LUZ ESPÍRITA
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Série Psicológica Vol. 13 - Conflitos Existenciais/Joanna de Angelis

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Série Psicológica Vol. 13 - Conflitos Existenciais/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 13 - Conflitos Existenciais/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2024 11:42 am

11 — Neurastenia
Psico-génese da neurastenia — Desenvolvimento da neurastenia — Terapia para a neurastenia

Psico-génese da neurastenia
A neurastenia, anteriormente conhecida como debilidade dos nervos, passou a ser introduzida nos estudos psiquiátricos a partir das propostas do americano Dr. G. M. Beard, em 1879, facultando que, em 1894, Müller apresentasse um estudo bem-elaborado, embora sintético, sobre essa síndrome perturbadora.
Ainda no século XIX, Weir Mitchell definiu o extremo cansaço de qualquer natureza - físico, emocional e mental - como responsável pelo desencadeamento desse transtorno neurótico.
Vivia-se, então, o período dos estudos da histeria, havendo merecido de Pierre Janet e outros estudiosos, associá-la, bem como os seus efeitos, à disfunção orgânica geradora do processo de conversão...
À medida que os avanços do conhecimento ampliaram o estudo dos transtornos neuróticos e psicóticos, e a Bioquímica facultou serem entendidos em maior profundidade, eliminou-se a possibilidade de que substâncias específicas fossem responsáveis pela irrupção da neurastenia. Passou-se a considerar com mais propriedade a neurastenia e as organo-neuroses como enfermidades de adaptação, portanto, como alterações do mecanismo normal de adaptabilidade do indivíduo. Entretanto, cuidadosas observações, como, por exemplo, as de Cannon, constataram um aumento de secreção da adrenalina sobre a actividade muscular, avolumando, por consequência, a combustão do glicogénio e produzindo a diminuição do nível da glicose no sangue, afectando o sistema neurovegetativo.
Acredita-se, dessa forma, que a neurastenia resulte de uma espécie de fuga da realidade, como escusa inconsciente do paciente em relação aos fracassos pessoais, às realidades de natureza perturbadora. Ocorre, então, uma perda de interesse pelos acontecimentos e desmotivação para realizações enobrecedoras, por ausência de auto-estima e de coragem para ultrapassar os limites exigíveis.
Não é possível negar-se que a neurastenia vincula-se muito aos processos organo-neuróticos, em face da ansiedade que é liberada por via somática mediante a utilização do sistema vago simpático. Por outro lado, diversos autores descrevem o transtorno neurasténico como estando mais próximo da histeria, preferindo outros, ainda, caracterizá-la como expressão depressiva com manifestações maníacas e tendência à esquizofrenia. Sem dúvida, o cansaço demasiado desempenha um papel fundamental na eclosão do processo neurasténico, por produzir a fatigabilidade, que poderia ser transitória, não fossem a sua continuidade e permanência, tornando--se patológico esse esgotamento nervoso, decorrente da estafa, desde que o repouso não logra restabelecer o equilíbrio somático.
É nesse estágio que se apresentam a irritabilidade, o mau humor, o pessimismo, caracterizando a presença da neurastenia.
Igualmente, pode-se registrar esta síndrome em indivíduos portadores de constituição física asténica, embora não estejam bem definidas as razões da ocorrência perturbadora desta psiconeurose.
Por certo, não se trata somente do excesso de actividade em si mesmo, mas da forma como o trabalho é desenvolvido, das motivações que o promovem, das compensações que faculta.
Deflui das frustrações que se ocultam no inconsciente e propelem aos esforços exagerados. Noutras vezes, são a culpa decorrente da insatisfação, da necessidade de auto-realização, mas destituída de autoconfiança em relação ao seu êxito, ou da imposição exibicionista de aparecer, como também da timidez que necessita de protecção, mesmo que inconsciente. Quando o móvel do trabalho é idealista e plenificador, os estímulos emocionais diluem a estafa ou facilitam a renovação de forças, sem que o cansaço desarticule os equipamentos do sistema vago-vegetativo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2024 11:43 am

Na nosologia da neurastenia, a ansiedade é responsável pela incompletude do paciente que trabalha com afã e, mesmo quando em repouso permanece em agitação, acreditando-se defraudador do tempo e de conduta irresponsável.
Estudos cuidadosos revelaram a acção da adrenalina secretada pelas glândulas supra-renais como desencadeadora de distúrbios glicémicos, que poderiam apresentar-se em síndrome neurasténica.
Incontestavelmente, porém, é o Espírito e não o corpo o responsável pelo distúrbio, em face da culpa decorrente da ociosidade e da extorsão de outras vidas em existências pretéritas, agora gerando os processos de recuperação através do refazimento doloroso.
A instabilidade emocional em forma de labilidade impele-o ao trabalho descontrolado que o atormenta, quando deveria ser-lhe terapêutico. As consequências da neurastenia são destrutivas, quando não tratadas com eficiência, tornando-se crónicas.
Carrega um vasto contingente de conflitos embutidos, e principalmente os derivados da insatisfação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2024 11:43 am

Desenvolvimento da neurastenia
A ansiedade mórbida surge em qualquer período da existência humana.
À medida que se instala, irrompem os sintomas inquietantes, dentre os quais a irritabilidade se destaca.
Podem surgir acompanhados de inapetência ou glutoneria, esta última na condição de fuga do conflito interno não detectado pelo Eu consciente.
Com o tempo, os episódios de insónia ou de interrupção do sono aumentam de intensidade, tornando as noites do paciente desagradáveis e o despertar angustiante, exaustivo...
a medida, porém, que o dia avança, ocorre uma melhor adaptação, culminando com certo equilíbrio ao entardecer.
Há sempre uma hiper-fatigabilidade, preocupação demasiada com a saúde, insegurança no comportamento.
No homem, os efeitos podem expressar-se também como impotência sexual, enquanto que, nas mulheres, ocorrem as dismenorreias. Surgem, quando em estado mais avançado, o processo patológico, paresias e complexidades nervosas que atormentam o enfermo.
Sem orientação, ou desprezando-a quando a tem, mais ansiedade acrescenta às suas acções e actividades, piorando o quadro.
Os relacionamentos fazem-se difíceis em face do mau humor do enfermo e certa dose de pessimismo e desconfiança a que se entrega.
Podem-se acrescentar processos físicos de perturbação orgânica, como extra-sístoles, debilidade de forças, sudorese fria e abundante, pulsação irregular, sempre sob a injunção da ansiedade mórbida.
A neurastenia é síndrome grave que se avoluma no organismo social, devorando belas florações da esperança humana.
Confundida com transtornos neuróticos, mereceu de Freud, quando da análise destes últimos, o conceito de que se trata de uma repressão incompleta pelo ego de impulsos do id. O impulso, quando reprimido, ameaça, embora a repressão procure impedir a sua irrupção na consciência e na conduta. Nas tentativas de defender-se de novos impulsos, toma corpo a conduta neurótica buscando de alguma forma a substituição deles, em esforço contínuo para afastá-los totalmente.
Considerando os critérios de duração e de intensidade, Freud classificou as neuroses, em face do conflito desencadeador e da espécie de constituição.
Mesmo nesses casos, na essência de qualquer conflito está o Espírito insatisfeito com a conduta, assinalado pelo sofrimento decorrente do erro que necessita ser reparado, a fim de que haja o
equilíbrio da consciência, portanto, a liberação da culpa nela embutida.
Na larga jornada evolutiva, as experiências dolorosas assinalam o ser por largo período, produzindo dificuldades de compreensão das finalidades essenciais e nobres da vida.
Com o decorrer e o vivenciar de novas experiências, tornam-se muito complexas as ocorrências que devem ser trabalhadas, dando lugar aos conflitos que se transferem de uma para outra reencarnação, gerando distúrbios de comportamento, indecisão, timidez, angústia, transtornos neuróticos, que o trabalho paciente da psicoterapia e da renovação pessoal logram superar. Nas análises das reencarnações sucessivas encontram--se as melhores respostas para toda sorte de perturbação e de impulsos incontroláveis que aturdem os seres humanos.
Quando faltam o interesse por uma existência feliz e o discernimento para compreender e realizar o melhor método em favor de uma trajectória feliz, o indivíduo estorcega nas vascas da agonia, sem confiança nem paz, que lhe facultem prosseguir nos empreendimentos abraçados ou por abraçar de forma realizadora.
A astúcia, que caracteriza o primarismo do ser humano, é responsável por atitudes infelizes que supõe compatíveis com os objectivos de lograr resultados satisfatórios, utilizando-se de recursos ignóbeis para os conseguir. Acreditando, o astuto, na ingenuidade alheia ou na sua ignorância em torno dos métodos utilizados, olvida-se de que a própria consciência torna-se o juiz recto que não pode ser ludibriado e que sempre impõe as punições reparadoras como recurso de tranquilidade.
Eis por que assomam tormentos e inquietações que parecem não ter procedência, quando, em realidade, são o ressumar dos comportamentos morais negativos que ele se permitiu.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2024 11:43 am

