LUZ ESPÍRITA
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O solar de Apolo - Victor Hugo/Zilda Gama

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O solar de Apolo - Victor Hugo/Zilda Gama - Página 5 Empty Re: O solar de Apolo - Victor Hugo/Zilda Gama

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 09, 2023 11:26 am

Só os que ainda não sofreram um destes rudes golpes poderão perdoar-te a crueldade que praticaste sob duplo motivo:
vingança e desejo de enriquecer. Poderias ter-lhe conquistado a gratidão depois que salvaste o fruto de um afecto profundo se não houvesses desde então extorquido quantias inapreciáveis, almejando talvez levá-la a penúria extrema para que, então ficasse nivelada a ti. Mas uma vez que isso não aconteceu e ela fugiu, legando-te todos os seus haveres, devias ter controlado os gastos, para que, jamais caísses em penúria.
Mas, uma vez mais, foste arrebatado pelo vício de jogo, excedendo os desmandos ao que chegaste a possuir.
— Ai! senhor! a sua ausência, para meu coração sequioso de sua presença, tornou-me verdadeiramente destraçado! Preferia que ela me acusasse, vibrasse um látego de fogo em meu corpo, mas não fugisse da minha presença, pois vendo-a, encontrava uma gota de conforto para o coração enlouquecido de amor!
— Porque não lhe pediste perdão? Porque lhe aumentaste o sofrimento impondo-lhe gastos que, aos poucos, iam extinguindo o que possuía ela?
— Porque concebi o seguinte plano que me pareceu invencível; reduzi-la à penúria extrema, para que me olhasse com atenção, e, desde então, eu saberia trabalhar, confortando-lhe a alma e, também, recebendo a esmola de um carinho seu.
— Esse plano não deixa de ser engenhoso, Solano, afirmou Samuel, mas não surtiu efeito, pois que ela, sempre digna, não se utilizaria jamais dos préstimos de quem assassinou o seu mais profundo afecto, preferindo a morte à ignomínia!
— Condenais o meu proceder, vós que aqui estais vedando o meu desaparecimento, porque não sabíeis quanto ela me supliciava com o seu desprezo humilhante! Agora, que me convenci de que ela já partiu para o desconhecido, encontro-me mais desventurado, pois ficou despovoado o mundo que habito. Queria vingar-me de seu acintoso desprezo, mas agora, que ela morreu, extinguiu-se o meu ódio. Deixai-me sair, afastar-me deste Solar, ou permiti-me finalizar o meu suplício atirando-me do alto de uma das torres deste castelo.
— Não, infeliz! exclamou Samuel, penalizado, postando-se à frente do detento.
Desiste de praticar um novo crime agora contra tua própria alma!— Mas nossa vida não nos pertence, podendo agir como bem o entendemos? Que é, então, sobre a Terra, que nos pertence? Tudo podemos perder até a própria alma?
— Vou conceder-te a resposta de que necessitas, Solano! Ouve-me, pois, com atenção. Nós não nos pertencemos, mas ao Criador do Universo, o Pai, que nos concede faculdades morais, intelectuais e psíquicas.
O Ego, ou o nosso Eu, é o responsável por todos os nossos actos dignos ou reprováveis. No entanto, Solano, tudo que nos pertence, no próprio organismo, tem um domínio estranho e desconhecido pelos ateus: o Senhor é o próprio Factor do Universo: DEUS! Logo, NOSSA alma não é absoluta e deve obedecer às Leis divinas, como o organismo, aos imperativos de nosso espírito, sede da inteligência — o Farol celeste, não deve deixar triunfar o Mal, dominando os cruéis impulsos que ele inspira!
— Então, nossa alma na qual creio muito pouco e, nossa vida não nos pertencem?
Que é, pois, exclusivamente NOSSO, sobre a Terra: apenas nossa sepultura? falou Solano, mordaz, com a voz alterada e repleta de sarcasmo.
— Vou informar-te devidamente, Solano, pois tens agido mal por deficiência de orientação cristã, que só se aprende, mais do que nos templos, nos lares paternas e tu não os tiveste, ficaste ao léu da sorte, e assim, tua alma ficou repleta de descrença e revolta.
Segundo as provas que nos fornecem as comunicações com o plano invisível, a única coisa que nos pertence, realmente, são as nossas acções, nobres ou nocivas. As primeiras nunca se afastam de nosso espírito, as outras deverão ser expungidas e permanecer na Terra, até que se transformem em caridade, em perdão, em auxílio aos prejudicados, formando tudo o património etemo de nossa alma imortal. Bem vês que podemos enriquecer o que nos pertence por dádiva celeste — a alma, que nos é concedida desde o instante em que a fagulha divina se desprende do Criador e Pai.
ELE no-la concede como um genitor distribui os haveres que possui, não para que sejam desbaratados nababescamente, até que se esgote a derradeira moeda, como te sucedeu, mas para que possamos aumentar o pecúlio, tornando-o incalculável, fazendo-nos milionários de virtudes, de acções dignificadoras, de esforço em prol do progresso humano, da ciência, da instrução, da moral, da espiritualidade, da redenção, nossa e de nossos semelhantes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 09, 2023 11:26 am

