LUZ ESPÍRITA
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Página 1 de 3 1, 2, 3  Seguinte

Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 03, 2023 8:49 pm

Plenitude
Divaldo Pereira Franco

(Joanna de Angelis)

Série Psicológica Vol. 3

Sumário
Plenitude

I - Sofrimento
II - Análise dos Sofrimentos
III - Origens do Sofrimento
IV - Cessação do Sofrimento
V - Caminhos para a Cessação do Sofrimento
VI - Altruísmo
VII - Motivos de Sofrimentos
VIII - Caminhos para a Saúde
IX - Processo de Auto-cura
X - Terapia Desobsessiva
XI - Terapias Alternativas
XII - Sofrimento ante a Morte
XIII - Sofrimento no Além-Túmulo
XIV - Libertação do Sofrimento


Última edição por Ave sem Ninho em Qui Dez 07, 2023 9:33 pm, editado 2 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 03, 2023 8:49 pm

Plenitude
Filosofias pessimistas e doutrinas religiosas arbitrárias estabeleceram que a vida é sofrimento e que toda tentativa para a libertação dele resulta em malogro lamentável.
Pensadores precipitados de ontem como de hoje, fiéis ao diagnóstico ignóbil, propõem o suicídio como solução, a eutanásia e o aborto como mecanismos de fuga para superar as situações aflitivas e a pena de morte como recurso punitivo, em demonstração de conduta materialista rebelde e ácida, na qual a crueldade assume papel preponderante.
O utilitarismo e o hedonismo, sobre os quais constroem as suas aspirações, são os responsáveis pela óptica distorcida da realidade, de que desejam libertar-se.
Certamente, o sofrimento faz parte da vida, por ser mecanismo da natureza, através do qual o progresso intelecto-moral se expressa e consolida.
O diamante bruto aguarda a lapidação para fulgir como estrela luminosa.
Os metais necessitam da alta temperatura, a fim de amoldarem-se à beleza e à utilidade.
A madeira experimenta os instrumentos cortantes para desempenhar os papéis relevantes a que está destinada.
O rio cava o próprio leito por onde corre. Igualmente, o Espirito necessita lapidar as arestas que lhe encobrem a luminosidade, e, para tal, o sofrimento se apresenta como ocorrência normal, que o conhecimento e a força de vontade conseguem conduzir com equilíbrio, alcançando a finalidade sublime a que se encontra destinado.
O sofrimento, por outro lado, está vinculado à sensibilidade de cada um, variando, portanto, e adquirindo dimensões diversas. A dor do bruto apresenta-se asselvajada e perturbadora, explodindo em agressividade e loucura.
O sofrimento do esteta e do santo se expressa como anseio de libertação e crescimento intimo.
Atravessando as fases primárias da vida, no seu mecanismo automático de evolução, o psiquismo amplia as aptidões inatas e desenvolve os germes da perfeição nele jazentes, tornando-se herdeiro na etapa imediata das experiências anteriores.
O sofrimento, em face das injunções de amargura e dor de que se reveste, vem merecendo o mais amplo investimento histórico de que se tem noticia, objectivando-se a libertação dele e a plenitude da criatura.
De Krishna a Buda, a Jesus, a Allan Kardec, a visão religiosa e filosófica sobre o sofrimento recebeu valiosas contribuições, que hoje, no esforço dos modernos cientistas da saúde holística, parecem alcançar um grau maior de entendimento do homem e do seu inter-relacionamento com as forças vivas da natureza, reflectidas na Ecologia, ensejando uma compreensão maior da vida e da sua finalidade.
Antecipando essa conduta hodierna, o Espiritismo vem conclamando o homem para o respeito a Deus, a si mesmo, ao próximo, a todas as expressões vivas ou não que lhe constituem o ambiente em que está localizado, para aprender e ser feliz, assim adquirindo a sua plenitude.
Considerando a problemática humana, existente no próprio indivíduo - o desconhecimento de si mesmo - e tendo em vista os urgentes factores que desencadeiam o sofrimento, arrastando multidões à sandice, ao desalento, à alucinação, às fugas inglórias pelo suicídio e pelos vícios, resolvemos aprofundar estudos em torno dele, ora reunidos no presente livro, que trazemos ao conhecimento do prezado leitor, interessado na solução desse terrível flagelo responsável por incontáveis males, para uns, e bênçãos, para outros, possibilitando aos últimos a ascensão e a glória...


Última edição por Ave sem Ninho em Seg Dez 04, 2023 9:44 pm, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 03, 2023 8:50 pm

Analisamos alguns dos seus aspectos, conforme a visão budista e a cristã, e propomos a solução espirita, em razão da actualidade dos postulados que constituem a Revelação do Consolador, convidando o homem ao auto-descobrimento, à vivência evangélica, ao comportamento lúcido advindo do estudo e da acção iluminativa na trilha da caridade fraternal.
Confiamos que o nosso esforço irá contribuir para o esclarecimento dos nossos leitores, induzindo-os à aquisição da plenitude, em paz e saúde, inteiramente livres do sofrimento, construindo o amor como fonte viva de realização intima e geral.
Esperando haver alcançado o objectivo a que nos propusemos, rogamos ao "Modelo e Guia da humanidade" nos abençoe e conduza.

Joanna de Angelis.
Salvador, 17 de outubro de 1990.

"Senhor! Ajuda-me a transitar: da treva para a luz; da mentira para a verdade; e da morte para a imortalidade."
(Upanishads)


Última edição por Ave sem Ninho em Seg Dez 04, 2023 9:45 pm, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 03, 2023 8:50 pm

"Sente-se sozinho, em silêncio. Baixe a cabeça, feche os olhos, respire pausadamente e imagine que está contemplando o interior do seu coração.
Transfira sua mente, seus pensamentos de seu corpo para seu coração. Quando expirar, diga: Senhor, tende piedade de mim."

(Gregório do Sinai - Mosteiro do Monte Athos - Século XIV)


I - Sofrimento
O homem empenha-se, afanosamente, para vencer o sofrimento, que se lhe apresenta como adversário soez.
Em todas as épocas, ele vem travando uma violenta batalha para eximir-se à dor, em continuas tentativas infrutíferas, nas quais exaure as forças, o ânimo e o equilíbrio, tombando depois em mais graves aflições.
Passar incólume ao sofrimento é a grande meta que todos perseguem. Pelo menos, diminuir-lhe a intensidade ou acalmá-lo, de modo a poder fruir os prazeres da existência em incessantes variações.
Imediatista, interessa-lhe o hoje, sem visão do porvir. Como efeito, o sofrimento tem sido considerado vingança ou castigo divino, portanto, credor de execração e ódio.
Nas variadas mitologias, as figuras de deuses invejosos quão despeitados, infligindo punições às criaturas e comprazendo-se ante as dores que presenciam, são a resposta ancestral para o sofrimento na Terra.
de alguma forma concordes com essas absurdas conceituações, estabeleceram métodos depuradores para a libertação do sofrimento, que vão desde as mais barbaras flagelações - silícios, holocaustos, promessas e oferendas - ao ascetismo mais exacerbado, procurando negar o mundo e odiá-lo, a fim de, com essas atitudes, acalmarem e agradarem aos deuses ou a Deus.
Paralelamente, o estoicismo, herdeiro de alguns comportamentos orientais, tentou imunizar o homem, estimulando-o a uma conduta de graves sacrifícios que, sem embargo, é desencadeadora de sofrimento.
Para liberar-se desse adversário, a criatura impõe-se outras formas de dor, que aceita racionalmente, por livre opção, não se dando conta do equivoco em que labora.
A dor, porém, não é uma punição. Antes, revela-se um excelente mecanismo da vida a serviço da própria vida.
Fenómeno de desgaste pelas alterações naturais da estrutura dos órgãos - à medida que a energia se altera advém a deterioração do invólucro material que ela vitaliza - essa disjunção faz-se acompanhada pelas sensações desagradáveis da angústia, desequilíbrio e dor, conforme seja a área afectada no indivíduo.
Desse modo, é inevitável a ocorrência do sofrimento na Terra e nas áreas vibratórias que circundam o planeta, nas quais se movimentam os seus habitantes.
Ele faz parte da etapa evolutiva do orbe e de todos quantos aqui estagiam, rumando para planos mais elevados.
Na variada génese do sofrimento, todo esforço para mitigá-lo, sem a remoção das causas, não logrará senão paliativos, adiamentos. Mesmo quando alguma injunção premie o enfermo com uma súbita liberação, se a terapia não alcançou as razões que o desencadeiam, ele transitará de uma para outra problemática sem conseguir a saúde real.
Isso porque, em todo processo degenerativo ou de aflição, o Espírito, em si mesmo, é sempre o responsável, consciente ou não. E, naturalmente, só quando ele se resolve pela harmonia interior, opera-se-lhe a conquista da paz.
Em tal situação, mesmo ocorrendo os processos transformadores da acção biológica, o sofrimento disso decorrente não afecta a emoção nem se transforma em causa de danos. A semelhança de outros automatismos fisiológicos, a consciência não lhe regista a manifestação.


