LUZ ESPÍRITA
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Série André Luiz - MISSIONÁRIOS DA LUZ

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 13, 2012 10:05 pm

Esforço-me sinceramente para manter a continuação do mesmo estado d’álma;
entretanto, algo me falta, que não sei definir com precisão.

Nesse momento, as duas outras entidades, que ainda se mantinham distanciadas, agarraram-se comodamente aos braços do rapaz, que ofereceu aos meus olhos o mesmo fenómeno.

Embaciou-se-lhe a claridade mental e duas rugas de aflição e desalento vincaram-Lhe as faces, que perderam aquele halo de alegria luminosa e confiante.

Foi então que ele respondeu, em voz pausada e triste:
- É verdade, mamãe. Enormes são as nossas imperfeições.

Creia que a minha situação é pior.
A senhora experimenta ansiedade, amargura, melancolia...
É bem pouco para quem, como eu, se sente vítima dos maus pensamentos.

Casei-me à menos de oito meses, e, não obstante o devotamento de minha esposa, tenho o coração, por vezes, repleto de tentações descabidas.

Pergunto a mim mesmo a razão de tais ideias estranhas e, francamente, não posso responder.

A invencível atracção para os ambientes malignos confunde-me o espírito, que sinto inclinado ao bem e à rectidão de proceder.

- Quem sabe, mano, está você sob a influenciação de entidades menos esclarecidas? - considerou a jovem, com boas maneiras.

- Sim - suspirou o rapaz -, por isso mesmo, venho tentando o desenvolvimento da mediunidade, a fim de localizar a causa de semelhante situação.

Nesse instante, o orientador murmurou, desveladamente:
- Ajudemos a este amigo através da conversação.

Sem perda de tempo, colocou a destra na fronte da menina, mantendo-a sob vigoroso influxo magnético e transmitindo-lhe suas ideias generosas.

Reparei que aquela mão protectora, ao tocar os cabelos encaracolados da jovem, expedia luminosas chispas, somente perceptíveis ao meu olhar.

A menina, a seu turno, pareceu mais nobre e mais digna em sua expressão quase infantil e respondeu firmemente:
- Neste caso, concordo em que o desenvolvimento mediúnico deve ser a última solução, porque antes de enfrentar os inimigos, filhos da ignorância, deveríamos armar o coração com a luz do amor e da sabedoria.

Se você descobrisse perseguidores invisíveis, em torno de suas actividades, como beneficiá-los cristãmente, sem a necessária preparação espiritual?

A reacção educativa contra o mal é sempre um dever nosso, mas antes de cogitar dum desenvolvimento psíquico, que seria talvez prematuro, deveremos procurar a elevação de nossas ideias e sentimentos.

Não poderíamos contar com uma boa mediunidade sem a consolidação dos nossos bons propósitos;
e para sermos úteis, nos reinos do Espírito, cabe-nos aprender, em primeiro lugar, a viver espiritualmente, embora estejamos ainda na carne.

A resposta, que constituíra para mim valiosa surpresa, não provocou maior interesse em ambos os interlocutores, quase neutralizados pela actuação dos vampiros habituais.

Mãe e filho deixavam perceber funda contrariedade, em face das definições ouvidas.
A palavra da menina, cheia de verdadeira luz, desconcertava-os.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 13, 2012 10:05 pm

-Não tem você bastante idade, minha filha -exclamou, contrafeita, a velha progenitora -, não pode, pois, opinar neste assunto.

E como boa cultivadora de sofrimentos antigos, acentuou:
-Quando você atravessar os caminhos que meus pés já cruzaram, quando vierem as desilusões sem esperança, então observará como é difícil manter a paz e a luz no coração!

-E se algum dia -falou o rapaz, melancólico -experimentar as lutas que já conheço, verá que tenho motivos de queixa contra a sorte e que não me sobram outros recursos senão permanecer no círculo das indecisões que me assaltam.

Faço quanto posso por desenvencilhar-me das ideias sombrias e vivo a combater inesperadas tentações;
no entanto, sinto-me longe da libertação espiritual necessária.
Não me falta vontade, mas...

Alexandre, que havia retirado a destra de sobre a fronte da jovem, informou, atendendo-me à perplexidade:
- O amigo que se uniu à nossa irmã foi seu marido terrestre, homem que não desenvolveu as possibilidades espirituais e que viveu em tremendo egoísmo doméstico.

Quanto aos dois infelizes, que se apegam tão fortemente ao rapaz, são dois companheiros, ignorantes e perturbados, que ele adquiriu em contacto com o meretrício.

Diante do meu espanto, o instrutor prosseguiu, explicando:
- O ex-esposo não concebeu o matrimónio senão como união corporal para atender conveniências vulgares da experiência humana e, em vista de haver passado o tempo de aprendizado terreno sem ideais enobrecedores, interessados em fruir todas as gratificações dos sentidos, não se sente com bastante força para abandonar o círculo doméstico, onde a companheira, por sua vez, somente agora, depois da desencarnação dele, começa a preocupar-se com os problemas concernentes à vida espiritual.

Quanto ao rapaz, de leviandade em leviandade, criou fortes laços com certas entidades ainda atoladas no pântano de sensações do meretrício, das quais se destacam, por mais perseverantes, as duas criaturas que ora se lhe agarram, quase que integralmente sintonizadas com o seu campo de magnetismo pessoal.

O pobrezinho não se apercebeu dos perigos que o defrontavam, e tornou-se a presa inconsciente de afeiçoados que Lhe são invisíveis, tão fracos e viciados quanto ele próprio.

-E não haverá recurso para libertá-los?
Indaguei, emocionado.

O orientador sorriu paternalmente e considerou: -Mas quem deverá romper as algemas, senão eles mesmos?

Nunca lhes faltou o auxílio exterior de nossa amizade permanente; no entanto, eles próprios alimentam-se uns aos outros, no terreno das sensações subtis, absolutamente imponderáveis para os que lhes não possam sondar o mecanismo íntimo.

É inegável que procuram, agora, os elementos de libertação.

Aproximam-se da fonte de esclarecimento elevado, sentem-se cansados da situação e experimentam, efectivamente, o desejo de vida nova;
contudo, esse desejo é mais dos lábios que do coração, por constituir aspiração muito vaga, quase nula.

Se, de facto, cultivassem a resolução positiva, transformariam suas forças pessoais, tornando-as determinantes, no domínio da acção regeneradora.

Esperam, porém, por milagres inadmissíveis e renunciam às energias próprias, únicas alavancas da realização.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 13, 2012 10:06 pm

- Mas não poderíamos provocar a retirada dos vampiros inconscientes? - perguntei.
- Os interessados -explicou Alexandre, a sorrir - forçariam, por sua vez, à volta deles.
Já se fez a tentativa que você lembrou, no propósito de beneficiá-los.

De modo indirecto, mas a nossa irmã se declarou demasiadamente saudosa do companheiro e o nosso amigo afirmou, intimamente, sentir-se menos homem, levando humildade à conta de covardia e tomando o desapego aos impulsos inferiores por tédio destruidor.

Tanto expediram reclamações mentais que as suas actividades interiores constituíram verdadeiras invocações, e, em vista do vigoroso magnetismo do desejo constantemente alimentado, agregaram-se-lhes, de novo, os companheiros infelizes.

- Mas vivem assim imantados uns aos outros, em todos os lugares? - indaguei.
- Quase sempre. Satisfazem-se, mutuamente, na permuta contínua das emoções e impressões mais íntimas.

Preocupado em fazer algum bem, ponderei:
- Quem sabe poderíamos conduzir estas entidades ao devido fortalecimento?
Não será razoável doutriná-las, incentivando-as ao equilíbrio e ao respeito próprio?

- Semelhante recurso – falou Alexandre, complacente -não foi esquecido.
Essa providência vem sendo efectuada com a perseverança e o método precisos.

Todavia, tratando-se de um caso em que os encarnados se converteram em poderosos ímãs de atracção, a medida exige tempo e tolerância fraternal.

Temos grande número de trabalhadores, consagrados a esse mister, em nosso plano, e aguardamos que a semeadura de ensinamentos dê seus frutos.

De qual quer modo, esteja convicto de que toda a assistência tem sido prestada aos amigos sob nossa observação.

Se ainda não avançaram, todos eles, no terreno da espiritualidade elevada, isto só se verifica em razão da fraqueza e da ignorância a que vivem voluntariamente escravizados.

Colhem o que semeiam.
Nesse instante, fixamos novamente a atenção na palestra que se desdobrava:
- Faço o que posso -repetia o rapaz, em desalento -, entretanto, não consigo obter a tranquilidade interior.

- Ocorre comigo o mesmo fato -observava a progenitora, em tom triste.
- Minhas únicas melhoras se verificam por ocasião de nossas preces colectivas.

Em seguida, as piores emoções me assaltam o espírito. Vivo sem paz, sem apoio.
Oh! Meus filhos, é cruel rolar assim, pelo mundo, como náufrago sem orientação!

- Compreendo-a, mamãe -tornou o filho, como que satisfeito por alimentar as impressões nocivas que lhe ocupavam a mente -, compreendo-a, porque as tentações me transformam a vida num cipoal de sombras espessas.

Não sei mais que fazer para resistir aos pensamentos amargos.
Ai de nós, se o Espiritismo não houvesse chegado aos nossos destinos como sagrada fonte de sublimes consolações!

