LUZ ESPÍRITA
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 4 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 24, 2014 10:07 pm

Retomamos para junto de Pai João e Vovó Catarina e, após breve entendimento a respeito de nossas actividades, decidimos visitar naquela manhã o indivíduo cujo nome fora citado em processo de magia negra e transformara-se, a partir de então, em endereço vibratório do feiticeiro contratado para o serviço de vingança e ódio.
Refiro-me ao caso que presenciáramos na casa de culto afro, ocasião em que um sujeito havia procurado o pai-de-santo para se vingar de seu patrão, Alberto Nogueira.
Naquele episódio, eu ficara bastante impressionado com o estranho ritual de magia negra.
Agora, teria oportunidade de acompanhar o caso mais de perto.
Seguindo o rastro energético de Alberto, pudemos identificá-lo junto ao leito, abatido, o corpo exalando suor com cheiro fortíssimo.
Em torno de sua aura, imensa quantidade de energias de tons acinzentados gravitavam, como fantasmas.
Bolhas de uma coloração roxa pareciam aderidas a seu perispírito.
O homem aparentava estar nos últimos instantes da vida física, agonizante.
Presenciamos quando a mulher de Alberto Nogueira entrou no ambiente, mais rezando do que propriamente falando:
- Ai, meu Deus!
Não sei mais o que fazer.
Os médicos não encontram nada no pobre do Alberto.
Não há mais recurso que eu possa procurar...
Catarina aproximou-se da mulher, impondo-lhe as mãos e sussurrando em seus ouvidos algumas palavras.
A companheira de Alberto, neste instante, tornou um decisão:
- Acho que só me resta rezar, rezar muito mesmo.
O meu Alberto está cada vez pior.
A mulher pôs-se a orar. Imediatamente se fez presente uma entidade que ate então não havia percebido.
Irradiando uma luz azulínca, o espírito se identificou como sendo a mãe desencarnada de nosso protegido.
Enquanto ela amparava Alberto nos braços, Pai João e Vovó Catarina começaram a trabalhar.
O pobre homem parecia desfalecer, e sua vitalidade se esgotava a olhos vistos.
- O quadro sugere que em breve ele terá uma parada cardíaca - falou Wallace.
- Tudo isso é devido à acção da magia negra? - perguntei, incrédulo, aos companheiros espirituais.
- Certamente que sim - principiou Pai João.
A acção do magnetismo transmitido através do sapo, que fora utilizado como elemento dinamizador das energias mórbidas, encontrou ressonância com o estado de abatimento moral do nosso irmão.
As energias densas que observamos em torno da aura do infeliz companheiro são resultantes do descenso vibratório do magnetismo emitido pelo pai-de-santo, que enviou a Alberto as vibrações densas e mórbidas em seu ritual de enfeitiçamento.
O que você vê é apenas uma acção magnética, que, encontrando campo propício nos sentimentos e emoções do nosso irmão, diluem-se em torno de sua aura, causando imenso prejuízo ao seu sistema orgânico.
- Mas ele não tem a protecção de sua mãe desencarnada? - tornei a perguntar.
- De facto, a progenitora permanece ligada ao psiquismo de Alberto de forma intensa, tentando auxiliar quanto pode, mas isso não quer dizer que ele, por sua vez, esteja ligado mental e vibratoriamente com o espírito que tenta protegê-lo.
Alberto Nogueira alimenta grande sentimento de culpa, devido ao passado recente, em que empregou de modo equivocado os recursos que a Divina Providência lhe confiou na administração da empresa que hoje dirige.
Contudo, já refeito, após bastante meditar sobre seu comportamento, ele considera oportuno rectificar seus passos e deseja agir de maneira diferente com os funcionários pelos quais é responsável.
Ainda assim, sua consciência, que não ignora em que errou, não lhe facilita o perdão pelos factos ocorridos no passado.
É o sentimento de culpa, que, da mesma forma como o persegue, abre campo para que as energias mórbidas manipuladas no ritual de magia negra se despejem em sua aura.
O restante você compreende apenas observando o nosso irmão.
Vejamos o que se pode fazer.
Enquanto a mãe desencarnada ministrava recursos fluídicos para Alberto, Pai João chamou até nós alguns espíritos da natureza.
Concentrando-se, cie parecia entrar em contacto com alguém que se encontrava distante.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 24, 2014 10:08 pm

O ambiente da casa logo se iluminou, quando formas que se assemelhavam a línguas de fogo começaram a penetrar pelas paredes, atravessando móveis e se localizando em torno de Alberto Nogueira.
Eram os elementais conhecidos como salamandras, que, ao comando do pai velho, envolviam o nosso protegido com uma cortina de fogo etéreo, de tal modo que, por alguns minutos, um verdadeiro furacão de energias pareceu varrer o ambiente, concentrando em seu centro o corpo de Alberto.
O fenómeno era maravilhoso de se ver.
O remoinho de fogo etérico produzido pelas salamandras era tão intenso que sentimos o calor produzido, enquanto presenciávamos a queima do material tóxico que gravitava em torno da aura de Alberto.
Tão somente alguns instantes foram necessários para que não mais houvesse mancha alguma girando em torno dele.
As salamandras a seguir se retiraram, para proceder à limpeza do ambiente interno da casa do nosso tutelado.
Das paredes escorria um fluido pegajoso, que se derretia com a acção dos elementais, assim como o que se despregava dos móveis, que também exalavam uma substância escura e contagiosa, certamente produto do intenso magnetismo irradiado por ocasião do enfeitiçamento.
Nada passava desapercebido dos espíritos da natureza.
João Cobú coordenava o processo com seu pensamento vigoroso, estalando os dedos, enquanto de suas mãos uma profusão de raios era liberadas, atingindo toda a energia mórbida localizada no ambiente.
Quando a acção terminou, Alberto Nogueira parecia respirar aliviado, e o suor intenso não mais se fazia perceber.
A taquicardia cedera, e o aparelho cardíaco seu ritmo regular.
- Graças a Deus! - gritou a mulher de Alberto, assim que o viu abrindo os olhos e sorrindo.
Nossa Senhora Aparecida ouviu minhas orações.
Levanta, Alberto, levanta, homem!
Vamos rezar juntos e fazer uma promessa para a santa de nossas devoções.
- Deixemos nossos amigos por conta de suas rezas e crenças.
Já fizemos o bastante - sentenciou Catarina.
- Mas já acabou tudo?
Foi simples assim? - indagou agora Wallace.
- Simples, meu filho? - tornou pai João.
Não viu porventura a riqueza dos recursos empregados para diluir as energias mórbidas?
Mas não se engane:
não acabou por aqui.
Em nosso trabalho, não destruímos energias, o que fizemos foi tão-somente diluí-las, limpando o ambiente astral.
Contudo, essas mesmas energias dispersas agora retomam, mesmo enquanto conversamos, ao ponto de origem.
É a lei do retorno, meu filho.
Não há como se livrar disso.
”Quem deve paga e quem merece padece”, nos lembra um mantra da umbanda.
No caso específico de Alberto, ele apresenta agora condições de receber o auxílio da mãe desencarnada, que continuará a seu lado, inspirando-lhe o que fazer.
Amanhã, irão à missa rezar aos pés da santa, quando conduziremos à igreja uma amiga da família, que guarda ascendência moral sobre eles.
Ela frequenta uma casa espírita conhecida na cidade.
A ideia e que nosso Alberto seja encaminhado para tratamento espiritual nessa casa.
De qualquer maneira, o grosso do trabalho os pais-velhos já fizeram.
Agora deixemos para os mentores da casa espírita a tarefa de reeducação do espírito de Alberto.
Fiquei impressionado com a acção de Pai João, dirigindo as salamandras.
Era algo maravilhoso de se ver.
Na verdade, jamais imaginaria quão importante era o trabalho dos espíritos da natureza, os chamados elementais, nos processos de limpeza energética e harmonização.
Ao lado dos pais-velhos, eu participava de uma aula de magia, a magia do amor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 24, 2014 10:08 pm

CAPÍTULO 14 - CIENTISTAS E APOMETRIA

O fluido perispiritual do encarnado é, pois, accionado pelo Espírito.
Se, por sua vontade, o Espírito, por assim dizer, dardeja raios sobre outro indivíduo, os raios o penetram.
Daí a acção magnética mais ou menos poderosa, conforme a vontade, mais ou menos benfazeja, conforme sejam os raios de natureza melhor ou pior, mais ou menos vivificante.
Porque podem, por sua acção, penetrar os órgãos e, em certos casos, restabelecer o estado normal.
Sabe-se da importância da influência das qualidades morais do magnetizador.
Aquilo que pode fazer um espírito encarnado, dardejando seu próprio fluido sobre uma pessoa, pode, igualmente, fazê-lo um desencarnado, desde que tenha o mesmo fluido.
Deste modo pode magnetizar e, sendo bom ou mau, e sua acção será benéfica ou malfazeja.