Última edição por Ave sem Ninho em Seg Dez 04, 2023 9:45 pm, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 03, 2023 8:50 pm

O sofrimento, portanto, pode e deve ser considerado uma doença da alma, que ainda se atém às sensações e opta pelas direcções e acções que produzem desequilíbrio. Nessa fase, dos interesses imediatos, todo um emaranhado de paixões primitivas propele o ser na direcção do gozo, sem a ética necessária ou o sentimento de superior eleição, e o atira nos cipoais dos conflitos que geram a desarmonia das defesas orgânicas, as quais cedem à invasão de micróbios e vírus que lhes destroem a imunidade, instalando-se, insaciáveis, devoradores.
Da mesma forma, os equipamentos mentais hipersensíveis desajustam-se, abrindo campo A instalação das alienações, das obsessões cruéis.
Por extensão, pode-se dizer que o sofrimento não é imposto por Deus, constituindo-se eleição de cada criatura, mesmo porque, a sua intensidade e duração estão na razão directa da estrutura evolutiva, das resistências morais características do seu estágio espiritual.
É a sensibilidade emocional que filtra a dor e a exterioriza. Com ela reduzida, as agressões de toda ordem recebem resposta de violência e agressividade.
Nas faixas mais primitivas da evolução, os fenómenos dor, desgaste, envelhecimento e morte, porque quase destituídos os seres de raciocínio e emotividade, que ainda se lhes encontram em germe, seguem uma linha direccional automatista, na qual as excepções atestam o trânsito da essência psíquica para estágios mais elevados.
Decorre disso que o sofrimento é maior nas Áreas moral e emocional, que somente se encontram nos portadores de mais alto grau de evolução, de sensibilidade, de amor, capazes de ultrapassar tais condições, sobrepondo-se-lhes mediante o controle de que se fazem possuidores, diluindo na esperança, na ternura e na certeza da vitória as injunções aflitivas.
Fugir, escamotear, anestesiar o sofrimento são métodos ineficazes, mecanismos de alienação que postergam a realidade, somando-se sempre com a sobrecarga das complicações decorrentes do tempo perdido. Pelo contrário, uma atitude corajosa de examiná-lo e enfrentá-lo representa valioso recurso de lucidez com efeito terapêutico propiciador de paz.
As reacções de ira, violência e rebeldia ao sofrimento mais o ampliam, pelo desencadear de novas desarmonias em áreas antes não afectadas.
A resignação dinâmica, isto é, a aceitação do problema com uma atitude corajosa de o enfrentar e remover-lhe a causa, representa avançado passo para a sua solução.
É de insuspeitável significação positiva o equilíbrio mental e moral diante do sofrimento, o que se consegue por meio do treinamento pela meditação, pela oração, que defluem do conhecimento que ilumina a consciência, orientando-a correctamente.
Conhecer-se, na condição de Espirito imortal em processo evolutivo mediante as experiências reencarnatórias, representa para o homem alta aquisição de valores para compreender, considerar e vencer o sofrimento, que faz parte do modus operandi de todos os seres.
Muitas pessoas advogam que o sofrimento é a única certeza da vida, sem compreenderem que ele está na razão directa da conduta remota ou próxima mantida para cada qual.
Pode-se dizer, portanto, que a sua presença resulta do distanciamento do amor, que lhe é o grande e eficaz antídoto.
Interdependentes, o sofrimento e o amor são mecanismos da evolução. Quando um se afasta, o outro se apresenta. As vezes, coroando a luta, na recta final, ei-los que surgem simultaneamente, sem os danos que normalmente desencadeiam.
A historia dos mártires atesta-nos a legitimidade do conceito.
Acima de todos eles, porém, destaca-se o exemplo de Jesus, leccionando, pelo amor, a vitória sobre o sofrimento durante toda a Sua vida, principalmente nos momentos culminantes do Getsémani ao Gálgota, e daí à ressurreição...


Última edição por Ave sem Ninho em Seg Dez 04, 2023 9:46 pm, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 03, 2023 8:50 pm

"Os fenómenos da vida podem ser comparados a um sonho, a um fantasma, a uma bolha, a uma sombra, a uma orvalhada cintilante até a um raio luminoso, e como tal deveriam ser contemplados."
Buda (O Sutra Imutável)


II - Análise dos Sofrimentos
Buda ensinava que a única função da vida é a luta pela vitória sobre o sofrimento. Empenhar-se em superá-lo deve ser a constante preocupação do homem.
Após tentá-lo mediante o ascetismo mais austero e as disciplinas mais rígidas, o jovem Gautama afastou-se do monastério com alguns candidatos desanimados e foi meditar calmamente, logrando a Iluminação.
Estabeleceu a teoria do 'caminho do meio' para alcançar a paz. Nem mais a austeridade cruel, nem as dissipações comuns, mas o equilíbrio da meditação.
Voltou-se então para a libertação dos homens e estabeleceu as quatro Nobres Verdades: o sofrimento, suas origens, a cessação do sofrimento e os caminhos para a libertação do sofrimento.
Segundo as suas reflexões, o sofrimento se apresenta sob três formas diferentes:
o sofrimento do sofrimento; o sofrimento da impermanência e o sofrimento resultante dos condicionamentos.
O sofrimento do sofrimento é resultado das aflições que ele mesmo proporciona.
A dor macera os sentimentos, desencoraja as estruturas psicológicas frágeis, infelicita, leva a conclusões falsas e estimula os estados de exaltação emocional ou de depressão conforme a estrutura íntima de cada vitima.
Apresenta-se sob dois aspectos: físico e mental, na imensa área das patologias geradoras de doenças. Nesse caso, o sofrimento é como uma doença e resultado dela.
As doenças, porém, são inevitáveis na existência humana, em razão da constituição molecular do corpo, dos fenómenos biológicos a que está sujeito nas suas incessantes transformações.
A abrangência da acção da matéria sobre o Espirito, particularmente nos estágios mais primitivos, enseja sofrimentos constantes em face das doenças físicas continuas e das distonias mentais freqüentes.
semelhança do buril agindo sobre a pedra bruta e lapidando-a, as doenças são mecanismos buriladores para a alma despertar as suas potencialidades e brilhar além do vaso orgânico que a encarcera.
Nessa área, a ciência médica alcançou um elevado patamar do conhecimento, debelando antigas enfermidades que dizimavam milhões de existências e alucinavam multidões.
A lucidez do diagnóstico, a habilidade cirúrgica, a farmacopeia rica e as diversas terapias alternativas, têm contribuído com um grande contingente de socorro para atender os enfermos.
Embora os surtos periódicos de antigos males e o surgimento de outros que a imprevidência gera, essa conquista expressiva contribui para que tal sofrimento seja atenuado.
Na área das psicopatologias a visão humana é hoje mais benigna do que no passado, considerando o enfermo mental um ser humano, e como tal prossegue, ainda que momentaneamente tenha perdido a identidade, o equilíbrio, com o direito de receber assistência, oportunidade e amor.
Multiplicaram-se, lamentavelmente, porém, os distúrbios existenciais, comportamentais, na área psicológica, nascendo a chamada geração neurótica perdida no mare magnum das vitimas do sexo em desalinho, das drogas alucinantes, da violência e agressividade urbanas, do cinismo desafiador.
Os avanços tecnológicos não bloquearam os corredores do desespero; a cultura hedonista, fria em relação aos valores morais, e as guerras continuas fomentaram o medo, a insatisfação, o desespero, as fugas emocionais.
A juventude insegura tornou-se-lhe a grande vitima a um passo da depressão, da loucura, do suicídio.
Ao lado das diversificadas patologias desesperadoras do momento os fenómenos psicológicos de desequilíbrio alastram-se incontroláveis.


Última edição por Ave sem Ninho em Seg Dez 04, 2023 9:46 pm, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 03, 2023 8:51 pm

A mole humana passou a sofrer o efeito desses sofrimentos que se generalizaram.
A doença, todavia, é resultado do desequilíbrio energético do corpo em razão da fragilidade emocional do Espirito que o acciona. Os vírus, as bactérias e os demais microorganismos devastadores não são os responsáveis pela presença da doença, porquanto eles se nutrem das células quando se instalam nas áreas em que a energia se debilita.
Causam fraqueza física e mental, favorecendo o surgimento da doença, por falta da restauração da energia mantenedora da saúde. Os medicamentos matam os invasores, mas não restituem o equilíbrio como se deseja, se a fonte conservadora não irradia a força que sustenta o corpo.
Momentaneamente, com a morte dos micróbios, a pessoa parece recuperada, ressurgindo, porém, a situação, em outro quadro patológico mais tarde.
A conduta moral e mental dos homens, quando cultiva as emoções da irritabilidade, do ódio, do ciúme, do rancor, das dissipações, impregna o organismo, o sistema nervoso, com vibrações deletérias que bloqueiam áreas por onde se espraia a energia saudável, abrindo campo para a instalação das enfermidades, graças à proliferação dos agentes viróticos degenerativos que ali se instalam.
Quase sempre as terapias tradicionais removem os sintomas sem alcançarem as causas profundas das enfermidades.
A cura sempre provém da força da própria vida, quando canalizada correctamente.
As tensões físicas, mentais e emocionais são, igualmente, responsáveis pelas doenças - sofrimento que gera sofrimento.
O homem, desde as suas origens sociais, aprende a ter medo, a conservar mágoas, a desequilibrar-se por acontecimentos de somenos importância, desarticulando o seu sistema energético. Passa de um aborrecimento para outro, cultivando vírus emocionais que facultam a instalação dos outros, degenerativos, responsáveis pelo agravamento das suas doenças.
Os condicionamentos, as ideias pessimistas, as crenças absurdas, as acções vexatórias são responsáveis pelas tensões que levam à desarmonia.
Evitando essas cargas, o sistema energético-imunológico liberará de doenças o indivíduo, e a sua vida mudará, passando a melhorar o seu estado de saúde.
As causas profundas das doenças, portanto, estão no indivíduo mesmo, que se deve auto-examinar, auto-conhecer-se a fim de liberar-se desse tipo de sofrimento.
De imediato há o prazer que gera sofrimento. O quotidiano demonstra que a busca insaciável do prazer constitui um tormento que aflige sem compensação.
Quando se tem a oportunidade de frui-lo, constata-se que o preço pago foi muito alto e a sensação conseguida não recebeu retribuição correspondente.
Ademais, há aquisições que proporcionam prazer em um momento para logo se transformarem em dores acerbas. E o responsável por esse resultado é a ilusão. A maioria dos sofrimentos decorre da forma incorrecta por que a vida é encarada. Na sua transitoriedade, os valores reais transcendem ao aspecto e à motivação que geram prazer.
Esse é o sofrimento da impermanência das coisas terrenas. Esfumam-se como palha ao fogo, atiçado pelo vento, logo se transformando em cinza flutuando no ar.
Para conseguir desfrutar de determinado prazer o indivíduo investe além das possibilidades, constatando, depois, quantas dificuldades tem a enfrentar para manter essa conquista. A luta para possuir um automóvel último modelo expõe-no a compromissos pesados para o futuro. A imaginação estimula-o com a ilusão da posse para averiguar, passado o prazer, que não tem condições para preservar o veiculo adquirido, ou os moveis, ou a residência, enfim, tudo quanto é impermanente e brilha com atracção apenas por um dia...