Nesse momento, Alexandre colocou novamente a destra sobre a fronte da jovem, que Lhe traduziu o pensamento, em tom de respeito e carinho:
- Concordo em que o Espiritismo é nosso manancial de consolo, mas não posso esquecer que temos na Doutrina a bendita escola de preparação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 13, 2012 10:06 pm

Se permanecermos arraigados às exigências de conforto, talvez venhamos a olvidar as obrigações do trabalho.
Creio que os instrutores da verdade espiritual desejam, antes de tudo, a nossa renovação íntima, para a vida superior.

Se apenas buscarmos consolação, sem adquirir fortaleza, não passaremos de crianças espirituais.
Se procurarmos a companhia de orientadores benevolentes, tão-só para o gozo de vantagens pessoais, onde estará o aprendizado?

Acaso não permanecemos, aqui na Terra, em lição?
Teríamos recebido o corpo, ao renascer, apenas para repousar?

É incrível que os nossos amigos da esfera superior nos venham suprimir a possibilidade de caminhar por nós mesmos, usando os próprios pés.

Naturalmente, não nos querem os benfeitores do Além para eternos necessitados da casa de Deus e, sim, para companheiros dos gloriosos serviços do bem, tão generosos, fortes, sábios e felizes quanto eles já o são.

E modificando a inflexão de voz, desejosa de demonstrar a ternura filial que lhe vibrava n’alma, acentuou:
- Mamãe sabe como lhe quero bem, mas alguma coisa, no fundo da consciência, não me permite comentar as nossas necessidades senão assim, ajustando-me aos elevados ensinamentos que a Doutrina nos gravou no coração.

Não posso compreender Cristianismo sem a nossa integração prática nos exemplos do Cristo.

Em virtude de o instrutor haver interrompido a operação magnética e porque me encontrasse perplexo ante a facilidade com que a menina lhe recebia os pensamentos, quando observara tanta complexidade nos serviços de psicografia, expus ao orientador amigo as indagações que me assaltavam o espírito.

Sem titubear, Alexandre explicou:
- Aqui, André, observa você o trabalho simples da transmissão mental e não pode esquecer que o intercâmbio do pensamento é movimento livre no Universo.
Desencarnados e encarnados, em todos os sectores de actividade terrestre, vivem na mais ampla permuta de ideias.
Cada mente é um verdadeiro mundo de emissão e recepção e cada qual atrai os que se lhe assemelham.

Os tristes agradam aos tristes, os ignorantes se reúnem, os criminosos comungam na mesma esfera, os bons estabelecem laços recíprocos de trabalho e realização.

Aqui temos o fenómeno intuitivo, que, com maior ou menor intensidade, é comum a todas as criaturas, não só no plano construtivo, mas também no círculo de expressões menos elevadas.

Temos, sob nossos olhos, uma velha irmã e seu filho maior completamente ambientados na exploração inferior de amigos desencarnados, presas de ignorância e enfermidade, estabelecendo perfeito comércio de vibrações inferiores.

Falam sob a determinação directa dos vampiros infelizes, transformados em hóspedes efectivos do continente de suas possibilidades fisicopsíquicas.

Permanece também sob nossa análise uma jovem que, presentemente, atingiu dezasseis anos de nova existência terrestre.

Suas disposições, contudo, são bastante diversas.
Ela consegue receber nossos pensamentos e traduzi-los em linguagem edificante.

Não está propriamente em serviço técnico da mediunidade, mas no abençoado trabalho de espiritualização.

E indicando a mocinha, cercada de maravilhoso halo de luz, acrescentou:
- Conserva, ainda, o seu vaso orgânico na mesma pureza com que o recebeu dos benfeitores que lhe prepararam a presente reencarnação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 13, 2012 10:06 pm

Ainda não foi conduzida ao plano de emoções mais fortes, e as suas possibilidades de recepção, no domínio intuitivo, conservam-se claras e maleáveis.

Suas células ainda se encontram absolutamente livres de influências tóxicas;
seus órgãos vocais, por enquanto, não foram viciados pela maledicência, pela revolta, pela hipocrisia;
seus centros de sensibilidade não sofreram desvios, até agora;

seu sistema nervoso goza de harmonia invejável, e o seu coração, envolvido em bons sentimentos, comunga com a beleza das verdades eternas, através da crença sincera e consoladora.


E, além disso, não tendo débitos muito graves do pretérito, condição que a isenta do contacto com as entidades perversas que se movimentam na sombra, pode reflectir com exactidão os nossos pensamentos mais íntimos.

Vivendo muito mais pelo espírito, nas actuais condições em que se encontra, basta a permuta magnética para que nos traduza as ideias essenciais.

-Isto significa -perguntei -que esta jovem é bastante pura e que continuará com semelhantes facilidades, em toda a existência?

Alexandre sorriu e observou:
-Não tanto. Ela ainda conserva os benefícios que trouxe do plano espiritual e as cartas da felicidade ainda permanecem nas suas mãos para extrair as melhores vantagens no jogo da vida, mas dependerá dela o ganhar ou perder, futuramente.

A consciência é livre.
- Então - continuei perguntando - não seria difícil prepararem-se todas as criaturas para receberem a influenciação superior?

- De modo algum -esclareceu ele - todas as almas rectas, dentro do espírito de serviço e de equilíbrio, podem comungar perfeitamente com os mensageiros divinos e receber-lhes os programas de trabalho e iluminação, independentemente da técnica do mediunismo que, presentemente, se desenvolve no mundo.

Não há privilegiado na Criação.
Existem, sim, os trabalhadores fiéis, compensados com justiça, seja onde for.

Fortemente emocionado com as observações ouvidas, senti que o meu pensamento se perdia num mar de novas e abençoadas ilações.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 13, 2012 10:06 pm

6 - A oração

Após separar-se da progenitora e da irmã, dispôs-se o rapaz a tomar o caminho da residência que lhe era própria.

Seguimo-lo de perto. Doía-me identificar-Lhe a posição de vítima, cercado pelas duas formas escuras.
As observações referentes à microbiologia psíquica impressionavam-me fortemente.
Conhecia, de perto, as alterações circulatórias, determinando a embolia, o enfarte, à gangrena.

Tratara, noutro tempo, inúmeros casos de infecção, através de artrites e miosites, úlceras gástricas e abcessos miliares

Examinara, atenciosamente, no campo médico, as manifestações do câncer, dos tumores malignos, em complicados processos patológicos.

Vira múltiplas expressões microbianas, no tratamento da lepra, da sífilis, da tuberculose.

Muitas vezes, na qualidade de defensor da vida, permanecera longos dias em duelo com a morte, sentindo a inutilidade de minha técnica profissional no ataque aos vírus estranhos que apressavam a destruição orgânica, zombando-me dos esforços.

Na qualidade de médico, entretanto, na maioria dos casos, quando podia contar ainda com a prodigiosa intervenção da Natureza, mantinha a presunção de conhecer variadas normas de combate, em diversas direcções.

No diagnóstico da difteria, não vacilava na aplicação do soro de Roux e conhecia o valor da operação de traqueotomia no crupe declarado.

Nas congestões, não me esqueceria de intensificar a circulação.
Nos eczemas, lembraria, sem dúvida, os banhos de amido, as pomadas à base de bismuto e a medicação arsenical e sulfurosa.

Positivando o edema, recordaria a veratrina, o calomelano, a cafeína e a teobromina, depois de analisar, detalhadamente, os sintomas.

No câncer, praticaria a intervenção cirúrgica, se os raios X não demonstrassem a eficiência precisa.
Para todos os sintomas, saberia utilizar regimes e dietas, aplicações diversas, isolamentos e intervenções, mas... E ali?

À nossa frente, caminhava um enfermo diverso.
Sua diagnose era diferente.
Escapava ao meu conhecimento dos sintomas e aos meus antigos métodos de curar.

No entanto, era paciente em condições muito graves.
Viam-se-lhe os parasitas escuros.
Observava-se-lhe a desesperação íntima, em face do assédio incessante.

Não haveria remédio para ele?
Estaria abandonado e era mais infeliz que os doentes do mundo?
Que fazer para aliviar-lhe as dores terríveis, a se manifestarem à maneira de angustiosas e permanentes inquietações?

Já havia atendido a entidades perturbadas e sofredoras, balsamizando-lhes padecimentos atrozes.

Não ignorava os esforços constantes de nossa colónia espiritual, a fim de atenuar sofrimentos dos desencarnados de ordem inferior, mas, ali, em virtude da contribuição magnética de Alexandre, o grande e generoso instrutor que me seguia, observava um companheiro encarnado, presa de singulares viciações.

Por que factores ministrar o socorro indispensável?
E, naturalmente, novas reflexões ocorriam-me céleres.
Semelhantes expressões microbianas acompanhariam os desencarnados? Atacariam a alma, fora da carne?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 14, 2012 11:29 pm

Quando me debatia em amarguras inexprimíveis, nas zonas inferiores, certo havia sido vítima das mesmas influenciações cruéis.

Todavia, onde o remédio salutar?
Onde o alívio para tamanhas angústias?

Revelando paternal interesse, Alexandre veio em meu socorro, esclarecendo:
- Estas interrogações íntimas, André, são portadoras de grande bem para o seu coração.

Começa a observar as manifestações do vampirismo, as quais não se circunscrevem ao ambiente dos encarnados.