Bem vês que, com nossos esforços, nossos labores, podemos conquistar bens eternos ou de duração infinita! Que nos custa o esforço em prol de nosso semelhante, de nosso próprio espírito? Não tens passado noites incontáveis à mesa do jogo? Porque não as passas beneficiando os enfermos, em algum hospital, acolhendo os infelizes em uma habitação que fosse custeada por teu labor e teus sacrifícios? O Mal é como o câncer que destrói os tecidos, com a diferença que aquele carcome a alma, que só se reconstitui após muito sofrimento ou muitas acções nobilitantes! O Mal é sempre punido, o Bem, recompensado! Não devemos, pois, desprezar os que nos buscam, os que se capacitam de que podemos aliviar-lhes as dores e os pesares, pois em todo o Universo só existe um Pai clementíssimo — DEUS — que não se esquece dos perversos para os transformar em bons e guiá-los para a Redenção ou para a isenção de provas!
Estás pensando no suicídio, Solano, para te libertares da dor. Estás iludido, pois o sofrimento não termina no túmulo, mas segue o espírito, que é indestrutível e, talvez, seja mais intensificado do que quando nos encontramos no plano material. Um dos maiores padecimentos aplicados aos egoístas é o do afastamento de todos os núcleos humanos, em locais frígidos e desprovidos de quase tudo o que existe na superfície terrena, até que o desditoso se arrependa do Mal praticado, pelos actos de perversidade ou de indiferença perpetrados. Humilha-te e implora perdão a Deus, nosso pai amoroso e boníssimo e conhecerás a felicidade.
— Como podeis saber, com tanta precisão, tudo o que acabastes de revelar-me, senhor?
— Porque meus lábios pronunciam o que minha mente, ou minha alma recebe, ditado pelos Mensageiros divinos.
— Mas como hei de convencer-me de que nossa vida não nos pertence, e não podemos executar o que concebemos?
— Em todos os lugares sempre se manifestam seres que pertenceram ao plano terreno e têm feito revelações, com as quais podemos saber tudo quanto se relaciona com a verdadeira vida que, erradamente, chamamos de morte, quando por esta, às vezes, se o Bem já superou o Mal, e os delitos foram todos remidos, podemos alcançar a verdadeira imortalidade!
O que nos pertence, Solano, realmente, é o cumprimento exacto de todos os deveres morais e sociais, a prática do Bem, da Virtude, o esforço em prol do progresso psíquico e, então, esse património, o único que Deus valoriza, constitui um tesouro inalterável de nosso espírito que contém a fagulha divina, eterna quanto ELE o é!
Compreende, Solano, a grande VERDADE. Acompanha-me agora na prece que vou dirigir ao Senhor dos Mundos.
Todos inclinaram as cabeças e Samuel pronunciou com voz pausada:
"Senhor, infundi em nossos corações sentimentos dignificadores de amor abnegado aos que sofrem, de perdão aos nossos ofensores!
Perdoai as nossas crueldades desta ou de transcorridas romagens terrenas, nossos actos cruéis ou nefastos, dando-nos a coragem precisa para não fracassarmos nas batalhas da vida, empunhando apenas as armas luminosas da Fé, da Lealdade, do Perdão, da Caridade e de todos os sentimentos fraternos.
Agora, Senhor e Pai, nossas almas genuflexas vão agradecer-vos os benefícios, toda a protecção que nos tendes dispensado através dos séculos de que se compõem nossas vidas planetárias ou siderais desde que de Vós desprenderam-se as centelhas de vossa Alma radiosa e inesgotável, para que formem outras tantas, todas imortais, eternas, mas que têm sido obscurecidas: eclipsadas pelas trevas compactas dos erros e do Mal que praticamos sobre a Terra.
Permiti que, doravante, sigamos, resolutamente, a carreira do Bem, da Virtude, do Labor e da Honra, no extremo do qual poderemos encontrar-vos e a Jesus — o Mestre incomparável e eterno deste Planeta.
Terminada a prece, o infeliz Solano, comovido, falou a 'Samuel:
— Compreendo que todos vós sois caridosos, mas eu não tenho mais coragem de enfrentar as asperezas da vida, dominado por um desalento esmagador desde que soube que aquela que tanto me martirizou, mas era o único objectivo de minha vida, deixou de existir sobre a Terra que, para mim, ficou despovoada, pois apesar de seu desprezo eu sentia conforto com a sua presença! Não tenho agora, mais ânimo de recomeçar a viver, sabendo que ela não habita mais neste planeta! Morreu ela? Tudo, para mim, terminou! Nada mais existe senão o meu sofrimento!
— Outro erro em que vives, infeliz! exclamou Samuel. A morte não destrói senão a matéria, que se desfaz dentro do sepulcro, mas a alma, despojada de seu invólucro é o prolongamento da vida imortal e indestrutível! A vida, pois, é uma interrupção da Eternidade; a alma, quando conquista todas as virtudes, deixa as sombras planetárias, perde a força de atracção, torna-se imponderável e fica de posse da liberdade perene, jamais interrompida!
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 09, 2023 11:27 am

— Como podeis afirmar, senhor, tudo quanto me dissestes, com tanta convicção se aqui na Terra ninguém poderá fazê-lo, pois a Morte e a Vida continuam envoltas em impenetrável mistério? interpelou Solano, com ironia.
— Que é que disseste? Não sabes que é facílima a comunicação com os seres que partiram antes de nós? Nunca ouviste falar no dom de receber o Espírito que possuem as pitonisas e os profetas? Nunca consultaste um. oráculo?
— Não, senhor. Nunca pude acreditar nessas coisas,, que supunha próprias de ignorantes.
— Pois aqui terás ensejo de verificar a existência e a imortalidade da alma. Verás também como age a justiça divina, com misericórdia e rigor, duas qualidades que parecem contraditórias mas que se harmonizam perfeitamente. E acabarás convencendo-te da existência do Ser Supremo, pela maravilha da criação, pela sabedoria e o poder nela manifestados.
Não existe algo de misterioso em tudo quanto vemos e idealizamos desde o movimento contínuo, rítmico e irreprimível dos astros dos satélites, à velocidade louca dos cometas e das aves em pleno espaço?
Que é a vida, que mantém o calor, a pulsação cardíaca,, o crescimento gradativo dos membros com precisão matemática e, um dia, cessa tudo, passando a centelha divina para o espírito que, raramente, é pressentido pelos que não possuem faculdades perceptivas especiais? Vemos, em tudo, a manifestação de Deus, bem como seu poder infinito e não é possível que no túmulo, quando cessa o influxo que vivifica o organismo, desapareçam os. sentimentos dignificadores ou cruéis, manifestações artísticas, as inteligências que ultrapassam os séculos, nas produções das obras eternas! De onde provém o que foi enumerado? Do Factor supremo — DEUS!
Pões em dúvida minhas asseverações cristãs, porque até agora tens aplicado a tua energia e o teu vigor para a prática do Mal, do jogo, do homicídio, mas, para o que é justo, digno e humanitário não tens ainda o menor entusiasmo!
Não, se quiseres aqui terás orientação precisa. Nós nos encontramos neste Solar bendito e, tendo patentes diante de nós os teus crimes, podíamos ter-te submetido a atrozes suplícios, fazendo desaparecer teu cadáver no mar. No entanto, temos envidado esforços para convencer-te das verdades salvadoras, da doutrina de Jesus, para nortear tua alma de delinquente para o carreiro luminoso do Dever, da Virtude, da Redenção. Queremos salvar tua alma do abismo dos crimes! Que é que lucraremos se o conseguirmos? A paz de consciência, a bênção celestial! Nós, que, socialmente, estamos em situação vantajosa em confronto com a tua, aqui estamos para revelar-te as verdades que já foram patenteadas, e, em vez do silêncio e das correcções perversas, temos procedido contigo como se fosses um amigo, ou um irmão infortunado. Lemos, porém, em teu rosto, a dúvida e a revolta mal dissimulada em teu olhar cruel. Parece-me que, infelizmente, perdemos o nosso precioso tempo, pois te manténs insensível às demonstrações de caridade humana e da piedade celeste.
* * *
Solano que, até então, parecia alheio às demonstrações de comiseração dos senhores do Solar de Jesus, às palavras persuasivas de Samuel, agitado por um tremor nervoso, falou com emoção:
— Perdoai-me, senhores, reconheço que tendes sido compassivos para um infeliz criminoso como eu o sou! Bem sei que não mereço a vossa caridade, manifestada especialmente por intermédio de vossas palavras compassivas, tentando arrancar-me da estrada do mal dos delitos para seguir o caminho da Virtude e do Bem! Sou, porém, dominado pelo ódio e pela vingança! Sei que tendes sido piedosos para comigo, mas, eu me sinto tão desgraçado, que, talvez, mais vos agradecesse se me tirásseis a vida.
Vossas exortações sensatas muito me têm feito padecer! Não estou preparado para suportá-las e vivê-las.
Meu ambiente é outro e não posso modificar-me.
— Tu te iludes, tornou Samuel, podes perfeitamente despertar em teu espírito sentimentos dignificadores, arrependimento sincero do que tens praticado contra o próximo! Se te convenceres das verdades que já te revelamos, se te arrependeres do que pretendias fazer neste Solar, nós te libertaremos e poderás seguir teu caminho...
Não sentimos nenhum contentamento em ver-te segregado do mundo exterior, embora o crime premeditado seja de proporções gigantescas, pois pretendias ceifar vidas de seres humanos que nem conhecias, para saciar os ímpetos de vingança contra uma de tuas mais infortunadas vítimas! Somos cristãos e, por isso sabemos perdoar aos que nos desejam o mal, pois temos em mente sempre, os ensinamentos de Jesus e, diante de nossos olhos, o celeste Crucificado traído, sentenciado a um injusto suplício para nos conceder o eterno exemplo de como devemos proceder neste Orbe.
— Não tenho a necessária coragem de imitá-lo, senhor, respondeu Solano, entristecido, e acho que o Mal deve ser combatido ou punido, sem piedade! Os que supliciaram a Jesus deviam ter sido condenados, e os que Lhe dirigem preces fervorosas, não deveriam ser abandonados e sofrer imerecidamente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 09, 2023 11:27 am