Última edição por Ave sem Ninho em Seg Dez 04, 2023 9:47 pm, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 03, 2023 8:51 pm

Medidas as possibilidades sem sacrifícios, é factível constatar até onde pode aventurar-se, sem os riscos de sofrer dores e arrependimentos tardios.
Essa visão correta, realista, que se adquire da existência, emoldura-a de harmonia. No entanto, a fantasia injustificada responde pelo choque inevitável com a realidade.
Certamente, a cautela nas decisões não se pode converter em medo de agir, em cultivo de pessimismo para o futuro. São a ambição irrefreada, a precipitação, a falta de controlo, que abrem espaços emocionais para o prazer que gera dor. Aí estão os vícios sociais e morais estiolando vidas, produzindo a lassidão dos sentidos e, a médio, curto ou longo prazo conduzindo A loucura, ao autocídio. São alguns deles o inocente cigarro de exibição no grupo social como afirmação da personalidade, eliminação de tabu, respondendo por graves problemas respiratórios, cânceres, enfisemas pulmonares; o prazer etílico gerador de ressacas tormentosas, cirroses hepáticas, úlceras gástricas e duodenais, distúrbios intestinais e outros, além das alucinações que levam A violência, à depressão, à destruição de outras vidas e tudo quanto é caro, precioso, com resultados funestos; as drogas, que escravizam, iniciando-se as dependências nas primeiras tentativas que parecem proporcionar o prazer, estimulando a alegria, a coragem, a realização, vitórias fugidias sobre os fortes conflitos psicológicos, logo se convertendo em desgraças, As vezes, irremediáveis...
O engano de considerar-se invencível, superior, provando o desconhecimento da fragilidade e da impermanência do conjunto que o constitui, especialmente de seu corpo, faculta, ao ser, prazer mentiroso, que o desperta sob grande sofrimento.
Ninguém escapa As conjunturas que constituem a vida. Programada de forma a educar e fortalecer, seus aprendizes não a podem burlar indefinidamente.
Enfrentar as vicissitudes e superar os valores indicativos de prosperidade, de prazer injustificável, eis como poupar-se ao sofrimento. É certo que um número significativo de prazeres se apresenta, sem riscos de converter-se em factor afligente.
O sofrimento, portanto, quando se tem dele consciência, é facilmente evitável.
O sofrimento resultante do condicionamento abarca a educação incorrecta, a convivência social pouco saudável, que propiciam agregados físicos e mentais contaminados.
A escala de valores, para muitos indivíduos, apresenta-se invertida, tendo por base o imediato, o arriscado, o vulgar e o promíscuo, o poder transitório, a força, como relevantes para a vida. Os seus agregados, sob altas cargas de contaminação, produzem sofrimentos físicos e mentais duradouros.
As festas ruidosas atraem a atenção, as companhias jovens e irresponsáveis despertam interesse, as conversações chulas produzem galhofa, que são satisfações de um momento, responsáveis por sofrimentos de largo porte.
Ao mesmo tempo, a contaminação psíquica e física, derivada dos condicionamentos doentios dos grupos sociais e dos indivíduos, promove sofrimentos que poderiam ser evitados.
A irradiação mórbida de uma pessoa enviando a outra energia negativa, termina por contaminá-la, caso esta não possua factores defensivos, reagentes, que procedam da sua conduta mental e moral edificante.
O homem vive na Terra sob a acção de medos: da doença, da pobreza, da solidão, do desamor, do insucesso, da morte. Essa conduta é resultado de seu despreparo para os fenómenos normais da existência, que deve encarar como processo da evolução.
Herdeiro da própria consciência, é também legatário dos atavismos sociais, dos hábitos enfermos, entre os quais se destacam esses pavores que resultam das superstições, desinformações e ilusões ancestrais, tornando os condicionamentos perturbadores.


Última edição por Ave sem Ninho em Seg Dez 04, 2023 9:47 pm, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 03, 2023 8:51 pm

Absorvendo e impregnando-se desses factores negativos, os sofrimentos apresentam-se-lhe inevitáveis, produzindo distúrbios psicológicos, mentais e físicos por somatização automática.
A educação calcada nos valores éticos-morais, não castradora, que estimule a consciência do dever e da responsabilidade do indivíduo para com ele próprio, para com o seu próximo e para com a vida, equipa-o de saúde emocional e valor espiritual para o transito equilibrado pela existência física. Esse conhecimento prepara-o para que saiba seleccionar o que lhe é útil e saudável, ajudando-o no crescimento interior para a sua realização pessoal. Enquanto este discernimento não se transformar em força canalizadora para o seu bem, o indivíduo experimentara o sofrimento resultante do condicionamento, que lhe advém dos agregados físicos e mentais contaminados.


Última edição por Ave sem Ninho em Seg Dez 04, 2023 9:47 pm, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 03, 2023 8:52 pm

"Os sofrimentos devidos a causas anteriores à existência presente, como os que se originam de culpas atuais, são muitas vezes a consequência da falta cometida, isto é, o homem, pela acção de uma rigorosa justiça distributiva, sofre o que fez sofrer aos outros."
(O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, 52ª edição, FEB, Cap.V, item 7.)


III - Origens do Sofrimento
Ainda segundo o budismo, as origens do sofrimento se apresentam por meio de condições internas e externas, resultando daí outras duas ordens: as cármicas e as emoções perturbadoras.
Indubitavelmente, conforme acentua a Doutrina Espirita, o homem é a síntese das suas próprias experiências, autor do seu destino, que ele elabora mediante os impositivos do determinismo e do livre-arbítrio.
Esse determinismo - inevitável apenas em alguns aspectos: nascimento, morte, reencarnação - estabelece as linhas matrizes da existência corporal, propelindo o ser na direcção da sua fatalidade última: a perfeição relativa. Os factores que programam as condições do renascimento do corpo físico são o resultado dos actos e pensamentos das existências anteriores. Ser feliz quanto antes ou desventurado por largo tempo depende do livre-arbítrio pessoal. A opção por como e quando agir libera o Espirito do sofrimento ou agrilhoa-o nas suas tenazes.
A vida são os acontecimentos de cada instante a se encadearem incessantemente. Uma acção provoca uma correspondente reacção, geradora de novas acções, e assim sucessivamente.
Desse modo, o indivíduo é o resultado das suas actividades anteriores. Nem sempre, porém, se lhe apresentam esses efeitos imediatamente, embora isso não o libere dos actos praticados.
É possível que uma experiência fracassada ou danosa, funesta ou prejudicial se manifeste a outras pessoas como ao seu autor por meio dos resultados, após a próxima ou passadas algumas reencarnações. Esses resultados, no entanto, chegarão de imediato ou em mais tardio tempo. O certo é que virão em busca da reparação indispensável.
Da mesma forma, as construções do bem se reflectirão no comportamento posterior do indivíduo, sem que, necessariamente, tenham carácter instantâneo. O factor tempo, na sua relatividade, é de somenos importância.
Portanto, os sofrimentos humanos de natureza cármica podem apresentar-se sob dois aspectos que se complementam: provação e expiação.
Ambos objectivam educar e reeducar, predispondo as criaturas ao inevitável crescimento intimo, na busca da plenitude que as aguarda.
A provação é a experiência requerida ou proposta pelos Guias espirituais antes do renascimento corporal do candidato, examinadas as suas fichas de evolução, avaliadas as suas probabilidades de vitória e os recursos ao seu alcance para o cometimento. Apresenta-se como tendências, aptidões, limites e possibilidades sob controlo, dores suportáveis e alegrias sem exagero, que facultem a mais ampla colheita de resultados educativos. Nada é imposto, podendo ser alterado o calendário das ocorrências, sem qualquer prejuízo para a programação iluminativa do aprendiz.
No mapa dos compromissos, não figuram as injunções mais aflitivas nem as conjunturas traumatizantes irreversíveis.
As opções de como agir multiplicam-se favoravelmente, de forma que, havendo arestas a aplainar, esse trabalho não impõe uma acção imediata pelo sofrimento.
A acção do amor brinda o ser com excelentes ensanchas de alterar para melhor o seu desempenho e as suas actividades, constituindo-lhe suportáveis provas o malogro de alguma aspiração, o desafio ante algumas metas que lhe parecem inalcançáveis, as dores dos processos de desgaste orgânico e mental, sem as quedas profundas nos calabouços das paralisias, das alienações, das doenças irrecuperáveis.