Quase que a totalidade de sofrimentos nas zonas inferiores, deve a ela sua dolorosa origem.

Criaturas desviadas da verdade e do bem, nos longos caminhos evolutivos, reúnem-se umas às outras, para a continuidade das permutas magnéticas de baixa classe.

Os criminosos de vários matizes, os fracos da vontade, os aleijados do carácter, os doentes voluntários, os teimosos e recalcitrantes de todas as situações e de todos os tempos integram comunidades de sofredores e penitentes do mesmo padrão, arrastando-se, pesadamente, nas regiões invisíveis ao olhar humano.

Todos eles segregam forças detestáveis e criam formas horripilantes, porque toda matéria mental está revestida de força plasmadora e exteriorizante.

- Mas - objectei - sinto que o campo médico é muito maior, depois da morte do corpo.

- Sem dúvida - redarguiu meu interlocutor, sereno -, quando compreendermos a extensão dos ascendentes morais em todos os acontecimentos da vida.

-Entretanto - considerei - horrorizam-me as novas descobertas na região microbiana.
Que fazer contra o vampirismo?
Como lutar com as forças mentais degradantes?

No mundo, temos a clínica especializada, a técnica cirúrgica, os antídotos de vários sistemas curativos. Mas aqui?

Alexandre sorriu, pensativo, e falou, depois de pausa mais longa:
-Conforme verificamos, André, o tratamento remoto nos templos, a ascendência da fé nos processos de Medicina, nos séculos passados, e a concepção de que as entidades diabólicas provocam as mais estranhas enfermidades no homem, não são integralmente destituídas de razão.

Indubitavelmente, entre os Espíritos encarnados, as expressões mentais dependem do equilíbrio do corpo, assim como a boa e perfeita música depende do instrumento fiel.

Mas a ciência médica atingirá culminâncias sublimes quando verificar no corpo transitório a sombra da alma eterna.
Cada célula física é instrumento de determinada vibração mental.

Todos somos herdeiros do Pai que cria, conserva, aperfeiçoa, transforma ou destrói e, diariamente, como nosso potencial gerador de energias latentes, estamos criando, renovando, aprimorando ou destruindo alguma coisa.

Justifico a surpresa de seus raciocínios ante a paisagem nova que se desdobra à sua vista.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 14, 2012 11:29 pm

A luta do aperfeiçoamento é vastíssima. Quanto ao combate sistemático ao vampirismo, nas múltiplas moléstias da alma, aqui também, no plano de nossas actividades, não faltam processos saneadores e curativos de natureza exterior;
no entanto, examinando o assunto na essência, somos compelidos a reconhecer que cada filho de Deus deve ser o médico de si mesmo e, até à plena aceitação desta verdade com as aplicações de seus princípios, a criatura estará sujeita a incessantes desequilíbrios.

Entendendo-me a estranheza, Alexandre indicou o rapaz que se dispunha a penetrar o reduto doméstico, depois de pequeno percurso a pé, e falou:
- Há diversos processos de medicação espiritual contra o vampirismo, os quais poderemos desenvolver em direcções diversas;
mas, para fornecer a você uma demonstração prática, visitemos o lar de nosso amigo.

Conhecerá o mais poderoso antídoto.
Curioso, observei que as entidades infelizes mostravam-se, agora, terrivelmente contrafeitas.
Alguma coisa impedia-lhes acompanhar a vítima ao interior.

- Naturalmente - acentuou meu generoso companheiro - você já sabe que a prece traça fronteiras vibratórias.
Sim, já observara experiências dessa ordem.

- Aqui - prosseguiu ele -reside uma irmã que tem a felicidade de cultivar a oração fervorosa e recta.

Entramos.
E, enquanto o amigo encarnado se preparava a recolher, Alexandre explicava-me o motivo da sublime paz reinante entre as paredes humildes.

- O lar - disse - não é somente a moradia' dos corpos, mas, acima de tudo, a residência das almas.

O santuário doméstico que encontre criaturas amantes da oração e dos sentimentos elevados, converte-se em campo sublime das mais belas florações e colheitas espirituais.

Nosso amigo não se equilibrou ainda nas bases legítimas da vida, depois de extremas vacilações e levianas experiências da primeira mocidade;
no entanto, sua companheira, mulher jovem e cristã, garante-lhe a casa tranquila, com a sua presença, pela abundante e permanente emissão de forças purificadoras e luminosas, de que o seu Espírito se nutre.

Achava-me eminentemente surpreendido.
De facto, a tranquilidade interior era grande e confortadora.
Em cada ângulo das paredes e em cada objecto isolado havia vibrações de paz inalterável.

O rapaz, agora, penetrava o aposento modesto, naturalmente disposto ao descanso nocturno.

Alexandre tomou-me a destra, paternalmente, encaminhou-se até à porta, que se fechara sem estrépito, e bateu, de leve, como se estivéssemos ante um santuário que não devíamos penetrar sem religioso respeito.

Uma senhora muito jovem, em quem percebi imediatamente a esposa de nosso companheiro, desligada do corpo físico, em momentos de sono, veio atender e saudou o instrutor afectuosamente.

Após cumprimentar-me, graças à apresentação de Alexandre, exclamou, jovial:
- Agradeço a Deus a possibilidade de orarmos juntos.
Entrem. Desejo transformar nossa casa no templo vivo de Nosso Senhor.

Ingressamos no aposento íntimo e, de minha parte, mal continha a surpresa da situação.
Nesse mesmo instante, punha-se o rapaz entre os lençóis, com evidente cuidado para não despertar a esposa adormecida.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 14, 2012 11:30 pm

Contemplei o quadro formoso e santificante.
Rodeava-se o leito de intensa luminosidade.

Observei os fios tenuíssimos de energia magnética, ligando a alma de nossa nobre amiga à sua forma física, placidamente recostada.

- Desculpem-me -disse, bondosa, fixando o olhar no instrutor -, preciso atender agora aos meus deveres imediatos.

- Esteja à vontade, Cecília! - falou o orientador com a ternura dum pai que abençoa -passamos aqui tão-só para visitá-la.

Cecília beijou-lhe as mãos e rogou:
-Não se esqueça de deixar-nos os seus benefícios.
Alexandre sorriu em silêncio e, por alguns minutos, manteve-se em meditação mais profunda.

E enquanto ele se mantinha insulado em si mesmo, eu observava a delicada cena:
- A esposa, desligada do corpo, sentou-se à cabeceira e, no mesmo instante, o rapaz como se estivesse ajeitando os travesseiros descansou a cabeça em seu regaço espiritual.

Cecília, acariciando-lhe a cabeleira com as mãos, elevava os olhos ao Alto, revelando-se em fervorosa prece.

Luzes sublimes cercavam-na toda e eu podia sintonizar com as suas expressões mais íntimas, ouvindo-lhe a rogativa pela iluminação do companheiro a quem parecia amar infinitamente.

Comovido com a beleza de suas súplicas, reparei com assombro que o coração se lhe transformava num foco ardente de luz, do qual saíam inúmeras partículas resplandecentes, projectando-se sobre o corpo e sobre a alma do esposo com a celeridade de minúsculos raios.

Os corpúsculos radiosos penetravam-lhe o organismo em todas as direcções e, muito particularmente, na zona do sexo, onde identificara tão grandes anomalias psíquicas, concentravam-se em massa, destruindo as pequenas formas escuras e horripilantes do vampirismo devorador.

Os elementos mortíferos, no entanto, não permaneciam inactivos.

Lutavam, desesperados, com os agentes da luz. O rapaz, como se houvera atingido um oásis, perdera a expressão de angustioso cansaço.

Demonstrava-se calmo e, gradativamente, cada vez mais forte e feliz, no momento em curso.

Restaurado em suas energias essenciais, enlaçou devagarzinho a esposa amorosa que se conservava maternalmente ao seu lado e adormeceu jubiloso.

A cena íntima era maravilhosamente bela aos meus olhos.
Dispunha-me a pedir explicações, quando o instrutor me chamou delicadamente, encaminhando-me ao exterior.

Fora do quarto, falou-me paternalmente:
- Já observou quanto devia.

Agora, poderá extrair as próprias ilações.
- Sim - retruquei -; estou assombrado com o que vi;
no entanto, estimaria ouvi-lo em considerações esclarecedoras.


- Não tenha dúvida - prosseguiu o orientador -, a oração é o mais eficiente antídoto do vampirismo.
A prece não é movimento mecânico de lábios, nem disco de fácil repetição no aparelho da mente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 14, 2012 11:30 pm

É vibração, energia, poder.
A criatura que ora, mobilizando as próprias forças, realiza trabalhos de inexprimível significação.

Semelhante estado psíquico descortina forças ignoradas, revela a nossa origem divina e coloca-nos em contacto com as fontes superiores.

Dentro dessa realização, o Espírito, em qual quer forma, pode emitir raios de espantoso poder.

Após breve intervalo, Alexandre considerou, imprimindo mais força ao ensinamento:
-E você não pode ignorar que as próprias formas inferiores da Terra se alimentam quase que integralmente de raios.

Descem sobre a fronte humana, em cada minuto, bilhões de raios cósmicos, oriundos de estrelas e planetas amplamente distanciados da Terra, sem nos referirmos aos raios solares, caloríficos e luminosos, que a ciência terrestre mal começa a conhecer.