Terapia para a neurastenia
A psicoterapia é portadora de excelente arsenal de recursos para atender o paciente neurasténico.
Inicialmente, torna-se indispensável que o mesmo reconheça o estado em que se encontra e opte pela ajuda que lhe será valiosa, predispondo-se à aceitação do tratamento.
Mediante os estímulos novos do psicoterapeuta, ocorre a remoção da culpa e dos tormentos internos, através de uma análise da realidade em que o paciente se encontra, altera-se-lhe o anterior impulso para o trabalho como auto-realização punitiva, abrindo-lhe campo não experimentado de prazer durante a execução das actividades.
E o que ocorre com os cientistas, artistas, estudantes, buscadores de ideais e concretizadores de sonhos, que se entregam a esforços sobre-humanos, às vezes, sem que a estafa exaustiva tome conta das suas energias. Experimentado o cansaço, o natural repouso proporciona o renovar das forças, facultando o prosseguimento das actividades abraçadas. No caso de neurastenia, a terapêutica psicológica substitui perfeitamente a de natureza psiquiátrica, devendo-se evitar as recomendações para uso de drogas químicas, excepto quando o quadro se apresentar caracterizado por transtornos mais graves em trânsito para a queda em alienação esquizofrénica.
A conversação com o psicoterapeuta, que deverá infundir confiança, pesquisando as causas dos conflitos-culpa, insatisfação, frustração, exibicionismo -, ensejará a aceitação da própria realidade e emulará na renovação dos conceitos existenciais favoráveis ao bem-estar.
Como podem suceder recidivas, o que, muitas vezes, sucede, o psicoterapeuta deverá recorrer ao encorajamento constante do paciente, sem exageros, como aqueles que transformam o distúrbio em quesito de menor importância, bem como aos ideais de enobrecimento pessoal, de maneira que passe a experimentar alegria sem a agitação a que se entregava, e na qual parecia satisfeito...
Nesse processo de recuperação, fazem-se valiosos os recursos espíritas da bioenergia, sob todos os ângulos considerada, de forma que ocorra a renovação interior e se robusteçam as disposições íntimas para a saúde.
O paciente neurasténico espera sempre encontrar compreensão de todos: familiares, amigos, colegas de trabalho, sociedade... o que nem sempre é possível, tendo em vista as dificuldades que assinalam as demais pessoas. No entanto, é sempre viável a cooperação fraternal daqueles que estão próximos do enfermo, laborando com ele em favor da sua recuperação. No actual contexto social, quase todas as pessoas se defrontam com dificuldades e enfrentam desafios para os quais não se encontram psicologicamente preparadas, sofrendo-lhes os efeitos danosos e tendo problemas para superá-los.
As propostas da Doutrina Espírita, em forma de psicoterapia em grupo, atendem perfeitamente as necessidades humanas, individuais e colectivas, iluminando as consciências, amparando os sentimentos e orientando a razão para os rumos libertadores da paz e da auto-realização.
Com essa visão diferente a respeito do mundo transitório e a certeza da imortalidade do Espírito, os horizontes a serem conquistados ampliam-se e incomparável alegria toma conta do indivíduo, que atravessa a estreita passagem por onde deambula, antegozando a esplendorosa paisagem do futuro.
Desse modo, o paciente neurasténico adquire autoconfiança, e o repouso torna-se-lhe refazente, gratificante, permitindo que os fenómenos de perturbação cedam lugar ao equilíbrio e instala-se-lhe a saúde emocional.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2024 11:43 am

12 — Drogadição
Factores causais da drogadição — Dependência química — Terapia de urgência

Factores causais da drogadição
A drogadição constitui, na actualidade, um dos mais graves problemas de saúde mental e orgânica, em face das substâncias tóxicas que exercem sobre o sistema nervoso um predomínio perturbador. Neste capítulo, incluímos o alcoolismo e todas as suas lamentáveis consequências pessoais, familiares e sociais, arrastando milhões de vítimas aos abismos da loucura, do crime e do suicídio perverso.
Os primeiros prejuízos orgânicos decorrem da perturbação produzida na corticalidade do sistema nervoso, que se encarrega do controle, em face da inibição que proporciona dos centros nervosos inferiores, logo afectando as fibras do feixe frontal talâmico, diminuindo as inibições e produzindo manifestações, por exibição, de emoções antes freadas e que se apresentam excitadas e dominantes.
Posteriormente, alcança o cerebelo, produzindo desgovernação dos movimentos, para logo seguir gerando a paralisia do nervo vagai, que responde pelo equilíbrio existente entre o ritmo cardíaco e o respiratório, tornando-se, em geral, o responsável pela morte do viciado.
Na psicogénese da drogadição encontra-se o Espírito aturdido, inseguro, às vezes revoltado, que traz do passado uma alta carga de frustrações e de rebeldia.
Na fase pré-tóxica, pode-se identificar o dependente como uma personalidade psicopática evoluindo para o processo esquizofrénico.
Igualmente se tem constatado nos oligofrénicos certa disposição para o uso de substâncias tóxicas, ou mesmo entre os deficientes mentais, por uma necessidade de afirmação da personalidade, em face da rejeição experimentada ou de alguns preconceitos que o consideram incapaz de realizações mais significativas. Dessa forma, anulando o senso de equilíbrio, esses indivíduos encontram nas drogas um estimulante para alcançar níveis superiores de comunicação e de realização, mesmo que de maneira arbitrária.
Assim, existem níveis diferentes de pessoas que podem tombar nas malhas da drogadição: a) aquelas que se apresentam atemorizadas, receando a vida, que lhes parece sempre injusta e perversa, destituídas de tolerância em relação às próprias frustrações;
b) aqueloutras que podem ser consideradas dependentes, isto é, para quem a existência deve ser sempre agradável e compensadora, buscando, na droga química, seja qual for, uma fuga da realidade que, em face da sua injunção aflitiva, deve ser negada ou apagada a qualquer preço...
O primeiro grupo encontra no uso da droga a segurança que falta no estado de lucidez, embora reconheça que é de curta duração, mantendo a expectativa de renovação de outras doses até o desespero que não tarda. O segundo, vitimado pela ansiedade, refugia-se no tóxico, evitando o trânsito pelas situações desafiadoras para as quais acredita--se incapaz de enfrentamento.
Porque o entorpecente minora as tensões inibitórias, facilitando a irrupção de condutas recusadas pelo ego, sejam edificantes ou delituosas, o paciente recorre-lhe ao uso, em forma de refúgio, que sempre se transforma em terrível cárcere de agonia incessante. Sem dúvida, os conflitos do lar contribuem expressivamente para a fuga na direcção das drogas. A ausência de diálogo entre os genitores e filhos, as agressões, as conversações doentias e a falta de carinho, no que diz respeito à educação doméstica, expulsam o adolescente — muitas vezes a criança — do convívio da família para os traficantes impiedosos, que os adoptam, extorquindo-lhes dinheiro e matando-lhes a esperança de uma vida saudável.
Os conflitos internos que aturdem o jovem ou o adulto que sente insegurança na realização de alguns cometimentos, respondem pela procura de determinadas drogas estimulantes que lhes propiciam segurança na primeira fase da intoxicação, em razão do estímulo cortical, que proporciona certa vivacidade intelectual, respondendo pela euforia e audácia nos gestos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2024 11:44 am

É comum o acontecimento em determinados indivíduos que exercem profissões liberais e são convocados amiúde a acções desafiadoras que temem não poder executá-las com segurança e que o fazem sob a injunção do álcool, de diversas drogas, tais: a morfina, a cocaína, o crack ou outra qualquer...
Não poucos viciados renitentes são vítimas do mesmo hábito que mantiveram em existência anterior, na qual mergulharam em abismo profundo e retornaram com as marcas da dependência que os consome, avançando para expiações muito graves no futuro.
Sob outro aspecto, as vinculações com personalidades psicopatas desencarnadas ou inimigos pessoais de outras experiências carnais respondem pela sua indução à dependência viciosa, na qual também se comprazem em mecanismos de vampirização cruel, em verdadeira interdependência espiritual.
Sem a menor dúvida, é o Espírito enfermo aquele que mergulha no poço asfixiante da drogadição, arrastando os efeitos da conduta reencarnacionista e dos compromissos alienantes da actualidade na qual se encontra.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2024 11:44 am

