LUZ ESPÍRITA
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Aconteceu - António Carlos / Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 30, 2015 9:09 pm

Mercedes solicitou ajuda e ela recebeu o apelo da mãe aflita:
"Anita, por favor, ajude minha filha e meu genro."

Inquieta, Anita sentiu necessidade de visitar o casal conhecido, no hospital.
"Por que não ir se estou com vontade?
Mas os conheço tão pouco! Farei uma visita rápida" - pensou.

Pegou na livraria um exemplar do livro Reconciliação e o levou de presente ao casal.

A visita foi rápida e o casal a recebeu bem.
Conversaram sobre acontecimentos triviais.
Anita deu-lhes o livro.

- Trouxe este livro de presente.
Li e gostei, quem sabe irão apreciá-lo também.

O casal agradeceu e prometeu ler.
Anita voltou para casa aliviada.
Mercedes intuiu a filha para ler o livro.

Pedia-lhe que fizesse a leitura.
Deste pedir, Mercedes pelo pensamento tentava transmitir à filha a vontade de fazer, no caso, de ler o livro.

Porém o encarnado é livre para atender ou não.
Muitos não conseguem perceber influência nenhuma, alguns recebem de maneira clara, e outros, parcialmente.

Leonora atendeu o pedido feito, porém nem sequer lembrou da mãe desencarnada há tanto tempo.
Olhou para o livro, pegou-o e examinou.

- Guilherme - falou Leonora -, não tenho nada para fazer, acho que vou ler este livro e me distrair, pois foi dado com tanto carinho.
Quer que eu leia em voz alta para você?
- Seria bom distrair-me um pouco.
Por favor, leia para eu ouvir.

E Leonora começou.
Interessaram-se logo no começo, chegando a ler duas, três vezes, os pedaços que acharam mais interessantes.

Encabularam-se com a personagem Valquíria, uma deficiente mental, por ter se suicidado na encarnação anterior.
Motivados por Mercedes, Guilherme e Leonora trocaram comentários.

- Guilherme, será certo nós nos matarmos?
E se a vida continuar mesmo?

- Leonora, este livro é tão lindo!
Tocou-me no fundo do meu ser.
Estou com medo de me suicidar.

(Nota Da Editora) “Reconciliação é um belo romance de António Carlos.”
- Se for para sofrer mais, é melhor não concluir nosso pacto.
Acho que vou telefonar para Anita, agradecer o presente e pedir-lhe que venha conversar connosco.
- Faça isto - disse Guilherme -, podemos pedir a ela mais explicações sobre o suicídio.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 30, 2015 9:10 pm

Leonora fez isto.
Anita prometeu ir logo no outro dia.
Convidou mais duas amigas Espíritas e levaram O Evangelho Segundo o Espiritismo para eles.

O casal alegrou-se com a visita e, logo após os cumprimentos, Leonora indagou:
- Anita, lemos o livro que nos trouxe de presente e gostamos muito.
Queremos saber o que acontece com a alma após a morte do corpo.
E também saber mais sobre quem se suicida.

Intuídas por Mercedes, conversaram por longo tempo.

- O corpo de carne é perecível, mas somos eternos.
Desencarnamos e vamos a lugares que fizemos por merecer.

Ninguém deve suicidar se.
Ao provocar nossa própria morte, lesamos terrivelmente nosso perispírito.
Não existe na Espiritualidade regra geral.

Cada caso é um caso, e nem sempre a reacção é a mesma para uma determinada acção.
Mas o suicida sofre muito.

Leonora e Guilherme acabaram chorando e contaram às três senhoras o pacto que fizeram.

- O pacto está desfeito - disse Guilherme.
Não quero mais me matar.
- Nem eu! - disse Leonora.

Anita e as amigas passaram a ir todos os dias ao hospital, para conversar com o casal.
Guilherme e Leonora passaram a ler as obras Espíritas, compreenderam o acto terrível que iam fazer, tiveram medo e não pensavam mais em suicídio.

Encontraram no Espiritismo conhecimentos e consolo.
Guilherme, com os passes que as três senhoras caridosamente lhe administravam, melhorou sensivelmente e recebeu alta do hospital.

O grupo, Anita e amigas, continuou a visitá-los em casa, até que Guilherme sentindo-se bem pôde frequentar o Centro Espírita.

Leonora e ele encantaram-se com o que aprenderam e fizeram um outro pacto.

De terem paciência e sofrerem com resignação.
Quem desencarnasse primeiro iria ser obediente, ficar no lugar aonde fosse levado e esperar pelo outro.
Quem ficasse, faria o mesmo, esperaria a desencarnação com paciência e se prepararia para a morte física.

O livro Espírita é grande consolo, fonte de conhecimentos e Amor.
Como a este casal, muito bem tem feito!
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 30, 2015 9:10 pm

**********
Lola sempre trabalhou muito.
Órfã aos vinte e um anos, herdou dos pais uma pequena loja.
Dedicou-se ao máximo, ampliou o comércio e, no decorrer dos anos, passou a ter várias lojas.

Tornou-se rica. Era filha única, mas tinha um irmão de criação, apelidado Preto.
Os dois sempre se deram bem e gostavam muito um do outro.
Preto sempre trabalhou com ela, ajudando-a muito, mas também foi recompensado financeiramente.

Lola nunca se interessou por ninguém até conhecer Walter, muito mais moço que ela.
Tinha na época quarenta e dois anos, e ele, vinte e um anos.

Walter fez de tudo para conquistá-la.
Casaram e tiveram dois filhos.
Vinte anos passaram, estando ele jovem ainda, e ela, nem tanto.

Walter então conheceu Sara e apaixonou-se por ela.
Para ficar livre da esposa, porque sabia que ela não lhe concederia a liberdade e nem lhe daria nada financeiramente, planeou matá-la.

Com o plano traçado nos mínimos detalhes, esperou uma oportunidade para executá-lo.
Achando que era chegada a hora, Walter, certa noite, deu à esposa uma bebida alcoólica com cocaína.

Logo depois de beber, Lola sentiu-se mal, e ele não a acudiu.
Quando percebeu que ela tinha morrido, chamou o médico, já muito idoso, amigo da família, para examiná-la.

O médico, acreditando em Walter, que disse que Lola teve um enfarte, deu um atestado de óbito em que a causa era uma parada cardíaca.

E foi realmente, porém provocada por uma overdose.
Walter fez por um tempo o papel de viúvo inconsolável.

- Não me conformo em perder minha Lola! - dizia a todos.
Que será de mim e dos meninos sem ela?

Lola desencarnou e ficou no corpo até este quase apodrecer.
Desesperada não se conformava com a morte do seu corpo físico.
Até que com ajuda de socorristas desencarnados desligou-se do corpo morto.

Mas, por estar muito revoltada e com ódio, não pôde ser socorrida e ficou a vagar.
Aos poucos entendeu que desencarnara e, o mais grave, o porquê.

"Walter não podia ter feito isso comigo.
Por que não pediu a separação?
Queria mesmo era o meu dinheiro, sempre quis.

Mas podia ter tido um pouco de consideração, sou a mãe dos filhos dele.
Odeio-o, tenho muito ódio!"

Conseguiu voltar a seu ex-lar.
Walter, depois de algum tempo viúvo, passou a namorar Sara e logo se casaram.
E foi quando estavam recém-casados que Lola os encontrou, vivendo com seus dois filhos no seu antigo lar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 30, 2015 9:10 pm

Revoltou-se ao extremo e resolveu se vingar.
Vagando pelo Umbral, soube que em certos lugares havia escolas onde ensinavam a vingar.

Foi e pediu para frequentar.
Questionada, Lola teve que explicar o porquê de querer se vingar.

- Casei de boa-fé e ele me iludiu.
Depois de tanto tempo de dedicação, ele arrumou uma amante.
Querendo tudo o que eu conquistei com meu trabalho, assassinou-me e agora está feliz casado com ela, desfrutando de tudo o que eu possuía.

(Esses lugares no Umbral têm muitos nomes e são de vários tipos, conforme a região onde se situam.)

