Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
Todavia, minhas pernas tremiam e resolvi aceitar uma bebida quente e reconfortante que Madame me oferecia.
— Oh! Sr. Lefreve, preciso apresentar-lhe meus convidados.
Faço questão que os conheça melhor.
A maioria são nossos patrícios, mas há alemães e austríacos também.
Venha comigo.
Segui-a. Precisava conhecer a família de Karl.
Assim sairia da dúvida e da angústia em que caíra.
Procurava convencer-me de que estava enganado.
Que o nome do menino me despertava louca esperança que como tantas outras tinham ruído.
Aproximamo-nos de um grupo;
duas moças e dois rapazes que não nos viram chegar estavam entretidos em palestra amigável.
— Meus amigos, quero apresentar-lhes o sr. Denizarth Lefreve.
Todos voltaram-se e não pude sofrear uma exclamação de susto:
Elga estava diante de mim.
Mais mulher, mais adulta, mas era ela.
Quando me viu, seu rosto coloriu-se de indisfarçável rubor enquanto que eu procurava conter o coração dentro do peito.
Finalmente, encontrara alguém que podia dar-me com certeza notícias de Ana e Karl.
Karl! A presença do menino e de Elga fizeram aumentar o desejo de conhecer a verdade.
A simples suspeita de que meu filho vivesse tornou-me emocionado e fez vibrar em mim, mais do que nunca, a determinação de investigar e ir até o fim.
Madame Genet tornou surpreendida.
— Já se conheciam?
— Sim. — respondi procurando dominar a emoção.
Como vai, Elga?
— Bem... — balbuciou ela um pouco perturbada.
O noivo de Elga, Sr. Erick...
Mas eu nem ouvi os nomes dos demais.
Balbuciei palavras convencionais mas eu precisava falar a sós com Figa.
Não podia perder essa oportunidade.
Compreendi pelos olhares enraivecidos do noivo que o momento não era oportuno mas eu precisava saber.
Procurei conversar com ambos, mas a certa altura não me contive e perguntei:
— Figa! Quero notícias de Ana e de Karl!
Figa pareceu-me extraordinariamente nervosa e não respondeu à minha pergunta.
Perturbado, sem conseguir controlar-me segurei seu braço com mão nervosa e renovei a pergunta.
— Oh! Sr. Lefreve, preciso apresentar-lhe meus convidados.
Faço questão que os conheça melhor.
A maioria são nossos patrícios, mas há alemães e austríacos também.
Venha comigo.
Segui-a. Precisava conhecer a família de Karl.
Assim sairia da dúvida e da angústia em que caíra.
Procurava convencer-me de que estava enganado.
Que o nome do menino me despertava louca esperança que como tantas outras tinham ruído.
Aproximamo-nos de um grupo;
duas moças e dois rapazes que não nos viram chegar estavam entretidos em palestra amigável.
— Meus amigos, quero apresentar-lhes o sr. Denizarth Lefreve.
Todos voltaram-se e não pude sofrear uma exclamação de susto:
Elga estava diante de mim.
Mais mulher, mais adulta, mas era ela.
Quando me viu, seu rosto coloriu-se de indisfarçável rubor enquanto que eu procurava conter o coração dentro do peito.
Finalmente, encontrara alguém que podia dar-me com certeza notícias de Ana e Karl.
Karl! A presença do menino e de Elga fizeram aumentar o desejo de conhecer a verdade.
A simples suspeita de que meu filho vivesse tornou-me emocionado e fez vibrar em mim, mais do que nunca, a determinação de investigar e ir até o fim.
Madame Genet tornou surpreendida.
— Já se conheciam?
— Sim. — respondi procurando dominar a emoção.
Como vai, Elga?
— Bem... — balbuciou ela um pouco perturbada.
O noivo de Elga, Sr. Erick...
Mas eu nem ouvi os nomes dos demais.
Balbuciei palavras convencionais mas eu precisava falar a sós com Figa.
Não podia perder essa oportunidade.
Compreendi pelos olhares enraivecidos do noivo que o momento não era oportuno mas eu precisava saber.
Procurei conversar com ambos, mas a certa altura não me contive e perguntei:
— Figa! Quero notícias de Ana e de Karl!
Figa pareceu-me extraordinariamente nervosa e não respondeu à minha pergunta.
Perturbado, sem conseguir controlar-me segurei seu braço com mão nervosa e renovei a pergunta.
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
A confusão e o desassossego de Figa eram tão evidentes que seu noivo, pálido e lançando olhares furiosos interveio:
- O Sr. está importunando Figa. Não posso admitir isso.
Pela primeira vez olhei de frente o rosto claro do rapaz.
— Você não pode compreender — respondi com voz entrecortada, procurando falar baixo para não despertar atenção de ninguém.
A fisionomia preocupada de Madame continha-me.
— Há muitos anos que espero noticias, há muitos anos que busco encontrar Ana e meu filho.
Pela expressão surpreendida do moço, compreendi que ele não sabia a verdade mas ao mesmo tempo, seu rosto descontraiu se e a expressão de ciúme desapareceu.
Figa, sem querer dar-me resposta ou encarar-me frente a frente tremia e seu semblante tornara-se agora muito pálido.
Parecia que ia sofrer um colapso.
Mas, eu estava insensível ao seu sofrimento.
Sofrera demais para poder apiedar-me da sua estupefacção.
Madame Genet, percebendo nossas dificuldades, com tacto e delicadeza, ofereceu solícita:
- Acho que há muito tempo não se encontravam.
Talvez queiram conversar a sós na sala ao lado.
Assenti com a cabeça, mas Figa fez menção de retirar-se.
Segurei seu braço com força.
- Sou marido de Ana quer queira quer não.
Tenho o direito de saber tudo quanto aconteceu minha voz tornou-se súplice.
Tenho procurado por ela e Karl todos esses anos, mesmo dizendo que estavam mortos.
Por favor, tire-me deste sofrimento, dessa dúvida.
Ele segurou a mão nervosa da noiva e pediu:
- Vamos esclarecer tudo de uma vez.
Irei com você. Não tenha medo.
- Por aqui, - pediu Madame Genet — queiram acompanhar-nos encaminhamos para o outro lado da sala, mas assim que transpormos o seu limiar, ouvimos uma voz infantil que disse:
— Tia Figa, não vamos embora ainda, não é?
Voltei-me como que impulsionado por uma mola.
Era Karl. Hans vinha com ele.
Naquele instante, não sei explicar o que se passou comigo, as pernas tremiam, a visão toldou-se enquanto que meus olhos enchiam-se de lágrimas.
Não podia haver dúvidas:
Karl era meu filho!
Estava vivo, estava ali, perto de mim.
Nesse instante senti uma mãozinha na minha ao mesmo tempo que vi o rostinho aflito de Hans enquanto me perguntava:
— Papai, o senhor está doente?
Procurei conter-me. Uma cena ali era desagradável.
Esforcei-me por sorrir.
- O Sr. está importunando Figa. Não posso admitir isso.
Pela primeira vez olhei de frente o rosto claro do rapaz.
— Você não pode compreender — respondi com voz entrecortada, procurando falar baixo para não despertar atenção de ninguém.
A fisionomia preocupada de Madame continha-me.
— Há muitos anos que espero noticias, há muitos anos que busco encontrar Ana e meu filho.
Pela expressão surpreendida do moço, compreendi que ele não sabia a verdade mas ao mesmo tempo, seu rosto descontraiu se e a expressão de ciúme desapareceu.
Figa, sem querer dar-me resposta ou encarar-me frente a frente tremia e seu semblante tornara-se agora muito pálido.
Parecia que ia sofrer um colapso.
Mas, eu estava insensível ao seu sofrimento.
Sofrera demais para poder apiedar-me da sua estupefacção.
Madame Genet, percebendo nossas dificuldades, com tacto e delicadeza, ofereceu solícita:
- Acho que há muito tempo não se encontravam.
Talvez queiram conversar a sós na sala ao lado.
Assenti com a cabeça, mas Figa fez menção de retirar-se.
Segurei seu braço com força.
- Sou marido de Ana quer queira quer não.
Tenho o direito de saber tudo quanto aconteceu minha voz tornou-se súplice.
Tenho procurado por ela e Karl todos esses anos, mesmo dizendo que estavam mortos.
Por favor, tire-me deste sofrimento, dessa dúvida.
Ele segurou a mão nervosa da noiva e pediu:
- Vamos esclarecer tudo de uma vez.
Irei com você. Não tenha medo.
- Por aqui, - pediu Madame Genet — queiram acompanhar-nos encaminhamos para o outro lado da sala, mas assim que transpormos o seu limiar, ouvimos uma voz infantil que disse:
— Tia Figa, não vamos embora ainda, não é?
Voltei-me como que impulsionado por uma mola.
Era Karl. Hans vinha com ele.
Naquele instante, não sei explicar o que se passou comigo, as pernas tremiam, a visão toldou-se enquanto que meus olhos enchiam-se de lágrimas.
Não podia haver dúvidas:
Karl era meu filho!
Estava vivo, estava ali, perto de mim.
Nesse instante senti uma mãozinha na minha ao mesmo tempo que vi o rostinho aflito de Hans enquanto me perguntava:
— Papai, o senhor está doente?
Procurei conter-me. Uma cena ali era desagradável.
Esforcei-me por sorrir.
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
— Não, meu filho. Encontrei velhos amigos e vamos conversar na sala ao lado.
Depois conversaremos. Vai brincar com Karl.
Hans custou a desenvencilhar-se de mim e foi afirmando:
— Estou aqui, papai, se precisar de mim é só chamar.
Beijei-lhe a testa e ele se foi com Karl, lançando olhares desconfiados sobre os demais.
Finalmente entramos na sala e Madame nos deixou a sós.
Deixei-me cair em uma cadeira e afundei o rosto nas mãos.
Ainda não me refizera da surpresa. Meu filho esta vivo!
Meu filho estava ali, há poucos metros de mim.. E Ana?
Tinha medo de perguntar, mas meu coração batia forte pensando na possibilidade de estar viva.
Elga sentara-se por sua vez e parecia mais calma.
As cores já lhe recompunham as faces e olhava-me agora entre surpreendida e penalizada.
Erích olhava-nos curioso, aguardando nossas palavras.
- Elga, por muito tempo tenho procurado Ana e Karl.
Ludwig disse-me que ambos tinham morrido.
Estive em Dresden e não obtive senão a informação de que a casa tinha sido parcialmente destruída pelos bombardeios.
Diga-me, por favor, Ana está viva?
Olhos arregalados e aflitos, voz entrecortada, mãos estendidas, todo meu ser revelava ansiedade e angústia.
Dando um suspiro, Figa respondeu:
— Sim. Ana está viva!
Fechei os olhos e meti a cabeça entre as mãos, exclamando:
— Deus seja louvado!
Figa, tendo revelado a parte mais importante mostrou-se comunicativa e falante:
— Durante todo esse tempo lutamos por evitar que você viesse a saber a verdade, mas, agora, é impossível.
Você viu Karl e não me adiantaria tentar enganá-lo.
Seria pior. Você descobriria tudo com facilidade.
Quando nossa casa foi destruída, não estávamos lã.
Retiramo-nos para o campo, fugindo, quando os bombardeios recrudesceram fixamos residência em Berlim, onde Ana conseguiu emprego e mantém seu filho.
Entretanto, eu não compreendia muito bem o que ela dizia.
Meu coração vibrava de alegria enquanto pensava:
— Ana está viva! Ana está viva!
Levantei-me de um salto:
— Figa. Você não sabe como me sinto, como isto é importante para mim.
Preciso vê-la imediatamente.
Diga-me onde ela se encontra.
Depois conversaremos. Vai brincar com Karl.
Hans custou a desenvencilhar-se de mim e foi afirmando:
— Estou aqui, papai, se precisar de mim é só chamar.
Beijei-lhe a testa e ele se foi com Karl, lançando olhares desconfiados sobre os demais.
Finalmente entramos na sala e Madame nos deixou a sós.
Deixei-me cair em uma cadeira e afundei o rosto nas mãos.
Ainda não me refizera da surpresa. Meu filho esta vivo!
Meu filho estava ali, há poucos metros de mim.. E Ana?
Tinha medo de perguntar, mas meu coração batia forte pensando na possibilidade de estar viva.
Elga sentara-se por sua vez e parecia mais calma.
As cores já lhe recompunham as faces e olhava-me agora entre surpreendida e penalizada.
Erích olhava-nos curioso, aguardando nossas palavras.
- Elga, por muito tempo tenho procurado Ana e Karl.
Ludwig disse-me que ambos tinham morrido.
Estive em Dresden e não obtive senão a informação de que a casa tinha sido parcialmente destruída pelos bombardeios.
Diga-me, por favor, Ana está viva?
Olhos arregalados e aflitos, voz entrecortada, mãos estendidas, todo meu ser revelava ansiedade e angústia.
Dando um suspiro, Figa respondeu:
— Sim. Ana está viva!
Fechei os olhos e meti a cabeça entre as mãos, exclamando:
— Deus seja louvado!
Figa, tendo revelado a parte mais importante mostrou-se comunicativa e falante:
— Durante todo esse tempo lutamos por evitar que você viesse a saber a verdade, mas, agora, é impossível.
Você viu Karl e não me adiantaria tentar enganá-lo.
Seria pior. Você descobriria tudo com facilidade.
Quando nossa casa foi destruída, não estávamos lã.
Retiramo-nos para o campo, fugindo, quando os bombardeios recrudesceram fixamos residência em Berlim, onde Ana conseguiu emprego e mantém seu filho.
