LUZ ESPÍRITA
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Série André Luiz - MISSIONÁRIOS DA LUZ

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Série André Luiz - MISSIONÁRIOS DA LUZ - Página 6 Empty Re: Série André Luiz - MISSIONÁRIOS DA LUZ

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 23, 2012 10:53 pm

O coração filial que nos espera sentirá novas felicidades ao contacto de sua ternura.
Raquel bem merece semelhante alegria.

Voltando-se para a assembleia ali congregada, explicou:
- Faremos agora o ato de ligação inicial, em sentido directo, de Segismundo com a matéria orgânica.

Espero, porém, caros companheiros, a visita reiterada de todos vocês ao nosso irmão reencarnante, principalmente no período de gestação do seu corpo futuro.

Não ignoram o valor da colaboração afectuosa nesse serviço.

Somente aqueles que semearam muitas afeições podem receber o concurso de muitos amigos e Segismundo deve receber esse prémio pelos seus nobres sentimentos e elevados trabalhos a todos nós, nestes últimos anos em que se devotou a grandes obras de benemerência e fraternidade.

Logo após, penetrávamos o aposento conjugal, onde o espectáculo íntimo era divinamente belo.

No leito de madeira, em macios lençóis de linho, repousavam dois corpos que a bênção do sono imobilizava, mas, ali mesmo, Adelino e Raquel nos esperavam em espírito, conscientes da grandeza da hora em curso.

Em despertando na esfera densa de luta e aprendizado, seus cérebros carnais não conseguiriam fixar a reminiscência perfeita daquela cena espiritual, em que se destacavam como principais protagonistas; contudo, o facto gravar-se-ia para sempre em sua memória eterna.

Os amigos invisíveis do lar, companheiros de nosso plano, haviam enchido a câmara de flores de luz. Desde a meia-noite, haviam obtido permissão para ingressar no futuro berço de Segismundo, com o amoroso propósito de adornar-lhe os caminhos do recomeço.

Mais de cem amigos se reuniam ali, prestando-lhe afectuosa homenagem.
Alexandre caminhou à nossa frente, cumprimentando carinhosamente o casal, temporariamente desligado dos veículos físicos.

Em seguida, com a melhor harmonia, os presentes passaram às saudações, enchendo de conforto celeste o coração dos cônjuges esperançosos.
O quadro era lindo e comovedor.

Duas entidades, ao meu lado, comentavam fraternalmente:
- É sempre penoso voltar à carne, depois de havermos conhecido as regiões de luz divina;
entretanto, é tão sagrado o amor cristão que, mesmo em tal circunstância, sublime é a felicidade daqueles que o praticam.

- Sim - respondeu a outra -, Segismundo tem lutado muito pela redenção e, nessa luta, vem sendo um servo devotado de todos nós.

Bem merece as alegrias desta hora.
A esse tempo, observei que a entidade convidada a guardar o reencarnante se mantinha à pequena distância de Raquel, entre os Espíritos Construtores.

Reflectia sobre esse facto, quando alguém me tocou levemente, despertando-me a atenção:
Era Alexandre que sorria paternalmente, elucidando-me:
- Deixemos os nossos amigos, por alguns minutos, no suave contentamento das expansões afectivas.

Iniciaremos o trabalho no momento oportuno. Perplexo, diante dos factos novos para mim, eu não acomodara o raciocínio em face dos múltiplos problemas daquela noite.
Por isso mesmo, alucinantes interrogações vagueavam-me no cérebro.

O orientador percebeu-me o estado d’alma e, talvez por esse motivo, deu-me a impressão de mais paciente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 23, 2012 10:53 pm

Valendo-me daquele instante, indiquei Segismundo, recolhido nos braços acolhedores que o guardavam, e perguntei:
- Nosso irmão reencarnante apresentar-se-á, mais tarde, entre os homens, tal qual vivia entre nós?

Já que as suas instruções se baseiam na forma perispiritual preexistente, terá ele a mesma altura, bem como as mesmas expressões que o caracterizavam em nossa esfera?

Alexandre respondeu sem titubear:
- Raciocine devagar, André! Falamos da forma preexistente, nela significando o modelo de configuração típica ou, mais propriamente, o «uniforme humano».

Os contornos e minúcias anatómicas vão desenvolver-se de acordo com os princípios de equilíbrio e com a lei da hereditariedade.

A forma física futura de nosso amigo Segismundo dependerá dos cromossomos paternos e maternos;
adicione, porém, a esse factor primordial, a influência dos moldes mentais de Raquel, a actuação do próprio interessado, o concurso dos Espíritos Construtores, que agirão como funcionários da natureza divina, invisíveis ao olhar terrestre, o auxilio afectuoso das entidades amigas que visitarão constantemente o reencarnante, nos meses de formação do novo corpo, e poderá fazer uma ideia do que vem a ser o templo físico que ele possuirá, por algum tempo, como dádiva da Superior Autoridade de Deus, a fim de que se valha da bendita oportunidade de redenção do passado e iluminação para o futuro, no tempo e no espaço.

Alguns fisiologistas da Crosta concordam em asseverar que a vida humana é uma resultante de conflitos biológicos, esquecidos de que, muitas vezes, o conflito aparente das forças orgânicas não é senão a prática avançada da lei de cooperação espiritual.

- Segismundo terá então - insisti - uma forma física eventual, imprecisa, por enquanto, ao nosso conhecimento?

O instrutor esclareceu sem demora:
- Se estivéssemos directamente ligados ao caso dele, estaríamos de posse de todas as informações referentes ao porvir, nesse particular, mas a nossa colaboração neste acontecimento é transitória e sem maior significação no tempo.

Os orientadores de Segismundo, porém, nas esferas mais altas, guardam o programa traçado para o bem do reencarnante.

Note que me refiro ao bem e não ao destino.
Muita gente confunde plano construtivo com fatalismo.

O próprio Segismundo e o nosso irmão Herculano estão de posse dos informes a que nos reportamos, porque ninguém penetra num educandário, para estágio mais ou menos longo, sem finalidade especifica e sem conhecimento dos estatutos a que deve obedecer.

Nesse ponto, o mentor generoso fez ligeiro intervalo e continuou em seguida:
- Os contornos anatómicos da forma física, disformes ou perfeitos, longilíneos ou brevilíneos, belos ou feios, fazem parte dos estatutos educativos.

Em geral, a reencarnação sistemática é sempre um curso laborioso de trabalho contra os defeitos morais preexistentes nas lições e conflitos presentes.

Pormenores anatómicos imperfeitos, circunstâncias adversas, ambientes hostis, constituem, na maioria das vezes, os melhores lugares de aprendizado e redenção para aqueles que renascem.

Por isso, o mapa de provas úteis é organizado com antecedência, como o caderno de apontamentos dos aprendizes nas escolas comuns.

Em vista disso, o mapa alusivo a Segismundo está devidamente traçado, levando-se em conta a cooperação fisiológica dos pais, a paisagem doméstica e o concurso fraterno que lhe será prestado por inúmeros amigos daqui.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 23, 2012 10:53 pm

Imagine, pois, o nosso amigo voltando a uma escola, que é a Terra;
assim procedendo, alimenta um propósito que é o da aquisição de valores novos.

Ora, para realizá-lo terá de submeter-se às regras do educandário, renunciando, até certo ponto, à grande liberdade de que dispõe em nosso meio.

- Não poderíamos, porém - indaguei -, intitular semelhante prova de - «destino fixado»?
O instrutor aduziu com paciência:
- Não incida no erro de muita gente.

Isto implicaria obrigatoriedade de conduta espiritual.
- Naturalmente, a criatura renasce com independência relativa e, por vezes, subordinada a certas condições mais ásperas, em virtude das finalidades educativas, mas semelhante imperativo não suprime, em caso algum, o impulso livre da alma, no sentido de elevação, estacionamento ou queda em situações mais baixas.

Existe um programa de tarefas edificantes a serem cumpridas por aquele que reencarna, onde os dirigentes da alma fixam a cota aproximada de valores eternos que o reencarnante é susceptível de adquirir na existência transitória.

E o Espírito que torna à esfera de carne pode melhorar essa cota de valores, ultrapassando a previsão superior, pelo esforço próprio intensivo, ou distanciar-se dela, enterrando-se ainda mais nos débitos para com o próximo, menosprezando as santas oportunidades que lhe foram conferidas.

A essa altura, Alexandre interrompeu-se, talvez ponderando o tempo gasto em nossa conversação, como quem sentia necessidade de pôr termo à palestra, observou:
- Todo plano traçado na Esfera Superior tem por objectivos fundamentais o bem e a ascensão, e toda alma que reencarna no círculo da Crosta, ainda aquela que se encontre em condições aparentemente desesperadoras, tem recursos para melhorar sempre.

Logo após, convidou-me o orientador amigo a nos aproximarmos do casal.
Recordou Alexandre que a hora ia adiantada e devíamos entregar aos cônjuges felizes o sagrado depósito.

Os Construtores, por intermédio do mentor que os dirigia, pediram-lhe fizesse a prece daquele ato de confiança e observei que profundo silêncio se fizera entre todos.

Dispunha-se o instrutor ao serviço da oração, quando Raquel se lhe aproximou, e pediu, humilde:
- Boníssimo amigo, se é possível, desejaria receber meu novo filho, de joelhos!...

Alexandre aquiesceu sorrindo e, mantendo-se entre ela, genuflexa, e Adelino que se conservava, como nós outros, de pé, extremamente comovido, começou a orar, estendendo as mãos generosas para o alto:
- «Pai de Amor e Sabedoria, digna-Te abençoar os filhos de Tua Casa Terrestre, que vão partilhar contigo, neste momento, a divina faculdade criadora!

Senhor, faz descer, por misericórdia, a Tua bênção neste ninho afectuoso, transformado em asilo de reconciliação.
Aqui nos reunimos, companheiros de luta no passado, acompanhando o amigo que retorna ao testemunho de humildade e compreensão de Tua lei!

«Oh! Pai, fortifica-o para a travessia longa do rio do esquecimento temporário, permite que possamos manter sempre viva a sua esperança, ajuda-nos, ainda e sempre, para que possamos vencer todo o mal!

«Concede aos que recebem agora o novo ministério de orientação do lar, com o nascimento de um novo filho, a Tua luz generosa e santificada, que dissipa todas as sombras!

