LUZ ESPÍRITA
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Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 03, 2012 10:42 pm

Infelizmente, as emissões vibratórias da Humanidade encarnada são de natureza bastante inferior, em nos referindo à maioria das criaturas terrestres, e estas regiões estão repletas de resíduos escuros, de matéria mental dos encarnados e desencarnados de baixa condição.

Atravessaremos grandes zonas, não propriamente tenebrosas, mas muito obscuras ao nosso olhar.

Daqui a duas horas, porém, encontraremos sinais da luz solar.

Nossa peregrinação, francamente, foi muito pesada e dolorosa, e, somente ai, avaliei, de facto, a enorme diferença da estrada comum, que liga a Crosta a “Nosso Lar” e aquela que agora percorríamos a pé, vencendo obstáculos de vulto.

Imaginei, comovido, o sacrifício dos grandes missionários espirituais que assistem o homem, compreendendo, então, quão meritório lhes é o serviço e como necessitam disposições especiais e extraordinário bom ânimo, para auxiliarem as criaturas encarnadas, de maneira constante.

Os monstros, que fugiam à nossa aproximação, escondendo-se no fundo sombrio da paisagem, eram indescritíveis e, obedecendo a determinações de Aniceto, não posso ensaiar qualquer informe nesse sentido, a fim de não criar imagens mentais de ordem inferior no espírito dos que, acaso, venham a ler estas humildes notícias.

No horário previsto por nosso orientador, começamos a vislumbrar, de novo, a luz do Sol, como se estivéssemos em madrugada clara.

O espectáculo era magnífico e novo para mim.
Calor brando começou a revigorar-nos.

Aniceto fixou o quadro maravilhoso dos raios de luz atravessando as sombras, e falou, de olhos húmidos:
— Agradeçamos ao Senhor dos Mundos a bênção do Sol!
Na Natureza física, é a mais alta imagem de Deus que conhecemos.

Temo-lo, nas mais variadas combinações, segundo a substância das esferas que habitamos, dentro do sistema.

Ele está em “Nosso Lar”, de acordo com os elementos básicos de vida, e permanece na Terra segundo as qualidades magnéticas da Crosta.

É visto em Júpiter de maneira diferente. Ilumina Vénus com ousadia.
Avançamos, comovidos, e, dai a algum tempo, surgiu-nos o astro sublime, na posição que antecede o crepúsculo.

Doutras vezes, viajando sempre através da estrada luminosa e fácil de ser percorrida, em vista das possibilidades de volita não fizera maior reparo.

Agora, porém, que atravessara névoas compactas, anotava diferenças profundas.

A certa distância, surgia a Terra, não na forma esférica, porque nos achávamos não longe da Crosta, mas como paisagem além, a interpenetrar-se nas extensas regiões espirituais.

O Sol resplandecia, rumo ao Poente, como enorme lâmpada de ouro.
Aniceto, que parecia alegrar-se sobremaneira, exclamou:
— Entramos na zona de influenciação directa da Crosta.

Poderemos, doravante, praticar a volitação, utilizando nossos conhecimentos de transformação da força centrípeta.

A luz que nos banha resulta do contacto magnético entre a energia positiva do Sol e a força negativa da massa planetária.

Prossigamos. Não tardaremos a entrar no Rio de Janeiro.
A essa altura, assaltou-me o desejo de perguntar alguma coisa relativamente à direcção.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 04, 2012 9:50 pm

— Como nos orientaremos? — indaguei, curioso.
— Antes de tudo — respondeu o instrutor — é preciso não esquecer que nossas colónias estão situadas no campo magnético da América do Sul.

Qualquer bússola seria sensível, de agora em diante, mas, em nosso caso, é indispensável educar o pensamento e orientar-nos dentro da energia que lhe é peculiar.

Empregamos, de novo, a capacidade volitante e, dentro em pouco, as matas de Petrópolis estavam a vista.

Mais alguns minutos e perlustrávamos as grandes artérias cariocas. Por sugestão do instrutor, abeiramo-nos do mar, em exercício respiratório de maior expressão.

Vicente e eu estávamos positivamente exaustos.
Reconhecíamos que o esforço fora significativo para nossas escassas forças.

Indiferentes à nossa presença, os transeuntes passavam apressados, de mente chumbada aos problemas de ordem material.

Fonfonavam ónibus repletos.
A grande baía figurava-se-nos cheia de forças renovadoras.

Quando se acendiam as primeiras luzes eléctricas, Aniceto convidou-nos, generosamente:
— Vamos ao reconforto! Vocês estão fatigadíssimos.

Irei mostrar-lhes que “Nosso Lar” tem, igualmente, alguns refúgios na Crosta.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 04, 2012 9:50 pm

XXXIV - Oficina de «Nosso Lar»

Entre dezoito e dezanove horas, atingimos uma casa singela de bairro modesto.

No longo percurso, através de ruas movimentadas, surpreendia-me, sobremaneira, por se me depararem quadros totalmente novos.

Identificava, agora, a presença de muitos desencarnados de ordem inferior, seguindo os passos de transeuntes vários, ou colados a eles, em abraço singular.

Muitos dependuravam-se a veículos, contemplavam-nos outros, das sacadas distantes.

Alguns, em grupos, vagavam pelas ruas, formando verdadeiras nuvens escuras que houvessem baixado repentinamente ao solo.

Assustei-me.
Não havia anotado tais ocorrências nas excursões anteriores ao círculo carnal.
Aniceto, porém, explicou que não fora vão o auxilio recebido para intensificação do poder visual.

Estávamos em tarefa de observação activa, com vistas ao aprendizado.
Não dissimulava, entretanto, minha surpresa.

As sombras sucediam-se umas às outras e posso assegurar que o número de entidades inferiores, invisíveis ao homem comum, não era menor, nas ruas, ao de pessoas encarnadas, em contínuo vai vem.

Não havia, ali, a serenidade dos ambientes de “Nosso Lar”, nem a calma relativa do Posto de Socorro de Campo da Paz.

Receios imprevistos instalavam-se-me n’alma, desagradáveis choques íntimos assaltavam-me o coração, sem que lhes pudesse localizar a procedência.

Tinha a impressão nítida de havermos mergulhado num oceano de vibrações muito diferentes, onde respirávamos com certa dificuldade.

Nosso instrutor esclarecia que, com o tempo, seriam dilatados nossos poderes de resistência e que as penosas sensações experimentadas obedeciam à circunstância de ser aquela a primeira vez que descíamos ao ambiente da Crosta em serviço de análise mais intenso.

Recomendava-nos bom ânimo e, sobretudo, a conservação da fortaleza mental, ante quaisquer quadros menos estimáveis que nos defrontassem de imprevisto.

A eficiência do auxílio, exclamava ele, necessita educação persistente.
Não seria possível ajudar alguém, prendendo-nos a fraquezas de qualquer espécie.

Os conselhos de Aniceto acalmavam-nos a alma surpreendida e inquieta, e eu tudo fazia, no íntimo, para ajustar-me aos alvitres do bondoso orientador, mesmo porque, asseverava ele, que diversos companheiros adiavam nobres realizações em virtude das manifestações de injustificável receio.

Aquela residência de aspecto tão humilde, que alcançávamos, agora, proporcionava-me caridosa impressão de conforto.
Estava lindamente iluminada por clarões espirituais, que recordavam precisamente nossa cidade tão distante.

Fundamente surpreendido, reparei que o nosso orientador se detivera.

Notando a nossa admiração, Aniceto indicou a casa pobre, e falou:
— Teremos aqui o nosso refúgio.
É uma oficina que representa “Nosso Lar”.

Profundo assombro empolgou o íntimo, mas não tive ensejo para indagações.
Precisava seguir o Instrutor, que tomara a direcção da casa pequenina.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 04, 2012 9:50 pm

Aproximamo-nos do jardim que rodeava a construção muito simples e, estupefacto, observei que numerosos companheiros espirituais assomavam à janela, saudando-nos alegremente.

Que significava tudo aquilo?
De outras vezes, visitara minha cidade e meu antigo lar, mas nunca vira tal coisa.

Aniceto compreendeu-me a perplexidade e explicou:
— Os irmãos que nos saúdam são trabalhadores espirituais que se abrigam nesta tenda de amor.

Um cavalheiro muito simpático e acolhedor abriu-nos a porta.
Este pormenor foi outra nota imprevista.
Tal não sucedia quando voltava à minha velha casa terrena.