Os raios gama, provenientes do elemento rádio que se desintegra incessantemente no solo, e os de várias expressões emitidos pela água e pelos metais, alcançam os habitantes da Terra pelos pés, determinando consideráveis influenciações.

E, em sentido horizontal, experimenta o homem a actuação dos raios magnéticos exteriorizados pelos vegetais, pelos irracionais e pelos próprios semelhantes.

A admiração impusera-me silêncio, mas o orientador prosseguiu, após ligeiro intervalo:
- E as emanações de natureza psíquica que envolve a Humanidade, provenientes das colónias de seres desencarnados que rodeiam a Terra?

Em cada segundo, André, cada um de nós recebe triliões de raios de vária ordem e emitimos forças que nos são peculiares e que vão actuar no plano da vida, por vezes em regiões muitíssimo afastadas de nós.

Nesse círculo de permuta incessante, os raios divinos, expedidos pela oração santificadora, convertem-se em factores adiantados de cooperação eficiente e definitiva na cura do corpo, na renovação da alma e iluminação da consciência.

Toda prece elevada é manancial de magnetismo criador e vivificante e toda criatura que cultiva a oração, como devido equilíbrio do sentimento, transforma-se, gradativamente, em foco irradiante de energias da Divindade.

As elucidações do instrutor calaram-me profundamente no ser.

Desejando, contudo, certificar-me quanto a outro pormenor da sublime experiência, interroguei:
- Bastará, porém, o recurso da esposa para que o nosso doente restaure o equilíbrio psíquico?

Alexandre sorriu e respondeu:
- O socorro de Cecília é valioso para o companheiro, mas o potencial de emissão divina pertence a ela, como fruto incorruptível dos seus esforços individuais.

Significa para ele o «acréscimo de misericórdia» que deverá anexar, em definitivo, ao património de sua personalidade, através do trabalho próprio.

Receber o auxílio do bem não quer dizer que o beneficiado seja bom.

Nosso amigo precisa devotar-se, com fervor, ao aproveitamento das bênçãos que recebe, porque, inegavelmente, toda cooperação exterior pode ser interrompida e cada filho de Deus é herdeiro de possibilidades sublimes e deve funcionar como médico vigilante de si mesmo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 14, 2012 11:30 pm

7 - Socorro espiritual

- Precisa voltar mais cedo aos serviços? - Indagou Alexandre, assim que tomávamos à via pública.

- Posso dispor de mais tempo - respondi.
Meu interesse era enorme na continuidade das instruções.

Alexandre possuía vastíssimas experiências médicas.
Minhas aquisições nesse terreno, em comparação com as dele, representavam conhecimentos pálidos.

- Tenho ainda hoje uma assembleia de esclarecimentos a irmãos encarnados - continuou o orientador - e se você puder comparecer, teremos satisfação.

- Como não?
Estou aprendendo e não devo perder a oportunidade.


Saímos.
As entidades perturbadas mantinham-se à porta, dando a ideia de alguém à espera de brecha para entrar.

Porque Alexandre prosseguia na palestra edificante, seguíamos, quase passo a passo, como quando na Crosta.

Estávamos nos primeiros minutos da madrugada.
Os transeuntes desencarnados eram numerosíssimos.

A maioria, de natureza inferior, trajava roupa escura, mas, de espaço a espaço, éramos defrontados por grupos luminosos que passavam, céleres, em serviços cuja importância se adivinhava.

- Há sempre quefazeres urgentes, no auxílio oportuno aos nossos irmãos da Crosta - comentou o instrutor, com afabilidade e doçura - e, na maior parte das vezes, é mais eficiente o nosso concurso à noite, quando os raios solares directos não desintegram certos recursos de nossa cooperação...

Não havia terminado, quando se acercou de nós, inesperadamente, uma velhinha simpática.
- Justina, minha irmã, que o Senhor a abençoe! - saudou-a o orientador, gentil.

A entidade amiga, que demonstrava muita inquietude no olhar, respondeu com afectuoso respeito e explicou-se:
- Alexandre, tenho necessidade de seu auxílio urgente e vim ao seu encontro. Desculpe-me.

E, antes que o instrutor pudesse sondar-lhe verbalmente a aflição, a interlocutora prosseguiu:
- Meu filho António encontra-se em estado gravíssimo...

Agora era Alexandre que a interrompia:
- Adivinho o que se passa.
Quando o visitei, no mês findo, notei-lhe as perturbações circulatórias.

- Sim, sim - continuou a mãe aflita.
António vive no círculo de pensamentos muito desregrados, apesar do bom coração.

E hoje trouxe para o leito de repouso tantas preocupações descabidas, tanta angústia desnecessária, que as suas criações mentais se transformaram em verdadeiras torturas.

Embalde, auxiliei-o com os meus humildes recursos;
infelizmente, é tão grande o seu desequilíbrio interior, que toda a minha colaboração resultou inútil, permanecendo-lhe o cérebro sob a ameaça dum derramamento mortífero.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 14, 2012 11:30 pm

E sentindo a gravidade do minuto, acrescentou, triste:
-Ó Alexandre, bem sei que devemos subordinar nossos desejos aos desígnios de Deus.

Entretanto, meu filho necessita de mais alguns dias na Terra.
Creio que, em dois meses, conseguirei dele, indirectamente, a solução de todos os problemas que lhe afectam a paz da família.

Sua autoridade pode auxiliar-nos!
Seu coração edificado em Cristo permanece em condições de fazer-nos semelhante bem!...

Reconhecendo a urgência do assunto, exclamou o orientador:
-A caminho! Não temos um segundo a perder!
Daí a poucos instantes, penetramos na residência confortável.

A velhinha, aflita, conduziu-nos a uma alcova espaçosa, onde o filho, chefe da casa, repousava metido em alvos lençóis, dando-me a impressão característica dum moribundo.

António parecia próximo dos setenta anos e exibia todos os sinais do arterioesclerótico adiantado.
O quadro era agora profundamente educativo para mim, que entrara num círculo valioso de observações novas.

Identificava perfeitamente o estado pré-agónico, em todas as suas expressões físico-espirituais.

A alma confusa, inconsciente, movimentava-se com dificuldade, quase que totalmente exteriorizada, junto do corpo imóvel, a respirar dificilmente.

Enquanto Alexandre se inclinava paternalmente sobre ele, observei que estávamos diante de uma trombose perigosíssima, por localizar-se numa das artérias que irrigam o córtex motor do cérebro.

A apoplexia não se fizera esperar.
Mais alguns instantes e a vítima estaria desencarnada.

Alexandre, que centralizara todas as atenções no enfermo, tocou-lhe o cérebro perispiritual e falou com autoridade serena:
- António, mantenha-se vigilante! Nosso auxílio pede a sua cooperação!

O moribundo, desligado parcialmente do corpo, abriu os olhos fora do invólucro de carne, dando a entender vagas noções de consciência, e o instrutor prosseguiu:
- Você foi acidentado pelos próprios pensamentos em conflito injustificável.

Suas preocupações excessivas criaram-lhe elementos de desorganização cerebral.
Intensifique o desejo de retomar as células físicas, enquanto nos preparamos a fim de ajudá-lo.

Este momento é decisivo para as suas necessidades.

O interpelado não respondeu, mas observei que António compreendera a advertência, no imo das forças da consciência, colocando-se em boa posição para colaborar em favor de si mesmo.

Em seguida, o orientador iniciou complicadas operações magnéticas, no corpo inanimado, ministrando energias novas à espinha dorsal.

Decorridos alguns instantes, colocou a destra ao longo do fígado e, mais tarde, demorando-a no cérebro físico, bem à altura da zona motora, chamou-me e disse: -André, mantenha-se em prece, cooperando connosco.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 14, 2012 11:31 pm

Convocarei alguns irmãos em serviço, nesta noite, para auxiliar-nos.
E acentuou, após meditar por alguns segundos: -o grupo do Irmão Francisco não pode estar longe.

Dito isto, Alexandre assumiu atitude de profunda concentração de pensamento.

Não passou mais dum minuto e pequena expedição de oito entidades, quatro companheiros e quatro irmãs, penetrou o recinto doméstico, em religioso silêncio.

Saudamo-nos todos, ligeiramente, e o instrutor dirigiu-se, atencioso, à entidade que guardava atribuições de chefia.

- Francisco, precisamos aqui das emanações de algum dos nossos amigos encarnados, cujo veículo material esteja agora em repouso equilibrado.

E ao passo que o novo irmão observava, cuidadoso, o agonizante, Alexandre acrescentava:
- Conforme observa, estamos diante dum caso gravíssimo.
É preciso muito critério na escolha do doador de fluidos.

O dirigente dos socorristas pensou um momento e obtemperou:
- Temos um companheiro que nos atenderá razoavelmente.
Trata-se de Afonso.

Enquanto vou buscá-lo, nosso grupo auxiliará sua acção curativa, emitindo forças de colaboração magnética, através da prece.
Francisco ausentou-se imediatamente.

Nesse instante, a velhinha aproximou-se do instrutor e falou, respeitosa:
- Se há necessidade de fluidos de irmãos encarnados, quem sabe poderíamos empregar o concurso de minhas netas que repousam nos aposentos próximos?

- Não - respondeu Alexandre, delicadamente -, não atenderiam as exigências em curso.
Precisamos de alguém suficientemente equilibrado no campo mental.

