LUZ ESPÍRITA
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jul 19, 2014 9:16 pm

A própria lama astralina, absorvente, é a forma de auxílio de que necessitam por ora.
- Mas não é muito doloroso o processo?
- Certamente, meu amigo - respondeu Silva.
No entanto, para cada enfermidade é preciso medicamento apropriado.
Para alguns casos, um simples elixir resolve a situação, para outros, deve-se utilizar o remédio amargo, a seringa ou a cirurgia.
Entendi o recado do pai-velho, que conhecera na roupagem do companheiro Silva.
Na verdade nada poderíamos fazer por aqueles espíritos infelizes, além de orar.
Os pedidos de ajuda foram substituídos por palavrões e manifestações de ódio e ira, tão logo retomamos nosso percurso.
A paisagem astralina suavizava-se aos poucos, à medida que nos aproximávamos do posto de socorro, embora não perdesse por completo a condição de aridez e abandono.
Nuvens sombrias ainda eram vistas, cujas emanações pareciam envolver o ambiente numa eterna penumbra.
De quando em vez, raios e relâmpagos eram descarregados na atmosfera do ambiente umbralino.
Tempestades de fluidos, que me pareciam tóxicos, desciam da atmosfera astral.
Observei tudo aquilo, sem, contudo, encontrar uma explicação para o que ocorria ao meu redor.
Foi Catarina, a Vovó Catarina, quem me concedeu explicações:
- Não se assuste com a tempestade e as descargas energéticas, Ângelo.
São necessárias para que o ambiente não se torne de todo insalubre.
Como essa é uma , região que encontra-se profundamente ligada ao mundo dos homens, como tal, é mais afectada pelos pensamentos desgovernados e pelas emoções descontroladas dos companheiros encarnados em geral. Imagine que, diariamente, mais de 6 biliões de encarnados despejam na atmosfera psíquica o produto de seus desequilíbrios, suas emoções e criações mentais inferiores.
Tudo isso plasma, no plano astral, uma espécie de manto nebuloso, que compõe essa paisagem desoladora.
É uma espécie de egrégora negativa, uma aura densa que requer medidas especiais de saneamento.
E, após ligeira pausa para que eu pudesse assimilar melhor as informações, concluiu:
- Eis a razão para a descarga magnética de grande intensidade que você presencia.
Não fossem tais medidas de saneamento, a aura psíquica do planeta, a própria vida na Terra seria impossível.
Os encarnados não conseguiriam absorver o próprio ar, pois a atmosfera estaria tão infestada com formas mentais inferiores, larvas e vibriões psíquicos que logo o organismo físico entraria em colapso.
O que você pensa?
É preciso trabalho constante para que a Terra não morra, devido à imprevidência de seus próprios moradores.
Calei-me ante a explicação de Catarina.
Pensei em mim mesmo, quando encarnado, em como me conduzia no dia-a-dia.
Envergonhei-me de meus próprios pensamentos e senti a necessidade imperiosa de modificar minha conduta e a forma de ver o mundo.
Era urgente a renovação de pensamentos, a elevação moral e a assimilação de recursos superiores.
Continuamos nossa jornada naquela paisagem bucólica do mundo oculto.
O que eu presenciava agora, mais de perto, era de uma terrível beleza.
As tempestades e os raios magnéticos provocavam efeitos luminosos indescritíveis.
Enquanto isso, gemidos e outros sons estranhos, vindos de toda parte, despertavam em meu espírito um sentimento de profundo respeito à vida.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jul 19, 2014 9:16 pm

CAPÍTULO 6 - OÁSIS DA PAZ

Então!
Já sentes o desejo de melhorar?
, -Ainda não.
Espera, que ele virá.
Eu o espero.
Dissestes à minha mulher que ela te torturava, enquanto te invocava.
Crês que procuremos torturar-te?
-Não; bem vejo que não.
Mas não é menos verdade que sofro mais que nunca e vós sois a causa disto.
Interrogado quanto à causa de tal sofrimento, um Espírito superior respondeu:
’Vê do combate a que ele se entrega; mau grado seu, sente algo que o arrasta para um caminho melhor, mas resiste.
É essa luta que o faz sofrer.’
Indagamos
- Quem vencerá nele, o bem ou o mal?
Resposta:
’O bem; mas a luta será longa e difícil.
É preciso ter muita perseverança e dedicação’.

Revista Espírita de 1860, ano III, de Allan Kardec.
A educação de um espírito, itens 13 e 14.

Aproximamo-nos de uma soberba construção.
Erguia-se diante de nós extensas muralhas, que se assemelhavam às construções de antigos castelos medievais.
Dentro daquelas paredes imponentes, avistavam-se torres muito altas e prédios inteiros que desafiavam o ambiente sombrio, abrindo luz ao redor - era como se eles próprios fossem estruturados em luz astral.
De facto, o material com que eram construídos parecia uma espécie de luz coagulada ou congelada, se assim posso me expressar.
Toda a construção fluídica dava a impressão de irradiar uma suave luminosidade em seu derredor.
Próximo às muralhas já podíamos avistar alguma vegetação rasteira, semelhante a pequenas heras e trepadeiras, que formavam caramanchões coloridos ao redor da fortaleza.
Ensaiei alguma surpresa ao ver a soberba edificação do lado de cá da vida.
O preto-velho acudiu-me, esclarecendo logo:
- Aqui, nesta região de vibrações mais densas, temos refúgios de paz.
Funcionam como verdadeiros hospitais escola.
Ao mesmo tempo em que são utilizados para refúgio e auxílio a almas doentes, necessitadas de socorro imediato, existem postos de socorro que actuam igualmente como campo abençoado de trabalho para aqueles espíritos que já despertaram para a espiritualidade.
A aparência da construção fluídica impressionava-me.
Perguntei-me por que tanta imponência na construção espiritual, se a finalidade era abrigar e socorrer almas em sofrimento.
Dessa vez foi Wallace que, tocando-me de leve, asseverou:
- Cada caso é um caso, Ângelo.
Você não ignora que se encontram aqui irmãos nossos distanciados do bem imortal.
Estas regiões do mundo espiritual são habitadas por companheiros nossos que estão em intenso desequilíbrio.
Precisamos impor respeito a essas almas dementadas e, frequentemente, maldosas.
Para isso, a aparência de fortaleza espiritual cumpre seu objectivo, além de proporcionar uma imagem de segurança para os que se sentem amedrontados.
Mas não é só isso.
Vez ou outra este abençoado oásis de socorro e paz é atacado por espíritos vândalos, que tentam a todo custo impedir que a tarefa seja levada a efeito.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jul 19, 2014 9:16 pm

As muralhas que você observa, semelhantes às edificações terrestres da era medieval, actuam como escudo energético:
além de proteger e resguardar o posto de socorro, isolam o ambiente interior das irradiações mentais negativas dos companheiros mais desajustados, na região externa.
A medida que Wallace me esclarecia sobre determinadas particularidades daquele local, aproximávamo-nos da entrada do posto de socorro.
Grandes portões se abriram, e pudemos observar com antecedência a intensa movimentação em seu interior.
Catarina e o preto-velho amigo tomavam a frente, sempre escudados pelos guardiões, que nos envolviam por todos os lados.
Wallace e eu vínhamos logo atrás.
Por dentro das muralhas pude observar com mais detalhes os grandes edifícios que se erguiam, cheios de vida e com intensa actividade.
Fomos recebidos com grande alegria por prestimoso espírito que ali servia.
- Salve, meus amigos.
Sejam bem-vindos ao Oásis da Paz.
- Ora, ora! Vejam se não é o irmão Clemêncio - saudou nosso preto-velho.
- Que bom revê-los, meus amigos - comentou o espírito que nos recebia.
Porfíria está à espera de vocês.
A recepção calorosa deixou-me mais descontraído.
Enquanto éramos conduzidos a uma das construções, tomava nota do que via por toda a parte, registando minhas impressões.
Adentramos algo semelhante a um pavilhão, onde pude ver mais de mil leitos, como uma enfermaria.
Diversos espíritos, que aparentavam graves enfermidades, estavam estendidos sobre as camas e eram assistidos por outros companheiros, que lhes ministravam medicamentos.
Aproximamo-nos do espírito de uma senhora, que se manifestava à minha visão espiritual como se fosse uma escrava da época do Brasil colonial.
A simplicidade com que se manifestava era tal que imediatamente pude notar que ela se destacava naquela comunidade de espíritos.
Era Porfíria, a companheira que Clemêncio mencionara:
- Bem-vindos, meus irmãos.
Fico feliz em revê-los - disse ela, referindo-se aos dois integrantes mais experientes de nossa caravana.
- Felizes ficamos nós, Porfíria - falou Catarina, alegremente.
Sinto interrompê-la em seu trabalho, mas não desejamos atrapalhar.
- Não se constranja, Catarina - redarguiu o espírito, de maneira bondosa.
Vejo que desta vez trouxeram outros companheiros com vocês.
- Sim - anuiu Vovó Catarina.
Estes são Ângelo e Wallace.
Estão connosco para observações e Ângelo é aquele companheiro do qual lhe falei anteriormente.
Ele foi jornalista, traz em si os conhecimentos a respeito da função que exercia.
Creio que ele poderá nos auxiliar bastante.
- Claro, claro. Seja bem-vindo, Ângelo, assim como você, Wallace.
Espero que possamos todos tirar o máximo proveito da tarefa. .
: Viramo-nos na direcção do experiente preto-velho, à espera de orientações.
Nesse instante, Porfíria admirou-se muito, pois reconheceu a identidade do preto-velho que nos acompanhava; porém, antes que pudéssemos dizer palavra, foi chamada pelo sistema de comunicação local a atender um espírito que exigia socorro imediato.
Enquanto isso, eu observava o que ocorria ao redor.
Espíritos dementados, desequilibrados e que apresentavam visível sofrimento estavam deitados por todo lado.
O ambiente parecia-se muito com um hospital da Terra.
Era como uma enfermaria de proporções gigantescas.
Foi o pai-velho amigo quem adiantou-se:
- Aqui se encontram alojados muitos espíritos que se especializaram na magia negra.
Resgatados das regiões infelizes, foram para cá transferidos a fim de receber tratamento emergencial.
Estagiaram por tanto tempo nas vibrações grosseiras e perniciosas que suas mentes afectaram-se seriamente, comprometendo seu presente estágio evolutivo.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 2 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jul 19, 2014 9:17 pm