As portas cerradas não me ofereciam obstáculos.
Ali, porém, vigorava um sistema vibratório de vigilância que eu não conhecia, até então.

Nosso instrutor envolveu o anfitrião num abraço amistoso, apresentando-nos em seguida.

— Aqui, meu caro Isidoro — disse a indicar-nos, carinhoso —, são nossos amigos Vicente e André, novos cooperadores de serviço, em “Nosso Lar”.

— Muito bem! muito bem! — exclamou Isidoro abraçando-nos — nossas actividades precisam de trabalhadores operosos. Entrem!

E acrescentou, hospitaleiro:
— A casa pertence a todos os cooperadores fiéis do serviço cristão.

Era a primeira vez que eu via uma entidade espiritual com tão segura chefia de uma casa terrestre.
Penetramos o ambiente modesto.
Altamente surpreendido, reparei o interior.

À paisagem material mostrava alguns móveis singelos, velhos quadros a óleo nas paredes alvas, velha máquina de costura movimentada por uma jovem aparentando dezasseis anos, um rapazote de doze anos presumíveis, atento a cadernetas de exercício escolar, três crianças de nove, sete e cinco anos aproximadamente, e, como figura central do grupo doméstico, uma senhora de quarenta anos, mais ou menos, tricotando uma blusa.

Notei, porém, que da fronte, do tórax, do olhar e das mãos dessa senhora irradiava-se luz incessante que me não permitia sofrear minhas expressões admirativas.

Aniceto designou-a, respeitoso, e falou:
— Temos, aqui, a nossa irmã Isabel.
Para os olhos humanos ela é a viúva de Isidoro, mas para nós é uma servidora leal nas actividades da fé.

Reparei que Dona Isabel parecia, de algum modo, registar a nossa presença, acusando certa surpresa no olhar, mas Aniceto adiantou-se, esclarecendo:
— Nossa amiga é senhora de grande vidência psíquica, mas os benfeitores que nos orientam os esforços recomendam não se lhe permita a visão total do que se passa em torno de suas faculdades mediúnicas.

O conhecimento exacto da paisagem espiritual, em que vive, talvez lhe prejudicasse a tranquilidade.

Isabel, portanto, apenas pode ver, mais ou menos, a vigésima parte dos serviços espirituais em que colabora, de modo directo...

A essa altura, Isidoro nos indicou pequena sala ao lado, e falou a Aniceto em particular:
— Desculpem-me se não lhes posso acompanhar no repouso necessário.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 04, 2012 9:51 pm

Descansem, contudo, à vontade.
Tenho serviços urgentes na recepção de outros amigos.

Nosso mentor agradeceu, comovidamente, e, acompanhando-o, alcançamos modesto salão pobremente mobilado, mas quase repleto de entidades evolvidas em conversação edificante.

Confortadoras luzes brilhavam em todos os recantos.
Havia ali um velho relógio, tosca mesa de grandes proporções, uma dúzia de cadeiras e alguns bancos rústicos.

A claridade espiritual reinante, todavia, era de maravilhoso efeito.
Muita gente esclarecida e generosa do plano invisível aos humanos aí se reunia.

Aniceto cumprimentou os grupos que lhe eram mais íntimos, de modo especial, e apresentou-nos com a bondade de sempre.

Sentindo-nos a admiração, esclareceu, quando nos vimos mais a sós num canto do salão:
— Estamos numa oficina de “Nosso Lar”.

Isidoro e Isabel edificaram-na, num ato de heroísmo e fé, tendo saído de nossa cidade para essa tarefa, vai para mais de quarenta anos.

Graças a Deus ambos têm vencido, galhardamente, árduas provas, e mantêm seus compromissos corajosamente, em serviço na Crosta.

Há três anos, voltou ele para nossa esfera, e contudo, graças ao altruísmo da esposa e aos vínculos de amor espiritual que conservam acima de todas as expressões físicas, continuam estreitamente unidos, como no primeiro dia do reencontro na existência material.

Dada esta circunstância invulgar, as autoridades de “Nosso Lar” concederam-lhe permissão para continuar nesta casa como esposo amigo, pai devotado, sentinela vigilante e trabalhador fiel.

E, observando talvez a nossa maior surpresa, Aniceto acrescentou:
— Sim, amigos, o acaso não define responsabilidades nem atende a construção séria.

A edificação espiritual pede esforço e dedicação.

Assim como os navios do mundo necessitam de âncoras fortes para atenderem eficientemente à sua tarefa nos portos, também nós precisamos de irmãos corajosos e abnegados que façam o papel de âncoras entre as criaturas encarnadas, a fim de que, por elas, possam os grandes benfeitores da Espiritualidade Superior se fazerem sentir entre os homens ainda animalizados, ignorantes e infelizes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 04, 2012 9:51 pm

XXXV - Culto doméstico

Nas primeiras horas da noite, Dona Isabel abandonou a agulha e convidou os filhinhos para o culto doméstico.

Notando o interesse que me despertavam as crianças, Aniceto explicou:
— As meninas são entidades amigas de “Nosso Lar”, que vieram para serviço espiritual e resgate necessário, na Terra.

O mesmo, porém, não acontece ao pequeno, que procede de região inferior.
De facto, eu identificava perfeitamente a situação.

O rapazola não se revestia de substância luminosa e atendia ao convite materno, não como quem se alegra, mas como quem obedece.

Com tamanha naturalidade se sentaram todos em torno da mesa, que compreendi a antiguidade daquele abençoado costume familiar.

A filha mais velha, que atendia por Joaninha, trazia cadernos de anotações e recortes de jornais.

Tão logo começou aquele serviço espiritual da família, as luzes ambientes se tornaram muito mais intensas.

Profunda sensação de paz envolvia-me o coração.
A pequena Neli, em voz comovente, fez a prece:
— Senhor, seja feita a vossa vontade, assim na Terra como nos Céus.

Se está em vosso santo desígnio que recebamos mais luz, permiti, Senhor, tenhamos bastante compreensão no trabalho evangélico!

Dai-nos o pão da alma, a água da vida eterna! Sede em nossos corações, agora e sempre.
Assim seja!...

Dona Isabel pediu à filha mais velha lesse uma página instrutiva e consoladora e, em seguida, algum facto interessante do noticiário comum, ao que Joaninha atendeu, lendo pequeno capitulo de um livro doutrinário sobre a irreflexão, e um episódio triste de jornal leigo.

A primogénita de Isidoro, que revelava muita doçura e afabilidade, parecia impressionada.
Tratava-se de uma jovem de bairro distante, vítima de suicídio doloroso.

O repórter gravara a cena com característicos muito fortes.
A leitora estava trémula, sensibilizada.

Assim que Joaninha terminou, Dona Isabel abriu o Novo Testamento, como se estivesse procedendo ao acaso, mas, em verdade, eu via que Isidoro, do nosso plano, intervinha na operação, ajudando a localizar o assunto da noite.

A seguir, fixou o olhar na página pequenina e falou:
— A mensagem-versículo de hoje, meus filhos, está no capítulo 13 do Evangelho de S. Mateus.

E lendo o versículo 31, fê-lo em voz alta:
— “Outra parábola lhes propôs, dizendo: — O Reino dos Céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem tomou e semeou no seu campo.”

Observei, então, um fenómeno curioso.
Um amigo espiritual, que reconheci de nobilíssima condição, pelas vestes resplandecentes, colocou a destra sobre a fronte da generosa viúva.

A viúva sentou à cabeceira e, após meditar breves instantes, recomendou à pequena Neli, de nove anos, fizesse a oração inicial do culto, pedindo a Jesus o esclarecimento espiritual.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 04, 2012 9:51 pm

Todos os trabalhadores invisíveis sentaram-se, respeitosos.
Isidoro e alguns companheiros mais íntimos do casal permaneceram ao lado de Dona Isabel, sendo quase todos vistos e ouvidos por ela.

Antes que lhe perguntasse, Aniceto explicou em voz quase imperceptível:
— Aquele é o nosso irmão Fábio Aleto, que vai dar a interpretação espiritual do texto lido.

Os que estiverem nas mesmas condições dele, poderão ouvir-lhe os pensamentos;
mas, os que estiverem em zona mental inferior, receberão os valores interpretativos, como acontece entre os encarnados, isto é, teremos a luz espiritual do verbo de Fábio na tradução do verbo materializado de Isabel.