Fortalece-lhes, Senhor, a noção de responsabilidade, abre-lhes a porta de Tua confiança sublime, conserva-os na bendita alegria de Teu amor desvelado!


Última edição por O_Canto_da_Ave em Seg Jan 23, 2012 10:55 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 23, 2012 10:54 pm

Restaura-lhes a energia para que recebam, jubilosos, a missão da renúncia até ao fim, santifica-Lhes os prazeres para que não se percam nos despenhadeiros da fantasia!

«Este, Senhor, é um acto de confiança de Tua bondade infinita que desejamos honrar para sempre!
Abençoa, pois, o nosso trabalho amoroso e, sobretudo, Pai, suplicamos Tua graça para a nossa irmã que se entrega, reverente, ao divino sacrifício da maternidade.

Unge-Lhe o coração com a Tua magnanimidade paternal, intensifica-Lhe o bom ânimo, dilata-lhe a fé no futuro sem fim!

Sejam para ela, em particular, os nossos melhores pensamentos, nossos votos de paz e esperanças mais puras!
«Acima de tudo, porém.

Senhor, seja feita a Tua vontade em todos os recantos do Universo, e que nos caiba, a nós, humildes servos de Teu reino, a alegria incessante de reverenciar-Te e obedecer-Te para sempre!...»


Calara-se Alexandre, observando eu que todo o aposento se enchia de novas luzes.

Reconheci que de todos nós, entidades espirituais que ali nos congregávamos, partiam raios luminosos que se derramavam sobre Raquel em pranto de emoção sublime, mas o fenómeno radioso não se circunscreveu a isto.

Tão logo o meu orientador se calara, alguma coisa parecia responder à sua súplica.
Leve rumor, que apenas encontrava eco em nossos ouvidos se fazia sentir acima de nossas cabeças.

Ergui-me, surpreso, e pude ver que uma coroa brilhante e infinitamente bela descia do alto sobre a fronte de Raquel, ajoelhada, em silêncio.

Tive a impressão de que a auréola se compunha de turmalinas eterizadas, que miraculoso ourives houvera tornado resplandecentes.

Seu brilho feria-nos o olhar e o próprio Alexandre, ao fixá-la, curvou-se, reverente.
A coroa sublime, sustentada por Espíritos muito superiores a nós, que eu não podia ver, descansou sobre a fronte de Raquel.

Notei, embora a comoção do momento, que o meu instrutor fez um gesto à depositária de Segismundo, para que efectuasse a entrega do reencarnante aos braços maternais.

Raquel, dando-me a impressão de que não via a luminosa auréola, ergueu os olhos rasos de lágrimas e recebeu o depósito que o Céu lhe confiava.

Alexandre estendeu-lhe a destra, ajudando-a a levantar-se, e vi que Adelino se aproximou da esposa, estreitando-a carinhosamente nos braços, beijando-lhe a fronte orvalhada de luz.

Foi então, ó divino mistério da Criação Infinita de Deus, que a vi apertar a «forma infantil» de Segismundo de encontro ao coração, mas tão fortemente, tão amorosamente, que me pareceu uma sacerdotisa do Poder da Divindade Suprema.

Segismundo ligara-se a ela como a flor se une à haste.
Então compreendi que, desde aquele momento, era alma de sua alma aquele que seria carne de sua carne.

Alexandre recomendou aos amigos presentes, com excepção dos Construtores, de Herculano e de mim, que se afastassem da câmara, conduzindo Adelino, confortado e feliz, a pequena excursão pelo exterior, e, guiando Raquel, com infinito cuidado, ao corpo físico, disse-nos:
- Agora, auxiliemos nosso amigo no primeiro contacto com a matéria mais densa.

Raquel acordara, experimentando no coração estranha ventura.
Abraçou-se, instintivamente, ao companheiro adormecido, como o navegante feliz, ao sentir-se em porto de tranquilidade e segurança.


Última edição por O_Canto_da_Ave em Seg Jan 23, 2012 10:55 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 23, 2012 10:54 pm

Havia atravessado o espesso véu de vibrações que separa o plano espiritual da esfera física e não conservava qualquer reminiscência precisa da sublime felicidade de momentos antes; todavia, seu sentimento de júbilo permanecia dilatado, suas esperanças transbordavam e uma confiança imensa no porvir acalentava-lhe, agora, o coração.

Seria mãe pela segunda vez? - pensava, contente.
Essa ideia, que lhe não despontava no cérebro por acaso, balsamizava-lhe a alma com deliciosa alegria.

Estava pronta para o serviço divino da maternidade, confiaria no Senhor como escrava de sua bondade infinita,

Não via a esposa de Adelino que Alexandre e os Construtores Espirituais lhe rodeavam a mente de sublime luz, banhando-lhe as ideias com a água viva do amor espiritual.

Observando que a forma de Segismundo se ligara a ela, por divino processo de união magnética, recebi a determinação do meu orientador para seguir-lhe, de perto, o trabalho de auxilio na ligação definitiva de Segismundo à matéria.

Indicando os órgãos geradores de Raquel e fazendo incidir sobre eles a sua luz, Alexandre preveniu-me, quanto à grandeza do quadro sob nossa observação, acentuando, respeitosamente:
- Temos aqui o altar sublime da maternidade humana. Perante o seu augusto tabernáculo, ao qual devemos a claridade divina de nossas experiências, devemos cooperar, na tarefa do amor, guardando a consciência voltada para a Majestade Suprema.

Inclinei-me para a organização feminina de nossa irmã reencarnada, dentro de uma veneração que nunca, até então, havia sentido.

Auxiliado pelo concurso magnético do mentor querençoso, passei a observar as minúcias do fenómeno da fecundação.

Através dos condutos naturais, corriam os elementos sexuais masculinos, em busca do óvulo, como se estivessem preparados de antemão para uma prova eliminatória, em corrida de três milímetros, aproximadamente, por minuto.

Surpreendido, reconheci que o número deles se contava por milhões e que seguiam, em massa, para frente, em impulso instintivo, na sagrada competição.

No silêncio sublime daqueles minutos, compreendi que Alexandre, em vista de ser o missionário mais elevado do grupo em operação de auxilio, dirigia os serviços graves da ligação primordial.

Segundo depreendi, ele podia ver as disposições cromossómicas de todos os princípios masculinos em movimento, depois de haver observado, atentamente, o futuro óvulo materno, presidindo ao trabalho prévio de determinação do sexo do corpo a organizar-se.

Após acompanhar, profundamente absorto no serviço, a marcha dos minúsculos competidores que constituíam a substância fecundante, identificou o mais apto, fixando nele o seu potencial magnético, dando-me a ideia de que o ajudava a desembaraçar-se dos companheiros para que fosse o primeiro a penetrar a peque nina bolsa maternal.

O elemento focalizado por ele ganhou nova energia sobre os demais e avançou rapidamente na direcção do alvo.

A célula feminina que, em face do microscópico projéctil espermático, se assemelhava a um pequeno mundo arredondado de açúcar, amido e proteínas, aguardando o raio vitalizante, sofreu a dilaceração da cutícula, à maneira de pequenina embarcação torpedeada, e enrijeceu-se, de modo singular, cerrando os poros tenuíssimos, como se estivesse disposta a recolher-se às profundezas de si mesma, a fim de receber, face a face, o esperado visitante, e impedindo a intromissão de qualquer outro dos competidores, que haviam perdido a primeira posição na grande prova.

Sempre sob o influxo luminoso-magnético de Alexandre, o elemento vitorioso prosseguiu a marcha, depois de atravessar a periferia do óvulo, gastando pouco mais de quatro minutos para alcançar o seu núcleo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 23, 2012 10:54 pm

Ambas as forças, masculina e feminina, formavam agora uma só, convertendo-se ao meu olhar em tenuíssimo foco de luz.

O meu orientador, absolutamente entregue ao seu trabalho, tocou a pequenina forma com a destra, mantendo-se no serviço de divisão da cromatina, cujas particularidades são ainda inacessíveis à minha compreensão, conservando a atitude do cirurgião seguro de si, na técnica operatória.

Em seguida Alexandre ajustou a forma reduzida de Segismundo, que se interpenetrava com o organismo perispirítico de Raquel, sobre aquele microscópico globo de luz, impregnado de vida, e observei que essa vida latente começou a movimentar-se.

Havia decorrido precisamente um quarto de hora, a contar do instante em que o elemento activo ganhara o núcleo do óvulo passivo.

Depois de prolongada aplicação magnética, que era secundada pelo esforço dos Espíritos Construtores, Alexandre aproximou-se de mim e falou:
- Está terminada a operação inicial de ligação. Que Deus nos proteja.

Sentindo a admiração com que eu seguia, agora, o processo da divisão celular, em que se formava rapidamente a vesícula de germinação, o orientador acentuou:
- O organismo maternal fornecerá todo o alimento para a organização básica do aparelho físico, enquanto a forma reduzida de Segismundo, como vigoroso modelo, actuará como imã entre limalhas de ferro, dando forma consistente à sua futura manifestação no cenário da Crosta.

Estava boquiaberto, diante do que me fora dado observar.

E, sentindo que o fenómeno da redução perispiritual de Segismundo era um facto espantoso aos meus olhos, acrescentou bondosamente o instrutor:
- Não se esqueça, André, de que a reencarnação significa recomeço nos processos de evolução ou de rectificação.

Lembre-se de que os organismos mais perfeitos da nossa Casa Planetária procedem inicialmente da ameba.
Ora, recomeço significa «recapitulação» ou «volta ao princípio».

Por isso mesmo, em seu desenvolvimento embrionário, o futuro corpo de um homem não pode ser distinto da formação do réptil ou do pássaro.

O que opera a diferenciação da forma é o valor evolutivo, contido no molde perispirítico do ser que toma os fluidos da carne.

Assim, pois, ao regressar à esfera mais densa, como acontece a Segismundo, é indispensável recapitular todas as experiências vividas no longo drama de nosso aperfeiçoamento, ainda que seja por dias e horas breves, repetindo em curso rápido as etapas vencidas ou lições adquiridas, estacionando na posição em que devemos prosseguir no aprendizado.

Logo depois da forma microscópica da ameba, surgirão no processo fetal de Segismundo os sinais da era aquática de nossa evolução e, assim por diante, todos os períodos de transição ou estações de progresso que a criatura já transpôs na jornada incessante do aperfeiçoamento, dentro da qual nos encontramos, agora, na condição de humanidade.