Allan Kardec em A Obsessão.
Estudo sobre os possessos de Morzine (artigo I).

No início eram poucos, apenas nove espíritos revoltados e decididos a se vingar daqueles que não reconheciam seu potencial, sua cultura e sua legítima superioridade sobre os demais seres humanos.
Mortos no impacto de uma guerra ridícula, se transferiram para a região astral com suas mentes e emoções em ebulição, isto é, contrariados por não haverem sido reconhecidos em suas pretensões.
Inicialmente queriam vingança, mas um deles, que ficara conhecido com o nome de Lapal, parecia ser mais lúcido que os demais; nem tão revoltado assim encontrava-se.
Afinal, ele havia se deslumbrado diante da morte do corpo e da perspectiva de perpetuar sua ciência sem as limitações do antigo corpo físico.
Eram imensas as possibilidades.
Naquela época, ele desconhecia inteiramente a lei da reencarnação.
Não sabia que o magnetismo primário do planeta arrastava mecanicamente os espíritos em direcção a um útero materno.
Somente mais tarde, após a resistência persistente em reencarnar, notaria que o corpo perispiritual sofreria profundo desgaste energético, causando imensos desequilíbrios em sua estrutura extra física.
Mas, naquele instante primordial, nenhum deles conhecia isso.
Lapal era, entre os cientistas, como um ponto de equilíbrio, mas não tinha senso moral.
Não conciliava os ânimos devido a um sentimento altruísta, mas simplesmente porque não concordava com os membros do grupo e queria tirar proveito da situação de estar vivo, apesar da morte.
Enquanto o ódio perseguia os pensamentos e fomentava as emoções de seus aliados, Lapal se distinguia por um raciocínio frio e calculista, puramente científico e arrojado, embora progresso e avanço para ele não significassem em absoluto qualquer coisa que se assemelhasse a moral ou espiritualidade.
Lapal estava preocupado em desenvolver tecnologia e nada mais.
Era um aficionado pela técnica, somente isso.
Mas logo notou que seus colegas cientistas estavam com a mente nublada pelo ódio contra os governos e a humanidade.
Ele precisava encontrar uma solução, caso contrário seus projectos iriam por água abaixo.
Foi então que resolveu aguardar o desencarne de diversos outros cientistas.
Esperou pacientemente anos a fio, observando e analisando aqueles homens de ciência que se vendiam a seus governos, aqueles que não alcançavam reconhecimento da sociedade e que haviam, enfim, se especializado em diversas áreas do conhecimento, como biologia, química, ciências médicas e outros ramos.
Lapal aliou-se a uma falange de entidades perversas, que, no início de seu relacionamento, escondiam sua verdadeira intenção.
Eram magos negros, espíritos trevosos e voltados para o mal, que haviam reconhecido as habilidades de Lapal e seus aliados.
Queriam também, por sua vez, tirar proveito da situação e utilizar seu conhecimento e técnica para a execução de planos diabólicos.
Propuseram a Lapal e seus correligionários a construção de imenso laboratório, para desenvolver suas pesquisas longe da acção dos superiores, conforme costumavam chamar os espíritos mais esclarecidos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 24, 2014 10:08 pm

Decidiram assim que o melhor lugar para a nova empreitada seria nas profundezas do planeta, onde descobriram imensas cavernas subterrâneas interligadas por um sistema de corredores naturais e galerias encravados nas rochas.
Essa foi a primeira base dos cientistas das sombras.
Os magos negros, hábeis manipuladores dos fluidos do astral inferior, sob a orientação dos cientistas fabricaram, com a força mental, os instrumentos essenciais para que o grupo pudesse iniciar suas pesquisas.
Trabalhavam com a antimatéria.
Nas primeiras experiências, os cientistas desencarnados conseguiram apenas resultados catastróficos junto à natureza.
Em uma das tentativas ocasionaram um terramoto de grandes proporções na cidade de Lisboa, em Portugal, no ano de 1755.
Suas experiências acabaram por provocar também erupções de vulcões há muito silenciados pela extinção.
Maremotos e terramotos em áreas consideradas estáveis foram algumas vezes resultantes de experimentos mal sucedidos dessas falanges de espíritos.
Quando matéria e antimatéria se encontravam, destruíam-se mutuamente, gerando enorme quantidade de energia, que se propagava debaixo da superfície do planeta como ondas sísmicas de proporções assustadoras.
Isso despertou a atenção dos guardiões para o que ocorria no interior do planeta, nas regiões subcrostais.
Era o nascimento da falange de espíritos especializados na construção de aparelhagens das trevas, larvas astrais e vírus de toda espécie, que seriam cultivados nos laboratórios escondidos nas profundezas da Terra ou nas regiões abissais dos oceanos.
Devido ao intenso religiosismo dos espiritualistas e ao excesso de rituais e misticismo dos demais grupos, os habitantes da Crosta ficaram por muito tempo à mercê de tais entidades.
Vítimas de processos obsessivos complexos, serviam aos interesses egoístas dos cientistas ou aos objectivos de outros espíritos, que lhes contratavam os préstimos para desenvolver equipamentos úteis nos mais diversos projectos de vingança.
Rapidamente, Lapal e seus cientistas descobriram o valor do fluido vital para o desenvolvimento de seus planos, de forma que o ectoplasma passou a ser cobiçado por essas entidades como bem mais precioso que o ouro, para os seres humanos.
Nesse momento, entraram em cena novamente os magos negros, que supriam os laboratórios com quantidades imensas dessa energia, extraída dos encarnados.
Nasciam mais e mais bases das trevas, enquanto os espíritas e os espiritualistas se ocupavam em doutrinar, conversar e fazer orações longas e discursos religiosos, esquecidos da ciência espiritual e das pesquisa no campo experimental da mediunidade.
As trevas, enquanto isso, se actualizavam, equipando-se para investidas cada vez mais eficazes contra as obras do progresso e da civilização.
Nas profundezas do submundo astral, tais espíritos desenvolveram seus laboratórios, escondidos entre os elementos altamente pressurizados encontrados no interior do planeta.
Os termo-elementos, de alto nível de periodicidade - portanto, mais estáveis -, que são encontrados nos minerais e rochas sob a crosta, eram utilizados para gerar poderosos campos de força.
Mas os grupos espíritas e espiritualistas não acreditaram em nada disso e, dessa maneira, não se prepararam para enfrentar a diabólica trama das entidades das sombras.
Cheios de audácia e muita sagacidade, os magos negros disfarçavam sua acção através da manipulação de outros espíritos, menos perigosos, que enviavam para distrair os agrupamentos mediúnicos.
Paulatinamente, engrossaram suas fileiras com novos homens de ciência, que desencarnavam sem o desenvolvimento da ética cósmica e de princípios elevados.
Tais espíritos, extremamente intelectualizados, não detinham nenhum pudor filosófico e moral.
Em determinada fase, no auge do planeamento das trevas, estourou a Segunda Guerra Mundial, catalisando o processo de ampliação do reino das sombras.
Graças a seus recursos técnicos, essas falanges de seres se voltavam contra os encarnados, algumas vezes utilizando-os como cobaias para seus experimentos e invenções, outras vezes por pura maldade.
Investiram contra tudo o que pudesse significar ordem, progresso e evolução consciente na superfície do planeta.
Até há pouco tempo nada se sabia a respeito dos cientistas e de sua actuação com aparelhos parasitas, desenvolvimento de larvas e outras criações mentais semelhantes a vírus e bactérias, que cultivavam em seus laboratórios.
Devido à acção dos pretos-velhos e caboclos, entidades que ainda hoje sofrem imenso preconceito, mas que são profundos conhecedores dos elementos da magia e dos subplanos do astral, eles, os cientistas, foram desmascarados.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 4 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 24, 2014 10:08 pm