Última edição por Ave sem Ninho em Seg Dez 04, 2023 9:48 pm, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 03, 2023 8:52 pm

Se tal suceder, ainda poderemos catalogar como escolha pessoal, por acreditar o candidato ser esse o meio mais eficaz para a sua felicidade próxima, liberando-se da canga rude da inferioridade moral.
Poder-se-á identificar essa providencial escolha, na resignação e coragem demonstradas pelo educando e até mesmo na sua alegria diante das ocorrências dolorosas.
As provações se manifestam, dessa forma, de maneira suave, lenificadora no seu conteúdo e abençoada nas suas finalidades. Sem o carácter punitivo, educam de forma consciente, incitando ao aproveitamento da ocasião em forma eficiente e mais lucrativa, com o que equipam aqueles que as experimentam, para que se convertam em exemplos, apóstolos do amor, do sofrimento, missionários do bem, mártires dos ideais que esposam, mesmo que no anonimato dos testemunhos, sempre se tornando modelos dignos de ser imitados por outras pessoas.
As provações mudam de curso, suavizando-se ou agravando-se conforme o desempenho do Espirito.
A eleição de certas injunções mais difíceis no processo evolutivo representa um ato de sabedoria, tendo-se em vista a rapidez da existência corporal e os benefícios auferidos que são de duração ilimitada.
Considerando-se a vida sob o ponto de vista causal, das suas origens eternas, as ocorrências na esfera física são de breve duração, não se alongando mais do que um curto período que, ultrapassado, deixa as marcas demoradas de como foram vivenciadas.
Valem, portanto, quaisquer empenhos, os sacrifícios, as provas e testes que recompõem os tecidos dilacerados da alma, advindos das anteriores atitudes insensatas.
Toda aprendizagem propõe esforço para ser assimilada e toda ascensão exige o contributo da persistência, da força e do valor moral.
Os compromissos negativos, pois, ressurgem no esquema da reencarnação como provações lenificadoras, que o amor suaviza e o trabalho edificante consola.
As expiações, todavia, são impostas, irrecusáveis, por constituírem a medicação eficaz, a cirurgia correctiva para o mal que se agravou.
Semelhante ao que sucede na área civil, o delinquente primário tem crédito que lhe suaviza a pena e, mesmo ante os gravames pesados, logra certa liberdade de movimento sem a ter totalmente cerceada. O reincidente é convidado à multa e prisão domiciliar, conforme o caso, no entanto, aquele que não se corrige é conduzido ao regime carcerário e, diante de leis mais bárbaras, à morte infamante. Guardadas as proporções, nos primeiros casos, o infractor espiritual é conduzido a provações, enquanto que, na última hipótese, à expiação rigorosa. Porque o amor de Deus vige em todas as Suas leis, mais justas do que as dos homens, seja qual for o crime, elas objectivam reeducar e conquistar o revel, não o matando, isto é, não o extinguindo.
Jamais intentam vingar-se do alucinado, antes buscam recuperá-lo, porque todos são passíveis de reabilitação.
O encarceramento nas paresias, limitações orgânicas e mentais, as paralisias, as patologias congénitas sem possibilidade de reequilíbrio, certos tipos de loucura, de cânceres, de enfermidades degenerativas se transformam em recurso expiatório para o infractor reincidente que, no educandário das provações, mais agravou a própria situação, derrapando para os abismos da rebeldia e da alucinação propositais. Entre esses, suicidas premeditados, homicidas frios, adúlteros contumazes, exploradores de vidas, vendedores de prazeres viciosos, tais como as drogas alucinogénias, o sexo, o álcool, os jogos de azar, a chantagem e muitos artigos da crueldade humana catalogados nos Estatutos Divinos.
Cada ser vive com a consciência que estrutura. De acordo com os seus códigos, impressos em profundidade na consciência, recolhe as ressonâncias como experiências reparadoras ou propiciatórias de libertação.
Há em nome do amor, casos de aparentes expiações - seres mutilados, surdos-mudos, cegos e paralisados, hansenianos e aidéticos, - entre outros, que escolheram essas situações para leccionarem coragem e conforto moral aos enfraquecidos na luta e desolados na redenção.
Jesus, que nunca agiu incorrectamente, é o exemplo máximo.


Última edição por Ave sem Ninho em Seg Dez 04, 2023 9:48 pm, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Dez 04, 2023 12:33 pm

Logo após, Francisco de Assis, que elegeu a pobreza e a dor para ascender mais, não expurgava débitos, antes demonstrava-lhes a grandiosidade dos benefícios. Helen Keller, Steinmetz e muitos outros heróis de ontem como de hoje são lições vivas do amor em forma de abnegação, convidando à felicidade e ao bem.
As expiações podem ser atenuadas, não, porém, sanadas.
Enquanto as provações constituem forma de sofrimento reparador que promove, as expiações apenas restauram o equilíbrio perdido, reconduzindo o delituoso à situação em que se encontrava antes da queda brutal.
Transitam, ainda, na Terra, portadores de expiações que não trazem aparência exterior. São os seres que estertoram em conflitos cruéis, instáveis e insatisfeitos, infelizes e arredios, carregando dramas íntimos que os estiolam, afligindo-os sem cessar. Podem apresentar aparência agradável e conquistar simpatia, sem que se liberem dos estados interiores mortificantes.
A consciência não perdoa, no que concerne a deixar no olvido o crime perpetrado. O seu perdão se expressa mediante a reabilitação do infractor.
As origens do sofrimento estão sempre, portanto, naquele que o padece, no recôndito do seu ser, nos painéis profundos da sua consciência.
Ao lado das origens cármicas do sofrimento, surgem as causas atuais, quando o homem o busca mediante a irresponsabilidade, a precipitação, a prevalência do egoísmo que o incita â escolha do melhor para si em detrimento do seu próximo. Essa atitude se revela em forma de emoções perturbadoras, que o aturdem na área das aspirações e se condensam em formas de aflição.
As emoções perturbadoras galvanizam o homem contemporâneo, mais do que o de ontem, em razão dos conflitos psicossociais, socioeconómicos, tecnológicos e outros... Os impulsos e lutas que induzem o indivíduo A perda da individualidade, escravizando-o aos padrões de conveniência vigente, são relevantes como desencadeadores de sofrimento.
Também a perda do senso de humor torna a criatura carrancuda e artificial, gerando emoções perturbadoras.
A ausência da liberdade pelas constrições de toda ordem igualmente proporciona sofrimento.
Esses fenómenos psicológicos, no campo do comportamento, propiciam emoções afligentes tais como: o desejo, o ofuscamento, o ódio, a frustração.
Porque não sabe distinguir entre o essencial e o supérfluo, o que convém e aquilo que não é licito conseguir, o homem extrapola nas aspirações e atormenta-se pelo desejo malconduzido, ambicionando além das possibilidades e transferindo-se de uma para outra forma de amargura.
O desejo é um corcel desenfreado que produz danos e termina por ferir-se, na sua correria insana.
A primeira demonstração de lucidez e equilíbrio da criatura é a satisfação ante tudo quanto a vida lhe concede. Não se trata de uma atitude conformista, sem a ambição racional de progredir, mas, sim, de uma aceitação consciente dos valores e recursos que lhe chegam, facultando-lhe harmonia interior e bem-estar na Área dos relacionamentos, no grupo social no qual se situa.
Toda vez que o desejo exorbita, gera sofrimento, em razão de tornar-se uma emoção perturbadora forte, que desarticula as delicadas engrenagens do equilíbrio.
Narra-se que a infelizmente célebre Messalina, após uma larga noite de desejos e orgia, foi interrogada por Cláudio, ao amanhecer, igualmente aturdido: - "Estás satisfeita?" Ao que ela teria redarguido: "Não; cansada!"
Febre voraz, o desejo faz arder as energias, aniquilando-as. Sempre se transfere de uma para outra área, por conduzir o combustível da insatisfação.
Males incontáveis se derivam da sua canalização equivocada, em face das suas nascentes no egoísmo, este câncer do Espirito, responsável por danos contínuos no processo da evolução do ser.


Última edição por Ave sem Ninho em Seg Dez 04, 2023 9:48 pm, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Dez 04, 2023 12:34 pm

Mesmo na realização edificante, o desejo tem que ser conduzido com equilíbrio, a fim de não impor necessidades que não correspondem a realidade. O ideal do bem, o esforço por consegui-lo expressam-se de forma saudável quão gratificante, tornando-se estimulo para o desenvolvimento constante dos germes que dormem na criatura, aguardando a eclosão dos factores que lhes são propiciatórios.
Como o efeito do desejo, o ofuscamento, que decorre da presunção e do orgulho, é causa de sofrimentos, em razão do emaranhado de raízes na personalidade do homem ambicioso e deslumbrado, como Narciso ante a própria imagem reflectida no lago.
As ilusões da prosperidade económica e social, cultural e política induzem o insensato ao ofuscamento, por permitirem-lhe acreditar-se superior aos demais, inacessível ao próximo, colocando barreiras no relacionamento com as outras pessoas que lhe pareçam de menor status, qual se estas lhe ameaçassem a situação de destaque.
Ignoram os fenómenos biológicos inevitáveis da enfermidade, velhice e morte, ou anestesiam a consciência para não pensarem nas ocorrências do insucesso, da mudança de situação, das surpresas do quotidiano.
Todos esses factores são motivos de sofrimento, quando se pretende manter a posição de relevo, quando se teme perdê-la e quando isso acontece. O ofuscamento desgoverna inumeráveis existências que se permitem as fantasias do trânsito orgânico, sem a claridade que discerne entre as reais e as falaciosas metas da vida.
Na mesma trilha, ressalta o domínio do ódio nas paisagens dos sofrimentos humanos. As suas irradiações destrutivas comburem as energias de quem o sustenta, enquanto, muitas vezes, atingem aqueles contra quem se dirigem, caso permaneçam distraídos dos deveres relevantes ou em faixas mentais equivalentes.
Loucura do amor não atendido, o ódio revela a presença predominante dos instintos agressivos vigentes, suplantando os sentimentos que devem governar a vida.
Jamais havendo motivo que lhe justifique a existência, o ódio é responsável pelas mais torpes calamidades sociais e humanas de que se tem conhecimento.
Quando se instala com facilidade, expande as suas raízes como tenazes vigorosas, que estrangulam a razão, transformando-se em agressividade e violência, em constante manifestação.
Em determinados temperamentos, é qual uma chispa insignificante em um monte de feno, produzindo um incêndio devorador. Por motivo de somenos importância, explode e danifica em redor.
O ódio é causador de muitos sofrimentos. Todo o empenho deve ser envidado para desarticulá-lo onde se apresente e instale; sem esse trabalho, ele se irradia e infelicita.
Pestilencial, ele contamina com facilidade, travestindo-se de irritação, ansiedade, revolta e outros danosos mecanismos psicológicos reagentes.
A frustração, por sua vez, responde por sofrimentos que seriam evitáveis, não fossem as exageradas esperanças do homem, as suas confusas ideias de auto-merecimento, que lhe infundem crenças falsas nas possibilidades que não lhe estão ao alcance.
Porque se supõe credor de títulos que não possui, a criatura se frustra, entregando-se a reacções inesperadas de depressão ou cólera, fugindo da vida ou atirando-se, rebelde, contra ela e os seus valores.
Quando o homem adquire a medida do pouco ou quase nenhum merecimento pessoal, equipa-se de harmonia e fé, de coragem e paz para enfrentar as vicissitudes e superá-las, nunca se permitindo malograr nos empreendimentos. Se esses não oferecem os resultados desejados, como é natural, insiste, persevera, até a constatação de que outro deve ser o campo de actividade a desenvolver ou até receber a resposta favorável do trabalho envidado.
O amor é o antídoto para todas as causas do sofrimento, por proceder do Divino Psiquismo, que gera e sustenta a vida em todas as suas expressões.


