LUZ ESPÍRITA
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O Sonâmbulo - António Carlos / Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho

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O Sonâmbulo - António Carlos / Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho - Página 5 Empty Re: O Sonâmbulo - António Carlos / Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 28, 2015 9:13 pm

E fui visitar os encarnados e também lhes agradeci.
Aproximei-me deles e, com carinho, tentei transmitir-lhes fluidos bons e lhes disse: "Deus lhe pague".

Revi Terezinha e Soninha no orfanato e até o senhor Olavo, que estava bem idoso, no asilo, no sanatório, os médicos, enfermeiros e muitos internos.

O curso terminou com total aproveitamento.
Senti-me feliz e muito grato pelo que aprendi.
Com uma festa agradável e muito bonita, recebemos o certificado.

A emoção fez com que muitos de nós chorássemos.
Cada um dos cursistas ia fazer algo diferente.
Despedimo-nos com a promessa de nos reencontrarmos.

Fiz muitos planos, queria trabalhar por uns tempos em hospitais psiquiátricos no plano físico, depois, continuar a estudar.
Todos os pedidos foram analisados e o meu foi aceito, só que eu não iria servir no sanatório em que vivi tantos anos internado.

Um dos meus professores explicou-me:
— Daniel, é melhor você tentar ajudar pessoas com as quais não teve convívio.
É um principiante, e a emoção poderá pôr em risco seu trabalho.

E, servindo entre pessoas desconhecidas, ampliará afectos.
Depois, com experiência e já sabendo dominar suas emoções, poderá trabalhar no sanatório em que esteve quando encarnado.

Aceitei a sugestão, agradecido.
Antes de começar minha nova tarefa, tive três dias de folga e aproveitei para visitar Rania.

A fazenda estava modificada, modernizada, e um dos filhos do senhor Ciro a administrava.
Rania tinha se casado, teve três filhos, estava bem mais gorda e envelhecida.
Ela tinha problemas como todos os encarnados, mas estava bem.

Ao vê-la, compreendi que amei uma ilusão, pois eu não tinha nada em comum com ela.
Orei naquele lar simples, de fazenda, para que Rania tivesse paz.
Ela recebeu meu carinho e sentiu-se bem.

Vim para cá e neste hospital foi onde realmente aprendi a servir.
Tentando ajudar é que tenho caminhado, melhorando meus sentimentos.
Amo este trabalho.
Encontro-me sempre com dona Cármen e, juntos, visitamos o senhor Ciro.

Na última visita ele me pediu:
— Daniel, vou reencarnar e desejo que você venha comigo, seja meu irmão.
Quero pagar minha dívida com você servindo-o, sendo um irmão dedicado, fazendo de tudo para que seja feliz.
Não recuse. Quero tanto lhe servir.

Daniel fez uma rápida pausa, suspirou, olhou-me e disse:
— É isso, António Carlos, o que me preocupa.
Devo atendê-lo?
Estou indeciso e fiquei de dar uma resposta ao senhor Ciro.

Não podia decidir por ele, não me cabia dizer sim ou não.
Mas se ele pediu a minha opinião, contou-me toda a sua história, esperava minha resposta.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 28, 2015 9:13 pm

Então opinei:
— Ciro cometeu erros, não acabou com a vida, que é indestrutível, mas inutilizou os veículos, os corpos que os espíritos utilizavam para manifestar-se no plano físico para um período de ajustes e aprendizados.

Homicídio é falta grave, cuja reacção, normalmente, é de sofrimento.
Somos livres para agir, mas não o somos para receber as causas que geraram nosso proceder, é a lei.
Porém, podemos neutralizar reacções adversas construindo com muito trabalho benéfico o que destruímos ou prejudicamos.

Ciro acha que destruiu sua felicidade e quer construir, mas será que terá condições para isso?
Será também que essa ajuda que ele quer lhe dar, não pode se estender a outros que necessitam?

Fiz uma pausa, Daniel estava atento.

Continuei:
— Daniel, aquela mãe que você separou dos filhos, deixou gravada a resposta ao seu pedido de perdão dizendo-lhe que não se sentisse devedor, não foi?
Quando perdoamos, realmente não cobramos nada do perdoado.
Se ainda nos sentimos credores, não perdoamos de facto, da maneira correcta que Jesus nos ensinou.

E você, meu amigo, depois do que viveu, aprendeu, não se julga capaz de cuidar de si?
Será que precisa de alguém para ajudá-lo?
Você o vê como devedor?
Acha que ele lhe deve algo?

Com as minhas indagações, Daniel começou a sorrir.
O sorriso invadiu seu rosto.
Voltou a ser aquela pessoa que vi pela primeira vez, feliz e despreocupada.

— Vou falar isso para o senhor Ciro, dizer a ele para não se sentir devedor, pois não me deve nada.
Que meu perdão não teve troca foi sincero.
Não vou reencarnar agora, ficarei aqui na espiritualidade, irei visitá-lo no plano físico e tentarei com carinho ajudá-lo, incentivando-o a fazer o bem para anular as maldades que fez.

Serei com certeza capaz de cuidar de mim.
Não quero que minha felicidade dependa de ninguém.
Somente eu posso me fazer feliz.

Tenho duas horas antes de iniciar meu plantão e vou agora mesmo me encontrar com o senhor Ciro e dar-lhe a resposta da decisão que tomei.
Vou continuar na espiritualidade e fazer com muita alegria o que planeei. Tchau!

Daniel, eufórico, passou pela porta, mas voltou rápido.
— António Carlos, muito obrigado!
— De nada! - respondi sorrindo.

Ele volitou.
Certamente tinha pressa de dizer o que decidira e voltar ao trabalho.

Saí da sala do médico encarnado e fui para o pequeno pátio.
O sol raiava num maravilhoso espectáculo.
Ouvia-se o canto dos pássaros despertando.

Mais um dia despontava e eu tinha também logo mais um compromisso, mas antes de volitar fiz minha prece:
“Obrigado, meu Pai-Deus-Criador, pelas muitas oportunidades!"

E senti a resposta dentro de mim:
“Eu o abençoo, meu filho!"

FIM

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