Nosso mentor não poderia ser mais explícito.
Em poucas palavras fornecera-me a súmula da extensa lição.

Notei que a viúva de Isidoro entrara em profunda concentração por alguns momentos, como se estivesse absorvendo a luz que a rodeava.

Em seguida, revelando extraordinária firmeza no olhar, iniciou o comentário:
— “Lemos hoje, meus filhos, uma página sobre a irreflexão e a notícia de um suicídio em tristíssimas circunstâncias.

Afirma o jornal que a jovem suicida se matou por excessivo amor;
entretanto, pelo que vimos aprendendo, estamos certos de que ninguém comete erros por amar verdadeiramente.

Os que amam, de facto, são cultivadores da vida e nunca espalham a morte.
A pobrezinha estava doente, perturbada, irreflectida.
Entregou-se à paixão que confunde o raciocínio e rebaixa o sentimento.

E nós sabemos que, da paixão ao sofrimento, ou à morte, não é longa a distância.
Lembremos, todavia, essa amiga desconhecida, com um pensamento de simpatia fraternal.

Que Jesus a proteja nos caminhos novos.
Não estamos examinando um ato, que ao Senhor compete julgar, mas um fato, de cuja expressão devemos extrair o ensinamento justo.

A mensagem evangélica desta noite assevera, pela palavra do nosso Divino Mestre aos discípulos, que o reino dos céus é também “semelhante ao grão de mostarda que o homem tomou e semeou no seu coração”.

Devemos ver, neste passo, meus filhos, a lição das coisas mínimas.
A esfera carnal onde vivemos está repleta de irreflexões de toda sorte.

Raras criaturas começam a reflectir seriamente na vida e nos deveres, antes do leito da morte física.

Não devemos fixar o pensamento tão só nessa jovem que se suicidou em condições tão dramáticas, ao nos referirmos aos ensinos de agora.

Há homens e mulheres, com maiores responsabilidades, em todos os bairros, que evidenciam paixões nefastas e destruidoras no campo dos sentimentos, dos negócios, das relações sociais.

As mentes desequilibradas pela irreflexão permanecem, neste mundo, quase por toda a parte.

É que nós temos descuidado das coisas pequeninas.
Grande é o oceano, minúscula é a gota, mas o oceano não é senão a massa das gotas reunidas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 04, 2012 9:52 pm

Fala-nos o Mestre, em divino simbolismo, da semente de mostarda.
Recordemos que o campo do nosso coração está cheio de ervas espinhosas, demorando, talvez, há muitos séculos, em terrível esterilidade.

Naturalmente, não deveremos esperar colheitas milagrosas.
É indispensável amanhar a terra e cuidar do plantio.
A semente de mostarda, a que se refere Jesus, constitui o gesto, a palavra, o pensamento da criatura.

Há muitas pessoas que falam bastante em humildade, mas nunca revelam um gesto de obediência.
Jamais realizaremos a bondade, sem começarmos a ser bons.
Alguma coisa pequenina há de ser feita, antes de edificarmos as grandes coisas.

O Senhor ensinou, muitas vezes, que o reino dos céus está dentro de nós.

Ora, é portanto em nós mesmos que devemos desenvolver o trabalho magnânimo de realização divina, sem o que não passaremos de grandes irreflectidos.

A floresta também começou de sementes minúsculas.

E nós, espiritualmente falando, temos vivido em densa floresta de males, criados por nós mesmos, em razão da invigilância na escolha de sementes espirituais.

A palestra de uma hora, o pensamento de um dia, o gesto de um momento, podem representar muito em nossas vidas.

Tenhamos cuidado com as coisas pequeninas e seleccionemos os grãos de mostarda do reino dos céus.
Lembremos que Jesus nada ensinou em vão.

Toda vez que “pegarmos’ desses grãos, consoante a Palavra Divina, semeando-os no campo íntimo, receberemos do Senhor todo o auxílio necessário.
Conceder-nos-á a chuva das bênçãos, o sol do amor eterno, a vitalidade sublime da esfera superior.
Nossa semeadura crescerá e, em breve tempo, atingiremos elevadas edificações.

Aprendamos, meus filhos, a ciência de começar, lembrando a bondade de Jesus a cada instante.
O Mestre não nos desampara, segue-nos amorosamente, inspira-nos o coração.
Tenhamos, sobretudo, confiança e alegria!”

Reparei que Fábio retirou a mão da fronte da viúva e observei que ela entrava a meditar, como quem sentira o afastamento da ideia em curso.

Havia grande comoção na assembleia invisível às crianças que, por sua vez, também pareciam impressionadas.

Dona Isabel voltou a contemplar maternalmente os filhos, e falou:
— Procuremos, agora, conversar um pouco.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 04, 2012 9:52 pm

XXXVI - Mãe e filhos

No comentário evangélico, eu recolhia observações interessantes.

Tal como no caso de Ismália, quando lhe ouvíamos a sublime melodia, a interpretação de Fábio estava cheia de maravilhas espirituais que transcendiam à capacidade receptiva de Dona Isabel.

À viúva de Isidoro parecia deter tão-somente uma parte.

Desse modo, as crianças recebiam a lição de acordo com as possibilidades mediúnicas da palavra materna, enquanto que a nós outros se propiciava o ensinamento com maravilhoso conteúdo de beleza.

Sempre solícito, o instrutor esclareceu:
— Não se admirem do fenómeno!
Cada qual receberá a luz espiritual conforme a própria capacidade.

Há muitos companheiros nossos, aqui reunidos, que registam o comentário de Fábio com mais dificuldade que as próprias crianças.

Experimentam, ainda, grandes limitações.
Havia grande respeito em todos os presentes.

Fábio Aleto sentou-se em plano superior, ao passo que Isidoro se acomodava junto a sua esposa, no impulso afectivo do pai que se aproxima, solícito, para a conversação carinhosa com os filhos bem-amados.

Nesse instante, a pequenina Marieta, que parecia haver atingido os sete anos, aproveitando o momento de palavra livre, perguntou à mãezinha, em tom comovedor:
— Mamãe, se Jesus é tão bom, porque estamos comendo só uma vez por dia, aqui em casa?

Na casa de Dona Fausta, eles fazem duas refeições, almoçam e jantam.
Neli me contou que no tempo de papai também fazíamos assim, mas agora.

Porque será?

A viúva esboçou um sorriso algo triste e falou:
— Ora, Maneta, você vive muito impressionada com essa questão.
Não devemos, filhinha, subordinar todos os pensamentos às necessidades do estômago.

Há quanto tempo estamos tomando nossa refeição diária e gozando boa saúde?
Quanto benefício estaremos colhendo com esta frugalidade de alimentação?

Joaninha interveio, acrescentando:
— Mamãe tem toda a razão. Tenho visto muita gente adoecer por abuso da mesa.

— Além disso — acentuou Dona Isabel confortada — vocês devem estar certos de que Jesus abençoa o pão e a água de todas as criaturas que sabem agradecer as dádivas divinas.

É verdade que Isidoro partiu antes de nós, mas nunca nos faltou o necessário.
Temos nossa casinha, nossa união espiritual, nossos bons amigos.
Convençam-se de que o papai está trabalhando ainda por nós.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 04, 2012 9:52 pm

Nessa altura da palestra, dada a nossa comoção, Isidoro enxugou os olhos húmidos.
Noemi, a caçula pequenina, falou em voz infantil:
— É mesmo, é verdade! eu vi papai ajudando a segurar o bolo que Dona Cora nos trouxe domingo.

— Também vi, Noemi — disse Dona Isabel, de olhos vivamente brilhantes —, papai continua auxiliando-nos.

E voltando-se para todos, acentuou:
— Quando sabemos amar e esperar, meus filhos, não nos separamos dos entes queridos que morrem para a vida física.

Tenhamos certeza na protecção de Jesus!...
Marieta, parecendo agora absolutamente tranquila, assentiu:
— Quando a senhora fala, mamãe, eu sinto que tudo é verdade!

Como Jesus é bom! E se nós não tivéssemos a senhora?
Tenho visto os pequenos mendigos abandonados.
Talvez não comam coisa alguma, talvez não tenham amigos como os nossos!

Ah! como devemos ser agradecidos ao Céu!...
A viúva, que se confortava visivelmente, ouvindo aquelas palavras, exclamou com profunda emoção:
— Muito bem, minha filha!
Nunca deveremos reclamar e sim louvar sempre.