No entanto, os que o martirizaram, nenhum sofrimento tiveram, excepto Judas Iscariote, por suas próprias mãos justiceiras e os perseguidores dos cristãos tiveram vidas abastadas e ditosas. Que vale, pois, perante Deus, a prática do Bem? Porque são flagelados os humildes e nunca defendidos pelos Emissários celestes?
— Ainda não compreendeste, Solano, a Justiça divina! tornou Samuel, convicto das palavras que já havia pronunciado. Deus nos concede o livre arbítrio, outorgando-nos à liberdade de praticar o Bem ou o Mal, porém, o primeiro é, sempre, por Ele recompensado e o segundo, punido hoje ou no porvir milenário das criaturas humanas! O que nos parece ilógico é o não presenciarmos, na mesma peregrinação terrena o desfecho desejado para os apologistas da Justiça. Os algozes de Jesus ficaram impunes na etapa terrena em que desempenharam um papel condenável, no entanto, nas subsequentes peregrinações planetárias têm eles sofrido o que fizeram o Mestre padecer outrora, na Palestina. Que importa não saibamos quem são eles actualmente?
Os sofrimentos continuam alojados no plano terrestre, as injustiças prosseguem o seu curso nefasto. Porquê? Simplesmente porque as vítimas de hoje, foram os algozes de ontem! ELE, porém, o Mestre bem amado, veio exemplificar o procedimento que devemos ter nas horas de amargura: sorver o cálice dos padecimentos com ânimo sereno, convictos de que o Criador e Pai saberá fazer Justiça integral! Os seus crés verdugos, através dos séculos, moídos pelo remorso, têm pedido para serem justiçados, e nenhum se libertará do sofrimento sem a absolvição da própria consciência. O resgate e as crucificações depuram a alma e a libertam dos delitos perpetrados outrora, concedendo o galardão aos vitoriosos do Mal, contribuindo para a com quista da Felicidade e facultando o ingresso nos Orbes siderais, onde a luz não se extingue nunca, quer nas almas quer no espaço!
Podemos organizar o nosso património celeste, nossa herança divina e isso é o que nos pertencerá realmente, por toda a consumação dos séculos, seguindo sempre a rua áspera dos deveres nobremente praticados, sofrendo as decepções, as dores, os tormentos e as injustiças, tendo por norma o exemplo do Mestre bem amado e por exclusiva aspiração o derradeiro triunfo — a Redenção de nosso espírito imortal e indestrutível!
— Onde aprendestes estas asseverações filosóficas, senhor? interpelou Solano, que antes que obtivesse uma resposta, prosseguiu:
— Tudo o que descrevestes, é belo e sedutor, digno dos filósofos e dos poetas, para deleite dos ditosos da Terra, mas, quando estamos em luta com o infortúnio, em peleja com a desilusão e com o próprio Destino, não podemos agir com segurança, ficamos desiludidos, alheios à espiritualidade e só podemos crer nas coisas positivas, ao alcance de nossas vistas!
Quando o coração estiver esfacelado, transbordando amarguras, desilusões e desespero, as filosofias são inacreditáveis, fantásticas e só podemos crer na realidade dolorosa que se nos depara.— Quer isso dizer, Solano, que, apesar do que ouviste, nada encontrou abrigo em tua alma desarvorada, desprovida de elementos que se transformaram no transcurso da vida terrena em Fé, em Esperança nos desígnios supremos! Tens o espírito tão árido como o deserto. Mas nesse areal de desenganos, há de existir algum oásis oculto que no porvir se tornará um manancial de acções meritórias, de protecção aos que sofrem, da piedade para com os delinquentes.
Terminando, agora, os meus conselhos fraternos, eu te concito a trabalhar pelo progresso psíquico, a fim de que sejas norteado para Jesus, que te levará paternalmente ao Criador do Universo, onde serão lembradas as provas planetárias como se fossem sonhos que levam, ao despertar, a uma grandiosa realidade!
Que importa que a conquista idealizada leve milénios a ser efectuada se excede ela a todas as glórias, a todas as mais encantadoras fantasias?
— Mas, senhor, tudo quanto de belo dissestes, objectou Solano, pode ser a expressão da verdade e, também, não passar de alucinante fantasia.
— Não! Temos a prova de tudo quanto te afirmamos. Nosso intuito é que tua alma inicie o trajecto luminoso que tem por finalidade o progresso psíquico, a isenção de sofrimento, a remissão eterna de todas as perversidades. Estamos capacitados da verdade sobre a vida, de além-túmulo, por experiência própria e não há quem não conheça os fatos psíquicos, desde a previsão do nascimento de Jesus, por intermédio de um Emissário divino, que se tornou tangível, por momentos, revestido da matéria quintessenciada, que compõe os corpos siderais! Outra aparição foi no Jardim das Oliveiras, quando Jesus, pressentindo seus tormentos, orava contritamente, uma Entidade celeste apresentou lhe o cálice das amarguras de que Ele teria de sorver a derradeira gota.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 09, 2023 11:27 am

