LUZ ESPÍRITA
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Página 6 de 7 Anterior  1, 2, 3, 4, 5, 6, 7  Seguinte

Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 06, 2012 10:40 pm

É de uma grosseria inominável para com os animais que o auxiliam a ganhar o pão.
Não sabe senão gritar, encolerizar-se, surrar e ferir.
Tem a mente fechada as sugestões do agradecimento.

Não estima senão a praga e o chicote.
Hoje, tanto perturbou o pobre muar que o ajuda, tanto o castigou, que pareceu mais animalizado...

Quando se tornou quase irracional, pelo excesso de fúria e ingratidão, meu auxílio espiritual se tornou ineficiente.

Atormentado pelas descargas de cólera do condutor, o burro humilde o atacou com a pata.
Que fazer? Minha obrigação foi cumprida...

O superior, que ouvia atenciosamente as alegações, respondeu sem hesitar:
— Tem razão.

E como dirigisse o olhar a Aniceto, desejando aprova nosso orientadora firmou:
— Auxiliemos o homem, quanto esteja em nossas mãos, cumpramos nosso dever com o bem, mas não desprezemos as lições.
Esse trabalhador imprudente foi punido por si mesmo.

A cólera é punida por suas consequências. Ao mal segue-se o mal.

Se os seres inferiores, nossos irmãos no grande lar da vida, nos fornecem os valores do serviço, devemos dar-lhes, por nossa vez, os valores da educação.

Ora, ninguém pode educar odiando, nem edificar algo de útil com a fúria e a brutalidade.

E, indicando o grupo que conduzia o ferido a uma casa próxima, concluiu, imperturbável:
— Como homem comum, nosso pobre amigo sofrerá muitos dias, chumbado ao leito;
entre as aflições dos familiares, demorar-se-á um tanto a restabelecer o equilíbrio orgânico;
mas, como Espírito eterno, recebeu agora uma lição útil e necessária.


Altamente surpreendido, reparei na grande serenidade do nosso orientador e comecei a compreender que ninguém desrespeita a Natureza sem o doloroso choque de retorno, a todo tempo.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 06, 2012 10:40 pm

XLII - Evangelho no ambiente rural

Apagados os comentários mais vivos, relativamente ao episódio desagradável, o superior hierárquico daquela grande turma de trabalhadores espirituais indagou do nosso orientador, com delicadeza:
— Nobre Aniceto, valendo-vos da oportunidade, poderíeis interpretar para nós outros alguma das lições evangélicas, ainda hoje?

Aniceto aquiesceu, pressuroso.
Notei que o interesse em torno do assunto era enorme.

Com grande surpresa, vi que os servidores da gleba traziam ao estimado mentor um livro, que não tive dificuldades em identificar.

Era um exemplar do Evangelho, que Aniceto abriu firmemente, como quem sabia onde estava a lição do momento.

Fixando a página escolhida, começou a meditar, enquanto sublimada luz lhe aureolava a fronte.

Houve profundo silêncio.
Todos os colaboradores demonstravam grande interesse pela palavra que se fazia.
Tudo era de aspecto imponente e calmo na Natureza.

Um rebanho bovino acercara-se de nós, atraído por forças magnéticas que não consegui compreender.

Alguns muares humildes chegaram, igualmente, de longe.
E as aves tranquilizaram-se nas frondes fartas, sem um pio.
A única voz que toava, leve e branda, era a do vento, sussurrando harmonia e frescura.

A paisagem não podia ser mais bela, vestida em ouro líquido do Poente.
Exceptuada a rusticidade natural do quadro vivo, o ambiente sugeria recordações fiéis dos verdes salões de “Nosso Lar”.

Aniceto, mergulhando o olhar no Sagrado Livro, leu em voz alta os versículos 19, 20 e 21 do capitulo 8, da Epístola aos Romanos:
— “Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus.

Porque a criação ficou sujeita a vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.”

Em seguida, reflectiu alguns instantes e comentou, com evidente inspiração:
— Irmãos, recebamos a bênção do campo, louvando o Amor e a Sabedoria de Nosso Pai!

Exaltemos o Soberano Espírito de Vida, que sopra em nós a força eterna da incessante renovação!

Ponderemos a palavra do Apóstolo da Gentilidade, para extrair-lhe o conteúdo divino!...
Há milénios a Natureza espera a compreensão dos homens.

Não se tem alimentado tão-somente de esperança, mas vive em ardente expectação, aguardando o entendimento e o auxílio dos Espíritos encarnados na terra, mais propriamente considerados filhos de Deus.

Entretanto, as forças naturais continuam sofrendo a opressão de todas as vaidades humanas.

Isto, porém, ocorre, meus amigos, porque também o Senhor tem esperança na libertação dos seres escravizados na Crosta, para que se verifique igualmente a liberdade na glória do homem.

Conheço-vos de perto os sacrifícios, abnegados trabalhadores espirituais do solo terrestre!
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 06, 2012 10:41 pm

Muitos de vós aqui permaneceis, como em múltiplas regiões do planeta, ajudando a companheiros encarnados, acorrentados às ilusões da ganância de ordem material.

Quantas vezes, vosso auxílio é convertido em baixas explorações no campo dos negócios terrestres?

A maioria dos cultivadores da terra tudo exige sem nada oferecer.

Enquanto zelais, cuidadosamente, pela manutenção das bases da vida, tendes visto a civilização funcionando qual vigorosa máquina de triturar, convertendo-se os homens, nossos irmãos, em pequenos Moloques de pão, carne e vinho, absolutamente mergulhados na viciação dos sentimentos e nos excessos da alimentação, despreocupados do imenso débito para com a Natureza amorável e generosa.

Eles oprimem as criaturas inferiores, ferem as forças benfeitoras da vida, são ingratos para com as fontes do bem, atendem às indústrias ruralistas, mais pela vaidade e ambição de ganhar, que lhes são próprias, que pelo espírito de amor e utilidade, mas também não passam de infelizes servos das paixões desvairadas.

Traçam programas de riqueza mentirosa, que lhes constituem a ruína;
escrevem tratados de política económica, que redundam em guerra destruidora;
desenvolvem o comércio do ganho indébito, colhendo as complicações internacionais que dão curso à miséria;
dominam os mais fracos e os exploram, acordando, porém, mais tarde, entre os monstros do ódio!


É para eles, nossos semelhantes encarnados na Crosta, que devemos voltar igualmente os olhos, com espírito de tolerância e fraternidade.

Ajudemo-los ainda, agora e sempre! Não esqueçamos que o Senhor está esperando pelo futuro deles!

Escutemos os gemidos da criação, pedindo a luz do raciocínio humano, mas não olvidemos, também, a lágrima desses escravos da corrupção, em cujas fileiras permanecíamos até ontem, auxiliando-os a despertar a consciência divina para a vida eterna!

Ainda que rodeiem o campo de vaidades e insolências, auxiliemo-los ainda.
O Senhor reserva acréscimos sublimes de valores evolutivos aos seres sacrificados.

Não olvidará Ele a árvore útil, o animal exterminado, o ser humilde que se consumiu em benefício de outro ser!

Cooperemos, por nossa vez, no despertar dos homens, nossos irmãos, relativamente ao nosso débito para com a Natureza maternal.

Sempre, ao voltarmos à Crosta, envolvendo-nos em fluidos do círculo carnal, levamos muito longe a aquisição de nitrogénio.

Convertemos em tragédia mundial o que poderia constituir a procura serena e edificante.

Como sabemos, organismo algum poderá viver na Terra sem essa substância, e embora se locomova, no oceano de nitrogénio, respirando-o na média de mil litros por dia, não pode o homem, como nenhum ser vivo do planeta, apropriar-se do nitrogénio do ar.

Por enquanto, não permite o Senhor a criação de células nos organismos viventes do nosso mundo, que procedam à absorção espontânea desse elemento de importância primordial na manutenção das vidas como acontece ao oxigénio comum.

Somente as plantas, infatigáveis operárias do orbe, conseguem retirá-lo do solo, fixando-o para o entretenimento da vida noutros seres.

Cada grão de trigo é uma bênção nitrogenada para sustento das criaturas, cada fruto da terra é uma bolsa de açúcar e albumina, repleta do nitrogénio indispensável ao equilíbrio orgânico dos seres vivos.

Todas as indústrias agropecuárias não representam, na essência, senão a procura organizada e metódica do precioso elemento da vida.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 06, 2012 10:41 pm

Se o homem conseguisse fixar dez gramas, aproximadamente, dos mil litros de nitrogénio que respira diariamente, a Crosta estaria transformada no paraíso verdadeiramente espiritual.

