as coisas que não é sempre o nosso.
Eles vêem, pensam e agem segundo outros elementos;
enquanto nossa visão está circunscrita pela matéria, limitada pelo círculo estreito no meio do qual nos encontramos, eles abarcam o conjunto.
O tempo, que nos parece tão longo, para eles é um instante, assim como a distância, que não é senão um passo;
certos detalhes, que nos parecem de uma importância extrema, para eles são pueris;
em compensação, acham importantes, coisas das quais não compreendemos a importância.
Para compreendê-los, é preciso se elevar pelo pensamento acima do nosso horizonte material e moral, e nos colocar em sua posição;
não cabe a eles descerem até nós, mas cabe a nós nos elevarmos até eles, e é a isso que nos conduz o estudo e a observação.
Os Espíritos apreciam os observadores assíduos e conscienciosos, para os quais multiplicam as fontes de luz;
o que os afasta não é a dúvida que nasce da ignorância, mas a fatuidade desses pretensos observadores que, nada tendo observado, pretendem colocá-los na berlinda e manobrá-los como a marionetes;
é sobretudo o sentimento de hostilidade e de difamação que carregam consigo e que está em seu pensamento, se não está em suas palavras.
Para estes, os Espíritos nada fazem e se inquietam muito pouco com aquilo que eles possam falar ou pensar, porque sua vez chegará.
Por isso eu disse que o necessário não é a fé, mas a boa-fé.
Origem das ideias Espíritas modernas
Visitante – Uma coisa que eu desejaria saber, senhor, é o ponto de partida das ideias espíritas modernas;
elas são o resultado de uma revelação espontânea dos Espíritos ou o resultado de uma crença anterior à sua existência?
Compreendeis a importância da minha pergunta, porque, neste último caso, poder-se-ia crer que a imaginação não pode ser posta de lado.
A.K. – Esta questão, senhor, como o dissestes, é importante nesse ponto de vista, embora seja difícil admitir-se, supondo-se que essas ideias tenham nascido de uma crença antecipada, que a imaginação tenha podido produzir todos os resultados materiais observados.
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Re: O que é a Doutrina
Com efeito, se o Espiritismo estivesse baseado sobre o pensamento preconcebido da existência dos Espíritos, poder-se-ia, com alguma aparência de razão, duvidar da sua realidade, porque se a causa é uma quimera, as próprias consequências devem ser quiméricas.
Mas as coisas não se passam assim.
Anotai primeiro que essa sequência seria completamente ilógica.
Os Espíritos são causa e não efeito;
quando se vê um efeito, pode-se procurar a sua causa, mas não é natural imaginar uma causa antes de ter visto os efeitos.
Não se poderia, pois, conceber o pensamento dos Espíritos se não estivessem presentes os efeitos que encontrassem sua explicação provável na existência de seres invisíveis.
Pois bem, não foi assim que esse pensamento surgiu, quer dizer, não foi uma hipótese imaginada para explicar certos fenómenos;
a primeira suposição que se fez deles foi de uma causa inteiramente material.
Assim, longe de os Espíritos terem sido uma ideia preconcebida, partiu-se do ponto de vista materialista, o qual sendo incapaz de tudo explicar, a própria observação conduziu à causa espiritual.
Eu falo das ideias espíritas modernas, uma vez que nós sabemos ser essa crença tão velha quanto o mundo.
Eis aqui a sequência das coisas.
Fenómenos espontâneos se produziram, tais os ruídos estranhos, pancadas, movimento de objectos, etc., sem causa ostensiva conhecida, e esses fenómenos puderam ser reproduzidos sob a influência de certas pessoas.
Até aí nada autorizava a procurar a causa além da ação de um fluido magnético ou outro cujas propriedades eram ainda desconhecidas.
Mas não se tardou em reconhecer, nesses ruídos e nesses movimentos, um carácter intencional e inteligente, do que se concluiu, como já disse, que:
se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente tem uma causa inteligente.
Essa inteligência não poderia estar no próprio objecto, porque a matéria não é inteligente.
Era o reflexo da inteligência da pessoa ou das pessoas presentes?
Assim se pensou primeiro, como eu disse igualmente.
Só a experiência poderia se pronunciar, e a experiência demonstrou, por provas irrecusáveis, em muitas circunstâncias, a completa independência dessa inteligência.
Ela estava, pois, fora do objecto e fora da pessoa.
Quem era ela?
Foi ela mesma quem respondeu, declarando pertencer à ordem de seres incorpóreos, designados sob o nome de Espíritos.
A ideia dos Espíritos, pois, não preexistiu nem foi mesmo consecutiva;
em uma palavra, ela não saiu do cérebro, mas foi dada pelos próprios Espíritos, e tudo o que soubemos depois a seu respeito, foram eles que nos ensinaram.
Mas as coisas não se passam assim.
Anotai primeiro que essa sequência seria completamente ilógica.
Os Espíritos são causa e não efeito;
quando se vê um efeito, pode-se procurar a sua causa, mas não é natural imaginar uma causa antes de ter visto os efeitos.
Não se poderia, pois, conceber o pensamento dos Espíritos se não estivessem presentes os efeitos que encontrassem sua explicação provável na existência de seres invisíveis.
Pois bem, não foi assim que esse pensamento surgiu, quer dizer, não foi uma hipótese imaginada para explicar certos fenómenos;
a primeira suposição que se fez deles foi de uma causa inteiramente material.
Assim, longe de os Espíritos terem sido uma ideia preconcebida, partiu-se do ponto de vista materialista, o qual sendo incapaz de tudo explicar, a própria observação conduziu à causa espiritual.
Eu falo das ideias espíritas modernas, uma vez que nós sabemos ser essa crença tão velha quanto o mundo.
Eis aqui a sequência das coisas.
Fenómenos espontâneos se produziram, tais os ruídos estranhos, pancadas, movimento de objectos, etc., sem causa ostensiva conhecida, e esses fenómenos puderam ser reproduzidos sob a influência de certas pessoas.
Até aí nada autorizava a procurar a causa além da ação de um fluido magnético ou outro cujas propriedades eram ainda desconhecidas.
Mas não se tardou em reconhecer, nesses ruídos e nesses movimentos, um carácter intencional e inteligente, do que se concluiu, como já disse, que:
se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente tem uma causa inteligente.
Essa inteligência não poderia estar no próprio objecto, porque a matéria não é inteligente.
Era o reflexo da inteligência da pessoa ou das pessoas presentes?
Assim se pensou primeiro, como eu disse igualmente.
Só a experiência poderia se pronunciar, e a experiência demonstrou, por provas irrecusáveis, em muitas circunstâncias, a completa independência dessa inteligência.
Ela estava, pois, fora do objecto e fora da pessoa.
Quem era ela?
Foi ela mesma quem respondeu, declarando pertencer à ordem de seres incorpóreos, designados sob o nome de Espíritos.
A ideia dos Espíritos, pois, não preexistiu nem foi mesmo consecutiva;
em uma palavra, ela não saiu do cérebro, mas foi dada pelos próprios Espíritos, e tudo o que soubemos depois a seu respeito, foram eles que nos ensinaram.
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Re: O que é a Doutrina
Uma vez revelada a existência dos Espíritos e estabelecidos os meios de comunicação, pôde-se ter conversações seguidas e obter esclarecimentos sobre a natureza desses seres, as condições da sua existência, seu papel no mundo visível.
Se se pudesse interrogar assim os seres do mundo dos infinitamente pequenos, que coisas curiosas não se aprenderia sobre eles!
Supondo-se que, antes do descobrimento da América, existisse um fio eléctrico através do Atlântico, e que na sua extremidade europeia fossem notados sinais inteligentes, se poderia concluir que, na outra extremidade, havia seres inteligentes procurando se comunicar;
ter-se-ia podido questioná-los, e eles teriam respondido.
Adquirir-se-ia assim, a certeza da sua existência, o conhecimento dos seus costumes, dos seus hábitos, da sua maneira de ser, sem jamais tê-los visto.
Ocorre o mesmo nas relações com o mundo invisível;
as manifestações materiais foram como sinais, meios de advertências, que nos colocaram na trilha de comunicações mais regulares e mais continuadas.
E, coisa notável, à medida que os meios mais fáceis de comunicação estão à nossa disposição, os Espíritos abandonam os meios primitivos, insuficientes e incómodos, como o mudo que recupera a palavra renuncia à linguagem dos sinais.
Que eram os habitantes desse mundo?
Eram seres à parte, fora da Humanidade?
Eram bons ou maus?
Foi ainda a experiência que se encarregou de resolver essas questões.
Mas, até que numerosas observações deitaram luz sobre esse assunto, o campo das conjecturas e dos sistemas estava aberto, e Deus sabe quantas surgiram!
Alguns acreditaram serem os Espíritos superiores a tudo, outros não viam neles senão demónios.
Foi por suas palavras e seus actos que se pode julgá-los.
Suponhamos que entre os habitantes transatlânticos desconhecidos, dos quais falamos, uns tivessem dito coisas boas, enquanto outros fossem notados pelo cinismo de sua linguagem, ter-se-ia concluído que haveria bons e maus.
Foi a isso que se chegou com os Espíritos, reconhecendo-se entre eles todos os graus de bondade e de maldade, de ignorância e de saber.
Uma vez sabedores dos seus defeitos e qualidades, cabe à nossa prudência distinguir o bom do mau, o verdadeiro do falso em suas relações connosco, absolutamente como nós fazemos com respeito aos homens.
A observação não só nos esclareceu sobre as qualidades morais dos Espíritos, mas também sobre sua natureza e sobre o que poderíamos chamar seu estado fisiológico.
Soube-se, pelos próprios Espíritos, que uns são muito felizes e outros muito infelizes;
que eles não são seres à parte, de uma natureza excepcional, mas que são as almas daqueles que viveram sobre a Terra, onde deixaram seu envoltório corporal, que povoam os espaços, nos cercam e nos acotovelam sem cessar, e, entre eles, cada um pôde reconhecer, por sinais incontestáveis, seus parentes, seus amigos e aqueles que conheceu neste mundo.
Se se pudesse interrogar assim os seres do mundo dos infinitamente pequenos, que coisas curiosas não se aprenderia sobre eles!
Supondo-se que, antes do descobrimento da América, existisse um fio eléctrico através do Atlântico, e que na sua extremidade europeia fossem notados sinais inteligentes, se poderia concluir que, na outra extremidade, havia seres inteligentes procurando se comunicar;
ter-se-ia podido questioná-los, e eles teriam respondido.
Adquirir-se-ia assim, a certeza da sua existência, o conhecimento dos seus costumes, dos seus hábitos, da sua maneira de ser, sem jamais tê-los visto.
Ocorre o mesmo nas relações com o mundo invisível;
as manifestações materiais foram como sinais, meios de advertências, que nos colocaram na trilha de comunicações mais regulares e mais continuadas.
E, coisa notável, à medida que os meios mais fáceis de comunicação estão à nossa disposição, os Espíritos abandonam os meios primitivos, insuficientes e incómodos, como o mudo que recupera a palavra renuncia à linguagem dos sinais.
Que eram os habitantes desse mundo?
Eram seres à parte, fora da Humanidade?
Eram bons ou maus?
Foi ainda a experiência que se encarregou de resolver essas questões.
Mas, até que numerosas observações deitaram luz sobre esse assunto, o campo das conjecturas e dos sistemas estava aberto, e Deus sabe quantas surgiram!
Alguns acreditaram serem os Espíritos superiores a tudo, outros não viam neles senão demónios.
Foi por suas palavras e seus actos que se pode julgá-los.
Suponhamos que entre os habitantes transatlânticos desconhecidos, dos quais falamos, uns tivessem dito coisas boas, enquanto outros fossem notados pelo cinismo de sua linguagem, ter-se-ia concluído que haveria bons e maus.
Foi a isso que se chegou com os Espíritos, reconhecendo-se entre eles todos os graus de bondade e de maldade, de ignorância e de saber.
Uma vez sabedores dos seus defeitos e qualidades, cabe à nossa prudência distinguir o bom do mau, o verdadeiro do falso em suas relações connosco, absolutamente como nós fazemos com respeito aos homens.
A observação não só nos esclareceu sobre as qualidades morais dos Espíritos, mas também sobre sua natureza e sobre o que poderíamos chamar seu estado fisiológico.
Soube-se, pelos próprios Espíritos, que uns são muito felizes e outros muito infelizes;
que eles não são seres à parte, de uma natureza excepcional, mas que são as almas daqueles que viveram sobre a Terra, onde deixaram seu envoltório corporal, que povoam os espaços, nos cercam e nos acotovelam sem cessar, e, entre eles, cada um pôde reconhecer, por sinais incontestáveis, seus parentes, seus amigos e aqueles que conheceu neste mundo.
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Re: O que é a Doutrina
Pode-se segui-los em todas as fases de sua existência de além-túmulo, desde o instante em que deixaram seus corpos, e observar sua situação segundo o género de morte e a maneira pela qual viveram sobre a Terra.
Soube-se, enfim, que não são seres abstratos, imateriais, no sentido absoluto da palavra, eles têm um envoltório, ao qual demos o nome de perispírito, espécie de corpo fluídico, vaporoso, diáfano, invisível em seu estado normal, mas que, em certos casos, e por uma espécie de condensação ou de disposição molecular pode tornar-se momentaneamente visível e mesmo tangível e, desde então, foi explicado o fenómeno das aparições e dos toques sobre elas.
Esse envoltório existe durante a vida do corpo e é o laço entre o Espírito e a matéria;
na morte do corpo, a alma ou o Espírito, o que são a mesma coisa, não se despoja senão do envoltório grosseiro, conservando o segundo, como quando nós tiramos uma roupa de cima para conservar apenas a de baixo, como o germe de um fruto se despoja do envoltório cortical e não conserva senão o perisperma.