Dependência química
Iniciado o uso de qualquer substância química tóxica, após a euforia mentirosa e a queda na angústia pela falta do estímulo artificial, muitas vezes o paciente experimenta mal-estar compreensível.
Os relacionamentos sedutores e os grupos de convivência doentia encarregam-se de proporcionar novos estímulos e, ao repetir a experiência, inicia-se a torpe dependência que leva aos desastres mais imprevisíveis, tanto em relação ao desgaste orgânico como à degenerescência mental e emocional, e também aos imprevisíveis desvios para o crime: furto, roubo, agressão, homicídio, suicídio...
Porque reconhece o comportamento criticável de que é portador, o viciado em tóxicos torna-se desconfiado, dissimulador, agressivo, mentiroso, avançando no rumo de interpretações delirantes que, às vezes, se convertem em transtornos paranóides.
Invariavelmente, o viciado nega o uso de drogas com tanta segurança que engana mesmo aqueles que são conhecedores da problemática. De início, uma pequena dose é suficiente para gerar estímulos agradáveis em alguns pacientes, enquanto outros são empurrados para os porões do inconsciente, sendo vítimas de terríveis alucinações, que os desvairam.
A falta de contacto contínuo dos genitores com os filhos, não lhes percebendo as primeiras alterações de conduta quando ocorre a iniciação, permite que eles se entreguem ao vício com assiduidade, criando dependência grave que, ao ser percebida, já exige terapia cuidadosa e prolongada.
Nesse caso, o alcoolismo instala-se, em razão do uso da substância etílica fazer parte do jogo social, dos relacionamentos que primam pela futilidade e por falta de profundidade, permanecendo na superfície das aparências, que proporcionam as libações contínuas de cervejas, vinhos e outros sofisticados produtos, como forma de esconder o desinteresse que sentem umas criaturas por outras.
Perigoso, pela facilidade com que são encontradas as bebidas alcoólicas, esse vício tornou-se um grave problema social e de saúde, em razão da sua difusão nas sociedades distintas, como degradadas, levando, a pouco e pouco, o indivíduo a uma situação nociva ao próprio meio no qual transita.
Lares são vergastados pela sevícia dessa dependência, crimes horrendos são praticados pelos seus usuários, agressões vergonhosas e lamentáveis sucedem-se, umas às outras, em voragem alucinante, ceifando muitos milhões de vidas que poderiam ser dignificadas pelo trabalho e pela abstinência do seu enfermiço uso.
Em razão das quantidades ingeridas, desde cedo, os usuários podem expressar quadros psicopáticos, que caracterizam as resistências emocionais e mentais dos indivíduos. Alguns há que são capazes de ingerir volumosa quota de substância alcoólica sem apresentar, de imediato, efeitos danosos. Outros, no entanto, mesmo usando pequenas quantidades, logo aparecem os acidentes psíquicos, uns mais devastadores do que outros, de que não se recorda o enfermo quando recupera a lucidez...
Os dipsómanos, no entanto, são levados de forma irresistível ao uso dessas substâncias, em face da sua ansiedade, embora conscientes da enfermidade que os consome...Além das heranças genéticas, os traumatismos cranianos e encefalopatias subtis, na infância, também respondem pela tendência ao alcoolismo.
Podemos introduzir, igualmente, na psicogénese do alcoolismo, as obsessões como geradoras do vício, qual ocorre, conforme referido, em outras formas de drogadição.
Os efeitos são terríveis na glândula hepática, nos rins, em todo o aparelho digestivo, com os graves comprometimentos emocionais e mentais.
Nas diversas dependências de drogas químicas, após largo período de uso, podem-se registar alterações do centro da palavra, com dificuldade de silabação, arrastamento da pronúncia, incapacidade de expressar-se com símbolos correspondentes à linguagem em que se comunica o paciente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2024 11:45 am

A repressão policial e a falta de educação moral, a ausência de esclarecimento correto em torno dos danos produzidos pelas drogas químicas tóxicas, as dificuldades sócio-económicas, os conflitos íntimos, os estímulos proporcionados pelas belas e bem-trabalhadas propagandas apresentadas pela mídia, respondem pelo agravamento da epidemia da drogadição que assola a sociedade contemporânea.
O uso abusivo das drogas, em face da dificuldade ou indiferença das demais criaturas para cerceá-lo pelo esclarecimento, vai-se tornando tão natural e quase chique nas denominadas rodas de alto padrão económico, que ameaça o equilíbrio das criaturas individualmente e da sociedade em geral.
A princípio, a toxicomania produz impacto perturbador, mas, à medida que se avoluma, uma falsa compreensão e tolerância geral finge ser uma forma de conduta da época, como uma válvula para escapar-se à ansiedade, ao estresse, às pressões vigentes, lamentavelmente conduzindo para a loucura, a destruição e a morte...
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2024 11:45 am

Terapia de urgência
O problema desafiador deve ser enfrentado com coragem e altivez. Equivale a dizer: com clareza e conhecimento de suas causas e efeitos desagregadores.
Quanto mais escamotear-se o drama da drogadição e fingir-se que não é tão grave quanto realmente se apresenta, somente tornará a questão de mais difícil solução e, portanto, mais perversa.
A educação, sem qualquer dúvida, desde a infância, é o recurso terapêutico preventivo mais valioso, porque é mais seguro evitar a dependência do que sair-se do seu cerco escuso.
Diálogos francos e naturais com as crianças e os jovens devem fazer parte das conversações familiares, das disciplinas transversais nas escolas, antes que os traficantes que estagiam em suas portas ou que alguns dependentes que nelas se encontram, comecem a iniciação dessas vítimas inermes, ingénuas e inseguras.
Estabelecida a dependência, tendo-se em vista a sua gravidade, o internamento hospitalar para desintoxicação torna-se indispensável. Mesmo porque a falta do produto leva a desesperos, às vezes, incontroláveis, em cujo período o alucinado comete hediondos crimes, vitimado pelas alucinações que lhe tomam conta das paisagens mentais.
Quando o paciente encontra-se internado sob cuidados médicos especiais, a orientação psiquiátrica saberá ministrar a pequena dose de manutenção, sob controlo, e diminuindo-a progressivamente, enquanto a psicoterapia e o tratamento com substâncias específicas se encarregarão de reequilibrar o organismo em descompasso gerado pelo uso danoso e arbitrário.
A praxiterapia, a dança-terapia e outros recursos terapêuticos equivalentes fazem-se necessários, a fim de substituírem os estímulos falsos e tóxicos que as drogas produziram no organismo, danificando-lhe a tecelagem delicada.
Como factor primordial, o interesse do paciente na própria recuperação torna-se indispensável, porquanto, somente com a sua vontade bem-direccionada, poderá superar os momentos difíceis que surgem, confiando nos resultados futuros.
As leituras edificantes, os exercícios físicos bem-programados, não geradores de exaustão nem de ansiedade, produzem resultados excelentes, contribuindo para a restauração da saúde. Jesus, o Psicoterapeuta incomum, asseverou: "(...) Tudo é possível àquele que crê. " (Marcos, 9:23)
Quando o paciente resolve-se por libertar-se da problemática afligente, crendo no seu restabelecimento, dá um avançado passo na direcção da cura, sendo o restante o trabalho desafiador necessário para o êxito do processo.
Em razão disso, não poucas vezes, as forças morais parecem faltar, em face dos transtornos físicos e emocionais, tornando-se necessário que o paciente procure o refúgio da oração, por cuja conduta experimentará a renovação das energias e o encorajamento indispensável para continuar no seu processo de restabelecimento.
Por outro lado, os Espíritos amigos acercar-se-lhe-ão, auxiliando-o com a inspiração superior e as energias refazentes de que necessita, a fim de que ocorra a libertação do fosso em que se atirou.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2024 11:46 am

13 — Tabagismo
Causas do tabagismo — Instalação e danos da dependência viciosa — Terapia para o tabagismo

Causas do tabagismo
O cultivo dos hábitos saudáveis, considerados como virtudes morais, oferece o bem-estar gerador de harmonia pessoal e social.
Eles contribuem decisivamente para o equilíbrio orgânico, emocional e psíquico, facultando uma existência realmente prazerosa.
Esses hábitos proporcionadores de felicidade insculpem-se no cerne do ser e ajudam-no a conquistar o processo de auto-realização.
Dentre os mais expressivos e edificantes, em toda a sua grandeza destaca-se a superação do egoísmo através da prática do bem com total desinteresse, definindo o biótipo espiritual triunfador.
Sob outro aspecto, os hábitos viciosos atormentam, desenvolvendo ou ampliando conflitos que entorpecem o indivíduo, enfermando-o, desarticulando-lhe as resistências morais.
Certamente, há aqueles que se afeiçoam com facilidade aos bons costumes e vivenciam-nos com relativa facilidade, em razão de se haverem exercitado em existências anteriores, enquanto outros que tombam na dependência viciosa, estão iniciando-se ainda na experiência da luta para adquirir imunização ao seu contágio. Os hábitos de qualquer procedência são resultados da dinâmica de manutenção do exercício, mediante a afinidade com este ou aquele, seja possuidor de benefícios ou de aflições.
Quanto mais se repetirem as tentativas e acções, mais serão fixadas no comportamento, tornando-se uma denominada segunda natureza.
Os vícios, pois, decorrem da acomodação mental e moral a situações penosas e equívocas, que exigem esforço para salutar direccionamento, mas que a falsa sensação de prazer transforma-se em desar ou aflição, logo que fruída.
Dentre os denominados vícios sociais destaca-se o tabagismo, de consequências danosas para o organismo físico do dependente da nicotina e dos demais conservantes do fumo, bem como gerando transtorno da emoção.
De duas ordens são as causas do tabagismo: a primeira delas, de natureza subjectiva, porque ínsita no emocional do indivíduo, apresentando-se sob variado elenco de manifestações, tais como a timidez e o medo, o complexo de inferioridade e a insegurança, a baixa estima pessoal e a ansiedade, que resultam de processos anteriores da evolução ou que ressumam dos conteúdos psíquicos inconscientes arcaicos e infantis do fumador.
Nessa situação, é fácil a busca do bastão psicológico de sustentação, no caso em tela o tabaco para mascar ou fumar, mais genericamente em forma de cigarro, charuto ou cachimbo, que é queimado, tendo tragada a sua fumaça.
Sob o ponto de vista psicanalítico, conforme Freud, durante o período de desenvolvimento oral na criança, toda vez que essa apresenta qualquer necessidade e chora, logo recebe a chupeta, a amamentação, o dedo na boca, as guloseimas, indo repetir-se esse fenómeno na idade juvenil e adulta, quando se busca o tabaco na sua forma social e elegante, para restituir a tranquilidade, vencendo aparentemente a ansiedade.
Aquela fase oral do desenvolvimento infantil grava-se no inconsciente, nos seus aspectos positivos e negativos, representando a gratificação que os pais e os familiares oferecem ao bebé com o objectivo de deixá-lo feliz.
Desse modo, na juventude, o cigarro especialmente torna-se o consolo ante as incertezas, os desafios e o apoio psicológico para os temores de enfrentamentos em relação à angústia e principalmente à solidão. Nesse período de incertezas da existência, o jovem experimenta muita ansiedade e sofre grave insegurança, acreditando que, no fumo, irá encontrar os valores que lhe faltam no momento, assim tombando no vício.
Indispensável, dessa forma, entender-se a oralidade, a fim de resguardar-se da fuga para o tabagismo.
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Série Psicológica Vol. 13 - Conflitos Existenciais/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 13 - Conflitos Existenciais/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2024 8:58 pm