Todos da assembleia prestaram atenção e foram unânimes na decisão.
- É justo seu pedido. Está aceita.
Assim, por dois anos, Lola passou a frequentar as reuniões e aprendeu rápido a obsediar, a vampirizar e a fazer encarnados ficarem doentes, enfim, a vingar-se.

Apta, agradeceu a todos daquele estranho lugar e instalou-se no seu antigo lar.
Passou a vampirizar Walter, isto é, a sugar suas energias e fazer com que ele tivesse terríveis pesadelos, nos quais lembrava o seu crime.

Mas seu ódio maior era por Sara.
Obsediou-a fazendo-a ficar doente, contaminada com doenças.
Preto, o irmão de criação de Lola, desencarnou.

Ela o ajudou, desligou-o do corpo e cuidou dele, levando-o para seu ex-lar.
Quando ele entendeu que tinha desencarnado, passou a ajudar Lola na sua vingança.

- Que maldade fizeram com você, Lola.
E eu não desconfiei de nada!
- Nem eu! Walter pensa que acabei, só porque matou meu corpo, mas continuo viva e o farei pagar bem caro o que me fez.

Os dois logo tornaram a vida do casal insuportável.
Eram brigas, doenças, agonias e infelicidades.

Lola sempre trazia para seu ex-lar espíritos que vagavam, de preferência doentes, e com isso prejudicava os encarnados, porque os infelizes desencarnados sugavam energias dos encarnados e também transmitiam-lhes o que sentiam.

Um dia, trouxe uma moça desencarnada que encontrou na rua.
Era menina, de vinte e oito anos, e desencarnara também assassinada, mas seu assassino estava na prisão.
(Normalmente, esses lugares são organizados e, em nome da justiça deles, ajudam a desencarnados a se vingarem, mas sempre procuram saber o porquê.
Porém, normalmente, tudo é aceite e a vingança é sempre exaltada.
)

-Não era vingativa, estava porém desorientada.
Logo que Lola e Melina chegaram, os dois adolescentes começaram a brigar violentamente.
Lola tudo tentou para que os filhos parassem, mas só o fizeram após trocarem socos, tapas e muitos desaforos.

Melina disse a Lola:
- Lola, eu já estive certa vez num Centro Espírita e lá me disseram que desencarnados como nós, sem preparo ou entendimento, e que vagam, prejudicam os que amam se ficam perto deles.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 30, 2015 9:10 pm

Você está aqui para se vingar do ex marido e de sua actual esposa, mas vejo que está prejudicando e maltratando seus filhos.

Com tantos fluidos nocivos que traz a esta casa, os garotos só podem se sentir mal.
Como também se sentem infelizes com as desavenças do casal, não se esqueça que Walter é o pai deles.
Os meninos estão nervosos e com razão.

- Já pensei nisto, Melina, e talvez você tenha razão.
Mas necessito vingar.
Na Escola de Vingadores não me ensinavam o que fazer para que minha atitude não atingisse meus Filhos.
Disseram que nada é perfeito e que teria de me conformar com a situação.

- Você faz os dois inimigos sofrerem, sofre também e acaba fazendo os seus dois filhos inocentes sofrerem.
Será que compensa a vingança?
- Claro que sim - respondeu Lola irada.

Preto ficava o tempo todo com Sara, a quem chamava de "Sarna".
A ordem era para não deixá-la orar e nem ir procurar ajuda no Espiritismo.'
(Nem sempre as brigas entre irmãos são causadas pelos desencarnados, isso ocorre nesta história.)

Brigas de qualquer tipo devem sempre ser evitadas, e irmãos devem aprender a se amar e respeitar.
Os desencarnados não conseguem impedir o encarnado de orar e nem de procurar ajuda, se ele realmente quer.”Livre-arbítrio” cada um é lei de Deus.

Eles tentam fazer muitas coisas para impedir mas se o encarnado quer, ele ora e procura ajuda.
Porém muitos imprudentes não têm o hábito de orar e nem de procurar ajuda.

Normalmente, Espíritos vingadores temem a força da oração sincera, que é um pedido de auxílio que não fica sem resposta.

Temem e odeiam o Espiritismo que os combate de frente, pois lá o ódio deles não encontra ressonância, mas sim o Amor que os faz mudar.

Como não querem isso e nem que interfiram no andamento de seus planos de vingança, evitam a Doutrina.
E também sabem que o encarnado que procura auxílio no Espiritismo, com confiança e fé, encontra ajuda.

Isto foi possível, porque, nesse lar, os encarnados não tinham religião sincera, nem o hábito de orar, e se afinavam em pensamentos e actos com Espíritos inferiores.

Pode acontecer de desencarnados maus tentarem perturbar pessoas boas e que oram, porém é muito difícil conseguirem.

Pessoas boas sempre encontram nos bons, encarnados e desencarnados, a ajuda necessária.

Melina, embora fosse uma desencarnada que vagava, sentiu pena de todos os envolvidos.
Porque era mãe, sentiu dó dos jovens.
Porém, com medo da amiga, não falou mais nada.
Passou então a frequentar a casa como convidada de Lola.

Uma vez Melina chegou na casa de Walter, e os dois Lola e Preto, não estavam.
Intuiu Sara a ir a um Centro Espírita localizado perto de sua casa.
Sara estava adoentada, tinha dores pelo corpo todo e já começava a se intoxicar pelos muitos remédios que tomava.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 30, 2015 9:11 pm

"Sara - disse Melina -, por que não busca auxílio?
Com tantos acontecimentos estranhos, não acha que é hora de ir buscar ajuda com pessoas que oram e auxiliam outras?
Aqui perto há um Centro Espírita.
Os Espíritas ajudam muito a quem sofre. Vá lá, vá!"

"É, - pensou Sara - não oro há tanto tempo.
Talvez o que esteja faltando nesta casa seja oração sincera.
Vou pedir ajuda, quem sabe aí esteja a solução.
Necessito de auxílio, sofro tanto. Vou lá.."

Nem trocou de roupa, saiu rápido.
Melina não foi, teve medo.
Lola e Preto chegaram e encontraram Melina encabulada.

Lola logo desconfiou e indagou:
- Onde está Sara?
Para onde foi a esta hora da noite?

- Não sei, cheguei e ela não estava - respondeu Melina.
- Mentirosa!
É melhor dizer aonde ela foi e por que você não foi junto.

Os três discutiram.

Sara foi, envergonhada, ao Centro Espírita.
Era uma terça-feira à noite, vinte horas e trinta minutos.
Chegou, bateu na porta, insistente.

No Centro Espírita estava havendo uma reunião da directoria, porém abriram a porta e atenderam Sara, que pediu chorosa:
- Senhores, por favor, me desculpem.
Estou desesperada, necessito de auxílio.
Minha vida está um caos.
Foi então que lembrei dos senhores, sei que ajudam a tantos.

Foi feita uma pausa na reunião.
Duas senhoras conversaram com Sara e a acalmaram.
Levada à sala de passes, o grupo reuniu-se em sua volta e lhe deu um passe.

Os trabalhadores desencarnados da Casa também se reuniram para o devido auxílio.
Foram ao lar de Sara e lá encontraram em plena discussão Lola, Preto e Melina.

Cercaram-nos e pela força magnética os levaram.
Eles só se deram conta quando já estavam no Centro Espírita.

- Por favor - disse Melina à equipe -, quero, se possível, ajuda.
Cansei de vagar e fazer maldades.
Quero estar com vocês e aprender a ser boa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 30, 2015 9:11 pm

(Espíritos ignorantes e perturbadores têm o costume de dizer que o Espiritismo faz o mal, embora saibam o bem que ele faz.
Passam medo em desencarnados que vagam ou que lhes são subordinados, para eles não irem a Centros Espíritas e, lá, serem auxiliados.

Muitos desses desencarnados acreditam e temem o Espiritismo, pensando que nos Centros serão maltratados.
Na verdade, são mais ajudados do que pensam.
)

- Miserável! - exclamou Lola com raiva - Traidora!