Entretanto, eu não compreendia muito bem o que ela dizia.
Meu coração vibrava de alegria enquanto pensava:
— Ana está viva! Ana está viva!
Levantei-me de um salto:
— Figa. Você não sabe como me sinto, como isto é importante para mim.
Preciso vê-la imediatamente.
Diga-me onde ela se encontra.
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
— Isto é o que todos temíamos, o que deseja de Ana?
Já não chega o quanto a fez sofrer?
Não chega tudo quanto a fez passar com seu procedimento infame e vil?
Ela sofreu muito. Julga-o morto há muito tempo.
Agora vive feliz e tranquila.
Não tem o direito de roubar-lhe novamente a paz.
Fez ligeira pausa e continuou:
— Sei que tem um filho.
Sei também que o adoptou.
Conheço Hans, e sei sua história.
Jamais pensei que seu pai adoptivo fosse você.
Viva com ele e para ele e deixe-nos em paz.
As palavras cruéis de Figa atingiram-me fundo.
— Ana me ama — tornei procurando justificativas para vê-la.
— Engano seu — tornou Elga com voz fria.
Ela o amou aos 16 anos quando o supunha sincero e companheiro.
Julgava-o um dos nossos. Agora não é mais criança.
Tudo passou. Não sente nada por você.
Nenhum sentimento, pelo contrário, está comprometida com um óptimo moço que certamente a fará muito feliz, deixe-a em paz, é o mínimo que pode fazer depois de tudo.
Fiquei arrasado. Ana comprometida!
- Ana! Minha esposa! — Tornei enraivecido.
- Esquece-se de que legalmente nunca se casaram e que seus documentos são de solteira ainda que profundamente confuso.
As emoções, as notícias!
Tinha eu o direito de perturbá-la novamente?
A cabeça nas mãos.
Era como se o mundo tivesse sobre a minha cabeça.
Como pudera ser tão ingénuo?
Emoções entrechocavam-se dentro de mim e os pensamentos invadiam-me a mente conturbada.
Quando olhei ao redor, a sala estava vazia.
Elga tinha fugido! Encontrara Ana e a perdera!
Como pudera acontecer?
Engolfado por pensamentos dolorosos não sei por quanto tempo permaneci ali.
Despertei da modorra quando vi diante de mim o rosto simpático de Madame Genet e de Hans.
O menino olhava-me com ternura e sua mão procurou a minha num gesto amigo.
Já não chega o quanto a fez sofrer?
Não chega tudo quanto a fez passar com seu procedimento infame e vil?
Ela sofreu muito. Julga-o morto há muito tempo.
Agora vive feliz e tranquila.
Não tem o direito de roubar-lhe novamente a paz.
Fez ligeira pausa e continuou:
— Sei que tem um filho.
Sei também que o adoptou.
Conheço Hans, e sei sua história.
Jamais pensei que seu pai adoptivo fosse você.
Viva com ele e para ele e deixe-nos em paz.
As palavras cruéis de Figa atingiram-me fundo.
— Ana me ama — tornei procurando justificativas para vê-la.
— Engano seu — tornou Elga com voz fria.
Ela o amou aos 16 anos quando o supunha sincero e companheiro.
Julgava-o um dos nossos. Agora não é mais criança.
Tudo passou. Não sente nada por você.
Nenhum sentimento, pelo contrário, está comprometida com um óptimo moço que certamente a fará muito feliz, deixe-a em paz, é o mínimo que pode fazer depois de tudo.
Fiquei arrasado. Ana comprometida!
- Ana! Minha esposa! — Tornei enraivecido.
- Esquece-se de que legalmente nunca se casaram e que seus documentos são de solteira ainda que profundamente confuso.
As emoções, as notícias!
Tinha eu o direito de perturbá-la novamente?
A cabeça nas mãos.
Era como se o mundo tivesse sobre a minha cabeça.
Como pudera ser tão ingénuo?
Emoções entrechocavam-se dentro de mim e os pensamentos invadiam-me a mente conturbada.
Quando olhei ao redor, a sala estava vazia.
Elga tinha fugido! Encontrara Ana e a perdera!
Como pudera acontecer?
Engolfado por pensamentos dolorosos não sei por quanto tempo permaneci ali.
Despertei da modorra quando vi diante de mim o rosto simpático de Madame Genet e de Hans.
O menino olhava-me com ternura e sua mão procurou a minha num gesto amigo.
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
Comovi-me.
Procurei sorrir para ele e aconcheguei-o de encontro ao peito.
Fui arrancado dos meus pensamentos contraditórios pela voz grave de Madame Genet:
— O senhor permite-me algumas palavras?
Olhei-a de frente e seu rosto enrugado inspirava-me confiança e interesse.
— Certamente, madame.
- Deixe-me dizer-lhe primeiro quanto lamento ter lhe causado transtorno.
- Afinal, sua reunião foi prejudicada por minha causa.
— Absolutamente.
Nossa reunião era simples e tudo decorreu normalmente.
O senhor sempre me inspirou extrema simpatia.
Gostaria que fosse meu filho!
- Obrigado, Madame.
Gostaria de explicar-lhe o que se passou aqui.
Devo-lhe esta satisfação.
Madame Genet colocou a mão fina e bem cuidada sobre o meu braço enquanto dizia:
— Não me deve nenhuma satisfação.
Entretanto, se me contar tudo, talvez possa fazer algo pelo senhor.
Pelo que ouvi, meu aluno Karl é seu filho.
— Sim. Julgava-o morto há muitos anos, bem como sua mãe.
Acabo de ver Karl e saber que ela também está viva.
- A notícia é boa e deveria alegrá-lo.
— Sim, certamente, mas apesar de sabê-los vivos eu os perdi!
- O Sr. tem a mim - tornou Hans com carinho.
— Certamente, meu filho. — Respondi com firmeza e sinceridade
— Você é e será sempre meu filho mais velho e muito querido.
Mas, um pai pode amar igualmente todos os seus filhos e sofrer quando por qualquer razão um deles lhe é tirado. Compreende?
— Sim — respondeu o menino comovido — Se eu encontrasse vivos minha mãe e meu pai, sentiria a mesma coisa.
Madame Geriet levantou-se ajeitou as almofadas, acomodou-se e disse com voz convicta:
— Vamos rapaz. Conte-me tudo.
Porque lamentar-se? Vamos analisar as coisas.
Sua simpatia confortou-me e pude contar-lhe toda minha história sem omitir detalhe algum.
Quando terminei, disse-me com um alegre sorriso:
— Meu caro. Vou ajudá-lo.
Se você a ama, tudo se arranjará.
- A senhora se esquece de que não posso procurá-la Não sei onde reside.
Depois, ela está comprometida e não quer ver-me mais.
Procurei sorrir para ele e aconcheguei-o de encontro ao peito.
Fui arrancado dos meus pensamentos contraditórios pela voz grave de Madame Genet:
— O senhor permite-me algumas palavras?
Olhei-a de frente e seu rosto enrugado inspirava-me confiança e interesse.
— Certamente, madame.
- Deixe-me dizer-lhe primeiro quanto lamento ter lhe causado transtorno.
- Afinal, sua reunião foi prejudicada por minha causa.
— Absolutamente.
Nossa reunião era simples e tudo decorreu normalmente.
O senhor sempre me inspirou extrema simpatia.
Gostaria que fosse meu filho!
- Obrigado, Madame.
Gostaria de explicar-lhe o que se passou aqui.
Devo-lhe esta satisfação.
Madame Genet colocou a mão fina e bem cuidada sobre o meu braço enquanto dizia:
— Não me deve nenhuma satisfação.
Entretanto, se me contar tudo, talvez possa fazer algo pelo senhor.
Pelo que ouvi, meu aluno Karl é seu filho.
— Sim. Julgava-o morto há muitos anos, bem como sua mãe.
Acabo de ver Karl e saber que ela também está viva.
- A notícia é boa e deveria alegrá-lo.
— Sim, certamente, mas apesar de sabê-los vivos eu os perdi!
- O Sr. tem a mim - tornou Hans com carinho.
— Certamente, meu filho. — Respondi com firmeza e sinceridade
— Você é e será sempre meu filho mais velho e muito querido.
Mas, um pai pode amar igualmente todos os seus filhos e sofrer quando por qualquer razão um deles lhe é tirado. Compreende?
— Sim — respondeu o menino comovido — Se eu encontrasse vivos minha mãe e meu pai, sentiria a mesma coisa.
Madame Geriet levantou-se ajeitou as almofadas, acomodou-se e disse com voz convicta:
— Vamos rapaz. Conte-me tudo.
Porque lamentar-se? Vamos analisar as coisas.
Sua simpatia confortou-me e pude contar-lhe toda minha história sem omitir detalhe algum.
Quando terminei, disse-me com um alegre sorriso:
— Meu caro. Vou ajudá-lo.
Se você a ama, tudo se arranjará.
- A senhora se esquece de que não posso procurá-la Não sei onde reside.
Depois, ela está comprometida e não quer ver-me mais.
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
— Bah! Um homem tão vivido e não conhece as mulheres!
Eu sei onde ela mora.
Sei também que guarda caras recordações do Sr...
— Como sabe?
— Não sou ingénua.
Porque o filho de uma moça alemã aprenderia francês?
Conheço Ana.
Tenho estado com ela algumas vezes.
Noto-lhe no olhar quando fita o filho, um brilho diferente de emoção, orgulho e saudade.
Tenho certeza que pensa no senhor.
Essas palavras aquecera o coração, mas mesmo assim tornei:
- E seu compromisso com outro homem?
— Não acredito nele.
Recurso que Elga utilizou para afastá-lo de Ana.
Ouça um conselho de quem já viveu muito, procure sua mulher e não tome nenhuma decisão sem ter com ela uma conversa franca e decente.
Há muitas coisas a serem esclarecidas entre vocês.
De repente, cobrei novo ânimo. Era verdade.
De qualquer forma eu precisava ver Ana, ter com ela um entendimento que esclarecesse tudo, falar-lhe.
Não poderia resignar-me a perdê-la
A lembrança do nosso convívio, da nossa vida em comum, reacendendo a esperança que há tanto tinha perdido.
Ana em meus braços! Ana carinhosa!
Aqueciam meu coração no entusiasmo fácil.
Tomei as mãos rugosas de Madame Genet e as beijei, tanto lhe devo!
- Disse que vou ajudá-lo e quando me disponho a uma coisa quero fazê-la bem.
Temos que analisar e estabelecer um plano de acção.
Surpreendido, aventei:
- Irei hoje mesmo procurá-la em sua casa e resolveremos.
Madame Genet abanou a cabeça:
- Não. Isso não. Você não é bem visto pela família de Ana.
Atrapalhariam tudo.
Não conseguiria entender-se com ela de maneira satisfatória.
Estaquei indeciso:
— Como então?
— Precisamos pensar.
Talvez não seja oportuno vê-la em casa.
O primeiro encontro entre vocês, precisa ser a sós!
Eu sei onde ela mora.
Sei também que guarda caras recordações do Sr...
— Como sabe?
— Não sou ingénua.
Porque o filho de uma moça alemã aprenderia francês?
Conheço Ana.
Tenho estado com ela algumas vezes.
Noto-lhe no olhar quando fita o filho, um brilho diferente de emoção, orgulho e saudade.
Tenho certeza que pensa no senhor.
Essas palavras aquecera o coração, mas mesmo assim tornei:
- E seu compromisso com outro homem?
— Não acredito nele.
Recurso que Elga utilizou para afastá-lo de Ana.
Ouça um conselho de quem já viveu muito, procure sua mulher e não tome nenhuma decisão sem ter com ela uma conversa franca e decente.
Há muitas coisas a serem esclarecidas entre vocês.
De repente, cobrei novo ânimo. Era verdade.
De qualquer forma eu precisava ver Ana, ter com ela um entendimento que esclarecesse tudo, falar-lhe.
Não poderia resignar-me a perdê-la
A lembrança do nosso convívio, da nossa vida em comum, reacendendo a esperança que há tanto tinha perdido.
Ana em meus braços! Ana carinhosa!
Aqueciam meu coração no entusiasmo fácil.
Tomei as mãos rugosas de Madame Genet e as beijei, tanto lhe devo!
- Disse que vou ajudá-lo e quando me disponho a uma coisa quero fazê-la bem.
Temos que analisar e estabelecer um plano de acção.
Surpreendido, aventei:
- Irei hoje mesmo procurá-la em sua casa e resolveremos.
Madame Genet abanou a cabeça:
- Não. Isso não. Você não é bem visto pela família de Ana.
Atrapalhariam tudo.
Não conseguiria entender-se com ela de maneira satisfatória.
Estaquei indeciso:
— Como então?
— Precisamos pensar.
Talvez não seja oportuno vê-la em casa.
O primeiro encontro entre vocês, precisa ser a sós!
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
— Sim — concordei de pronto, — mas, onde?
— Deixe comigo. Vou dar-lhe o endereço, mas receio que não a deixem sair.
— Teriam coragem?
Não ostensivamente, é claro.
Elga não deve ter contado a Ana o que se passou aqui.
Mas o resto da família deve estar agora tramando contra você.
Alegra-me embaraçá-los!
Naturalmente, evitarão que ela saia a qualquer pretexto.
Se fosse dia útil sei onde ela trabalha, poderia vê-la com facilidade.
Mas, é o último do ano!
Hoje e amanhã ela ficará em casa!
Não acho prudente esperar.