A hora ia muita avançada.
Sentindo que Alexandre não se demoraria, acerquei-me, ainda uma vez, do quadro de formação fetal.
O óvulo fecundado animava-se de profunda vida, evoluindo para a vesícula germinal.

O orientador amigo convidou-me à retirada e falou:
- Meu trabalho está findo.
Entretanto, André, considerando as suas necessidades de valores novos, poderei solicitar aos Construtores a aquiescência de sua cooperação fraterna nos serviços protectores, sempre que você conte com oportunidade de vir até aqui.

Rejubilei-me, encantado.
Efectivamente, não desejava outra coisa.
Aquele estudo de embriologia, sob novo prisma, era fascinante e maravilhoso.

Enquanto dava expansão à minha alegria íntima, o obsequioso mentor combinava providências, relativas ao meu concurso e aprendizado simultâneos, ouvindo os companheiros.

Daí a momentos, quando trocávamos saudações de despedida, Herculano, com muita simpatia e acolhimento, declarou que permaneceria à minha espera, sempre que eu pudesse voltar à residência de Adelino, para colaborar nos trabalhos de protecção.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 24, 2012 11:07 pm

14 - Protecção

No dia imediato, logo que descansei de meus que fazeres quotidianos, atinentes à tarefa comum, regressei, ansioso, ao lar de Raquel.

Era noite alta, encontrando ali o amigo fiel de Segismundo e os Espíritos Construtores, operando na intimidade afectuosa que caracteriza as reuniões das entidades superiores.

Apuleio, o chefe, recebeu-me com amabilidade.
A esposa de Adelino, ao contrário da véspera, não passava bem, fisicamente.

Embora mantivesse o corpo em posição de repouso, estava superexcitada, inquieta:
- Nossa irmã Raquel - esclareceu-me o director - começa a sentir o esforço de adaptação.

Por enquanto, e, durante alguns dias, permanecerá indisposta; todavia, a ocorrência é passageira.

- Não conseguirá dormir? - perguntei.
- Mais tarde - respondeu ele -; por agora, terá o sono reduzido, até que se formem os folhetos blastodérmicos.

É o serviço inicial do feto e não podemos dispensar-lhe a cooperação activa.

Observei, interessado, a extraordinária movimentação celular, no desenvolvimento da estrutura do novo corpo em formação e anotei o cuidado empregado pelos Espíritos presentes para que o disco embrionário fosse esculturado com a exactidão devida.

- A engenharia orgânica - exclamou o chefe do trabalho, bem humorado - reclama bases perfeitas.

O corpo carnal é também um edifício delicado e complexo.
Urge cuidar dos alicerces com serenidade e conhecimento.

Reconheci que o serviço de segmentação celular e ajustamento dos corpúsculos divididos ao molde do corpo perispirítico, em redução, era francamente mecânico, obedecendo a disposições naturais do campo orgânico, mas toda a entidade microscópica do desenvolvimento da estrutura celular recebia o toque magnético das generosas entidades em serviço, dando-me a ideia de que toda a célula-filha era convenientemente preparada para sustentar a tarefa da iniciação do aparelho futuro.

No intuito talvez de justificar o desvelo empregado, Apuleio explicou-me, atencioso:
- Temos grandes responsabilidades na missão construtiva do mecanismo fetal.

Há que remover empecilhos e auxiliar os organismos unicelulares do embrião, na intimidade do útero materno, para que a reencarnação, por vezes tão dificilmente projectada e elaborada, não venha a falhar, de início, por falta de colaboração do nosso plano, onde são tomados os compromissos.

Escutava-lhe a palavra experiente e sábia, com muita atenção, a fim de aproveitar-lhe todo o conteúdo educativo.

- Em razão disto - prosseguiu ele -, o aborto muito raramente se verifica obedecendo a causas de nossa esfera de acção.

Em regra geral, origina-se do recuo inesperado dos pais terrestres, diante das sagradas obrigações assumidas ou aos excessos de leviandade e inconsciência criminosa das mães, menos preparadas na responsabilidade e na compreensão para este ministério divino.

Entretanto, mesmo aí, encontrando vasos maternais menos dignos, tudo fazemos, por nossa vez, para opor-lhes resistência aos projectos de fuga ao dever, quando essa fuga representa mero capricho da irresponsabilidade, sem qualquer base em programas edificantes.

Claro, porém, que a nossa interferência no assunto, em se tratando de luta aberta contra nossos amigos reencarnados, transitoriamente esquecidos da obrigação a cumprir, tem igualmente os seus limites.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 24, 2012 11:07 pm

Se os interessados, retrocedendo nas decisões espirituais, perseveram sistematicamente contra nós, somos compelidos a deixá-los entregues à própria sorte.

Daí, a razão de existirem muitos casais humanos, absolutamente sem a coroa dos filhos, visto que anularam as próprias faculdades geradoras.

Quando não procederam de semelhante modo no presente, sequiosos de satisfação egoística, agiram assim, no passado, determinando sérias anomalias na organização psíquica que lhes é peculiar.

Neste último caso, experimentam dolorosos períodos de solidão e sede afectiva, até que refaçam, dignamente, o património de veneração que todos nós devemos às leis de Deus.

As definições do chefe dos Construtores aclaravam-me o raciocínio, referentemente a graves problemas da luta humana.

Interessado em aprender, cooperando, busquei tomar a posição do trabalhador, procurando o serviço que me competia, no campo de auxílio magnético às organizações celulares.

Mais tarde, porém, antes de me retirar, aproximei-me do director, a fim de recolher algumas informações.

Impressionavam-me certas minudências do trabalho que se levara a efeito na noite anterior.

Porque processo conseguira localizar-se a ligação inicial de Segismundo ao futuro corpo, nos órgãos geradores de Raquel?

E o problema do elemento masculino mais apto?
Em todos os casos de fecundação, amigos da condição de um Alexandre deveriam funcionar no serviço de escolha?

Apuleio ouviu-me, com a benevolência que caracteriza as entidades elevadas, e informou:
- Passividade não significa ausência de cooperação.

Quando Raquel aceitou a tarefa maternal, fê-lo com decisão e obediência construtiva:
Ela recebeu Segismundo em seu organismo perispiritual, e, mobilizando os poderes naturais de sua mente, situou-lhe o molde vivo na esfera uterina, com a mesma espontaneidade de outros processos orgânicos, superintendidos pela actividade mecânica subconsciente, cujo automatismo traduz a conquista de experiências multimilenárias da alma reencarnada.

Para os círculos da mulher é tão fácil a ambientação das forças criativas, como é natural para o homem a manutenção da atitude patriarcal e protectora, enquanto perdura a existência dos laços paternais.

Percebendo-me a intenção de aproveitar-lhe os informes para pequenino esforço meu, no sentido de escrever para leitores encarnados, Apuleio acentuou:
- Teríamos grandes dificuldades em explicar aos homens terrestres o fenómeno da adaptação, das energias criativas, no útero materno, nos processos da reencarnação.

Por enquanto, a tendência da maioria dos nossos irmãos encarnados encaminha-se para a materialização de todos os nossos esclarecimentos.

É preciso esperar mais tempo para ministrar-lhes certas informações que, por agora, seriam para eles incompreensíveis.

E, sorrindo, prosseguiu:
- Eles se alimentam, diariamente, de formas mentais, sem utilizarem a boca física, valendo-se da capacidade de absorção do organismo perispirítico, mas ainda não sentem a extensão desses fenómenos em suas experiências diárias.

No lar, na via pública, no trabalho, nas diversões, cada criatura recebe o alimento mental que lhe é trazido por aqueles com quem convive, temperado com o magnetismo pessoal de cada um.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 24, 2012 11:08 pm

Dessa alimentação dependem, na maioria das vezes, mormente para a imensa percentagem de encarnados que ainda não alcançaram o domínio das próprias emoções, os estados íntimos de felicidade ou desgosto, de prazer ou sofrimento.

Segundo você pode observar, também o homem absorve matéria mental, em todas as horas do dia, ambientando, adentro de si mesmo, nos círculos mais íntimos da própria estrutura fisiológica.

O chefe dos Construtores fixou-me, bem humorado, a expressão de surpresa, ao lhe receber elucidações tão simples, em assunto tão complexo, e acrescentou:
- Em sua experiência última na Crosta, quando envergava os fluidos carnais, nunca sentiu perturbação do fígado, depois de um atrito verbal?

Jamais experimentou o desequilíbrio momentâneo do coração, recebendo uma noticia angustiosa?
Porque a desarmonia orgânica, se a hora em curso era, muitas vezes, de satisfação e felicidade?

É que, em tais momentos, o homem recebe «certa quantidade de força mental» em seu campo de pensamento, como o fio recebe a «carga de electricidade positiva».

O ponto de recepção está efectivamente no cérebro, mas se a criatura não está identificada com a lei de domínio emotivo, que manda seleccionar as emissões que chegam até nós, ambientará a força perturbadora dentro de si mesma, na intimidade das células orgânicas, com grande prejuízo para as zonas vulneráveis.

Apuleio, com muita serenidade, fez ligeiro intervalo e considerou:
- Se é muito difícil explicar aos homens encarnados factos rotineiros como esses a que nos referimos, repetidos com eles dezenas de vezes, durante cada dia de luta carnal, como informá-los, com exactidão e minúcias, quanto à ambientação do molde vivo para a edificação fetal na intimidade uterina?

Precisamos esperar pelo concurso do tempo para conjugar as nossas experiências.

Animado com as elucidações recebidas, observei:
- Tem razão. Ainda hoje, embora a minha condição de desencarnado, não me sinto à altura de receber determinadas notícias, sem alterações do meu campo emocional.

- Muito bem! - falou o director, satisfeito - é que você está fazendo o longo curso de autodomínio.

Somente depois dele, saberá seleccionar as forças que o procuram, ambientando nas zonas intimas de sua alma apenas aquelas de teor reconfortante ou construtivo.

Em seguida, fornecendo-me a impressão de desejar manter-se dentro do assunto em exame, Apuleio prosseguiu:
- Quanto às suas observações alusivas à colaboração de Alexandre na escolha do elemento masculino de fecundação, cumpre-me acentuar que não podemos contar em todos os casos com esse concurso, que depende do sector de merecimento.