Melina foi separada e levada a outra parte do Centro.
Há no Plano Espiritual de quase todos os Centros Espíritas uma construção de material igual ao do perispírito, onde são abrigados os socorridos.

São pequenos hospitais, lugares de orientações ou Postos de Socorro.
Melina, querendo ajuda sincera, recebeu a orientação dos trabalhadores da Casa, depois de alguns meses, estava bem e já ajudava nas tarefas da Casa.

Lola e Preto, revoltados e com medo, ficaram em outra parte, num local especial para desencarnados desequilibrados, onde esperariam até o próximo trabalho de desobsessão para serem orientados.'

Após o passe, quando limparam Sara dos fluidos nocivos, ela voltou para casa, sentindo-se melhor e prometeu retornar sempre.
De facto, Sara passou a ir lá com frequência.

Falou com tanto entusiasmo, que Walter e os filhos quiseram ir também.
Foram e gostaram.
Os quatro melhoraram e muito.

Sem a presença de Lola e Preto com eles, agora interessados em orar e aprender o Evangelho, os três, Sara e os dois adolescentes, tiveram paz e tudo aos pouco foi se encaixando naquele lar.

Walter, ao escutar os ensinamentos dos orientadores da Casa Espírita, passou a sentir remorso pelo seu crime.

Mas isso não foi o suficiente para que confessasse e pagasse perante a lei terrena.
Tornou-se quieto e triste.
A reacção do seu acto um dia viria, nesta encarnação ou em outra.

Lola e Preto, quando presos, começaram a brigar tanto que tiveram de ser separados.
No quarto, cela ou cómodo em que estavam, ouvia-se música suave e, em intervalos, uma leitura edificante.

No começo detestavam aquilo, mas aos poucos os fluidos do local os acalmaram e passaram a prestar atenção no que ouviam.

(Para imobilizar desencarnados rebeldes, os Espíritos socorristas utilizam, em muitos lugares, cordas ou correntes plasmadas mentalmente, e que são constituídas de matéria semelhante à do perispírito.
Em outros, como em quase todos os Centros Espíritas, ficam eles em cómodos de onde não conseguem fugir, porque, mesmo que esses Espíritos saibam atravessar as paredes do Centro, não conseguem sair desses lugares, que são construídos também de matéria análoga à do perispírito.

Podem, ainda, esses desencarnados ficarem imobilizados pela força mental, ou forças magnéticas dos trabalhadores do Bem, não conseguindo se libertarem sem ajuda.
Nos Centros Espíritas, são depois liberados para a incorporação, no trabalho de ajuda e orientação.
Não ficam presos por maldade, mas à espera de ajuda.
Se não houvesse esses recursos, não ficariam e perderiam a oportunidade de aprenderem e serem orientados para o bem.
)
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 30, 2015 9:11 pm

No dia e horário marcados para a reunião, foram levados à sala onde encarnados e desencarnados estavam para ajudá-los.

Eles estavam calmos e já queriam ajuda, porém muitos não procedem assim, continuando revoltados.
Pela incorporação os dois receberam orientação e foram levados para um Posto de Socorro, de que gostaram e onde ficaram.

Quando levados a Postos de Socorro, os desencarnados podem sair e muitos não ficam e voltam aos lugares onde estavam.

Mas Lola e Preto reconheceram que agiram errado e quiseram o auxílio oferecido, terminando assim uma vingança com a ajuda e orientação de um Centro Espírita e dos Espíritas.

**********
Leonardo estava estagiando no Departamento em que eu trabalhava.
Era muito gentil e sempre alegre.

Naquele dia, ao vê-lo preocupado e calado, indaguei querendo ser útil:
- Posso ajudá-lo, Leonardo?
Algo o preocupa?

- Agradeço. Realmente estou preocupado.
Por compromisso do passado, estamos, outras duas pessoas e eu, empenhados em reparar erros e nos reconciliarmos.

Elisa e Ranulfo, já encarnados, prometeram se casar e me receber por filho.
Mas os dois foram separados pelo pai de Elisa, Sr. Orlando, que não quer o casamento.
Se os dois se separarem mesmo, estaremos perdendo uma oportunidade de realizar nossos planos.

- Aproveitemos estes minutos que temos de folga e sentemos aqui para conversar.
Conte-me tudo.

Leonardo e eu caminhamos para um pequeno jardim situado no Departamento, sentamos num confortável banco.

Leonardo começou a falar.
No século passado, estávamos encarnados os quatro, Elisa, Ranulfo, Sr. Orlando e eu.
Morávamos numa pequena vila.
O Sr. Orlando era dono de muitas terras e pai de Elisa.

Eu era lavrador, pobre e apaixonado por Elisa, que amava Ranulfo, um pobre comerciante.

Os dois se encontravam às escondidas.
Descobri, porque passei a segui-la.
Sr. Orlando queria que a filha se casasse com um homem rico, fazendeiro da região.

Apaixonados, Elisa e Ranulfo combinaram fugir.
Sofrendo e despeitado, procurei o Sr. Orlando, contei a ele os planos dos dois e finalizei dizendo que no dia seguinte, às oito horas, iriam fugir, encontrando-se na Casa do Bosque.

"Se você estiver mentindo, eu o mato!" - respondeu o Sr. Orlando com ódio.
"Não estou mentindo e, se não quiser que sua filha fuja, vai lá e a impeça!"

Sr. Orlando seguiu a filha, logo que ela saiu de casa.
Segui os dois com cuidado para que não me notassem.
Ao verificar que era verdade, Sr. Orlando matou friamente Ranulfo, com dois tiros de espingarda, na frente de Elisa, que ficou parada, apavorada sem conseguir dizer nada.

O pai a levou de volta para casa.
O crime teve Elisa e eu de testemunhas, ela não denunciaria o pai e nem eu iria contra um senhor rico e importante.

O corpo de Ranulfo só foi encontrado dias depois, e sua morte foi tida como acidente.
Deduziram que deveria ter sido morto numa caçada, por engano, já que ele não tinha inimigos e era querido por todos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 30, 2015 9:12 pm

Ninguém sabia do romance dos dois.
Sr. Orlando nada comentou sobre o ocorrido e eu fiquei bem quieto no meu canto, ainda mais porque recebi a título de favor prestado uma importância em dinheiro.

Elisa, porém, não falou mais, ficou em estado de choque, ausente, olhos parados, alimentando-se pouco e só o que lhe dessem a boca.

A situação de Elisa me deixou triste, mas aliviado por ela não estar nos braços do meu rival.

Aproveitando a viagem de seu pai, fiz-lhe uma visita.
Ela estava na varanda de sua casa.
Fiquei abalado ao vê-la, pois parecia outra pessoa:
magra e profundamente abatida.

A empregada me levou até ela e recomendou:
"Seja rápido, Dona Elisa não gosta de visitas.
Nunca soube que era amigo dela.
Vou lhe trazer um café."

Deixou-me sozinho com ela, aproveitei e confessei-lhe minha traição.

"Perdão, Elisa!
Seguia você sem que desconfiasse e descobri seus encontros com Ranulfo, como também que ia fugir e contei ao seu pai.

Fiz isso porque sempre a amei e a amo.
Peço-lhe que me perdoe, não pensei que ia sofrer tanto assim."

Quando comecei a falar, Elisa me olhou, seus olhos brilharam de ódio e rancor.

Quando terminei, disse-me baixo, quase num sussurro:
"Miserável! Nunca o perdoarei e nem o amarei.
Verme! Saia de perto de mim, cão! é pior do que o diabo!"

Suas palavras magoaram-me profundamente, e percebi então o mal imenso que lhe fiz.

Como não saí, ela se levantou e entrou.
Fui embora e não tive mais sossego, não conseguindo esquecer suas palavras e sua expressão sofrida.

Elisa, enfraquecida, foi definhando, recusando a se alimentar.
O Sr. Orlando, desesperado, ao ver a filha naquele estado, arrependeu-se e lhe pediu perdão várias vezes, ela porém nada lhe respondeu.