- Você falou magia negra? - perguntei ao preto-velho.
- Exacto, Ângelo.
Ou você ignora que todos utilizamos dos recursos da natureza, colocados à nossa disposição pela divina sabedoria, de acordo com a ética que nos é peculiar?
À manipulação desses recursos mentais, fluídicos, verbais ou energéticos é que denominamos magia.
E, quando alguém se utiliza de maneira desequilibrada ou maldosa do depositário de forças sublimes, dizemos então que se concretiza a magia negra.
São companheiros que se especializaram no mal, pelo mal.
- Eu pensei que, ao utilizar a expressão magia negra, você se referia a outra coisa mais perigosa.
- E o que há de mais perigoso que transformar o sagrado objectivo da vida, tentando prejudicar o próximo?
Desta vez foi Vovó Catarina, a companheira Euzália, quem indagou.
Ela prosseguiu:
- Temos magos de toda espécie.
Antigamente, como ainda hoje, em diversos lugares da Terra, alguns irmãos nossos se consorciavam com entidades perversas e se utilizavam de objectos, verdadeiros condensadores de energia, de baixa vibração, com o intuito de prejudicar as pessoas.
Mais tarde, surgiram os magos negros, utilizando outros tipos de condensadores magnéticos, também vibrando a prejuízo do próximo.
Aqui e acolá, surgem, de época em época, aqueles irmãos nossos que se colocam em sintonia com as trevas e, desse modo, tornam-se instrumentos de inteligências vulgares para irradiar o mal em torno de si.
São os chamados magos negros, encarnados e desencarnados, grandes médiuns das sombras. com relação aos irmãos que você vê aqui, é que já esgotaram o fluido mórbido que traziam no perispírito, ainda que não totalmente, mas o suficiente para serem atendidos neste posto de socorro.
Nem todos, infelizmente, se encontram em condições de serem auxiliados tanto quanto necessitam.
Fiquei boquiaberto com o que Vovó Catarina me explicava.
Não imaginava existirem tais coisas do lado de cá da vida.
Vida que, aliás, surpreende incessantemente.
Porfíria, retornando da emergência atendida, convidou-nos a observar alguns casos mais de perto.
Aproximei-me de um espírito que se contorcia todo, em cima da cama, sem oferecer maiores recursos para ser auxiliado.
De sua boca escorria um líquido ou gosma esverdeada, e ele demonstrava ser vítima de intenso pesadelo.
- Observe mais intensamente nosso irmão - falou Porfíria.
Intensifiquei minha concentração sobre o companheiro infeliz e, aos poucos, pude penetrar em seu campo mental.
A entidade estava demente.
Parecia enlouquecida.
Desfilavam em sua memória espiritual cenas aterradoras, como se acometido de profunda tortura mental, provocada por um sentimento de culpa sem limites.
Vi uma cabana, onde se reuniam diversos indivíduos em trajes estranhos para mim, bastante coloridos.
O batuque dos tambores parecia encher o ar, junto com cânticos típicos e intenso cheiro de ervas.
Liguei-me ainda mais à tela mental do infeliz companheiro.
Observei que, na cena gravada em sua intimidade, destacava-se um homem de aspecto estranho, entre soturno e macabro, vestido com roupas de maior destaque que as outras, com referências claramente ritualísticas.
Cobria-se de panos nas cores azul e verde, e na cabeça trazia um adereço que não posso descrever, devido à falta de elementos para comparação.
No ritual um tanto assustador que eu presenciava, vi que o homem sacrificava um inocente animal, que não pude distinguir direito.
Ao som das músicas e ao toque dos tambores, todos dançavam ao seu redor.
O homem parecia hipnotizado naquela situação.
Senti que alguém tocou-me de leve e, então, desliguei-me daquela cena mental, sem compreender inteiramente o que se passava.
Catarina, então, explicou-me:
- Este companheiro está preso ao passado culposo e não consegue liberar-se do remorso pelos males que causou.
Nosso irmão era pai-de-santo em um terreiro que se localizava no interior de Pernambuco.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 2 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jul 19, 2014 9:17 pm

Foi-lhe permitida a condução de uma comunidade, que ele deveria levar ao esclarecimento espiritual.
Médium de extensas possibilidades e faculdades notáveis, desviou-se desde cedo do propósito traçado pelo Alto e ligou-se propositadamente a entidades sombrias.
Estabelecendo-se definitivamente o processo de intercâmbio doentio, espíritos vampírizadores uniram-se à aura do infeliz, e ele, para satisfazer a sede de sangue das entidades do mal, entregou-se à magia de intensa manifestação de primitivismo.
Sacrificava animais, bebia o sangue de suas vítimas inocentes.
Dominou a comunidade que deveria orientar, baseado no terror.
Ao desencarnar, vítima do câncer no fígado e da cegueira, nosso irmão caiu nas mãos perversas de seus antigos comparsas.
Os espíritos vândalos exigiram a satisfação de seus apetites desmedidos.
Demandavam o sacrifício de novos animais.
Entretanto, o companheiro não mais podia satisfazer-lhes a sede de fluidos grosseiros.
Não obstante seus apelos, foi escravizado pelos tais espíritos durante cerca de 30 anos, até que se lhe esgotaram por completo as forças da alma.
Feito um trapo humano, vagou pelos recantos obscuros do vale sombrio, até que, em determinado momento, encontrou calor humano na aura de uma jovem imprevidente, que intentava evocar as forças do mal para satisfazer seus caprichos e conquistar um coração masculino.
A pobre moça perdeu-se em meio às vibrações densas de nosso irmão, que, agora, transformado em vampiro, sugava-lhe a energia física. Graças a Deus nossa menina
era tutelada de um espírito mais esclarecido, que logo a induziu a procurar um centro espírita respeitável da capital fluminense.
Desde então, o infeliz companheiro foi transferido para cá, não antes de ter prejudicado seriamente o sistema nervoso da moça, que no presente momento se encontra em tratamento espiritual.
- Mas ele não pode ser desligado de seu passado através de passes magnéticos? - perguntei.
- Não, ainda - respondeu-me Wallace.
Nosso irmão ainda não se esgotou por completo.
Permanece prisioneiro de suas recordações e, ainda hoje, recebe as investidas mentais de companheiros que participavam de sua comunidade religiosa.
Fez várias vítimas, com o agravante de haver formado outros companheiros, que infelizmente lhe seguiram o exemplo.
Necessita de tempo e muita oração para libertar-se do pesadelo em que se encontra.
Contudo, logo seguiremos o caso do nosso amigo em uma reunião espírita apropriada, e você poderá ver por si só, Ângelo, como os recursos avançados da terapêutica espiritual auxiliam em casos assim.
Fiquei profundamente abalado com a história que presenciara.
Recolhi-me em prece para buscar a compreensão e a serenidade necessárias ao estudo daquele caso.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 20, 2014 10:18 pm

CAPÍTULO 7 - MÉDIUM EM DESEQUILÍBRIO

- (...) sabendo que os Espíritos exercem acção sobre a matéria e que são os agentes da vontade de Deus, perguntamos:
se alguns dentre eles não exercerão certa influência sobre os elementos para os agitar, acalmar ou dirigir?
-Mas, evidentemente.
Nem poderia ser de outro modo.
Deus não exerce acção directa sobre a matéria.
Ele encontra agentes dedicados em todos os graus da escala dos mundos.
-Formam categoria especial no mundo espírita os Espíritos que presidem os fenómenos da Natureza?
Serão seres à parte, ou Espíritos que foram encarnados como nós?
-Que foram ou que o serão.

O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.
Acção dos espíritos nos fenómenos da natureza, itens 536b e 538.

Wallace e eu nos separamos do grupo a fim de observar o caso de um espírito que, aos nossos olhos, parecia
sofrer de alguma doença mental.
Manifestava intenso desequilíbrio e debatia-se, vítima de espasmos frequentes.
Era um espírito feminino, que se movimentava sobre o leito de maneira muito estranha: dava pontapés constantes, em algo que não podíamos ver.
Parecia um ataque de epilepsia.
O que se passava naquela mente atormentada?
Wallace foi quem primeiro se aproximou da mulher, então mais calma, ao que tudo indicava, dada à influência da aura do companheiro espiritual.
Aproximei-me também e tentei aguçar meus sentidos, a fim de captar o que sucedia no interior da pobre mulher.
Aos poucos formaram-se em torno do infeliz espírito cenas interessantes e, ao mesmo tempo, horripilantes.
Era como se eu mergulhasse na aura daquele espírito e, uma vez imerso em suas vibrações, pudesse vivenciar suas experiências, que, de tão dramáticas, produziam nele os acessos que verificávamos.
Em torno da aura psíquica daquela mulher formavam-se naquele instante algumas manchas negras e verde-azuladas.
Pouco a pouco, as manchas se transformavam em cenas vivas de seu passado espiritual - tudo se passava diante de nossa visão nos seus mínimos detalhes.
Aquele espírito fora médium e vivera na Terra de maneira indigna, se consideradas as responsabilidades assumidas no plano espiritual.
Em estranho ritual de magia negra, a infeliz mulher procedia ao sacrifício de animais, a fim de satisfazer a sede de sangue de seus comparsas espirituais.
Vi que, mergulhada na inconsequência de seus actos, comprometeu-se largamente com o grupo de espíritos que a utilizavam como médium.
As cenas se passavam diante da minha visão espiritual com tamanha clareza que houve momentos em que pensei estar pessoalmente envolvido em cada experiência ali observada.
É que eu havia penetrado no campo mental daquele espírito, dementado pela prática do mal.
Novas cenas se sucederam àquelas.
Pude examinar o momento em que o desencarne chegara para a médium irresponsável.
No mundo astral, era utilizada pelos espíritos sombrios para outras finalidades abomináveis.
Com um pouco mais de concentração, pude ver a paisagem espiritual que estava estampada nas telas mentais desse espírito doente.
Estava agora em um grande laboratório, estruturado em matéria subtil do mundo astral.
Dentro dele, avistei o espírito da mulher, prisioneiro das entidades perversas que trabalhavam naquele ambiente.
Pareciam cientistas descompromissados com qualquer ética ou padrão nobre de conduta.
No momento em que cheguei a essas cenas interessantes, que despertavam em mim a curiosidade natural de escritor, fui despertado do transe pelo companheiro Wallace:
- Não vá além, meu amigo - recomendou ele.
É preciso cautela até mesmo nas observações com vistas ao nosso estudo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 20, 2014 10:18 pm

Aquilo que você vê nas telas mentais desta nossa irmã são o resultado de sua permanência nas zonas perigosas do remorso e da culpa.
A mente, que forjou acções a tal ponto desrespeitosas às leis divinas, entra num circuito fechado de ondas mentais perniciosas.
Esse panorama de desequilíbrio é tão intenso que o ser atrai para si outras mentes igualmente desequilibradas, que, por sua vez, guardam com cia estreitos laços de cumplicidade no mal.
- Então, quer dizer...
- Quer dizer, Ângelo, que, quando o ser encarnado ou desencarnado faz uso indiscriminado dos recursos da natureza através da prática do mal, a própria natureza se incumbe de fazer o reajuste.
Esta irmã que observamos, por exemplo, fez uso de certos elementais, viciando-os em seus pedidos através das oferendas que a eles entregava.
Tais seres, sem deter ainda conhecimento das noções de bem ou de mal, submeteram-se ao intenso magnetismo da médium imprevidente, servindo aos seus propósitos inconfessáveis.
- Explique-me com calma isso aí, Wallace.
Quando você fala elementais, refere-se a seres ou espíritos da natureza?
- Sim, Ângelo, ou você desconhece que a natureza está cheia de vida, em várias dimensões e estágios evolutivos?
- Claro que não!
Mas não é isso que quis dizer com minha pergunta.
- Eu sei. eu sei.
Sabe o que faremos?
Há um espírito amigo, que por acaso se encontra neste pronto-socorro hoje, que lhe poderá explicar melhor tanto a respeito dos seres elementais quanto acerca das implicações relativas ao caso da companheira que observamos.
Apontando em outra direcção, Wallace introduziu-me:
- Veja quem está aqui.
Para minha surpresa, aproximava-se de nós o espírito João Cobú. que também se apresentava na forma de pai-velho.
- Salve, meus filhos.
Louvado seja Deus.
- Salve, Pai João! - respondeu Wallace com entusiasmo.
Fiquei muito contente com a presença do preto-velho, já meu conhecido de diversas actividades espirituais.
Foi Wallace quem externou minhas dúvidas:
- Ângelo parece estar curioso a respeito do caso desta nossa irmã - falou, indicando o espírito.
Ele gostaria de saber maiores detalhes a respeito dos elementais e do envolvimento desse espírito com tais forças da natureza.
Sem rodeios, o espírito João Cobú, ou Pai João de Aruda. como se fazia conhecer, foi directo ao ponto:
- A existência dos elementais, meus filhos, segundo os antigos anciães e sábios do passado, explicava a dinâmica do universo.
Como seres reais, eram responsabilizados pelas mudanças climáticas e correntes marítimas, ou precipitação da chuva ou pelo facto de haver fogo, entre muitos outros fenómenos da natureza.
Apesar de ser uma explicação mitológica, própria da maneira pela qual se estruturava o conhecimento na época, eles não estavam enganados.
Tanto assim que, apesar de a investigação científica não haver diagnosticado a existência concreta desses seres através de seus métodos, as explicações dadas a tais fenómenos não excluem a acção dos elementais.
Pelo contrário.
Minha curiosidade foi aguçada ainda mais.
Pai João prosseguiu, demonstrando conhecimento sobre a questão:
- Os sábios da Antiguidade acreditavam que o mundo era formado por quatro elementos básicos:
terra, água, ar e fogo.
Não obstante, com o transcorrer do tempo, a ciência viesse a contribuir com maiores informações a respeito da constituição da matéria, não tornou o conhecimento antigo obsoleto.
A medicina milenar da China, por exemplo, que já começa a ser endossada pelas pesquisas científicas actuais, igualmente identifica os quatro elementos.
Sob o ponto de vista da magia, os quatro elementos ainda permanecem, sem entrar em conflito com as explicações científicas modernas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 20, 2014 10:18 pm

