LUZ ESPÍRITA
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 22, 2014 9:41 pm

Quando o responsável pelo culto realiza a entrega da oferenda, canalizando suas energias mentais para que se acumule nos apetrechos ritualísticos, imediatamente forma-se no astral uma contraparte etérica do objecto.
É nessa contraparte ou duplicata astral que subsiste todo o conteúdo energético, etérico do chamado ebó, feitiço ou oferenda.
Observemos agora, no outro barracão, o que ocorrerá.
Deixamos as cantigas e a festa para os orixás e nos dirigimos a um outro aposento, mais reservado, onde, a meia-luz, reuniam-se algumas pessoas.
Um grupo diferente se formava.
Havia um círculo de homens e mulheres e no centro, um homem vestido com estranhas vestes nas cores preta e vermelha.
- Este é o representante desta comunidade - falou Pai João.
- É o feiticeiro? - perguntei.
- Talvez você possa chamá-lo assim; entretanto, esse não é o nome mais apropriado.
Mas atente bem para o que ocorrerá.
Você poderá extrair algumas lições proveitosas.
Olhei mais detidamente e vi que o homem, o Pai-de-santo, tinha nas mãos um sapo de cor muito estranha.
Enquanto isso, as pessoas que faziam o círculo em torno dele pareciam rezar numa língua desconhecida para mim.
Só pude entender o que faziam porque seus pensamentos falavam mais alto que suas palavras.
De repente o homem no centro do círculo fez um sinal com a mão direita e todos se calaram.
- Venha aqui dentro - o pai-de-santo chamou alguém, que assistia a tudo, fora do círculo de iniciados.
Venha aqui e vomite neste sapo toda a sua indignação e raiva.
O homem que adentrara o ambiente era o um senhor de aproximadamente 40 anos de idade.
Sua expressão fisionómica dizia a respeito do vulcão de emoções que era seu interior.
Tomando o sapo nas mãos, parecia concentrar-se.
- Olhe bem, Ângelo - falou Pai João.
Saía da cabeça e da região do estômago do homem uma rede negra de fluidos densos, que se entrelaçava com a energia mórbida exalada das narinas e da boca do pai-de-santo.
A cena era horripilante.
Vovó Catarina tocou-me de leve e elucidou:
- Repare, Ângelo, que os dois homens estão em processo evidente de magnetização do sapo, que, neste caso, serve como condensador energético.
- Quem você quer prejudicar? - instigava o Pai-de-santo.
Diga, com toda a raiva que está guardada dentro de você...
- Meu patrão! Aquele miserável! - respondeu aquele senhor.
- Qual é o nome dele?
Fale e descarregue todo o ódio que é capaz... - o pai-de-santo era dotado de imensa força mental.
- Alberto Nogueira!
O homem estava desfigurado, mas as vibrações que emitia eram ainda mais assustadoras.
Desta vez foi Pai João quem explicou:
- O ódio acumulado pelo infeliz companheiro contra seu patrão será transformado e condensado na estrutura energética do sapo.
Aliás, como sabemos, o sapo é uma espécie que sobrevive nos pântanos, charcos e lamas.
Portanto, nutre-se e exala uma espécie de fluido mórbido, extraído dos locais e da podridão onde vive.
A utilização desse animal não é aleatória: é o preferido dos magos negros encarnados para a realização deste tipo de imantação magnética que, por si só, é abominável.
Aliado à notável capacidade mental e anímica do pai-de-santo, que serve de médium, o ódio do homem que pede a vingança é transformado em pura vibração magnética.
O sapo acumula a energia inferior exalada por ambos.
Neste caso, nosso irmão Alberto Nogueira, para o qual se destina o encantamento, se transforma naquilo que chamamos de endereço vibratório.
Ele é o alvo da trama diabólica.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 22, 2014 9:41 pm

Após a magnetização, ambos saíram do cómodo privativo.
Poucos, entre os presentes, tinham conhecimento acerca do que se passara ali dentro; parece que somente alguns mais chegados ao feiticeiro sabiam de suas artimanhas.
Aqueles que dançavam e cantavam para os orixás não imaginavam que, por trás de toda a opulência e a aparência rica das festividades, delineava-se, naquela mesma noite, uma trama de graves consequências.
- Nosso irmão magnetizador - falou Pai João - tenta ignorar as leis de causa e efeito e acredita que ele próprio está acima dessa lei.
A chamada lei de retorno vibratório fatalmente fará com que ambos recebam de volta uma determinada cota de energia, de padrão idêntico à que foi manipulada aqui, nesta noite.
Tudo o que emitimos a partir de nossa mente, seja bom ou mal, beneficia ou maltrata a nós próprios.
Vejamos agora, Ângelo, o que sucede no plano astral com relação aos fluidos aglutinados em torno do sapo, que, como dissemos, é o condensador das energias vibradas neste episódio infeliz.
Saímos todos do terreno correspondente àquela casa, no plano físico, e flutuamos para uma região acima do ambiente.
Observei os fluidos que envolviam o local, que poderia ser identificado como a área de abrangência astral daquele terreiro.
Estavam como que em ebulição.
Havia um mar de fluidos de cores cinza e verde - uma estranha mistura - que se aglutinavam, formando uma duplicata dos apetrechos utilizados, no barracão, pelo homem que fizera o feitiço.
Vovó Catarina pediu para fixar mais a atenção, e assim procedi. .
Notei que a duplicata astral dos objectos magnetizados irradiava uma estranha substância em torno de si, uma névoa de matéria ectoplásmica.
Pai João esclareceu:
- Toda vez que alguém faz determinada manipulação magnética utilizando objectos materiais e concentrando neles sua energia mental e emocional, forma-se imediatamente, no ambiente astral, uma duplicata etérica para a qual são transferidas as energias acumuladas, como você pode perceber.
Na verdade, meu filho, o objecto material utilizado no ritual tem pouca importância.
Ele é apenas um acumulador; portanto, funciona como uma muleta psíquica, que auxilia a mente na criação da duplicata etérica.
Nessa duplicata é que reside todo o conteúdo energético e emocional, que, a partir de então, gravitará em torno do indivíduo visado, a que denominamos endereço vibratório.
A visão simultânea daquilo que o preto-velho relatava era aterradora.
Ele prosseguia:
- O duplo astral, irradiando permanentemente energia inferior, terá uma vida real, embora estruturada nas vibrações próprias do ambiente astralino.
A duração de sua existência será proporcional à vontade do magnetizador, à sua disciplina mental firme e persistente, bem como ao conteúdo emocional emitido na hora do encantamento e mantido posteriormente.
Essa energia ficará suspensa em torno do endereço vibratório, ou seja, da pessoa que se deseja prejudicar, até que ofereça condição favorável para que os fluidos mórbidos sejam por ela absorvidos.
A aura da pessoa enfeitiçada ou visada pelo processo obsessivo sentirá o impacto violento das vibrações como danos mais ou menos profundos, de acordo com a sensibilidade do indivíduo e a força geradora do princípio mórbido.
- E quais condições favoreceriam a descida vibratória do fluido mórbido para o indivíduo em questão?
- Naturalmente temos que considerar as defesas psíquicas de cada um, a vibração ou sintonia individual.
Por outro lado, as pessoas em geral estão sujeitas a estados psíquicos e emocionais muito oscilantes em seu dia-a-dia.
A depressão, a angústia, as fobias e mesmo os comportamentos ditos desregrados, aos quais os indivíduos por vezes se entregam, fazem com que haja um rebaixamento vibratório, que favorece a absorção do morbofluido.
No instante em que há essa abertura, o cúmulo energético ou borrão astral de energias densas, contagiosas e demais elementos infecciosos são despejados sobre a aura ou campo magnético individual.
A tela atómica ou etérica do indivíduo, estrutura que se localiza entre o duplo etérico e o perispirito e é responsável pela defesa psíquica e imunológica, literalmente se rasga e é afectada.
É muito semelhante ao que ocorre com a camada de ozónio em torno da Terra, em resposta às agressões ambientais; pode mesmo comparar essa película protectora que envolve o indivíduo com a tela etérica.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 22, 2014 9:41 pm

Uma vez afectado o campo etérico pelas causas citadas, torna-se muito fácil que fluidos energias infecciosas sejam absorvidos pela aura de qualquer pessoa.
- E durante quanto tempo a duplicata astral gravitará em torno do campo mental do endereço vibratório, até que seja inteiramente absorvida?
- Por um tempo muito longo, às vezes.
Há casos em que o encantamento ou enfeitiçamento foi feito há séculos, e somente na presente encarnação é que a duplicata astral despeja seu conteúdo mórbido na aura do endereço vibratório.
Magos negros do antigo Egipto ou Mesopotâmia, ou de povos mais antigos ainda, desenvolveram capacidade espantosa de estruturar duplicatas astrais, com seu magnetismo.
São criações mentais tão fortes e permanentes que, às vezes, têm duração de séculos, independentemente de as inteligências que as geraram já terem reencarnado várias vezes.
- Então essas energias poderão permanecer tanto tempo assim sem serem diluídas ou absorvidas pelos elementos da natureza astral?
- É verdade, Ângelo - anuiu o pai-velho.
Esses bolsões de energia mórbida ou, como dizem nossos irmãos esotéricos, essas egrégoras de vibração barôntica podem durar séculos sem ser consumidas ou desagregadas.
Para citar um exemplo, que o fará compreender melhor, basta recordar o que ocorreu com as maldições dos faraós.
Os magos egípcios, ou os anteriores a eles, que elaboraram as famosas pirâmides, criaram cúmulos energéticos conhecidos como maldições pela crença popular.
Quando os desbravadores e arqueólogos adentraram as câmaras mortuárias, já no século XX, detonaram o conteúdo das duplicatas astrais mantidas naquele ambiente durante séculos e milénios.
Um a um foram apresentando enfermidades e mortes consideradas misteriosas.
O fluido nocivo acumulado nas próprias pirâmides se esgotou por completo nas auras dos primeiros visitantes.
A história registar os factos, muitas vezes, sem alcançar a explicação das causas e das leis que regulam as ocorrências.
- E como se faz então para desmanchar o tal enfeitiçamento ou destruir a causa geradora de todo esse mal?
Basta ao indivíduo modificar sua intimidade e seus comportamentos?
- Não é tão simples assim, Ângelo, até porque a dita reforma íntima não é tão elementar, como querem alguns.
Veja que muitas pessoas que procuram as casas espíritas e umbandistas são orientadas a fazer preces, tomar passes e modificar suas atitudes e padrões de comportamento.
Mesmo assim procedendo, não melhoram.
Por quê? Por qual razão essas pessoas passam anos e anos tratando-se em reuniões de desobsessão e não alcançam resultados satisfatórios?
Será que isso se deve ao facto de que não se reformaram interiormente?
- Será que fizeram sua parte no tratamento? - perguntei.
- Imagine que, no presente caso, o indivíduo se modifique, procure se esforçar para reformular suas tendências e seus comportamentos e siga direitinho as receitas prontas de santificação compulsória que vemos por aí.
E, mesmo assim, como acontece repetidas vezes, não melhore.
Em casos como esse - continuou Pai João - os dirigentes das reuniões mediúnicas e do centro dizem simplesmente que o indivíduo não está fazendo sua parte.
E pronto, está emitida a sentença.
No fundo, no fundo, não é isso o que ocorre.
De maneira geral, e lamentavelmente, os centros espíritas e agrupamentos mediúnicos não têm por hábito estudar os mecanismos da chamada magia negra, dos enfeitiçamentos e temas similares.
Aliás, em diversos locais, é quase uma heresia falar sobre o assunto.
Existem até espíritos, que se dizem mentores, que desconhecem a realidade dos feitiços.
Aí pai-velho pergunta: de que adianta a tentativa de doutrinação das entidades envolvidas em casos semelhantes, se os médiuns desconhecem em absoluto os mecanismos da manipulação energética?
- Ainda que se tenha êxito, doutrinando-se o chamado obsessor, as duplicatas astrais permanecem activas e, em muitas ocasiões, gravitando em torno de seus endereços vibratórios - concluí.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 22, 2014 9:42 pm