É esse envoltório semi-material do Espírito o agente dos diferentes fenómenos por meio do qual ele manifesta sua presença.
Tal é, em poucas palavras, senhor, a história do Espiritismo;
vedes e o reconhecereis ainda melhor, quando o tiverdes estudado a fundo, que tudo nele é o resultado da observação e não de um sistema preconcebido.
Os incrédulos não podem ver para se convencerem
Visitante – São os factos positivos que os incrédulos querem ver, que eles pedem e, na maioria das vezes, não se pode lhes fornecer.
Se todo mundo pudesse testemunhar esses factos, a dúvida não seria mais permitida.
Como ocorre, pois, que tanta gente nada tenha podido ver, malgrado sua boa vontade?
Se os contesta dizendo faltar-lhes fé, a isso respondem, com razão, que não podem ter uma fé antecipada, e que se quer que eles creiam é preciso dar-lhes os meios de crerem.
A.K. – A razão é bem simples.
Eles querem os factos sob seu comando e os Espíritos não obedecem a ele;
é preciso esperar sua boa vontade.
Não basta, pois, dizer:
mostre-me tal facto e eu crerei;
é preciso ter vontade e perseverança, deixar os factos se produzirem espontaneamente, sem pretender forçá-los ou dirigi-los.
Aquele que desejais, talvez seja precisamente o que não obtereis;
mas se apresentarão outros, e aquele que quereis virá no momento em que menos esperais.
Soube-se, enfim, que não são seres abstratos, imateriais, no sentido absoluto da palavra, eles têm um envoltório, ao qual demos o nome de perispírito, espécie de corpo fluídico, vaporoso, diáfano, invisível em seu estado normal, mas que, em certos casos, e por uma espécie de condensação ou de disposição molecular pode tornar-se momentaneamente visível e mesmo tangível e, desde então, foi explicado o fenómeno das aparições e dos toques sobre elas.
Esse envoltório existe durante a vida do corpo e é o laço entre o Espírito e a matéria;
na morte do corpo, a alma ou o Espírito, o que são a mesma coisa, não se despoja senão do envoltório grosseiro, conservando o segundo, como quando nós tiramos uma roupa de cima para conservar apenas a de baixo, como o germe de um fruto se despoja do envoltório cortical e não conserva senão o perisperma.
É esse envoltório semi-material do Espírito o agente dos diferentes fenómenos por meio do qual ele manifesta sua presença.
Tal é, em poucas palavras, senhor, a história do Espiritismo;
vedes e o reconhecereis ainda melhor, quando o tiverdes estudado a fundo, que tudo nele é o resultado da observação e não de um sistema preconcebido.
Os incrédulos não podem ver para se convencerem
Visitante – São os factos positivos que os incrédulos querem ver, que eles pedem e, na maioria das vezes, não se pode lhes fornecer.
Se todo mundo pudesse testemunhar esses factos, a dúvida não seria mais permitida.
Como ocorre, pois, que tanta gente nada tenha podido ver, malgrado sua boa vontade?
Se os contesta dizendo faltar-lhes fé, a isso respondem, com razão, que não podem ter uma fé antecipada, e que se quer que eles creiam é preciso dar-lhes os meios de crerem.
A.K. – A razão é bem simples.
Eles querem os factos sob seu comando e os Espíritos não obedecem a ele;
é preciso esperar sua boa vontade.
Não basta, pois, dizer:
mostre-me tal facto e eu crerei;
é preciso ter vontade e perseverança, deixar os factos se produzirem espontaneamente, sem pretender forçá-los ou dirigi-los.
Aquele que desejais, talvez seja precisamente o que não obtereis;
mas se apresentarão outros, e aquele que quereis virá no momento em que menos esperais.
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Re: O que é a Doutrina
Aos olhos do observador atento e assíduo, os factos se somam e se corroboram uns aos outros, mas aquele que crê bastar virar uma manivela para mover a máquina, se engana extraordinariamente.
Que faz o naturalista que quer estudar os costumes de um animal?
Leva-o a fazer tal ou tal coisa para ter todo o tempo de observação à sua vontade?
Não, porque sabe bem que não será obedecido;
ele espreita as manifestações espontâneas do seu instinto;
espera-as e as apreende quando ocorrem.
O simples bom-senso mostra que, por mais forte razão, deve ocorrer o mesmo com os Espíritos, que são inteligências com independência bem diversa da dos animais.
É um erro crer que a fé seja necessária;
mas a boa fé é outra coisa.
Ora, há cépticos que negam até a evidência, e que os prodígios não poderiam convencer.
Quantos há que, depois de terem visto, não persistem menos em explicar os factos à sua maneira, dizendo que isso não prova nada!
Essas pessoas não servem senão para levar a perturbação às reuniões, sem proveito para elas mesmas;
é por isso que as repelimos e não queremos perder tempo com elas.
Ocorre mesmo que ficariam bem irritadas de serem forçadas a crer, porque seu amor próprio sofreria em concordar que estavam enganadas.
Que responder a essas pessoas que não vêem por toda parte senão a ilusão e o charlatanismo?
Nada; é preciso deixá-las tranquilas e dizer, tanto como querem, que elas nada viram, e mesmo que não se pode ou não se quis fazê-las ver.
Ao lado desses cépticos endurecidos, há aqueles que querem ver à sua maneira;
que tendo formado uma opinião, querem com ela tudo relacionar:
eles não compreendem que os fenómenos não possam obedecer à sua vontade;
eles não sabem, ou não querem, se colocar nas condições necessárias.
Aquele que quer observar de boa-fé deve – não digo crer sob palavra, mas se despojar de toda ideia preconcebida – não querer comparar coisas incompatíveis.
Deve esperar, continuar, observar com uma paciência infatigável;
esta condição mesma está a favor dos adeptos, uma vez que ela prova que sua convicção não se formou levianamente.
Tendes essa paciência?
Não, dizeis, eu não tenho tempo.
Então não vos ocupeis com os fenómenos, nem deles faleis;
ninguém a isso vos obriga.
Que faz o naturalista que quer estudar os costumes de um animal?
Leva-o a fazer tal ou tal coisa para ter todo o tempo de observação à sua vontade?
Não, porque sabe bem que não será obedecido;
ele espreita as manifestações espontâneas do seu instinto;
espera-as e as apreende quando ocorrem.
O simples bom-senso mostra que, por mais forte razão, deve ocorrer o mesmo com os Espíritos, que são inteligências com independência bem diversa da dos animais.
É um erro crer que a fé seja necessária;
mas a boa fé é outra coisa.
Ora, há cépticos que negam até a evidência, e que os prodígios não poderiam convencer.
Quantos há que, depois de terem visto, não persistem menos em explicar os factos à sua maneira, dizendo que isso não prova nada!
Essas pessoas não servem senão para levar a perturbação às reuniões, sem proveito para elas mesmas;
é por isso que as repelimos e não queremos perder tempo com elas.
Ocorre mesmo que ficariam bem irritadas de serem forçadas a crer, porque seu amor próprio sofreria em concordar que estavam enganadas.
Que responder a essas pessoas que não vêem por toda parte senão a ilusão e o charlatanismo?
Nada; é preciso deixá-las tranquilas e dizer, tanto como querem, que elas nada viram, e mesmo que não se pode ou não se quis fazê-las ver.
Ao lado desses cépticos endurecidos, há aqueles que querem ver à sua maneira;
que tendo formado uma opinião, querem com ela tudo relacionar:
eles não compreendem que os fenómenos não possam obedecer à sua vontade;
eles não sabem, ou não querem, se colocar nas condições necessárias.
Aquele que quer observar de boa-fé deve – não digo crer sob palavra, mas se despojar de toda ideia preconcebida – não querer comparar coisas incompatíveis.
Deve esperar, continuar, observar com uma paciência infatigável;
esta condição mesma está a favor dos adeptos, uma vez que ela prova que sua convicção não se formou levianamente.
Tendes essa paciência?
Não, dizeis, eu não tenho tempo.
Então não vos ocupeis com os fenómenos, nem deles faleis;
ninguém a isso vos obriga.
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Re: O que é a Doutrina
Boa ou má vontade dos Espíritos para convencerem
Visitante – Os Espíritos devem ter interesse em fazer prosélitos.
Por que não consentem, mais do que o fazem, nos meios para convencer certas pessoas, cuja opinião seria de uma grande influência?
A.K. – É que, aparentemente, no momento, eles não têm interesse em convencer certas pessoas, cuja importância não medem como elas mesmas o fazem.
É pouco lisonjeiro, eu convenho, mas nós não comandamos suas opiniões, pois os Espíritos têm um modo de julgar as coisas que não é sempre o nosso.
Eles vêem, pensam e agem segundo outros elementos;
enquanto nossa visão está circunscrita pela matéria, limitada pelo círculo estreito no meio do qual nos encontramos, eles abarcam o conjunto.
O tempo, que nos parece tão longo, para eles é um instante, assim como a distância, que não é senão um passo;
certos detalhes, que nos parecem de uma importância extrema, para eles são pueris;
em compensação, acham importantes, coisas das quais não compreendemos a importância.
Para compreendê-los, é preciso se elevar pelo pensamento acima do nosso horizonte material e moral, e nos colocar em sua posição;
não cabe a eles descerem até nós, mas cabe a nós nos elevarmos até eles, e é a isso que nos conduz o estudo e a observação.
Os Espíritos apreciam os observadores assíduos e conscienciosos, para os quais multiplicam as fontes de luz;
o que os afasta não é a dúvida que nasce da ignorância, mas a fatuidade desses pretensos observadores que, nada tendo observado, pretendem colocá-los na berlinda e manobrá-los como a marionetes;
é sobretudo o sentimento de hostilidade e de difamação que carregam consigo e que está em seu pensamento, se não está em suas palavras.
Para estes, os Espíritos nada fazem e se inquietam muito pouco com aquilo que eles possam falar ou pensar, porque sua vez chegará.
Por isso eu disse que o necessário não é a fé, mas a boa-fé.
Origem das ideias Espíritas modernas
Visitante – Uma coisa que eu desejaria saber, senhor, é o ponto de partida das ideias espíritas modernas;
elas são o resultado de uma revelação espontânea dos Espíritos ou o resultado de uma crença anterior à sua existência?
Compreendeis a importância da minha pergunta, porque, neste último caso, poder-se-ia crer que a imaginação não pode ser posta de lado.
A.K. – Esta questão, senhor, como o dissestes, é importante nesse ponto de vista, embora seja difícil admitir-se, supondo-se que essas ideias tenham nascido de uma crença antecipada, que a imaginação tenha podido produzir todos os resultados materiais observados.
Visitante – Os Espíritos devem ter interesse em fazer prosélitos.
Por que não consentem, mais do que o fazem, nos meios para convencer certas pessoas, cuja opinião seria de uma grande influência?
A.K. – É que, aparentemente, no momento, eles não têm interesse em convencer certas pessoas, cuja importância não medem como elas mesmas o fazem.
É pouco lisonjeiro, eu convenho, mas nós não comandamos suas opiniões, pois os Espíritos têm um modo de julgar as coisas que não é sempre o nosso.
Eles vêem, pensam e agem segundo outros elementos;
enquanto nossa visão está circunscrita pela matéria, limitada pelo círculo estreito no meio do qual nos encontramos, eles abarcam o conjunto.
O tempo, que nos parece tão longo, para eles é um instante, assim como a distância, que não é senão um passo;
certos detalhes, que nos parecem de uma importância extrema, para eles são pueris;
em compensação, acham importantes, coisas das quais não compreendemos a importância.
Para compreendê-los, é preciso se elevar pelo pensamento acima do nosso horizonte material e moral, e nos colocar em sua posição;
não cabe a eles descerem até nós, mas cabe a nós nos elevarmos até eles, e é a isso que nos conduz o estudo e a observação.
Os Espíritos apreciam os observadores assíduos e conscienciosos, para os quais multiplicam as fontes de luz;
o que os afasta não é a dúvida que nasce da ignorância, mas a fatuidade desses pretensos observadores que, nada tendo observado, pretendem colocá-los na berlinda e manobrá-los como a marionetes;
é sobretudo o sentimento de hostilidade e de difamação que carregam consigo e que está em seu pensamento, se não está em suas palavras.
Para estes, os Espíritos nada fazem e se inquietam muito pouco com aquilo que eles possam falar ou pensar, porque sua vez chegará.
Por isso eu disse que o necessário não é a fé, mas a boa-fé.
Origem das ideias Espíritas modernas
Visitante – Uma coisa que eu desejaria saber, senhor, é o ponto de partida das ideias espíritas modernas;
elas são o resultado de uma revelação espontânea dos Espíritos ou o resultado de uma crença anterior à sua existência?
Compreendeis a importância da minha pergunta, porque, neste último caso, poder-se-ia crer que a imaginação não pode ser posta de lado.
A.K. – Esta questão, senhor, como o dissestes, é importante nesse ponto de vista, embora seja difícil admitir-se, supondo-se que essas ideias tenham nascido de uma crença antecipada, que a imaginação tenha podido produzir todos os resultados materiais observados.
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Re: O que é a Doutrina
Com efeito, se o Espiritismo estivesse baseado sobre o pensamento preconcebido da existência dos Espíritos, poder-se-ia, com alguma aparência de razão, duvidar da sua realidade, porque se a causa é uma quimera, as próprias consequências devem ser quiméricas.
Mas as coisas não se passam assim.
Anotai primeiro que essa sequência seria completamente ilógica.