— Eu arrebentaria — retorqui num desabafo.
- Foi o que pensei. Faça o seguinte.
Vá até lá e fique observando a casa discretamente.
Quando ela sair, será fácil abordá-la.
- Ficarei com você. Quero ajudá-lo!
Passei a mão com carinho pelos seus cabelos louros.
— Obrigado, meu filho. Você agiu hoje como um adulto.
Compreendeu a situação, Sabe que meu amor por você é muito grande.
Nada nem ninguém poderá modificá-lo Se tudo der certo, formaremos uma família feliz.
Você e Karl se estimam e tenho a certeza de que Ana será uma boa mãe.
— Eu sei, papai, Gosto de Karl meu amigo.
Vou rezar por você.
Comovido, beijei-lhe a testa apertando-o com força contra o coração.
— Entretanto, é preciso que você vá para casa agora.
Não sei quanto tempo ficarei à espera de Ana.
É uma noite fria.
Prometo que logo que puder virei contar-lhe tudo.
Hans Suspirou resignado.
— Está bem, papai. Irei para casa.
Recostei-me no assento do carro, aliviado.
A compreensão de Hans facilitava muito as coisas.
Deixei-o em casa em companhia de Hilde. Saí.
Conhecia o bairro em que Ana morava mas ignorava o local onde ficava a rua.
Perdi algum tempo consultando o mapa viário da cidade até que a localizei.
A neve diminuirá um pouco mas, assim mesmo dificultava muito a velocidade.
— Deixe comigo. Vou dar-lhe o endereço, mas receio que não a deixem sair.
— Teriam coragem?
Não ostensivamente, é claro.
Elga não deve ter contado a Ana o que se passou aqui.
Mas o resto da família deve estar agora tramando contra você.
Alegra-me embaraçá-los!
Naturalmente, evitarão que ela saia a qualquer pretexto.
Se fosse dia útil sei onde ela trabalha, poderia vê-la com facilidade.
Mas, é o último do ano!
Hoje e amanhã ela ficará em casa!
Não acho prudente esperar.
— Eu arrebentaria — retorqui num desabafo.
- Foi o que pensei. Faça o seguinte.
Vá até lá e fique observando a casa discretamente.
Quando ela sair, será fácil abordá-la.
- Ficarei com você. Quero ajudá-lo!
Passei a mão com carinho pelos seus cabelos louros.
— Obrigado, meu filho. Você agiu hoje como um adulto.
Compreendeu a situação, Sabe que meu amor por você é muito grande.
Nada nem ninguém poderá modificá-lo Se tudo der certo, formaremos uma família feliz.
Você e Karl se estimam e tenho a certeza de que Ana será uma boa mãe.
— Eu sei, papai, Gosto de Karl meu amigo.
Vou rezar por você.
Comovido, beijei-lhe a testa apertando-o com força contra o coração.
— Entretanto, é preciso que você vá para casa agora.
Não sei quanto tempo ficarei à espera de Ana.
É uma noite fria.
Prometo que logo que puder virei contar-lhe tudo.
Hans Suspirou resignado.
— Está bem, papai. Irei para casa.
Recostei-me no assento do carro, aliviado.
A compreensão de Hans facilitava muito as coisas.
Deixei-o em casa em companhia de Hilde. Saí.
Conhecia o bairro em que Ana morava mas ignorava o local onde ficava a rua.
Perdi algum tempo consultando o mapa viário da cidade até que a localizei.
A neve diminuirá um pouco mas, assim mesmo dificultava muito a velocidade.
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
O chão escorregadio e a falta de visibilidade prejudicavam a marcha.
Finalmente, cheguei. Desci e procurei o número.
A rua era de residências da classe média, muito bonitinhas, recém-constituídas.
Em tão pouco tempo a cidade já estivesse assim.
Encontrei o número que procurava e observei a casa de moderna e confortável.
As luzes indicavam que comemoravam a passagem do ano.
Receoso que pudessem me ver.
Fiquei de olhos fixos na porta principal, comecei a esperar!
Tão perto e ao mesmo tempo tão distante!
Tive ímpetos de entrar na casa, tomá-la em meus braços e levá-la comigo!
Mas, se me houvesse esquecido?
Se realmente estivesse apaixonada, pensamentos contraditórios entrechocavam-se em minha mente aumentando minha angústia.
Olhei o relógio.
Há meia esperava e já me parecia um século.
Sem poder conter-me, num desabafo que saiu incontrolável:
Ana! Vem que estou esperando!
Não sente que estou aqui.
Ana! Vem! Eu a espero!
Alguns segundos depois vi a porta abrir-se e um vulto de mulher saiu.
Não pude ver bem porque ela estava envolvida por longo abrigo e tinha um xaile na cabeça.
Saiu cautelosa e uma vez na rua olhou de um lado e de outro como se procurasse alguém.
Não lhe vi rosto, mas senti que era Ana! Ana!
A vista turvou-se-me, ao mesmo tempo que uma dúvida atroz apertou-me o coração.
Ana saíra como quem espera alguém.
Não eu, com certeza. Quem?
O pretendente a que Elga se referia?
Não. Eu não permitiria.
Ana era minha mulher.
Nenhum outro homem tinha o direito de tocá-la.
Sem poder conter-me saí e caminhei para ela que sentindo a minha proximidade voltou-se rapidamente:
— Ana!! — chamei com voz embargada.
Ela me fitou e apesar do pranto que me rolava dos olhos ávidos, pude ver claramente o seu rosto amado.
Seus olhos azuis muito abertos pareciam querer sair das órbitas.
Abriu os lábios mas não pôde dizer palavra.
Tomei-a nos braços ali mesmo e estreitei-a freneticamente.
— Ana! Quanto a tenho buscado!
Quanto tenho sofrido!
Senti que seu corpo tremia em meus braços sacudido pelos soluços.
Finalmente, cheguei. Desci e procurei o número.
A rua era de residências da classe média, muito bonitinhas, recém-constituídas.
Em tão pouco tempo a cidade já estivesse assim.
Encontrei o número que procurava e observei a casa de moderna e confortável.
As luzes indicavam que comemoravam a passagem do ano.
Receoso que pudessem me ver.
Fiquei de olhos fixos na porta principal, comecei a esperar!
Tão perto e ao mesmo tempo tão distante!
Tive ímpetos de entrar na casa, tomá-la em meus braços e levá-la comigo!
Mas, se me houvesse esquecido?
Se realmente estivesse apaixonada, pensamentos contraditórios entrechocavam-se em minha mente aumentando minha angústia.
Olhei o relógio.
Há meia esperava e já me parecia um século.
Sem poder conter-me, num desabafo que saiu incontrolável:
Ana! Vem que estou esperando!
Não sente que estou aqui.
Ana! Vem! Eu a espero!
Alguns segundos depois vi a porta abrir-se e um vulto de mulher saiu.
Não pude ver bem porque ela estava envolvida por longo abrigo e tinha um xaile na cabeça.
Saiu cautelosa e uma vez na rua olhou de um lado e de outro como se procurasse alguém.
Não lhe vi rosto, mas senti que era Ana! Ana!
A vista turvou-se-me, ao mesmo tempo que uma dúvida atroz apertou-me o coração.
Ana saíra como quem espera alguém.
Não eu, com certeza. Quem?
O pretendente a que Elga se referia?
Não. Eu não permitiria.
Ana era minha mulher.
Nenhum outro homem tinha o direito de tocá-la.
Sem poder conter-me saí e caminhei para ela que sentindo a minha proximidade voltou-se rapidamente:
— Ana!! — chamei com voz embargada.
Ela me fitou e apesar do pranto que me rolava dos olhos ávidos, pude ver claramente o seu rosto amado.
Seus olhos azuis muito abertos pareciam querer sair das órbitas.
Abriu os lábios mas não pôde dizer palavra.
Tomei-a nos braços ali mesmo e estreitei-a freneticamente.
— Ana! Quanto a tenho buscado!
Quanto tenho sofrido!
Senti que seu corpo tremia em meus braços sacudido pelos soluços.
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
Alucinado beijei-lhe o rosto, repetidas vezes, enquanto lhe dizia o quanto a amava!
Ela estremecia a cada carícia e pude sentir que seu coração ainda pulsava por mim.
Pode trazê-la a minha casa, não importa a hora e eu os deixarei a vontade para aclarar as coisas.
Quando acalmei um pouco o primeiro impulso, disse-lhe ao ouvido:
— Vem, Ana. Precisamos conversar.
Ela seguiu-me docilmente e levei-a até o carro.
— Importa-se de sairmos daqui?
Ela sacudiu a cabeça negativamente.
Liguei o motor e saímos.
Minhas mãos tremiam na direcção e por mais que procurasse palavras que expressassem meus sentimentos, não conseguia pronunciá-las.
Alguns quarteirões depois, parei em um local deserto e num impulso irresistível tomei-a novamente nos braços beijando-lhe os lábios repetidamente.
Naquele momento esqueci tudo.
Ana era minha vida e tê-la em meus braços de novo tocava-me fundo o coração.
— Eu o amo! — disse ela num repente inesperado.
Para mim era como se nada mais existisse ao nosso redor.
— Repita isso, Ana.
- Eu o amo, Kurt... — parou embaraçada por recordar-se certamente que esse não era meu nome verdadeiro.
Tomei-lhe o rosto entre as mãos e fixei-a com o olhar apaixonado:
— Ana! Eu sempre a amei!
Tenho sofrido muito por julgá-la morta!
Se soubesse que tudo não passava de mentira para nos separar, teria revolvido o mundo todo para encontrá-la.
Meu nome é Denizarth.
Você sabe, penso eu.
Mas, o nome, a nacionalidade, não importam.
Somos marido e mulher e nos amamos!
Que felicidade poderá ser maior do que a nossa?
- Denizarth — repetiu ela meio embaraçada — há muitas coisas que preciso saber!
Foi difícil suportar tudo.
Mas, eu o amei sempre com sinceridade.
Jamais poderia esquecê-lo, mesmo julgando-o morto.
Sobressaltei-me:
— Morto?! Eu? Como foi isso?
— Vou contar-lhe tudo.
Ela estremecia a cada carícia e pude sentir que seu coração ainda pulsava por mim.
Pode trazê-la a minha casa, não importa a hora e eu os deixarei a vontade para aclarar as coisas.
Quando acalmei um pouco o primeiro impulso, disse-lhe ao ouvido:
— Vem, Ana. Precisamos conversar.
Ela seguiu-me docilmente e levei-a até o carro.
— Importa-se de sairmos daqui?
Ela sacudiu a cabeça negativamente.
Liguei o motor e saímos.
Minhas mãos tremiam na direcção e por mais que procurasse palavras que expressassem meus sentimentos, não conseguia pronunciá-las.
Alguns quarteirões depois, parei em um local deserto e num impulso irresistível tomei-a novamente nos braços beijando-lhe os lábios repetidamente.
Naquele momento esqueci tudo.
Ana era minha vida e tê-la em meus braços de novo tocava-me fundo o coração.
— Eu o amo! — disse ela num repente inesperado.
Para mim era como se nada mais existisse ao nosso redor.
— Repita isso, Ana.
- Eu o amo, Kurt... — parou embaraçada por recordar-se certamente que esse não era meu nome verdadeiro.
Tomei-lhe o rosto entre as mãos e fixei-a com o olhar apaixonado:
— Ana! Eu sempre a amei!
Tenho sofrido muito por julgá-la morta!
Se soubesse que tudo não passava de mentira para nos separar, teria revolvido o mundo todo para encontrá-la.
Meu nome é Denizarth.
Você sabe, penso eu.
Mas, o nome, a nacionalidade, não importam.
Somos marido e mulher e nos amamos!
Que felicidade poderá ser maior do que a nossa?
- Denizarth — repetiu ela meio embaraçada — há muitas coisas que preciso saber!
Foi difícil suportar tudo.
Mas, eu o amei sempre com sinceridade.
Jamais poderia esquecê-lo, mesmo julgando-o morto.
Sobressaltei-me:
— Morto?! Eu? Como foi isso?
— Vou contar-lhe tudo.
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
— Sim. Conte-me tudo.
- Também desejo fazer o mesmo.
Precisamos nos entender para que nenhuma sombra de dúvida paire entre nós de agora em diante.
— Sim. Eu sinto que isso é preciso.
Vivemos em um clima de sofrimento e guerra.
Sofremos por isso, mas agora tudo precisa ser diferente.
Entretanto, ainda que nos cause sofrimento, precisamos recordar aqueles tempos odiosos.
Apertei-lhe as mãos com força encorajando-a a prosseguir.
Soube que você estava preso, pensei que fosse um espião não me deixaram vê-lo.
Chamada ao quartel, o Capitão fez-me entender que todos corríamos perigo.
Como você era espião francês.
Disse-me ainda que eu tinha acobertado suas actividades em nossa cidade.
Beijei a fronte com carinho.
Ela continuou:
- Não sei como pude suportar aquilo, nem o que doía mais, a traição ou o risco que sua vida corria.
Foi sob ameaças, que lhe poupassem a vida que eu consenti em dizer-lhe coisas horríveis.
Em casa, as coisas também não eram fáceis.
Meu irmão enfureceu-se quando soube e foi graças à sua amizade com um general que me deixaram em paz.
Sabia que estava sendo vigiada e meus passos eram seguidos por toda parte.
Minha mãe era a única que não tocava no assunto e procurava ajudar-me.
Rezei muito para que nada lhe acontecesse.
Você tinha falado comigo.