- Exactamente - retornou o espírito amigo.
Frequentemente o obsediado, como é conhecido no meio espírita e umbandista, está fazendo sua parte, contudo, não melhora.
Será que esse fato não se deve à imaturidade do agrupamento mediúnico, que não conhece, não quer estudar e, portanto, torna-se incapaz de lidar com os casos classificados como obsessões complexas?
É necessário aceitar que algo existe e que o desconhecemos, para haver modificação e capacitação.
Há que se abrir a mente para a realidade da magia negra e dos processos de manipulação energética.
O pai-velho fez uma breve pausa e voltou a comentar o assunto:
- Observando casos semelhantes, Ângelo, vemos que não há apenas um envolvimento de entidades consideradas simples obsessores.
Existe a actuação de magos negros desencarnados ou encarnados e em certas ocasiões, há até mesmo os encantamentos realizados no passado distante, como dissemos, cujas duplicatas astrais ainda não foram desactivadas pela acção do tempo.
Na presente encarnação, o indivíduo permanece sofrendo com a repercussão vibratória de algo que foi realizado em encarnações anteriores.
Nos estudos de apometria, esse tipo de magia antiga com consequências actuais é conhecido como arquepadia.
E, meu filho... - prosseguiu João Cobú.
Acreditamos que os médiuns da actualidade não se actualizaram.
As trevas, meu filho, têm se capacitando cada vez mais em sua metodologia de acção.
Vemos hoje a união de antigos magos negros com cientistas desencarnados inescrupulosos, a desenvolver aparelhos parasitas.
São os modernos acumuladores energéticos e mentais, que os cientistas das sombras implantam directamente no sistema nervoso de suas vítimas.
- Como agir diante de tudo isso, Pai João?
- Infelizmente, em virtude da grande carga de preconceito reinante no meio espírita, os médiuns, submissos às orientações de seus diligentes encarnados, não actualizam seus conhecimentos nem sua metodologia de desobsessão.
Paralisaram-se nas intermináveis doutrinações, muitos deles desconhecem inclusive a existência e o funcionamento dos campos energéticos, que até a física quântica já revelou.
Os campos de força, a complexidade da magia negra e a dinâmica de acção dos aparelhos parasitas são temas que deveriam estar na ordem do dia.
Pretendem abordar magos das trevas e cientistas endurecidos, hábeis na manipulação da técnica astral, com palavras decoradas do Evangelho, sem conteúdo apreciável nem vivência real.
Precisamos urgentemente actualizar a metodologia de trabalho em nossas reuniões ou continuaremos andando em círculo, num círculo fechado de pensamentos exclusivamente religiosos, distante, muito distante da ciência espírita, que é dinâmica e progressista.
- Nunca imaginei que por traz de processos obsessivos havia tanta ciência e tamanha complexidade.
- Pois é, meu filho - retornou Pai João.
A obsessão, segundo companheiro de elevada estirpe espiritual, constitui-se no mal-do-século.
Os campos de força de baixa vibração, a implantação de aparelhos parasitas, as arquepadias, assuntos tratados nos estudos de apometria, são apenas alguns pontos que merecem mais atenção.
Há, ainda, as síndromes de ressonância com o passado, que se referem a conflitos pregressos que emergem na presente encarnação, causando sérios prejuízos.
No que tange à constituição fisio-astral do ser humano, muitas dificuldades estão além dos processos de obsessão simples, fascinação e subjugação, apontados por Kardec e conhecidos no movimento espírita em geral.
Imagine que o próprio codificador, insigne representante das forças superiores, negou a existência da possessão, que foi admitida por ele mais tarde, ainda encarnado.
De lá para cá, transcorreram mais de 140 anos.
O progresso material em todas as áreas foi notável, sem precedentes.
Por que haveria de ser diferente com a metodologia das trevas?
Como eu disse antes, as trevas actualizaram seus mecanismos e métodos de influenciação.
Precisamos estimular nossos irmãos espíritas ao estudo científico e despreconceituoso.
No capítulo das obsessões complexas, como esse caso que estudamos, é preciso especialização, pesquisa e dedicação ao desenvolvimento dos poderes da mente, da vontade e de uma disciplina mental firme e vigorosa.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 22, 2014 9:42 pm

- Eu gostaria muito de observar como esses trabalhos de magia e outros semelhantes são desfeitos, ou mesmo presenciar a acção de grupos mediúnicos para a libertação das pessoas envolvidas nas chamadas obsessões complexas.
- Tenha calma, Ângelo - disse Vovó Catarina, enquanto eu observava o silêncio eloquente de Wallace, que a tudo observava atentamente.
Você terá sua oportunidade, mas, agora, convém que observemos outros detalhes interessantes e que servirão para seus estudos.
Visitaremos outro local que certamente despertará sua curiosidade.
Será que haveria algo mais, que eu não havia presenciado?
Imaginei que tudo aquilo que vira junto dos companheiros espirituais fora uma carga enorme de conhecimento, que, definitivamente, levaria muito tempo a digerir.
E ainda havia mais...
Entretanto, o espírito do jornalista estava activo dentro de mim.
A curiosidade, própria do pesquisador, deixou-me alerta.
Os acontecimentos se precipitaram.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 22, 2014 9:42 pm

CAPÍTULO 11 - A TÉCNICA DA SOMBRA

Se compararmos (...) a teoria da obsessão, contida em O livro dos médiuns com os fatos relatados na Revista Espírita, veremos que a acção dos maus Espíritos, sobre as criaturas de quem se apoderam, apresentam nuances de intensidade e duração extremamente variadas, conforme o grau de malignidade e perversidade do Espírito e, também, de acordo com o estado moral da pessoa, que lhe dá acesso mais ou menos fácil.

Allan Kardec em1 Obsessão, Estudos sobre os possessos de Morzine (artigo n).

Nossa pequena caravana deixou para trás aquele campo de trabalho, onde as vigorosas energias desencadeadas puderam ser de grande valia para o estudo e a meditação de todos nós.
Meus pensamentos fervilhavam em meu cérebro perispiritual, enquanto fazia anotações e rabiscava algumas observações para transmiti-las aos amigos encarnados no momento oportuno.
Era noite ainda, quando deslizávamos na atmosfera absorvendo o ar refrescante.
Desta vez eu não sabia para onde estávamos indo.
Pai João, Vovó Catarina, Wallace e eu, juntamente com os guardiões que nos assessoravam, nos dirigíamos a um local que somente as entidades que se apresentavam como pretos-velhos conheciam.
Pai João e Vovó Catarina entoavam uma música diferente, à medida que cantavam, os fluidos atmosféricos vibravam de maneira peculiar, ao mesmo tempo em que eram atraídos pelas auras desses companheiros abnegados:
Aruanda é longe, e ninguém vai lá...
É só os pretos-velhos que vai lá e torna a voltar:
Wallace saiu de seu silêncio com lágrimas nos olhos e disse:
- Nossos amigos entoam o chamado ponto de Aruanda.
É uma evocação das falanges espirituais às quais pertencem.
Os fluidos que se aglutinam em suas auras e nas nossas, enquanto eles entoam seu ponto de firmeza, são elementos vibratórios enviados das comunidades espirituais do Mais Alto.
Ao entoarem a cantiga de aruanda, suas mentes projectam vibrações intensas e poderosas, e assim se estabelece uma ponte entre nós e as comunidades elevadas do plano espiritual.
Notei que milhares de filamentos dourados pareciam flutuar à nossa volta.
Eram minúsculos, quase microscópios, no entanto somavam-se uns aos outros.
Brilhavam intensamente em torno de nós e formavam uma rede finíssima, que irradiava de cada um de seus filamentos uma luminosidade suave e agradável, inspirando-nos serenidade, refazendo nossas energias.
- Permanecemos muito tempo sob o impacto das vibrações inferiores, Ângelo - falou Wallace.
Precisamos nos expor em virtude das necessidades de estudo e aprendizado, porém não podemos descuidar da importância de nos retemperar nas vibrações benfazejas.
A música cantada pelos pretos-velhos estabelece uma ponte de ligação com aqueles espíritos que nos tutelam, do Alto.
Faz vibrar o ambiente astral no qual nos movimentamos, que repercute diante das ondas superiores evocadas com coração, e atrai os riquíssimos elementos de energia dispersos na natureza e condensados pelos elementais.
A música ou a cantiga, como no caso dos pontos dos pretos-velhos, eleva a vibração e reequilibra nossos pensamentos, muitas vezes vacilantes, produzindo harmonia em torno de nós.
com efeito, eu respirava mais aliviado.
Após uma pausa ligeira, Wallace prosseguiu:
- É pena que muitos amigos encarnados desconheçam o poder da alegria, da música e dos cânticos de ordem elevada, pois, do contrário, estimulariam as pessoas a cantarem mais nas casas espíritas.
Diversas vezes, as reuniões se assemelham a procissão de velório, tal o silêncio constrangedor e enganador.
- Não entendi sua classificação de silêncio enganador - comentei.
- Falo da cultura que se propagou em muitas casas espíritas, nas quais com frequência observamos uma placa com os dizeres: Silêncio é prece.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 22, 2014 9:42 pm

As pessoas costumam chegar aos templos religiosos, assentar-se próximo umas às outras, baixar a cabeça e silenciar a boca, manifestando um aspecto de equilíbrio.
Ledo engano.
O campo mental está um verdadeiro tumulto, uma algazarra, e o silêncio é apenas da boca para fora.
Seria muito mais produtivo se utilizassem o verbo abençoado para cantar, liberando emoções saudáveis e estimulando a alegria, a jovialidade.
Empregariam, assim, a força de seu pensamento em algo construtivo, visando ao bem-estar comum, isso, sim, prepararia realmente as pessoas, deixando-as receptivas à palavra do Evangelho.
A música alegre e elevada estimula a mente para criações mentais superiores e suaviza emoções conturbadas.
O ambiente espiritual em torno de nós, àquela altura, era bastante agradável, mesmo em meio à região do astral onde nos encontrávamos.
Wallace continuava nossa conversa:
- é tanto silêncio em determinadas reuniões espíritas que muita gente dorme no assento e, como se não bastasse o vexame, afirma depois que estava desdobrada.
Acordam em meio à palestra e interpretam a saliva que lhes escorre pela boca como sendo ectoplasma!
Roncam, outras vezes gritam mentalmente.
Então, podemos verificar que silêncio, pura e simplesmente, nunca foi prece.
O silêncio de muitas pessoas é eloquência mental.
Gritam de forma ensurdecedora enquanto permanecem com as bocas fechadas.
Enfim, Ângelo, precisamos da música de Aruanda em nossas casas espíritas, a música alegre e efusiva, entoada com coração.
- Acontece que, até onde sei, grande parte das casas proíbe o cantar em suas dependências, mesmo da música que eleva...
- É claro que isso ocorre com inúmeras casas espíritas.
Todavia, isso se deve principalmente a seus respectivos dirigentes, que já perderam a alegria e o estímulo de viver.
Muitos se comportam como museus ambulantes, cabisbaixos, sérios, isto é, ranzinzas, soturnos e mal-humorados.
Intentam projectar seu estado íntimo no ambiente das casas que coordenam e para justificar essa atitude infeliz, vale até dizer que não se pode cantar ou conversar por ordem dos mentores.
Se há mentores assim taciturnos, precisam é de muita prece e terapia...
- É, tem cada coisa acontecendo por aí em nome do equilíbrio e da disciplina...
- Cada casa espírita ou espiritualista é o reflexo de seu dirigente, está aí uma realidade que não podemos negar.
Se o coordenador ou a directoria da instituição se caracteriza pela morosidade, pela atitude conservadora e anti-progressista, não gosta de estudar nem as bases deixadas por Kardec, fatalmente veremos um centro espírita imerso na escuridão, com um ambiente sob enganosa penumbra, tons de cinza nas paredes e no sorriso desbotado de muitos, aliás, geralmente poucos voluntários.
Falta alegria e satisfação em servir, e toda mudança que possa arejar os velhos hábitos é a priori rejeitada.
- Por outro lado...
- Por outro lado, caso os dirigentes se caracterizem pela jovialidade, espontaneidade e alegria e sejam dados ao estudo, estimuladores do progresso espiritual, certamente presenciaremos uma reunião efusiva, descontraída, um ambiente bem iluminado por lâmpadas, sorrisos e vibrações elevadas.
As cores dessa casa reflectirão o estado íntimo de seus dirigentes e frequentadores, primando pela leveza e pelo bom-humor.
Portanto, Ângelo, por sermos adeptos fervorosos da interpretação espírita codificada por Allan Kardec, não precisamos abdicar de aprender a cantar com os pretos-velhos ou de deixar a alegria extravasar de nosso interior, celebrando a oportunidade de aprender com as leis da vida.
Sob a vibração das cantigas dos companheiros de Aruanda, nos aproximamos vibratoriamente de uma região inóspita, que se localizava geograficamente além da zona rural que visitáramos instantes atrás.
Deslizando sob os fluidos atmosféricos descemos até a superfície da Crosta, e pude então observar direito o lugar.
Era uma região montanhosa com muita vegetação ao redor.
Observei que havia uma gruta incrustada na montanha, disfarçada sob as trepadeiras e outras plantas que lhe obstruíam o acesso.
Vovó Catarina, apontando na direcção da gruta, convidou-nos a entrar.
- Precisamos permanecer atentos, sem nos dispersar - falou Catarina.
Observaremos sem sermos percebidos.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 22, 2014 9:43 pm