Entretanto, quando o factor magnético não procede de cooperação elevada dessa ordem, devemos considerar que ele prevalece do mesmo modo, compreendendo-se que a esfera passiva está igualmente impregnada de energias da atracção.

Se o elemento masculino da fecundação está repleto de força positiva, o óvulo feminino está cheio de força receptiva.

E se esse óvulo está imantado de energias desequilibrantes, naturalmente exercerá especial atracção sobre o elemento que se aproxime da sua natureza intrínseca.

Em vista disso, meu amigo, a célula masculina que atinge o óvulo em primeiro lugar, para fecundá-lo, não é a mais apta em sentido de «superioridade», mas em sentido de «sintonia magnética», em todos os casos de fecundação para o mundo das formas.

Esta é a lei, pela qual os geneticistas do Globo são muitas vezes surpreendidos em suas observações, em face das mudanças inesperadas na estrutura de vários tipos, dentro das mesmas espécies.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 24, 2012 11:08 pm

As células possuem também o seu «individualismo magnético» algo independente, no campo das manifestações vitais.

Nesse ponto, o director sorriu, prosseguindo:
- Se a mulher pode exercer a sua influência decisiva na escolha do companheiro, também a célula feminina, na maioria das vezes, pode exercer a sua actuação na escolha do elemento que a fecundará.

Claro que nos referimos aqui a problema de ciência física, sem alusão aos problemas espirituais das tarefas, missões ou provas necessárias.

Identificando-me o silencioso gesto de interrogação, o director observou:
- Sim, porque nas obrigações determinadas de certos Espíritos na reencarnação, as autoridades de nossa esfera de luta dispõem de suficiente poder para intervir na lei biogenética, dentro de certos limites, ajustando-lhe as disposições, a caminho de objectivos especiais.

Nesse momento, porém, nossa conversação foi interrompida.
Pequeno grupo de entidades amigas pedia a presença de Apuleio, fora da câmara de serviço.

Muito gentil, o chefe de trabalho convidou-me a acompanhá-lo.
Apresentou-se o grupo com desembaraço.

Constituía-se de duas senhoras desencarnadas, amigas de Raquel, e de um amigo de Segismundo, desejosos de testemunhar-lhes afecto e dedicação, na experiência em curso.

Vinham de nossa colónia espiritual, em serviço de assistência a familiares detidos na Crosta, e pretendia aproveitar a oportunidade para a visita carinhosa.

O director ouviu-os, atencioso, bem humorado, mas, com imensa surpresa para mim, observou:
- Como responsáveis pela organização primordial do novo corpo de carne do nosso irmão Segismundo, agradecemos a atenção de todos, porém não podemos autorizar a visita a esta hora.

Estamos aproveitando o escasso tempo de harmonia relativa que a mente maternal nos oferece para delicados serviços de magnetização celular mais urgente.

E sorrindo, afável, acrescentou:
- Depois do vigésimo primeiro dia, porém, quando o embrião atingir a configuração básica, nossos amigos podem ser visitados a qualquer hora, salientando-se que, a esse tempo, ambos, mãe e filho, conseguirão ausentar-se do corpo com facilidade.

Por enquanto, nosso amigo Segismundo não pode afastar-se e a nossa irmã Raquel, ainda mesmo em estado de sono físico, é obrigada a permanecer junto de nós, a pequena distância.

- Não há dúvida! - replicou o cavalheiro de nossa esfera - não desejamos perturbar o desenvolvimento do trabalho.
- Sabemos que Raquel ficaria muitíssimo comovida com o nosso abraço pessoal - comentou uma das senhoras.

A alegria inesperada, de qualquer modo, é também um choque.

- É o que precisamos evitar - replicou Apuleio, satisfeito -; desejo, todavia, fazer-lhes sentir que Segismundo necessita de amparo espiritual de todos nós.

Temos recomendação de notificar a todos os seus amigos, quanto à presente reencarnação dele, a fim de que venham até aqui, quando lhes seja possível, não somente para beneficiá-lo com os valores do estímulo espiritual, senão também para colaborarem com as suas vibrações de simpatia na organização harmoniosa do feto.

- Voltaremos na primeira oportunidade - exclamou uma das visitantes que, até ali, se mantivera silenciosa.
Precisamos colaborar em benefício de Raquel.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 24, 2012 11:08 pm

E acentuou, sorridente:
- Temos uma série de excursões espirituais para as próximas noites dela.
Faremos tudo por oferecer-lhe um estado d’alma confiante e feliz.

Diversas amigas se encontram avisadas para esse fim.
- Muito bem! - respondeu o director, atencioso.

Logo após, despediram-se os visitantes, enquanto eu registava mais uma preciosa lição do plano espiritual.

A sós, de novo, Apuleio esclareceu-me, bondoso:
- O momento que atravessamos é delicado e não podemos distrair a atenção.

E, noite a noite, penetrei na câmara de trabalho reencarnacionista, aprendendo e cooperando;
para melhor conhecer a generosidade dos Benfeitores Espirituais e a Sabedoria de Deus, manifesta em todas as coisas.

Depois da vesícula germinal, com a cooperação magnética dos Construtores para cada célula, formaram-se os três folhetos blastodérmicos, aproveitando-se o molde que Raquel idealizara mentalmente para o futuro filhinho, que foi aplicado sobre o modelo vivo de Segismundo, em processo de nova reencarnação.

Reparei que os trabalhos dos técnicos espirituais eram, em tudo, semelhantes aos serviços que acompanhara na sessão de materialização de desencarnados.

Tomava-se o concurso do interessado, valia-se da colaboração de Raquel, que, no caso, tomava a função de «médium» da vida, mobilizavam-se amigos, utilizava-se de recursos magnéticos, requisitava-se o auxílio directo e positivo de Adelino, o futuro pai de Segismundo, como se requeria, na sessão, o concurso do orientador mediúnico sobre as forças passivas da intermediária.

O símile era completo, apenas com a diferença de que, nos trabalhos de materialização dos desencarnados, gastavam-se algumas horas de preparação para um ressurgimento incompleto e transitório, ao passo que ali se gastariam nove meses consecutivos para uma reencarnação tangível da alma, em carácter mais ou menos longo e definitivo.

Com o transcurso dos dias, formava-se o novo corpo de Segismundo, célula a célula, dentro dum plano simples e inteligente.

Prosseguindo nas observações metódicas, verifiquei que o folheto blastodérmico inferior, obedecendo às disposições do molde vivo, enrolava-se, apresentando os primórdios do tubo intestinal, ao passo que o folheto superior tomava o mesmo impulso de enrolamento, formando os tubos epidérmico e nervoso.

O folheto médio, assumindo feição especialíssima, dava lugar às primeiras manifestações da coluna vertebral, dos músculos e vasos diversos.

O tubo intestinal, em certas regiões, começou a dilatar-se, dando origem ao estômago e às alças de vária espécie e revelando, em seguida, determinados movimentos de invaginação, interna e externamente, organizava, aos poucos, as estrias inferiores e superiores, constituídas de pregas, vilosidades e glândulas.

O tubo cutâneo começou o serviço de estruturação complicada da pele, ao mesmo tempo em que o tubo nervoso dobrava-se paulatinamente sobre si mesmo, preparando a oficina encefálica.

Enquanto isso ocorria, as substâncias do folheto médio transformavam-se de modo surpreendente.

E, dia a dia, eram para mim cada vez mais belas as lições que recebia, observando, então, por que disposições maravilhosas segmentam-se o cordão axial em vértebras que abraçam o tubo nervoso na parte superior e o tubo intestinal na zona inferior.

O serviço dos Espíritos Construtores, aliado à dedicação de Herculano, revelava ensinamentos sempre novos.
Não seria possível descrever-lhes as minúcias de carinho na construção da nova morada carnal de Segismundo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 24, 2012 11:08 pm

Trabalhavam com zelo inexcedível, desenvolvendo vasto sistema de garantia das organizações celulares.

Por vezes, nos pródromos da formação dos órgãos mais importantes, detinham-se em oração, suplicando as bênçãos de Jesus para a tarefa iniciada e observei que, sempre que isso acontecia, brilhantes luzes, procedentes do Alto, derramavam-se através da câmara, incentivando-lhes a acção.

O trabalho assumia características de verdadeira revelação divina.

Para fixá-lo em particularidades, seria preciso esquecer a finalidade doutrinária de nossas singelas observações, resvalando para o campo da técnica, propriamente dita, esforço descritivo esse que tem sido objecto de longas considerações dos trata distas do assunto e que devem servir ao investigador de puras informações de ordem material, nos sectores da inteligência.

A primeira célula da fecundação estava transformada num verdadeiro mundo de organização activa e sábia.
O embrião revelava-se notavelmente desenvolvido.

Na parte anterior, o tubo intestinal dava origem ao esófago, enquanto que o intestino, com as suas disposições complexas, situava-se na região posterior; internamente, fizera-se nele perfeito serviço de pregueamento, salientando-se que, na zona interior, se formavam pregas e vilosidades, e, na parte exterior, se organizavam saliências que, por sua vez, pouco a pouco se convertiam em glândulas diversas.

Prosseguia, célere, a formação dos vários departamentos cerebrais, a preparação das glândulas sudoríparas e sebáceas, os órgãos autónomos, os vasos sanguíneos, os músculos e ossos.

No vigésimo dia de serviço, Apuleio mostrava-se muito satisfeito.
Informou-me de que o trabalho básico estava pronto.
Alguns cooperadores poderiam mesmo afastar-se.

Para a continuidade da tarefa, bastariam dois deles, associados ao esforço contínuo de Herculano.

Nesse dia, a futura forma física de Segismundo, acomodada no líquido amniótico, proporcionou-me a perfeita impressão de um peixe.

Não faltavam, para isto, nem mesmo as reentrâncias branquiais que se revelavam no feto, com exactidão absoluta, falando-nos do serviço de recapitulação em curso e das reminiscências das velhas épocas de nossa passagem pelas correntes marinhas.

Na noite do vigésimo primeiro dia, abriu-se a porta magnética da câmara de Raquel à visitação afectiva.
Não foram poucos os amigos espirituais que aguardavam o momento feliz.