Seu olhar era desesperado e apesar de tudo, contra os meus princípios, quando eu recordava nossa vida, seu olhar, seu carinho, bem no fundo, eu sentia que assim como eu o amava, você também me queria.
A notícia de sua morte quase me matou.
Estive doente por muito tempo.
Só o amor de nosso filho inocente me incentivou a viver.
Quando os bombardeios varriam a cidade, fugimos para o campo.
Muitos dos nossos fizeram o mesmo.
Vivemos meses em uma cabana, passando necessidades, comendo o que conseguíamos colher.
Quando a guerra acabou e voltamos, nossa casa fora destruída.
Desgostosos, resolvemos aceitar o conselho de Ludwig, que ainda se encontrava preso, e a vendemos.
Viemos para Berlim, a fim de podermos estar perto de Ludwig.
Além do mais, meu avô falecera e eu precisava ganhar a vida.
Nossa casa destruída, valia muito pouco e o dinheiro que apuramos evaporou-se durante os primeiros tempos.
- Também desejo fazer o mesmo.
Precisamos nos entender para que nenhuma sombra de dúvida paire entre nós de agora em diante.
— Sim. Eu sinto que isso é preciso.
Vivemos em um clima de sofrimento e guerra.
Sofremos por isso, mas agora tudo precisa ser diferente.
Entretanto, ainda que nos cause sofrimento, precisamos recordar aqueles tempos odiosos.
Apertei-lhe as mãos com força encorajando-a a prosseguir.
Soube que você estava preso, pensei que fosse um espião não me deixaram vê-lo.
Chamada ao quartel, o Capitão fez-me entender que todos corríamos perigo.
Como você era espião francês.
Disse-me ainda que eu tinha acobertado suas actividades em nossa cidade.
Beijei a fronte com carinho.
Ela continuou:
- Não sei como pude suportar aquilo, nem o que doía mais, a traição ou o risco que sua vida corria.
Foi sob ameaças, que lhe poupassem a vida que eu consenti em dizer-lhe coisas horríveis.
Em casa, as coisas também não eram fáceis.
Meu irmão enfureceu-se quando soube e foi graças à sua amizade com um general que me deixaram em paz.
Sabia que estava sendo vigiada e meus passos eram seguidos por toda parte.
Minha mãe era a única que não tocava no assunto e procurava ajudar-me.
Rezei muito para que nada lhe acontecesse.
Você tinha falado comigo.
Seu olhar era desesperado e apesar de tudo, contra os meus princípios, quando eu recordava nossa vida, seu olhar, seu carinho, bem no fundo, eu sentia que assim como eu o amava, você também me queria.
A notícia de sua morte quase me matou.
Estive doente por muito tempo.
Só o amor de nosso filho inocente me incentivou a viver.
Quando os bombardeios varriam a cidade, fugimos para o campo.
Muitos dos nossos fizeram o mesmo.
Vivemos meses em uma cabana, passando necessidades, comendo o que conseguíamos colher.
Quando a guerra acabou e voltamos, nossa casa fora destruída.
Desgostosos, resolvemos aceitar o conselho de Ludwig, que ainda se encontrava preso, e a vendemos.
Viemos para Berlim, a fim de podermos estar perto de Ludwig.
Além do mais, meu avô falecera e eu precisava ganhar a vida.
Nossa casa destruída, valia muito pouco e o dinheiro que apuramos evaporou-se durante os primeiros tempos.
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
Eu e Elga arranjamos um emprego.
Ludwig voltou para casa após o julgamento.
Um dia disse-me a queima-roupa que você tinha morrido!
— Mas, ele sabia que eu estava vivo!
Encontrei-o no dia em que foi preso e pedi-lhe notícias suas! — exclamei indignado.
— Entretanto, ele contou-me que o tinha encontrado em Paris.
Que você tinha milagrosamente conseguido escapar, tendo sido dado por morto pela S.S., seus cúmplices o ajudaram a fugir.
Mas, que ao tentar colocar uma bomba no Comité de Cooperação, você tinha finalmente sido morto.
Que um cão o descobriu, e tendo reagido à prisão, mataram-no.
Cerrei os lábios com força para não dizer o que me ia na alma.
Ludwig era irmão de Ana. Como eu pudera ser tão ingénuo?
Por acaso não conhecia o temperamento dos alemães?
Seu orgulho, seu desprezo a tudo que não fosse germânico?
- Chorei muito.
O tempo foi passando e julguei que tudo fosse verdade.
Procurei viver para nosso filho.
Tinha vontade de conhecer seu povo, seus costumes.
Queria que Karl o amasse e respeitasse.
Por isso o coloquei com Madame Genet para estudar francês.
Eu tenho aprendido com ele.
Era meu sonho conhecer sua terra.
— Foi isso que nos uniu de novo.
Agora, vou contar-lhe.
E sentindo o calor do seu corpo entre os meus braços, o perfume dos seus cabelos ao alcance dos meus lábios, comecei a falar.
Abri meu coração.
Voltei aos tempos idos da minha infância, falei dos meus entes queridos.
Contei-lhe sobre a guerra.
Tudo sem omitir detalhe algum.
A medida que eu falava, era como se as barreiras que o mundo erguera entre nós, fossem sendo destruídas.
O coração de Ana, pulsando junto ao meu, rindo e chorando comigo, fazia-me grande bem.
Nosso amor derrubara o fantasma da separação das raças que o falso conceito humano erguera entre nós.
Éramos dois corações apaixonados que se afinavam e que se completavam.
A nacionalidade de cada um desaparecera naqueles instantes, o que nos faz pensar que quando existe amor no coração, não há crise social e política que não possa ser solucionada pacificamente, em benefício de todos e que as guerras são fruto do egoísmo e da ambição.
Ludwig voltou para casa após o julgamento.
Um dia disse-me a queima-roupa que você tinha morrido!
— Mas, ele sabia que eu estava vivo!
Encontrei-o no dia em que foi preso e pedi-lhe notícias suas! — exclamei indignado.
— Entretanto, ele contou-me que o tinha encontrado em Paris.
Que você tinha milagrosamente conseguido escapar, tendo sido dado por morto pela S.S., seus cúmplices o ajudaram a fugir.
Mas, que ao tentar colocar uma bomba no Comité de Cooperação, você tinha finalmente sido morto.
Que um cão o descobriu, e tendo reagido à prisão, mataram-no.
Cerrei os lábios com força para não dizer o que me ia na alma.
Ludwig era irmão de Ana. Como eu pudera ser tão ingénuo?
Por acaso não conhecia o temperamento dos alemães?
Seu orgulho, seu desprezo a tudo que não fosse germânico?
- Chorei muito.
O tempo foi passando e julguei que tudo fosse verdade.
Procurei viver para nosso filho.
Tinha vontade de conhecer seu povo, seus costumes.
Queria que Karl o amasse e respeitasse.
Por isso o coloquei com Madame Genet para estudar francês.
Eu tenho aprendido com ele.
Era meu sonho conhecer sua terra.
— Foi isso que nos uniu de novo.
Agora, vou contar-lhe.
E sentindo o calor do seu corpo entre os meus braços, o perfume dos seus cabelos ao alcance dos meus lábios, comecei a falar.
Abri meu coração.
Voltei aos tempos idos da minha infância, falei dos meus entes queridos.
Contei-lhe sobre a guerra.
Tudo sem omitir detalhe algum.
A medida que eu falava, era como se as barreiras que o mundo erguera entre nós, fossem sendo destruídas.
O coração de Ana, pulsando junto ao meu, rindo e chorando comigo, fazia-me grande bem.
Nosso amor derrubara o fantasma da separação das raças que o falso conceito humano erguera entre nós.
Éramos dois corações apaixonados que se afinavam e que se completavam.
A nacionalidade de cada um desaparecera naqueles instantes, o que nos faz pensar que quando existe amor no coração, não há crise social e política que não possa ser solucionada pacificamente, em benefício de todos e que as guerras são fruto do egoísmo e da ambição.
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
O tempo passou rápido e Ana, um pouco assustada lembrou:
— Já devem ter estranhado minha ausência.
Disse-lhes que ia ver uma vizinha.
— Como soube que eu estava aqui?
— Recebi um telefonema.
Uma voz infantil me disse que você estava aqui e queria ver-me.
Que eu saísse às escondidas e o encontraria!
— Hans! — murmurei comovido.
Ele tem o telefone de Karl.
— Talvez. Não me disse o nome.
A princípio pensei que fosse brincadeira, mas, depois, reflecti que aqui, ninguém sabia nada a seu respeito.
Quase desfaleci. Meu coração batia tanto que receei que percebessem.
— Foi Hans.
Esse menino é meu filho muito querido.
Graças a ele que a encontrei.
— Jamais esquecerei o que ele fez!
Nunca me ocorreu que Luwig poderia estar mentindo.
Sei que ele o odiava.
Culpava-se por ter confiado em você.
— Eu lhe disse quando nos encontramos, que pretendia.
Naturalmente não consegue perdoar-me.
— Receio que não.
Entretanto, agora ele também tem que ser perdoado.
Temo que jamais compreenda...
Uma sombra de tristeza empanou a fisionomia de Ana.
— Gosto da minha família, Denizarth.
Era a primeira vez que pronunciava meu nome e isso me emocionou.
— Naturalmente, Ana.
Esse afecto e essa dedicação enobrecem seu carácter. É justo.
— Também eu o amo!
Não quero perdê-lo! O que vamos fazer?
— Por enquanto, não sei.
Minha vontade é ir até lá agora, falar francamente.
Frau Eva é urna excelente criatura.
Talvez me perdoe.
— Não sei. Ludwig está lá.
— Melhor. Procurarei falar-lhe.
Talvez compreenda e não nos guarde rancor.
— Tenho medo. Ludwig ultimamente não tem andado bem.
— Já devem ter estranhado minha ausência.
Disse-lhes que ia ver uma vizinha.
— Como soube que eu estava aqui?
— Recebi um telefonema.
Uma voz infantil me disse que você estava aqui e queria ver-me.
Que eu saísse às escondidas e o encontraria!
— Hans! — murmurei comovido.
Ele tem o telefone de Karl.
— Talvez. Não me disse o nome.
A princípio pensei que fosse brincadeira, mas, depois, reflecti que aqui, ninguém sabia nada a seu respeito.
Quase desfaleci. Meu coração batia tanto que receei que percebessem.
— Foi Hans.
Esse menino é meu filho muito querido.
Graças a ele que a encontrei.
— Jamais esquecerei o que ele fez!
Nunca me ocorreu que Luwig poderia estar mentindo.
Sei que ele o odiava.
Culpava-se por ter confiado em você.
— Eu lhe disse quando nos encontramos, que pretendia.
Naturalmente não consegue perdoar-me.
— Receio que não.
Entretanto, agora ele também tem que ser perdoado.
Temo que jamais compreenda...
Uma sombra de tristeza empanou a fisionomia de Ana.
— Gosto da minha família, Denizarth.
Era a primeira vez que pronunciava meu nome e isso me emocionou.
— Naturalmente, Ana.
Esse afecto e essa dedicação enobrecem seu carácter. É justo.
— Também eu o amo!
Não quero perdê-lo! O que vamos fazer?
— Por enquanto, não sei.
Minha vontade é ir até lá agora, falar francamente.
Frau Eva é urna excelente criatura.
Talvez me perdoe.
— Não sei. Ludwig está lá.
— Melhor. Procurarei falar-lhe.
Talvez compreenda e não nos guarde rancor.
— Tenho medo. Ludwig ultimamente não tem andado bem.
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
Dorme mal, alimenta-se pouco e parece excessivamente nervoso.
Não acho oportuno. Conserva ainda muitas feridas da guerra.
Capitulou pela força, mas não foi vencido.
Não hesitaria em recomeçar tudo se pudesse.
Por favor, não vá!
— Pretendo voltar para minha terra.
Quero leva-la comigo!
— Iremos com você.
Abraçamos com força.
— Ana, prometa que nunca mais me deixará!
— Prometo, —- murmurou ela com firmeza — todavia, dê-me um pouco de tempo para que possamos solucionar nossos problemas.
Agora preciso ir. Amanhã telefono.
Preso de incontrolável emoção beijei-lhe os lábios repetidas vezes.
A custo ela conseguiu desprender-se.
— Até amanhã, meu amor!
Saiu rápida.
Foi com o coração cantando que accionei o automóvel.
Faltavam cinco minutos para a meia-noite.
Precisava correr para estar com Hans que deveria estar à minha espera.
Mas, dentro de mim, os sinos de uma nova vida já cantavam a volta do amor e da felicidade!
Não acho oportuno. Conserva ainda muitas feridas da guerra.
Capitulou pela força, mas não foi vencido.
Não hesitaria em recomeçar tudo se pudesse.
Por favor, não vá!
— Pretendo voltar para minha terra.
Quero leva-la comigo!
— Iremos com você.
Abraçamos com força.
— Ana, prometa que nunca mais me deixará!
— Prometo, —- murmurou ela com firmeza — todavia, dê-me um pouco de tempo para que possamos solucionar nossos problemas.
Agora preciso ir. Amanhã telefono.
Preso de incontrolável emoção beijei-lhe os lábios repetidas vezes.
A custo ela conseguiu desprender-se.
— Até amanhã, meu amor!
Saiu rápida.
Foi com o coração cantando que accionei o automóvel.
Faltavam cinco minutos para a meia-noite.
Precisava correr para estar com Hans que deveria estar à minha espera.