A segunda é de natureza objectiva, social, externa, defluente da convivência com outros dependentes da nicotina, que fingem haver adquirido a independência (dos pais, dos familiares, dos mestres), afirmando a personalidade, adentrando-se na sociedade dos adultos, igualmente viciados...
Receando ser discriminado no grupo em que se movimenta, por não proceder de maneira idêntica (relacionamentos-espelho, em que os indivíduos reflectem-se na conduta uns dos outros), o jovem ou mesmo o adulto, permite-se a iniciação, nem sempre muito agradável, logo parecendo capaz de afirmar-se perante os demais, já que não tem convicção das próprias possibilidades, tornando--se dependente do vício.
As pressões sociais e emocionais, os incontáveis embates do crescimento como ser inteligente, quando produzem ansiedade e geram inquietação, empurram o incauto para o recurso do bastão psicológico de apoio, com a finalidade enganosa de tranquilizar e inspirar soluções.
Também são sugeridas outras espécies de causas, como sejam: a voluntária, pelo excesso de fumo ou de mastigação do tabaco, e a profissional, que atinge os trabalhadores dessa indústria perversa.
Dependentes das substâncias absorvidas pelo uso do tabaco, alguns desses tipos psicológicos frágeis criem que a ingestão do álcool, mesmo que em doses mínimas, propicia inspiração, qual ocorre no período da sesta, em favor da criatividade, e buscam esse estímulo morbífico.
A criatividade, a inspiração, o êxtase legítimo, decorrem da perfeita lucidez, num período de bem-estar e de integração com o Cosmo, após o esforço da busca para o auto encontro, facultando ao subconsciente ou ao pré-consciente o auxílio necessário e eficaz.
Nesse comportamento, atinge-se com relativa facilidade o estado alterado de consciência, em vez de mergulhar-se em estados de consciência alterada, pela ingestão de substâncias alucinogénias, portadoras de danos imprevisíveis ao cérebro e aos respectivos departamentos emocional e psíquico do usuário.
Assim, o êxtase deve ser alcançado mediante perfeita sintonia com as faixas subtis da vida, sem a intoxicação resultante de qualquer substância vegetal ou química.
Quando ocorre a transcendência temporária na dicotomia sujeito/objecto, dá-se o êxtase, sem qualquer conotação neurótica ou pejorativa, ou ainda, regressão a serviço do ego.
Será sempre nesse estado de perfeita afinidade que sucede, facultando o abandono do ego e suas injunções para a harmonia com o self numa outra dimensão espaço/tempo.
Os vícios, sejam de qual constituição se apresentem, tornam-se cadeias escravizadoras de consequências lamentáveis para os seus aficionados.
Melhor, portanto, evitar-lhes a instalação do que a posterior luta pela sua superação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2024 8:59 pm

Instalação e danos da dependência viciosa
Iniciada a experiência desastrosa, sempre que haja qualquer tipo de conflito, de ansiedade, de insegurança, o paciente busca o recurso do tabaco na vã ilusão de alcançar os resultados do bem-estar, da serenidade.
À medida que o organismo intoxica-se, aumenta o índice da necessidade, passando à dependência coercitiva e perturbadora.
Simultaneamente aparecem os sinais que tipificam os danos causados ao organismo, que podem vir a sós ou associados uns aos outros.
O tabagismo é responsável, portanto, por diversas enfermidades, especialmente as do sistema nervoso central, como dos aparelhos cardiovascular, respiratório, digestivo e das glândulas endócrinas, com perturbações da fala, acidentes de estenocardia e dos vasos periféricos. Na sua fase aguda, surgem as náuseas, vómitos, desmaios, dores de cabeça, fraqueza nas pernas, sialorreia...Na ocorrência de insuficiência coronária e bronquite crónica, nas dispepsias gástricas e biliar, diabetes, o tabagismo piora os quadros, levando a desenlaces dolorosos e inevitáveis.
O fumante pensa haver conseguido ganhos com o hábito danoso, como por exemplo fazer parte do círculo de dependentes, sentindo-se aceito e idêntico, especialmente na fase das conquistas amorosas, quando o outro - masculino ou feminino - é viciado.
A ampla divulgação pela mídia de que o fumador é um indivíduo triunfante, conquistador invejável e realizador de façanhas poderosas, contribui para que as personalidades conflitivas busquem o tabaco, a fim de alcançarem realização semelhante. Infelizmente, a mídia não apresenta os seus modelos, quando estão sendo devorados pelo câncer que resulta do hábito inveterado de absorver nicotina em altas doses...
A ilusão proporcionada pelo tabagismo é paradoxal: inicialmente parece que acalma, que dá vitalidade, no entanto, quanto mais a vítima se deixa arrastar pelo uso doentio, mais neurótica, mais insegura e mais instável apresenta-se. O indivíduo farmaco-dependente atinge um nível de transtorno de tal monta, que se sente incapaz de enfrentar qualquer tipo de actividade sem o apoio do cigarro, muitas vezes mesmo antes de qualquer refeição, a fim de iniciar o dia.
Quando tenta evitar-lhe o uso, e casualmente o anseio da acção não corresponde ao esperado, logo supõe que é a falta do cigarro que se faz responsável pelo que considera insucesso, e recorre-lhe ao apoio, reabastecendo-se de ânimo e formando o círculo vicioso.
Mesmo quando o dependente reconhece os danos que o vício vem-lhe causando ao organismo, teme abandoná-lo, embora o deseje sem grande esforço, prosseguindo, porém, vitimado nas suas garras.
O eminente psiquiatra Sigmund Freud, já referido, denomina esse fenómeno como a pulsão de morte, ou seja, a maneira mórbida como a pessoa deixa-se arrastar pelas condutas doentias e destrutivas.
Fenómeno especial ocorre nessa como em qualquer outra dependência viciosa, que é a presença de Espíritos igualmente enfermiços que se utilizam do paciente para a convivência obsessiva, dando prosseguimento aos hábitos infelizes em que se compraziam e ora sentem falta, em face da ausência da organização física.
Assim, estabelecem-se ligações mórbidas, ensejando processos de vampirização que se fazem mais complexos, quando utilizam dos vapores etílicos, das emanações do tabaco, das drogas, para continuarem comprazendo-se.
Essa ingerência mais agrava o estado do paciente físico, porque, mesmo usando a bengala psicológica, prossegue frustrado, em razão do desvio daquelas substâncias que lhe pareciam auxiliar quando em tormento.
À medida que a parasitose espiritual mais se aprofunda no comportamento do encarnado, este sente-se ainda mais enfraquecido, aturdido e infeliz, esvaziado de ideais de superior significação.
Toda vez quando pensa em abandonar o vício, tem a mente invadida por pavores e ameaças não verbalizadas, que mais o afligem e o atiram no vazio existencial.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2024 8:59 pm

O existencialista francês Jean-Paul Sartre sugeriu que se desvestisse o tabaco de qualquer significado especial, reduzindo-o à questão de uma erva que arde e se consome, não merecendo, por isso mesmo, qualquer outra conotação.
Dá-se, porém, o oposto, porque o viciado olha-o com enorme expectativa, a ponto de transformá-lo em sua tábua de salvação, guardando o último cigarro com verdadeira volúpia, quando escasseiam em suas mãos, a fim de que, no momento da angústia, que já formula inconscientemente, disponha do mecanismo de apoio e de liberação do mal-estar.
O lamentável em todo esse processo é que além dos males proporcionados pelo tabagismo à vítima, alcança as pessoas que ao seu lado se encontram, porque as obriga a aspirar o fumo perverso que espalha, intoxicando-as também. Não poucas vezes, aqueles que se expõem às emanações do cigarro ficam impregnados de tal forma, que se enfermam, apresentando sintomas típicos de usuários do produto destrutivo.
A cultura do cigarro, do charuto e do cachimbo, em nossa sociedade dita civilizada, faz parte dos grandes mecanismos inconscientes de fuga da realidade para a fantasia, para o exibicionismo, para auto-realizações equivocadas. Dando-se conta dos prejuízos que já experimenta expressiva massa de fumantes, muitos procuram fórmulas mágicas para libertar-se do vício e tentam os recursos de ocasião que aparecem com certa periodicidade, sem que, de fato, desejem pagar o alto preço pela abstinência do fumo.
Assim, param por algum tempo, e à medida que vão sendo vítimas da síndrome dela decorrente, apresentam-se irritadiços, depressivos, impacientes, sofrendo interrupção do sono, confusão mental, insatisfação, retornando prazerosamente ao hábito consumista e extravagante.
Assevera-se que determinado famoso escritor, crítico literário irlandês, afirmou com certa dose de ironia: "Deixar de fumar é fácil.
Eu já o deixei inúmeras vezes..."
Qualquer hábito, para ser liberado do indivíduo que lhe aceita a injunção, deve ser substituído por outro, de forma que não surja o vazio, a ausência de algo que parece importante, em face de se estar acostumado à sua presença.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2024 8:59 pm