Não pensem que poderão interferir naquilo que verão por aqui.
Mais tarde, após as observações, e no momento oportuno, teremos chance de auxiliar.
Pai João chegou perto de mim e de Wallace, estendeu as mãos e, estalando os dedos em torno de nós, ajudou-nos na modificação da aparência perispiritual.
Notei que tanto eu quanto Wallace ficamos mais densos vibratóriamente, e nossos perispíritos pareciam mais opacos semelhantes a corpos físicos, eu diria...
- Precisamos adequar nossas vibrações à região que iremos penetrar - elucidou Catarina. Iniciamos a descida pelas entranhas da Terra.
Tivemos que andar entre as pedras, uma vez que a levitação se tornara difícil.
O local por onde passávamos assemelhava-se
a um túnel, que nos levava cada vez mais para as profundezas.
Sempre precedidos pelos guardiões, que abriam caminho em meio aos fluidos densos, estávamos geograficamente no interior da Serra do Itatiaia, no estado do Rio de Janeiro.
Aos poucos o aspecto do local se modificava, até surgir uma enorme gruta ligeiramente iluminada, com muitas estalactites e estalagmites como decoração do ambiente estranho.
Abaixo de nós, em meio ao lusco-fusco que emprestava àquele recanto sombrio uma aparência fantasmagórica, descortinava-se um imenso laboratório.
De um lado, a aparelhagem sofisticada, que não combinava com a rudeza do local.
Fiquei admirado com a tecnologia avançada, só comparável, talvez, no âmbito da realidade física, aos grandes laboratórios de nano tecnologia, bastante raros.
Imagens tridimensionais representando corpos humanos eram projectadas a partir de equipamentos equivalentes a computadores, estruturados na matéria plasmática do mundo astral.
Espíritos iam e vinham em silêncio tão sorumbático e profundo que a mim pareceu um estranho ritual.
Do outro lado do ambiente, a situação era outra.
Ocupados em desenvolver seu trabalho, que se afigurava minucioso, outros espíritos dedicavam-se à manipulação de diversas aparelhagens, cuja especificidade não me permitiu identificá-los de imediato.
Catarina nos apontou uma abertura na rocha, que deveria servir como porta.
Para lá nos encaminhamos e adentramos outro ambiente, que fazia lembrar uma enfermaria, equipada com instrumentos os mais diversos e aos quais não pude associar nenhuma utilidade.
E claro, eu jamais vira algo parecido quando encarnado, e, portanto, não havia como estabelecer comparação.
João Cobú e Catarina nos conduziram a um recanto afastado daquela sala incrustada sob as rochas.
Deitado dentro de uma cápsula de grandes proporções, havia um espírito que parecia semi-lúcido, com aparência estranha.
No interior do receptáculo, apreciável quantidade de fios saía de sua cabeça, porém sem prosseguir além de um metro de distância.
A cápsula que abrigava o espírito estava ligada, também por fios, ao computador que víramos no outro ambiente.
Pai João foi quem nos socorreu com sua explicação:
- Estamos num laboratório, meu filho - falou pausadamente.
Creio que você pode imaginar o que se passa por aqui.
Cientistas com objectivos sombrios se encontram neste, recanto, encoberto pelas rochas e cavernas, e armam as bases de suas operações.
Desenvolvem aqui uma tecnologia diabólica, já que têm a disposição a força mental e o tipo de matéria fluídica necessária, abundante no plano astral.
De posse desses elementos, tudo fica mais fácil na execução de seus planeamentos.
Criam chips, implantes e outros tipos de aparelhos microscópicos, que poderão ser utilizados para atender a diversas solicitações, envolvendo processos obsessivos complexos.
A tónica de grande parte dos aparelhos é sua actuação no sistema nervoso de suas vítimas, onde despejam, ou melhor, minam uma carga tóxica ou fluido mórbido, em carácter mais ou menos regular.
Outros são implantados no duplo etérico, a partir do qual determinam o colapso das energias vitais de seus hospedeiros.
Há ainda modelos destinados a implantes no perispirito de suas cobaias, os quais podem levar ao coma e, em casos mais graves e duradouros, ao desencarne de suas vítimas.
- E o espírito que parece semi-acordado, prisioneiro desta cápsula?
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 22, 2014 9:43 pm

- Nosso irmão é alguém que se comprometeu imensamente com as leis da vida.
Abriu campo mental e entrou em sintonia com as forças destrutivas dos magos negros.
ais espíritos diabólicos provocaram o colapso do sistema nervoso de nosso irmão, que, sem conseguir opor resistência à irradiação mental dos magos das trevas, entrou em coma após apresentar quadro clínico de difícil solução para a medicina dos homens.
Hoje ele está desprendido do corpo, que repousa no leito do hospital, onde se encontra internado há muitos dias.
- E o que ele, como espírito, faz aqui?
- Os magos negros arrastaram seu espírito para esta caverna e o confiaram aos cientistas desencarnados que aqui trabalham.
Enquanto seu corpo está em coma, o espírito permanece prisioneiro de potente campo de força.
Observe com atenção.
Fixei o olhar em torno do espírito prisioneiro e pude ver uma estranha cintilação, formando uma camada ténue, de aparência oval, envolvendo-o.
Vovó Catarina, tomando a palavra, explicou:
- O campo de força do qual se encontra cativo foi elaborado com energia de baixíssima frequência vibratória, nosso irmão está sob intensa influência hipnótica dos chamados cientistas das trevas.
Após a lavagem cerebral à qual está sendo submetido, será a vez das entidades diabólicas implantarem um chip em seu perispírito, dando desfecho ao trabalho iniciado pelos magos.
- E qual o objectivo para tudo isso?
Como o infeliz companheiro se sentirá após o implante?
- Propositadamente, seu corpo físico não morrerá de imediato.
O planeamento das entidades é levá-lo de volta ao corpo, despertando-o do coma.
Após todo o processo realizado aqui, ele se comportará como uma marionete nas mãos de seus obsessores.
Temos comparecido aqui regularmente para observar mais de perto este caso, mas acreditamos que somente agora a oportunidade de libertação está surgindo para este irmão.
- Então ele tem mérito para isso?
Ou seja, ele fez por merecer o auxílio do Alto, não é isso?
- Não é exactamente isso que se passa, Ângelo.
Não é por causa de seus próprios méritos que ele será socorrido.
Ele será beneficiado devido aos méritos de outra pessoa, portanto, roguemos a misericórdia de Deus para este filho.
- Não entendi aonde quer chegar com sua explicação - obtemperei.
- Bem, meu filho, as entidades que provocaram o coma de nosso irmão e o transferiram para esta base subcrostal têm um objectivo bem mais amplo que simplesmente prejudicar nosso irmão.
- Exactamente - continuou Catarina, após a fala de Pai João.
Temos acompanhado há algum tempo este caso e descobrimos que o indivíduo que aqui se encontra prisioneiro mantém ligação muito intensa com determinado médium, que desempenha trabalho importante, junto ao Mundo Maior.
Como as entidades malévolas não conseguiram influenciar directamente o médium, apesar de todas as investidas e dificuldades desencadeadas em sua vida, imagine o que planejaram.
- Sei! Intentam agora, prejudicando este espírito, afectar o trabalho do médium do qual vocês falaram.
- Precisamente - prosseguiu a preta-velha.
Contudo, ainda há mais coisa por trás disso tudo.
Querem transformar o infeliz, depois de retirá-lo do coma, em médium de seus desmandos.
Por isso o intenso processo de hipnose e o implante do aparelho parasita em seu perispírito.
Uma vez submetido ao poder das entidades perversas, será conduzido à mesma casa espírita onde trabalha o referido médium.
A partir daí, o aparelho parasita entraria em acção, projectando imagens de espíritos e ambientes extra físicos na mente do infeliz.
Fascinado com a mediunidade que despontaria exuberantemente, ele investiria no domínio sobre todo o agrupamento.
Afectaria e comprometeria a tarefa original, programada para o outro companheiro, que detém a verdadeira responsabilidade sobre a comunidade espírita à qual está vinculado.
Após acordar do coma, o plano dos magos e cientistas é conduzi-lo à presença de companheiros espíritas, que o verão como médium em potencial, embora esteja apenas vendo e ouvindo imagens e mensagens previamente implantadas em seu espírito.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 22, 2014 9:43 pm

- Meu Deus! - exclamei, atónito.
Nunca imaginaria que isso fosse possível.
- Isso ocorre com mais frequência do que você imagina, meu filho - tornou Pai João.
Nós, os pretos-velhos, que nos especializamos na manipulação de ectoplasma, podemos penetrar nestas bases dos subplanos do astral e impedir que tais situações sejam levadas a efeito.
Por isso nossa actuação tão intensa no astral.
Mas não nos detenhamos por aqui.
É preciso compreender o significado disso tudo a fim de auxiliar com precisão e assertividade.
- Há porventura alguma semelhança entre os processos de enfeitiçamento, que presenciamos anteriormente, e o emprego de aparelhos parasitas, como os que aqui são criados pelos espíritos cientistas?
- Embora o uso da técnica ou da nano tecnologia astral, a essência do processo é a mesma, meu filho. Tanto quanto o sapo e os demais répteis, ou ainda os diversificados objectos utilizados na feitiçaria, os aparelhos parasitas se constituem em potentes armazenadores de energia.
São transformadores ou acumuladores da intensa força psíquica desencadeada pelos criminosos contra as vítimas de sua agressão.
Contudo, há que se observar algo de particular quanto à execução do processo em si.
No caso específico dos aparelhos, chips e outros aparatos, produto da tecnologia astralina, não há um correspondente físico, o que lhes confere um certo diferencial estratégico, digamos assim, devido a sua discrição.
São instrumentos manipulados directamente na matéria astral, de acordo com os desenhos e o planeamento de seus construtores infelizes.
- Não posso compreender, Pai João, a motivação de espíritos como esses, que se prestam voluntariamente ao desenvolvimento dessa avançada técnica do lado de cá, somente para prejudicar, impedir o progresso, o bem...
- Como não, meu filho?
Na Terra não vemos se multiplicar a indústria do aborto, das drogas ou dos medicamentos manipulados por hábeis homens de ciência, que se vendem em troca do vil metal?
Porventura não são cientistas, médicos, químicos e outros especialistas que desenvolvem os produtos utilizados nas guerras químicas e biológicas, para atender aos interesses egoístas de personalidades influentes e governantes mesquinhos?
Transpostos para a dimensão astral, do lado de cá prosseguem em seu projecto abominável.
São marionetes inconscientes na mão de inteligências desencarnadas, cujos objectivos insuspeitos ainda vão além daqueles cultivados por eles e seus comparsas encarnados.
Na verdade, é como uma teia, ou uma rede inescrupulosa de domínio e subjugação:
quem submete um grupo se acha em posição de vantagem, mas, cego em virtude de seu orgulho, não percebe que está atendendo aos interesses de outros mais capazes, e assim sucessivamente.
- Compreendo...
- Portanto, o que vemos aqui também pode ser classificado como magia, se considerarmos que, no processo de obsessão complexa, isto é, com o emprego de aparelhos parasitas, também ocorre a manipulação magnética e ectoplásmica que caracteriza a magia negra.
Desse modo, pode-se afirmar que a diferença está na forma exterior, no método, pois os objectivos e princípios aqui aplicados são os mesmos.
- Pai João, se pudéssemos fazer uma sinopse desses intrincados processos de influenciação, poderíamos...
- Vamos por parte, meu filho - interrompeu-me o preto-velho.
Por ora, examinemos os elementos presentes nesta história.
De um lado, temos a magia primitiva dos magos das trevas, encarnados.
Do outro, na dimensão astral, a força mental disciplinada, a vontade firme dos magos negros, cujo poder lhes foi conferido em anos e anos de preparação nos templos iniciáticos.
Em épocas remotas, locais como Lemúria, Atlântida, Pérsia, Babilónia, entre outros reinos e nações, foram palco para a iniciação espiritual de tais magos, que receberam o conhecimento e os paramentos de que dispõem.
Muitos deles, reencarnados no presente, são os médiuns que utilizam sua técnica e bagagem espiritual para os nobres propósitos do bem.
Outros, no entanto, permanecem ainda reféns de seus instintos e paixões, sobretudo da ambição de domínio, e do lado de cá tratam de perpetuar as investidas do mal contra as obras da civilização.
- E os cientistas, Pai João, em que momento se integram a essa história trágica?
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 23, 2014 9:19 pm