Os Espíritos são causa e não efeito;
quando se vê um efeito, pode-se procurar a sua causa, mas não é natural imaginar uma causa antes de ter visto os efeitos.
Não se poderia, pois, conceber o pensamento dos Espíritos se não estivessem presentes os efeitos que encontrassem sua explicação provável na existência de seres invisíveis.
Pois bem, não foi assim que esse pensamento surgiu, quer dizer, não foi uma hipótese imaginada para explicar certos fenómenos;
a primeira suposição que se fez deles foi de uma causa inteiramente material.
Assim, longe de os Espíritos terem sido uma idéia preconcebida, partiu-se do ponto de vista materialista, o qual sendo incapaz de tudo explicar, a própria observação conduziu à causa espiritual.
Eu falo das ideias espíritas modernas, uma vez que nós sabemos ser essa crença tão velha quanto o mundo.
Eis aqui a sequência das coisas.
Fenómenos espontâneos se produziram, tais os ruídos estranhos, pancadas, movimento de objetos, etc., sem causa ostensiva conhecida, e esses fenómenos puderam ser reproduzidos sob a influência de certas pessoas.
Até aí nada autorizava a procurar a causa além da acção de um fluido magnético ou outro cujas propriedades eram ainda desconhecidas.
Mas não se tardou em reconhecer, nesses ruídos e nesses movimentos, um carácter intencional e inteligente, do que se concluiu, como já disse, que:
se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente tem uma causa inteligente.
Essa inteligência não poderia estar no próprio objecto, porque a matéria não é inteligente.
Era o reflexo da inteligência da pessoa ou das pessoas presentes?
Assim se pensou primeiro, como eu disse igualmente.
Só a experiência poderia se pronunciar, e a experiência demonstrou, por provas irrecusáveis, em muitas circunstâncias, a completa independência dessa inteligência.
Ela estava, pois, fora do objecto e fora da pessoa.
Quem era ela?
Foi ela mesma quem respondeu, declarando pertencer à ordem de seres incorpóreos, designados sob o nome de Espíritos.
A ideia dos Espíritos, pois, não preexistiu nem foi mesmo consecutiva;
em uma palavra, ela não saiu do cérebro, mas foi dada pelos próprios Espíritos, e tudo o que soubemos depois a seu respeito, foram eles que nos ensinaram.
Mas as coisas não se passam assim.
Anotai primeiro que essa sequência seria completamente ilógica.
Os Espíritos são causa e não efeito;
quando se vê um efeito, pode-se procurar a sua causa, mas não é natural imaginar uma causa antes de ter visto os efeitos.
Não se poderia, pois, conceber o pensamento dos Espíritos se não estivessem presentes os efeitos que encontrassem sua explicação provável na existência de seres invisíveis.
Pois bem, não foi assim que esse pensamento surgiu, quer dizer, não foi uma hipótese imaginada para explicar certos fenómenos;
a primeira suposição que se fez deles foi de uma causa inteiramente material.
Assim, longe de os Espíritos terem sido uma idéia preconcebida, partiu-se do ponto de vista materialista, o qual sendo incapaz de tudo explicar, a própria observação conduziu à causa espiritual.
Eu falo das ideias espíritas modernas, uma vez que nós sabemos ser essa crença tão velha quanto o mundo.
Eis aqui a sequência das coisas.
Fenómenos espontâneos se produziram, tais os ruídos estranhos, pancadas, movimento de objetos, etc., sem causa ostensiva conhecida, e esses fenómenos puderam ser reproduzidos sob a influência de certas pessoas.
Até aí nada autorizava a procurar a causa além da acção de um fluido magnético ou outro cujas propriedades eram ainda desconhecidas.
Mas não se tardou em reconhecer, nesses ruídos e nesses movimentos, um carácter intencional e inteligente, do que se concluiu, como já disse, que:
se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente tem uma causa inteligente.
Essa inteligência não poderia estar no próprio objecto, porque a matéria não é inteligente.
Era o reflexo da inteligência da pessoa ou das pessoas presentes?
Assim se pensou primeiro, como eu disse igualmente.
Só a experiência poderia se pronunciar, e a experiência demonstrou, por provas irrecusáveis, em muitas circunstâncias, a completa independência dessa inteligência.
Ela estava, pois, fora do objecto e fora da pessoa.
Quem era ela?
Foi ela mesma quem respondeu, declarando pertencer à ordem de seres incorpóreos, designados sob o nome de Espíritos.
A ideia dos Espíritos, pois, não preexistiu nem foi mesmo consecutiva;
em uma palavra, ela não saiu do cérebro, mas foi dada pelos próprios Espíritos, e tudo o que soubemos depois a seu respeito, foram eles que nos ensinaram.
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Re: O que é a Doutrina
Uma vez revelada a existência dos Espíritos e estabelecidos os meios de comunicação, pode-se ter conversações seguidas e obter esclarecimentos sobre a natureza desses seres, as condições da sua existência, seu papel no mundo visível.
Se se pudesse interrogar assim os seres do mundo dos infinitamente pequenos, que coisas curiosas não se aprenderia sobre eles!
Supondo-se que, antes do descobrimento da América, existisse um fio eléctrico através do Atlântico, e que na sua extremidade europeia fossem notados sinais inteligentes, se poderia concluir que, na outra extremidade, havia seres inteligentes procurando se comunicar;
ter-se-ia podido questioná-los, e eles teriam respondido.
Adquirir-se-ia assim, a certeza da sua existência, o conhecimento dos seus costumes, dos seus hábitos, da sua maneira de ser, sem jamais tê-los visto.
Ocorre o mesmo nas relações com o mundo invisível;
as manifestações materiais foram como sinais, meios de advertências, que nos colocaram na trilha de comunicações mais regulares e mais continuadas.
E, coisa notável, à medida que os meios mais fáceis de comunicação estão à nossa disposição, os Espíritos abandonam os meios primitivos, insuficientes e incômodos, como o mudo que recupera a palavra renuncia à linguagem dos sinais.
Que eram os habitantes desse mundo?
Eram seres à parte, fora da Humanidade?
Eram bons ou maus?
Foi ainda a experiência que se encarregou de resolver essas questões.
Mas, até que numerosas observações deitaram luz sobre esse assunto, o campo das conjecturas e dos sistemas estava aberto, e Deus sabe quantas surgiram!
Alguns acreditaram serem os Espíritos superiores a tudo, outros não viam neles senão demónios.
Foi por suas palavras e seus atos que se pode julgá-los.
Suponhamos que entre os habitantes transatlânticos desconhecidos, dos quais falamos, uns tivessem dito coisas boas, enquanto outros fossem notados pelo cinismo de sua linguagem, ter-se-ia concluído que haveria bons e maus.
Foi a isso que se chegou com os Espíritos, reconhecendo-se entre eles todos os graus de bondade e de maldade, de ignorância e de saber.
Uma vez sabedores dos seus defeitos e qualidades, cabe à nossa prudência distinguir o bom do mau, o verdadeiro do falso em suas relações connosco, absolutamente como nós fazemos com respeito aos homens.
A observação não só nos esclareceu sobre as qualidades morais dos Espíritos, mas também sobre sua natureza e sobre o que poderíamos chamar seu estado fisiológico.
Se se pudesse interrogar assim os seres do mundo dos infinitamente pequenos, que coisas curiosas não se aprenderia sobre eles!
Supondo-se que, antes do descobrimento da América, existisse um fio eléctrico através do Atlântico, e que na sua extremidade europeia fossem notados sinais inteligentes, se poderia concluir que, na outra extremidade, havia seres inteligentes procurando se comunicar;
ter-se-ia podido questioná-los, e eles teriam respondido.
Adquirir-se-ia assim, a certeza da sua existência, o conhecimento dos seus costumes, dos seus hábitos, da sua maneira de ser, sem jamais tê-los visto.
Ocorre o mesmo nas relações com o mundo invisível;
as manifestações materiais foram como sinais, meios de advertências, que nos colocaram na trilha de comunicações mais regulares e mais continuadas.
E, coisa notável, à medida que os meios mais fáceis de comunicação estão à nossa disposição, os Espíritos abandonam os meios primitivos, insuficientes e incômodos, como o mudo que recupera a palavra renuncia à linguagem dos sinais.
Que eram os habitantes desse mundo?
Eram seres à parte, fora da Humanidade?
Eram bons ou maus?
Foi ainda a experiência que se encarregou de resolver essas questões.
Mas, até que numerosas observações deitaram luz sobre esse assunto, o campo das conjecturas e dos sistemas estava aberto, e Deus sabe quantas surgiram!
Alguns acreditaram serem os Espíritos superiores a tudo, outros não viam neles senão demónios.
Foi por suas palavras e seus atos que se pode julgá-los.
Suponhamos que entre os habitantes transatlânticos desconhecidos, dos quais falamos, uns tivessem dito coisas boas, enquanto outros fossem notados pelo cinismo de sua linguagem, ter-se-ia concluído que haveria bons e maus.
Foi a isso que se chegou com os Espíritos, reconhecendo-se entre eles todos os graus de bondade e de maldade, de ignorância e de saber.
Uma vez sabedores dos seus defeitos e qualidades, cabe à nossa prudência distinguir o bom do mau, o verdadeiro do falso em suas relações connosco, absolutamente como nós fazemos com respeito aos homens.
A observação não só nos esclareceu sobre as qualidades morais dos Espíritos, mas também sobre sua natureza e sobre o que poderíamos chamar seu estado fisiológico.
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Re: O que é a Doutrina
Soube-se, pelos próprios Espíritos, que uns são muito felizes e outros muito infelizes;
que eles não são seres à parte, de uma natureza excepcional, mas que são as almas daqueles que viveram sobre a Terra, onde deixaram seu envoltório corporal, que povoam os espaços, nos cercam e nos acotovelam sem cessar, e, entre eles, cada um pôde reconhecer, por sinais incontestáveis, seus parentes, seus amigos e aqueles que conheceu neste mundo.
Pode-se segui-los em todas as fases de sua existência de além-túmulo, desde o instante em que deixaram seus corpos, e observar sua situação segundo o género de morte e a maneira pela qual viveram sobre a Terra.
Soube-se, enfim, que não são seres abstratos, imateriais, no sentido absoluto da palavra, eles têm um envoltório, ao qual demos o nome de perispírito, espécie de corpo fluídico, vaporoso, diáfano, invisível em seu estado normal, mas que, em certos casos, e por uma espécie de condensação ou de disposição molecular pode tornar-se momentaneamente visível e mesmo tangível e, desde então, foi explicado o fenómeno das aparições e dos toques sobre elas.
Esse envoltório existe durante a vida do corpo e é o laço entre o Espírito e a matéria;
na morte do corpo, a alma ou o Espírito, o que são a mesma coisa, não se despoja senão do envoltório grosseiro, conservando o segundo, como quando nós tiramos uma roupa de cima para conservar apenas a de baixo, como o germe de um fruto se despoja do envoltório cortical e não conserva senão o perisperma.
É esse envoltório semi-material do Espírito o agente dos diferentes fenómenos por meio do qual ele manifesta sua presença.
Tal é, em poucas palavras, senhor, a história do Espiritismo;
vedes e o reconhecereis ainda melhor, quando o tiverdes estudado a fundo, que tudo nele é o resultado da observação e não de um sistema preconcebido.
Meios de comunicação
Visitante – Falastes de meios de comunicação; poderíeis dar-me uma ideia deles, porque é difícil compreender como esses seres invisíveis podem conversar connosco?
A.K. – De bom grado;
todavia, o farei ligeiramente porque isso exigiria um desenvolvimento muito grande, que encontrareis notadamente em O Livro dos Médiuns.
Mas o pouco que vos direi bastará para vos colocar a par do mecanismo e servirá, sobretudo, para compreenderdes melhor algumas experiências às quais poderíeis assistir até vossa iniciação completa.
A existência desse envoltório semi-material, ou perispírito, é já uma chave que explica muitas coisas e mostra a possibilidade de certos fenómenos.
Quanto aos meios, eles são muito variados e dependem, seja da natureza mais ou menos depurada dos Espíritos, seja das disposições particulares às pessoas que lhes ser vem de intermediárias.
que eles não são seres à parte, de uma natureza excepcional, mas que são as almas daqueles que viveram sobre a Terra, onde deixaram seu envoltório corporal, que povoam os espaços, nos cercam e nos acotovelam sem cessar, e, entre eles, cada um pôde reconhecer, por sinais incontestáveis, seus parentes, seus amigos e aqueles que conheceu neste mundo.
Pode-se segui-los em todas as fases de sua existência de além-túmulo, desde o instante em que deixaram seus corpos, e observar sua situação segundo o género de morte e a maneira pela qual viveram sobre a Terra.
Soube-se, enfim, que não são seres abstratos, imateriais, no sentido absoluto da palavra, eles têm um envoltório, ao qual demos o nome de perispírito, espécie de corpo fluídico, vaporoso, diáfano, invisível em seu estado normal, mas que, em certos casos, e por uma espécie de condensação ou de disposição molecular pode tornar-se momentaneamente visível e mesmo tangível e, desde então, foi explicado o fenómeno das aparições e dos toques sobre elas.
Esse envoltório existe durante a vida do corpo e é o laço entre o Espírito e a matéria;
na morte do corpo, a alma ou o Espírito, o que são a mesma coisa, não se despoja senão do envoltório grosseiro, conservando o segundo, como quando nós tiramos uma roupa de cima para conservar apenas a de baixo, como o germe de um fruto se despoja do envoltório cortical e não conserva senão o perisperma.
É esse envoltório semi-material do Espírito o agente dos diferentes fenómenos por meio do qual ele manifesta sua presença.