Sua actividade foi revelada, com o conhecimento das leis da apometria, eles tem sido formalmente enfrentados.
Sua acção daninha e maléfica sobre as obras da humanidade está pouco a pouco sofrendo baixas significativas.
Notadamente após a Segunda Guerra Mundial, têm emigrado constantemente para o mundo astral, através da morte, grupos de espíritos especializados nas questões científicas.
Trata-se de cientistas altamente capacitados, que seguem para o mundo extra físico sem o preparo devido e que somam fileiras ao grupo original de Lapal e seus seguidores.
Essa falange de entidades voltadas para o mal é formada sobretudo por espíritos de pessoas cujos méritos científicos não foram reconhecidos, ou que não receberam o apoio financeiro de seus governos para desenvolverem suas experiências.
Depois da morte do corpo físico, são arrebanhados para as falanges negras reunidas na subcrosta, onde encontram apoio das entidades perversas.
Há entre eles espíritos de diversas procedências, de vários países, formam entre si uma espécie de governo que poderíamos classificar como autocracia individualista.
Com o transcorrer do tempo, o que Lapal e seus amigos desconheciam, passaram a descobrir.
Notaram que seus corpos espirituais sofriam o impacto da lei de gravidade planetária, e a forma humana original, devido à resistência em reencarnar, passou também por diversas alterações.
O magnetismo do planeta exercia poderosa atracção sobre seus perispíritos: embora permanecessem a consciência e suas aquisições, a forma humana lentamente se degenerava.
A aparência perispiritual, aos poucos deformada, embotava mais e mais as possibilidades de expressão de suas consciências.
Lapal se sentia enfadado com os rumos que a organização tomava, assistia às disputas entre os diversos grupos menores, que divergiam entre si e não desejavam mais respeitar a supremacia dos magos negros.
Queriam agir por conta própria.
Lapal sabia que o fim estava se aproximando e que, cada vez mais, os grupos espíritas e espiritualistas estavam se equipando com técnicas mais modernas.
Surgira a apometria, que dava novo impulso aos trabalhos dos superiores.
Lapal estava cansado e não aguentava mais resistir ao chamado da reencarnação.
Os diversos grupos de cientistas, médicos, enfermeiros e pesquisadores que se reuniam sob a sombra do mal trabalhavam de modo contrário ao bem, algumas vezes, por falta de atenção quando encarnados, por dificuldades financeiras ou devido a ideias que não puderam ser postas em prática quando no mundo físico.
Como os demais, tais grupos de seres desencarnados se reúnem pela afinidade de seus gostos e de sua ciência.
Mas seu sistema acabou se transformando num enorme cadinho em que se realiza a fusão de diversos interesses.
É claro que as coisas mudam e se transformam constantemente.
Muitos desses espíritos mostram-se apavorados ao constatar que o progresso persiste, a despeito de suas investidas, e que em breve o planeta será regenerado.
No momento que se avizinha, serão banidos para mundos inferiores e enfrentarão circunstâncias áridas e desfavoráveis em planetas primitivos.
Sabem disso, e o pavor começa a tomar conta deles.
Não podem adiar o progresso indefinidamente.
com a atmosfera psíquica povoada por apreensões de tamanha gravidade, alguns cientistas deliberaram pela criação de uma base no interior das montanhas do Itatiaia.
Lá, incrustados sob as rochas e camuflados pela vegetação exuberante, um grupo de cientistas e magos negros escondiam imensos laboratórios, como o fizeram em outros lugares do planeta.
No interior dessas bases, havia equipamentos ligados a diversos bandos de marginais, líderes do narcotráfico e políticos corruptos que afligiam a comunidade de encarnados.
Empregavam-se aparelhos tecnológicos sofisticados, capazes de formar campos de força tão potentes em torno dos indivíduos que invertiam as polaridades do duplo etérico.
São computadores estruturados em matéria astral subtil, em cujos bancos de dados estavam registados estratégias e planos desenvolvidos junto aos marginais do mundo.
Eles não contavam, entretanto, com a acção dos pretos velhos e das falanges dos tupinambás.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 25, 2014 9:52 pm

Pensavam poder continuar sua acção disfarçados sob o manto da crosta planetária.
Como o Alto não brinca em suas acções, espíritos de várias categorias estavam atentos aos acontecimentos que ali tinham palco, vigilantes sob o comando de entidades veneráveis, disfarçadas espiritualmente na roupagem fluídica de pais-velhos e caboclos.
A reunião prosseguia sob a orientação atenta do espírito Bezerra de Menezes, que se fazia representar por um espírito de sua equipe.
Assim que o dirigente encarnado da reunião deu o comando, potente campo de força formou-se, envolvendo os médiuns num círculo de energias afins.
No recinto não havia mesa, tão tradicional nas reuniões espíritas.
Havia sido eliminada.
Os médiuns formavam um círculo e, no centro, havia dois operadores ou terapeutas, conforme eram chamados os doutrinadores de outrora.
Vi um dos cientistas, que se fazia acompanhar de dois magos negros.
Havia uma cintilação em torno deles, formando um campo energético que disfarçava sua aparência.
Os médiuns se preparavam para auxiliar os mentores na tarefa da noite.
O cientista desencarnado ria com desdém, acreditando na superioridade de seu poder e em seus recursos tecnológicos.
Estávamos presentes Catarina, João Cobú, Wallace e eu, além dos espíritos que coordenavam os trabalhos na noite.
Os médiuns Maria Clara, Conceição, Reginaldo, Artur, Luíz António e Débora buscavam todos concentrar-se nos comandos do operador, que dirigia os trabalhos no plano físico.
Notei que todos estavam na expectativa do que ocorreria ali, quanto a mim, sentia-me envolvido em imensa curiosidade quanto ao desempenho dos amigos encarnados e desencarnados.
Um dos operadores, Márcio, colocou-se no meio da sala; ao estalar os dedos, reunia energias que se aglutinavam em torno dele, formando um turbilhão que lembrava um remoinho.
A medida que o operador conduzia a reunião com seus comandos verbais e movimentava os dedos, estalando-os, energias poderosas repercutiam, parecendo varrer o ambiente comons, que limpavam as auras dos participantes.
Pai João aproveitou a oportunidade, logo no início dos trabalhos, para nos dar uma explicação a respeito da força do pensamento e da palavra, bem como dos sons em geral:
- Toda mente - começou Pai João - emite em torno de si um campo de influência, que é gerado a partir das ideias e formas-pensamentos que criou.
Esse campo, composto e mantido por ondas mentais, terá maior ou menor intensidade e expansibilidade de acordo com a força mental que o sustenta.
Entretanto, independentemente do alcance dessa energia psi, que a mente gera ininterruptamente, sempre há interacção com outras mentes, que também agem constantemente na manipulação de suas criações.
Por isso, meu filho, a acção mental do operador nos trabalhos mediúnicos (e, especificamente neste caso, na apometria) sofre sensível aumento com a acção dos demais médiuns presentes.
”Quando o ser pensa - prosseguiu -, lança no espaço em torno de si substâncias, raios e ondas, projectados também nas dimensões de igual teor vibracional ou inferiores.
Tais substâncias, de natureza mental, têm consistência e existência real, embora ainda indetectáveis pelos aparelhos da tecnologia material terrestre.
São os chamados elementais artificiais, criações da dimensão do pensamento que flutuam ou gravitam em torno das pessoas que os geraram, produzindo uma atmosfera e um fluxo de corrente electromagnética de natureza contínua.
É essa característica do campo mental que determina a atracção de outras formas-pensamentos, análogas entre si, ainda que geralmente os seres que emitiram tais substâncias mentais nunca tenham se encontrado fisicamente.
Durante a reunião, o que observamos na operação e formação de campos de força de grande potência é exactamente a união das criações mentais dos operadores encarnados e dos seus mentores.
Não há necessidade de aproximação física para que pensamentos de natureza semelhante se associem.
Na união de tais formas e criações mentais, surgem a sintonia e a atracção, que fazem com que a corrente mental recém-formada ganhe força e intensidade.”
Enquanto Pai João falava, busquei observar as criações mentais elaboradas através dos comandos apométricos:
- A força do vento solar... - pronunciava o operador encarnado, estalando os dedos num processo que eu nunca havia presenciado.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 25, 2014 9:53 pm

Imediatamente um turbilhão de energias vindas do Alto penetrou no ambiente, desfazendo larvas, bactérias e outros elementos perturbadores da harmonia.
Notei que os cientistas e magos estremeceram, olhando uns para os outros.
Já começavam a se sentir abalados em suas convicções.
- Limpeza com o vento solar e a acção das salamandras - ordenou o operador.
Neste instante, penetrava no ambiente da casa espírita um batalhão de formas gneas, seres elementais que irradiavam energias poderosíssimas em torno de si.
Aderiam à estrutura perispiritual dos médiuns, limpando suas auras e queimando resquícios de energias densas, porventura existentes.
Fiquei imaginando se o operador que dava os comandos apométricos também não seria um mago.
Pai João, sem cerimónia, continuou com a explicação:
- com a força de atracção e o poder exercido pelo pensamento disciplinado, pode-se entender o valor inestimável da qualidade do campo mental, meu filho.
É bom estudar o poder mental para compreender os comandos apométricos; do contrário, o indivíduo que comparece à reunião tenderá a pensar que são apenas palavras e gestos.
Ledo engano:
tudo tem um significado e um porquê.
Sabemos que pensamentos de alegria, saúde, paz e optimismo propiciam a irradiação de ondas de altíssimo padrão vibratório, criando, desse modo, um campo de intensa luminosidade em torno do indivíduo que os gerou, com base nisso, pode-se prever a acção desse contingente de pensamentos sobre os fluidos e energias do plano astral, quando bem orientados por um operador experiente e com conhecimento de causa.
- Quando o operador apometra pronuncia os sons característicos dessa prática - falou ainda o pai-velho - tais como os nomes das letras gregas alfa, beta, gama, delta e épsilon, ele tão-somente canaliza as vibrações do pensamento, materializando a força mental e moldando o ambiente em torno de si com a força aglutinada da matéria mental.
Todo pensamento atrai outro da mesma força e característica, tal e a lei.
Quando o indivíduo se mantém em sintonia com pensamentos de energia, vigor, empreendimento e progresso, e natural que encontre sempre uma força semelhante que impulsione seu pensamento para a frente e para o alto.
Isso nos faz lembrar que a natureza dos pensamentos classifica o tipo evolutivo de cada pessoa: os seres se agrupam ou se repelem de acordo com ela.
e são nutridos os pensamentos de natureza religiosa, por exemplo, as pessoas se juntam em torno de um ideal religioso.
Se, por outro lado, o teor dos pensamentos for de natureza política e económica, naturalmente os indivíduos se filiarão a um partido político, por exemplo, no qual encontrem ressonância entre as ideias alimentadas.
Falo tudo isso, meu filho, para que se fique atento às companhias espirituais.
No caso de uma reunião de carácter mediúnico, o pensamento é tudo.
Ninguém improvisa concentração da força mental apenas em alguns minutos de reunião semanal.
É preciso exercitar o pensamento através de visualizações criativas de ordem superior, com regularidade e afinco, para que, quando for exigido do operador ou médium que utilize sua força mental nas criações de campos de força ou de contenção, ele, já experiente, não vacile.
Convém observar ainda que no quotidiano os médiuns atraem espíritos afins com a natureza de suas próprias criações mentais.
Todo pensamento exerce repercussão imediata em torno de nós.
Observe mais atentamente os comandos apométricos.
Agucei ainda mais minhas percepções e vi quando o operador, no meio do círculo, formava campos de contenção para que, mais tarde, fossem detidas as entidades do mal.
Ao ordenar verbalmente e estalar os dedos, a matéria mental irradiada pelos médiuns presentes, aliada à matéria subtil do plano astral, estruturava uma forma piramidal, iluminada.
Era algo maravilhoso de se ver.
A formação mental foi imediata, como Pai João havia exposto anteriormente.
O pai-velho amigo retomou a palavra:
- Toda vez que uma ideia ou pensamento é verbalizado, ele se materializa pelas palavras, e sua acção torna-se mais intensa.
Pronunciando um pensamento, tornando-o audível, pode-se exercer uma acção mais directa e poderosa do que somente pensando.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 4 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 25, 2014 9:53 pm

Esse processo explica a atitude do operador quando, por exemplo, pronuncia as letras gregas, ou comanda firme e imperiosamente a formação de campos e outras criações mentais:
sua palavra materializa no plano astral o objecto mentalizado.
Este tipo de acção só é possível através dos encarnados, pois que se utilizam da palavra articulada, da voz que exprime o pensamento.
Esse facto também explica por que certas energias só podem ser manipuladas pelos médiuns, que doam ectoplasma e associam, mesmo que inconscientemente, o processo de etoplasmia ao fluido mental emitido por eles próprios.
A reunião prosseguia em seus preparativos de abertura dos trabalhos enquanto Pai João nos explicava outros detalhes, que, ao menos para mim, eram novidade:
- A forma piramidal, meu filho, abrange várias dimensões vibracionais.
A pirâmide de energias está estruturada na irradiação psi das mentes dos médiuns, além de propiciar a absorção das energias de um espaço dimensional superior, que, por isso mesmo, e impossível de ser rompido pelas entidades do mal.
O operador apometra, reunindo recursos fluídicos, iniciou nova emissão de pulsos energéticos.
A medida que contava, agora utilizando os algarismos de 1 a 10, algo que eu definiria como flocos de energias, dispersas no ambiente, se aglutinava, irradiando uma luminosidade prateada.
Ao finalizar aquela contagem de pulsos energéticos, os médiuns Maria Clara, Conceição, Reginaldo, Artur, Luíz António e Débora deixaram o corpo, em desdobramento astral induzido sob o impulso e o comando de Márcio, o operador e dirigente da reunião.
Novamente foi Pai João quem veio em meu socorro:
- Para que o corpo astral ou mesmo o mental possa alcançar uma vibração favorável ao desdobramento, é necessário aumentar o quantum energético do indivíduo.
Ao emitir os pulsos de energia, canalizada pela vontade
firme e disciplinada e dinamizada pela contagem dos pulsos magnéticos, nosso companheiro Márcio, o coordenador encarnado dos trabalhos, impulsiona os corpos espirituais dos médiuns, desdobrando-os.
E como se emprestasse energia a eles, condensando as vibrações originalmente dispersas no ambiente e projectando-as sobre seus corpos.
Os médiuns, desdobrados, imediatamente vi-os, reconheceram no ambiente extra físico, como também aos mentores da reunião.
Comportaram-se naturalmente, nos cumprimentando e seguindo o comando para suas tarefas.
Acompanhei Reginaldo e Artur à região onde se localizava o laboratório dos cientistas.
Um dos espíritos que provinha da base sombria já se encontrava no ambiente da reunião, observando o andamento dos trabalhos, juntamente com um dos magos negros.
Seguimos com a equipe espiritual e os dois médiuns desdobrados ate a entrada da caverna onde se localizava o laboratório.
Parecia que eles já estavam bastante treinados para a ocasião, recebiam os comandos através do cordão de prata, que fazia com que permanecessem conectados a seus corpos físicos.
Ouvindo os comandos de Márcio, o coordenador dos trabalhos, tanto Artur como Reginaldo se colocaram a postos, ligados mentalmente aos mentores espirituais dos trabalhos da noite.
Uma equipe numerosa de guardiões estava atenta e auxiliava os médiuns desdobrados.
Podia divisar o cordão de prata, que possibilitava aos médiuns descrever cada detalhe para os demais integrantes da reunião, eram ouvidos pela boca física, no fenómeno denominado auto-psicofonia.
Transmitiam tudo o que viam e ouviam para o ambiente da reunião mediúnica.
Todos estavam de prontidão.
Penetramos o ambiente do laboratório central e observamos outros guardiões, que se postavam junto aos espíritos dedicados ao mal.
Quando os dois médiuns, Artur e Reginaldo, chegaram ao ambiente, os guardiões do local os envolveram e conduziram para determinado canto da caverna.
Os médiuns foram munidos de aparelhos e redes magnéticas, criadas mentalmente pelo operador, Márcio.
De um momento para outro, os dois rapazes desdobrados pareciam exalar uma estranha nebulosidade de seus corpos espirituais.
Estavam em processo de doação de ectoplasma, a energia nervosa que somente os encarnados possuíam e que actuaria como combustível psicofísico para que a equipe dos guardiões pudesse desarticular as bases das sombras localizadas no Pico do Itatiaia.
Decidi voltar para a casa espírita e observar de lá o que ocorria.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 4 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 25, 2014 9:53 pm