Acabou desencarnando.
Ao saber da morte dela, desesperei-me e tomei veneno, o que me levou à desencarnação pelo suicídio.
Sr. Orlando também desencarnou logo.

Todos nós sofremos muito.
Ranulfo por não ter perdoado seu assassino.
Elisa, porque, embora realmente doente, não lutou para permanecer encarnada, desejando a desencarnação e, também, por não ter perdoado o Sr. Orlando pelo seu crime.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 30, 2015 9:12 pm

E eu, que acabei me suicidando.
Mas a misericórdia do Pai é infinita, não condena o imprudente a sofrimentos eternos.
Fomos socorridos e orientados pelos bons espíritos que na sua tarefa de Amor auxiliam sempre a irmãos que se atrasam ou estacionam na estrada do progresso.

Entendendo nossos erros, fizemos as pazes.
Sr. Orlando arrependeu-se sinceramente, e novamente quis ser pai de Elisa.

Reencarnou primeiro, depois nós três.
Sr. Orlando muito trabalhador conseguiu ficar rico novamente pelo seu esforço e trabalho.
Elisa veio a ser outra vez sua filha.

Agora ele quer que a filha case com um moço rico, um sobrinho que estima muito.
Elisa, porém, conheceu Ranulfo e o amor floresceu em ambos.

Eu também reencarnei na mesma época que Elisa, mas para dar valor à vida física desencarnei, e aqui estou fazendo planos de voltar como filho amado dos dois.

Fui filho de uma das empregadas da fazenda do Sr. Orlando.
Minha mãe, Ângela, é muito boa e dedicada, foi mãe solteira e me amou muito.
Nunca vim a saber quem foi meu pai, pois ela se recusava a falar sobre esse assunto.

Depois, não me fez falta, sempre tive muito carinho.
Morava com meus avós e era a alegria deles.
Quando desencarnaram, fiquei sozinho com ela.

Desde pequeno, estava sempre doente, era fraco.
Tinha a mesma idade de Elisa.
Sempre fomos amigos, e também fui amigo de seu irmão Mateus, mais novo que nós dois anos.

Quando estava mocinho, minha mãe preocupou-se achando que estava enamorado de Elisa.
Disse-lhe que não, mas descobri que era verdade, que a amava.
Escondi esse amor, porque sentia que Elisa tinha só amizade por mim.

Uma vez, tive uma crise mais séria, fiquei muito doente, permanecendo dias no leito.
Dona Aurora, mãe de Elisa, senhora muito boa, levou-me à capital para que fosse examinado por especialistas e fizesse vários exames.

Voltei da capital todo animado com os novos remédios e esperançoso em sarar e nem notei a tristeza de Dona Aurora.

Comecei a ter muitas crises seguidas, minha mãe cuidou de mim com carinho e muita dedicação.
Não pude levantar mais do leito, sentia dores e muita fraqueza.
Desencarnei pela doença séria que tinha no coração.

Minha mãe sentiu muito minha desencarnação, porém resignada aceitou e fez tudo para me ajudar do lado de cá.

Continuou a trabalhar na casa-sede da fazenda, o que faz até hoje.
Logo após eu ter desencarnado, Dona Aurora também veio para o Plano Espiritual e pela sua bondade e fé está muito bem.

Eu, também, desta vez aproveitei a Oportunidade abençoada da reencarnação.
Sofri resignado, aprendi a dar valor ao corpo físico e voltei sem erros.
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Aconteceu - António Carlos / Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho - Página 3 Empty Re: Aconteceu - António Carlos / Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 01, 2015 8:41 pm

Pude, assim, ser socorrido.
Agora estudo e trabalho tentando ser útil e aprendendo sempre.

Elisa foi estudar na capital, e escolheu Enfermagem, profissão que sempre gostou.
Foi, então, que conheceu Ranulfo, um médico boliviano que trabalha exercendo com amor sua profissão. Amam-se.

Esperava que casassem e me recebessem por filho.
Mas o Sr. Orlando não quer e parece que os separou.
Leonardo calou-se e suspirou.

- Quem sabe nós possamos uni-los! exclamei.
- Nós?! Quer me ajudar?! - Leonardo disse contente.
- Se quiser minha ajuda, irei com prazer ajudá-los.

- Claro que quero!
Só que não sei o que fazer.

- Pediremos permissão e iremos para lá.
Sabendo o que ocorre, poderemos tentar unir seus pais, já que se amam tanto.
- Agradeço!

Horas depois, estávamos na fazenda.
Encontramos Elisa em seu quarto, triste, chorosa, e Ângela consolando-a.

Leonardo abraçou sua mãe, ela não o sentiu, mas lembrou-se do filho com saudades.
Porém nada disse, estava empenhada em ajudar Elisa a quem amava como filha.

- Ângela, não sei por que Ranulfo foi embora - disse Elisa, toda queixosa.
Estávamos tão felizes!
Estou de férias e ele veio comigo passar uns dias, conhecer a fazenda e todos vocês.

E, de repente, vai embora assim, sem conversar comigo, aproveitando que eu estava na casa do meu irmão.
Despediu-se por um bilhete.

Sacudiu um pedaço de papel.
Era o bilhete onde ele dizia somente que ia embora e que o desculpasse.

Leonardo virou-se para mim e disse:
- Também não entendo o que aconteceu.

De repente, Ângela sentiu-se mal.
Elisa correu para acudi-la, nós também.
Teve um desmaio, mas voltou logo a si.

O médico foi chamado e, após examiná-la, disse que estava estafada e necessitava fazer alguns exames.

Ao examiná-la, vi que tinha um probleminha no coração.
Não era grave, mas necessitava de cuidados.
Estávamos, Leonardo e eu, necessitando resolver a questão que nos fizera vir àquela casa: o futuro dos pais dele.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 01, 2015 8:41 pm

Não quis que Ângela ficasse sozinha, então lembrei-me de Rui, um amigo que até bem pouco tempo era um socorrido e que com vontade passou a servir, e aprendia com muito interesse.

Fui buscá-lo.
Veio contente, porque sabia que ia fazer algo diferente e com isso aprenderia outras formas de ajuda.
Chegando à fazenda, apresentei Rui a Leonardo e mostrei Ângela, que estava dormindo ao lado de Elisa, pois resolvera pernoitar ali para que a amiga não ficasse sozinha.

Ângela estava em sua casa, morava numa casa ao lado da casa-sede.

Ao vê-la, Rui empalideceu.
- Meu Deus!
Olhou para Leonardo examinando-o e indagou.
- Você é filho dela?
- Sou!

Rui chorou.
Observei-os e reparei que eram parecidíssimos.
Leonardo e eu ficamos quietos, respeitando nosso amigo, mas logo se refez e explicou.

- Desculpem-me. É que já a conheço.
Conheci-a quando foi à capital para trabalhar de doméstica.
Era vizinho da casa onde ela se empregou e tudo fiz para conquistá-la.

Não por que gostasse dela, mas para me divertir.
Ângela acabou cedendo.
Ao saber de sua gravidez, disse-lhe horrores e que não assumiria a criança.

Ela voltou para a fazenda e nunca mais soube dela e da criança.
Agora a reencontro.
Você Leonardo, deve ser a criança que desprezei.

Rui fez uma pausa, Leonardo o examinou.
Pareceu-lhe estranho encontrar o pai daquela maneira.

Rui virou para ele e disse comovido:
- Perdão! Peço-lhe perdão.
Não soube aproveitar minha encarnação.
Tive uma existência de farras, de descuidos, arruinei meu corpo, desencarnei e sofri muito.

Perdi a oportunidade de ser pai de uma pessoa maravilhosa como você.
Perdoe-me!
- Perdoo! - Leonardo disse encabulado, estendendo a mão a Rui.

Abraçaram-se. Tratei de descontrai-los.

- Rui, Leonardo e eu temos um trabalho a fazer e queremos que você fique com Ângela e cuide dela.
- Farei isto com prazer.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 01, 2015 8:41 pm

Leonardo e eu fomos tentar descobrir o que levou Ranulfo a ir embora.
Sondamos Sr. Orlando e, pelos seus pensamentos, verificamos que de facto ele queria que Elisa se casasse com um sobrinho dele.

