LUZ ESPÍRITA
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Isabel de Aragão, a Rainha Médium - Monsenhor Eusébio Sintra/Valter Turini

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Isabel de Aragão, a Rainha Médium - Monsenhor Eusébio Sintra/Valter Turini - Página 11 Empty Re: Isabel de Aragão, a Rainha Médium - Monsenhor Eusébio Sintra/Valter Turini

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 23, 2024 9:27 am

A exuberante dama de branco - que só a rainha via - aproxima-se do leito.
- Salve, Isabel! - exclama ela, estendendo os braços. - Meu Filho encarregou-me de vir buscar-te! 2
- Jesus?... - pergunta Isabel, ainda em dúvida sobre a real identidade daquela mulher que se apresentava nimbada de fortíssima luz diamantina e a ostentar extraordinária graça e beleza ímpar.
- Sim, querida! - responde ela. - Meu Filho amado tem especial carinho por ti e me solicitou que te viesse receber e te conduzisse a Seu Reino de Luz!
- Oh, não mereço tal deferência, senhora! - diz Isabel, a desmanchar-se em sinceras lágrimas. - Sou tão pequena, diante de tal poder!
- Se aqui me encontro, Isabel, é porque tens esse galardão!... Vem!... - e lhe estende a mão.
Isabel, então, de mãos dadas com a insigne Mãe de Jesus, alça um ligeiríssimo voo em direcção às alturas infinitas, morada daqueles que já se decidiram por seguir, incondicionalmente, o Príncipe da Paz!
Entretanto, as gentes ali presentes na câmara da velha rainha nada perceberam do rutilante colóquio que acabara de se passar no mundo invisível. Apenas choro e lamentos se ouviam, enquanto o cadáver da santa rainha era preparado para o longo velório que se seguiria pelos próximos dias. Imediatamente, por ordem do rei, despachados foram mensageiros aos quatro cantos do reino, a avisarem sobre o passamento da insigne dama da caridade. Uma onda de choro e de lamentações sobreveio, então, em todos os rincões portugueses e mais além, uma vez que os nobilíssimos feitos da santa senhora já houveram vazado pelas fronteiras portuguesas, indo bater até os confins de Roma! Sua conduta de anjo bom dos miseráveis fê-la conhecida, mormente por aqueles que costumavam beber do fel que sói ressumar da miséria e do abandono!... Isabel de Aragão vivera para servir a Deus e ao próximo, como aconselhara e, principalmente, vivenciara o insigne Mestre de Nazaré!
Por quarenta dias, velaram o corpo de Isabel. Depois desse tempo, foi o esquife transferido, em procissão, para Coimbra, conforme desejo prévio da rainha, de ser sepultada na capela do Convento de Santa Clara.
Durante o trajecto, entretanto, malgrado os intensos calores que fazia, pois era alto verão, do esquife de Isabel exalava fortíssimo perfume de rosas, fato que chamava a atenção de todos que lhe acompanhavam o imenso cortejo fúnebre, bem como das gentes que acorriam, de todos os recantos, a prestarem-lhe as derradeiras homenagens, postando-se à margem dos caminhos, a cantarem hinos de louvor a Deus e a atapetarem o chão de flores, colhidas aos campos por onde passaria o féretro da glorificada senhora, amante e defensora dos pobres!
O corpo de D. Isabel, a princípio, foi inumado na igreja do Convento de Santa Clara, em Coimbra, num mausoléu adrede mandado construir por ela própria; entretanto, com o passar dos séculos, em consequência das constantes inundações do rio Mondego, o convento e a referida capela acabaram por deteriorar-se, o que ensejou a construção de novo convento, iniciada em 1649 e concluída em 1677. 3 Depois de acabado, numa sexta-feira, 29 de outubro de 1677, procedeu-se ao transportamento do corpo de D. Isabel para esse lugar; a rainha, por essa época, já houvera sido canonizada, em 25 de maio de 1625, pelo papa Urbano VIII, após mais de um século de incansáveis e infrutíferas solicitações feitas à Santa Sé.
Em 1612, o caixão da rainha já fora aberto uma vez, como parte do processo para a sua beatificação, e se houvera comprovado, àquela época, achar-se incorrupto o seu corpo, mesmo passados tantos séculos, após o seu falecimento; e, quando da transferência de seus restos mortais para o novo convento, em 1677, procedeu-se a nova abertura do caixão e se constatou, diante de uma porção de testemunhas, que o seu corpo, mesmo depois de tanto tempo, continuava inconsumpto. Exumaram-se-lhe, então, os restos mortais, depois de muito se discutir sobre os procedimentos a serem tomados, quando da cerimónia de sua transferência para o novo jazigo, facto que se deu na presença de várias testemunhas, dentre as quais, os bispos do Porto, Lamego, Targa, Viseu, além de outras autoridades eclesiásticas daquela região.
Aberto o sepulcro, o antigo caixão revelou-se completamente esbarrondado e se decidiu, então, que o corpo seria colocado em novo ataúde.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 23, 2024 9:28 am

O cadáver da rainha, desde o pescoço até abaixo, achava-se recoberto por uma porção de bandagens e de mortalhas de linho branco, e trazia a cabeça inteiramente envolta numa sucessão de espessos véus de tule também branco, sendo que se mostrou impossível, pela quantidade de panos ali posta, sondar-lhe, em detalhes, a fisionomia que se apresentava totalmente obnubilada pelos tecidos; então, apenas uma das mãos da defunta foi descoberta e se revelou, diante da patente estupefacção de todos, completamente incorrupta; em seguida, aqueles que se achavam presentes ao acto beijaram, altamente contritos e respeitosos, a alva mão da falecida rainha que ainda exalava sutilíssimo aroma de rosas...
Como a antiga capela do convento de Santa Clara era muito pequena, ao povo não foi permitida a entrada, uma vez que expressiva quantidade de pessoas acorrera àquela cerimónia, facto que, possivelmente, teria gerado grande tumulto, a atrapalhar a solenidade, e o número dos presentes à capela já se mostrava suficiente, a testemunharem o estado de conservação em que se encontravam os despojos da rainha.
Em seguida, transferiram o corpo para nova urna funerária, construída toda ela de finíssima prata e cravejada de pedras preciosas. E, após ser lacrada a chave, a 29 de outubro de 1677, foi conduzida, em extensíssima procissão, até o alto do Outeiro da Esperança, onde se erguia o novo convento. Destarte, naquele momento, realizava-se, também, toda a mudança do antigo convento para a nova construção que se fazia mais segura, diante das constantes inundações do rio Mondego.
Como a nova igreja ainda não se encontrasse totalmente acabada, a urna foi depositada em um altar levantado numa das casas do novo convento e só foi definitivamente inumada, em nova cerimónia realizada em julho de 1696, na capela-mor da nova igreja.
Em vida, a rainha D. Isabel fizera dois testamentos; um, a 19 de abril de 1314, e outro, após a morte do esposo, a 22 de dezembro de 1327, e, finalmente, ditou um codicilo, a 12 de março de 1328, com a finalidade precípua de contemplar o hospital de Santa Isabel. Com a assinatura desses documentos, a rainha garantiria a existência futura dos vários conventos, hospitais, albergarias, orfanatos e mesmo de alguns protegidos seus, num orçamento de, aproximadamente, trinta e seis mil libras. Para Santa Clara de Coimbra, em especial, legava doze mil libras.
Como seus testamenteiros, deixava o filho, D. Afonso IV e sua mulher, D. Beatriz, que, imediatamente após a morte da soberana, puseram-se a executar-lhe as vontades expressas naqueles documentos. O rei, então, nomeou a Pero Esteves, que fora confessor da rainha, e a Domingos Martins, seu próprio clérigo, que passassem a dar cumprimento, na íntegra, a tudo que contivessem os testamentos assentados por sua mãe.
O rol das beneficências deixadas pela pia rainha mostrava-se extensíssimo. Pela sua vida a fora, além de secundar o esposo e o filho nas principais questões de Estado, dedicara a sua vida inteira a fazer a caridade, e a fundação do Convento de Santa Clara de Coimbra não foi a única obra realizada por D. Isabel.
Sabe-se que mandou executar, às próprias expensas, uma infinidade de obras assistenciais, dentre as quais se destacam: a conclusão do Convento de Almoster, em Santarém; a reforma do Convento e da Igreja de São Francisco, de Bragança; a fundação do Convento da Trindade, de Lisboa; o Hospital dos Inocentes, de Santarém; o abrigo para moças pobres, em Leiria; a ampliação do claustro do Mosteiro de Alcobaça; a igreja do Mosteiro das Celas, em Coimbra, e uma albergaria para pobres, em Odivelas, além de extensíssima porção de outras mais.