A futura mãezinha, desligada do corpo pela doce influência do sono, sentia-se aliviada e quase ditosa.
Apuleio e os companheiros, bem como Herculano, foram cumprimentados com alegria e emoção.

Alguns amigos de Adelino haviam chegado, igualmente, no propósito de felicitá-lo e de prestar-lhe o concurso possível.

Notei que Segismundo fora igualmente aliviado.

Os fios tenuíssimos que ligam os encarnados ao aparelho físico, quando em estado de temporária libertação, prendiam-no também à organização fetal.

À medida que Raquel se afastava, também ele podia afastar-se, não lhe sendo, porém, possível abandonar a companhia maternal.

Raquel asilava-o nos braços carinhosos, enquanto sorria, ali connosco, fora do campo material mais denso.

Reconheci que a trégua se verificara para todos, com excepção de Herculano, que não arredou da câmara, mantendo-se vigilante.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 24, 2012 11:09 pm

Os Construtores, de modo geral, estabeleceram uma grande pausa no serviço, e enquanto os amigos de Adelino o conduziam a planos diferentes, para certas informações que lhe eram necessárias, acompanhei o grupo que formava com Raquel e o filhinho uma assembleia de esperança e alegria.

Muitas afeições reunidas conduziam-nos, a ambos, a extenso jardim da própria Crosta e, no momento em que o Sol anunciava, de longe, o seu reaparecimento no hemisfério, oramos em conjunto, louvando a bondade de Deus, que nos enchera de bênçãos o caminho evolutivo.

Em seguida, reparei que muitos amigos desencarnados, ali presentes, compunham tónicos e bálsamos reconfortadores com as emanações das plantas e das flores, derramando-os sobre Raquel e o filhinho, fortificando-os para a luta.

Era belo comprovar-lhes o carinho fraternal naquelas demonstrações de devotamento e ternura.
Aprendia extasiado, mais uma lição, na esfera espiritual.

Como as aves viajoras que sabem buscar longe a penugem suave para o ninho e o precioso alimento para os filhotinhos recém-natos, a alma das mães devotadas e carinhosas sabe atravessar grandes distâncias, à procura de elementos cariciosos para a formação do ninho de carne em que um filhinho bem-amado deve renascer.

O serviço de organização fetal prosseguiu normalmente, em vista dos hábitos respeitáveis do casal, que, dia a dia, parecia mais integrado com a assistência de nossa esfera de acção.

O desenvolvimento da futura forma de Segismundo compelia Raquel a verdadeiros sacrifícios orgânicos; contudo, em cada noite, pela madrugada, repetiam-se às excursões espirituais que ela e o filho recebiam dos afectos de nosso plano.

O trabalho de Herculano mereceu a cooperação de inúmeros amigos.

Rara a noite em que não vinham Espíritos, agradecidos a Segismundo, velar pela harmonia da sua nova reencarnação, prestando à casa, aos pais e a ele os mais variados auxílios. Terminado o período de minhas observações fundamentais, também eu não voltei ao lar de Adelino com a mesma assiduidade.

Não obstante continuar interessado no trabalho em processo, somente regressava à câmara da reencarnação, de tempos a tempos, compelido por outro género de serviços, junto de Alexandre.

Mas, na véspera do nascimento da nova forma física de Segismundo, lá compareci, em companhia do meu venerável orientador, que fazia questão de cooperar para o fortalecimento maternal, no momento culminante.

Depois de prolongados esforços em que senti, mais uma vez, a sublime glorificação da esposa-mãe, Segismundo renascia...

Assombrado com a vigorosa assistência espiritual que a nossa esfera dispensava ao assunto, ouvi Alexandre falar comovido:
- Está pronto o serviço de reencarnação inicial.

O trabalho completo, com a plena integração de nosso amigo nos elementos físicos, somente se verificará de agora a sete anos!

Admirado e enternecido em minhas fibras mais intimas, envolvi-me nas preces de agradecimento que formulávamos ao Senhor, reconhecendo o tesouro divino que constituía a dádiva dum corpo carnal para a nossa experiência e aprendizado na superfície da Terra,
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 24, 2012 11:09 pm

15 - Fracasso

Verificando o meu aproveitamento no caso de Segismundo, Alexandre, sempre gentil, ao despedir-se dos Construtores, dirigiu-se ao director deles, asseverando:
- Agradeço a você, Apuleio, quanto fez por André nestes últimos dias.

Nosso companheiro não esquecerá o seu concurso amável.

O director sorriu, disse-me palavra de encorajamento, e, quando se dispunha a sair, em definitivo, meu orientador lhe observou:
- Nosso amigo, porém, necessita consolidar os ensinamentos recebidos.

André acompanhou um caso normal de reencarnação, no qual um esposo honesto cedeu, inicialmente, aos nossos rogos para que Segismundo renascesse com a serenidade imprescindível.

Viu, de perto, um coração maternal sensível e devotado, e permaneceu, em estudo, numa câmara conjugal defendida pelo poder sagrado da prece e reconfortada pela protecção do plano superior.

Entretanto, seria justo observasse algum processo diferente, dos que existem por ai às centenas, em que somos defrontados por obstáculos de toda espécie.

Ficaria, desse modo, habilitado a conhecer a extensão e complexidade de nosso esforço em defender companheiros imprevidentes, que menosprezam a responsabilidade moral, fugindo aos compromissos.

E, fixando um gesto de carinho fraterno, interrogou:
- Não terá você, presentemente, um caso dessa ordem, onde André possa recolher as lições precisas?

- Temos, sim - esclareceu Apuleio, atenciosamente -, temos o caso Volpíni.

E, porque Alexandre ignorasse o processo a que se referia, continuou:
- Logo depois de organizar as bases de Segismundo, ocupei-me de outros serviços da mesma natureza e, entre esses, foi confiada à nossa vigilância a tarefa relativa ao irmão que mencionei.

Creiam que tudo movimentamos no sector de assistência para evitar o fracasso do trabalho, entretanto, tenho a experiência por absolutamente impraticável.

- Quer dizer, então - redarguiu o meu instrutor com sabedoria -, que a futura mãe não correspondeu à expectativa do nosso plano de acção...

- Isto mesmo - prosseguiu o interlocutor.
Enquanto os desequilíbrios se localizam na esfera paternal ou procedem da influência de entidades malignas, simplesmente, há recursos a interpor;
no entanto, se a desarmonia parte do campo materno, é muito difícil estabelecer protecção eficiente.

A pobre criatura, por duas vezes sucessivas, provocou o aborto inconsciente pelo excesso de leviandades e, actualmente, será vítima das próprias irreflexões pela terceira vez, segundo parece.

Debalde temos oferecido o socorro de que podemos dispor.

A infeliz deixou-se empolgar pela ideia de gozar a vida e irmanou-se a entidades desencarnadas da pior espécie, que, para acentuar os seus planos sombrios, separaram-na do próprio companheiro, ansiosas por lhe precipitarem o coração na esfera das emoções baixas.

Enquanto Alexandre o ouvia, em silêncio, Apuleio continuou, depois de longo intervalo:
- Volpíni atingiu agora o sétimo mês de gestação da nova forma física, mas a noite próxima será decisiva para ele.

Já recebi um apelo dos colaboradores que ficaram nas imediações do caso, em serviço activo, no sentido de evitar certas extravagâncias da futura mãe, projectadas para hoje;
entretanto, não creio sejamos por ela obedecidos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 24, 2012 11:09 pm

A organização fetal não se encontra em condições de suportar novos desequilíbrios, e, se a pobrezinha não despertar para o dever, abrirá, ainda hoje, uma terceira falência.

Se André puder vir connosco, dar-nos-á muito prazer.

Alexandre que me parecia muito circunspecto, naquele momento, dando a ideia de quem não desejava cultivar qualquer comentário menos edificante, considerou:
- Nosso companheiro irá com vocês.

Por vezes, para preservar convenientemente a saúde, é preciso conhecer as enfermidades; para cultivar o bem, é necessário não ignorar a existência do mal.

Com efeito, à noitinha, chegávamos, Apuleio, dois companheiros dele e eu, a uma residência confortável e de aparência distinta.

O grande relógio de parede mostrava vinte horas menos cinco minutos.

Seguindo o director, penetramos um aposento bem mobilado, onde se encontravam três entidades desencarnadas, de horrenda figura, que, em virtude do baixo padrão vibratório, não perceberam a nossa presença.

Conversavam entre si, combinando medidas detestáveis que não cabe relacionar aqui.

A certa altura da palestra, porém, referiam-se ao caso da reencarnação, de maneira franca:
- Não sei - comentou um daqueles perversos inimigos do bem - por que arte infernal vem resistindo o intruso.
Despejá-lo-emos na primeira oportunidade.

- Quando isto ocorre - disse outro - é que há «mãos de anjos» trabalhando por trás.
- Pois que vão para o inferno! - exclamou o que parecia mais cruel.

- Veremos quem pode mais. Cesarina já nos pertence noventa por cento.
Atende perfeitamente aos nossos propósitos.

Porque um filho intrujão em nossos planos? É preciso combater' até ao fim.
- No entanto - considerou o terceiro, que, até então, se mantinha em silêncio -, há mais de seis meses estamos trabalhando em vão por alijá-lo!

- Mas temos conseguido muito - tornou o mais revoltado -; não creio que ele se possa aguentar por muito tempo.
Talvez hoje façamos o resto.
Um filho viria roubar-nos, talvez, a boa companheira com que contamos agora.

Todas as atenções dela convergiriam para ele e o nosso prejuízo seria enorme.
Mas, se existem «mãos de anjos» trabalhando, temos «mãos de demónios» para agir também.

Já vencemos duas vezes; porque não vencer agora, igualmente?
- E se o filho vier - considerou um dos interlocutores -, certamente virá o esposo de regresso.

Não poderemos conservá-lo a distância, por mais tempo, caso isso se verifique.
- Isto, nunca! - respondeu o adversário mais feroz, com inflexão sinistra.

Como era diferente aquela paisagem interior, comparativamente à câmara de Raquel, onde levara a efeito tão formosas observações, referentes à tarefa reencarnacionista!

O aposento mantinha-se absolutamente desguarnecido de defesas magnéticas e não se via o movimento de visitação espiritual da esfera superior que caracterizava a formação do novo corpo de Segismundo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 24, 2012 11:09 pm

- Está observando? - falou Apuleio, gentil - nem sempre a nossa tarefa se desdobra ao longo dos jardins afectivos.