A mãe inquieta afastou-se, enxugando os olhos.
Atendendo a sinal afectuoso do orientador, aproximei-me, observando o doente de mais perto, mantendo-me embora na íntima atitude de oração.'

- António é viúvo faz vinte anos -explicou Alexandre - e está nas vésperas de vir ter connosco, no plano espiritual.
Nosso amigo, porém, necessita de mais alguns dias na esfera da Crosta para deixar alguns problemas sérios devidamente solucionados.

O Senhor nos concederá a satisfação de colaborar no reerguimento provisório de suas forças.

E fosse porque me detinha a observar o grupo de entidades que oravam, silenciosas, ou em razão de pretender beneficiar-me com novos ensinamentos, o instrutor esclareceu:
-Temos aqui o grupo do Irmão Francisco.
Trata-se de uma das inumeráveis turmas de serviço que nos prestam cooperação.

Muitos companheiros consagram-se aos trabalhos dessa natureza, mormente à noite, quando as nossas actividades de auxílio podem ser mais intensas.

Verdadeiro mundo de interrogações assomava-me ao cérebro, a fim de solucionar as questões do momento; contudo, compreendendo a gravidade dos minutos, em face da tarefa para a qual fôramos chamados, resolvi silenciar.

Não decorreu muito tempo e Francisco voltava seguido de alguém.
Tratava-se do companheiro encarnado a que Alexandre se referira.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 14, 2012 11:31 pm

Não houve oportunidade para saudações. O orientador, tomando-lhe a destra, conduziu-o imediatamente à cabeceira do moribundo, dizendo-lhe com autoridade afectuosa:
-Afonso, não temos um segundo a perder. Coloque ambas as mãos na fronte do enfermo e conserve-se em oração.

O interpelado não pestanejou.
Dando-me a impressão dum veterano em semelhantes serviços de assistência, parecia sumamente despreocupado de todos nós, fixando-se tão-somente na obrigação a cumprir.

Foi então que vi Alexandre funcionar como verdadeiro magnetizador. Recordando meus antigos trabalhos médicos nos casos extremos de transfusão de sangue, via-lhe perfeitamente o esforço de transferir vigorosos fluidos de Afonso para o organismo de António, já moribundo.

Na qualidade de discípulo, acentuando minhas faculdades de análise, junto de preciosa lição, observei que o semblante do enfermo transformava-se gradualmente.

À medida que o instrutor movimentava as mãos sobre o cérebro de António, este revelava sinais crescentes de melhoras.

Verificava, sob forte assombro, que a sua forma perispiritual reunia-se devagarzinho à forma física, integrando-se, harmoniosamente, uma com a outra, como se estivessem, de novo, em processo de reajustamento, célula por célula.

Depois de um quarto de hora, segundo meu cálculo de tempo, estava finda a laboriosa intervenção magnética e Alexandre, chamando a velhinha, acentuou:
- Justina, o coágulo acaba de ser reabsorvido e conseguimos socorrer a artéria com os nossos recursos, mas António terá, no máximo, cinco meses a mais, de permanência na Terra.

Se você pleiteou o auxílio de agora para ajudá-lo a resolver negócios urgentes, não perca as oportunidades, porque os reparos deste instante não perdurarão por mais de cento e cinquenta dias.

E não se esqueça de preveni-lo, pelos processos intuitivos ao nosso alcance, quanto ao cuidado que deverá manter consigo mesmo no terreno das preocupações excessivas, mormente à noite, quando ocorrem os fenómenos desastrosos mais sérios de circulação, em vista da invigilância de muitas pessoas que se valem das horas sagradas do repouso físico para a criação de fantasmas cruéis, no campo vivo do pensamento.

Se o nosso amigo despreocupar-se da auto corrigenda, talvez desencarne antes dos cinco meses.
Toda a cautela é indispensável.
A progenitora agradeceu, comovida, em lágrimas de contentamento.

Alexandre recomendou ao «socorrista» encarnado que retirasse as mãos de sobre a fronte do enfermo e vi, então, o inesperado.

O doente grave, reintegrado nas funções orgânicas, com a harmonia possível, abriu os olhos físicos, como se estivesse profundamente embriagado, e começou a gritar estentoricamente:
- Socorro! Socorro!... Acudam-me por amor de Deus! Eu morro, eu morro!...

Algumas jovens acorreram, espantadas e trémulas, em roupas brancas, percebendo-se que as filhas carinhosas e sensíveis vinham atender ao pai ansioso.

- Papai! Papai! - exclamavam, lacrimosas - que foi isto?
- Estou morrendo! - clamava o enfermo, em voz pungente - chamem o médico... Depressa!

- Mas que sente, papai? -perguntou uma delas, em pranto convulso.
- Sinto-me morrer, tenho a cabeça tonta, incapaz de raciocinar...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 14, 2012 11:31 pm

Grande era a azáfama dos encarnados que passavam por nós em bulha indescritível, atropelando-se uns aos outros, sem o mais leve traço de consciência a respeito da nossa presença ali.

Alexandre solicitou ao Irmão Francisco fornecesse instruções a Afonso para que este regressasse ao lar e, depois da providência, dispôs-se a retirar e disse-me sorrindo, diante da estranheza que a atitude alarmante das moças me causava:
- Geralmente, quando os nossos amigos encarnados gritam, chorosos, por socorro, nosso serviço de assistência já se encontra completo.
Partamos.

O doente, semi lúcido, prosseguia inquieto, enquanto o telefone tilintava, cooperando para a imediata visita do médico.

A velhinha despediu-se de nós, comovedoramente, permanecendo junto do enfermo, velando, devotada e humilde.

Na via pública, pedi ao instrutor me pusesse em contacto mais íntimo com o Irmão Francisco, que nos acompanhava, solícito.

Alexandre, afável como sempre, atendeu-me aos desejos.

- Nossa pequena expedição - esclareceu o chefe do agrupamento, depois de trocar comigo palavras muito cordiais - é uma das inumeráveis turmas de socorro que colaboram nos círculos da Crosta.

Somos milhares de servidores, nessas condições, ligados a diversas regiões espirituais mais elevadas.
- Seu núcleo -perguntei -procede de nossa colónia?
- Sim. E temos nossas actividades entrelaçadas com as tarefas de vários instrutores de Nosso Lar.

- E há tarefas especializadas para cada grupo dessa natureza?
- Perfeitamente.
O nosso, por exemplo - acentuou Francisco, gentil -, destina-se ao reconforto de doentes graves e agonizantes.

De modo geral, as condições de luta para os enfermos são mais difíceis à noite.

Os raios solares, nas horas diurnas, destroem grande parte das criações mentais inferiores dos doentes em estado melindroso, não acontecendo o mesmo à noite, quando o magnetismo lunar favorece as criações de qual quer espécie, boas ou más.

Em vista disso, o nosso esforço há de ser vigilante. Quase ninguém no círculo de nossos irmãos encarnados conhece a extensão de nossas tarefas de socorro.

Permanecem eles num campo de vibrações muito diferentes das nossas e não podem apreender ou discriminar nosso auxílio.

Isto, porém, não importa.
Outros benfeitores, muito mais elevados que aqueles dos quais podemos guardar conhecimento directo, velam por nós e inspiram-nos, devotadamente, no campo das obrigações comuns, sem que vejamos a sua forma de expressão nos trabalhos referentes aos divinos desígnios.

E talvez porque eu sorrisse, admirando-lhe o:
ideal de renúncia serena e santificante, o interlocutor também sorriu e acrescentou:
- Sim, meu amigo, reclamar compreensão e resultado de criaturas e situações, ainda incapacitadas para no-los dar, constitui exigência mais cruel que a solicitação de recompensas imediatas.

Era bem a verdade convincente.
Mantinha-se o Irmão Francisco dentro da lógica mais elevada.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 14, 2012 11:32 pm

Os que auxiliam alguém, interessados no reconhecimento ou na compensação, quase sempre permanecem de olhos cerrados para o concurso divino e invisível que de Mais Alto recebem.

Exigem que outros lhes identifiquem a posição de benfeitores, mas nunca se recordam de que amigos sábios e desvelados lhes oferecem a melhor cooperação de planos superiores, sem deles reclamarem a mínima nota de gratidão pessoal.

-São muitos os irmãos afins -continuou o meu interlocutor, interrompendo-me as reflexões íntimas -que se reúnem, depois da morte do corpo, em tarefas de amparo fraternal, quando já alcançaram os primeiros degraus da escada de purificação.

Do que me é possível ajuizar, semelhantes trabalhos são dos mais eficientes e dignos em favor dos homens.

Raramente os companheiros encarnados, quando em excelentes condições de saúde física, podem compreender as aflições dos enfermos em posição desesperadora ou dos moribundos prestes a partir.

Nós outros, porém, no quadro de realidades mais fortes, sabemos que, muitas vezes, é possível efectuar realizações deveras sublimes, de natureza espiritual, em poucos dias, nessas circunstâncias, depois de largos anos de actividades inúteis.

No leito da morte, as criaturas são mais humanas e mais dóceis.

Dir-se-ia que a moléstia intransigente enfraquece os instintos mais baixos, atenua as labaredas mais vivas das paixões inferiores, desanimaliza a alma, abrindo-lhe, em torno, interstícios abençoados por onde penetra infinita luz.