Última edição por Ave sem Ninho em Seg Dez 04, 2023 9:49 pm, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Dez 04, 2023 12:34 pm

Luarizado pelo amor, o homem discerne, aspira, age e entrega-se em confiança, irradiando energia vitalizadora, graças à qual se renova sempre e altera para melhor a paisagem por onde se movimenta.
O amor é sempre o conselheiro sábio em qualquer circunstância, orientando com eficiência e produzindo resultados salutares, que propelem ao progresso e à felicidade.
Na raiz de qualquer tipo de sofrimento sempre será encontrado como seu autor o próprio Espirito, que se conduziu erroneamente, trocando o mecanismo do amor pela dor, no processo da sua evolução.
A fim de apressar a recuperação, eis que se inverte a ordem dos acontecimentos, sendo a dor o meio de levá-lo de volta ao amor, por cuja trilha se faz pleno.


Última edição por Ave sem Ninho em Seg Dez 04, 2023 9:49 pm, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Dez 04, 2023 12:34 pm

"O homem tem de lutar com o problema do Sofrimento. O oriental quer livrar-se do sofrimento, expulsando-o; o ocidental procura suprimi-lo com remédios.
Mas o sofrimento precisa ser superado, e o único meio de superá-lo é suportando-o.
Aprendemos isso somente com Ele (Cristo Crucificado)."

Carl Gustav Jung (Letters) Princeton Princeton University Press, 1973-vol.1, p.236.


IV - Cessação do Sofrimento
Na condição de enfermidade, o sofrimento, para ser curado, encontra diversos meios eficazes. Alguns o atenuam, outros são inócuos, e raros se apresentam como de eficiência incontestável.
A cura real, porém, somente se concretizará se a terapia extirpar-lhe as causas. Enquanto não se extingam as suas fontes geradoras, ele se manifestará inevitavelmente.
Desde que o mau uso da razão o origina, é indispensável agir no fulcro do seu desencadeamento, de modo a fazer cessar a energia que o acciona e vitaliza.
Nos reinos irracionais, nos quais o sofrimento resulta do fenómeno evolutivo através do desgaste natural das formas por desestruturação das moléculas e células, o concurso do amor humano atenua-lhe a intensidade, alterando o campo e proporcionando lenitivo de equilíbrio ou saúde. O homem, que pensa, é responsável pela preservação da vida, que se manifesta em outros matizes e faz Parte do conjunto que lhe sustenta a existência, possibilitando a evolução de todos os seres e princípios vitais.
Desse modo, os atentados e a desconsideração à ecologia se reflectem na vida humana, qual ocorre com sua preservação e cuidados. São as acções respondendo pelos seus efeitos.
A fim de que se possa fazer cessar o sofrimento, torna-se imprescindível a aquisição de uma consciência responsável, capaz de remontar-lhe às origens, analisá-las e trabalhá-las com direccionamento adredemente planejado.
A educação do pensamento, a disciplina dos hábitos e a segurança das metas são os recursos hábeis para o logro, sem os quais as terapias e técnicas se tornam paliativas, sem resultarem solucionadoras.
Em alguns casos o sofrimento, em si mesmo, ainda é a melhor terapia para o progresso humano. Enquanto sofre, o homem menos se compromete, demorando-se em reflexão, de onde partem as operações de reequilíbrio. É comum a mudança de comportamento para pior, quando diminuem os factores afligentes. Uma sede de comprometimento parece assaltar o indivíduo imaturo, que parte para futuras situações penosas, complicando os parcos recursos de que dispõe. Desse modo, a duração do sofrimento muito contribui para uma correta avaliação dos actos a que ele se deve entregar.
Porque se origina no primitivismo pessoal, pensamentos e acções reprocháveis induzem-no a uma existência infeliz, da qual se liberta somente quando se resolve por escalar a montanha do esforço direccionado para a evolução, a serenidade, a harmonia,
trabalhando os metais grosseiros da individualidade e moldando-os no calor do sacrifício.
Sem esse, não há elevação moral, nem compreensão das finalidades da existência terrena.
Insculpidas na consciência, as Divinas Leis propelem a realização do bem que jaz em germe.
A demora pela definição é resultado de um período normal para o amadurecimento que faculta eleger o que deve, daquilo que não convém realizar.
A cura de uma enfermidade impõe a extinção das suas causas. Alguém que haja sido mordido ou picado por uma áspide ou um insecto venenoso deve, de inicio, bloquear, mediante garrote, a expansão do tóxico, para combatê-lo depois.


Última edição por Ave sem Ninho em Seg Dez 04, 2023 9:50 pm, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Dez 04, 2023 12:34 pm

Diante de uma pessoa que foi atingida por uma seta envenenada, recomenda antiga sabedoria hindu, arranca-se-lhe a flecha primeiro, para depois tomar-se outra providência qualquer.
As setas morais venenosas, cravadas no cerne da alma, enquanto não sejam retiradas, continuam resistindo aos antídotos aplicados nos seus danos, por prosseguirem contaminando suas vitimas.
Educar a mente, disciplinando a vontade, constitui o passo inicial para extirpar as causas das aflições, infundindo responsabilidades atuais, geradoras, por sua vez, de novos resultados saudáveis, para propiciarem o futuro bem-estar a que se está fadado.
A recomendação de Jesus sobre o amor é de eficácia incontestável, por ser, esse sentimento, gerador de valores responsáveis pela felicidade humana. O amor dulcifica o ser e incita-o às atitudes edificantes da vida. Mediante a sua vigência, pensa-se antes de tomar-se decisões, considerando-se quais as que são mais compatíveis com a ética e os anseios do próprio coração. Jamais desejando para o seu próximo o que não gostaria de experimentar, assumem-se compromissos de prosperidade, sem prejuízo de natureza alguma para si ou para os outros.
A própria lucidez gerada pelo amor induz ao perdão indiscriminado para todas as pessoas, por consequência, para si mesmo.
O olvido do mal, com abandono de propósitos de vingança, é inadiável para alguém liberar-se de expressiva soma de sofrimentos. As ideias deprimentes, acalentadas como resultados do ressentimento ou do desejo de retribuição malévola, geram enfermidades que dilaceram os tecidos orgânicos e desconsertam os equipamentos emocionais. Enquanto vigem, demoram-se os sofrimentos dominadores.
Por sua vez, o remorso e o arrependimento das acções infelizes, a tristeza e os desgostos delas derivados constituem factores mentais dissolventes que se instalam nas engrenagens da alma, provocando distúrbios psicológicos, físicos e morais de demorado curso.
O perdão para as faltas alheias luariza a paisagem intima, clareando as sombras da angústia insistente que bloqueia a alegria de viver, produzindo sofrimentos injustificáveis.
Cerrada a porta de uma afeição, agredido por um amigo ou desconhecido, deve-se sempre seguir adiante no rumo das outras, das inúmeras portas abertas que nos aguardam, e da compreensão fraternal para com o revel, considerando-o um enfermo ignorante do mal que o consome.
A vida são as incessantes oportunidades que surgem pela frente, jamais os insucessos que ocorreram no passado.
Assim, libertar-se do acontecimento negativo, qual madeira podre que se arremessa nas Aguas do rio do esquecimento, é atitude de saudável sabedoria.
Tal comportamento credencia o homem a ser perdoado pelo seu irmão, que o libera do pagamento dos seus momentos infelizes, não irradiando contra ele pensamentos destrutivos - ideias anestesiantes - que sempre são assimilados pelo fenómeno da sintonia mediante a consciência de culpa.
Quando alguém se liberta do lixo mental, acumulado pela ignorância e pela futilidade, começa o seu restabelecimento espiritual, e toda uma actividade nova se lhe apresenta favorável, abrindo-lhe espaço para a saúde.
Nesse grupo de tentames edificantes está o auto-perdão.
Considerando a própria fragilidade, o indivíduo deve conceder-se a oportunidade de reparar os males praticados, reabilitando-se perante si mesmo e perante aqueles a quem haja prejudicado.
A perfeita consciência do auto-perdão não se apoia em mecanismos de falsa tolerância para com os próprios erros, que seria negligência moral, conivência e imaturidade, antes representa uma clara identificação de crescimento mental e moral, que propicia direccionamento correto dos actos para a saúde pessoal e geral.