Mas, se muito nos dá o Senhor, é razoável que exija a colaboração do nosso esforço na construção da nossa própria felicidade.

Mesmo em “Nosso Lar”, ainda estamos distantes da grande conquista do alimento espontâneo pelas forças atmosféricas, em carácter absoluto.

E o homem, meus amigos, transforma a procura de nitrogénio em movimento de paixões desvairadas, ferindo e sendo ferido, ofendendo e sendo ofendido, escravizando e tomando-se cativo, segregado em densas trevas!

Ajudemo-lo a compreender, para que se organize uma era nova.
Auxiliemo-lo a amar a terra, antes de explorá-la no sentido inferior, a valer-se da cooperação dos animais, sem os recursos do extermínio!

Nessa época, o matadouro será convertido em local de cooperação, onde o homem atenderá aos seres inferiores e onde estes atenderão as necessidades do homem, e as árvores úteis viverão em meio do respeito que lhes é devido.

Nesse tempo sublime, a indústria glorificará o bem e, sentindo-nos o entendimento, a boa vontade e a veneração às leis divinas, permitir-nos-á o Senhor, pelo menos em parte, a solução do problema técnico de fixação do nitrogénio da atmosfera.

Ensinemos aos nossos Irmãos que a vida não é um roubo incessante, em que a planta lesa o solo, o animal extermina a planta e o homem assassina o animal, mas um movimento de permuta divina, de cooperação generosa, que nunca perturbaremos sem grave dano a própria condição de criaturas responsáveis e evolutivas!

Não condenemos! Auxiliemos sempre!
A assembleia, tanto quanto nós, estava sob forte impressão.

Aniceto calou-se, contemplou com simpatia os animais e as aves próximas, como se estivesse a endereçar-lhes profundos pensamentos de amor e, a seguir, fechou o Livro Sagrado, com estas palavras:
— Observamos com o Evangelho que a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus encarnados!

Concordamos que as criaturas inferiores têm suportado o peso de iniquidades imensas!

Continuemos em auxílio delas, mas não nos percamos em vãs contendas.

Os homens esperam também a nossa manifestação espiritual!
Desse modo, ajudemos a todos, no capítulo do grande entendimento.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 06, 2012 10:41 pm

XLIII - Antes da reunião

Os preparativos espirituais para a reunião eram activos e complexos.

Chegamos de regresso à residência de Dona Isabel, quando faltavam poucos minutos para as dezoito horas e já o salão estava repleto de trabalhadores em movimento.

Observando, com estranheza, determinadas operações, fiz algumas perguntas ao nosso orientador, que me esclareceu com bondade:
— Realizar uma sessão de trabalhos espirituais eficientes não é coisa tão simples.

Quando encontramos companheiros encarnados, entregues ao serviço com devotamento e bom ânimo, isentos de preocupação, de experiências mal sucedidas e inquietações injustificáveis, mobilizamos grandes recursos a favor do êxito necessário.

Claro que não podemos auxiliar actividades infantis, nesse terreno.

Quem não deseje cuidar de semelhantes obrigações, com a seriedade devida, poderá esperar fatalmente pelos espíritos menos sérios, porquanto a morte física não significa renovação para quem não procurou renovar-se.

Onde se reúnam almas levianas, aí estará igualmente a leviandade.
No caso de Isabel, porém, há que lhe auxiliar o esforço edificante.

Em todos os sectores evolutivos, é natural que o trabalhador sincero e eficiente receba recursos sempre mais vastos.

Onde se encontre as actividades do bem, permanecerá a colaboração espiritual de ordem superior.

Calara-se o bondoso amigo.
Continuei reparando as laboriosas actividades de alguns irmãos que dividiam a sala, de modo singular, utilizando longas faixas fluídicas.

Aniceto veio em socorro da minha perplexidade, explicando, atencioso:
— Estes amigos estão promovendo a obra de preservação e vigilância.

Serão trazidas aos trabalhos de hoje algumas dezenas de sofredores e torna-se imprescindível limitar-lhes a zona de influenciação neste templo familiar.

Para isso, nossos companheiros preparam as necessárias divisões magnéticas.
Reparei, admirado, que eles magnetizavam o próprio ar.

Nosso instrutor, porém, informou, gentil:
— Não se impressione, André. Em nossos serviços, o magnetismo é força preponderante.
Somos compelidos a movimentá-lo em grande escala.

E, sorrindo, concluiu:
— Já os sacerdotes do antigo Egipto não ignoravam que, para atingir determinados efeitos, é indispensável impregnar a atmosfera de elementos espirituais, saturando-a de valores positivos da nossa vontade.

Para disseminar as luzes evangélicas aos desencarnados, são precisas providências variadas e complexas, sem o que, tudo redundaria em aumento de perturbações.

Este núcleo é pequenino, considerado do ponto de vista material, mas apresenta grande significação para nós outros.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 06, 2012 10:41 pm

É preciso vigiar, não o esqueçamos.
Enquanto as actividades de preparação espiritual seguiam intensas, Dona Isabel e Joaninha noutra ordem de serviço, chegaram ao salão, dispondo arranjos diferentes.

Usaram, largamente, a vassoura e o espanador.
Revestiram a mesa de toalha muito alva e trouxeram pequenos recipientes de água pura.

A uma ordem de um dos superiores daquele templo doméstico, espalharam-se os vigilantes, em derredor da moradia singela.

Nos menores detalhes estava a nobre supervisão dos benfeitores.
Em tudo a ordem, o serviço e a simplicidade.

Logo após alguns minutos além das dezoito horas, começaram a chegar os necessitados da esfera invisível ao homem comum.

Se fosse concedida à criatura vulgar uma vista de olhos, ainda que ligeira, sobre uma assembleia de espíritos desencarnados, em perturbação e sofrimento, muito se lhes modificariam as atitudes na vida normal.

Nessa afirmativa, devemos incluir, igualmente, a maioria dos próprios espiritistas, que frequentam as reuniões doutrinárias, alheios ao esforço auto-educativo, guardando da espiritualidade uma vaga ideia, na preocupação de atender ao egoísmo habitual.

O quadro de rectificações individuais, após a morte do corpo, é tão extenso e variado que não encontramos palavras para definir a imensa surpresa.

Aqueles rostos esqueléticos causavam compaixão.
Chegavam ao recinto aquelas entidades perturbadas, em pequenos magotes, seguidas de orientadores fraternais.

Pareciam cadáveres erguidos do leito de morte.
Alguns se locomoviam com grande dificuldade.
Tínhamos diante dos olhos uma autêntica reunião de “coxos e estropiados”, segundo o símbolo evangélico.

— Em maioria — esclareceu Aniceto — são irmãos abatidos e amargurados, que desejam a renovação sem saber como iniciar a tarefa.

Aqui, poderemos observar apenas sofredores dessa natureza, porque o santuário familiar de Isidoro e Isabel não está preparado para receber entidades deliberadamente perversas.

Cada agrupamento tem seus fins.
Com efeito, os recém-chegados estampavam profunda angústia na expressão fisionómica.
As senhoras em pranto eram numerosas.

O quadro consternava.
Algumas entidades mantinham as mãos no ventre, calcando regiões feridas.
Não eram poucas as que traziam ataduras e faixas.

— Muitos — disse-nos o mentor — não concordam ainda com as realidades da morte corporal.
E toda essa gente, de modo geral, está prisioneira da ideia de enfermidade.

Existem pessoas, e vocês, como médicos, as terão conhecido largamente, que cultivam as moléstias com verdadeira volúpia.

Apaixonam-se pelos diagnósticos exactos, acompanham no corpo, com indefinível ardor, a manifestação dos indícios mórbidos, estudam a teoria da doença de que são portadoras, como jamais a usa um dever justo no quadro das obrigações diárias, e quando não dispõem das informações nos livros, estimam a longa atenção dos médicos, os minuciosos cuidados da enfermagem e as compridas dissertações sobre a enfermidade de que se constituem voluntárias prisioneiras.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 07, 2012 10:42 pm

Sobrevindo a desencarnação, é muito difícil o acordo entre elas e a verdade, porquanto prosseguem mantendo a ideia dominante.

Às vezes, no fundo, são boas almas, dedicadas aos parentes do sangue e aproveitáveis na esfera restrita de entendimento a que se recolhem, mas, no entanto, carregadas de viciação mental por muitos séculos consecutivos.