E a dor vai derrubando as pesadas muralhas da indiferença, do egoísmo cristalizado e do amor-próprio excessivo.

Então, é possível o grande entendimento.
Lições admiráveis felicitam a criatura que, palidamente embora, percebe a grandeza da herança divina.

Acentua-se-lhe o heroísmo e gravam-se-lhe no coração, para sempre, mensagens vivas de amor e sabedoria.

Na noite espessa da agonia começa a brilhar a aurora da vida eterna.

E aos seus clarões indistintos, nossos princípios são facilmente aceitos, a sensibilidade demonstra características sublimes e a luz imortal lança fontes de infinito poder nos recessos do espírito.

O interlocutor fez longa pausa e rematou:
-Desse modo, conseguimos efectuar um serviço de assistência eficaz, cariando novos valores no campo da fraternidade e do bem legítimo.

Nunca observou a paciência inesperada de doentes graves, a calma de certos enfermos incuráveis e a suprema conformação da maioria dos moribundos?

Muitas vezes, semelhantes edificações, incompreensíveis para os encarnados que os cercam, constituem o fruto do esforço de nossos grupos itinerantes de socorro.

Francisco enunciara sublimes verdades.

De facto, a serenidade dos enfermos em condição desesperadora e a resignação inexplicável dos agonizantes, absolutamente distanciados da fé religiosa, não poderiam guardar outra origem.

A bondade divina é infinita e, em todos os lugares, há sempre generosas manifestações da Providência Paternal de Deus, confortando os tristes, acalmando os desesperados, socorrendo os ignorantes e abençoando os infelizes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 15, 2012 10:29 pm

8 - No plano dos sonhos

Após alguns minutos de conversação encantadora, o Irmão Francisco acercou-se do orientador, indagando sobre os objectivos da reunião da noite.

- Sim - esclareceu Alexandre, afável -, teremos algum trabalho de esclarecimento geral a amigos nossos, relativamente a problemas de mediunidade e psiquismo, sem minúcias particulares.

- Se nos permite - tornou o interlocutor -, estimaria trazer alguns companheiros que colaboram frequentemente connosco.
Seria para nós grande satisfação vê-los aproveitando os minutos de sono físico.

- Sem dúvida. Destina-se o serviço de hoje...
Preparação de cooperadores nossos, ainda encarnados na Crosta.
Estaremos a sua disposição e receberemos seus auxiliares com alegria.

Francisco agradeceu sensibilizado e perguntou:
- Poderemos providenciar?
- Imediatamente - explicou o instrutor, sem hesitação - conduza os amigos ao sítio de seu conhecimento.

Afastou-se o grupo de socorristas, deixando-me verdadeiro mundo de pensamentos novos.

Segundo informações anteriores, Alexandre dirigiria, naquela noite, pequena assembleia de estudiosos e, assim que nos vimos a sós, explicou-me, solícito:
- Nosso núcleo de estudantes terrestres já possui certa expressão numérica; no entanto, faltam-lhe determinadas qualidades essenciais para funcionar com pleno proveito.

Em vista disso, imprescindível dotar os companheiros de conhecimentos mais construtivos.

E, como julgasse útil fornecer-me informações pessoais destinadas a minha própria elucidação acrescentou, gentilmente:
- E os irmãos que comparecem - indaguei, curioso - conservam a recordação integral dos serviços partilhados, de estudos levados a efeito e observações ouvidas?

Alexandre pensou um momento e considerou:
- Mais tarde, a experiência mostrará você como é reduzida à capacidade sensorial. O homem eterno guarda a lembrança completa e conserva consigo todos os ensinamentos, intensificando-os e valorizando-os, de acordo com o estado evolutivo que lhe é próprio.

O homem físico, entretanto, escravo de limitações necessárias, não pode ir tão longe. O cérebro de carne, pelas injunções da luta a que o Espírito foi chamado a viver, é aparelho de potencial reduzido, dependendo muito da iluminação de seu detentor, no que se refere à fixação de determinadas bênçãos divinas.

Desse modo, André, o arquivo de semelhantes reminiscências, no livro temporário das células cerebrais, é muito diferente nos discípulos entre si, variando de alma para alma.

Entretanto, cabe-me acrescentar que, na memória de todos os irmãos de boa vontade, permanecerá, de qualquer modo, o benefício, ainda mesmo que eles, no período de vigília, não consigam positivar a origem.

As aulas, no teor daquela a que você assistirá nesta noite, são mensageiras de inexprimíveis utilidades práticas.

Em despertando, na Crosta, depois delas, os aprendizes experimentam alívio, repouso e esperança, a par da aquisição de novos valores educativos.

É certo que não podem reviver os pormenores, mas guardarão a essência, sentindo-se revigorados, de inexplicável maneira para eles, não só a retomar a luta diária no corpo físico, mas também a beneficiar o próximo e combater, com êxito, as próprias imperfeições.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 15, 2012 10:29 pm

Seus pensamentos tornam-se mais claros, os sentimentos mais elevados e as preces mais respeitosas e produtivas, enriquecendo-se-lhes as observações e trabalhos de cada dia.

- É lastimável - disse eu, valendo-me de pausa mais longa - que todos os membros do grupo não possam frequentar, em massa, as instruções dessa natureza.

Seria de extraordinária significação o acto de se congregarem mais de trezentas pessoas para os mesmos fins santificantes, recebendo, em conjunto, sublimes bênçãos de iluminação.

- Sem dúvida - redarguiu o orientador, no optimismo de sempre.
- No entanto, não podemos violentar ninguém.
Toda elevação representa uma subida e toda subida pede esforço de ascensão.

Se os nossos amigos não se aproveitam da força que lhes é peculiar, se menosprezam os seus próprios direitos divinos, por olvidarem e por vezes detestarem os sagrados deveres que o Pai lhes confiou, como operar por eles, se constitui lei primordial da vida a realização divina e eterna para cada um de nós?

A observação era profunda e indiscutível.
Há esse tempo, defrontáramos vasto edifício que impressionava pelas linhas modestas, embora transbordantes de luz.

- Vamos agora ao trabalho! - convocou Alexandre, resoluto.
- Mas - objectei por minha vez - não se efectuarão as aulas, na sede do agrupamento onde se processam os serviços a seu cargo?

- Se o trabalho - respondeu ele, atencioso - fosse puramente consagrado às entidades libertas do corpo material, poderíamos desenvolver os nossos esforços, ali mesmo, com o maior êxito, mas, no presente caso, devemos atender a irmãos ainda encarnados, que vêm até nós em condições especialíssimas, e precisamos aproveitar os recursos magnéticos dos amigos que ainda se encontram igualmente em luta na Terra.

E chegados diante da porta de entrada, onde se movimentava grande número de companheiros de nosso plano, o instrutor explicou:
- Temos aqui uma nobre instituição espiritista, a serviço dos necessitados, dos tristes, dos sofredores.

O sagrado espírito de família evangélica permanece vivo nesta casa de amor cristão que o Espiritismo ergueu, por intermédio de uma venerável missionária do Cristo.

Nossos trabalhos se desdobrarão aqui com mais eficiência, relativamente aos fins a que se destinam.

-Como é interessante - acentuei - o fato de necessitarmos dos ambientes domésticos para instruções aos companheiros encarnados!

- Sim - comentou Alexandre, com elevada sabedoria -, você não pode esquecer que grandes ensinamentos do próprio Mestre foram ministrados no seio da família.

A primeira instituição visível do Cristianismo foi o lar pobre de Simão Pedro, em Cafamaum.

Uma das primeiras manifestações de Nosso Senhor, diante do povo, foi à multiplicação das alegrias familiares, numa festa de núpcias em pleno aconchego do lar.

Muitas vezes visitou Jesus as casas residenciais de pecadores confessos, acendendo novas luzes nos corações.

A última reunião com os discípulos verificou-se no cenáculo doméstico.
O primeiro núcleo de serviço cristão em Jerusalém foi ainda à moradia simples de Pedro, então transformado em baluarte inexpugnável da nova fé.

Inegavelmente, todo templo de pedra, dignamente superintendido, funciona qual farol no seio das sombras, indicando os caminhos rectos aos navegantes do mundo, mas não podemos esquecer que o movimento vital das ideias e realizações baseia-se na igreja viva do espírito, no coração do povo de Deus.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 15, 2012 10:30 pm

Sem adesão do sentimento popular, na esfera da crença vivida no âmago de cada um qualquer manifestação religiosa reduz-se a mero culto externo.

Por isso mesmo. André, no futuro da Humanidade, os templos materiais do Cristianismo estarão transformados em igrejas-escolas, igrejas-orfanatos, igrejas-hospitais, onde não somente o sacerdote da fé veicule a palavra de interpretação, mas onde a criança encontre arrimo e esclarecimento, o jovem a preparação necessária para as realizações dignas do carácter e do sentimento, o doente o remédio salutar, o ignorante a luz, o velho o amparo e a esperança.

O Espiritismo evangélico é também o grande restaurador das antigas igrejas apostólicas, amorosas e trabalhadoras.

Seus intérpretes fiéis serão auxiliares preciosos na transformação dos parlamentos teológicos em academias de espiritualidade, das catedrais de pedra em lares acolhedores de Jesus.

Daria tudo o que estivesse ao meu alcance para continuar ouvindo as encantadoras elucidações do orientador, mas, nesse instante, transpúnhamos o limiar.