Terapia para o Tabagismo
Da mesma forma como se instalou o vício, a sua libertação ocorre mediante um processo semelhante e de prolongado curso.
Os danos causados quase sempre são irreversíveis, sendo alguns, ainda em início, possivelmente diminuídos com a ausência da nicotina.
A denominada compensação do fumante - apresentar a carteira de cigarros, retirá-la de coberturas de luxo, a postura exibicionista — cria dificuldade quando ele se resolve por abandonar o hábito. Naturalmente a falta do mentiroso prazer que está arraigado no seu comportamento, gera-lhe algumas perturbações, que se prolongarão enquanto dura a intoxicação.
Uma postura psicológica deve ser levada em conta inicialmente: a maneira como se vai libertar, a fim de ser um ex-fumante e não alguém que deixou de fumar — uma forma de perda - desejando realmente alcançar o êxito, porquanto ele já sabe que deve parar, a fim de que realmente deseje parar. É necessário, desse modo, uma mudança de comportamento, na qual o paciente deve possuir uma clara percepção da sua ansiedade, aprendendo a superá-la, vencendo-a sem o uso do tabaco. Essa mudança propõe várias etapas, nas quais o paciente vai-se adaptando a cada uma delas, no curso do seu processo de cura, evitando criar outros hábitos, como o uso de caramelos e pastilhas, de substitutivos placebos...
O desejo real deve ser mantido pelo pensamento radicado na lógica e no anelo de uma existência saudável, na qual os valores pessoais disponham-se a superar as dificuldades do estágio em que se encontra.
A aplicação de tempo e de energia nessa mudança que deverá ser durável, não lhe deve permitir recidivas experimentais de que apenas uma só vez será bastante para acalmar-se quando em aflição, desse modo, reiniciando o vício.
Só então começam a surgir as vantagens, os resultados bons da decisão, quando a mente apresenta-se mais clara, o organismo, mesmo em fase de eliminação dos tóxicos, tem respostas melhores e mais rápidas, o sono faz-se mais tranquilo e o bem-estar instala-se a pouco e pouco.
O estímulo para ser um ex-fumante contribui para ganhos emocionais, e não perdas, alcançando um novo patamar de vida, o estímulo de uma vitória sobre si mesmo, a alegria de haver conseguido o que muitos outros ainda não se resolveram por alcançar, facultando vantagens psicológicas compensadoras.
Simultaneamente, a ajuda psicoterapêutica de um especialista, a fim de acompanhar o procedimento que irá restituir a saúde e a paz, torna-se factor essencial para o êxito que se deseja conseguir...
Como corolário da decisão, o paciente deve buscar as Fontes Generosas da Espiritualidade, por intermédio da oração e da concentração, a fim de receber os fluxos de energia renovadora para a manutenção da estabilidade dos propósitos abraçados.
Mantendo a vigilância de que é um paciente em contínuo tratamento, cabe-lhe evitar qualquer possibilidade de cedência ao vício, não lhe aceitando os desafios subliminais que atingem a todos que se encontram nessa fase de transformação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2024 8:59 pm

14 — Alcoolismo
Alcoolismo e obsessão — Prejuízos físicos, morais e mentais do alcoolismo — Terapia para o alcoolismo

Alcoolismo e obsessão
O alcoolismo é grave problema de natureza médica, psicológica e psiquiátrica, que merece assistência urgente, uma vez que também se apresenta como terrível dano social, em face dos prejuízos orgânicos, emocionais e mentais que opera no indivíduo e no grupo social ao qual pertence.
O alcoolismo envolve crianças mal orientadas, jovens em desalinho de conduta, adultos e idosos instáveis, gerando altos índices de intoxicação aguda e subaguda em todos, como consequência da facilidade com que se pode conseguir a substância alcoólica, que faz parte do status da sociedade contemporânea, como de alguma forma ocorreu no passado.
Apresentam-se dois tipos de bebedores: os de ocasião, que se permitem a ingestão etílica em circunstâncias especiais, e os habituais, aqueles que já se encontram em dependência alcoólica.
E mais perigosa, naturalmente, a feição crónica, com boa dose de suporte do organismo que se desequilibra em delírios, quando por ocasião de breve abstinência ou mesmo por um pouco de excesso, em razão da progressiva degenerescência dos centros nervosos.
Invariavelmente, a ansiedade desempenha um papel preponderante no uso do álcool, por causa da ilusão de que a sua ingestão acalma, produz alegria, o que não corresponde à verdade.
Em muitas personalidades psicopatas, o álcool produz rápidas alucinações ou depressão, levando, na primeira hipótese, à prática de acções criminosas, alucinadas, que desaparecem da lembrança quando volve a consciência.
Noutras vezes, a necessidade irresistível de ingerir o álcool, oferecendo o prazer mórbido do copo cheio, caracteriza o dipsómano ansioso e consciente da sua enfermidade. Esse tipo de enfermo pode manter relativa abstinência e períodos de grande ingestão alcoólica, em verdadeiro círculo vicioso de que não se consegue libertar, definindo o rumo do abandono do vício.
Ao lado desse, existe o hipómano, que se apresenta com pequenas e constantes intoxicações, podendo demorar meses sem beber qualquer quantidade de substância alcoólica, quando se encontra na sua fase de normalidade, logo celebrando alegremente o retorno a ela, em algumas semanas de degradação, na qual se apresenta a manifestação maníaco-depressiva, em que aparecem os episódios delirantes.
Não se pode negar que existe uma herança ancestral para o alcoólico. Descendente de um viciado, ele apresenta tendência a seguir o hábito doentio. Igualmente há outros factores orgânicos, como lesões nervosas, encefalopatias, traumatismos cranianos. Do ponto de vista psicológico, podem ser assinalados como causas os conflitos de qualquer natureza, especialmente sexuais, empurrando para o vício destruidor. A timidez, a instabilidade de sentimentos, o ciúme, o complexo de inferioridade, os transtornos masoquistas propelem para a ingestão de substâncias alcoólicas como fuga das situações embaraçosas. Algumas vezes, para servir de encorajamento; e outras, com a finalidade de apagar lembranças ou situações desagradáveis.
Sob qualquer aspecto considerado, porém, essas situações apresentam-se mediante altas doses de mau humor e de agressividade, derivadas dos tormentos íntimos do paciente que não foram acalmados.
O dependente alcoólico é portador de compromissos espirituais transactos muito grandes, à semelhança de outros enfermos. No caso específico, há um histórico anterior, em experiência passada, quando se entregou às dissipações, especialmente de natureza etílica, assumindo graves compromissos perturbadores com outros Espíritos que lhe padeceram as injunções penosas e que o não perdoaram. Reencontrando-o, estimulam-no à antiga debilidade moral, a fim de o consumirem na alucinação, ao tempo em que também participam das suas libações, dando prosseguimento aos desafies que a ausência do corpo já não lhes permite.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2024 9:00 pm

À semelhança do que ocorre com o tabagista e o drogado, estabelece-se um conúbio vampirizador por parte do desencarnado, que se torna hóspede dos equipamentos nervosos, via perispírito, terminando por conduzir o paciente ao delirium tremens, como resultado de insuficiência supra-renálica, quando o organismo exaurido tomba sob situações de hipoglicemia e hiponatremia.
Noutras vezes, prosseguem na desforra, em razão do sentimento ambíguo de amor e ódio, no qual satisfazem-se com as aspirações dos vapores etílicos que o organismo do enfermo lhes proporciona e do ressentimento que conservam embutido no desejo da vingança. Assim sendo, igualmente entorpecem-se, embriagam-se, pela absorção da substância danosa que o perispírito assimila, enlouquecendo, além do estado infeliz em que se encontram. Nessa situação, tomam da escassa lucidez do hospedeiro psíquico e emocional, ampliando-lhe o quadro alucinatório e levando-o à prática de actos abjectos e mesmo de crimes hediondos.
A questão é tão grave e delicada, que nem sequer a desencarnação do obsidiado faz cessar o processo que, não raro, prossegue sob outro aspecto no Mundo espiritual.
O vício, de qualquer natureza, é rampa que conduz à infelicidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2024 9:01 pm