E num gesto diferente, nosso instrutor considerou:
— Demoramo-nos todos a escapar da velha concha do individualismo.

A visão da universalidade custa preço alto e nem sempre estamos dispostos a pagá-lo.
Não queremos renunciar ao gosto antigo, fugimos aos sacrifícios louváveis.

Nessas circunstâncias, o mundo que prevalece para a alma desencarnada, por longo tempo, é o reino pessoal de nossas criações inferiores.

Ora, desse modo, quem cultivou a enfermidade com adoração, submeteu-se-lhe ao império.

É lógico que devemos, quando encarnados, prestar toda a assistência ao corpo físico, que funciona, para nós, como vaso sagrado, mas remediar a saúde e viciar a mente são duas atitudes essencialmente antagónicas entre si.

A palestra era magnificamente educativa; entretanto, o número crescente de entidades necessitadas chamava-nos à cooperação.

Muitas choravam baixinho, outras gemiam em voz mais alta.
Depois de longa pausa, Aniceto advertiu:
— Vamos ao serviço.

Para nós, cooperadores espirituais, os trabalhos já começaram.

A prece e o esforço dos companheiros encarnados representarão o termo desta reunião de assistência e iluminação em Jesus Cristo.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 07, 2012 10:42 pm

XLIV - Assistência

A paisagem de sofrimento, desdobrada aos nossos olhos, lembrava-me o ambiente das Câmaras de Rectificação.

Entendeu-se Aniceto com Isidoro e falou, resoluto:
— Mãos a obra! Distribuamos alguns passes de reconforto!
— Mas — objectei — estarei preparado para trabalho dessa natureza?

— Porque não? — indagou o instrutor em voz firme — toda competência e especialização no mundo, nos sectores de serviço, constituem o desenvolvimento da boa vontade.

Bastam o sincero propósito de cooperação e a noção de responsabilidade para que sejamos iniciados, com êxito, em qualquer trabalho novo.

Semelhantes afirmativas estimularam-me o coração.
Recordei Narcisa, a dedicada irmã dos infortunados, que permanecia, em “Nosso Lar”, quase sempre sem repouso, como prisioneira do sacrifício.

Pareceu-me, ainda, ouvir-lhe a voz fraterna e carinhosa — “André, meu amigo, nunca te negues, quanto possível, a auxiliar os que sofrem.

Ao pé dos enfermos, não olvides que o melhor remédio é a renovação da esperança; se encontrares os falidos e os derrotados da sorte, fala-lhes do divino ensejo do futuro; se fores procurado, algum dia, pelos espíritos desviados e criminosos, não profiras palavras de maldição.

Anima, eleva, educa, desperta, sem ferir os que ainda dormem.
Deus opera maravilhas por intermédio do trabalho de boa vontade sincera!" Sem mais hesitação, dispus-me ao serviço”.

Aniceto designou-me um grupo de seis enfermos espirituais, acentuando:
— Aplique seus recursos, André.

Com a nossa colaboração, os amigos em tarefa nesta casa poderão atender a responsabilidades diferentes e também imperiosas.

Os mais apagados trabalhadores do bem rejubilem-se pela exemplificação nas lutas comuns e edifiquem-se no Senhor Jesus, porque nenhuma de suas manifestações fica perdida no espaço e no tempo.

Naquele instante em que fora chamado a prestar auxílios reais, eu não recorria aos meus cabedais científicos, não me reportava tão somente à técnica da medicina oficial, a que me filiara no mundo, mas recordava aquela Narcisa humilde e simples, das Câmaras de Rectificação, enfermeira devotada e carinhosa, que conseguia muito mais com amor do que com medicações.

Aproximei-me duma senhora profundamente abatida, lembrando o exemplo da generosa amiga de “Nosso Lar”, entendendo que não deveria socorrer utilizando apenas a firmeza e a energia, mas também a ternura e a compreensão.

— Minha irmã — disse, procurando captar-lhe a confiança —, vamos ao passe reconfortador.

— Ai! ai! — respondeu a interpelada — nada vejo, nada vejo! Ah! o tracoma!
Infeliz que sou! E me falam em morte, em vida diferente...
Como recuperar a vista?! Quero ver, quero ver!...

— Calma — respondi, encorajado —, não confia no Poder de Jesus?
Ele continua curando cegos, iluminando-nos o caminho, guiando-nos os passos!

Somente mais tarde lembrei que, naquele instante, olvidara a curiosidade doentia, não pensei na impressão deixada pelo tracoma naquele organismo espiritual, nem me preocupei com a expressão propriamente cientifica do fenómeno, vendo, apenas, à minha frente, uma irmã sofredora e necessitada.

E, à medida que me dispunha a observar a prática do amor fraternal, uma claridade diferente começou a iluminar e a aquecer-me a fronte.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 07, 2012 10:42 pm

Lembrando a influência divina de Jesus, iniciei o passe de alívio sobre os olhos da pobre mulher, reparando que enorme placa de sombra lhe pesava na fronte.

Pronunciando palavras de animação, às quais ligava a melhor essência de minhas intenções, concentrei minhas possibilidades magnéticas de auxílio nessa zona perturbada. Dentro de alguns instantes, a desencarnada desferiu um grito de espanto.

— Vejo! Vejo! — exclamou, entre o assombro e a alegria — grande Deus! grande Deus!

E ajoelhando-se, num movimento instintivo para render graças, dirigia-me a palavra, comovidamente:
— Quem sois vós, emissário do bem?

Dominava-me profunda emoção, que não conseguia sofrear.
Confundia-me a bondade do Eterno.
Quem era eu para curar alguém?

Mas a alegria daquela entidade, libertada das trevas, afirmava a ocorrência, na qual não queria acreditar.

A luz daquela dádiva como que mostrava mais fortemente o fundo escuro de minhas imperfeições individuais e o pranto inundou-me as faces, sem que pudesse retê-lo nos recônditos mananciais do coração.

Enquanto a enferma espiritual se desfazia em lágrimas de louvor, também eu me absorvia numa onda de pensamentos novos.

O acontecimento surpreendia-me.
Desejava socorrer o doente próximo e, contudo, estava enlaçado em singular deslumbramento íntimo.

Aniceto, porém, aproximou-se delicadamente e falou em voz baixa:
— André, a excessiva contemplação dos resultados pode prejudicar o trabalhador.
Em ocasiões como esta, a vaidade costuma acordar dentro de nós, fazendo-nos esquecer o Senhor.

Não olvides que todo o bem procede dele, que é a luz de nossos corações.
Somos seus instrumentos nas tarefas de amor.

O servo fiel não é aquele que se inquieta pelos resultados, nem o que permanece enlevado na contemplação deles, mas justamente o que cumpre a vontade divina do Senhor e passa adiante.

Aquelas palavras não poderiam ser mais significativas.

O generoso mentor voltou ao serviço a que se entregara, junto de outros irmãos, e, valendo-me do amoroso aviso, dirigi-me à reconhecida senhora, acentuando:
— Minha amiga, agradeça a Jesus e não a mim, que sou apenas obscuro servidor.

Quanto ao mais, não se impressione em demasia com a visão dos aspectos exteriores;
volte o poder visual para dentro de si mesma, para que possa consagrar ao Senhor da Vida os sublimes dons da visão.

Notei que a ouvinte se surpreendia com as minhas palavras, que lhe pareceram, talvez, inoportunas e transcendentes, mas, novamente firme na compreensão do dever, acerquei-me do enfermo próximo.

Tratava-se dum infeliz irmão que falecera na Gamboa, vitimado pelo câncer.
Toda a região facial apresentava-se com horrível aspecto.

Apliquei os passes de reconforto, ministrando pensamentos e palavras de bom ânimo, e reparei que o pobrezinho se sentia tomado de considerável melhora.

Prometi-lhe interesse amigo, a fim de internar-se em alguma casa espiritual de tratamento, recomendando que preparasse a vida mental para colher semelhante benefício, oportunamente.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 07, 2012 10:43 pm

Em seguida, atendi a dois ex-tuberculosos do Encantado, a uma senhora que desencarnara em Piedade, em consequência de um tumor maligno, e a um rapaz de Olaria, que se desprendera num choque operatório. Nenhum destes quatro últimos, contudo, manifestou qualquer alívio.

Persistiam as mesmas indisposições orgânicas, os mesmos fenómenos psíquicos de sofrimento.
Terminada a tarefa que me fora cometida, reuni-me ao nosso instrutor e Vicente, que me esperavam a um canto da sala.