Verifiquei que faltavam apenas cinco minutos para duas horas da madrugada.

Pelo grande número de entidades que vieram céleres, ao nosso encontro, percebi que havia enorme interesse em torno da palestra instrutiva da noite.

Não se achavam presentes apenas os aprendizes ligados ao esforço de Alexandre, em sentido directo, mas também outros amigos, trazidos até ali por afeiçoados do plano espiritual.

Acercou-se de nós, com mais intimidade, pequeno grupo de companheiros, destacando-se um deles que conversou com Alexandre, de maneira mais significativa.

- Ainda não chegaram todos? - indagou O instrutor, com interesse afectivo, após trocarem as primeiras impressões.

Percebi claramente que se referia aos irmãos encarnados que deveriam comparecer na cota de frequência do grupo de que era ele um dos directores espirituais.

- Faltam-nos apenas dois companheiros - elucidou o interpelado.
Até o momento, Vieira e Marcondes ainda não chegaram.

- Urge iniciar os trabalhos - exclamou Alexandre, sem afectação - devemos terminar a tarefa às quatro horas no máximo.

E, mostrando singular interesse de amigo, acrescentou:
- Quem sabe se foram vítimas de algum acidente? Convém positivar no espírito de calma decisão que lhe é característico, recomendou ao auxiliar que lhe prestava informações:
- Sertório, enquanto vou ultimar algumas providências para as instruções da noite, observe o que se passa.

Respeitoso, o subordinado interrogou:
- Caso estejam os nossos irmãos sob a influência de entidades criminosas, como devo proceder?

- Deixá-los-á, então, onde estiverem - replicou o instrutor, resoluto -;
o momento não comporta grandes conversações com os que se prendem, deliberadamente, ao plano inferior.
Findo o trabalho, você mesmo providenciará os recursos que se façam necessários.

Dispunha-se o mensageiro a partir, quando o orientador, percebendo-me o ardente interesse em acompanhá-lo, acrescentou:
- Se deseja, André, poderá seguir, colaborando com o emissário em serviço, Sertório terá prazer em sua companhia.

Agradeci extremamente satisfeito e abracei o auxiliar de Alexandre, que me sorriu acolhedoramente.
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Série André Luiz - MISSIONÁRIOS DA LUZ - Página 2 Empty Re: Série André Luiz - MISSIONÁRIOS DA LUZ

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 15, 2012 10:30 pm

Saímos.
Era indispensável atender o mandado com presteza;
todavia, satisfazendo-me a curiosidade, Sertório explicou, generoso:
- Quando encarnados, na Crosta, não temos bastante consciência dos serviços realizados durante o sono físico;
contudo, esses trabalhos são inexprimíveis e imensos.

Se todos os homens prezassem seriamente o valor da preparação espiritual, diante de semelhante género de tarefa, certo efectuariam as conquistas mais brilhantes, nos domínios psíquicos, ainda mesmo quando ligados aos envoltórios inferiores.

Infelizmente, porém, a maioria se vale, inconscientemente, do repouso nocturno para sair à caça de emoções frívolas ou menos dignas.

Relaxam-se as defesas próprias, e certos impulsos, longamente sopitados durante a vigília, extravasam em todas as direcções, por falta de educação espiritual, verdadeiramente sentida e vivida.

Interessado em esclarecimentos completos.

Indaguei:
- Entretanto, isto ocorre com aprendizes de cursos avançados do Espiritualismo?
Poderiam ser vítimas desses enganos alunos de um instrutor da ordem de Alexandre?

- Como não? - tornou Sertório, fraternalmente.

- Com referência a essa probabilidade, não tenha qualquer dúvida.
Quantos pregam a Verdade, sem aderirem intimamente a ela?
Quantos repetem fórmulas de esperança e paz, desesperando e perseguindo, no fundo do coração?

Há sempre muitos "chamados" em todos os sectores de construção e aprimoramento do mundo! Os "escolhidos", contudo, são sempre poucos.

Completando o pensamento, como a escoimá-lo de qualquer falsa noção de particularismos na obra divina, Sertório acrescentou:
- E precisamos reajustar nossas definições sobre os "escolhidos".

Os companheiros assim classificados não são especialmente favorecidos pela graça divina, que é sempre a mesma fonte de bênçãos para todos.

Sabemos que a "escolha", em qualquer trabalho construtivo, não exclui a "qualidade", e se o homem não oferece qualidade superior para o serviço divino, em hipótese alguma deve esperar a distinção da escolha.

Infere-se, pois, que Deus chama todos os filhos à cooperação em sua obra augusta, mas somente os devotados, persistentes, operosos e fiéis constroem qualidades eternas que os tornam dignos de grandes tarefas.

E, reconhecendo-se que as qualidades são frutos de construções nossas, nunca poderemos esquecer que a escolha divina começará pelo esforço de cada um.

A tese do companheiro era assaz interessante e educativa, mas havíamos atingido pequeno edifício, em frente do qual Sertório se deteve e falou:
- É a residência de Vieira. Vejamos o que se passa.

Acompanhei-o em silêncio.
Em poucos instantes, encontrávamo-nos dentro de quarto confortável, onde dormia um homem idoso, fazendo ruído singular.

Via-se-lhe, perfeitamente, o corpo perispirítico unido à forma física, embora parcialmente desligados entre si.
Ao seu lado, permanecia uma entidade singular, trajando vestes absolutamente negras.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 15, 2012 10:30 pm

Notei que o companheiro adormecido permanecia sob impressões de doloroso pavor.
Gritos agudos escapavam-lhe da garganta.
Sufocava-se, angustiadamente, enquanto a entidade escura fazia gestos que eu não conseguia compreender.

Sertório acercou-se de mim e observou:
- Vieira está sofrendo um pesadelo cruel.
E indicando a entidade estranha:
- Creio que ele terá atraído até aqui o visitante que o espanta.

Com efeito, muito delicadamente, o meu interlocutor começou a dialogar com a entidade de luto:
- O amigo é parente do companheiro que dorme?
- Não, não. Somos conhecidos velhos.

E. muito impaciente, acentuou:
- Hoje, à noite, Vieira me chamou com as suas reiteradas lembranças e acusou-me de faltas que não cometi, conversando levianamente com a família.

Isso, como é natural, desgostou-me.
Não bastará o que tenho sofrido, depois da morte?
Ainda precisarei ouvir falsos testemunhos de amigos maledicentes?

Não poderia esperar dele semelhante procedimento, em virtude das relações afectivas que nos uniam as famílias, desde alguns anos.

Vieira foi sempre pessoa de minha confiança.
Em razão da surpresa, deliberei esperá-lo nos momentos de sono, a fim de prestar-lhe os necessários esclarecimentos.

O estranho visitante. Todavia, fez uma pausa, sorriu irónico, e continuou:
- Entretanto, desde o momento em que me pus a explicar-lhe a situação do passado, informando-o quanto aos verdadeiros móveis de minhas iniciativas e resoluções na vida carnal, para que não prossiga caluniando-me o nome, embora sem intenção, Vieira fez este rosto de pavor que estão vendo e parece não desejar ouvir as minhas verdades.

Interessado nas lições novas, aproximei-me do amigo, cujo corpo descansava em posição horizontal, e senti-lhe o suor frio ensopando os lençóis.

Não revelava compreender convenientemente o auxílio que lhe era trazido, fixando-nos com estranheza e ansiedade, intensificando, ainda mais, os gemidos gritantes que lhe escapavam da boca.

Sentindo a silenciosa reprovação de Sertório, o habitante das zonas inferiores dirigiu-lhe a palavra de modo especial:
- O senhor admite que devamos ouvir impassíveis os remoques da leviandade?

Não será passível de censura e punição o amigo infiel que se vale das imposições da morte para caluniar e deprimir?

Se Vieira sentiu-se no direito de acusar-me, desconhecendo certas particularidades dos problemas de minha vida privada, não é justo que me tolere os esclarecimentos até ao fim?

Não sabe ele, acaso que os mortos continuam vivos?
Ignorará, porventura, que a memória de cada companheiro deve ser sagrada?

Ora esta!
Eu mesmo já lhe ouvi, em minha nova condição de desencarnado, longas dissertações referentes ao respeito que devemos uns aos outros...
Não considera, pois, que tenho motivos justos para exigir um legítimo entendimento?
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 15, 2012 10:30 pm

O interpelado esboçou um gesto de complacência e observou:
- Talvez esteja com a razão, meu caro.
Entretanto, creio deva desculpar seu amigo!

Como exigir dos outros conduta rigorosamente correcta, se ainda não somos criaturas irrepreensíveis?
Tenha calma, sejamos caridosos uns para com os outros!...

E, enquanto a entidade se punha a meditar nas palavras ouvidas.

Sertório falou-me em tom discreto:
- Vieira não poderá comparecer esta noite aos trabalhos.

Não pude reprimir a má impressão que a cena me causava e, talvez porque eu fizesse um olhar suplicante, advogando a causa do pobre irmão, quase a desencarnar-se de medo, o auxiliar de Alexandre prosseguiu:
- Retirar violentamente a visita, cuja presença ele próprio propiciou, não é tarefa compatível com as minhas possibilidades do momento.

Mas podemos socorrê-lo, acordando-o.
E, sem pestanejar, sacudiu o adormecido, energicamente, gritando-lhe o nome com força.

