LUZ ESPÍRITA
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Série André Luiz - MISSIONÁRIOS DA LUZ

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Série André Luiz - MISSIONÁRIOS DA LUZ - Página 7 Empty Re: Série André Luiz - MISSIONÁRIOS DA LUZ

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 25, 2012 11:30 pm

Enquanto alguns amigos ansiosos e a família do comunicante, constituída de esposa e filhos, aguardavam a palavra de Dionísio, muito grande era o nosso esforço para melhorar a posição receptiva de Octávia.

Alexandre, como de outras vezes, esmerava-se em ministrar o exemplo da cooperação sadia.

Determinou que alguns colaboradores dos nossos auxiliassem o sistema endocrínico, de maneira geral, e proporcionassem ao fígado melhores recursos para a normalização imediata de suas funções, estabelecendo-se determinado equilíbrio para o estômago e intestinos, em virtude das necessidades do momento, para que o aparelho mediúnico funcionasse com a possível harmonia.

Às vinte horas, reunida a pequena assembleia dos irmãos encarnados, foi iniciado o serviço, com a prece comovedora do companheiro que dirigia a casa.

Valendo-se do concurso magnético que lhe fora oferecido, a médium sentia-se francamente mais forte.

Mais uma vez, contemplava, admirado, o fenómeno luminoso da epífise e acompanhava o valioso trabalho de Alexandre na técnica de preparação mediúnica, reparando que ali o incansável instrutor se detinha mais cuidadosamente na tarefa de auxílio a todas as células do córtex cerebral, aos elementos do centro da linguagem e às peças e músculos do centro da fala.

Terminada a oração e levado a efeito o equilíbrio vibratório do ambiente, com a cooperação de numerosos servidores de nosso plano, Octávia foi cuidadosamente afastada do veículo físico, em sentido parcial, aproximando-se Dionísio, que também parcialmente começou a utilizar-se das possibilidades dela.

Octávia mantinha-se a reduzida distância, mas com poderes para retomar o corpo a qualquer momento num impulso próprio, guardando relativa consciência do que estava ocorrendo, enquanto que Dionísio conseguia falar, de si mesmo, mobilizando, no entanto, potências que lhe não pertenciam e que deveria usar, cuidadosamente, sob o controle directo da proprietária legítima e com a vigilância afectuosa de amigos e benfeitores, que lhe fiscalizavam a expressão com o olhar, de modo a mantê-lo em boa posição de equilíbrio emotivo.

Reconheci que o processo de incorporação comum era mais ou menos idêntico ao da enxertia da árvore frutífera.

A planta estranha revela suas características e oferece seus frutos particulares, mas a árvore enxertada não perde sua personalidade e prossegue operando em sua vitalidade própria.

Ali também, Dionísio era um elemento que aderia às faculdades de Octávia, utilizando-as na produção de valores espirituais que lhe eram característicos, mas naturalmente subordinado à médium, sem cujo crescimento mental, fortaleza e receptividade, não poderiam o comunicante revelar os caracteres de si mesmo, perante os assistentes.

Por isso mesmo, logicamente, não era possível isolar, por completo, a influenciação de Octávia, vigilante.

A casa física era seu templo, que urgia defender contra qualquer expressão desequilibrante, e nenhum de nós, os desencarnados presentes, tinha o direito de exigir-lhe maior afastamento, porquanto lhe competia guardar as suas potências fisiológicas e preservá-las contra o mal, perto de nós outros, ou à distância de nossa assistência afectiva.

A nossa atmosfera de harmonia, porém, não conseguia sossegar a perturbadora expectativa dos companheiros encarnados.

Entre nós, prevaleciam o controle, a disciplina, o autodomínio;
entre eles, sopravam o desequilíbrio e a inquietação.

Exigiam um Dionísio - homem pela boca de Octávia, mas nosso plano lhes impunha um Dionísio - espírito, pelas expressões da médium.

A família humana aguardava o pai emocionado e ainda submetido a paixões menos construtivas, mas auxiliávamos o irmão para que sua alma se mantivesse calma e enobrecida, em benefício dos próprios familiares terrestres.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 26, 2012 8:51 pm

Falava o comunicante sob forte emotividade, mas Alexandre e Euclides, ocupando-se respectivamente dele e da intermediária, fiscalizavam-lhe as atitudes e palavras, para que se manifestasse tão somente nos assuntos necessários à edificação de todos, responsabilizando-o por todas as imagens mentais nocivas que a sua palavra criasse no cérebro e no coração dos ouvintes.

Em vista disso, o comunicante portou-se, em todos os pontos da mensagem falada, com admirável dignidade espiritual, fazendo, porém, verdadeiros prodígios de disciplina interior, para calar certas situações familiares e conter as lágrimas estancadas no coração.

Depois de falar quase quarenta minutos, dirigindo-se à família e aos colegas de luta humana, Dionísio despediu-se, repetindo tocante oração de agradecimento que Alexandre lhe ditou, comovido.

Nosso concurso decorrera com absoluta harmonia.

O manifestante ofereceu os possíveis elementos de identificação pessoal, mas a pequena congregação de encarnados não recebeu a dádiva como seria de desejar.

Interrompida a concentração mental com o encerramento, iniciaram-se as apreciações, verificando-se que quatro quintos dos assistentes não aceitavam a veracidade da manifestação.

Somente a esposa de Dionísio e alguns raros amigos sentiram-lhe, efectivamente, a palavra viva e vibrante.
Os próprios filhos internaram-se pela região da dúvida e da negativa.

Interpelado por um dos companheiros, expressou-se o mais velho:
- Impossível. Não pode ser meu pai.
Se fosse ele o comunicante, teria naturalmente comentado nossa difícil situação em família...

Outro dos filhos de Dionísio ajuntou, levianamente:
- Não acredito em semelhante manifestação.
Se fosse o papai, teria respondido às minhas interrogações íntimas.

Será que no outro mundo os pais não mais se recordam do carinho devido aos filhos?
No grupo em palestra, formado num dos recantos da sala, começou a insinuação maledicente.

Apenas a viúva e mais três irmãos de ideal se mantinham juntos da médium, incentivando-lhe o espírito de serviço, através de palavras e pensamentos de compreensão e alegria.

No agrupamento, onde os filhos externavam ingratas impressões, um amigo, tocado de cientificismo, afirmava, solene:
- Não podemos aceitar a pretensa incorporação de Dionísio.

Octávia conhece todos os pormenores de sua vida passada, permanece quase que diariamente em contacto com a família, e o Espírito comunicante não revelou particularidade alguma, pela qual pudesse ser identificado.

E depois de lançar a cinza do cigarro em pequenino vaso próximo, acrescentava, mordaz:
- O problema da mediunidade é questão muito grave na Doutrina; o animismo é uma erva daninha em toda a parte.

Nosso intercâmbio com o plano invisível está repleto de lamentáveis enganos.
Um dos rapazes presentes arregalou os olhos e perguntou, de súbito:
- Considera, porém, o senhor que Dona Octávia seria capaz de enganar-nos?

- Não, conscientemente - tornou o cientificista com um sorriso superior -, entretanto, inconscientemente, sim.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 26, 2012 8:51 pm

A maioria dos médiuns é vítima dos próprios desvairamentos emotivos.
As personalidades comunicantes, em sentido comum, representam criações mentais dos sensitivos.

Tenho estudado pacientemente o assunto para não cair, como acontece a muita gente, em conclusões fantásticas.

Há que fugir do ridículo, meus amigos.
Continuando a sorrir, sarcástico, acentuava, triunfante:
- As emersões do subconsciente nas hipnoses profundas conseguem desnortear os mais valentes indagadores.

E, como se as palavras difíceis e as referências preciosas representassem a derradeira solução do assunto, prosseguia, enfático:
- A fim de corrigir os desbordamentos da imaginação no Espiritismo, criou-se a Metapsíquica para dirigir as nossas pesquisas intelectuais e não podemos esquecer que o próprio Richet morreu duvidando.

Não lhe bastaram dezenas de anos consecutivos no estudo sistemático dos fenómenos.
As próprias materializações não lhe asseguraram a certeza da sobrevivência. Portanto...

A reduzida assembleia escutava-lhe a palavra importante, como se ouvisse um oráculo infalível.
Noutro recanto do salão, comentava-se o mesmo assunto, discretamente.

- Não acredito na veracidade da manifestação - afirmava, em voz baixa, uma senhora relativamente moça, dirigindo-se ao marido e às amigas.

- Afinal de contas, a comunicação primou pela banalidade...
Nada de novo. Para mim, as palavras de Octávia procedem dela mesma.
Não senti qualquer sinal concludente, com respeito à possível presença do nosso velho amigo.

Seria muito desinteressante a esfera dos desencarnados, se apenas proporcionasse aos que nos precedem as frivolidades que o suposto Dionísio nos trouxe.

- Talvez tenha havido alguma perturbação - disse o esposo da mesma senhora.
- Não nos achamos livres dos mistificadores do plano invisível...
O grupo abafava o riso franco.

Nunca experimentei tanta decepção como nesses instantes em que examinava o processo de incorporação mediúnica.

Ninguém ali ponderava as dificuldades com que Euclides, o bom cooperador espiritual, fora defrontado para trazer a casa o conforto daquela noite.

Ninguém ponderava sobre a luta que o acontecimento representava para a própria médium, interessada em servir com amor na causa do bem.