Tal é, em poucas palavras, senhor, a história do Espiritismo;
vedes e o reconhecereis ainda melhor, quando o tiverdes estudado a fundo, que tudo nele é o resultado da observação e não de um sistema preconcebido.
Meios de comunicação
Visitante – Falastes de meios de comunicação; poderíeis dar-me uma ideia deles, porque é difícil compreender como esses seres invisíveis podem conversar connosco?
A.K. – De bom grado;
todavia, o farei ligeiramente porque isso exigiria um desenvolvimento muito grande, que encontrareis notadamente em O Livro dos Médiuns.
Mas o pouco que vos direi bastará para vos colocar a par do mecanismo e servirá, sobretudo, para compreenderdes melhor algumas experiências às quais poderíeis assistir até vossa iniciação completa.
A existência desse envoltório semi-material, ou perispírito, é já uma chave que explica muitas coisas e mostra a possibilidade de certos fenómenos.
Quanto aos meios, eles são muito variados e dependem, seja da natureza mais ou menos depurada dos Espíritos, seja das disposições particulares às pessoas que lhes ser vem de intermediárias.
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Re: O que é a Doutrina
O mais vulgar, aquele que se pode dizer universal, consiste na intuição, quer dizer, nas ideias e pensamentos que eles nos sugerem;
mas esse meio é muito pouco apreciável na generalidade dos casos.
Há outros mais materiais.
Certos Espíritos se comunicam por pancadas, respondendo por sim ou por não, ou designando as letras que devem formar as palavras.
As pancadas podem ser obtidas pelo movimento basculante de um objecto, uma mesa, por exemplo, que bate o pé.
Frequentemente, eles se fazem ouvir na própria substância dos corpos, sem movimento destes.
Esse modo primitivo é demorado e dificilmente se presta ao desenvolvimento de idéias de uma certa extensão.
A escrita a substituiu, obtendo-se esta de diferentes maneiras.
Primeiro serviu-se, e algumas vezes se usa ainda, de um objecto móvel, como uma pequena prancheta, uma cesta, uma caixa, à qual se adapta um lápis cuja ponta repousa sobre o papel.
A natureza e a substância do objecto são indiferentes.
O médium coloca as mãos sobre esse objecto, transmitindo-lhe a influência que recebe do Espírito, e o lápis traça os caracteres.
Mas esse objecto não é, propriamente falando, senão um apêndice da mão, uma espécie de porta-lápis.
Reconheceu-se depois a inutilidade desse intermediário, que é apenas uma complicação do processo, cujo único mérito é de constatar, de uma maneira material, a independência do médium, que pode escrever tomando ele próprio o lápis.
Os Espíritos se manifestam ainda, e podem transmitir seus pensamentos, por sons articulados que repercutem, seja no vago do ar, seja no ouvido, pela voz do médium, pela vista, por desenhos, pela música e por outros meios que um estudo completo faz conhecer.
Os médiuns têm, para esses diferentes meios, aptidões especiais que se prendem ao seu organismo.
Temos, assim, os médiuns de efeitos físicos, quer dizer, os que estão aptos a produzir fenómenos materiais como as pancadas, o movimento dos corpos, etc;
os médiuns audientes, falantes, videntes, desenhistas, musicistas, escreventes.
Esta última faculdade é a mais comum e se desenvolve pelo exercício;
é também a mais preciosa, pois é a que permite comunicações mais frequentes e mais rápidas.
O médium escrevente apresenta numerosas variedades, das quais duas muito distintas.
Para entendê-las é preciso inteirar-se da maneira pela qual se opera o fenómeno.
O Espírito, algumas vezes, age directamente sobre a mão do médium à qual imprime um impulso, independentemente da sua vontade, e sem que este tenha consciência do que escreve:
é o médium escrevente mecânico.
Outras vezes o Espírito age sobre o cérebro;
seu pensamento atravessa o do médium que, então, embora escrevendo de uma maneira involuntária, tem uma consciência mais ou menos nítida do que obtém;
é o médium intuitivo.
mas esse meio é muito pouco apreciável na generalidade dos casos.
Há outros mais materiais.
Certos Espíritos se comunicam por pancadas, respondendo por sim ou por não, ou designando as letras que devem formar as palavras.
As pancadas podem ser obtidas pelo movimento basculante de um objecto, uma mesa, por exemplo, que bate o pé.
Frequentemente, eles se fazem ouvir na própria substância dos corpos, sem movimento destes.
Esse modo primitivo é demorado e dificilmente se presta ao desenvolvimento de idéias de uma certa extensão.
A escrita a substituiu, obtendo-se esta de diferentes maneiras.
Primeiro serviu-se, e algumas vezes se usa ainda, de um objecto móvel, como uma pequena prancheta, uma cesta, uma caixa, à qual se adapta um lápis cuja ponta repousa sobre o papel.
A natureza e a substância do objecto são indiferentes.
O médium coloca as mãos sobre esse objecto, transmitindo-lhe a influência que recebe do Espírito, e o lápis traça os caracteres.
Mas esse objecto não é, propriamente falando, senão um apêndice da mão, uma espécie de porta-lápis.
Reconheceu-se depois a inutilidade desse intermediário, que é apenas uma complicação do processo, cujo único mérito é de constatar, de uma maneira material, a independência do médium, que pode escrever tomando ele próprio o lápis.
Os Espíritos se manifestam ainda, e podem transmitir seus pensamentos, por sons articulados que repercutem, seja no vago do ar, seja no ouvido, pela voz do médium, pela vista, por desenhos, pela música e por outros meios que um estudo completo faz conhecer.
Os médiuns têm, para esses diferentes meios, aptidões especiais que se prendem ao seu organismo.
Temos, assim, os médiuns de efeitos físicos, quer dizer, os que estão aptos a produzir fenómenos materiais como as pancadas, o movimento dos corpos, etc;
os médiuns audientes, falantes, videntes, desenhistas, musicistas, escreventes.
Esta última faculdade é a mais comum e se desenvolve pelo exercício;
é também a mais preciosa, pois é a que permite comunicações mais frequentes e mais rápidas.
O médium escrevente apresenta numerosas variedades, das quais duas muito distintas.
Para entendê-las é preciso inteirar-se da maneira pela qual se opera o fenómeno.
O Espírito, algumas vezes, age directamente sobre a mão do médium à qual imprime um impulso, independentemente da sua vontade, e sem que este tenha consciência do que escreve:
é o médium escrevente mecânico.
Outras vezes o Espírito age sobre o cérebro;
seu pensamento atravessa o do médium que, então, embora escrevendo de uma maneira involuntária, tem uma consciência mais ou menos nítida do que obtém;
é o médium intuitivo.
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Re: O que é a Doutrina
Seu papel é exactamente o de um intérprete que transmite um pensamento que não é o seu e que, todavia, deve compreender.
Ainda que, neste caso, o pensamento do Espírito e o do médium se confundam algumas vezes, a experiência ensina a distingui-los facilmente.
Obtêm-se, igualmente, boas comunicações por esses dois géneros de médiuns;
a vantagem dos que são mecânicos é, sobretudo, para as pessoas que ainda não estão convencidas.
De resto, a qualidade essencial de um médium está na natureza dos Espíritos que o assistem e nas comunicações que ele recebe, bem mais que nos meios de execução.
Visitante – O procedimento me parece dos mais simples. Ser-me-ia possível experimentá-lo eu mesmo?
A.K. - Perfeitamente;
eu digo mesmo que se estiverdes dotado da faculdade medianímica, esse seria o melhor meio de vos convencer, porque não poderíeis duvidar de vossa boa-fé.
Só que vos exorto vivamente a não tentar nenhum ensaio antes de ter estudado com atenção.
As comunicações de além-túmulo estão cercadas de mais dificuldades do que se pensa;
elas não estão isentas de inconvenientes, e mesmo de perigo, para aqueles a quem falta a experiência necessária.
Ocorre aqui como ao que quisesse fazer manipulações químicas sem saber química:
correria o risco de queimar os dedos.
Visitante – Há algum indício pelo qual se possa reconhecer essa aptidão?
A.K. – Até o presente não se conhece nenhum diagnóstico para a mediunidade;
todos os que se acreditou reconhecer, não têm nenhum valor.
Ensaiar é o único meio de saber se se é dotado.
De resto, os médiuns são muito numerosos e é muito raro que, quando não o sejamos, que não encontremos entre os membros da família e das pessoas que nos cercam.
O sexo, a idade e o temperamento são indiferentes;
são encontrados entre os homens e entre as mulheres, as crianças e os velhos, as pessoas que se portam bem e as que estão doentes.
Se a mediunidade se traduzisse por um sinal exterior qualquer, isso implicaria na permanência da faculdade, ao passo que ela é essencialmente móvel e fugidia.
Sua causa física está na assimilação, mais ou menos fácil, dos fluidos perispirituais do encarnado e do Espírito desencarnado.
Sua causa moral está na vontade do Espírito que se comunica quando isso lhe apraz, e não na nossa vontade, do que resulta, em primeiro lugar, que todos os Espíritos não podem se comunicar indiferentemente por todos os médiuns e, em segundo lugar, que todo médium pode perder ou ter suspensa sua faculdade no momento em que menos o espera.
Ainda que, neste caso, o pensamento do Espírito e o do médium se confundam algumas vezes, a experiência ensina a distingui-los facilmente.
Obtêm-se, igualmente, boas comunicações por esses dois géneros de médiuns;
a vantagem dos que são mecânicos é, sobretudo, para as pessoas que ainda não estão convencidas.
De resto, a qualidade essencial de um médium está na natureza dos Espíritos que o assistem e nas comunicações que ele recebe, bem mais que nos meios de execução.
Visitante – O procedimento me parece dos mais simples. Ser-me-ia possível experimentá-lo eu mesmo?
A.K. - Perfeitamente;
eu digo mesmo que se estiverdes dotado da faculdade medianímica, esse seria o melhor meio de vos convencer, porque não poderíeis duvidar de vossa boa-fé.
Só que vos exorto vivamente a não tentar nenhum ensaio antes de ter estudado com atenção.
As comunicações de além-túmulo estão cercadas de mais dificuldades do que se pensa;
elas não estão isentas de inconvenientes, e mesmo de perigo, para aqueles a quem falta a experiência necessária.
Ocorre aqui como ao que quisesse fazer manipulações químicas sem saber química:
correria o risco de queimar os dedos.
Visitante – Há algum indício pelo qual se possa reconhecer essa aptidão?
A.K. – Até o presente não se conhece nenhum diagnóstico para a mediunidade;
todos os que se acreditou reconhecer, não têm nenhum valor.
Ensaiar é o único meio de saber se se é dotado.
De resto, os médiuns são muito numerosos e é muito raro que, quando não o sejamos, que não encontremos entre os membros da família e das pessoas que nos cercam.
O sexo, a idade e o temperamento são indiferentes;
são encontrados entre os homens e entre as mulheres, as crianças e os velhos, as pessoas que se portam bem e as que estão doentes.
Se a mediunidade se traduzisse por um sinal exterior qualquer, isso implicaria na permanência da faculdade, ao passo que ela é essencialmente móvel e fugidia.
Sua causa física está na assimilação, mais ou menos fácil, dos fluidos perispirituais do encarnado e do Espírito desencarnado.
Sua causa moral está na vontade do Espírito que se comunica quando isso lhe apraz, e não na nossa vontade, do que resulta, em primeiro lugar, que todos os Espíritos não podem se comunicar indiferentemente por todos os médiuns e, em segundo lugar, que todo médium pode perder ou ter suspensa sua faculdade no momento em que menos o espera.
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Re: O que é a Doutrina
Essas poucas palavras bastam para vos mostrar que há todo um estudo a fazer para poder se inteirar das variações que esse fenómeno apresenta.
Seria, pois, um erro crer-se que todo Espírito pode atender ao apelo que lhe é feito e se comunicar pelo primeiro médium que encontra.
Para que um Espírito se comunique, é preciso primeiro que lhe convenha fazê-lo; em segundo lugar, que sua posição ou suas ocupações lhe permitam;
em terceiro lugar, que ele encontre no médium um instrumento propício, apropriado à sua natureza.
Em princípio, pode-se comunicar com os Espíritos de todas as ordens, com seus parentes e seus amigos, com os Espíritos mais elevados, como com os mais vulgares.
Mas, independentemente das condições individuais de possibilidade, eles vêm mais ou menos voluntariamente segundo as circunstâncias e, sobretudo, em razão de sua simpatia pelas pessoas que os chamam, e não pela requisição da primeira pessoa que tenha a fantasia de os evocar por um sentimento de curiosidade;
em caso semelhante eles não se importariam quando vivos e não o fazem mais depois da sua morte.
Os Espíritos sérios não vêm senão nas reuniões sérias, onde são chamados com recolhimento e por motivos sérios.
Eles não se prestam a nenhuma questão de curiosidade, de prova, ou tendo um objectivo fútil, nem a nenhuma experiência.
Os Espíritos levianos vão por toda parte;
mas nas reuniões sérias se calam e se afastam para escutar, como o faria um escolar em uma douta assembleia.
Nas reuniões frívolas eles se divertem, distraem-se com tudo e, frequentemente, zombam dos assistentes, e respondem a todos sem se inquietarem com a verdade.
Os Espíritos ditos batedores, e geralmente todos aqueles que produzem manifestações físicas, são de uma ordem inferior, sem, por isso, serem essencialmente maus;
eles têm uma aptidão de alguma sorte especial para os efeitos materiais.
Os Espíritos superiores não se ocupam mais dessas coisas que nossos sábios de fazerem exibição de força;
se disso têm necessidade, servem-se desses Espíritos de ordem inferior, como nós nos servimos de serviçais para o trabalho pesado.