Os magistas e ocultistas estabeleceram uma classificação dos elementais sob o ponto de vista desses elementos, considerando-os como forças da natureza ou tipos de energia.
- Então os elementais não possuem consciência de si mesmos?
São apenas energia, é isso que entendi?
- Não, meu filho. Os seres elementais, irmãos nossos na criação divina, têm uma espécie de consciência instintiva.
Podemos dizer que sua consciência está em elaboração.
Apesar disso, eles se agrupam em famílias, assim como os elementos de uma tabela periódica.
- Não entendi...
- Preste atenção, meu filho - continuou o preto-velho.
Os elementais são entidades espirituais relacionadas com os elementos da natureza.
Lá, em meio aos elementos, desempenham tarefas muito importantes.
Na verdade, não seria exagero dizer inclusive que são essenciais à totalidade da vida no mundo.
Através dos elementais e de sua acção directa nos elementos é que chegam às mãos do homem as ervas, flores e frutos, bem como o oxigénio, a água e tudo o mais que a ciência denomina como sendo forças ou produtos naturais.
Na natureza, esses seres se agrupam, segundo suas afinidades.
- Seriam então esses agrupamentos aquilo que você chama de família?
- Isso mesmo! Louvado seja Deus - comemorou Pai João.
Essas famílias elementais, como as denominamos, estão profundamente ligadas a este ou aquele elemento: fogo, terra, água e ar, conforme a especialidade, a natureza e a procedência de cada uma delas.
- Os elementais já estiveram encarnados na Terra ou em outros mundos?
- Encarnações humanas, ainda não.
Eles procedem de uma larga experiência evolutiva nos chamados reinos inferiores e, como princípios inteligentes, estão a caminho de uma humanização no futuro, que somente Deus conhece.
Hoje, eles desempenham um papel muito importante junto à natureza como um todo, inclusive auxiliando os encarnados nas reuniões mediúnicas e os desencarnados sob cuja ordem servem.
- Como podem auxiliar em reuniões mediúnicas?
- Vamos por parte, meu filho, bem devagar.
É bom compreender com profundidade a questão dos elementais para assim entender o comportamento da nossa irmã infeliz - disse Pai João, apontando para o espírito que antes observávamos.
Como expliquei, podem-se classificar as famílias dos elementais de acordo com os respectivos elementos.
Junto ao ar, por exemplo, temos a actuação dos silfos ou das sufides, que se apresentam em estatura pequena, dotados de intensa percepção psíquica.
Eles diferem de outros espíritos da natureza por não se apresentarem sempre com a mesma forma, definida, permanente.
São constituídos de uma substância etérea, absorvida dos elementos da atmosfera terrestre.
Muitas vezes apresentam-se como sendo feitos de luz e lembram pirilampos ou raios.
Também conseguem se manifestar, em conjunto, com um aspecto que remete aos efeitos da aurora boreal ou do arco-íris.
- Disso se depreende, então, que os silfos são os mais evoluídos entre todas as famílias de elementais?
- Eu diria apenas, meu filho, que os silfos são, entre todos os elementais, os que mais se assemelham às concepções que os homens geralmente fazem a respeito de anjos ou fadas.
Correspondem às forças criadoras do ar, que são uma fonte de energia vital poderosa. . :
- Então eles vivem unicamente na atmosfera?
- Nem todos - respondeu Pai João.
Muitos elementais da família dos silfos possuem uma inteligência avançada e, devido ao grau de sua consciência, oferecem sua contribuição para criar as correntes atmosféricas, tão preciosas para a vida na Terra.
Especializaram-se na purificação do ar terrestre e coordenam agrupamentos inteiros de outros elementais.
Quanto à sua contribuição nos trabalhos práticos da mediunidade, pode-se ressaltar que os silfos auxiliam na criação e manutenção de formas pensamento, bem como na estruturação de imagens mentais.
Nos trabalhos de ectoplasmia, são auxiliares directos, quando há a necessidade de reeducação de espíritos endurecidos.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 2 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 20, 2014 10:18 pm

- E os outros elementais? - perguntei num misto de euforia e curiosidade.
- Vamos com calma, meu filho, vamos com calma - respondeu Pai João.
Duas classes de elementais que merecem atenção são as ondinas e as ninfas, ambas relacionadas ao elemento água.
Geralmente são entidades que desenvolvem um sentimento de amor muito intenso.
Vivem no mar, nos lagos e lagoas, nos rios e cachoeiras e, na umbanda, são associadas ao orixá Oxum.
As ondinas estão ligadas mais especificamente aos riachos, às fontes e nascentes, bem como ao orvalho, que se manifesta próximo a esses locais.
Não podemos deixar de mencionar também sua relação com a chuva, pois trabalham de maneira mais intensa com a água doce.
As ninfas, elementais que se parecem com as ondinas, apresentam-se com a forma espiritual envolvida numa aura azul e irradiam intensa luminosidade.
- Sendo assim, qual é a diferença entre as ondinas e as ninfas, já que ambas são elementais das águas?
- A diferença básica entre elas é suavidade e a doçura das ninfas, que voam sobre as águas, deslizando harmoniosamente, como se estivessem desempenhando uma coreografia aquática.
Para completar, temos ainda as sereias, personagens mitológicos que ilustraram por séculos as histórias dos marinheiros.
Na realidade, sereias e tritões são elementais ligados directamente às profundezas das águas salgadas.
Possuem conotação feminina e masculina, respectivamente.
Nas actividades mediúnicas, são utilizados para a limpeza de ambientes, da aura das pessoas e de regiões astrais poluídas por espíritos do mal.
- Eu pensei...
- Eu sei, meu filho - interrompeu-me João Cobú.
Você pensou que tudo isso não passasse de lenda.
Mas devo lhe afirmar Ângelo, que, em sua grande maioria, as lendas e histórias consideradas como folclore apenas encobertam uma realidade do mundo astral, com maior ou menor grau de fidelidade.
É que os homens ainda não estão preparados para conhecer ou confrontar determinadas questões.
- E as fadas?
Quando encarnado, vi uma reportagem a respeito de fotografias tiradas na Escócia, que mostravam várias fadas.
O que me diz a respeito?
- Bem, podemos dizer que as fadas sejam seres de transição entre os elementos terra e ar.
Note-se que, embora tenham como função cuidar das flores e dos frutos, ligados à terra, elas se apresentam com asas.
Pequenas e ágeis, irradiam luz branca e, em virtude de sua extrema delicadeza, realizam tarefas minuciosas junto à natureza.
Seu trabalho também compreende a interferência directa na cor e nos matizes de tudo quanto existe no planeta Terra.
Como tarefa espiritual, adoram auxiliar na limpeza de ambientes de instituições religiosas, templos e casas espíritas.
Especializaram-se em emitir determinada substância capaz de manter por tempo indeterminado as formas mentais de ordem superior.
Do mesmo modo, auxiliam os espíritos superiores na elaboração de ambientes extra físicos com aparências belas e paradisíacas.
E, ainda, quando espíritos perversos são resgatados de seus antros e bases sombrias, são as fadas, sob a supervisão de seres mais elevados, que auxiliam na reconstrução desses ambientes.
Transmutam a matéria astral impregnada de fluidos tóxicos e daninhos em castelos de luz e esplendor.
- Uau! - exclamei.
Nunca poderia imaginar coisas assim...
- Mas não acabou ainda, meu filho - tornou Pai João.
Temos ainda as salamandras, que são elementais associados ao fogo.
Vivem ligados àquilo que os ocultistas denominaram éter e que os espíritas conhecem como fluido cósmico universal.
Sem a acção das salamandras o fogo material definitivamente não existiria.
Como o fogo foi, entre os quatro elementos, o primeiro manipulado livremente pelo homem, e é parte de sua história desde o início da escalada evolutiva, as salamandras acompanham o progresso humano há eras.
Devido a essa relação mais íntima e antiga com o reino hominal, esses elementais adquiriram o poder de desencadear ou transformar emoções, isto é, podem absorvê-las ou inspirá-las.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 20, 2014 10:19 pm

São hábeis ao desenvolver emoções muito semelhantes às humanas e. em virtude de sua ligação estreita com o elemento fogo, possuem a capacidade de bloquear vibrações negativas, possibilitando que o homem usufrua de um clima psíquico mais tranquilo.
Eu estava atónito.
E o pai-velho prosseguia:
- Nas tarefas mediúnicas e em contacto com o comando mental de médiuns experientes, as salamandras são potentes transmutadores e condensadores de energia.
Auxiliam sobremaneira na queima de objectos e criações mentais originadas ou associadas à magia negra.
Os espíritos superiores as utilizam tanto para a limpeza quanto para a destruição de bases e laboratórios das trevas.
Habitados por inteligências do mal, são locais-chave em processos obsessivos complexos, onde, entre diversas coisas, são forjados aparelhos parasitas e outros artefactos.
Objectos que, do mesmo modo, são destruídos graças à actuação das salamandras.
- E os duendes e gnomos?
Também existem ou são obras da imaginação popular?
- Sem dúvida que existem!
Os duendes e gnomos são elementais ligados às florestas e, muitos deles, a lugares desertos.
Possuem forma anã, que lembra o aspecto humano.
Gostam de transitar pelas matas e bosques, dando sinais de sua presença através de cobras e aves, como o melro, a graúna e também o chamado pai-do-mato.
Excelentes colaboradores nas reuniões de tratamento espiritual, são eles que trazem os elementos extraídos das plantas, o chamado bioplasma.
Auxiliam assim os espíritos superiores com elementos curativos, de fundamental importância em reuniões de ectoplasmia e de fluidificação das águas.
Tinha a sensação de que um novo mundo se revelava a meu conhecimento, tamanha a amplitude da acção desses espíritos da natureza.
E Pai João continuava:
-Temos ainda os elementais que se relacionam à terra, os quais chamamos de avissais.
Geralmente estão associados a rochas, cavernas subterrâneas e, vez ou outra, vêm à superfície.
Actuam como transformadores, convertendo elementos materiais em energia.
Também são preciosos coadjuvantes no trabalho dos bons espíritos, notadamente quando há a necessidade de criar roupas e indumentárias para espíritos materializados.
Como estão ligados à terra, trazem uma cota de energia primária essencial para a reconstituição da aparência perispiritual de entidades materializadas, inclusive quando perderam a forma humana ou sentem-se com os membros e órgãos dilacerados.
- Nem podia imaginar que esses seres tivessem uma acção tão ampla e intensa.
- Pois bem, meu filho - tornou João Cobú, pacientemente.
Repare, portanto, as implicações complexas da acção desta infeliz criatura, que se comprometeu amplamente com o mal.
Apontando para o espírito no leito a nossa frente, que agora gemia, vítima de si mesmo, o velho Pai João relatou:
- Como médium, foi-lhe concedida a oportunidade de aprender certas lições de magia, no ambiente dos cultos afro-brasileiros.
Utilizou mal o conhecimento que adquiriu e deliberadamente viciou muitos elementais com o sacrifício e o sangue de animais.
Lançando mão de seu intenso magnetismo pessoal, manipulou o poder das salamandras e de outros elementais para atormentar muitas vidas, em troca de dinheiro, status e reconhecimento social.
- Ela brincou com as forças da natureza.
- Mais do que isso.
Ela desviou os seres elementais do curso normal de sua evolução, comprometendo esses nossos irmãos com seus actos abomináveis.
- Mas os elementais dominados por ela não poderiam se rebelar ao seu comando?
- Os elementais são seres que ainda não passaram pela fase de humanidade.
Oriundos dos reinos inferiores da natureza e mais especificamente do reino animal, ainda não ingressaram na espécie humana.
Por essa razão trazem um conteúdo instintivo e primário muito intenso.
Para eles, o homem é um deus.
É habitual, e até natural, que obedeçam ao ser humano e, nesse processo, ligam-se a ele intensamente.
Portanto, meu filho, todo médium é responsável não só pelas comunicações dadas por seu intermédio.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 20, 2014 10:19 pm

CAPÍTULO 8 - MAGIA NEGRA

- Que se deve pensar da crença no poder que certas pessoas teriam, de enfeitiçar?
-Algumas pessoas dispõe de grande força magnética, de que podem fazer mau uso, se maus forem seus próprios Espíritos, caso em que possível se torna serem secundados por Espíritos maus.
Não creias, porém, num pretenso poder mágico, que só existe na imaginação de criaturas supersticiosas, ignorantes das verdadeiras leis da Natureza.
Os factos que há como prova da existência desse poder, são factos naturais, mal observados e sobretudo mal compreendidos.

O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.
Poder oculto, talismãs e feiticeiros, item 552.

Depois de presenciar, no Oásis da Paz, alguns casos envolvendo médiuns desencarnados, foi a vez de continuarmos a excursão rumo à Crosta.
Fiquei muito comovido e impressionado com os ensinamentos de Pai João de a respeito dos seres da natureza.
Confesso que, a partir de então, passei a enxergar o mundo, a natureza e a vida com mais profundidade.
Envolto no manto de carne, quando na Terra, costumamos achar que tudo aquilo que desafia nossos conhecimentos é lenda.
E mais ou menos como se nos pautássemos pela seguinte lógica:
”Se não conheço ou não me é acessível neste instante, é porque não existe”.
E isso ocorre inclusive com aqueles que já despertaram para. as realidades do espírito.
Não desconfiamos que as chamadas lendas encobrem verdades muitas vezes desconcertantes.
Ondinas, sereias, gnomos e fadas são apenas denominações de um vocabulário humano, que tão-somente disfarçam a verdadeira face da natureza extra física, bem mais ampla que as percepções ordinárias dos simples mortais.
Em meio à vida física, às experiências quotidianas do ser humano, enxameiam seres vivos, actuantes e conscientes.
O universo todo está repleto de vida, e todos os seres colaboram para o equilíbrio do mundo.
A surpresa com a revelação dessa realidade apenas exprime nossa profunda ignorância quanto aos ”mistérios” da criação.
As questões relativas aos seres elementais levantam, ainda, novo questionamento.
Os elementais - sejam gnomos, duendes, salamandras ou quaisquer outros - são seres que advêm de um longo processo evolutivo e que, segundo afirmara Pai João, estagiaram no reino animal em sua fase imediatamente anterior de desenvolvimento.
Portanto, devem ter uma espécie de consciência fragmentária.
Onde e em que momento está o elo de ligação desses seres com a humanidade?
Quer dizer, em que etapa da cadeia cósmica de evolução esses seres se humanizarão e passarão a ser espíritos, dotados de razão?
Meus pensamentos vagavam por esses intricados caminhos do raciocínio, quando Wallace, aproximando-se de mim, interferiu:
- Como você sabe, Ângelo, até hoje os cientistas da Terra procuram o chamado ”elo perdido”.
Estão atrás de provas concretas, materiais da união entre o animal e o ser humano e buscam localizar o exacto momento em que isso teria ocorrido.
Em vão. Os espíritos da natureza, seres que concluíram seu processo evolutivo nos reinos interiores à espécie humana, vivem na fase de transição que denominamos elemental.
Entretanto, o processo de humanização, ou, mais precisamente, o instante sideral em que adquirem a luz da razão e passam a ser espíritos humanos, apenas o Cristo conhece.
Jesus, como representante máximo do Pai no âmbito do planeta Terra, é o único que possui a ciência e o poder de conceder a esses seres a luz da razão.
E isso não se passa na Terra, mas em mundos especiais, preparados para esse tipo de transição.
O próprio Kardec, que pude estudar ainda quando encarnado, aborda a existência desses mundos nos ditados de O Livro dos Espíritos.
-- É verdade! - observei com admiração.
Recordo-me desse trecho, porém não havia feito a conexão daquele ponto com os elementais.
- Quando soar a hora certa no calendário da eternidade, esses seres serão conduzidos aos mundos de transição, adormecidos e, sob a interferência directa do Cristo, acordarão em sua presença, possuidores da chama eterna da razão.
A partir de então, encaminhados aos mundos primitivos, vivenciarão suas primeiras encarnações junto às humanidades desses orbes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 20, 2014 10:19 pm

Esse é o motivo que ocasiona o fracasso da busca dos cientistas: procuram, na Terra, o elo de ligação, o elo perdido entre o mundo animal e o humano.
Não o encontrarão jamais.
As evidências não estão no planeta Terra, mas pertencem exclusivamente ao plano cósmico, administrado pelo Cristo.
Consegui esboçar apenas um sorriso desconcertado enquanto Wallace deu a explicação.
Não poderia falar nada.
O plano da criação é verdadeiramente grandioso, e a compreensão desses aspectos desperta em nós uma reverência profunda ao autor da vida.
; Segui Wallace ao encontro de Catarina, a vovó da umbanda.
O companheiro Silva, também transfigurado como preto-velho, veio ao nosso encontro na companhia do espírito João Cobú, conhecido como Pai João.
- Creio que agora vocês podem seguir sem a minha presença - disse Silva.
Devo permanecer por aqui algum tempo.
- Pensei que você iria continuar connosco... - lamentei, surpreso com a decisão do companheiro Silva.
Tenho compromissos aqui no Oásis da Paz, assuntos urgentes requerem minha presença.
No entanto, conversando com nosso Pai João de Aruanda, disse-me que poderá acompanhá-los.
Além dele, terão a companhia da mãe!
Velha Vovó Catarina, a querida Euzália.
Estão em óptima companhia, não é? - concluiu Silva com bom humor.
-Sim, meu filho - falou Pai João.
Acompanharei vocês, junto com Catarina e Wallace, e ainda encontraremos um de meus meninos.
Ele estará connosco, auxiliando-nos.
- Meninos? - indaguei.
Teremos então a companhia de algumas crianças?
Tanto Silva quanto Wallace riram gostosamente antes de me responder:
- Na verdade, Ângelo, o termo menino é uma maneira peculiar de Pai João referir-se a um guardião.
Um espírito que, na umbanda, é denominado exu.
- Então teremos contacto directo com um exu?
Isso é demais!
Será uma oportunidade ímpar de conhecer o trabalho dessas entidades, ainda tão mal-compreendidas.
- Bem, meus amigos, tenho de ir - despediu-se o amigo Silva.
Mais tarde nos encontraremos novamente, em outras oportunidades.
Desejo-lhes sucesso na empreitada.
Vovó Catarina, Pai João, Wallace e eu despedimo-nos do companheiro Silva e também de Porfíria, coordenadora espiritual daquele albergue de luz.
Por certo, ela e amigo Silva teriam muito trabalho pela frente, diante de tantos necessitados que eram internos da instituição espiritual.
Pai João e Vovó Catarina nos conduziam pela , rumo a um terreiro onde poderíamos observar detalhes próprios do culto e extrair ensinamentos.
Atravessamos imensa região do astral sob a tutela desses abnegados espíritos.
Wallace e eu colhíamos as impressões sobre os acontecimentos recentes e trocávamos ideias a respeito de certos elementos ligados à umbanda.
Pai João, notando nosso interesse no assunto, esclareceu-nos com suas observações:
- Meus filhos, se permitem a intromissão de nego-velho, tanto a umbanda, que é uma religião tipicamente brasileira, produto de influências diversas, quanto os cultos de origem propriamente africana são cultos que trazem elementos mágicos.
Termos como feitiço, magia e encanto são comuns à umbanda e ao candomblé.
Contudo, ainda hoje, a grande maioria dos espíritas ignora os mecanismos da magia: tanto a dita magia branca, quanto a magia negra.
- Alguns chegam ao disparate de afirmar, inclusive, que não existe magia negra - completei.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 20, 2014 10:19 pm

Insinuando um leve sorriso, prosseguiu o pai-velho:
- Acredito, Ângelo, que tanto você quanto eu perturbamos um pouco a tranquilidade dos espíritas ortodoxos.
- Não entendi o que quis dizer - falei para o espírito amigo.
- É que nós abordamos, em nossos livros, temas desconcertantes para a turma apegada à ortodoxia doutrinária.
Acho até que os demais espíritos que utilizam o mesmo médium que nós, cada um a sua maneira, estejam igualmente incomodando muita gente que aprecia a tão falada ”pureza doutrinária”.
Você, por exemplo, tocou num assunto complicado, que remete a velhos preconceitos.
Pretos-velhos, caboclos e exus, umbanda, candomblé e África são assuntos afins, que mexem com o ranço de discriminação e preconceito que muitos espíritos trazem profundamente arraigados em seu psiquismo.
Por outro lado, o companheiro Joseph Gleber foi ousado ao tratar de assuntos considerados não espíritas, como duplo etérico, corpo mental e o estudo dos corpos ou dimensões conforme o sistema septenário.
- De facto, você tem razão - redargui.
- Veja, meu filho, que, ao fazermos nossas observações, estamos sujeitos a críticas e interpretações contrárias.
Mas não devemos nos desencorajar.
Temas como magia negra, magia telúrgica, umbanda, candomblé e muitos outros precisam ser abordados, desmistificados, pois são parte da cultura espiritual do Brasil.
Por que tanta relutância em constatar essa realidade?
Na verdade, os brasileiros e alguns outros povos do planeta vivem às voltas com tais assuntos, e o povo mais simples necessita de esclarecimento o mais breve possível.
- E qual é sua opinião a respeito da magia negra, Pai João, temida por tanta gente? - perguntei, sob o olhar atento de Wallace, que nos acompanhava com interesse.
- Sabe, meus filhos, nego-velho pensa que a feitiçaria e a magia acabam representando males menores, se comparadas ao feitiço das guerras, das bombas e outras artimanhas do génio humano, que devasta a cada dia nosso planeta.
Acredito mesmo que os cientistas actuais ou, ao menos, os espíritas que se acham cientistas já passaram da hora de investigar os mecanismos da magia, tão conhecidos dos magos e feiticeiros, seus colegas ancestrais.
Na realidade, aquilo que no passado se denominou magia hoje se diz ciência; a palavra cientista substituiu a terminologia tnagista, ou seja, estudioso da magia.
Após breve silêncio, em que suas palavras ecoavam em nossas mentes, o pai-velho retomava:
- É importante lembrarmos, meus filhos, que feitiço ou magia não abrange somente o preparo de objectos ou condensadores energéticos por parte dos especialistas, magos e feiticeiros.
Hoje, estudamos também, como símbolo e subproduto da magia, os poderes mentais mal conduzidos, as manipulações químicas da indústria do aborto e as armas letais, que inteligências invulgares se dedicam a elaborar, destruindo milhares e milhares de vidas a partir de seus laboratórios.
Além desses exemplos, também movimentam poderes ocultos perniciosos o falatório inútil, as brigas e disputas entre irmãos de fé, que se tornam inimigos íntimos a troco de tão pouco.
Todos esses elementos materializam cotas de energias mórbidas e destrutivas, que se agregam às auras dos irmãos encarnados e são ou serão absorvidas por seus organismos.
Tudo isso é magia, é feitiço, é encanto.
- E os chamados despachos, que muitas vezes são vistos nas ruas?
Estão vinculados à magia?
- Esses despachos e ebós, meus filhos, funcionam como condensadores de energia de baixíssima vibração.
Representam a energia materializada, condensada ou coagulada.
Ao entrar em contacto vibratório com a aura da pessoa visada, esses condensadores descarregam sobre ela toda a cota de energia mórbida armazenada, causando prejuízo para o ser a que se destina.
O feiticeiro ou mago negro encarnado utiliza geralmente uma fotografia, um objecto qualquer pertencente à vítima ou, caso tenha um poder maior de concentração mental, apenas visualiza sua vítima.
Catalisa, nesses artefactos envolvidos no processo mágico, toda a sua energia e vibração.
Os ebós e despachos são elementos mágicos, que têm a função de orientar vibratoriamente as entidades malfeitoras do astral.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 20, 2014 10:20 pm

São os chamados endereços vibratórios.
- Mas esses enfeitiçamentos têm o poder de atingir suas vítimas, prejudicá-las realmente, chegando até mesmo a matar?
- Com certeza, meus filhos - esclareceu Pai João.
Quando a pessoa a quem o encanto se destina encontra-se em situação mental aflitiva, deprimida ou sob qualquer tipo de viciação mental e emocional, é o bastante para que ofereça campo propício para a energia desencadeada pelo feitiço.
O mago, seja encarnado ou desencarnado, projecta directamente sobre o fluxo de eléctrons dos objectos que manipula toda a carga mórbida:
mental, emocional ou astral.
Sob intenso campo de rebaixamento vibratório, despeja esse quantum energético sobre a vítima, liberando sobre ela todo o conteúdo mórbido.
Convertida então em endereço vibratório, a vítima é atingida de forma certeira, como um raio.
- Qual é o resultado em quem sofre essa operação?
- Os resultados são diversos - Pai João era assertivo.
Algumas ocasiões, são estados de enfermidade cuja génese não é encontrada pela ciência médica, com seus métodos convencionais.
Noutras, são processos enfermiços do psiquismo, que não encontram solução através da psicologia nem da psiquiatria.
Podem se expressar, ainda, no aparecimento de objectos materializados no sistema nervoso da vítima, estruturados em matéria astral, que passam a influir no funcionamento de sua mente e seu corpo.
Caso o indivíduo esteja sintonizado com um processo de culpa qualquer, o dano será mais intenso, pois que o fluido mórbido transposto para sua aura afectará também a periferia do corpo físico, e não somente o campo mental ou psíquico.
- Então essa questão de magia negra é mesmo muito presente e actuante nas vidas de nossos irmãos, pois são numerosos os que enfrentam problemas assim, como você descreve, sem solução aparente, segundo o ponto de vista dos encarnados.
- Não podemos generalizar, Ângelo.
Muita gente também sofre de auto-enfeitiçamento.
São vítimas de si mesmos.
É o processo de auto-obsessão, tão falado nos meios espíritas, meu filho.
Há indivíduos que se fecham num círculo mental pernicioso ou entram num circuito fechado de emoções desequilibradas, acabando por instalar em si mesmos, em sua aura e seu corpo, os venenos mentais e emocionais criados.
- Quanto aos magos e feiticeiros, o que se pode entender a seu respeito?
Desta vez foi Vovó Catarina que, pedindo a palavra a Pai João, nos esclareceu:
- Podemos entender, Ângelo, que o feitiço ou a magia negra é um processo de condensação energética de baixíssima vibração e altíssima frequência.
Os chamados magos negros ou feiticeiros modernos são criaturas que se especializaram na transmutação e inversão de energias condensadas, utilizando-as de forma violenta, mas sempre de acordo com as leis da natureza, descobertas pela física dos homens.
Eles apenas invertem a polaridade dos campos energéticos e, a seguir, levam o quantum de energia densa e mórbida ao seu endereço, ou seja, directamente a suas vítimas.
Era muito interessante ver a preta-velha falando de mecânica quântica.
Ela prosseguia:
- É claro que, para a magia negra funcionar, tem de haver a cooperação de entidades desencarnadas, que estruturam no plano astral um duplo, uma duplicata dos corpos.
É na réplica astral dos artefactos utilizados pelo Mago negro ou feiticeiro que reside todo o conteúdo magnético mobilizado, e é nela que se dá a inversão da polaridade electrónica, com eficácia para os fins sombrios a que se propõe.
- Sendo assim, depreende-se que a chamada antigoéna ou desmanche de magia negra deveria visar as duplicatas astrais desses objectos; é isso?
- Exactamente - interferiu Pai João.
Essa é a razão pela qual, nas reuniões espíritas em que se utilizam as técnicas de apometria, o operador ou apometra procede à queima desses objectos do astral após o desmanche do trabalho, aplicando recursos como o auxílio das salamandras.
Perceba que a doutrinação pura e simples do espírito responsável pelo empreendimento da magia negra não tem como solucionar a questão.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 20, 2014 10:20 pm

Em geral, eles nem se mostram permeáveis à doutrinação convencional e não são demovidos facilmente de seus intentos.
É preciso, portanto, desdobrar os médiuns e trazer ao ambiente da reunião mediúnica os elementos e objectos utilizados no astral, que são as matrizes energéticas, e queimá-las, destruindo e revertendo a polaridade magnética dos ditos encantos.
Só assim se poderá quebrar o feitiço ou desactivar a magia.
Enquanto isso, deve-se proceder ao tratamento das entidades envolvidas, sempre acompanhado da mudança radical de conduta e das atitudes do alvo ou vítima.
Dando ênfase à última frase, Pai João continuava:
- Muitos magos negros desencarnados são especialistas e profundos conhecedores das leis de transmutação de matéria em energia, leis da polaridade, do ritmo e do mentalismo.
Embora, na actualidade, os modernos operadores de feitiçaria se utilizem de outros termos, como ondas, magnetismo, átonos, frequência e spins, próprios da ciência contemporânea, manipulam forças e energias idênticas, subjugados por entidades satânicas, com objectivos espúrios.
Médiuns imprevidentes colocam-se em contacto com tais entidades e terminam sob o comando delas, que são experientes no domínio de consciências.
Perversas ao extremo, elas manipulam quem lhes serve de instrumento dando-lhes, justamente, a ilusão de que permanecem senhores de si.
A verdade, que se torna patente ao médium doente quando de seu desencarne, é dramática e de graves consequências.
Pai João interrompeu seus comentários quando se aproximou de nós um espírito vestido de forma incomum, ao menos para mim.
Já estávamos próximos vibratoriamente da Crosta, bem perto, portanto, do local onde realizaríamos algumas observações.
O espírito que se apresentou era o guardião do qual Pai João nos falara, um de seus meninos ou subordinados.
Os demais guardiões, que nos acompanhavam desde nossa comunidade espiritual, o receberam como a um militar de alta patente.
O guardião cumprimentou Pai João, Vovó Catarina, Wallace e eu, postando-se de pé, bem erecto, fazendo um gesto de respeito e submissão.
-: Pai João o cumprimentou:
- Laroiê, exu.
Salve sua banda! :
- Salve, meu pai - respondeu o exu.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jul 21, 2014 9:36 pm

CAPÍTULO 9 - SETE, O GUARDIÃO DAS SOMBRAS

Assim pode o homem possuir um progresso interior a despeito da sua criminalidade e elevar-se acima da espessa atmosfera das camadas inferiores, isto através das faculdades intelectuais despertadas, embora tivesse, sob o jugo das paixões, procedido como um bruto.
A ausência de ponderação, o desequilíbrio entre o progresso moral e o intelectual, produzem essas tão frequentes anomalias nas épocas de materialismo e transição.

João Reynaud (espírito) em O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, 2ª parte, cap. 7, item 3.

A aparência é a de um militar.
Isso mesmo.
Ele parece um militar, dos que impõem respeito e inspiram autoridade.
Mas não ê só isso. Ele sabe se impor.
É alguém que parece saber com precisão o que deseja e deve fazer.
Tudo indica que o espírito que está diante de mim é um perfeito cavalheiro em seus modos, embora tão firme e cheio de decisão que não permite vacilações.
Alto, magro - esbelto, na verdade.
Veste-se com um traje que associei a um uniforme militar do tipo futurista, mas que não chega a ser exagerado.
Sobre os ombros, uma capa desce-lhe até os tornozelos.
É um tecido curioso que compõe aquela indumentária toda.
Nas mãos, segura uma espécie de lança, que absolutamente não combina com seu traje, mas que há de ter uma finalidade.
- Boa noite, criança! - foi seu cumprimento.
Uma voz firme, resoluta, magnética e muito forte.
Eu diria que era a voz de um barítono, daqueles que fariam sucesso em qualquer ópera na velha Terra.
- Sou um guardião e estou aqui para lhe servir.
- Boa noite! - respondi ao espírito imponente.
Meu nome é Ângelo.
- Pode me chamar de Sete.
- Sete? - me aventurei a comentar.
Mas isso lá é nome?
Pelo que me consta, sete é um número, e não um nome...
- Sete! é o que basta por enquanto a você e a mim.
Estou aqui para conduzi-lo em suas observações.
Recebi uma incumbência dos superiores.
Devo mostrar a você alguma coisa a fim de que possa transmitir àqueles que estão do outro lado do véu, os encarnados.
- Sei... - respondi, magnetizado pelo seu olhar penetrante.
Mas será que primeiro não poderíamos nos conhecer melhor?
Por exemplo, quem é você?
Por que esses trajes, a lança, enfim, o nome, tão cabalístico assim.
Olhando-me fixamente, o espírito modificou aos poucos seu semblante.
Traços mais finos e suaves foram aparecendo em sua fisionomia.
Não parecia tão ameaçador como antes se mostrara.
- Sou um dos guardiões.
Posso lhe dizer que pertenço a uma organização mundial voltada para a preservação da harmonia e do equilíbrio nos diversos planos da vida.
- Uma espécie de cia ou FBI de âmbito mundial?
- Talvez - respondeu-me sério.
Os guardiões são comprometidos com a ordem e a disciplina espirituais.
Somos conhecidos em diversos cultos com nomes apropriados ao vocabulário de cada comunidade.
Temos uma hierarquia, um comando central, de onde vêm essas tarefas a nós confiadas.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 2 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jul 21, 2014 9:36 pm