Os companheiros encarnados sentiam-se absolutamente credores de tudo.

Os benfeitores espirituais, na apreciação dos presentes, não passariam de meros servidores dos seus caprichos, a voltarem do Além-Túmulo tão-somente para atender-lhes ao gosto de novidades.

Com raríssimas excepções, ninguém pensou em consolo, em edificação, em aproveitamento da experiência obtida.

Ao invés do agradecimento, da observação edificante, cultivava-se a desconfiança e a maledicência.

Alexandre percebeu que Euclides acompanhava a cena com justificado desapontamento, agravado pelas advertências da véspera;
mas, praticando o seu culto de amor e gentileza, o instrutor recomendou-lhe o afastamento, confiando-lhe aos cuidados a entidade comunicante, que deveria regressar, sem perda de tempo, ao lugar de origem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 26, 2012 8:51 pm

O instrutor acercou-se de mim, compreendeu-me o espanto e falou:
- Não se admire, André. Nossos irmãos encarnados padecem complicadas limitações.

Mostrou a fisionomia confiante e sorridente, e acentuou:
- Além disto, como você observa, a maioria tem o cérebro hipertrofiado e o coração reduzido.

Nossos amigos da Crosta, comumente, criticam em demasia e sente muito pouco;
estimam a compreensão alheia;
todavia, raramente se dispõem a compreender os outros...

Mas o trabalho é uma concessão do Senhor e devemos confiar na Providência do Pai, trabalhando sempre para o melhor.

Em seguida, fez algumas recomendações a alguns amigos que ficariam na tenda de realização espiritual e falou:
- Vamo-nos.

Ao nos afastarmos, rente à porta um cavalheiro dizia ao director dos serviços:
- Todos nós temos o direito de duvidar.

Não ouvi a resposta do interlocutor encarnado, mas Alexandre considerou, com a expressão fisionómica dum pai optimista e bondoso:
- Quase todas as pessoas terrestres, que se valem de nossa cooperação, se sentem no direito de duvidar.

É muito raro surgir um companheiro que se sinta com o dever de ajudar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 26, 2012 8:52 pm

17 - Doutrinação

Terminavam os trabalhos de uma das reuniões comuns de estudos evangélicos, quando uma entidade muito simpática acercou-se de nós, cumprimentando o meu instrutor, que respondeu com espontânea alegria.

Tratava-se de mãe afectuosa, que expôs, sem rebuços, as preocupações dolorosas que lhe assaltavam o espírito, solicitando o concurso valioso de “Alexandre, logo após as primeiras palavras”:
- Oh! Meu amigo, até hoje permaneço em luta com o meu infortunado Marinho. Não obstante meus ardentes esforços, o pobrezinho continua prisioneiro dos poderes sombrios.

Entretanto, esperançada agora em sua possível renovação, venho pedir-lhe a cooperação no serviço de auxílio à sua alma infeliz!
- Uma nova doutrinação? - interrogou o mentor, solícito.

- Sim - disse a mãe angustiada, enxugando os olhos -, já recorri a diversos amigos que colaboram na oficina de trabalhos espirituais, onde conheço a sua actuação de orientador, e todos se prontificaram a prestar-me concurso fraterno.

- Nota em Marinhos sinais evidentes de transformação interior? - perguntou Alexandre.
Ela respondeu num gesto afirmativo, com a cabeça, e prosseguiu:
- Há mais de dez anos procuro dissuadi-lo do mau caminho, influenciando-o de maneira indirecta.

Por mais de uma vez, já o conduzi a situações de esclarecimento e iluminação, sem resultado, como é de seu conhecimento.

Agora, porém, observo-lhe as disposições algo modificadas.
Não sente o mesmo entusiasmo, ao receber as sugestões malignas dos infelizes companheiros de revolta e desesperação.

Sente inexprimível tédio na posição de desequilíbrio e, vezes diversas, tenho tido a satisfação de conduzi-lo à prece solitária, embora sem conseguir furtá-lo ao fundo de rebeldia.

A venerável entidade imprimiu ligeira pausa à conversação, continuando em tom de súplica:
- Quem sabe terá chegado para ele o divino instante da luz íntima?

Muito venho sofrendo por esse pobre filho, desviado da estrada recta, e é possível que o Senhor me conceda, presentemente, a graça de reintegrá-lo na senda do bem...

Para esse fim, estou congregando as minhas afeições mais puras.
Em seguida, fixando o mentor, com estranho brilho nos olhos, implorou:
- Oh! Alexandre, conto com o seu apoio decisivo!

Preciso trabalhar por Marinho, de cuja desventura me julgo culpada, até certo ponto, e confesso-lhe, meu amigo, que me sinto cansada, em profunda exaustão espiritual!...

- Compreendo-a - exclamou o interlocutor comovido -, a luta incessante para arrebatar um coração amado, prisioneiro das trevas, dá para esgotar a qualquer um de nós.

Tenha calma, porém, se Marinho permanece agora entediado diante dos companheiros de criminoso desvio, então será fácil ajudar-lhe o espírito, recolocando-o a caminho da verdadeira elevação.

De outro modo, não me abalançaria ao concurso activo.
Confie em nossa tarefa e façamos por ele quanto estiver ao alcance de nossas possibilidades.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 26, 2012 8:52 pm

Tudo está pronto no campo preparatório?
- Sim - elucidou a respeitável matrona desencarnada -, alguns amigos me auxiliarão a trazê-lo, enquanto outros se encarregarão de ajudar Octávia, encaminhando convenientemente o assunto, no agrupamento.

- Pois bem - concluiu Alexandre, atencioso -, na noite aprazada, estarei presente, cooperando a favor dele, quanto seja possível.

Depois de comovedores agradecimentos, estávamos novamente a sós.
- Porque a doutrinação em ambiente dos encarnados? - indaguei.

Semelhante medida é uma imposição no trabalho desse teor?
- Não - explicou o instrutor -, não é um recurso imprescindível.

Temos variados agrupamentos de servidores do nosso plano, dedicados exclusivamente a esse género de auxílio.

As actividades de regeneração em nossa colónia estão repletas de institutos consagrados à caridade fraternal, no sector de iluminação dos transviados.

Os postos de socorro e as organizações de emergência, nos diversos departamentos de nossas esferas de acção, contam com avançados núcleos de serviço da mesma ordem.

Em determinados casos, porém, a cooperação do magnetismo humano pode influir mais intensamente, em beneficio dos necessitados que se encontrem cativos das zonas de sensação, na crosta do Mundo.

Mesmo aí, contudo, a colaboração dos amigos terrenos, embora seja apreciável, não constitui factor absoluto e imprescindível;
mas, quando é possível e útil, valemo-nos do concurso de médiuns e doutrinadores humanos, não só para facilitar a solução desejada, senão também para proporcionar ensinamentos vivos aos companheiros envolvidos na carne, despertando-lhes o coração para a espiritualidade.

O mentor fixou um sorriso e prosseguiu:
- Ajudando as entidades em desequilíbrio, ajudarão a si mesmos; doutrinando, acabarão igualmente doutrinados.

Satisfeito com as elucidações recebidas, passei a considerar o caso pessoal da terna entidade que nos visitara.
Porque permaneceria um Espírito iluminado em serviços consecutivos por alguém que se comprazia nas sombras?

Seria justo acorrentar corações maternais a filhos impenitentes?
O orientador, contudo, veio ao encontro de minhas interrogações, explicando:
- A dedicada amiga que nos visitou é uma pobre mãe, em luta depois da morte física.

- A quem se refere na intercessão? - perguntei.
- A um filho que foi sacerdote na Crosta.
- Sacerdote? - indaguei, profundamente surpreendido.

- Sim - esclareceu Alexandre. - Os desvios das almas que receberam tarefas de natureza religiosa são sempre mais graves.

Existem padres que, contrariamente a todas as esperanças de nosso plano, se entregam completamente ao sentido literal dos ensinamentos da fé.

Recebem os títulos sacerdotais, como os médicos sem amor ao trabalho de curar, ou como os advogados sem qualquer espécie de devotamento ao direito.

Estimam os interesses imediatos, requisitam as honrarias humanas e, terminada a existência transitória, se encontram em doloroso fracasso da consciência.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 26, 2012 8:52 pm

Habituados, porém, ao incenso dos altares e à submissão das almas encarnadas, não reconhece, na maioria das vezes, a própria falência e preferem o encastelamento na revolta lamentável, que os converte em génios das sombras.

Neste particular acentuou o instrutor, modificando a inflexão de voz -, devemos reconhecer que semelhante condição, neste lado da vida, é a de todos os homens e mulheres, de inteligência notável, com primores de cultura terrestre, mas desviados do verdadeiro caminho de elevação moral.

Comumente, as pessoas mais sensíveis e cultas criam o mundo que lhes é peculiar e esperam furtar-se à lei de testemunho próprio, no campo das virtudes edificantes.

Acostumadas à fácil aquisição de vantagens convencionais na Crosta, pretendem resolver, depois da perda do corpo físico, os problemas espirituais pelo mesmo processo, e, encontrando tão-somente a Lei, que manda conceder a cada um segundo as suas obras, não raro agravam a situação, internando-se no escuro país do desespero, onde se reúnem a inúmeras companhias da mesma espécie.

Dentre as criaturas dessa ordem, sobressai a elevada percentagem dos ministros de várias religiões.

Referindo-nos apenas aos das escolas cristãs, verificamos que a maioria não pondera na exemplificação do próprio Mestre Divino.

