LUZ ESPÍRITA
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Aconteceu - António Carlos / Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jun 25, 2015 8:48 pm

Aconteceu
Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho.

Espírito António Carlos

Era do meu desejo dedicar esta obra aos meus amigos.

Ao vir a minha mente a imagem deles, vi com alegria serem muitos.

Tantos que a lista seria imensa.

E eu os amo, quero-os de coração.

Graças a Deus, tenho muitos amigos, desencarnados e encarnados.

E deles me valho em períodos difíceis, e nunca me têm faltado o calor de sua amizade e auxílio.

Assim, a todos aqueles que são recíprocos ao meu carinho, quero com ternura dedicar este livro.

Com muito amor...
Vera
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jun 25, 2015 8:48 pm

**********
A encarnação anterior de Taciana estava com dezassete anos e cursava o segundo ano do segundo grau.

Estudava pela manhã e, à tarde, fazia todo o serviço de sua casa, porque a mãe, para ajudar nas despesas domésticas, trabalhava como diarista.

Morava numa casa pequena e simples num bairro residencial.

Eram pobres.
Taciana, como quase todos os jovens, sonhava em ter objectos caros, como boas roupas, e estudar em colégio particular.

Era mais sonhadora do que interesseira.
Possuía estatura média, cabelos e olhos castanhos, destacando o sorriso cativante e agradável.

Namorava Daniel, um rapaz que residia perto de sua casa.
Ele também era pobre, estava com dezanove anos e cursava o terceiro ano do segundo grau à noite.

Trabalhava como vendedor numa loja de sapatos.
Durante o dia, ainda fazia o serviço militar, o Tiro de Guerra.

Honesto e trabalhador, Daniel gostava muito de Taciana.
Porém não sobrava tempo para namorar, que era motivo de muitas queixas da jovem.

- Taciana – disse sua mãe – o açougue da avenida mudou de dono, vá lá e compre carne mais barata.

Taciana não gostava de fazer compras para casa, mas foi.
Conheceu, então, o filho do dono do açougue, Aloísio, que a atendeu gentilmente e se encantou com ela.

Taciana percebeu o interesse dele e o incentivou.
Aloísio tinha vinte e três anos, trabalhava com o pai, que tinha outros açougues.

Era alto, forte e um tanto gordo.
Taciana pela primeira vez não se aborreceu em ir fazer compras e começou a passar muitas vezes na frente do açougue.

Sentiu satisfação com a atenção de um rapaz mais velho e bem de situação financeira.
Durante a semana voltou mais vezes ao açougue, conversou com Aloísio e aceitou encontrar-se com ele à noite, na praça ali perto Taciana foi ao encontro toda enfeitada e contente.

Aloísio era educado, de conversa agradável e sentiu-se atraído por ela.

Encontraram-se várias vezes.
Taciana escondeu de Aloísio que tinha um namorado.
Ela sentia que gostava de Daniel, porém Aloísio lhe pareceu uma aventura interessante.

Também se sentiu atraída por ele.
Daniel soube dos encontros de Taciana com Aloísio e lhe pediu satisfação.

- Daniel – falou a mocinha – só tenho conversado com Aloísio, não o estou namorando.
Você é o culpado, quase não o vejo, não saímos e nem parece que namoramos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jun 25, 2015 8:49 pm

- A queixa de sempre – respondeu Daniel.
Você sabe que necessito estudar e trabalhar.
Faço isso por você, para que nosso futuro possa ser melhor.
Não é certo você conversar com outro, na praça.

- Daniel, quero terminar o namoro e ser livre para falar com quem eu quiser.

Discutiram por minutos e terminaram o namoro.
Daniel ficou muito triste, entretanto tinha esperanças de reatar logo o relacionamento.

Taciana sentiu-se livre.
No outro dia, Aloísio pediu à Taciana que o encontrasse na praça às vinte horas.
A garota prometeu ir realmente antes das vinte horas lá estava ela esperando por ele.

Aloísio chegou, sentou-se e disse:
- Taciana, hoje atrasamos nosso trabalho no açougue.
Tenho ainda que fechar o estabelecimento e acertar o caixa.
Vim avisá-la que voltarei ao açougue, mas não demoro; fecho e venho para conversarmos.
Vai me esperar?

- Espero sim, fico aqui.
Taciana esperou por quase vinte minutos.

Como Aloísio não voltasse, resolveu ir encontrar-se com ele.
O açougue ficava perto, a um quarteirão da praça.
Achou a porta aberta, empurrou-a, não viu ninguém, estranhou e resolveu entrar.

- Aloísio! Aloísio! - chamou baixo.
Ninguém respondeu.
Deu mais uns passos devagar, passou pelo balcão e viu Aloísio caído numa poça de sangue, com uma faca enfiada no peito.

Entrou em pânico e, querendo ajudar sem saber como, tirou a faca, limpou o sangue na própria roupa e depois gritou desesperadamente.

Logo o açougue ficou cheio de gente.
A polícia foi chamada e Taciana continuou a gritar até que desmaiou.
A polícia levou-a para um hospital, onde só foi acalmada com medicação para dormir, porque voltou do desmaio gritando desesperada.

A polícia e a família de Aloísio tinham certeza de que Taciana cometera o crime.

Falaram de tudo.
Que Aloísio tentou agarrar Taciana e esta defendeu-se.
Que brigaram.
Que Taciana o matou num ataque de loucura.
Taciana, no hospital, dormiu por vários dias.

Até que finalmente acordou, observou curiosa onde estava, olhou as pessoas e percebeu que ao lado do seu leito havia outro, ocupado por uma senhora que a observava.

- Não vai gritar? - indagou a mulher.
- Eu?! - disse Taciana espantada.
- Sim, você acorda e grita, aí lhe dão uma injecção e você dorme de novo.
Como se chama?
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jun 25, 2015 8:49 pm

- Maria do Carmo.
- Ora, me falaram que você se chama Taciana.
- Não, meu nome é Maria do Carmo.
Não conheço ninguém chamada Taciana – falou convicta.

Acordou tranquila, serena e disposta.

Logo a enfermeira veio atendê-la.
Estranhou o comportamento da paciente e também o fato de ela dizer que se chamava Maria do Carmo.
Comunicou o facto ao médico de plantão, que logo veio vê-la.

- Caso de dupla personalidade - diagnosticou.
Não é nossa especialidade.
Melhor que faça um tratamento especializado.
Vamos mandá-la para um Sanatório.

A família de Taciana ficou desesperada com acontecimento.
Os pais foram visitá-la, mas ela não os reconheceu e, com a ajuda do patrão do pai de Taciana removeram-na para um Sanatório.

Taciana foi tranquila falava pouco, só insistia que se chamava Maria do Carmo.
A família de Aloísio não acreditou na possível doença de Taciana e pressionou a polícia.

Um delegado foi visitá-la e estranhou o seu comportamento.
A Justiça determinou que Taciana não poderia sair de lá sem autorização.

No Sanatório, quem passou a cuidar de Taciana foi Dr. Cassiano, que lhe receitou muitos remédios.
No dia de visita, seus pais foram vê-la e Daniel o acompanhou.
Para surpresa de todos, Taciana reconheceu o moço, porém o chamou de modo diferente.