Prejuízos físicos, morais e mentais do alcoolismo.
Considerando-se a falta de estrutura dos valores éticos na sociedade hodierna, determinados comportamentos que deveriam ser considerados como exóticos, quando não perturbadores e censuráveis, assumem respeitabilidade e passam a constituir-se modelos a serem seguidos pelas personalidades dúbias.
O alcoolismo é um desses fenómenos comportamentais que, desde priscas eras, vem atormentando o ser humano.
A criança e o jovem ambientados ao clima vigente, por imitação ou estimulação de outra natureza qualquer, aderem às libações alcoólicas, procurando ser semelhantes aos outros, estar no contexto geral, demonstrar aquisição de identidade e de liberdade pessoal...
Os danos que decorrem desse hábito infeliz são incalculáveis para o indivíduo e para a sociedade, assim como os prejuízos de vária ordem, inclusive económicos, para as organizações governamentais de saúde.
A intoxicação apresenta-se sob dois aspectos: aguda ou embriaguez, e crónica. Não existe uma linha demarcatória entre ambas, podendo estar combinadas, o que ocorre na maioria das vezes. A embriaguez é de duração breve no seu aspecto clínico. No entanto, pode evoluir, passando por três fases: excitação, depressão e coma.
Na primeira, surge a euforia, como mecanismo de libertação de conflitos emocionais reprimidos durante a abstinência. E de duração breve, relativamente entre uma hora e meia e duas horas.
É muito conhecida como vinho alegre.
A depressão, também chamada vinho triste, ocorre a seguir ou pode surgir de maneira inesperada, de chofre. O paciente entrega-se ao desmazelo, ao abandono, movimenta-se trôpego, trémulo, numa espécie de ataxia física e mental. Oscila entre a tristeza e a alegria, apresentando sudorese abundante, náuseas, vómitos... logo depois, advém um torpor, uma espécie de sono com estertores, que se apresenta em forma do coma da embriaguez. Nessa fase, pode ocorrer a desencarnação resultante de algum colapso cardíaco.
Surgem, também, manifestações diferenciadas em forma sensorial, afectiva e motora, que se podem fundir em uma situação lamentável. Os sentidos físicos ficam afectados, os estados oníricos tornam-se tormentosos, as alucinações fazem-se frequentes.
Cada uma dessas formas de embriaguez tem a sua característica, sempre degradante para o paciente, que perde completamente o controle da razão, da emoção e do organismo físico, no qual instalam-se problemas de alta gravidade.
Também é conhecida a embriaguez simples ou excitação ebriosa, na qual o paciente pode apresentar-se de forma expansiva ou depressiva, de acordo com a sua constituição emocional.
Na situação, sem controlo sobre as inibições, desvela-se, e, em face da liberação, pode tornar-se vulgar, agressivo, ultrajando-as pessoas, agredindo os costumes, derivando para diversos tipos de crimes contra o cidadão, o património...
Lentamente, o paciente começa a sofrer perturbações intelectuais e de memória, embotamento dos sentimentos e distúrbios de conduta. Além desses desequilíbrios, a face apresenta-se pálida e de expressão cansada; a língua, saburrosa; hepatomegalia, febre; facilidade para permitir-se infecções, como gripe, erisipela, pneumonia. Quando irrompe o deliríum tremens, o paciente encontra-se em fase adiantada de alcoolismo, com impossibilidade imensa de retornar à sanidade, ao equilíbrio, em razão dos distúrbios profundos nos sistemas nervoso central, neurovegetativo, simpático e parassimpático, além das disfunções de outros órgãos que se encontram afectados pelo excesso de álcool: fígado, rins, pâncreas, estômago, intestino, coração...
Noutras vezes, o paciente é conduzido à demência alcoólica, em decorrência do enfraquecimento generalizado de todas as funções psíquicas, particularmente as intelectuais, ao tempo em que é atingido na afectividade e na moralidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2024 9:01 pm

Nessa fase, a morte é quase iminente, pois as funções orgânicas exauridas já não podem manter-se em ritmo de trabalho equilibrado, cedendo lugar ao descontrole e à exaustão.
Pode acontecer que, em muitos pacientes crónicos, antes da ocorrência dos acidentes delirantes subagudos, surjam estados neurasteniformes, caracterizados pela fadiga, por dores esparsas, astenia muscular, perturbações digestivas, cefaleia... Por extensão, o sono é assinalado por confusão mental e inquietação, produzindo mal-estar e aumentando o cansaço pela falta do repouso que se faz necessário à manutenção da maquinaria orgânica.
A verdade insofismável é que o alcoólico é um paciente que apresenta grande dificuldade de aceitação terapêutica, por estar escamoteando sempre os tormentos sob justificações, ora acusatórias, como de responsabilidade daqueles que lhes criam situações difíceis, ou como de vítimas das circunstâncias, que dizem poder reverter, quando quiserem, mas que nunca o conseguem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2024 9:01 pm

Terapia para o alcoolismo
Em face da gravidade do alcoolismo, são necessários recursos psiquiátricos, psicológicos e orientação social, com o propósito de auxiliar o paciente na recuperação da saúde.
De acordo com a extensão de cada caso, é sempre recomendável a orientação psiquiátrica, com o conveniente internamento do enfermo, a fim de auxiliá-lo na desintoxicação, naturalmente acompanhada de cuidadoso tratamento especializado.
Nessa fase, sempre pode ocorrer o colapso, em defluência da falta do álcool no organismo. A medida que vai sendo recuperada a lucidez, a ajuda psicológica é de grande valor, por facilitar a identificação das causas subjacentes e que se encontram inibidas, como efeito de uma infância mal vivida, frustrada, ou de reminiscências inconscientes — clichés mentais inesperados - pertinentes às experiências malogradas em existências anteriores...
A boa leitura certamente propicia o despertamento da consciência para a nova situação, demonstrando que a realidade não é tão agressiva conforme se crê, dependendo de cada um na sua forma de enfrentá-la. A aplicação da bioenergética é de grande utilidade, porque robustece o ânimo do paciente e ajuda-o na libertação das tenazes que sofre por parte do perseguidor desencarnado.
Graças a esse recurso, torna-se mais fácil a mudança de comportamento para outra faixa vibratória, mais elevada, favorecendo o fortalecimento moral e espiritual através da oração, por cuja terapia passa a sintonizar com outras mentes mais nobres e a captar a presença dos Guias espirituais que são atraídos e o auxiliarão na conquista do seu reequilíbrio.
A Psicologia e a Psiquiatria espíritas conseguiram demonstrar que existe outra realidade além da objectiva, da convencional, na qual a vida é estuante e apresenta-se em forma de causalidade, onde tudo se origina e para a qual tudo retorna.
Dessa forma, levantaram o véu que dificultava a visão do mundo espiritual existente e desconhecido, vibrante e gerador de fenómenos que se apresentam na esfera física, antes não entendidos e considerados miraculosos, desbordando em fantasias e mitos, ora fascinantes, ora aterradores...
A confirmação da imortalidade do Espírito facultou o entendimento em torno das relações que existem entre as duas esferas da mesma vida, ensejando a compreensão da finalidade do processo reencarnacionista, assim proporcionando sentido e significado especiais à existência corporal.
Desse modo, importante é o ser, em si mesmo, portador de possibilidades quase infinitas na sua trajectória, dependendo sempre da sua eleição pessoal em torno da busca da plenitude.
Enfermidades, desaires, sofrimentos, alegrias e esperanças fazem parte do trajecto a percorrer, nunca esquecendo que a cada passo dado, uma nova conquista se insere no equipamento de realizações enobrecedoras. Eis por que a jornada humana deve caracterizar-se pela visão e pela acção positivas, no incessante labor de auto-realização para melhor contribuir em favor da colectividade da qual faz parte.
A cura real, portanto, de qualquer paciente, reside na sua transformação moral para melhor, porquanto pode recuperar a saúde física, emocional e mesmo psíquica; no entanto, se não aceitar a responsabilidade para auto iluminar-se, logo enfrentará
novos problemas e situações desafiadoras. Essa reabilitação deve dar-se, por certo, do interior para o exterior, dos sentimentos para a organização fisiológica. Tendo em vista a presença da morte e da imortalidade, convém ter-se sempre em mente que a cura lograda, por mais ampliação de tempo que conceda, não impedirá o inevitável fenómeno da morte que acontecerá...
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 08, 2024 9:01 pm

15 — Vazio existencial
Psico-génese da perda de sentido — Auto-consciência — Terapia libertadora