Cerram olhos e ouvidos aos sacrifícios apostólicos.
Simão Pedro, João Evangelista, Paulo de Tarso, representam para eles figuras demasiadamente distantes.

Apega-se às decisões meramente convencionais dos concílios, estudam apenas os livros eclesiásticos e querem resolver todas as transcendentes questões da alma através de programas absurdos, de dominação pelo culto exterior.

Erguem basílicas sumptuosas, olvidando o templo vivo do próprio espírito;
homenageiam o Senhor como os orgulhosos romanos reverenciavam a estátua de Júpiter, tentando subornar o poder celeste pela grandeza material das oferendas.

Mas ai! Esquecem o coração humano, menosprezam o espírito de humanidade, ignoram as aflições do povo, a quem foram mandados servir.

E, cegos aos próprios desvarios, ainda aguardam um Céu fantástico que lhes entronize a vaidade criminosa e a ociosidade cruel.

Alexandre, neste ponto das elucidações, como se fora chamado a meditações mais profundas, silenciou por momentos, continuando em seguida:
- Para estes, André, a morte do corpo é um acontecimento terrível.

Alguns enfrentam, corajosos, a desilusão necessária e proveitosa.

A maioria, porém, fugindo ao doloroso processo de readaptação à realidade, precipita-se nos campos inferiores da inconformação presunçosa, organizando perigosos agrupamentos de almas rebeladas, com os quais temos de lutar por nossa vez...

Quase todas as escolas religiosas falam do inferno de penas angustiosas e horríveis, onde os condenados experimentam torturas eternas.

São raras, todavia, as que ensinam a verdade da queda consciencial dentro de nós mesmos, esclarecendo que o plano infernal e a expressão diabólica encontram início na esfera interior de nossas próprias almas.

O orientador amigo fez novo intervalo, e, depois de pensar a sós, durante alguns instantes, considerou:
- Você compreende...

Os que caem por ignorância aceitam com alegria a rectificação, desde que se mantenham em padrão de boa vontade sincera.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 26, 2012 8:52 pm

Os que se precipitam no desequilíbrio, porém, atendendo à sugestão do orgulho, experimentam grande dificuldade para ambientar a corrigenda em si mesmos.

Precisam edificar maior património de humildade, antes de levarem a efeito a restauração imprescindível.

Observando que o mentor silenciara novamente, perguntei:
- Mas se o erro voluntário pertence ao sacerdote, no caso em exame, como explicar o sacrifício materno?

Alexandre não hesitou.
- Há renunciações sublimes, em nosso plano - exclamou, sensibilizado -, dentro das quais companheiros existem que se sacrificam pelos outros, através de muitíssimos anos;
mas, no processo sob nossa observação, a nossa amiga tem a sua percentagem de culpa.

Na qualidade de mãe, ela quis forçar as tendências do filho jovem.
Em verdade, ele renascera para uma tarefa elevada no campo da filosofia espiritualista;
contudo, de modo algum se encontrava preparado para o posto de condutor das almas.

A progenitora, entretanto, obrigou-o a aceitar o ingresso no seminário, violentando-lhe o ideal e, indirectamente, colaborou para que o seu orgulho fosse demasiadamente acentuado.

Interpretando suas tendências para a filosofia edificante, à conta de vocação sacerdotal, impôs-lhe o hábito dos Jesuítas, que ele deslustrou com a vaidade excessiva.

Claro que a nossa irmã estava possuída das mais santas intenções;
todavia, sente-se no dever de partilhar os sofrimentos do filho, sofrimentos, aliás, que ele mesmo ainda não chegou a experimentar em toda a extensão, em vista da crosta de insensibilidade com que a revolta lhe vestiu a alma desviada.

Porque Alexandre fizesse uma pausa mais longa, interroguei:
- Mas se o filho foi conduzido a situação difícil, para a qual não se encontrava convenientemente preparado, será tão grande a culpa dele?

O instrutor sorriu, em vista das minhas reiteradas arguições, e esclareceu:
- A progenitora errou pela imprevidência, ele faliu pelos abusos criminosos, em oportunidade de serviço sagrado.

Alguém pode abrir-nos a porta de um castelo, por excesso de carinho, mas, porque tenhamos obtido semelhante facilidade, não quer isto dizer isenção de culpa, caso venhamos a menosprezar a dádiva, destruindo os tesouros colocados sob nossos olhos.

Por isso mesmo, a carinhosa mãe está efectuando a rectificação amorosa de um erro, enquanto o filho infeliz expiará faltas graves.

Essa explicação encerrou a palestra referente ao assunto.
Na noite previamente marcada, acompanhei o pequeno grupo que procurou Marinho para o auxilio espiritual.

Constituía-se a nossa reduzida expedição apenas de quatro entidades: Alexandre, a progenitora desencarnada, um companheiro de trabalho e eu.

Com grande surpresa, vim, a saber, que esse companheiro nosso, de nome Necésio, funcionaria na qualidade de intérprete, junto ao sacerdote infeliz.

Necésio fora igualmente padre militante e mantinha-se em padrão vibratório acessível à percepção dos amigos de ordem inferior.

Marinho não nos veria, segundo me informou Alexandre, mas enxergaria o ex-colega, entraria em contacto com ele e receberia nossas sugestões por intermédio do novo colaborador.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 26, 2012 8:53 pm

Admirando a sabedoria que preside a semelhantes trabalhos de cooperação fraternal, segui atenciosamente o grupo, que se dirigiu a uma igreja de construção antiga.

Se estivesse ainda na carne, talvez o quadro sob meu olhar me despertasse terríveis sensações de pavor, mas, agora, a condição de desencarnado impunha-me a disciplina emotiva.

Enchia-se o templo de figuras patibulares.
Inúmeras entidades dos planos inferiores congregavam-se ali, cultivando, além da morte, as mesmas ideias de menor esforço no campo da edificação religiosa.

Alguns sacerdotes, envolvidos em vestes negras, permaneciam igualmente ao pé dos altares, enquanto um deles, que parecia exercer funções de chefia, comentava, de um púlpito, o poder da igreja exclusivista a que pertenciam, expondo com extrema subtileza novas teorias sobre o céu e a bem-aventurança.

Assombrado, ouvi a palavra amiga de Alexandre, que me explicava, gentilmente:
- Não estranhe. Os desesperados e preguiçosos também se reúnem, depois da transição da morte física, segundo as tendências que lhes são peculiares.

Como acontece às congregações de criaturas rebeldes, na Crosta Planetária, os mais inteligentes e sagazes assumem a direcção.

Muitos males são praticados por estes infelizes, inconscientemente... - Oh! - exclamei com espanto - como podem entronizar a ignorância a este ponto?

Quem poderia crer no quadro que observamos?
Se forem criaturas informadas quanto à verdade, por que motivo ainda se entregam à prática do mal?

- Trata-se de acção maléfica inconsciente esclareceu o bondoso Alexandre.
- Mas - respondi, aturdido - por que contra-senso as almas cientes da distância que as separa da carne não se rendem à lei do bem?

O instrutor sorriu e obtemperou:
- Entretanto, na própria Humanidade encarnada você encontrará idênticos fenómenos.

Decorridos mais de mil anos sobre os ensinamentos do Cristo, com a visão ampla dos sacrifícios do Mestre e de seus continuadores, cientes da lição da Manjedoura e da Cruz, investidos na posse dos tesouros evangélicos, abalançaram-se os homens às chamadas guerras santas, exterminando-se uns aos outros, em nome de Jesus, instituíram tribunais da Inquisição, cheios de suplícios, onde pessoas de todas as condições sociais foram atormentadas, aos milhares, em nome da caridade de Nosso Senhor.

Como você verifica, a ignorância é antiga e a simples mudança de indumentária que a morte física impõe não modifica o íntimo das almas.

Não temos «céus automáticos», temos realidades.

Sem disfarçar meu assombro, voltei a indagar:
- Mas, como vivem essas criaturas desventuradas?
Obedecem a organizações que lhes sejam próprias?
Possuem sistemas especiais?

- A maioria aqui - esclareceu o instrutor - é constituída de entidades desencarnadas, em situação de parasitismo.
Pesam naturalmente na economia psíquica das pessoas às quais se reúnem e na atmosfera dos lares que as acolhem.

Não creia, porém, na inexistência de organizações nas zonas inferiores.
Elas existem e, em grande número, não obstante os ascendentes de orgulho e rebeldia que lhes inspiraram as fundações.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 26, 2012 8:53 pm

Em semelhantes agrupamentos, dominam os génios da perversidade deliberada.
Aqui, sob nossos olhos, temos tão-somente uma assembleia de almas sofredoras e desorientadas.

Você não conhece ainda os antros do mal, em sua verdadeira significação.

E, num gesto expressivo, acentuou:
- Não vivemos em paz com esses focos de maldade organizada. Compete-nos lutar contra eles, até à vitória completa do bem.

Mais uma vez, senti a extensão e a magnitude dos serviços que aguardam os leais servidores de Jesus, depois da morte do corpo físico.

Escutava com interesse a engenhosa pregação do dirigente desencarnado, quando o novo cooperador que nos acompanhava fez-nos ligeiro sinal a alguma distância, interessado em não se imiscuir na multidão, por causa da sua condição de visibilidade aos circunstantes, sinal esse a que Alexandre atendeu imediatamente, seguido pela progenitora aflita, e por mim.