- Mário Luíz! Que bom vê-lo!
Que roupas estranhas são essas?
Está engraçado!

Daniel não soube o que responder e preferiu indagar:
- Como está você? Está bem?
- Não sei, dizem que estou doente e num Sanatório. (que é Sanatório?).
Nunca ouvi falar.

- É um lugar onde os doentes são curados.
- Que tenho?
- Não sei.

Daniel inquietou-se e demonstrou que já ia embora, Taciana tentou segurá-lo.

- Mário Luíz, não vá!
Não conheço ninguém neste lugar.
Você é a primeira pessoa conhecida que vejo aqui.
Sinto-me tão sozinha!
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jun 25, 2015 8:49 pm

- Tenho que ir! Até logo!
Volto em outro dia.
- Promete voltar?
- Voltarei.

Daniel saiu.
A mãe de Taciana sofreu muito vendo a filha naquele estado e foi embora chorando.
Taciana, porém, continuou tranquila.

O Sanatório em que Taciana estava internada, era dirigido por um grupo Espírita, que se reunia no salão de visitas do Sanatório, duas vezes por semana, para preces, estudo do Evangelho e passes.

Os enfermos que quisessem participar, iam até o salão.
Porém todos ali eram beneficiados com os trabalhos do grupo.
Dr. Cassiano era de família Espírita e dizia ser Espírita, porém tinha muitas dúvidas.

Ele e os dirigentes da casa se davam bem.
Era amoroso com os pacientes e estes gostavam muito dele.

Amava o que fazia.
Examinou Taciana e atestou que ela não estava fingindo e que necessitava ficar internada.
Daniel não se conformou em ver Taciana confusa daquele jeito.

"Ela me chamou de Mário Luíz como se este fosse realmente meu nome.
Que teria acontecido com ela?"

A avó de Daniel, Dona Heloísa, era Espírita.
Frequentava um Centro Espírita, era médium e passista.
Daniel gostava do Espiritismo, mas não frequentava nenhum Centro por falta de tempo.

"Acho que vovó poderá nos ajudar" - pensou.

Procurou a avó e contou-lhe todo o problema, finalizando:
- Vovó, por favor, tente ajudar Taciana, senão ou ela fica louca de vez ou vai para a prisão.
Conheço-a muito bem, ela não está fingindo como julga a família de Aloísio.

Dizem eles que ela inventou chamar-se Maria do Carmo para se inocentar.
Mas, vovó, ela fala com muita certeza que se chama Maria do Carmo.
Sinto que ela inocente!

Dona Heloísa pediu ajuda aos trabalhadores espirituais do Centro Espírita.
Um amigo meu desencarnado Paulino, foi encarregado de ajudar Taciana.
Ao ver-se diante de um caso raro e um tanto complicado, lembrou-se de mim e me procurou.

- António Carlos, Taciana e Maria do Carmo são um enigma.
Gostaria que o amigo me ajudasse no caso.
Trocamos ideias, interessei-me e foi um prazer unir-me a Paulino para tentarmos desvendar o mistério.

Ao examinar Taciana, conclui:
- Paulino, esta menina, pelo choque que sofreu, esqueceu-se de sua existência actual e mergulhou no passado, em que se chamava Maria do Carmo, e quando conheceu Daniel como Mário Luíz.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jun 25, 2015 8:49 pm

- Isto é possível?
Você quer dizer que, para ela, Taciana nunca existiu e que ela é Maria do Carmo, personagem da encarnação passada?

- É isso mesmo, meu amigo.
Pelo choque, ela recordou a encarnação passada e pelo medo, pelo pavor que teve, refugiou-se nessas lembranças e assumiu a personalidade anterior.
Não sabia ser isto possível! - exclamou Paulino.

- É um facto raro, mas acontece - respondi.
Aconteceu com Taciana, porém muitas pessoas levam sustos traumas maiores e este facto não ocorre.
- Os médicos encarnados dizem ser um caso de dupla personalidade.

- Não estão errados.
A mocinha é Taciana e, pela suas recordações, é também Maria do Carmo.
Paulino, nem todos os casos parecidos com o de Taciana são recordações do passado.

Factos assim podem suceder por vários motivos.
Um deles é a recordação do passado.

- Não resta dúvida - respondi.
A recordação indevida do passado pode ocasionar danos.
A de Taciana não foi espontânea e nem porque ela quis.

Aconteceu pelo choque, e talvez por ter ocorrido no passado algum facto parecido que lhe marcou muito.
Percebo também que Taciana não recordou todo o seu passado, mas só que se chama Maria do Carmo.
Lembrou-se também de Daniel, ao vê-lo, mas não sabe bem quem é ele, só que o quer muito bem.

- António Carlos, que pensa fazer?
- Levar o médico encarnado, Dr. Cassiano, a curá-la.
A primeira providência foi Paulino incorporar-se, em uma reunião no Centro Espírita que Dona Heloísa, a avó de Daniel, frequentava e conversar com ela explicando a situação.

- Então - repetiu Dona Eloísa - devo transmitir ao meu neto Daniel o que me disse, e pedir-lhe que converse com o médico que cuida de Taciana.
Que coisa incrível!
Esquecer-se desta existência e só lembrar-se da outra.

- Incrível ou não, foi o que aconteceu.
É melhor para Taciana não tomar remédios fortes e não pensar que está louca.
Também deve começar logo o tratamento que necessita.

- Acredito no que disse este espírito, vovó - falou Daniel.
Acho que foi isso mesmo o que aconteceu.
O difícil será conseguir falar com o médico e ele acreditar no que irei lhe contar.
Fomos com Daniel ao Sanatório, no sábado à tarde.
Ele insistiu, pediu, mas não conseguiu falar com Dr. Cassiano.

O moço, porém, não desistiu e voltou no domingo à tarde.
Era dia de visita e o Sanatório estava lotado.
Daniel ficou na sala de espera.
Paulino pediu mentalmente à secretária e, para nosso alívio, a moça falou com Daniel.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jun 25, 2015 8:50 pm

- Como você é insistente, O doutor não tem tempo para conversar com desconhecidos.
Mas vou ajudá-lo, pelo menos vou dizer a ele que você está aqui.
- Não se esqueça de falar que é importante, por favor.
Lá fomos, Paulino e eu, com a secretária.
Paulino pediu mentalmente para o Dr. Cassiano atender nosso amigo.

Podemos pedir mentalmente, e algumas pessoas sentem nossos pensamentos como ideias ou vontade.
Porém nem todas recebem ou captam; mas de qualquer forma têm o livre-arbítrio para atender ou não.

Para a nossa alegria, Dr. Cassiano respondeu:
- Tenho alguns minutos de folga.
Deixe o rapaz entrar.

Daniel entrou na sala um tanto encabulado.
Demos-lhe coragem e ele falou rápido.

- Dr. Cassiano, desculpe-me incomodá-lo, mas é importante.
É sobre a paciente Taciana, que diz se chamar Maria do Carmo.
Minha avó é Espírita, e lá no Centro que frequenta, um protector, espírito amigo, disse que Taciana foi na encarnação passada Maria do Carmo e que o susto que levou, fez com que recordasse e se refugiasse no passado.