Como é que o Mestre, tornando-se imponderável, caminhou sobre as vagas, e, à vista de deslumbradas criaturas, alçou-se ao Firmamento, como que projectado do túmulo ao Infinito? Como esses, mil e um fenómenos espirituais chamados milagres. Tudo isso não revela o triunfo da alma sobre a matéria que, sem ela, logo se transforma em barro imundo?
Não há povo deste planeta terrestre que não relate um fenómeno espiritual de suma importância. Nós, pois, os espiritualistas, sabemos em que basear as nossas convicções. Não somos fantasistas, mas temos bases em fatos diários que parecem sobrenaturais e, no entanto, se explicam satisfatoriamente! Que são as invenções, úteis a humanidade, os grandiosos empreendimentos promovidos pelos mais humildes seres, senão recordações de vidas anteriores, em cenários diferentes, onde já haviam haurido os cabedais necessários para beneficiar os povos, como o arrojo de Colombo, e que no entanto, patenteou ao mundo a sua metade ocidental, cuja realidade existia em sua alma, que antevia o que não passava de miragem para os sábios de sua era?
Quando meus progenitores morreram, tragicamente, dominado eu por pesar avassalador, vencendo a custo a dupla dor que me ferira, teria talvez fracassado, buscando a morte voluntária quando, altas horas da noite, recebi dos Emissários de Jesus a orientação de que eu necessitava.
Afirmo, pois, com segurança inquebrantável, que a alma subsiste após a morte.
Esta nada é senão um episódio em nossa vida, uma interrupção dos sofrimentos planetários.
Se eu te disser que, antes que pedisses a um amigo para interceder por tua vinda para este Solar, um dos nossos Guias invisíveis revelou-nos toda a extensão de teus projectos sinistros, não porás mais em dúvida a realidade: até nossos pensamentos são devassados pelos que possuem faculdades perceptivas. É natural que os desmaterializados as possuam em mais elevado grau do que os que estão revestidos da matéria.
— Assim me dizeis, senhor, para que seja defendido aquele que vos denunciou o meu plano de ser abrigado neste castelo! exclamou Solano, com manifesta dúvida a respeito do que lhe dissera Samuel.
— Não! somos incapazes de faltar com a verdade! falou Samuel com energia. Vais convencer-te da realidade. Tu lhe havias revelado que pretendias incendiar este remanso bendito — o Solar de Jesus?
— Não! eu nada relatei àquele amigo! respondeu Solano, surpreso pela demonstração real da verdade que lhe dera Samuel.— Pois então, convences-te da realidade! Tudo nos foi revelado por um de nossos prezados amigos espirituais, que penetram nas almas humanas devassando-lhes os mais tenebrosos ou nobres segredos! São eles os verdadeiros Emissários divinos ou de Jesus, tendo a oportunidade de defender os seres humanos que são fiéis às Leis celestes e terrestres. Fomos beneficiados por um amigo desconhecido que, talvez, já o tenha sido em transcorrida existência, não desejando que fosse interceptada a grandiosa missão cristã que pretendemos exercer até o derradeiro instante desta vida consagrada ao Mestre!
Sirva-te, pois, de exemplo o sucedido, e não te rebeles contra os que, almejando praticar o Bem, procuram tolher teus propósitos de vingança.
Solano, com a fronte pendida, conservou-se mudo por alguns instantes e, após, respondeu comovido:
— Eu tenho sido um abandonado sobre a Terra, sem família, sem afeições sinceras, só tenho encontrado quem me propunha questões indignas e, unicamente agora, reconheço que eu devia ter tido a precisa coragem de as repelir.
Hoje, sinto que sou um dos mais desventurados entes humanos, pois, aqui, onde poderia encontrar conforto para meu coração esfacelado, foi descoberta a verdade de meu indigno proceder, e, jamais, alguém terá confiança em meus actos ou em minhas palavras. Seria preferível que se extinguisse minha miserável vida.
— Não, meu amigo. Não queremos tua morte, mas concorrer para a tua salvação, para o teu sincero arrependimento, para que sejas um verdadeiro discípulo de Jesus, convicto das luminosas palavras que transmitiu Ele aos que o seguiram, deslumbrados pelo que revelara aos que sofrem, concitando-os a perdoar os adversários, praticar o Bem, e, embora crucificado e com a fronte cingida de espinhos, não vociferou contra o destino, sabendo ser indulgente para com os que o faziam padecer. "Perdoai-lhes, Pai, eles não sabem o que fazem!" exclamou Ele, quase a hora de terminar sua excelsa missão planetária.
— Que é que lucrais, senhor, conseguindo o progresso de minha alma, na qual não acredito realmente, se a tenho, ou não, pois nada me revela a sua existência? - interpelou a Samuel o infeliz.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 09, 2023 7:38 pm