O companheiro localizara Marinho e chamava-nos ao trabalho.
Em recanto escuro de uma das velhas dependências do templo, mantinha-se a pobre entidade em meditação.

A mãe carinhosa aproximou-se e afagou-lhe a fronte.
Todavia, o filho infortunado, como acontece à maioria dos homens terrestres em face da influência das almas superiores, apenas sentiu uma vaga alegria no coração.

Avistou, porém, o nosso novo amigo com o qual estabeleceu interessante diálogo.

Logo após receber-lhe afectuosa saudação, perguntou Marinho, surpreso:
- Foi também padre?
- Sim - respondeu Necésio, com simpatia.

- Pertence aos submissos ou aos lutadores? - interrogou Marinho, algo irónico, dando a entender que por submissos compreendia todos os colegas cultivadores da humildade evangélica, e por lutadores todos aqueles que, não encontrando a realidade espiritual, segundo as falsas promessas do culto exterior, se achavam entregues à faina ingrata de revolta e desesperação.

- Pertenço ao grupo da boa vontade - respondeu Necésio, com inteligência.

O instrutor, porém, fez-me perceber que a hora não comportava conversações e, auxiliando Necésio, localizou Marinho dentro do círculo magnético, onde, com surpresa, verifiquei a presença de vários desencarnados sofredores, trazidos por outros pequenos grupos de amigos espirituais e que, por sua vez, aguardavam a oportunidade de doutrinação.

Sentindo, agora, o ambiente em que se achava, Marinho quis recuar, mas não pôde.
A fronteira vibratória estabelecida pelos nossos colaboradores; a reduzida distância da mesa de fraternidade, impedia-lhe a fuga.

- Isto é um logro! - clamou, revoltado.
- Sossegue! - respondeu-lhe Necésio, sem se alterar - você conquistará grande alivio. Espere!
Poderá desabafar suas mágoas e ouvir a palavra compassiva de um orientador cristão, ainda encarnado.

E em seguida, quem sabe?
Talvez possa ver algum ente querido que se encontre em zonas mais altas, à espera de seu fortalecimento e iluminação...

- Não quero! Não quero! - bradava o infeliz.
- Sabe assim a verdade, meu amigo? - perguntou-lhe o nosso companheiro, com inflexão de ternura.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 26, 2012 8:53 pm

- Poderá adivinhar a procedência do socorro de hoje?
Conseguirá lembrar-se de quem me enviou ao seu encontro?

O sacerdote desencarnado fixou nele os olhos tomados de expressão terrível, mas Necésio, sem perder a calma, falou, depois de uma pausa mais longa:
- Sua mãe!

Marinho escondeu o rosto nas mãos e prorrompeu em pranto angustioso.
A esse tempo, secundado por diversos auxiliares, Alexandre prestava ao organismo de Octávia o máximo de concurso fraterno, em cotas abundantes de recursos magnéticos.

Compreendi que, se para os fenómenos de intercâmbio com os desencarnados esclarecidos era necessário o auxílio de nosso plano ao campo mediúnico, no caso presente essa cooperação deveria ser muito maior, em vista da condição dolorosa e lastimável dos comunicantes.

Com efeito, a médium Octávia recebia os mais vastos recursos magnéticos para a execução de sua tarefa.
Dai a minutos, providenciava-se a incorporação de Marinho, que tomou a intermediária sob forte excitação.

Octávia, provisoriamente desligada dos veículos físicos, mantinha-se agora algo confusa, em vista de encontrar-se envolvida em fluidos desequilibrados, não mostrando a mesma lucidez que lhe observáramos anteriormente; todavia, a assistência que recebia dos amigos de nosso plano era muito maior.

Um instrutor de elevada condição hierárquica substituiu Alexandre junto da médium, passando o meu orientador a inspirar directamente o colaborador encarnado, que dirigia a reunião.

Enquanto isto ocorria, vários ajudantes de serviço recolhiam as forças mentais emitidas pelos irmãos presentes, inclusive as que fluíam abundantemente do organismo mediúnico, o que, embora não fosse novidade, me surpreendeu pelas características diferentes com que o trabalho era levado a efeito.

Não pude conter-me e interpelei um amigo em actividade nesse sector.

- Esse material - explicou-me ele, bondosamente - representa vigorosos recursos plásticos para que os benfeitores de nossa esfera se façam visíveis aos irmãos perturbados e aflitos ou para que materializem provisoriamente certas imagens ou quadros, indispensáveis ao reavivamento da emotividade e da confiança nas almas infelizes.

Com os raios e energias, de variada expressão, emitida pelo homem encarnado, podemos formar certos serviços de importância para todos aqueles que se encontrem presos ao padrão vibratório do homem comum, não obstante permanecerem distantes do corpo físico.

Compreendi a elucidação, reconhecendo que, se é possível efectuar uma sessão de materialização para os companheiros encarnados, noutro sentido a mesma tarefa poderia ser levada a efeito para os irmãos desencarnados, de condição inferior.

Admirando a excelência e a amplitude das actividades dos nossos orientadores, fixei a minha atenção na palestra que se estabeleceu entre Marinho, incorporado em Octávia, e o doutrinador humano, orientado intuitivamente por Alexandre.

A princípio, o sacerdote demonstrava imenso desespero e pronunciava palavras fortes que lhe denunciavam a rebeldia.

O interlocutor, contudo, falava-lhe com serenidade cristã, revelando-lhe a superioridade do Evangelho vivido sobre o Evangelho interpretado.

A certa altura da doutrinação, percebi que Alexandre chamava a si um dos diversos cooperadores que manipulavam os fluidos e forças recolhidas na sala e recomendou-lhe que ajudasse a progenitora de Marinho a tornar-se visível para ele.

Notei que a senhora desencarnada, com os préstimos de outros amigos, atendeu imediatamente, ao passo que Alexandre, abandonando por momentos o seu posto junto ao doutrinador, aplicou passes magnéticos na região visual do comunicante, compreendendo, então, que ali se encontravam em jogo interessantes princípios de cooperação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 27, 2012 10:24 pm

A progenitora amorosa resignava-se ao envolvimento em vibrações mais grosseiras, por alguns minutos, enquanto o filho elevaria a percepção visual até o mais alto nível ao seu alcance, para que pudessem efectuar um reencontro temporário de benéficas consequências para ele.

Voltou Alexandre a fixar-se ao lado do dirigente e, com surpresa, ouvi que o amigo encarnado desafiava o exasperado comunicante, agindo francamente por intuição com a sua voz quente de sinceridade no ministério do amor fraternal:
- Observe em volta de si, meu irmão! exclamava o doutrinador, comoventemente - reconhece quem se encontra ao seu lado?

Foi então que o sacerdote lançou um grito terrível:
- Minha mãe! - disse ele, alarmado de dor e vergonha - minha mãe!...

- Porque não se render ao amor de Nosso Pai Celeste, meu filho? - disse a progenitora, emocionada, abraçando-o - chega de vãs discussões e de contendas intelectuais! Marinho, a porta de nossas ilusões terrenas cerrou-se com os nossos olhos físicos!...

Não transfira para cá nossos velhos enganos!
Atenda-me! Não se revolte mais!
Humilhe-se diante da verdade! Não me faça sofrer por mais tempo!...

Os encarnados presentes viam tão-somente o corpo de Octávia, dominado pelo sacerdote que lhes era invisível, quase a rebentar-se de soluços atrozes, mas nós víamos além.

A nobre senhora desencarnada postou-se ao lado do filho e começou a beijá-lo, em lágrimas de reconhecimento e amor.
Pranto copioso identificava-os.

Cobrando forças novas, a progcnitora continuou:
- Perdoe-me, filho querido, se noutra época induzi o seu coração à responsabilidade eclesiástica, modificando o curso de suas tendências.

Suas lutas de agora me atingem a alma angustiada. Seja forte, Marinho, e ajude-me!
Desenvencilhe-se dos maus companheiros!
Não vale rebelar-se. Nunca fugiremos à lei do Eterno!

Onde você estiver, a voz divina se fará ouvir no imo da consciência...
Nesse momento, observei que o sacerdote recordou instintivamente os amigos, tocado de profundo receio.

Agora, que reencontrava a mãezinha carinhosa e devotada a Deus, que sentia a vibração confortadora do ambiente de fraternidade e fé, sentia medo de regressar ao convívio dos colegas endurecidos no mal.

Apertou a destra materna, confiante, e perguntou:
- Oh! Minha mãe, posso acompanhá-la para sempre?

A entidade amorável contemplou-o, com redobrado amor, através do véu do pranto, e respondeu:
- Por enquanto, não, meu filho!

Poderá você distanciar-se do desequilíbrio, neste momento, quebrar todos os elos que o prendem às zonas inferiores, abandonando-as de vez;
entretanto, há que transformar sua condição vibratória, através da renovação íntima para o bem, mediante a qual é possível nossa reunião em breve, no Lar Divino.

Não tenha receio, porém.
Providenciaremos todos os recursos necessários à sua vida nova, desde que você modifique sinceramente os propósitos espirituais.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 27, 2012 10:24 pm

Dê-nos a boa vontade fiel e Jesus nos auxiliará, quanto ao resto!...
Temos aqui um desvelado amigo que nos prestará sua valiosa colaboração.

Refiro-me a Necésio, o bom irmão que o trouxe ao nosso encontro.
Ele colocará à sua disposição os recursos precisos à conduta diferente.

A princípio, Marinho, você experimentará dificuldades e dissabores, será assediado pelos antigos companheiros, que se converterão em adversários, mas, sem a luta que facilita a aquisição dos valores reais, não aprenderemos onde se encontra o nosso verdadeiro lugar na obra de Deus.

O filho infortunado prometeu-lhe a transformação imprescindível.

Depois de encorajá-lo com ponderada ternura, a devotada senhora deixou-o entregue aos cuidados de Necésio, que, prazerosamente, recebeu a missão de encaminhá-lo na esfera dos deveres novos.

Após despedir-se da mãezinha abnegada, que voltou à nossa companhia, o sacerdote conversou ainda, por alguns minutos, com o dirigente encarnado da reunião, surpreendendo-o com a mudança brusca.

Fora obtido, de fato, uma dádiva do Senhor.
A dedicação maternal produzira salutares efeitos naquele coração exasperado e desiludido.

Marinho não poderia ser arrebatado das sombras para a luz somente em virtude da amorosa cooperação de nosso plano, mas recebeu nosso auxílio fraterno e utilizaria os elementos novos para colocar-se a caminho da Vida Mais Alta.

Reconheci, admirando a justiça do Pai, que a progenitora dedicada não poderia entregar-lhe a colheita de luz que lhe era própria; contudo, fornecia-lhe valiosa semente, para que ele as cultivasse como bom lavrador.

Outros grupos, procedentes de outras regiões, traziam seus tutelados para a doutrinação, de acordo com o programa de serviço estabelecido previamente.

Foram quatro as entidades que receberam os benefícios directos dessa natureza, através de Octávia e outro médium.

Em todos os casos, o magnetismo foi empregado em larga escala pelos nossos instrutores, salientando-se o de um pobre negociante que ainda ignorava a própria morte.

Demonstrando ele certa teimosia, em face da verdade, um dos orientadores espirituais, da condição hierárquica de Alexandre, impondo-lhe sua vontade vigorosa, fê-lo ver, a distância, os despojos em decomposição.

O infeliz, examinando o quadro, gritava lamentosamente, rendendo-se, por fim, à evidência dos factos.

Em todos os serviços, o material plástico recolhido das emanações dos colaboradores encarnados satisfez eficientemente.

Não era mobilizado apenas pelos amigos de mais nobre condição, que necessitavam fazer-se visíveis aos comunicantes;
era empregado também na fabricação momentânea de quadros transitórios e de ideias - formas, que agiam beneficamente sobre o ânimo dos infelizes, em luta consigo mesmos.

Um dos necessitados, que tomara o médium sob forte excitação, quis agredir os componentes da mesa em tarefa de auxilio fraternal.

Antes, porém, que pusesse em prática o sinistro desígnio, vi que os técnicos de nosso plano trabalhavam activos na composição de uma forma sem vida própria, que trouxeram imediatamente, encostando-a no provável agressor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 27, 2012 10:24 pm

Era um esqueleto de terrível aspecto, que ele contemplou de alto a baixo, pondo-se a tremer, humilhado, esquecendo O triste propósito de ferir benfeitores.

Depois de trabalhos complexos da nossa esfera, terminou a sessão, com grandes benefícios para todos.
Dentro de mim, germinavam novos mundos de pensamento.

Os trabalhos havidos para cada caso particular constituíam lições diferentes para minha alma.

E, aturdido pela dilatação da luz que se fazia cada vez mais intensa e viva no meu círculo mental, reconheci que os génios celestes poderiam trazer o mais belo e eficiente socorro aos Espíritos da sombra, que, movidos de piedade e amor, conseguiriam instalar abundantes celeiros de bênçãos, junto dos sofredores, mas que, de conformidade com a Eterna Lei, os necessitados só poderiam receber os divinos benefícios se estivesse dispostos a aderir, por si mesmos, aos trabalhos do bem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 27, 2012 10:25 pm

18 - Obsessão

A conselho de orientadores experimentados, o agrupamento a que Alexandre emprestava preciosa colaboração reunia-se, em noites previamente determinadas, para atender aos casos de obsessão.

Era necessário reduzir, tanto quanto possível, a heterogeneidade vibratória do ambiente, o que compelia a direcção da casa a limitar o número de encarnados nos serviços de beneficio espiritual.

Semelhante capítulo de nossas actividades impressionava-me fortemente, razão por que, depois de obter a permissão de Alexandre para acompanhá-lo ao trabalho, interroguei-o com a curiosidade de sempre:
- Todo obsediado é um médium, na acepção legítima do termo?

O instrutor sorriu e considerou:
- Médiuns, meu amigo, inclusive nós outros, os desencarnados, todos o somos, em vista de ser mos intermediários do bem que procede de mais alto, quando nos elevamos, ou portadores do mal, colhido nas zonas inferiores, quando caímos em desequilíbrio.

O obsediado, porém, acima de médium de energias perturbadas, é quase sempre um enfermo, representando uma legião de doentes invisíveis ao olhar humano.

Por isto mesmo, constitui, em todas as circunstâncias, um caso especial, exigindo muita atenção, prudência e carinho.

Lembrando as conversações ouvidas entre os companheiros encarnados, cooperadores assíduos do esforço de Alexandre e outros instrutores, acrescentei:
- Pelo que me diz, compreendo as dificuldades que envolvem os problemas alusivos à cura;
entretanto, recordo-me do optimismo com que nossos amigos comentam a posição dos obsidiados que serão trazidos a tratamento...

O generoso mentor fixou um sorriso paternal e observou:
- Eles, por enquanto, não podem ver senão o ato presente do drama multissecular de cada um.

Não ponderam que obsediado e obsessor são duas almas a chegarem de muito longe, extremamente ligadas nas perturbações que lhes são peculiares.

Nossos irmãos na carne procedem acertadamente entregando-se ao trabalho com alegria, porque de todo esforço nobre resulta um bem que fica indestrutível na esfera espiritual;
no entanto, deveriam ser comedidos nas promessas de melhoras imediatas, no campo físico, e, de modo algum, deveriam formular julgamento prematuro em cada caso, porquanto é muito difícil identificar a verdadeira vítima com a visão circunscrita do corpo terrestre.

Depois de pequena pausa, continuou:
- Também observei o exagerado optimismo dos companheiros, vendo que alguns deles, mais levianos, chegavam a fazer promessas formais de cura às famílias dos enfermos.

Claro que serão enormes os benefícios a serem colhidos pelos doentes;
todavia, se devemos estimar o bom ânimo, cumpre-nos desaprovar o entusiasmo desequilibrado e sem rumo.

- Já conhece todos os casos? - indaguei.
- Todos - respondeu Alexandre, sem hesitar.
Dos cinco que constituirão o motivo da próxima reunião, apenas uma jovem revela possibilidades de melhoras mais ou menos rápidas.

Os demais comparecerão simplesmente para socorro, evitando agravo nas provas necessárias.
Considerando muito interessante a menção especial que se fazia, perguntei:
- Gozará a jovem de protecção diferente?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 27, 2012 10:25 pm

O instrutor sorriu e esclareceu:
- Não se trata de protecção, mas de esforço próprio.
O obsediado, além de enfermo, representante de outros enfermos, quase sempre é também uma criatura repleta de torturantes problemas espirituais.

Se lhe falta vontade firme para a auto-educação, para a disciplina de si mesma, é quase certo que prolongará sua condição dolorosa além da morte.

Que acontece a um homem indiferente ao governo do próprio lar?

Indubitavelmente será assediado por mil e uma questões, no curso de cada dia, e acabará vencido, convertendo-se em joguete das circunstâncias.

Imagine agora que esse homem indiferente esteja cercado de inimigos que ele mesmo criou, adversários que lhe espreitam os menores gestos, tomados de sinistros propósitos, na maioria das vezes...

Se não desperta para as realidades da situação, empunhando as armas da resistência e valendo-se do auxilio exterior que lhe é prestado pelos amigos, é razoável que permaneça esmagado.

Esta, a definição da maior percentagem dos casos espirituais de que estamos tratando.
Não representa, porém, a característica exclusiva das obsessões de ordem geral.

Existem igualmente os processos laboriosos de resgate, em que, depois de afastados os elementos da perturbação e da sombra, perseveram as situações expiatórias.

Em todos os acontecimentos dessa espécie, porém, não se pode prescindir da adesão dos interessados directos na cura.

Se o obsediado está satisfeito na posição de desequilíbrio, há que esperar o término de sua cegueira, a redução da rebeldia que lhe é própria ou o afastamento da ignorância que lhe oculta a compreensão da verdade.

Ante obstáculos dessa natureza, embora sejamos chamados com fervor por aqueles que amam particularmente os enfermos, nada podemos fazer, senão semear o bem para a colheita do futuro, sem qualquer expectativa de proveito imediato.

O instrutor imprimiu ligeiro intervalo à conversação, e, porque visse minha necessidade de esclarecimento, prosseguiu:
- A jovem a que me referi está procurando a restauração das forças psíquicas, por si mesma;
tem lutado incessantemente contra as investidas de entidades malignas, mobilizando todos os recursos de que dispõe no campo da prece, do autodomínio, da meditação.

Não está esperando o milagre da cura sem esforço e, não obstante terrivelmente perseguida por seres inferiores, vem aproveitando toda espécie de ajuda que os amigos de nosso plano projectam em seu circulo pessoal.