Assim que entrei, pude notar que Márcio, o coordenador dos trabalhos no plano físico, tinha voz resoluta e ordenava os comandos apométricos com firmeza, tocando levemente a região correspondente ao chacra frontal de Artur, que neste momento estava desdobrado, no laboratório:
- Energia vital! Atenção, todos os médiuns: doação de energia vital para os médiuns desdobrados e ampliação da vidência extra física!
Exactamente neste momento, vi que uma onda de energias vindas dos diversos médiuns da corrente estava sendo canalizada para Artur e isso ocorria de forma a chamar a atenção, nosso lado.
Um dos mentores da reunião condensou e ordenou os recursos fluídicos emitidos e, dinamizando intensamente o processo, transferiu a energia para o campo vibratório de Artur.
Logo após, o mesmo processo se repetiu com Reginaldo.
Naquele instante, um dos médiuns da corrente passou a sentir intensamente a presença do mago negro no ambiente.
O espírito parecia dominado por uma força estranha e contorcia-se todo.
Pai João e Vovó Catarina estavam ao lado do mago negro, imantando-o ao médium que o percebia.
Como todos os médiuns estavam desdobrados pelos comandos apométricos e possuíam vidência extra física, todos percebiam a entidade, facto que dava maiores condições para que Márcio conduzisse o processo com firmeza e segurança.
Um dos médiuns relatou:
- Percebo a presença de dois pais-velhos, que auxiliam directamente no processo.
O outro médium continuou:
- Vejo também uma equipe de espíritos no ambiente, que nos auxilia juntamente com os pretos-velhos.
Eles conduzem um mago negro, ligado ao caso que estamos tratando.
O médium que entrou em sintonia com o mago imediatamente começou a falar, com voz diferente da sua, num sotaque carregado com intenso magnetismo.
- O espírito tenta manipular seu magnetismo para defender-se - alerta outro médium.
Márcio reage prontamente, formando campos de contenção em torno da entidade.
O espírito também reage:
- Quem pensam que são?
Acham que podem me deter?
Desconhecem o poder da magia... - falava o mago negro, ameaçador.
- Seja bem-vindo, companheiro.
Mas, se deseja saber, somos trabalhadores do eterno bem.
Estamos aqui a fim de colocar um ponto final à sua acção de provocar o mal e, também, lhe dar uma oportunidade de recomeço, de reavaliar suas acções... - prosseguia Márcio.
- Nos trabalhos de apometria, meu filho - elucidou Pai João - não se prioriza o livre-arbítrio do espírito equivocado.
Isso normalmente ocorre nas reuniões mediúnicas tradicionais de desobsessão e o chamado obsessor tem a chance de retomar outras vezes, quantas quiser.
Entre o período das reuniões, caso ele não tenha se renovado, continuará prejudicando sua vítima.
Nos trabalhos de apometria, dá-se o contrário:
o ser em desequilíbrio - neste caso, o mago negro - é cercado por um campo de contenção, que é projectado sobre ele, e sua acção no mal é tolhida.
- Sendo assim, não se respeita o livre-arbítrio do espírito?
- Não é questão de respeito à liberdade, mas de dever de impedir que o mal cresça e o espírito equivocado continue a prejudicar o indivíduo que constitui seu endereço vibratório.
A liberdade existe para o bem, o mal, geralmente, escraviza.
Em última análise, o próprio espírito em desequilíbrio é também beneficiado, pois que, a partir de então, é impedido de contrair mais débitos.
Outro fato que pude notar de diferente, chamando-me a atenção na dinâmica da reunião, era a conversa com o espírito.
Havia um tom diferente na condução do diálogo.
Não era uma simples doutrinação.
O companheiro Márcio não tentava doutrinar, convencer o espírito a se tomar espírita.
Havia uma nova proposta.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 4 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 25, 2014 9:53 pm

Ele era convidado a reflectir sobre suas atitudes, não havia a pretensão de modificar o pensamento da entidade comunicante.
O espírito era levado a avaliar sua conduta, enquanto era impedido de continuar a prejudicar as pessoas envolvidas.
- Acho que este tipo de conversa e diferente das demais, que ouvira anteriormente.
- Diria, meu filho - falou Pai João -, que o amigo Márcio se utiliza de técnicas conhecidas pelos irmãos encarnados como pnl: programação neuro-linguística.
- Então...
- Então podemos compreender, Ângelo, que nossos irmãos espíritas desta casa estão buscando se actualizar cada vez mais.
Não há mais espaço para as velhas e ultrapassadas doutrinações de conteúdo religioso, moralistas e cristalizadas no tempo.
As trevas se actualizaram, a linguagem dos seres humanos também, e é necessário que os trabalhadores do bem procurem, da mesma forma, actualizar a metodologia que empregam.
Kardec, o codificador do espiritismo, era profundamente arrojado e progressista em seus pensamentos e observações, foi um revolucionário.
Depois da conversa com a entidade, os médiuns trouxeram ao ambiente o espírito desdobrado do companheiro que estávamos auxiliando anteriormente.
Este encontrava-se em coma, devido à influência de potentes campos de força criados no laboratório.
Vi que os médiuns se posicionaram em círculo, projectados em nossa dimensão, e no centro colocaram o rapaz, cujo corpo físico permanecia no hospital.
Pai João e Vovó Catarina, manipulando os fluidos doados pelos médiuns, trabalharam intensamente.
Neste instante, o cientista desencarnado, abatido pelo que vira e ouvira, assistindo ao diálogo com o mago negro, notou que seus esforços eram inúteis.
Pai João aproximou-se de um dos médiuns, dando início ao processo de socorro ao rapaz hospitalizado.
Do outro lado, Márcio, que coordenava os trabalhos, conectou um dos médiuns com o cientista, abrindo sua frequência vibracional.
- Agora você destruirá o campo de força que criou - disse Márcio.
-Jamais farei isso!
Vocês não podem me obrigar.
Márcio, conectado mentalmente com os mentores, não se deixou abater.
Ministrou alguns comandos e, com a energia magnética dos médiuns desdobrados, destruiu o campo de força atrás do qual se escondia o cientista.
A entidade, abatida, não conseguia mais opor resistência.
Vencida pelo poder superior, o hábil cientista se deixou conduzir, liberando imediatamente nosso protegido da contenção magnética em seu corpo espiritual.
Como resultado imediato, o perispírito do rapaz foi atraído de volta ao corpo físico, que repousava no hospital.
Ele retomara do coma definitivamente.
Durante a reunião mediúnica, um a um, os casos que nós visitamos para observação foram sendo atendidos, e mais e mais eu ficava perplexo com a acção magnética dos médiuns.
Eles trabalhavam como parceiros dos mentores, e não como instrumentos passivos, indefinidamente à espera de percepções mais claras. com conhecimento a respeito de técnicas complexas de desobsessão, auxiliavam directamente.
Era diferente de outros casos que eu presenciara antes, em que os médiuns se colocavam passivamente, aguardando alguma manifestação mediúnica, que deveria ser canalizada e direccionada apenas pelos mentores.
No caso presente, os médiuns eram desdobrados, integrando assim as equipes espirituais e agindo pessoalmente nas regiões inferiores do astral.
Desse modo, contribuíam directamente, como parceiros de seus mentores.
Dialogavam com eles, discutiam métodos de acção, colocavam seus recursos ectoplásmicos conscientemente à sua disposição e, enfim, assumiam papel de agentes em pé de igualdade com os espíritos.
Era algo bonito de se ver.
Ao fim da reunião, Pai João nos chamou para conversar:
Temos de entender, meus filhos, que a técnica auxilia, mas não devemos nos esquecer do conteúdo de amor.
Podemos notar o êxito da actividade porque, nos casos observados, as entidades das sombras foram impedidas de continuar sua acção no mal.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 4 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 25, 2014 9:54 pm