— Nós não trabalhamos pelo conforto material e espiritual de nosso próximo pelo lucro que disso nos possa advir, mas pelo prazer de concorrer para a felicidade dos nossos semelhantes. Queremos libertar-nos dos padecimentos planetários praticando os deveres sociais, psíquicos e morais, pois só assim procedendo faremos jus a glória suprema: a Redenção! Não crês na existência e sobrevivência do espírito porque não és observador!
Ele está patente até nos fenómenos orgânicos, pois, quando a alma parte, desprendendo-se da matéria, o coração fica paralisado, e a matéria entra rapidamente em decomposição. Que é que o movimenta, enquanto estamos com saúde? Que é que produz o crescimento, todos os fenómenos vitais, a compreensão, a inteligência, os pendores artísticos, perversos, nobilitantes, senão o factor divino que se localiza em nosso organismo tangível? A matéria, desmembrada da alma, o agente e propulsor divino, é inerte, semelhante aos minerais. Que é que projecta os grandes empreendimentos humanos, filosóficos ou científicos, senão o espírito culto, que já tem conhecimentos de etapas anteriores? Porque, se assim não fora, sendo a constituição física do organismo idêntica em todos os corpos carnais, todos os seres humanos seriam iguais, em estatura, inteligência, bondade ou perversidade, como os animais inferiores. No entanto, os próprios irmãos oferecem característicos diferentes na estatura, na cor dos cabelos, na tez, nos sentimentos, nas aspirações, no proceder. Porque assim sucede? Porque alguns indivíduos são idealistas, como Platão e Sócrates, outros matemáticos como Arquimedes e Pitágoras, e, muitos, são loucos, desprovidos de senso, de virtudes, de nobreza?
De onde provem a diversidade de percepção? — do sangue, do cérebro, do coração? Se assim fora, porque todos os seres humanos não são iguais como as folhas da mesma árvore, como as rosas da mesma roseira? Que elementos favoráveis ou deprimentes atuam no cérebro de uns e dos outros? Que é que diversifica os entes humanos em todos os países, em todas as regiões terrestre? A Alma.
O corpo, que se desfaz em putrefacção no âmago dos sepulcros, não deixa vestígios dos pensamentos nobres ou nocivos, da dor moral, da alegria, da loucura, do senso, da fantasia, da vocação para as Artes mais afamadas. Só a pré-existência da alma explica a vocação, o génio.
Que é que conserva as lembranças do passado, os planos do futuro, o amor, o ódio, os projectos mais grandiosos ou deprimentes? Onde se elaboram os planos sinistros? Na alma. Em resumo: queres saber o que é a alma? Vê um corpo sem ela.
Uma coisa, porém, eu vos prometo: nunca mais praticarei um ato condenável contra o próximo.
— Pois bem, Solano, respondeu-lhe Políbio, penalizado, vamos agir com inteira Justiça, conforme o teu proceder, e, em breve tempo, nós te libertaremos, contando com a tua perseverança no Bem e, serás um de nossos auxiliares. Nós, mormente eu, de quem salvaste a vida, no início desta peregrinação terrena, faremos o que necessitas para a pacificação de teu espírito.
— Obrigado, mancebo, jamais me esquecerei de ti e das palavras maravilhosas deste senhor, que tão belas prelecções tem feito, para que eu perceba a finalidade da vida humana. A todos os presentes o meu eterno reconhecimento.
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Transcorreram dias serenos para os habitantes do SOLAR DE JESUS. Elmana Sêndria apenas vivia reclusa em seu aposento particular orando e idealizando um porvir menos doloroso, pois a presença de Solano, embora prisioneiro, causava-lhe incessante preocupação e, por vezes, seu afectuoso filho ia encontrá-la em pranto, quando interrogava com ansiedade:
— Como passa o desditoso Solano? Somos ambos prisioneiros.
— Parece mais conformado com o destino, mas está imerso em mutismo angustioso. Algo me adverte de que há um sinistro projecto em sua mente.
— Também eu o creio, confirmou Samuel, que se achava presente. Momentos após este ligeiro diálogo, Políbio ergueu-se e, com a voz alterada, a mão levantada, falou, com vibração intraduzível:— "Irmãos e amigos, Jesus vos abençoe! Cumulai de conforto o coração árido do infortunado Solano Almério que premedita, com insistência, a morte do seu corpo terreno.
Vós, irmãos, fostes grandemente humanitários com ele, e por tudo quanto fizerdes pelos desditosos, Deus vos recompensará! Tivestes uma inspiração divina e, muito labor, incontáveis sacrifícios tereis de efectuar para o desempenho de vossa meritória missão planetária que terá repercussão no plano sideral!
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 09, 2023 7:39 pm

Hoje deveis interpelar o infortunado detento a fim de que saibais o que concebeu ele para libertar-se do cárcere em que se encontra e do sofrimento moral.
Tereis doravante uma vida de incessante vigilância, pois não podendo o prisioneiro efectuar o projecto de vingança, quer desertar do mundo material conjecturando alcançar plena liberdade! Que Deus vos abençoe e inspire, irmãos e amigos!"
Diante desse aviso e compadecidos do sofrimento do detento, retiravam-no do subterrâneo, levando-o a passear pelo jardim e pelo pomar. Quando tal sucedia, volvia ele os olhares, com frequência, para as janelas do castelo, desejando, certificar-se se era ou não, verdadeira a notícia da morte de Elmana.
E, assim foram transcorrendo os dias, sem sucesso digno de menção.
Sempre que Solano deixava o subterrâneo destinado aos prisioneiros, era seguido por Políbio e dois robustos servos. Um dia, voltando-se ele para o jovem, quebrou o mutismo em que vivia mergulhado e falou:
— Desejo aproximar-me da praia, descendo a escada que fica aos fundos do castelo.
— Iremos, ainda esta semana, Solano! respondeu-lhe Políbio, desconfiando dos intuitos sinistros do encarcerado. Por hoje, subiremos a torre principal do castelo de onde se avista o mar e poderás matar as saudades que sentes das praias...
— Sim, eu muito vos agradeço a generosidade, exclamou Solano, animando-se. E prosseguiu: Desejo fazer-vos uma revelação: Há dias tive um sonho que muito me fez padecer; vi Elmana, repousando em confortável aposento existente do lado posterior deste castelo; Ao deparar comigo, gritou por socorro, o que repercutiu em meu íntimo como uma punhalada, pois ainda a amo. Como hei de ter o ânimo preciso de continuar sobre a Terra?
— Acreditas mais em um sonho ilusório do que na verdade de nossas palavras, Solano? falou Políbio, agastado.— É difícil responder-vos, senhor, mas, sinto que a vida tornou-se-me intolerável!
No momento preciso em que assim se expressou, o infeliz havia chegado ao limite superior da escaleira da torre central do Solar de Jesus. Ao galgar o derradeiro degrau, lançou um olhar para as praias do Golfo de Corinto e para o solo que lhe ficava próximo e, subitamente, sem que os assistentes pudessem impedir o seu ato, arrojou-se ao espaço, proferindo um doloroso grito de dor ou de desespero.
— Solano! Solano! bradou Políbio, procurando ainda segurar-lhe as vestes com a mão esquerda, auxiliado pelo servo que se achava perto, mas infrutíferos foram os esforços dos assistentes. Desceram com precipitação a longa escada e, chegando à terra, puderam constatar a morte violenta do desventurado Solano, com o corpo quase esfacelado! Aglomeraram-se no mesmo instante, todos os que tiveram conhecimento do trágico sucesso e, o levaram para o saguão do Solar, onde ficou depositado sobre um banco tosco, de onde seria retirado para o féretro e a sepultura.
À noite, depois das lamentáveis ocorrências daquele dia, reuniram-se os habitantes do Solar de Jesus em um dos salões térreos, onde foram feitas preces colectivas, em benefício do desditoso suicida.
— Que Deus perdoe o infortunado Solano! exclamou Políbio, angustiado pelo infausto acontecimento.
— Não devias ter subido à torre, Políbio! falou Samuel, paternalmente.
— Ele me iludiu, pai! respondeu-lhe o jovem. Há dias afirmou-me que deseja ir a um lugar onde pudesse descortinar as praias, das quais estava saudoso. Quem sabe se não foi impelido por algum adversário do plano espiritual?— Talvez assim haja sucedido para que nós fôssemos libertos de um irreparável dissabor.
— Talvez ao ascender a torre, falou Samuel, ele não tivesse em mente o suicídio, sendo-lhe o mesmo sugerido por um de seus adversários do plano espiritual!
— Então, o crime do suicídio, por influência dos desmaterializados, deve ter uma atenuante para quem o comete.
— Sim, cabendo toda a responsabilidade para o actuante! disse Samuel.
Compreendo, porém, que, há muitos dias alimentava ele planos sinistros, os quais na primeira oportunidade seriam postos em execução. Os pensamentos, germinados no cérebro, por influxo do espírito actuante, exteriorizam-se e, os que já estão no plano espiritual, logo os interpretam e, muitas vezes, executam os projectos louváveis ou reprováveis. Foi isso o que sucedeu ao mísero Solano. Tudo fizemos, ao nosso alcance, para nortear o desditoso Solano para a prática do Bem, ele, porém, continuou a alimentar os projectos de vingança e de perfídia. Não teve permissão de prosseguir o que é nocivo, para que, em porvindoura existência, depois de uma louvável aprendizagem moral nos planos espirituais, baixe a Terra com melhores intuitos, e, então, norteado pelos Mensageiros divinos, tenha a precisa coragem de executar planos benéficos para ele e para o próximo.
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O solar de Apolo - Victor Hugo/Zilda Gama - Página 5 Empty Re: O solar de Apolo - Victor Hugo/Zilda Gama