Muitas vezes, devemos operar sob verdadeiras tormentas de Ódio, que desintegram nossos melhores elementos magnéticos de cooperação.

Este caso é típico.
Recordei que a residência de Adelino se enchia diariamente de afeições do plano espiritual, e perguntei:
- Mas, a futura mãe não dispõe de relações em nossa esfera?

- De qualquer modo - respondeu ele -, sempre temos bons amigos na zona superior àquela em que nos encontramos;
todavia, em certas circunstâncias, afastamo-nos voluntariamente deles.

Cesarina poderia contar com diversas amizades; no entanto, ela mesma se incumbe de obrigá-las à ausência.

Impressionado, considerei:
- Não terá ela, contudo, um pai ou mãe, em nossos círculos espirituais, que tome a si o sacrifício de defendê-la?

- Tem um pai que a estima com extremos de afecto - esclareceu o director -, no entanto, sofria imerecidamente pela filha leviana e grosseira;
e tanto padeceu por ela que os seus superiores, em nossa colónia espiritual, submeteram-no a tratamento para olvido temporário da filha querida, até que ele possa se recordar e se aproximar dela sem angústias emotivas.

O assunto era novo para mim.
Havia, então, recursos para aplicação do esquecimento no mundo das almas?

Apuleio sorriu, bondoso, e falou:
- Não tenha dúvida.
Em nossa esfera, a dureza e a ingratidão não podem perseguir o amor puro.

Quando as almas reencarnadas se revelam impermeáveis ao reconhecimento e à compreensão, distanciamo-nos delas, naturalmente, ainda mesmo quando encerrem para nós valiosas jóias do coração, até que se integrem no conhecimento das leis de Deus e se disponham a segui-las, em nossa companhia.

Quando somos fracos, porém, embora muito amoráveis, e não nos sentimos com a precisa coragem para o afastamento necessário, se merecemos o auxílio de nossos Maiores, somos favorecidos com o tratamento magnético que opera em nós o esquecimento passageiro.

Nesse instante, Cesarina penetrou no quarto, seguida dos Espíritos Construtores que velavam por Volpíni, o reencarnante.

Enquanto a senhora se sentava à frente de grande espelho, dando início a complicados arranjos de apresentação festiva, os cooperadores de Apuleio se aproximaram, saudando-nos, atenciosos.

- Infelizmente - disse um deles ao chefe a situação é muito grave.
É impossível prosseguir em nosso esforço de assistência, com o êxito desejável.
Nossa irmã afunda-se, cada vez mais, nos desequilíbrios destruidores.

Unindo-se voluntariamente - e indicou as entidades viciosas que a cercavam - a estes adversários infelizes, entrega-se, agora, a prazeres e abusos de toda sorte.

Seus desvios sexuais, nos últimos dias, têm sido lastimáveis, e enorme é a quantidade de alcoólicos, aparentemente inofensivos, de que tem feito consumo sistemático.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 25, 2012 11:28 pm

Aliados semelhantes distúrbios às vibrações desordenadas do plano mental, vemos que a posição de Volpíni é insustentável, não obstante nossos melhores esforços de socorro.

Apuleio ouviu as graves notificações em silêncio e observou em seguida:
- Já sei o que se projecta para esta noite.

- Sim - considerou o interlocutor -, apelamos para a sua autoridade, porque a organização fetal não poderá resistir a uma nova investida.

O director convidou-me a examinar a gestante.
Ao lado dela, permaneciam as entidades inferiores a que me referi, que demonstravam absoluta ignorância de nossa presença.

Cesarina, com o excessivo cuidado das mulheres demasiadamente vaidosas e inscientes da responsabilidade moral, utilizava certos recursos para disfarçar o aspecto da gravidez adiantada, deixando adivinhar que se preparava com esmero para uma noitada de fortes emoções.

Fixei minha atenção no feto, auxiliada pelo chefe dos Construtores, mas não pude esconder minha surpresa e compaixão.
O caso Volpíni era muito diferente do processo de reencarnação verificado em casa de Raquel.

A forma física embrionária demonstrava mancha violácea, revelando dilacerações.

Pequeninos monstros, somente perceptíveis ao nosso olhar, nadavam no líquido amniótico, invadindo o cordão umbilical e apropriando-se da maior parte do delicado alimento reservado ao corpo em formação.

Toda a placenta era assediada por eles, provocando-me terrível impressão.
Percebi, pela intensa anormalidade dos Órgãos geradores, que o aborto não poderia demorar-se.
Apuleio, igualmente, endereçando-me expressivo gesto com a cabeça, acusava forte preocupação.

Abandonou subitamente o exame e falou-nos:
- Se a infeliz obcecada pelos prazeres criminosos não se detiver, nesta noite, a organização fetal será expelida até amanhã.

Depois de pensar alguns momentos, salientou:
- Tentarei o derradeiro recurso.
Apuleio dirigiu-se ao interior doméstico e voltou, seguido de uma senhora idosa.

- Esta - disse-me ele, indicando-a - é a dona da casa e velha amiga de Cesarina, susceptível de receber-nos a influenciação.

Aproveitar-lhe-ei o concurso para que a nossa desventurada irmã, de futuro, não possa dizer que lhe faltou assistência e conselho adequado.

Num gesto de bondade, já observado por mim em diversos superiores do nosso plano, colocou a destra sobre a fronte da recém-chegada, que se acercou de Cesarina com muita ternura, e falou:
- Minha amiga, estou receosa por você...
Não vá. Desconfie de certas amizades, pouco dignas.

Seu estado, Cesarina, é melindroso. Porque se exceder?
Uma festa de aniversário, em pleno bar, não pode servir às suas necessidades presentes.
Abriguei você, em nossa residência, como se o fizesse a uma filha e devo estar vigilante.

Nutro a esperança de vê-la reaproximar-se do esposo, que, segundo creio, deve estar ausente por simples questões de incompatibilidade de génios, mas, se você não se defende do mal, como atender à situação?
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 25, 2012 11:28 pm

Um dos infelizes seres da ignorância e da sombra que perseguiam Cesarina, por invigilância dela, envolveu-a nos braços, como se desejasse comunicar-lhe o seu estranho e perigoso magnetismo.

vi que as entidades inferiores presentes observavam de perto a senhora e lhe ouviam as palavras sensatas, porque todas exibiam gestos e demonstrações de revolta e desagrado, que não podemos registar aqui.

A interpelada, deixando-se envolver pela influência neutralizante do mal, riu-se de modo franco e acrescentou:
- Tranquilize-se, minha boa Francisca.
Não precisará ensinar-me virtude...
Tenho meu compromisso para hoje, não posso faltar!...

- Não concordo, Cesarina - tornou a interlocutora com energia, sob a inspiração directa de Apuleio -, nem estou fazendo pregação de virtude à sua consciência responsável.

Quero despertar suas fibras de esposa e mãe.
O homem, cujo convite você pretende atender, não merece confiança, não é digno de consideração.
Além disso, seu organismo deve ser preservado.

Não lhe dói a expectativa de prejudicar o filhinho?
Não pondera o futuro?

E a respeitável amiga continuou advertindo com severidade maternal, enquanto a futura mãe de Volpíni se mantinha em franca posição de negativa e impermeabilidade.

Duas horas durou a conversação, na qual o director dos Construtores usou da caridade, da lógica e da paciência, nas mais altas doses;
todavia, ao fim desse tempo, um automóvel fonfonou à porta.

Cerrando o pequeno estojo de perfumes, Cesarina abraçou a velha amiga desapontada e despediu-se:
- Adeus, voltarei mais tarde. Não tenho tempo a perder.
O veiculo rodou a caminho das avenidas asfaltadas.

As entidades perturbadas seguiram no carro célere, mas nós, esperando a manifestação de Apuleio, ali permanecemos, aguardando-lhe a palavra.

Algo triste, o chefe de serviço dirigiu-se aos colaboradores, declarando:
- Podem regressar à nossa colónia, em descanso.
Nada mais têm que fazer, por agora.
O dever de todos foi bem cumprido.

E olhando para mim, significativamente, acrescentou:
- Irei, eu mesmo, em companhia de André, buscar Volpíni para recolhê-lo em lugar conveniente.

O ambiente era de consternação, porque, se os Espíritos Superiores são equilibrados, não são insensíveis.
Acompanhei Apuleio, durante longos minutos de silêncio, penetrando, em seguida, numa casa de barulho ensurdecedor.

O grande Balão e departamentos reservados estavam repletos de homens e mulheres inquietos, excitados pela música bulhenta e estonteadora, mas a assembleia de desencarnados de condição grosseira era muito maior, tomada da mesma alucinação de perigoso prazer.

- Mantenha-se em defensiva - advertiu-me o director -;
são poucos os desencarnados, com reduzido tempo de experiência, que podem penetrar ambientes como este, para serviços de protecção.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 25, 2012 11:29 pm

Não nos cabe descrever as paisagens tristes, desdobradas ao nosso olhar.

Cumpre-nos, tão-somente, esclarecer que não tivemos dificuldade para reencontrar Cesarina em companhia de um cavalheiro menos escrupuloso, entre finas taças de alcoólicos, elegantemente disfarçados.

Apuleio aproximou-se e retirou Volpíni, que a ela se abraçava como criança semiconsciente.
Em seguida, vi-o aplicar passes magnéticos em toda a região uterina, empregando infinito cuidado.

Retomando Volpíni, que confiara às minhas mãos, para poder operar com eficiência, falou-me, calmo:
- Desliguei o reencarnante do santuário maternal; entretanto, não deveríamos esquecer de ministrar o devido socorro à mãe invigilante.

Ela precisa continuar a luta terrestre, quanto possível, para aproveitar alguma coisa da oportunidade...

Retiramo-nos conduzindo o companheiro, prematuramente desligado, a uma organização socorrista, mas, depois de atender a todos os deveres que me competiam, desejei, na qualidade de médico, observar o que se passava com a pobre mulher, fracassada em sua missão sublime.

Nas primeiras horas da manhã, dirigi-me à residência que visitáramos na véspera.
Com grande surpresa, porém, verifiquei que Cesarina não se encontrava em casa.

Não se passaram muitos minutos e uma vizinha interpelava a senhora que Apuleio influenciara, perguntando-lhe o que eu desejaria saber.