E possivelmente não saberia você compreender a situação, se estivéssemos em mesas lautas.

Observei, porém, que o menino não compartilhava aquele dilúvio de bênçãos.

Entre Dona Isabel e as quatro filhinhas havia permuta constante de vibrações luminosas, como se estivessem identificadas no mesmo ideal e unidas numa só posição; mas o rapazote permanecia espiritualmente distante, fechado num círculo de sombras.

De quando em quando, sorria irónico, insensível pela significação do momento.

Valendo-se da pausa mais longa, ele perguntou à progenitora, menos respeitosamente:
— Mamãe, que entende a senhora por pobreza?

Dona Isabel respondeu, muito serena:
— Creio, meu filho, que a pobreza é uma das melhores oportunidades de elevação, ao nosso alcance.

Estou convencida de que os homens afortunados têm uma grande tarefa a cumprir, na Terra, mas admito que os pobres, além da missão que lhes cabe no mundo, são mais livres e mais felizes.

Na pobreza, é mais fácil encontrar a amizade sincera, a visão da assistência de Deus, os tesouros da natureza, a riqueza das alegrias simples e puras.

É claro que não me refiro aos ociosos e ingratos dos caminhos terrenos.
Refiro-me aos pobres que trabalham e guardam a fé.

O homem de grandes possibilidades financeiras muito dificilmente saberá discernir entre a afeição e o interesse descrente de que tudo pode, nem sempre como entender a divina protecção;
pelo conforto viciado a que se entrega, as mais das vezes se afasta das bênçãos da Natureza;
e em vista de muito desfazer aos próprios caprichos, restringe a vida de alegrar-se e confiar no mundo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 04, 2012 9:52 pm

Apesar da beleza profunda daquela opinião, o rapazola permaneceu impassível, respondendo algo contrariado:
— Infelizmente não posso concordar com a senhora.
Até os garotos do jardim-de-infância pensam de modo contrário.

Dona Isabel mudou a expressão fisionómica, assumiu a atitude de quem instrui com a noção de responsabilidade, e acentuou:
— Não estamos aqui num jardim-de-infância, meu filho.
Sim no jardim do lar, competindo-nos saber que as flores são sempre belas, mas que a vida não pode prosseguir sem a bênção dos frutos.

Por onde aí no mundo, receberemos muitos alvitres da mentira venenosa.
É preciso vigiar o coração, valorizando as bênçãos que Jesus nos envia.

O rapazinho entretanto demonstrando enorme rebeldia íntima tomou:
— A Senhora não considera razoável alugar este salão a fim de termos algum dinheiro a mais?

Estive conversando ontem, com o “seu” Maciel, quando vim da escola.
Ele nos pagaria bem, para ter aqui um depósito de móveis.

Dona Isabel, de ânimo decidido, respondeu com energia, sem irritação:
— Você deve saber, meu filho que enquanto respeitarmos a memória de seu pai, este salão será consagrado às nossas actividades evangélicas.

Já lhes contei a história do nosso culto doméstico e não desejo que vocês sejam cegos às bênçãos do Senhor.

Mais tarde, Joãozinho, quando você entrar directamente na luta material, se for agradável ao seu temperamento, construa casas para alugar;
mas agora, meu filho, é indispensável que você considere este recanto como algo de sagrado para sua mamãe.

— E se eu insistir? — perguntou, mal-humorado, o pequeno orgulhoso.

A viúva, muito calma, esclareceu firme:
— Se você insistir, será punido, porque eu não sou mãe para criar ilusões perigosas ao coração dos filhinhos que Deus me confiou.
Se muito amo a vocês, precisarei incliná-los ao caminho recto.

O pequeno quis retrucar, mas a luz emitida pelo tórax de Dona Isabel, ao que me pareceu, confundiu-lhe o espírito rebelde e vi-o calar-se, a contragosto, amuado e enraivecido.

Admirei, então, profundamente, aquela bondosa mulher, que se dirigia à filha mais velha como amiga, às filhinhas mais novas como mãe, e ao filho orgulhoso como instrutora sensata e ponderada.

Aniceto, que também se mostrava satisfeito, disse-nos em tom significativo:
— O Evangelho dá equilíbrio ao coração.

A pequena Neli, amedrontada, pediu, humilde:
— Mamãe, não deixe Joãozinho alugar a sala!

A viúva sorriu, acariciou o rostinho da filha e asseverou:
— Joãozinho não fará isso, saberá compreender a mamãe.
Não falemos mais neste assunto, Neli.

E fixando o relógio, dirigiu-se à primogénita:
— Joaninha, minha filha, ore agradecendo, em nosso nome. Nosso horário está findo.

A jovem, com expressão nobre e carinhosa agradeceu ao Senhor, tocando-nos os corações.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 05, 2012 10:40 pm

XXXVII - No santuário doméstico

Terminado o culto familiar, um dos companheiros também rendeu graças.

— Esperemos que esses celeiros de sentimentos se multipliquem — disse Aniceto, sensibilizado.

O mundo pode fabricar novas indústrias, novos arranha-céus, erguer estátuas e cidades, mas, sem a bênção do lar, nunca haverá felicidade verdadeira.

— Bem-aventurados os que cultivam a paz doméstica — exclamou uma senhora simpática, que estivera presente ao nosso lado, durante a reunião.

Dois cooperadores de “Nosso Lar” serviram-nos alimentação leve e simples, que não me cabe especificar aqui, por falta de termos analógicos.

— Em oficinas como esta — explicou o instrutor amigo — é possível preservar a pureza de nossas substâncias alimentícias.

Os elementos mais baixos não encontram, neste santuário, o campo imprescindível à proliferação.

Temos bastante luz para neutralizar qualquer manifestação da treva.

E, enquanto a família humana de Isidoro fazia frugal refeição de chá com torradas, numa saleta próxima, fazíamos nós ligeiro repasto, entremeado de palestra elevada e proveitosa.

O ambiente continuou animado, em teor de franca alegria.
Depois das vinte e três horas, a viúva recolheu-se com os filhos, em modesto aposento.

Intraduzível a nossa sensação de paz.
Aniceto, Vicente e eu, em companhia doutros amigos, fomos ao pequeno jardinzinho que rodeava a habitação.

As flores veludosas rescendiam.
A claridade espiritual ambiente, como que espancava as sombras da noite.

Respirando as brisas caridosas que sopravam da Guanabara, reparei, pela primeira vez, no delicado fenómeno, que não havia observado até então.

Uma pequena carinhosa, enquanto a mãezinha palestrava com um amigo, despreocupadamente, colheu um cravo perfumoso, num grito de alegria.

Vi a menina colher a flor, retirá-la da haste, ao mesmo tempo que a parte material do cravo emurchecia, quase de súbito.

A senhora repreendeu-a, com calor:
— Que é isso, Regina?
Não temos o direito de perturbar a ordem das coisas.
Não repitas, minha filha! Desgostaste a mamãe!

Aniceto, sorrindo bondoso, explicou discreta mente:
— Esta é a nossa Irmã Emília, servidora em “Nosso Lar”, que vem ao encontro do esposo ainda encarnado.
— E ele virá até aqui? — interrogou Vicente, curioso.

— Virá pelas portas do sono físico — acrescentou nosso orientador, sorridente.
— Estas ocorrências, no círculo da Crosta, dão-se aos milhares, todas as noites.

Com a maioria de irmãos encarnados, o sono apenas reflecte as perturbações fisiológicas ou sentimentais a que se entregam;
entre tanto, existe grande número de pessoas que, com mais ou menos precisão, estão aptas a desenvolver este intercâmbio espiritual.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 05, 2012 10:40 pm

Estava surpreendido.
Aquele trabalho interessante, a que nos trazia Aniceto, com tão vasto campo de serviços gerais, fazia-me intensamente feliz.

Em cada canto pressentia actividades novas.
Embora as luzes que nos rodeavam, notei que os céus prometiam aguaceiros próximos.
As brisas leves transformavam-se, repentinamente, em ventania forte.

Não obstante, as sensações de sossego eram agradabilíssimas.
— O vento, na Crosta, é sempre uma bênção celeste — exclamou Aniceto, sentencioso.
Podemos avaliar-lhe o carácter divino, em virtude da nossa condição actual.