Psico-génese da perda de sentido
Em face dos conflitos que remontam ao passado espiritual, o indivíduo renasce assinalado por debilidade de forças morais, que resulta da indisciplina e da falta de morigeração na conduta, durante as experiências evolutivas que não ficaram bem trabalhadas.
Não poucas vezes, preso ao cordão umbilical da mãe, não amadurece psicologicamente a ponto de libertar-se, mantendo interesses imediatos, entre os quais, a plenificação emocional através do conúbio sexual.
Antes, porque os preconceitos eram muito severos em relação ao comportamento sexual, a culpa inscrevia-se--lhe nos refolhos da psique, atormentando-o e levando-o a uniões ligeiras, destituídas de sentido emocional profundo, sem a anuência do amor, nem o respeito recíproco a que se devem todas as criaturas, umas às outras.
Mais necessidade fisiológica do que expressão de realização afectiva, quando não lograva a completude, experimentava o vazio existencial, que se fazia acompanhar pela falta de outros objectivos existenciais.
Lentamente, nesse estado emocional, perdia a própria identidade, mergulhando em aparências que pudessem agradar aos outros em detrimento da sua própria realização.
Na actualidade, não obstante o sexo constitua um paradigma de comportamento essencial, a sua satisfação aligeirada continua destituída de significado profundo, que permita o equilíbrio das emoções e a segurança afectiva. A troca insensata de parceiros, na busca da variedade, em vez de satisfazer, mais frustra, demonstrando que o intercurso sexual é mais um modismo da sociedade moderna, que se considera liberta dos tabus do passado, do que realmente uma forma de expressar os sentimentos e trabalhar a ansiedade.
Nessa busca desenfreada, transita-se de um estado de estresse para outro, sem que haja harmonia interior nas buscas efectuadas. As pessoas que compartem desses momentos são descartáveis, grátis ou remuneradas, bem ou mal situadas no contexto social, objecto de uso sem nenhum sentido psicológico realizador. Quando conhecidas e importantes, portadoras do brilho que a mídia ilusória lhes confere, constituem um desafio para o conquistador ansioso - masculino ou feminino - que, após a vitória, não lhe encontra nada de especial, somando às anteriores as novas frustrações, que terminarão por levá-lo às fugas espectaculares pelas drogas, pela depressão, pelo vazio existencial...
Em face da rapidez dos momentos hodiernos, não se apresentam oportunidades para amadurecimento das emoções, para escolhas corretas, para reflexões e ponderações significativas. Os indivíduos são devorados pela volúpia do muito agarrar e do pouco reter. Há uma sofreguidão para aparecer, uma necessidade desesperadora para estar em todos lugares ao mesmo tempo, tombando na exaustão e levantando-se sob estímulos químicos ainda mais frustrantes.
Vitimado, em si mesmo, o indivíduo, que perdeu o contacto com o Self, exaure-se no ego exigente e pouco gratificante, preocupando-se em ser espelho que reflecte outras pessoas, suas opiniões, seus aplausos, suas desmedidas ambições.
Aumenta-lhe a necessidade psicológica de esconder o sentimento e exibir a aparência, sobrecarregando as emoções com desaires e amarguras que procura dissimular no convívio com os demais até quando já não mais o consegue.
Explica-se que, num período de violência, de guerras, de catástrofes de todo tipo, a insegurança se instala no indivíduo, adicionando ao sentimento de inferioridade o desespero generalizado, a insatisfação, a ansiedade.
Freud assinalava, no seu tempo, que o factor preponderante mais comum para esse tipo de conflito - solidão, ansiedade, insegurança — era a dificuldade que todos experimentavam em aceitar o lado instintivo e sexual da vida, em razão dos preconceitos e tabus de que a sociedade se revestia.
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Série Psicológica Vol. 13 - Conflitos Existenciais/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 13 - Conflitos Existenciais/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 09, 2024 11:27 am

Posteriormente, foram assinaladas outras razões, como sejam: sentimento de inferioridade, incapacidade para enfrentar os novos desafios que se apresentavam e a culpa. Tratava-se de inconsciente hostilidade que vigia entre os indivíduos e os grupos sociais, em terrível luta competitiva. Na actualidade, é a falta de metas, de objectivos, que assalta a consciência, dando lugar a indivíduos psicologicamente vazios.
A inferioridade e o conceito conflitivo em torno do sexo prosseguem, tanto quanto a culpa e a ansiedade, adicionados à ausência de ideais que plenificam, estimulando à luta contínua. A grande maioria dos que assim se comportam intelectualizou-se, aprendeu a discorrer sobre temas variados, mesmo que superficialmente, mas não aprendeu a trabalhar-se interiormente, a enfrentar os seus medos e culpas, sempre transferindo-os no tempo ou anestesiando-os no inconsciente.
Compreende-se a necessidade das conquistas externas, que se torna uma forma de autor realização, e afadiga-se a criatura por consegui-las, para logo constatar a sua quase inutilidade, por não preencher os espaços tomados pela angústia e pelas incertezas.
Faz-se um abismo entre o Self e o ego, que mais se afastam um do outro, concedendo espaço para a desintegração da personalidade, para a esquizofrenia...
Esse vazio existencial, de certo modo, também se deriva do tédio, da repetição de experiências que não se renovam, da quase indiferença pelas demais criaturas, sugerindo a inutilidade pessoal.
Na época da robotização, o ser humano sente-se relegado a um plano secundário, deixando-se conduzir por botões mecânicos inteligentes que, em alguns casos, substituem-no com eficiência, sem esforço, nem gratificação. O excesso de tempo, resultado da máquina que o ajuda nas actividades habituais, faculta-lhe a corrida para a comunicação virtual, as intermináveis horas de buscas na Internet, os encontros românticos de personalidades neuróticas e medrosas, estabelecendo perspectivas mais angustiosas, por se tratar de pessoas frustradas e inseguras, refugiadas em frente da tela do computador, procurando a ilusão de seres ideais, incorruptíveis, maravilhosos.
Passada, porém, a fase de deslumbramento, iniciando-se a convivência, logo se constata o equívoco, e a imaginação arquitecta novas fugas da realidade para a fantasia das denominadas histórias de quadrinhos.
Desse modo, avança-se para um sentimento perturbador que se apresenta como um vazio colectivo que se estabelece na sociedade.
Em tentativas inúteis de o preencher, elaboram-se as festas alucinantes, volumosas, arrastando as multidões desassisadas e ansiosas, que se esfalfam no prazer anestesiante, para depois despertar no mesmo estado de vácuo interno, agora com os conflitos e culpas das loucuras perpetradas. Esse vazio, portanto, não significa ausência de significados internos, de valores adormecidos ou ignorados, mas, sim, a incapacidade que toma do indivíduo, sugerindo-lhe impossibilidade ou inutilidade de lutar contra a maré das dificuldades, permitindo-se uma resignação indiferente, como mecanismo de autodefesa, que se transforma num grande vácuo interno.
A pouco e pouco, porque se adapta à nova conjuntura, perde o interesse pelo desejar e pelo realizar, ficando amorfo, embora com aparência que corresponde aos padrões sociais, por mínima exigência do ego soberbo e rebelde.
Perdido o respeito pelo grupo social e suas instituições, logo depois perde-o por si mesmo, deixando-se arrastar para profundos conflitos de inutilidade e de depressão.
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Série Psicológica Vol. 13 - Conflitos Existenciais/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 13 - Conflitos Existenciais/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 09, 2024 11:27 am

Auto-consciência
A auto-consciência é a conquista realizada pelo Self após os primeiros meses da infância, quando surgem os evidentes sinais de que se é uma pessoa e não mais o animal irracional orientado apenas pelo instinto.
Essa formosa concessão de tornar-se consciente, embora as dificuldades iniciais de identificação e os conflitos que surgem durante o processo de crescimento, é uma das mais belas aquisições do ser imortal, quando transitando no corpo. É a característica especial do ser humano, que pode raciocinar, compreender o significado dos símbolos, seleccionar, por preferência pessoal, aquilo que lhe é apetecível, deixando de lado o desagradável, que pode elaborar esquemas em torno de abstracções, de considerar o ético, o estético, o nobre, diferenciando-os do vulgar, do grosseiro e do indigno.
A auto-consciência amplia os horizontes emocionais e psíquicos do ser, propiciando-lhe a libertação de tudo quanto o junge ao passado - a mãe arbitrária, o pai negligente, as situações penosas - desde que haja o esforço de aceitação dos novos desafios existenciais.
Somente nos sonhos se apresentarão os símbolos tormentosos que devem ser trabalhados, à medida que a auto-consciência favoreça o Self com a sua realidade e soberania em relação ao ego, que passou a existir a partir do momento do raciocínio, do discernimento entre o ser e o estar.
O animal irracional permanecerá jugulado ao instinto sem a capacidade de distinguir o belo ou expressar-se de maneira coerente. Será interpretado pela mente consciente do ser humano, que lhe entenderá os reflexos condicionados, as necessidades e automatismos, nunca, porém, ele próprio percebendo racionalmente o significado dos símbolos nem dos acontecimentos a sua volta.
Esse animal, sem dúvida, estará livre dos conflitos, da culpa, do remorso, que são valores aflitivos que acompanham o despertar da autoconsciência e da sua implantação. É o preço, porém, que o ser humano paga pela conquista, produzindo a selecção entre os automatismos da fatalidade biológica de animal no rumo da individualidade consciente. É provável que muitos indivíduos aspirem ao não sofrimento, que se deriva da auto-consciência, preferindo as noites dormidas longamente, sem sonhos catárticos, representativos dos conflitos que estão sendo eliminados. Em consequência, não teriam ideia do seu próprio estado, por falta da autoconsciência, dessa incomparável capacidade de entender e de estabelecer metas.
Naturalmente, é também essa conquista que o libertará da ansiedade e das suas tramas, eliminando a culpa, o desprezo de si mesmo, a perda de sentido, o vazio existencial, embora os propicie em determinados estados de desenvolvimento, dando-lhe significado psicológico, alegria de viver, realização plenificadora.
Não poucos psicólogos e filósofos discordam do conceito do Self, afirmando que ele interromperia o continuum dos animais, e por não se terem provas científicas do momento em que surge e começa a desenvolver-se.
O Self no entanto, é a incomum capacidade de gerar relacionamentos entre os indivíduos de forma consciente e produtiva, sem os automatismos do instinto, podendo optar por uns em detrimento de outros, em razão de afinidades e de conceitos, de emoções e de sentimentos. É a consciência da individualidade e não uma faculdade apenas intelectual. Sem dúvida que se trata do despertar do Espírito enclausurado na argamassa celular, diferindo-o do psiquismo em evolução no reino animal mais primitivo...
Esse Self, quando coerente e saudável, recusa-se ao abandono que o indivíduo em transtorno de comportamento se permite, quando o ego encontra-se atormentado e instável. É a sua faculdade de optar, de discernir, que irá trabalhar pela recuperação das suas potências e da sua realidade, avançando para o estágio numinoso.
O objectivo essencial da vida humana é facultar ao ser o desenvolvimento de todas as suas potencialidades adormecidas - o deus interno — tornando-o pessoa, uma individualidade que pensa.
Esse processo não é automático como ocorre com os seres vegetal e animal, mas dependente das escolhas, da lucidez, das aspirações e dos esforços empreendidos, que são resultados das conquistas já conseguidas em existência transactas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 09, 2024 11:27 am