- Os cientistas dedicados ao mal, em existências físicas mais recentes, aperfeiçoaram seus conhecimentos e aliaram novas tecnologias às velhas técnicas de magia, embora muito distantes do senso ético cristão, cósmico, que define a actividade espiritual superior. Geralmente, também foram magos e iniciados do passado.
- Diante de tudo isso, pergunto: será que os centros espíritas e umbandistas estão preparados para enfrentar espíritos assim, com seus modernos métodos de influenciação?
- Pergunta delicada, meu filho - iniciou Pai João.
E claro que a metodologia utilizada no movimento espírita funciona para diversos tipos de obsessão.
Também não menosprezamos os procedimentos umbandistas ou esotéricos, com seus rituais sagrados, símbolos e axés.
No entanto, para solucionar a problemática das pessoas afectadas pelas síndromes oriundas de obsessões complexas, como a dos aparelhos parasitas ou da repercussão vibratória de encantamentos e enfeitiçamentos realizados no passado remoto, assim como para enfrentar a acção destruidora das energias elementais, utilizadas pelos magos das trevas, a metodologia consagrada é ineficaz.
Temos que convir que tanto a simples doutrinação das mesas kardecistas, aliada aos passes, quanto as defumações, os ebós, as oferendas e os rituais da umbanda não são suficientes para debelar os prejuízos causados.
É preciso, como dissemos antes, actualizar o método de trabalho e o conhecimento, equipar-se e equipar os médiuns com a vivência da ética espiritual e cósmica.
Em razão disso, e com o objectivo de auxiliar nossos irmãos que se esforçam com a metodologia espírita ou os trabalhos umbandistas, é que o Alto permitiu as descobertas e os esclarecimentos que as leis da apometria trouxeram.
Para o momento histórico que atravessa o planeta, a apometria é um recurso muito precioso, expressão da misericórdia daqueles que nos dirigem.
É urgente dar mais vida e mais acção às reuniões monótonas de muitos centros espíritas, destituídas de vitalidade, sem a tentativa de umbandizá-las ou criar rituais exóticos e conflituantes com as práticas indicadas por Kardec.
Também é crucial que os médiuns umbandistas se dediquem mais ao estudo, aperfeiçoando sua metodologia, e purifiquem a umbanda, extinguindo as reminiscências dos rituais africanos.
Redescobrindo a umbandhã como lei maior, a umbanda se aproxima cada vez mais dos sagrados objectivos para os quais foi inspirada, na terra abençoada do Cruzeiro.
é preciso desafricanalizar a umbanda e, em ambas as filosofias - espiritismo e umbanda -, incentivar as expressões de espiritualidade, cada qual guardando seus métodos próprios, avançarão sem se confundirem nem haver fusão entre si.
É fundamental que os espíritas compreendam que não se faz necessário espiritizar a umbanda e que os umbandistas saibam e entendam:
não é preciso umbandizar ou ritualizar o espiritismo.
Os médiuns e dirigentes umbandistas e espíritas trabalham todos sob a tutela da Espiritualidade Superior, cada um a sua maneira e com público alvo distinto.
Do lado de cá da vida, não temos departamentos nem escolas miciáticas separadas pela preferência religiosa.
Não há um departamento católico, outro espírita, umbandista ou evangélico.
Os espíritos esclarecidos, que trabalham sob a orientação maior para a evolução do planeta, já estão além dos títulos e das preferências religiosas, bem como da arrogância de muitos religiosos.
Para o enfrentamento da problemática obsessiva, com suas síndromes complexas, é essencial compreender, sobretudo, que a religião do amor está acima da religiosidade: que a espiritualidade de carácter universalista e cósmico está acima da atitude denominacional, partidarista, exclusivista ou sectarista, tão comum à ortodoxia dos movimentos espírita e umbandista.
A palavra de ordem, como sempre costumo repetir, é fraternidade:
união sem fusão, distinção sem separação.
Compreendendo isso, que os irmãos espíritas, umbandistas e esotéricos se dediquem à investigação do psiquismo, à especialização das pesquisas mediúnicas e à aquisição de conhecimento.
Urge ressuscitar no movimento espírita actual o génio pesquisador, destemido e progressista de Allan Kardec, Gabriel Dellane e tantos outros espíritas afeiçoados às pesquisas e à ciência espiritual.
Precisamos de homens e mulheres que não se detenham na sopa, nos caldos e nos passes reconfortantes, nas sonolentas e intermináveis reuniões de doutrinação religiosa ou na catequização improdutiva.
Há que se ressuscitar o interesse pela pesquisa científica espírita séria, desprovida de pompa e de complicações, como Allan Kardec preconizou, viveu e exemplificou.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 23, 2014 9:19 pm

Enfim, como diz um elevado amigo espiritual, é urgente kardequizar o movimento espírita.
Sem isso não adiantam belas palestras, citando nomes de veneráveis mentores do progresso humano, ou palavras complexas de um vocabulário pretensamente erudito, que o povo não entende.
Quanto aos amigos umbandistas, o momento pede estudo e esclarecimento em profundidade.
Muitos pais-de-santo, médiuns e dirigentes de terreiro têm intentado manter o povo na ignorância, utilizando mal certos conhecimentos iniciáticos e alimentando histórias mentirosas sobre guias e orixás.
Que se busque esclarecer a respeito dos sagrados orixás cósmicos, evitando o medo, a ignorância e os abusos decorrentes da falta de conhecimento de médiuns e pais-de-santo.
Quanto aos médiuns umbandistas, possam se dedicar mais ao estudo histórico das raízes sagradas da aumbandhã.
Urge resgatar nas tendas umbandistas os ensinamentos sagrados do Caboclo das Sete Encruzilhadas, dados no início do movimento, restaurando assim o sentido verdadeiro da caridade despretensiosa, que não compactua com a cobrança nos trabalhos umbandistas. Também é preciso estimular o conhecimento, através do estudo de livros dos mestres da umbanda, sérios e de elevado padrão, como aqueles que contêm os ensinamentos trazidos pelo venerável Matta e Silva e seus iniciados.
Nossos irmãos esotéricos, com sua ritualística, essencial para seus trabalhos, necessitam gravemente avançar para além das formas e despertar para a vivência que renova, eleva e purifica.
Pai João havia feito uma explanação bem mais extensa que a pretendida com minha pergunta, mas nem por isso menos proveitosa.
Minha mente fervilhava, quando o indaguei novamente, a respeito das obsessões complexas:
- Pelo que posso entender, é preciso, antes de tudo, haver uma grande conscientização ao lidar e enfrentar entidades perversas como os magos negros, tecnicamente equipadas e com vasto conhecimento das leis do mundo astral.
Não basta decorar um ou dois procedimentos; é algo que envolve mudança de paradigma, ou de método...
- Isso mesmo, meu filho. - prosseguiu o pai-velho.
Mesmo que o conhecimento da apometria capacite tecnicamente os centros e suas equipes mediúnicas a solucionar certos problemas ligados às obsessões complexas, sem conscientização e espírito de pesquisa a técnica falhará, cedo ou tarde.
É preciso colocar coração, vida e motivação superior no trabalho, em outras palavras, amor.
Sem isso, as campanhas do quilo e os passes espíritas ou os rituais e as benzeções da umbanda serão meras muletas psicológicas; práticas repetidas como se fossem fórmulas santificadoras, mas destituídas de eficácia.
Após as explicações de Pai João as ideias pareciam fluir de minha intimidade com mais intensidade.
Havia muitas implicações relacionadas às questões de magia, magos negros e cientistas que se empenhavam em projectos com interesses egoístas.
Comecei a fazer certas comparações e ligações entre tais peças - todas parte do mesmo xadrez cósmico e espiritual -, o que antes me despertaria o cepticismo, mas que agora revelavam muita coerência.
Todavia, faltava algo que desse sentido a tudo isso, isto é, ao processo obsessivo desenvolvido pelas entidades maldosas e suas motivações.
- Ainda me resta uma dúvida - resolvi perguntar.
Quando encarnados, os espíritos que engendram processos, como o que vimos trocavam seus serviços e seu conhecimento por dinheiro e posições sociais, abdicando de qualquer escrúpulo com vistas a um retorno concreto, ao menos do ponto de vista material.
Do lado de cá da vida, o que os motiva a continuar utilizando a técnica de que dispõem para promover o mal, se o dinheiro já não mais existe?
- Os interesses dos espíritos das sombras são diversos, meu filho.
Depende muito do espírito envolvido no processo obsessivo, e esse factor é também importante na solução dos problemas.
Há entidades que desejam apenas o domínio mental e emocional de suas vítimas.
Outros espíritos, movidos pela vingança e que não sabem atormentar seus desafectos da forma eficaz e diabólica como desejam, contratam entidades especializadas nisso:
há autênticas agências de prestação desse tipo de serviço escuso em pleno funcionamento nas regiões do submundo astral.
E não se pode esquecer dos maiorais das sombras, que intentam atrapalhar e adiar o progresso da humanidade.
Investem, para tanto, não nos homens individualmente; centram sua acção minuciosa em instituições e elementos-chave cuja actuação tenha por objectivo o progresso geral do mundo.
O assunto é muito amplo e requer estudos mais detidos.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 23, 2014 9:20 pm