A pressão atmosférica sobre os Espíritos encarnados é, aproximadamente, de quinze mil quilos.
— . Todavia, é interessante notar — aduziu Vicente — que não sentimos tamanho peso sobre os ombros.

— É a diferença dos veículos de manifestação — esclareceu Aniceto, atencioso.
— Nossos corpos e os de nossos companheiros encarnados apresentam diversidade essencial.
Imaginemos o círculo da Crosta como um oceano de oxigénio.

As criaturas terrestres são elementos pesados que se movimentam no fundo, enquanto nós somos as gotas de óleo, que podem voltar à tona, sem maiores dificuldades, pela qualidade do material de que se constituem.

A essa altura do esclarecimento, notei que formas sombrias, algumas monstruosas, se arrastavam na rua, à procura de abrigo conveniente.

Reparei, com espanto, que muitas tomavam a nossa direcção, para, depois de alguns passos, recuarem amedrontadas.
Provocavam assombro.
Muitas, pareciam verdadeiros animais perambulando na via pública.

Confesso que insopitável receio me invadira o coração.
Calmo, como sempre, Aniceto nos tranquilizou:
— Não temam — disse. Sempre que ameaça tempestade, os seres vagabundos da sombra se movimentam procurando asilo.

São os ignorantes que vagueiam nas ruas, escravizados as sensações mais fortes dos sentidos físicos.

Encontram-se ainda colados às expressões mais baixas da experiência terrestre e os aguaceiros os incomodam tanto quanto ao homem comum, distante do lar.

Buscam, de preferência, as casas de diversão nocturna, onde a ociosidade encontra válvula nas dissipações.

Quando isto não se lhes torna acessível, penetram as residências abertas, considerando que, para eles, a matéria do plano ainda apresenta a mesma densidade característica.

E, demonstrando interesse em valorizar a lição do minuto, acrescentou:
— Observem como se inclinam para cá, fugindo, em seguida, espantados e inquietos.
Estamos colhendo mais um ensinamento sobre os efeitos da prece.

Nunca poderemos enumerar todos os benefícios da oração.
Toda vez que se ora num lar, prepara-se a melhoria do ambiente doméstico.
Cada prece do coração constitui emissão electromagnética de relativo poder.

Por isso mesmo, o culto familiar do Evangelho não é tão só um curso de iluminação interior, mas também processo avançado de defesa exterior, pelas claridades espirituais que acende em torno.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 05, 2012 10:40 pm

O homem que ora traz consigo inalienável couraça.
O lar que cultiva a prece transforma-se em fortaleza, compreenderam?

As entidades da sombra experimentam choques de vulto, em contacto com as vibrações luminosas deste santuário doméstico, e é por isso que se mantêm à distância, procurando outros rumos...

Daí a momentos, penetrávamos, de novo, no salão abençoado da modesta residência.
Como quem estivesse atravessando um país de surpresas, outro facto me despertava profunda admiração.

Isidoro e Isabel vieram a nós, de braços entrelaçados, irradiando ventura.
Aquela viúva pobre do bairro humilde vestia-se agora lindamente, não obstante a adorável singeleza de sua presença.

Sorria contente, ao lado do esposo, via-nos a todos, cumprimentava-nos, amável.
— Meus amigos — disse ela, serena — meu marido e eu temos uma excursão instrutiva para esta noite.

Deixo-lhes as nossas crianças por algumas horas e, desde já, lhes agradeço o cuidado e o carinho.
— Vá, minha filha! — respondeu uma senhora idosa — aproveite o repouso corporal.

Deixe os meninos connosco. Vá tranquila!
O casal afastou-se com a expressão dum sublime noivado.

Nosso orientador inclinou-se para nós e falou:
— Observam vocês como a felicidade divina se manifesta no sono dos justos?

Poucas almas encarnadas, conheço, com a ventura desta mulher admirável, que tem sabido aprender a ciência do sacrifício individual.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 05, 2012 10:40 pm

XXXVIII - Actividade plena

No salão acolhedor de Dona Isabel, permanecemos em plena actividade.

Lá fora, começara o aguaceiro forte, mas tínhamos a nítida impressão de grande distância da chuva torrencial.
Logo às primeiras horas da madrugada, o movimento intensificou-se.

Muita gente ia e vinha.
— Numerosos irmãos — explicou o orientador — encontram-se neste pouso de trabalho espiritual, na esfera a que os encarnados chamariam sonho.

Não é fácil transmitir mensagens de teor instrutivo, nessa tarefa, utilizando lugares comuns, contaminados de matéria mental menos digna.

Nas oficinas edificantes, porém, onde conseguimos acumular maiores quantidades de forças positivas da espiritualidade superior, é possível prestar grandes benefícios aos que se encontram encarnados no planeta.

Acentuei minhas observações, verificando que muitas das pessoas recém-chegadas pareciam convalescentes, titubeantes...

Algumas se mantinham de pé, sob o amparo de braços carinhosos.

Eram os amigos encarnados a se valerem do desprendimento parcial, pelo sono físico, que se reuniam a nós, aproveitando o auxílio de entidades generosas e dedicadas.

Reconhecia, entretanto, que a maior parte não entendia, com precisão, o que se lhes desejava dizer.

Muitos pareciam doentes, incompreensivos.
Sorriam infantilmente, revelando boa vontade na recepção dos conselhos, mas grande incapacidade de retenção.

Eu estudava os quadros ambientes, com justa estranheza.
Sempre cuidadoso, Aniceto veio ao encontro de nossa perplexidade.

Os espíritos encarnados — disse — tão logo se realize a consolidação dos laços físicos, ficam submetidos a imperiosas leis dominantes na Crosta.

Entre eles e nós existe um espesso véu.
É a muralha das vibrações.
Sem a obliteração temporária da memória, não se renovaria a oportunidade.

Se o nosso campo lhes fora francamente aberto, olvidariam as obrigações imediatas, estimariam o parasitismo, prejudicando a própria evolução.

Eis porque raramente estão lúcidos ao nosso lado.
Na maioria dos casos, junto de nós, permanecem vacilantes, enfraquecidos...
Vejam aquela jovem senhora encarnada, em conversa com a vovozinha que trabalha connosco, em “Nosso Lar”.

Assim dizendo, Aniceto indicou um grupo mais próximo.
A anciã, de olhos brilhantes e gestos decididos, abraçava-se à neta, lânguida e palidíssima.

— Niêta — exclamava a velhinha, em tom firme — não dê tamanha importância aos obstáculos.
Esquece os que te perseguem, a ninguém odeies.

Conserva tua paz espiritual, acima de tudo.
Tua mãe não te pode valer agora, mas crê na continuidade de nossa vida.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 05, 2012 10:41 pm

A vovó não te esquecerá.
A calúnia, Niêta, é uma serpente que ameaça o coração; entretanto, se a encararmos de frente, fortes e tranquilas, veremos, a breve tempo, que a serpente não tem vida própria.

É víbora de brinquedo a se quebrar como vidro, pelo impulso de nossas mãos.
E, vencido o espantalho, em lugar da serpente, teremos connosco a flor da virtude.

Não temas, querida!
Não percas a sagrada oportunidade de testemunhar a compreensão de Jesus!...

A jovem senhora não respondia, mas seus olhos semi lúcidos estavam cheios de pranto.
Demonstrava no gesto vago uma consolação divina, recostada ao seio carinhoso da devotada velhinha.
— Esta irmã se lembrará de tudo, ao despertar no corpo físico? — perguntei, intrigado, ao nosso orientador.

Aniceto sorriu e esclareceu:
— Sendo a avó superior e ela inferior, e, examinando ainda a condição dos planos de vida em que ambas se encontram, a jovem encarnada está sob o domínio espiritual da benfeitora.

Entre ambas, portanto, há uma corrente magnética recíproca, salientando-se, porém, que a vovó amiga detém uma ascendência positiva.

A neta não vê o ambiente com precisão, nem ouve as palavras integralmente.
Não esqueçamos que o desprendimento no sono físico vulgar é fragmentário e que a visão e a audição, peculiares ao encarnado, se encontram nele também restritas.

O fenómeno, pois, é mais de união espiritual que de percepções sensoriais, propriamente ditas.
A jovem está recebendo consolações positivas, de Espírito a Espírito.

Não se recordará, despertando nos véus materiais mais grosseiros, de todas as minúcias deste venturoso encontro que acabamos de presenciar.