A rainha D. Isabel sempre se mostrou assaz piedosa. Despendia grande parcela das suas rendas pessoais em contínuas esmolas que deitava, diuturnamente, a toda espécie de necessitados, a evidenciar-se-lhe, sempre, um sentimento de extrema compaixão e bondade para com os sofredores do mundo, indistintamente, sem, contudo, observar-lhes a proveniência - se pobres ou ricos -, pois era comum vê-la apiedar-se, também, dos nobres arruinados, a socorrer-lhes, com dinheiro, em completo anonimato, as mazelas e as penúrias advindas da perda dos bens.
Como se observou, infindas foram as obras de caridade levadas a termo pela piedosa senhora, ao longo de toda a sua vida.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 23, 2024 9:28 am

Em relação ao seu matrimónio com D. Dinis, sabe-se que o rei nunca lhe foi fiel; mesmo antes do seu casamento, ele ja se entregava aos braços de suas favoritas, tendo com elas, uma porção de filhos ilegítimos. Tais coisas, entretanto, dadas ao que era comum fazer-se, àquele tempo, mormente entre os de sangue nobre, passavam-se a vistas grossas, mesmo por parte da Igreja, uma vez que se cria "fazerem parte dos instintos naturais dos homens", e competiria às esposas domarem esses comportamentos libertinos dos seus maridos. Talvez seja por isso que D. Isabel tenha tomado sobre si o papel de zeladora e de mantedora do equilíbrio da sua família, nunca dando mostras de ciúmes ou do mínimo desagrado, diante das patentes e insistentes traições que lhe fazia o marido. Partiu dela, num acto de espontaneidade e de desprendimento, o pedido ao rei para que trouxesse à corte dois dos seus filhos ilegítimos, para que ela deles cuidasse, em pessoa, proporcionando-lhes os mesmos cuidados e atenções que dispensava à educação dos próprios filhos, tanto que Afonso Sanches, senhor de Albuquerque, tornou-se um dos homens mais proeminentes e cultos do reino, bem como o seu meio-irmão, Pedro Afonso, Conde de Barcelos. A rainha D. Isabel, ela mesma, era dona de invejável cultura, uma vez que era alfabetizada e lia e escrevia, perfeitamente, em aragonês, português, provençal, castelhano e latim, facto incomum à época, mormente entre as mulheres.
Entretanto, o que mais se sobressaía do carácter de D. Isabel era o seu apurado fervor religioso, o que era basicamente comum ver entre grande número de pessoas da sua época. A maior parte do seu tempo, passava ela em devoções, sujeitando o seu corpo a toda espécie de rigores, exigidos pelos austeros preceitos do catolicismo de então, tidos como essenciais para a vivência de um verdadeiro cristão.
D. Isabel comia com parcimónia, mormente pão e frutas, e bebia tão-somente água, diferentemente do hábito largamente difundido entre a nobreza europeia, de fazer a constante ingestão de vinho. Tão avessa mostrava-se ela ao consumo do álcool que, ao adoecer, certa vez, e lhe tendo sido recomendado pelos médicos o vinho, como medicamento, recusou-se, peremptoriamente, de tomar a bebida. Tamanha era a sua obstinação que, mesmo instigada, rigidamente, pelo esposo, a ter de provar do vinho que, frente à sua pertinaz abstinência diante da ingestão do líquido, este se transformou em água pura, ao tocar os lábios da rainha! 4
Por essas e mais uma infinidade de outras pias acções é que D. Isabel, a rainha santa, depois de quase sete séculos da sua passagem por este mundo, é ainda venerada e adorada pelas suas virtudes e exemplo de criatura que devotou a sua existência a tornar a vida dos desgraçados e miseráveis um pouco mais suave, conforme recomendou Jesus.