- Cesarina - explicou a matrona, preocupada - na manhã de hoje foi recolhida a uma casa de saúde, em estado grave.

No decorrer da rápida conversação, recolhi as informações necessárias, relativamente ao endereço, e procurei visitar, incontinenti, a infeliz criatura que deixáramos na festa elegante da véspera.

Fortemente impressionado, vim, a saber, que Cesarina, em gravíssimas condições, acabava de dar à luz uma criança morta.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 25, 2012 11:29 pm

16 - Incorporação

Prosseguindo em meus estudos sobre os fenómenos mediúnicos de variada expressão, sempre que meus serviços habituais mo permitiam, regressava à Crosta, aprendendo e cooperando no grupo em que Alexandre funcionava na qualidade de orientador.

Minha frequência, porém, em virtude das obrigações por mim assumidas em nossa colónia espiritual, não podia ser assídua, razão por que procurava aproveitar as mínimas oportunidades a fim de enriquecer as minhas experiências.

Numa das reuniões a que compareci, um dos cooperadores de nossa esfera aproximou-se do compassivo instrutor e pediu, humilde:
- Nossos companheiros encarnados, em solicitações sucessivas, insistem pela vinda do irmão Dionísio Fernandes, actualmente recolhido, como sabeis, numa organização de socorro.

Alegam que a família se encontra inconsolável, que haveria conveniência na visita dele e que seria interessante ouvir um antigo companheiro de lutas doutrinárias...

Enquanto Alexandre ouvia em silêncio, o simpático colaborador prosseguiu, depois de ligeira pausa:
- Estimaríamos receber a devida autorização para trazê-lo...

Poderia incorporar-se na organização mediúnica de nossa irmã Octávia e fazer-se ouvir, de algum modo, diante dos amigos e familiares...

O mentor pensou durante alguns momentos e redarguiu:
- Não tenho qualquer objecção pessoal, em face da providência que você sugere, meu caro Euclides; entretanto, embora se constitua o nosso grupo de cooperadores encarnados de excelentes amigos, não os vejo convenientemente preparados para o integral aproveitamento da experiência.

Sobra em quase todos eles, na investigação e no raciocínio, o que lhes falta em sentimento e compreensão.
Colocam a pesquisa muito acima do entendimento e, como você sabe, as organizações mediúnicas não são filtros mecânicos...

Além disso, Dionísio conta com reduzido tempo em nossa esfera; ainda não pôde nem mesmo retirar-se do asilo que o acolheu em nosso plano.

Adicionemos a esses factores a intranquilidade da família, pouco observadora da fé viva, a diferença de vibrações da nova esfera a que o nosso amigo procura adaptar-se, presentemente, a profunda emoção dele com essa reaproximação talvez prematura, a instabilidade natural do aparelhamento mediúnico e, possivelmente, concordaremos com a inoportunidade de semelhante medida.

Euclides, o interlocutor, advogando o pedido veemente do círculo, não se desencorajou e insistiu:
- Reconheço que a vossa palavra é sempre ponderada e amiga. Concordo em que não alcançaremos o objectivo desejado;
todavia, reitero-vos a solicitação.

Ainda mesmo que o facto não ultrapasse a feição de simples experiência...

É que existem irmãos esforçados aos quais muito devemos aqui, no trabalho do bem diário ao próximo sofredor, e sentiríamos felicidade em demonstrar-lhes o testemunho do nosso reconhecimento e estima sincera...

Alexandre sorriu com a generosidade que lhe era característica e observou:
- Só possuo razões para endossar seus pedidos, e, já que você insiste na providência para atender aos companheiros que se sentem igualmente credores de sua confiança e estima, pode avisá-los de que Dionísio virá.

Eu mesmo cuidarei de trazê-lo pessoalmente.
E como Euclides agradecesse tocado de imensa alegria, Alexandre encerrou a conversação, acrescentando:
- Faça a promessa para a noite de amanhã.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 25, 2012 11:29 pm

É sempre mais fácil dar com alegria que receber com acerto.

Afastamo-nos? Porque o interrogasse, quanto ao processo fenoménico da incorporação, o benigno instrutor esclareceu de boa vontade:
- Mediunicamente falando, as medidas são as mesmas adoptadas nos casos de psicografia comum, acrescentando-se, porém, que necessitaremos proteger, com especial carinho, o centro da linguagem na zona motora, fazendo reflectir nosso auxílio magnético sobre todos os músculos da fala, localizados ao longo da boca, da garganta, laringe, tórax e abdómen.

Atendendo-me as interpelações, o instrutor relacionou diversas elucidações de ordem moral, alusivas ao assunto, comentando as dificuldades para difundir nos corações terrenos os valores da consolação legítima, em virtude das exigências descabidas da pesquisa intelectual.

Admirava-lhe a sabedoria profunda e a sublime compreensão das fraquezas humanas, quando atingimos a instituição de socorro a que Dionísio se recolhera, em plena região inferior, não muito distante da Crosta Terrestre.

Entendendo-se com os Espíritos do Bem, consagrados aos serviços do amor cristão, em zonas semelhantes, conduziu-me à presença do recém - desencarnado, que se mantinha sob forte excitação.

- Dionísio - falou-lhe Alexandre, bondoso, após a saudação usual -, lembra-se do nosso grupo de estudos espiritualistas?

- Como não? e com que saudades! - suspirou o interlocutor.
- Nossos amigos do círculo pedem a sua presença, pelo menos por alguns minutos - prosseguiu o mentor, gentil -, e deliberei conduzi-lo até lá, para que você fale, não somente a eles, mas também aos familiares...

- Que ventura! - exclamou Dionísio, quase chorando de contentamento.
- Ouça, porém, meu amigo! - tornou Alexandre, sereno e enérgico - é indispensável que você medite sobre o acontecimento.

Lembre-se de que você vai utilizar um aparelho neuro - muscular que lhe não pertence.
Nossa amiga Octávia servirá de intermediária.

No entanto, você não deve desconhecer as dificuldades de um médium para satisfazer a particularidades técnicas de identificação dos comunicantes, diante das exigências de nossos irmãos encarnados.

Compreende bem?
- Sim - replicou Dionísio, algo desapontado -, estou agora no mundo da verdade e não devo faltar a ela.

Recordo-me de que muitas vezes recebi as comunicações do plano invisível, através de Octávia, com muitas prevenções, e, não raro, vacilei, acreditando-a vítima de inúmeras mistificações.

Alexandre, muito calmo, observou:
- Pois bem, agora chegou a sua vez de experimentar.

E se, antigamente, era tão fácil para você duvidar dos outros, desculpe a fraqueza dos nossos irmãos encarnados, caso agora duvidem de seu esforço.

É possível que não alcancemos o objectivo; entretanto, nossos colaboradores insistem pela sua visita e não devemos impedir a experiência.

Antes que Dionísio se internasse em novas considerações, o interlocutor rematou:
- Concentre-se, com atenção, sobre o assunto, peça a luz divina em suas orações e espere-me.

Conduzi-lo-ei em nossa companhia, deixando-o, na residência da médium com algumas horas de antecedência, para que você encontre facilidades no serviço de harmonização.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 25, 2012 11:29 pm

Despedimo-nos em seguida, registando efusivos agradecimentos do interlocutor.
O caso interessava-me.
Por isso mesmo, roguei a permissão de Alexandre para acompanhá-lo de mais perto.

Autorizado a fazê-lo, segui o instrutor que se dirigiu, no dia seguinte, à instituição a que Dionísio se recolhera, amparando-o convenientemente para a visita projectada.

Com a gentileza de sempre, Alexandre guiou-nos até à moradia da médium Octávia, onde Euclides, o benevolente amigo da véspera, nos aguardava, cheio de atenções.

O prestimoso mentor despediu-se com delicadeza extrema e, deixando-me em companhia dos novos colegas, acrescentou:
- A reunião dos companheiros encarnados terá início às vinte horas;
todavia, entre dezoito e dezanove horas, estarei aqui de regresso, a fim de acompanhá-los ao nosso núcleo de serviço.

E, fixando-me, concluiu bondosamente:
- Aproveite a aproximação de Euclides, meu caro André. Um bom trabalhador tem sempre proveitosas lições a ensinar.

Euclides, sorrindo, agradeceu, comovido, e conduziu-nos ao interior doméstico, enquanto Alexandre se afastava noutra direcção.
Detivemo-nos em humilde aposento.

- Nesta parte da casa - explicou-nos o guia acolhedor - nossa irmã Octávia costuma fazer meditações e preces.

A atmosfera reinante, aqui, é, por isso, confortadora, leve e balsâmica.
Estejam à vontade.

Em vista de ser hoje um dos dias consagrados ao serviço mediúnico, terminará ela os trabalhos da refeição da tarde, mais cedo, a fim de orar e preparar-se.

Consultei o mostruário do grande relógio de parede, não longe de nós, que marcava precisamente dezasseis horas, e manifestei O desejo de ver a nossa irmã que actuaria, naquela noite, como intermediária entre os dois planos.

Deixando Dionísio no aposento a que me referi, Euclides conduziu-me a pequena cozinha, onde uma senhora idosa se mantinha atenta à preparação de alguns pratos modestos.

Tudo limpeza, ordem e harmonia doméstica.
Notei-a, porém, algo pálida, abatida...

Ouvindo-me a inquirição discreta, o companheiro informou:
- Octávia é uma excelente colaboradora de nossos serviços espirituais, mas, pela força das provas necessárias à redenção, permanece unida a um homem ignorante e quase cruel.

Enquanto o companheiro brutal está ausente, nas horas do «ganha-pão», a casa é tranquila e feliz, porquanto a nossa amiga não oferece hospedagem às entidades perturbadoras da sombra.

Todavia, quando o infeliz Leonardo penetra este pequeno domínio, a situação se modifica, porque o pobre esposo é um legitimo «canteiro espinhoso», no jardim deste lar.

Faz-se acompanhar de perigosos elementos das zonas mais baixas...
- Não conseguiu ele identificar-se com a missão espiritualizante da esposa? - perguntei, com interesse.
- Não, de modo algum - explicou Euclides, sem titubear.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 25, 2012 11:30 pm

- Não é novo para a compreensão elevada; contudo, é teimoso nos erros que lhe são próprios. Permite que a consorte nos ajude, em vista da insistência de parentes consanguíneos dele, dedicados à nossa causa e que, influenciados por nós, não lhe permitem afastá-la.