Temos de modificar urgentemente nosso conceito de caridade.
Muita gente por aí pensa que é caridade tratar o obsessor ou entidade equivocada da mesma forma como se trata alguém já definido em relação ao bem.
Deixam que o espírito retorne quando bem entender e assim, ele permanece fazendo o que quer, em nome do livre-arbítrio.
Será isso caridade?
Ao perguntar ao Espírito Verdade por que o mal predomina na Terra, Allan Kardec obteve a resposta enfática:
”Porque os bons são tímidos”.
Por isso mesmo, é hora de vencer a timidez espiritual e sermos mais arrojados na execução do bem.
Tolher a acção do mal é algo imperioso, a fim de impedir que o desequilíbrio avance.
também devemos observar a acção do pensamento sobre os fluidos e o poder do magnetismo.
Sem a educação do pensamento, é impossível trabalhar nas correntes magnéticas em benefício da humanidade - e isso não se consegue apenas em breves instantes de uma reunião mediúnica.
O trabalhador do bem que se posiciona como médium deve entender que, quanto mais persistente for o pensamento gerado, tanto mais forte será sua acção no corpo físico e em outras dimensões.
A disciplina mental, meus filhos, é obtida no dia-a-dia, nas lutas vivificadoras do quotidiano.
Em meio aos entrechoques da vida social e familiar está o grande desafio; nessas ocasiões, é necessário esforço para se conquistar a disciplina de manter-se conectado às forças soberanas da vida.
As formas-pensamentos que o ser emite no estado de vigília, de maneira contínua, influenciam-no durante o sono e nos trabalhos mediúnicos.
Projectado na dimensão extra física, tanto durante o período de repouso do corpo quanto durante os trabalhos espirituais, as criações mentais gravitam em torno do espírito.
Dinamizadas pelo exercício do pensar, as imagens se fortalecem e, mesmo em estado de repouso do corpo, durante o sono ou em transe mediúnico, continuam a exercer sua acção.
Portanto, o médium deve ficar atento às fontes geradoras de seu pensamento.
Pai João era categórico e, ao falar das lutas quotidianas, fazia-me avaliar meus dias na velha Terra.
Continuou:
- No estado de liberdade provisória, fora do corpo, a mente passa a agir com maior intensidade sobre os elementos-ideias, tanto absorvendo inspirações quanto executando-as.
Ao encontrar-se temporariamente livre do peso material do corpo físico, em desdobramento astral, pode actuar com maior intensidade sobre os fluidos e o magnetismo da natureza.
Essa é a base dos trabalhos e comandos de apometria.
Nessa situação condicionada e estimulada através dos comandos mentais do operador e terapeuta do espírito, os médiuns podem agir mais livremente e com intensidade sobre outras mentes, desencarnadas ou não.
As mentes, libertas temporariamente do cativeiro da matéria, no caso dos médiuns desdobrados, consorciam-se mais livremente e, portanto, se retemperam, fortalecendo-se mutuamente segundo os projectos, pensamentos e ideias que alimentam e mantêm.
Por isso, trabalhar com todos os médiuns desdobrados e conectados entre si já é, por si só, uma forma eficaz de enfrentamento das entidades das sombras.
Elas não podem resistir a essa corrente mental, a esse fluxo contínuo de ideias pensamento entre mentores e médiuns, que trabalham em parceria activa, e não somente como instrumentos passivos.
Findando a exposição, o preto-velho asseverou:
- Ainda não terminamos nosso trabalho, meus filhos. Voltemos ao laboratório central dos cientistas das sombras.
Quando retomamos a volitação, sob a luz das estrelas, vi que algo diferente ocorria.
Os tupinambás e os guardiões estavam a postos sobre toda a Serra do Itatiaia.
O ambiente era iluminado pela presença das salamandras, elementais comandados, segundo Vovó Catarina, por entidades veneráveis, responsáveis pela coordenação dos fenómenos da natureza, cuja força mental sobre os elementos e algo difícil de descrever.
Adentramos aquilo que antes era o laboratório das sombras, pois então já havia muitos espíritos de nosso plano trabalhando no local.
O ambiente astral agora era diferente.
Um espírito de nossa comunidade estava coordenando o processo de reconstrução do lugar.
Para minha surpresa, encontramos o companheiro Silva, que conhecera no início de nossa jornada, ainda em nossa comunidade espiritual.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 4 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 25, 2014 9:54 pm

- Salve, meus amigos - cumprimentou o amigo Silva.
- Como vão os trabalhos, meu amigo? - perguntou Catarina.
- Aqui, nesta base, as coisas pegaram fogo, literalmente - respondeu Silva sorrindo, numa leve brincadeira.
- Então, conte-nos tudo, meu velho - tornou Vovó Catarina.
- Bem, quando os médiuns vieram nos encontrar aqui, uma vez que eu já havia recebido o comunicado mental de vocês, verificamos que havia condições de sanear o ambiente, com o ectoplasma e o magnetismo dos médiuns e a acção das salamandras, literalmente foram derretidos os aparelhos utilizados pelas entidades sombrias.
Quando, na reunião mediúnica realizada na casa espírita, destruiu-se o campo de energia em torno do espírito cientista, os clones que eles estavam preparando aqui, no laboratório, explodiram um a um.
Parece, Catarina, que as duplicatas astrais das pessoas envolvidas no caso estavam conectadas com a mente do cientista.
Desfeito o campo de força, tudo ruiu, e toda a estrutura ficou desprotegida.
Nossos camaradas, os guardiões e os médiuns, auxiliaram-nos tão intensamente que restou pouca coisa para nós.
- E agora, o que vamos fazer com este local? - perguntou Wallace.
- Vamos aproveitar a construção fluídica, meu filho, e transformá-la em posto de socorro espiritual.
Daqui partirão caravanas de auxílio, que trabalharão em conjunto com outras já em acção, em benefício da humanidade.
Pai João, Vovó Catarina e Silva foram inspeccionar o novo posto de socorro.
Wallace e eu saímos para a exuberância da Serra do Itatiaia e pudemos contemplar milhares de espíritos, guardiões, caboclos e pais-velhos, assim como as famílias elementais de silfos, gnomos, salamandras e ondinas.
Mais ao longe, vindo de nossa comunidade, avistamos uma equipe de médicos do espaço, especialistas na técnica sideral, e outras falanges que chegavam para transformar o ambiente em uma base avançada do nosso plano.
Observando como tudo se passava, Wallace comentou:
- São os filhos de Aruanda, a pátria espiritual no Mundo Maior.
Veja, Ângelo, como todos trabalham unidos no propósito, embora a diversidade de espíritos, culturas e métodos.
Quem sabe um dia nossos irmãos encarnados aprenderão a superar o preconceito religioso e doutrinário e reconhecerão que somente a união no amor poderá transformar a Terra.
- Como diz nosso Pai João - falei - união sem fusão, distinção sem separação.
- Isso mesmo, meu amigo.
Abraçados, juntamo-nos às equipes de caboclos tupinambás, com o objectivo de auxiliá-los no preparo do ambiente extra físico.
Trabalhávamos em conjunto, sem separatismo nem fronteiras, unidos na proposta do bem, do belo e do amor.
Neste momento, não existiam espíritos espíritas, umbandistas ou espiritualistas.
Todos éramos, simplesmente, filhos de Deus.
Quando estávamos envolvidos nas actividades espirituais às quais nos dedicávamos, o espírito conhecido como Caboclo Tupinambá nos chamou a atenção, apontando para o alto.
Uma luz intensa se projectava sobre toda a serra na qual nos encontrávamos.
- Aruanda, Aruanda - falou um guardião.
Logo depois, outra luz partia em direcção ao Alto.
Eram os pretos-velhos, que retornavam com sua vestimenta fluídica original, desafiadora do orgulho e do preconceito.
Retornavam para Aruanda, a pátria espiritual dos caboclos e pais-velhos.
Ouvimos, então, o clamor choroso de um espírito de índio, um caboclo brasileiro, que tocava um instrumento parecido com tambor ou, como diriam os amigos encarnados, um instrumento de percussão, enquanto cantava solitário e era observado por toda a falange de imortais:
Vovô já vai, já vai para Aruanda.
A bênção, meti pai, protecção para nossa banda...
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 4 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 25, 2014 9:54 pm