Já à época daquela sua jornada terrena, como rainha consorte de Portugal, D. Isabel de Aragão ostentava o galardão característico dos espíritos possuidores de altíssima moralidade e sabedoria. Não fora a sua salutar ingerência, moldada nos mais puros sentimentos de fraternidade, nas sucessivas e difíceis questões da conquista e do assentamento das fronteiras luso-castelhanas, os povos ibéricos, certamente, não teriam vivido tantos períodos de paz e de convivência fraterna como os que Isabel de Aragão conseguiu, por meio de hábil diplomacia, manter, durante a época em que ocupou o posto de rainha consorte de Portugal. É sabido que o esposo, D. Dinis, era homem culto e sábio, avesso à violência e amante do progresso, 5 e que, com o salutar suporte que lhe dava a sua experiente rainha, criada na corte de Saragoça, ao lado do avô, D. Jaime de Barcelona, tido como um dos maiores sábios e maiores estrategistas militares do seu tempo, conseguiu o rei português levar adiante o seu propósito de modernizar e estabilizar o Estado lusitano, logo após a reconquista dos seus territórios aos mouros, levado a cabo por seu pai, Afonso III, em cujo reinado Faro - o derradeiro baluarte retomado aos invasores - foi tomada, com sucesso, em 1249, e o Algarve incorporado ao reino de Portugal. A ele, D. Dinis, juntamente com a sua gentilíssima esposa, coube promover o apaziguamento interno do reino e firmar a paz com os vizinhos castelhanos, os eternos rivais.
Ao cerrar os olhos para a vida material, imediatamente descortinava-se aos olhos de D. Isabel as lucíferas paisagens das altas esferas espirituais, de onde proviera, a dar ao mundo o exemplo de amor e de caridade, atributo dos que já se abandearam, definitivamente, para as hostes do Cristo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 23, 2024 9:28 am

Guiada pelas mãos da insigne Maria de Nazaré, a Santíssima Mãe de Jesus, imediatamente após a sua desencarnação, D. Isabel, dentre os pouquíssimos que já habitaram este mundo de dores e de sofrimentos, teve ela a especial deferência de ser recebida, pessoalmente, por Jesus.
- Isabel - diz o insigne Príncipe da Paz à rainha, que se postava de joelhos, altamente emocionada, diante da mirífica presença -, imensamente grato sou-te pelo muito que fizeste à causa do Bem!
- Oh, senhor! - diz Isabel, com a voz trémula pela intensa emoção. - Não sou digna de estar diante de vós!... Fiz tão pouco!...
- Fizeste conforme o teu imenso coração determinou!... - prossegue o Sublime Senhor. - E, para ti, desde já, concedo-te a liberdade, pelo tempo vindouro, de agires segundo o teu impulso de muito amar!... Porque sei que, das tuas mãos, somente preciosas rosas de amor deverão manar!... É esse o teu modo de ser, querida!...
A emoção de Isabel era incontida. Num ímpeto, como lhe era natural, toma as mãos luminescentes do insigne Senhor do Mundo e as cobre de beijos e lágrimas.
- Levanta-te, Isabel! - ordena Jesus. - Não convém aos meus amigos postarem-se de joelhos diante de mim, mas do meu lado! Vem!... - e, tomando-a aos braços, enlaça-a, terna e longamente, enquanto murmura, docemente: - Desta maneira é que costumo receber os meus leais companheiros!
A inebriante e magnífica paisagem dos paramos celestiais é impossível de ser descrita em termos humanos. O lugar onde vivem os espíritos de escol, aqueles que já se encontram acima das paixões, dos vícios, dos desejos, das necessidades e das utopias, geradas pela materialidade, é ainda inconcebível para a maioria das almas que se ligam à Terra.
- Mas tendes, ainda, tão poucos amigos, lá no mundo, Senhor! - exclama a rainha, entre lágrimas sinceras.
- Por isso é que preciso de ti, mais que nunca, Isabel! - diz o Mestre Nazareno. - Que te proponhas, doravante, com os teus exemplos de amor, a multiplicar os meus seguidores no mundo!... Pois, sem o concurso de fiéis colaboradores como tu, a minha missão de fazer o amor imperar sobre a Terra torna-se mais difícil e mais morosa!... E preciso, no entanto, acelerar o triunfo da paz e da harmonia entre os homens e, só através do exercício do amor incondicional, plantaremos, definitivamente, a luz no coração da humanidade!... E, para ti reservo, especialmente, a tarefa de exemplificares a caridade e a perseverança no bem!... Dou-te a incumbência de levares a paz e o consolo aos corações aflitos!... - e, depois de curto silêncio: - Alhures, na consumpção de mais alguns séculos, no dealbar da era de amor que tenho preparado para os nossos irmãos redimidos, e, quando o véu da ciência for finalmente desvelado aos homens, dar-me-ás, então, a tua principal cooperação, a auxiliar-me a espalhar as eternas verdades acerca da imortalidade da alma e à perenidade da vida, além da sepultura!... Nessa época, então, Isabel, quando o mundo estiver cansado dos erros pretéritos, e quando sobrevier o desencanto acerca da mobilidade das coisas, e, ainda, quando a dor e as tribulações da vida encontrarem-se desmedidas, difíceis de serem suportadas, e mais amadurecidos estiverem os homens, será então o momento do nosso regresso à Terra, através do Espírito da Verdade, que restabelecerá as coisas aos seus devidos lugares!