A diferença, pois, entre ela e os outros, é a de que, empregando as próprias energias, entrará, embora vagarosamente, em contacto com a nossa corrente auxiliadora, ao passo que os demais continuarão, ao que tudo faz crer, na impassibilidade dos que abandonam voluntariamente a luta edificante.

Compreendi a elucidação e esperei a noite de socorro aos obsidiados, como Alexandre designava esse género de serviço.
Não decorreram muitos dias e, em companhia do instrutor, penetrei, sumamente interessado, o conhecido recinto.

O pessoal estava agora reduzido.

Em derredor da mesa, reuniam-se tão-somente dois médiuns, seis irmãos experimentados no conhecimento e prática de problemas espirituais e os obsidiados em tratamento.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 27, 2012 10:25 pm

Os enfermos, em número de cinco, apresentavam características especiais.

Dois deles, uma senhora relativamente jovem e um cavalheiro maduro, demonstravam enorme agitação;
dois outros, ambos moços e irmãos pelo sangue, pareciam completamente imbecilizados, e, por último, observamos a jovem a que Alexandre se referira, que se controlava com esforço, ante o assédio de que era vítima.

As entidades inferiores que rodeavam os doentes compareciam em grande número.

Nenhuma delas nos registava a presença, em virtude do baixo padrão vibratório em que se mantinham, mas se sentiam à vontade, no contacto com os companheiros encarnados.

Permutavam impressões, entre si, com grande interesse, e através das conversações deixavam perceber seus terríveis projectos de ataque e vingança.

Seguia-lhes atentamente a movimentação, quando fui surpreendido com a chegada de dois amigos de nosso plano, para os quais olharam os obsessores, com certo receio.

- São nossos intérpretes junto das entidades perseguidoras - exclamou Alexandre, elucidando-me.
- Em virtude da condição em que se encontram, podem ser percebidos por elas e manter estreita ligação connosco, ao mesmo tempo.

Assinalando a serenidade com que sorriam para nós, sem partilharem de entendimento directo com os instrutores de nossa esfera, ali presentes, ouvi o meu orientador explicar:
- Já se encontram de posse das instruções precisas aos trabalhos da noite.

As criaturas desencarnadas, que se congregavam ali em dolorosa perturbação, rectificaram, de algum modo, a linguagem que lhes era própria, ao avistarem os dois missionários.

Verifiquei, pela modificação havida, que ambos eram já conhecidos de todas.
Um dos obsessores, evidentemente cruel, falou em tom discreto a um dos companheiros.

- Estão chegando os pregadores.
Oxalá não nos venham com maiores exigências.

- Não sei o que desejam estes ministros -respondeu o interlocutor, algo irónico -, porque, afinal de contas, conselho e água dão-se a quem pede.

- Parece-me que convidaram os da mesa a cansar-nos até ao esquecimento de nossos propósitos de fazer justiça pelas próprias mãos.

- Palavras o vento leva - aduziu o outro.
A essa altura, os novos amigos entravam em palestra com as entidades da sombra.

Um deles dirigiu-se a uma senhora desencarnada, em tristes condições, que se ligava a um dos obsidiados em posição de idiotia, e falou-lhe, bondoso:
- Com que então, minha irmã parece melhorada, mais forte! Ainda bem!

Ela explodiu em crise de pranto.
Todavia, prosseguiu o missionário, sem qualquer inquietude:
- Acalme-se! A vingança agrava os crimes cometidos.

Para restabelecer a felicidade perdida, minha amiga, é necessário esquecer todo o mal.
Enquanto abrigar pensamentos de Ódio, não poderá atingir as melhoras que deseja.
A cólera perseverante constitui estado permanente de destruição.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 27, 2012 10:26 pm

Não conseguirá articular os elementos da paz intima, até que perdoe de coração.

- É quase impossível - respondeu a interpelada -, este homem afrontou meu ideal de mulher, lançou-me à corrupção, escarneceu de minha sorte, transformou-me o destino em corrente de males.

Não será justo que pague agora? Não apregoam que o Pai é justo?
Eu não vejo, porém, o Pai e preciso fazer justiça, usando minhas próprias forças.

E, porque o doutrinador desencarnado a fitasse, compadecido, murmurou:
- E se fosse o senhor a mulher? Ponha-se no meu caso e pense como procederia.

Prontificar-se-ia a desculpar os malvados que lhe atiraram lama ao coração?
Cerraria as portas da memória, a ponto de anestesiar os mais belos sentimentos do carácter?

Não acredito. O senhor reagiria como estou reagindo.
Há condições para perdoar.
E as condições que eu imponho, na qualidade de vítima, são as de que o meu verdugo experimente também o sarcasmo da sorte.

Ele felicitou-me e voltou ao mundo.
Preparou-se para uma vida regalada de considerações sociais.
Titulou-se para conquistar a estima alheia. E o que me deve?

Também eu, noutro tempo, não era digna de respeito geral?
Não me candidatara a uma existência laboriosa e honesta, com o firme propósito de servir a Deus?

Acompanhava a discussão com forte interesse, admirando o individualismo que caracteriza cada criatura, ainda mesmo além da morte do corpo.

O intérprete de nossa esfera, contemplando-a, sem irritação, observou:
- Todas as suas considerações, minha amiga, são aparentemente muito respeitáveis.

Todavia, em todos os desastres que nos ocorram, devemos examinar serenamente a percentagem de nossa co-participação.

Apenas em situações raríssimas, poderíamos exibir, de fato, o título de vítimas.
Na maioria dos acontecimentos dessa natureza, porém, temos a nossa parte de culpa.

Não podemos evitar que a ave de rapina cruze os ares, sobre a nossa fronte, mas podemos impedir que faça ninho em nossa cabeça.

Nesse ponto, a interlocutora, parecendo melindrada, acentuou asperamente:
- Suas palavras são filhas da pregação religiosa, mas eu estou à procura da justiça...

E com riso irónico, terminava:
- Aliás, da justiça apregoada por Jesus.

O missionário não se exaltou ante o sarcasmo do gesto que acompanhou a observação ingrata e disse-lhe, bondoso:
- A justiça! Quantos crimes se praticam no mundo em seu nome!

Quantos homens e mulheres, que, em procurando fazer justiça sobre si mesmos, nada mais fazem que incentivar a tirania do «eu»?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 27, 2012 10:26 pm

Refere-se a irmã ao Divino Mestre.
Que espécie de justiça reclamou o Senhor para Ele, quando vergava sobre a cruz?

Nesse sentido, minha amiga, o Cristo nos deixou normas de que não deveremos esquecer.
O Mestre mantinha-se vigilante em todos os actos alusivos à justiça para os outros.

Defendeu os interesses espirituais da colectividade, até a suprema renunciação;
entretanto, quando surgiu a ocasião do seu julgamento, guardou silêncio e conformação até ao fim.

Naturalmente não desejou o Mestre, com semelhante atitude, desconsiderar o serviço sagrado dos juízes rectos, no mundo carnal, mas preferiu adoptá-la, estabelecendo o padrão de prudência para todos os discípulos de seu Evangelho, nas mais diferentes situações.

Ao se tratar de interesses alheios, minha irmã, devemos ser rápidos na justificação legitima;
entretanto, quando os assuntos difíceis e dolorosos nos envolvem o «eu», convém moderar todos os impulsos de reivindicação.

Nem sempre a nossa visão incompleta nos deixa perceber a altura da divida que nos é própria.
E, na dúvida, é licita a abstenção. Acredita que Jesus tivesse algum débito para merecer a sentença condenatória?

Ele conhecia o crime que se praticava, possuía sólidas razões para reclamar o socorro das leis; no entanto, preferiu silenciar e passar, esperando-nos no campo da compreensão legitima.

É que o Mestre, acima do «olho por olho» das antigas disposições da lei, ensinou o «amai-vos uns aos outros», praticando-o invariavelmente.

Confirmou a legalidade da justiça, mas proclamou a divindade do amor.

Demonstrou que será sempre heroísmo o ato de defender os que merecem, mas se absteve de fazer justiça a si mesmo, para que os aprendizes da sua doutrina estimassem a prudência humana e a fidelidade divina, nos problemas graves da personalidade, fugindo aos desvarios que as paixões do «eu» podem desencadear nos caminhos do mundo.

A interlocutora, em face da argumentação veemente e bela, emudeceu, fortemente impressionada.

E Alexandre, que seguia, também comovido, as explicações do intérprete, observou-me:
- O trabalho de esclarecimento espiritual, depois da morte, entre as criaturas, exige de nós outros muita atenção e carinho.

É preciso saber semear na «terra abandonada» dos corações desiludidos, que se afastam da Crosta sob tempestades de ódio e angústia desconhecida.

Diz o Livro Sagrado que no princípio era o Verbo...
Também aqui, diante do caos desolado dos Espíritos infelizes, é necessário utilizar o verbo no principio da verdadeira iluminação.

Não podemos criar sem amor, e somente quando nos preparamos devidamente, edificaremos com êxito para a vida eterna.

Silenciando a entidade que fora criteriosamente advertida, passei a observar a senhora, ainda jovem, que se mostrava sob irritação forte, no recinto, preocupando os amigos encarnados.

Diversos perseguidores, invisíveis à perquirição terrestre, mantinham-se ao lado dela, impondo-lhe terríveis perturbações, mas de todos eles sobressaia um obsessor infeliz, de maneiras cruéis.