Mas, dentro de mim, os sinos de uma nova vida já cantavam a volta do amor e da felicidade!
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
CAPITULO XXV - Cego fanatismo
O que se passou naquela noite em casa de Ana, soube-o depois, no dia seguinte, por ela.
Quando Ana entrou em casa, mal teve tempo de tirar o grosso capote e sacudir a neve e já os sinos repicavam festivos anunciando o nascer de um novo ano.
Correu para sala, aproveitando o instante em que todos se abraçavam em torno da mesa posta para a ceia, para encobrir a emoção que lhe ia na alma.
Abraçou a mãe em cujo olhar percebeu uma interrogação muda.
Abraçou o irmão, o futuro cunhado e alguns amigos da casa.
Com redobrada emoção e alegria beijou efusivamente o filho querido.
Procurou controlar-se e ao abraçar Ludwig observou-lhe o rosto e comoveu-se.
Não parecia mais o rapaz alegre e amoroso de antes.
Estava magro e seu rosto pálido e contraído não reflectia saúde.
Mal retribuiu o abraço da irmã e quando Erich propôs um brinde ao ano novo ajuntou com amargura:
— Bebam vocês à felicidade e ao ano novo.
Quanto a mim, brindo pela Alemanha, pisada, dividida, mas não vencida.
Brindo a formação do Nazismo que sairá das cinzas para a vitória final.
Diante do olhar consternado de todos continuou:
— Estarei aqui para lutar quando isso acontecer.
Brindo à vitória!
Procurando refazer o ambiente, Frau Eva brindou pelos amigos e com voz entrecortada iniciou um hino de alvíssaras ao ano novo.
Pelos seus olhos, algumas lágrimas caíam insopitáveis, mas ela continuava cantando.
Todos a imitaram.
Teve início a ceia, mas sem a alegria e a serenidade que seria de desejar.
Elga e o noivo conversavam baixinho, a um canto.
Ludwig, com as reminiscências das vitórias alemãs no início da era companhia desejável e todos o evitavam, Só a mãe estava a ouvi-lo.
Dos horrores e dos sofrimentos da guerra onde ninguém saíra ileso, a paz voltara.
Agora havia oportunidade de recomeçar a viver, reconstruir a vida perdida, sonhar com o futuro.
Havia os queriam esquecer.
Dar-se ao luxo de comer bem, ver e usufruir a vida em família e em sociedade.
Fugiam de tudo que lhe recordasse os dias de dor e de angústia.
Ludwig fora longe demais.
Politizado desde a adolescência jamais pensara sequer na possibilidade de uma derrota.
Culto e inteligente, obedecendo cegamente, colocando em primeiro lugar o Nazismo e depois sua família ou seus interesses, foi subindo dentro do Partido, gozando de poder.
Sua autoridade como membro da SS era incontestável.
Quando obteve liberdade, não tinha condições para adaptar-se à vida civil.
O que se passou naquela noite em casa de Ana, soube-o depois, no dia seguinte, por ela.
Quando Ana entrou em casa, mal teve tempo de tirar o grosso capote e sacudir a neve e já os sinos repicavam festivos anunciando o nascer de um novo ano.
Correu para sala, aproveitando o instante em que todos se abraçavam em torno da mesa posta para a ceia, para encobrir a emoção que lhe ia na alma.
Abraçou a mãe em cujo olhar percebeu uma interrogação muda.
Abraçou o irmão, o futuro cunhado e alguns amigos da casa.
Com redobrada emoção e alegria beijou efusivamente o filho querido.
Procurou controlar-se e ao abraçar Ludwig observou-lhe o rosto e comoveu-se.
Não parecia mais o rapaz alegre e amoroso de antes.
Estava magro e seu rosto pálido e contraído não reflectia saúde.
Mal retribuiu o abraço da irmã e quando Erich propôs um brinde ao ano novo ajuntou com amargura:
— Bebam vocês à felicidade e ao ano novo.
Quanto a mim, brindo pela Alemanha, pisada, dividida, mas não vencida.
Brindo a formação do Nazismo que sairá das cinzas para a vitória final.
Diante do olhar consternado de todos continuou:
— Estarei aqui para lutar quando isso acontecer.
Brindo à vitória!
Procurando refazer o ambiente, Frau Eva brindou pelos amigos e com voz entrecortada iniciou um hino de alvíssaras ao ano novo.
Pelos seus olhos, algumas lágrimas caíam insopitáveis, mas ela continuava cantando.
Todos a imitaram.
Teve início a ceia, mas sem a alegria e a serenidade que seria de desejar.
Elga e o noivo conversavam baixinho, a um canto.
Ludwig, com as reminiscências das vitórias alemãs no início da era companhia desejável e todos o evitavam, Só a mãe estava a ouvi-lo.
Dos horrores e dos sofrimentos da guerra onde ninguém saíra ileso, a paz voltara.
Agora havia oportunidade de recomeçar a viver, reconstruir a vida perdida, sonhar com o futuro.
Havia os queriam esquecer.
Dar-se ao luxo de comer bem, ver e usufruir a vida em família e em sociedade.
Fugiam de tudo que lhe recordasse os dias de dor e de angústia.
Ludwig fora longe demais.
Politizado desde a adolescência jamais pensara sequer na possibilidade de uma derrota.
Culto e inteligente, obedecendo cegamente, colocando em primeiro lugar o Nazismo e depois sua família ou seus interesses, foi subindo dentro do Partido, gozando de poder.
Sua autoridade como membro da SS era incontestável.
Quando obteve liberdade, não tinha condições para adaptar-se à vida civil.
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
Habituado a mandar, não conseguia obedecer.
Era inexperiente em qualquer ramo industrial ou comercial para que pudesse estabelecer-se.
Estava desempregado, praticamente vivendo às expensas das irmãs que trabalhavam para manter a casa.
Esse estado de coisas agravava ainda mais a situação tornando-o mais amargo e mais introvertido.
A capacidade do povo em esquecer o feria fundo. Desiludira-se.
Ninguém mais desejava a luta como ele.
Ninguém mais pensava em libertar a Alemanha escravizada e vencida.
Foi a custo que Ana manteve alguma conversação com os demais.
Seu desejo era ir para o quarto, pensar em Denizarth, estabelecer planos para o futuro.
Sentia ímpetos de ir correndo ao seu encontro para nunca mais deixá-lo.
O tempo não apagara o seu amor.
Separara-se dele com o coração partido e agora, vendo-o mais amadurecido, mais adulto, mais apaixonado, não conseguia conter a alegria.
Sentia vontade de dizer tudo, de rir, de cantar a volta a felicidade.
Mas, a presença de Ludwig a continha.
Retirou-se a pretexto de acomodar o filho e demorou-se o mais que pôde.
Assim que os amigos partiram, ia recolher-se quando Frau Eva disse-lhe baixinho:
— Ana, preciso conversar com seu irmão. Vou ao seu quarto.
Ana sobressaltou-se.
— Está bem, mamãe. Estarei esperando.
Vendo-se a sós com o filho, Frau Eva aproximou-se dele, colocando a mão no seu ombro com delicadeza:
- Meu filho, você parece tão triste!
— Não mais do que o costume — respondeu ele amargo.
- Sei como se sente.
No entanto, você é jovem.
Tem muitos anos de vida pela frente.
Porque não reage?
Todos nós sofremos nesta guerra.
Todos nós fomos atingidos, mas a vida continua.
Ë preciso viver!
Muitos companheiros seus morreram ou ficaram mutilados, Você teve a felicidade de sair ileso.
Não acha que é motivo de felicidade?
Ele teve um sorriso irónico.
— Felicidade?
Eu que teria dado mil vezes a vida pela vitória da Alemanha?
Ter que viver para suportar o peso da derrota?
Ver a Alemanha repartida como se fosse deles e ter que calar?
Era inexperiente em qualquer ramo industrial ou comercial para que pudesse estabelecer-se.
Estava desempregado, praticamente vivendo às expensas das irmãs que trabalhavam para manter a casa.
Esse estado de coisas agravava ainda mais a situação tornando-o mais amargo e mais introvertido.
A capacidade do povo em esquecer o feria fundo. Desiludira-se.
Ninguém mais desejava a luta como ele.
Ninguém mais pensava em libertar a Alemanha escravizada e vencida.
Foi a custo que Ana manteve alguma conversação com os demais.
Seu desejo era ir para o quarto, pensar em Denizarth, estabelecer planos para o futuro.
Sentia ímpetos de ir correndo ao seu encontro para nunca mais deixá-lo.
O tempo não apagara o seu amor.
Separara-se dele com o coração partido e agora, vendo-o mais amadurecido, mais adulto, mais apaixonado, não conseguia conter a alegria.
Sentia vontade de dizer tudo, de rir, de cantar a volta a felicidade.
Mas, a presença de Ludwig a continha.
Retirou-se a pretexto de acomodar o filho e demorou-se o mais que pôde.
Assim que os amigos partiram, ia recolher-se quando Frau Eva disse-lhe baixinho:
— Ana, preciso conversar com seu irmão. Vou ao seu quarto.
Ana sobressaltou-se.
— Está bem, mamãe. Estarei esperando.
Vendo-se a sós com o filho, Frau Eva aproximou-se dele, colocando a mão no seu ombro com delicadeza:
- Meu filho, você parece tão triste!
— Não mais do que o costume — respondeu ele amargo.
- Sei como se sente.
No entanto, você é jovem.
Tem muitos anos de vida pela frente.
Porque não reage?
Todos nós sofremos nesta guerra.
Todos nós fomos atingidos, mas a vida continua.
Ë preciso viver!
Muitos companheiros seus morreram ou ficaram mutilados, Você teve a felicidade de sair ileso.
Não acha que é motivo de felicidade?
Ele teve um sorriso irónico.
— Felicidade?
Eu que teria dado mil vezes a vida pela vitória da Alemanha?
Ter que viver para suportar o peso da derrota?
Ver a Alemanha repartida como se fosse deles e ter que calar?
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
Eva abraçou-o com ternura:
— Ludwig. Seu pai morreu na guerra, O que adiantou?
A paz apenas serviu de preparação para nova matança!
Para que? Não acha que todos precisamos de paz e de tranquilidade para viver?
Acha que valeu a pena a perda dos melhores anos de sua juventude, da vida de Ema, nas delícias do noivado, sem ter quase vivido?
Para quê? Ainda que a vitória nos sorri-se, o que faríamos com ela?
Ter-nos-ia devolvido a vida de sua noiva e de tantos outros jovens que se foram?
Tomada de súbita emoção, sacudiu-o com violência dizendo com rancor:
- Ludwig. Odeio a guerra!
Odeio Hitler que nos arrastou á miséria e á dor, à vergonha e ao opróbrio.
Odeio o Nazismo que matou meu filho, tornando-o um indiferente e um fanático!
Ludwig empalideceu de súbito, olhou-a com raiva e ia responder bruscamente mas notou que sua mãe estava branca como cera e que mal se sustinha, Nunca a vira assim, agitada.
Jamais ela lhe falara com tal dureza.
Sempre controlada sofrendo com dignidade.
Assustado, correu para ela, amparando-a e ohrigando-a a sentar-se.
Frau Eva levou a mão ao coração e sua cabeça pendeu sobre o peito.
Aterrorizado, Ludwig chamou e em poucos segundos Ana acudia aflita, nervosamente desapertou as vestes e correu para com uma pílula que colocou entre os dentes da mãe.
A custo fé-la ingerir.
Depois com voz enérgica, a Ludwig que a colocasse na cama.
Vendo-a acomodada respiração mais regular, chamou o irmão para fora do quarto com energia:
- Que houve?
Ludwig tornou:
- De repente ela começou a falar da guerra e preciso que você saiba que mamãe esta muito doente.
- Emoções fortes que passamos abalaram-lhe os nervos e seu coração está por um fio.
— Culpa dos nossos inimigos!
— Culpa da guerra! — tornou Ana colérica.
Não sabe falar noutra coisa? Quase a matou.
Ludwig parecia arrasado.
— Desde quando ela tem essas crises?
— Desde que deixamos nossa casa em Dresden.
Acho que foi horrível para ela.
— A nossa casa!
Por um momento, no olhar de Ludwig reflectiu-se um brilho emotivo.
Enterrou a cabeça nas mãos permanecendo assim por alguns minutos.
Via-se que sofria.
Ana procurou confortá-lo colocando a mão em seu ombro com carinho.
— Ludwig. Seu pai morreu na guerra, O que adiantou?
A paz apenas serviu de preparação para nova matança!
Para que? Não acha que todos precisamos de paz e de tranquilidade para viver?
Acha que valeu a pena a perda dos melhores anos de sua juventude, da vida de Ema, nas delícias do noivado, sem ter quase vivido?
Para quê? Ainda que a vitória nos sorri-se, o que faríamos com ela?
Ter-nos-ia devolvido a vida de sua noiva e de tantos outros jovens que se foram?
Tomada de súbita emoção, sacudiu-o com violência dizendo com rancor:
- Ludwig. Odeio a guerra!
Odeio Hitler que nos arrastou á miséria e á dor, à vergonha e ao opróbrio.
Odeio o Nazismo que matou meu filho, tornando-o um indiferente e um fanático!
Ludwig empalideceu de súbito, olhou-a com raiva e ia responder bruscamente mas notou que sua mãe estava branca como cera e que mal se sustinha, Nunca a vira assim, agitada.
Jamais ela lhe falara com tal dureza.
Sempre controlada sofrendo com dignidade.
Assustado, correu para ela, amparando-a e ohrigando-a a sentar-se.