Isabel ouvia as palavras de Jesus, entretanto, sem atinar com o real significado que elas encerravam.
- Sei que isso te parece um tanto estranho, por ora, minha querida, mas segue trabalhando - como sempre fizeste - que, na hora aprazada, todas essas coisas se te tomarão claras! E, convém que, no mundo, as coisas principiem, desde já, a mudar!... A roda da vida continuará a girar e, malgrado a ignorância de muitos homens, a tentarem impedir a sucessão das coisas, elas, no entanto, virão!... Ninguém conseguirá sobrepor-se à força das mudanças naturais, por muito tempo!... A Igreja passa, hoje, por intensas provações!... Acerbas dores sobrevirão aos que enviarei à Terra, com o propósito de prepararem o terreno para o advento da era de amor!... Muitas fogueiras já se acendem, a conclamarem o pavor àqueles a quem incumbi de reformar o que está errado! 6 A grande batalha para o enfrentamento do mal inicia-se!... E preciso fazer triunfar a verdade, para que o Evangelho do Amor passe, efectivamente, a gerir a conduta dos homens!... Entretanto, com o auxílio de espíritos forjados na razão e no amor - assim como és tu -, a verdade triunfará!
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 23, 2024 9:28 am

Não te esqueças de que o verdadeiro dono do Mundo é Deus, Que o criou, e compete a nós geri-lo em conformidade com as Suas Leis Eternas. Sei que há muita pretensão no coração dos homens, e muitos desejarão colocar-se acima das vontades do Criador, pois, ao provarem do inebriante licor da sabedoria que lhes facultará a ciência, quererão superar o conhecimento d'Aquele que tudo criou; entretanto, vã será tal pretensão, uma vez que, sozinha, a Ciência não lhes trará a explicação para todas as questões que lhes amargurarão a existência. Far-se-á preciso, então, ensinar-lhes que, para alçar o voo às infinitas esferas que existem acima de sua pequenez, necessário far-se-á, também, o desenvolvimento da asa do amor! E, para tanto, muito sangue será, ainda, derramado; muitas ilusões serão esboroadas, à custa de desenganos infindos; muitos conceitos seculares, tidos como axiomas, serão revolvidos pelas raízes e superados pela força da lógica e da razão e, definitivamente, serão banidos do seio da humanidade!... Muitas cabeças que ostentam coroas serão abaladas pelos novos conceitos acerca do poder divino dos reis!... Aguarda, com paciência, e verás todas essas cousas acontecerem, até o dealbar dessa nova consciência que prevalecerá sobre a humanidade terrena!
A soluçar de tanta felicidade, Isabel de Aragão vê a insigne figura do amado Mestre dissolver-se, a meio de imenso clarão de luz diamantina.
- Vem, Isabel! - chama-a a amorável Maria de Nazaré que, até então, mantivera-se calada, dum lado, a tudo ouvir, atentamente, e, a estender-lhe os braços: - Vem, que a humanidade sofrida precisa de nós...
E, juntas, a duas refulgentes damas arrojam-se ao espaço infinito, como dois raios de luz, em direcção às lides que as aguardavam, ao lado dos miseráveis e dos abandonados do mundo...
___________________________________________________________________________________________________________
1 A rainha D. Isabel pareceu, nesse momento, prever o que sucederia ao bisneto, Pedro, filho de Maria, anos mais tarde, quando, ao se tornar rei de Castela, tratou de vingar a mãe, mandando assassinar Leonor de Gusmão e praticando uma série de atrocidades que muito consternaram a mãe. Ironicamente, o filho que Afonso XI tivera da amante, Henrique de Trastâmara, acabaria também por vingar-se, ao assassinar Pedro I e subir ao trono como Henrique II de Castela.