Quando ela falou ao pai que estava namorando, ele contratou um detective para seguir Ranulfo e investigar toda sua vida.

O relato do detective estava na mesinha de seu escritório.
Ranulfo, quando cursava a Universidade, havia sido preso sob suspeita de traficar drogas e foi libertado sob fiança.

Um jornal da época publicou sua foto junto com a de outros traficantes e tudo isso estava no relatório.
Acompanhando os pensamentos do Sr. Orlando, vimos o encontro dele com Ranulfo.

Ele chamou o moço para conversar no escritório, mostrou-lhe o relatório e disse:
“Você não é o marido que pretendo para Elisa”.
Quero que desista dela e vá embora.

Se não fizer isso, chamo a polícia, mostro a eles estes documentos e ao revistar seus pertences encontrarão drogas e você será preso.
Aqui não terá seu pai para soltá-lo, e aviso-o que tenho influência bastante para que apodreça na cadeia. Deve partir já!"

Ranulfo ficou a escutar quieto, nada respondendo.
Saiu do escritório e foi para seu quarto onde arrumou seus pertences e escreveu o bilhete.

Ao sair do quarto, um empregado aguardava para levá-lo à estação ferroviária, onde pegaria o trem que o levaria à capital.

- Leonardo, vamos ver Ranulfo.
Encontramo-lo na capital, no quarto da pensão em que morava.

Pensava triste e distraído nos acontecimentos.
Acompanhamos seus pensamentos.
Ranulfo era de uma família de posses e importante.

Tinha só um irmão mais velho do que ele.
Estava com treze anos, e seu irmão com dezoito anos, quando sua mãe desencarnou, e o pai, logo em seguida, se casou novamente.

A madrasta era muito mais nova que o pai, e gostava de luxo e futilidades.
O irmão, dois anos depois, se casou e ele ficou sozinho com o pai e a madrasta.

Aos dezoito anos, passou na Faculdade de Medicina e a madrasta, que antes o ignorava, passou a tratá-lo melhor e tudo fazer para seduzi-lo.

Ranulfo contou ao irmão, ele lhe falou que com ele ocorrera da mesma forma e que tinha sido amante dela.

Arrependido, casou-se para se afastar da esposa do pai.
Ranulfo ameaçou falar ao pai o que acontecia, mas ela, esperta, antecipou-se e contou ao marido o que lhe convinha:
que Ranulfo a perseguia com propostas indecentes.

O pai acreditando na esposa, por quem estava apaixonado, expulsou Ranulfo de casa e lhe disse que não ia mais lhe dar dinheiro.

O irmão nessa época foi residir fora do país e não estava em condições de auxiliá-lo.
Não querendo parar de estudar e para custear suas despesas, começou a entregar drogas e acabou preso.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 01, 2015 8:41 pm

O pai, com o escândalo, soltou-o pagando a fiança e passou a lhe dar uma mesada, mas ele não poderia ir mais a sua casa e nem ir vê-lo.

Ranulfo arrependeu-se amargamente.
- Por quanto tempo esse meu acto impensado irá me perseguir? – indagou triste.

Leonardo chegou perto de Ranulfo e disse, a fim de que o jovem médico recebesse em forma de pensamento:
- Covarde! Você deveria ter enfrentado a situação!
Por que não contou tudo a Elisa?
Por que fugiu como um criminoso?

Ranulfo começou a se arrepender de ter ido embora e pensou:
"Elisa não merecia isso, eu deveria ter aproveitado a oportunidade e contado tudo a ela.
Tive medo porque ela é muito honesta e detesta drogas."

Voltamos à fazenda.
Intuímos Elisa, pedindo que escrevesse a Ranulfo.
Ela nos atendeu e escreveu uma longa carta, pedindo explicações e dizendo que o amava.

Quando Ranulfo recebeu a carta, ficou emocionado.
Teve, então, a certeza de que a amava demasiado e que deveria lutar por esse amor.

"Vou voltar à fazenda e explicar tudo.
Se ela não me aceitar, pelo menos tentei.
Se me perdoar, serei o homem mais feliz do mundo."

Voltou naquele mesmo dia.
Chegando à cidadezinha onde era a parada do trem, desceu e hospedou-se num hotel.
Escreveu um bilhete a Elisa, pedindo que se encontrasse com ele no local onde estava hospedado.

Pediu a um garoto que trabalhava no hotel que entregasse o bilhete, recomendando:
- Vá à fazenda e entregue a Elisa ou a Ângela.
Somente para uma das duas.

O garoto foi contente, porque recebeu uma boa gorjeta.
Na fazenda, o garoto perguntou por Elisa e esta a atendê-lo recebeu o bilhete, que a deixou muito feliz
Esperançosa, arrumou-se e foi em seguida encontrar-se com Ranulfo, na cidade.

- Elisa - disse ele -, perdoe-me.
Parti sem coragem de me despedir.
Ao receber sua carta, entendi que estava errado e voltei.
Necessito falar com você muitas coisas.

Sentaram-se num banco da praça e Ranulfo lhe contou tudo.
Os acontecimentos de estudante e a conversa com o pai dela.
Elisa no começo escutou tranquila, mas ao saber o que o pai fizera, indignou-se.

Porém escutou calada.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 01, 2015 8:42 pm

Quando o moço terminou, ela falou:
- Eu sabia o que tinha ocorrido com você.
Quando seu primo o visitou no ano passado, falou-me sobre isso.
Não comentei com você para não encabulá-lo.

Achava que um dia você iria me falar. é claro que o perdoo.
O que fez foi errado, mas não é por isso que deverá pagar a vida toda.
Quanto a meu pai, sei que ele quer que me case com meu primo.

Mas nem ele, nem eu queremos isso.
Meu pai terá de se conformar.
Você não deveria ter cedido à sua chantagem.

Vamos falar com meu pai e agora.
Não tenha medo, defenderei você, sei lidar com ele.

Foram esperançosos à fazenda.
Entraram de mãos dadas na casa.
Sr. Orlando levou um susto e Elisa falou alto.

- Papai, Ranulfo e eu vamos nos casar.
O episódio da prisão dele foi explicado.
E o senhor não ouse mandar prendê-lo.

Eu o defenderei.
Se fizer algo contra ele, não mais me verá.
Queira ou não, vamos nos casar!

Foi uma grande discussão.
Elisa e Ranulfo foram se hospedar na casa do irmão dela, que morava perto com a esposa.

Ângela aborreceu-se muito com os acontecimentos.
Nós a acalmamos com passes e ela adormeceu.
Logo após, desprendeu-se do corpo, saiu em perispírito e veio encontrar-se connosco, que estávamos na varanda da casa sede.

Ângela, ao ver Leonardo, correu para ele, abraçando-o e beijando-o.
- Leonardo, meu filho, que saudades! Veio me ver?
- Sim, vim para vê-la e ajudar nossa Elisa.

- Que bom! Fico mais tranquila.
- Mamãe, quero que se cuide.
- Certamente.

Foi então que nos viu, e Leonardo tratou de me apresentar:
Este é meu amigo António Carlos.
Cumprimentamo-nos.

Olhou bem para Rui e o cumprimentou.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 01, 2015 8:42 pm

- Boa noite!
- Ângela, não me reconhece? Sou Rui.
- Sim. Como está?

- Não me guarda rancor?
Fiz a você tanto mal.
Você me perdoa?
Já contei tudo a Leonardo e ele me perdoou.

- Se ele o perdoou, também o perdoo.
Erramos igualmente.
- Mas você cuidou do nosso filho - disse Rui.

- E tive o amor dele - respondeu Ângela, tranquilamente.

Ficamos em silêncio por um momento.
Então, iniciei uma conversação do interesse de todos.

- Mamãe - disse Leonardo - reencarnarei como filho de Elisa e Ranulfo e serei como seu neto.
- Como fico feliz!