No entanto, filho, precisamos agora socorrer este infeliz companheiro, cujo espírito está prisioneiro nesta base de operações das trevas.
Encerrando nossa conversa naquele momento, Pai João meneou a cabeça para Vovó Catarina, que sabia exactamente como proceder.
Pedindo a mim e Wallace para permanecemos em prece, o preto-velho chamou um dos guardiões, aquele que se denominava Sete, pedindo sua ajuda.
O guardião imediatamente deixou o ambiente, retornando logo em seguida com mais espíritos, que lhe eram subordinados.
Espalharam-se por toda a caverna na qual nos encontrávamos com enorme agilidade e destreza.
João Cobú frisou novamente que eu e Wallace deveríamos apenas acompanhar toda a ocorrência, auxiliando através da prece.
O grosso do trabalho ficaria por parte dos pretos-velhos e guardiões, que a esta hora estavam munidos com armas que me pareciam lanças e tridentes eléctricos, os quais utilizariam no momento propício.
Notei que os pretos-velhos Pai João e Vovó Catarina adensaram ainda mais sua aparência espiritual.
Pensei, por um momento, que se tratasse de duas pessoas encarnadas.
Sobretudo, o que me impressionou foi a maneira como procederam à liberação do companheiro sob o jugo das trevas:
em lugar de utilizar a força mental, a qual eu não duvidava que possuíam, fizeram um trabalho manual, lento e dividido em etapas.
Desligaram primeiramente os aparelhos que mantinham a estranha cápsula-prisão ligada:
eles literalmente arrancavam fios e desfaziam conexões com as próprias mãos.
Sinceramente, cheguei a imaginar que, caso eu estivesse diante de outro espírito, que se considerasse de uma categoria diferente da dos pretos-velhos, provavelmente ele concentraria seu pensamento e toda aquela ligação de aparelhos seria desfeita.
Mas não era assim que ocorria: os pretos-velhos colocavam a mão na massa, como eu diria na Terra.
Chocou-me também a lentidão do processo, além do trabalho, quase físico e braçal, bastante desgastante.
Enquanto eu elaborava meus pensamentos, Wallace me socorreu nas explicações:
- Não há como ser diferente, Ângelo - comentou discretamente.
Em casos como o que presenciamos, é necessário um trabalho assim, quase manual.
A cápsula retém o espírito prisioneiro ao mesmo tempo em que absorve fluido vital, ectoplásmico, de seu corpo físico em coma.
O brilho que você pode notar, ora expandindo-se, ora contraindo-se, é o fluido vital que está sendo canalizado, sugado e armazenado na cápsula.
Para as entidades malévolas, o ectoplasma e o fluido vital dos encarnados possuem um valor bem maior que o dinheiro e o ouro para nossos irmãos da Terra.
Na hipótese de as ligações da cápsula de retenção serem desfeitas sem o devido cuidado, certamente se romperiam os laços fluídicos do infeliz companheiro com o corpo físico, que, do coma, passaria à morte cerebral.
Veja, meu amigo - ponderou Wallace - como é importante o trabalho dos pretos-velhos.
Pacientes, detalhistas, não se importam em realizar sua tarefa de uma forma quase material. com essa finalidade é que adensaram ainda mais seus corpos espirituais.
A libertação de nosso irmão é iminente, mas o processo é mesmo lento, quase físico.
A partir da explicação de Wallace, conjugada com a acção que se desenrolava à minha frente, pude verificar como é único e valoroso o trabalho dos pretos-velhos e sua falange de colaboradores.
Eles penetram nos antros virulentos do umbral ou, como no caso que presenciei, invadem as bases das sombras, transubstanciam seus corpos espirituais e manipulam a matéria e os fluidos astrais com maestria e extrema competência.
Aliada a essa habilidade, guardam a sabedoria milenar que arquivaram em sua memória espiritual e, disfarçados na aparência perispiritual de pais-velhos, gozam de simplicidade e discrição.
São, muitas vezes, antigos iniciados, sacerdotes ou hierofantes cujo passado está vinculado às remotas civilizações dos atlantes, egípcios, persas e outros mais.
Contudo, preferem o trabalho anónimo a se revelarem em sua verdadeira feição espiritual; sem ostentar seus conhecimentos, camuflam-se na roupagem fluídica de um ancião negro.
Compreendi naquele instante o significado de uma expressão que ouvira certa vez, quando encarnado, na cidade do Rio de Janeiro: mandinga de preto-velho.
A expressão se referia ao grande segredo de pai-velho:
sua evolução espiritual, que sabia dissimular muito bem com as palavras simples, o português coloquial e a roupagem perispiritual de mães e pais-velhos - todas elas características distantes do ideal de evolução presente no imaginário popular.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 23, 2014 9:20 pm

Fui interrompido em meu raciocínio pelo nosso querido Pai João:
- A tarefa terminou por ora, meus filhos - asseverou calmamente.
Temos de conduzir nosso irmão a um centro espírita e deixá-lo repousando.
Depois veremos como lidar com este laboratório.
- Não seria o caso de levar o espírito de volta ao corpo físico. acordando-o do transe?
- Não é tão simples assim, Ângelo - socorreu-me Vovó Catarina, que em seus braços trazia o espírito adormecido.
Nosso irmão ainda está envolvido num potente campo de força, elaborado a partir de energias radioactivas dos minerais do interior da Crosta, o qual o retém na inconsciência.
Para desestruturá-lo, precisamos de nossos médiuns: a manipulação desse tipo de energia primária só é possível com o auxílio do psiquismo de encarnados.
Portanto, meu filho, somente numa reunião mediúnica.
Saímos do local, e, quando transitávamos pelo outro ambiente do laboratório, notei que os guardiões, sob o comando do espírito Sete, estavam espalhados por toda a caverna na qual funcionava a base das sombras.
Só então me dei conta de algo que julguei importante e urgente.
Foi então que resolvi perguntar:
- Mas os espíritos das sombras não sentirão a falta do companheiro que foi libertado de seu domínio?
E se fizerem uma investida ainda mais determinada contra ele?
Desta vez, no lugar de uma explicação, ouvi uma gostosa gargalhada de Pai João.
Enquanto subíamos rumo à Crosta, rompendo as vibrações primárias do interior do planeta e, mais especificamente, daquela caverna, Pai João ainda ria efusivamente.
Quando parou, pôs-se a cantar.
Ele é, afinal, hábil mestre, que utiliza a poesia de suas cantigas para ensinar seus tutelados:
Se na casca da braúna tem demanda,
Eu quero ver a braúna braunar.
Marcha, marcha, meus soldados.
Soldados de confiança...
A música de Pai João prosseguia, e eu, com meus pensamentos tão lógicos e racionais, não conseguia compreender a mironga do preto-velho.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 23, 2014 9:20 pm

CAPÍTULO 12 - LIBERTAÇÃO

Não penseis que a minha doutrina de Jesus se estabeleça pacificamente.
(...) Porque os homens não me haverão compreendido ou não terão querido compreender-me.
Os irmãos, separados pelas suas crenças, lançarão a espada um contra o outro e a divisão se fará entre os membros de uma mesma família, que não terão a mesma fé.
Vim lançar fogo na ara, para consumir os erros e os preconceitos, como se põe fogo num campo para destruir as ervas daninhas e anseio porque se acenda, para que a depuração se faça mais rapidamente, pois dela sairá triunfante a verdade.
À guerra sucederá a paz, ao ódio dos partidos, a fraternidade universal; às trevas do fanatismo, a luz da fé esclarecida.

O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, cap. 23: Moral estranha, item 16.

Nossa caravana de estudos se dirigiria agora a um agrupamento espírita.
Lá, deveríamos tratar do companheiro recém-liberto do laboratório dos cientistas e tomar algumas providências para evitar que aquele lugar pudesse continuar a ser utilizado para a prática do mal.
Mas como fazer isso?
Já presenciara a acção de entidades especializadas no mal e vira como os bons espíritos, com o auxílio de médiuns desdobrados, destruíram as bases das sombras.
Mas ali as coisas eram diferentes.
Havia uma estrutura técnica e, provavelmente, um potente campo de força envolvendo o lugar.
Notei esse fato em razão do cuidado de Pai João e Vovó Catarina:
adensaram ainda mais sua aparência perispiritual e também nos incentivaram a fazer o mesmo.
Caso houvesse um campo de força envolvendo a região astral onde se localizava o laboratório, eu sabia que o procedimento adoptado pelos pais-velhos era o mais correcto.
É que. vibrando numa frequência superior, qualquer tentativa de penetrar no ambiente poderia ser captada como um impulso de uma dimensão maior.
Apenas isso já seria suficiente para que os hábeis cientistas voltados ao mal pudessem saber que sua base estava sendo invadida.
Por outro lado, ao adensarmos o perispírito, de tal forma que a vibração das células dos nossos corpos espirituais se assemelhasse à daquela equipe de técnicos do astral, seríamos confundidos com o próprio pessoal que operava naquelas profundezas.
Admirei a sabedoria de Pai João e Catarina, ao nos indicarem a necessidade da redução vibratória.
Além disso, havia outro factor que confirmava minhas suspeitas em relação à atitude de nos limitarmos a destruir aquele laboratório.
Quando o companheiro que estava prisioneiro naquela base umbralina ia ser libertado, Vovó Catarina, reagindo a meu impulso de conduzi-lo ao corpo físico, fez menção a um potente campo de força envolvendo o perispírito do rapaz.
Ainda não havia presenciado um caso como este.
Desejaria muito saber qual o procedimento indicado e, mais, como se daria a acção desse chamado campo de força individual, que envolvia o perispírito desdobrado do rapaz.
Afinal, seu corpo permanecia em coma num hospital da cidade.
Em meio a esses pensamentos, quando deixávamos aquelas cavernas, foi que percebi o companheiro Wallace tocando-me de leve e chamando-me a atenção para o que sucedia ao redor.
Notei uma movimentação muito grande ocorrendo na região próxima à Crosta.
Em toda a montanha, em meio às árvores da mata atlântica, notava algo que me lembrava uma estratégia de guerra.
Por todo lado, vindo das nuvens - portanto, das regiões superiores -, uma multidão de índios, espíritos silvícolas, se posicionavam em meio às árvores e em torno da entrada da caverna na qual se localizava o laboratório.
Eu já vira uma movimentação semelhante em outra oportunidade, mas ali ocorria algo um tanto quanto diferente.
Contavam-se aos milhares os espíritos silvícolas; no entanto, encontravam-se em completo silêncio, agrupados em batalhões, na mais perfeita disciplina.
Acima de nós, uma entidade irradiava intenso magnetismo.
Apresentava-se todo paramentado, de forma a lembrar os antigos guerreiros apaches, essa a ideia que se registou em minha memória espiritual.
O espírito flutuava em meio às formações e à multidão de índios desencarnados.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 23, 2014 9:20 pm

- São os tupinambás - falou Pai João.
São os meus guardiões favoritos.
Competentes quando se trata de anular a acção das trevas, são profundos conhecedores da magia da natureza, hábeis manipuladores de ectoplasma e também do bioplasma retirado das plantas e ervas, que pertencem ao reino de Oxóssi, como diriam os amigos umbandistas.
- Eles invadirão o laboratório para destruí-lo e aprisionar as entidades que lá se encontram?
- Por ora, meu filho - explicou Pai João - eles ficarão de prontidão, apenas aguardando o momento propício para agir.
Quando Pai João terminou de falar, o guerreiro tupinambá que pairava acima de nós flutuou em nossa direcção e saudou João Cobú, o Pai João, e também os outros espíritos da nossa caravana.
- Salve, meu pai! - falou o espírito tupinambá.
Estamos a postos com os índios puris-flecheiros e os puris de aldeia, mais além, nossos amigos caiçaras aguardam suas orientações.
- O quê, caboclo - respondeu Pai João.
E, indicando determinada direcção, continuou:
- Quero que os puns-de-aldeia vasculhem aquele lugar.
Sinto que existem outras bases incrustadas nas montanhas do Itatiaia.
Leve consigo uma família de elementais e peça para que eles penetrem na terra até as profundezas.
- Sim, meu pai - respondeu o Caboclo Tupinambá, nome pelo qual a entidade se apresentava.
Eu pessoalmente comandarei as buscas.
Nada poderá escapar aos comandos dos puris nem à acção dos elementais.
-Vá, caboclo - ordenou Pai João.
Precisamos descobrir com urgência os planos das trevas.
Quando terminar, traga o relatório para mim.
Elevando-se alguns metros acima de nossas cabeças, o caboclo rodopiava como um peão, ao fazer isso, atraía para si uma profusão de formas.
Eram pequenos seres, que, envolvendo sua roupagem fluídica, o seguiam para a tarefa confiada por João Cobú.
Dessa vez foi Wallace quem me socorreu, diante da quantidade de perguntas que se esboçaram em minha mente:
- Vamos devagar Ângelo, acalme seu pensamento.
O que vimos aqui é a acção dos caboclos tupinambás e dos puris, espíritos especializados nas investidas contra as bases do astral inferior e, por isso mesmo, muito temidos pelas falanges de obsessores.
O velho cacique tupinambá, que está à frente dessas legiões, é antigo iniciado asteca, que coordenou durante várias encarnações o Culto do Sol.
Depois, reencarnou na América do Norte como chefe de uma das tribos indígenas na época da colonização pelo homem branco.
Em outra ocasião, teve um papel importante no seio das tribos tupinambás, em terras brasileiras.
Foi então que se transformou numa espécie de lenda viva em meio a seu povo.
Devido a seu conhecimento, disciplina mental e domínio sobre as famílias de elementais, actua junto à natureza, além de comandar legiões inteiras de puris, bugres, caiçaras e astecas, em benefício das forças soberanas.
Eu diria que é um mago branco, de acordo com o vocabulário de nossos irmãos esotéricos.
- Ele teria sido então uma espécie de missionário entre os antigos índios tupinambás...
- Exacto - continuou Wallace.
Por essa razão, traz grande conhecimento arquivado em sua memória espiritual.
Permanece ainda hoje, tanto no plano astral quanto na dimensão espiritual mais ampla, como um dos orientadores daqueles seres que um dia reencarnaram nas terras brasileiras como indígenas.
De posse de vontade e magnetismo vigorosos, bem como da experiência que possui no trato com certas leis da natureza, pode, perfeitamente, comandar um verdadeiro exército de elementais.
- Gostaria de obter mais informações e observar, sob o comando desse espírito, a acção dos elementais, a que se referiu Pai João em suas explicações.
Isso seria possível, Wallace?
- Claro, meu amigo!
Venha, vamos segui-los, enquanto os pretos-velhos fazem sua parte no trabalho.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 23, 2014 9:21 pm