Última edição por Ave sem Ninho em Seg Dez 04, 2023 9:50 pm, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Dez 04, 2023 12:34 pm

O arrependimento, puro e simples, se não acompanhado da acção reparadora, é tão inócuo e prejudicial quanto a falta dele.
Assim, o complexo de culpa é igualmente danoso, porque não soluciona o mal praticado, sendo, ademais, responsável pelo agravamento dos seus maus resultados.
O auto-perdão compreende a posição mental a respeito do erro e a satisfação intima ante a possibilidade de interromper o curso dos males causados, como arrancar-lhes as raízes encravadas em quem lhes padece a constrição.
Será possível lograr o cometimento por meio de uma análise meticulosa dos factores que levaram â acção reprochável, examinando outras alternativas que não foram utilizadas e que não teriam produzido efeitos negativos, para depois predispor-se a oportuna reconsideração da atitude, liberando-se da desconfortável injunção de culpa conflituosa.
Se, ante a resolução de auto-renovação, não se encontra a receptividade por parte da vitima, não constitua, esta recusa, um novo motivo para atrito, senão estimulo para continuar-se com o propósito salutar, revestindo-se de mais paciência e tolerância, a fim de enfrentar-se a reacção do outro, igualmente enfermo e sem disposição, por enquanto, para liberar-se do mal que o entorpece.
O auto-perdão ajuda o amadurecimento moral, porque propicia clara visão da responsabilidade, levando o indivíduo a cuidadosas reflexões antes de tomar atitudes agressivas ou negligentes, precipitadas ou contraditórias no futuro.
Quando alguém se perdoa, aprende também a desculpar, oferecendo a mesma oportunidade ao seu próximo.
O bem-estar que experimenta faculta-lhe a alegria de propicia-lo ao outro, o ofendido, gerando uma aura de simpatia a sua volta, que se converte em clima de liberação do sofrimento.
A cessação real do sofrimento, portanto, dá-se quando, erradicadas as suas causas, desaparecem-lhe os naturais fenómenos das consequências.


Última edição por Ave sem Ninho em Seg Dez 04, 2023 9:50 pm, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Dez 04, 2023 12:35 pm

132. "Qual o objectivo da encarnação dos Espíritos?"
"Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm de sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação.
Visa ainda a outro fim a encarnação: o de pôr o Espirito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação.
Para executá-la é que, em cada mundo, torna o Espirito um instrumento de harmonia com a matéria essencial desse mundo, afim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus.
É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta."

(O Livro dos Espíritos, A. Kardec. 29" edição, FEB) -


V - Caminhos para a cessação do Sofrimento
Considerando-se que os sofrimentos são causados pelos desconcertos do Espirito, que desarmonizam o fluxo da energia, permitindo a instalação das enfermidades físicas, mentais e morais, a forma eficaz para que cessem deve atingir o seu fulcro gerador, graças a cujo comportamento será interrompida a onda perturbadora. Na mente lúcida surgirá então a tranquilidade, encarregada de produzir a saúde, que se irradiará por todo o organismo, produzindo o equilíbrio. Assim, os caminhos constituirão o seu remédio eficiente.
Enquanto não houver uma consciência de saúde real, o ser transitará de um para outro sofrimento.
Há pessoas que, embora sem conhecimento das regras que promovem a harmonia intima, gozam de saúde, apresentando-se bem dispostas e fortes.
são esses, no entanto, fenómenos automáticos do organismo, que se contaminará ou não durante a existência, de acordo com a conduta moral e mental que se lhe imprima, permanecendo ou não saudáveis.
A antiga sabedoria budista estabeleceu um sistema de meditação, pelo qual a saúde se instala e o sofrimento desaparece.
Jesus, portador de equilíbrio pleno, considerava o amor como a causa única para a realização ideal do ser. A mutilação ou ausência do amor a Deus, ao próximo ou a si mesmo, produz a insatisfação, o desajuste, o desequilíbrio da energia, tornando-se factor causal de doenças, de sofrimentos.
O desamor é, em realidade, uma doença, cuja manifestação se dá de imediato ou posteriormente, assinalando o ser com processos degenerativos da personalidade, que instalam no organismo os vírus e bacilos agressivos.
A somatização dos problemas emocionais que decorrem da insegurança e do medo, da mágoa e do ódio, do rancor e do ciúme é responsável por graves patologias orgânicas, assim como as diversas enfermidades físicas, produzindo distonias emocionais e perturbações psíquicas lamentáveis.
Quando o amor, conforme o conceito de Jesus, assenhoreia-se do ser humano, vitaliza-o e irradia paz, gerando uma psicosfera rica de vibrações de equilíbrio, graças às quais a saúde se exterioriza de forma positiva, inundando a vida de esperança, de altruísmo e de realizações edificantes.
O indivíduo saudável em espirito faz-se elemento útil no concerto geral, tornando-se peça indispensável ao conjunto social, que progride com os seus esforços em contributos grandiosos, dignificadores.
O recolhimento interior, mediante análise profunda dos recursos ao alcance, favorece o homem para que encontre os meios que fazem cessar o sofrimento.
Partindo de uma outra etapa lógica, ele avança na harmonização interior, propiciando à energia que preserva a saúde um curso sem bloqueio, portanto, uma irradiação em todos os sentidos, intercambiando com a vibração divina, razão essencial da vida.


Última edição por Ave sem Ninho em Seg Dez 04, 2023 9:51 pm, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Dez 04, 2023 12:35 pm

Inicialmente, deve o homem reconhecer todos os seres como se fossem a manifestação dos seus próprios pais, que lhe facultaram a vida física, especialmente a mãe, pelos sacrifícios que se impôs durante a gestação, o parto e a alimentação preservadora da vida, nascida nas suas entranhas.
Mesmo quando esta não haja sabido cumprir com os deveres livremente assumidos e aceitos, o facto de haver permitido que a vida se manifestasse, concede-lhe crédito para ser exemplo a ser considerado.
Transferir para todos os seres vivos a imagem materna, certamente sem a visão psicanalítica dos tormentos da libido, porém com sentimentos de respeito e de ternura, constitui o primeiro passo para uma auto-realização pessoal, para o equilíbrio da emoção, liberando-se interiormente de quaisquer reminiscências amargas ou perturbadoras, que são matrizes ocultas de muitos distúrbios comportamentais geradores de sofrimentos.
O homem renasce para ser livre, a fim de poder crescer e alcançar o seu fanal maior, que é a realização plena. Toda amarra emocional negativa, com a retaguarda do seu processo de evolução, torna-se-lhe uma carga constritora, responsável por inúmeros problemas afligentes.
A imagem da mãe, de alguma forma respondendo por muitos conflitos, é também criadora de saudáveis estímulos. Seus sacrifícios e dedicação, as horas infindáveis de vigília e de renúncia de si mesma em favor da prole, as melodias que cantou nos ouvidos dos recém-nascidos e todas as promessas que se foram tornando realidade merecem ser levadas em conta, repensadas e transferidas para todo ser senciente.
Diante de agressões ou submetido a dificuldades pelo seu próximo, irritado ou cínico, perverso ou escravocrata, enfermo em qualquer hipótese, deve-se considerá-lo como se fosse a mãe em um instante de fraqueza ou cansaço, carente de carinho e amizade. Ao invés da reacção também agressiva, do repúdio ou indiferença vingadora, a paciência generosa, a oportunidade para reflexão, a desculpa sincera, nenhum ressentimento, nem amargura. Esse comportamento libera-o do azedume, do ódio e do rancor, responsáveis por enfermidades que se infiltram com facilidade e que são difíceis de ser erradicadas.
Num prolongamento da afectividade, a consideração pela mãe-Natureza ressalta como de importância fundamental para o equilíbrio ecológico, por consequência, de todos quantos contribuem para a sua harmonia. Ver, portanto, em todos os seres vivos a projecção materna positiva, agradável, proporciona forças para a preservação ou restauração da saúde, para a liberação dos sofrimentos e do bem-estar, que são condições essenciais para a felicidade.
De imediato, após a reflexão-vivência desse postulado, descobrir a bondade que dorme em todos os seres e necessita ser despertada, estimulada, a fim de que frondeje, enflorescendo e produzindo frutos bons.
Além e acima das nuvens sombrias há espaços transparentes infinitos, que os limites das borrascas não alcançam.
No interior do diamante bruto, escuro e informe, fulgura uma estrela que aguarda ser arrancada a golpes de cinzel e laminas lapidadoras.
Não há ninguém que não possua bondade interior. HÁ, nos refolhos da alma, a presença de Deus como luz coagulada, aguardando os estímulos de fora a fim de brilhar com alta potência.
Pessoas agressivas, que se comprazem em atormentar, produzindo sofrimentos, são portadoras de muitas dores intimas, que buscam disfarçar sob a máscara da violência, da falsa superioridade, da alucinação.
Mesmo os animais selvagens, sob domesticação, tornam-se amigos, e recebendo a vibração do amor alteram a constituição do instinto agressivo, mudando de comportamento, o que atesta a presença do psiquismo divino em germe, em tudo e todos.
Trata-se de uma conquista de sabedoria poder penetrar na bondade latente dos seres, buscando sintonizar com esse estado de vida, ao invés de vincular-se apenas as manifestações exteriores, as suas reacções defensivas-agressivas, que são portadoras de vibrações morbíficas, portanto, desencadeadoras de muitos males que respondem pelos sofrimentos.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Dez 04, 2023 9:56 pm