Frau Eva levou a mão ao coração e sua cabeça pendeu sobre o peito.
Aterrorizado, Ludwig chamou e em poucos segundos Ana acudia aflita, nervosamente desapertou as vestes e correu para com uma pílula que colocou entre os dentes da mãe.
A custo fé-la ingerir.
Depois com voz enérgica, a Ludwig que a colocasse na cama.
Vendo-a acomodada respiração mais regular, chamou o irmão para fora do quarto com energia:
- Que houve?
Ludwig tornou:
- De repente ela começou a falar da guerra e preciso que você saiba que mamãe esta muito doente.
- Emoções fortes que passamos abalaram-lhe os nervos e seu coração está por um fio.
— Culpa dos nossos inimigos!
— Culpa da guerra! — tornou Ana colérica.
Não sabe falar noutra coisa? Quase a matou.
Ludwig parecia arrasado.
— Desde quando ela tem essas crises?
— Desde que deixamos nossa casa em Dresden.
Acho que foi horrível para ela.
— A nossa casa!
Por um momento, no olhar de Ludwig reflectiu-se um brilho emotivo.
Enterrou a cabeça nas mãos permanecendo assim por alguns minutos.
Via-se que sofria.
Ana procurou confortá-lo colocando a mão em seu ombro com carinho.
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
— Fui dura com você.
Mas, é preciso que saiba.
Sua atitude tem feito mamãe sofrer muito.
Você precisa aceitar a realidade.
Sair do passado, recomeçar a vida!
Preparar-se para trabalhar!
Você é inteligente, culto, pode casar, constituir família!
Sei que Ema é insubstituível em seu coração, mas é preciso viver, amar, constituir um lar!
Temos sorte. Estamos do lado ocidental.
Podemos trabalhar livremente.
Estamos no uso das nossas liberdades civis, liberdades que no tempo do Nazismo não tínhamos.
Ludwig levantou-se como se Ana lhe tivesse vibrado uma bofetada:
— Traidora! Reles traidora é o que você é.
Fala assim, porque juntou-se àquele traidor que em tão boa hora foi morto!
Tem coragem de dizer isto?
Vendo o rosto do irmão transfigurado pelo ódio, Ana teve medo.
Parecia um louco.
Temerosa de despertar a mãe enferma, calou-se esperando que a raiva de Ludwig diminuísse.
Ele porém, caminhava pela sala a passos nervosos resmungando contra todos e contra tudo.
Com passos leves, dirigiu-se à cabeceira materna.
Seu rosto traduzia desânimo, tristeza e dor.
— Denizarth! - pensou.
Quando poderemos ser felizes?
Contemplando o rosto pálido da mãe, Ana sentiu confranger-se-lhe o coração.
Mas, é preciso que saiba.
Sua atitude tem feito mamãe sofrer muito.
Você precisa aceitar a realidade.
Sair do passado, recomeçar a vida!
Preparar-se para trabalhar!
Você é inteligente, culto, pode casar, constituir família!
Sei que Ema é insubstituível em seu coração, mas é preciso viver, amar, constituir um lar!
Temos sorte. Estamos do lado ocidental.
Podemos trabalhar livremente.
Estamos no uso das nossas liberdades civis, liberdades que no tempo do Nazismo não tínhamos.
Ludwig levantou-se como se Ana lhe tivesse vibrado uma bofetada:
— Traidora! Reles traidora é o que você é.
Fala assim, porque juntou-se àquele traidor que em tão boa hora foi morto!
Tem coragem de dizer isto?
Vendo o rosto do irmão transfigurado pelo ódio, Ana teve medo.
Parecia um louco.
Temerosa de despertar a mãe enferma, calou-se esperando que a raiva de Ludwig diminuísse.
Ele porém, caminhava pela sala a passos nervosos resmungando contra todos e contra tudo.
Com passos leves, dirigiu-se à cabeceira materna.
Seu rosto traduzia desânimo, tristeza e dor.
— Denizarth! - pensou.
Quando poderemos ser felizes?
Contemplando o rosto pálido da mãe, Ana sentiu confranger-se-lhe o coração.
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
CAPITULO XXVI - Frau Eva
Ana! Ana! Mal acredito que você está aqui, em meus braços.
Beijei-a com ardor.
Quando acalmei um pouco a torrente de emoções que me envolvia, Ana continuou com ternura:
— Aí tem tudo quanto passou-se ontem em minha casa!
Denizarth, eu o amo!
Entretanto, o que posso fazer para evitar uma desgraça?
Como abandonar minha mãe velha e doente?
Vim à sua casa porque precisava vê-lo.
Não quero perdê-lo de novo. O que devemos fazer?
— Minha querida!
Ninguém poderá tirá-la de mim agora.
Estou disposto a tudo.
Farei qualquer sacrifício, menos separar-me de você.
Encontraremos uma solução, tenho certeza.
Ana abraçou-me com força.
Grossas lágrimas caiam-lhe pela face enquanto dizia:
— Sim. Você está aqui, é o que importa.
Mas, às vezes sinto que apesar da guerra ter acabado, ainda vivemos suas consequências.
Está dentro de nós. Ninguém nunca mais poderá ser o mesmo, depois de tudo.
Suas garras nos penetram de tal sorte, que até nós, sobreviventes angustiados, quer levar de vencida.
Beijei-lhe os cabelos com ternura:
— Tudo passou, Ana. Seu irmão está doente.
Conheço vários casos como o dele.
Precisa de tratamento médico e ajuda espiritual.
Venha, sente-se aqui a meu lado, quero conversar com você.
Precisamos ajudar seu irmão.
Ana olhou-me admirada:
— Como você é bom!
Apesar de tudo quanto ele nos fez quer ajudá-lo?
Eu sou sua irmã e o estimo, por isso perdoo, mas você...
— Ana, precisamos aprender a perdoar, o ódio nos envenena o coração.
Acaba nos afectando a saúde.
Empana nossa felicidade, embrutece nosso espírito, O que seria de mim se não procurasse perdoar?
Você sabe o que passei.
O que fizeram comigo na enfermaria n.º 2.
Sabe de Ernest, sabe de tudo.
Se eu não procurasse esquecer, se não tivesse perdoado, estaria até hoje, torturado e aflito, guardando angústias e sofrimentos.
Ana! Ana! Mal acredito que você está aqui, em meus braços.
Beijei-a com ardor.
Quando acalmei um pouco a torrente de emoções que me envolvia, Ana continuou com ternura:
— Aí tem tudo quanto passou-se ontem em minha casa!
Denizarth, eu o amo!
Entretanto, o que posso fazer para evitar uma desgraça?
Como abandonar minha mãe velha e doente?
Vim à sua casa porque precisava vê-lo.
Não quero perdê-lo de novo. O que devemos fazer?
— Minha querida!
Ninguém poderá tirá-la de mim agora.
Estou disposto a tudo.
Farei qualquer sacrifício, menos separar-me de você.
Encontraremos uma solução, tenho certeza.
Ana abraçou-me com força.
Grossas lágrimas caiam-lhe pela face enquanto dizia:
— Sim. Você está aqui, é o que importa.
Mas, às vezes sinto que apesar da guerra ter acabado, ainda vivemos suas consequências.
Está dentro de nós. Ninguém nunca mais poderá ser o mesmo, depois de tudo.
Suas garras nos penetram de tal sorte, que até nós, sobreviventes angustiados, quer levar de vencida.
Beijei-lhe os cabelos com ternura:
— Tudo passou, Ana. Seu irmão está doente.
Conheço vários casos como o dele.
Precisa de tratamento médico e ajuda espiritual.
Venha, sente-se aqui a meu lado, quero conversar com você.
Precisamos ajudar seu irmão.
Ana olhou-me admirada:
— Como você é bom!
Apesar de tudo quanto ele nos fez quer ajudá-lo?
Eu sou sua irmã e o estimo, por isso perdoo, mas você...
— Ana, precisamos aprender a perdoar, o ódio nos envenena o coração.
Acaba nos afectando a saúde.
Empana nossa felicidade, embrutece nosso espírito, O que seria de mim se não procurasse perdoar?
Você sabe o que passei.
O que fizeram comigo na enfermaria n.º 2.
Sabe de Ernest, sabe de tudo.
Se eu não procurasse esquecer, se não tivesse perdoado, estaria até hoje, torturado e aflito, guardando angústias e sofrimentos.
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
Não é fácil.
Às vezes a fera que ainda existe em nós é atiçada e duro se torna dominá-la, mas quando temos Deus em nosso coração, e a Ele recorremos, encontramos forças para isto.
Depois, com o passar do tempo, longe dos acontecimentos, mais serenos, podemos compreender melhor a fraqueza dos outros.
Encontramos nessa compreensão a verdadeira serenidade.
— Admira-me sua maneira de pensar.
Nunca vi ninguém como você. Isso me torna muito feliz!
Anseio por essa paz, por uma vida normal, com os problemazinhos do quotidiano, longe das grandes paixões e dos sofrimentos.
Quisera ser como você.
O que lhe dá tanta força e tanta compreensão?
— É a Doutrina dos Espíritos.
É preciso que eu fale sobre as leis espirituais que regem a vida.
E preciso que você aprenda que a morte do corpo não é o fim!
Que a vida continua e o espírito é eterno!
Que nascemos, morremos, tornamos a nascer na Terra, tantas vezes quantas nos sejam preciso para a evolução do nosso espírito eterno e indestrutível.
E através da reencarnação que a justiça de Deus se manifesta dando a cada um segundo suas obras.
Permite ao criminoso voltar sofrendo doenças e provações no seu próprio corpo para sensibilizar seu espírito, ensinando-o a respeitar a vida!
Ninguém sairá da Terra sem pagar até o último ceitil do mal que tiver feito ao seu semelhante!
São palavras de Jesus para nos ensinar.
Quando aprendemos com amor o Evangelho e procuramos aplicá-lo à nossa vida prática, corrigindo-nos dos nossos erros, procurando amar o nosso semelhante como a nós mesmos, estamos semeando o bem que um dia tornará para nós, nos trazendo a paz e a felicidade!
— Você me surpreende! Nunca o imaginei um religioso!
Sua maneira de pensar é muito diferente.
Se todos pensassem assim, como o mundo seria bom!
Não haveria crimes, guerra, vinganças. Gostaria de ser como você.
— Você é melhor do que eu.
Quero que aprenda a olhar a vida sem as ilusões humanas.
Quero mostrar-lhe a realidade, o que vi, o que aprendi.
Um dia Ana, todos os homens compreenderão essas verdades, então a Terra não será mais um mundo de expiações.
Será um mundo de regeneração, onde as imperfeitas e devedoras como nós, arrependidas e desejosas edificarem o próprio caminho, poderão renascer para trabalhar, aprender, amar e progredir, sem o peso terrível do ódio e vingança.
Os olhos de Ana brilhavam eloquentes.
— Como será bom! — tornou ela comovida.
— Sim, Isso será no futuro.
Por agora, precisamos orar por aqueles que não têm possibilidade de compreender.
Orar por Ludwig. Só Deus pode ajudá-lo.
Às vezes a fera que ainda existe em nós é atiçada e duro se torna dominá-la, mas quando temos Deus em nosso coração, e a Ele recorremos, encontramos forças para isto.
Depois, com o passar do tempo, longe dos acontecimentos, mais serenos, podemos compreender melhor a fraqueza dos outros.
Encontramos nessa compreensão a verdadeira serenidade.
— Admira-me sua maneira de pensar.
Nunca vi ninguém como você. Isso me torna muito feliz!
Anseio por essa paz, por uma vida normal, com os problemazinhos do quotidiano, longe das grandes paixões e dos sofrimentos.
Quisera ser como você.
O que lhe dá tanta força e tanta compreensão?
— É a Doutrina dos Espíritos.
É preciso que eu fale sobre as leis espirituais que regem a vida.
E preciso que você aprenda que a morte do corpo não é o fim!
Que a vida continua e o espírito é eterno!
Que nascemos, morremos, tornamos a nascer na Terra, tantas vezes quantas nos sejam preciso para a evolução do nosso espírito eterno e indestrutível.
E através da reencarnação que a justiça de Deus se manifesta dando a cada um segundo suas obras.
Permite ao criminoso voltar sofrendo doenças e provações no seu próprio corpo para sensibilizar seu espírito, ensinando-o a respeitar a vida!
Ninguém sairá da Terra sem pagar até o último ceitil do mal que tiver feito ao seu semelhante!
São palavras de Jesus para nos ensinar.
Quando aprendemos com amor o Evangelho e procuramos aplicá-lo à nossa vida prática, corrigindo-nos dos nossos erros, procurando amar o nosso semelhante como a nós mesmos, estamos semeando o bem que um dia tornará para nós, nos trazendo a paz e a felicidade!
— Você me surpreende! Nunca o imaginei um religioso!
Sua maneira de pensar é muito diferente.
Se todos pensassem assim, como o mundo seria bom!
Não haveria crimes, guerra, vinganças. Gostaria de ser como você.
— Você é melhor do que eu.
Quero que aprenda a olhar a vida sem as ilusões humanas.
Quero mostrar-lhe a realidade, o que vi, o que aprendi.
Um dia Ana, todos os homens compreenderão essas verdades, então a Terra não será mais um mundo de expiações.
Será um mundo de regeneração, onde as imperfeitas e devedoras como nós, arrependidas e desejosas edificarem o próprio caminho, poderão renascer para trabalhar, aprender, amar e progredir, sem o peso terrível do ódio e vingança.