— As actividades de assistência — exclamou Aniceto, cuidadoso — se processam conforme observamos aqui.

Alguns se sentem curados, outros acusam melhoras, e a maioria parece continuar impermeável ao serviço de auxílio.
O que nos deve interessar, todavia, é a semeadura do bem.
A germinação, o desenvolvimento, a flor e o fruto pertencem ao Senhor.

Vicente, que se mostrava fortemente impressionado, observou:
— O número de entidades perturbadas espanta. Vemo-las, em diversos graus de desequilíbrio, desde “Nosso Lar” até a Crosta.

Aniceto sorriu e falou em tom grave:
— Devemos esmagadora percentagem desses padecimentos à falta de educação religiosa.

Não me refiro, porém, àquela que vem do sacerdócio ou que parte da boca de uma criatura para os ouvidos de outra.

Refiro-me à educação religiosa, íntima e profunda, que o homem nega sistematicamente a si mesmo.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 07, 2012 10:43 pm

XLV - Mente enferma

Observando e trabalhando sempre, Aniceto considerou:
Aqui não comparecem apenas os desencarnados enfermos.
Reparem os encarnados, igualmente.


Entre o nosso círculo e a assembleia dos irmãos corporificados, a percentagem de trabalhadores em relação ao número de doentes e necessitados é quase a mesma.

Designando um cavalheiro aprumado e bem posto, que se mantinha em palestra com o senhor Bentes, doutrinador naquele grupo, acrescentou:
— Vejam este amigo rodeado de sombra, em conversação com o colaborador de nossa irmã Isabel.

Ouçam-lhe a palavra e, depois, ajuízem.
Com efeito, o cavalheiro indicado rodeava-se de pequenas nuvens, mormente ao longo do cérebro.

Fixando nele a atenção, eu o ouvia distintamente:
— Há muito — asseverava com ênfase — frequento as reuniões espiritistas, à procura de alguma coisa que me satisfaça; no entanto — e sorriu irónico — ou a minha infelicidade é maior que a dos outros ou estamos diante de mistificação mundial.

Atento à respeitosa atitude do orientador encarnado, prosseguia, orgulhoso:
— Tenho estudado muitíssimo, não me furtando ao crivo da razão rigorosa.
Já devorei extensa literatura relativa à sobrevivência humana e, todavia, nunca obtive uma prova.

O Espiritismo está cheio de teses sedutoras, mas o terreno se mostra cheio de dúvidas.

A obra de Kardec, inegavelmente, representa extraordinária afirmação filosófica; entretanto, encontramos com Richet um acervo de perspectivas novas.

A metapsíquica corrigiu muitos voos da imaginação, trazendo à análise pública observações mais profundas sobre os desconheci dos poderes do homem.

No exame dessas verdades científicas, o mediunismo foi reduzido em suas proporções.
Precisamos dum movimento de racionalização, ajustando os fenómenos a critério adequado.

Todavia, meu caro Bentes, vivemos em paisagem de mistificações subtis, distantes das demonstrações exactas.

A essa altura, o interlocutor, muito calmo e seguro na fé, interveio, considerando:
— Concordo, Dr. Fidélis, em que o Espiritismo não deva fugir a toda espécie de considerações sérias;
contudo, creio que a doutrina é um conjunto de verdades sublimes, que se dirigem, de preferência, ao coração humano.

É impossível auscultar-lhe a grandeza divina com a nossa imperfeita faculdade de observação, ou recolher-lhe as águas puras com o vaso sujo dos nossos raciocínios viciados nos erros de muitos milénios.

Ao demais, temos aprendido que a revelação de ordem divina não é trabalho mecânico em leis de menor esforço.
Lembremos que a missão do Evangelho, com o Mestre, foi precedida por um esforço humano de muitos séculos.

Antes de morrerem os cristãos nos circos do martírio, quantos precursores de Jesus foram sacrificados?
Primeiramente, devemos construir o receptáculo; em seguida, alcançaremos a bênção.

A Bíblia, sagrado livro dos cristãos, é o encontro da experiência humana, cheia de suor e lágrimas, consubstanciada no Velho Testamento, com a resposta celestial, sublime e pura, no Evangelho de Nosso Senhor.

O cavalheiro, que respondia pelo nome de Dr. Fidélis, sorria de modo vago, entre a ironia e a vaidade ofendida.

Bentes, contudo, não perdeu a oportunidade e continuou:
— Se todo serviço sério da existência humana é alguma coisa de sagrado aos nossos olhos que dizer da expressão divina no trabalho planetário?
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 07, 2012 10:43 pm

E considerando a essência do serviço na organização do mundo, que seria de nós se um punhado de espíritos amigos e sábios nos arrebatassem à visão ampla de orbes superiores, impelindo-nos para eles, precipitadamente, tão só pelo facto de nos dispensarem como indivíduos, uma estima santa?

Estaríamos preparados para a mudança radical?
Saberemos o que venha a ser a vida num orbe superior?

Teremos trabalhado bastante para entender os divinos desígnios? E a Terra?
E as nossas milenares dívidas para com o planeta que nos tem suportado as imperfeições?
Como residir nos andares mais altos, sem drenar os pântanos que jazem em baixo?

Estas considerações tornam-se imprescindíveis no exame de argumentação como a sua, porquanto não poderemos ajuizar, com precisão, as correntes generosas de um rio caudaloso, observando tão-somente as gotas recolhidas no dedal das nossas limitações.

O pesquisador renitente acentuou a expressão irónica do rosto e revidou:
— Você fala como homem de fé, esquecendo que meu esforço se dirige à razão e à ciência.
Quero referir-me às ilações inevitáveis da consulta livre, as farsas medidas de todos os tempos.

Você está informado de que cientistas inúmeros examinaram as fraudes dos mais célebres aparelhos do mediunismo, na Europa e na América.

Ora, que esperar de uma doutrina confiada a mistificadores continentais?

Bentes respondeu, muito sereno e ponderado:
— Está enganado, meu amigo.
Estaríamos laborando em erro grave, se colocássemos toda a responsabilidade doutrinária nas organizações mediúnicas.

Os médiuns são simples colaboradores do trabalho de espiritualização.
Cada um responderá pelo que fez das possibilidades recebidas, como também nós seremos compelidos a contas necessárias, algum dia.

Não poderíamos cometer o absurdo de atribuir a concentração de todas as verdades divinas somente na cabeça de alguns homens, candidatos a novos cultos de adoração.

A doutrina, Dr. Fidélis, é uma fonte sublime e pura, inacessível aos pruridos individualistas de qualquer de nós, fonte na qual cada companheiro deve beber a água da renovação própria.

Quanto às fraudes mediúnicas a que se refere, é forçoso reconhecer que a pretensa infalibilidade científica tem procurado converter os mais nobres colaboradores dos desencarnados em grandes nervosos ou em simples cobaias de laboratório.

Os pesquisadores, actualmente baptizados como metapsiquistas, são estranhos lavradores que enxameiam no campo de serviço sem nada produzirem de fundamentalmente útil.

Inclinam-se para a terra contam os grãos de areia e os vermes invasores, determinam o grau de calor e estudam a longitude, observam as disposições climáticas e anotam as variações atmosféricas, mas, com grande surpresa para os trabalhadores sinceros, desprezam a semente.

O interlocutor deixou de sorrir e observou:
— Vamos ver, vamos ver...
Espero ainda amigos dos meus com os sinais inaudíveis da sobrevivência, após a morte..
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 07, 2012 10:44 pm

Aniceto nos tocou de leve, e falou:
— Como este homem traz a mente enfermiça?
É um dos curiosos doentes, encarnados.

Tem vasta cultura e, todavia, como traz sentimento envenenado, tudo quanto lhe cai no raciocínio participa da geral intoxicação.

É pesquisador de superfície, como ocorre a muita gente. Tudo espera dos outros, examina seu semelhante, mas não ausculta a si mesmo.

Quer a realização divina sem o esforço humano; reclama a graça, formulando a exigência;
quer o trigo da verdade, sem participar da semeadura, espera a tranquilidade pela fé, sem dar-se ao trabalho das obras;
estima a ciência, sem consultar a consciência;

prefere a facilidade, sem filiar-se à responsabilidade, e, vivendo no torvelinho de continuadas libações, agarrado aos interesses inferiores e à satisfação dos sentidos físicos, em carácter absoluto, está aguardando mensagens espirituais...