2. Isabel expirou numa quinta- feira, 4 de Julho de 1336, no Paço Real, em Estremoz
3.Já desde 1505, o rei D. Manuel solicitara licença ao papa Júlio II, para efectuar a mudança do Convento de Santa Clara, em consequência de seu alto estado de deterioração, motivado pelas enchentes do Mondego; entretanto, o efectivo início das obras de construção do novo convento deu-se somente em 3 de julho de 1619, pelo rei D. João IV, ficando prontas as novas edificações, no alto da Esperança, a 29 de outubro de 1677, onde existe até os dias de hoje.
4. Fenómenos de efeitos físicos, como o que se descreve acima, mostraram-se bastante comuns, durante a vida da rainha.
5. D. Dinis redistribuiu terras, incentivou a agricultura e fundou várias comunidades rurais, assim como mercados c feiras, criando as chamadas feiras francas, ao conceder a várias povoações uma série de privilégios e isenções de impostos. No âmbito cultural, fundou a Universidade de Coimbra, a primeira universidade em Portugal, através do decreto Magna Charla Priveligiorum, onde se ensinou, desde o início, Artes, Direito Civil, Direito Canónico e Medicina. Mandou traduzir importantes obras, tendo sido a sua corte um dos maiores centros literários da Península Ibérica.
6. A bula Licet ad capiendos, editada pelo papa Gregório IX, em 20 de abril de 1233, marcou o início da Inquisição.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 23, 2024 9:29 am

Epílogo
Sete séculos escoaram-se na ampulheta do velho Cronos, desde o colóquio que a rainha Isabel de Aragão mantivera com o insigne Senhor do Mundo. O século XX já ia a termo, e a Terra, entretanto, ainda continuava a mesma, malgrado a patente mudança no panorama das coisas. Muitas das dores - mormente as do corpo - que afligiam a humanidade, desde remotíssimas eras, já tinham como ser debeladas pelas mirabolantes conquistas que a Ciência promovia, por meio do emprego de medicamentos e de procedimentos médicos até então completamente desconhecidos. Muitas injustiças sociais achavam-se corrigidas, em muitos países; a comunicação ganhava níveis planetários; o direito à educação era facto já conquistado para a grande maioria das pessoas; as distâncias encurtavam-se, por meio de veículos aéreos, terrestres e marítimos, de grande eficácia; inventos fantásticos substituíam a força física, a facilitar o quotidiano de muitos. Era patente que a Ciência desvelava-se, a passos largos, para a humanidade. Entretanto, as dores da alma continuavam mais acerbas e mais contundentes que nunca! Quanto desamor, quanta violência grassavam pelas cidades do mundo!... Deus, a pátria e a família, os grandes baluartes a sustentarem a sociedade, encontravam-se vilipendiados e desprezados pelos homens. No fundo, entretanto, a despeito de tantas facilidades conquistadas, os corações achavam-se desencantados e sequiosos de amor e de paz como nunca! Quanta dor, quanto desencanto percebia-se entre as pessoas!... A materialidade dominava; o que as religiões tradicionais ensinavam não mais atendia aos anseios das gentes que, perdidas e faltas de fé, mergulhavam no vício de alcoólicos e de estupefacientes, a carcomerem-lhes a existência, desde tenra idade!...
Levas de espíritos desencarnavam, vítimas da incúria e da insensatez, geradas por uma sociedade extremamente materialista e incrédula acerca das coisas da alma!... Muito conhecimento, no âmbito material; quase nada, entretanto, do lado espiritual!