Colara-se-lhe ao corpo, em toda a sua extensão, dominando-lhe todos os centros de energia orgânica.
Identificava a luta da vitima, que buscava resistir, quase inutilmente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 27, 2012 10:26 pm

Meu bondoso orientador percebeu-me a estranheza e explicou:
- Este, André, representa um caso de possessão completa.

E, dirigindo-se ao intérprete que argumentava momentos antes, recomendou-lhe estabelecer ligeiro diálogo com o perseguidor temível, para que eu ajuizasse quanto ao assunto.

Sentindo-se tocado pela destra carinhosa do nosso companheiro, o infortunado gritou:
- Não! Não! Não me venha ensinar o caminho do Céu!
Conheço minha situação e ninguém pode deter o meu braço vingador!...

- Não desejamos forçá-lo, meu irmão - acentuou o amigo com serenidade evangélica -, tranquilize-se!
Enquanto alimentar propósitos de vingança, será castigado por si mesmo.

Ninguém o molesta, senão a própria consciência;
as algemas que o prendem à inquietude e à dor foram fabricadas pelas suas próprias mãos!
- Nunca! - bradou o desventurado - nunca! E ela?

O Fez acompanhar a pergunta de horrível expressão e continuou:
- O senhor que prega a virtude justifica a escravidão de homens livres?
Acredita no direito de construir senzalas para humilhar os filhos do mesmo Deus?

Esta mulher foi perversa para nós todos.
Além de meu esforço vingador, vibram de ódio outros corações que não a deixam descansar.

Persegui-la-emos onde for.

Esboçou um gesto sinistro e prosseguiu:
- Por simples capricho, ela vendeu minha esposa e meus filhos!

Não é justo que sofra até que mos restitua?
Será crível que Jesus, o Salvador por excelência, aplaudisse o cativeiro?

O nosso intérprete, muito calmo, obtemperou:
- O Mestre não aprovaria a escravidão; contudo, meu amigo, recomendou-nos o perdão recíproco, sem o qual nunca nos desenvencilharemos do cipoal de nossas faltas.

Qual de nós, antigos hóspedes da carne, conseguirá exibir um passado sem crimes?
Neste momento, seus olhos revelam a culpa de uma irmã infeliz.

Sua alma, entretanto, meu irmão, permanece desvairada pelo furacão da revolta.
Sua memória está consequentemente desequilibrada e ainda não pode reapossar-se das lembranças totais que lhe dizem respeito.

Não lhe sendo possível recordar o pretérito, com exactidão, não seria mais razoável esperar, em seu caso, pelo Justo Juiz?

Como julgar e executar alguém, pelas próprias mãos, se ainda não pode avaliar a extensão dos seus próprios débitos?

O revoltado parecia chocar-se ante os argumentos ouvidos, mas, longe de capitular em sua posição de perseguidor, respondeu asperamente:
- Para os mais fracos, suas observações serão valiosas.
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Série André Luiz - MISSIONÁRIOS DA LUZ - Página 7 Empty Re: Série André Luiz - MISSIONÁRIOS DA LUZ

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 27, 2012 10:26 pm

Não para mim, porém, que conheço as subtilezas dos pregadores de sua esfera.
Não abandonarei meus propósitos. Minha situação não se resolverá com simples palavras.

Nosso companheiro, compreendendo O endurecimento do antagonista e apiedando-se-lhe da ignorância, continuou, em tom fraterno:
- Não se trata de subtileza e sim de bom senso.

Aliás, não desejo retirar-lhe as razões de natureza individualista, mesmo porque vigorosos laços unem-lhe a influenciação à mente da vitima.

Entretanto, apelo para os sentimentos nobres que ainda vibram em seu coração, fazendo-lhe reconhecer que, sem as desculpas recíprocas, não liquidaremos nossos débitos.

Em geral, o credor exigente é cego para com os próprios compromissos.

A sua reclamação, na essência, deve ser legitima; no entanto, é estranhável o seu processo de cobrança, no qual não descubro qualquer vantagem, visto que suas actividades de vingador, além de aprofundar suas chagas intimas, tornam-no antipático aos olhos de todos os companheiros.

Ferido talvez, mais fundamente, em sua vaidade, o obsessor calou-se, enquanto o intérprete se voltava para nós outros, indagando de meu orienta dor quanto à conveniência de ajudar-se magneticamente ao infeliz, a fim de que as reminiscências dele pudessem abranger alguns quadros do passado distante.

Alexandre, todavia, considerou:
- Não seria oportuno dilatar-lhe as lembranças.
Não conseguiria compreender.

Antes de maior auxílio ao seu entendimento, é necessário que sofra.
Aproveitando a pausa mais longa que se fizera entre todos, observei detidamente a pobre obsidiada.

Cercada de entidades agressivas, seu corpo tornara-se como que a habitação do perseguidor mais cruel.

Ele ocupava-lhe o organismo desde o crânio até os pés, impondo-lhe tremendas reacções em todos os centros de energia celular.

Fios tenuíssimos, mas vigorosos, uniam-nos ambos, e, ao passo que o obsessor nos apresentava um quadro psicológico de satânica lucidez, a desventurada mulher mostrava aos colaboradores encarnados a imagem oposta, revelando angústia e inconsciência.

- «Salvem-me do demónio! Salvem-me do demónio! - gritava sem cessar, comovendo os companheiros em torno da mesa humilde - oh! Meu Deus, quando terminará meu suplicio?»

Olhos desmesuradamente abertos, como a fixar os inimigos invisíveis à observação comum, bradava angustiosamente, após ligeiros instantes de silêncio: - «Chegaram todos do inferno! Estão aqui! Estão aqui! Ai! Ai!»

Seus gemidos semelhavam-se a longos silvos estertorosos.
Atendendo-me à expectação, esclareceu o instrutor:
- Esta jovem senhora apresenta doloroso caso de possessão.

Desde a infância, era perseguida pelos adversários tenazes de outro tempo.

Na vida de solteira, porém, no ambiente de protecção dos pais, ela conseguiu, de algum modo, subtrair-se à integral influenciação dos inimigos persistentes, embora Lhes sentisse a actuação de maneira menos perceptível.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 28, 2012 10:21 pm

Sobrevindo, no entanto, as responsabilidades do matrimónio, em que, na maioria das vezes, a mulher recebe maior quinhão de sacrifícios, não pôde mais resistir.

Logo após o nascimento do primeiro filhinho, caiu em prostração mais intensa, oferecendo oportunidade aos desalmados perseguidores e, desde então, experimenta penosas provas.

Ia expor novas questões que o assunto suscitava, mas o instrutor amigo fez-me ver que a reunião de auxílio, por parte dos encarnados, teria início naquele mesmo instante.

Precisávamos manter o concurso vigilante da fraternidade.

Observei, agradavelmente surpreendido, as emissões magnéticas dos que se reuniam ali, em tarefa de socorro, movidos pelo mais santo impulso de caridade redentora.

Nossos técnicos em cooperação avançada valiam-se do fluxo abundante de forças benéficas, improvisando admiráveis recursos de assistência, não só aos obsidiados, mas também aos infelizes perseguidores.

De todos os enfermos psíquicos, somente a jovem resoluta a que nos referimos conseguia aproveitar nosso auxílio cem por cento.

Identificava-lhe o valoroso esforço para reagir contra o assédio dos perigosos elementos que a cercavam.

Envolvida na corrente de nossas vibrações fraternas, recuperara normalidade orgânica absoluta, embora em carácter temporário.

Sentia-se tranquila, quase feliz.
Apesar de manter-se em trabalho activo, Alexandre chamou-me a atenção, assinalando o facto.

- Esta irmã - disse o orientador - permanece, de facto, no caminho da cura.
Percebeu a tempo que a medicação, qualquer que seja, não é tudo no problema da necessária restauração do equilíbrio físico.

Já sabe que o socorro de nossa parte representa material que deve ser aproveitado pelo enfermo desejoso de restabelecer-se.

Por isso mesmo, desenvolve toda a sua capacidade de resistência, colaborando connosco no interesse próprio. Observe.

Efectivamente, sentindo-se amparada pela nossa extensa rede de vibrações protectoras, a jovem emitia vigoroso fluxo de energias mentais, expelindo todas as ideias malsãs que os desventurados obsessores lhe haviam depositado na mente, absorvendo, em seguida, os pensamentos regeneradores e construtivos que a nossa influenciação lhe oferecia.

Aprovando-me o minucioso exame com um gesto significativo, Alexandre tornou a dizer:
- Apenas o doente convertido voluntariamente em médico de si mesmo atinge a cura positiva.

No doloroso quadro das obsessões, o principio é análogo.

Se a vítima capitula sem condições, ante o adversário, entrega-se lhe totalmente e torna-se possessa, após transformar-se em autómato à mercê do perseguidor.

Se possuir vontade frágil e indecisa, habitua-se à persistente actuação dos verdugos e vicia-se no circulo de irregularidades de muito difícil corrigenda, porquanto se converte, aos poucos, em pólos de vigorosa atracção mental aos próprios algozes.

Em tais casos, nossas actividades de assistência estão quase circunscritas a meros trabalhos de socorro, objectivando resultados longínquos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 28, 2012 10:21 pm

Quando encontramos, porém, o enfermo interessado na própria cura, valendo-se de nossos recursos para aplicá-los à edificação interna, então podemos prever triunfos imediatos.