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 09, 2023 7:39 pm

O crime que ele projectou, de destruir o Solar de Jesus, para que fosse atingida uma de suas indefesas vítimas — Elmana Sêndria — não se transformou em realidade, devido ao auxílio precioso que recebemos por intermédio dos Amigos siderais. A gravidade do delito, desde que é projectado, embora não executado por intervenção alheia, acarreta consequências funestas.
Estamos, porém, no momento de seu enterro, de levar ao sepulcro os fragmentos de seu corpo de desvairado delinquente. Já foram dadas todas as providências para nos livrarmos de uma suspeita odiosa e infundada, de havermos precipitado ao abismo aquele que projectou a destruição deste castelo. Registramos a morte legalmente e, agora, só nos resta promover o auxílio que podemos conceder-lhe por intermédio de preces fervorosas para seu arrependimento e seu progresso psíquico. Mal terminadas as ponderações de Samuel, Políbio ergueu-se e com a voz revelando o influxo espiritual, murmurou com emoção:
— "Deus, Vós que sois o único Soberano do Universo, Pai magnânimo de todos os seres humanos, o Factor de tudo quanto existe aquém e além do Firmamento, recebei neste momento o sincero preito de humildes e devotados filhos vossos, que só têm por objectivo combater nas Falanges do Bem os adversários da Luz, dos que pretendem ferir nossos corpos ou nossas almas que são vossas servas fiéis!
Necessitamos de vossas bênçãos para que estas se impregnem em nossos espíritos, transformem-se em acções meritórias, e, possamos distinguir o que é útil ou prejudicial à humanidade, para que consigamos ser vossos dedicados vassalos, sempre propensos a combater o Mal e a praticar o Bem, a Justiça, a Fraternidade, o Perdão e o Labor honesto!
Que nossos espíritos, neste momento, genuflexos e humildes, repletos de gratidão, possam agradecer-vos, eternamente, os benefícios que já nos tendes proporcionado nestas e em transcorridas peregrinações terrenas!"
Depois de efectuado o sepultamento do desditoso suicida, reunidos os protectores e os protegidos no mais amplo dos salões do Solar de Jesus, Samuel, comovido, falou aos assistentes:
— Amigos, que me ouvis, eu desejo que de nossas almas partam vibrações veementes, sinceras e fraternas em benefício daquele que, com intuitos sinistros, penetrou neste Solar consagrado a Jesus. Guardamos até aqui sigilo absoluto sobre o que sabíamos para que não surgissem ímpetos de revolta e de vindicta.
Peço-vos que doravante os pensamentos referentes ao infeliz suicida sejam de piedade e para dirigir-lhe preces fervorosas! Se agora eu me refiro a esse doloroso tema é para destruir o julgamento que paira em vossas mentes: Porque aprisionaram um desventurado no cárcere obscuro deste castelo os que propalam que têm amor aos que sofrem?
Porque, meus amigos, premeditou ele um crime imperdoável contra todos os que aqui nos abrigamos, como se fôssemos irmãos, tal o afecto reinante em nossos corações.
Há muito desejávamos, eu e meus dignos companheiros de jornada terrena, elucidar-vos a verdade, ora patenteada.
Aquele desventurado, que levamos ao túmulo, tendo solicitado sua inclusão na falange dos que ora me ouvem, trouxe o que era necessário para o incêndio deste Solar, na calada da noite, enquanto todos nós estivéssemos adormecidos. Descobrimos a prova material do crime mal chegou ele a este castelo, verificamos a realidade que nos foi patenteada, horas antes de sua chegada, por um dos mais lúcidos e bondosos Emissários do Mestre bem amado!
Constatado o delito premeditado, pensamos em entregar o criminoso às autoridades policiais, mas, impulsionados pelo desejo de ser-lhe útil, de desarraigarmos de seu espírito os intuitos malsãos, nós o fizemos encarcerado, sendo, porém, tratado com piedade, a fim de que fosse ele norteado para Deus, para a Luz da Redenção, para o arrependimento de seus crimes. Visava ele o extermínio de todos os que aqui residem para ferir mais amplamente nossa irmã Elmana Sêndria, que, por mais de vinte anos, foi sua vítima incessante, da qual extorquia quantias fabulosas para deixá-las nas mesas de jogos.
Ele, não se resignando com a perda de seus planos criminosos, não sentindo senão o ímpeto da vingança, perpetrou o derradeiro delito de sua acidentada peregrinação terrena, e, talvez inspirado por adversários do plano espiritual, extinguiu a própria vida corporal não crendo na outra, a que é eterna, evidente, divina: a de sua própria alma!
Resolvemos não o entregar às autoridades, para que não morresse, desalentado ou de desespero nas galeras do estado sem o menor conforto espiritual. Desejávamos vê-lo arrependido para o tratarmos como verdadeiro irmão. Julgamos, porém, que continuava ele a fomentar pensamentos de rebelião e planos de vingança contra os que não o condenaram, perdoando-lhe o crime projectado que atingiria a todos os que me ouvem, neste momento. Foi ele justiçado por suas próprias mãos, condenando à morte o seu corpo material, talvez impulsionado por adversários seus, vítimas dos crimes que cometeu.
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O solar de Apolo - Victor Hugo/Zilda Gama - Página 5 Empty Re: O solar de Apolo - Victor Hugo/Zilda Gama