A agir, especialmente no Brasil e também em terras portuguesas, o insigne espirito de Isabel de Aragão, por todo esse tempo, vem se mostrando incansável, a vivenciar, sempre, as imarcescíveis lições que nos legou o Mestre Galileu. Algumas vezes, desceu à matéria, quando se revelou sempre fiel companheira do Cristo, a seguir-Lhe os passos de amor e de misericórdia para com as dores do mundo; no Brasil, especificamente, uma vez, entre o ocaso do século XIX até os primeiros albores do século XX, achava-se encamada nos agrestes sertões pernambucanos, a seguir almas que lhe foram afins, quando de seu relacionamento com elas, na corte portuguesa; dessa vez, porém, encontravam-se mergulhadas na carne, com o propósito de resgatarem, pela misericórdia da Lei de Reencarnação, através da miséria absoluta, a repararem os desmandos provindos do orgulho e da prepotência de outrora, a expiarem, então, pela falta de tudo, o muito que houveram desperdiçado e ultrajado, promiscuamente, no passado. Isabel, então, extremamente condoída com a terrível provação que aguardava os seus companheiros de outrora e com o propósito de minorar-lhes os martírios do doloroso resgate, seguiu-os na came, também ela, a vivenciar a miséria extrema, característica de lugar tão inóspito e tão inclemente quão o é o sertão nordestino do Brasil. Entretanto, suplicou ela a Jesus, e Ele lhe concedeu, como dádiva da Sua infinita misericórdia, a possibilidade de a insigne provedora dos pobres minorar os acerbos sofrimentos que esperavam pelos antigos companheiros da corte lusitana. Pois bem, a veneranda Isabel de Aragão, nessa época, então conhecida como Maria - uma simples Maria -, como tantas outras do sertão que, de seu, nada possuía e a morar em decrépito casebre, nos arredores de miserável povoado. A paupérrima mulher detinha, entretanto, curioso particular: todas as manhãs, saía ela a sobraçar grande cesto, recheado de fumegantes e perfumados pães, a distribuí-los, amorosamente, entre os desgraçados e esfomeados da redondeza, facto que lhe acarretara a amorável alcunha de Maria do Pão... De onde provinha aquela fartura de pães que, todas as manhãs, ela, invariavelmente, distribuía, a matar a fome dos seus amigos que purgavam, na mais negra miséria, os desatinos do passado culposo?... De seu, entretanto, Maria nada tinha, a não ser a imensidade de pedras que se aglomeravam por todo aquele terreno estéril e hostil... Acaso já não sabia e a, entretanto, desde longa data, que, quando nada tinha a dar de seu, a minorar a dor dos desgraçados do mundo, Deus lhe provinha?... Mesmo de pedras, Maria sabia fazer pães!...
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Pouco depois, encontramo-la em panorama diverso. Em grande colónia do além, era venerável ministra,1 a auxiliar no governo daquela memorável instituição, fundada por colonizadores portugueses, no espaço espiritual das terras brasileiras.
Hoje, na espiritualidade, como incansável protectora dos desvalidos, comanda luminosa falange de socorristas, a visitarem as regiões umbralinas, na assistência aos espíritos que passam pelos dolorosos processos purificatórios. Periodicamente, desce ela, acompanhada de seus fiéis seguidores, às regiões abissais do umbral e desenvolve peculiar procedimento, no resgate dos espíritos que se encontram mergulhados nas lamas purgatoriais: seus auxiliares portam redes, constituídas de finíssimos e iridescentes fios de luz e, diante dos aflitivos rogos dos espíritos em doloroso resgate, naqueles tenebrosos sítios, lançam-nas, com o propósito de livrá-los de situação tão desesperadora. Entretanto, o resgate, efectivamente, só se realiza, se o espírito suplicante estiver verdadeiramente arrependido das suas faltas e se, de fato, achar-se imbuído de anseios para promover a própria renovação íntima; caso contrário, achar-se-á com o seu perispírito ainda muito denso, e as malhas da redinha de luz, não lhe suportando o peso, romper-se-ão...
Assim prossegue, incansavelmente, a luminescente falange, em paciente peregrinação pelas terríficas furnas do astral inferior, em sua infatigável missão de recolher os espíritos que, já cansados das lides nas fileiras do mal, escolhem, finalmente, por seguir a Jesus!
E, à frente do memorável cortejo, segue a fulgurante e imponente figura de Isabel de Aragão, a sobraçar larga braçada de rosas de luz, as quais vai atirando, uma a uma, àquelas mãos que se lhe erguem, à passagem, sequiosas, em súplica. E, ao receberem em mãos as flores luminescentes, com cujo contacto sentem-se, miraculosamente, fortalecer, têm-nas como preciosa dádiva de amor e de esperança, a dizer-lhes, tacitamente: "Persisti e confiai no poder do amor! Jesus vela, incansavelmente, por todos nós!"
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1. Isabel de Aragão é a Ministra Veneranda, da colónia Nosso Lar, como se encontra no livro homónimo de André Luiz, através de Chico Xavier.

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