LUZ ESPÍRITA
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ARTIGOS DIVERSOS II

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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty Opinião Espírita (Parte 6)

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2017 10:41 am

Damos continuidade nesta edição ao estudo sequencial do livro Opinião Espírita, obra lançada pela FEB em 1963, com textos de autoria de Emmanuel e André Luiz, psicografados, respectivamente, pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

Questões preliminares

A. Nosso futuro depende do que fazemos hoje?

Sim. Diz André Luiz que muita gente renasce de novo para passar a limpo a garatuja dos próprios actos.
Depende de cada um fazer das nuvens provações, chuvas benfeitoras da vida ou raios destruidores de morte.
(Opinião Espírita, cap. 19: O espírito do Espiritismo.)

B. Às pessoas que estão sempre pedindo, suplicando, rogando ajuda, qual o recado de André Luiz?
O recado é simples e directo.
Não basta rogar sem méritos do trabalho pessoal, porquanto ninguém transforma as mãos implorantes em gazuas para abrir as portas dos celeiros espirituais.
(Opinião Espírita, cap. 19: O espírito do Espiritismo.)

C. Simbolicamente, o amor é o coração do Evangelho.
Nesse mesmo sentido, qual é o espírito do Espiritismo?

É preciso que nos armemos de confiança e saiamos de nós mesmos, servindo às vidas em redor.
O amor é o coração do Evangelho e o espírito do Espiritismo chama-se caridade.
(Opinião Espírita, cap. 19: O espírito do Espiritismo.)

Texto para leitura

111. O espírito do Espiritismo – Consciência individual – eis o oráculo do bom senso ante a justiça inseduzível de Deus.
Não nos satisfaça atender simplesmente aos nossos deveres, porém que abracemos espontaneamente a obrigação de cumpri-los com êxito.
(Opinião Espírita, cap. 19: O espírito do Espiritismo.)
112. Não descreias de tua força interior.
Não te sintas incapaz, porque tanto estás habilitado a fazer o mal quanto o bem, lembrando que a chama da vela tanto pode estar aquecendo e iluminando, quanto incendiando e destruindo...
(Opinião Espírita, cap. 19: O espírito do Espiritismo.)
113. Sobre a ênfase das palavras cativantes, avança além dos lugares-comuns em torno da beneficência, praticando-a com a precisa fidelidade a ti mesmo.
(Opinião Espírita, cap. 19: O espírito do Espiritismo.)
114. As Leis do Criador, imutáveis desde o passado sem início até o futuro sem fim, prescrevem o clima do auxílio mútuo por ambiente ideal das almas em qualquer páramo do Universo.
Quem beneficia recebe o maior quinhão do benefício.
Todo supérfluo é retido nos laços do egoísmo ou da ignorância.
(Opinião Espírita, cap. 19: O espírito do Espiritismo.)
115. Reconheçamos que muita gente renasce de novo para passar a limpo a garatuja dos próprios actos.
Depende de cada um fazer das nuvens provações, chuvas benfeitoras da vida ou raios destruidores de morte.
(Opinião Espírita, cap. 19: O espírito do Espiritismo.)
116. Não basta rogar sem méritos do trabalho pessoal, porquanto ninguém transforma as mãos implorantes em gazuas para abrir as portas dos celeiros espirituais.
(Opinião Espírita, cap. 19: O espírito do Espiritismo.)
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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS II

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2017 10:41 am

117. As lágrimas tanto conseguem exprimir orações quanto blasfémias.
O silêncio na tarefa mais apagada surge sempre muito mais expressivo que o queixume na inutilidade brilhante.
(Opinião Espírita, cap. 19: O espírito do Espiritismo.)
118. O raciocínio descobre a vizinhança entre a fé e o entendimento e a distância entre a fé e o fanatismo.
Os homens não são fantoches do destino e sim construtores dele.
(Opinião Espírita, cap. 19: O espírito do Espiritismo.)
119. Arma-te de confiança e sai de ti mesmo, servindo às vidas em redor.
O amor é o coração do Evangelho e o espírito do Espiritismo chama-se caridade.
(Opinião Espírita, cap. 19: O espírito do Espiritismo.)
120. Na conduta de Cristo – Basta desejar e qualquer um poderá comprovar nos versículos evangélicos que, nos três anos de vida messiânica, Jesus:
Em tempo algum duvidou do Pai;
Nenhuma vez operou em proveito próprio;
Não recusou a cooperação dos trabalhadores menos respeitáveis que as circunstâncias lhe ofereciam;
Jamais deixou de atender às solicitações produtivas e nem chegou a relacionar as requisições irreflectidas que lhe deram endereçadas;
Não discriminou pessoas ou recintos para prestação de auxílio;
Nada fez de inútil;
Nada fugiu de regular o ensinamento da verdade conforme a capacidade de assimilação dos ouvintes;
Nunca foi apressado;
Nada fez em troca de recompensa alguma, nem mesmo na expectativa de considerações quaisquer.
(Opinião Espírita, cap. 21: Na conduta de Cristo.)
121. Realmente, se Jesus não fez isso, por que faremos?
(Opinião Espírita, cap. 21: Na conduta de Cristo.)
122. Aplicada a conduta de Cristo à mediunidade, compreenderemos facilmente que, se possuímos a fé raciocinada, é impossível vacilar em matéria de confiança no auxílio espiritual; que tarefeiro a deslocar-se para acções de benefício próprio figura-se lâmpada que enunciasse o despropósito de acreditar-se brilhante sem o suprimento da usina; que devemos atender às petições de concurso fraterno que nos sejam encaminhadas dentro dos nossos recursos, sem a presunção de tudo saber e fazer, quando o próprio sol não pode substituir o trabalho de uma vela, chamada a servir no recesso da furna; que o aprendiz da sabedoria interessado em carregar inutilidades e posses estéreis lembra um pássaro que ambicionasse planar nos céus, repletando a barriga com grãos de ouro.
(Opinião Espírita, cap. 21: Na conduta de Cristo.)
123. Na mediunidade com Cristo, principalmente, faz-se preciso reconhecer que a pressa não ajuda a ninguém, que ele, o Mestre, nada exigiu e nada fez a toque de força, e nem transformou situações ou criaturas, através de empresas milagrosas, porque todo trabalhador sem paciência assemelha-se ao cultivador dementado que arrancasse, diariamente, do seio da terra, a semente viva, nela depositada, para verificar se já germinou.
(Opinião Espírita, cap. 21: Na conduta de Cristo.)

(Continua no próximo número.)

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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty Por que não lembramos de vidas passadas?

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2017 7:43 pm

Se formos mesmo todos reencarnados, por que não nos lembramos das existências passadas?

É uma questão intrigante, causa mesmo de dúvidas em muita gente.
O esquecimento do passado (existências anteriores) indica a sabedoria de Deus.
A lembrança viva de episódios vividos anteriormente traria vários inconvenientes, entre os quais relacionamos:
a) poderia humilhar-nos intensamente, pela lembrança desagradável de muitos deslizes morais, especialmente quando envolvendo terceiros;
b) exaltação do orgulho e da prepotência, em virtude de posições de destaque no passado;
c) danosos efeitos nas relações sociais, pois se tivéssemos as nossas lembranças, teríamos a dos outros também;
d) traumas continuariam impedindo condições de felicidade e progresso;
e) ódios e vinganças estariam minando os relacionamentos e provocando novos agravamentos.
Entre as inumeráveis vantagens, fruto da Sabedoria Divina – repetimos –, encontramos:
a) oportunidade de recomeço, sem lembranças perturbadoras;
b) o progresso efectuado permite-lhe, agora com mais lucidez, optar por novos aprendizados;
c) reconciliação com antigos adversários sem que necessariamente haja o constrangimento das recordações que a poderiam impedir;
d) superação de traumas passados em circunstâncias ora renovadas;
e) novas vivências e aprendizados sem que o passado venha a importunar;
f) aquisição de novas experiências sem qualquer ligação com o passado.
Os que desconhecem o processo alegam que o esquecimento seria impeditivo para a reconstrução do próprio caminho, quando na verdade este apagar das lembranças significa verdadeira bênção.
Deus nos beneficia com o esquecimento, colocando como que um véu em nossa memória para que os erros e equívocos do passado não sejam amarras ou pesos que nos impeçam de construir ou reconstruir a própria felicidade.
Por outro lado, se quisermos saber o que fomos ou fizemos antes desta existência, basta observar com atenção nossas tendências, habilidades, quedas morais, laços que nos ligam a certas pessoas e poderemos avaliar que tipo de procedimento ou vivência adoptamos nas existências anteriores.
Esta análise íntima permite corrigir os caminhos actuais.
Para conhecer mais, leitor, procure ler e estudar as questões 392 a 399 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.
O assunto é empolgante, mas a Doutrina Espírita recomenda muito discernimento, evitando curiosidades desnecessárias.
Essencial mesmo é o bom comportamento agora para construir um futuro melhor.

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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty Desafio ao extraordinário

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2017 12:08 pm

… De vinte séculos [para cá], surge o desafio do Mestre, indagando sobre o que de extraordinário estamos fazendo…
Antes de Jesus, fazia-se o ‘feijão com arroz’ – não que estes não sejam bons!
Desejamos dizer que até então se cumpria o ordinário da lei mosaica, muito mais para exterioridades que para a elevação dos Espíritos.
A partir principalmente do sermão do Monte, o divino Rabi nos desafia ao extraordinário; ao algo mais; uma espécie de tempero especial ao prato diário:
Poderíamos até ser ricos, mas termos coração de pobre: tal comportamento nos avalizaria um Reino.
Tal como garimparmos aqui e acharmos o tesouro Lá!
Precisaríamos compreender que lágrimas derramadas seriam efeitos de nossas causas; portanto choradas como reparação e provação.
Brandos fariam a transição e “possuiriam a terra” da humanidade regenerada.
Que a justiça mais confiável é a Divina.
Misericordiosos, puros e pacíficos veriam os Anjos de Deus mais de perto.
Falou-nos que nos representaria quando brigássemos por Sua Bandeira e que com ela seríamos apresentados ao Pai, como já acontecera a uma falange de profetas.
Foi mais agudo: solicitou-nos perdão incondicional, como se o desejássemos a nós; que fôssemos sal e luz, segundo nosso estágio; que uma mão desconhecesse o bem feito pela outra; que saudássemos também os estranhos; e que orássemos recolhidos, sem afectação.
Recomendou-nos servir a um só Senhor; que apenas juntássemos tesouros não perecíveis; que tivéssemos a confiança das aves do céu; que não julgássemos para não sermos constrangidos; que nos preocupássemos apenas com a trave de nosso olho; e que confiássemos no Pai dos Céus que jamais nos dará pedra ou escorpião como alimento.
Conta-nos Mateus que ao término desse discurso, a multidão estava impressionada com as coisas proferidas. Jesus não falava como os oradores escribas, mas, como quem tinha a chancela do Pai, nos desafiava ao extraordinário, já que o ordinário era feito pelos fariseus todos os dias!...

(Sintonia: Xavier, Francisco Cândido, ditado por Emmanuel, Fonte viva, Cap. 96, Além dos outros; 1ª edição da FEB.)

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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty A inveja da excursão

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2017 8:26 pm

Naquele dia, por alguma razão, algumas crianças daquela classe estavam bastante descontentes com a vida, irritadas e sempre pensando o pior.
Na verdade, os colegas de outra classe mais adiantada haviam planeado fazer um passeio e estavam muito contentes; trouxeram lanches e iriam passear de ónibus com a professora.
Ao ver os colegas entrarem no ónibus satisfeitos e risonhos, os menores mostraram-se descontentes.
A professora, ao ver o mau humor da classe, tentou melhorar o ânimo de cada um afirmando:
— Não fiquem tristes!
Hoje são seus colegas que irão passear, em outro dia serão vocês que poderão estar como eles hoje, saindo e aprendendo mais na visita a um museu, a uma festa ou a algum belo parque para brincarem à vontade!
Mas os alunos estavam realmente irritados com a alegria dos colegas maiores.
A professora, vendo a classe infeliz, indagou:
— Todos vocês aqui pensam da mesma forma?
E se o passeio que fazem hoje não for tão bom nem tão interessante?
Vão ficar contentes?
Isso tem um nome: é inveja!
De repente, Pedrinho levantou a mão e disse:
— Professora, eu não vejo assim!
Acho que todos nós temos que ter nossa oportunidade, que pode ser até melhor do que a deles!
— Isso mesmo, Pedrinho.
Será que esse passeio será tão bom assim? E se chover?
E se acontecer de furar um pneu do ónibus e tiverem de ficar na estrada, esperando consertar, em vez de passearem, como planearam?
Nesse momento, outro aluno levantou a mão e lembrou que certa vez a família dele saiu a passear e quebrou uma peça do carro, e eles ficaram muitas horas parados, sem fazer nada, esperando arrumar a peça para colocar no carro!
Outro aluno levantou a mão e concordou:
— Nós também, professora!
A última vez que fomos para a praia, um carro bateu no nosso e foi a maior dificuldade para podermos chegar ao nosso destino, que era a praia!
Então a professora olhou para a classe toda e concordou:
— Viram como nem tudo é alegria quando se sai em passeio?
Quem sabe o que pode acontecer com eles?
Precisamos orar por essa turma que acabou de sair hoje, para que nada aconteça de errado na excursão deles!
Não é o que gostaríamos que fizessem connosco, se fôssemos nós a estarmos na estrada?
Os alunos concordaram com ela e alguém sugeriu:
— Professora, vamos fazer uma oração por essa turma que saiu hoje?
— Bem lembrado, Júlio.
Vamos sim, será muito bom para todos eles e para nós também, que deixamos a nossa inveja de lado!
Como foi você que lembrou, quer fazer a oração por nós, Júlio?
O menino aceitou e, fechando os olhos, começou a orar:
— Senhor Jesus, ajude nossos colegas que saíram hoje para uma excursão, de modo que todos eles possam voltar em paz para a nossa cidade.
Que suas bênçãos os envolvam a todos e que nós, quando formos também fazer nossa excursão, que tudo corra muito bem.
Obrigado, Senhor, pelas dádivas que temos recebido em nossas vidas:
o dom de aprender, a possibilidade de enxergar, o ar que respiramos, a bênção de ouvir, de podermos andar e também por podermos aprender.
Abençoe-nos a todos que aqui estamos e também nossas famílias.
Obrigado, Jesus Amigo!...

MEIMEI

(Recebida por Célia X. de Camargo, em 24/07/2017.)

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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty O Génio Humano na Sociedade

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 01, 2018 11:52 am

A sociedade humana, que é uma construção do génio humano, continua, complexa, apesar de toda a evolução da sua estratégica organização, da proliferação e aplicação de regras, complexa, difícil e conflituosa, gerando situações que já não são compatíveis com o estatuto superior que deveria corresponder à dignidade da pessoa humana, numa organização que tem a obrigação de se conduzir pelos princípios, valores, sentimentos e emoções, referenciais desta superior espécie.
O homem (abrangendo, obviamente, os dois géneros:
feminino e masculino) que ao longo da sua história, a partir do seu mais remoto antepassado, cientificamente denominado por “hominídeo”, considerando, ainda, a sua evolução, nas abordagens filogenética e ontogenética, certamente que tem sido objecto de um progresso, a todos os títulos notável, que nenhuma outra espécie animal terá conseguido.
A incapacidade para o homem alcançar os absolutos não significa, de modo algum, uma situação de total relativismo, porque dentro das limitações humanas, existem situações, valores, princípios, sentimentos, emoções, deveres e direitos que não devem ser relativizados, de contrário, duvidar-se-ia das realizações que a ciência, o conhecimento, a técnica e os resultados concretos têm revelado ao homem; este duvidaria, no limite, da sua própria existência.
O que se pretende alertar é para a precariedade da espécie humana, com o dramatismo que lhe é dado viver, justamente por conhecer as suas próprias insuficiências e limitações concretas.
Afigura-se, portanto, difícil, afirmar que uma determinada pessoa é, absolutamente, ética, moral, honesta, perfeita ou qualquer outro atributo sublime.
Descobrir, aplicar e validar a fórmula mágica para pacificar a sociedade humana são tarefas que, decididamente, não se vislumbram com facilidade, e até se pode questionar se alguma vez isso será possível, pelo menos sem a vontade e determinação de todos os indivíduos.
Parece haver todo um longo e relativamente difícil caminho a percorrer, cujo início terá de se estabelecer na base de uma formação inicial, bem cedo na vida, continuando com uma actualização persistente ao longo da existência humana, nos domínios da cidadania.
Lançar as bases para uma “Nova Ordem Internacional Cívica”, elegendo a cidadania como um imperativo universal, no que ela contém de princípios, deveres, direitos, valores e/ou, se se preferir, uma ética comprometida com a sociedade, uma ética exercida com competência por todos os cidadãos, independentemente do seu estatuto.
Vivenciar e usufruir dos benefícios da cidadania, numa sociedade democraticamente livre, será, porventura, a situação que todo cidadão responsável e competente deseja.
O cidadão moderno, culto, no sentido antropológico que o conceito de cultura implica, capaz de utilizar, para o bem comum, todas as suas capacidades cognitivas, técnicas e humanas, deverá ser formado, rapidamente, através e pelas diversas instituições da sociedade global:
família, escola, Igreja, comunicação social, comunidades, vizinhos, empresas e até pela “Instituição” Natureza que tanto pode ensinar quando o homem lhe presta atenção.
Atitudes de confiança nas capacidades humanas e no desenvolvimento de boas práticas constituem algumas das estratégias possíveis para se erradicarem do indivíduo, da comunidade e do universo, diversas patologias preconceituosas, que impedem o homem de se manifestar pelo seu lado bom, que lhe será inato.
O processo que pode, em grande parte, contribuir para uma sociedade melhor, no sentido da justiça, da paz e do bem-estar colectivos, passa, também e necessariamente, pela educação e formação éticas.
Haverá, porventura, alguma falta de sensibilidade para os valores da solidariedade, da caridade e da entreajuda; alguma ausência de ética para o dever de proteger os mais fracos e discriminados.
Interiorizar um conjunto de valores, no domínio da ética social, que conduzam às boas práticas da convivência humana, digna entre cidadãos, que deveriam ter todos o mesmo estatuto de cidadania, poderá ser uma outra estratégia que, apoiada em diversos recursos humanos e financeiros, eliminaria esta chaga social, que alastra com o aumento da discriminação e da exclusão social, política, laboral, cívica, religiosa e outras, mais se aproximando de uma “globalização da exclusão”, porque remete milhões de cidadãos, grande parte dos quais deram, enquanto novos, o seu melhor à sociedade que agora os exclui para os guetos da miséria, do esquecimento e do ostracismo.
A comunidade em geral e o indivíduo em particular devem preparar-se para a construção de uma nova Ordem Internacional para a Ética e para a Justiça que imponha a igualdade no respeito pelas diferenças, sem discriminações:
sejam privilégios; sejam exclusões negativas, num espírito de solidariedade, cada vez mais abrangente, aceitando, naturalmente, as diferenças entre indivíduos e povos, porque ela é natural e caracteriza cada parte.
A igualdade deve ser estabelecida, precisamente, no que respeita ao relacionamento interpessoal, no acesso às oportunidades e aos bens comuns, porque, no restante, é muito complexo, eventualmente injusto, tratar de forma igual aquilo que é desigual.
O conceito de Justiça, a partir do respeito pelas diferenças, pode ser um atributo das democracias modernas.
Uma ética societária que apele para o compromisso do dever e motive para o cumprimento dos deveres sociais de solidariedade, de respeito pela dignidade de toda a pessoa humana e recuperação/integração de todos quantos estão excluídos, constitui, no início deste século XXI, um imperativo universal.
Assuma-se, inclusivamente, a Ética no seu sentido pragmático, de boas práticas, porque o importante e decisivo é que todo o cidadão interiorize o conceito do dever, como uma boa metodologia ao serviço daqueles que mais necessitam.
Uma Ética dos valores religiosos, políticos, sociais, econômicos, profissionais e cívicos.

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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty Entre os Dois Mundos (Parte 3)

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 01, 2018 7:55 pm

Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco no ano de 2004.

Questões preliminares

A. Quem foi, no passado, Policarpo, o orador convidado para falar aos trabalhadores do grupo que Manoel Philomeno integrava?
Policarpo foi um dos inúmeros mártires do Cristianismo dos primeiros tempos, levado ao suplício numa arena romana durante uma das cruéis perseguições desencadeadas pelo imperador Diocleciano, por ocasião do fim da sua governança, no começo do século quarto da Era cristã.
Aprisionado no norte da África, onde se celebrizara pelo verbo inflamado e pelas acções dignificantes de caridade e de amor, Policarpo foi enviado em ferros a Roma com a família – mulher e dois filhinhos – bem como outros discípulos do Rabi, sendo atirado às feras, num dos turbulentos festivais de loucura.
(Entre os dois mundos. Capítulo 2: O amigo de Jesus.)

B. Que facto se verificou em seguida à morte de Policarpo e seus companheiros?
Quando a noite chegou, após o público insano ter abandonado o Circo e as feras serem recolhidas, os corpos começaram a ser atirados sobre as carroças conduzidas por escravos embriagados.
Então, do infinito incomparável, diáfana luz desceu na direcção da arena, servindo de passarela para uma coorte de seres angélicos que, entoando sublimes canções, aproximou-se do lugar do holocausto.
À frente, estava Jesus, nimbado de sidérea luminosidade, que recolheu Policarpo e família, enquanto os demais martirizados eram retirados dos últimos despojos pelos Seus embaixadores em clima de alegria e gratidão a Deus.
Despertando, e deslumbrando-se com o Mestre que o envolvia em claridades iridescentes, Policarpo abraçou-o, enquanto Ele confirmou:
– “Amigo querido, já transpuseste a porta estreita.
Agora vem com os teus para o meu Reino que te espera desde há muito!”
(Entre os dois mundos. Capítulo 2: O amigo de Jesus.)

C. Policarpo voltou a reencarnar na Terra depois dos episódios mencionados?
Sim. Policarpo retor­nou à Terra diversas vezes, sempre quando o pensamento do Mestre sofria adulterações, sendo a sua última jornada na condição de seareiro do Espiritismo, nele restaurando a mensagem cristã que havia sido aviltada através dos tempos.
(Entre os dois mundos. Capítulo 2: O amigo de Jesus.)

Texto para leitura

48. O amigo de Jesus – Em determinado momento, com a bonomia que lhe é habitual, José Petitinga informou, dirigindo-se ao autor desta obra:
“Como você recorda, hoje estamos recebendo a visita de querido amigo procedente de elevada esfera espiritual, que nos vem trazer palavras de levantamento moral e orientações para as tarefas que nos dizem respeito em relação ao futuro.
O irmão Policarpo, que hoje nos honra com a sua presença, é mártir cristão, que ofereceu a vida ao Divino Mestre na arena romana durante uma das cruéis perseguições desencadeadas pelo imperador Diocleciano, por ocasião do fim da sua governança, no começo do século quarto da nossa Era.
A sua implacável perseguição aos cristãos, que consi­derava como um grande perigo para o Império e para a sua autoridade, ceifou milhares de vidas mediante terríveis suplícios que lhes foram infligidos em todas as regiões por onde se espraiavam as suas províncias, sendo praticamente todo o mundo conhecido...
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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS II

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 01, 2018 7:55 pm

Ante a rudeza das calamitosas refregas, não foram poucos aqueles que abjuraram a fé, rendendo culto ao imperador e aos deuses, provocando dilaceradoras angústias nas falanges dos servidores do Cristo.
Aprisionado no norte da África, onde se celebrizara pelo verbo inflamado e pelas acções dignificantes de cari­dade e de amor, Policarpo foi enviado em ferros a Roma com a família – mulher e dois filhinhos – bem como outros discípulos do Rabi, sendo atirado às feras, num dos turbulentos festivais de loucura.
Altivo e de ascendência nobre, em razão de ser romano de nascimento, foi-lhe proporcionado ensejo de renunciar à fé, retornando ao culto dos ancestrais, providência que pouparia a sua e a existência da família.
Embora de alma dilacerada pelos sofrimentos que lhes seriam impostos, optou pela fidelidade à consciência, sendo martirizado com os seus.
Conta-se que, antes de ser atirado à arena, em face da sua inteireza moral, por ordem superior foi supliciado pela soldadesca, enquanto a mulher e os filhinhos eram submetidos a humilhações inomináveis.
Igualmente portadora de alta espiritualidade, Flamínia, a companheira digna, ao invés de atemorizar-se, mais confiou nos desígnios divinos, revestindo-se de coragem e de fé inquebrantáveis, que surpreendiam aqueles insensíveis algozes da sua firmeza moral.
(Entre os dois mundos. Capítulo 2: O amigo de Jesus.)

49. Comovido pela evocação do testemunho desses espíritos de escol, Petitinga fez uma pausa e, de imediato, prosseguiu:
“No dia em que deveriam servir de repasto aos leões, leopardos e tigres esfaimados, Policarpo foi jogado no meio dos companheiros atemorizados, lanhado e esgotado nas forças pelos flagícios sofridos, e, mesmo assim, tentou recompor-se, para transmitir ânimo àqueles que, não obstante o amor e a confiança no Mestre, choravam apavorados temendo o próximo terrível testemunho que os aguardava.
O subterrâneo infecto por dejetos e cadáveres não removidos tornara-se lôbrego e nauseante.
Aqueles que ali se encontravam haviam perdido praticamente o discernimento e, hebetados uns pelo medo, agitados outros pelo desespero, estremunhados diversos, vendo-se abandonados, subitamente sentiram a mudança da atmosfera, quando ventos inesperados que sopravam no ardente mês carrearam o doce perfume dos loendros dos arredores abertos aos cálidos beijos do sol.
De imediato, uma psicosfera de paz invadiu o recinto sombrio e fez-se um significativo silêncio, enquanto o rugir dos animais misturava-se à algazarra desmedida da multidão agitada pelos corredores, assomando às arquibancadas e galerias, aplaudindo o espectáculo burlesco que sempre precedia às matanças desordenadas.
Foi nesse momento que o apóstolo, recuperando as energias e inspirado pelos emissários do Senhor, convidou o magote assustado à reflexão e à prece, elucidando:
– Morrer, por Jesus, é a honra que agora nos é concedida.
Enquanto Ele, que não tinha qualquer culpa, doou a Sua vida, para que a tivéssemos em abundância, convida-nos a que ofere­çamos a nossa, a fim de que outros, que virão depois, igual­mente possuam-na.
Morrer por amor é glória para aquele que se imola.
Enquanto o mundo nos surpreende com as suas ilusões, sombras e traições dos nossos sentidos, a mor­te é vida perene em luz e felicidade.
Não nos separaremos nunca!
Avancemos juntos, portanto, pois que o Mártir do Gólgota nos aguarda em júbilo.
O nosso sangue irá ferti­lizar o solo dos corações, a fim de que se expanda a nossa fé, modificando a Terra e elevando-a ao estágio de mundo de reabilitação”.
(Entre os dois mundos. Capítulo 2: O amigo de Jesus.)
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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS II

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 01, 2018 7:56 pm

50. Conforme relatado por Petitinga, Policarpo fez então uma ligeira pausa, dominado pela emoção que contagiava os ouvintes atentos e, de imediato, prosseguiu:
“- É fácil morrer, especialmente quando se soube viver transformando urze em flores e calhaus em estrelas.
Cantemos, dominados pela infinita alegria de doar o que possuímos de mais valioso, que é a vida física.
Jesus, que nos ama, aguarda por nós!” A emoção era geral.
Uma aragem de paz tomou-os a todos.
A esposa acercou-se-lhe com um filhinho no regaço e o outro segurando-lhe as vestes, e tocou-o.
Abraçando­-a com lágrimas, ele agradeceu-lhe a coragem, prometendo que prosseguiriam amando-se depois da sombra da noite...
Os portões foram abertos estrepitosamente.
Soldados furiosos com lanças e chibatas empurraram os prisioneiros para o centro da arena.
A gritaria infrene tomou conta da massa alucinada, que subitamente silenciou, quando eles se adentraram cantando um hino de exaltação a Jesus.
Em seguida, os animais selvagens foram atirados na sua direcção e, a pouco e pouco, as patadas violentas e as dilacerações pelos dentes afiados foram despedaçando os corpos, que tremiam exangues na areia, colorindo-a do rubro fluido orgânico.
Policarpo, a mulher e os filhinhos, formando um todo em vigoroso abraço de sustentação moral, foram alcançados e despedaçados...
Após as primeiras dores uma anestesia total tomou-lhes a consciência e pareceram adormecer, enquanto o espectáculo dantesco prosseguia...
Embora remanescesse débil claridade do Sol poen­te no áspero verão de agosto, a noite avançava, deixando aparecer as primeiras estrelas faiscantes como olhos que observassem as inconcebíveis calamidades humanas.
(Entre os dois mundos. Capítulo 2: O amigo de Jesus.)

51. Dando prosseguimento ao seu relato, Petitinga acrescentou que, quando a noite fez-se total, após o público insano ter abandonado o Circo, as feras serem recolhidas, os corpos começaram a ser atirados sobre as carroças conduzidas por escravos embriagados, vestidos de faunos e portando com­portamentos obscenos. Então, do infinito incom­parável, diáfana luz desceu na direcção da arena, servindo de passarela para uma coorte de seres angélicos que, entoando sublimes canções, aproximou-se do lugar do holocausto.
À frente, estava Jesus, nimbado de sidérea luminosi­dade, que recolheu Policarpo e família, enquanto os demais martirizados eram retirados dos últimos despojos pelos Seus embaixadores em clima de alegria e gratidão a Deus.
Despertando, e deslumbrando-se com o Mestre que o envolvia em claridades iridescentes, Policarpo abraçou-o, enquanto Ele confirmou:
– “Amigo querido, já transpuseste a porta estreita.
Agora vem com os teus para o meu Reino que te espera desde há muito!”
Petitinga então concluiu:
“Policarpo, depois daquela doação a Jesus, retornou à Terra diversas vezes, sempre quando o pensamento do Mestre sofria adulterações, sendo a sua última jornada na condição de seareiro do Espiritismo, nele restaurando a mensagem cristã que havia sido aviltada através dos tempos.
É esse benfeitor, apóstolo do Evangelho, que nos hon­rará com a sua palavra dentro de alguns minutos.
Não posso sopitar o anseio de ouvi-lo, de senti-lo próximo do coração e aprender com ele o exemplo da doação total, preparando­-me para os futuros cometimentos”.
(Entre os dois mundos. Capítulo 2: O amigo de Jesus.)
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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS II

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 01, 2018 7:56 pm

52. Petitinga e Philomeno dirigiram-se, em seguida, ao auditório onde ocorreria a palestra de Policarpo.
O local, cuja capacida­de era para quatro mil espectadores,encontrava-se quase que totalmente lotado.
A psicosfera reinante era de contida alegria e de doces expectativas.
Em todos os rostos brilhavam os olhos que expressavam as emoções em festa no mundo interior de cada qual.
Ali podiam-se ver muitos companheiros ainda mergulhados na experiência carnal, convidados que foram para o incomum acontecimento, assessorados pelos seus mentores espirituais que os trouxeram, a fim de que retornassem ao corpo com a memória do evento e das lições que iriam ser oferecidas.
Aragens perfumadas espraiavam-se em todas as direcções.
Música suave de exaltação à vida vibrava no espaço grandioso, alternada com vozes em coral infantil, que enternecia os presentes.
A claridade reinante chamava a atenção, porque não provinha especialmente de quaisquer instrumentos específicos para produzi-la.
Era como se todo o edifício fosse construído de substância luminosa irradiante, enquanto que, no local reservado aos visitantes e convidados especiais, tornava-se multicor em suaves tons que produziam bem-estar difícil de ser definido.
Somente o Amor de Deus – observou Philomeno – pode oferecer-nos tão especiais oportunidades de iluminação e de felicidade além dos convencionais interesses transitórios do mundo físico.
“As aquisições que todos iriam amealhar teriam sabor de eternidade.”
(Entre os dois mundos. Capítulo 2: O amigo de Jesus.)

53. No recinto, aguardando a fala do orador convidado, o irmão José Petitinga mergulhara em meditação, enquanto seu semblante se adornava de peregrina beleza, o que se podia observar em outros muitos espíritos ali presentes, caracterizando os seus níveis de evolução.
Nenhuma bulha nem tumulto habituais em aglome­rações de tal porte.
Todos estavam conscientes da responsabilidade imensa do momento e de quanto lhes seria valioso aproveitar cada instante para insculpir definitivamente no coração e na mente a Mensagem de Vida Eterna que logo mais seria ministrada.
Os desencarnados presentes, que aguardavam oportunidade para o retorno ao querido planeta, que nos serve de colo de mãe generosa e onde temos ocasião de aplicar as inabordáveis contribuições do Mundo Maior, estavam conscientes do significado do momento e do seu valor para seu aprimora­mento pessoal intransferível.
Foi então que o responsável pela solenidade apre­sentou-se, convocando a todos à recepção do visitante especial – Policarpo, um dos mártires do Cristianismo nascente.
(Entre os dois mundos. Capítulo 2: O amigo de Jesus.)

(Continua no próximo número.)

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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty Um minuto com Chico Xavier

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 02, 2018 10:38 am

por Regina Stella Spagnuolo

Nos anos de 1928 e 29, Chico começou a cobrir páginas e páginas com poemas.
Os melhores poemas escritos por ele eram obras sem dono.
O poeta negava a autoria dos versos.
Eles apareciam quando o rapaz, aflito, sentia uma pressão na cabeça como se um cinto de chumbo comprimisse seu cérebro – e um peso no braço direito, como se ele se transformasse numa barra de ferro e fosse arrastado por forças poderosas.
Os textos se acumulavam anónimos e repetiam a mesma cartilha: amor, compreensão, tolerância.
Os companheiros do centro liam a papelada e sugeriam a publicação.
Só havia um problema.
Quem assinaria as obras?
Chico consultou o irmão, José Cândido, e eles decidiram pedir conselhos ao director do jornal espírita carioca Aurora, Inácio Bittencourt.
O jornalista convenceu o rapaz de Pedro Leopoldo a colocar seu nome embaixo dos poemas.
"F. Xavier" começou a aparecer em várias publicações com o consentimento dos escritores invisíveis.
Chico nunca se esqueceu de como o soneto "Nossa Senhora da Amargura" chegou às suas mãos e se espalhou pelo papel.
Uma noite, ele rezava quando viu aproximar-se uma jovem reluzente.
Pediu papel e lápis e começou a escrever.
A aparição chorava tanto que Chico começou a se debulhar em lágrimas também.
No final das contas, ele já não sabia se os seus olhos eram os dela ou vice-versa.
Muito mais tarde identificaria a dona daquelas pupilas:
a poetisa Auta de Souza, do Rio Grande do Norte, que morreu em 1901, com 24 anos.
Na época, ele assinou embaixo F. Xavier – e se sentiu culpado quando recebeu de um crítico português uma carta recheada de pontos de exclamação e adjectivos entusiasmados.
“Recebi elogios por um trabalho que não me pertencia”, dizia ele.
Em 1931, Chico já não sentia a pressão alucinada na cabeça nem o enrijecimento doloroso no braço.
Tinha aprendido a se entregar, a não criar resistência.
Às vezes, um volume imaterial aparecia diante de seus olhos e era dali, daquelas páginas invisíveis, que Chico copiava os textos do outro mundo.
Em outras ocasiões, escrevia como se alguém lhe ditasse as mensagens e, enquanto colocava as palavras no papel, experimentava no braço a sensação de fluidos eléctricos e, no cérebro, vibrações indefiníveis.
De vez em quando, esse estado atingia o auge e Chico perdia a sensação do próprio corpo.
Sem medo, já podia ser o instrumento passivo dos mortos-vivos.

Um feiticeiro.
Um maluco incapaz de separar o sonho da realidade.
Os rumores persistiam na cidade.
Um padre de Belo Horizonte fez um discurso inflamado na igreja de Pedro Leopoldo contra o Espiritismo e encerrou o sermão mandando Chico Xavier para o inferno.
O rapaz, impressionado, correu para o colo invisível da mãe, contou seu drama e ouviu dela o muxoxo:
- E daí? Ele te mandou para o inferno, mas você não vai.
Fique na Terra mesmo...
Poucas semanas depois, um intelectual, também de Minas, desembarcou na cidade.
Chico vestiu sua melhor roupa e, com a pasta de poemas debaixo do braço, foi levado por um amigo até o forasteiro.
O literato passou os olhos pelos versos, classificou tudo como "bobagem" e, com os olhos fixos no autor, encheu a boca:
– Este rapaz é uma besta.
O amigo de Chico defendeu a inteligência dele, sua dedicação aos espíritos, seu cuidado com os poemas vindos do outro mundo.
O intelectual reviu seu julgamento:
– É uma besta espírita!
Chico, inconformado, buscou abrigo, mais uma vez, sob as saias de Maria João de Deus.
– Viu como eu fui insultado?
Ouviu mais um muxoxo materno:
– Não vejo insulto algum.
Acho até que você foi muito honrado.
Uma besta é um animal de trabalho.
E é valioso e útil, a serviço do Espiritismo, quando não dá coices.

Do livro As Vidas de Chico Xavier , de Marcel Souto Maior.

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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty Fraternidade sempre

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 02, 2018 9:08 pm

Há alguns dias, conversávamos com uma senhora sexagenária, que nos deu uma bela informação de solidariedade.
Disse-nos ela que tinha acabado de voltar dos Estados Unidos, onde ficara por duas semanas.
A maioria de seus filhos mora lá há 17 anos.
Um dos filhos voltou para o Brasil há dez anos, porque ficou com saudades daqui.
Os outros querem permanecer por lá.
Ela nos contou um facto que nos deixou emocionada.
Elogiou muito o povo de lá, disse que a maioria os desconhece, e do que são capazes de fazer, quando descobrem que alguém está doente e necessitado de auxílio.
Vemos o que nos é ofertado pelos jornais, uma nação rica, poderosa com capacidade de interferir em outras, se o desejar.
Nessa época, o sistema de saúde era pago, havíamos sido informada por brasileiros moradores de lá que vieram para cá que o atendimento é maravilhoso, mas que você recebe a conta e paga, centavo por centavo, dividido até em muitos anos, de acordo com sua capacidade de pagar, mas paga.
Essa era a ideia que tínhamos.
Fomos surpreendida com a história.
Disse-nos ela que a sua nora, grávida lá, descobriu um câncer no intestino.
Ela nos apresentou seu neto, de dez anos.
Quando voltaram para o Brasil, ele contava com um ano e meio de idade.
Foi salvo, com o tratamento realizado, junto com a nora.
Ela estava grávida dele.
Seu filho morava com ela, numa ilha perto de Boston.
Quando descobriram o câncer, ela tinha que se submeter à quimioterapia.
Para irem ao hospital seria necessário barco, o sistema de ferryboat.
Segundo essa senhora, no dia do tratamento, o governo enviava um avião para buscá-los, sem nada pagarem.
Buscavam e levavam de volta, após o tratamento.
Nunca cobraram isso.
O mais impressionante, na opinião dela, não foi isso; foi a atitude do povo da ilha, ao saber que a nora dela estava com câncer.
Quando eles voltavam, após o tratamento, na porta da casa deles, do lado de fora, havia dezenas de sacolas, com mantimentos, verduras, carne, frutas, enfim, o que eles precisariam para passar a semana toda.
Ninguém roubava, era para eles, na hora de necessidade.
Quem ofertava? Os moradores, anónimos.
O tratamento teve sucesso, salvaram a nora e aquele neto, agora com dez anos.
Disse essa senhora que nunca cobraram nada, que ela ficou encantada.
O quarto do hospital parecia uma casa, de tão grande, aberto para visitas a qualquer momento.
Ficamos emocionada com o caso, pois pouco sabemos do lado bom e gentil desse povo americano.
Estamos acostumados com o brasileiro bom e amoroso.
Há poucos dias recebemos uma informação de uma pesquisa feita pela rede CNN a nível mundial que o brasileiro foi escolhido o melhor do planeta, pela população do mundo.
Em segundo lugar, Cingapura.
Com todos os problemas que enfrentamos, de pobreza, de economia falida, de corrupção, de crimes, o brasileiro foi escolhido o melhor do mundo!
Sabíamos disso, o povo brasileiro é generoso e bom.
O Brasil será um dia um país onde todos serão respeitados pela moralidade de seus habitantes, que em situações de dor vão aprender a valorizar a honestidade, a honra, porque generosidade aqui existe.
Vale a pena, no entanto, aprender o que é bom com os outros, e essa acção dos americanos na ilha é uma boa lição de amor para todos nós.
O amor deve ser vivenciado todos os dias.
Na alegria ou na dor, ele é o ensinamento maior do nosso Senhor Jesus, o Mestre a quem amamos.
O Espiritismo é sua bandeira de luz para todos nós.
Caridade, Fraternidade, Tolerância, na bandeira espírita, simboliza que devemos estender mãos generosas para todos, sempre.
Empatia, perceber a dor do outro, amar mais uns aos outros é o que devemos buscar fazer.
“Os meus discípulos serão conhecidos pelo amor que se dedicarem uns aos outros”, afirmou Jesus.
O amor cresce na Terra em todas as nações. Um dia, a humanidade transformada, com amor, se lembrará da fase infantil de seus habitantes, quando o mundo ainda não era solidário.
A fraternidade reinará entre todos.
Estamos progredindo.
A reencarnação nos favorece para que em cada oportunidade de vida na Terra nos tornemos melhores do que somos.
Aproveitemos a oportunidade agora e aprendamos a ser melhores.

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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty Mundo natural

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 03, 2018 12:07 pm

Há o pai biológico, e a mãe biológica, mas eu diria que o pai espiritual do homem que eu sou é a criança que eu fui. (José Saramago)
Perdoem-me os moradores desses grandes condomínios residenciais, mas nenhuma criança pode viver de brinquedoteca ou play room.
Criança necessita brincar ao ar livre, desfrutar de praças, parques, jardins, para tomar sol, adquirir resistência, assimilando ainda noções sobre o belo e a diversidade – tudo promovido de modo espontâneo pelo contacto com o mundo natural.
Dos adultos desinteressados da natureza, muitos estão a sofrer de tédio, ansiedade, depressão, raivas excessivas.
Largamente influenciados pela sociedade de consumo, pela publicidade, pela tecnologia com seu viés de aridez, se examinarmos com minúcia suas histórias particulares, a maioria deles teve infância sem natureza.
O desenvolvimento saudável de um ser humano depende de natureza.
Porque a criança necessita pisar na terra, tomar chuva sem medo de resfriado, subir em árvore para apanhar fruta, ficar serena ao ver uma borboleta, compreendendo o porquê da existência de uma abelha, a alegria de um beija-flor no jardim.
Brincar em parques, jardins, é algo sensorial e que estrutura também a intuição.
Com isso, através dessas brincadeiras e aventuras, os pais oferecem aos filhos a alegria de compartilhar as coisas simples:
“Hoje de manhã, passei um momento maravilhoso com meu filho em um parque.
Descobrimos vários tipos de plantas, árvores de copas, uma palmeira alta, aproveitando a grama, a beleza e o silêncio do lugar.
Imagine se em vez disso eu tivesse levado meu filho para fazer compras em um supermercado ou ficar andando nos corredores de um shopping!
Certamente isso teria sido bom para o êxito dos mercados, mas não para nossa alegria mais profunda...”
(Vítor, 42, pai de João, 4 anos)
Quando deixamos uma criança brincar ao ar livre nas praças, nos parques, subir nas árvores para se deliciar com as frutas, jardinar no fundo de nossa casa, damos a ela uma chance de aprender sobre um mundo provido de deslumbramento, de espírito de camaradagem e de prazeres simples.
Por fim, outro ponto de vista para a reflexão dos pais, porque somos os responsáveis pela educação e bem-estar de nossos filhos:
pesquisas e estudos mostraram que um contacto maior com a natureza tem um impacto (positivo) importante sobre o desenvolvimento cognitivo da criança.

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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty Essa noite eu tive um sonho admirável

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 03, 2018 9:01 pm

Em maravilhosa assembleia um belo expositor se destacava pela indumentária diferente e chamativa.
Não conseguia entender, contudo, que de tempos em tempos, durante a palestra, sua vestimenta, assombrosamente linda, se convertia em vestuário simples e singelo ao mesmo tempo em que a mensagem se modificava significativamente, parecendo-me que eram duas exposições distintas feitas pela mesma pessoa.
Apenas alguns minutos depois do despertar, as ideias e a lembrança se tornaram perfeitamente claras, quando encerrei minha oração matutina.
Descrevo agora a íntegra deste inesquecível momento de aprendizado.
O expositor apresentava-se com belo traje que lembrei ser idêntico ao dos cavaleiros templários.
Na mão esquerda fabuloso escudo enquanto na destra portava uma espada empunhada quando começou a discursar:
“Irmãos, somos todos soldados do imbatível exército de Jesus, ao voltarem ao corpo físico no alvorecer do novo dia, cada um de vocês deverá empunhar sua espada e prontificar-se a ser o guerreiro destemido que defenderá a conspurcação da mensagem cristã, evento que mais uma vez acontece em nosso planeta.
A pureza sacrossanta da Doutrina Espírita está em perigo e caberá a cada um de vós ser o defensor do Cristianismo redivivo.
Com o escudo defender-vos-ei dos inimigos da causa e, se necessário for, e será, atacarei com a espada por todos os meios e veículos de comunicação para derrubar e ridicularizar os baluartes das heresias e aqueles que navegam pelos erros de interpretação livres e inconsequentes”.
O eminente emissário fez expressiva pausa.
Eu, assim como outros, chorávamos emocionados.
A honra de ser defensor da Mensagem do Cristo, agora emoldurada pelo Espiritismo, despertou-me sublime emoção.
Voltaria a lutar em favor da verdade que estava sendo desprezada e demonstraria aos equivocados que não se erra impunemente.
Se necessário, usaria a força das palavras e reduziria a pó os que tomam emprestado ilusões, divulgando-as de qualquer maneira.
Se necessário, esfregaria as Obras Básicas nos equivocados.
Enquanto eu me derramava nessas reflexões o nobre benfeitor que orava em silêncio desde que pausara a palavra, demonstrava grande unção que aos poucos começamos a sentir e, decorridos mais alguns instantes, a luz que era intensa passou a incomodar a tal ponto que, constrangidos, nos ajoelhamos.
Então o que eu pensava improvável aconteceu.
Nosso benfeitor mostrou-se sem as extravagantes roupas e adereços.
Mostrou-se, como estava na realidade.
Vestia singela túnica enquanto na mão um exemplar do Evangelho, dizendo acolhedor o real conteúdo da mensagem:
“Tomai tento meus irmãos de ideal.
A batalha que espera a cada um de vós é totalmente interior.
Devereis, é verdade, defender a beleza e claridade da Doutrina Espírita, entretanto, ao invés de batalhar com os semelhantes, lutareis contra vossas manifestações de inferioridade.
Demonstrareis a pureza dos Princípios Doutrinários vivendo e exemplificando o Espiritismo.
Defendereis o que aprendeis contra qualquer ponto de vista diferente, de uma única maneira, reproduzindo a Caridade conforme entendida e vivenciada por nosso Mestre.
Benevolência para com todos, indulgência com as imperfeições alheias, perdão das ofensas”.
Compreendi naquela manhã que me cabe ser templo vivo do Amor, enquanto viver a sublime mensagem espírita no esforço evolutivo.

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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty São Chegados os Tempos

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 04, 2018 11:04 am

Para que na Terra sejam felizes os homens, preciso é que somente a povoem Espíritos bons, encarnados e desencarnados, que somente ao bem se dediquem.
Havendo chegado o tempo, grande emigração se verifica dos que a habitam:
a dos que praticam o mal pelo mal, ainda não tocados pelo sentimento do bem, os quais, já não sendo dignos do planeta transformado, serão excluídos, porque, senão, lhe ocasionariam de novo perturbação e confusão e constituiriam obstáculo ao progresso.
Irão expiar o endurecimento de seus corações, uns em mundo inferiores, outros em raças terrestres ainda atrasadas, equivalente a mundos daquela ordem, aos quais levarão os conhecimentos que hajam adquirido, tendo por missão fazê-las avançar.
Substitui-los-ão Espíritos melhores, que farão reinar em seu seio a justiça, a paz e a fraternidade.
A Terra, no dizer dos Espíritos, não terá de transformar-se por meio de um cataclisma que aniquile de súbito uma geração.
A actual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas.
Tudo, pois, se processará exteriormente, como deve acontecer, com a única, mas capital diferença, de que uma parte dos Espíritos que encarnavam na Terra aí não mais tornarão a encarnar.
Em cada criança que nascer, em vez de um Espírito atrasado e inclinado ao mal, que antes nela encarnaria, virá um Espírito mais adiantado e propenso ao bem.
A época actual é de transição; confundem-se os elementos das duas gerações.
Colocados no ponto intermediário, assistimos à partida de uma e à chegada da outra, já se assinalando cada uma, no mundo, pelos caracteres que lhe são peculiares.
Têm ideias e pontos de vista opostos as duas gerações que se sucedem.
Pela natureza das disposições morais, porém, sobretudo das disposições intuitivas e inatas, torna-se fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo.
Cabendo-lhe fundar a era do progresso moral, a nova geração se distingue por inteligência e razão geralmente precoces, juntas ao sentimento inato do bem e a crenças espiritualistas, o que constitui sinal indubitável de certo grau de adiantamento anterior.
Não se comporá exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas dos que, já tendo progredido, se acham predispostos a assimilar todas as ideias progressistas e aptos a secundar o movimento de regeneração.
O que, ao contrário, distingue os Espíritos atrasados é, em primeiro lugar, a revolta contra Deus, pelo se negarem a reconhecer qualquer poder superior aos poderes humanos; a propensão instintiva para as paixões degradantes, para os sentimentos antifraternos de egoísmo, de orgulho, de inveja, de ciúme, enfim, o apego a tudo que é material: a sensualidade, a cupidez, a avareza.
Desses vícios é que a Terra tem que ser expurgada pelo afastamento dos que se obstinam em não emendar-se; porque são incompatíveis com o reinado da fraternidade e porque o contacto com eles constituirá sempre um sofrimento para os homens de bem.
Quando a Terra se achar livre deles, os homens caminharão sem óbices para o futuro melhor, que lhes está reservado, mesmo neste mundo, por prêmio de seus esforços e de sua perseverança, enquanto esperam que uma depuração mais completa lhes abra o acesso aos mundos superiores.
É muito simples o modo por que se opera a transformação, sendo, como se vê, todo ele de ordem moral, sem se afastar em nada das leis da Natureza.
Sejam os que componham a nova geração Espíritos melhores, ou Espíritos antigos que se melhoraram, o resultado é o mesmo.
Desde que trazem disposições melhores, há sempre uma renovação.
Assim, segundo suas disposições naturais, os Espíritos encarnados formam duas categorias:
de um lado, os retardatários, que partem; de outro, os progressistas, que chegam.
O estado dos costumes e da sociedade estará, portanto, no seio de um povo, de uma raça, ou do mundo inteiro, em relação com aquela das duas categorias que preponderar.
Por estarem muitos, apesar de suas imperfeições, maduros para a transformação, é que muitos partem, a fim de apenas se retemperarem em fonte mais pura.
Enquanto se conservassem no mesmo meio e sob as mesmas influências, persistiriam nas suas opiniões e nas suas maneiras de apreciar as coisas.
Uma estada no mundo dos Espíritos bastará para lhes descerrar os olhos, por isso que aí vêem o que não podiam ver na Terra.
O incrédulo, o fanático, o absolutista, poderão, conseguintemente, voltar com ideias inatas de fé, tolerância e liberdade.
Ao regressarem, acharão mudadas as coisas e experimentarão a influência do novo meio em que houverem nascido.
Longe de se oporem às novas ideias, constituir-se-ão seus auxiliares.
A regeneração da Humanidade, portanto, não exige absolutamente a renovação integral dos Espíritos:
basta uma modificação em suas disposições morais.
Essa modificação se opera em todos quantos lhe estão predispostos, desde que sejam subtraídos à influência perniciosa do mundo.
Assim, nem sempre os que voltam são outros Espíritos; são com frequência os mesmos Espíritos, mas pensando e sentindo de outra maneira.

Fonte: ‘A Génese’ – Allan Kardec
(Cap. XVIII – São Chegados os Tempos – Itens 27 a 35)

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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty CURIOSIDADES DA CODIFICAÇÃO

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 04, 2018 9:21 pm

"Com a minha gratidão, remeto-lhe o livro anexo, bem como a sua história, rogando-lhe, antes de tudo, prosseguir em suas tarefas de esclarecimento da Humanidade, pois tenho fortes razões para isso... "
UMA CARTA PARA O SR. ALLAN KARDEC - Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, naquela triste manhã de abril de 1860, estava exausto, acabrunhado.
Fazia frio.
Muito embora a consolidação da Sociedade Espírita de Paris e a promissora venda de livros, escasseava o dinheiro para a obra gigantesca que os Espíritos Superiores lhe haviam colocado nas mãos.
A pressão aumentava...
Missivas sarcásticas avolumavam-se à mesa.
Quando mais desalentado se mostrava, chega a paciente esposa, Madame Rivail - a doce Gabi -, a entregar-lhe certa encomenda, cuidadosamente apresentada.
O professor abriu o embrulho, encontrando uma carta singela.
E leu.
"Sr. Allan Kardec:
Respeitoso abraço.
Com a minha gratidão, remeto-lhe o livro anexo, bem como a sua história, rogando-lhe, antes de tudo, prosseguir em suas tarefas de esclarecimento da Humanidade, pois tenho fortes razões para isso.
Sou encadernador desde a meninice, trabalhando em grande casa desta capital.
Há cerca de dois anos casei-me com aquela que se revelou minha companheira ideal.
Nossa vida corria normalmente e tudo era alegria e esperança, quando, no início deste ano, de modo inesperado, minha Antoinette partiu desta vida, levada por sorrateira moléstia.
Meu desespero foi indescritível e julguei-me condenado ao desamparo extremo.
Sem confiança em Deus, sentindo as necessidades do homem do mundo e vivendo com as dúvidas aflitivas de nosso século, resolvera seguir o caminho de tantos outros, ante a fatalidade...
A prova da separação vencera-me, e eu não passava, agora, de trapo humano.
Faltava ao trabalho e meu chefe, recto e ríspido, ameaçava-me com a dispensa.
Minhas forças fugiam.
Namorara diversas vezes o Sena e acabei planeando o suicídio.
"Seria fácil, não sei nadar"- pensava.
Sucediam-se noites de insónia e dias de angústia.
Em madrugada fria, quando as preocupações e o desânimo me dominaram mais fortemente, busquei a ponte Marie.
Olhei em torno, contemplando a corrente...
E, ao fixar a mão direita para atirar-me, toquei um objecto algo molhado que se deslocou da amurada, caindo-me aos pés.
Surpreendido, distingui um livro que o orvalho humedecera.
Tomei o volume nas mãos e, procurando a luz mortiça do poste vizinho, pude ler, logo no frontispício, entre irritado e curioso:
"Esta obra salvou-me a vida.
Leia-a com atenção e tenha bom proveito.
- A. Laurent."

Estupefacto, li a obra - "O Livro dos Espíritos" - ao qual acrescentei breve mensagem, volume esse que passo às suas mãos abnegadas, autorizando o distinto amigo a fazer dele o que lhe aprouver."
Ainda constava da mensagem agradecimentos finais, a assinatura, a data e o endereço do remetente.
O Codificador desempacotou, então, um exemplar de "O Livro dos Espíritos" ricamente encadernado, em cuja capa viu as iniciais do seu pseudónimo e na página do frontispício, levemente manchada, leu com emoção não somente a observação a que o missivista se referira, mas também outra, em letra firme:
"Salvou-me também.
Deus abençoe as almas que cooperaram em sua publicação. - Joseph Perrier."
Após a leitura da carta providencial, o Professor Rivail experimentou nova luz a banhá-lo por dentro...
Aconchegando o livro ao peito, raciocinava, não mais em termos de desânimo ou sofrimento, mas sim na pauta de radiosa esperança.
Era preciso continuar, desculpar as injúrias, abraçar o sacrifício e desconhecer as pedradas...
Diante de seu espírito turbilhonava o mundo necessitado de renovação e consolo.
Allan Kardec levantou-se da velha poltrona, abriu a janela à sua frente, contemplando a via pública, onde passavam operários e mulheres do povo, crianças e velhinhos...
O notável obreiro da Grande Revelação respirou a longos haustos, e, antes de retomar a caneta para o serviço costumeiro, levou o lenço aos olhos e limpou uma lágrima..."

(Hilário Silva - O Espírito da Verdade, 52, FEB)

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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty Neutralidade dinâmica

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 05, 2018 10:38 am

Os convites equivocados do mundo ainda encontram ressonância no imo dos seres
"Oxalá foras frio ou quente!
Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.”
- Apocalipse, 3:15 e 16.

Este trecho do versículo pinçado da sétima carta à Igreja de Laodiceia nos remete a profundas meditações, pois se trata de um libelo contra o "ficar em cima do muro", isto é, contra a hesitação, a dissimulação...
Jesus também já nos conclamou à firmeza e coerência quando aconselhou[1]:
"seja o vosso falar sim, sim; não, não".
Não obstante, existe uma neutralidade dinâmica que não se enquadra nas situações acima descritas, e que não deve ser descurada.
Toda criatura que deseja ascender na árdua escala evolutiva, deve assenhorear-se dessa neutralidade dinâmica, a fim de não engrossar o plantel dos equivocados e invigilantes, premunindo-se, destarte, contra os erros.
O mundo material nos acena com inúmeros convites que - devido aos nossos ancestrais atavismos - ainda encontram ressonância no imo de nosso ser.
A questão se resume, portanto, na adopção de uma ética comportamental, vazada na aplicação equilibrada do livre-arbítrio, paramentado pelos imarcescíveis ensinamentos do Meigo Pegureiro.
Erram aqueles que fogem do mundo ou que adoptam uma conduta ascética, severa, lúgubre, refractária à vida social.
Há que se viver no mundo sem, no entanto, tornar-se-lhe escravo.
Faz-se necessário executar a nossa parte no concerto social, isto é, fomentar o progresso, assumir responsabilidades, colaborar, participar!...
Devemos atravessar o lodaçal sem nos deixar chapiscar pela lama, e, para isso, a posição ideal é a da neutralidade dinâmica.
Lembra-nos Joanna de Ângelis as figuras luminares que são exemplos vivos e definitivos, modelos acabados de neutralidade dinâmica, ao informar[2]:
"todos seguraram a charrua, e sem apegos ao passado, carregaram suas cruzes, plantando-as no monte da sublimação:
Maria de Magdala recuperou a virtude que a elevou às culminâncias da doação total; Saulo redireccionou sua vida, obedecendo as balizas traçadas por Jesus; Gandhi ofereceu-se em holocausto, tornando-se uma grande luz para milhões de vidas.
Hoje, como ontem, a humanidade necessita de criaturas que, tomando da charrua, não olhem para trás, seguindo animadas, depois de superadas as dificuldades habituais...
Portanto, se desejas seguir Jesus e tornar-te pleno; se almejas a renovação e a paz através do Evangelho; se queres a glória interior sem receios nem fronteiras, toma da charrua do amor clareado pela fé e, mediante a ação da caridade, não olhe para trás”.

[1] - Mateus, 5:37.
[2] - FRANCO, Divaldo. Antologia Espiritual. Salvador: LEAL, 1993, cap. 28.

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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty A consciência

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 05, 2018 8:52 pm

A mente é uma faculdade do espírito e não do cérebro, e é formada pelo pensamento, sentimento e vontade.
Herdeiros de si mesmo, das experiências passadas, evoluímos por etapas, adquirindo novos recursos, corrigindo erros anteriores, somando conquistas.
Jamais retrocedemos nesse processo, mesmo quando aparentemente reencarnamos dentro das paredes da enfermidade limitadora que bloqueiam o corpo, a mente ou a emoção, gerando sofrimentos.
A aquisição da consciência é desafio da vida, é o auto-conhecimento que merece exame, consideração, trabalho, discernimento, lucidez e livre-arbítrio.
Nós, como Espíritos, voltamos várias vezes, tomando novo corpo de carne sobre a Terra, a fim de tornar a conviver como homem na sociedade e, exactamente como este, somos levados a trocar de roupa muitas vezes.
As qualidades morais, assim como as intelectuais, dependem do Espírito, nunca do corpo.
Amor, bondade, ternura, carácter e outras qualidades têm a sua origem na organização espiritual, que iniciou simples e ignorante, mas aprendeu viajando pelos caminhos da imortalidade.
A conscientização da imperfeição humana e da brevidade da vida física nos conduz à humildade, reconhecendo a transitoriedade das condições materiais, a constante impermanência dos cargos, das classes, das posses e de tudo o mais, no que o eu adoecido se apoie para justificar-se senhor.
Joanna de Ângelis nos diz “a mudança de atitude em relação à vida e aos relacionamentos em nosso trabalho de edificação, torna-se o recurso mais produtivo que nos dá equilíbrio e nos liberta das cargas conflitivas”.
Ao nos tornarmos conscientes, podemos viver em harmonia com a nossa própria natureza.
Tomaremos conhecimento da origem dos nossos conflitos, possibilitando assim uma expansão constante de nossa consciência.
Quando nos propomos a um auto-exame honesto, encontramos uma força interior na qual residem todas as possibilidades de renovação.
À medida que o Espírito se aprimora, o corpo torna-se mais etéreo ou menos denso, demonstrando o seu grau de sintonia com a centelha Divina.
A realidade espiritual pouco a pouco se revela, conforme a evolução do próprio ser, no seu processo de lapidação de valores e despertamento das leis que, na consciência, dormem ocultos.
Devemos olhar para nossa realidade como ela é, aceitando-nos sem culpa e sem compactuar com nossa inferioridade; também devemos evitar fugir através de justificativas a respeito do nosso passado ou expectativas vazias do futuro.
É importante reconhecer que o passado está gerando frutos no presente e que o futuro aponta para novos ideais; isto deve ser feito de forma equilibrada, não nos esquecendo de que o trabalho se faz nesse instante com a realidade actual.
Somos resultado deste estado mental, no qual o pensamento, orientado pela vontade e intensidade dos nossos sentimentos, tem a força de construir ou destruir em todos os momentos da nossa vida.
Estamos sempre sintonizados e criando alguma coisa, seja para o bem ou para o mal.
Uma das atitudes essenciais para o nosso aprimoramento é a ligação mental com Deus; junto com a aceitação de nós mesmos, temos que buscar a unidade com nosso Pai para que nossas forças espirituais possam ser alimentadas e sejamos inspirados na busca do melhor.
Buscando essa ligação íntima, estamos buscando o encontro com a Fonte da Vida que nos sustenta.
Sem o devido cuidado connosco, através do amor por nós enquanto filhos do Amor Maior, não poderemos estabelecer o amor com os demais.
Amar a si é buscar o entendimento da nossa realidade, é ter a consciência de nossa condição espiritual e da capacidade da nossa mente.
Experimentemos a alegria e entreguemo-nos a Deus, cantando um hino de louvor.
Permitamos, dessa forma, que Ele nos liberte da opressão da ignorância, facultando-nos a alegria da felicidade.
Portanto, no dia em que assumirmos nossa pequenez frente à Grandeza Divina, aquele eu enganado conseguirá abrir espaço para a presença do eu interior e, então, promoveremos o processo de Cristificação, imortalizada na frase do grande Apóstolo do Cristo “Eu vivo, mas não sou mais eu: O Cristo vive em mim”.

Bibliografia:
Peralva, Martins. O pensamento de Emmanuel. 9ª edição, Rio de Janeiro, 2011, ED FEB. Pág.: 141, 142, 145.
Franco, Divaldo – pelo Espírito de Joanna de Ângelis. Refletindo a Alma. 1ª edição, Salvador, 2011, ED LEAL. Pág.: 68, 73, 76, 88, 194, 195, 206, 212, 213, 275, 276.
Franco, Divaldo. A mente pensa sem o cérebro após a morte do corpo. Carta psicografada. 18/11/97. Porto Alegre.
Franco, Divaldo – pelo Espírito Joanna de Ângelis. Momentos de alegria - A Consciência (cap. 5). 4ª edição, Salvador, 2014, ED. LEAL.

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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty A MORTE NÃO EXISTE

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2018 9:35 am

LÉON DENIS

"Sobre a Terra, tudo é ilusão, tudo passa, tudo se transforma de um instante para outro.
O que conta é o que guardamos dentro de nós, tudo mais há de ficar com o corpo, que se desfará em pó
.“ Chico Xavier

“Devemos aceitar a chegada da chamada morte, assim como o dia aceita a chegada da noite – tendo confiança que, em breve, de novo há de raiar o Sol !... “
"A morte é uma simples mudança de estado, a destruição de uma forma frágil que já não proporciona à vida as condições necessárias ao seu funcionamento e à sua evolução.
Para além da campa, abre-se uma nova fase de existência.
O Espírito, debaixo da sua forma fluídica, imponderável, prepara-se para novas reencarnações; acha no seu estado mental os frutos da existência que findou.
Por toda parte se encontra a vida.
A Natureza inteira mostra-nos, no seu maravilhoso panorama, a renovação perpétua de todas as coisas.
Em parte alguma há a morte, como, em geral, é considerada entre nós; em parte alguma há o aniquilamento; nenhum ente pode perecer no seu princípio de vida, na sua unidade consciente.
O Universo transborda de vida física e psíquica.
Por toda parte o imenso formigar dos seres, a elaboração de almas que, quando escapam às demoradas e obscuras preparações da matéria, é para prosseguirem, nas etapas da luz, a sua ascensão magnífica.
A vida do homem é como o Sol das regiões polares durante o estio.
Desce devagar, baixa, vai enfraquecendo, parece desaparecer um instante por baixo do horizonte.
É o fim, na aparência; mas, logo depois, torna a elevar-se, para novamente descrever a sua órbita imensa no céu.
A morte é apenas um eclipse momentâneo na grande revolução das nossas existências; mas, basta esse instante para revelar-nos o sentido grave e profundo da vida.
A própria morte pode ter também a sua nobreza, a sua grandeza. Não devemos temê-la, mas, antes, nos esforçar por embelezá-la, preparando-se cada um constantemente para ela, pela pesquisa e conquista da beleza moral, a beleza do Espírito que molda o corpo e o orna com um reflexo augusto na hora das separações supremas.
A maneira por que cada qual sabe morrer é já, por si mesma, uma indicação do que para cada um de nós será a vida do Espaço.
Há como uma luz fria e pura em redor da almofada de certos leitos de morte.
Rostos, até aí insignificantes, parecem aureolados por claridades do Além.
Um silêncio imponente faz-se em volta daqueles que deixaram a Terra.
Os vivos, testemunhas da morte, sentem grandes e austeros pensamentos desprenderem-se do fundo banal das suas impressões habituais, dando alguma beleza à sua vida interior.
O ódio e as más paixões não resistem a esse espectáculo.
Ante o corpo de um inimigo, abranda toda a animosidade, esvai-se todo o desejo de vingança.
Junto de um esquife, o perdão parece mais fácil, mais imperioso o dever.
Toda morte é um parto, um renascimento; é a manifestação de uma vida até aí latente em nós, vida invisível da Terra, que vai reunir-se à vida invisível do Espaço.
Depois de certo tempo de perturbação, tornamos a encontrar-nos, além do túmulo, na plenitude das nossas faculdades e da nossa consciência, junto dos seres amados que compartilharam as horas tristes ou alegres da nossa existência terrestre.
A tumba apenas encerra pó.
Elevemos mais alto os nossos pensamentos e as nossas recordações, se quisermos achar de novo o rastro das almas que nos foram caras.
Não peçais às pedras do sepulcro o segredo da vida.
Os ossos e as cinzas que lá jazem nada são, ficai sabendo.
As almas que os animaram deixaram esses lugares, revivem em formas mais subtis, mais apuradas.
Do seio do invisível, onde lhes chegam as vossas orações e as comovem, elas vos seguem com a vista, vos respondem e vos sorriem.
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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS II

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2018 9:36 am

A Revelação Espírita ensinar-vos-á a comunicar com elas, a unir os vossos sentimentos num mesmo amor, numa esperança inefável.
Muitas vezes, os seres que chorais e que ides procurar no cemitério estão ao vosso lado.
Vêm velar por vós aqueles que foram o amparo da vossa juventude, que vos embalaram nos braços, os amigos, companheiros das vossas alegrias e das vossas dores, bem como todas as formas, todos os meigos fantasmas dos seres que encontrastes no vosso caminho, os quais participaram da vossa existência e levaram consigo alguma coisa de vós mesmos, da vossa alma e do vosso coração.
Ao redor de vós flutua a multidão dos homens que se sumiram na morte, multidão confusa, que revive, vos chama e mostra o caminho que tendes de percorrer.
Ó morte, ó serena majestade!
Tu, de quem fazem um espantalho, és para o pensador simplesmente um momento de descanso, a transição entre dois actos do destino, dos quais um acaba e o outro se prepara.
Quando a minha pobre alma, errante há tantos séculos através dos mundos, depois de muitas lutas, vicissitudes e decepções, depois de muitas ilusões desfeitas e esperanças adiadas, for repousar de novo no teu seio, será com alegria que saudará a aurora da vida fluídica; será com ebriedade que se elevará do pó terrestre, através dos espaços insondáveis, em direcção àqueles a quem estremeceu neste mundo e que a esperam.
Para a maior parte dos homens, a morte continua a ser o grande mistério, o sombrio problema que ninguém ousa olhar de frente.
Para nós, ela é a hora bendita em que o corpo cansado volve à grande Natureza para deixar à Psique, sua prisioneira, livre passagem para a Pátria Eterna.
Essa pátria é a Imensidade radiosa, cheia de sóis e de esferas. Junto deles, como há de parecer raquítica a nossa pobre Terra” O Infinito envolve-a por todos os lados.
O infinito na extensão e o infinito na duração, eis o que se nos depara, quer se trate da alma, quer se trate do Universo.
Assim como cada uma das nossas existências tem o seu termo e há de desaparecer, para dar lugar a outra vida, assim também cada um dos mundos semeados no Espaço tem de morrer, para dar lugar a outros mundos mais perfeitos.
Dia virá em que a vida humana se extinguirá no Globo esfriado.
A Terra, vasta necrópole, rolará, socturna, na amplidão silenciosa.
Hão de elevar-se ruínas imponentes nos lugares onde existiram Roma, Paris, Constantinopla, cadáveres de capitais, últimos vestígios das raças extintas, livros gigantescos de pedra que nenhum olhar carnal voltará a ler.
Mas, a Humanidade terá desaparecido da Terra somente para prosseguir, em esferas mais bem dotadas, a carreira de sua ascensão.
A vaga do progresso terá impelido todas as almas terrestres para planetas mais bem preparados para a vida.
É provável que civilizações prodigiosas floresçam a esse tempo em Saturno e Júpiter; ali se hão de expandir humanidades renascidas numa glória incomparável.
Lá é o lugar futuro dos seres humanos, o seu novo campo de acção, os sítios abençoados onde lhes será dado continuarem a amar e trabalhar para o seu aperfeiçoamento.
No meio dos seus trabalhos, a triste lembrança da Terra virá talvez perseguir ainda esses Espíritos; mas, das alturas atingidas, a memória das dores sofridas, das provas suportadas, será apenas um estimulante para se elevarem a maiores alturas.
Em vão a evocação do passado, lhes fará surgir à vista os espectros de carne, os tristes despojos que jazem nas sepulturas terrestres.
A voz da sabedoria dir-lhes-á:
“Que importa as sombras que se foram! Nada perece.
Todo ser se transforma e se esclarece sobre os degraus que conduzem de esfera em esfera, de sol em sol, até Deus”.
Espírito imorredouro, lembra-te disto: “A morte não existe”.

Léon Denis - O Problema do Ser, do Destino e da Dor
Fonte: Página Espírita

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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty O ESPÍRITA E O MUNDO ACTUAL

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2018 9:04 pm

José Herculano Pires

A Terra está passando por um período crítico de crescimento.
Nosso pequenino mundo, fechado em concepções mesquinhas e acanhados limites, amadurece para o infinito.
Suas fronteiras se abrem em todas as direcções.
Estamos às vésperas de uma Nova Terra e um Novo Céu, segundo as expressões do Apocalipse.
O Espiritismo veio para ajudar a Terra nessa transição.
Procuremos, pois, compreender a nossa responsabilidade de espíritas, em todos os sectores da vida contemporânea.
Não somos espíritas por acaso, nem porque precisamos do auxílio dos Espíritos para a solução dos nossos problemas terrenos.
Somos espíritas porque assumimos na vida espiritual graves responsabilidades para esta hora do mundo.
Ajudemo-nos a nós mesmos, ampliando a nossa compreensão do sentido e da natureza do Espiritismo, de sua importante missão na Terra.
E ajudemos o Espiritismo a cumpri-la.
O mundo actual está cheio de problemas e conflitos.
O crescimento da população, o desenvolvimento económico, o progresso cientifico, o aprimoramento técnico, e a profunda modificação das concepções da vida e do homem, colocam-nos diante de uma situação de assustadora instabilidade.
As velhas religiões sentem-se abaladas até o mais fundo dos seus alicerces.
Ameaçam ruir, ao impacto do avanço cientifico e da propagação do cepticismo.
Descrentes dos velhos dogmas, os homens se voltam para a febre dos instintos, numa inútil tentativa de regressar à irresponsabilidade animal.
O espírita não escapa a essa explosão do instinto.
Mas o Espiritismo não é uma velha religião nem uma concepção superada.
É uma doutrina nova, que apareceu precisamente para alicerçar o futuro.
Suas bases não são dogmáticas, mas cientificas, experimentais. Sua estrutura não é teológica, mas filosófica, apoiada na lógica mais rigorosa.
Sua finalidade religiosa não se define pelas promessas e as ameaças da Teologia, mas pela consciência da liberdade humana e da responsabilidade espiritual de cada indivíduo, sujeita ao controle natural da lei de causa e efeito.
O espírita não tem o direito de tremer e apavorar-se, nem de fugir aos seus deveres e entregar-se aos instintos.
Seu dever é um só:
lutar pela implantação do Reino de Deus na Terra.
Mas como lutar?
Este livrinho procurou indicar, aos espíritas, várias maneiras de proceder nas circunstâncias da vida e em face dos múltiplos problemas da hora presente.
Não se trata de oferecer um manual, com regras uniformes e rígidas, mas de apresentar o esboço de um roteiro, com base na experiência pessoal dos autores e na inspiração dos Espíritos que os auxiliaram a escrever estas páginas.
A luta do espírita é incessante.
As suas frentes de batalha começam no seu próprio íntimo e vão até os extremos limites do mundo exterior.
Mas o espírita não está só, pois conta com o auxílio constante dos Espíritos do Senhor, que presidem à propagação e ao desenvolvimento do Espiritismo na Terra.
A maioria dos espíritas chegaram ao Espiritismo tangidos pela dor, pelo sofrimento físico ou moral, pela angústia de problemas e situações insolúveis.
Mas, uma vez integrados na Doutrina, não podem e não devem continuar com as preocupações pessoais que motivaram a sua transformação conceptual.
O Espiritismo lhes abriu a mente para uma compreensão inteiramente nova da realidade.
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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS II

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2018 9:04 pm

É necessário que todos os espíritas procurem alimentar cada vez mais essa nova compreensão da vida e do mundo, através do estudo e da meditação.
É necessário também que aprendam a usar a poderosa arma da prece, tão desmoralizada pelo automatismo habitual a que as religiões formalistas a relegaram.
A prece é a mais poderosa arma de que o espírita dispõe, como ensinou Kardec, como o proclamou Léon Denis e como o acentuou Miguel Vives.
A prece verdadeira, brotada do íntimo, como a fonte límpida brota das entranhas da terra, é de um poder não calculado pelo homem.
O espírita deve utilizar-se constantemente da prece.
Ela lhe acalmará o coração inquieto e aclarará os caminhos do mundo.
A própria ciência materialista está hoje provando o poder do pensamento e a sua capacidade de transmissão ao infinito.
O pensamento empregado na prece leva ainda a carga emotiva dos mais puros e profundos sentimentos.
O espírita já não pode duvidar do poder da prece, pregado pelo Espiritismo.
Quando alguns "mestres" ocultistas ou espíritas desavisados chamarem a prece de muleta, o espírita convicto deve lembrar que o Cristo também a usava e também a ensinou.
Abençoada muleta é essa, que o próprio Mestre dos Mestres não jogou à margem do caminho, em sua luminosa passagem pela Terra!
O espírita sabe que a morte não existe, que a dor não é uma vingança dos deuses ou um castigo de Deus, mas uma força de equilíbrio e uma lei de educação, como explicou Léon Denis.
Sabe que a vida terrena é apenas um período de provas e expiações, em que o espírito imortal se aprimora, com vistas à vida verdadeira, que é a espiritual.
Os problemas angustiantes do mundo actual não podem perturbá-lo.
Ele está amparado, não numa fortaleza perecível, mas na segurança dinâmica da compreensão, do apercebimento constante da realidade viva que o rodeia e de que ele mesmo é parte integrante.
As mudanças incessantes das coisas, que nos revelam a instabilidade do mundo, já não podem assustar o espírita, que conhece a lei de evolução.
Como pode ele inquietar-se ou angustiar-se, diante do mundo actual?
O Espiritismo lhe ensina e demonstra que este mundo em que agora nos encontramos, longe de nos ameaçar com morte e destruição, acena-nos com ressurreição e vida nova.
O espírita tem de enfrentar o mundo actual com a confiança que o Espiritismo lhe dá, essa confiança racional em Deus e nas suas leis admiráveis, que regem as constelações atómicas no seio da matéria e as constelações astrais no seio do infinito.
O espírita não teme, porque conhece o processo da vida, em seus múltiplos aspectos, e sabe que o mal é um fenómeno relativo, que caracteriza os mundos inferiores.
Sobre a sua cabeça rodam diariamente os mundos superiores, que o esperam na distância e que os próprios materialistas hoje procuram atingir com os seus foguetes e as suas sondas espaciais.
Não são, portanto, mundos utópicos, ilusórios, mas realidades concretas do Universo visível.
Confiante em Deus, inteligência suprema do Universo e causa primária de todas as coisas, - poder supremo e indefinível, a que as religiões dogmáticas deram a aparência errónea da própria criatura humana, - o espírita não tem o que temer, desde que procure seguir os princípios sublimes da sua Doutrina.
Deus é amor, escreveu o apóstolo João.
Deus é a fonte do Bem e da Beleza, como afirmava Platão.
Deus é aquela necessidade lógica a que se referia Descartes, que não podemos tirar do Universo sem que o Universo se desfaça.
O espírita sabe que não tem apenas crenças, pois possui conhecimentos.
E quem conhece não teme, pois só o desconhecido nos apavora.
O mundo actual é o campo de batalha do espírita.
Mas é também a sua oficina, aquela oficina em que ele forja um mundo novo.
Dia a dia ele deve bater a bigorna do futuro.
A cada dia que passa, um pouco do trabalho estará feito.
O espírita é o construtor do seu próprio futuro do mundo.
Se o espírita recuar, se temer, se vacilar, pode comprometer a grande obra.
Nada lhe deve perturbar o trabalho, na turbulenta mas promissora oficina do mundo actual.
Em resumo:
O espírita é o consciente construtor de uma nova forma de vida humana na Terra e de vida espiritual no Espaço; sua responsabilidade é proporcional ao seu conhecimento da realidade, que a Nova Revelação lhe deu; seu dever de enfrentar as dificuldades actuais, e transformá-las em novas oportunidades de progresso, não pode ser esquecido um momento sequer; espíritas, cumpramos o nosso dever!

Autor: José Herculano Pires
Inspirado por: Miguel Vives
Livro Tesouro dos Espíritas

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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty A Revue Spirite de 1861 - Parte 1

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 09, 2018 12:51 pm

Iniciamos nesta edição o estudo da Revue Spirite de 1861, mensário de divulgação espírita fundado e dirigido por Allan Kardec.
Este estudo será baseado na tradução para o idioma português efectuada por Júlio Abreu Filho e publicada pela EDICEL.
As respostas às questões propostas estão no final do texto sugerido para leitura.

Questões para debate

A. No tratamento da obsessão de um rapaz, o papel dos pais é importante?
B. Por que o futuro nos é ocultado?
C. Quem foi e quando viveu São Luís?

Texto para leitura

1. No ano de 1861, quando apareceu a primeira edição de “O Livro dos Médiuns”, Kardec empreendeu a sua segunda viagem espírita pelas províncias, visitando as cidades de Sens, Mâcon, Lião e Bordéus. (Introdução.)
2. Ao regressar da viagem, Kardec tratou da segunda edição de “O Livro dos Médiuns”, cuja primeira edição esgotou-se rapidamente. (Introd.)
3. Na Sociedade Espírita de Paris, a 30/11/1860, vários membros relataram um interessante fenómeno:
a elevação de uma pessoa, por influência mediúnica de duas mocinhas de 15 e 16 anos que, pondo dois dedos nas barras da cadeira, a elevavam a cerca de um metro, fosse qual fosse o peso da pessoa. (P. 4)
4. A Revue noticia o ataque feito pelo Sr. Georges Gandy, redator de La Bibliographie Catholique, ao Espiritismo, e apresenta a análise feita por Kardec às críticas do Sr. Gandy. (PP. 8 a 16)
5. Há, disse Kardec, um ponto que o Sr. Gandy não perdoa ao Espiritismo:
é o não haver proclamado esta máxima:
“Fora da Igreja não há salvação” e admitir que aquele que faz o bem possa ser salvo das chamas eternas. (P. 12)
6. Kardec publica parte de uma carta do Sr. Canu, ex-materialista, em que o missivista analisa a questão da incredulidade, visando a esclarecer a todos aqueles a quem havia transviado com suas ideias materialistas. (PP. 16 a 24)
7. Aludindo à formação do mundo, diz o Sr. Canu que um globo não sai repentinamente do nada, coberto de florestas, de prados e de habitantes:
“Não: Deus seguramente procede com mais lentidão; tudo segue uma lei lenta e progressiva, não porque Deus hesite ou tenha necessidade de lentidão, mas porque suas leis são assim e são imutáveis”. (P. 20)
8. Tudo quanto não é Deus, afirma Canu, necessita aperfeiçoar-se:
é precisamente para esse aperfeiçoamento que é dado um corpo ao Espírito, pois que, sem a matéria, ele não poderia manifestar-se e, assim, progredir. (P. 21)
9. Canu reporta-se ao sofrimento experimentado pelos Espíritos mais perversos ainda inacessíveis à vergonha e ao remorso:
empolgados pelo mal, mas impotentes para o fazer, sofrem a inveja de ver os outros mais felizes que eles. (P. 23)
10. A Revue noticia a ocorrência de fenómenos no departamento de Aube, verificados em 1856 em casa do Sr. R..., e até certo ponto parecidos com as manifestações de Bergzabern (veja Revue Spirite de 1858).
A pessoa que é objecto das manifestações era o filho do Sr. R..., com doze anos à época.
Os fenómenos geralmente se produziam quando o menino se deitava e começava a dormir.
Ao despertar, o garoto não tinha a menor a ideia do que se passou. (PP. 25 e 26)
11. Além de pancadas, arranhaduras, assobios, ruídos como a de uma serra, o balançar do leito e a suspensão magnética, o Espírito trazia para o local objectos muito volumosos.
Ao ser indagado sobre como os obtinha, ele respondia que os tirava de gente desonesta.
Se lhe pregavam moral, ficava irado e chegava a cuspir no rosto das pessoas. (P. 25 e 26)
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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS II

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 09, 2018 12:52 pm

12. Explicando o caso, São Luís ensina que um bom Espírito nada pode sobre outro, a não ser moralmente; nunca fisicamente.
No caso narrado, seria preciso chamar o concurso de bons Espíritos, para actuar sobre o rapaz e torná-lo menos acessível às impressões dos maus Espíritos. (P. 27)
13. “O mau Espírito que o obsidia – diz São Luís – não o largará facilmente, desde que não é fortemente repelido por ninguém.”
Confirmando que nesses casos a prece é sempre boa, ela de nada serviria se não fosse secundada por aqueles mais interessados no caso, isto é, os pais do rapazinho. (PP. 27 e 28)
14. Evocado, o Espírito tratou com rudeza o evocador, mas informou, depois, que a fúria do jovem médium, quando era magnetizado, se devia a ele (Espírito) e não ao rapaz:
“Não era ele quem se encolerizava: era eu”. (PP. 29 e 30)
15. Por que se encolerizava?, perguntou Kardec.
O Espírito respondeu:
“Não tenho nenhum poder sobre esse homem (o Sr. L..., o magnetizador), que me é superior: por isso não posso suportá-lo”.
“Ele quer arrebatar-me aquele que tenho sob o meu domínio. E isso eu não quero.” (P. 30)
16. Analisando esse caso, Kardec assevera:
“Sem dúvida esse Espírito é muito mau e pertence ao bas-fond do mundo espírita”.
Ele diz, porém, que Espíritos assim são menos perigosos do que os Espíritos fascinadores, que, com segunda intenção, sabem inspirar em certas pessoas uma cega confiança em suas palavras. (P. 30)
17. Comentando mensagem do Espírito de Cazotte, Kardec afirma que o futuro nos é oculto por uma lei muito sábia da Providência, pois que tal conhecimento prejudicaria o nosso livre-arbítrio e nos levaria à negligência. (P. 33)
18. Em nota aposta pelo tradutor, vemos que São Luís é o mesmo Luís IX, rei de França, nascido em 1215 e morto em 1270.
Muito virtuoso, foi Luís IX canonizado pela Igreja em 1297. (P. 39)

(Continua no próximo número.)

Respostas às questões

A. No tratamento da obsessão de um rapaz, o papel dos pais é importante ?
Sim. Comentando o caso de um jovem que padecia um processo obsessivo, São Luís diz que um bom Espírito nada pode sobre outro, a não ser moralmente; nunca fisicamente.
Naquele caso, seria preciso chamar o concurso de bons Espíritos, para actuar sobre o rapaz e torná-lo menos acessível às impressões dos maus Espíritos.
Lembrando que nesses casos a prece é sempre boa, ela de nada serviria se não fosse secundada por aqueles mais interessados no caso, isto é, os pais do rapazinho.
(Revue Spirite de 1861, pp. 27 e 28.)

B. Por que o futuro nos é ocultado?
Reportando-se a uma mensagem do Espírito de Cazotte, Kardec diz que o futuro nos é oculto por uma lei de Deus, aliás muito sábia, visto que tal conhecimento prejudicaria o nosso livre-arbítrio e nos levaria à negligência.
(Obra citada, p. 33.)

C. Quem foi e quando viveu São Luís?
Segundo nota redigida pelo tradutor Júlio Abreu Filho, São Luís foi, numa anterior encarnação, Luís IX, rei de França.
Nascido em 1215 e morto em 1270, Luís IX, conhecido por sua bondade, foi canonizado pela Igreja em 1297.
(Obra citada, p. 39.)

§.§.§- Ave sem Ninho
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ARTIGOS DIVERSOS II - Página 21 Empty O QUE ACONTECE DEPOIS DO FENÓMENO DA MORTE?

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 09, 2018 9:36 pm

O que acontece com o nosso Espírito quando morremos?
Continuamos com nossa individualidade, isto é, teremos os mesmos conhecimentos, qualidades e defeitos que tivemos em vida.
A morte não nos livra das imperfeições.
Seguiremos pensando da mesma forma.
Nosso Espírito será atraído vibratoriamente para regiões astrais com que se afiniza moralmente.
Se formos excessivamente apegados à vida material, ficaremos presos ao mundo terreno, acreditando que ainda estamos fazendo parte dele.
Essa situação perdurará por certo tempo, até que ocorra naturalmente um descondicionamento psíquico.
A partir desse ponto, o Espírito será conduzido às colónias espirituais, onde receberá instrução para mais tarde retornar à carne.

Todos os Espíritos podem se comunicar logo após sua morte?
Sim, pelo menos teoricamente, todos os Espíritos podem se comunicar após a morte do corpo físico.
Porém, a Doutrina Espírita nos ensina que o Espírito sofre uma espécie de perturbação (que nada tem ver com desequilíbrio) que pode demorar de horas até anos, dependendo do tipo de vida que tenha tido na Terra e do género de sua morte.
Os Espíritos que são desprendidos da matéria desde a vida terrena, tomam consciência de que estão fazendo parte da vida espírita bem cedo, porém aqueles que viveram preocupados apenas com seu lado material permanecem no estado de ignorância por longo tempo.
Dado o pouco adiantamento espiritual dos habitantes do planeta, pode-se concluir que as mensagens mediúnicas creditadas a pessoas famosas que desencarnam precocemente, não merecem credibilidade.

O que acontece com os recém-nascidos que logo morrem?
E por que isto acontece?
O Espírito de criança morta em tenra idade recomeça outra existência normalmente.
O desencarne de recém-nascidos, frequentemente, trata-se de prova para os pais, pois o Espírito não tem consciência do que ocorre.
A maioria dessas mortes, entretanto, é por conta da imperfeição da matéria.

Se uma criança desencarna de acidente na idade de 11 anos, ela é socorrida pelos Espíritos na mesma hora?
Os desencarnes súbitos, de uma forma geral, são muito traumáticos para o Espírito. Allan Kardec diz que no processo de desencarne, todos sofrem uma espécie de "perturbação espiritual", que pode variar de algumas horas a anos, dependendo da evolução de cada um.
Nos desencarnes convencionais geralmente os Espíritos permanecem sem consciência do que lhe aconteceu por um certo tempo e, se têm merecimento, são recolhidos às colónias socorristas existentes próximas da crosta terrena.
Ali são devidamente atendidos.
Nos casos de desencarne de crianças, suspeita-se que sejam atendidas de imediato pela Espiritualidade, em função de estarem num estado psíquico especial, próprio da infância.
Não estando de posse de todas as suas faculdades, não seria lógico admitir que ficassem em estado de sofrimento por causa dos atos da vida.
Claro, a responsabilidade aumenta na medida em que a maturidade avança, criando condições para o Espírito ficar em estado de sofrimento por um tempo mais longo, se for necessário.
Não há uma idade definida, que marque o início da fase adulta, assim como não há um ponto definido que separe o dia da noite.
Em determinado período se confundem, mas acabam se definindo a seguir.
De uma maneira geral, pode-se concluir que todos os Espíritos que desencarnam em fase infantil são imediatamente atendidos pela Espiritualidade.
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