A infância humana é a mais longa entre todos os seres conhecidos, exactamente para permitir-lhe recursos de desenvolvimento para o Self alcançar a sua plenitude, porque cada pessoa é uma identidade especial, com grandezas e pequenezes que a caracterizam, com uma história muito própria, nunca havendo iguais, mesmo quando se trate de gémeos duplos ou quíntuplos...
Cada qual estagia em um nível de autoconsciência que lhe define a idade espiritual, o progresso alcançado.
Nesse claustro divino - a autoconsciência — a pessoa vê-se de maneira única, jamais igualada por quem quer que seja do mundo exterior.
É impositivo da autoconsciência o amadurecimento psicológico mediante realizações internas e externas contínuas, superando dificuldades e acumulando valores transcendentes que impulsionam para níveis cada vez mais amplos e elevados.
Por isso que, no estágio de autoconsciência, não se podem vivenciar estados vazios, manter vácuos interiores, perdendo o endereço da meta e entregando-se à ansiedade perturbadora, ao stress devastador, ao desinteresse contumaz.
Se algum membro do corpo físico não é accionado, tende ao atrofiamento. Tudo, no ser vivente, exige acção, movimento e esforço, que mais o fortalecem para o desempenho da finalidade para a qual foi criado. Assim também nos padrões psicológicos da autoconsciência. A pessoa deve descobrir a finalidade da sua existência e como alcançar o objectivo de ser feliz, superando os conflitos ou tratando-os, vivendo de maneira clara e sem culpa, usufruindo os dons da existência e aperfeiçoando-se sempre.
Quando se adquire autoconsciência - realizando-se a identificação entre o Self e o ego — torna-se possível preencher os espaços afligentes do mundo interior, nunca se atirando ao desprezo, ao abandono de si mesmo, à vacuidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 09, 2024 11:27 am

Terapia libertadora
A pessoa vazia, aquela que perdeu a identidade e deixou de seguir na busca dos objectivos que constituem as motivações seguras para existir e realizar actividades existenciais, passa por um tormentoso processo de desgaste emocional.
A perda do Si, no entanto, pode ser resolvida mediante a mudança de atitude racional e emocional para com a oportunidade existencial.
Eis por que a fé religiosa, o sentimento de humanidade, o respeito social, a vinculação idealista a qualquer expressão dignificadora do ser humano, tornam-se referências que se convertem em estímulos para não se perder o significado psicológico interior.
Passando-se do absurdo da fé cega e autoritária para a indiferença espiritual do ser em si mesmo, as condutas anárquicas e irresponsáveis assumiram a liberação daquilo que antes era castração, produzindo males equivalentes, que ora consomem o ser social, perdido na confusão do nada a perseguir. A jornada física é de efémera duração, porquanto, à medida que produz frutos está sendo consumida pela sucessão das horas, o que deixa certo travo de amargura e desencanto. A conceituação eterna do Espírito, momentaneamente em realização na vestidura orgânica, entretanto, faculta um comportamento diferente, porque as leis que lhe regem o destino estão escritas na sua própria consciência, não valendo muito as opiniões externas, sejam mediante reproches ou aplausos.
Por meio da reflexão, descobre-se o indivíduo conforme o é, e quanto poderá fazer-se em benefício próprio, a fim de alcançar níveis mais grandiosos e compensadores, que lhe estão destinados pela própria vida.
No período, porém, de angústia e de ansiedade, em face da dificuldade de identificação de metas e de compromissos, necessita de assistência psicanalítica ou psicológica, a fim de diluir a ansiedade e os conflitos gerados, conforme a psicogénese em que se apoiam.
A assistência orientadora irá auxiliá-lo na liberação dos medos e culpas, das frustrações e mágoas, ensejando--lhe a indispensável motivação para prosseguir, em razão dos júbilos que o tomarão, facultando-lhe sempre novos cometimentos satisfatórios.
De outro modo, a busca do Si, através da meditação e da prece, facultar-lhe-á insight valioso para compreender quanto lhe está reservado e, momentaneamente se encontra desfasado, sem utilidade.
A comunhão mental em outras ondas de pensamento, em áreas extrafísicas, proporcionar-lhe-á a identificação com Entidades benfeitoras, que inspiram decisões e condutas saudáveis, enriquecendo-o de bem-estar.
Crê-se, indevidamente, que somente os indivíduos superiormente qualificados podem experimentar essa alegria, essa vivacidade, o triunfo sobre os conflitos. Ledo engano, porquanto esses bens estão ao alcance de todos quantos realizem actos de enobrecimento e esforcem-se por lográ-los.
Cada ato bem-conduzido oferece a compensação do resultado exitoso.
O homem e a mulher vazios necessitam de terapia própria para a recuperação da finalidade existencial na qual transitam.
Basta-lhes tentar e insistir até conseguir.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 09, 2024 11:28 am

16 — Stress
Razão de ser do stress — Processos e mecanismos stressantes — Terapia para o stress

Razão de ser do stress
Numa investigação realizada por Selye, no ano de 1948, foi aplicado o termo estresse como a pressão exercida sobre o indivíduo em forma de carga de energia superior à sua capacidade de resistência emocional, que produz distúrbio de conduta.
Desse modo, qualquer tipo de carga, pressão ou força que se vivência, passou a ser considerada como passível de natureza stressante.
Essa carga não tem uma característica isolada, mas pode ser considerada como a soma de fenómenos e ocorrências não específicas, que se pode manifestar como prejuízo ou defesa.
Apresenta-se em localização especial, quando se trata de um problema orgânico, ou de maneira geral, em forma de síndrome, resultado de diversas coerções que não são liberadas.
Numa sociedade competitiva e angustiada como a actual, o fenómeno do stress generaliza-se em razão do volume de compromissos, da escassez de tempo para os atender, da busca desesperada por melhores salários e comodidades, de divertimento se de prazeres, dando lugar à ansiedade, produzindo culpa e desarmonizando a estrutura emocional.
Essas ocorrências produzem neurastenia, cansaço exagerado, sucessão de problemas trágicos e perturbadores, que deságuam no comportamento que se desorganiza, gerando transtornos e distúrbios neuróticos mais graves.
Por outro lado, quando se experimenta uma grande tensão para livrar-se do stress, inevitavelmente o indivíduo torna-se-lhe vítima, porque essa também é uma forma de pressão, muitas vezes superior à capacidade de resistência emocional.
Nesse caso, podem-se contabilizar as fugas dessas constrições, o distanciamento de qualquer tipo de ameaça, a negação para identificar o perigo, a luta contra o medo de acontecimentos danosos, gerando sobrecarga emocional que termina expressando-se como uma forma de stress.
Não apenas as ocorrências aflitivas encarregam-se de inquietar, mas também a ansiedade em torno daquilo que se almeja, pelo que se afadiga, pelas conquistas realizadas que culminam no êxito, por exemplo, no matrimónio, na conclusão de um curso, na aquisição de uma carreira, na glória de um empreendimento...
Assim sendo, as actividades psicológicas positivas e desejadas, quando conseguidas, podem também transformar-se em factores geradores de stress, portanto, porta aberta a situações cansativas e desmotivadoras.
A mãe que se afeiçoa ao filho e, na viuvez ou não, se lhe dedica com aferrado sentimento de amor-posse, que se completa emocionalmente através das realizações que ele lobriga, quando o vê crescido, avançando para a independência, para a ruptura do cordão umbilical, passa a stressar-se, a mergulhar no poço da existência sem sentido, porque todas as suas aspirações foram direccionadas para aquele mecanismo de auto-realização, de egotismo exacerbado.
Mais terrível apresenta-se a questão, quando o filho - masculino ou feminino - procura a realização emocional e social através do casamento.
Para essa mãe, a perda constitui um sofrimento stressante e devastador, que enfurece ou deprime, vendo, na pessoa que lhe arrebatou o motivo existencial, um inimigo que deve ser destruído ou, pelo menos, vencido, a fim de recuperar a sua segurança emocional.
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