- E em quais tarefas vocês se especializam, em nome dessa ordem e disciplina?
Falando de forma mais específica que realmente vocês fazem em prol da humanidade?
- Temos diversas atribuições junto à humanidade, desde a protecção individual a pessoas que têm responsabilidades espirituais, sociais, religiosas ou políticas, à protecção de comunidades, países, continentes e do próprio Planeta.
As atribuições dependem sobretudo da hierarquia a qual pertençamos.
Um grupo de guardiões mais experientes e com conhecimento actualizado pode ser responsável pela manutenção da paz mundial, trabalhando junto a lideranças políticas ou religiosas, nos bastidores das intrigas internacionais.
Nesse caso, o objectivo dos guardiões não é defender esta ou aquela doutrina política nem fazer partidarismo.
Muito mais que interesses mesquinhos, estão em jogo os direitos humanos, do cidadão, da vida.
A tarefa dos guardiões no Comando nº 1, como nos referimos, é a defesa da humanidade.
- Então, pode-se considerar que a missão dos guardiões do chamado Comando nº 1 está sendo cumprida de forma muito precária.
Faço essa observação em vista de tantos conflitos internacionais, guerras e guerrilhas que estouram em toda a parte.
Onde está a interferência do Comando nº 1?
- Veja, criança - falou sério.
Lutamos com milénios e milénios de cultura de guerras, intrigas e políticas mal projectadas.
Não há milagres na criação.
Nossa tarefa é laboriosa e lenta, porém vital.
Há que se considerar que lidamos com seres humanos encarnados ou desencarnados, todos com liberdade de pensar e agir.
Seu argumento era consistente, não havia dúvidas.
Prosseguiu:
- Para que você saiba um pouco mais a respeito de nossa actuação no mundo, veja o que ocorreu, por exemplo, com o episódio das torres gémeas, em Nova Iorque.
O facto ocorrido em 11 de setembro de 2001 teria proporções bem mais amplas, não fosse a interferência directa dos guardiões do primeiro comando.
O planeamento das entidades perversas era, além de atingir o World Trade Center, cometer um atentado contra o Vaticano, sede da Igreja Católica.
Creio que você não ignora as consequências brutais de um atentado dessas proporções.
O mundo estaria mergulhado em uma situação política insustentável.
Muitas conquistas da civilização seriam abaladas e estariam seriamente ameaçadas diante da iminente Terceira Guerra Mundial.
Os guardiões entraram em cena e, actuando nos bastidores das sombras, enviaram agentes para as fileiras do mal, descobrindo a tempo seu planeamento.
Sabotaram os planos das trevas e conseguiram amenizar a situação.
Aquilo que o mundo presenciou no dia 11 de setembro foi apenas uma pequena parte do plano que os terroristas e seus comparsas desencarnados haviam traçado inicialmente. .
- Então existe mesmo uma espécie de serviço secreto espiritual...
- Todas as organizações da Terra são inspiradas naquelas que existem no lado de cá da vida.
Quanto à existência de agentes secretos nas fileiras dos guardiões, o nosso papel em todo o contexto mundial não é apenas de passividade e defesa.
Existem aqueles espíritos cujo passado espiritual guarda estreitas ligações com o mal e com certas organizações sombrias.
Embora com o pensamento renovado e trabalhando em prol da ordem e da paz.
Agem como espiões e observadores entre as comunidades das trevas.
Corresponderiam aos agentes duplos das organizações de inteligência.
Esses espíritos se misturam a certas comunidades das sombras e lá desempenham o papel de vigias, tomando nota e comunicando aos dirigentes superiores os planos das mentes voltadas para o mal.
De posse dessas informações, traçamos um roteiro de actividades com o objectivo de desmontar todo o planeamento do mal.
Não fossem os próprios homens, com suas atitudes desequilibradas, teríamos sucesso completo em nossas tarefas.
- Quer dizer que, mesmo que os guardiões sejam rigorosos em suas acções de defesa energética, há possibilidade de que não tenham pleno êxito?
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 2 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jul 21, 2014 9:37 pm

- Claro que sim.
Vivemos em um mundo em que o mal ainda predomina, embora os avanços do bem.
Além disso, em qualquer acção espiritual há que se levar em conta um factor muito relevante para o desfecho de nossas actividades:
o próprio homem encarnado, seus pensamentos e atitudes e, sobretudo, seu livre-arbítrio.
Muitas vezes todo o nosso trabalho se põe a perder devido às posturas humanas e à sintonia que o homem estabelece, mediante o exercício de sua vontade.
Impressionei-me com a noção de respeito que aquele espírito possuía; era algo surpreendente.
A firmeza exigida em suas atribuições não lhe tolhera a valorização do livre-arbítrio alheio, antes pelo contrário.
- Os espíritos que trabalham como guardiões são especializados nessa tarefa? - perguntei.
Como é sua formação, se posso assim dizer?
- A maior especialização, ou melhor, a escola superior na qual nos graduamos é o plano físico.
O contacto regular com o mundo dos encarnados faz com que muitos conhecimentos e experiências do passado, que estão apenas latentes, ecludam do psiquismo profundo e se tomem uma realidade objectiva e actual para o espírito.
A academia da Terra, com suas múltiplas experiências, é o verdadeiro educandário, onde cada espírito se especializa naquilo que para si elegeu como forma de vida.
Há muitos espíritos que na Terra tiveram experiências na carreira militar ou em alguma outra função que lhes propiciasse o desenvolvimento de certas qualidades necessárias a um guardião.
Do lado de cá, serão aproveitados como tal. Oferece-se ao espírito a oportunidade de continuar, no mundo extra físico, trabalhando naquilo que sabe e, desse modo, aperfeiçoar seu conhecimento e ganhar mais experiência.
Muitos militares do passado, comprometidos com o mau uso do poder e da autoridade, são convocados e convidados a se reeducarem nas falanges dos guardiões, reaprendendo seu papel.
Para tanto, defendem as obras da civilização em geral, o património cultural e as instituições beneméritas.
Outros espíritos, que dominaram certos processos e meios de comunicação, quando encarnados, são convidados e estimulados a trabalhar nos vários laboratórios e bases de comunicação a serviço dos guardiões.
Generais, guerreiros, soldados, comandantes ou os simples recrutas, das diversas forças armadas da Terra, são aproveitados com a experiência que adquiriram.
Transcorrido o tempo natural de transição, após a morte física, apresentamos a esses espíritos a oportunidade de se refazerem emocional e moralmente.
Tal oportunidade são as actividades que poderão desempenhar do lado de cá da vida, obedecendo a um propósito superior.
Há diversos campos de actuação, como disse, tanto na defesa psíquica, energética ou espiritual de pessoas e instituições, como na protecção de comunidades e povos.
Enfim, as possibilidades de trabalho do lado de cá são imensas.
Ao espírito desencarnado são apresentadas basicamente duas opções:
ou ele permanece presa de seu sentimento de culpa, forjando situações aflitivas em torno de si, ou libera-se da culpa.
Nesse caso, abrem-se inúmeras possibilidades de trabalho, aproveitando-se as experiências vividas e valorizando as aquisições pessoais.
Qualquer experiência, ainda que equivocada ou difícil, é reorientada, com objectivo útil à causa do bem e do equilíbrio.
Caso o espírito opte pela segunda alternativa e assimile a ideia de continuar trabalhando em prol da humanidade, são ampliadas suas oportunidades à medida que amadurece. .
- Isso quer dizer que ele deixa de sofrer as consequências das faltas cometidas na Terra, caso se integre a uma das equipes de trabalho, do lado de cá?
- Não é bem assim que ocorre, você sabe.
Cada qual é responsável pelas consequências de seus actos:
isso é imutável.
Porém, a lei não impõe sofrimento a ninguém; ela dá oportunidades de reparação e resgate no desempenho de tarefas dignificantes.
O sofrimento é resultado da mente culpada, que forja, ela própria, as situações aflitivas dentro e em torno de si.
Sofrimento pelo sofrimento:
donde já se viu?
A finalidade da lei não é o sofrimento, é o aprendizado.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 2 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jul 21, 2014 9:37 pm

Ao trabalhar pelo bem, a ordem e a harmonia, o espírito terá tempo de solucionar com tranquilidade os equívocos aos quais se entregou em seus excessos quando encarnado.
Somos convidados a trabalhar, oferecendo à vida o que de melhor possuímos.
Aos poucos vamos reparando dentro de nós aquilo que carece de conserto.
Não é preciso estacionar em zonas mentais de sofrimento, absolutamente.
Vamos caminhando, trabalhando como sabemos e como estamos, que os problemas vão encontrando a devida solução ao longo do tempo.
- E quanto a você? - não podia deixar de perguntar novamente.
Por que tanto mistério em torno de sua pessoa?
Por que as vestimentas estranhas e o nome cabalístico?
- Ah! criança, isso é outra coisa.
No passado abusei muito do poder e de diversas posições que ocupei em várias encarnações.
Irradio, por isso, uma vibração tão intensa que muitos espíritos prejudicados por mim, no passado, poderiam me localizar facilmente, seguindo as irradiações mentais oriundas de meu espírito.
Notei que, ao falar de si mesmo, o guardião baixou a cabeça, como que ensimesmado ou envergonhado.
Vi que uma lágrima discreta descia de seus olhos e soube respeitar alguns minutos de silêncio que se estabeleceu em nosso diálogo.
Instantes depois, retomando a palavra, o espírito guardião continuou:
- A roupa, que lhe parece estranha e que reveste meu perispírito, é uma criação mental e fluídica de amigos espirituais mais elevados.
Cobrindo-me desta maneira, disfarça as irradiações mentais que partem de meu interior, amortecendo-as, e assim impede que eu seja encontrado ou reconhecido por entidades vingativas:
o traje funciona como um deflector dos raios luminosos.
Quando há necessidade de que eu visite certas zonas sombrias, regiões de vibrações baixíssimas, envolvo-me neste manto, que reflecte os raios de luz, desviando-os, num processo que nem eu mesmo sei explicar.
E uma tecnologia empregada pelos nossos superiores.
Na medida em que os raios de luz se desviam, as outras entidades, de vibrações inferiores, não podem me perceber visualmente.
Fico, assim, invisível às suas percepções.
Portanto, esta indumentária dá-me a possibilidade de realizar diversas tarefas; sem ela, não conseguiria, apenas por minha própria vontade, tornar-me invisível a determinados espíritos.
Em sua expressão, o guardião deixava transparecer a honra de ser merecedor da confiança e de tal investimento por parte de espíritos superiores, que lhe patrocinavam as condições de trabalho.
Prosseguia:
- Quanto ao nome adoptado por mim, Sete, refere-se às diversas encarnações em que experimentei autoridade e poder e nas quais, na maioria, falhei.
Foram sete as experiências reencarnatórias em que lidei com o poder militar e de comando, com o domínio e, muitas vezes, o abuso de autoridade.
Outras tantas encarnações eu tive; no entanto, essas a que me refiro foram marcantes, profundamente marcantes em minha vida de espírito.
Do lado de cá fui convidado a assumir a direcção de uma falange de espíritos, que tiveram experiências semelhantes às minhas; muitos deles, inclusive, valentes guerreiros que eu mesmo comandei em diversas batalhas do passado.
Hoje, procuro conduzi-los para outras batalhas, na defesa do bem e da paz.
Amanhã, só Deus sabe como estaremos, mas, do lado de cá, tento quanto posso direccionar meus tutelados para a tarefa de defesa e protecção de tudo e todos que representam o bem, o belo e a bondade.
O espírito comoveu-me com a história de sua vida.
Não sabia o que dizer diante das revelações trazidas por ele.
Com todo o respeito que me havia inspirado, resolvi perguntar-lhe algo mais:
- Com relação a seu passado espiritual, que lhe motivou a adoptar o nome Sete, posso conhecer um pouco mais?
- Por que não, criança? - respondeu.
Nada tenho a esconder.
Espero apenas que minhas experiências possam ser úteis para inspirar alguém mais, além de mim mesmo, na defesa do bem e da paz.
No antigo Egipto, fui um dos soldados que defendiam os templos da cidade dos faraós, um deles em especial.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 2 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jul 21, 2014 9:37 pm