Acordará, porém, encorajada e bem disposta, sem poder identificar a causa da restauração do bom ânimo.

Dirá que sonhou com a avó num lugar onde havia muita gente, sem recordar as minudências do facto, acrescentando que viu, no sonho, uma cobra ameaçadora, que logo se transformou em serpente de vidro, quebrando-se ao impulso de suas mãos, para transformar-se em perfumada flor, da qual ainda conserva a lembrança agradável do aroma.

Afirmará que soberano conforto lhe invadiu a alma e, no fundo, compreenderá a mensagem consoladora que lhe foi concedida.
— Não se lembrará, contudo, das palavras ouvidas? — indagou Vicente, curioso.

— Precisaria ter adquirido profunda lucidez no campo da existência física — prosseguiu Aniceto, explicando — e devo esclarecer que recordará as imagens simbólicas da víbora e da flor, porque está em relação magnética com a veneranda avozinha, recebendo-lhe a emissão de pensamentos positivos.

A benfeitora não fala apenas.
Está pensando fortemente também.

A neta, todavia, não está ouvindo ou vendo pelo processo comum, mas está percebendo claramente a criação mental da anciã amiga, e dará notícia exacta dos símbolos entrevistos e arquivados na memória real e profunda.

Desse modo, não terá dificuldade para informar-se quanto à essência do que a bondosa avó deseja transmitir-lhe ao coração sofredor, compreendendo que a calúnia, quando fere uma consciência tranquila não passa de serpente mentirosa, a transformar-se em flor de virtude nova, quando enfrentada com o valor duma coragem serena e cristã.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 05, 2012 10:41 pm

A lição fora profundamente significativa para mim.
Começava a adquirir amplas noções do intercâmbio entre as duas esferas.
Pensei no longo esforço dos que indagam o mundo dos sonhos.

Quanta riqueza psíquica, susceptível de conquista, se os pesquisadores conseguissem deslocar o centro de estudo, das ocorrências fisiológicas para o campo das verdades espirituais!

Lembrei a psicanálise, a tese freudiana, as manifestações instintivas, inferiores.

Importância atribuída pelo grande cientista às tendências inferiores, indaguei, um tanto tímido:
— Haverá, porém, centros de reunião para os espíritos desequilibrados no mal, como acontece, aqui, aos amigos interessados no bem?

O generoso mentor sorriu, benévolo, e falou:
— Não haja dúvidas quanto a isto.

Através das correntes magnéticas susceptíveis de movimentação, quando se efectua o sono dos encarnados, são mantidas obsessões inferiores, perseguições permanentes, explorações psíquicas de baixa classe, vampirismo destruidor, tentações diversas.

Ainda são poucos, relativamente, os irmãos encarnados que sabem dormir para o bem...
E, fazendo um gesto por demais expressivo, concluiu:
— Livre-nos o Senhor de cair novamente...

Percebendo-me as elucubrações, o devotado mentor dirigiu-me a palavra de maneira especial:
— Freud — asseverou Aniceto — foi um grande missionário da Ciência;
no entanto, manteve-se, como qualquer Espírito encarnado, sob certas limitações.

Fez muito, mas não tudo, na esfera da indagação psíquica.
Pela pausa do nosso instrutor, percebi que ele não desejava entrar em minucioso exame da teoria famosa.

Lembrando, porém, a extraordinária importância atribuída pelo grande cientista às tendências inferiores, indaguei, um tanto tímido:
— Haverá, porém, centros de reunião para os espíritos desequilibrados do mal, como acontece aqui, aos amigos interessados no bem?

O generoso mentor sorriu, benévolo, e asseverou:
— Não hajas dúvidas quanto a isso.

Através das correntes magnéticas susceptíveis de movimentação, quando se efectua o sono dos encarnados, são mantidas obsessões inferiores, perseguições permanentes, explorações psíquicas de baixa classe, vampirismo destruidor, tentações diversas.

Ainda são poucos, relativamente, os irmãos encarnados que sabem dormir para o bem...

E fazendo um gesto por demais expressivo, concluiu:
— Livre-nos o Senhor de cair novamente...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 05, 2012 10:41 pm

XXXIX - Trabalho incessante

Ao alvorecer, observei que Aniceto recebia numerosos amigos, com os quais se entendeu em particular.

Informou-nos o estimado orientador, por espírito de delicadeza, que trazia consigo incumbências várias, de acordo com as instruções de Telésforo, das quais era forçado a tratar em carácter privado, não nos ocultando, todavia, o objectivo essencial, que era, ao que disse, o combate activo a uma grande cooperativa de desencarnados ignorantes, congregados para o mal.

Enquanto ele se mantinha em conversação íntima, ouvíamos, por nossa vez, outros amigos da faina espiritual.

O dia raiava, agora, com soberano esplendor.
Tínhamos a impressão de que a chuva da noite varrera as sombras do firmamento.

Pelo número de trabalhadores espirituais que pernoitaram na casinha humilde, reconheci a importância daquele núcleo de serviço, tão apagado aos olhos do mundo.

Uma senhora, que se aproximara de nós, exclamava, comovida:
— Que o Senhor recompense a nossa irmã Isabel, concedendo-lhe forças para resistir às tentações do caminho.

Por haver descansado neste pouso de amor, pude encontrar minha pobre filha, desviando-a do suicídio cruel.
Graças à Providência Divina!

Incapaz de sofrear o desejo de aprender, perguntei, curioso:
— Mas como a encontrou, minha irmã?
— Em sonho — respondeu a velhinha bondosa.

— Minha Dalva ficou viúva há três anos, e, faz onze meses, deixei-a só, por haver também desencarnado.
A pobrezinha não tem resistido ao sofrimento quanto devera e deixou-se empolgar por entidades maléficas, que lhe tramam a ruína.

Em balde me aproximo dela, durante o dia, mas, com a mente engolfada em negócios e complicações materiais, não me pode sentir a influenciação.

Precisava encontrar-me com ela à noite, e isso não era fácil, porque não tenho bastante elevação espiritual para operar sozinha e o grupo em que sirvo não poderia demorar na Crosta uma noite inteira por minha causa.

Foi então que uma amiga me trouxe a este posto de serviço de “Nosso Lar”.
Aqui descansei e pude agir com os grupos de tarefa permanente, ajudada por infatigáveis operários do bem.

— E conseguiu seus fins com facilidade? — indagou Vicente, interessado.
— Graças a Jesus! — respondeu a senhora, evidenciando enorme satisfação — agora sei que minha filha recebeu meus alvitres carinhosos de mãe e estou certa de que me atenderá as rogativas.

— Escute, minha amiga — interroguei —, há muitos postos de “Nosso Lar”, como este?

— Ao que me informaram, há regular número deles, não somente aqui, mas também noutras cidades do país, além de numerosas oficinas que representam outras colónias espirituais, entre as criaturas corporificadas na Terra.

Nesses núcleos, há sempre possibilidades avançadas, imprescindíveis ao nosso abastecimento para a luta.

Nesse instante, dois camaradas que nos haviam dirigido a palavra durante a noite, despertando-nos sincera simpatia, apresentaram-nos saudações.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 05, 2012 10:41 pm

— Mas, como? — perguntei — retiraram-se tão cedo?
— Vamos ao trabalho — respondeu-me um deles —; hoje, à noite, realizar-se-á o estudo evangélico e devemos auxiliar os irmãos ignorantes e sofredores que estejam em condições de vir até aqui.

— Há também semelhante tarefa? — indaguei, espantado.
— Como não, meu caro?

O próprio Jesus já dizia, há muitos séculos, que a seara é grande.
Há trabalho para todos.
E cumpre-nos reconhecer que esta oficina de assistência cristã funciona, há quase vinte anos, de maneira incessante.

— Vocês, no entanto — interroguei —, permanecem aqui desde os primórdios da fundação?
O interlocutor esclareceu prontamente:
— Não. Muitos, como nós, fazem aqui estágios de serviço.
Somente alguns cooperadores de Isidoro e Isabel aqui estacionam desde o início da instituição.

Nós outros, contudo, não nos demoramos em trabalho por mais de dois anos consecutivos.

Um posto, como este, é sempre uma escola activa e santa, e os que se encontrem no clima da boa vontade não devem perder ensejo de aprender.