A tarefa, porém, não é muito fácil, porque, se Octávia é dócil aos Espíritos do Bem, o esposo é obediente aos cultivadores do mal.

Basta, às vezes, traçarmos um programa construtivo com a colaboração dela, para que Leonardo, cedendo aos portadores da treva, nos perturbe a acção, criando-nos graves dificuldades.

Percebendo que o abatimento da médium não me passava despercebido, Euclides acrescentou:
- Tão logo prometi ontem, alegremente, a vinda de Dionísio, desejoso de incentivar o bom ânimo dos amigos encarnados, contando com o concurso mediúnico de nossa irmã, piorou a situação psíquica do esposo imprevidente.

Leonardo amanheceu hoje mais nervoso que de costume, embebedou-se pouco antes do almoço, insultou a companheira humilde e chegaram mesmo a infligir-lhe tormentos físicos.

Assustada, a bondosa senhora sofreu tremendo choque nervoso que lhe atingiu o fígado, encontrando-se, no momento, sob forte perturbação gastrointestinal.

Por isso, a alimentação dela foi muito deficiente durante o dia e não tem podido manter a harmonia precisa da mente para atender, com exactidão, aos nossos propósitos.

Já trouxe diversos recursos de assistência, inclusive a cooperação magnética de competentes enfermeiros espirituais, para levantar-lhe o padrão das energias necessárias, e só por isto é que a pobrezinha ainda não tombou acamada, embora se encontre bastante enfraquecida, apesar de todos os socorros.

Algo desapontado, Euclides considerou, após curto silêncio:
- Como sabe, a harmonia não é realização que se improvise, e, se nós, os desencarnados devotados ao bem, estamos em luta frequente pela nossa iluminação intima, os médiuns são criaturas humanas, susceptíveis às vicissitudes e aos desequilíbrios da esfera carnal...

- Oh! – exclamei, fixando a pobre mulher - não teremos alguém que a substitua?
Ela está quase cambaleante...

- Todos os serviços exigem preparo, treinamento - observou o meu interlocutor, sensatamente - e não poderemos trazer alguém que faça às vezes de Octávia, dum instante para outro.

- Não supõe que ela deveria ser feliz para ser mais útil? - indaguei.
- Quem sabe? - respondeu Euclides, com intenção.

- A mediunidade activa e missionária não é incompatível com o bem-estar e, a rigor, todas as pessoas que gozam de relativo conforto material, poderiam disputar excelentes oportunidades de serviço em seus quadros de trabalho e edificação;
entretanto, as almas encarnadas, quando favorecidas pela tranquilidade natural da existência física, se mantêm na região de serviço comum que lhes é própria às necessidades individuais, e, como o cumprimento do dever com exactidão já representa grande esforço, raramente ultrapassam a fronteira das obrigações legítimas, em busca do campo divino da renunciação.

A luta intensiva, porém, dilata as aspirações intimas.
O sofrimento, quando aceito à luz da fé viva, é uma fonte criadora de asas espirituais.

A essa altura dos esclarecimentos fraternos, o companheiro sorriu e observou:
- Formulando semelhantes considerações, não queremos dizer que a mediunidade construtiva deva ser apanágio dos corações algemados à dor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 25, 2012 11:30 pm

Isto não. As missões da Espiritualidade Superior pertencem a todas as criaturas de boa vontade.

Apenas expressamos a nossa convicção de que almas existem, fervorosas no ideal do Bem e da Verdade, que se valem dos obstáculos para melhor escalarem o monte da redenção divina.

A dona da casa terminara a tarefa de aprontar o jantar humilde e, antes que o esposo voltasse ao lar, dirigiu-se ao quarto intimo, em que, conforme a notificação de Euclides, costumava fazer as suas preces preparatórias.

Penetramos o aposento em sua companhia.
Euclides acomodou Dionísio ao lado dela, e, enquanto a médium se concentrava em oração, O dedicado amigo aplicava-lhe passes magnéticos, fortalecendo os nervos das vísceras e ministrando, ao que percebi, vigorosas cotas de força, não somente às fibras nervosas, mas também às células gliais.

Dona Octávia pedia a Jesus bastante energia para o cumprimento de sua tarefa, comovendo-nos a sua rogativa silenciosa, simples e sincera.

Meditou na promessa que os amigos espirituais haviam levado a efeito, na véspera, relativamente à comunicação de Dionísio, recém-desencarnado.

Procurava dispor-se ao concurso mediúnico eficiente, tentando isolar a mente das contrariedades de natureza material.
Aos poucos, sob a influenciação de Euclides, formou-se um laço fluídico que ligou a médium ao próximo comunicante.

O companheiro que preparava o trabalho recomendou ao amigo desencarnado falasse a Dona Octávia, com todas as suas energias mentais, organizando o ambiente favorável para o serviço da noite.

Dionísio começou a falar-lhe de suas necessidades espirituais, comentando a esperança de fazer-se sentir, junto da família terrena e dos antigos colegas de aprendizado espiritualista, notando eu que a médium lhe registava a presença e a linguagem, em forma de figuração e lembrança, aparentemente imaginárias, na esfera do pensamento.

Observei, com interesse, a extensão da fronteira vibratória que nos separa dos Espíritos encarnados, porquanto, em nos achando ali, em frente a uma organização mediúnica adestrada, precisávamos iniciar o trabalho de comunicação, como quem estivesse muitíssimo distante, vencendo, devagarzinho, os círculos espessos de resistência.

Longo tempo durou o singular diálogo, reconhecendo que, ao fim da interessante conversação prévia, entre a médium e o comunicante, palestra essa que foi plenamente orientada pelo tacto fraterno de Euclides, em todas as minúcias, Dona Octávia parecia mais ambientada com o assunto, aderindo com clareza ao que Dionísio pretendia fazer.

Tudo ia bem e não me cansava de admirar aquele inesperado serviço de preparação mediúnica, quando aconteceu alguma coisa muito grave.

O dono da casa chegava, de volta, quebrando, de modo violento, a tranquilidade das vibrações em que nos mergulhávamos.

Vociferando, logo à entrada, obrigou a esposa a levantar-se, de súbito.
O infortunado senhor semelhava-se a um brutamontes, nas suas características de tirano doméstico.

Algumas entidades galhofeiras e perversas constituíam-lhe o séquito.
Dona Octávia serviu o jantar, fazendo prodígios no campo da paciência evangélica.

Finda a refeição muito simples, a que compareceu o esposo junto de dois filhos maiores, a nobre senhora falou ao marido em particular:
- Leonardo, como você sabe, irei hoje à reunião, saindo antes das oito.

- Quê? - exclamou o interlocutor, encharcado de vinho, a cofiar os bigodes grisalhos - a senhora hoje não pode sair!
Nada de sessões! Hoje, não!
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 25, 2012 11:30 pm

Impressionado com aquela atitude intempestiva, perguntei a Euclides, que seguia a cena, muito calmo:
- E agora?

- Já previa a ocorrência – redarguiu-me, com manifesta tristeza no olhar - e pedi a uma de nossas irmãs trouxesse até aqui uma tia do bulhento Leonardo, que intercederá a favor de nossos desejos.
Não devem tardar. Trata-se de pessoa a que se renderá, sem esforço.

Com efeito, enquanto Dona Octávia enxugava o pranto em silêncio, recompondo a mesa de refeições, ouviram-se palmas à porta.

Leonardo foi atender e, em breves minutos, uma entidade desencarnada, muito simpática, penetrava o interior, acompanhando uma velha senhora de semblante acolhedor e risonho.

A cooperadora de Euclides veio até nós, cumprimentando-nos, sorridente.

Profundamente surpreendido, em face de tantos trabalhos para a organização de pequeno serviço consolador, fiz-me atento à conversação que se desdobrou entre os encarnados:
- Ainda bem que a luta do dia terminou disse a respeitável matrona, dirigindo-se a médium, depois das primeiras saudações -, vim até aqui para irmos juntas.

Octávia procurou esconder sua mágoa, sorriu com esforço, e respondeu:
-- Ora, minha boa Georgina, hoje não posso... Leonardo está indisposto e pretende recolher-se mais cedo.

- Já sei, já sei - observou a visitante, com carinho nas palavras e severidade nas atitudes, fixando o chefe da casa;
- você, Octávia, tem compromisso e não pode faltar!

Em seguida, levantou-se, tocou os ombros do sobrinho, que se derramara no divã, e falou-lhe com franqueza:
- Meu filho, que você se regale em prazeres e adie a sua realização espiritual, por imprevidência e má vontade, eu não posso impedir;
mas advirto-o, quanto aos deveres de sua mulher em nosso núcleo de iluminação, pedindo-lhe não se interponha entre ela e os desígnios superiores.

Octávia é uma esposa exemplar, tem tolerado suas impertinências a vida inteira e já entregou ao seu espírito de pai dois filhos maiores, rigorosamente educados na inteligência e no coração. Não lhe impeça agora o serviço divino.

Poderia insurgir-me contra você, induzindo-a a resistir, mas prefiro avisá-lo de que a sua actuação contra o bem não ficará impune.

Observei que as palavras da veneranda senhora eram emitidas conjuntamente com grandes jactos de energia magnética, que envolviam Leonardo, obrigando-o a um melhor raciocínio.

Ele meditou, por alguns momentos, e respondeu, vencido:
- Octávia poderá ir, quando quiser, desde que seja em sua companhia.

A matrona agradeceu, estimulando-o no estudo das questões da Espiritualidade, e, quando se dispunham as duas senhoras a tomar o caminho do grupo de estudos, chegou Alexandre, de volta, a fim, de acompanhar-nos, por sua vez.

Reconheci que o instrutor notou, de relance, o estado de abatimento da médium, percebendo as dificuldades que se opunham à prometida comunicação de Dionísio, mas, longe de se referir às advertências da véspera, ele próprio, agora, era quem se mostrava mais optimista, estimulando, ao que notei, o entusiasmo de Euclides a serviço do bem.

Atingimos o vasto salão daquela oficina de espiritualidade, quando faltava precisamente um quarto para as vinte horas.

Como sempre, os trabalhadores de nosso plano eram numerosíssimos, nos múltiplos trabalhos de assistência, preparação e vigilância.
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