Vieira despertou confuso, estremunhando, sob enorme fadiga, e ouvi-o exclamar, palidíssimo:
- Graças a Deus, acordei! Que pesadelo terrível!...
Será crível que eu tenha lutado com o fantasma do velho Barbosa?
Não! Não posso acreditar!...

Não nos viu, nem identificou a presença da entidade enlutada, que ali permaneceu até não sei quando.

E, ao retirarmo-nos, ainda lhe notei as interrogações íntimas, indagando de si mesmo sobre o que teria ingerido ao jantar, tentando justificar o susto cruel com pretextos de origem fisiológica.

Longe de auscultar a própria consciência, com respeito à maledicência e à leviandade, procurava materializar a lição no próprio estômago, buscando furtar-se à realidade.

Sertório, porém, não me proporcionou ensejo a maiores reflexões.

Convocando-me ao dever imediato, acrescentou:
- Visitemos o Marcondes. Não temos tempo a perder.
Daí a dois minutos, penetrávamos outro apartamento privado;
todavia, o quadro agora era muito mais triste e constrangedor.

Marcondes estava, de fato, ali mesmo, parcialmente desligado do corpo físico, que descansava com bonita aparência, sob as colchas rendadas.

Não se encontrava ele sob impressões de pavor, como acontecia ao primeiro visitado;
entretanto, revelava a posição de relaxamento, característica dos viciados do ópio.

Ao seu lado, três entidades femininas de galhofeira expressão permaneciam em atitude menos edificante.

Vendo-nos, de súbito, o dono do apartamento surpreendeu-se, de maneira indisfarçável, mormente em fixando Sertório, que era de seu mais antigo conhecimento.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 15, 2012 10:31 pm

Levantou-se, envergonhado, e ensaiou algumas explicações com dificuldade:
- Meu amigo - começou a dizer, dirigindo-se ao auxiliar de Alexandre -, já sei que vem procurar-me...

Não sei como esclarecer o que ocorre...
Não pode, contudo, prosseguir e mergulhou a cabeça nas mãos, como se desejasse esconder-se de si mesmo.

A essa altura da cena constrangedora, verifiquei, então, sem vislumbres de dúvida, que as entidades visitantes eram da pior espécie, de quantas conhecia eu nas regiões das sombras.

Irritadas talvez com o recuo do companheiro, que se revelava triste e humilhado, prorromperam em grande algazarra, acercando-se mais intensamente de nós, sem o mínimo respeito.

- Impossível que nos arrebatem Marcondes! - disse uma delas, enfaticamente, - Afinal de contas, vim de muito longe para perder meu tempo assim, sem mais nem menos!

- Ele mesmo nos chamou para a noite de hoje - exclamou a segunda, atrevidamente - e não se afastará de modo algum.

Sertório ouvia com serenidade, evidenciando íntima compaixão.

A terceira entidade, que parecia reter instintos inferiores mais completos, aproximou-se de nós com terrível expressão de sarcasmo e falou, dando-me a entender que aquela não era a primeira vez que Sertório procurava o sitio para os mesmos fins e nas mesmas circunstâncias:
- Os senhores não passam de intrusos.
Marcondes é fraco, deixando-se impressionar pela presença de ambos.

Nós, todavia, faremos a reacção.
Não conseguirão arrancar-nos o predilecto.

E gargalhando, irónica, acentuava:
- Também temos um curso de prazer. Marcondes não se afastará.
Contrariamente aos meus impulsos, Sertório não demonstrava a mínima atenção.

As palavras e expressões daquela criatura, porém, irritavam-me.
Ao meu lado, o auxiliar de Alexandre mantinha-se extremamente bondoso.

A própria vítima permanecia humilde e triste.
Porque semelhantes insultos?

Ia responder alguma coisa, no sentido de esclarecer o caso em termos precisos, quando Sertório me deteve:
- André, contenha-se!
Um minuto de conversação atenciosa com as tentações provocadoras do plano inferior pode induzir-nos a perder um século.

Em seguida, com invejável tranquilidade, dirigiu-se ao interessado, perguntando, sem espírito de censura:
- Marcondes, que contas darei hoje de você, meu amigo?

O interpelado respondeu, lacrimoso e humilhado:
- Ó Sertório, como é difícil manter o coração nos caminhos rectos! Perdoe-me...
Não sei como isto aconteceu... Não posso explicar-me!
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 15, 2012 10:31 pm

Mas Sertório parecia pouco disposto a cultivar lamentações e mostrando-se muito interessado em aproveitar o tempo, interrompeu-o:
- Sim. Marcondes. Cada qual escolhe as companhias que prefere.
Futuramente você compreenderá que somos seus amigos leais e que lhe desejamos todo o bem.

Despejaram as mulheres nova série de frases ridicularizadoras.

Marcondes começou, de novo, a lastimar-se, mas o mensageiro de Alexandre, sem hesitar, tomou-me a destra e regressamos à via pública.

- Voltemos imediatamente - disse ele, decidido.
- E em que ficamos? - indaguei - não vai acordá-lo?
- Não. Não podemos agir aqui do mesmo modo.

Marcondes deve demorar-se em tal situação, para que amanhã a lembrança desagradável seja mais duradoura, fortificando-lhe a repugnância pelo mal.

- Que fazer, então? - perguntei, espantado.
- Diremos ao nosso orientador o que ocorre - redarguiu Sertório, calmamente - é o que nos cabe levar a efeito.

E, sintetizando longas considerações que poderia expender relativamente ao assunto, frisou:
- Por agora, André, chama-nos o dever mais alto, no campo de nossa jornada para Deus.

Entretanto, quando terminarem as instruções da noite, voltarei a ver o que é possível efectuar em favor de nossos pobres amigos.

No momento, não devemos perder os minutos.

As prelecções de Alexandre não se destinam somente ao preparo dos nossos irmãos que ainda se ligam aos envoltórios de carne, na superfície da Crosta;
são igualmente valiosas para nós outros, que necessitamos enriquecer possibilidades para socorrer, com êxito, os companheiros encarnados.

- Sim, concordo - respondi.
- No entanto, a situação de Vieira e Marcondes sensibiliza-me fundamente.

Sertório, porém, cortou-me a palavra, rematando, seguro de si mesmo:
- Conserve seu sentimento, que é sagrado;
não se arrisque, porém, a sentimentalismo doentio.

Esteja tranquilo quanto à assistência, que não lhes faltará no momento oportuno;
não se esqueça, porém, de que, se eles mesmos algemaram o coração em semelhantes cárceres, é natural que adquiram alguma experiência proveitosa à custa do próprio desapontamento.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 15, 2012 10:31 pm

9 - Mediunidade e fenómeno

Era considerável o número de amigos encarnados, provisoriamente libertos do corpo físico através do sono, que se congregavam no vasto salão.

Em primeiro lugar, junto da mesa directora, onde Alexandre assumiu a chefia, instalaram-se os alunos directos e permanentes do generoso e sábio instrutor.

Distribuíam-se os demais em turmas sucessivas de segundo plano.

Calculei a assistência de companheiros nessas condições em pouco mais de cem pessoas, aproximadamente, excepção dos desencarnados que acorriam até ali em mais vasta expressão.

Além do grupo do Irmão Francisco, que trouxera os tutelados, outras associações da mesma natureza compareciam com os seus pupilos, interessados em novas instruções.

Observei, porém, uma particularidade: somente os aprendizes comprometidos com Alexandre podiam relacionar suas dúvidas, pedidos e indagações, não em sentido verbal, mas através de consultas que eram previamente transmitidas a ele, antes de iniciar a dissertação.

Atendendo-me a curiosidade, Sertório, que se mantinha a meu lado, explicou, atencioso:
- Há muitas escolas deste género para os encarnados que se dispõem a aproveitar os momentos de sono físico.

É natural que aos discípulos permanentes, desse ou daquele sector, caiba o direito de interrogar.

Como vemos, não há particularismo.
Trata-se de uma questão de ordem dos serviços, mesmo porque os aprendizes de comparecimento eventual terão direitos outros, por sua vez, nos núcleos a que pertencem.

Satisfeito, pelo esclarecimento, indaguei:
- Qual o tema da noite? Há programa pré-estabelecido?

- Há sempre plano organizado para o trabalho - respondeu.
Contudo, os temas são improvisados por Alexandre, depois de receber as indagações e consultas dos frequentadores habituais.

O orientador examina, atentamente, as questões suscitadas pela maioria e fornece instruções de modo a satisfazer igualmente aos assuntos com minoria de interessados.

- E poderá informar quanto ao tema provocado pela maioria dos aprendizes, nesta noite?
- Creio que se refere à mediunidade e ao fenómeno, em geral.

Em seguida, o companheiro, por especial gentileza, convidou-me a integrar, na assembleia, a equipe dos auxiliares do devotado instrutor que tomara a tribuna, iniciando os serviços educativos.

Mais do que em outras ocasiões, realçava-se-lhe a figura veneranda e imponente.
Irradiando a luz que lhe era própria.

Alexandre dominava a reunião de trabalhadores e estudantes, não pelo magnetismo absorvente dos oradores apaixonados, mas pela bondade simples e pela superioridade sem afectação.

Todas as atenções centralizadas nele, começou a explanação com uma rogativa ao Senhor, suplicando-lhe o dom de compreender o auditório e de ser por ele compreendido.
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