Depois deste encontro prazeroso, Ângela voltou para seu corpo adormecido.
Também retornamos a nossos afazeres.
No dia seguinte, estaríamos ali para participar do acontecimentos, tentando ajudar o casal.

Rui voltou feliz
- António Carlos, como Deus é bom!
Ao atender seu pedido, para ajudá-los, não sabia que iria encontrar pessoas que prejudiquei, pedir-lhes perdão e ser perdoado.
Como o perdão sincero nos faz bem!

No dia seguinte, Sr. Orlando recebeu uma carta de seu sobrinho, comunicando-lhe que ia casar-se com uma moça pobre e honesta e que a amava muito.
Leu e releu a carta e depois a amassou com raiva.

"Meu plano desmorona!
O casamento que idealizei se desfez.
Que devo fazer?
Conheço Elisa e sei que não está blefando.

Se decidiu casar, irá fazê-lo mesmo.
Eu a amo muito, e corro o risco de não vê-la mais.
Se casar brigada comigo, certamente irá morar na capital."

O irmão de Elisa, Mateus, veio conversar com o pai, e interceder por eles.
- Pai, o senhor precisa entender que Elisa ama Ranulfo e que os dois planeiam se casar.
E o farão, o senhor concorde ou não.
Aceite esse casamento para o bem de todos.

- Está bem - respondeu Sr. Orlando.
Diga a eles que venham à tarde conversar comigo.
Eu os receberei bem e tentarei entendê-los.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 01, 2015 8:42 pm

Elisa e Ranulfo vieram.
Sr. Orlando os recebeu no escritório.

Os três ficaram encabulados e por minutos permaneceram em silêncio, até que Elisa falou:
- Papai, o senhor agiu errado.
Não deveria ter usado de uma chantagem para tentar nos separar.

Sr. Orlando fingiu não ter ouvido a filha e falou, como se desculpasse.

- Pensei melhor e concordo com o casamento de vocês.
- Que bom! - disse Elisa alegre e abraçando o pai.
Amo muito Ranulfo, pretendemos nos casar, mas queríamos o seu consentimento.

- Esta casa é tão grande - disse o Sr. Orlando.
Tem muito espaço, e você, minha filha, gosta muito daqui.
Por que não vêm morar aqui, quando se casar?

Necessitamos de médico e enfermeira na cidade.
Trabalharão lá e morarão aqui.
Prometo não interferir na vida de vocês.

Ficaram de pensar, mas logo no dia seguinte deram resposta.

- Sr. Orlando - disse Ranulfo -, aceitamos sua oferta.
Elisa tem ainda este semestre para receber o diploma após viremos para cá e nos casaremos.

Ângela fez os exames, que não acusaram nada de grave.
Tomando os medicamentos, tudo estaria sob controle.
Despedi-me de Leonardo, ele ia ficar mais alguns dias após retornaria ao trabalho.

Deixei-o feliz.
Um ano depois, Leonardo veio despedir-se de mim.
- António Carlos, tudo está bem.
Elisa e Ranulfo se casaram, estão muito felizes.
O casamento foi muito bonito.

Casaram na capela da fazenda.
Foi emocionante assistir ao enlace dos meus futuros pais.
O casal estava lindo e a felicidade presente.

Os planos deram certo.
Trabalham na cidade e moram na fazenda.
Sr. Orlando e Ranulfo tornaram-se amigos e se dão muito bem.

Em viagem de núpcias, eles foram à Bolívia, visitar o pai d Ranulfo.
Ele pediu perdão ao filho, dizendo que errara acreditando na esposa.
Ranulfo perdoou o pai e reataram os laços afectivos.
- E Rui? Como está? - indaguei.
- Rui está bem, visita muito Ângela.
Minha mãe está ansiosa para que Elisa fique grávida, pois seu espírito sabe que serei o filho deles e que a amarei como avó.
Logo estarei reencarnando. Até breve, amigo!

- Leonardo, desejo-lhe muitas felicidades, êxito, que consiga cumprir seus propósitos e que regresse ao Plano espiritual, na época certa.
Até breve, amigo!
Abraçamo-nos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 01, 2015 8:43 pm

**********
Entretanto fui visitar minha amiga Patrícia."

Realiza seus planos, estuda e lecciona encontrei-a na Colónia de Estudos "Casa do Saber", onde dá aulas por doze horas diárias, além de estudar seis horas em outra Colónia.

- António Carlos, que bom revê-lo! - disse-me contente, com seu sorriso encantador.
- Sei que está muito ocupada, mas vim visitá-la.
Como tem passado esta minha amiga tão atarefada?

- Agradeço-o pela visita.
Realmente estou muito ocupada, tenho trabalhado e estudado muito.
Nos raríssimos momentos de folga, vou visitar meus familiares.

Sei sempre deles, fazem parte de mim.
António Carlos, escrevi os livros por sua insistência e amei fazê-los.

Mas sempre quis dedicar-me ao que faço no momento:
estudar e ensinar.

E o faço com imensa alegria.
Gosto muito de ir ao Centro Espírita, que minha família frequenta e escutar meu pai nas suas palestras, porém tenho ido lá raramente.

- Patrícia, não pensa em escrever mais livros? - indaguei?
-Actualmente tenho muito trabalho e, como disse, não tenho ido à Terra e nem me comunicado com encarnados.
(Autora dos livros: Violetas na Janela, Vivendo no Mundo dos Espíritos, A Casa do Escritor e O Voo da Gaivota.)

Não descarto a possibilidade de escrever outros livros, e sei que tia Vera aceitará com gosto trabalhar comigo novamente.

Talvez o faça, se achar que valerá a pena.
Entendi o que a menina Patrícia falou.
Nós, os desencarnados, não somos propriedade dos médiuns.

Mas por motivos de afinidade e carinho estamos unidos a um em particular.
Antes de escrever livros, eu, António Carlos, era um desconhecido.
Patrícia é uma das muitas jovens que desencarnou em sua cidade.

Ela tem muitos motivos que a ligam à médium Vera e, para escrever os três livros, treinou por um bom tempo.
Assim como eu, que me preparei nove anos para escrever o primeiro livro e actualmente são muitos anos de trabalho e carinho.

Não que não possamos escrever por outros médiuns, outros podem ser, às vezes, até mais capazes.

Mas é por afinidade, treino e um imenso amor que nos unem.
Sabendo que Patrícia iria iniciar seu horário de trabalho, despedi-me de minha amiga com carinho.

Da Colónia "Casa do Saber" fui à Casa do Escritor, onde vou sempre.
Conversei com amigos e depois dirigi-me à Sala de Pedidos, local da Colónia, onde chegam pedidos para os escritores desencarnados.

- Recebemos agora este pedido - disse Aldo, que trabalhava ali no momento, é de uma moça encarnada que se chama Francisca.
Pede ajuda a Patrícia.
Como ela não está connosco no momento, a equipe de socorro atende em seu nome.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 01, 2015 8:43 pm

- Se me permite, irei saber o que ocorre.
- Agradeço - disse Aldo.

Em instantes, estava ao lado de Francisca.
Ela, em sua casa, chorava e pedia ajuda a Patrícia.

- Patrícia, como é duro ser médium!
Que faço agora?
Tenho psicografado com tanto carinho e me disseram que as mensagens que recebo não são de quem as assina.

Acalmei-a com passes e ela deitou-se.
Analisei a situação. Francisca estava psicografando.
Li as mensagens que recebeu, eram boas, com conteúdo Espírita, mas não tinham nada a ver com o espírito que as assinava.

Era de um desencarnado conhecido no meio Espírita.

Para tirar dúvidas, voltei à "Casa do Escritor" e não foi difícil achar o personagem, que me afirmou não ser ele o autor, finalizando:
- Sou muito ocupado, até que gostaria de ser protector de muitos que me solicitam, mas não tenho tempo.
E também não posso ditar mensagens à revelia.

Sabe bem que tudo o que faço é preparado, que tenho o médium com que trabalhei e trabalho para estar com ele.
E se tiver que ditar algo aos encarnados, é por ele que o farei.

