LUZ ESPÍRITA
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Iniciação à doutrina espírita 4 - Aspecto Filosófico do Espiritismo - Astolfo Olegário Oliveira Filho

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Out 16, 2023 8:38 pm

3. Que leva um Espírito a escolher uma existência terrena mais árdua e difícil?
Como não lhe é possível, no estado de imperfeição em que se encontra, fruir uma vida isenta de amarguras, ele trata de se melhorar, com o propósito de poder um dia desfrutar uma condição mais suave. Eis por que aceita, então, as provas que lhe permitam alcançar tal objectivo.

4. Há exemplos de opções semelhantes feitas pelos encarnados?
Sim. O homem que passa uma parte de sua vida a trabalhar sem trégua nem descanso, para reunir haveres que lhe assegurem o bem-estar na velhice; o militar que se oferece para uma perigosa missão; o navegante que afronta não menores perigos, por amor da ciência ou no seu próprio interesse – eis exemplos de pessoas que se submetem a sacrifícios para poderem progredir na estrada da vida.

5. Alguma providência específica adoptam os Espíritos antes de fazerem a escolha das provas?
Sim. Dizem os Espíritos que, na erraticidade, eles se aplicam a pesquisar, estudar, observar, para fazerem a escolha das provas que devam suportar na existência corpórea.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 17, 2023 10:46 am

19 – Separação da alma e do corpo
Sumário: Como é o momento da morte. - A desencarnação e suas nuanças. - Como se dá a separação da alma após a morte corpórea. - Factores que favorecem o desprendimento da alma. - A separação nos casos de suicídio.

A desencarnação não é igual para todos
1. A certeza da vida futura não exclui as apreensões do homem quanto à desencarnação. Muitos temem não propriamente a vida futura, mas o momento da morte. Será ele doloroso? Tentando elucidar essas questões, Kardec inquiriu os Espíritos e deles recebeu a informação de que o corpo quase sempre sofre mais durante a vida do que no momento da morte e que os sofrimentos que algumas vezes se experimentam no instante da morte são um gozo para o Espírito.

2. É preciso, no entanto, que consideremos que a desencarnação não é igual para todos e que, ao contrário, há uma variação muito grande, tão grande quanto as diferentes formas de viver adoptadas pelos encarnados.
Vendo-se a calma de alguns moribundos e as convulsões terríveis de outros, pode-se previamente julgar que as sensações experimentadas nem sempre são as mesmas.

3. A separação da alma é feita de forma gradual, pois o Espírito se desprende pouco a pouco dos laços que o prendem, de forma que as condições de encarnado ou desencarnado, no momento do desenlace, se confundem e se tocam, sem que haja uma linha divisória entre as duas.

4. Alguns factores podem influir para que o desprendimento ocorra com maior ou menor facilidade, factores que estão relacionados com o estado moral do homem quando encarnado. A afinidade entre o corpo e o perispírito é proporcional ao apego do indivíduo à matéria, que atinge seu ponto máximo no homem cujas preocupações dizem respeito exclusivamente à vida de gozos materiais. Ao contrário disso, nas almas puras – que antecipadamente se identificam com a vida espiritual – o apego é quase nulo.

O desprendimento da alma jamais é brusco, mas gradual
5. Em se tratando de morte natural resultante da extinção das forças vitais por velhice ou enfermidade, o desprendimento opera-se suavemente. Para o homem cuja alma se desmaterializou e cujos pensamentos se destacam das coisas terrenas, o desprendimento quase se completa antes da morte real, ou seja, tendo o corpo ainda vida orgânica, o Espírito já começa a penetrar a vida espiritual, ligado à matéria apenas por um elo frágil, que se rompe como último batimento do coração.

6. No homem materializado e sensual, que mais viveu do corpo que do Espírito, e para quem a vida espiritual nada significa, tudo contribui para estreitar os laços materiais e, quando a morte se aproxima, o desprendimento, embora também se opere gradualmente, demanda contínuos esforços. As convulsões da agonia são indícios da luta do Espírito, que às vezes procura romper os elos resistentes, e outras vezes se agarra ao corpo, do qual uma força irresistível o arrebata com violência, molécula por molécula.

7. O desconhecimento da vida espiritual faz com que o Espírito se apegue à vida material, estreitando seus horizontes e resistindo com todas as forças, conseguindo assim prolongar a vida e, consequentemente, sua agonia por dias, semanas ou meses. Em tais casos, a morte não implica o fim da agonia, pois a perturbação continua e ele, sentindo que vive, sem saber definir seu estado, sente e se ressente da doença que pôs fim aos seus dias, permanecendo com essa impressão indefinidamente, uma vez que continua ligado à matéria por meio de pontos de contacto do perispírito com o corpo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 17, 2023 10:46 am

8. Dá-se o contrário com o homem que se espiritualizou durante a vida. Depois da morte, nem uma só reacção o afecta. Seu despertar na vida espiritual é como quem desperta de um sono tranquilo, lépido, para iniciar uma nova fase de sua vida.

No suicídio, a separação da alma é bastante dolorosa
9. Nas mortes violentas, como nos acidentes, o desprendimento só começa depois da morte e seu término não ocorre rapidamente. O Espírito fica aturdido, não compreende seu estado, permanecendo na ilusão de que vive materialmente por período mais ou menos longo, conforme seu nível de espiritualização.

10. Nos casos de suicídio, a separação da alma é extremamente dolorosa. Constituindo o suicídio um atentado contra a vida, o sofrimento pode permanecer por período igual ao tempo em que o Espírito deveria estar encarnado. Além disso, as dores da lesão física provocada pelo ato suicida repercutem no Espírito. A decomposição do corpo e sua destruição pelos vermes são sentidas em detalhes pelo Espírito desencarnado, conquanto tal fato não constitua regra geral. Há, além disso, o remorso, gerando sofrimento moral para aquele que decidiu desertar da vida.

11. O espírita sério, adverte-nos Kardec, não se limita a crer, porque compreende, e compreende, porque raciocina.
A vida futura é para ele uma realidade que se desenrola incessantemente aos seus olhos, uma realidade que ele toca e vê a cada passo e de tal modo, que a dúvida não pode ter guarida em sua alma. A existência corporal, tão limitada, amesquinha-se diante da vida espiritual. Que lhe importam os incidentes da jornada, se compreende a causa e a utilidade das vicissitudes humanas quando suportadas com resignação?

12. A alma se eleva então em suas relações com o mundo visível; os laços fluídicos que o ligam à matéria enfraquecem-se, operando por antecipação um desprendimento parcial que facilita a passagem para a outra vida. A perturbação consequente à transição pouco perdura, porque, uma vez franqueado o passo, para logo se reconhece, nada estranhando, antes compreendendo sua nova situação.

Questões para fixação da leitura
1. O momento da morte é doloroso?
Depende. Kardec recebeu dos Espíritos a informação de que o corpo quase sempre sofre mais durante a vida do que no momento da morte e que os sofrimentos que algumas vezes se experimentam no instante da morte são um gozo para o Espírito.

2. A desencarnação é igual para todas as pessoas?
Não. Ao contrário, há uma variação muito grande, tão grande quanto as diferentes formas de viver adoptadas pelos encarnados.

3. A separação da alma é feita de forma gradual, ou isso depende do tipo de morte corporal?
A separação da alma é feita de forma gradual, pois o Espírito se desprende pouco a pouco dos laços que o prendem, de forma que as condições de encarnado ou desencarnado, no momento do desenlace, se confundem e se tocam, sem que haja uma linha divisória entre as duas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 17, 2023 10:46 am

4. Que factores podem influir para que o desprendimento ocorra com maior ou menor facilidade?
A desmaterialização da alma é um desses factores. Na morte de uma pessoa que se espiritualizou durante a vida e cujos pensamentos se destacam das coisas terrenas, o desprendimento quase se completa antes da morte real, ou seja, tendo o corpo ainda vida orgânica, o Espírito já começa a penetrar a vida espiritual, apenas ligado à matéria por um elo frágil que se rompe com o último batimento do coração.
E seu despertar na vida espiritual é como quem desperta de um sono tranquilo, lépido, para iniciar uma nova fase de sua vida.

5. Como é a separação da alma nos casos de suicídio?
Nos casos de suicídio, a separação da alma é extremamente dolorosa. Constituindo o suicídio um atentado contra a vida, o sofrimento quase sempre permanece por período igual ao tempo em que o Espírito deveria estar encarnado. Além disso, as dores da lesão física provocada pelo ato suicida repercutem no Espírito. A decomposição do corpo e sua destruição pelos vermes são sentidas em detalhes pelo Espírito desencarnado, conquanto esse fato não constitua regra geral.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 17, 2023 10:46 am

20 – Perturbação espiritual depois da morte
Sumário: Sensações da alma por ocasião da morte. - A perturbação que se segue à morte corpórea. - Influência do comportamento religioso na situação post mortem. - Situação dos que cultivaram as religiões simplistas.

É variável a duração da perturbação após a morte
1. Por ocasião da morte – ensina o Espiritismo – tudo a princípio é confuso. A alma precisa de algum tempo para entrar no conhecimento de si mesma. Ela se acha como que aturdida, no estado de uma pessoa que despertou de profundo sono e procura orientar-se sobre sua situação. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam, à medida que se apaga a influência da matéria que ela acaba de abandonar e se dissipa a espécie de névoa que lhe obscurece os pensamentos.

2. Muito variável é o tempo que dura a perturbação que se segue à morte corporal. Pode ser de algumas horas, como também de muitos meses e até de muitos anos. Para aqueles que já na existência corpórea se identificaram com o estado que os aguardava, menos longa ela é, porque eles compreendem imediatamente a posição em que se encontram.

3. O processo de desprendimento espiritual é lento ou demorado, conforme o temperamento, o carácter moral e as aquisições espirituais de cada ser. Não existem duas desencarnações iguais. Cada pessoa desperta ou se demora na perturbação, conforme as características próprias de sua personalidade.

4. Nesse sentido, o comportamento religioso exerce fundamental importância. Os que se fixaram às ideias niilistas, materialistas, hibernam-se, não raro, como a fugir da realidade, num bloqueio inconsciente de longo porte que os atormenta em forma de pesadelos infelizes de que não conseguem facilmente libertar-se.

Muitos assistem estarrecidos à decomposição cadavérica
5. Tendo agasalhada a ideia do nada, deperecem e se exaurem em agonia superlativa, sem que se permitam alívio, nas regiões frias e temerosas a que são arrastados por natural processo de sintonia mental, quando não acompanham, estarrecidos, a decomposição do próprio corpo a que se agarram, tentando restabelecer-lhe os movimentos, em uma luta inglória.

6. Os que cultivaram as religiões simplistas, que prometem o Céu a golpes de facilidade e oportunismo, são surpreendidos por uma realidade bem diversa com que não contavam. Os que agasalharam ideias esdrúxulas fazem-se vítimas de horrores e alucinações lamentáveis que os desnorteiam por tempo indeterminado.

7. Os suicidas, graças às atenuantes e agravantes que os seleccionam automaticamente, descobrem em inditoso despertar a não existência da morte.

8. Os que se converteram em destruidores da vida alheia experimentam as aflições que infligiram e expungem, em intérmina angústia, o acordar da consciência e a sobrecarga dos crimes perpetrados.´

A perturbação é o estado normal no instante da morte
9. A perturbação espiritual ocorre na transição da vida corporal para a espiritual. Nesse instante, a alma experimenta um torpor que paralisa momentaneamente suas faculdades, neutralizando, em parte, as sensações.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 17, 2023 10:47 am

10. A perturbação pode, pois, ser considerada o estado normal no instante da morte, e assim perdurar por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos.

11. O último alento quase nunca é doloroso, uma vez que ocorre ordinariamente em momento de inconsciência.
Na morte violenta, porém, as sensações não são exactamente as mesmas, porque em tais situações o desprendimento só começa depois da morte e não pode completar-se rapidamente. O Espírito, colhido de improviso, fica como que aturdido e acredita-se vivo, prolongando-se essa ilusão até que compreenda seu estado.

12. O estado do Espírito por ocasião da morte pode ser resumido nas proposições que se seguem:
Será tanto maior o sofrimento quanto mais lento for o desprendimento do perispírito.
A presteza do desprendimento está na razão directa do adiantamento moral do Espírito.
Para o Espírito desmaterializado, de consciência pura, a morte é qual sono breve, isento de agonia, e cujo despertar é suavíssimo.

Questões para fixação da leitura
1. Que sensações experimenta a alma por ocasião da morte?
Por ocasião da morte, a alma se acha como que aturdida, no estado de uma pessoa que despertou de profundo sono e procura orientar-se sobre sua situação. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam aos poucos, à medida que se apaga a influência da matéria que ela acaba de abandonar e se dissipa a espécie de névoa que lhe obscurece os pensamentos.

2. Há Espíritos que se sentem perturbados durante os instantes que se seguem à morte corporal?
Sim. E o tempo que dura a perturbação é variável, visto que pode ser de algumas horas, como também de muitos meses e até de muitos anos. Para aqueles que já na existência corpórea se identificaram com o estado que os aguardava, menos longa é essa perturbação, porque compreendem imediatamente seu novo estado.

3. O comportamento religioso exerce alguma importância na situação da alma após a morte?
Sim. O processo de desprendimento espiritual é lento ou demorado, conforme o temperamento, o carácter moral e as aquisições espirituais de cada ser, e por isso o comportamento religioso exerce fundamental importância.
Os que se fixaram às ideias niilistas, materialistas, hibernam-se, não raro, como a fugir da realidade, num bloqueio inconsciente de longo porte que os atormenta na forma de pesadelos infelizes.

4. Qual a situação das pessoas que cultivaram as religiões simplistas, que prometem o Céu a golpes de facilidade e oportunismo?
Essas pessoas são surpreendidas por uma realidade bem diversa com que não contavam.

5. Em poucas palavras, como definir o estado do Espírito por ocasião da morte?
O estado do Espírito por ocasião da morte pode ser resumido nas proposições que se seguem: Será tanto maior o sofrimento quanto mais lento for o desprendimento do perispírito. A presteza do desprendimento está na razão directa do adiantamento moral do Espírito. Para o Espírito desmaterializado, de consciência pura, a morte é qual sono breve, isento de agonia, e cujo despertar é suavíssimo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 17, 2023 10:47 am

21 – As penas eternas na visão espírita
Sumário: A doutrina das penas eternas segundo a teologia católica. - Como o Espiritismo analisa a doutrina da eternidade das penas. - Causas da infelicidade que acomete os seres humanos. - Onde se situa no Universo o inferno.

As penas eternas desmentem a bondade de Deus
1. As tradições dos diferentes povos registram a crença, muitas vezes intuitiva, de castigos para os maus e recompensas para os bons, na vida de além-túmulo. Com efeito, diante da imortalidade da alma, a razão e o sentimento de justiça nos levam a compreender que deve ser dado tratamento diferenciado aos homens pela Justiça Divina, de conformidade com a natureza das obras que executaram no mundo.

2. A tese da eternidade das penas reservadas àqueles que infringem as leis do bem e do amor, tanto quanto a existência do inferno, não resistem, contudo, a uma análise objectiva. O raciocínio lógico conduz-nos à seguinte premissa: Se o Espírito sofre em função do mal que praticou, sua infelicidade deve ser proporcional à falta cometida.

3. Cumpre considerar também que a condenação perpétua não se coaduna com a ideia cristã da sublimidade da justiça e da misericórdia divinas. Jesus deu testemunho da Bondade e do Amor de Deus ao afirmar que o Pai celeste não quer que pereça um só
de seus filhos.

4. A razão nos leva à consideração de que Deus é, como ensina o Espiritismo, um ser infinito em suas perfeições, pois é filosoficamente impossível conceber o Criador de outra maneira, visto que, se Ele não apresentasse infinita perfeição, poderíamos conceber outro ser que lhe fosse superior. Sendo, portanto, infinitamente sábio, justo e misericordioso, não podemos crer que tenha Ele criado pessoas para serem eternamente desgraçadas em virtude de uma falta ou de um erro passageiro, derivado evidentemente da própria imperfeição do homem.

Jesus nos diz que Deus é um Pai misericordioso
5. A doutrina das penas eternas consubstanciada na teologia católica surgiu das ideias primitivas que conceberam a existência de um Criador irritável e mal-humorado – um Deus irado e vingativo, a quem o homem atribuiu características puramente humanas.

6. O fogo eterno é uma figura de que o homem se utilizou para materializar a ideia do inferno, de modo a ressaltar a crueldade da pena, no pressuposto de que o fogo é o suplício mais atroz e que produz o tormento mais efectivo. Essas ideias serviram, em certo período da história da Humanidade, para controlar as paixões de criaturas ainda imperfeitas, mas não servem ao homem da actualidade, que nelas não consegue vislumbrar sentido lógico.

7. Jesus valeu-se das figuras do inferno e do fogo eterno para pôr-se ao alcance da compreensão dos homens de sua época. As imagens fortes que utilizou eram, então, necessárias para impressionar a imaginação de indivíduos que pouco entendiam das coisas do Espírito e cuja realidade estava mais próxima da matéria e dos fenómenos que lhes impressionavam os sentidos físicos. Mas foi Jesus também quem, em outras oportunidades, enfatizou a ideia de que Deus é Pai misericordioso e bom e que, das ovelhas que o Pai lhe confiou, nenhuma se perderia.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 17, 2023 10:48 am

8. A Justiça Divina, ensina o Espiritismo, manifesta-se na vida dos seres não para impor punições, mas com o objectivo maior de redireccionamento da pessoa para o bem. Deus criou os Espíritos para que progridam continuamente em conhecimento e amor. Essa evolução se produz através de inumeráveis experiências no plano físico e no plano espiritual, e a dor é o estímulo de que a Providência se vale para despertar os que só conhecem tal linguagem, com vistas a impulsionar o progresso.

Não há no Universo lugares reservados para o inferno
9. A infelicidade é, portanto, consequência natural da imperfeição do Espírito e existe em virtude de suas necessidades evolutivas. Mas o sofrimento não é eterno, porque o mal também não o é. À medida que a criatura progride em amor e sabedoria, o sofrimento se atenua, e dia virá em que a consciência mais denegrida experimentará, no íntimo, a luz radiosa da alvorada do amor de Jesus.

10. Felicidade e infelicidade são, desse modo, proporcionais às realizações e conquistas efectivas registradas pela criatura humana em suas experiências evolutivas. A consciência harmonizada com a Vontade Divina reflecte o Amor Sublime e objectiva o bem; a paz interior e a felicidade em sua plenitude são mera decorrência disso.

11. O homem em desequilíbrio interior, ao se voltar para o mal, incorre nos mecanismos da Justiça Divina, que, por meio da dor ou do sofrimento, o estimula ao reajuste e à reparação de seus erros. Do homem depende, pois, a duração do seu sofrimento. Quanto mais cedo se utilizar do seu livre-arbítrio para progredir, mais cedo se libertará do jugo da dor.

12. No Universo não há lugares reservados para o inferno, pois a dor, independentemente do lugar em que se manifeste, opera a renovação do homem. Há, no entanto, lugares de penitência no plano invisível, em que o sofrimento se apresenta sob diversas formas e intensidade.
Mas esses lugares não se assemelham ao inferno em sua tradicional acepção, visto que se constituem em agrupamentos provisórios, que se extinguem com a evolução dos seres que os frequentam.

Questões para fixação da leitura
1. A doutrina das penas eternas, constante da teologia católica, é admitida pelo Espiritismo?
Não. A tese da eternidade das penas reservadas àqueles que infringem as leis do bem e do amor, tanto quanto a existência do inferno, não resistem a uma análise objectiva.
O raciocínio lógico conduz-nos à seguinte premissa: Se o Espírito sofre em função do mal que praticou, sua infelicidade deve ser proporcional à falta cometida.

2. Qual é a principal crítica que podemos fazer, com base nas lições de Jesus, à doutrina das penas eternas?
A principal objecção à doutrina das penas eternas fundamenta-se no facto de que Jesus enfatizou a ideia de que Deus é Pai misericordioso e bom e que, das ovelhas que o Pai lhe confiou, nenhuma se perderia. Ao dar seu testemunho inequívoco da Bondade e do Amor de Deus, Jesus dizia que o Pai celeste não quer que pereça um só de seus filhos. A condenação perpétua não se coaduna, pois, com a ideia cristã da sublimidade da justiça e da misericórdia divinas.

3. De que ordem de ideias surgiu a doutrina da eternidade das penas consubstanciada na teologia católica?
A doutrina das penas eternas surgiu das ideias primitivas que conceberam a existência de um Criador irritável e mal-humorado – um Deus irado e vingativo, a quem o homem atribuiu características puramente humanas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 17, 2023 10:48 am

4. Qual é a causa da infelicidade que acomete grande parte dos seres humanos?
A infelicidade é a consequência natural da imperfeição do Espírito e existe em virtude de suas necessidades evolutivas. O sofrimento não é eterno, porque o mal também não o é. À medida que a criatura progride em amor e sabedoria, o sofrimento se atenua, e dia virá em que a consciência mais denegrida experimentará, no íntimo, a luz radiosa da alvorada do amor de Jesus.

5. Há no Universo lugares reservados para o inferno?
Não. No Universo não há lugares reservados para o inferno, pois a dor, independentemente do lugar em que se manifeste, opera a renovação do homem. Há, sim, lugares de penitência no plano invisível, em que o sofrimento se apresenta sob diversas formas e intensidade. Mas esses lugares não se assemelham ao inferno em sua tradicional acepção, visto que se constituem em agrupamentos provisórios, que se extinguem com a evolução dos seres que os frequentam.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 17, 2023 10:48 am

22 – O reino de Deus e o paraíso perdido
Sumário: Significado das figuras de Adão e Eva. - Migrações de Espíritos entre os planetas. - Os exilados de Capela e a civilização da Terra. - A alegoria pertinente à árvore da ciência.

As migrações de Espíritos entre os planetas é facto comum
1. Moisés relata no Génesis a história de Adão e Eva, que teriam sido – segundo a interpretação literal das Escrituras – os primeiros seres humanos a habitar a Terra. Criados por Deus, eles viviam num jardim de delícias: o Éden bíblico, mas, tentados pela serpente, comeram o fruto proibido da árvore da ciência e foram expulsos do paraíso. Sua sobrevivência dependeria, então, a partir da expulsão, do seu próprio trabalho.

2. Esse relato, adequado ao nível de compreensão do povo judeu da época de Moisés, não pode ser aceito como verdade absoluta nos tempos atuais, em que o progresso intelectual e científico é muito mais apurado. Com efeito, as teorias que identificam nos seres humanos o resultado do aprimoramento biológico, ao longo dos milénios, de organismos primitivos que povoaram inicialmente a Terra, são hoje amplamente difundidas, aceitas pela comunidade científica e confirmadas pelo Plano Espiritual.

3. As descobertas da Antropologia e da Arqueologia não só têm confirmado essas teorias como fornecido argumentos em favor da tese do povoamento simultâneo das várias regiões do planeta, por meio de povos que, embora oriundos de uma única espécie – a raça humana –, apresentavam característicos físicos distintos, o que explica sua origem diversificada e seu desenvolvimento independente.

4. A simbologia da narrativa bíblica reflecte fenómeno usual no processo de desenvolvimento e evolução dos orbes e dos Espíritos que os habitam. Os mundos progridem através do crescimento em moralidade e sabedoria dos seres que neles vivem. Quando um planeta atinge uma fase de culminância em sua transição evolutiva, os Espíritos que não acompanharam o progresso geral do orbe e se tornaram ali elementos de perturbação do bem-estar da colectividade são conduzidos a mundos menos adiantados, onde aplicarão sua inteligência e a intuição dos conhecimentos adquiridos em benefício do progresso do planeta onde viverão.

5. Tais Espíritos expiarão, no contacto com as difíceis condições de vida do seu novo ambiente, suas faltas passadas, sob o imperativo da dor que os impulsionará à renovação. Essas migrações entre os diversos mundos do Universo são periódicas e fazem parte do processo evolutivo dos povos e dos mundos.

Os exilados de Capela exerceram na Terra um papel importante
6. Moisés registrou no Génesis as reminiscências de um grupo de Espíritos, personificados por Adão e Eva, que migrou para a Terra, proveniente de um planeta do sistema orbital da estrela chamada Cabra ou Capela, pertencente à constelação do Cocheiro. Há milénios – informa Emmanuel em seu livro A Caminho da Luz – esse planeta capelino, que guarda muitas afinidades com a Terra, atingira a culminância de um de seus extraordinários ciclos evolutivos.
Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá se encontravam dificultando a consolidação das penosas conquistas de um povo que, no geral, era imbuído de virtudes e fizera jus à concórdia e à paz.

7. As grandes comunidades espirituais, directoras do Cosmo, deliberaram, então, localizar aquelas entidades rebeldes no mundo em que vivemos, no qual aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração, ao mesmo tempo que impulsionariam o progresso intelectual dos povos que aqui se encontravam.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 17, 2023 7:39 pm

8. Na dor do seu exílio e da separação de seus entes queridos, foram eles recebidos por Jesus, que, com suas amorosas advertências, despertou-lhes as esperanças de redenção no porvir e os convidou à cooperação fraterna para o aprimoramento dos povos primitivos que habitavam nosso planeta. A eles, Jesus prometeu a assistência quotidiana e sua vinda futura, para indicar-lhes o caminho que lhes possibilitaria o retorno ao paraíso que haviam perdido.

9. Vivendo entre povos primitivos, ainda em situação de barbárie, os exilados de Capela sentiram-se degredados, conduzidos a ambiente rude, para expiar suas faltas; mas, intuitivamente, almejavam o retorno ao paraíso perdido, cuja lembrança na esfera da intuição propagou-se através das gerações e foi relatada nas páginas bíblicas de forma alegórica.

10. A figura de Adão deve ser compreendida, portanto, como símbolo da humanidade terrena. Sua desobediência às determinações divinas representa a infracção das leis do bem, em que incorreram os homens, particularmente os exilados do sistema capelino, ao se deixarem dominar pelos instintos materiais. A árvore da ciência é uma alegoria relativa à possibilidade de o homem discernir entre o bem e o mal, através do progresso intelectual e do
desenvolvimento do livre-arbítrio.

Muitos exilados de Capela ainda continuam na Terra
11. O fruto da árvore da ciência, que floresce no meio do “jardim das delícias”, corresponde ao produto da evolução material e se constitui no objecto dos desejos materiais do homem. Comer o fruto é deixar-se vencer pelas sensações da matéria, em detrimento das conquistas espirituais.

12. A árvore da vida simboliza a vida espiritual, é uma referência às conquistas em moralidade e demais bens do Espírito, que o orbe capelino conseguira efectivar e de que os exilados já não poderiam desfrutar.

13. A serpente simboliza, pelas suas formas e modo de locomoção, a sinuosidade dos maus conselhos que, contornando os obstáculos da consciência, conseguem atingir o ser, ao encontrar os resquícios da inferioridade no âmago do seu coração.

14. Desse modo, os ensinamentos espíritas relativos à chamada raça adâmica esclarecem o mito registado no Génesis e fornecem explicação racional para as reminiscências das promessas da vinda do Messias, encontradas em diversas comunidades terrenas.

15. Grande número dos Espíritos exilados só pôde retornar ao seu orbe de origem depois de muitas existências na Terra. Alguns, todavia, ainda se encontram por aqui, devido ao seu endurecimento no mal.

Questões para fixação da leitura
1. Adão e Eva foram os primeiros seres humanos a habitar a Terra?
Não. As recentes descobertas da Antropologia e da Arqueologia têm fornecido argumentos em favor da tese do povoamento simultâneo de várias regiões do planeta, por meio de povos que, embora oriundos de uma única espécie – a raça humana –, apresentavam característicos físicos distintos, o que explica sua origem diversificada e seu desenvolvimento independente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 17, 2023 7:39 pm

2. A migração de Espíritos entre os diferentes planetas constitui uma regra ou é uma excepção?
As migrações entre os diversos mundos do Universo são periódicas e fazem parte do processo evolutivo dos povos e dos mundos.

3. Que ensina o Espiritismo acerca dos exilados de Capela?
Os chamados exilados de Capela são uma referência a um grupo de Espíritos, personificados por Adão e Eva, que migraram para a Terra, provenientes de um planeta do sistema orbital da estrela chamada Cabra ou Capela. Há milénios – informa Emmanuel em seu livro A Caminho da Luz – esse planeta capelino, que guarda muitas afinidades com a Terra, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos. Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá se encontravam dificultando a consolidação das penosas conquistas de um povo que, no geral, era imbuído de virtudes e fizera jus à concórdia e à paz. As grandes comunidades espirituais, directoras do Cosmo, deliberaram, então, localizar aquelas entidades rebeldes em nosso planeta, onde aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração, ao mesmo tempo que impulsionariam o progresso intelectual dos povos que aqui se encontravam.

4. Qual é o significado, segundo o Espiritismo, da alegoria pertinente à árvore da ciência?
O fruto da árvore da ciência, que florescia no meio do “jardim das delícias”, corresponderia ao produto da evolução material e se constituiria no objecto dos desejos materiais do homem. Comer esse fruto equivaleria a deixar-se vencer pelas sensações da matéria, em detrimento das conquistas espirituais que nos cumpre realizar.

5. Os exilados de Capela já retornaram ao seu planeta de origem?
Em parte, sim. Alguns, todavia, ainda se encontram por aqui, devido ao seu endurecimento no mal.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 17, 2023 7:40 pm

23 – Determinismo e fatalidade
Sumário: Determinismo absoluto. - Diferença entre determinismo e fatalidade. - Que pensavam Sócrates e Platão sobre o determinismo. - Livre-arbítrio e determinismo. - A fatalidade na visão espírita.

O determinismo absoluto não é acolhido pelo Espiritismo
1. Para os Espíritos Superiores não existe determinismo absoluto. O que os homens chamam fatalidade advém unicamente da escolha que o Espírito fez, ao reencarnar, da prova que terá de suportar no plano corpóreo. Escolhendo-a, institui para si uma espécie de destino, que é a consequência da posição em que se acha colocado em razão da escolha feita. Evidentemente, os Instrutores espirituais referem-se aí às provas físicas, porque com relação às provas morais e às tentações o Espírito é sempre senhor de ceder ou resistir, visto que Deus lhe conferiu a liberdade de escolha – o livre-arbítrio. Mesmo para as pessoas que pareçam perseguidas por um fatalismo marcante, as causas de suas vicissitudes, se não estão na vida presente, têm sua origem em existências anteriores.

2. É importante, porém, não se confundir determinismo com fatalidade. Determinismo é um sistema filosófico que nega ao homem o direito de agir livremente, isto é, de acordo com sua vontade. Esse sistema tem a representá-lo actualmente os positivistas e os materialistas de todas as escolas; mas é curioso notar que sua origem se encontra na escolástica religiosa, que subordinava rigorosamente à influência da Providência Divina a determinação da vontade.
O determinismo materialista, como o determinismo religioso, negando o livre-arbítrio, suprime, em consequência, a responsabilidade da pessoa.

3. A ideologia do determinismo vem de longe. Na mitologia grega, encontramos a concepção das Parcas: criaturas que teciam a teia do destino, na qual era colhida a espécie humana, sem que esta dela se pudesse libertar.
Para os primeiros pensadores gregos, o destino das pessoas estava intimamente ligado à crença no poder absoluto das forças do Universo. O destino do homem estaria, segundo tal pensamento, determinado por elas; a pessoa, impotente ante elas, devia tão somente obedecer-lhes.

4. Para Pitágoras e seus adeptos, a natureza do Universo seria formada de maneira a determinar o destino das pessoas. Os segredos de sua sorte estariam encerrados nos números e somente poderiam ser desvendados se se compreender seu significado. Entender a linguagem dos algarismos seria, pois, fundamental à compreensão dos destinos humanos.

5. Heráclito ensinava que o processo cósmico obedece a determinadas leis. Toda mudança estaria de acordo com uma lei fixa e imutável, lei que constitui o princípio básico do mundo, à qual o homem estaria completamente sujeito.
Heráclito refere-se a essa lei ou princípio chamando-a, às vezes, destino; outras vezes, justiça.

Kant propugnou o livre-arbítrio como necessário ao homem moral
6. Quem primeiro procurou afastar o homem da ideia de um destino inexorável foram os filósofos gregos chamados sofistas. Segundo eles, o homem não podia ficar inteiramente preso a um processo ou a leis de que não pudesse desenvencilhar-se. Parecia-lhes impossível que o homem não exercesse certo efeito sobre o próprio destino.
Sócrates também não aceitava tal domínio sobre os homens. Para ele, o conhecimento constituiria sua realização suprema. Alcançando o conhecimento, o homem agiria com acerto; sem o conhecimento, corria o risco de agir com desacerto. Além dessa concepção tão clara, Sócrates entendia ainda que o homem pode, pelo conhecimento, ter certa influência sobre o seu destino na Terra e na vida futura.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 17, 2023 7:40 pm

7. Platão era defensor da liberdade. O homem – propunha Platão – pode vencer e de fato vence os obstáculos que o mundo lhe apresenta. Embora criatura do Criador divino, pode ordenar sua vida de modo a vivê-la com espírito de justiça e sensatez. Aristóteles também acreditava na liberdade do homem. Segundo ele, a moral não era questão de lei inevitável, mas de livre escolha: o homem tem liberdade de fazer o que é bom ou o que é mau.

8. Outros filósofos gregos que entraram em cena posteriormente acreditavam ou não no determinismo.
Epicuro, por exemplo, não considerava o homem um títere de forças inexoráveis; o livre-arbítrio afigurava-se-lhe importante. Os estóicos pensavam diferentemente, entendendo que o mundo é o resultado de leis fixas e imutáveis.

9. Os pensadores gregos religiosos concebiam uma liberdade relativa para o homem. Fílon acreditava que a encarnação da alma constituía uma queda, uma perda parcial da liberdade que ela possuía antes da encarnação.
Plotino também acreditava na liberdade original, ou seja, o corpo é uma prisão e a alma ligada ao corpo está prisioneira, não é livre. Os pensadores cristãos dos primeiros tempos do Cristianismo e os da Idade Média, sobretudo os apologistas, acreditavam num homem basicamente livre e entendiam que sua queda advinha da ligação com o corpo. Pelágio doutrinava que Deus concedeu liberdade ao homem para que ele possa escolher entre o bem e o mal, dentro do espírito do livre-arbítrio.

10. Mais próximos da nossa época, enquanto Espinosa apresenta-se totalmente determinista, Jean-Jacques Rousseau entendia que o homem é livre, não um joguete das leis naturais, mas uma alma que luta para viver segundo a liberdade que possui. Kant também propugnou o livre-arbítrio como necessário ao homem moral.

O homem não é fatalmente levado à prática do mal
11. Até aqui vimos as principais ideias dos seguidores e dos não seguidores do determinismo, uma divergência que ainda persiste em nossos dias. O Espiritismo, contudo, ensina que não existe um fatalismo, um determinismo que norteia a vida do homem. Os constrangimentos à sua livre vontade resultam de débitos contraídos em existências anteriores que precisam ser resgatados. Sem a admissão da doutrina da reencarnação torna-se difícil entender as nuances desse facto.

12. Das lições espíritas, podemos afirmar que o homem subordina-se a um livre-arbítrio relativo, que se expande ao longo do processo evolutivo, e a um determinismo relativo, decorrente dos equívocos cometidos no passado e que devem ser corrigidos e reparados. A reencarnação anula, portanto, a ideia de que haja contradição entre livre-arbítrio e determinismo e oferece-nos a ponte destinada a ligá-los entre si, de modo que se não choquem nas conjecturas do intelecto.

13. A questão do livre-arbítrio, ensina Kardec, pode resumir-se assim: O homem não é fatalmente levado ao mal; os actos que pratica não foram previamente determinados; os crimes que comete não resultam de uma sentença do destino. Pode ele, por prova ou por expiação, escolher uma existência em que sofra um arrastamento para o crime, quer pelo meio onde se ache colocado, quer pelas circunstâncias que lhe sobrevenham, mas será sempre livre de agir ou não agir.

14. A fatalidade, como vulgarmente é entendida, supõe a decisão prévia e irrevogável de todos os acontecimentos da vida, qualquer que seja sua importância. A fatalidade não é, porém, uma palavra vã, pois ela existe, de facto, na posição que o homem ocupa na Terra e nas funções que aí desempenha, em consequência do género de vida que seu Espírito escolheu como prova, expiação ou missão. Feita a escolha, ele sofrerá fatalmente todas as vicissitudes e todos os arrastamentos a ela inerentes. Cessa aí, porém, a fatalidade, pois da sua vontade depende ceder ou não às influências e aos arrastamentos a que voluntariamente se sujeitou. Os pormenores dos acontecimentos ficam, por sua vez, subordinados às circunstâncias que ele próprio cria com seus actos e atitudes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 17, 2023 7:41 pm

Questões para fixação da leitura
1. O Espiritismo admite o chamado determinismo absoluto?
Não. Segundo os Espíritos Superiores não existe determinismo absoluto.

2. Existe diferença entre determinismo e fatalidade?
Sim. Não se pode confundir determinismo com fatalidade. Determinismo é um sistema filosófico que nega ao homem o direito de agir livremente, isto é, de acordo com sua vontade. O que chamamos fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito, ao encarnar, fez desta ou daquela prova. Escolhendo-a, institui para si uma espécie de destino, que é a consequência mesma da posição em que se acha colocado em face da escolha feita.

3. Com relação ao tema acima, quais eram as opiniões de Sócrates e Platão?
Quem primeiro procurou afastar o homem da ideia de um destino inexorável foram os filósofos gregos chamados sofistas. Segundo eles, o homem não podia ficar inteiramente preso a um processo ou a leis de que não pudesse desenvencilhar-se. Sócrates também não aceitava tal domínio sobre os homens. Para ele, o conhecimento constituiria sua realização suprema. Alcançando o conhecimento, o homem agiria com acerto; sem o conhecimento, corria o risco de agir com desacerto. Além dessa concepção tão clara, Sócrates entendia ainda que o homem pode, pelo conhecimento, ter certa influência sobre o seu destino na Terra e na vida futura. Platão era defensor da liberdade. O homem – propunha Platão – pode vencer e de fato vence os obstáculos que a vida lhe apresenta.
Embora criatura do Criador divino, pode ordenar sua vida de modo a vivê-la com espírito de justiça e sensatez.

4. A respeito de livre-arbítrio e determinismo, que é que nos ensina o Espiritismo?
O Espiritismo ensina que não existe um fatalismo, um determinismo que norteia a vida do homem. Os constrangimentos à sua livre vontade resultam de débitos contraídos em existências anteriores que precisam ser resgatados. Das lições espíritas, podemos afirmar que o homem subordina-se a um livre-arbítrio relativo, que se expande ao longo do processo evolutivo, e a um determinismo relativo, decorrente dos equívocos cometidos no passado e que devem ser corrigidos e reparados.

5. Como entender, à luz do Espiritismo, expressões deste tipo: “O acidente que vitimou o jovem foi uma fatalidade”? A fatalidade então existe?
A fatalidade existe, sim, na posição que o homem ocupa na Terra e nas funções que aí desempenha em consequência do género de vida que seu Espírito escolheu como prova, expiação ou missão. Feita a escolha, sofrerá ele fatalmente todas as vicissitudes e todos os arrastamentos a ela inerentes. Cessa aí, porém, a fatalidade, pois da sua vontade depende ceder ou não às influências e aos arrastamentos a que voluntariamente se sujeitou.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 17, 2023 7:41 pm

24 – Livre-arbítrio
Sumário: Conceito de livre-arbítrio. - Motivo por que muitos optam por não terem facilidade na vida. - Correlação entre livre-arbítrio e responsabilidade. - O destino segundo os ensinos espíritas.

Sem o livre-arbítrio o homem seria uma máquina
1. O livre-arbítrio relativo é, segundo o Espiritismo, apanágio do ser humano, cujo exercício no orbe terráqueo estará também submetido a determinadas circunstâncias de acordo com o mapa de serviços a ser desenvolvido pelo reencarnante. Esse mapa é delineado pelo Espírito em harmonia com as opiniões dos seus guias espirituais, antes mesmo de se iniciar o processo reencarnatório.

2. As condições sociais, as moléstias, os ambientes viciosos, o cerco das tentações, os dissabores são circunstâncias da existência humana. Entre elas, porém, está presente sua vontade soberana. Ele pode, pois, nascer em um ambiente de miséria e dificuldades, buscando vencer por sua perseverança no trabalho e triunfar das deficiências encontradas; pode suportar as enfermidades com serenidade e resignação; pode ser tentado de todas as maneiras, mas só se tornará um criminoso se quiser.

3. Livre para agir, o homem tem liberdade de escolher o tipo de vida que queira levar. As dores, as dificuldades, as vicissitudes da vida constituem provas ou expiações que ele deve enfrentar como consequência do uso indevido, incorrecto, do livre-arbítrio em existências e vivências passadas.

4. O pensamento espírita é bastante claro: “Se o homem tem liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar”. Sem o livre-arbítrio ele seria uma máquina. E isso resulta de um fato simples: a liberdade é condição necessária à evolução do ser humano, que, sem ela, não poderia construir seu destino.

5. À primeira vista, a liberdade do homem parece muito limitada no círculo de fatalidades que o encerra:
necessidades físicas, condições sociais, instintos ou interesses diversos. Mas, considerando a questão mais de perto, vê-se que esta liberdade é sempre suficiente para permitir que a alma quebre esse círculo e escape às forças opressoras.

6. Liberdade de escolha e responsabilidade são correlativas no ser e aumentam com sua elevação moral. É a responsabilidade do homem que faz sua dignidade e moralidade. Sem ela, não seria ele mais que um autómato, um joguete das forças ambientes. A noção de moralidade é, aliás, inseparável da de liberdade. O homem é, portanto, livre, mas responsável pelo que faz; pode, assim, realizar o que deseje. Estará, porém, ligado inevitavelmente ao fruto de suas próprias acções.
Quanto mais livre o Espírito, mais responsável será

7. Segundo a Escola Clássica, o homem dotado de inteligência e livre-arbítrio é penalmente responsável, porque: a) tem a faculdade de analisar e discernir; b) tem o poder de livre deliberação. A sociedade tem, portanto, o direito de punir o criminoso, porque este desfruta de vontade própria para delinquir ou não.

8. De acordo com a Escola Antropológica, o homem age por força das funções somático-medulares, glandulares ou cerebrais. Assim, o crime não é resultado da livre vontade do delinquente, mas de factores biológicos, ideia que diverge da Escola Clássica.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 17, 2023 7:41 pm

9. A Escola Crítica, Ecléctica ou Sociológica afirma: a) o crime resulta não da livre vontade do delinquente, como querem os clássicos; b) nem da imposição de reflexos biológicos, herdados ou adquiridos, como querem os antropologistas, mas exclusivamente de factores sociais.

10. O Espiritismo tem visão própria acerca do assunto.
Seus conceitos essenciais afinam-se, de alguma sorte, com as diversas escolas, indo, porém, mais além, em face da lei de reencarnação.

11. Esclarece-nos o Espiritismo que: a) pelo uso do livre-arbítrio construímos o nosso destino, que poderá ser de dores ou de alegrias; b) quanto mais livre é o Espírito, mais responsável será; c) a fatalidade ou o determinismo que afectam sua vida derivam da escolha das provas que o Espírito fez antes de reencarnar.

12. Se existe escolha das provas antes do renascimento
corporal, o Espírito estabelece para si uma espécie de destino. Disso se conclui que o livre-arbítrio não tem uma medida absoluta, mas relativa.

Somos constrangidos a colher o resultado de nossas obras
13. Inúmeros são os exemplos da falência do indivíduo pelo uso indevido do livre-arbítrio. Vejamos alguns e suas consequências, extraídos da obra Encontro Marcado, págs. 160 a 163, de autoria de Emmanuel.

14. Com relação à posse de bens materiais, o homem é livre para reter quaisquer posses que a legislação humana lhe faculte, mas se abusa delas, criando a penúria dos semelhantes, encontrará nas consequências disso a fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz da abnegação.

15. Com relação ao estudo, o homem é livre para ler e escrever, ensinar ou estudar tudo o que quiser, mas se coloca os valores da inteligência em apoio do mal, deteriorando a existência dos companheiros com o objectivo de acentuar o próprio orgulho, encontrará nas consequências disso a fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz do discernimento.

16. Com relação ao trabalho, o homem é livre para abraçar as tarefas a que se afeiçoe, mas se malversa o dom de empreender e de agir, prejudicando o próximo, encontrará nas consequências disso a fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz do serviço aos semelhantes.

17. Com relação ao sexo, o homem é livre para dar às suas energias e impulsos sexuais a direcção que prefira, mas se transforma os recursos genésicos em dor e desequilíbrio, angústia ou desesperação para os semelhantes, pela injúria aos sentimentos alheios ou pela deslealdade e desrespeito aos compromissos afectivos, encontrará nas consequências disso a fieira das provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz do amor puro.

18. Como se vê, todos somos livres para desejar, escolher, fazer e obter, mas todos somos também constrangidos a colher os resultados das nossas próprias obras.

Questões para fixação da leitura
1. O livre-arbítrio de que desfruta o homem é relativo ou absoluto?
Relativo. O livre-arbítrio relativo é apanágio do ser humano, cujo exercício no orbe terráqueo estará também submetido a determinadas circunstâncias de acordo com o mapa de serviços a ser desenvolvido pelo reencarnante.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 17, 2023 7:41 pm

2. Se o Espírito tem liberdade de escolher o tipo de vida que queira levar, por que muitos enfrentam dores, dificuldades e dissabores acerbos?
As condições sociais, as moléstias, os ambientes viciosos, o cerco das tentações, os dissabores são circunstâncias da existência humana. A escolha depende, pois, das necessidades e carências do indivíduo, que pode nascer em um ambiente de miséria e dificuldades com o propósito de provar a si mesmo que é capaz de vencer tais vicissitudes com perseverança e trabalho.

3. Existe correlação entre livre-arbítrio e responsabilidade?
Sim. Liberdade de escolha e responsabilidade são correlativas no ser e aumentam com sua elevação moral. É a responsabilidade do homem que faz sua dignidade e moralidade. Sem ela, não seria ele mais que um autómato, um joguete das forças ambientes.

4. Que ensina o Espiritismo acerca do destino?
Esclarece-nos o Espiritismo que pelo uso do livre-arbítrio construímos o nosso destino, que poderá ser de dores ou de alegrias. A fatalidade ou o determinismo que afectam sua vida derivam da escolha das provas que o Espírito fez antes de reencarnar. Com a escolha das provas antes do renascimento corporal, ele estabelece para si uma espécie de destino.

5. “A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.” Esta máxima evangélica encontra confirmação nos ensinamentos espíritas?
Sim. Conforme o Espiritismo, todos somos livres para desejar, escolher, fazer e obter, mas todos somos também constrangidos a colher os resultados de nossas próprias obras.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 17, 2023 7:42 pm

25 – Os fundamentos da justiça da reencarnação
Sumário: A doutrina da reencarnação e seus princípios. - A unicidade das existências na visão espírita. - O equívoco da metempsicose. - Distinção entre reencarnação e metempsicose.

A unicidade das existências é injusta e ilógica
1. A reencarnação se baseia nos princípios da misericórdia e da justiça de Deus:
a.) Na misericórdia divina porque, assim como o bom pai deixa sempre uma porta aberta a seus filhos faltosos, facultando-lhes a reabilitação, também Deus – por intermédio das vidas sucessivas – dá oportunidade para que os homens possam corrigir-se, evoluir e merecer o pleno gozo de uma felicidade duradoura.
b.) Na justiça divina porque os erros cometidos e os males infligidos ao próximo devem ser reparados em novas existências, a fim de que, experimentando os mesmos sofrimentos, os homens possam resgatar seus débitos e conquistar, assim, o direito de ser felizes.

2. A unicidade das existências é injusta e ilógica, pois não atende às sábias leis do progresso espiritual:
a.) É injusta porque grande parte dos erros humanos é resultante da ignorância e, numa única existência, não nos é possível o resgate dos nossos erros, principalmente quando o arrependimento nos sobrevém quase no findar da existência. É preciso dar oportunidade ao arrependido, para que ele comprove sua sinceridade por meio das necessárias reparações.
b.) É ilógica porque não é capaz de explicar as gritantes diferenças de aptidões das criaturas humanas desde a infância, as ideias inatas e os instintos precoces, bons ou maus, independentemente do meio em que a pessoa tenha nascido.

3. As reencarnações representam para as criaturas imperfeitas valiosas oportunidades de resgate e de progresso espiritual.

4. Rejeitando-se a doutrina da reencarnação, perguntar-se-ia inutilmente por que certos homens possuem talento, sentimentos nobres, aspirações elevadas, enquanto muitos outros só tiveram em partilha tolices, paixões e instintos grosseiros.

A reencarnação nos permite compreender as diferenças sociais
5. A influência do meio, a hereditariedade, as diferenças de educação – como todos sabem – não bastam para explicar essas e outras anomalias que deparamos no contexto social, porque temos visto membros de uma mesma família, semelhantes pela carne e pelo sangue e educados nos mesmos princípios, diferençarem-se em inúmeros pontos.

6. Personagens célebres e estimados têm descendido de pais obscuros, destituídos até mesmo de valor moral, e o oposto também se tem visto, ou seja, filhos inteiramente depravados nascerem de pais honrados e respeitáveis.

7. Por que para uns vem a fortuna, a felicidade constante, e para outros a miséria, a desgraça inevitável?
Por que a uns é concedida a força, a saúde, a beleza, enquanto outros se debatem com as doenças e a fealdade?
Por que a inteligência e o génio aqui, e acolá a imbecilidade?
Por que pessoas nascem enfermas, cegas, com deficiências físicas ou deformidades morais, fatos que parecem desmentir a bondade de Deus? Por que uns morrem ainda no berço, outros na mocidade, enquanto muitos só deixam o palco terreno na decrepitude? Donde vêm os meninos-prodígios e os superdotados, enquanto pessoas há que não deixam a mediocridade nem mesmo quando se tornam adultas?
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8. Questões dessa ordem podem ser multiplicadas ao infinito, tratando não só de nossa situação presente, mas também do passado e do que nos aguarda no futuro. Sem a admissão da reencarnação, não se compreende, por exemplo, que futuro estará reservado a um canibal logo que finda sua existência corporal. Se for para o céu, que é que fará ali? Se for condenado ao inferno, por que aplicar uma pena tão dura a um ser tão primitivo? E os bebés, para onde irão depois da morte corpórea? Crescerão em sua nova morada? Aprenderão a ler, progredirão, ou ficarão estacionados para sempre na condição de bebés?
A metempsicose é um equívoco que o Espiritismo não admite

9. A reencarnação é o instrumento que o Criador nos concede para atingirmos a meta da nossa evolução, do nosso progresso individual e do mundo em que vivemos.
Não se deve, contudo, confundi-la com a metempsicose, porque a reencarnação da criatura humana só se dá na espécie humana, enquanto a doutrina da metempsicose, que o Espiritismo não aceita em nenhuma hipótese, admite a retrogradação, ou seja, a encarnação da alma humana em corpos de animais e vice-versa.

10. A Doutrina Espírita é, com relação a esse assunto, bastante precisa: o homem pode estacionar, mas nunca retroceder em sua caminhada rumo à perfeição. A doutrina da reencarnação, tal como ensinada pelo Espiritismo, se funda na marcha ascendente da Natureza e no progresso do homem, dentro de sua própria espécie. Ele pode, numa existência futura, renascer em um meio mais humilde, mais singelo, menos dotado de recursos materiais, mas será sempre ele mesmo, com a inteligência e as virtudes adquiridas ao longo do tempo por seu Espírito.

11. A doutrina da metempsicose, embora constitua um equívoco, tem sua origem num fato verdadeiro, que é a passagem do princípio inteligente, em seu processo evolutivo, pelos reinos inferiores da Natureza. Chegado, porém, à condição de alma humana, é na espécie humana que ela encarnará, não existindo possibilidade alguma de reencarnar em corpos de seres pertencentes aos outros reinos da Natureza. [1]

12. A alma só chega ao período de humanidade depois de se haver elaborado e individualizado nos diversos graus dos seres inferiores da Criação, como é ensinado na obra de Kardec, de Gabriel Delanne e de André Luiz. (Leia-se a respeito desse tema o livro Evolução em Dois Mundos, de André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, bem como A Evolução Anímica, de Gabriel Delanne.)

Questões para fixação da leitura
1. Em que princípios se fundamenta a doutrina da reencarnação?
A reencarnação se baseia nos princípios da misericórdia e da justiça de Deus.

2. Por que o Espiritismo diz que a unicidade das existências é injusta e ilógica?
A unicidade das existências é injusta e ilógica porque não atende às sábias leis do progresso espiritual.

3. Que é que a reencarnação representa para os homens, especialmente os muito imperfeitos?
A reencarnação representa para as criaturas imperfeitas valiosas oportunidades de resgate e de progresso espiritual.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 17, 2023 7:43 pm

4. O Espiritismo, ao ensinar a lei que rege as vidas sucessivas, apoia também a doutrina da metempsicose?
Não. A reencarnação da criatura humana só se dá na espécie humana, ao passo que a doutrina da metempsicose, que o Espiritismo não aceita em nenhuma hipótese, admite a retrogradação, ou seja, a encarnação da alma humana em corpos de animais, o que é materialmente impossível.

5. Em que momento e condição a alma ingressa no chamado período de humanidade, em que passa a encarnar na espécie humana?
A alma só chega ao período de humanidade depois de se haver elaborado e individualizado nos diversos graus dos seres inferiores da Criação, como é ensinado na obra de Kardec, de Gabriel Delanne e de André Luiz.
________________________________________________________________________________
[1] Há no meio espírita quem atribua a origem da palavra reencarnação a Allan Kardec, mas isso não é verdade, pois muito antes do advento da doutrina espírita, entre os séculos XVI e XVIII, surgiu, no Latim tardio, o termo erudito e académico reincarnatio, reincarnationis, que, em seguida, passou para as línguas românicas e para o inglês. Em francês é "réincarnation". Essa informação pode ser conferida acessando-se o website http://www.latindictionary.net/definition/33192/reincarnatio-reincarnationis
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 18, 2023 11:14 am

26 – As provas da reencarnação
Sumário: A reencarnação e suas provas. - Em que consiste a regressão de memória. - Revelação sobre as vidas passadas nos ditados mediúnicos. - Como explicar os meninos-prodígios.

A regressão de memória é uma das provas da reencarnação
1. As evidências de que a reencarnação é um facto baseiam-se essencialmente nos seguintes pontos:
a.) Na regressão da memória às existências passadas, que pode efectuar-se por força de sugestão ou da recordação espontânea de existências anteriores, sem que se identifique uma causa que a justifique. Neste último caso, a recordação pode dar-se tanto no sono comum como no estado de vigília, como os casos pesquisados, entre outros, pelos professores H. N. Banerjee e Ian Stevenson. [1]
b.) Na revelação obtida por meio da mediunidade, em que Espíritos transmitem revelações sobre existências anteriores próprias ou de terceiros.
c.) No facto das ideias inatas e da existência dos meninos-prodígios, assunto que continua a abalar as bases científicas da hereditariedade.

2. Secundariamente, não como prova de sua existência, mas como indício óbvio de sua antiguidade no pensamento humano, a reencarnação é também ensinada por diversas escolas religiosas – notadamente as orientais – e filosóficas.

Pitágoras, por exemplo, foi um dos seus defensores mais ardorosos.
3. Alguns factos registados nos anais da história merecem ser aqui lembrados, por constituírem testemunhos importantes em favor da realidade da reencarnação:
a.) Juliano, o Apóstata, lembrava-se de ter sido Alexandre da Macedónia.
b.) O poeta Lamartine declara em sua Viagem ao Oriente ter tido reminiscências muito claras de suas existências passadas.
c.) O escritor francês Mery recordava-se de ter combatido na guerra das Gálias e também na Germânia, quando então se chamara Minius.
d.) O sensitivo Edgar Cayce, em transe mediúnico, revelava fatos de existências anteriores das pessoas que o procuravam e dele mesmo. Cayce afirma que numa existência imediatamente anterior fora John Bainbridge, nascido nas Ilhas Britânicas em 1742.

A reencarnação é também provada pelas revelações espíritas
4. Pela regressão da memória obtida tanto por meio da hipnose, como pela simples sugestão, método que é usado largamente por terapeutas diversos, têm sido obtidas grandes e numerosas evidências da reencarnação.

5. O psiquiatra inglês Denys Kelsey relata em seu livro Muitas Existências o caso de um cliente, profissional liberal de meia-idade, afligido por persistente e invencível inclinação homossexual. Depois de aplicar os métodos clássicos da psicanálise, sem resultado, em uma sessão de hipnose, já pela décima quarta consulta, o paciente começou a descrever episódios de uma existência vivida entre os hititas (povo que habitou a Síria setentrional por volta de 1900 a.C.), quando, na qualidade de esposa de um dos chefes da época, acostumada ao luxo, exercera grande poder sobre o marido. Quando a beleza física se foi e o marido deixou de interessar-se por ela, o choque emocional foi muito forte para a sua natureza apaixonada. Tentando atrair terríveis malefícios sobre seu esposo, ela pediu a um sacerdote de Baal que o amaldiçoasse; mas acabou assassinada, levando para o Além toda a frustração da sua humilhante posição de esposa orgulhosa e desprezada. Ao que parece, deduziu o Dr. Kelsey, o episódio estava repercutindo na existência actual, na qual a mesma pessoa experimentava inclinação homossexual.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 18, 2023 11:14 am

6. Como exemplos de provas da reencarnação por meio de ditados mediúnicos, Gabriel Delanne, em seu livro A Reencarnação, cita vários casos. Eis um deles, que lhe foi relatado pelo Sr. E. B. de Reyle, por meio de uma carta: “Em agosto de 1886, fizemos uma sessão de evocação, no curso da qual se apresentou, a princípio pela tiptologia, e depois, a nosso pedido, pela escrita medianímica, uma entidade que meus pais perderam, ainda de pouca idade... Assegurava esperar, para reencarnar-se, o nascimento do meu primeiro filho, especificando que seria rapaz e viria dentro de 18 meses. Não se esperava uma criança. Ora, em fevereiro de 1888, nascia o nosso filho mais velho, que recebeu o nome de Allan, na data prevista, com o sexo predito”.

A doutrina da reencarnação estimula o progresso colectivo e individual
7. Allan Kardec perguntou aos Espíritos Superiores:
“Qual a origem das faculdades extraordinárias dos indivíduos que, sem estudo prévio, parecem ter a intuição de certos conhecimentos, o das línguas, do cálculo, etc.?”
Os Espíritos responderam: “Lembrança do passado; progresso anterior da alma, mas de que ela não tem consciência. Donde queres que venham tais conhecimentos?
O corpo muda, o Espírito, porém, não muda, embora troque de roupagem”. Nessa citação encontramos mais uma prova da reencarnação: a das ideias inatas. A História nos revela inúmeros exemplos de génios, de sábios, de homens valorosos cujos pais, ou mesmo seus filhos, não foram grandiosos como eles.

8. Alguns desses Espíritos foram na Terra o que costumamos chamar de meninos-prodígios, cujo talento conseguiu pôr em dúvida as leis da hereditariedade.
Evidentemente, o Espiritismo não nega a hereditariedade física, mas repele a ideia de que exista uma herança moral ou intelectual transmissível de pais para filhos. De facto, sabemos que vários sábios nasceram em meios obscuros, como é o caso de Augusto Comte, Espinosa, Kleper, Kant, Bacon, Young, Claude Bernard etc., enquanto homens de valor tiveram como descendentes pessoas comuns ou mesmo medíocres. Péricles, por exemplo, procriou dois tolos. Sócrates e Temístocles tiveram filhos indignos de seus nomes, e os exemplos não param por aí, porque são muitos e conhecidos.

9. Ante as provas mencionadas, a tese da reencarnação mostra ser uma doutrina renovadora, porque estimula o progresso individual e, consequentemente, o colectivo. A reencarnação revela-nos o que fomos, o que somos e o que seremos, e constitui o instrumento por excelência da lei do progresso e da aplicação da lei de causa e efeito.

10. A doutrina das vidas sucessivas – ao contrário da crença de que somos condenados a uma pena eterna depois de uma única oportunidade na vida – satisfaz, pois, todas as aspirações de nossa alma, que exige uma explicação lógica do problema do destino. E, o que é inegavelmente mais importante, ela se concilia perfeitamente com a ideia de que existe uma Providência divina, ao mesmo tempo justa e boa, que não pune nossas faltas com suplícios eternos, mas que nos enseja, a cada instante, o poder de reparar nossos erros, elevando-nos na escala evolutiva graças aos nossos próprios esforços.

Questões para fixação da leitura
1. Quais são as principais provas de que a reencarnação existe?
As evidências de que a reencarnação é um fato baseiam-se essencialmente no seguinte:
a.) Na regressão da memória às existências passadas, que pode efetuar-se por força de sugestão ou da recordação espontânea de existências anteriores, sem que se identifique uma causa que a justifique;
b.) Na revelação obtida por meio da mediunidade, em que Espíritos transmitem revelações sobre existências anteriores próprias ou de terceiros;
c.) No facto das ideias inatas e da existência dos meninos-prodígios, assunto que continua a abalar as bases científicas da hereditariedade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 18, 2023 11:15 am

2. A chamada “regressão de memória” serve de alguma forma para comprovar a reencarnação?
Sim, sobretudo quando o fato contido na revelação for comprovado por meio de uma pesquisa imparcial, como as realizadas por Ian Stevenson e Banerjee.

3. Que importância têm na comprovação da reencarnação as revelações contidas nos ditados mediúnicos?
Dependendo das condições em que são dadas e da idoneidade moral do médium, sua importância é muito grande.

4. Como o Espiritismo explica a existência dos chamados meninos-prodígios?
O talento e os conhecimentos que essas crianças revelam sem estudo prévio na actual encarnação são mera consequência de uma lembrança do passado, do progresso anterior da alma, de que evidentemente elas não têm consciência. O corpo muda, o Espírito, porém, não muda, embora troque de roupagem.

5. Os críticos do Espiritismo afirmam que a reencarnação leva o indivíduo à indolência, porque o que não se faz hoje pode-se fazer futuramente. É correto esse pensamento?
Claro que não. A reencarnação é, em verdade, uma doutrina renovadora, porque estimula o progresso individual e, consequentemente, o colectivo, ao revelar-nos o que fomos, o que somos e o que seremos. E, o que é inegavelmente mais importante, ela nos mostra que existe uma Providência Divina, ao mesmo tempo justa e boa, que não pune nossas faltas com suplícios eternos, mas que nos enseja, a cada instante, o poder de reparar nossos erros, elevando-nos na escala evolutiva graças aos nossos próprios esforços.
___________________________________________________________________________________________________
[1] Ian Stevenson, da Universidade de Virgínia (EUA), autor do livro Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação, relata nessa obra experiências de pessoas que recordavam espontaneamente episódios de existências anteriores, espécie de fenómenos a que se deu o nome de “memória extra-cerebral”.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 18, 2023 11:15 am

27 – Justificativas do esquecimento do passado
Sumário: Razões por que o homem ignora suas vidas anteriores. - Como aproveitar a experiência de vidas que não recordamos. - Consequências da reminiscência das existências anteriores. - Razões científicas do esquecimento do passado.

Nossas tendências instintivas são uma reminiscência do passado
1. O esquecimento do passado, que é considerado a mais séria objecção oposta à lei de reencarnação, dá ensejo aos seus antagonistas proporem indagações como estas:
a.) Se o homem viveu antes, por que não se lembra de suas existências anteriores?
b.) Se não se lembra das existências passadas, como pode aproveitar a experiência adquirida nelas?
c.) Se não recorda o que fez ou o que aprendeu no passado, cada existência não seria para ele qual se fosse a primeira? Não estaria ele, desse modo, sempre a recomeçar?

2. Allan Kardec dá-nos em O Livro dos Espíritos, em linguagem clara e concludente, uma explicação lógica e uma resposta convincente às referidas indagações.

3. Não temos durante a existência corpórea, reconhece Kardec, lembrança exacta do que fomos e do que fizemos nas anteriores existências, mas possuímos disso a intuição, sendo nossas tendências instintivas uma reminiscência do passado. Não fossem a nossa consciência e a vontade que experimentamos de não reincidir nas faltas já cometidas, seria difícil resistir a tais pendores.

4. A aptidão para essa ou aquela profissão, a maior ou menor facilidade nessa ou naquela disciplina, as inclinações interiores – eis elementos que não teriam justificativa se não existisse a reencarnação. Com efeito, se a alma fosse realmente criada junto com o corpo da criança, as pessoas deveriam revelar igual talento e idênticas predilecções, mas não é isso que vemos. Os que têm filhos sabem muito bem quão diferentes eles são, conquanto criados no mesmo ambiente e recebendo os mesmos estímulos.

O esquecimento do passado atesta a bondade do Criador
5. No esquecimento das existências anteriores, sobretudo quando foram amarguradas, há efectivamente algo de providencial e que atesta a bondade e a sabedoria do Criador. Tal como se dá com os sentenciados a longas penas, todos nós desejamos apagar da memória os delitos cometidos e felizes ficamos quando a sociedade não os conhece ou os relega ao esquecimento.

6. A razão disso é fácil de explicar. Frequentemente – ensina o Espiritismo – renascemos no mesmo meio em que já vivemos e estabelecemos de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes tenhamos feito. Se reconhecêssemos nelas as criaturas a quem odiamos, talvez o ódio despertasse outra vez em nosso íntimo, e ainda que tal não ocorresse, sentir-nos-íamos humilhados na presença daquelas a quem houvéssemos prejudicado ou ofendido.

7. É preciso ter em conta ainda um outro dado: o esquecimento do passado ocorre apenas durante a existência corpórea. Volvendo à vida espiritual, mesmo que não recobremos de imediato a lembrança das existências passadas, readquirimos informações suficientes que nos situem perante as pessoas do nosso círculo. Não existe, portanto, esquecimento, mas somente uma interrupção temporária de nossas recordações. Livres da reminiscência de um passado certamente importuno, podemos viver com mais liberdade, como se déssemos início a uma nova história.
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