- Ele também recomendou como devo tratá-la? - indagou o médico, mais por brincadeira.
- Sim, é para o senhor conversar com ela e fazê-la recordar-se do seu passado, ajudando-a a voltar ao presente.
Enfrentando o problema, ela irá se curar.

- Ela pode ser uma assassina!
- Não acredito!
- Tenho que ir atender uma paciente - falou o Dr. Cassiano, despedindo-se.
Vou estudar o caso de Taciana com todo cuidado, como faço com todos os pacientes deste hospital.

Daniel deu-se por satisfeito.
Dr. Cassiano, mesmo se dizendo Espírita, ainda não tinha plenos conhecimentos dos ensinamentos da Doutrina, daí a sua incredulidade sobre a informação. (Nota do Autor Espiritual)

Pensou:
"Cada uma que acontece, recado de um abelhudo desencarnado..."

Porém sabia ser possível e ficou a pensar no assunto.
Paulino e eu tudo fizemos para que ele reflectisse em tudo o que Daniel lhe falara.

Naquela noite, esperamos Dr. Cassiano adormecer, provocamos seu afastamento do corpo e lhe falamos explicando o que ocorria com Taciana, e pedimos que colaborasse connosco.

O médico acordou e não se recordou, mas ficou com uma vaga ideia e resolveu logo pela manhã, quando chegou ao Sanatório, examinar novamente Taciana.

Fisicamente a garota estava bem e, curioso, o médico resolveu indagar:
- Como se chama?
- Maria do Carmo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jun 25, 2015 8:50 pm

- Onde mora?
- Na fazenda Santa Maria.

- Quantos anos tem?
- Vinte e três.
- Você se lembra do último Natal?
Como foi?

Taciana falava calmamente, prestava atenção nas perguntas e respondia tranquila.
Ao descrever o Natal, o último que passou, Dr. Cassiano compreendeu que era a cena de um Natal do século passado.

As respostas da garota o intrigaram.

"De facto" - pensou -"o choque pode ter levado esta jovem a recordar-se e, consequentemente, a pensar que vive na encarnação que teve anteriormente.
Talvez aí esteja a comprovação de que realmente existe a reencarnação."

Dr. Cassiano marcou um horário quase que diário para conversar com ela e suspendeu as medicações, deixam do somente um calmante suave à noite.

Com isso Taciana melhorou, já não se sentia tão prostrada e passou a dormir normalmente.
Passeava pelo pátio e pelo Sanatório.
Dr. Cassiano deixou um recado na portaria do Sanatório:
se Daniel voltasse ali, era para levá-lo até ele.

No domingo seguinte, Daniel foi visitar Taciana, encontrou-se com Dr. Cassiano e combinou com ele contar-lhe tudo o que descobrisse sobre Taciana.

Ao visitar a ex-namorada, Taciana o tratou com carinho e ele descobriu que ela o tinha amado na encarnação anterior.

- Mário Luíz - pediu ela a Daniel.
Não me chame de Taciana.
Por que me tratam assim?
Não gosta do meu nome?
- Gosto. Vou chamá-la só de Maria do Carmo.

As entrevistas entre o Dr. Cassiano e Taciana ficaram cada vez mais interessantes.
Paulino e eu insistíamos, e muitas vezes tentamos intuir os dois, ajudando sempre a jovem.

Taciana aos poucos ia recordando sua outra existência.

Tinha sido filha de um colono de uma fazenda.
Amava um jovem, de nome Mário Luíz, também colono.
O dono da fazenda, Abílio, era casado e morava com a esposa e filhos em outra propriedade.

Encantou-se com Maria do Carmo e a desejou.
Ela não o queria e teve medo dele.
Ele chantageou o pai dela que, por motivo de doença da esposa, devia-lhe dinheiro.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jun 25, 2015 8:50 pm

Abílio pressionou o pai da moça, dizendo que, se Maria do Carmo não fosse morar na casa-grande como sua amante, ele o mandaria para a prisão e colocaria sua família fora da fazenda.

Todos ficaram apavorados.
Maria do Carmo se sacrificou, despediu-se de Mário Luíz, que prometeu ser seu amigo, e foi morar na casa sede da fazenda.

Abílio tratou-a bem, com carinho, presenteou-a com roupas e jóias.
Desfrutava de uma vida sossegada, era tratada como patroa e teve dois filhos.
Abílio ia sempre à fazenda, porém com o tempo as visitas foram escasseando e Maria do Carmo sentiu-se sozinha.

Nunca deixou de amar Mário Luíz e este a ela.
Acabaram se aproximando e tornaram-se amantes.
Mas o segredo dos apaixonados chegou até Abílio, que um dia retornou à fazenda de surpresa.

"É Abílio, chegou sem avisar, o que será que aconteceu?"

Taciana se assustou e parou de narrar.

Dr. Cassiano insistiu.
- O que Abílio lhe disse?
Recorde, Maria do Carmo!

- Ele me xingou, fiquei com muito medo.
Descobriu meus encontros com Mário Luíz.
Entrou no meu quarto e me olhou com ódio.
A faca! Não! A faca não!

Taciana gritou desesperada.
Dr. Cassiano tentou acalmá-la, mas insistiu para que recordasse.

- Que ele fez com a faca?
- Enfiou-a no meu peito!

Dr. Cassiano aplicou em Taciana uma injecção forte e ela adormeceu.
O médico deixou ordem para que quando acordasse a levassem até ele.
Taciana dormiu por horas e, quando acordou, foi levada por uma enfermeira até o Dr. Cassiano.

Quando ela viu o médico, implorou:
- Dr. Cassiano, ajude-me, estou confusa.
Morri ou não morri?
Vi e senti a facada.
Mas não tenho nem sinal e nem marca.
Que acontece comigo?

Taciana chorou e Dr. Cassiano a consolou.

- Minha filha, acalme-se.
Vamos continuar a recordar.
Acabará por compreender tudo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jun 25, 2015 8:50 pm

Não se afobe!
Aqui está segura, não tenha medo.
Vamos continuar.

Abílio entra no seu quarto, ofende-a e a fere com uma faca.
E depois? Vamos lembrar!

- Sou duas.
Sim, estou ali em pé olhando Abílio que ainda me xinga, e a outra está deitada entre a cama e um móvel.
Tenho os olhos abertos e estou toda suja de sangue.

Estou apavorada.
Abílio sempre maldizendo chamou dois capangas, que saem da casa e eu os sigo...
Vão atrás de Mário Luíz, e o encontram no campo.

Amarram-no com uma corda e ele é puxado por um cavalo pela fazenda.
Deixam-no muito machucado e, depois de algum tempo, fica como eu, em dois.

Escuto alguém dizer:
"Ele morreu!". Fico olhando tudo.
Os dois corpos são velados por poucas horas e enterrados.

Estava com vinte e três anos.
Meus dois filhos foram para a casa dos meus pais e Abílio falou ao meu pai que ia sustentá-los.

Nada aconteceu com Abílio pelo duplo assassinato.
Disseram que foi em defesa da honra.
Mas nem esposa dele eu era.
Nossos pais choraram, mas acabaram se conformando.

Confusa, choro.
Vejo um senhor, um homem idoso que me oferece ajuda.
Aceito e ele me leva para um lugar agradável, onde sou bem tratada, gosto de lá.

É bonito! É um Posto de Socorro, um lugar onde são abrigados e socorridos os necessitados.

Taciana calou-se.
Dr. Cassiano compreende que Maria do Carmo desencarnou, vagou e depois foi levada para um socorro, num Posto de Auxílio, que era um local fraterno de ajuda ao próximo.

Taciana ficou pensativa até o próximo encontro com Dr. Cassiano.
Este, intuído por nós, trouxe para a garota alguns livros Espíritas.

- Que aconteceu comigo, Dr. Cassiano? - indagou Taciana preocupada.
Lembro-me que morri, ou, como me ensinaram nesse local em que estava, que desencarnei.

Não era este meu corpo.
Quando morta, ou desencarnada, meu corpo era diferente, era perispiritual.
Estou inventando tudo isto?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jun 26, 2015 9:00 pm

- Maria do Carmo, somos espíritos eternos que vivemos ora no corpo físico, ora desencarnados com o corpo perispiritual.
Você não inventa nada.
Na encarnação anterior foi Maria do Carmo e tudo o que recordou, aconteceu.

Mas por hoje chega!
Trouxe-lhe estes livros.
São muito bons e falam sobre esse assunto:
encarnação, desencarnação e reencarnação.
Você vai gostar deles.

Taciana foi para o quarto, ou seja, para a enfermaria feminina.
Acariciou os livros com carinho.

Eram eles O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Livro dos Espíritos, ambos de Allan Kardec.
Começou a lê-los em seguida.
As partes que falavam sobre reencarnação, leu-as muitas vezes.

Ficou ansiosa para conversar com Dr. Cassiano e, quando o encontrou, falou contente:
- Dr. Cassiano, o que aconteceu comigo foi que recordei minha encarnação anterior.
Não estou louca!

- Nunca esteve, minha filha, só um pouco confusa.
Mas ainda tem muito para recordar.
Vamos continuar nosso trabalho. Concentre-se.
Você está num lugar agradável e bonito, gosta de lá.
Você vê Mário Luíz?

Dr. Cassiano acabou por se acostumar a chamar Taciana de minha filha, porque ela insistia que se chamava Maria do Carmo e, não querendo desagradá-la, optou por esse termo carinhoso.

Com a pergunta do médico, Taciana ficou pensativa e depois respondeu:
- Sim, encontrei Mário Luíz.
Ele é bom, perdoou e ajudou Abílio, que logo depois foi assassinado com um tiro, bem longe da fazenda em que morávamos.

Abílio sofreu muito, eu não quis vê-lo, mas Mário Luíz o ajudou.
Depois ele foi trazido para o Posto de Socorro, e acabamos fazendo as pazes.

Mário Luíz me dizia:
"Maria do Carmo, nós também erramos.
Você deveria ter vivido como esposa de Abílio, aceitando e se conformando com a situação.
Eu não deveria ter me aproximado de você.
Precisamos perdoar, para merecer o perdão de Deus".
Depois...

Taciana parou de falar e Dr. Cassiano insistiu.
- Depois? Fale minha filha.
- Preparei-me para reencarnar.
Agora sou Taciana!
Por isso é que todos me chamam de Taciana.
Chamo-me Taciana!
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jun 26, 2015 9:00 pm

- Sim, você agora é Taciana - falou Dr. Cassiano.
Começou a interrogá-la.
- Onde mora? Quando nasceu?
Que faz? Quem são seus amigos?

E Taciana foi recordando.
- Meu Deus! - exclamou. - Daniel é Mário Luíz!
Em outra conversa ela lembrou-se de Aloísio.
- Dr. Cassiano, Aloísio era Abílio!

Taciana falou com medo.
- Que tem isto? Acha ruim?
- Não sei!

Dr. Cassiano parou por aí.

Mas ficou a pensar:
"Taciana deve ter se confundido, quando entrou no açougue.
Se Aloísio era Abílio, ela ficou com medo de ele matá-la.

No açougue há facas.
Talvez o moço a ameaçasse.
E então o matou. Coitada desta menina!
Que fazer para ajudá-la?"

A família de Aloísio pressionou a polícia para que Taciana fosse levada para um Manicómio judiciário.

Dr. Cassiano tudo fez para impedir, e conseguiu que prevalecesse sua vontade.
Embora convencido de que fora Taciana que matara o rapaz, entendeu os motivos.

Mas a justiça dos homens entenderia?
Daniel ficou a par dos acontecimentos.
Tornou-se amigo do Dr. Cassiano.

Conversavam e trocavam ideias, quando ia ao Sanatório.
Taciana falou a Daniel de suas recordações.

Ele não recordou nada, mas sentiu que tudo o que ela falou era verdadeiro.
Daniel e Taciana reconciliaram o namoro.

- Amo você, Daniel!
Amei-o como Mário Luíz e o amo agora.
- Eu também a amo!

Com todos esses acontecimentos Daniel se interessou pelo Espiritismo.
Taciana também passou a ir às sessões do Sanatório e a ler livros Espíritas.

Daniel procurou ir com frequência ao Centro Espírita que a avó frequentava.
Numa dessas idas, Paulino incorporou-se e falou com Daniel.
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Aconteceu - António Carlos / Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho Empty Re: Aconteceu - António Carlos / Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jun 26, 2015 9:00 pm

- Daniel, Taciana não matou Aloísio.
Diga isso ao Dr. Cassiano.

Dr. Cassiano acreditou no recado, sentiu-se até aliviado.
Torcia para que Taciana não fosse a assassina.
Insistiu com ela para que recordasse tudo.

- Taciana, recorde!
Você encontra a porta do açougue encostada, entra. O que vê?
- Ai! Socorro! - gritou Taciana.
Vejo Aloísio caído com a faca no peito.

Quero ajudar, não sei como.
Abaixo e tiro a faca, que está suja de sangue.
Grito, grito!

- Quem matou Aloísio?
Você viu? Foi você?
- Não sei quem o matou.
Serei eu? Fui eu? Meu Deus!
Será que matei Aloísio pensando que era Abílio?
Será que fui eu?
Não me lembro!

Chorou desconsolada.
- Não foi você! Não foi! - falou Dr. Cassiano, com certeza pensando no recado que recebera.
Você entrou e o viu caído, morto.
Vamos recordar.

Taciana com medo, se recusou.
Mas no outro dia, ela recorda tudo.

- Não matei Aloísio. Encontrei-o morto.
Dr. Cassiano, estou com medo, será que foi Daniel?
Terminei o namoro com ele para encontrar-me com Aloísio.
Será que foi ele?

Dr. Cassiano não respondeu.
Para ele, Daniel era um bom moço, mas não descartava a hipótese.
Por ciúmes tantos crimes são cometidos.

Ainda mais estando vinculados por rancores de outra encarnação.
Taciana quis ir para casa.