EPÍLOGO

Porque falar de pretos-velhos e caboclos desperta reacções tão adversas?
Porque a simples menção dessas figuras, que povoam o folclore, a literatura e a cultura popular do Brasil, faz muitos dirigentes espíritas vetarem livros e repreenderem médiuns?
Porque o preconceito racial ; se estende para além-túmulo?


Por Leonardo Mõller EDITOR

Os textos a seguir foram originalmente publicados no jornal Spiritus, periódico editado pela Casa dos Espíritos Editora, por ocasião do lançamento do livro aruanda.
(Spiritus n” 62, de junho/julho de 2004).
Os artigos discutem as questões e os preconceitos que a temática do livro costuma trazer à tona, e são reproduzidos com o objectivo de acrescentar elementos à reflexão
proposta pela obra do espírito Ângelo Inácio.
Certo dia reparei em um companheiro de actividades, cheio de dedos ao falar abertamente do trabalho que realizam a Casa dos Espíritos Editora e a instituição parceira que lhe deu origem, a Sociedade Espírita Everilda Batista.
A vergonha ou o receio que ele tinha devia-se especificamente à bandeira hasteada por ambas as casas, na qual declaram positivamente:
”Trabalhamos com pretos-velhos e caboclos”.
- Mas o que o movimento espírita vai pensar? - perguntava-se.
Uma casa espírita aparecer com um livro como Aruanda?
Que casa espírita lança uma obra associada a pretos-velhos e caboclos?
- Entendo suas apreensões - respondi.
Acontece que a nossa sina começou há muito tempo, desde a publicação de Tambores de Angola.
Quando lançamos o livro, você se lembra, muitos disseram que havíamos nos tornado umbandistas, agora não há como voltar atrás.
- Então! Imagine uma continuação...
- Mas alguém precisa falar contra o preconceito.
Só porque o autor espiritual aborda o tabu umbanda e espiritismo quer dizer que deixamos de ser espíritas?
Só porque lançamos um livro que fala de pretos-velhos e caboclos, que tanto têm feito por nós, espíritas, tomamo-nos ”anti-doutrinários”?
Faça-me o favor!
Não perdemos a definição espírita de nossas actividades, porque espírita e o método de trabalho.
Kardec é bom-senso, e o codificador debatia qualquer assunto, sem medo nem ideias preconcebidas.
Quanto aos espíritos, para eles não há barreiras religiosas: onde está o códice que informa a aparência correcta de um ”espírito espírita”?
Kardec fala que é o conteúdo da comunicação que importa, e não a aparência do espírito, que pode ser forjada com facilidade.
As preocupações do companheiro de trabalho, no entanto, não eram infundadas. com efeito, tudo que se relaciona à cultura religiosa do negro costuma ser assunto controverso, especialmente no meio espírita.
Não obstante tanta relutância tenha fortes raízes históricas, é hora de começar a arrancá-las.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 25, 2014 9:54 pm

A culturação

O espiritismo de Allan Kardec floresceu no final do séc. XIX, entre as camadas mais abastadas da população brasileira, em meio às elites intelectuais e económicas.
O que era de esperar, tendo em vista que e uma doutrina filosófica de implicações morais e científicas, escrita em idioma estrangeiro, oriunda da França, país que à época detinha a hegemonia cultural e ditava as regras do que era chie.
O processo de aculturação do espiritismo, ao aportar num país de características tão diversas quanto o Brasil, também era previsível, senão necessário.
Além da tradução para o português, era crucial assimilar os aspectos que compunham a história e a cultura brasileiras, caso houvesse a intenção de disseminar a nova doutrina.
E havia, pelo menos da parte dos espíritos que coordenam os destinos da nação.
Espírito também tem cor?
Uma das questões que em breve viriam à tona diz respeito à feição ou à roupagem fluídica dos espíritos presentes nas reuniões mediúnicas.
Para onde iriam os espíritos de negros e indígenas que desencarnavam na psicosfera brasileira?
Além dos médicos, filósofos, advogados e demais intelectuais, também morriam os pobres do povo e os pretos, recém-alforriados pela Lei Áurea de 1888.

Que critérios estabelecer?

Nas páginas de Kardec, nada sobre pretos-velhos ou caboclos, pois que não havia nem emigração das colónias africanas para a França.
No máximo, o depoimento de um soldado, morto nos campos de batalha das guerras nacionalistas do continente europeu.
Como proceder, então, com essa gente desencarnada?
Assim como a prática de capoeira outrora foi considerada crime, prevista no Código Penal, falar em preto, ainda mais velho, e assunto proibido em muitos locais.
Ouvem-se espíritas a debater teorias:
”Se der ’estrimilique’, se errar na conjugação verbal e fizer menção a arruda e guiné, que são as ervas da medicina de que dispunha a população, ”é espírito atrasado”.
A lógica absurda tem justificativa.
Afinal, como receber orientação daqueles mesmos que mandávamos amarrar no pelourinho e durante tanto tempo foram comercializados na praça pública como gado?
As imagens do passado espiritual estão fortemente impressas em nossas mentes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 25, 2014 9:54 pm

Espiritismo cana-de-açúcar

Às vezes chego a me sentir como se estivéssemos fazendo espiritismo num engenho do Brasil colonial.
E que, resquício da época da escravidão, subsiste um certo pavor de se misturar com qualquer coisa que venha dos negros.
É o advento da senzala na realidade espiritual.
Negros não prestam para assumirmos como mentores e reconhecermos como espíritos elevados.
Para divulgarmos sem barreiras:
”Eles nos têm muito a ensinar com sua simplicidade e sabedoria popular”, também não.
No máximo, para fazer um ”descarrego” no ambiente - ops!, limpeza energética - ou para lidar com os ”obsessores” rebeldes ao diálogo tradicional.
Tudo na mais perfeita discrição.
O quanto for possível, sem alarde, para não darmos o braço a torcer, admitindo que, nessa hora, não são os médicos nem os padres e as irmãs de caridade que actuam.
Não são eles que se dirigem às profundezas do umbral ou do astral inferior para abordar qgs das trevas.
Ah! E se aparecer um Zé Grosso ou um Palminha, espíritos hoje nacionalmente conhecidos e reverenciados no meio espírita, esqueçamos que eles foram cangaceiros do bando de Lampião, o que quer dizer:
nordestinos, provavelmente analfabetos, acostumados ao lombo do jegue e ao chapéu de couro - e certamente à pele escura e queimada de sol.
Mesmo que trabalhem com Joseph Gleber, Fritz Hermman ou sheilla, fechemos os olhos para o facto de que seus nomes destoam da característica europeia dos demais e continuemos a nos enganar.
Mas se negros e mulatos não prestam para aparecer e ser reconhecidos, não aguentamos viver sem eles - nem ontem, nem hoje.
Na época colonial, o negro não sabia de nada, mas a cana-de-açúcar que produzia a riqueza era plantada, colhida e beneficiada por suas mãos.
Não eram tidas como gente, mas foram as mulheres pretas que criaram os filhos, amamentaram os bebés, cuidaram da casa, do jardim e das roupas, prepararam a comida que serviam aos convidados.
Na actualidade, mesmo sem gozar do reconhecimento amplo - que não é seu objectivo - as mães e os pais-velhos dão importante contribuição nos centros espíritas ”kardecistas” de todo o Brasil.
Aceites ou não, já se acostumaram com a discriminação, não é isso que importa.
Percebidos ou não pelos médiuns da casa-grande, são os caboclos que manipulam o bioplasma das ervas, são os pretos-velhos que preparam o ectoplasma utilizado em reuniões de cura e tratamento espiritual.
São eles que, por vezes, detêm a sabedoria simples que tocará aquele espírito furioso, revoltado com a fome, o abandono e a chibata que experimentou e que muitos de nossos médiuns, doutrinadores e mentores desconhecem.
São eles que farão frente aos chefes das trevas, impondo-lhes o respeito, o limite e a autoridade moral, o que uma alma mais doce ou delicada não poderia fazer.
Acaso estou enganado e situações como essas só ocorrem em terreiros de umbanda?
É ou não é o perfeito engenho, a estrutura social da colónia que se reproduz de modo atávico e ancestral, projectando-se até na questão espiritual?