Agradeci e fui ao Centro Espírita que Francisca frequentava.
Logo achei o desencarnado que se fazia passar por outro.
Conversei com ele.

- Meu amigo - disse -, por que usa um nome que não lhe pertence?
Como tomou a aparência desse desencarnado?

Alberto, era o nome dele.
Não era mau, o que lhe faltava era conhecimento.

Convidou-me a sentar ao seu lado e me disse:
- Admiro muito essa pessoa.
Queria escrever, mas quem iria dar atenção a um simples Alberto desconhecido?
Assinando um nome conhecido, chamo a atenção.

Depois a médium queria muito que aquele espírito lhe ditasse mensagens.
Queria tanto, que me aceitou na hora em que tentei passar por ele.
Depois, tive tantos nomes, que importaria mais um?

- Alberto - disse-lhe -, antes de Emmanuel e André Luíz escreverem por meio de Francisco Cândido Xavier, eram desconhecidos, e assim também muitos outros que se destacaram na Literatura Espírita psicografada.
Ficaram conhecidos pela perseverança e trabalho juntamente com os médiuns que lhes serviram de intermediários.

Li o que escreveu. Tem talento.
Por que não vai estudar?
A Colónia "Casa do Escritor" oferece óptimos cursos de preparação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 01, 2015 8:43 pm

- Não é muito demorado?
Treina-se por anos.
E a médium irá querer?

- Paciência, perseverança e treino:
este é o caminho para se fazer um trabalho bem feito.
Não é certo usar nomes de outros.

- Não fiz por mal, sou bom - respondeu Alberto.
- Sei disto. Mas engana a médium.
Por que não retoma o seu aspecto, o que tinha na sua última encarnação?
Não deve continuar com a aparência desse outro desencarnado.

- Tive medo que algum médium vidente me visse e me desmascarasse.
Sabendo que podemos modificar a aparência perispiritual, tornei-me igual a ele.
Se você me diz que isto é errado, serei eu mesmo daqui para frente.

Rapidamente ele se modificou, e era bem diferente.
Alberto prometeu pensar nos meus conselhos e ir visitar a "Casa do Escritor".

Despedi-me dele com carinho.
Nesse caso, Alberto aceitou meus argumentos, mas outros espíritos mais determinados ou rebeldes não os aceitam e, como têm o livre-arbítrio, são respeitados, e continuam a passar por outros.

Cabe aos encarnados serem mais precavidos, estudiosos e menos orgulhosos e vaidosos.

Fui novamente até Francisca.
Estava dormindo, provoquei o seu desprendimento do corpo adormecido, e ela o fez facilmente.
Agora era quase como eu, em perispírito, só que ela estava ligada ao seu corpo físico.

Olhou-me desconfiada e apresentei-me a ela.
- Sou um amigo, vim para ajudá-la.
Vamos conversar um pouco?
Por que você está triste?

- Estou há algum tempo psicografando.
Gosto muito.
Estava recebendo algumas mensagens de um espírito que assinava um nome conhecido dos Espíritas.
Fiquei contente, mas...
- Contente e orgulhosa?

Francisca não respondeu a minha indagação.
Depois de instantes silenciosa, continuou.

- Vim a saber que não era este espírito que escrevia, e sim outro.
Sofri muito, sinto-me enganada.

Ainda bem que Francisca não fez como muitos outros médiuns que, mesmo alertados, teimam, facilitando o engano do desencarnado mistificador.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 02, 2015 9:07 pm

Mas como tudo o que não é verdade não vai para frente, um dia ambos, o desencarnado e o médium, caem em contradição, acabam sendo desmascarados.

Tentei explicar isso de modo mais simples à médium.

- Francisca, o Espiritismo não está nas mãos dos poucos conhecidos dos homens, mas sim dos muitos conhecidos de Deus, estejam encarnados ou desencarnados.

Todos os Espíritas sinceros, médiuns ou não, são os que fazem caminhar esta doutrina abençoada e consoladora.

Todos os Espíritas têm a mesma importância, seja o que dá passes com muito amor, o que trabalha na assistência social, o que faz uma sopa, o que confecciona uma roupa, o que trabalha com o livro Espírita, o que faz palestras, o que doutrina um desencarnado, o que psicografa, enfim, aquele que quer aprender e progredir e todos aqueles que cumprem com amor uma tarefa simples, estão colaborando com a doutrina e todos devem ter a mesma consideração.

Quanto aos desencarnados, são poucos os que se sobressaíram e ficaram conhecidos dos encarnados.
Muitos trabalhadores desencarnados não são conhecidos dos encarnados, mas sim do Plano Espiritual Elevado.

Muitos encarnados costumam dar valor a nomes conhecidos deles, esquecendo-se dos nomes conhecidos do Pai-Maior.

Não que estes não sejam conhecidos de Deus, são.
Mas muitos outros desencarnados também aí estão trabalhando junto a encarnados com imenso amor.

- Queria tanto que fosse verdade, que esse espírito enviasse mensagens por meu intermédio – disse Francisca.
- Francisca, cada um de nós tem uma tarefa a fazer e esse espírito que cita, no momento, não pode fazer-lhe a vontade.

- Que engano chato!
- Vamos analisar o porquê desse engano.
Você queria muito que esse espírito viesse escrever, quis tanto que o desencarnado que queria escrever, o fez e deu o nome que você desejava.

Não foi por maldade, mas poderia ter sido.
Espíritos brincalhões usam desse processo para enganar.
Também ocorrem muitos casos em que o médium não pede ou não deseja mensagens de determinado espírito, mas o desencarnado que manda a mensagem, dá um nome que não é o seu, seja conhecido ou não.

Por isso é preciso cuidado, tanto por parte dos médiuns quanto dos dirigentes de Centros Espíritas.'

- Que faço para não ser enganada? - indagou Francisca interessada em aprender.
- Estudar, cara Francisca.
Allan Kardec analisava muito bem tudo o que recebia dos espíritos.
Estude as obras do codificador da Doutrina Espírita.

Quando for psicografar, pense firme em Jesus como se nosso mestre Nazareno estivesse presente, e você a fazer a mensagem para Ele.

Não queira mensagem de ninguém conhecido e, se vier alguma espontânea, analise bem para ver se é verdadeira.
E muita, muita cautela, espíritos conhecidos, normalmente para evitar polémica, preferem assinar, quando não é seu médium habitual, "um protector", "um amigo" etc.

Você, Francisca, no começo da mensagem, pode indagar quem é o desencarnado que quer escrever, se ele não quiser dar o nome e disser que é um protector, tudo bem.
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Aconteceu - António Carlos / Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho - Página 3 Empty Re: Aconteceu - António Carlos / Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 02, 2015 9:07 pm

Porém a mensagem deve ser analisada.
Se for boa, de ensinamentos bons, é um bom espírito.
Se não for boa, o desencarnado que escreve não está bem espiritualmente.

A escrita grifa pensamentos e estes devem ser só bons.
Os espíritos que não estão bem, devem usar da psicofonia para uma orientação.

Mas, quando o espírito escritor dá o nome, pense bem em Jesus e peça ajuda a ele e aos bons espíritos para que, se for verdade, o desencarnado continue a escrever e, se não for, que pare e não continue a enganá-la.

(O alerta vale também para o trabalho de curas.
Existem no pia no Espiritual inúmeros médicos e estudiosos que gostam de trabalhar com médiuns, tentando amenizar as dores físicas dos encarnados.

E muitos médiuns só querem médicos com nomes conhecidos, prejudicando esse trabalho tão bonito.
O que importa são os resultados, e o médium deve ser humilde e trabalhador.
)

- Então foi minha culpa o engano que sofri?
- Não teria havido engano se você tivesse aceitado o desencarnado que se chama Alberto e que é desconhecido.

Ore, vigie e estude, Francisca, porque, muitas vezes ao se querer tanto mensagens de desencarnados conhecidos, podem vir espíritos maus e começar uma séria obsessão, principalmente quando o médium é vaidoso.