Estávamos admirados, ante as conclusões interessantes do instrutor amigo.
Vicente, que se mantinha sob forte impressão, perguntou:
— Afinal de contas, que deseja este homem?

Aniceto sorriu e respondeu:
— Também ele teria imensas dificuldades para responder.

Para nós outros, Vicente, o Dr. Fidélis é um desses enfermos que ainda não se dispuseram a procurar o alívio, pelo demasiado apego à sensação.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 07, 2012 10:44 pm

XLVI - Aprendendo sempre

Segundo informações de Aniceto, faltava mais de uma hora para o início da prelecção evangélica, sob a responsabilidade do senhor Bentes, na esfera dos frequentadores encarnados, mas o movimento de serviço espiritual tornara-se intensíssimo.

Reuniam-se ali, para olhos humanos, trinta e cinco individualidades terrestres e, no entanto, em nosso círculo, o número de necessitados excedia de duas centenas, porquanto, agora, a assembleia estava acrescida de muitas entidades que formavam o séquito perturbador da maioria dos aprendizes ali congregados.

Para elas, organizou-se uma divisão especial, que me pareceu constituída por elementos de maior vigilância, visto chegarem, quase obrigatoriamente, acompanhando os que buscavam o socorro espiritual, sem a indicação dos orientadores em serviço nas vias públicas.

A movimentação era enorme e o tempo era escasso para qualquer observação, sem movimento activo.

Todos os servidores da casa se mantinham a postos, desenvolvendo a melhor atenção.
Reparei que num ângulo da grande mesa havia numerosas indicações de receituário e assistência.

Os mais variados nomes ali se enfileiravam.
Muitas pessoas pediam conselhos médicos, orientação, assistência e passes.

Quatro facultativos espirituais se moviam diligentes, e, secundando-lhes o esforço humanitário, quarenta cooperadores directos iam e vinham, recolhendo informações e enriquecendo por menores.

Aproximamo-nos do grande número de papéis nominados, e enquanto curiosamente buscava examiná-los, Aniceto explicou:
— Temos aqui a indicação das pessoas que se afirmam necessitadas de amparo e socorro imediato.

— Mas recebem elas tudo quanto pedem? — indagou Vicente, curioso.

Nosso mentor sorriu e respondeu:
— Recebem o que precisam.

Muitos solicitam a cura do corpo, mas somos forçados a estudar até que ponto lhes podemos ser úteis, no particularismo dos seus desejos;
outros reclamam orientações várias, obrigando-nos a equilibrar nossa cooperação, de modo a lhes não tolher a liberdade individual.

A existência terrestre é um curso activo de preparação espiritual e, quase sempre, não faltam na escola os alunos ociosos, que perdem o tempo ao invés de aproveitá-lo, ansiosos pelas realizações mentirosas do menor esforço.

Desse modo, no capítulo das orientações, a maior parte dos pedidos são desassisados.

A solicitação de terapêutica para a manutenção da saúde física, pelos que de facto se interessem pelo concurso espiritual, é sempre justa;
todavia, no que concerne a conselhos para vida normal, é imprescindível muita cautela de nossa parte, diante das requisições daqueles que se negam voluntariamente aos testemunhos de conduta cristã.

O Evangelho está cheio de sagrados roteiros espirituais e o discípulo, pelo menos diante da própria consciência, deve considerar-se obrigado a conhecê-los.

O instrutor antigo fez pequena pausa, mudou a inflexão de voz, como para acentuar fortemente as palavras, e considerou:
— Possivelmente, vocês objectarão que toda pergunta exige resposta e todo pedido merece solução;
entretanto, nesse caso de esclarecer determinadas solicitações dos companheiros encarnados, devemos recorrer, muitas vezes, ao silêncio.

Como recomendar humildade àqueles que a pregam para os outros;
como ensinar a paciência aos que a aconselham aos semelhantes, e como indicar o bálsamo do trabalho aos que já sabem condenar a ociosidade alheia?
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 07, 2012 10:44 pm

Não seria contra-senso?
Ler os ensinamentos da vida para os cegos e para os ignorantes é obra meritória, mas, repeti-los aos que já se encontram plenamente informados, não será menosprezo ao valor do tempo?

Alma alguma, nas diversas confissões religiosas do Cristianismo, recebe notícias de Jesus, sem razão de ser.

Ora, se toda condição de trabalho edificante traduz compromisso da criatura, todo conhecimento do Cristo traduz responsabilidade.

Cada aprendiz do Mestre, portanto, está no dever de observar a consciência, conferindo-lhe os alvitres profundos com as disposições evangélicas.

Vicente, que escutava com grande interesse, aventou:
— No entanto, ousaria lembrar os que formulam semelhantes pedidos levianamente...
— Sim — elucidou Aniceto, sorrindo — mas nós não poderemos copiar-lhes o impulso.

Os desencarnados e os encarnados, que ainda abusam das possibilidades do intercâmbio entre as esferas visíveis e invisíveis ao homem comum, pagarão alto preço pela invigilância.

— Neste caso — perguntei, respeitoso — como corresponder aos pedidos de orientação?
— Alguns, raros — esclareceu nosso orientador — merecem o concurso da nossa elucidação verbal, na hipótese de se referirem aos interesses eternos do espírito, quando isso nos seja possível;

entretanto, quase sempre é indispensável nada responder de maneira directa, auxiliando os interessados na pauta de nossos recursos, em silêncio, mesmo porque, não temos grande tempo para relembrar a irmãos encarnados certas obrigações que lhes não deviam escapar da memória, para felicidade de si mesmos.

Calou-se por momentos o bondoso instrutor, considerando em seguida, interessado em nos subtrair quaisquer dúvidas:
— Muitas entidades desencarnadas estimam o fornecimento de palpites para as diversas situações e dificuldades terrestres, mas esses pobres amigos estacionam desastradamente em questões subalternas, incapazes de uma visão mais alta, em face dos horizontes infinitos da vida eterna, convertendo-se em meros escravos de mentalidades inferiores, encarnadas na Terra.

Esquecem que o nosso interesse imediato, agora, deve ser, acima de todos, aquele que se refira à espiritualidade superior.

Nossos irmãos inquietos, que forneçam palpites a preguiçosas mentes encarnadas, sobre assuntos referentes à responsabilidade justa e necessária do homem, de vem fazê-lo de própria conta.

— Que acontece, então? — perguntou Vicente, curioso.
Nosso mentor, contudo, respondeu com outra pergunta:
— Que acontece ao homem de responsabilidade que se põe a brincar?

Nesse instante, um dos clínicos espirituais, aproximando-se, foi gentilmente saudado por Aniceto, que lhe disse, depois de apresentar-nos:
— Disponha da nossa colaboração humilde. Aqui estamos na qualidade de médicos itinerantes, prontos ao concurso activo.

— Vêm de “Nosso Lar”? — indagou o novo companheiro, respeitosamente.
— Sim — respondeu Aniceto, prestativo.

— Pois bem — considerou ele — se possível, estimarei receber-lhes o auxílio, após a reunião, para dois casos urgentes.

Trata-se de uma jovem desencarnada hoje e de um agonizante, meu amigo.
— Sem dúvida — acentuou nosso orientador, solícito — aguardaremos suas indicações.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 07, 2012 10:44 pm

XLVII - No trabalho activo

A interpretação de Bentes, obedecendo à inspiração de um emissário de nobre posição, presente à assembleia, era recebida com respeito geral, no círculo das entidades desencarnadas.

Na esfera dos encarnados, porém, não se notava o mesmo traço de harmonia.
Observava-se apreciável instabilidade de pensamento.
A expectativa ansiosa dos presentes perturbava a corrente vibratória.

De quando em quando, surpreendíamos determinados desequilíbrios, que afectavam, particularmente, a organização, mediúnica de Dona Isabel e a posição receptiva do comentarista, que parecia perder “o fio das ideias”, tal qual se diria na linguagem comum.

Colaboradores activos restabeleciam o ritmo, quanto possível.
Reparamos que alguns irmãos encarnados se mantinham irrequietos, em demasia.
Mormente os mais novos em conhecimentos doutrinários exibiam enorme irresponsabilidade.

A mente lhes vagava muito longe dos comentários edificantes. Viam-se-lhes, distintamente, as imagens mentais.

Alguns se prendiam aos quefazeres domésticos, outros se impacientavam por não lograrem a realização imediata dos propósitos que os haviam levado até ali.