Da experiência de identificar a bondade nos seres em geral vem a extraordinária conquista de descobrir a presença de Deus em toda parte, em todas as criaturas, estabelecendo vínculos emocionais de intercâmbio consciente, já que, inconscientemente, o indivíduo experimenta uma interdependência de que ninguém se exime. Fazer que o fenómeno automático do intercâmbio se torne lúcido é empreendimento válido que faculta o progresso dos homens, desenvolvendo aptidões mais eloquentes e expressivas.
A vida é um permanente desafio, rica de oportunidades de crescimento e penetração nos seus profundos arcanos, que se revelam cada vez mais fascinantes e valores intelecto-morais do Espirito na sua faina de evoluir.
A dor e o sofrimento em geral são estágios mais primitivos do processo de desenvolvimento que, mediante as sensações e emoções afligentes, propelem o ser para outros planos, patamares mais elevados, nos quais os estímulos se apresentam de maneira diversa, mais nobremente convidativos.
Em tudo e em todos jazendo a presença de Deus, é necessário saber descobrir neles a bondade que expressa a sua essência, a sua origem, igualmente presente em todas as vidas.
Nesse estágio, cumpre acentuar o desejo de retribuir essa bondade, essa presença divina.
A harmonia universal resulta da diversidade de formas, de expressões, de apresentações, em subtis processos de sintonia, de similaridade.
Da mesma forma, ao ser identificado qualquer valor relevante, especialmente a bondade em pessoas e animais, nos elevados objectivos da vida vegetal, é preciso planejar retribuir esse sentimento.
Partindo da intenção, deixar crescer o desejo de devolver, por natural fenómeno de retribuição, a bondade, já então mais desenvolvida no seu mundo interior.
Do pensamento à palavra, à acção, passo a passo se agiganta a intenção que se converte em realidade criadora, retributiva, desenvolvendo recursos de alta magnitude em redor. Essa movimentação de energia positiva é saudável esforço para evitar-se o sofrimento ou dele liberar-se.
A bondade é um pequeno esforço do dever de retribuir com alegria todas as dádivas que o homem frui, sem dar-se conta, sem nenhum esforço, por automatismo - como o sol, a lua e as estrelas, o firmamento, o ar, as paisagens, a água, os vegetais, os animais - e que, inadvertidamente, o homem vem consumindo, poluindo com alucinação, matando com impiedade...
A vida cobra aos seus agressores o preço da interferência negativa na sua ordem e estrutura.
Assim, devolver-lhe a bondade é respeitar-lhe os códigos da existência, da sobrevivência, fomentando-lhe o aumento, a continuidade, a própria vida, onde quer que ela se expresse. Essa bondade que se pode denominar como dever retributivo, abre espaço ao hábito para outras formas de manifestá-la.
Os sentimentos nobres que não são estimulados à acção por largo período embotam-se, debilitam-se, quase desaparecem. Desse modo, a bondade cresce por meio do exercício, tornando-se um hábito de vida ou desaparecendo por falta de acção.
Optar por agir ou não com bondade é atitude da mente e produzir o bem é do coração.
HÁ em todos os seres o instinto de conservação da vida e uma natural inclinação para o bem, em razão de serem herdeiros de Deus em aprendizagem, na forma da utilização dos recursos à sua disposição.
A escolha do rumo a seguir depende do interesse imediato de resultados ou da lúcida preferência de frutos posteriores duradouros, mediante a renúncia do momento.
A ascese longa e, às vezes, difícil, será lograda fatalmente, em face da destinação assinalada para todos Os seres. Torná-la iluminada e agradável deve ser a opção de todos quantos pensam e anelam por fazer cessarem os próprios sofrimentos.
O exercício da bondade faculta campo para a vigência do amor, cuja conquista plena coroa a vida, libertando-a de todas as algemas que a retêm. O amor é a vibração do Pai expandindo-se na direcção do filho e dele se exteriorizando em todas as direcções. Mesmo nos indivíduos mais cruéis, nos verdugos mais insensíveis, vigem os lampejos do amor em ondas de ternura, gestos de carinho, expressões de sacrifício...
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 05, 2023 12:54 pm

Preservando a vida da prole, as feras se expõem por instinto, traindo a presença imanente do amor em forma irracional.
No homem, o amor esplende e cria o heroísmo, o holocausto, o sacrifício com que a vida se engrandece e triunfa sobre a morte, qual dia perene sobre a noite transitória.
O exercício do amor, dilatando o sentimento que se harmoniza com a alma da vida em tudo pulsando, favorece a cessação do sofrimento, acaso existente.
É o antídoto mais poderoso para quaisquer fenómenos degenerativos, em forma de dor ou ingratidão, agressividade ou desequilíbrio, crime ou infâmia. Ele possui os ingredientes que diluem o mal e favorecem o surgimento do bem oculto.
Onde viceja o progresso, o amor se manifesta. Há excepções, como no caso do crescimento horizontal, em que o interesse e a ganância fomentam o desenvolvimento económico, tecnológico e social... Mesmo aí, o amor se encontra presente, embora direccionado para o egoísmo, a satisfação dos próprios sentidos, de onde partirá para os gestos altruísticos, que proporcionam a alegria de outrem, o bem-estar geral...
Sem o passo inicial, ninguém vence as distâncias. O egoísmo é a estaca zero, às vezes perniciosa, para ensejar os primeiros movimentos no rumo da solidariedade, do bem comum. Pior que ele é o desinteresse, a morbidez da indiferença, deixando transparecer que o amor está morto, não obstante se encontre dormindo, aguardando o estimulo correspondente para despertar.
A vida é impossível sem o amor. Da mesma forma que o crime se disfarça e os sentimentos inferiores se escamoteiam sob máscaras diversas, há várias expressões positivas que surgem no homem reflectindo o amor de que ele ainda não se deu conta. A medida que se agiganta, neutraliza o sofrimento e a sua vigência contribui para que cessem as causas degenerativas que facultam o sofrimento. Quando atinge elevada qualidade, em somente uma pessoa, anula a fúria e o ódio com suas incontáveis vitimas, bem como dos seus fomentadores.
Irradiando-se, à semelhança da luz, domina todos OS escaninhos e tudo arrasta na direcção do fulcro gerador da energia.
Amor é sinónimo de saúde moral e quem o possui elimina as geratrizes envenenadas que se expandem produzindo sofrimento.
O amor é subtil e sensível, paciente e constante, não se irritando nem se impondo nunca. No entanto, quem lhe experimenta o mimetismo, jamais o esquece. Mesmo que momentaneamente lhe interrompa o fluxo, ele sempre volve.
Na raiz de toda acção enobrecida está a seiva do amor, produzindo vida e sustentando-a.
Usar essa energia vital constitui dever e, com a consciência lúcida de sua magnitude, aplicá-la em prol da harmonia faz cessar o sofrimento. Ela é vibração positiva, que enseja entusiasmo e optimismo, dando colorido à existência. Reverdece a terra cansada do coração e drena o charco, no qual a pestilência das paixões deixou que se descompusessem a esperança e a alegria.
Ninguém ama inerte. Dinâmico, o amor induz à acção construtiva, responsável pelo progresso.
Objectivando sempre o bem, concentra suas forças nele e não desiste enquanto não lobriga a meta. Ainda aí permanece solidário, de modo a evitar que o ser depereça e tombe no desânimo.
Como o sofrimento decorre da insatisfação, da distonia, da degeneração dos tecidos e dos fenómenos biológicos desajustados, o amor age sobre as moléculas como onda vitalizante e, restaurando-lhes o equilíbrio, vence o sofrimento, interrompendo-lhe o fluxo causal.
Quando, porém, perseveram as dores físicas, efeitos dos desarranjos orgânicos, a resignação e a coragem do amor amortecem-lhes os efeitos, tornando-os suportáveis e produzindo os heróis do sofrimento, cujo martírio de qualquer procedência, deles fazem modelos que dão força e dignidade às demais criaturas, assim embelezando a vida moral e humana na Terra.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 05, 2023 12:54 pm

Sob a acção do amor, são processados novos mecanismos cármicos positivos, que interrompem aqueles de natureza perniciosa, porquanto o bem anula o mal e suas consequências, liberando os infractores das leis, quando eles as recompõem e corrigem os mecanismos que haviam desarticulado.
É o amor que leva à piedade fraternal, à compaixão, induzindo o homem à solidariedade e mesmo ao sacrifício.
Há um tipo de compaixão que, não resultando da acção dinâmica do amor profundo, pode ser perniciosa e até deprimente. Trata-se daquela que lamenta o sofrimento e descoroçoa quem o experimenta, como uma forma de aureolá-lo de desdita e abandono, de falta de sorte e desgraça. Essa atitude transparece e resulta de uma óptica equivocada sobre o sofrimento, deixando a perspectiva de que o mesmo é punição arbitrária, injustiça perturbadora.
A compaixão junta-se ao companheirismo, que comparte dos sentimentos alheios, sem enfraquecer-lhes as resistências morais, incitando o indivíduo à perseverança nos ideais e postulados relevantes, que o impulsionam ao incessante avanço, sem possibilidade de retrocesso.
Compaixão pelo bem, fruto do amor, o ser age adequadamente, mudando a estrutura do sofrimento, do qual o cinzel da ternura arranca as asperezas e anfractuosidades. Esse sentimento é semelhante à suavidade do luar em noite escura espraiando luz ténue e confortadora sobre a paisagem. Faculta uma visão propiciadora de acções úteis, onde predominavam as sombras do desalento, do medo e do desespero em crescimento.
A paixão pelo serviço de elevação irradia piedade construtiva, que estimula à beneficência e da calor à filantropia, aureolando-a de vigor fraternal, graças ao qual os sentimentos solidários expressam o amor em sua multiface.
A ausência de compaixão envilece o homem e a falta de paixão pelo bem torna o ser revel, quando não o mantém apenas na indiferença mórbida, qual observador mumificado diante dos acontecimentos do cotidiano.
O serviço do bem, com a correspondente paixão de sustentado, transforma-se em caridade que plenifica aquele que recebe o socorro e quem o propicia. Enseja acção de dupla via: a satisfação que faculta aquele a quem é dirigida e a que retorna como resposta interior da consciência tranquila pela emoção experimentada.
A vida sempre responde de acordo com a maneira como é inquirida. A cada acção resulta uma equivalente reacção, desencadeando sucessivos efeitos que se tornam consequências desta última, por sua vez geradora de novos resultados.
Para que seja interrompido o ciclo, quando pernicioso, a compaixão por si mesmo e pelo próximo induz o homem às acções construtivas, nas quais se instalam os mecanismos que desencadeiam resultados favoráveis ao progresso, assim interrompendo a onda propiciadora de sofrimento.
A paixão de Cristo por todas as criaturas é um estimulo constante a que se compadeçam os indivíduos uns pelos outros, sustentando-se nas dores e dificuldades, jamais piorando as suas necessidades ou afligindo-se mais por meio dos instintos agressivos, por acaso prevalecentes em sua natureza animal.
É de vital importância a compaixão no comportamento humano. Ela conduz à análise a respeito da fragilidade da existência corporal e de todos os engodos que a disfarçam.
Sendo a ilusão um factor responsável por incontáveis sofrimentos, a compaixão desnuda-a.
Porque se fantasia a existência terrena com quimeras e sonhos, a realidade, desfazendo essa imagem infantil, leva ao sofrimento todos aqueles que, imaturos, confiaram em demasia na transitoriedade das formas e da apresentação física, das promessas de afecto imorredouro e de fidelidade perpétua, de alegria sem tristeza e meio-dia sem crepúsculo no fim da jornada.
Assim, a morte da ilusão fere aqueles que lhe confiaram a existência, entregando-se-lhe sem reserva, sem precaução.
A ilusão é, pois, anestésico para o Espirito. Certamente, algo de fantasia emoldura a vida e dá-lhe estimulo.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 05, 2023 12:54 pm

Entretanto, firmar-se nos alicerces frágeis da ilusão, buscando aí construir o futuro, é pretender trabalhar sobre areia movediça ou solo pantanoso coberto por água tranquila apenas na superfície.
Há quem postergue a realidade, evitando-a, para não sofrer... E existem aqueles que pretendem apoiar-se no realismo rude, que não passa, muitas vezes, de outra forma errónea de ilusão.
A consciência da realidade resulta da observância dos acontecimentos diários, da transitoriedade do chamado mundo objectivo e de uma análise tranquila e lúcida a respeito do que é verdadeiro em relação ao aparente, do essencial ao secundário, e sucessivamente.
A compaixão por si mesmo - amor a si próprio - faculta a visão realista, sem agressão, dos objectivos da existência terrena, impulsionando a compaixão pelo seu Irmão - amor ao próximo - solidarizando-se com a sua luta e dando-lhe a mão amiga, a fim de sustenta-lo ou erguê-lo para que prossiga na marcha.
Essa atitude, ao invés de produzir uma postura pessimista, céptica, amargurada, resultante da morte da ilusão, alenta e engrandece, dando sentido e significado a todos os acontecimentos.
Por isso, a compaixão se torna factor que faz cessar os sofrimentos, como resultado natural dos outros passes, partindo da emoção para a acção.
Apresenta-se, então, no painel do comportamento, ii necessidade de agir com inteireza, com abnegação, enobrecedora.
Todas as experiências humanas constituem formas de amadurecimento da criatura. Algumas decorrem dos deveres imediatos e são comuns atados, constituindo a sua vivência um fenómeno natural, sem o qual se experimenta inevitável alienação com todas as suas consequências perniciosas.
O facto de participar do contexto social, mesmo que sem gestos incomuns ou de arrebatamento, equipa o indivíduo com recursos emocionais que lhe trabalham a existência, aformoseando-a com estímulos crescentes para o seu prosseguimento.
No que tange aos meios para facultarem a cessação do sofrimento, as acções meritórias, conforme já enfocadas, são preponderantes, destacando-se aquelas inabituais, que caracterizam os temperamentos nobres, os sentimentos abnegados.
Distinguir-se por meio dos gestos incomuns, desconhecidos, é forma de buscar a iluminação mediante o concurso da realização de tudo quanto internamente se conjuga para esse fim.
Quem acumula um tesouro tem em mente aplicá-lo em finalidades especificas. Se portador de sabedoria, pensa em multiplicá-lo ao tempo em que o investe, escolhendo os empreendimentos mais rentáveis, seja do ponto de vista económico, assim como de retribuição
emocional. Com essa atitude promove o progresso, gera oportunidades de serviço e dignifica as vidas que antes estavam sob a ameaça do desespero e da inutilidade.
Da mesma forma, os recursos espirituais e emocionais elevados devem ser canalizados para as actividades incomuns, superiores, as quais nem todos se atrevem a realizar.
As acções incomuns variam desde os contributos materiais valiosos, irrigados de amor e de ternura até os gestos extraordinários do silêncio ante as ofensas, do perdão as agressões e do esquecimento do mal.
Todo aquele que dilui as forças negativas que teimam por obstruir-lhe o avanço, utilizando-se do detergente do amor, evita contaminar-se, e se já visitado por elas, liberta-se, fazendo com isso que cessem as causas e desapareçam os sofrimentos.
O campo mental indefeso faculta que as farpas do mal aí proliferem, infestando a área com resíduos pestíferos, responsáveis por males incontáveis.
A defesa, em relação aos factores perniciosos, é somente possível quando a irradiação de energias saudáveis vitaliza a organização psíquica, que reflecte as aspirações do Espirito, resguardando-a das agressões externas.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 05, 2023 12:55 pm

Não gerando pensamentos destrutivos nem acumulando vibrações perturbadoras de ódio, medo, ciúme, rancor, mágoa, concupiscência, não se faz vitima dos conteúdos internos degenerativos.
Esse estado interior impulsiona aos actos incomuns superiores, passo próximo da iluminação.
Somente iluminando-se, o homem supera todas as dores; erradicando-lhes as
causas, resguarda-se de agressões destrutivas. A iluminação resulta do esforço da busca intima do ser profundo, opção de sabedoria que é, em relação ao ego que prevalece no mapeamento das aspirações humanas mais imediatas, portadoras de distúrbios vitais e fragorosas derrotas na luta, que é a breve existência corporal.
O desenvolvimento da chama divina imanente em todos os seres merece todos os sacrifícios e empenhos, a fim de que arda em todo o seu esplendor, vencendo as teimosas sombras, que são a herança demorada das experiências nas faixas primitivas do processo inicial da evolução.
A verdadeira iluminação promove o homem que, superando as contingências-limites da estância carnal, anula todas as causas de sofrimentos, fazendo-as cessar.
JÁ não necessita da dor para alcançar metas, pois o amor lhe constitui a razão única do existir, em sintonia com o pensamento divino que o atrai cada vez com mais vigor para a meta final.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 05, 2023 12:55 pm

VI - Altruísmo
O altruísmo, que é lição viva de caridade, expressão superior do sentimento de amor enobrecido, abre as portas à acção, sem a qual não teria sentido a sua existência.
Dilatação da solidariedade, alcança o seu mais significativo mister quando reparte bênçãos e comparte aflições, trabalhando por minimizar-lhes os feitos, erradicando-lhes as causas.
É o próprio amor ensinado por Jesus, que esquece de si mesmo para concentrar-se no bem do seu próximo, olvidando todo o mal para agigantar-se nas aspirações do progresso, da ordem e da felicidade.
Antítese do egoísmo, cicatriza as lesões da alma, que este produz, fomentando a vigência da saúde integral.
Estrela luminar, irradia paz envolvente, que alcança e vence as grandes distâncias emocionais e preconceituosas que separam os homens. Arrasta os corações que se deixam impregnar pela sua irradiação, assinalando, indelevelmente, os períodos das vidas com a sua presença.
O desejo de posse, de gozo, de superioridade, que tipifica o egoísmo, na área libertadora do altruísmo, se converte em anelo de doação, de felicidade, de fraternidade.
O próprio desejo muda de conteúdo, perdendo a face tormentosa de jogo de prazeres, para constituir-se numa aspiração ao serviço.
Os impulsos da carne, que buscam satisfazer os instintos e as paixões mais fortes, mais primárias, transformam-se em arrebatamentos de bondade e compreensão humana.
O próximo deixa de ser usado para ser dignificado. Todos os estímulos são conduzidos para o seu crescimento e triunfo sobre as falsas necessidades, trabalhando-lhe as virtudes em despertamento, a fim de que o homem espiritual sobreponha a sua à natureza dominante do homem animal.
A existência do altruísmo revela-se por diversos sentimentos de grandeza moral, que dão dignidade à vida. Entre esses, a generosidade assume papel de destaque, por ser-lhe a primeira manifestação prática, portanto, a sua forma inicial de exteriorizar-se na acção.
Costuma-se afirmar que, aquele que não abre a mão, mantém fechado o coração.
E com fundamento, porquanto a generosidade tem inicio no sentimento que ama e deseja ajudar, a fim de concretizar-se na acção que socorre. Abrir a mão é o gesto de deixar verter do coração ao mundo exterior o fluxo generoso em forma de doação, a fim de alcançar, no futuro, as grandiosas formas de abnegação. A generosidade, portanto, doa, de inicio, coisas, objectos e utensílios, roupas e alimentos, agasalhos e tecto, para depois brindar sentimentos, aprimorando a arte de servir até poder doar-se.
Somente quem se exercita na oferta material, predispõe-se às dádivas transcendentes, aquelas que não têm preço, "não enferrujam" nem "os ladrões roubam".
A generosidade mais se enriquece quanto mais distribui, mais se multiplica quanto mais divide, pois que tudo aquilo que se oferece possui-se, não obstante, qualquer valor que se retenha passa-se a dever. A felicidade, desse modo, resulta da acção de doar, dos benefícios dela decorrentes.
O homem generoso irradia simpatia e gera bem-estar onde se encontra.
Visceral adversária do egoísmo, a generosidade arranca, pela raiz, as tenazes desse responsável pela causalidade dos sofrimentos.
Jesus, na cruz, padecendo a ingratidão dos homens, ainda atendeu o ladrão que lhe rogou socorro, generosamente prometendo-lhe o reino dos Céus, que já se lhe instalava na mente e no coração, a partir daquele momento.
O altruísmo, no processo de expansão, apresenta-se, também, com uma formulação ética.
Entendamos essa ética, na condição de serenidade que respeita todos os comportamentos, sem impor a sua forma de ser, de encarar a vida, de manifestar-se.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122199
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis Empty Re: Série Psicológica Vol. 3 - Plenitude/Joanna de Angelis

Mensagem  Conteúdo patrocinado


Conteúdo patrocinado


Ir para o topo Ir para baixo

Página 1 de 3 1, 2, 3  Seguinte

Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos