LUZ ESPÍRITA
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Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto

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Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto - Página 9 Empty Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Out 06, 2012 9:04 am

CAPÍTULO XXVII - A tragédia

Fim do Diário de Denizarth


Por duas vezes visitei Frau Eva e mantive com ela carinhosa entrevista, antes de sua morte.

Quando uma semana depois, Ana, em prantos, telefonou-me para contar que ela morrera, confortou-me recordar tudo quanto lhe falara sobre a sobrevivência do espírito e nossa felicidade futura.

Minhas palavras de fé reconfortaram-lhe a alma em sofrimento, renovando-lhe as concepções de fé e da justiça infinita de Deus.

Não há nada que nos proporcione maior alegria do que reconduzir a serenidade, a compreensão, a resignação e a fé a uma criatura que curvada sob o peso das lutas, deixa-se arrastar pela angústia e pela depressão.

Como é infinita a bondade de Deus, permitindo-me, apesar da minha inferioridade, falar das coisas divinas, perlustrar com ela o caminho da redenção!

Lágrimas de gratidão rolaram-me pelas faces.
Sentia que aquela boa e dedicada mulher unira-se a mim pelos laços imorredouros da amizade.

E Deus o permitira! Alguém poderá compreender como me senti?
A pedido de Ana, não compareci aos funerais, ou melhor, não me aproximei, mas, à distância, coração em prece, acompanhei seus despojos.

Quando todos partiram, orei em sua sepultura rogando a Deus pela sua libertação.
No dia imediato estive com Ana. Precisávamos resolver nossa situação.
Agora que Frau Eva partira, eu desejava partir também.

Os papéis para legalização do nosso casamento estavam prontos.
Em uma fria manhã de janeiro, numa sala da Embaixada, eu e Ana nos unimos perante os homens.
Me. Genet e um meu amigo serviram de testemunhas.

Elga e Erich estavam presentes.
A irmã de Ana abraçou-me chorando, pedindo-me para fazer Ana feliz.

Hans e Karl muito sérios, compenetrados durante a cerimónia ficaram muito alegres ao nos abraçar.
Ali mesmo servimos o bolo e abrimos o champanhe em meio aos votos de felicidade dos funcionários da Embaixada.
Todos estávamos contentes.

Elga nos anunciou que se casaria com Eri dali a três meses.
O único senão a empanar nossa alegria era Luwig.
Fomos para minha casa, contudo, Ana ainda não podia ficar comigo.

Tentei convencê-la.
— Não adianta protelar. Vai ter que lhe contar.
Quanto antes melhor. Se quiser, posso procurá-lo.
Vou até lá e falo com ele.

Ana levantou-se assustada:
— Não. Assim, não. Eu conto.
Sei que ficará furioso. Mas você sabe, ele está doente.
Com a morte de mamãe ficou transtornado.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 07, 2012 9:23 am

Não tem parado, precisamos vigiá-lo constantemente.
Vive com a arma ameaçando uns e outros.
Já escondi dois revolver mas não sei como ele sempre obtém outro.
Preciso contar-lhe algo...

— O que é?
— Mamãe falou com ele antes de morrer!
Disse-lhe que você tinha voltado.
Que ela consentia em nosso casamento.
Queria que ele não interferisse em nossa vida.

— Deus a abençoe por isso. E ele?
— Ficou agitadíssimo.
Fechou-se no quarto e não saiu o dia inteiro.
Inúmeras vezes ouvi-o praguejar.

Preocupada colei o ouvido na porta e ouvi:
— Traidores! Dentro de minha própria casa!
Os inimigos invadiram-me a casa!
Preciso preparar-me! Agir com astúcia!
Ele pensa que me vai derrotar.

Ria nervosamente:
— Engano! Puro engano. Eu o mato!
Acabo com sua raça de víbora peçonhenta.
Vou procurá-lo, acabar com ele!"

— Desde esse dia, não falou mais connosco.
Tem uma arma da qual não se separa um minuto.
Você não deve ir lá.
Pode matá-lo. Ludwig está louco!

As lágrimas corriam pelas faces de Ana e Karl, assustado, abraçou-a aflito.

— Está certo — concordei, procurando acalmá-los.
Farei como você quiser, mas Ana, não é justo.
Tantos anos de separação e agora...
— Eu sei, meu bem, mas com calma resolveremos tudo.
A violência não constrói nada.

— Está certo.
Sempre pretendi resolver tudo com serenidade.
O que sugere?
— Hoje vamos para casa.
Falarei com ele que nos casamos e que vou embora com Karl.

- Fará isso por mim?
- Por nós, meu bem.
Anseio por um lar onde possa viver com nossos filhos sem preocupação e sem angústia.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 07, 2012 9:23 am

- Certamente, Ana.
Deus nos dará essa alegria!

Já noite quando acompanhei Ana e Karl até a rua.
Assim que partiram, Hans e eu subimos para nosso apartamento.
Eu em minha solitária noite de núpcias.

Recordei a noite em que Ana pela primeira vez viera sorrateiramente ao meu quarto há tantos anos.
Entramos em casa e ao fechar a porta, divisei a figura de Ludwig.
Estremeci.
Seu olhar frio e cheio de ódio causou-me esperado mal-estar.

— Finalmente o encontrei! Traidor maldito.
Vou acabar com sua raça odiosa!

Reconhecendo a crítica situação procurei ganhar tempo.

— Ludwig, precisamos conversar.
Pretendia procurá-lo.
Vi o brilho da arma em sua mão.
Tentei num esforço evitar a tragédia.

— Ludwig, ouça primeiro o que eu tenho para dizer, depois faça o que quiser.
— Não vou ouvir nada, vou acabar com você já...

Accionou o gatilho.
Saltei tentando evitar o tiro, ouvi um grito e estarrecido vi Hans caído no chão.
O pobre menino no supremo desejo de proteger-me colocara-se entre a arma e eu, tendo sido atingido.

Nesse instante, entraram dois policiais que ordenaram a Ludwig que largasse a arma;
como ele não o fizesse procurando atingir-me, abateram-no ali mesmo.

A cena fora rápida e inevitável.
Atirei-me sobre Hans desesperado, sentido que meu coração se partira de dor.
Chamei-o, chorei, rezei, pedi a Deus, mas, foi inútil.
A bala o atingira na testa. Morreu sem dar um gemido.

Fiquei aparvalhado, nem compreendi a história da governanta que em lágrimas narrava aos policiais como saíra pelos fundos para chamá-los, vendo o que se passava na sala, tentando evitar a tragédia.

Olhei o cadáver de Ludwíg estendido no chão e naquela hora não me senti capaz de perdoar.
Como é difícil Santo Deus!
Meu amor por Hans era imenso.
Sua dedicação extrema fora rasgo generoso de seu nobre coração.

Senhor, porque não eu?
Porque fui poupado?
Eu, tão cheio de fraquezas e de inferioridade?
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 07, 2012 9:24 am

Porque não eu, soldado que no cumprimento de meus deveres cívicos truncara tantas vidas?
Porque Hans, tão bom, tão companheiro, quando eu ia devolver-lhe o lar que perdera?

Quando Ana chegou horas mais tarde, choramos juntos, mas não encontrei nenhuma palavra de fé para dizer-lhe.

Estava vazio e só.
Olhava o pequeno corpo imóvel, estendido no sofá e um aperto indescritível invadia-me o peito causando-me sensação de esmagamento e de desespero.

Não sei descrever meu estado de espírito.
Exigi sem nenhuma compaixão a remoção de Ludwig.
Não podia olhá-lo sem que uma vontade de saltar sobre ele, castigá-lo, puni-lo, me invadisse a alma.

— Assassino! Assassino! — gritava intimamente.
A dor de Ana, pálida e transfigurada não me comoveu.

Apesar de amá-la tanto, naquela hora não tinha condições de sentir outra coisa senão dor, uma dor imensa, uma dor sincera, um amor tão grande por Hans, que jamais me julguei capaz de sentir.

Que será de nós de agora em diante?
Que destino cruel o nosso que sempre teria que haver entre nós um mar de sangue...
Por mais que faça, não consigo recordar-me dos acontecimentos nos dias que se seguiram.

A cena brutal se repetia muitas vezes em meu pensamento e eu alucinado me perguntava se não teria podido evitá-la.

Não conseguia dormir e os pesadelos voltaram a atormentar-me.
Voltei à enfermaria n.º 2 e sofri novamente os tormentos daqueles tempos.
Vi as faces de Ludwig e de Hans...
Ana, apesar de sua dor, foi de uma dedicação sem limites.

Não me deixou mais e Elga foi que providenciou o transporte de seus pertences para meu apartamento.

Entretanto, eu não estava bem.
O choque fora grande demais.
Eu estava doente.
A fé que eu tanto proclamara e pregara aos outros, estava esquecida.

Julgava-me abandonado. Deus me abandonara.
Se assim não fosse, não teria permitido a morte estúpida de Hans, tão inocente e tão bom.

Lutar contra o mal, para quê?
Não leva ele a melhor em um mundo triste como o nosso?
Eu fora vencido, não tinha mais condições de lutar...

O diário de Denizarth terminava aí.

Nunca mais ele tivera ânimo para voltar a grafar suas impressões, porque não mais conseguira subtrair a mente daqueles dias de dor e de angústia.

O tempo parara para ele que não podia perceber que a vida continuava ininterrupta, movimentando seu ciclo de acção, accionando a justiça de Deus e dando a cada um segundo suas obras.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 07, 2012 9:24 am

CAPÍTULO XXVIII - O amparo de plano espiritual

Desconcentrei-me.

Volvi o olhar pelo aposento e olhei Hans com carinho.
Ele correspondeu ao meu olhar com ternura e lucidez.

Com profundo respeito, aproximei-me do grupo que silencioso e em prece procurava transmitir a Denizarth vibrações de alegria e paz.

- Preparemos nosso Denizarth para um encontro com Hans logo mais quando seu corpo adormecer.
- Laura, — disse miss Lee dirigindo-se a outra enfermeira.
Precisamos evitar esta noite o comprimido que Ana coloca no chá do marido.
Nosso irmão precisa conservar a lucidez.
Encarregue-se das providências.

Laura saiu rápida e curioso olhei para miss Lee.
— É receita do médico, um calmante para dormir.
Vá com ela e verá.

Confesso que quis ver Laura em acção.
Cheguei à cozinha na hora exacta.

O chá já estava na chávena e Laura aproximando-se de Ana colocou a mão em sua testa dizendo-lhe ao ouvido:
— O remédio não está aí.
Você não vai enxergá-lo.

Ana passou a mão nervosa pela fronte e abriu um armário: o remédio lá estava.
Laura repetia a frase aos ouvidos de Ana.

A jovem senhora fixou a prateleira:
— Não está aqui — tornou indecisa — Onde o terei posto?

Sem dar-se por vencida abriu e fechou o armário diversas vezes.
Vasculhou gavetas e aparadores.
Precisava dar o remédio ao marido.

Laura sugeriu:
— Só um dia não faz mal.
Afinal, o remédio não tem mesmo adiantado!
- É, — disse Ana em voz alta — um dia só não faz mal.

Tomou a xícara e subiu ao quarto.
A presteza de Laura, sua eficiência encantou-me.
Ana aproximou-se do marido com carinho:
- Trouxe o chá. Você não comeu nada hoje.
Sem sair da apatia ele tornou:
— Não tenho fome.

Ana Suspirou com tristeza.
A depressão do marido a contagiava.
Também se sentia culpada Ludwig era seu irmão.
Assassinara o pobre menino.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 07, 2012 9:24 am

Mas, ao mesmo tempo, sabia que Ludwig estava fora do normal.
Era um doente. A guerra o destruíra!
Era-lhe impossível arrancar do coração amoroso a figura do irmão nos tempos felizes, nas quadras agradáveis da primeira juventude.

Sempre fora compreensivo, afável e bom.
Como pudera mudar tanto?
Apesar disso, procurava esconder sua dor profunda, seu sofrimento, no desejo veemente de salvar a felicidade do seu lar.

Seu marido era bom.
Nenhum outro teria sofrido tantas ofensas com tanta compreensão Sem ódios nem rancores.
Há porém, um certo limite que cada um possui de resistência Denizarth atingira o seu e não conseguia sair da prostração.

Tentando deter as lágrimas Ana procurou sorrir.

Abraçou o marido e tornou com suavidade:
— Denizarth! Karl já se foi deitar.
Você não o viu esta noite.
Ele sente falta da sua Presença.

- Sinto muito Mas, não estou bem.
Não tenho forças. Parece-me que a vida se me esvai.
Ana olhou o semblante pálido do marido com tristeza.
Que fazer?

Miss Lee aproximou-se dela, colocando-lhe a mão sobre o peito enquanto que do seu coração partiam pequenos flocos de luz que penetravam o tórax de Ana, e esta pareceu mais aliviada.

Abraçou o marido e tornou com ternura:
— Meu bem. É preciso reagir.
Os desígnios de Deus são sábios.
Aprendi isso com você.
Confiemos na sabedoria do Pai.

Nós, que tantos benefícios recebemos, que apesar da guerra conseguimos a bênção do nosso lar, por que não procurar recomeçar?

Porque lamentarmos o passado, se Deus é Pai bom e justo e tudo determina para nosso bem?
Não estaremos sendo ingratos para com Ele?

Por um instante Denizarth a olhou admirado.
Ana nunca lhe falara assim.

A jovem senhora continuou:
— A vida na Terra é passageira e o espírito é eterno.
Você ensinou quando perdi minha mãe.
Quem nos garante que não estava na hora de Hans partir?
Não sabe que não se move uma folha sem a vontade do Pai?
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 07, 2012 9:25 am

Denizarth fixou o olhar nos belos e luminosos olhos azuis da esposa.
Suas palavras pareciam-lhe diferentes.
Ele dissera isso?

De repente porém, sua fisionomia transformou-se e uma expressão de dor desfigurou-lhe o semblante:
— Veja! É ele! De novo!
Não o deixe matar o menino.
Contenha-o! Contenha-o!

Denizarth torcia as mãos convulsivamente em desespero.
Ana, aflita, não sabia o que fazer.

— Já passou, meu bem.
Não há ninguém aqui.

Mas pudemos ver novamente através da mente de Denizarth a figura sinistra de Ludwig, entrando no apartamento e a cena do crime se repetindo.

Hans, com gesto de amor abraçou Denizarth e procurou transmitir-lhe pensamentos de paz e de equilíbrio.

Todos nos reunimos em preces pedindo a Jesus que nos socorresse naquela hora.
Aos poucos, pude perceber que da cabeça de Denizarth saia um fio escuro que se perdia na distância.

Fixei nele o pensamento, desejoso de saber o que havia na outra extremidade.
Pude ver um caminho escuro e nevoento e perceber um vulto sombrio e enegrecido.

Fixando melhor a estranha criatura que se encontrava ligada pelo cérebro a outra extremidade do cordão, reconheci Ludwig.

Seu estado era deplorável.
Olhos esgazeados, peito perfurado, trazendo duas chagas sanguinolentas, sujo, desgrenhado, parecia ter descido os degraus negros da loucura.
Ao seu redor, vozes ora lamentosas, ora satíricas, tornavam ainda maiores seus padecimentos.

— Assassino! Covarde!
Onde está agora sua valentia?
Que fez você do meu dinheiro?
Onde o escondeu ladrão imundo?
Vai devolver tudo, franco por franco!

Outro dizia:
— Deixem-no. Ele é da S.S.!
Pois não, senhor capitão!
Veja como bebe meu vinho, morar em minha casa, é tudo seu!
Covarde! Veja como você ficou, ladrão, assassino!
Apiedado, procurei orar por ele.

Fixando-lhe a mente percebi pensamentos de ódio:
— Deixem-me, vagabundos! Judeus malditos!
Vou pegá-los um a um! Usurários.
Pensam que me escapam?
Já verão, malditos!.,. Os mandarei cremar a todos!
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 07, 2012 9:25 am

Com gestos de ódio procurava atingir seus inimigos e com suas gargalhadas sarcásticas:
— Apareçam malditos! Apareçam e verão...

Espumando de raiva, Ludwig distribuiu golpes a esmo até cair extenuado no chão lamacento.
Para seu tormento, quando vozes cessavam voltava em sua mente a cena brutal da tragédia que lhe ceifara a vida.

A figura de Hans no chão, com sangue escorrendo, perseguia-o dolorosamente — O culpado é ele! É o traidor...

Nesses momentos a figura de Denizarth desenhava-se em sua mente:
— Maldito! Não pude matá-lo!
Mas vou buscá-lo. Há de vir para cá e poderei destrui-lo, o culpado de tudo...

O cordão escuro agitou-se e pareceu mais denso.
Preocupado, voltei meu pensamento para Denizarth procurando evitar que aquela fortíssima vibração de ódio o atingisse.

Todo nosso grupo concentrou-se com firmeza vibrando amor e paz para ambos.
Apesar do amparo dos nossos maiores que nos assistiam não foi possível evitar que Denizarth recebesse um pouco daquela carga letal.

Tornou-se muito pálido e parecia que ia perder os sentidos.
Assustada, Ana afrouxou-lhe as vestes e apanhou um copo de água que Laura com presteza e eficiência fluiu orando ao Senhor.

Aos poucos a crise passou e nosso amigo foi serenando.
Miss Lee aplicara-lhes passes calmantes enquanto que amigos dedicados, nossos companheiros vieram ter connosco para auxiliar-nos na tarefa.

Foi com alguma dificuldade que Denizarth adormeceu.
Assim que seu espírito deixou o corpo, fixou angustiado o olhar em torno.
Apesar de estar amparado pelas duas enfermeiras, não percebeu nossa presença.

Parecia magnetizado.
Em seu pensamento aflito pudemos ver a cena do crime.

Miss Lee pedindo-nos preces, procurou tornar-se visível a ele ao mesmo tempo que com carinhosa energia lhe dizia:
- Denizarth, perdoa.
Seu coração precisa libertar-se do ódio e da vingança!
Perdoa Ludwig!

Nosso amigo pareceu registar aquelas palavras:
— Quem me fala? — inquiriu com voz angustiada.
— Uma amiga que deseja conversar consigo.
Trago-lhe um recado dele.

Ouvindo mencionar o menino, Denizarth estremeceu:
- Ele está morto! Assassino! Assassino!

A figura de Luwig desenhou-se novamente na mente a presença de Ludwig e uma cena desagradável, miss Lee orou a Jesus com fervor e conseguiu finalmente ser vista por Denizarth olhou-a enquanto dizia:
- Uma enfermeira? O que quer?
Hans está morto. Agora é tarde!
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 07, 2012 9:25 am

Miss Lee aproximando-se colocou as mãos dizendo com serena energia:
- Denizarth. Você sabe que a vida continua...
Sabe que o é eterno! Hans vive!

Um brilho de lucidez fulgiu nos olhos de Denizarth para depois desaparecer com rapidez enquanto dizia:
- Não acredito. Ele está morto!
— Não. Ele vive!
Perdoa Ludwig...
Ele é nosso irmão, necessita da nossa ajuda... Perdoa!

Denizarth por um instante pareceu meditar, depois, olhando ao redor com desconfiança disse:
— Já sei. Você sabe que vou procurá-lo.
Sabe que desta vez ele vai pagar pelo crime que cometeu!

Você sabe que tudo perdoei, seu ódio, seu desprezo contra mim, as mentiras para afastar-me de Ana, mas esse crime... Hans!

Meu pobre e amado filho!
Sua vida destruída, sua felicidade aniquilada para sempre...
Como não defender uma criança inocente?
Como permitir que esse assassino desfrute de impunidade depois de tudo?

Seu rosto contorcia-se em um ritus de dor.
Hans abraçou-o com ternura.

Lágrimas lhe desciam pelas faces ao dizer-lhe ao ouvido:
— Pai, estou aqui! Estou vivo!
Piedade por aquele que está escravizado nas redes do crime e da dor! Ele sofre!...
Perdoa, para que possamos nos unir de novo, cada vez mais!

O rosto de Denizarth reflectiu mais calma.
Não ouviu a amorosa rogativa, mas sentiu o efeito das sublimes emanações daquele coração que suplicava perdão para seu algoz.

Denizarth caiu novamente em profunda apatia.
Miss Lee pediu a Laura e mais um outro assistente que conduzissem nosso tutelado para um local de tratamento, onde ele pudesse receber energias vivificantes da natureza.

Aproximei-me de miss Lee que com bom humor esclareceu:
- Vamos indo bem, meu caro Lucius.
Nosso trabalho de recuperação já teve início.
— Parece-me difícil, por ora a recuperação — aventei.

- É natural.
Nosso amigo fixou a mente na dolorosa do crime.
Ludwig é seu antigo inimigo de outros tempos.

Submetido a testemunhos no reencontro inevitável, nosso Denizart espírito generoso lutando pela regeneração, conseguiu vencer, enfrentar-lhe as arremetidas com serenidade e compreensão.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 07, 2012 9:25 am

Contudo, submetido à prova extrema, não encontrou forças para vencer desta vez, deixou-se agarrar pelas tramas do desalento, embora não confesse abertamente seus sentimentos para não ferir a esposa amada, intimamente não consegue perdoar.

Desta maneira fixando a mente na cena e na lembrança odiosa do assassino, a ele se ligou.
A cada dia, envolvido pelos pensamentos rancorosos de Ludwig, mais e mais vai minando suas possibilidades de resistência.

Ao dormir, seu espírito sai do corpo no desejo de ver Ludwig para poder gritar-lhe todo rancor, toda angústia do seu coração.

Temos mantido aqui severa vigilância procurando evitar que se gladiem fisicamente.
Não podemos contudo, impedir que, sintonizados na mesma faixa mental, permutem energias destruidoras.

Comovido, retruquei sincero:
— Denizarth é um moço bom.
Passou pela guerra sem contaminar-se na crueldade e no ódio!

— É verdade.
Mas, não podemos nos esquecer que todos guardamos pontos fracos no sentimento e na resistência que nos podem conduzir à queda...

— Tem razão... — concordei, perdido por instantes em reminiscências dolorosas — mas é assim que Deus nos fortalece o espírito oferecendo-nos ocasiões de lutar e de vencer.

Naquele instante a comitiva assistencial voltava trazendo Denizarth com carinhosa atenção.

Com infinito carinho Hans, que os acompanhara, ajudou a acomodá-lo novamente no corpo, alisando-lhe a fronte com ternura e murmurou-lhe ao ouvido:
— Dorme em paz, paizinho querido.
Nós estamos aqui. Jesus nos abençoe.

O espírito de Denizarth acomodou-se novamente no corpo profundamente adormecido.

Miss Lee aproximou-se de Hans aconchegando-o com carinho:
— Muito bem, meu filho. Agora temos que ir.

Ficarão dois assistentes aqui.
Amanhã voltaremos.
Há algumas providências a tomar, por isso viremos mais cedo.

Reunimo-nos prontamente e iniciamos a viagem de volta.

A noite se findava e ténue claridade prenunciava os primeiros raios do amanhecer, mas ainda brilhavam as estrelas convidando-a admiração e ao respeito pela beleza sublime das obras da criação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 07, 2012 9:25 am

CAPÍTULO XXIX - O sublime perdão

Passava das doze quando no dia seguinte retornamos ao lar de Denizarth.

Sentado em confortável poltrona na sala de estar, nosso tutelado saboreava uma chávena de chá.

Pela sua fisionomia, notava-se-lhe o esforço em parecer melhor e mais alegre.
Porém, a palidez de seu semblante bem como as olheiras denunciavam sua exaustão.

Ana procurava animá-lo secundando Karl que, falando animadamente, intentava interessá-lo no lado alegre da vida, descrevendo factos pitorescos e travessuras dos seus companheiros escolares.

Notava-se, entretanto, que no ambiente havia vibrações de tristeza.
Denizarth nos pareceu ligeiramente melhor.

Observando-o com atenção pudemos verificar uma pequena reacção, cujo esforço de parecer melhor deixava entrever,
Todavia, o cordão escuro ainda permanecia ligado ao seu coronário, anulando e destruindo os pensamentos de melhora.

— Vamos trabalhar — disse-nos miss Lee. — Laura, pode começar.
Laura aproximou-se de Ana colocando a mão sobre sua fronte.

De seu tórax partiam jactos de luz enquanto dizia-lhe ao ouvido:
— Vá à casa de Gisele, é preciso.
Há necessidade da sua ajuda!

Ana lembrou-se de Gisele.
Sua cunhada era tão boa!
Tinha tanta ascendência sobre o irmão... e se fosse procurá-la?

Levantou-se. Um pensamento de desânimo a acometeu.
Tantas vezes Gisele o vinha visitar! Tudo inútil.
Ele a tratava com carinho, mas não melhorava.
Para que incomodá-la? Sentou-se novamente.

Laura continuou sussurrando-lhe ao ouvido:
— Vai, Ana. Desta vez será diferente.
Nós precisamos dela.
E preciso fazer uma reunião aqui!

Ana tornou a erguer-se.
E se desta vez fosse diferente? — pensou.
E se fizessem novamente uma oração em conjunto?
Tomou a resolução, foi a seu quarto, apanhou a bolsa.

- Vai sair? — indagou Denizarth com voz fraca.
— Sim. Preciso fazer uma compra. Volto logo.
Karl far-lhe-á companhia, não me demorarei.
Karl, se sua avó perguntar diz que venho logo.

Miss Lee voltando-se para mim pediu:
— Vá com elas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Out 08, 2012 9:07 am

Saímos. Acomodamo-nos no automóvel de Ana.
Laura abraçava carinhosamente a jovem senhora cujo abalo era evidente.
Ana suportara exaustivas lutas com coragem, mas agora, também se encontrava próxima da exaustão.

Temia que o marido, arrastado pelo desequilíbrio que a cada dia mais se acentuava, tal qual acontecera ao irmão, enveredasse pela violência e pela tragédia.

Pelos seus belos olhos, lágrimas rolavam copiosas.
Não culpava ninguém.

Contudo, pensava com amargura:
— Ê a guerra! A guerra que, um a um, crestara seus sonhos de felicidade e de paz.

Envenenara os dias de sua mãe, matara seu pai, transformara seu irmão em um louco e lhe roubara o direito à paz mesmo depois de tudo ter terminado.

Chegamos.
Enxugou os olhos vermelhos e tocou a sineta da porta.

Entramos, Gisele, vendo-a abraçou-a com carinho:
— Ana! O que aconteceu?
— Preciso da sua ajuda. Não posso mais!...

Assustada, Gisele acomodou-se em um sofá.
Bertrand tomou-lhe o pulso:
— Você está muito nervosa, O que houve?

Na fisionomia dos dois lia-se a preocupação e o desgosto.

— É Denizarth.
A cada dia está definhando.
Mal se alimenta. Quase não dorme.

Desculpe-me o desabafo, mas é que me venho contendo há muito tempo.
Tenho procurado sorrir diante dele.
Perdeu o gosto de viver, está triste e abatido.
Queria pedir-lhe que nos ajudasse.

— Certamente, Ana.
Iremos. Tenha calma.
Deus não desampara ninguém.
Devemos confiar, ter esperança.

— Vocês são espíritas. Acham que ele ficará bom?
— Tenho fé. Porém, Ana, a Deus pertence o futuro.
Se ainda não o permitiu é certamente porque Denizarth necessita passar pelas provações regeneradoras.
Mas nós, jamais poderemos perder a esperança.

Respondeu Bertrand com seriedade.
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Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto - Página 9 Empty Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Out 08, 2012 9:07 am

— Hoje mesmo iremos até lá — completou Gisele com voz suave.
— Hoje à noite.
Senti-me comovido.

Gisele, embora preocupada com o irmão querido, não se deixara envolver pelos pensamentos enfermiços de Ana.
Envolvia a cunhada em pensamentos de amor e eu senti uma vontade imensa de ajudar.
Olhei para a enfermeira Laura que assentiu com um sorriso.

Aproximei-me de Gisele com delicadeza.
O trabalho mediúnico sempre me infundiu profundo respeito.
Liguei-me a ela e procurei transmitir-lhe novas energias.

Gisele continuou:
— Ana, desejo também pedir-lhe ajuda!
Não deixe que a amargura e o desânimo tomem conta do seu coração valoroso.

Os pensamentos negativos minam nossa resistência física, envenenando e destruindo nossas possibilidades de alegria e equilíbrio.

Confiemos em Deus que guiou nossos passos mesmo quando parecia que tudo estava perdido.

Que nos sustentou nos momentos difíceis e que não nos há de faltar agora.
Pensa quantos perigos Ele desviou de todos nós, preservando-nos a vida, reunindo-nos para juntos encontrarmos o caminho da redenção.

Não, Ana. Não chore mais. Coragem.
Vamos lutar plantando o bom ânimo e Deus nos levantará.

Ana, como que tocada pelas vibrações de amor de Gisele, aos poucos foi se acalmando e murmurou confundida:
— Estou envergonhada.
Deus tem sido bom para nós, apesar de tudo.
Devolveu-me Denizarth quando eu mais precisava dele.
Não nos há de desamparar agora.

Gisele abraçou a cunhada com carinho:
— Muito bem, Ana. É assim que a quero ver.
O desespero, a revolta, o desânimo, retrata nossa falta de fé na Providência Divina.

Neste mundo, os sofrimentos são inevitáveis por representarem precioso recurso de aferição dos nossos valores morais e por permitirem o nosso reajuste com as leis de Deus que tantas vezes nas múltiplas encarnações vividas já transgredimos.

Contudo, o amparo do Pai não nos abandona em nenhum momento.
Saibamos orar e esperar. Haveremos de vencer!

Nossas companheiras já se haviam aproximado e iamos intensamente transmitindo energias restauradoras a Gisele que nos servia de instrumento.
De seu tórax partiam raios luminosos que penetravam no plexo cardíaco de Ana que suspirou aliviada.

— Só de vir aqui, de desabafar, já me sinto melhor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Out 08, 2012 9:08 am

Retirei a mão da cabeça de Gisele.
A reunião ficara marca para logo mais à noite e Ana, preocupada com o marido, apressou-se em regressar.

Voltamos com ela. Íamos satisfeitos.
Nossa pequena missão fora cumprida e Ana regressara mais refeita, o que facilitaria a tarefa.
É impressionante a força do pensamento optimista.

Se os homens entendessem o valor da confiança em Deus, do cultivo constante da alegria no bem, lutariam para varrer da mente o menor pensamento depressivo.

Não deixariam de forma alguma que eles se instalassem em seu intimo anulando as possibilidades de progresso espiritual e abalando o equilíbrio da saúde física.

Mas os homens não sabem ainda, apesar de Jesus haver ensinado a orar e vigiar e tantos espíritos do bem darem seu testemunho ensinando-nos a higiene mental.

Um dia todos entenderão e lutarão valorosamente para libertar-se da obsessão e da angústia.
O importante era plantar a semente porquanto Deus a faria germinar em momento oportuno.

Ao chegarmos em casa, miss Lee satisfeita com os resultados da nossa comitiva, começou os preparativos para a reunião nocturna.

Pouco depois alguns companheiros humildes, dedicados ao trabalho de limpeza do ambiente, entraram em acção.

Empunhavam curiosos aparelhos que aspiravam as formas escuras que gravitavam na sala.
Estabeleceram pequeno campo de força no local onde mais tarde se realizaria a sessão.

Foi com esforço conjunto que o conseguimos.
Para mantê-lo havia necessidade de constante vigilância e mentalização dos trabalhadores desse sector que concentrados e em preces sustentavam e mantinham o ambiente que aos poucos foi se tornando mais delicado e luminoso.

O pai de Denizarth, apesar de confortado pela fé, não alimentava muitas esperanças quanto à cura do filho.

A guerra deixara sua marca, pensava ele, pedia resignação e forças a Deus.
Quanto à sua mãe, naqueles dias, esquecera completamente sua antipatia para com a Doutrina dos Espíritos.

Não que a aceitasse mas, seu amor pelo filho deixava-a desesperada.
Dentro dessa dor, condescendia em aceitar e participar da reunião, como tentativa de alimentar esperanças.
Trazia o coração depressivos e angustiosos, sustentada por nossos companheiros mas colaborava connosco.

Será esta noite!
Há algo no ar que me faz sentir estranha.
Ajude-nos com pensamentos positivos.
Eu acho nossa reunião hoje será especial.

Preparava no lar a mesa para o início da reunião, meditação do nosso lado era intensa.
Mas um pouco antes os amigos encarnados se sentarem ao redor da mesa, o encarregado da direcção das nossas actividades já se dera e reunidos nos preparávamos em prece e concentraram-se em torno da mesa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Out 08, 2012 9:08 am

Bertrand com voz comovida — Senhor Jesus.
Mestre generoso, humildemente rogamos protecção.
Sentimos que sempre nos tem assistido, mas Senhor, temos tido condições e forças para nos manter sob sua tutela luminosa, espíritos enfermos que somos, inseguros e fracos.

Temos errado muito, Senhor, temos nos afastado das leis santas do criador.
Por isso sofremos e nos emaranhamos nas provações sem fim.
Entretanto, Senhor, agora desejamos nos libertar deste passado doloroso.

Almejamos alçar voo rumo aos planos superiores da vida!
Aspiramos, Mestre, ser felizes para sempre, na renovação e no progresso da vida maior.
Sustenta-nos nas horas de provação e de luta para que não venhamos a perder o fruto de anos de trabalho incessante, no momento mesmo de colhê-lo!

Dai-nos forças para manter acesa a chama viva da fé, resignados e fortes, ainda quando tudo e todos estejam aparentemente contra nós.

Ainda que a dor nos atormente.
Piedade Senhor, para nossos inimigos!

Ajuda-nos a perdoar do fundo das nossas almas como na hora extrema o Senhor perdoou a seus algozes.
Abençoa-nos e ampara-nos agora e sempre!

Estávamos calados e comovidos Do coração generoso de Bertrand saiam vigorosos jactos de luz que subiam até nós envolvendo-nos com amor e bem-estar, facilitando a tarefa dos sustentadores do meio ambiente que vigilantes trabalhavam para conseguir melhor padrão de vibração e de limpeza.

Eu estava afeito a esse género de trabalho, mas pensava na surpresa dos homens se pudessem ver o que acontecia naquele momento.
Hans, a um sinal do assistente Aurélio, postou-se ao lado de Denizarth juntamente com miss Lee.

A fisionomia de Denizarth não se modificara.
As vibrações luminosas que o envolviam, seleccionadas pelos auxiliares socorristas, não conseguiam penetrar a camada viscosa de fluído cinzento-escuro que o envolvia.

Aurélio aproximou-se colocando a mão sobre o cortex cerebral e começou a trabalhar com segurança e rapidez:
— Vou tirá-lo do corpo — disse com voz serena.

Nesse instante miss Laura acercou-se de Gisele colocando a destra em sua testa:
— Vamos orar em pensamento — disse a jovem senhora.
— Nossos companheiros querem ajuda e prece.
Pensamento firme voltado a Deus em benefício de Denizarth.

Notamos que todos procuraram orar mentalmente, cada um dentro de sua forma usual, mas com o mesmo desejo de ajuda ao ente querido.

Em poucos segundos, a cabeça de Denizarth pendeu e um pouco atordoado e sonolento seu espírito largou o corpo e veio para nosso lado.

Contudo, não conseguia registar senão a presença de miss Lee.

Olhou-a e teve um gesto de medo:
— É o pesadelo — pensava ele. — A guerra de novo.
Ela sorriu e olhando-o fixamente falou:
— A guerra acabou, Denizarth.
Estamos em paz. Viemos ajudá-lo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Out 08, 2012 9:08 am

Ele registou as palavras e conseguiu balbuciar:
— Ajudar-me? Ninguém pode.
— Deus pode. — Lembrou-se Miss Lee com certa firmeza.
— Talvez eu mão mereça — volveu ele sucumbido.
— Talvez não — respondeu ela com seriedade.

Habituado ao aconchego e ao carinho familiar, ele não esperava essa resposta.
Olhou-a surpreendido.
Pareceu-nos mais lúcido e mais desperto.

— Você não merece mesmo.
Durante muitos anos Deus o tem assistido com sua misericórdia e protecção.

Quantas vezes salvou-lhe a vida durante a guerra?
Quantas vezes preservou seu equilíbrio mental nas lutas dolorosas nas quais foi envolvido?

Quantas vezes lhe permitiu conhecer suas leis de amor e abeberar-se da luz da vida maior arrancando o véu da sobrevivência do espírito, comprovando sua existência para fortificar sua fé?

Quantas lhe reservou preservando-lhe a família e permitindo que pudessem viver reunidos e amparando-se mutuamente?
Que fez você?

Denizarth abandonou um pouco a depressão e a pena de si mesmo e começou a pensar em defender-se.
Apesar dos seus sofrimentos, havia algo nele, que se comprazia em ser uma vítima.

Com serena energia, miss Lee continuou:
— Imagina você os sofrimentos dos seus companheiros que morreram no campo de luta e que ainda hoje, dementados e enlouquecidos estão nos hospitais de recuperação?

E os que perderam a família e os bens na guerra e na miséria enfrentam o drama da solidão?
A dor dos que mutilados e cegos, neuróticos e angustiados, sentem-se morrer a cada dia?
Você não relacionou ainda todas as bênçãos que Deus lhe concedeu?

Denizarth olhou-a envergonhado.

De repente, um brilho de mágoa reluziu em seu olhar:
— Não posso esquecer o crime!
Não posso — gemeu ele contorcendo-se em prantos.
— Hans, meu filho, meu filho... aquele assassino! Assassino!

Nesse instante deu entrada na sala uma figura sinistra:
Ludwig os olhos esgazeados e o peito sangrando horrivelmente.
Um cheiro nauseante se desprendia determinando providências urgentes para conservação do ambiente.

Vendo-o, Ludwig trincou os dentes de ódio.
Emanações escuras e destruidoras partiam do seu pensamento na direcção de Denizarth que imediatamente foi envolvido por uma camada de energia protectora e isolante.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Out 08, 2012 9:08 am

Envolto pelo magnetismo dos assistentes do nosso plano, Ludwig foi colocado ao lado de Gisele que amparada por duas enfermeiras preparava-se para o trabalho edificante da mediunidade.

Ludwig, semi-consciente, apenas podia vislumbrar a figura de Denizarth.
Colocado ao lado de Gisele cujas forças o atraíam como um imã, colou-se a ela, sentindo renovar sua vitalidade.
O rosto de Gisele contorceu-se e seus olhos abriram-se desmesuradamente.

Levou a mão ao peito e bradou com voz rancorosa:
— Hei de pegá-lo agora!
Hei de matá-lo de vez!

Apavorado Denizarth quis retornar ao corpo adormecido.

— Tenha calma — respondeu miss Lee com serena energia.
Confiemos em Jesus e oremos ao Pai por esse infeliz.

Envolvido pela força mental dela, Denizarth pareceu aquietar-se um pouco.

Alçando o punho cerrado, Ludwig, utilizando-se do corpo de Gisele bramiu:
— Porque foge o covarde? Um dia teremos que acertar nossas contas.
Um dia... Hoje é o dia.

Eu pude voltar, ninguém poderá impedir-me.
Vem, covarde traidor e toma seu corpo para que face a face possamos nos enfrentar.

Denizarth não se conteve.
Atraído por uma força violenta, mergulhou no corpo adormecido fazendo-o estremecer.

Ainda emocionado, olhou a fisionomia transtornada de Gisele e assustado viu o rosto de Ludwig a fitá-lo com rancor.

Ludwig desejava atirar-se sobre Denizarth, mas ao seu redor fora estendido um campo de força fora do qual ele não podia sair.

— Se não me tivessem amarrado, certamente eu poderia pegá-lo de uma vez.
Soltem-me covardes e verão!

Tomada de profunda emoção, Ana chorava.
Seu irmão falava em alemão, voltara do túmulo para continuar a sua implacável perseguição.

Sem compreender bem o que ele dizia através de Gisele, Bertrand pediu-lhe que se pronunciasse em francês, o que ele pareceu não escutar.

Ana, preocupada, foi traduzindo suas palavras para os demais.
Denizarth encontrava-se indeciso e preocupado.
As palavras de miss Lee calaram fundo em seu coração.

Afinal, a figura horrenda de Ludwig, dementado e infeliz deveria inspirar-lhe mais piedade.
Ao mesmo tempo o corpo de Hans, caído em uma poça de sangue, antepunha-se a esses pensamentos de compreensão deixando-o confuso e traumatizado.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Out 08, 2012 9:09 am

— Vamos orar por ele pedindo a Deus que possa esclarecer-lhe a mente enferma — tornou Bertrand penalizado.

Voltando-se para ele continuou:
— Porque tanto ódio em seu coração?
Porque tanta angústia?

Ouvindo outra voz, Ludwig calou-se por alguns segundos.

Depois continuou:
— Quem está interferindo em nosso ajuste de contas?

Já agora Gisele, assistida por uma das enfermeiras podia traduzir o pensamento de Ludwig falando em francês.

— É um amigo que deseja ajudá-lo.
— Bah! Não acredito.
Não tenho amigos franceses, isto é uma cilada!

— Engana-se.
Veja como você está doente, ferido, precisa socorrê-lo.
Não acha que a guerra já causou muitos sofrimentos será melhor trabalharmos em favor da paz?

- Só a aceitarei quando a Alemanha dominar o mundo temos ainda e então todos se curvarão diante de nós!
- Violência leva à destruição e à morte!
Não gostaria de ter paz?
Não gostaria de perdoar e repousar em um hospital?

- Não posso ainda. Preciso vingar-me!
- Porque insiste nisso?
Não vê que essa insistência aumenta seu sofrimento?

Podíamos observar que quando falava ódio a ferida do seu peito sangrava de novo.

— Terei forças para liquidar o inimigo.
Quero pegá-lo. Traidor imundo... invadiu-me o lar honesto.
Roubou-me a honra da família, trabalhou sempre na destruição do meu país.
Não satisfeito queria roubar-me os entes queridos!
Víbora perversa... eu o destruirei!

— Você matou Hans; — tornou Denizarth sem poder controlar-se — porque feriu uma criança inocente?

Havia profunda angústia em sua voz.

Ludwig estremeceu:
— Criança imprudente!
Não queria matá-la, passou na frente no momento exacto!
Mas isso não me impedirá de fazê-lo agora, assim que me soltarem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Out 08, 2012 9:09 am

— Acalme-se Denizarth.
Deixe-me conversar com ele, — pediu Bertrand.

Voltando-se para Ludwig continuou.

— Não lhe pesa na consciência esse crime?
Ludwig pareceu perturbado:
— Ele era um dos nossos.
Não queria matá-lo.., não queria.., não tenho culpa.
Nem sequer o tinha visto!

— Não acha que diante de Deus terá que responder por esse crime?

Ludwig enfureceu-se:
— Não é você que vai julgar-me!
Tenho pena só de não ter conseguido meu intento. Por isso vim.
Tenho esperado a cada minuto poder estar frente a frente com ele!
Desta vez é definitivo! Se não estivesse amarrado!

Lágrimas escorriam pelos olhos de Denizarth.
Tanto ódio o fazia sentir-se profundamente deprimido.
Sentia-se culpado pela morte do menino.
Fora ele que com seus actos dera origem ao desequilíbrio de Ludwig.

Hans fora vítima indefesa dessa tragédia.
Vendo-o sucumbido pela dor sem oferecer nenhuma resistência, Ludwig procurou tirar proveito da situação.
Sentia-se novamente forte fisicamente, parecia que suas energias estavam mais activas.

Quis atirar-se sobre Denizarth mas, não tendo ainda uma vez conseguido sair do campo de força que o trazia retido, procurou atirar sobre seu inimigo todo seu potencial de ódio enquanto dizia:
— Você foi o culpado.
Único culpado da morte do menino.
Não lhe pesa esse crime na consciência?
Foi você que o matou com sua covardia!

Apesar do esforço, uma nuvem escura partiu da mente de Ludwig em direcção a Denizarth.
Miss Lee, rapidamente, orou em voz alta e conseguiu, isolar nosso tutelado.
Apenas um pouco daquela energia letal o atingiu, deixando-o em franco mal-estar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Out 08, 2012 9:09 am

Laura aproximou-se de Betrand pedindo orações e imediatamente o ouvimos dizer comovidamente:
— Senhor Jesus!

Assisti-nos nesta hora.
Quando nossos argumentos são impotentes para esclarecer;
quando nossos corações são tão pobres e pequenos para poder ajudar;
quando nos sentimos todos culpados pelos nossos erros, recorremos a vós.

Derramai sobre nós vossa misericórdia para que possamos aprender convosco a amar e a perdoar!
Apagai, Senhor, as chamas enegrecidas do ódio e permiti que a compreensão nos ilumine a alma!

Socorre-nos Jesus!
Socorre nosso irmão dementado!

Vós que acalmastes a tempestade, acalmai também as tempestades das almas sofredoras que ainda não aprenderam a perdoar!

Sentimo-nos comovidos.
Bertrand orava com calor e suas palavras eram emitidas com profunda sinceridade.
Nesse instante, um espírito de mulher entrou na sala.
Vinha abraçada a uma enfermeira, mas sua cabeça estava nimbada de luz.

Reflectia emoção nos belos olhos azuis.

Conduzida ao lado de Ludwig, alisou-lhe a cabeça com indizível carinho:
— Meu filho! — chamou com voz serena — Meu filho. Vim buscá-lo!

Ludwig, apesar de enraivecido, estremeceu ao som daquela voz.

— Quem me chama? — indagou assustado.
— Sou eu, meu filho. Vim buscá-lo! — repetiu ela — Olhe para mim.
A um sinal de Miss Lee nós vibramos intensamente para que pudesse tornar-se visível para ele.

Bradou Ludwig angustiado — Quer levar-me.
- Não. Quero devolver-lhe a vida! Vem comigo.
Esquece as do mundo! Esquece o ódio que destrói seu coração. Vem.
- Não posso — bradou ele angustiado.
Preciso acabar com ele!

— Perdoa, meu filho!
Perdoa e iremos para um lugar de renovação e progresso.
Lutaremos juntos e eu o ajudarei a subir passo a passo os degraus da redenção!

Ludwig, envolvido pelas vibrações amorosas que partiam daquele coração dedicado pareceu modificar-se.

Um lampejo de lucidez perpassou-lhe o olhar de alucinado e logo bradou aterrorizado:
— Mãe! Quero ir consigo... leva-me para que eu possa encontrar a paz!
— Sim, meu filho, — tornou ela acariciando-lhe a fronte tal como quando você era criança e eu o agasalhava em meus braços!
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Out 08, 2012 9:09 am

Ludwig esforçou-se por deixar Gisele e abraçar-se ao espírito de Frau Eva, mas não conseguiu romper o emaranhado de fios escuros que o ligavam a Denizarth.

Apavorado, Ludwig tornou:
— Não posso.
Estou preso, sou um assassino!

Em sua mente novamente a cena do crime, o corpinho de Hans estendido no chão em uma poça de sangue!

— Eu matei um inocente!
Um dos nossos! — tornou ele sentindo de maneira insuportável a consciência do seu crime.
Não posso, não mereço! Preciso ser castigado!

Profundamente comovido Hans não se conteve.
Aproximou-se se de seu ensandecido assassino e orou sentidamente suplicando a Deus ajuda para Ludwig.

Lágrimas comovidas rolavam-lhe pelas faces e diante de nós, seu espírito transfigurou-se em luz.
Suas vibrações amorosas envolviam a figura dementada de Ludwig que por momentos pôde vislumbrar-lhe a figura iluminada.

- Ele vive! — bradou.
Ele vive! Perdoa-me... Perdoa-me!

Vendo Gisele cair em pranto, Denizarth que como os outros encarnados apenas ouvia o que Ludwig dizia por intermédio de Gisele, sentiu-se estremecer.

Percebendo que ele se referia a Hans pensou angustiado:
— Meu filho! Você está aí!

Hans olhou Ludwig com bondade e lhe disse:
— Eu perdoo. Nunca lhe guardei rancor.
Mas, peço-lhe o perdão para meu pai adoptivo!
Perdoa e você se libertará.

Ludwig, tocado pelo seu olhar bondoso e envolvido pelas suas vibrações amorosas, baixou a cabeça envergonhado.

Depois disse por entre lágrimas:
— Se você me perdoa, a mim, que sem nenhuma razão lhe tirei a vida, como poderei odiar?
Mãe, ajuda-me a esquecer! Quero descansar!
Por agora não quero mais lutar.
Eu perdoo... eu quero perdoar!

Hans aproximou-se de Denizarth que pressentindo-lhe a presença rogava a Deus a felicidade de vê-lo.
Concentramos nossas energias em favor de Denizarth que imerso em profunda concentração conseguiu finalmente divisar a figura querida.

Hans estendia-lhe os braços e sorria.

— Estou vivo! Papai, perdoa Ludwig.
Eu precisava partir, era minha hora!
Perdoa para que ele se liberte e você possa reconquistar a felicidade!
Eu lhe rogo, papai, perdoa!
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 09, 2012 9:23 am

Denizarth foi sacudido por funda emoção.

Com voz entrecortada pelos soluços bradou:
— Sim, Ludwig. Eu perdoo. Vai em paz.

Tal foi a sua sinceridade que imediatamente os fios negros que o uniam ao cérebro de Ludwig desapareceram e quase inconsciente Ludwig pode ser conduzido por algumas enfermeiras do nosso plano, para um hospital sob os cuidados amorosos de sua mãe, que comovida depositou um beijo nas faces de Denizarth e de Ana.

Cabeça sobre o peito, Denizarth sacudido pelos soluços não conseguia expressar seus sentimentos.

Hans estava vivo!
Hans suplicara seu perdão para Ludwig.
Sentia-se envergonhado.
Fora fraco e inseguro.

Crente das verdades da vida espiritual, procurara divulgá-las confortando quantos encontrasse pelo caminho.
Entretanto, submetido ao testemunho doloroso fracassara na fé e no entendimento!
Como estivera cego!

Comovidos, todos continuávamos em preces agradecidas ao Pai pela libertação daquelas almas sofredoras.
Aos poucos, o ambiente completamente modificado absorvia as vibrações cariciosas que das esferas superiores se derramavam sobre todos nós, provindas da infinita bondade do Pai.

Aos poucos Denizarth foi serenando envolvido pelas emanações suavíssimas daquele instante de oração.

Profundamente a um pedido de miss Lee, acerquei-me de Gisele.
Fora da locução final, daquela memorável noite.

Com minhas deficiências naturais, orei ao Senhor e envolto num carinhoso respeito, comecei:
- Amigos, Jesus vos abençoe.
Confiemos na justiça de Deus!

Todo sofrimento representa valiosa aquisição para nosso espírito, principalmente na conquista do amor, da humildade e da fraternidade legítima que dominará o mundo em um só país na coexistência pacífica e entendimento, no respeito ao idioma, à bandeira de cada povo, eliminando as guerras e transformando o homem por dentro e abrindo-lhe o entendimento na construção do bem comum e à iniciativa de trabalho e de progresso.

Respeitemos as leis civis que disciplinam a sociedade, mas acima de tudo procuremos respeitar e divulgar as leis morais, únicas possíveis de transformar o homem e torná-lo fraterno e bom.

Procuremos compreender que os criminosos do mundo, bem como aqueles que fomentam a indústria da guerra para aurir Proventos materiais, são doentes cegos que um dia serão arrastados no torvelinho de sangue que sua inconsciência estabeleceu, sofrendo por sua vez, na própria carne, todos os malefícios que fizeram.

A divina justiça é indefectível.
Saibamos compreender e perdoar!
Nós erramos muitas vezes.
Como poderemos julgar?
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 09, 2012 9:24 am

Aprendamos a construir o bem dentro de nós mesmos e ele se reflectirá ao nosso redor multiplicando-se em bênçãos sobre todas as criaturas que nos cerquem. Sobretudo, cultivemos a fé.

O optimismo vence barreiras intransponíveis e a alegria representa poderoso tónico para a alma.
Trabalhemos!

Juntos, sob a égide do Cristo, levemos sua mensagem de amor e de paz ao coração sofrido da humanidade que apesar das conquistas dos segredos da Natureza não aprendeu ainda a balsamizar o próprio coração.

Trabalhemos e que Jesus nos abençoe.

Calei-me.
Sentia-me envolvido por forte vibração de entusiasmo e de esperança.

Meus companheiros, orando em silêncio, aureolados de luz suave, emitiam energias diversas que convergiam para mim que por um processo natural as retransmitia à Gisele cujo coração irradiava jactos de luz de cores diversas que penetravam através do coronário dos presentes e percorriam todos os seus centros de força.

Bertrand em comovida prece encerrou a reunião e as luzes se acenderam, Ana olhou o marido com amor.
Denizarth, embora um tanto pálido sorriu com alegria.
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Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto - Página 9 Empty Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 09, 2012 9:24 am

Correu para ele abraçando-o com ternura:
— Denizarth, Deus ouviu minhas preces. Agora acabou.

Denizarth beijou-lhe as faces com emoção:
— Engana-se, Ana.
Estive cego. Agora acordei.

Foi neste instante que tudo recomeçou.
Estou envergonhado mas não derrotado
Fracassei uma vez, mas de hoje em diante trabalharemos pela compreensão entre os homens.

Propagaremos o Evangelho de Jesus!

Observei Me. Lefreve que sentindo o olhar do marido preso ao seu procurou disfarçar sua adesão à Doutrina consoladora que sempre recusara, pigarreou e tornou com significativo sorriso:
— Vou à cozinha preparar um café.
Todos precisamos de um.

Compreendendo a razão da sua saída, a risada foi geral.
E nós, agradecidos e alegres nos preparamos para o regresso.

Saímos olhando o grupo familiar reunido e sereno e sentimo-nos felizes.

Como é bela a vida!
Como é reconfortante o perdão, o sentimento de paz e o entendimento!
Quando os homens compreenderão isso?

E o céu crivado de estrelas parecia-nos responder que tudo virá a seu tempo, que o Universo é infinito e que incomensurável é a gloria de Deus.

FIM

§.§.§- O-canto-da-ave

[i]Caro amigo:
Se você gostou do livro e tem condições de comprá-lo, faça-o, pois assim estarás ajudando diversas instituições de caridade; que é para onde os direitos autorais desta obra são destinados.

Muita Paz
Que Jesus o abençoe
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