Aniceto, que não perdia ocasião de prestar-nos esclarecimentos novos, considerou, discreto:
— Muitos estudiosos do Espiritismo se preocupam com o problema da concentração, em trabalhos de natureza espiritual.

Não são poucos os que estabelecem padrão ao aspecto exterior da pessoa concentrada, os que exigem determinada atitude corporal e os que esperam resultados rápidos nas actividades dessa ordem.

Entretanto, quem diz concentrar, forçosamente se refere ao ato de congregar alguma coisa.

Ora, se os amigos encarnados não tomam a sério as responsabilidades que lhes dizem respeito, fora dos recintos de prática espiritista, se, porventura, são cultores da leviandade, da indiferença, do erro deliberado e incessante, da teimosia, da inobservância interna dos conselhos de perfeição cedidos a outrem, que poderão concentrar nos momentos fugazes de serviço espiritual?

Boa concentração exige vida recta.
Para que os nossos pensamentos se congreguem uns aos outros, fornecendo o potencial de nobre união para o bem, é indispensável o trabalho preparatório de actividades mental na meditação de ordem superior.

A atitude íntima de relaxamento, ante as lições evangélicas recebidas, não pode conferir ao crente, ou ao cooperador, a concentração de forças espirituais no serviço de elevação, tão só porque estes se entreguem, apenas por alguns minutos na semana, a pensamentos compulsórios de amor cristão.

Como vêem, o assunto é complexo e demanda longas considerações e ensinamentos.
Reparei com mais atenção os circunstantes encarnados.

Não fosse o devotamento dos colaboradores do nosso plano, tornar-se-ia impossível qualquer proveito concreto.

Isidoro e outros amigos devotados trabalhavam com ardor, despertando alguns dorminhocos e reajustando o pensamento dos invigilantes, para neutralizar determinadas influências nocivas.

Eu reconhecia que os benefícios imediatos da doutrinação de Bentes eram muito mais visíveis entre os desencarnados.

No grupo destes, não havia um só que isto recebesse consolações directas e sublime conforto.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 08, 2012 10:28 pm

Finda a interpretação, pouco antes de se entregar Dona Isabel ao trabalho do receituário, observei que uma senhora desencarnada se aproximara de Isidoro, pedindo, emocionada:
— Ser-lhe-á possível, meu irmão, entender por mim com os nossos orientadores quanto à possibilidade de me comunicar directamente com a minha filha, presente à reunião?

Estou certa de que, com a permissão devida, nossa Isabel me atenderá a angústia materna.

O interpelado mostrou sincero desejo de ser útil, mas, depois de trocar algumas palavras com o instrutor mais graduado da reunião, que se colocara entre a médium e o doutrinador, veio trazer a resposta, algo constrangido, com grande surpresa para mim;
— Minha irmã — disse ele — o nosso nobre Anselmo não julga viável o seu pedido.

Asseverou que sua filhinha ainda não está em condições de receber essa bênção.

Ela tem necessidade de testemunhar, agora, o que aprendeu do seu exemplo, no mundo, e precisa permanecer no campo da oportunidade, sem repousar indevidamente nos seus braços.

E como a senhora denotasse tristeza, Isidoro continuou em tom fraternal:
— Não somente por isso, minha amiga, nosso instrutor se vê forçado a desatender.
A medida traria inconveniente grave para o seu sentimento maternal.

No estado evolutivo em que se encontra, e considerando o velho hábito adquirido, a filhinha se agarraria excessivamente ao seu auxílio.

Prender-se-ia à mãezinha afectuosa e sensível, e talvez a irmã se visse perturbada em sua nova carreira espiritual.

Ela precisa estar mais livre para testemunhar, enquanto o seu coração deve permanecer em liberdade, por nobre merecimento conquistado ao preço do seu suor e lágrimas, quando na Terra.

Considerando, embora, o carácter sagrado do amor em sua feição maternal, nossos orientadores não podem conceder à sua filha o direito de perturbá-la.

Compreende? Não se atormente com esta impossibilidade transitória.
Lembre-se de que todos somos filhos de Deus.
O Senhor terá recursos para atender cada jovem, em seu lugar.

Quanto ao mais, alegremo-nos em nossos serviços.
Recorde que o auxílio não se verificará pelo processo directo, mas podemos recorrer ao método indirecto.

Quem sabe? Amanhã, possivelmente, poderá encontrar-se com sua filha, em sonho.
A interpelada sorriu, confortada, e obtemperou:
— É verdade. Devo compreender a nova situação.

Nesse instante, acercou-se de Isidoro uma entidade amiga, que solicitou:
— Meu caro, estimaria suas providências junto dos receitistas, para que forneçam novas indicações ao Amaro.
Meu sobrinho necessita de amparo à saúde física.

O esposo espiritual de Isabel tomou uma expressão significativa e respondeu:
— Não posso, meu amigo, não posso.
Se Amaro pedir e os receitistas cederem, tudo estará muito bem; mas você não ignora que o nosso doente é muito rebelde.

Já lhe providenciei a obtenção de conselhos médicos do nosso plano, por cinco vezes, sem que ele correspondesse aos nossos esforços.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 08, 2012 10:29 pm

Não se resolve a adquirir os remédios indicados, e quando os obtém, por obséquio de amigos, despreza os horários e julga-se superior ao método.

Critica mortalmente as indicações obtidas e serve delas com desprezo.

Naturalmente não estou agastado com isso, como adulto que se não aborrece com as brincadeiras de uma criança;
mas você compreende que estamos lidando com um material muito sagrado e não há tempo para conviver com os que estimam a brincadeira.

Além disso, não será caridade o ato de dar aos que não querem receber.
Isidoro falava com uma inflexão de bondade fraternal, que afastava todos os característicos da franqueza contundente.

Compreendi que, para atender a tanta gente e movimentar-se entre tantos propósitos heterogéneos, não seria possível tratar os assuntos de outro modo.

O serviço prosseguia com enorme demonstração educativa para Vicente e para mim. O esforço dos clínicos espirituais, aliado à abnegação da intermediária.

Comovia-me o coração.
Era necessário, de facto, grande renúncia para atender ao trabalho compacto e numeroso, no sector de assistência aos encarnados, porque poucos frequentadores do grupo pareciam manter atitude correspondente à sublime dedicação fraternal em nome do Mestre.

Aniceto, porém, adivinhando meus pensamentos, falou com bondade:
— Um dia, André, você compreenderá, com Jesus, que melhor é servir que ser servido; mais belo é dar que receber.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 08, 2012 10:29 pm

XLVIII - Pavor da morte

Numerosas explicações do orientador atendiam-me às indagações naturais; no entanto, restava aprender alguma coisa.

Por que motivo se reuniam ali tantos desencarnados?
Já que recebiam assistência espiritual, não poderiam congregar-se em lugares igualmente espirituais?

Respeitosamente, interroguei Aniceto nesse sentido.
— De fato, André — respondeu o generoso mentor — a maioria dos desencarnados recebe esclarecimentos justos em nossa esfera de acção.

Você mesmo, nos primórdios da nova experiência espiritual, não foi conduzido ao ambiente de nossos amigos corporificados para o necessário encaminhamento.

Grande número de criaturas, porém, na passagem para cá, sentem-se possuídas de “doentia saudade do agrupamento”, como acontece, noutro plano de evolução, aos animais, quando sentem a mortal “saudade do rebanho”.

Para fortalecer as possibilidades de adaptação dos desencarnados dessa ordem ao novo “habitat”, o serviço de socorro é mais eficiente, ao contacto das forças magnéticas dos irmãos que ainda se encontram envolvidos nos círculos carnais.

Esta sala, em momentos como este, funciona como grande incubadora de energias psíquicas, para os serviços de aclimação de certas organizações espirituais à vida nova.

E, designando a grande assembleia de necessitados, continuou:
— Os irmãos, nas condições a que me refiro, ouvem-nos a voz, consolam-se com o nosso auxílio, mas o calor humano está cheio dum magnetismo de teor mais significativo, para eles.

Com semelhante contacto, experimentam o despertar de forças novas.
Por isso, o trabalho de cooperação, em templos desta espécie, oferece proporções que você, por agora, não conseguiria imaginar.

Não observou os preguiçosos, os dorminhocos e invigilantes que vieram colher benefícios nesta casa?
Pois eles também deram alguma coisa de si...

Deram calor magnético, irradiações vitais proveitosas aos benfeitores deste santuário doméstico, que manipulam os elementos dessa natureza, distribuindo-os em valiosas combinações fluídicas às entidades combalidas e inadaptadas.