Os médiuns interesseiros
Visitante – Antes de se entregarem a um estudo de fólego, certas pessoas gostariam de ter a certeza de não perderem seu tempo, certeza que lhes daria um fato concludente, mesmo obtido ao preço do dinheiro.
A.K. – Naquele que não quer se dar ao trabalho de estudar, há mais de curiosidade que desejo real de se instruir.
Ora, os Espíritos não gostam mais de curiosos que eu próprio.
Aliás, a cupidez lhes é, sobretudo, antipática, e eles não se prestam a nada que possa satisfazê-la.
Seria, pois, um erro crer-se que todo Espírito pode atender ao apelo que lhe é feito e se comunicar pelo primeiro médium que encontra.
Para que um Espírito se comunique, é preciso primeiro que lhe convenha fazê-lo; em segundo lugar, que sua posição ou suas ocupações lhe permitam;
em terceiro lugar, que ele encontre no médium um instrumento propício, apropriado à sua natureza.
Em princípio, pode-se comunicar com os Espíritos de todas as ordens, com seus parentes e seus amigos, com os Espíritos mais elevados, como com os mais vulgares.
Mas, independentemente das condições individuais de possibilidade, eles vêm mais ou menos voluntariamente segundo as circunstâncias e, sobretudo, em razão de sua simpatia pelas pessoas que os chamam, e não pela requisição da primeira pessoa que tenha a fantasia de os evocar por um sentimento de curiosidade;
em caso semelhante eles não se importariam quando vivos e não o fazem mais depois da sua morte.
Os Espíritos sérios não vêm senão nas reuniões sérias, onde são chamados com recolhimento e por motivos sérios.
Eles não se prestam a nenhuma questão de curiosidade, de prova, ou tendo um objectivo fútil, nem a nenhuma experiência.
Os Espíritos levianos vão por toda parte;
mas nas reuniões sérias se calam e se afastam para escutar, como o faria um escolar em uma douta assembleia.
Nas reuniões frívolas eles se divertem, distraem-se com tudo e, frequentemente, zombam dos assistentes, e respondem a todos sem se inquietarem com a verdade.
Os Espíritos ditos batedores, e geralmente todos aqueles que produzem manifestações físicas, são de uma ordem inferior, sem, por isso, serem essencialmente maus;
eles têm uma aptidão de alguma sorte especial para os efeitos materiais.
Os Espíritos superiores não se ocupam mais dessas coisas que nossos sábios de fazerem exibição de força;
se disso têm necessidade, servem-se desses Espíritos de ordem inferior, como nós nos servimos de serviçais para o trabalho pesado.
Os médiuns interesseiros
Visitante – Antes de se entregarem a um estudo de fólego, certas pessoas gostariam de ter a certeza de não perderem seu tempo, certeza que lhes daria um fato concludente, mesmo obtido ao preço do dinheiro.
A.K. – Naquele que não quer se dar ao trabalho de estudar, há mais de curiosidade que desejo real de se instruir.
Ora, os Espíritos não gostam mais de curiosos que eu próprio.
Aliás, a cupidez lhes é, sobretudo, antipática, e eles não se prestam a nada que possa satisfazê-la.
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Re: O que é a Doutrina
Seria preciso ter deles uma ideia bem errada para crer que os Espíritos superiores, como Fénelon, Bossuet, Pascal, Santo Agostinho, por exemplo, se colocassem às ordens do primeiro que os solicitasse, a tanto por hora.
Não, senhor, as comunicações de além-túmulo são uma coisa muito grave, e exigem muito respeito, para servirem de exibição.
Aliás, sabemos que os fenómenos espíritas não se desenrolam como as engrenagens de um mecanismo, uma vez que dependem da vontade dos Espíritos.
Mesmo admitindo-se a aptidão medianímica, ninguém pode responsabilizar-se de os obter em tal momento dado.
Se os incrédulos são levados a suspeitarem da boa-fé dos médiuns em geral, seria bem pior se estes tivessem um estimulante interesse;
poder-se-ia suspeitar, com todo direito, que o médium retribuiria com simulação, porque ele precisaria, antes de tudo, ganhar seu dinheiro.
Não somente o desinteresse absoluto é a melhor garantia de sinceridade, como repugnaria à razão evocar a peso de ouro os Espíritos de pessoas que nos são caras, supondo que eles a isso consentissem, o que é mais que duvidoso.
Não haveria, em todos os casos, senão Espíritos inferiores, pouco escrupulosos quanto aos meios, e que não mereceriam nenhuma confiança.
Estes mesmos, ainda, frequentemente, agem com um prazer maldoso, frustrando as combinações e os cálculos dos seus evocadores.
A natureza da faculdade mediúnica se opõe, pois, a que ela se torne uma profissão, uma vez que depende de uma vontade estranha ao médium, e ela poderia faltar-lhe no momento que dela tivesse necessidade, a menos que ele a supra pela agilidade.
Mas, em se admitindo mesmo uma inteira boa-fé, desde que os fenómenos não se obtém à vontade, seria um efeito do acaso se, na sessão que se tivesse pago, se produzisse precisamente aquilo que se desejaria para se convencer.
Daríeis cem mil francos a um médium e não o faríeis obter dos Espíritos o que estes não quisessem fazer.
Essa paga, que desnaturaria a intenção e a transformaria em um violento desejo de lucro, seria mesmo, ao contrário, um motivo para que ele não tivesse sucesso.
Se se está bem compenetrado dessa verdade, que a afeição e a simpatia são as mais poderosas motivações de atracção dos Espíritos, compreender-se-ia que eles não podem ser solicitados com o pensamento de os usarem para ganhar dinheiro.
Aquele, pois, que tem necessidade de factos para se convencer, deve provar aos Espíritos sua boa vontade por uma observação séria e paciente, se quer por eles ser secundado.
Mas, se é verdadeiro que a fé não se impõe, não o é menos dizer-se que ela não se compra.
Não, senhor, as comunicações de além-túmulo são uma coisa muito grave, e exigem muito respeito, para servirem de exibição.
Aliás, sabemos que os fenómenos espíritas não se desenrolam como as engrenagens de um mecanismo, uma vez que dependem da vontade dos Espíritos.
Mesmo admitindo-se a aptidão medianímica, ninguém pode responsabilizar-se de os obter em tal momento dado.
Se os incrédulos são levados a suspeitarem da boa-fé dos médiuns em geral, seria bem pior se estes tivessem um estimulante interesse;
poder-se-ia suspeitar, com todo direito, que o médium retribuiria com simulação, porque ele precisaria, antes de tudo, ganhar seu dinheiro.
Não somente o desinteresse absoluto é a melhor garantia de sinceridade, como repugnaria à razão evocar a peso de ouro os Espíritos de pessoas que nos são caras, supondo que eles a isso consentissem, o que é mais que duvidoso.
Não haveria, em todos os casos, senão Espíritos inferiores, pouco escrupulosos quanto aos meios, e que não mereceriam nenhuma confiança.
Estes mesmos, ainda, frequentemente, agem com um prazer maldoso, frustrando as combinações e os cálculos dos seus evocadores.
A natureza da faculdade mediúnica se opõe, pois, a que ela se torne uma profissão, uma vez que depende de uma vontade estranha ao médium, e ela poderia faltar-lhe no momento que dela tivesse necessidade, a menos que ele a supra pela agilidade.
Mas, em se admitindo mesmo uma inteira boa-fé, desde que os fenómenos não se obtém à vontade, seria um efeito do acaso se, na sessão que se tivesse pago, se produzisse precisamente aquilo que se desejaria para se convencer.
Daríeis cem mil francos a um médium e não o faríeis obter dos Espíritos o que estes não quisessem fazer.
Essa paga, que desnaturaria a intenção e a transformaria em um violento desejo de lucro, seria mesmo, ao contrário, um motivo para que ele não tivesse sucesso.
Se se está bem compenetrado dessa verdade, que a afeição e a simpatia são as mais poderosas motivações de atracção dos Espíritos, compreender-se-ia que eles não podem ser solicitados com o pensamento de os usarem para ganhar dinheiro.
Aquele, pois, que tem necessidade de factos para se convencer, deve provar aos Espíritos sua boa vontade por uma observação séria e paciente, se quer por eles ser secundado.
Mas, se é verdadeiro que a fé não se impõe, não o é menos dizer-se que ela não se compra.
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Re: O que é a Doutrina
Visitante – Eu compreendo esse raciocínio sob o ponto de vista moral;
entretanto, não é justo que aquele que dá seu tempo no interesse de seu ideal, dele seja indenizado, se isso o impede de trabalhar para viver?
A.K. – Em primeiro lugar, é no interesse da causa que ele o faz ou é no seu próprio interesse?
Se mudou sua posição, é que não estava satisfeito e que esperava ganhar mais ou ter menos trabalho nesse novo ofício.
Não há nenhum devotamento em dar seu tempo quando é para dele tirar proveito.
É como se se dissesse que o padeiro fabrica o pão no interesse da Humanidade.
A mediunidade não é o único recurso;
sem ela eles seriam obrigados a ganharem a vida de outra maneira.
Os médiuns verdadeiramente sérios e devotados, quando não têm uma existência independente, procuram os meios de vida em seu trabalho normal, e não mudam sua posição.
Eles não consagram à mediunidade senão o tempo que podem dar-lhe sem prejuízo e se o tomam do seu lazer ou do seu repouso, espontaneamente, então são devotados e se os estima e respeita mais por isso.
A multiplicidade de médiuns nas famílias, aliás, torna os médiuns profissionais inúteis, mesmo supondo-se que eles oferecem todas as garantias desejáveis, o que é muito raro.
Sem o descrédito que se atribui a esse género de exploração, do qual me felicito de ter contribuído grandemente, ver-se-ia pulularem os médiuns mercenários e os jornais se cobrirem dos seus anúncios.
Ora, para um que tivesse podido ser leal, haveria cem charlatães que, abusando de uma faculdade real ou simulada, teriam feito o maior mal ao Espiritismo.
É, pois, como princípio que todos aqueles que vêem no Espiritismo alguma coisa além de exibição de fenómenos curiosos, que compreendem e estimam a dignidade, a consideração e os verdadeiros interesses da doutrina, reprovam toda espécie de especulação, sob qualquer forma ou disfarce que ela se apresente.
Os médiuns sérios e sinceros, e eu dou esse nome àqueles que compreendem a santidade do mandato que Deus lhes confiou, evitam até na aparência o que poderia fazer pairar sobre eles a menor suspeita de cupidez.
A acusação de tirar um proveito qualquer de sua faculdade, seria para eles uma injúria.
Concordai, senhor, inteiramente incrédulo que sois, que um médium nessas condições faria sobre vós uma outra impressão se tivésseis pago vosso lugar para vê-lo operar, ou mesmo que tivésseis obtido uma entrada de favor, se sabíeis que havia em tudo isso uma questão de dinheiro.
entretanto, não é justo que aquele que dá seu tempo no interesse de seu ideal, dele seja indenizado, se isso o impede de trabalhar para viver?
A.K. – Em primeiro lugar, é no interesse da causa que ele o faz ou é no seu próprio interesse?
Se mudou sua posição, é que não estava satisfeito e que esperava ganhar mais ou ter menos trabalho nesse novo ofício.
Não há nenhum devotamento em dar seu tempo quando é para dele tirar proveito.
É como se se dissesse que o padeiro fabrica o pão no interesse da Humanidade.
A mediunidade não é o único recurso;
sem ela eles seriam obrigados a ganharem a vida de outra maneira.
Os médiuns verdadeiramente sérios e devotados, quando não têm uma existência independente, procuram os meios de vida em seu trabalho normal, e não mudam sua posição.
Eles não consagram à mediunidade senão o tempo que podem dar-lhe sem prejuízo e se o tomam do seu lazer ou do seu repouso, espontaneamente, então são devotados e se os estima e respeita mais por isso.
A multiplicidade de médiuns nas famílias, aliás, torna os médiuns profissionais inúteis, mesmo supondo-se que eles oferecem todas as garantias desejáveis, o que é muito raro.
Sem o descrédito que se atribui a esse género de exploração, do qual me felicito de ter contribuído grandemente, ver-se-ia pulularem os médiuns mercenários e os jornais se cobrirem dos seus anúncios.
Ora, para um que tivesse podido ser leal, haveria cem charlatães que, abusando de uma faculdade real ou simulada, teriam feito o maior mal ao Espiritismo.
É, pois, como princípio que todos aqueles que vêem no Espiritismo alguma coisa além de exibição de fenómenos curiosos, que compreendem e estimam a dignidade, a consideração e os verdadeiros interesses da doutrina, reprovam toda espécie de especulação, sob qualquer forma ou disfarce que ela se apresente.
Os médiuns sérios e sinceros, e eu dou esse nome àqueles que compreendem a santidade do mandato que Deus lhes confiou, evitam até na aparência o que poderia fazer pairar sobre eles a menor suspeita de cupidez.
A acusação de tirar um proveito qualquer de sua faculdade, seria para eles uma injúria.
Concordai, senhor, inteiramente incrédulo que sois, que um médium nessas condições faria sobre vós uma outra impressão se tivésseis pago vosso lugar para vê-lo operar, ou mesmo que tivésseis obtido uma entrada de favor, se sabíeis que havia em tudo isso uma questão de dinheiro.
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Re: O que é a Doutrina
Concordai que, vendo o médium animado de um verdadeiro sentimento religioso, estimulado só pela fé e não pelo desejo de ganho, involuntariamente ele se imporia ao vosso respeito, fosse ele o mais humilde proletário, e vos inspiraria mais confiança, porque não teríeis nenhum motivo para suspeitar de sua lealdade.