— Desculpem-me tantas interrogativas — tornei —, mas estimaria saber se vocês são os únicos com as atribuições de recrutar os que ignoram e sofrem, para a instrução e o consolo.

— Não. Hildegardo e eu somos auxiliares apenas de alguns quarteirões no centro urbano.
Nesse ramo de socorro, os colaboradores são numerosos.

A essa altura, um dos irmãos, que me parecia integrar o corpo de orientação da casa, aproximou-se e falou ao nosso interlocutor, de maneira especial:
— Vieira, recomendo a você e ao Hildegardo a melhor observância do nosso critério doutrinário.

Será inútil trazerem até aqui entidades vagabundas ou de má fé, obedecendo aos alvitres da simpatia pessoal.

Não podemos perder tempo com Espíritos escarninhos e ociosos, nem com aqueles que se aproximam de nossa tenda alimentando certas intenções de natureza inferior.

Não faltarão providências de Jesus para essa gente, em outra parte.
Lembrem-se disso — Não é falta de caridade, é compreensão do dever.

Temos um programa de trabalho muito sério, no capítulo da evangelização e do socorro, não podemos abusar da concessão de nossos maiores da Espiritualidade Superior.

Quem aceita um compromisso não vive sem contas.
Por muito que vocês amem a alguma entidade ociosa ou irónica, não facilitem os abusos dela.
Ajudem-na de maneira individual quando disponham de tempo e possibilidades para isso.

Não arrastem o grupo a dificuldades.
Não se esqueçam de que existem determinados núcleos de tarefa para os surdos e cegos voluntários.

Vieira e o colega fizeram-se palidíssimos, não respondendo palavra.
Quando o orientador se afastou, sereno e activo, Vieira explicou, desapontado:
— Recebemos uma admoestação justa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 05, 2012 10:42 pm

E porque visse nosso desejo de aprender, prosseguiu, atencioso:
— Infelizmente, Hildegardo e eu temos alguns parentes desencarnados em dolorosas condições espirituais.

Na passada reunião, trouxemos meu tio Hilário e o primo Carlos, embora soubéssemos que ambos não se encontram preparados para reflexões sérias, pelo desrespeito às leis divinas em que se movimentam, nos ambientes inferiores.

Manifestaram-se ambos, porém, tão desejosos de renovação, que ouvimos, acima de tudo, a simpatia pessoal, esquecendo a necessidade de preparação conveniente.
Vieram connosco, sentaram-se entre os ouvintes numerosos.

Mas, em meio dos estudos evangélicos, tentaram assaltar as faculdades mediúnicas da irmã Isabel, para transmissão de uma mensagem de teor menos edificante.

Sentindo-nos a vigilância e surpreendidos pelos cooperadores desta santificada oficina, revoltaram-se, estabelecendo grande distúrbio.

Não fossem as barreiras magnéticas do serviço de guarda, teriam causado males muito sérios.
Assim, a reunião foi menos frutuosa, pela grande perda de tempo.

Ora, naturalmente, fomos responsabilizados...
— Meu Deus! — exclamou Vicente, admirado — quanta lição nova!

— Ah! sim, meu amigo — tornou Vieira, resignado — aqui não devemos abusar tanto do amor, como no círculo carnal.

Ninguém está impedido de ajudar, querer bem, interceder; todos podemos auxiliar os que amamos, com os recursos que nos sejam próprios, mas a palavra “dever” tem aqui uma significação positiva para quem deseje caminhar sinceramente para Deus.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 05, 2012 10:42 pm

XL - Rumo ao campo

Quase todos os servidores espirituais puseram-se a caminho de tarefas variadas. Somente alguns amigos permaneceriam na residência de Dona Isabel, em missão de auxílio e vigilância.

Notei que Aniceto continuava distribuindo instruções diversas, dirigindo-se, em carácter confidencial, a determinados companheiros, a respeito da missão que lhe confiara Telésforo.

Antes do meio-dia, porém, convidou-nos a acompanhá-lo.
— Na oficina — disse-nos, bondoso — encontramos revigoramento imprescindível ao trabalho.

Recebemos reforços de energia, alimentamo-nos convenientemente para prosseguir tão esforço, mas convenhamos que, para muitos de nós, a noite representou uma série de actividades longas e exaustivas.

Necessitamos de algum descanso.
Voltaremos ao crepúsculo.
Aonde iríamos? Ignorava.

Recordei que, de fato, se alguns haviam repousado no santuário doméstico, durante a noite, a maioria havia trabalhado intensamente, e concluí que, se muitos pela manhã haviam tomado rumo às obrigações outros teriam buscado o repouso indispensável.

— Aonde vão? — perguntou um companheiro da vigilância, que se fizera nosso amigo.
Antes que respondêssemos, Aniceto esclareceu:
— Vamos ao campo.
E, dirigindo-se especialmente a Vicente e a mim, considerou:
Utilizemos a volitação, mesmo porque não temos objectivos imediatos no centro urbano.

Notei que movimentava agora minhas faculdades volitantes com facilidade crescente.
A excursão educativa, com escala pelo Posto de Socorro de Campo da Paz, fizera-me grande bem.

Melhorara em adestramento, sentia-me fortalecido ante as vibrações de ordem inferior, mobilizava os recursos próprios sem dificuldade.

Reparei, igualmente, que minhas possibilidades visuais cresciam sensivelmente.

Volitando, não observara, até então, o que agora verificava, extremamente surpreendido.

Dantes, via somente os homens, os animais, veículos e edifícios chumbados ao solo.

Agora, a visão dilatava-se.
Reconhecia, de longe, o peso considerável do ar que se agarrava à superfície.

Tive a impressão de que nadávamos em alta zona do mar de oxigénio, vendo em baixo, em águas turvas, enorme quantidade de irmãos nossos a se arrastarem pesadamente metidos em escafandros muito densos, no fundo lodoso do oceano.

— Estão vendo aquelas manchas escuras na via pública? — indagava nosso orientador, percebendo-nos a estranheza e o desejo de aprender cada vez mais.

Como não soubéssemos definir com exactidão, prosseguia explicando:
— São nuvens de bactérias variadas. Flutuam, quase sempre também, em grupos compactos, obedecendo ao princípio das afinidades.

Reparem aqueles ambientes de sombra..
E indicava-nos certos edifícios e certas regiões citadinas.
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Série André Luiz - OS MENSAGEIROS - Página 5 Empty Re: Série André Luiz - OS MENSAGEIROS

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 06, 2012 10:39 pm

— Observem os grandes núcleos pardacentos ou completamente obscuros!...
São zonas de matéria mental inferior, matéria que é expelida incessantemente por certa classe de pessoas.

Se demorarmos em nossas investigações, veremos igualmente os monstros que se arrastam nos passos das criaturas, atraídos por elas mesmas...
Imprimindo grave inflexão às palavras, considerou:
— Tanto assalta o homem a nuvem de bactérias destruidoras da vida física, quanto as formas caprichosas das sombras que ameaçam o equilíbrio mental.

Como vêem, o “orai e vigiai” do Evangelho tem profunda importância em qualquer situação e a qualquer tempo.

Somente os homens de mentalidade positiva, na esfera da espiritualidade superior, conseguem sobrepor-se às influências múltiplas de natureza menos digna.

Interessado, contudo, em maior esclarecimento, perguntei:
— Mas a matéria mental emitida pelo homem inferior tem vida própria como o núcleo de corpúsculos microscópicos de que se originam as enfermidades corporais?

O mentor generoso sorriu singularmente e acentuou:
— Como não? Vocês, presentemente, não desconhecem que o homem terreno vive num aparelho psicofísico.

Não podemos considerar somente, no capítulo das moléstias, a situação fisiológica propriamente dita, mas também o quadro psíquico da personalidade encarnada.

Ora, se temos a nuvem de bactérias produzidas pelo corpo doente, temos a nuvem de larvas mentais produzidas pela mente enferma, em identidade de circunstâncias.

Desse modo, na esfera das criaturas desprevenidas de recursos espirituais, tanto adoecem corpos, como almas.
No futuro, por esse mesmo motivo, a medicina da alma absorverá a medicina do corpo.

Poderemos, na actualidade da Terra, fornecer tratamento ao organismo de carne.
Semelhante tarefa dignifica a missão do consolo, da instrução e do alívio.

Mas, no que concerne à cura real, somos forçados a reconhecer que esta pertence exclusivamente ao homem-espírito.

— Deus meu! — exclamou Vicente, espantado — a que perigos está submetido o homem!

— Por isso — tornou Aniceto, cuidadoso —, a existência terrestre é uma gloriosa oportunidade para os que se interessam pelo conhecimento e elevação de si mesmos.

E, por esta mesma razão, ensinamos a necessidade da fé religiosa entre as criaturas humanas.

Desenvolvendo essa campanha, não pretendemos intensificar as paixões nefastas do sectarismo, mas criar um estado positivo de confiança, optimismo e ânimo sadio na mente de cada companheiro encarnado.

Até agora, apenas a fé pode proporcionar essa realização.
As ciências e as filosofias preparam o campo; entretanto, a fé que vence a morte, é a semente vital.

Possuindo-lhe o valor eterno, encontra o homem bastante dinamismo espiritual para combater até a vitória plena em si mesmo.

Compreendendo que precisaria completar o esclarecimento, exclamou, depois de pausa mais longa:
— Todos precisamos saber emitir e saber receber.

Para alcançarem a posição de equilíbrio, nesse mister, empenham-se os homens encarnados e nós outros, em luta incessante.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 06, 2012 10:39 pm

E já que conhecemos alguma coisa da eternidade, é preciso não esquecer que toda queda prejudica a realização, e todo esforço nobre ajuda sempre.

As explicações recebidas não poderiam ser mais claras.
Aquela visão, porém, repleta de pontos sombrios a se deslocarem vagarosos, atingindo homens e máquinas, nas vias públicas, assombrava-me.

Sequioso de ensinamentos, tornei ao assunto:
— A lição para mim tem valores incalculáveis.
E quando penso no alto poder destrutivo da flora microbiana...

Aniceto, contudo, não me deixou terminar.
Conhecendo, de antemão, minha pergunta natural, cortou-me a frase, exclamando:
— Sim, André, se não fosse o poder muito maior da luz solar, casada ao magnetismo terrestre, poder esse que destrói intensivamente para seleccionar as manifestações da vida, na esfera da Crosta, a flora microbiana de ordem inferior não teria permitido a existência dum só homem na superfície do globo.

Por esta razão, o solo e as plantas estão cheios de princípios curativos e transformadores.

E, abanando significativamente a cabeça, concluí:
Nada obstante esse poder imenso, recurso divino, enquanto os homens, herdeiros de Deus, cultivarem o campo inferior da vida, haverá também criações inferiores, em número bastante para a batalha sem tréguas em que devem ganhar os valores legítimos da evolução.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 06, 2012 10:40 pm

XLI - Entre as Árvores

Decorridos alguns minutos, atingíamos pequena propriedade rural, povoada de arvoredo acolhedor.

Laranjeiras em flor perdiam-se de vista.
Bananeiras estendiam-se em leque, enquanto o goiabal, de longe, semelhava-se a manchas fortes de verdura.

A relva macia convidava ao descanso.
E o vento calmo passava de leve, sussurrando alguma coisa através da folhagem.

Aniceto respirou a longos haustos, e falou:
— Os desencarnados, embora não se fatiguem como as criaturas terrestres, não prescindem da pausa de repouso.

Em geral, nossas operações, à noite, são activas e laboriosas.
Apenas um terço dos companheiros espirituais, em serviço na Crosta, conserva-se em actividade diurna.

E, notando-nos a curiosidade justa, sentenciou:
— Aliás, isto é razoável.
O dia terrestre pertence, com mais propriedade, ao serviço do Espírito encarnado.

O homem deve aprender a agir, testemunhando compreensão das leis divinas.
Pelo menos durante certo número de horas, deve estar mais só com as experiências que lhe dizem respeito.

Nosso instrutor amigo sorriu e observou:
— O dia e a noite constituem, para o homem, uma folha do livro da vida.

A maior parte das vezes, a criatura escreve sozinha a página diária, com a ajuda dos sentimentos que lhe são próprios, nas palavras, pensamentos, intenções e actos, e no verso, isto é, na reflexão nocturna, ajudamo-la a rectificar as lições e acertar as experiências, quando o Senhor no-lo permite.

Calando-se o nosso orientador, tivemos a atenção exclusivamente voltada para a beleza circundante.
Aquele campo amigo e hospitaleiro caracterizava-se por ambiente muito diverso.

Não mais as emanações pesadas da cidade grande, mas o vento leve, embalsamado de suavíssimos perfumes.

Reflectia eu na bondade do Senhor, que nos oferecia recursos novos, quando Aniceto voltou a dizer:
— A Natureza nunca é a mesma em toda parte.
Não há duas porções de terra com climas absolutamente iguais.

Cada colina, cada vale, possui expressões climatéricas diferentes.

É forçoso reconhecer, porém, que o campo, em qualquer condição, no círculo dos encarnados, é o reservatório mais abundante e vigoroso de princípios vitais.

Em geral, todos nós, os cooperadores espirituais, estimamos o ar da manhã, quando a atmosfera permanece igualmente em repouso, isenta dos glóbulos de poeira convertidos em microscópicos balões de bacilos e de outras expressões inferiores.

Entretanto, os trabalhos de hoje não nos permitiram o descanso mais cedo...
Apoiamo-nos no veludoso relvado, e, percebendo-nos a sede de saber, Aniceto prosseguiu:
Assim me explico, porque na floresta temos uma densidade forte, pela pobreza das emanações, em vista da impermeabilidade ao vento.

Aí, o ar costuma converter-se em elemento asfixiante, pelo excesso de emissões dos reinos inferiores da Natureza.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 06, 2012 10:40 pm

Na cidade, a atmosfera é compacta e o ar também sufoca, pela densidade mental das mais baixas aglomerações humanas.

No campo, desse modo, temos o centro ideal...
Indicando, prazeroso, as frondes balouçantes, acentuou:
— Reina aqui a paz relativa e equilibrada da Natureza terrestre.
Nem a selvajaria da mata virgem, nem a sufocação dos fluidos humanos.

O campo é nosso generoso caminho central, a harmonia possível, o repouso desejável.

Embalados ao pio de algumas juritis solitárias, repousamos algumas horas, magnificamente asilados no templo da Natureza.

Com as primeiras tonalidades do crepúsculo, Aniceto nos convidou a passeio rápido pelas imediações.

Reconhecia que estávamos muito mais bem dispostos.
— Somente depois de nos locomovermos por alguns minutos, observei que nas vizinhanças havia grande quantidade de trabalhadores espirituais.

Em face das minhas interrogações, nosso mentor explicou, bondosamente:
— O campo é também vasta oficina para os serviços de nossa colaboração activa.

E apontando os servidores, que iam e vinham, considerou:
— O reino vegetal possui cooperadores numerosos.

Vocês, possivelmente, ignoram que muitos irmãos se preparam para o mérito de nova encarnação no mundo, prestando serviço aos reinos inferiores.

O trabalho com o Senhor é uma escola viva, em toda parte.
Nesse momento, nossa atenção foi atraída por significativo movimento na estrada próxima.

Dirigimo-nos para lá, seguindo os passos de Aniceto, que parecia adivinhar o acontecimento.

Observei, então, um quadro interessante:
um homem jazia por terra, numa poça de sangue, ao lado de pequeno veículo sustentado por um muar impaciente, dando mostras de grande inquietação.

Dois companheiros encarnados prestavam socorro ao ferido, apressadamente.
“É preciso conduzi-lo à fazenda sem perda de tempo”, dizia um deles, aflito, “temo haja fracturado o crânio.”

O número de desencarnados que auxiliava o pequeno grupo, todavia, era muito grande.

Um amigo espiritual que me pareceu o chefe, naquela aglomeração, recebeu Aniceto e a nós com deferência e simpatia, explicou rapidamente a ocorrência. O carroceiro havia recebido a patada de um burro e era necessário socorrer o ferido.

Serenada a situação, vi o referido superior hierárquico chamar um guarda do caminho, interpelando:
— Glicério, como permitiu semelhante acontecimento?
Este trecho da estrada está sob sua responsabilidade directa.

O subordinado, respeitoso, considerou sensatamente:
— Fiz o possível por salvar este homem, que, aliás, é um pobre pai de família.
Meus esforços foram improfícuos, pela imprudência dele.

Há muito procuro cercá-lo de cuidados, sempre que passa por aqui;
entretanto, o infeliz não tem o mínimo respeito pelos dons naturais de Deus.
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