E, sorrindo, concluiu, bondoso:
— Tudo tem algum proveito, André. Nosso Pai nada cria em vão.

Terminada a reunião com benefícios gerais, que não me cabe descrever pormenorizadamente, atendeu Aniceto ao facultativo desejoso de aproveitar-lhe o concurso nobre, junto aos clientes.

— Grande número de vezes — exclamou o receitista do grupo de Dona Isabel, como a prestar informações a Vicente e a mim — não só ministramos medicação aos corpos doentes, mas também orientamos os desencarnados que, no curso da moléstia, se encontram sob nossa assistência.

— E são sempre muitos? — indaguei.

Número crescente — elucidou, atencioso. Há ocasiões em que contamos com a cooperação de amigos ou parentes espirituais dos enfermos;
mas, na maioria dos casos, somos forçados a agir por nós mesmos.

Felizmente, quase nunca estamos sem auxiliares dedicados e activos.
Há companheiros que se consagram a cuidar de tuberculosos, cegos, aleijados, leprosos, perturbados e moribundos, isoladamente.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 08, 2012 10:29 pm

São eles nossos devotados colaboradores em todas as situações.
Puséramo-nos a caminho e, a breves minutos, estacionávamos diante dum edifício de vastas proporções.

O colega, gentil, conduziu-nos ao interior de espaçoso necrotério, onde defrontamos um quadro interessante.

O cadáver de uma jovem, de menos de trinta anos, ali jazia gelado e rígido, tendo a seu lado uma entidade masculina, em atitude de zelo.

Com assombro, notei que a desencarnada estava tinida aos despojos.
Parecia recolhida a si mesma, sob forte expressão de terror.
Cerrava as pálpebras, deliberadamente, receosa de olhar em torno.

— Terminou o processo de desligamento dos laços fisiológicos — aclamou o facultativo atento — mas a pobrezinha há seis horas que está dominada por terrível pavor.

E apontando o cavalheiro desencarnado, que permanecia junto dela, cuidadoso, o receitista esclareceu:
— Aquele é o noivo que a espera, há muito.
Aproximamo-nos um tanto e ouvimo-lo exclamar carinhosamente.

— Cremilda! Cremilda! vem! abandona as vestes rotas.
Fiz tudo para que não sofresse mais...
Nossa casa te aguarda, cheia de amor e luz.

A jovem, todavia, cerrava os olhos, demonstrando não querer vê-lo.

Notava-se, perfeitamente, que seu organismo espiritual permanecia totalmente desligado do vaso físico, mas a pobrezinha continuava estendida, copiando a posição cadavérica, tomada de infinito horror.

Aniceto, que tudo pareceu compreender num abrir e fechar de olhos, fez leve sinal ao rapaz desencarnado, que se aproximou comovido.

É preciso atendê-la doutro modo — disse o nosso orientador, resoluto — vejo que a pobrezinha não dormiu no desprendimento e mostra-se amedrontada por falta de preparação espiritual.

Não convém que o amigo se apresente a ela já, já...
Não obstante o amor que lhe consagra, ela não poderia revê-lo sem terrível comoção, neste instante em que a mente lhe flutua sem rumo...

— Sim — considerou ele, tristemente —, há seis horas chamo-a sem cessar, intensificando-lhe o terror.

Redarguiu Aniceto, conselheiro:
— Ausência de preparação religiosa, meu irmão.
Ela dormirá, porém, e, tão logo consiga repouso, entregá-la-ei aos seus cuidados.
Por enquanto, conserve a alguma distância.

E fazendo-se acompanhar do facultativo, que assistira espiritualmente a jovem nos últimos dias, aproximou-se da recém-desencarnada falando com inflexão paternal.

— Vamos, Cremilda, ao novo tratamento.
Ouvindo a moça abriu os olhos espantadiços e exclamou:
— Ah, doutor, graças a Deus! que pesadelo horrível!
Sentia-me no reino dos mortos, ouvindo meu noivo, falecido há anos, chamar-me para a Eternidade!..
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 08, 2012 10:30 pm

— Não há morte, minha filha! — objectou Aniceto, afectuoso — creia na vida, na vida eterna, profunda, vitoriosa!
— É o senhor o novo médico? — indagou, confortada.

— Sim, fui chamado para aplicar-lhe alguns recursos em bases magnéticas. Torna-se indispensável que durma e descanse.
— É verdade... — tornou ela de modo comovente —, estou muito cansada, necessitando de repouso...

Recomendou-nos o instrutor, em voz baixa, prestássemos auxílio, em atitude íntima de oração, e, depois de conservar-se em silêncio por instantes ministrou-lhe o passe reconfortador.

A jovem dormiu quase imediatamente.
Deslocou-a Aniceto, afastando-a dos despojos, com o zelo amoroso dum pai, e, chamando o noivo reconhecido, entregou-a carinhosamente.

— Agora, poderá encaminhá-la, meu irmão.
O rapaz agradeceu com lágrimas de júbilo e vi-o retirar-se de semblante iluminado, utilizando a volitação, a carregar consigo o fardo suave do seu amor.

Nosso mentor fixou um gesto expressivo e falou:
— Pela bondade natural do coração e pelo espontâneo cultivo da virtude, não precisará ela de provas purgatoriais.

É de lamentar, contudo, não se tivesse preparado na educação religiosa dos pensamentos.
Em breve, porém, ter-se-á adaptado à vida nova.
Os bons não encontram obstáculos insuperáveis.

E, desejoso talvez de consubstanciar a síntese da lição, rematou:
— Como vêem, a ideia da morte não serve para aliviar, curar ou edificar verdadeiramente.
É necessário difundir a ideia da vida vitoriosa.

Aliás, o Evangelho já nos ensina, há muitos séculos, que Deus não é Deus de mortos, e, sim, o Pai das criaturas que vivem para sempre.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 08, 2012 10:30 pm

XLIX - Máquina divina

Não se passaram muitos minutos e estávamos ao lado do agonizante, cuja situação preocupava o clínico espiritual.

Era um cavalheiro de sessenta anos presumíveis, que a leucemia aniquilava morosamente.

— Há muitos dias se encontra em coma — explicou o facultativo — mas temos necessidade de mais forte auxílio magnético, para facilitar o desprendimento.

No aposento, além de duas senhoras desencarnadas — a mãe do agonizante e uma parenta próxima — viam-se familiares encarnados, dando mostras de grande aflição.

Nosso orientador examinou o enfermo detidamente e sentenciou:
— Nada resta senão a necessidade de concurso para o desligamento final.
Aniceto, a seguir, recomendou observássemos o moribundo com atenção.

Concentrando todas as minhas possibilidades, fixei o enfermo prestes a desencarnar.
Notei, com minúcias, que a alma se retirava lentamente através de pontos orgânicos insulados.

Assombrado, verifiquei que, bem no centro do crânio, havia um foco de luz mortiça, candelabro aceso às ondulações brandas do vento.

Enchia toda a região encefálica, despertando-me profunda admiração.
— A luz que você observa — disse o instrutor amigo — é a mente, para cuja definição essencial não temos, por agora, conceituação humana.

Notando minha estranheza Aniceto colocou-me a destra na fronte, transmitindo-me vigoroso influxo magnético, e acentuou:
— Repare a máquina divina do homem, o tabernáculo sagrado que o Senhor permitiu se formasse na Terra para sublime habitação temporária do espírito.

Agora, André, não está você diante duma demonstração anatómica da ciência terrestre, examinando carne morta e músculos enrijecidos.

Observe agora!
O olho mortal não poderá contemplar o que se encontra à sua vista neste instante.
O microscópio é ainda pobre, não obstante representar uma nobre conquista para a limitada visão humana.

A cooperação magnética do querido mentor modificara a cena e fui compelido a concentrar todas as minhas energias, a fim de não inutilizar a observação pelo golpe do espanto.

A luz mental, embora fosca, tornara-se mais nítida e o corpo do moribundo agigantou-se, oferecendo-me espectáculo surpreendente aos olhos ansiosos.

Parecia-me o corpo, agora, maravilhosa usina nos mais íntimos detalhes.
O quadro científico era simplesmente estupefactivo.

Identificava, em grandes proporções, os nove sistemas de órgãos da máquina humana;
o arcabouço ósseo, a musculatura, a circulação sanguínea, o aparelho de purificação do sangue consubstanciado nos pulmões e nos rins, o sistema linfático, o maquinismo digestivo, o sistema nervoso, as glândulas hormonais e os órgãos dos sentidos.