- Dr. Cassiano, estou bem.
Sinto-me bem. Quero ir para casa.
- Por enquanto, não, Taciana.
Você é acusada de assassinar Aloísio.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jun 26, 2015 9:00 pm

- Eu?! Mas não o matei!
- Sabemos disto, mas a polícia, não.
Ninguém viu nada de suspeito, só você entrou no açougue.
Encontraram-na gritando, suja de sangue e Aloísio, morto.
São muitas as provas contra você, aqui está protegida.

- Tenho medo. Não quero ser acusada por um crime que não cometi.

Daniel entristecia e pensava:
"Aloísio é culpado de tudo, fez com que sofrêssemos na encarnação anterior e ainda faz nesta.
Não gostei da pergunta que Taciana me fez:
'Você matou Aloísio?'

Duvidou de mim. Somos inocentes.
Ela está sendo acusada e eu poderei ser também.
Ainda mais que naquele dia faltei à aula para vigiar Taciana, e depois de vê-los na praça fui para casa.

Mas acreditarão?
Se a suspeita for levantada, as pessoas lembrarão que me viram na praça."

Foi então que sentiu, pela primeira vez nesta encarnação, raiva de alguém, de Aloísio e de seu assassino, que ninguém sabia quem era.

Para se distrair, pegou O Evangelho Segundo o Espiritismo e abriu ao acaso.

Ou penso que fora ao acaso.
Paulino, que já tinha preparado a lição que o ajudaria no momento, fez com que abrisse no capítulo XII, na mensagem escrita por Adolfo.

"Só é verdadeiramente grande aquele que, considerando a vida como uma viagem que tem um destino certo, não se incomoda com as asperezas do caminho, não se deixa desviar nem por um instante da rota certa.

De olhos fixos no seu objectivo, pouco se importa que os obstáculos e os espinhos da senda o ameacem, estes apenas o roçam, sem o ferirem, e não o impedem de avançar.

Arriscar os dias para vingar uma ofensa é recuar diante das provas da vida, é sempre um crime aos olhos de Deus e, se não estivésseis tão enlevados como estais, nos vossos preconceitos, seria também uma ridícula e suprema loucura aos olhos dos homens".

"Que bonita lição de Amor" - pensou Daniel.
"Se perder tempo com rancores estarei desperdiçando-o.

Não quero ter raiva.
Perdoei Aloísio no passado e o perdoo de novo, como também quem o matou e nos colocou nesta situação".

Orou para Aloísio e sentiu paz.
Mas, enquanto aconteciam esses factos narrados, Paulino e eu entramos em acção para descobrir os assassinos de Aloísio, porque certamente não fora Taciana, mas poderia ter sido Daniel?

Fomos ao local do crime, o açougue, que estava fechado, e pela Psicometria pudemos ler o que aconteceu naquele dia.

Psicometria é a leitura da memória de objectos, de coisas ou de lugares.
Os objectos possuem a virtude de receber e conservar fluídos vitais de acontecimentos vividos de factos marcantes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jun 26, 2015 9:00 pm

Pela concentração de quem sabe fazê-lo, obtêm-se bons resultados.
Entretanto são informações do próprio éter imanente no objecto, e não da matéria que o constitui.
A Psicometria é mais fácil para os desencarnados, mas muitos encarnados podem fazer uso dela, desde que aprendam.

Desencarnados também precisam aprender e treinar.
Psicometria, então, é a leitura dos acontecimentos que registam a história na matéria.

Assim, Paulino e eu vimos através do sistema vibratório os acontecimentos que se passaram ali, no açougue.

Concentramo-nos nos que nos interessavam, ou seja, na desencarnação de Aloísio.
Aloísio chegou ao açougue, despediu-se do empregado, que foi logo embora.
Deixou a porta encostada, abriu a gaveta do dinheiro e começou a contá-lo.

Dois adolescentes, sendo um menor de idade, entraram e o surpreenderam.
Ele tentou reagir, e um dos assaltantes pegou uma faca em cima do balcão e a enfiou no peito dele, que desencarnou na hora.
Fugiram apavorados e nem levaram o dinheiro.

Logo depois, Taciana o encontrou.
Aloísio desencarnou e foi socorrido pela sua bisavó que o levou para um Posto de Socorro.

Estava em tratamento.
Paulino até pensou que Aloísio pudesse vir ditar uma mensagem à família, pela psicografia, e inocentar Taciana e Daniel.

Mas a família de Aloísio não acreditava em Espiritismo.
Os parentes de Taciana sofriam com o ocorrido.
Os pais acreditavam na inocência da filha e não sabiam o que fazer para ajudá-la.

Vendo os assaltantes, Paulino e eu fomos à procura deles.
Por informações de trabalhadores de um Centro Espírita, localizamos os dois na periferia da cidade.

Eram amigos e vizinhos, O maior de idade, Valdir, já tinha se metido em outros crimes.
O outro, com dezasseis anos, mas um bonito menino, começou cedo na marginalidade, também já participara de muitos assaltos.

Ambos eram viciados em drogas.
Ficamos observando os dois, que tinham por companhia espíritos afins, mas eles não nos viram.

Tentamos fazê-los pensar no crime que cometeram, mas eles nos repeliam.
Tentamos ajudá-los com conselhos, fizeram mesmo.

Éramos intrusos que os incomodavam.
Apiedamo-nos dos dois jovens, entretanto não se pode ajudar quem não deseja.
A ajuda espiritual tem que ser pedida e aceita, senão torna-se inviável o auxílio.

Aguardamos uma oportunidade e esta não demorou.
Numa batida, a polícia os encontrou com drogas e os prendeu.
Foram interrogados por um delegado, uma pessoa simpática que atendeu nossos rogos.

- Hei, vocês dois, confessem o crime que cometeram - falou sem perceber e até estranhou.
Os dois se assustaram, e o delegado olhou para eles com piedade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jun 26, 2015 9:01 pm

- Vamos, confessem! - repetiu.
- Que crime? - indagou Valdir com medo.
- O que barbaramente cometeram!

Como os dois ficassem espantados, o delegado interessou-se, sentiu que eles escondiam algo mais e os ameaçou.

Valdir, querendo se livrar, falou:
- Não fui eu, senhor delegado.
Foi ele quem matou açougueiro. Foi ele!
- Cale a boca, idiota! - disse Mané.

- Você está dopado.
De facto, os dois haviam consumido uma quantidade grande de drogas.
- Vão me falar tudo direitinho.
Que açougueiro? Quem vocês mataram?
O jovem do açougue da avenida?

- Foi ele! - repetiu Valdir. - Foi ele!
- Covarde! Não fui eu!
Está pondo a culpa em mim, porque sou menor.

Os dois acabaram se agredindo.
O delegado mandou tirar Mané da sala e interrogou Valdir, que acabou falando tudo.

Foi ele quem matou Aloísio.
O delegado deixou os dois presos e se comunicou com seu colega, outro delegado que estava encarregado de desvendar o assassinato de Aloísio.

- Prendi dois adolescentes que confessaram ter matado o jovem açougueiro.
aciana foi inocentada e Daniel ficou livre das suspeitas.
Quanto aos dois adolescentes, Valdir ficou preso e Mané foi encaminhado a uma Instituição apropriada.

- Taciana, minha filha - falou Dr. Cassiano.
Pode ir para casa.
Foram dois assaltantes que mataram Aloísio, confessaram e estão presos.
Você pode retornar ao seu lar, pois está muito bem.

E não se esqueça dos meus conselhos.
Você teve um trauma ao ver Aloísio morto.
E foi só! Nada de comentários.
Tudo isso logo será esquecido.

- Agradeço comovida.
O doutor foi muito bom para mim.
Acreditou no que eu dizia.
Não me esquecerei de seus conselhos.

Lembrei-me de minha existência passada, mas devo ignorá-la.
O que passou, passou, o presente é o que interessa.
Vou de agora em diante seguir a religião Espírita e quero ser uma boa Espírita.
- É isto aí, garota. Felicidades!
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jun 26, 2015 9:01 pm

Dr. Cassiano teve a comprovação da lei da reencarnação, e passou a se dedicar com mais carinho aos estudos espíritas.

Logo que Taciana chegou em casa, parentes, vizinhos e amigos foram visitá-la, querendo saber dos detalhes.
E, seguindo o que lhe foi recomendado, respondeu que teve um simples trauma.

Como o Dr. Cassiano predisse, logo se desinteressaram do assunto.
Taciana ia logo voltar estudar, e teria que repetir o ano, mas não se importava.
Mudou, tornou-se responsável e passou a dedicar-se a trabalho de casa com carinho.

Ela e Daniel reiniciaram namoro e começaram a frequentar juntos um Centro Espírita.
Uma visita a surpreendeu.

- Taciana - chamou-a sua mãe.
Os pais de Aloísio estão aqui e querem falar com você.

Taciana ainda estremecia ao lembrar-se dos acontecimentos foi à sala, toda encabulada.
- Taciana - disse o pai de Aloísio.
Viemos visitá-la Como está passando?
- Não fui eu quem matou Aloísio! - disse toda nervosa e baixinho.

- Sabemos disso - disse a mãe de Aloísio.
Viemos para nos desculpar.
- Desculpo sim, desculpo - falou rápido.

O casal percebeu que incomodava a mocinha e desculpou-se com os pais de Taciana.

- Compreendemos - disse a mãe de Taciana.
Temos filhos e calculamos o que é perder um.
O casal despediu-se.

- Paulino - disse eu -, volto ao meu trabalho.
- Tudo terminou bem, também volto aos meus afazeres no Centro Espírita, mas não esquecerei de Valdir e Mané, irei visitá-los sempre e tentarei ajudá-los, encaminhando-os ao bem.
- Espero que consiga!

Abraçamo-nos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jun 26, 2015 9:01 pm

**********
Fui visitar um amigo.
Pessoa a quem dedico muito carinho, trabalhou comigo por um bom tempo, quando estava desencarnado.

Achando que era hora de reencarnar, decidiu-se com o objectivo de se reconciliar com o espírito que ia ser seu pai, e também pensando em progredir.

Julgava-se o ofensor, queria e sentia necessidade de estar perto do ex-inimigo, para reparar-se, com seu carinho, junto a quem prejudicara no passado.

Prometi visitá-lo e, se pudesse, ajudá-lo no tempo em que estivesse no corpo físico.
Sempre que possível, vou vê-lo.
Nesta visita, encontrei meu amigo em dificuldades.

Jéferson completava três anos de idade.
Garoto inteligente, saudável e muito bonito, era o terceiro filho.
Sua irmã mais velha, Mariza, além de bonita era ajuizada, prestimosa e trabalhadeira.

Estava com onze anos.
O irmão, Marcelo, tinha nove anos.
Encontrei-os no apartamento, sozinhos.
Mariza arrumava a mesa para o jantar após ter esquentado a comida.

Os meninos brincavam em frente da televisão.
Beatriz, a mãe, ao ficar grávida de Jéferson, separou se do esposo.
Agora, moravam os quatro num pequeno apartamento de dois quartos, num bairro modesto de uma grande cidade.

Logo Beatriz chegou e estava acompanhada de dois espíritos ansiosos por prazer.
Ao me verem, não entraram, ficaram esperando a companheira encarnada do lado de fora do prédio.

Beatriz beijou os filhos distraída.
- Mamãe - disse Mariza.
O jantar está quente, arrumei tudo direitinho.
- Muito bem!

Respondeu por responder.
Sem dar mais atenção ou perguntar como estavam, foi tomar banho.
Jantou pouco e foi para o quarto arrumar-se.

Marcelo indagou:
- Mamãe, vai sair de novo?
Tenho medo de ficar só com a Mariza à noite.
Não saia hoje.
Fique! Vai passar na televisão...

Beatriz deu um grito tão alto que até eu me assustei.
Disse ao filho que se calasse, que ia sair e deveriam ficai quietos e obedientes.

Falou muitas asneiras, deixando os meninos tristes e calados.
Notei que estas cenas deveriam ser constantes.
Achei que era o momento de cumprir a promessa de ajuda que fiz ao meu amigo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jun 26, 2015 9:01 pm

Embora consciente de que não poderia interferir no livre-arbítrio dos encarnados, resolvi investigar o que acontecia naquele lar.

Toda enfeitada, Beatriz saiu e trancou as crianças.
As duas entidades a esperavam juntamente com um encarnado, num carro.
Segui-os, foram a um barzinho.

Voltei ao apartamento.
Dei um passe nas crianças e limpei os fluidos nocivos do local.
Mariza ajudou os irmãos a trocarem de roupa e a escovar os dentes.

- Marcelo e Jéferson, não fiquem com medo.
Estou aqui para cuidar de vocês.
- Você é tão nova quanto eu.
Papai disse que você é criança - falou Marcelo.

- Sou mais velha! - respondeu a menina.
Vamos orar para nosso Anjo da Guarda.

Pôs as mãozinhas uma na outra, acto que foi imitado pelos irmãos.
Cheguei perto dela e transmiti-lhe meus pensamentos.

Mariza orou alto:
- Papai do Céu, permita que seus anjos possam nos ajudar sempre.
Se possível fique connosco nesta noite e não deixe Marcelo ter medo.
Obrigada! Amém!

Foram os três para o quarto, dormiam juntos.
Não sentiram medo e adormeceram logo, tranquilos.
Fiquei no apartamento.

A vizinha do lado, ao passar diante da porta fechada, comentou com o esposo:
- A sirigaita saiu e trancou as crianças.
Se pegar fogo no prédio, elas morrem aí trancadas.

- Se pegar fogo, arrombo a porta e as salvo - respondeu o esposo.
- Só trabalho para ela porque necessitamos do dinheiro que ganho e porque tenho pena das crianças.
Se alguma delas passar mal à noite, não sei o que pode acontecer.

Os vizinhos eram boas pessoas.
Dona Lourdes estava realmente preocupada.
Trabalhava para Beatriz algumas horas por dia.
Vinha cedo, arrumava o apartamento e fazia o almoço.

Ao meio-dia, o pai buscava os dois mais velhos para levá-los à escola.
E ela ficava com Jéferson até que voltassem, quando ficavam os três sozinhos esperando a mãe voltar do trabalho.

Quando ela saía à noite, deixava-os trancados.
Beatriz voltou de madrugada e bêbada, foi dormir sem ao menos dar uma olhada nas crianças.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jun 26, 2015 9:02 pm

Fui à Colónia onde eu estava trabalhando e pedi uma licença.
Obtida, voltei para perto de meu amigo.

Na noite seguinte, a mesma cena.
Beatriz chegou em casa acompanhada de dois espíritos.
Vendo-me, iam sair, mas os detive.
Ficaram nervosos e se puseram a me examinar.

- Por favor - disse.
Quero falar com vocês.
- Nada temos com você - disse um deles.
Acompanhamos esta idiota por afinidade.
É uma bêbada!

Não pense você que a forçamos a beber.
Ela é que gosta! É só convidar.
Ela é chegada a uma farra.

- Por motivos particulares, vou ficar com ela por uns tempos.
Não quero que saia mais.
Peço aos amigos que não a convidem.
Peço-lhes que se retirem e não voltem.

- Você é engraçado, pede em vez de mandar - disse mesmo que respondeu anteriormente.
Quero saber uma coisa:
ela o obedecerá?
- Também não pretendo mandar.
Vou aconselhá-la.

Riram.

O outro indagou:
- Que acontecerá connosco se nos recusarmos a atendê-lo?
- Nesse caso, terei de impedi-los usando outros meios como levá-los a um Centro Espírita para uma conversa mais séria.

Os dois cochicharam.
- Resolvemos atendê-lo - disse o primeiro, que me dirigiu a palavra.

Saíram.
Li em seus pensamentos que iam deixar de procurar Beatriz.
Afinal tinham muitos outros companheiros encarnados, e ela não valia a pena para terem um confronto comigo ou com quem quer que fosse.

Estavam a fim de divertimento e não se importavam com quem.
Beatriz naquela noite não saiu, para a alegria dos filhos.
Desmarcou o encontro por telefone, ficou com as crianças assistindo à televisão, e as ajudou a se aprontar, para dormir.

Quando se recolheu ao leito, examinei-a, ela estava muito doente.
No dia seguinte, acompanhei-a logo cedo, quando saiu para o trabalho.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jun 27, 2015 9:12 pm

Beatriz era vendedora numa drogaria.
Não estava bem, pois a doença a incomodava.
À tarde pediu para sair mais cedo, para ir ao médico.

Antes, passou num laboratório e pegou os exames que havia feito na semana anterior.
O médico, após os cumprimentos, abriu os exames e se pôs a examiná-los.

- Os resultados confirmaram minhas suspeitas.
- Que tenho doutor? - indagou Beatriz preocupada.
É realmente o que julgava?
- Sim - respondeu de cabeça baixa.

Beatriz esforçou-se para parecer forte.

Após uns instantes de silêncio, falou:
- Estou com leucemia...
Quanto tempo tenho de vida?
Não minta para mim, por favor.

Tenho muitas providências a tomar.
Sou divorciada e tenho três filhos que estão comigo.
Necessito encaminhá-los.

- Se fizer o tratamento, pode até sarar ou viver alguns meses somente.
É difícil prever. Se não se cuidar, acho que tem pouco tempo de vida.
A senhora está debilitada, demorou para consultar um médico e fazer os exames.

- O tratamento é muito caro, não é?
- Sim, fica caro.
Certamente a senhora irá se tratar.

- Agradeço-lhe, mas vou pensar.
- A senhora tem que resolver logo.
Já esperou muito.

Beatriz levantou e estendeu a mão ao médico, despedindo-se.
Foi para casa desanimada e triste.
Ao ver os filhos, descobriu que os amava.

Naquele dia foi carinhosa com eles, e as crianças sentiram-se felizes pela atenção recebida.

Ficou a pensar no que ia fazer.
Sua mãe desencarnara há tempos, o pai já velho e aposentado morava numa outra cidade, numa pequena pensão.

Estava afastada de sua família por sua própria culpa.
Tinha um irmão casado, que morava na mesma cidade do pai, e um outro, que desencarnou jovem, aos dezanove anos, em acidente.

O pai, mesmo ganhando pouco, ajudava-a dando-lhe todo mês o dinheiro do aluguer do apartamento.
Sentiu saudades dele e resolveu telefonar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jun 27, 2015 9:12 pm

Discou o número da pensão e pediu para chamá-lo.
Ao atender, perguntou logo o que ela queria.
Beatriz compreendeu que ultimamente só o incomodava e só se dirigia a ele para pedir dinheiro.

O pai estranhou quando ela disse:
- Telefonei só porque estou com saudades do senhor.
Quero saber como está passando.

O pai queixou-se que não estava bem, que tinha ido ao médico e seu coração estava fraco, etc.
Mandando beijos e abraços, ela desligou.
"Meu pai não tem condições de ficar com meus filhos - pensou.
"E nem meu irmão."

O irmão tinha os próprios filhos, não se davam bem há tempo não o via.

A cunhada a detestava.
Por brigas no passado, em que ambas agiram erradas, procuravam não saber uma da outra.
Sua família estava descartada, restava apenas o ex-esposo.

Márcio era bom.
Reconhecia que ela é que não soubera manter o casamento.
Sempre gostou de festas e de sair com amigos, ele, não.

Como ele se recusasse a sair, passou a fazê-lo sozinha, deixando os filhos com ele, com a empregada ou até sozinhos.

Gastava muito com roupas, e as brigas passaram a ser frequentes.
Mas ela nunca traiu o esposo.
Depois de separados, sim teve muitos amantes.

Estavam satisfeitos com um casal de filhos, e não queriam outros, quando ela ficou grávida pela terceira vez.
Foi um choque para os dois.
Beatriz ficou mais nervosa e inquieta.

Numa costumeira briga, disse ao marido num acesso de raiva:
- Este filho não é seu!

Márcio calou-se, por algum tempo ficou parado olhando-a, depois arrumou suas roupas e saiu de casa, não voltando mais.

Beatriz arrependeu-se, tentou desmentir, mas não adiantou.
Ele pediu o divórcio e se separaram legalmente.
A guarda das crianças ficou com ela, e Márcio podia vê-las sempre que quisesse.

Ele levava os dois mais velhos à escola e, aos domingos, buscava-os para passear, mas somente Mariza e Marcelo.

Nunca ligou para Jéferson, embora tivesse registado o menino no seu nome.
Tempos depois de ter saído de casa, Márcio casou-se novamente com uma colega do trabalho.
Viviam bem e tiveram um filho, que os do primeiro casamento não conheciam.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jun 27, 2015 9:13 pm

"Márcio ficará com Mariza e Marcelo" - pensou Beatriz, triste.
"Mas e Jéferson? Com quem irei deixá-lo?
Queria tanto os três juntos!"

As crianças já dormiam e Beatriz continuava na sala, pensando.
"Não irei me tratar. Não tenho dinheiro.
Também não irá me adiantar nada o tratamento."

Beatriz era formada em Biologia e, como trabalhava há anos numa farmácia, conhecia bem a realidade de sua doença.

Sabia que muitas pessoas haviam sarado.
Mas sentia que ela não conseguiria, pois descobrira a doença em estado muito avançado.