Ali, muito inexperiente ainda, na posição de guardião dos mistérios antigos, logo, logo o poder me subiu à cabeça e comecei a utilizá-lo em meu próprio benefício.
Mais tarde, em outra reencarnação, agora na Mesopotâmia, por ocasião da invasão de Dário, o Persa, assumi o comando de uma multidão de soldados, já com alguma experiência arquivada em minha memória espiritual.
Na Grécia, fui Seleuco, o general orgulhoso de Alexandre, o Grande. com ainda maiores recursos à minha disposição, abusei tanto do poder militar quanto da sexualidade, a qual, segundo julgo, utilizei de maneira comprometedora.
Tive também a oportunidade de comandar um grupo de bárbaros em outra vida, os quais induzi a um massacre que ainda hoje me pesa na contabilidade espiritual.
Participei dos batalhões de Tito, o general romano que invadiu Jerusalém no ano 70 d.C.
Nessa ocasião fui eu grande guerreiro, hábil nas artimanhas da guerra e conselheiro do portentoso oficial romano.
Novamente experimentei o poder militar quando participei das Cruzadas, na Idade Média, e, finalmente, na Primeira Guerra Mundial tive um papel destacado, desenvolvendo estratégias de guerra e comandando homens valorosos em diversas batalhas.
Note, portanto, que por sete vezes vivi de perto e intensamente o poder militar, a guerra, as intrigas políticas e as habilidades estratégicas.
Adquiri larga experiência, nada desprezível.
É natural que aqui, depois da morte física, essa bagagem espiritual e esse conhecimento sejam utilizados com vistas a auxiliar.
É da lei que possamos reavaliar nossa conduta e ajudar aqueles que no passado prejudicamos.
Escolhi o nome Sete não por algum valor cabalístico, mas porque me lembra constantemente meu passado espiritual.
- Você teve apenas experiências reencarnatórias na área militar?
- De forma alguma, como já lhe disse.
Das oportunidades de lidar com o poder militar guardo na memória apenas essas ocasiões às quais me referi.
Contudo, outras tantas vezes estive na Terra de posse de corpos físicos que me proporcionaram tantas outras aquisições para meu espírito.
Ao recordar-me da expressão utilizada por Pai João, referindo-se a Sete como um de seus meninos, decidi indagá-lo sobre o nome dado aos guardiões:
- Por que a denominação de exu, e não apenas guardião?
- Exu é uma palavra comum ao vocabulário do candomblé e dos demais cultos de influência africana, usada também em algumas tendas de umbanda.
Mas os nomes, em si mesmos, têm a finalidade apenas de nos identificar; não é importante que nos chamem deste ou daquele jeito.
Para mim, tanto faz, pois deixo a vocês a incumbência de se ajeitarem quanto ao termo empregado.
Na umbanda e no candomblé somos chamados de exus, porém, em outras doutrinas ou religiões os nomes mudam.
Não faz diferença, somos apenas guardiões a serviço do bem, da justiça e da paz.
Após breve pausa, como que para estruturar seu pensamento, disse:
- De qualquer forma, é interessante observar o sentido original do termo exu, que representa, no contexto da mitologia africana, o princípio negativo do universo, em oposição a orixá, que seria a polaridade positiva.
Os exus são, por outro lado, entidades que actuam como elemento de equilíbrio e de ligação com o aspecto negativo da vida e com os seres que se apresentam como marginais do plano astral.
Nunca havia pensado por esse ângulo.
O soldado do mundo astral continuou:
- Na verdade, Exu é uma força da natureza, a contrapartida de Orixá.
Tudo é duplo na natureza, tudo possui a polaridade positiva e a negativa:
homem e mulher, masculino e feminino, luz e sombra ou yang e yin, na terminologia chinesa.
São apenas duas faces de uma mesma realidade, una, cósmica.
Assim sendo, para a cultura africana, Orixá representa o lado positivo, enquanto Exu, o lado negativo.
Repare:
negativo, e não mal; apenas o oposto, a polaridade.
Exu é força de equilíbrio da natureza.
É a força da criação, é o princípio de tudo, é nascimento.
Exu representa o equilíbrio negativo do universo, o que não quer dizer coisa ruim.
Exu é a célula da criação da vida, aquele que gera o conflito, variadas vezes.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 2 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jul 21, 2014 9:37 pm

Refiro-me ao conflito que promove o progresso do ser. Exu está presente, mais que em tudo e todos, na concepção global da existência.
Nada é somente positivo, a existência em si tem dois lados opostos e, ao mesmo tempo, complementares.
Isso é Exu, na concepção de força da natureza e na cosmologia africana.
É, ainda, a propriedade dinâmica de tudo que possui vida.
Como entidade reencarnante ou como espírito imortal, exu representa a abertura de todos os caminhos e a saída de todos os problemas.
Exu é o guardião dos templos, das casas, das cidades e das pessoas, e também é vaidoso e viril.
É o intermediário entre os homens e os deuses, na concepção africana.
Entendi, com essa conversa, muita coisa que antes não tivera coragem ou mesmo oportunidade de perguntar.
Creio que o diálogo com o guardião a serviço de João Cobú havia então aberto minha cabeça para meditar em muitas coisas a partir daquele momento.
Comecei a avaliar como os espiritualistas, os espíritas e também muitos umbandistas, perdiam em conhecimento e sabedoria ao tratar os chamados exus de forma desrespeitosa ou preconceituosa, reduzindo-os a simples obsessores.
Creio que temos ainda muita coisa a pesquisar no campo das realidades espirituais e que não podemos, de modo algum, colocar um ponto final em certas questões.
No máximo, no que tange ao conhecimento de entidades espirituais, podemos acrescentar reticências.
Tomando mais uma vez a palavra, o guardião complementou:
- Para não deixar dúvidas, criança:
existe Exu como força da natureza - portanto, uma energia ou vibração não encarnante - e existem os exus - entidades que se agrupam devido à afinidade com essa vibração maior, que é a força ou vibração Exu, o oposto de Orixá.
No meu caso, sou apenas uma entidade, denominada exu, como tal, agrupo em torno de mim outros espíritos, os guardiões, que são afins com essa força maior, de pólo negativo, chamada Exu.
Somos elementos de equilíbrio para evitar o caos.
E, certificando-se de que compreendi sua exposição, concluiu:
- Agora, preste atenção.
Ocorre entre nós algo semelhante ao que acontece em um exército, no qual há os militares mais conscientes de suas responsabilidades e também aqueles recentemente alistados, sem consciência tão ampla assim.
De um lado, temos os exus superiores, guardiões mais responsáveis, que não se prestam a objectivos frívolos nem compactuam com os chamados despachos ou ebós, recurso compartilhado por ignorantes dos dois planos da vida.
De outro, estão os exus menores, aqueles que poderíamos chamar de recrutas, e os guardiões particulares, que, não tendo ainda maiores esclarecimentos, são subordinados ao alto comando.
No entanto, todos têm seu livre-arbítrio, e, vez por outra, esses guardiões de vibração inferior entram em sintonia com os homens e médiuns ignorantes, estabelecendo com eles uma ligação energética doentia ou infeliz.
- É boa a analogia com as corporações militares dos encarnados...
Do soldado ao general, as responsabilidades variam muito.
- Isso mesmo, criança! - exclamou o guardião.
Quanto a mim, estou aqui para auxiliá-los na pesquisa que realizam, mas actuo também como elo de ligação com os locais que visitarão a partir de agora.
Após todas as minhas perguntas, o guardião deu por encerrada nossa conversa, indicando que era hora de mudar de actividade.
Um pouco afastados permaneceram Pai João, Vovó Catarina, Wallace e os demais guardiões que nos acompanhavam.
Todos sabiam respeitar a minha curiosidade inata e a necessidade de conhecimento.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jul 21, 2014 9:37 pm

CAPÍTULO 10 - GOÉCIA

O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma imensidade de fenómenos sobre os quais a ignorância teceu um sem-número de fábulas, em que os factos se apresentam exagerados pela imaginação.
O conhecimento lúcido dessas duas ciências que, a bem dizer, formam uma única, mostrando a realidade das coisas e suas verdadeiras causas, constitui o melhor preservativo contra as ideias supersticiosas, porque revela o que é possível e o que é impossível, o que está nas leis da Natureza e o que não passa de ridícula crendice.

Allan Kardec em O Livro dos Espíritos.
Poder oculto, talismãs e feiticeiros, item 555.

Já estávamos próximos ao terreiro ao qual nos dirigíamos, na Crosta.
Quando chegamos, o ambiente externo estava fervilhando de entidades e de pessoas encarnadas.
Uma fileira de seres desencarnados, que identifiquei como as falanges de guardiões, formava uma espécie de muralha em torno da construção física.
Era a falange de Exu - os guardiões do templo.
Aproximamo-nos vibratoriamente da tenda, que se dizia umbandista.
Creio que, na verdade, a forma de culto que presenciávamos ali era um misto de umbanda e candomblé.
O batuque era alto; os homens responsáveis pelos tambores pareciam em êxtase.
No meio do salão, todo enfeitado com bandeirolas coloridas, um círculo de pessoas dançava a música cadenciada.
Os médiuns do terreiro, todos com vestes bastante coloridas, dançavam sob a influência dos atabaques e demais tambores, tocados num determinado ritmo.
Algo estranho, porém, acontecia naquele ambiente.
Um a um, os médiuns, de acordo com o cântico que entoavam, em idiomas próprios de cultos assim, pareciam entrar em transe.
Contudo, não havia espíritos envolvendo-os.
De cada médium do terreiro exalava uma cota intensa de ectoplasma, na forma de um vapor luminoso, que pairava a seu redor.
Vovó Catarina, notando minha curiosidade e a de Wallace, começou com as explicações:
- Este não é um templo umbandista.
Os dirigentes desta tenda, não possuindo maiores esclarecimentos sobre as leis da umbanda, adoptaram o nome sagrado e se auto denominam umbandistas.
Mas, veja, Ângelo, que ainda estão presos a antigos rituais, de procedência africana.
Elementos como os atabaques, os cânticos na língua ioruba e os demais apetrechos que observamos já denotam que não é uma tenda umbandista.
A multidão que comparece ao culto é atraída pela música, os cânticos e rituais; não há, entretanto, nenhum ensinamento de ordem moral.
Também se pode notar que neste terreiro os médiuns cultuam os orixás à semelhança do candomblé.
Na umbanda, é diferente.
Reconhecem-se apenas sete orixás, e os respeitamos como vibrações das forças da natureza.
- As roupas coloridas dizem alguma coisa a respeito dos médiuns? - perguntei.
É uma forma de identificação?
- Neste tipo de culto, cada cor representa um orixá, de acordo com o sistema de crenças de nossos irmãos do candomblé.
Isso significa que cada médium está vestido com as cores associadas a seu santo ou orixá.
Na umbanda, não se utiliza este tipo de simbologia.
Os médiuns umbandistas usam a roupa branca, como característica de simplicidade, e não entoam cantos rituais em idiomas que não o português, abolindo inclusive o uso de atabaques.
Mas não nos fixemos na aparência.
Examinemos a simbologia dos orixás, para que você possa compreender o significado de cada um.
- Sim, meu filho - interferiu Pai João.
E importante compreender o que sejam os orixás e sua actuação no mundo.
A parte todo o ritual e as práticas que soam como excessos para nós, convém entender o que está por detrás da alegoria.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jul 21, 2014 9:38 pm