Os olhos de Ana brilhavam eloquentes.
— Como será bom! — tornou ela comovida.
— Sim, Isso será no futuro.
Por agora, precisamos orar por aqueles que não têm possibilidade de compreender.
Orar por Ludwig. Só Deus pode ajudá-lo.
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
Acredite, ele sofre muito mais do que nós.
Perdeu a medida do equilíbrio.
E um doente necessitado de ajuda.
Convença-o a ir ao médico.
Embora seu caso seja psíquico, Os medicamentos poderão ajudá-lo a resistir à depressão e ao nervosismo.
— Tenho procurado ministrar-lhe calmantes, mas recusa-se a tomá-los.
— Ninguém poderá impedi-la de orar por ele sempre que o vir nervoso e inquieto.
— Denizarth, quero aprender com você.
Quero adquirir esses conhecimentos que o tornaram tão bondoso.
Afinal, Ludwig nos separou todo este tempo e guarda-lhe rancor...
Seria penoso para mim, mas seria natural que você também o aborrecesse.
Entretanto, pede-me para orar por ele e parece interessado em ajudá-lo.
— Houve tempo em que eu quase o odiei, Mas depois, compreendi que ele tinha suas razões.
Lamento que não possamos viver em paz.
Isto simplificaria muito as coisas.
Ana suspirou com tristeza:
— É verdade! Temo que ele nunca se modifique.
— O tempo é remédio eficaz.
Por isso pedi suas orações.
Façamos nossa parte, não desejo ainda agravar a culpa que me cabe nessa inimizade.
Ana abraçou-me com ternura,
— Há muito tempo não desfrutava de tanto conforto, de tanta paz!
Vem de você uma brisa suave que pouco a pouco vai dissipando meus receios.
Nossa conversa de agora trouxe-me grande bem.
Eu temia um choque entre vocês.
Amo-o e não quero perdê-lo, mas Ludwig é meu irmão e companheiro de infância, amoroso e alegre!,..
Beijei-lhe a fronte num gesto compreensivo.
— Por certo. Esse sentimento de amor enobrece seu espírito.
É justo que agora não o abandone, envolvido na angústia do inconformismo e da revolta.
Mas, você virá comigo.
Pretendo tentar convencê-lo ainda uma vez a não me guardar rancor.
— Tenho medo.
— Faremos nossa parte com decência.
Preparei os papéis para nosso casamento.
Poderemos nos casar com ou sem o consentimento da sua família, mas eu gostaria que todos estivessem presentes.
Perdeu a medida do equilíbrio.
E um doente necessitado de ajuda.
Convença-o a ir ao médico.
Embora seu caso seja psíquico, Os medicamentos poderão ajudá-lo a resistir à depressão e ao nervosismo.
— Tenho procurado ministrar-lhe calmantes, mas recusa-se a tomá-los.
— Ninguém poderá impedi-la de orar por ele sempre que o vir nervoso e inquieto.
— Denizarth, quero aprender com você.
Quero adquirir esses conhecimentos que o tornaram tão bondoso.
Afinal, Ludwig nos separou todo este tempo e guarda-lhe rancor...
Seria penoso para mim, mas seria natural que você também o aborrecesse.
Entretanto, pede-me para orar por ele e parece interessado em ajudá-lo.
— Houve tempo em que eu quase o odiei, Mas depois, compreendi que ele tinha suas razões.
Lamento que não possamos viver em paz.
Isto simplificaria muito as coisas.
Ana suspirou com tristeza:
— É verdade! Temo que ele nunca se modifique.
— O tempo é remédio eficaz.
Por isso pedi suas orações.
Façamos nossa parte, não desejo ainda agravar a culpa que me cabe nessa inimizade.
Ana abraçou-me com ternura,
— Há muito tempo não desfrutava de tanto conforto, de tanta paz!
Vem de você uma brisa suave que pouco a pouco vai dissipando meus receios.
Nossa conversa de agora trouxe-me grande bem.
Eu temia um choque entre vocês.
Amo-o e não quero perdê-lo, mas Ludwig é meu irmão e companheiro de infância, amoroso e alegre!,..
Beijei-lhe a fronte num gesto compreensivo.
— Por certo. Esse sentimento de amor enobrece seu espírito.
É justo que agora não o abandone, envolvido na angústia do inconformismo e da revolta.
Mas, você virá comigo.
Pretendo tentar convencê-lo ainda uma vez a não me guardar rancor.
— Tenho medo.
— Faremos nossa parte com decência.
Preparei os papéis para nosso casamento.
Poderemos nos casar com ou sem o consentimento da sua família, mas eu gostaria que todos estivessem presentes.
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
Ana tinha lágrimas nos olhos:
— Tentaremos.
— Se não conseguirmos, paciência.
Não seremos nós que os abandonamos mas eles que nos deixam por não quererem participar da nossa felicidade.
Quando Ana se foi, senti-me só.
Custava separar-me dela ainda que por minutos.
Fui ver Me. Genet.
Tecemos planos, ofereceu-nos a casa para o casamento caso a família de Ana não me aceitasse.
Bondosa Me. Genet! Quanto lhe sou grato!
Fez-me contar detalhe por detalhe tudo quando se passara.
Nos dias que se seguiram, tratei de pedir a um secretário da embaixada que tratasse de tudo.
Finalmente, meu sonho ia tornar-se realidade!
Escrevi uma longa carta a Gisele.
Pedi-lhe que rezasse por nós. Confiava em suas orações. Ela era tão boa!
Tinha certeza de que ela e Ana se tornariam grandes amigas.
Quanto à minha mãe, era um pouco conservadora, mas tinha bom coração.
Um neto, já crescido, tocaria as fibras sensíveis do seu coração.
Encontrava-me com Ana todas as tardes.
Ia buscá-la na saída do trabalho.
Eu queria ver Karl, conversar com ele, era meu filho!
Combinamos sair no domingo.
Ana preparara o espírito do menino sem contar-lhe que eu era o seu verdadeiro pai.
Entretanto, a tão esperada entrevista não se realizou.
Frau Eva que tinha melhorado, teve outra crise, passava mal.
Ana telefonou-me em lágrimas, porque seu estado inspirava sérios cuidados.
Fiquei ansioso e angustiado.
Ana sofria e eu não podia fazer nada!
Nem sequer estar a seu lado, confortando-a naquela hora difícil.
Tinha ímpetos de ir até lá e arrostar com as consequências.
Mas, Ana fez-me prometer que não o faria.
Ludwig não estava bem.
Ela temia que não aceitasse minha presença.
Uma altercação daquele porte poderia ser fatal ao coração cansado de Frau Eva.
Eu telefonava com frequência.
Quando era homem que atendia eu desligava.
Fazia 8 dias que eu não a via e estava desesperado.
Nossos papéis arrumados, tudo à espera da data.
Finalmente Ana consentiu que eu fosse até lá.
— Tentaremos.
— Se não conseguirmos, paciência.
Não seremos nós que os abandonamos mas eles que nos deixam por não quererem participar da nossa felicidade.
Quando Ana se foi, senti-me só.
Custava separar-me dela ainda que por minutos.
Fui ver Me. Genet.
Tecemos planos, ofereceu-nos a casa para o casamento caso a família de Ana não me aceitasse.
Bondosa Me. Genet! Quanto lhe sou grato!
Fez-me contar detalhe por detalhe tudo quando se passara.
Nos dias que se seguiram, tratei de pedir a um secretário da embaixada que tratasse de tudo.
Finalmente, meu sonho ia tornar-se realidade!
Escrevi uma longa carta a Gisele.
Pedi-lhe que rezasse por nós. Confiava em suas orações. Ela era tão boa!
Tinha certeza de que ela e Ana se tornariam grandes amigas.
Quanto à minha mãe, era um pouco conservadora, mas tinha bom coração.
Um neto, já crescido, tocaria as fibras sensíveis do seu coração.
Encontrava-me com Ana todas as tardes.
Ia buscá-la na saída do trabalho.
Eu queria ver Karl, conversar com ele, era meu filho!
Combinamos sair no domingo.
Ana preparara o espírito do menino sem contar-lhe que eu era o seu verdadeiro pai.
Entretanto, a tão esperada entrevista não se realizou.
Frau Eva que tinha melhorado, teve outra crise, passava mal.
Ana telefonou-me em lágrimas, porque seu estado inspirava sérios cuidados.
Fiquei ansioso e angustiado.
Ana sofria e eu não podia fazer nada!
Nem sequer estar a seu lado, confortando-a naquela hora difícil.
Tinha ímpetos de ir até lá e arrostar com as consequências.
Mas, Ana fez-me prometer que não o faria.
Ludwig não estava bem.
Ela temia que não aceitasse minha presença.
Uma altercação daquele porte poderia ser fatal ao coração cansado de Frau Eva.
Eu telefonava com frequência.
Quando era homem que atendia eu desligava.
Fazia 8 dias que eu não a via e estava desesperado.
Nossos papéis arrumados, tudo à espera da data.
Finalmente Ana consentiu que eu fosse até lá.
Ave sem Ninho- Mensagens : 126043
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
Eu insistira em visitar Frau Eva.
Temia que ela morresse e queria explicar-lhe os factos do passado.
Ludwig tinha saído após o almoço e só voltaria noite alta com o coração aos saltos, toquei a sineta da casa de Ana.
Minha emoção era enorme.
Ana abriu e nos abraçamos enternecidos.
— Como está sua mãe?
— Um pouco melhor. Mas o médico aconselha repouso absoluto.
— Por certo.
— Ela vai recebê-lo. Sabia da sua volta.
Elga tinha lhe contado. Ludwig, não sabe.
Mas, antes quero que veja Karl. Vou buscá-lo.
Um pouco amedrontado a detive:
— Contou-lhe?
— Sim. Toda nossa história em palavras simples, mas ele apesar da sua pouca idade, compreendeu o essencial.
Esperava-o. Senti-me acovardado.
Já estivera com ele, mas não como pai.
Como me receberia? Sentei-me à espera.
Difícil descrever o que me ia na alma.
Pouco depois Ana estava de volta trazendo nosso filho pela mão.
Levantei-me. Olhei seu rostinho corado.
Uma onda de ternura brotou-me no peito.
Seus traços reuniam os de Ana e de meu pai.
Estreitei-o carinhosamente.
— Meu filho, — disse depois com voz emocionada — Meu filho!
— Você não vai embora não é, papai?
— Claro que não. De agora em diante estaremos sempre juntos.
— Que bom! Hans também?
— Claro, meu filho. Hans será seu irmão mais velho.
— Que bom! Mamãe, você também será mãe dele?
— Certamente, se ele me aceitar — respondeu Ana, sorrindo.
Ele aceita — tornou Karl convicto.
— Como pode ter certeza? — brincou Ana com ternura.
— Ele sempre me disse que gostaria de ter uma mãe como a minha!
Abraçamo-nos felizes.
Meu coração estava envolto em sentimento de intraduzível emoção.
Não me cansava de olhar para Karl, de notar com orgulho sua postura elegante, seu olhar vivo terno.
Temia que ela morresse e queria explicar-lhe os factos do passado.
Ludwig tinha saído após o almoço e só voltaria noite alta com o coração aos saltos, toquei a sineta da casa de Ana.
Minha emoção era enorme.
Ana abriu e nos abraçamos enternecidos.
— Como está sua mãe?
— Um pouco melhor. Mas o médico aconselha repouso absoluto.
— Por certo.
— Ela vai recebê-lo. Sabia da sua volta.
Elga tinha lhe contado. Ludwig, não sabe.
Mas, antes quero que veja Karl. Vou buscá-lo.
Um pouco amedrontado a detive:
— Contou-lhe?
— Sim. Toda nossa história em palavras simples, mas ele apesar da sua pouca idade, compreendeu o essencial.
Esperava-o. Senti-me acovardado.
Já estivera com ele, mas não como pai.
Como me receberia? Sentei-me à espera.
Difícil descrever o que me ia na alma.
Pouco depois Ana estava de volta trazendo nosso filho pela mão.
Levantei-me. Olhei seu rostinho corado.
Uma onda de ternura brotou-me no peito.
Seus traços reuniam os de Ana e de meu pai.
Estreitei-o carinhosamente.
— Meu filho, — disse depois com voz emocionada — Meu filho!
— Você não vai embora não é, papai?
— Claro que não. De agora em diante estaremos sempre juntos.
— Que bom! Hans também?
— Claro, meu filho. Hans será seu irmão mais velho.
— Que bom! Mamãe, você também será mãe dele?
— Certamente, se ele me aceitar — respondeu Ana, sorrindo.
Ele aceita — tornou Karl convicto.
— Como pode ter certeza? — brincou Ana com ternura.
— Ele sempre me disse que gostaria de ter uma mãe como a minha!
Abraçamo-nos felizes.
Meu coração estava envolto em sentimento de intraduzível emoção.
Não me cansava de olhar para Karl, de notar com orgulho sua postura elegante, seu olhar vivo terno.
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
Um filho! Meu filho!
O que no mundo poderá representar fortuna maior?
A custo consenti que Ana nos separasse.
Mas eu precisava ver Frau Eva.
Conduzido por Ana entrei comovido no quarto.
Sentei-me ao lado da cama.
O rosto bondoso e enérgico da mãe de Ana modificara-se muito.
Envelhecera extraordinariamente.
Estava magra e a penumbra do aposento não podia ocultar sua palidez.
— Mãe, Denizarth está aqui.
Frau Eva abriu os olhos e fitou-me com curiosidade.
— Acende a luz, Ana. — Pediu num sopro.
Imediatamente a lâmpada da cabeceira foi acesa.
Vi que não me tinha enganado.
Seu aspecto não era bom, mas seu rosto era sereno.
Olhou-me esperando que eu falasse.
Perturbado, disse-lhe com suavidade:
— Frau Eva. Há muito desejava vê-la, falar-lhe.
Lamento encontrá-la adoentada.
— Fez bem em vir. Precisamos conversar.
— Gostaria que soubesse.
Sou-lhe muito grato, por tudo quanto fez por mim durante a guerra.
Quero dizer-lhe que não pretendi abusar da sua hospitalidade.
Era jovem, apaixonei-me por Ana.
O que aconteceu foi minha culpa, mas não tive forças para evitá-lo.
Sempre amei Ana.
Vim para pedir seu consentimento para fazê-la minha esposa legalizando nossa situação.
Frau Eva fechou os olhos parecendo um tanto fatigada:
— Pretende levá-la para sua terra?
— Sim, — respondi com firmeza.
Mas, primeiro quero contar-lhe tudo.
Abrir meu coração porque não desejo que paire qualquer dúvida em seu espírito.
Continuei falando, tocado de emoção e sinceridade.
Falei-lhe sobre minha terra, suas belezas, seus costumes.
Sobre nosso povo, minha infância, meus pais, minha irmã, minha profissão, meus anseios, sobre Hans, e meu amor por Ana.
Não falei nos sofrimentos da guerra.
Não queria recordar-lhe esse período de dor.
Minha voz emoldurada pelas emoções suavíssimas da sinceridade, vibrando em saudosos lampejos, derramava-se no ar, enquanto ambas ouviam atentas e quando me calei, a mão de Ana procurou a minha num aperto silencioso e eloquente.
O que no mundo poderá representar fortuna maior?
A custo consenti que Ana nos separasse.
Mas eu precisava ver Frau Eva.
Conduzido por Ana entrei comovido no quarto.
Sentei-me ao lado da cama.
O rosto bondoso e enérgico da mãe de Ana modificara-se muito.
Envelhecera extraordinariamente.
Estava magra e a penumbra do aposento não podia ocultar sua palidez.
— Mãe, Denizarth está aqui.
Frau Eva abriu os olhos e fitou-me com curiosidade.
— Acende a luz, Ana. — Pediu num sopro.
Imediatamente a lâmpada da cabeceira foi acesa.
Vi que não me tinha enganado.
Seu aspecto não era bom, mas seu rosto era sereno.
Olhou-me esperando que eu falasse.
Perturbado, disse-lhe com suavidade:
— Frau Eva. Há muito desejava vê-la, falar-lhe.
Lamento encontrá-la adoentada.
— Fez bem em vir. Precisamos conversar.
— Gostaria que soubesse.
Sou-lhe muito grato, por tudo quanto fez por mim durante a guerra.
Quero dizer-lhe que não pretendi abusar da sua hospitalidade.
Era jovem, apaixonei-me por Ana.
O que aconteceu foi minha culpa, mas não tive forças para evitá-lo.
Sempre amei Ana.
Vim para pedir seu consentimento para fazê-la minha esposa legalizando nossa situação.
Frau Eva fechou os olhos parecendo um tanto fatigada:
— Pretende levá-la para sua terra?
— Sim, — respondi com firmeza.
Mas, primeiro quero contar-lhe tudo.
Abrir meu coração porque não desejo que paire qualquer dúvida em seu espírito.
Continuei falando, tocado de emoção e sinceridade.
Falei-lhe sobre minha terra, suas belezas, seus costumes.
Sobre nosso povo, minha infância, meus pais, minha irmã, minha profissão, meus anseios, sobre Hans, e meu amor por Ana.
Não falei nos sofrimentos da guerra.
Não queria recordar-lhe esse período de dor.
Minha voz emoldurada pelas emoções suavíssimas da sinceridade, vibrando em saudosos lampejos, derramava-se no ar, enquanto ambas ouviam atentas e quando me calei, a mão de Ana procurou a minha num aperto silencioso e eloquente.
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
Duas lágrimas rolavam em sua face e de Frau Eva. Esperei.
Depois de alguns instantes ela me olhou com emoção dizendo:
- Deus o abençoe pelo bem que me fez!
Ana nunca o esqueceu. Sei agora porquê.
Você fala de amor, não de ódio.
Você fala em perdoar de coração.
Você é fiel ao amor. Ana teve razão em dar-lhe seu coração.
Você o mereceu.
Num impulso ajoelhei-me ao lado do leito e beijei-lhe a mão enrugada.
— Quer dizer que não me guarda rancor?
Que aprova nosso casamento?
Frau Eva respirou fundo:
— Sim, meu filho.
Você atravessou esta guerra odiosa sem contaminar-se de ódio e de vingança.
Refez sua vida, é homem útil e respeitado, honesto e decente.
Ana o ama, que felicidade pode ser maior?
— Obrigado. Suas palavras tranquilizaram meu espírito.
Que Deus a bendiga por sua bondade.
— Faça minha filha feliz. É tudo quanto desejo.
Fechou os olhos evidenciando cansaço.
Ana com carinho passou a mão pela sua fronte enrugada.
Seu rosto reflectia imensa ternura.
Segurou minha mão com força.
— Mãe, a senhora vai melhorar, para assistir nosso casamento.
Vai ficar boa e seremos ainda muito felizes.
Frau Eva abriu os olhos esboçando um gesto negativo.
— Minha filha, estou no fim.
Sei que não vou longe.
Fez ligeira pausa e prosseguiu.
— Para mim, o casamento de vocês foi aquele que fizemos.
Quanto a isso estou tranquila.
Entretanto, peço-lhes, por favor, tenham pena de Ludwig...
Ele está transtornado...
Não é o mesmo. Vive imerso no ódio e na vingança — e dirigindo-se a mim.
— Meu filho, por favor, tenha pena dele!
Ajude-o. Temo partir e deixá-lo assim...
Seu peito arfava desassossegado e seus olhos muito abertos reflectiam angústia e dor.
Tomei-lhe as mãos com carinho e comecei a falar.
Depois de alguns instantes ela me olhou com emoção dizendo:
- Deus o abençoe pelo bem que me fez!
Ana nunca o esqueceu. Sei agora porquê.
Você fala de amor, não de ódio.
Você fala em perdoar de coração.
Você é fiel ao amor. Ana teve razão em dar-lhe seu coração.
Você o mereceu.
Num impulso ajoelhei-me ao lado do leito e beijei-lhe a mão enrugada.
— Quer dizer que não me guarda rancor?
Que aprova nosso casamento?
Frau Eva respirou fundo:
— Sim, meu filho.
Você atravessou esta guerra odiosa sem contaminar-se de ódio e de vingança.
Refez sua vida, é homem útil e respeitado, honesto e decente.
Ana o ama, que felicidade pode ser maior?
— Obrigado. Suas palavras tranquilizaram meu espírito.
Que Deus a bendiga por sua bondade.
— Faça minha filha feliz. É tudo quanto desejo.
Fechou os olhos evidenciando cansaço.
Ana com carinho passou a mão pela sua fronte enrugada.
Seu rosto reflectia imensa ternura.
Segurou minha mão com força.
— Mãe, a senhora vai melhorar, para assistir nosso casamento.
Vai ficar boa e seremos ainda muito felizes.
Frau Eva abriu os olhos esboçando um gesto negativo.
— Minha filha, estou no fim.
Sei que não vou longe.
Fez ligeira pausa e prosseguiu.
— Para mim, o casamento de vocês foi aquele que fizemos.
Quanto a isso estou tranquila.
Entretanto, peço-lhes, por favor, tenham pena de Ludwig...
Ele está transtornado...
Não é o mesmo. Vive imerso no ódio e na vingança — e dirigindo-se a mim.
— Meu filho, por favor, tenha pena dele!
Ajude-o. Temo partir e deixá-lo assim...
Seu peito arfava desassossegado e seus olhos muito abertos reflectiam angústia e dor.
Tomei-lhe as mãos com carinho e comecei a falar.
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Re: Série Lucius - Entre o Amor e a Guerra / Zibia Gasparetto
— Não se perturbe por ele.
Faremos tudo para ajudá-lo, eu prometo.
Descanse, não se fatigue. Compreendemos sua preocupação.
Ela acalmou-se um pouco, pareceu cobrar ânimo e tornou:
— Mas ele o odeia!
Odeia a todos os povos dos países aliados.
Peço-lhe que não o leve a mal.
Foi sempre um bom filho, a guerra o transtornou.
— Eu sei, Frau Eva, compreendo.
Não guardo nenhum ressentimento.
Ele é um doente que precisa do nosso carinho e da nossa compreensão.
Saberemos convencê-lo! O amor tudo vence!
Depois, Deus é pai bondoso e justo.
Jamais nos abandona. Pense nisso e não se desespere.
A vida é eterna, O espírito não morre.
Quando o nosso corpo é entregue à terra após a morte, nosso espírito liberto, livre do peso da carne, aure novas forças em mundos de regeneração e de refazimento.
Reencontramos nossos entes queridos que partiram, recapitulamos nossas experiências.
Se mantivermos serenidade no esforço do bem, auxiliados por nossos maiores, poderemos assistir e velar por aqueles que ficaram na Terra, no cadinho árduo da dor e da experiência.
Não podemos desanimar, mas preparar-nos para aceitar os sábios desígnios de Deus com serenidade.
Frau Eva cerrou os olhos. Estava serena.
— Será mesmo verdade que poderei velar por Ludwig, depois da minha morte?
— Certamente, mas tem que estar bem preparada para que sua presença só lhe traga benefícios.
— O que preciso fazer?
— Confiar em Deus, aconteça o que acontecer, sem desesperar-se.
A fé remove montanhas!
Frau Eva suspirou aliviada:
— Suas palavras fazem-me grande bem.
Venha sempre, meu filho.
Gosto de ouvi-lo falar de vida nova e de esperança, depois de ver ódio e morte por tanto tempo.
Vendo-a tranquila murmurei com ternura:
— Procure descansar agora. Preciso ir.
Se Ana permitir, virei amanhã.
Beijei-lhe a testa com respeito filial e ela disse baixinho:
— Deus o abençoe, meu filho.
Minha vontade era não sair mais dali, mas Ana angustiada temia a presença de Ludwig.
Vi-me forçado a partir.
Saí com o coração sereno.
Apesar do receio quanto ao estado precário da saúde de Frau Eva, suas palavras fizeram-me enorme bem.
Saber que não me guardava nenhum ressentimento e até me tratara como a um filho, dava-me grande alegria.
Olhando o céu, que apesar do inverno se apresentava estrelado, intimamente orei a Deus, pela bondade e pelo amor com que me ajudara, reconciliando-me através do perdão de Frau Eva, com a própria consciência.
Faremos tudo para ajudá-lo, eu prometo.
Descanse, não se fatigue. Compreendemos sua preocupação.
Ela acalmou-se um pouco, pareceu cobrar ânimo e tornou:
— Mas ele o odeia!
Odeia a todos os povos dos países aliados.
Peço-lhe que não o leve a mal.
Foi sempre um bom filho, a guerra o transtornou.
— Eu sei, Frau Eva, compreendo.
Não guardo nenhum ressentimento.
Ele é um doente que precisa do nosso carinho e da nossa compreensão.
Saberemos convencê-lo! O amor tudo vence!
Depois, Deus é pai bondoso e justo.
Jamais nos abandona. Pense nisso e não se desespere.
A vida é eterna, O espírito não morre.
Quando o nosso corpo é entregue à terra após a morte, nosso espírito liberto, livre do peso da carne, aure novas forças em mundos de regeneração e de refazimento.
Reencontramos nossos entes queridos que partiram, recapitulamos nossas experiências.
Se mantivermos serenidade no esforço do bem, auxiliados por nossos maiores, poderemos assistir e velar por aqueles que ficaram na Terra, no cadinho árduo da dor e da experiência.
Não podemos desanimar, mas preparar-nos para aceitar os sábios desígnios de Deus com serenidade.
Frau Eva cerrou os olhos. Estava serena.
— Será mesmo verdade que poderei velar por Ludwig, depois da minha morte?
— Certamente, mas tem que estar bem preparada para que sua presença só lhe traga benefícios.
— O que preciso fazer?
— Confiar em Deus, aconteça o que acontecer, sem desesperar-se.
A fé remove montanhas!
Frau Eva suspirou aliviada:
— Suas palavras fazem-me grande bem.
Venha sempre, meu filho.
Gosto de ouvi-lo falar de vida nova e de esperança, depois de ver ódio e morte por tanto tempo.
Vendo-a tranquila murmurei com ternura:
— Procure descansar agora. Preciso ir.
Se Ana permitir, virei amanhã.
Beijei-lhe a testa com respeito filial e ela disse baixinho:
— Deus o abençoe, meu filho.
Minha vontade era não sair mais dali, mas Ana angustiada temia a presença de Ludwig.
Vi-me forçado a partir.
Saí com o coração sereno.
Apesar do receio quanto ao estado precário da saúde de Frau Eva, suas palavras fizeram-me enorme bem.
Saber que não me guardava nenhum ressentimento e até me tratara como a um filho, dava-me grande alegria.
Olhando o céu, que apesar do inverno se apresentava estrelado, intimamente orei a Deus, pela bondade e pelo amor com que me ajudara, reconciliando-me através do perdão de Frau Eva, com a própria consciência.
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