Sucedendo Wallace, vi que o espírito Tupinambá apontava para a imensa caravana de elementais e índios puris.
A movimentação dos seres da natureza era algo impressionante.
De longe, reuniam-se numa formação que tinha o aspecto de uma rede constituída de fios dourados, que penetrava as entranhas da Terra.
Davam-se as mãos e adentravam o interior da montanha à procura de bases das sombras.
Por cima da superfície, na Crosta, as falanges dos puris destruíam silenciosamente qualquer aparelhagem encontrada, que tivesse sido colocada ali pelos magos e cientistas das sombras.
Faziam uma varredura sobre toda a montanha, e nada parecia escapar a seus sentidos aguçados.
Vez ou outra se destacava um espírito dentre eles, que se dirigia ao Caboclo Tupinambá - a quem se referiam como Irmão Tupinambá.
Certamente levavam relatórios de suas observações.
Transcorrido apenas um curto espaço de tempo, aproximadamente 30 minutos, toda a falange de seres elementais e os espíritos dos índios puris se reuniam em torno do comandante.
Haviam terminado suas observações.
Retornamos para junto de Pai João e Vovó Catarina, que já estavam no pátio da casa espírita para a qual nos dirigíamos.
Conduziam o espírito liberto do laboratório dos cientistas desencarnados.
O tempo, nos relógios de nossos irmãos encarnados, era mensurado em segundos e minutos intermináveis.
Mas, no que se refere a nós, que estivamos em outra vibração e dimensão, havia outros parâmetros para medir a sucessão dos acontecimentos.
Por isso mesmo, vi meu espírito tão imerso na tarefa à qual me dediquei com tanto afinco que não notei quanto trabalhamos naquela noite.
As actividades da casa espírita já estavam encerradas na dimensão física, devido ao avanço das horas, entretanto, havia movimentação muito grande em sua estrutura espiritual e astral.
Antes de João Cobú entrar em contacto com os espíritos responsáveis por aquele posto de socorro espiritual, fomos abordados pelo Irmão Tupinambá, que trazia seu relatório para nosso querido preto-velho.
- Salve! - saudou novamente o espírito, que se apresentava com aparência perispiritual mais simples, sem o aparato externo do guerreiro.
- O que me traz, caboclo?
- Já temos o relato minucioso a respeito da acção das entidades do mal.
Os espíritos puris estão espalhados por toda a montanha e concentrei a acção dos elementais no ponto mais alto do Pico do Itatiaia.
De lá, partem comandos para o interior da Terra, os quais começam a desfazer as ligações eléctricas dos aparelhos instalados no laboratório central.
Os puris desactivam pequenos campos de força, que camuflam o acesso a outros laboratórios, que, como meu pai previa, descobrimos em toda a extensão da montanha.
- Ao todo, quantas bases das sombras encontraram?
- Cinco bases, meu pai - respondeu Tupinambá.
No entanto, não há como desactivar essas bases sem a ajuda de médiuns.
Eles têm campos de força ligados directamente ao núcleo planetário.
Precisamos de ectoplasma e de energia nervosa humana para liberar inteiramente essas ligações eléctricas que alimentam a rede de laboratórios.
- Amanhã teremos ajuda - respondeu João Cobú.
Quando os médiuns desta casa se reunirem no plano físico, teremos os recursos de que necessitamos.
Por ora. é preciso que continuem em guarda, a postos.
- Ah! Meu pai - retornou o caboclo, respeitoso. - Temos mais algumas observações.
- Fale, meu filho.
- Os puris descobriram, com seus sentidos aguçados, que, em um dos laboratórios, existem duplicatas astrais de diversos traficantes e também de personalidades influentes da sociedade e da política do Rio de Janeiro.
Acredito que os magos e cientistas estão utilizando esses duplos ou clones astrais para indução hipnótica, são dezenas deles.
Destaquei um comando dos puris para seguir as pistas energéticas desde a base dos cientistas até as pessoas que são comandadas hipnoticamente à distância.
Pai João afastou-se um pouco do emissário tupinambá e se colocou numa posição pensativa.
Parecia que estava se comunicando mentalmente com alguém, muito longe.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 23, 2014 9:21 pm

Retomando para o espírito, ele o dispensou, recomendando logo em seguida:
- Não percam de vista esses redutos das sombras.
Precisamos desactivar o maior número possível desses laboratórios.
Até amanhã à noite, fiquem apenas observando.
O tupinambá levitou dali, rumo a seus irmãos que o aguardavam para continuar sua tarefa.
Esbocei uma pergunta mental e Pai João, como que conhecendo meus pensamentos, se adiantou, antes mesmo que eu verbalizasse aquilo que me incomodava.
- O caso é grave, meus filhos.
Não podemos ficar mais apenas nas observações.
Recebemos orientação do Alto para desactivar a rede de operações das trevas.
Os espíritos infelizes planejam algo assustador.
Criaram as duplicatas astrais de marginais, representantes de comandos de extermínio da capital carioca, e de homens ligados ao governo.
Caso levem a termo seus planos, esses companheiros encarnados, que já sofrem um processo obsessivo intenso, serão transformados em marionetes vivas nas mãos dos espíritos sombrios.
Pretendem um domínio ainda mais completo sobre os encarnados aos quais se vinculam; precisamos intervir urgentemente.
Fiquei imaginando as proporções que poderiam ser atingidas com a interferência directa das entidades diabólicas.
Se, no cenário actual, os traficantes e marginais, tanto quanto os homens que se corromperam, ligados ao poder público, já causam dano terrível à sociedade, como ficará a situação caso os cientistas e os magos negros tenham êxito em seus planos?
Imerso nesses pensamentos não me dei conta de que estava na hora de partirmos.
Catarina e João Cobú já haviam confiado a guarda do rapaz que fora libertado aos espíritos responsáveis por aquela casa espírita.
- Por ora - falou Vovó Catarina - nosso protegido ficará repousando aqui, enquanto seu corpo físico permanece em coma no hospital.
Amanhã, durante os trabalhos mediúnicos, veremos o que pode ser feito pelo nosso irmão.
Embora não houvesse movimentação alguma aos olhos do plano físico, havia uma intensa actividade do lado de cá da vida.
Muitas equipes socorristas iam e vinham, ora trazendo entidades para serem assistidas, ora saindo a campo para levar os recursos terapêuticos que seriam ministrados a seus tutelados.
Meditando em todas as implicações do enredo no qual nos víamos envolvidos, fui surpreendido pelo companheiro ”Wallace:
- Veja, Ângelo; viemos numa caravana de estudos e agora teremos de estudar ajudando.
A lei da vida funciona assim.
Não há como manter os braços cruzados ou nos dedicarmos exclusivamente à aquisição de conhecimento, sem nos envolvermos.
Para amar e crescer é preciso se envolver.
- Por falar em envolvimento, Wallace, desejo comentar - principiei.
Estou impressionado com a acção dos pretos-velhos Pai João e Vovó Catarina, bem como dos caboclos índios em toda essa empreitada.
Nunca imaginei que Pai João e Vovó Catarina trabalhassem de modo tão intenso...
Não que os imaginasse repousando; você me entende.
Refiro-me à natureza das actividades desempenhadas por eles.
Nem mesmo sabia que possuíam tão grande ascendência em relação à legião de espíritos conhecidos como caboclos e também sobre os seres elementais.
- Isso é algo que merece consideração Ângelo.
Por trás da aparência simples de um preto-velho ou de uma preta-velha, há uma sabedoria ancestral camuflada com a postura do velhinho desencarnado.
Tal coisa é assim para não nos ofuscarem com sua grandeza moral, para que não nos sintamos humilhados ou diminuídos diante de tamanha experiência.
São, muitas vezes, espíritos muito capacitados e experientes, possuidores de uma disciplina mental de causar inveja.
Desse modo, preferem se disfarçar na figura de pais-velhos, como tais, realizam um trabalho em prol da civilização que é pouco conhecido pelos companheiros espíritas e mesmo por muitos umbandistas.
Evidentemente, apenas porque determinado espírito se apresenta com essa roupagem fluídica não quer dizer que demonstre elevação real.
Há embusteiros em toda parte e generalizações, a favor ou contra, são perigosas.
Isto é, vale o princípio geral: não rejeitar nem seguir cegamente nenhum espírito, seja preto-velho ou não.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 23, 2014 9:21 pm

O ideal é analisar suas comunicações com bom-senso e sem concepções preconcebidas, como recomendou Allan Kardec.
Deixamos o espírito do rapaz desdobrado ali, na casa espírita, e continuamos nossas actividades.
No dia seguinte acompanharíamos, durante a reunião mediúnica, o caso de nosso irmão.
Entrementes, Pai João e Vovó Catarina nos convidaram para ir até o hospital onde o corpo físico de seu tutelado repousava.
Partimos todos:
Wallace, João Cobú, Vovó Catarina e eu, além dos guardiões que realizavam nossa escolta, rumo à casa de saúde onde o rapaz estava em coma.
Foi bastante fácil estabelecer a conexão entre o espírito desdobrado e o corpo físico dele:
apenas seguimos o rastro do cordão de prata, que ligava o espírito ao corpo em repouso.
Fio de textura finíssima, estruturado em matéria subtil, formava uma ponte de contacto entre o ser imortal, em corpo astral ou perispírito, e o corpo.
O cordão de prata estendia-se por quilómetros, atestando a capacidade elástica desse importante órgão da fisiologia espiritual.
Rapidamente chegamos à casa de saúde e, após falar com os espíritos responsáveis pela guarda e pelas demais actividades daquela instituição, adentramos o ambiente espiritual do hospital.
Junto ao leito do rapaz, que estava no cti, notamos a presença de três entidades de aspecto grosseiro.
Uma delas registou vagamente nossa presença e afastou-se com os olhos arregalados, esbracejando ameaças, com palavras descontroladas que lhe escapavam da intimidade.
Os demais, arredios, pressentindo que algo fora de seu planeamento ocorria ali, afastaram-se alguns metros, não obstante, com a mente nublada, logo retornassem para sua vítima, cujo corpo estava estendido sobre o leito, ligado aos diversos aparelhos.
- Vejam, meus filhos - convidou Pai João.
Nosso companheiro está sendo vampirizado pelas entidades infelizes e animalizadas.
Ele sofre uma espécie de simbiose espiritual com tais espíritos.
Enquanto o preto-velho falava, notei que na base da coluna do rapaz havia uma espécie de tubo, finíssimo, em cujo interior pairava uma substância gasosa, de consistência fluida e coloração acinzentada.
O estranho tubo ligava-se a um aparelho cuja finalidade eu desconhecia, mas era estruturado em matéria da dimensão astral.
Pai João apontou-nos a cabeça do rapaz, e pude ver uma luminosidade ténue, uma cintilação quase imperceptível, que envolvia somente o encéfalo.
- Nosso amigo está envolvido num campo de força.
As entidades sombrias, que o manipulavam à distância, em desdobramento, criaram um potente campo energético em torno do cérebro físico, o qual é responsável por prolongar o estado de coma por tanto tempo.
Quanto ao tubo que se liga à base de sua coluna, estendendo-se pelas ramificações do chacra básico, é uma providência diabólica para absorver do corpo debilitado toda a cota de vitalidade que for possível.
Assim procedendo, as entidades vampirizadoras impedem que os medicamentos ministrados pelos médicos produzam o efeito desejado.
Após breve pausa, que aumentou o efeito de suas palavras, o pai-velho concluiu:
- Trabalhemos, meus filhos.
É hora da torno de nosso irmão.
Atento a cada detalhe da situação, vi quando Pai João tirou de um bolso, que até então eu ignorara, um objecto pequeno, que lhe cabia na palma da mão.
Entregando-o a mim, o material, logo após meu contacto, desdobrou-se numa rede finíssima, mais parecida com uma malha, que brilhava intensamente.
Assim que eu e Wallace esticamos a rede de matéria plástica astralina, Pai João nos pediu para envolver o leito em que o corpo do pobre rapaz repousava.
Delimitamos o espaço em torno da maca, enquanto os guardiões, orientados agora pelo espírito que se identificava como Sete, recolhiam as entidades grosseiras que encontramos no ambiente assim que chegamos.
Na verdade, eles pareciam não entender o que se passava.
Os guardiões os prenderam em potentes campos de contenção, formados imediatamente sob o comando de Catarina, que estalava os dedos no ar.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 23, 2014 9:21 pm