De Paris para o Perlo

O primeiro centro espírita com base nos livros de Kardec de que se tem notícia no país foi fundado em Salvador, na Bahia de Todos os Santos, ainda no séc. XIX. Capital do Brasil colonial até 1763, a cidade ostenta até hoje o belo Elevador Lacerda, que conduz à Cidade Baixa e ao MERCADO em que se vendiam negros.
Está aí um retrato fiel do ambiente espiritual brasileiro:
Allan Kardec posto justo ao lado do Pelourinho.
Talvez mera coincidência, talvez uma forma de a vida nos lembrar do compromisso que temos com os povos negro e indígena - explorados e massacrados pela civilização dos colonizadores - e que deve ser resgatado desde já, também no trato com o além-túmulo.
Que cesse o preconceito e que vivam as curimbas e as mandingas de preto-velho, a garra e as ervas dos caboclos.
Que viva a atmosfera espiritual do Brasil, onde cada um mantém seu método de trabalho, mas sabe respeitar e auxiliar onde quer que seja preciso, com espírito de equipa e de solidariedade.
Que vivam os médicos alemães, as freiras e os padres católicos, os árabes e indianos de turbante, os soldados de Roma e todas as falanges e nações que, na pátria espiritual, se reúnem em torno da insígnia de Allan Kardec - e, sobretudo, sob a bandeira do Cristo, de amor e fraternidade.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 4 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 25, 2014 9:55 pm

COISA DE PRETO

Espiritismo, umbanda e candomblé:
conheça a origem histórica das manifestações religiosas que envolvem transe medianímico e aos olhos do leigo, se confundem.
Todo cidadão espírita já passou pelo constrangimento de ser confundido com umbandista ou candomblé cista.
Digo constrangimento porque, para muitos, é um verdadeiro pavor ter o seu centro ”de mesa branca” miscigenado com terreiros do ”baixo espiritismo”.
Que nomenclatura terrível!
Ocorre que reacções de medo ou preconceito, com consequente discriminação, vêm do desconhecimento.
Quando cessa a ignorância, dissolve-se a fantasia, e o demónio perde o rabo e o chifre.
Assembleia espiritual Candomblé é a prática religiosa que mais se aproxima daquela que os povos africanos trouxeram para o Brasil a bordo dos navios negreiros.
No contacto com a cultura indígena encontrada aqui, nasce o chamado candomblé de caboclo, culto às forças superiores da vida através dos orixás.
Como religião não cristã, é bombardeada pela pregação intolerante do jesuíta, e, de século em século, muitos candomblés acabam se deteriorando em magia negra - vingança contra padres, feitores e senhores de escravo.
Preocupados com o andar da carruagem, os espíritos responsáveis pela administração dos destinos do Brasil decidem intervir.
É hora de mudar o toque dos atabaques.
Contudo, o espiritismo de Allan Kardec, recém-chegado da França na segunda metade do séc. XVIII, era muito intelectualizado para falar aos barracões do candomblé.
Atendia, à época, apenas aos anseios da camada mais culta da população brasileira, acostumada com a linguagem europeia e os diálogos da filosofia clássica.
Então, alguém propõe, na assembleia de espíritos elevados:
”Que tal uma religião nova, que reúna ambos os conhecimentos, levando espiritualidade ao culto popular?”.
Nasce então a aumbandhã, ou umbanda - a união das duas bandas.
Tipicamente brasileira, a nova religião surge em Niterói, no antigo estado da Guanabara, em 1908.
E apresentada directamente da boca de uma entidade espiritual diferente para a época: o caboclo.
O padre jesuíta Gabriel Malagrina, espírito comprometido com o panorama religioso do Brasil, assume o aspecto de um índio e declara, dentro de uma casa espírita:
”Se é preciso que eu tenha um nome, digam que sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, pois para mim não existem caminhos fechados.
Venho trazer a aumbandhã, uma religião que harmonizará as famílias, unirá os corações, falará aos simples e que há de perdurar ate o final dos séculos.”
É assim que, na actualidade, sobrevive nos terreiros essa fusão, que era objectivo do Alto.
Adoptando o sincretismo entre os orixás e os santos católicos, que há muito se desenvolvia, e o transe mediúnico assumido, que não existia nos barracões de candomblé, a umbanda foi penetrando lentamente nos redutos de magia negra.
Levou ate lá os conceitos de amor, caridade e justiça através da voz do preto-velho, que também se apresentou na longínqua ocasião de 1908.
Na personalidade de Pai Joaquim de Aruanda, o espírito de um médico francês assumiu pela primeira vez a postura do ancião negro para poder falar na linguagem do povo.
Enquanto isso, o espiritismo saía do obscurantismo, graças à contribuição de homens valorosos, como Bezerra de Menezes, Eurípedes Barsanulfo e Chico Xavier.
Tanto assim que hoje ainda se observa a tendência de as tendas de umbanda levarem em seu nome o termo espírita, denotando a aceitação social maior que gozavam os adeptos de Allan Kardec.
Se, de todo, a pressão política ou religiosa fosse muito forte, também havia um santo qualquer no nome da casa.
E que, em um país católico, com sectores conservadores na sociedade, Tenda Espírita de Umbanda Nossa Senhora do Rosário soaria melhor que se o nome fosse apenas Pai Oxalá ou Caboclo Rompe-Mato.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 25, 2014 9:55 pm

das epígrafes de Allan Kardec
- Kardec, Allan. O céu e o inferno ou a justiça divina segundo o espiritismo. Tradução de João Teixeira de Paula. São Paulo: lake, 1997.
- O Evangelho segundo o espiritismo. Tradução de José Herculano Pires. Capivari, sp: eme, 1997.
- A génese, os milagres e as predições segundo o espiritismo. Tradução de Victor Tollendal Pacheco. São Paulo: lake, 1997.
- O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. Rio de Janeiro: feb, 2001. Ia edição especial (revisada e repaginada).
- O livro dos médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores. Tradução de José Herculano Pires. Capivari, sp: EME, 1997.
- A obsessão. Tradução de Wallace Leal Rodrigues. Matão, sp: O Clarim, 1986.
- O que é o espiritismo. Tradução de Albertina Augusta Escudeiro Seco. Rio de Janeiro: celd, 1997.
- Revista espírita de859: jornal de estudos psicológicos (ano o). Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: feb, 2004.
- Revista espírita de i860: jornal de estudos psicológicos (ano in). Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: feb, 2004.
- Viagem espírita em 1862. Tradução de Wallace Leal Rodrigues. Matão, sp: O Clarim, s.d.

§.§.§- Ave sem Ninho
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