Orixá é uma força viva da natureza, por vezes confundido com os elementais que se afinizam com suas vibrações.
Podemos dizer que orixá é uma vibração cósmica, sendo assim, não se equipara aos seres desencarnados que incorporam em seus médiuns.
Como vibração e energia primordial, os orixás tal e qual guardam determinadas características que se assemelham muito às de certos santos do culto católico.
Daí, faz todo sentido o chamado sincretismo, aspecto muito marcante e interessante da cultura brasileira.
Mas não significa que os orixás sejam tais santos, absolutamente.
São princípios activos, não encarnantes e se porventura a umbanda utiliza imagens de santos católicos para simbolizar os orixás, é apenas a fim de estabelecer uma conexão mental entre o povo e as verdades da umbanda, através da crença popular.
- Não entendi muito bem - respondi.
- Vamos citar exemplos, meu filho - tornou Pai João.
- Oxalá representa uma vibração que é responsável pela energia da paz.
Também está associado ao elemento masculino ou yang, como queira classificar.
Iemanjá, por sua vez, está ligada à água, simbolizando o elemento feminino.
Porém, Oxalá não é Jesus, nem Iemanjá é Nossa Senhora, como pode sugerir o sincretismo.
Se o culto umbandista lança mão das imagens de Nosso Senhor e Nossa Senhora para representar os orixás que lhes correspondem, é em virtude da necessidade popular de uma referência material para compreender as coisas espirituais.
Os leigos, a população em geral teria dificuldade em entender o que seja uma vibração, é um conceito abstracto.
No entanto, quando tais vibrações, como a paz e o elemento masculino, são representadas pela imagem de Jesus, estabelece-se imediatamente um ponto de contacto entre o indivíduo e a vibração de seu orixá.
Muitos ainda precisam de elementos materiais para alcançar realidades que estão no plano infinito da criação.
- Isso mesmo - falou Vovó Catarina.
As semelhanças de cada orixá-vibração com os santos católicos são apenas superficiais, simbólicas ou imagéticas, poderíamos dizer, embora os seres canonizados pela Igreja tenham tido, durante suas vidas, características que remetessem a este ou aquele orixá.
Explicando melhor:
sendo Oxalá uma vibração do elemento masculino, positiva, força activa e fecundante, assemelha-se, pois, a Jesus, Nosso Senhor, sob cuja tutela e orientação a vibração de Oxalá actua.
Do mesmo modo, os demais orixás, na umbanda, são identificados, conforme a vibração de cada um, com este ou aquele personagem reverenciado como santo.
Ainda sobre a natureza do orixá-vibração Oxalá, vale dizer que é ele o responsável por reger o chacra coronário e está relacionado ao corpo mais superior do espírito, o sétimo corpo espiritual, o corpo átmico, segundo o septenário espiritualista.
Pai João continuou a explicação:
- Iemanjá, que, por sua vez, está associada ao elemento feminino, à lua e às marés, representa a sensibilidade e a emoção.
A vibração de Iemanjá está intimamente ligada ao chacra frontal e ao corpo búdico, devido à função e às características dessas estruturas.
A seguir, temos a vibração Yori, relacionada com o laríngeo e o corpo mental superior.
Xangô, em sua vibração original, está associado ao chacra cardíaco e, por conseguinte, ao corpo mental inferior ou concreto.
Isso se deve ao facto de que a vibração Xangô, ou o orixá Xangô, traduz justiça, equilíbrio e verdade.
Ogum, que possui uma vibração mais intensa, tem características que se assemelham ao chacra umbilical; está na posição vibratória do corpo astral, das emoções fortes e passionais.
Já Oxóssi, ligado à natureza e às florestas, às curas e à força prânica, relaciona-se ao chacra esplénico e, desse modo, ao duplo etérico, que é o harmonizador das energias da aura.
Finalmente, a vibração de Yorimá simboliza os pretos-velhos e está associada ao chacra básico, pois as entidades que vibram na forma de pretos-velhos trabalham com o ectoplasma e directamente ligados à sabedoria e à manipulação de fluidos densos.
- Então é correcto afirmar que os orixás não são seres que um dia estiveram encarnados?
- Precisamente. São apenas vibrações.
Contudo, na umbanda, existem entidades espirituais que correspondem ou traduzem essa vibração.
Classificam-se como orixás menores, que, por sua vez, se fazem representar por caboclos e outros espíritos que habitualmente se apresentam na umbanda, como pais-velhos e crianças, estas, em alguns locais, conhecidas como erês.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 2 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jul 21, 2014 9:38 pm

Os orixás menores são espíritos de seres que um dia estiveram encarnados, e sua função é sobretudo interpretar as leis e as vibrações originais dos chamados orixás maiores ou vibrações, que citamos anteriormente.
- Mas existe alguma diferença entre os orixás do candomblé e aqueles aceitos na umbanda?
- Com certeza, meu filho - tornou Pai João.
Na umbanda, aceitam-se apenas os sete orixás que comentamos.
A umbanda respeita a riqueza do culto afro, representado no candomblé, mas o referencial para os trabalhos umbandistas são apenas os sete principais orixás-vibração originais, que representam também os sete planos vibratórios do universo, os sete chacras e os sete corpos espirituais. .
- Agora, de volta ao que conversamos há pouco, este terreiro aqui é ou não uma tenda de umbanda?
- Como lhe disse, embora nossos irmãos utilizem o sagrado nome da umbanda - foi a vez de Vovó Catarina - não detêm a umbanda, ou seja, a lei maior concedida à humanidade.
Presenciamos um ritual complexo e podemos notar que ainda se encontram num estágio de transição entre o candomblé e a umbanda.
Assim como existem muitos centros que se intitulam espíritas e não o são, assim também ocorre com a utilização do nome umbanda.
Observe o ritual dos orixás e como ele se desenrola.
Há algum tempo, mesmo conversando com as entidades amigas, eu permanecia de olho no que se passava no terreiro.
Na realidade, era um barracão, termo do qual tomei conhecimento e que é próprio do candomblé.
Pai João deu seguimento a nossa conversa, esclarecendo:
- Há ainda outro aspecto a analisar.
Considerando alguns dos orixás mais conhecidos no Brasil, tanto na umbanda quanto no candomblé, podemos identificar algo especial no comportamento das pessoas que nascem sob a influência ou se sintonizam com este ou aquele orixá, como força cósmica.
Não abordaremos questões doutrinárias nem a narrativa mitológica que envolve os orixás, protagonistas de muitas histórias, à semelhança dos deuses gregos.
Prefiro enfocar os orixás sob o ponto de vista psicológico, arquetípico.
Por exemplo: o arquétipo de Ogum é o das pessoas enérgicas, às vezes briguentas e impulsivas.
Perseguem seus objectivos sem se desencorajar facilmente; nos momentos difíceis, triunfam onde qualquer outro teria abandonado o combate e perdido toda a esperança.
Os filhos de Ogum, como se costuma dizer, são indivíduos de humor mutável e
transitam com naturalidade de furiosos acessos de raiva ao mais tranquilo dos comportamentos.
Finalmente, Ogum é o arquétipo das pessoas impetuosas e arrogantes, que tendem a melindrar os outros por uma certa falta de discrição, quando alguém lhes presta serviços.
Francos e sinceros ao extremo, não pensam duas vezes antes de se expressar, mesmo sob o risco de ofenderem as pessoas com as quais se relacionam, devido à sua extrema franqueza.
Neste ponto, pareciam-me infinitas as possibilidades de interpretação do conhecimento dos orixás, tamanha a complexidade da cultura ligada a eles.
- Examinemos Oxóssi - prosseguiu Pai João.
Irmão de Ogum, na mitologia, o arquétipo de Oxóssi é bem diverso.
Representa as pessoas espertas, rápidas, donas de notável agilidade, sempre em alerta e em movimento.
Cheias de iniciativa, estão sempre em busca de novas descobertas e novas actividades, mas possuem grande senso de responsabilidade e de cuidado com a família.
Podemos citar também o tipo psicológico Xangô.
O arquétipo desse orixá é o das pessoas voluntariosas e enérgicas, altivas e conscientes de sua importância, real ou suposta.
Podem ser grandes cavalheiros, senhores corteses, mas não toleram a menor contrariedade e, nesses casos, deixam-se possuir por crises de cólera, violentas e incontroláveis.
Por isso Xangô é associado ao trovão.
Os filhos de Xangô em geral possuem um senso de justiça muito apurado.
Após alguns instantes para que pudesse fazer minhas anotações, o preto-velho continuou:
- Outro tipo psicológico digno de estudo por parte dos psicólogos é Iansã, cujo comportamento já foi tema de filmes e músicas de nossos irmãos encarnados.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jul 21, 2014 9:38 pm

O arquétipo de Iansã é o das mulheres audaciosas, poderosas e autoritárias. Indivíduos que podem ser fiéis e de lealdade absoluta em certas circunstâncias, mas que, em outros momentos, quando contrariadas em seus projectos e empreendimentos, deixam-se levar a manifestações da mais extrema cólera.
São mulheres de temperamento sensual e voluptuoso, que pode levá-las a múltiplas e frequentes aventuras amorosas extraconjugais, sem reserva nem decência, facto que não as impede de continuar muito ciumentas com seus maridos, por elas mesmas enganados.
Por outro lado, Oxum, orixá do amor, tem comportamento emocional e social, tanto quanto tipo físico bem distintos.
O arquétipo de Oxum é o das mulheres graciosas, com paixão pelas jóias, perfumes e vestimentas caras.
É o tipo das mulheres que são símbolos de charme e beleza, também voluptuosas e sensuais, porém mais reservadas e refinadas que as do tipo psicológico Iansã.
- Há outros arquétipos associados à figura feminina?
- Um orixá muito conhecido pelo Brasil afora é Iemanjá, representativo da polaridade feminina por excelência.
As filhas de Iemanjá costumam ser voluntariosas, fortes, rigorosas, protectoras, altivas e, algumas vezes, impetuosas e arrogantes.
Fazem-se respeitar e são justas, mas bastante formais.
Têm o hábito de por à prova as amizades que lhe são devotadas, mas preocupam-se muito com os outros; são sérias e maternais.
Existe outro orixá cultuado no candomblé que também é muito conhecido.
Falo de Omulu, que, no sincretismo, corresponde a São Lázaro.
O arquétipo de Omulu é o das pessoas com tendências masoquistas, que gostam de exibir seus sofrimentos e tristezas, dos quais tiram uma satisfação íntima, um tanto mórbida.
Podem atingir situações materiais invejáveis e rejeitar, um belo dia, todas essas vantagens, alegando certos escrúpulos, imaginários.
Vivem a sofrer por problemas que jamais ocorrerão.
- E a personalidade arquetípica de Oxalá, qual é?
- Oxalá, sincretizado e representado pela figura de Jesus, é um orixá que merece ser pesquisado em suas manifestações psicológicas.
O arquétipo de Oxalá é o das pessoas calmas e dignas de confiança, respeitáveis e reservadas, dotadas de força de vontade inquebrantável, que nada pode abalar.
Modificam seus planos e projectos para não ferir susceptibilidades alheias, a despeito das convicções pessoais e dos argumentos racionais.
Todavia, sabem aceitar, sem reclamar, os resultados amargos muitas vezes daí decorrentes.
A medida que Pai João explicava sua visão psicológica do panteão de deuses e orixás, meu entendimento se dilatava.
Sinceramente, jamais havia pensado que o culto aos orixás pudesse ser visto sob a óptica da psicologia.
Essa explicação era algo novo para mim.
Na verdade, a partir desse momento, passei a reverenciar com mais profundidade a sabedoria dos pretos-velhos que nos acompanhavam.
São verdadeiros psicólogos espirituais, disfarçados na aparência simples do negro, ex-escravo.
Conhecedores do sofrimento humano, aliam sua sabedoria ao conhecimento ancestral.
No caso de Pai João, há também experiência suficiente para dar profunda interpretação psicológica ao conteúdo místico do culto aos orixás.
Por algum tempo, fiquei tão imerso nas explicações do preto-velho que quase me abstraí do ambiente, observando a dança dos médiuns daquele terreiro.
As pessoas dançavam sob a influência dos tambores.
Algumas carregavam bacias de barro com apetrechos do culto, enquanto outros vinham logo atrás, segurando velas, animais sacrificados e garrafas com bebida.
Depois de ouvir as explicações psicológicas do espírito João Cobú, aquilo que eu presenciava na forma externa do culto parecia destoar do conhecimento transmitido pelo preto-velho.
Observava agora a parte material, visível aos olhos dos encarnados; em grande parte das vezes, seu sentido oculto, real, permanecia ignorado por aqueles próprios que praticam esses rituais.
As tais bacias, chamadas alguidares, conforme me indicara Wallace, portavam todo o conteúdo material; simultaneamente, possuíam valor simbólico.
Transportadas sob palmas e cânticos dos fiéis, levavam as oferendas que seriam entregues às entidades que cultuavam.
Notando minha curiosidade, Vovó Catarina esclareceu:
- O que você vê neste alguidar de barro é um condensador energético.
O ebó ou a oferenda conduz uma espécie de energia mental coagulada, compactada, que nos leva a classificar todo esse material, que faz parte desse tipo de ritual, como um potente condensador ou coagulador de energias.
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