Pois bem, senhor, encontrareis nestas condições mil por um, e é isso uma das causas que contribuíram poderosamente para o crédito e a propagação da doutrina, enquanto que se ela não tivesse tido senão intérpretes interesseiros, ela não contaria hoje a quarta parte dos adeptos que tem.
Compreende-se muito bem que os médiuns profissionais são raríssimos, pelo menos na França;
que são desconhecidos na maioria dos centros espíritas do país, onde a reputação dos mercenários bastaria para os excluir de todos os grupos sérios, e onde, para eles, o ofício não seria lucrativo, em razão do descrédito de que seriam objecto e da concorrência de médiuns desinteressados que se encontram por toda parte.
Para suprir, seja a faculdade que lhe falta, seja a insuficiência da clientela, há supostos médiuns que usam o jogo de cartas, a clara de ovo, a borra de café, etc., a fim de satisfazer todos os gostos, esperando por esses meios, na falta dos Espíritos, atrair aqueles que ainda crêem nessas tolices.
Se eles não fizessem mal senão a si mesmos, o mal seria insignificante;
contudo, há pessoas que, sem ir mais longe, confundem o abuso com a realidade e depois os mal intencionados delas se aproveitam para dizer que nisso consiste o Espiritismo.
Vede, pois, senhor, que a exploração da mediunidade conduzindo aos abusos prejudiciais à doutrina, o Espiritismo sério tem razão de a condenar e de a repudiar como auxiliar.
Visitante – Tudo isso é muito lógico, eu convenho, mas os médiuns desinteressados não estão à disposição dos que os buscam, e não é justo desviá-los do seu trabalho, enquanto que não se teria escrúpulos de procurar aqueles que se fazem pagar, porque se sabe não fazê-los perder seu tempo.
Se houvesse médiuns públicos, seria mais fácil para as pessoas que querem se convencer.
A.K. – Mas se os médiuns públicos, como os chamais, não oferecem as garantias desejadas, que utilidade podem ter para a convicção?
O inconveniente que assinalais não destrói aqueles bem mais graves a que me referi.
Ir-se-ia até eles mais por divertimento ou para tirar a sorte, que para se instruir.
Aquele que quer, seriamente, se convencer encontra, cedo ou tarde, os meios para isso, se tem perseverança e boa vontade.
Mas não é porque assistiu a uma sessão que se convencerá, se para isso não está preparado.
Se ela lhe dá uma impressão desfavorável, ficará pior que antes e talvez desanimado de continuar um estudo no qual nada viu de sério;
isso é o que prova a experiência.
Pois bem, senhor, encontrareis nestas condições mil por um, e é isso uma das causas que contribuíram poderosamente para o crédito e a propagação da doutrina, enquanto que se ela não tivesse tido senão intérpretes interesseiros, ela não contaria hoje a quarta parte dos adeptos que tem.
Compreende-se muito bem que os médiuns profissionais são raríssimos, pelo menos na França;
que são desconhecidos na maioria dos centros espíritas do país, onde a reputação dos mercenários bastaria para os excluir de todos os grupos sérios, e onde, para eles, o ofício não seria lucrativo, em razão do descrédito de que seriam objecto e da concorrência de médiuns desinteressados que se encontram por toda parte.
Para suprir, seja a faculdade que lhe falta, seja a insuficiência da clientela, há supostos médiuns que usam o jogo de cartas, a clara de ovo, a borra de café, etc., a fim de satisfazer todos os gostos, esperando por esses meios, na falta dos Espíritos, atrair aqueles que ainda crêem nessas tolices.
Se eles não fizessem mal senão a si mesmos, o mal seria insignificante;
contudo, há pessoas que, sem ir mais longe, confundem o abuso com a realidade e depois os mal intencionados delas se aproveitam para dizer que nisso consiste o Espiritismo.
Vede, pois, senhor, que a exploração da mediunidade conduzindo aos abusos prejudiciais à doutrina, o Espiritismo sério tem razão de a condenar e de a repudiar como auxiliar.
Visitante – Tudo isso é muito lógico, eu convenho, mas os médiuns desinteressados não estão à disposição dos que os buscam, e não é justo desviá-los do seu trabalho, enquanto que não se teria escrúpulos de procurar aqueles que se fazem pagar, porque se sabe não fazê-los perder seu tempo.
Se houvesse médiuns públicos, seria mais fácil para as pessoas que querem se convencer.
A.K. – Mas se os médiuns públicos, como os chamais, não oferecem as garantias desejadas, que utilidade podem ter para a convicção?
O inconveniente que assinalais não destrói aqueles bem mais graves a que me referi.
Ir-se-ia até eles mais por divertimento ou para tirar a sorte, que para se instruir.
Aquele que quer, seriamente, se convencer encontra, cedo ou tarde, os meios para isso, se tem perseverança e boa vontade.
Mas não é porque assistiu a uma sessão que se convencerá, se para isso não está preparado.
Se ela lhe dá uma impressão desfavorável, ficará pior que antes e talvez desanimado de continuar um estudo no qual nada viu de sério;
isso é o que prova a experiência.
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Re: O que é a Doutrina
Mas ao lado das considerações morais, os progressos da ciência espírita nos mostram hoje uma dificuldade material, que não supusemos no início, fazendo-nos conhecer melhor as condições sob as quais se produzem as manifestações.
Essa dificuldade diz respeito às afinidades fluídicas que devem existir entre o Espírito evocado e o médium.
Coloco de lado todo pensamento de fraude e de mistificação e suponho a mais completa lealdade.
Para que um médium profissional pudesse oferecer toda segurança às pessoas que viessem a consultá-lo, seria preciso que ele possuísse uma faculdade permanente e universal, quer dizer, que pudesse se comunicar facilmente com todos os Espíritos e a qualquer momento, para estar constantemente à disposição do público, como um médico, e satisfazer a todas as evocações que lhe fossem pedidas.
Ora, isso não ocorre com nenhum médium, não mais nos desinteressados que nos outros, e isso por causas independentes da vontade do Espírito, mas que não posso desenvolver aqui porque não vos estou dando um curso de Espiritismo.
Eu me limitarei a dizer que as afinidades fluídicas, que são o próprio princípio das faculdades mediúnicas, são individuais e não gerais, e que podem existir do médium para tal Espírito e não a tal outro;
que sem essas afinidades, cujas nuances são muito diversificadas, as comunicações são incompletas, falsas ou impossíveis;
que, o mais frequentemente, a assimilação fluídica entre o Espírito e o médium não se estabelece senão com o tempo, é que não ocorre, uma vez em dez, que ela seja completa desde a primeira vez.
Como vedes, senhor, a mediunidade está subordinada a leis, de alguma sorte orgânicas, às quais todo médium está sujeito.
Ora, não se pode negar que isso não seja um escolho para a mediunidade profissional, uma vez que a possibilidade e a exactidão das comunicações prendem-se a causas independentes do médium e do Espírito
(ver adiante cap. II, parágrafo Dos Médiuns).
Se, pois, repelimos a exploração da mediunidade, não é nem por capricho nem por espírito de sistema, mas porque os próprios princípios que regem as comunicações com o mundo invisível se opõem à regularidade e à precisão necessárias para aquele que se coloca à disposição do público, e que o desejo de satisfazer a uma clientela pagante conduz ao abuso.
Disso não concluo que todos os médiuns interesseiros são charlatães, mas digo que o interesse de ganho conduz ao charlatanismo e autoriza a suposição de fraude se não a justifica.
Aquele que quer se convencer deve, antes de tudo, procurar os elementos de sinceridade.
Essa dificuldade diz respeito às afinidades fluídicas que devem existir entre o Espírito evocado e o médium.
Coloco de lado todo pensamento de fraude e de mistificação e suponho a mais completa lealdade.
Para que um médium profissional pudesse oferecer toda segurança às pessoas que viessem a consultá-lo, seria preciso que ele possuísse uma faculdade permanente e universal, quer dizer, que pudesse se comunicar facilmente com todos os Espíritos e a qualquer momento, para estar constantemente à disposição do público, como um médico, e satisfazer a todas as evocações que lhe fossem pedidas.
Ora, isso não ocorre com nenhum médium, não mais nos desinteressados que nos outros, e isso por causas independentes da vontade do Espírito, mas que não posso desenvolver aqui porque não vos estou dando um curso de Espiritismo.
Eu me limitarei a dizer que as afinidades fluídicas, que são o próprio princípio das faculdades mediúnicas, são individuais e não gerais, e que podem existir do médium para tal Espírito e não a tal outro;
que sem essas afinidades, cujas nuances são muito diversificadas, as comunicações são incompletas, falsas ou impossíveis;
que, o mais frequentemente, a assimilação fluídica entre o Espírito e o médium não se estabelece senão com o tempo, é que não ocorre, uma vez em dez, que ela seja completa desde a primeira vez.
Como vedes, senhor, a mediunidade está subordinada a leis, de alguma sorte orgânicas, às quais todo médium está sujeito.
Ora, não se pode negar que isso não seja um escolho para a mediunidade profissional, uma vez que a possibilidade e a exactidão das comunicações prendem-se a causas independentes do médium e do Espírito
(ver adiante cap. II, parágrafo Dos Médiuns).
Se, pois, repelimos a exploração da mediunidade, não é nem por capricho nem por espírito de sistema, mas porque os próprios princípios que regem as comunicações com o mundo invisível se opõem à regularidade e à precisão necessárias para aquele que se coloca à disposição do público, e que o desejo de satisfazer a uma clientela pagante conduz ao abuso.
Disso não concluo que todos os médiuns interesseiros são charlatães, mas digo que o interesse de ganho conduz ao charlatanismo e autoriza a suposição de fraude se não a justifica.
Aquele que quer se convencer deve, antes de tudo, procurar os elementos de sinceridade.
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Re: O que é a Doutrina
Os médiuns e os feiticeiros
Visitante – Desde o instante em que a mediunidade consiste em se colocar em comunicação com as forças ocultas, parece-me que médiuns e feiticeiros são mais ou menos sinónimos.
A.K. – Houve em todas as épocas médiuns naturais e inconscientes que, só porque produziam fenómenos insólitos e incompreendidos, foram qualificados de feiticeiros e acusados de pactuarem com o diabo.
Ocorreu o mesmo com a maioria dos sábios que possuíam conhecimentos acima do vulgar.
A ignorância exagerou seu poder e, eles mesmos, frequentemente, abusaram da credulidade pública, explorando-a;
daí a justa reprovação de que foram objecto.
Basta comparar o poder atribuído aos feiticeiros e a faculdade dos verdadeiros médiuns, para estabelecer-lhes a diferença, mas a maioria dos críticos não se dão a esse trabalho.
O Espiritismo, longe de ressuscitar a feitiçaria, a destruiu para sempre, despojando-a do seu pretenso poder sobrenatural, de suas fórmulas, de seus livros de magia, amuletos e talismãs, reduzindo os fenómenos possíveis ao seu justo valor, sem sair das leis naturais.
A semelhança que certas pessoas pretendem estabelecer, provém do erro em que se encontram, de que os Espíritos estão às ordens dos médiuns;
repugna à sua razão crer que possa depender de alguém, fazer vir à sua vontade e chamado, o Espírito de tal ou tal personagem mais ou menos ilustre;
nisso estão perfeitamente com a verdade, e se, antes de atirar pedra ao Espiritismo, tivessem se dado ao trabalho de dele se inteirar, saberiam que ele diz positivamente que os Espíritos não estão ao capricho de ninguém, e que ninguém pode, à vontade, fazê-los vir a contragosto;
do que se segue que os médiuns não são feiticeiros.
Visitante – Desse modo, todos os efeitos que certos médiuns acreditados obtém, à vontade e em público, não seriam, segundo vós, senão hipocrisia?
A.K. – Eu não o digo de um modo absoluto.
Tais fenómenos não são impossíveis porque há Espíritos inferiores que podem se prestar a essas espécies de coisas, e que nelas se divertem, talvez tendo já feito, em suas vidas, o trabalho dos prestidigitadores, e também médiuns especialmente propensos a esse género de manifestações.
Mas, o mais vulgar bom senso repele a ideia de que os Espíritos, embora pouco elevados, venham fazer exibições para divertir os curiosos.
A obtenção desses fenómenos à vontade e, sobretudo, em público, é sempre suspeita;
nesse caso, a mediunidade e a prestidigitação se tocam tão de perto que, frequentemente, é bem difícil distingui-las.
Antes de ver nisso a acção dos Espíritos, é preciso minuciosas observações, e levar em conta seja o carácter e os antecedentes do médium, seja de uma multidão de circunstâncias, que só um estudo aprofundado da teoria dos fenómenos espíritas pode levar a apreciar.
Visitante – Desde o instante em que a mediunidade consiste em se colocar em comunicação com as forças ocultas, parece-me que médiuns e feiticeiros são mais ou menos sinónimos.
A.K. – Houve em todas as épocas médiuns naturais e inconscientes que, só porque produziam fenómenos insólitos e incompreendidos, foram qualificados de feiticeiros e acusados de pactuarem com o diabo.
Ocorreu o mesmo com a maioria dos sábios que possuíam conhecimentos acima do vulgar.
A ignorância exagerou seu poder e, eles mesmos, frequentemente, abusaram da credulidade pública, explorando-a;
daí a justa reprovação de que foram objecto.
Basta comparar o poder atribuído aos feiticeiros e a faculdade dos verdadeiros médiuns, para estabelecer-lhes a diferença, mas a maioria dos críticos não se dão a esse trabalho.
O Espiritismo, longe de ressuscitar a feitiçaria, a destruiu para sempre, despojando-a do seu pretenso poder sobrenatural, de suas fórmulas, de seus livros de magia, amuletos e talismãs, reduzindo os fenómenos possíveis ao seu justo valor, sem sair das leis naturais.
A semelhança que certas pessoas pretendem estabelecer, provém do erro em que se encontram, de que os Espíritos estão às ordens dos médiuns;
repugna à sua razão crer que possa depender de alguém, fazer vir à sua vontade e chamado, o Espírito de tal ou tal personagem mais ou menos ilustre;
nisso estão perfeitamente com a verdade, e se, antes de atirar pedra ao Espiritismo, tivessem se dado ao trabalho de dele se inteirar, saberiam que ele diz positivamente que os Espíritos não estão ao capricho de ninguém, e que ninguém pode, à vontade, fazê-los vir a contragosto;
do que se segue que os médiuns não são feiticeiros.
Visitante – Desse modo, todos os efeitos que certos médiuns acreditados obtém, à vontade e em público, não seriam, segundo vós, senão hipocrisia?
A.K. – Eu não o digo de um modo absoluto.
Tais fenómenos não são impossíveis porque há Espíritos inferiores que podem se prestar a essas espécies de coisas, e que nelas se divertem, talvez tendo já feito, em suas vidas, o trabalho dos prestidigitadores, e também médiuns especialmente propensos a esse género de manifestações.
Mas, o mais vulgar bom senso repele a ideia de que os Espíritos, embora pouco elevados, venham fazer exibições para divertir os curiosos.
A obtenção desses fenómenos à vontade e, sobretudo, em público, é sempre suspeita;
nesse caso, a mediunidade e a prestidigitação se tocam tão de perto que, frequentemente, é bem difícil distingui-las.
Antes de ver nisso a acção dos Espíritos, é preciso minuciosas observações, e levar em conta seja o carácter e os antecedentes do médium, seja de uma multidão de circunstâncias, que só um estudo aprofundado da teoria dos fenómenos espíritas pode levar a apreciar.
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Re: O que é a Doutrina
Anote-se que esse género de mediunidade, quando mediunidade há, é limitado à produção do mesmo fenómeno, com algumas variantes, o que não é de natureza a dissipar as dúvidas.
Um desinteresse absoluto seria aí a melhor garantia de sinceridade.
Qualquer que seja a realidade desses fenómenos, como efeitos medianímicos, eles têm como bom resultado dar notoriedade à ideia espírita.
A controvérsia que se estabelece a esse propósito provoca, em muitas, pessoas, um estudo mais aprofundado.
Não é certo que é necessário ir buscar aí instruções sérias de Espiritismo, nem a filosofia da doutrina, mas é um meio de forçar a atenção dos indiferentes e obrigar os mais recalcitrantes a falarem deles.
Diversidade nos Espíritos
Visitante – Falais de Espíritos bons ou maus, sérios ou levianos;
eu não me explico, confesso, essa diferença.
Parece-me que, deixando seu envoltório corporal, eles devem se despojar das imperfeições inerentes à matéria;
que a luz deve se fazer para eles sobre todas as verdades que nos são ocultas e que eles devem estar isentos dos preconceitos terrestres.
A.K. – Sem dúvida, eles estão livres das imperfeições físicas, quer dizer, das doenças e enfermidades do corpo;
mas as imperfeições morais são do Espírito e não do corpo.
Entre eles há os que estão mais ou menos avançados intelectual e moralmente.
Seria um erro crer-se que os Espíritos, deixando seu corpo material, são subitamente atingidos pela luz da verdade.
Credes, por exemplo, que quando morrerdes não haverá nenhuma diferença entre vosso Espírito e o de um selvagem ou o de um malfeitor?
Se fora assim, de que vos serviria ter trabalhado pela vossa instrução e aprimoramento, uma vez que um vadio seria tanto quanto vós depois da morte?
O progresso dos Espíritos não se realiza senão gradualmente e, algumas vezes, bem lentamente.
Entre eles, e isso depende da sua depuração, há os que vêem as coisas sob um ponto de vista mais justo que em sua vida física;
outros, ao contrário, têm as mesmas paixões, os mesmos preconceitos e os mesmos erros, até que o tempo e novas provas lhes tenham permitido se esclarecerem.
Notai bem que isto é um resultado da experiência, porque é assim que eles se apresentam a nós em suas comunicações.
É, pois, um princípio elementar do Espiritismo que, entre os Espíritos, há os de todos os graus de inteligência e de moralidade.
Um desinteresse absoluto seria aí a melhor garantia de sinceridade.
Qualquer que seja a realidade desses fenómenos, como efeitos medianímicos, eles têm como bom resultado dar notoriedade à ideia espírita.
A controvérsia que se estabelece a esse propósito provoca, em muitas, pessoas, um estudo mais aprofundado.
Não é certo que é necessário ir buscar aí instruções sérias de Espiritismo, nem a filosofia da doutrina, mas é um meio de forçar a atenção dos indiferentes e obrigar os mais recalcitrantes a falarem deles.
Diversidade nos Espíritos
Visitante – Falais de Espíritos bons ou maus, sérios ou levianos;
eu não me explico, confesso, essa diferença.
Parece-me que, deixando seu envoltório corporal, eles devem se despojar das imperfeições inerentes à matéria;
que a luz deve se fazer para eles sobre todas as verdades que nos são ocultas e que eles devem estar isentos dos preconceitos terrestres.
A.K. – Sem dúvida, eles estão livres das imperfeições físicas, quer dizer, das doenças e enfermidades do corpo;
mas as imperfeições morais são do Espírito e não do corpo.
Entre eles há os que estão mais ou menos avançados intelectual e moralmente.
Seria um erro crer-se que os Espíritos, deixando seu corpo material, são subitamente atingidos pela luz da verdade.
Credes, por exemplo, que quando morrerdes não haverá nenhuma diferença entre vosso Espírito e o de um selvagem ou o de um malfeitor?
Se fora assim, de que vos serviria ter trabalhado pela vossa instrução e aprimoramento, uma vez que um vadio seria tanto quanto vós depois da morte?
O progresso dos Espíritos não se realiza senão gradualmente e, algumas vezes, bem lentamente.
Entre eles, e isso depende da sua depuração, há os que vêem as coisas sob um ponto de vista mais justo que em sua vida física;
outros, ao contrário, têm as mesmas paixões, os mesmos preconceitos e os mesmos erros, até que o tempo e novas provas lhes tenham permitido se esclarecerem.
Notai bem que isto é um resultado da experiência, porque é assim que eles se apresentam a nós em suas comunicações.
É, pois, um princípio elementar do Espiritismo que, entre os Espíritos, há os de todos os graus de inteligência e de moralidade.
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Re: O que é a Doutrina
Visitante – Mas, então, por que os Espíritos não são todos perfeitos?
Deus, pois, os criou de todas as categorias.
A.K. – Igualmente gostaria de perguntar por que todos os alunos de um colégio não estão em filosofia.
Os Espíritos têm, todos, a mesma origem e a mesma destinação.
As diferenças que existem entre eles não constituem espécie distinta, mas diversos graus de adiantamento.
Os Espíritos não são perfeitos porque são as almas dos homens e os homens não são perfeitos;
pela mesma razão os homens não são perfeitos porque são a encarnação de Espíritos mais ou menos avançados.
O mundo corporal e o mundo espiritual se derramam incessantemente um sobre o outro;
pela morte do corpo, o mundo corporal fornece seu contingente ao mundo espiritual e, pelo nascimento, o mundo espiritual alimenta a Humanidade.
A cada nova existência, o Espírito realiza um progresso mais ou menos grande, e quando adquire sobre a Terra a soma de conhecimentos e elevação moral que comporta nosso globo, ele o troca para passar a um mundo mais elevado, onde aprende coisas novas.
Os Espíritos que formam a população invisível da Terra são, de alguma sorte, o reflexo do mundo corporal;
encontram-se aí os mesmos vícios e as mesmas virtudes.
Há entre eles sábios, ignorantes e falsos sábios, prudentes e estouvados, filósofos, raciocinadores e sistemáticos.
Não se tendo desfeito de todos os seus preconceitos, todas as opiniões políticas e religiosas têm aí seus representantes.
Cada um fala segundo as suas ideias e o que dizem, frequentemente, não é senão sua opinião pessoal.
Eis porque não é preciso acreditar cegamente em tudo o que dizem os Espíritos.
Visitante – Se assim é, eu percebo uma grande dificuldade. Nesse conflito de opiniões diversas, como distinguir o erro da verdade? Eu não vejo que os Espíritos nos sirvam para grande coisa e tenhamos a ganhar com sua conversação.
A.K. – Não servissem os Espíritos senão para nos ensinar que há Espíritos e que esses Espíritos são as almas dos homens, não seriam de uma grande importância para todos aqueles que duvidam que têm uma alma e que não sabem em que se tornarão depois da morte?
Como todas as ciências filosóficas, esta exige longos estudos e minuciosas observações;
é então que se aprende a distinguir a verdade da impostura, e os meios de afastar os Espíritos mentirosos.
Acima dessa turba de Espíritos inferiores, há os Espíritos superiores que não têm em vista senão o bem e que têm por missão conduzir os homens ao bom caminho.
Deus, pois, os criou de todas as categorias.
A.K. – Igualmente gostaria de perguntar por que todos os alunos de um colégio não estão em filosofia.
Os Espíritos têm, todos, a mesma origem e a mesma destinação.
As diferenças que existem entre eles não constituem espécie distinta, mas diversos graus de adiantamento.
Os Espíritos não são perfeitos porque são as almas dos homens e os homens não são perfeitos;
pela mesma razão os homens não são perfeitos porque são a encarnação de Espíritos mais ou menos avançados.
O mundo corporal e o mundo espiritual se derramam incessantemente um sobre o outro;
pela morte do corpo, o mundo corporal fornece seu contingente ao mundo espiritual e, pelo nascimento, o mundo espiritual alimenta a Humanidade.
A cada nova existência, o Espírito realiza um progresso mais ou menos grande, e quando adquire sobre a Terra a soma de conhecimentos e elevação moral que comporta nosso globo, ele o troca para passar a um mundo mais elevado, onde aprende coisas novas.
Os Espíritos que formam a população invisível da Terra são, de alguma sorte, o reflexo do mundo corporal;
encontram-se aí os mesmos vícios e as mesmas virtudes.
Há entre eles sábios, ignorantes e falsos sábios, prudentes e estouvados, filósofos, raciocinadores e sistemáticos.
Não se tendo desfeito de todos os seus preconceitos, todas as opiniões políticas e religiosas têm aí seus representantes.
Cada um fala segundo as suas ideias e o que dizem, frequentemente, não é senão sua opinião pessoal.
Eis porque não é preciso acreditar cegamente em tudo o que dizem os Espíritos.
Visitante – Se assim é, eu percebo uma grande dificuldade. Nesse conflito de opiniões diversas, como distinguir o erro da verdade? Eu não vejo que os Espíritos nos sirvam para grande coisa e tenhamos a ganhar com sua conversação.
A.K. – Não servissem os Espíritos senão para nos ensinar que há Espíritos e que esses Espíritos são as almas dos homens, não seriam de uma grande importância para todos aqueles que duvidam que têm uma alma e que não sabem em que se tornarão depois da morte?
Como todas as ciências filosóficas, esta exige longos estudos e minuciosas observações;
é então que se aprende a distinguir a verdade da impostura, e os meios de afastar os Espíritos mentirosos.
Acima dessa turba de Espíritos inferiores, há os Espíritos superiores que não têm em vista senão o bem e que têm por missão conduzir os homens ao bom caminho.
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Re: O que é a Doutrina
Cabe a nós saber apreciá-los e compreendê-los.
Estes nos ensinam grandes coisas, mas, não credes que o estudo dos outros seja inútil;
para conhecer um povo é preciso examiná-lo sob todas as suas faces.
Disso vós mesmos sois a prova;
pensáveis que bastaria aos Espíritos deixarem seu envoltório corporal para se despojarem de suas imperfeições.
Ora, foram as comunicações com eles que nos ensinaram o contrário, e nos fizeram conhecer o verdadeiro estado do mundo espiritual, que nos interessa a todos no mais alto grau, uma vez que para lá devemos ir.
Quanto aos erros que podem nascer da divergência de opinião entre os Espíritos, por si mesmos desaparecem, à medida que se aprende a distinguir os bons dos maus, os sábios dos ignorantes, os sinceros dos hipócritas, da mesma forma como entre nós;
então o bom senso faz justiça às falsas doutrinas.
Visitante – Minha observação subsiste sempre no ponto de vista das questões científicas e outras a que se pode submeter os Espíritos.
A divergência de suas opiniões sobre as teorias que dividem os sábios, nos deixam na incerteza.
Eu compreendo que, não tendo todos o mesmo grau de instrução, não podem tudo saber.
Então, qual o peso que pode ter para nós a opinião daqueles que sabem, se não podemos verificar se têm, ou não têm, razão?
Tem igual valor dirigir-se aos homens ou aos Espíritos.
A.K. – Essa reflexão é ainda uma consequência da ignorância do verdadeiro carácter do Espiritismo.
Aquele que crê nele encontrar um meio fácil de tudo saber, de tudo descobrir, incorre em um grande erro.
Os Espíritos não estão encarregados de nos trazerem a ciência pronta.
Seria, com efeito, muito cómodo se nos bastasse perguntar para sermos esclarecidos, poupando-nos assim o trabalho de pesquisa.
Deus quer que trabalhemos, que nosso pensamento se exercite, e será a esse preço que adquiriremos a ciência.
Os Espíritos não vêm nos livrar dessa necessidade;
eles são o que são e o Espiritismo tem por objecto estudá-los, a fim de saber, por analogia, o que seremos um dia e não de nos fazer conhecer o que nos deve estar oculto, ou nos revelar as coisas antes do tempo.
Os Espíritos já não podem ser tidos como ledores de sorte, e quem quer que se iluda de obter deles certos segredos, que se prepare para estranhas decepções por parte dos Espíritos zombeteiros.
Em uma palavra, o Espiritismo é uma ciência de observação e não uma ciência de adivinhação ou de especulação.
Estudamo-lo para conhecer o estado das individualidades do mundo invisível, as relações que existem entre elas e nós, sua acção oculta sobre o mundo visível, e não pela utilidade material que dele possamos tirar.
Estes nos ensinam grandes coisas, mas, não credes que o estudo dos outros seja inútil;
para conhecer um povo é preciso examiná-lo sob todas as suas faces.
Disso vós mesmos sois a prova;
pensáveis que bastaria aos Espíritos deixarem seu envoltório corporal para se despojarem de suas imperfeições.
Ora, foram as comunicações com eles que nos ensinaram o contrário, e nos fizeram conhecer o verdadeiro estado do mundo espiritual, que nos interessa a todos no mais alto grau, uma vez que para lá devemos ir.
Quanto aos erros que podem nascer da divergência de opinião entre os Espíritos, por si mesmos desaparecem, à medida que se aprende a distinguir os bons dos maus, os sábios dos ignorantes, os sinceros dos hipócritas, da mesma forma como entre nós;
então o bom senso faz justiça às falsas doutrinas.
Visitante – Minha observação subsiste sempre no ponto de vista das questões científicas e outras a que se pode submeter os Espíritos.
A divergência de suas opiniões sobre as teorias que dividem os sábios, nos deixam na incerteza.
Eu compreendo que, não tendo todos o mesmo grau de instrução, não podem tudo saber.
Então, qual o peso que pode ter para nós a opinião daqueles que sabem, se não podemos verificar se têm, ou não têm, razão?
Tem igual valor dirigir-se aos homens ou aos Espíritos.
A.K. – Essa reflexão é ainda uma consequência da ignorância do verdadeiro carácter do Espiritismo.
Aquele que crê nele encontrar um meio fácil de tudo saber, de tudo descobrir, incorre em um grande erro.
Os Espíritos não estão encarregados de nos trazerem a ciência pronta.
Seria, com efeito, muito cómodo se nos bastasse perguntar para sermos esclarecidos, poupando-nos assim o trabalho de pesquisa.
Deus quer que trabalhemos, que nosso pensamento se exercite, e será a esse preço que adquiriremos a ciência.
Os Espíritos não vêm nos livrar dessa necessidade;
eles são o que são e o Espiritismo tem por objecto estudá-los, a fim de saber, por analogia, o que seremos um dia e não de nos fazer conhecer o que nos deve estar oculto, ou nos revelar as coisas antes do tempo.
Os Espíritos já não podem ser tidos como ledores de sorte, e quem quer que se iluda de obter deles certos segredos, que se prepare para estranhas decepções por parte dos Espíritos zombeteiros.
Em uma palavra, o Espiritismo é uma ciência de observação e não uma ciência de adivinhação ou de especulação.
Estudamo-lo para conhecer o estado das individualidades do mundo invisível, as relações que existem entre elas e nós, sua acção oculta sobre o mundo visível, e não pela utilidade material que dele possamos tirar.
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Re: O que é a Doutrina
Sob esse ponto de vista, não há nenhum Espírito cujo estudo nos seja inútil, pois aprendemos alguma coisa com todos eles;
suas imperfeições, seus defeitos, sua incapacidade, e mesmo sua ignorância, são igualmente objetos de observação que nos iniciam no estudo da natureza íntima desse mundo.
Quando não são eles que nos instruem pelos seus ensinamentos, somos nós que nos instruímos estudando-os, como o fazemos quando estudamos os costumes de um povo que desconhecemos.
Quanto aos Espíritos esclarecidos, eles nos ensinam muito, mas no limites das coisas possíveis, não precisando perguntar-lhes o que eles não podem, ou não devem, nos revelar.
É preciso contentar-se com aquilo que nos dizem, pois, ir além é expor-se às mistificações dos Espíritos levianos, sempre prontos para responderem a tudo.
A experiência nos ensina a discernir o grau de confiança que lhes podemos dar.
Utilidade prática das manifestações
Visitante – Partindo da suposição de que a coisa seja constatada e o Espiritismo reconhecido como realidade, que utilidade prática isso pode ter?
Se, até o presente, se passou sem ele, parece-me que se poderia, ainda, passar sem ele e viver mais tranquilamente.
A.K. – O mesmo se poderia dizer das estradas de ferro e do vapor, sem as quais viveu-se muito bem.
Se entendeis por utilidade prática, os meios de viver bem, de fazer fortuna, de conhecer o futuro, de descobrir minas de carvão ou tesouros ocultos, de recuperar heranças, de se poupar do trabalho das pesquisas, ele não serve para nada;
ele não pode fazer subir nem abaixar a cotação da Bolsa, nem ser transformado em acções, nem mesmo fornecer invenções prontas, aptas a serem exploradas.
Sob esse ponto de vista, quantas ciências seriam inúteis!
Quantas há que não trazem vantagem, comercialmente falando!
Os homens se portavam muito bem antes da descoberta de todos os novos planetas, antes que se soubesse que é a Terra que gira e não o Sol, antes que fossem calculados os eclipses, antes que se conhecesse o mundo miscroscópico e uma centena de outras coisas.
O camponês, para viver e produzir seu trigo, não tinha necessidade de saber o que é um cometa.
Por que, pois, os sábios se entregam a essas pesquisas, e quem ousaria dizer que perdem seu tempo?
Tudo o que serve para erguer um canto do véu, ajuda o desenvolvimento da inteligência, alarga o círculo das ideias fazendo-nos penetrar mais além nas leis da Natureza.
Ora, o mundo dos Espíritos existe em virtude de uma dessas leis da Natureza e o Espiritismo nos faz conhecê-la.
Ele nos ensina a influência que o mundo invisível exerce sobre o mundo visível, e as relações que existem entre eles, da mesma forma que a Astronomia nos ensina as relações dos astros com a Terra;
ele nos mostra como uma das forças que regem o Universo e contribuem para a manutenção da harmonia geral.
suas imperfeições, seus defeitos, sua incapacidade, e mesmo sua ignorância, são igualmente objetos de observação que nos iniciam no estudo da natureza íntima desse mundo.
Quando não são eles que nos instruem pelos seus ensinamentos, somos nós que nos instruímos estudando-os, como o fazemos quando estudamos os costumes de um povo que desconhecemos.
Quanto aos Espíritos esclarecidos, eles nos ensinam muito, mas no limites das coisas possíveis, não precisando perguntar-lhes o que eles não podem, ou não devem, nos revelar.
É preciso contentar-se com aquilo que nos dizem, pois, ir além é expor-se às mistificações dos Espíritos levianos, sempre prontos para responderem a tudo.
A experiência nos ensina a discernir o grau de confiança que lhes podemos dar.
Utilidade prática das manifestações
Visitante – Partindo da suposição de que a coisa seja constatada e o Espiritismo reconhecido como realidade, que utilidade prática isso pode ter?
Se, até o presente, se passou sem ele, parece-me que se poderia, ainda, passar sem ele e viver mais tranquilamente.
A.K. – O mesmo se poderia dizer das estradas de ferro e do vapor, sem as quais viveu-se muito bem.
Se entendeis por utilidade prática, os meios de viver bem, de fazer fortuna, de conhecer o futuro, de descobrir minas de carvão ou tesouros ocultos, de recuperar heranças, de se poupar do trabalho das pesquisas, ele não serve para nada;
ele não pode fazer subir nem abaixar a cotação da Bolsa, nem ser transformado em acções, nem mesmo fornecer invenções prontas, aptas a serem exploradas.
Sob esse ponto de vista, quantas ciências seriam inúteis!
Quantas há que não trazem vantagem, comercialmente falando!
Os homens se portavam muito bem antes da descoberta de todos os novos planetas, antes que se soubesse que é a Terra que gira e não o Sol, antes que fossem calculados os eclipses, antes que se conhecesse o mundo miscroscópico e uma centena de outras coisas.
O camponês, para viver e produzir seu trigo, não tinha necessidade de saber o que é um cometa.
Por que, pois, os sábios se entregam a essas pesquisas, e quem ousaria dizer que perdem seu tempo?
Tudo o que serve para erguer um canto do véu, ajuda o desenvolvimento da inteligência, alarga o círculo das ideias fazendo-nos penetrar mais além nas leis da Natureza.
Ora, o mundo dos Espíritos existe em virtude de uma dessas leis da Natureza e o Espiritismo nos faz conhecê-la.
Ele nos ensina a influência que o mundo invisível exerce sobre o mundo visível, e as relações que existem entre eles, da mesma forma que a Astronomia nos ensina as relações dos astros com a Terra;
ele nos mostra como uma das forças que regem o Universo e contribuem para a manutenção da harmonia geral.
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Re: O que é a Doutrina
Suponhamos que a isso se limite sua utilidade;
já não seria muito útil a revelação de semelhante força, abstração feita de toda doutrina moral?
Não é nada, pois, que todo um mundo novo se nos revele, se, sobretudo, o conhecimento desse mundo nos coloca na trilha de uma multidão de problemas, até então, insolúveis?
Se nos inicia nos mistérios de além-túmulo, que nos interessa um pouco, uma vez que todos, pelo que somos, devemos cedo ou tarde transpor o passo fatal?
Mas há uma outra utilidade mais positiva do Espiritismo, que é a influência moral que ele exerce pela própria força das coisas.
O Espiritismo é a prova patente da existência da alma, da sua individualidade depois da morte, da sua imortalidade e do seu futuro.
É, pois, a destruição do materialismo, não pelo raciocínio, mas pelos factos.
Não é preciso perguntar ao Espiritismo o que ele pode dar, e nem nele procurar além do seu objectivo providencial.
Antes dos progressos sérios da Astronomia, acreditava-se na Astrologia.
Seria razoável pretender que a Astronomia de nada serve porque não se pode mais encontrar na influência dos astros o prognóstico do futuro?
Da mesma forma que a Astronomia destronou os astrólogos, o Espiritismo destronou os adivinhos, os feiticeiros e os ledores de sorte.
Ele é para a magia o que a Astronomia é para a Astrologia, a Química para a Alquimia.
Loucura - Suicídio - Obsessão
Visitante – Certas pessoas consideram as ideias espíritas como de natureza a perturbarem as faculdades mentais, e, por esse motivo, acham prudente deter-lhes a divulgação.
A.K. – Conheceis o provérbio:
quando se quer matar um cão, diz-se que ele está raivoso.
Não é, pois, de espantar, que os inimigos do Espiritismo procurem se apoiar sobre todos os pretextos;
este lhes pareceu apropriado para despertar os temores e as susceptibilidades, tomando-o zelosamente, embora ele caia diante do mais superficial exame.
Ouvi, pois, sobre esta loucura, o raciocínio de um louco.
Todas as grandes preocupações do espírito podem ocasionar a loucura;
as ciências, as artes, e a própria religião fornecem seus contingentes.
A loucura tem por princípio um estado patológico do cérebro, instrumento do pensamento:
estando o instrumento danificado, o pensamento é alterado.
já não seria muito útil a revelação de semelhante força, abstração feita de toda doutrina moral?
Não é nada, pois, que todo um mundo novo se nos revele, se, sobretudo, o conhecimento desse mundo nos coloca na trilha de uma multidão de problemas, até então, insolúveis?
Se nos inicia nos mistérios de além-túmulo, que nos interessa um pouco, uma vez que todos, pelo que somos, devemos cedo ou tarde transpor o passo fatal?
Mas há uma outra utilidade mais positiva do Espiritismo, que é a influência moral que ele exerce pela própria força das coisas.
O Espiritismo é a prova patente da existência da alma, da sua individualidade depois da morte, da sua imortalidade e do seu futuro.
É, pois, a destruição do materialismo, não pelo raciocínio, mas pelos factos.
Não é preciso perguntar ao Espiritismo o que ele pode dar, e nem nele procurar além do seu objectivo providencial.
Antes dos progressos sérios da Astronomia, acreditava-se na Astrologia.
Seria razoável pretender que a Astronomia de nada serve porque não se pode mais encontrar na influência dos astros o prognóstico do futuro?
Da mesma forma que a Astronomia destronou os astrólogos, o Espiritismo destronou os adivinhos, os feiticeiros e os ledores de sorte.
Ele é para a magia o que a Astronomia é para a Astrologia, a Química para a Alquimia.
Loucura - Suicídio - Obsessão
Visitante – Certas pessoas consideram as ideias espíritas como de natureza a perturbarem as faculdades mentais, e, por esse motivo, acham prudente deter-lhes a divulgação.
A.K. – Conheceis o provérbio:
quando se quer matar um cão, diz-se que ele está raivoso.
Não é, pois, de espantar, que os inimigos do Espiritismo procurem se apoiar sobre todos os pretextos;
este lhes pareceu apropriado para despertar os temores e as susceptibilidades, tomando-o zelosamente, embora ele caia diante do mais superficial exame.
Ouvi, pois, sobre esta loucura, o raciocínio de um louco.
Todas as grandes preocupações do espírito podem ocasionar a loucura;
as ciências, as artes, e a própria religião fornecem seus contingentes.
A loucura tem por princípio um estado patológico do cérebro, instrumento do pensamento:
estando o instrumento danificado, o pensamento é alterado.
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