Ao mesmo tempo em que de suas mãos desprendiam-se faíscas de energia, estas aglutinavam-se no espaço, formando um campo vibratório.
Dentro desse campo, os guardiões mantinham as três entidades animalizadas, que se debatiam, aos berros.
Pai João, para nossa surpresa, afastou-se um pouco do corpo que permanecia em coma sobre o leito, e vi se moldar na matéria astral a forma de uma machadinha, semelhante àquelas utilizadas pelos índios americanos em suas caçadas.
O instrumento inusitado, que João Cobú segurava em sua mão direita, brilhava suavemente, enquanto o preto-velho mirava o campo de força em torno da cabeça do rapaz que auxiliávamos.
Estupefacto, não compreendi direito o que se passava, enquanto tentava entender o que ocorria ali, Pai João, brandindo o instrumento, literalmente arremessou-o em direcção ao campo de força que envolvia nosso protegido.
Raios e faíscas foram projectados na atmosfera em torno, sem, contudo, ultrapassar os limites da rede fluídica que Wallace e eu estendêramos ao redor da cama.
Correntes eléctricas pareciam percorrer o corpo do rapaz estendido no leito, principalmente a região do córtex cerebral.
O estranho fenómeno durou aproximadamente um minuto.
Depois, parecia que tudo havia voltado ao normal, ao que era antes.
Pai João, entretanto, não tirava os olhos do rapaz e nos fez um gesto para aguardarmos.
Alguns segundos após tudo haver se aquietado, vi que o campo de força que envolvia o corpo físico na maça inchou-se lentamente, até explodir.
Nesse exacto momento, os instrumentos do cti que estavam ligados ao corpo começaram a dar sinais de uma actividade diferente.
O corpo físico do rapaz parecia reagir e começou a se mexer.
A princípio somente as mãos, e, depois, um suspiro forte, prolongado, escapou-lhe da boca.
Pai João finalizou a intervenção realizada ao desligar, com as próprias mãos, os tubos implantados na região da coluna, liberando completamente o corpo físico do nosso irmão.
Nunca havia presenciado uma situação semelhante a essa.
Ainda atónito com o que assistira - a do pobre rapaz -, fui socorrido pelas elucidações de Vovó Catarina:
- Nosso irmão, ainda em coma, estava sob intensa acção das entidades que actuavam no laboratório que visitamos.
Enquanto seu perispírito se mantinha prisioneiro na base das sombras, os cientistas perversos criaram um campo de força em torno do cérebro físico do rapaz, com o objectivo de impedir que os recursos médicos fizessem efeito.
A equipe médica do hospital já estava desistindo, pois havia feito de tudo para trazê-lo de volta do coma.
Todas as tentativas foram frustradas.
O aparelho criado pelas entidades do mal, que estava ligado ao chacra básico, tinha a
função de extrair o fluido vital do nosso irmão, enquanto as entidades aprisionadas pelos guardiões se encarregavam de vampirizar tais energias.
Dessa forma Ângelo, nenhum recurso da medicina terrena poderia ser eficaz.
O problema do nosso irmão ultrapassava as possibilidades dos médicos.
Quando João Cobú, através da ideoplastia, criou o instrumento que você percebeu em forma de uma machadinha, ele apenas condensou a energia dispersa na atmosfera e provocou uma sobrecarga no campo de força que envolvia o companheiro.
O restante, você já conhece.
Sem resistir ao acréscimo de energia desencadeada pela machadinha, instrumento energético utilizado por Pai João, o campo ruiu.
Agora, meu filho, os médicos que cuidam do nosso rapaz terão sucesso.
Muito embora não encontrem explicações científicas para as reacções tão repentinas de seu paciente, assim mesmo terão êxito, no que diz respeito ao tratamento do corpo físico.
- E o fato de o perispírito permanecer desdobrado, internado lá, no centro espírita, que influência terá sobre o tratamento?
- Bem, Ângelo, este é outro caso.
Fisicamente nosso amigo terá uma melhora, ou seja, uma resposta apreciável ao tratamento médico, porém, o perispírito dele ainda está envolvido em outro campo, criado pelas entidades do mal, que se utilizavam dele.
Esse tipo de campo de força, que retém em seu interior o corpo espiritual do nosso irmão, só podemos desactivar numa reunião mediúnica, o que ocorrerá amanhã.
São necessárias as energias dos encarnados, associadas aos nossos recursos, a fim de destruir o campo que o envolve.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 24, 2014 10:06 pm

Embora ainda se encontre em coma, o rapaz apresentará visível melhora do ponto de vista físico, como já dissemos.
Entretanto, somente após a desestruturação do campo de retenção, na reunião mediúnica, ele acordará definitivamente.
De qualquer forma, você pode reparar como a resposta actual, mesmo inexplicada, já é suficiente para animar a equipe do hospital.
Uma enfermeira se aproximou do leito, olhou os instrumentos, mediu a pressão do rapaz e saiu rapidamente em busca de seus colegas.
Vieram três médicos logo após, juntamente com mais dois enfermeiros.
O semblante deles estava radiante, e falavam sem parar.
- Deixemo-los, meu filho - falou Pai João.
A partir de agora, estarão ocupados desenvolvendo teorias e especulações científicas para explicar a melhora do nosso irmão.
Amanhã, então, quando terminarmos o trabalho de e ele acordar do coma profundo, seu caso passará para os registos como um daqueles ”milagres”, inexplicáveis pela medicina.
Saímos do hospital, confiando o rapaz, já melhor, à equipe espiritual responsável pelo ambiente.
Havia muitos casos que mereciam um atendimento especial, mas isso deixaríamos a cargo das demais equipes espirituais que ali prestavam auxílio.
Partimos, seguindo os guardiões rumo a uma tenda umbandista.
Eles levavam as entidades aprisionadas, que seriam atendidas numa reunião nos moldes umbandistas, através da chamada puxada ou gira de umbanda.
Os caboclos seriam os responsáveis por aquele trabalho, através da mecânica de incorporação nos médiuns de terreiro.
- Não compreendo - iniciei um diálogo - como alguns espíritos podem ser atendidos e tratados num centro espírita e outros são encaminhados para uma tenda umbandísta.
Qual a diferença entre o que se faz em um e outro ambiente?
- Ainda a velha questão da vibração, meu filho - respondeu Pai João.
Ocorre com os espíritos algo semelhante ao que há com os médiuns:
alguns reencarnam com o psiquismo e a vibração apropriada para os trabalhos de terreiro, enquanto outros são preparados vibratoriamente para a mesa kardecista, com os espíritos não é diferente.
Muitos deles oferecem a possibilidade de serem socorridos através do diálogo fraterno ou terapia espiritual, que despertará suas mentes para as leis da vida, portanto, demonstram predisposição para uma sessão espírita.
Mas nem todos são iguais; há aqueles que não têm o perfil psicológico e espiritual necessário.
Precisam do impacto anímico-mediúnico dos chamados médiuns de terreiro, com os quais encontram maior afinidade.
Nesse contacto intenso com o ectoplasma exsudado pelos médiuns umbandistas, ganham tratamento especializado, que funciona como uma terapia de choque.
O mesmo ocorre entre os encarnados, quanto à questão terapêutica.
Alguns de meus filhos no plano físico respondem integralmente ao tratamento homeopático, pois trazem em seu psiquismo as vibrações compatíveis com o medicamento dinamizado.
Outros, que possuem estado vibracional diferente, só respondem aos métodos convencionais da alopatia.
Há ainda aqueles que respondem significativamente às influências energéticas do reiki, dos passes ou dos medicamentos florais, por exemplo.
A explicação do preto-velho fazia sentido.
Prosseguiu:
- Em casos como o que acompanhamos.
Ângelo, não existe uma forma melhor que a outra.
Nem o método espírita é o melhor, nem a metodologia umbandista é mais forte e eficaz.
Tudo depende das características de cada caso, de qual tipo de entidade está envolvido no processo e. enfim, do tipo psicológico e das necessidades espirituais de cada uma delas.
Em uma tenda umbandista cujos médiuns se dedicam à caridade, ao estudo sério e elevado, teremos excelente material psíquico para certos trabalhos de desobsessão ou terapia espiritual.
Em um centro espírita cujos médiuns não se preparam convenientemente, não se dedicam ao estudo e têm as ideias comprometidas com uma visão estreita e acanhada da vida espiritual, naturalmente careceremos de material psíquico de qualidade para as terapia espirituais.
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Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro - Página 3 Empty Re: Aruanda - Ângelo Inácio / Robson Pinheiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 24, 2014 10:06 pm

Dessa forma, é preciso compreender que a eficácia do método depende de diversas coisas, mas principalmente do preparo dos operadores ou da equipe mediúnica, e não da confissão religiosa, como muitos pensam.
Examinemos os espíritos aprisionados pelos guardiões, por exemplo - continuou João Cobú.
Eles são de tal maneira violentos e desequilibrados no aspecto comportamental que achamos por bem trazê-los a um terreiro.
Experimentarão uma metodologia de despertamento a partir da acção dos caboclos guerreiros, aos quais obedecerão sem questionamento.
Após esse primeiro contacto com as energias primárias dos caboclos e o ectoplasma dos médiuns umbandistas, serão encaminhados para o diálogo num centro espírita ou mesa kardecista, como denominam alguns.
A distância, as divergências ou as separações que se vêem entre as diferentes formas de trabalho são, em grande parte vezes, estabelecidas pelos encarnados, que trazem ainda resquícios de preconceito religioso e racial.
Do lado de cá da vida, ao contrário, somos apenas filhos de Deus, todos parceiros na construção de sua obra, não há partidarismo religioso.
Tanto faz para um espírito elevado actuar como pai-velho numa tenda umbandista humilde ou escrever a orientação psicografada sob a luz do espiritismo cristão, desde que seu trabalho seja em benefício da humanidade e do próximo.
Olhando para mim, com um leve sorriso nos lábios, Pai João completou:
- Não se esqueça meu filho: em matéria de religião, de espiritualismo, umbanda ou espiritismo, o que mais vale é a bandeira do amor e da caridade, sem preconceitos.
União sem fusão, distinção sem separação.
Os cânticos evocavam o povo de Aruanda.
Sem atabaques, sem palmas, apenas a magia da voz cadenciada, com um ritmo especial que conferia magnetismo às músicas cantadas, transformando o ambiente em algo mágico.
O altar da tenda umbandista era simples, apenas alguns símbolos na parede e um jarro de flores brancas sobre uma mesa.
Uma vela acesa representava a luz espiritual. Nada mais.
Os médiuns, vestidos de branco, cantavam as músicas sagradas da umbanda.
Após a leitura de uma página de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, o dirigente se colocou à frente do altar e começou uma nova música, que vibrava intensamente:
O vento na mata assoprou,
Caboclo no mato ouviu.
Vem socorrer, juremeiro,
Um socorrer, jurema,
É hora de caboclo guerreiro,
É hora de caboclo trabalhar.
Um a um os médiuns do terreiro incorporaram seus mentores, que se apresentavam na forma fluídica de caboclos.
Porém, diferentemente do que presenciara na tenda que visitáramos antes, não havia uivos, silvos ou rodopios.
Os médiuns se portavam com discrição e disciplina.
Era a gira dos caboclos da umbanda, que cumprimentavam o público presente.
As cantigas se sucediam de acordo com as necessidades do culto; mais além, as entidades conduzidas pelos guardiões, furiosas, aguardavam pelo desfecho.
Tais espíritos maldosos não percebiam nossa presença, nem mesmo a dos caboclos, que envolviam seus médiuns, estavam por demais materializados para alcançarem uma percepção mais clara do que ocorria.
As pessoas presentes se dirigiam aos médiuns incorporados, que aplicavam passes e dispersavam energias densas acumuladas nas auras dos consulentes.
Até ali, não ocorrera nada excepcional, digno de nota, considerando o pouco que eu presenciara nesses cultos.
Quando terminou o atendimento às pessoas, os caboclos começaram a cantar o chamado ponto de puxada - esse era o termo que utilizavam para se referir ao tratamento desobsessivo conforme os moldes umbandistas.
Os médiuns incorporados deram-se as mãos, formando uma corrente magnética de fluidos ectoplásmicos.
Algo novo para mim começou a ocorrer diante da minha visão espiritual.
Via uma imensa quantidade de fluido vital sendo extraída dos médiuns do terreiro, formando um cinturão em torno deles.
Nunca tinha presenciado nada assim.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 24, 2014 10:07 pm

À medida que os caboclos cantavam seus pontos, o ectoplasma expelido pelos médiuns tomava forma no ambiente espiritual, de tal modo que se criaram telas fluídicas acima da plateia, que também participava activamente do processo, auxiliando através das cantigas.
Quando mirei as pessoas na assistência, notei mais de 20 espíritos, com roupagem fluídica de caboclos, que aplicavam passes nos presentes, retirando energias preciosas para os trabalhos da noite.
Os fluidos reunidos se aglutinavam no alto do salão e então eram canalizados para o centro da roda de caboclos, somando-se ao ectoplasma dos médiuns.
Senti que ocorria algo para o que não possuía explicações.
Vovó Catarina se adiantou às minhas indagações e disse:
- Estamos vendo, meu filho, como os caboclos índios, sob o comando superior, elaboram o campo de força em torno de seus médiuns para que o atendimento às entidades perturbadas possa se realizar.
Embora nossos irmãos encarnados não percebam o que ocorre do nosso lado, as energias movimentadas beneficiam a todos, pois atraem os miasmas das pessoas presentes ao mesmo tempo em que se forma o que, em certas tendas de umbanda, é denominado campo vibratório dos caboclos.
É nesse campo, composto por ectoplasma e energias mentais, que serão atendidas as entidades do mal. Observe.
Nesse momento, quando as cantigas eram intensas, as entidades trazidas pelos guardiões foram conduzidas para dentro do círculo.
O choque vibratório que receberam instantaneamente foi tão intenso que pareciam rodopiar em meio à corrente magnética, que àquela altura se assemelhava a um redemoinho.
Faíscas de energias estouravam dentro daquele círculo energético de vibração intensa.
Do nosso lado, os caboclos faziam uma limpeza energética nos perispíritos das entidades obsessoras, como se fosse uma operação material.
Passavam as mãos nos corpos espirituais deles, enquanto outros caboclos traziam duplicatas astrais de certas ervas, que eram aplicadas em torno das entidades em tratamento.
À medida que os presentes cantavam cantigas cada vez mais ritmadas, os mentores da tenda umbandista, incorporados em seus médiuns, faziam a gira da caridade, segundo os costumes e rituais daquele culto.
De repente, um dos chamados guias encaminhou um dos três espíritos aprisionados para perto de um médium, que, imediatamente, deu passividade, incorporando a entidade violenta.
O médium, entregando-se completamente à acção do desencarnado, debatia-se furiosamente.
A corrente magnética, no entanto, estava formada por caboclos índios que seguravam o ponto, no dizer dos irmãos
umbandistas, e dava segurança ao trabalho.
Fiquei boquiaberto com o método.
Era algo totalmente diferente da metodologia espírita.
Nesse ponto das minhas observações Vovó Catarina tornou a palavra:
- O método é incomum para você, Ângelo, mas posso afiançar-lhe que é eficaz, no caso de entidades deste tipo, que em sua natureza se parecem com furacões violentos.
Após o atendimento nos moldes que você presencia, estes infelizes serão conduzidos a uma casa espírita, para posterior conversa e encaminhamento.
Aqui, encarregamo-nos do trabalho mais grosseiro, da retirada de fluidos densos; contudo, essa fase é apenas uma etapa de todo o processo de tratamento ao qual serão submetidas tais entidades.
Não veja nisso algo definitivo; os espíritos atendidos precisam se reeducar moralmente e, para tanto, serão encaminhados para a conversa fraterna, numa reunião de desobsessão.
Há que se notar, porém, que, caso estes espíritos fossem conduzidos, exactamente como estavam, a uma mesa espírita, talvez os médiuns não atingissem os resultados esperados.
Ou, ainda, tais companheiros poderiam transmitir aos médiuns espíritas todo o morbofluido de que são portadores, o que lhes seria prejudicial.
Dessa maneira, foram trazidos até aqui, nesta tenda umbandista, e assim cada um cumpre seu papel, de igual importância.
Pensando nas explicações de Catarina, fiquei observando por mais alguns minutos, até que Pai João acrescentou:
- Os caboclos são exímios manipuladores de energias da natureza, de ectoplasma e bioplasma. com o método que lhes é próprio, trabalham para auxiliar, como sabem, na recuperação de almas rebeldes e renitentes no mal.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 24, 2014 10:07 pm

Espíritos violentos e grosseiros, de comportamento profundamente desequilibrado ou dementes espiritualmente, são muitas vezes conduzidos para as puxadas numa casa umbandista, onde são realizados os primeiros atendimentos.
Depois, você poderá vê-los incorporados numa reunião espírita, recebendo o amparo e o esclarecimento, de acordo com sua necessidade e capacidade de assimilação.
Um a um, os médiuns na corrente incorporavam entidades trevosas, enquanto o Caboclo Sete Flechas, guardião da tenda umbandista, permanecia incorporado em seu aparelho mediúnico, realizando as manipulações energéticas necessárias e conduzindo os trabalhos, tão incomuns para mim, mas não por isso menos eficazes.
Em determinado momento, o caboclo-chefe da falange dá por encerrado os trabalhos e se dirige ao público, agradecendo e expressando uma mensagem de optimismo.
Pai João esclareceu-me:
- Para cada doente, meu filho, um tipo de medicamento.
Como lhe disse anteriormente, não podemos classificar este ou aquele método como o mais eficaz, não existem fórmulas prontas.
Na umbanda, os processos obsessivos mais violentos são muitas vezes solucionados com a força guerreira dos caboclos.
Devido ao seu forte energismo. ao seu carácter inabalável e às suas experiências de guerra quando encarnados, que desenvolveram neles disciplina férrea, conquistada com mérito, são entidades temidas e respeitadas pelas falanges de espíritos conturbados e pelos marginais do astral inferior.
Quando incorporados em seus médiuns, trazem todo o trejeito de guerreiros, a força e firmeza do jovem e o respeito das experiências adquiridas em anos e anos de lutas ao longo das encarnações.
Em essência, esse é o método umbandista, embora haja muitas variações dentro da própria umbanda.
As entidades, abatidas pelo intenso magnetismo dos caboclos, eram novamente conduzidas pelos guardiões.
Encaminhavam-se agora para tratamento intensivo e reeducação moral.
Porém, não mais apresentavam na face a violência de outrora.
Estavam algo modificadas, tanto em seu interior quanto em sua aparência perispiritual.
Certamente se poderia afirmar que tais espíritos saíram mais leves da gira dos caboclos.
No chão do terreiro, havia substâncias escuras, pegajosas, retiradas dos corpos espirituais das entidades vingativas.
Vi que eram literalmente varridas, à medida que um dos médiuns, sob a orientação dos caboclos, passava ramos de ervas em todo o terreiro.
As músicas prosseguiam, e o canto caboclo naquele instante lembrava um lamento, com um ritmo mais lento, porém cheio de magnetismo e do encanto de Aruanda.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 24, 2014 10:07 pm

CAPÍTULO 13 - LIÇÕES PRECIOSAS

A Pai César:
-Quando estáveis na Terra o que pensáveis dos brancos?
-São bons, mas orgulhosos e vãos, devido a uma alvura de que não foram responsáveis. (...)

A São Luís:
-Algumas vezes os brancos reencarnam em corpos negros?
-Sim. Quando, por exemplo, um senhor maltratou um escravo, pode acontecer que peça, como expiação, para viver num corpo de negro, afim de sofrer, por sua vez, o que fez padecer os outros, progredindo por esse meio e obtendo o perdão de Deus.
Revista Espírita de 1859, ano II, de Allan Kardec.

O negro Pai César, itens 7

Terminamos nossas actividades naquela noite e decidimos em conjunto nos dirigir à região beira-mar, a fim de nos refazermos nas energias da natureza.
Aproveitei o tempo que tinha à disposição para as anotações preciosas e também para conversarmos.
Chegamos ao litoral quando o sol já estava nascendo no horizonte, ocasião em que pude observar as belezas do astro-rei e absorver o ar balsâmico daquelas paragens.
Comentei:
- Creio que os homens, nossos irmãos encarnados, mesmo sabendo do potencial energético dos campos naturais do planeta, não usufruem devidamente dos benefícios que esses locais especiais proporcionam.
Mesmo para os desencarnados, os lugares cujas reservas de energia estão ainda intensas, condensadas junto à natureza, representam abençoada oportunidade para o refazimento e, por que não dizer, para o tratamento dos espíritos necessitados de tais recursos.
Enquanto eu absorvia o ar puro, deslizando sobre as ondas, Wallace e o guardião Sete se aproximaram de mim:
- Aproveitemos bem estes momentos para meditar, orar e nos reabastecermos junto à mãe natureza - falou Wallace.
Aqui encontramos o elemento natural à nossa disposição, tão intenso e puro que é útil inclusive para a vitalização do corpo espiritual.
- Entre os companheiros umbandistas - disse o guardião - é costume frequentar recantos como este, onde as energias naturais se encontram mais activas.
É comum visitarem cachoeiras, matas ou mesmo o mar para se reabastecerem energeticamente.
- Muitos espíritas afirmam que tais hábitos são puramente rituais, que traduzem crendice e são o reflexo da imaturidade espiritual.
Creio que nossos irmãos espíritas às vezes exageram, radicalizam, querendo parecer por demais racionais - falou Wallace.
- É verdade - retrucou o guardião.
Na ânsia de demonstrarem correcção e fugir a rituais e a algumas superstições, os amigos espíritas tornam-se rígidos demais e com isso, desperdiçam enorme oportunidade de aprendizado, tanto quanto de usufruírem de tremendo benefício.
As matas, cachoeiras, oceanos e outros locais do planeta são verdadeiras reservas energéticas, que, desde a Antiguidade, foram sabiamente exploradas pelos magistas e magnetizadores do passado.
Ainda hoje, tais locais podem ser utilizados com sabedoria por quantos necessitem reabastecer-se.
Caso os homens entrassem em contacto com a natureza, por certo a maioria dos casos de stresse, depressão e ansiedade não teriam um impacto tão forte em seus espíritos.
A natureza não só abastece nossos corpos espirituais como também drena as energias nocivas acumuladas nas auras dos indivíduos.
Após as observações do guardião Sete, ficamos por uns momentos meditando sobre as águas, até quando notamos uma movimentação ao longe.
Era uma equipe de espíritos que chegava à procura de Catarina e João Cobú.
Conversavam à distância, o que não nos impediu de sentir intensamente o chamado mental dos pais-velhos, que nos apontava a hora de voltar ao trabalho.
Ainda não havíamos terminado nossa tarefa.
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