Calando-se o instrutor, prossegui observando os serviços que se desenrolavam no recinto.
O doutrinador encarnado, companheiro de grande e bela sinceridade, era o centro dum quadro singular.

Seu tórax convertera-se num foco irradiante, e cada palavra que lhe saía dos lábios semelhava-se a um jacto de luz alcançando directamente o alvo, fosse ele os ouvidos perturbados dos enfermos ou o coração dos perseguidores cruéis.

Suas palavras eram, com efeito, de uma simplicidade encantadora, mas a substância sentimental de cada uma assombrava pela sublimidade, elevação e beleza.

Reparando-me a estupefacção, Alexandre veio em meu socorro, esclarecendo:
- Estamos aqui numa escola espiritual.
O doutrinador humano encarrega-se de transmitir as lições.

Você pode registar, porém, que, para ensinar com êxito, não basta conhecer as matérias do aprendizado e ministrá-las.
Antes de tudo, é preciso senti-las e viver-lhes a substancialidade no coração.

O homem que apregoa o bem deve praticá-lo, se não deseja que as suas palavras sejam carregadas pelo vento, como simples eco dum tambor vazio.

O companheiro que ensina a virtude, vivendo-lhe as grandezas em si mesmo, tem o verbo carregado de magnetismo positivo, estabelecendo edificações espirituais nas almas que o ouvem.

Sem essa característica, a doutrinação, quase sempre, é vã.

Vendo o quadro expressivo, analisado pelos esclarecimentos do instrutor, compreendi que o contágio pelo exemplo não constitui fenómeno puramente ideológico, mas, sim, que é um fato cientifico nas manifestações magnético-mentais.

Com excepção da pobre irmã, que se encontrava possessa, os demais obsidiados, naqueles momentos, ficavam livres da influência directa dos perseguidores; entretanto, menos a jovem que reagia valorosamente, os outros apresentavam singular inquietude, ansiosos de se reunirem de novo ao campo de atracção dos algozes.

Auxiliares nossos haviam arrebatado os verdugos, expulsando-os daqueles corpos enfermos e atormentados; todavia, os interessados nas melhoras fisicopsíquicas primavam pela ausência íntima, conservando-se a longa distância espiritual dos ensinamentos que o doutrinador encarnado, ao influxo dos mentores de Mais Alto, ministrava com admirável sentimento.

A atitude deles era de insatisfação e ansiedade.
Dir-se-ia que não suportavam a separação dos obsessores invisíveis.

Habituado a enfermos que, pelo menos aparentemente, demonstravam desejo de cura, estranhei a posição mental daqueles que se reuniam em pequenino grupo, à nossa frente, tão lamentavelmente desinteressados do remédio que a Espiritualidade lhes oferecia, por amor.

Alexandre percebeu-me a surpresa e observou-me:
- Em geral, noventa por cento dos casos de obsessão que se verificam na Crosta, constituem problemas dolorosos e intricados.

Quase sempre, o obsediado padece de lastimável cegueira, com relação à própria enfermidade.

E, porque não atende ao chamamento da verdade pela cristalização personalista, torna-se presa fácil e inconsciente, embora responsável, de perigosos inimigos das zonas de actividades grosseiras.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 28, 2012 10:21 pm

Comumente, verificam-se casos dessa natureza, em vista de ligações vigorosas e profundas pela afectividade mal dirigida ou pelos detestáveis laços do Ódio que, em todas as circunstâncias, é a confiança desequilibrada convertida em monstro.

O orienta dor amigo fez longa pausa, verificando os trabalhos em curso, mas como quem desejasse socorrer-me, com lições inesquecíveis na luta prática, prosseguiu, apesar das absorventes obrigações da hora:
- Por este motivo, André, ainda mesmo para o psiquiatra esclarecido à luz do Espiritismo cristão, a maioria dos casos desta ordem é francamente desconcertante.

Em virtude dos ascendentes sentimentais, cada problema destes exige solução diferente.

Além disso, importa notar que os nossos companheiros encarnados observam somente uma face da questão, quando cada processo desse teor se caracteriza por aspectos infinitos, com vistas ao passado dos protagonistas encarnados e desencarnados.

Diante do obsediado, fixam apenas um imperativo imediato - o afastamento do obsessor.
Mas, como rebentar, de um instante para outro, algemas seculares, forjadas nos compromissos recíprocos da vida em comum?

Como separar seres que se agarram uns aos outros, ansiosamente, por compreenderem que na dor de semelhante união permanece o preço do resgate indispensável?

Efectivamente, não faltam os casos, raros embora, de libertação quase instantânea.

Aí, porém, vemos o fim de laborioso processo redentor, ou então encontramos o doente que, de facto, faz violência a si mesmo, a fim de abreviar a cura necessária.

Examinando a extensão dos obstáculos ao restabelecimento completo dos enfermos psíquicos, considerei:
- Depreende-se então que...

Alexandre, porém, não me deixou terminar. Cortando-me a frase inoportuna, respondeu:
- Já sei o que vai dizer.

Verificando as dificuldades que relaciono para o seu aprendizado natural, você pergunta se não será infrutífero o nosso trabalho e se não será melhor entregar o obsediado à própria sorte.

Esta observação, contudo, é um contra-senso.

Se você estivesse na Terra, ainda na carne, e visse um filho amado, em condições pré-agónicas, totalmente desenganado pela medicina humana, teria coragem de abandoná-lo ao sabor das circunstâncias?

Não confiaria nalgum recurso inesperado da Providência Divina?
Não aguardaria, ansioso, a manifestação favorável da Natureza?

Quem está firmemente no âmago do coração de um homem, nosso irmão, para dizer, com certeza matemática, se ele vai reagir contra o mal ou deixar de fazê-lo, se pretende o repouso ou o trabalho activo?

Não podemos, desse modo, mobilizar qualquer argumento intelectual para fugir ao nosso dever de assistência fraterna ao ignorante e sofredor.

Urge atender à nossa parte de obrigação imediata, compreendendo que a construção do amor é também uma obra de tempo.

Nenhuma palavra, nenhum gesto ou pensamento, nos serviços do bem, permanece perdido.
Compreendi a nobreza da observação e mantive-me em silêncio.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 28, 2012 10:22 pm

E porque o meu orientador voltasse a cooperar activamente nos trabalhos em andamento, passei a examinar os doentes psíquicos, enquanto o doutrinador terreno prosseguia em sua luminosa tarefa de evangelização.

A jovem que reagia contra a perigosa actuação dos habitantes das sombras, demonstrava regular normalidade em seu aparelho fisiológico.

Semelhava-se a alguém que movimentava todas as possibilidades da defensiva para conservar intacto o equilíbrio da própria casa;
entretanto, os demais exibiam lamentáveis condições orgânicas.

A desventurada possessa apresentava sérias perturbações, desde o cérebro até os nervos lombares e sacros, demonstrando completa desorganização do centro da sensibilidade, além de lastimável relaxamento das fibras motoras.

Tais desequilíbrios não se caracterizavam apenas no sistema nervoso, mas igualmente nas glândulas em geral e nos mais diversos órgãos.

Nos demais obsidiados, os fenómenos de degradação física não eram menores.
Dois deles revelavam estranhas intoxicações no fígado e rins.

Outro mostrava singular desequilíbrio do coração e pulmões, tendendo à insuficiência cardíaca em conúbio com a pré-tuberculose avançada.

Enquanto examinava, atento, aqueles inquietantes quadros clínicos, o orientador encarnado da assembleia, fazendo-se intérprete de grandes benfeitores do nosso plano de acção, espalhava o amor cristão e a sabedoria evangélica, a longos jorros, efectuando, com extrema fidelidade ao Cristo, a semeadura da caridade, da luz, do perdão.

Desejando a minha elevação nas actividades construtivas, Alexandre aproximou-se de mim e observou:
- Repare no serviço de fraternidade legitima.

Não temos o milagre das transformações repentinas, nem a promoção imediata, aos planos mais elevados, dos que se demoram no campo inferior.

A tarefa é de sementeira, de cuidado, persistência e vigilância.
Não se quebram grilhões de muitos séculos num instante, nem se edifica uma cidade num dia.

É indispensável desgastar as algemas do mal, com perseverança, e praticar o bem, com ânimo evangélico.

Os serviços iam a termo.
Percebendo que o meu instrutor voltava à nossa conversação mais fácil, expus-lhe as minhas observações, perguntando, em seguida:
- Ante os distúrbios fisiológicos que me foi dado verificar nos enfermos psíquicos, devo considerá-los como doentes do corpo também?

- Perfeitamente - asseverou o instrutor -, o desequilíbrio da mente pode determinar a perturbação geral das células orgânicas.

É por este motivo que as obsessões, quase sempre, se acompanham de característicos muito dolorosos.

As intoxicações da alma determinam as moléstias do corpo.
Antes que eu pudesse voltar a perguntas, percebi que a reunião estava sendo definitivamente encerrada, por parte dos amigos da Crosta.

Interrompera-se a cadeia magnética defensiva.
Notei, surpreendido, que a jovem resoluta e firme na fé alcançara melhoras consideráveis, enquanto a possessa ia retirar-se com a situação inalterada.

Reparei os três outros enfermos.
Tão logo se quebrou a corrente de vibrações benéficas, ali estabelecida, voltaram a atrair intensamente os verdugos invisíveis, a cuja influenciação se haviam habituado, demonstrando escasso aproveitamento.
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