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 09, 2023 7:39 pm

O suicídio, irmãos, é o fracasso de um espírito quando este não enfrenta com a precisa coragem as batalhas da vida terrena, é como se fora um soldado que deserta do campo de peleja no instante decisivo da luta. No entanto, deixa de ser um crime quando alguém sacrifica a própria vida planetária para evitar um cometimento aviltante, uma traição lamentável, um delito abominável contra um amigo, ou mesmo um desconhecido indefeso, deixando de macular a dignidade de um lar honesto.
Jamais, meus amigos, faremos, neste local, referências aos sucessos lamentáveis que, hoje, aqui se deram a fim de que possais julgar, com inteira Justiça, o nosso proceder para com o desditoso suicida. Faremos, antes de nos retirar deste recinto, uma irradiação espiritual, que transponha o Espaço e atinja o Coração do Universo, onde se encontra o seu grande propulsor, Deus, rogando-lhe compaixão e luzes para o infortunado suicida que, quando no plano terrestre, teve oportunidade de constituir um lar, rodear-se de seres amados e, no entanto, viveu isolado, premeditando crimes e vinganças, sem um ser dedicado que lhe confortasse a alma árida e estéril.
Que Jesus, como o mais fulgurante Farol deste Orbe de Trevas, ilumine sua alma, a fim de que, quando novamente :se incorporar no plano material, saiba melhor cumprir os seus deveres e seja norteado para o grandioso objectivo da vida humana neste planeta: — a Redenção espiritual!
Foram então, e em dias subsequentes, efectuadas vibrações espirituais em benefício do infortunado Solano Almério.
Decorridos alguns dias, de plena harmonia, no Solar de Jesus, à hora consagrada às preces, antes de todos se recolherem ao leito, estando presente Elmana Sêndria, esta uma noite, ergueu-se atemorizada e, apontando para o local onde se encontravam Samuel, Políbio e Flávio Genésio, exclamou, aos gritos e com a voz alterada pelo pavor que a invadira:
— Vejam todos o desventurado Solano! Vejam-no! Está ele perto de nós!
Reconheço-o perfeitamente! Está agora ajoelhado com os braços erguidos e parece convulsionado pelo choro, que o abala!
Houve um verdadeiro tumulto na assistência, logo sustido pela palavra convincente de Samuel, que falou com energia; e emoção:— "Que Jesus se compadeça de teus padecimentos, desditoso irmão!"
Terminando uma longa súplica em benefício do que se manifestava, convulsionado de dor moral, subitamente, inspirado pelos Mentores siderais, Samuel elevou a voz, e, com um timbre desconhecido, prosseguiu:
— "Nós te perdoamos, em nome do Mestre bem amado da Palestina e no de nosso Pai celestial, Solano!
Aqui, onde nos vês, continuaremos a vibrar os pensamentos em uníssono, em teu benefício e no de todos os sofredores que povoam os planos etéreos!
Sofres, agora, as consequências dos desatinos que cometeste em diversas peregrinações planetárias. Arrepende-te e pede perdão de tua rebeldia e de tua perversidade!"
Ainda bem não haviam sido pronunciadas as aludidas palavras quando uma estranha vibração abalou a assistência, caindo genuflexo um jovem, que se contorcia dominado por uma intensa influência espiritual: e dizia em tom lamentoso:
— Perdão! Perdão! Sofro muito! Quero ter sossego em minha alma, na qual agora eu creio com segurança! Imploro perdão a todos os presentes que eu teria prejudicado grandemente senão fora a intervenção de Mentores espirituais.
Perdão, Elmana, de tudo quanto te fiz padecer! Perdoai-me vós que me ouvis!"
— Meu irmão, levanta-te e ouve, disse Samuel amparando-o, nós te perdoamos, por amor do magnânimo Jesus. Desejamos que neste momento tenhas a sensação inebriante da misericórdia divina! Elmana Sêndria, piedosa cristã, também já te perdoou o que lhe fizeste. Fazemos um apelo veemente a teus Mentores psíquicos para que te retirem deste local de sofrimentos, levando-te a conhecer a amplitude e a magnificência do Universo para que, em subsequentes existências planetárias, possas seguir o austero e acidentado carreiro do Bem e da Virtude e venhas cooperar connosco na manutenção desta obra. Deverás pois, segui-las, confiante na Justiça e na protecção dos celestes Emissários! Tens que preparar, no plano espiritual, tua alma conturbada para que venha adquirir a clâmide bendita das Virtudes. Deve ela ser paciente, compassiva, e, por maiores que forem as provas materiais, nunca esfacelar os corações. Há-des padecer e chegar ao termo de todos os suplícios morais por que passam os convictos da Justiça divina! Precisas combater, tenazmente, em prol de teu espírito.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 09, 2023 7:39 pm

O jovem receptor dos pensamentos de Solano que, permanecera atento, soluçando, caiu genuflexo e, com a voz emocionada e tremula, exclamou:
— Perdoai-me, Jesus!
— Sim, irmão, Ele saberá perdoar-te, pois, do alto do Calvário, teve compaixão de seus gratuitos adversários, que tanto o supliciaram!
— Compadecei-vos, Senhor, desse mísero delinquente, que, também, está padecendo as consequências de inúmeros crimes!
— Podes acalmar-te, Solano, e, após as nossas preces, podes retirar-te em paz, convicto de que a misericórdia divina é infinita! Nós, que aqui estamos em conjunto, aliados pela fraternidade que, no término dos milénios há de dominar neste Planeta, saberemos, também, interceder por ti e perdoar-te. É mister, porém, que te esforces no austero cumprimento de todos os deveres e, jamais, desvies os teus passos do luminoso caminho do Bem, da Virtude e da solidariedade humana!
Subitamente, o jovem, que estava interpretando os sentimentos do infortunado suicida, tombou sobre o assoalho, inerte, e, somente volvidos alguns momentos, recobrou os sentidos, reabriu os olhos, e, então, murmurou estas palavras:
— Julguei estar prestes a perder a vida. Uma dor aguda e penetrante empolgou todo o meu corpo, e, um tormento inenarrável dominou-me por completo. Tive receio de jamais despertar!
Samuel, que estava pouco distante do médium — um jovem de nome Evandro — aproximou-se mais e, colocando sua destra sobre a fronte do mancebo, falou com os olhos voltados para o céu:
— "Pai celestial, Jesus, Vós que sois compassivos para com os que padecem, vinde até este humilde recinto e a todos os que aqui se congregam bem como a todos os seres humanos deste Planeta de Trevas, concedei as vossas bênçãos e o vosso perdão! Aliviai o sofrimento de um desditoso delinquente que acaba de se manifestar.
Permiti que sejam retirados do frágil organismo de que ele se utilizou, os influxos dolorosos que lhe foram transmitidos. As dores que o receptor de seu espírito sente após a caridade que prestou ao infeliz suicida, revelam o tormento por que passa o que atentou contra a própria vida, e, os que aqui se reúnem, imploram vosso incomparável influxo para que, ambos, sejam beneficiados e não mais saturados pelo suplício que ora os atormenta. No entanto, Senhor e Pai, sabemos que a própria dor que flagela os seres pensantes, é um inigualável benefício gerado em vossa generosidade paternal, pois é a propulsora da alma do criminoso para poder remir seus desatinos, sendo-lhe então permitido arrojar-se ao Infinito, deixando de ser habitante planetário para se tornar uma águia, sideral, radiosa e eterna!
Compadecei-vos de todos os que aqui se encontram, congregados em vosso Nome fulgurante e no do luminoso Emissário que enviastes à Terra — Jesus!
Daí aos que sofrem, neste recinto, o alívio de seus acerbos tormentos! Iluminai todas as almas por mais trevosas que o sejam, com o Farol incomparável da Redenção, a fim de que focalizem todos esses delitos, substituindo-os pela Virtude, inspirando-lhes o Bem, o áspero caminho do Dever, da Honra, do austero cumprimento de todos os sacrifícios divinos, morais e sociais, a fim de que, remindo todos os seus crimes possam merecer o vosso perdão que é a conquista valiosa do ser racional!
Dai-nos, enfim, o vosso radioso Perdão, quando atingirmos o limite de todas as provas planetárias, todos os suplícios merecidos em confronto com a vossa paternal misericórdia para com todos os que criastes.
Permiti, Senhor, que jamais tenhamos a ideia sinistra de atentar contra a vida, o mais valioso e divino atributo concedido à criatura humana, seja a nossa ou a de nosso semelhante, para que não se torne mister o resgate penoso com muitas lágrimas, muitas dores e muitos tormentos remissores!
Vós, que sois a Justiça infinita, o Poder incalculável que lucifica a Criação, da qual se originam desde os minúsculos infusórios aos mais esplendorosos corpos siderais não nos deixeis, jamais, perpetrar um deslize no Código Divino!
Compadecei-vos de nossa pequenez perante Vós e vossos portentos disseminados pelo Universo incomensurável, mas concedendo-nos um débil organismo material, neste incrustastes a mente onde se concebem os mais grandiosos planos e a própria vastidão do Espaço ilimitado, podendo também, perceber o vosso poderio, e, sendo nós finitos, possamos idealizar "o incomensurável, contar as maravilhas do Universo!
Atendei às súplicas dos que se encontram congregados neste humilde recinto e permiti que vossos fiéis e radiosos Emissários venham cooperar no grandioso empreendimento do progresso e da Fraternidade de toda a humanidade disseminada por incontável número de Planetas e corpos siderais!
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 09, 2023 7:40 pm

Nossas almas, ávidas de luz e de progredir indefinidamente, ora genuflexas, esperam receber neste momento, uma fagulha de vosso amor, vossa Piedade e vossa clemência infinda, a fim de que, jamais, nelas germine o Mal e sejam incentivados os sentimentos dignificadores e remissores!"
O ruído peculiar ao movimento corporal dos que se prosternam subitamente, foi patenteado no instante em que Samuel pronunciou as últimas palavras, e, sem que ninguém se certificasse, então, de onde fora irradiado, um maravilhoso clarão que parecia ligar o SOLAR DE JESUS ao crepúsculo estival, inundou todos os seres que se encontravam genuflexos naquele saguão e, inesperadamente, do órgão que ficava instalado em uma sala que lhe ficava próxima, elevou-se uma prece musical, executada pela inspirada Elmana Sêndria, consagrada ao Criador do Universo, a qual ela compôs em elevado estado de transe, arrebatando a assistência, que gozou momentos de êxtase inenarrável. Quando terminou a reunião, todos choravam de felicidade, saboreando antecipadamente os gozos reservados aos espíritos redimidos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 09, 2023 7:40 pm

Notas:
(1) Nota digital: Postilhão (substantivo masculino)- indivíduo que transportava mensagens a cavalo. No serviço de posta, o condutor da diligência.
(2) Nota digital: Criador ou Creador conforme o original.
(3) Nota digital: destaquei a palavra.
(4) Nota digital: Dejanira era filha de Eneu, lendário rei de Cálidon que se tornou muito solitário após a morte de sua esposa e de seu filho Meleagro. Por isso pretendia casar sua filha e ter muitos netos, tendo prometido que concederia sua filha em casamento com aquele que provasse ser o mais forte durante uma competição.
Hércules retornava de uma vitoriosa expedição e querendo esquecer a traição de sua ex-esposa Mégara, entrou na competição. Hércules lutou com vários concorrentes e venceu a todos eles. Conforme prometido, Hércules casou-se com Dejanira e foi feliz
durante vários anos.
Em viagem junto com Dejanira, Hércules chegou às margens do rio Eveno cujas correntezas eram muito fortes. Ali o centauro Nesso se oferecia para atravessar as pessoas no rio montadas em seu dorso. Nesso se ofereceu para levar Dejanira até a outra margem e depois retornaria para buscar Hércules. Confiando em Nesso, Hércules colocou sua mulher sobre o dorso do centauro que imediatamente iniciou a perigosa travessia.
Ao chegar na outra margem do rio, o centauro tentou fugir com Dejanira atendendo ao pedido de Hera, a esposa de Zeus que odiava Hércules - o filho bastardo do marido. Ao ver o centauro em fuga com sua mulher, Hércules disparou suas flechas envenenadas com o sangue da Hidra de Lerna e feriu Nesso.
Ferido e agonizante, o centauro disse a Dejanira que recolhesse um pouco de seu sangue e guardasse. Caso algum dia Hércules se interessasse por outra mulher, ela deveria impregnar uma túnica com aquele sangue e mandar Hércules vesti-la. Assim, ele voltaria para ela. Hércules atravessou o rio nadando e quando chegou à outra margem, Dejanira nada comentou sobre os conselhos do centauro Nesso. Algum tempo depois Hércules lembrou-se de cobrar uma promessa do Rei Euritos e buscou a princesa Iole pretendendo casá-la com seu filho Hilo. O rapto de Iole foi um erro de funestas consequências, pois Dejanira imaginou que o marido queria substituí-la pela jovem.
Lembrando-se das recomendações do centauro Nesso, Dejanira deu a Hércules uma túnica impregnada com o sangue do centauro que havia morrido envenenado pelas flechas de Hércules. Ao vestir a túnica, Hércules foi tomado de uma grande agonia. Sentindo que ia morrer, Hércules deu seu arco e flecha para seu amigo Filoctetes revelando-lhe o poder mortal de suas armas.
Sendo um fiel amigo de Hércules, Filoctetes construiu uma pira, colocou o corpo de Hércules sobre ela e dedicou ao grande herói todas as honras fúnebres. Quando o fogo baixou, a fumaça não formava mais que um ténue véu. Todos se espantaram ao ver que não sobrara sequer cinzas de Hércules. Filoctetes convenceu-se que Zeus tinha elevado Hércules para junto dos imortais. Dejanira compreendeu o grande mal fizera ao marido e morreu de pesar. No entanto, o grande e poderoso herói tinha partido para sempre...

Retirado do sitio: http://eventosmitologiagrega.blogspot.com.br/2012/04/dejaniraremorso-e-o-sentimento-de.html em 27/10/2016.

(5) Nota digital. marnel (origem obscura) - substantivo masculino - Terreno alagadiço de fundo margoso. http://www.priberam.pt/dlpo/marn%C3%A9is

§.§.§- Ave sem Ninho
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