Esse desencarnado que enviou as mensagens, está há muitos anos com você.
Mas o que falta a vocês dois é estudo.

- Mesmo com estudo é possível ser enganado?
- Estudo é conhecimento e com entendimento o engano fica mais difícil de acontecer.
Mas mesmo com estudo ainda se pode ser enganado.

Principalmente se o médium for vaidoso, orgulhoso e quiser mensagens de espíritos conhecidos.
Se não tiver humildade para analisar, pode haver engano.

- É certo evocar um espírito para que escreva? - Francisca indagou, querendo saber.
- Depende - continuei a elucidá-la -' Allan Kardec evocava os espíritos para fins nobres.
Outros espíritos preferem ensinar a não evocar para que não se caia em enganos.

Como já lhe falei, os espíritos mais conhecidos dos Espíritas têm muitas tarefas e nem sempre estão em disponibilidade para atender.

Mas evocar os espíritos para ter mensagens de familiares, por exemplo, é válido.
Não há muito interesse em se fazer passar por um desconhecido, mas mesmo assim pode haver desencarnados brincalhões, até maus, que o fazem.

Muitos Centros Espíritas têm êxito ao pedir aos desencarnados que enviem mensagens para amigos e familiares.
Isso deve ser feito com encarnados responsáveis e sob os cuidados de um mentor ou protector da Casa Espírita.

O desencarnado a quem foi feito o pedido, é localizado e, se estiver bem, é convidado a escrever, ficando à vontade para atender ou não o pedido.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 02, 2015 9:08 pm

Se aceitar, vem e dita a mensagem.
Deve-se saber que muitos dos pedidos não são atendidos, porque às vezes o desencarnado solicitado não pode ditar no momento por vários motivos.

Para melhor fazer esse trabalho, aconselho-a a seguir as instruções que lhe dei.
No começo da mensagem pensar em Jesus e pedir ajuda para não ser enganada.

- Acho que não vou mais psicografar - falou Francisca.
- Analise, Francisca, no que você pode ser mais útil.
Lembro-a que, não trabalhar com a mediunidade, por medo de ser enganada, não é desculpa.
Sendo médium, deve Trabalhar com sua mediunidade para o bem de você mesma.

Todos os médiuns que são úteis, têm vários anos de trabalho, treino e estudo.
Trabalhando no Bem, quem primeiro recebe os frutos é você mesma, e depois os outros.

A psicografia também requer do médium treino, trabalho e estudo.
Talvez pela psicografia seus frutos se tornem conhecidos, mas para Deus não faz diferença.
Nosso Pai-Maior quer que tudo o que fizermos, que seja com Amor.

- Agradeço a linda lição que me deu - disse Francisca.
- São ensinamentos simples e se os seguir não será mais enganada.

Francisca voltou ao corpo.
Quando acordou estava mais calma, recordou do sonho, ou seja, do nosso encontro.

Falou baixinho:
"Devo tirar lições desse engano.
Vou estudar mais e não vou querer fazer mensagens de espíritos conhecidos na Literatura.

Eles são muito ocupados.
Vou, sim, prestar mais atenção ao conteúdo das mensagens que receber.
E, certamente, se eu me dedicar, quem sabe eu e este Alberto não ficaremos conhecidos?"

Orei por Francisca, desejando-lhe êxito e que não fizesse psicografia para se tornar conhecida, mas sim com compreensão, para ser útil e com muito Amor.

Tornar-se conhecida não deve ser uma meta e sim uma consequência de um trabalho bem feito.
Parti para outra tarefa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 02, 2015 9:08 pm

**********
O domingo amanheceu lindo.

O sol de verão brilhava no céu sem nuvens Agenor levantou se do leito, olhou para o céu e exclamou:
"O dia está me convidando para um passeio."

Era o único filho solteiro e morava com os pais.
Estava sozinho em casa, porque seus pais foram logo cedo visitar seus avós e com eles passar o domingo.

"Vou à represa passear um pouco."
Só levaria seu calção de banho e dinheiro para o lanche.
Resolvido, num instante estava no ponto de ónibus que, para sua sorte, passou logo.

E lá foi Agenor todo contente e pensando:
“Não me importo em ir sozinho, lá encontro amigos e, se não encontrar, faço novas amizades”.

Voltarei antes dos meus pais.
Mas se me atrasar eles não irão se preocupar, pois saio sempre aos domingos à tarde.
“Não posso perder a oportunidade de me bronzear neste domingo quente de sol.”

A represa ficava perto da cidade em que morava.
Agenor gostava muito de sua cidade, que não era grande, mas muito agradável.
A represa também não era grande, mas bem arrumada e bonita, óptimo lugar para passeios.

O local era muito frequentado pelos habitantes da cidade em que residia.
Agenor gostava muito de ir lá aos domingos e feriados, principalmente no verão, e aquele domingo estava ideal.

Como seus amigos não iam, resolveu ir sozinho, mas normalmente passeava com sua turma.

Agenor, moço agradável, estava com vinte e três anos, era alegre e brincalhão.
Trabalhava numa pequena fábrica e no momento não tinha namorada.
Achava-se uma pessoa feliz.

O ónibus chegou à represa, Agenor desceu contente, porém não viu nenhum amigo.
Mas logo estava jogando bola com uma turma de rapazes.
Na hora do almoço, foi lanchar num pequeno restaurante e depois foi para a beira da água.

Admirou a beleza do lugar.
Sentindo calor, resolveu dar um mergulho.
Nadou por alguns minutos.

De repente, pareceu-lhe que saiu do ar, ou seja, ficou alheio, ou "deu um branco", como os jovens costumam dizer.
Agenor voltou à margem e sentou-se num banco à beira da água.

Estava se recompondo quando alguém gritou:
- Olhem! Alguém está afundando!
Um corpo! Alguém se afogou!

Quatro rapazes pularam na água e foram ajudar o que achou o corpo, a tirá-lo da água.
Agenor levantou-se e ficou olhando.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 02, 2015 9:08 pm

Num instante reuniram-se muitas pessoas no local.
Agenor achou mesmo que todos que ali estavam, tinham vindo para aquele pedaço.
Logo os quatro rapazes tiraram da água o corpo do afogado.

- Está morto mesmo! - disse um dos rapazes que o examinou.
Não tem pulso, não respira!
- É o jovem que jogou bola connosco de manhã - disse o outro moço.

- Acho que ele se chama Marco António - falou outro jovem.
- Vamos levá-lo à cidade.

Os quatro jovens que tiraram o afogado da água, foram os que tomaram a iniciativa e conversavam entre si sobre o que fazer com o morto.
- Alguém sabe onde mora o Marco António? - gritou um dos rapazes ao pessoal presente.

Uma mocinha, que não quis olhar o corpo com medo, disse:
- Marco António mora na rua Oliveira, logo no começo.
- Então, vamos lá turma. Vamos levá-lo.
Jogou bola connosco, cabe a nós levá-lo à família.

Muita gente falou, os palpites foram muitos.
Agenor concordou com os jovens:
jogaram bola juntos, eles deveriam levar o defunto para a família.

Como ele também jogou, achou que deveria ir.

"Coitado do afogado" - pensou.
"Era dever cristão levá-lo aos familiares."

Puseram o afogado no banco de trás do carro, acomodaram-no entre dois moços.
Agenor acomodou-se também atrás, e lá foram à cidade.
Foram directo para a rua Oliveira, que não era longa, e começaram a indagar.

- Onde mora Marco António?
Até que indicaram uma casa.
- Bem, é aqui. - disse um dos moços.
E, agora, o que fazemos?
Como chegar e dizer que trouxemos o filho morto, afogado?

- É melhor um de nós descer e dar a notícia devagar.
Concordaram e um deles desceu, bateu à porta da casa e uma senhora atendeu.
- É aqui que o Marco António mora?

- Sim, é - respondeu a senhora.
- Ele está?
- Não.

- Bem, a senhora tem que ser forte.
Aconteceu um facto desagradável e trouxemos seu filho morto.
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