E não tinha dinheiro para o tratamento que sabia ser bem caro.
Márcio pagava a escola dos filhos, fazia a compra do mês no supermercado, pagava luz, o telefone e ainda lhe dava uma pequena pensão.

Não tinha o que reclamar dele.
Com seu ordenado, ela comprava algumas frutas, pão, leite, roupas para as crianças e o resto gastava com ela, gostava de roupas novas e enfeites.

Decidida mesmo a não se tratar, tinha que resolver o que fazer com os filhos.
Acabou por se decidir a deixar os dois mais velhos com Márcio, e tentar que aceitasse o caçula.
Beatriz só conseguiu dormir de madrugada.

No domingo, esperou por Márcio, que veio à tarde buscar as crianças.
Ficou na sala.
Márcio chegou e cumprimentou-a friamente, beijou os dois maiores e nem olhou para Jéferson.

- Márcio - disse Beatriz.
Quero falar um instante com você, por favor.
A contragosto, acompanhou-a até a cozinha.

- Márcio não é justo você tratar Jéferson assim.
Ele é seu filho. Juro!
- Não acredito em você e nem em seus juramentos.
Não sou o pai dele!
- Faça um exame de sangue. Nunca o traí!
- Não me amole!

Márcio voltou à sala, pegou os dois mais velhos e saiu Jéferson, querendo passear, sair com os irmãos, começou a chorar.

"Vá passear com ele!"
Pedi à Beatriz que saísse com o menino.
Aceitando minha sugestão, levou-o para um pequeno passeio.
Beatriz caminhou na calçada em frente ao apartamento, de mãos dadas com o filho.

Estava distraída.
Com a confirmação da doença, ficou abatida.
Bebia e fumava muito, havia emagrecido nos últimos dias, não estava bem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jun 27, 2015 9:13 pm

Embora caminhando devagar, cansou-se e voltou logo para casa.
Mariza e Marcelo foram a um parque com o pai, que não as levava à sua casa por proibição de Beatriz.

As crianças não se queixavam da mãe, não falavam nada quanto a ficarem sozinhas e trancadas.
Não conheciam Paula, a segunda esposa do pai, mas não gostavam dela, e até a temiam pelo que Beatriz dizia dela.

A mãe falava que Paula era ruim, que ia castigá-los, que não gostava deles, que ela é que havia tirado o pai de casa, etc.

Depois do passeio, Márcio deixou as crianças na portaria do prédio e eu o acompanhei.
Márcio preocupava-se, gostava muito dos dois filhos, era boa pessoa, honesto, trabalhador e responsável.

Voltou para casa.
A esposa, Paula, também era agradável.
O casal tinha um filho, Fábio, uma criança deficiente mental.
Os dois se amavam.

Márcio, assim que chegou, contou à esposa a conversa que teve com Beatriz.
- Márcio, será que Jéferson não é mesmo seu filho? - Paula indagou.
Não gosta dele, não é?
Márcio, porém, não respondeu nada.

No outro dia, segunda-feira, Beatriz não foi trabalhar.
À tarde, foi ao médico da firma em que trabalhava, mostrou a ele os exames e pediu afastamento para tratamento.

Foi prontamente atendida.
Depois foi à drogaria e entregou ao gerente a licença.

Despediu-se de todos.
Ninguém gostava sinceramente de Beatriz, embora ela trabalhasse ali há anos, porque não foi capaz de fazer amizades.

Não se interessavam em saber o que ela tinha.
Após alguns abraços cordiais, Beatriz foi para casa.
Disse a todos que estava de férias.

Na terça-feira, telefonou para o ex-marido e lhe disse que concordava com que ele viesse mais vezes ver as crianças, que ficasse com elas nos finais de semana e até que elas poderiam ir à casa dele.

Márcio ficou feliz e comentou com Paula.
- Beatriz já se cansa dos filhos!
Eles a atrapalham, certamente quer sair, ir para a farra.
- Márcio, você ainda ficará com seus filhos - respondeu a esposa.

Achando que os dois deveriam conhecer Fábio e Paula, antes de irem passar o fim de semana em sua casa, Márcio, na quarta-feira depois da aula, levou-os para conhecer o irmãozinho de que ele tanto lhes falava.
Mariza e Marcelo ficaram desconfiados com Paula, que tudo fez para os agradar.

Quando chegaram, Beatriz indagou:
- Gostaram da casa do seu pai?
Gostaram de Fábio?
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Aconteceu - António Carlos / Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho Empty Re: Aconteceu - António Carlos / Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jun 27, 2015 9:13 pm

- Fábio é diferente - disse Marcelo.
Ele é grande, mas é como se fosse bebé.
- E Paula? O que acharam dela?

- Não sei - respondeu Mariza.
Ela nos agradou.
Mas, como você disse que ela é má, não lhe demos confiança.

- Estava errada em relação a Paula, ela não é má.
Acho mesmo que ela é boa, vocês devem gostar dela.
Não foi ela quem tirou o pai de vocês daqui, na verdade ele eu não combinávamos há tempo.

Na sexta-feira à tarde, vocês vão para a casa deles passar o fim de semana.
Não precisam evitar Paula, podem gostar dela.

Mariza e Marcelo se olharam, estranhando.
Beatriz esforçou-se para dizer isto, depois levantou-se e foi chorar no quarto.

Os dois foram na sexta-feira para a casa do pai e se divertiram muito.
Paula gostou muito deles e Márcio ficou muito feliz.
Aquele final de semana foi muito triste para Beatriz.
Ela sentiu a falta dos filhos e tentou brincar com Jéferson, que também sentia a ausência dos irmãos.

Estava cada vez pior.
Tentei aconselhá-la para que se tratasse, mas ela se recusava.

Na segunda-feira, pegou todas as suas melhores roupas e bijutarias, procurou uma loja que negociava objectos usados e os vendeu.

Também foi a um orfanato onde adquiriu folhetos explicativos sobre o processo de adopção.
Pensava que, se Márcio não ficasse com Jéferson, iria deixá-lo num orfanato, com toda a papelada em ordem, para que pudesse ser adoptado.

Comecei a pensar em como agir, para ajudar meu amigo encarnado.
Se ele reencarnou com objectivo de se reconciliar com quem era agora seu pai, não podia deixá-lo ir parar num orfanato.
Acompanhei de perto os acontecimentos.

Na terça-feira à noite, Beatriz recebeu um telefonema, convidando-a para uma noitada.
Pedi-lhe que não fosse, insisti.
Não me atendeu e planeou divertisse.

Xingou por ter vendido suas roupas, arrumou-se como pôde e saiu, deixando os três filhos tristes.
De volta à sua turma, Beatriz começou a beber e a fumar em demasia.
Acabou por sentir-se mal e desmaiou.

Os amigos tentaram reanimá-la.
Não conseguindo, tiveram de chamar uma ambulância.
Não a acompanharam e ficaram nervosos, comentaram que ela havia bebido demais ou usara drogas antes de encontrá-los, e não queriam se comprometer.

No Pronto-socorro, o médico que a atendeu, percebeu logo que seu estado era grave e aplicou-lhe sangue e soro.
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