Tal revelação histológica era diferente de tudo que eu poderia sonhar nos meus trabalhos de medicina.
A circulação do sangue semelhava-se a movimento de canais vitalizadores daquele pequeno mundo de ossos, carne, água e resíduos.

Milhões de organismos microscópicos iam e vinham na corrente empobrecida de glóbulos vermelhos.
Presenciava a passagem de formas esquisitas, à maneira de minúsculas embarcações carregadas de bactérias mortíferas.

Elementos maiores da flora microbiana transformavam-se em pequeninos barcos hospedando feras minúsculas, as centenas.
Invadiam todos os núcleos organizados.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 08, 2012 10:30 pm

Os órgãos, como os pulmões, o fígado e os rins, estavam sendo assaltados, irremediavelmente, por incalculável quantidade de sabotadores infinitesimais.

E à medida que se consolidavam os micróbios invasores, em determinadas regiões celulares, alguma coisa se destacava, lentamente, da zona atacada, como se um molde sempre novo fosse expulso da forma gasta e envelhecida, reconhecendo eu, desse modo, que a desencarnação se operava através de processo parcial, facultando-me ilações preciosas.

Reparei que algumas glândulas faziam desesperado esforço para enviar aos centros invadidos determinadas porções de harmónios, que eram incontinente absorvidos pelos elementos letais.

O plasma sanguíneo figurava-se líquido estranho e gangrenoso.

Pela excessiva movimentação da onda mental, observei que o moribundo tentava readquirir a direcção dos fenómenos orgânicos, mas em vão.

Todos os complexos celulares atritavam entre si e as bactérias pareciam gozar o direito de multiplicação crescente e festiva.

— Está vendo a máquina divina, formada pelo molde espiritual
preexistente? — perguntou Aniceto, compreendendo-me a profunda admiração.
O corpo do homem encarnado é um tabernáculo e uma bênção.

Nesta hecatombe angustiosa de uma existência, pode você reparar que todos os movimentos do corpo estão subordinados à administração da mente.

O organismo vivo, André, representa uma conquista laboriosa da Humanidade terrestre, no quadro de concessões do Eterno Pai.

Pode você, agora, identificar os movimentos da matéria viva.
Cada órgão é um departamento autónomo na esfera celular, subordinado ao pensamento do homem.

Cada glândula é um centro de serviços activos.
Há muita afinidade entre o corpo físico e a máquina moderna.

São ambos impulsionados pela carga de combustível, com a diferença de que no homem a combustão química obedece ao senso espiritual que dirige a vida organizada.

É na mente que temos o governo dessa usina maravilhosa.
Não possuímos, aí, tão-somente o carácter, a razão, a memória, a direcção, o equilíbrio, o entendimento;
mas, também, o controle de todos os fenómenos da expressão corpórea.

Na sede mental e, consequentemente, no cérebro temos todos os registos de distribuição dos princípios vitais aos núcleos celulares, inclusive a água e o açúcar.

Os centros metabólicos são grandes oficinas de trabalho incessante.
A mente humana, ainda que indefinível pela conceituação científica limitada, na Terra, é o centro de toda manifestação vital no planeta.

Cada órgão, cada glândula, meu amigo, integra o quadro de serviço da máquina sublime, construída no molde subtil do corpo espiritual preexistente e, por isso mesmo, chegará o tempo em que a ciência reconhecerá qualquer abuso do homem como ofensa causada a si mesmo.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 08, 2012 10:30 pm

A usina humana é repositório de forças eléctricas de alto teor construtivo ou destrutivo.
Cada célula é minúsculo motor, trabalhando ao impulso mental.

Aniceto calou-se por momentos, e, enquanto eu via, aterrado, os mais estranhos fenómenos microbianos no corpo do moribundo, volveu ele à palavra educativa:
— Vemos aqui um irmão no momento da retirada.

Repare a incapacidade dele para governar as células em conflito.
A corrente sanguínea transformou-se em veículo de invasores mortíferos, que não encontraram qualquer fortificação na defensiva.

Observe e identificará milhões de unidades da tuberculose, da lepra, da difteria, do câncer, que até agora estavam contidas nos porões da actividade fisiológica, pela defesa organizada, e que se multiplicam assustadoramente, de par com outros micróbios tão prolíferos quão terríveis.

A nutrição foi interrompida.
Não há possibilidade de novos suprimentos hormonais.

O agonizante retrai-se aos poucos e ainda não abandonou totalmente a carne, por falta de educação mental.

Vê-se pelo excesso de intemperança das células, sobre as quais não exerce nem mesmo um controle parcial, que este homem viveu bem distante da disciplina de si mesmo. Seus elementos fisiológicos são demasiadamente impulsivos, atendendo muito mais ao instinto que ao movimento da razão concentrada.

A falar verdade, este nosso amigo não se está desencarnando, está sendo expulso da divina máquina, onde, pelo que vemos, não parece ter prezado bastante os sublimes dons de Deus.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 08, 2012 10:31 pm

L - A desencarnação de Fernando

Quando Aniceto retirou a destra da minha fronte, perdi a possibilidade de prosseguir nas observações do infinitesimal.

Minha visão abrangia minúcias muito importantes ao interesse comum;
entretanto, estava longe daquele poder de apreensão que me transmitira o mentor amigo, ao contacto do seu elevado potencial magnético.

Centralizando minhas energias visuais, o sistema ósseo, o sangue, os tecidos, os tumores, ainda via, mas aquelas batalhas microscópicas haviam desaparecido como por encanto.

De qualquer modo, porém, minha surpresa era enorme, porque agora identificava, em mim mesmo, a potencialidade do raio X.

Aniceto, depois de proporcionar a Vicente o mesmo estudo, movimentava providências novas.

No aposento, conservava-se determinado número de parentes aflitos.
Um médico encarnado examinava o moribundo, com atenção.

Foi aí que as duas entidades que se mantinham no quarto, e que apenas nos haviam dispensado a usual saudação, se aproximaram do nosso instrutor, solicitando-lhe uma cooperação mais enérgica.

— Por favor, nobre amigo — disse a irmã que havia sido progenitora do moribundo —, ajude-nos a retirar meu pobre filho do corpo esgotado.

Há muitas horas, estamos à espera de alguém que nos possa auxiliar neste transe.

Tenho procurado confortá-lo, mas em vão! — acentuou a nobre senhora em tom lastimoso — ele continua num estado de incompreensão dolorosa e terrível.

Está absolutamente preso às sensações de sofrimento físico, como esteve ligado, no curso da existência, às satisfações do corpo.

Aniceto concordou, acrescentando:
— Notam-se, de fato, grandes lacunas na expressão mental do moribundo.
Vê-se que atravessou a vida humana obedecendo mais ao instinto que à razão.

Observam-se-lhe no mundo celular vastos complexos de indisciplina.
Poderemos, contudo, ajudá-lo a desenvencilhar-se dos laços mais fortes, no que se refere ao círculo carnal.

— Será um caridoso obséquio — redarguiu a progenitora, aflita.
— A irmã está incumbida de encaminhá-lo? — perguntou o instrutor, compreendendo a magnitude da tarefa.
— Precisamos ponderar, quanto a isto, porque o desprendimento integral se verificará dentro de poucos minutos.

Ela esboçou um gesto triste e respondeu:
— Desejaria sacrificar-me ainda um pouco por meu desventurado Fernando, mas apenas obtive permissão para socorrê-lo nos seus últimos instantes.

Meus superiores prometem ajudá-lo, mas aconselharam-me a deixá-lo entregue a si mesmo durante algum tempo.
Fernando precisa reconsiderar o passado, identificar os valores que, infelizmente, desprezou.

As lágrimas e os remorsos, na solidão do arrependimento, serão portadores de calma ao seu espírito irreflectido.

Grande é o meu desejo de aconchega-lo ao coração, regressando aos dias que já se foram; todavia, não posso prejudicar, com a minha ternura materna, a marcha do serviço divino.

Fernando, em verdade, é filho do meu afecto;
contudo, tanto ele como eu, temos contas com a Justiça do Eterno e, no que respeita a mim, estou cansada de agravar os meus débitos.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Conteúdo patrocinado


Conteúdo patrocinado


Ir para o topo Ir para baixo

Página 6 de 7 Anterior  1, 2, 3, 4, 5, 6, 7  Seguinte

Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos