LUZ ESPÍRITA
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Série Psicológica Vol. 13 - Conflitos Existenciais/Joanna de Angelis

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 05, 2024 9:14 pm

Conflitos Existenciais
Divaldo Pereira Franco

(Joanna de Ângelis)

Série Psicológica Vol. 13

No seu estilo inconfundível, o Nobre Espírito Joanna de Ângelis apresenta-nos a sua mais nova obra, Conflitos Existenciais, resumindo "vários comportamentos perturbadores que se apresentam como testes de resistência para o indivíduo humano", enfocados à luz da psicologia, da psicanálise e da psiquiatria, sob o prisma, porém, da Doutrina Espírita.
Esta grande obra psicografada por Divaldo Franco constitui uma excelente oportunidade para reflectirmos em torno da problemática da existência, analisando-a criteriosamente.
Aqui, desfilam os mais graves e palpitantes assuntos, sobre os quais discorre com grande saber e perícia a nossa Veneranda Mentora.
O medo, a raiva, a preguiça, o ciúme, a violência, o amor, a morte, as fugas psicológicas e tantos outros conflitos fazem parte do universo desta joia que nos é oferecida pela Espiritualidade Maior.
Assim... melhor para nós, para a nossa evolução. Divaldo Pereira Franco é um dos mais consagrados oradores e médiuns da actualidade, fiel mensageiro da palavra de Cristo pelas consoladoras e esperançosas lições da Doutrina Espírita.
Com a orientação de Joanna de Ângelis, sua mentora, tem psicografado mais de 250 obras, de vários Espíritos, muitas já traduzidas para outros idiomas, levando a luz do Evangelho a todos os continentes sedentos de paz e de amor. Divaldo Franco tem sido também o pregador da Paz, em contacto com o povo simples e humilde que vai ouvir a sua palavra nas praças públicas, conclamando todos ao combate à violência, a partir da auto pacificação.
Há 60 anos, em parceria com seu fiel amigo Nilson de Souza Pereira, fundou a Mansão do Caminho, cujo trabalho de assistência social a milhares de pessoas carentes da cidade do Salvador tem conquistado a admiração e o respeito da Bahia, do Brasil e do mundo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 05, 2024 9:15 pm

Súmula
Conflitos Existenciais


01 - Fugas psicológicas
* Causas psicológicas das fugas * Danos imediatos e remotos decorrentes * Soluções
02 - Preguiça
* Factores causais da preguiça * Transtornos gerados pela preguiça * Terapia para a preguiça
03 - Raiva
* Raiva e primarismo * Raiva e transtorno emocional * Terapia para a raiva
04 - Medo
* Psicopatologia do medo * Diferentes manifestações do medo * Erradicação do medo
05 - Ressentimento
* Causas psicológicas do ressentimento * Efeitos perniciosos e transtornos Emocionais do ressentimento * Terapia libertadora
06 - Culpa
* A psicologia da culpa * As Lamentáveis consequências da culpa não liberada * Processos de libertação da culpa
07 - Ciúme
* Psicogénese do ciúme * Comportamentos doentios * Terapia para o ciúme
08 - Ansiedade
* Psicogénese da ansiedade * Desdobramento dos fenómenos ansiosos * Terapia para a ansiedade
09 - Crueldade
* Psicogénese da crueldade * Desenvolvimento da crueldade * Terapia para a crueldade
10 - Violência
* Psicogénese da violência * Desenvolvimento da violência * Terapia libertadora da violência
11 - Neurastenia
* Psicogénese da neurastenia * Desenvolvimento da neurastenia * Terapia para a neurastenia
12 - Drogadição
* Factores causais da drogadição * Dependência química * Terapia de urgência
13 - Tabagismo
* Causas do tabagismo * Instalação e danos da dependência viciosa * Terapia para o Tabagismo
14 - Alcoolismo
* Alcoolismo e obsessão * Prejuízos físicos, morais e mentais do alcoolismo. * Terapia para o alcoolismo
15 - Vazio existencial
* Psicogénese da perda de sentido * Autoconsciência * Terapia libertadora
16 - Stress
* Razão de ser do stress * Processos e mecanismos stressantes * Terapia para o stress
17 - Fobias
* Psicogénese das fobias * Desenvolvimento fóbico * Terapia para os transtornos fóbicos
18 - Coragem
* Origem da coragem * Desenvolvimento da força e da virtude da coragem * Aplicação da coragem
19 - Amor
* Psicogénese do amor * Desenvolvimento do amor * Sublimação do amor
20 - Morte
* Fisiologia Da Morte * Inevitabilidade da morte * Libertação pela morte
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Conflitos Existenciais
A marcha do progresso é inexorável. Pode ser perturbada ou dificultada, nunca, porém, ficar retida em conveniências de indivíduos ou de grupos, paralisando o seu processo.
Da mesma forma, a criatura humana está destinada à plenitude, avançando, não poucas vezes, sob injunções dolorosas que resultam da ignorância ou da má utilização dos recursos preciosos que se lhe encontram ao alcance.
De origem divina, experiência as mais diferentes manifestações da vida, desenvolvendo os valores sublimes que lhe dormem em germe até atingir a felicidade que lhe está destinada.
Essa felicidade, porém, deverá ser conquistada, passo a passo, mediante o esforço pessoal e o investimento de luta, de modo que desabrochem os seus potenciais que impulsionam à conquista da glória.
Através das multifárias reencarnações, o Espírito aprimora-se, libertando-se do primarismo pelo qual transitou e avançando no rumo da sublimação.
O sentido da vida inteligente é ascensional, que se logra através dos desafios existenciais que devem ser vencidos, porquanto são carregados das heranças negativas, que procedem das experiências anteriores malogradas e necessitam de ser corrigidas.
Em razão disso, esses desafios apresentam-se como conflitos perturbadores que enfermam, desorientam, empurram para situações dolorosas, quando não direccionados com sabedoria e enfrentados com valor.
Durante muito tempo acreditou-se que o ser humano vem ao mundo qual se fora uma folha de papel em branco, uma tabula rasa, e que a imitação em relação ao que via, ao que experimentava, a iniciar pelos pais que lhe vertiam os conhecimentos e aprendizagens, facultava o arquivamento das impressões que deveria repetir depois.
Experiências significativas, no entanto, demonstraram que a tese era destituída de legitimidade, porquanto os cegos de nascimento, que não podiam acompanhar as expressões da face de outrem, sorriam e apresentavam as mesmas características da tristeza que jamais haviam visto. De igual maneira, os povos ainda primitivos que vivem na Terra, visitados por cientistas cuidadosos, demonstravam os mesmos sentimentos do ser civilizado, embora jamais houvessem contactado com ele, assinalando no semblante o ríctus da dor e a largueza da alegria.
Desde há muito, o pai da doutrina evolucionista, Charles Darwin, houvera escrito um tratado sobre a fisionomia humana, sugerindo estudos com cegos, de modo a se confirmar a ancestralidade dos caracteres emocionais e suas expressões em indivíduos que jamais tiveram oportunidade de vê-las noutrem.
Esse estudo abriria espaço para maior observação em torno dos sentimentos que a Psicologia científica desprezava, há mais ou menos quarenta anos...
Com o advento de novas conquistas psicológicas em torno do ser humano, pôde-se constatar que há uma herança atávica assinalando todos os indivíduos com idênticas expressões faciais e emocionais, sem que tenha havido qualquer contacto entre eles.
Do ponto de vista espírita, essa herança procede das reencarnações anteriores, que imprimiram no Espírito as suas necessidades, mas também as suas realizações, facultando-lhe o avanço progressivo, cada vez que uma etapa do processo de crescimento é vencida. Graças a essa constatação, na raiz de todo processo aflitivo existe uma herança psicológica de outra existência, ressurgindo como necessidade de reparação, a fim de favorecer o Espírito com novas aquisições, sem amarras com os fracassos que ficaram no passado...
Desse modo, a felicidade no mundo é possível, desde que seja desenvolvido o empenho por consegui-la.
Ninguém se encontra na Terra exclusivamente para sofrer, mas para criar as condições da saúde real e da alegria plena.
Mesmo no caso das expiações vigorosas, enquanto vigem trabalham pela libertação do ser encarcerado logo seja concluída a reeducação.
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Os estudiosos da conduta psicológica constatam também que essa felicidade é possível, porque existem factores fisiológicos que a propiciam, e referem-se ao milagre da dopamina, o neuropeptídeo que a fomenta e a produz.
Experiências cuidadosas com tomografia computadorizada apresentam as áreas cerebrais onde se situam a felicidade e a infelicidade, resultado das emoções e dos fenómenos físicos, produzidos pela dopamina, bem como por outras substâncias, assim confirmando a tese de natureza orgânica.
Um sentimento qualquer envia impulsos, procedentes do tronco cerebral ao cerebelo, que os processa e envia aos músculos como ordens, permitindo que o diencéfalo entre em acção, propiciando a excitação emocional, de modo que o córtex ative as circunvoluções na área do lóbulo frontal, transformando as emoções em atitudes e realizações objectivas. Ocorre, assim, todo um processo electroquímico, através do qual o sentimento estimula as áreas próprias que o transformam, conduzem e materializam.
É fácil, portanto, de compreender-se que o ser humano é todo um feixe de emoções que necessitam ser bem direccionadas, e que a educação, o conhecimento, o exercício se encarregam de transformar em vivências.
Aprofundando-se mais a sonda no cerne do ser, constata-se que todo esse complexo de energia procede do Espírito, que a exterioriza conforme o seu padrão evolutivo, produzindo emoções superiores ou inquietantes de que tem necessidade no campo do crescimento moral. Assim, os desafios existenciais que se apresentam como emoções perturbadoras, transtornos neuróticos — de ansiedade, de culpa, de estresse, de angústia — exigem atenção e devem ser cuidados de forma especial, mediante as conquistas das modernas ciências psíquicas, bem como das contribuições do Espiritismo, na sua feição de Ciência da alma.
Assim, a felicidade é desencadeada pela harmonia que o Espírito experimenta a sensação agradável do dever cumprido, a rectidão moral, facultando ao cérebro a produção da dopamina, da serotonina, da noradrenalina e de outras substâncias do mesmo género.
A conquista da felicidade ocorre quando se transita de um para outro estado de espírito em equilíbrio, portanto, de maior harmonia. Da mesma maneira, o sofrimento é uma transição da situação inferior, estágio que já deveria ter sido vencido.
A felicidade, portanto, não significa oposição à infelicidade.
Esse estado de bem-estar, de harmonia entre o ego e o Self resulta de conquistas morais e espirituais, da vitória sobre os desafios existenciais. Reunimos no presente livro vários comportamentos perturbadores que se apresentam como testes de resistência para o indivíduo humano, e procuramos enfocá-los, ora à luz da Psicologia, ora da psicanálise, ora da Psiquiatria, todos porém, sob a visão espírita, convidando o leitor à reflexão, à cuidadosa análise em torno da existência que desfruta.
Nada de novo apresentamos excepto o enfoque doutrinário que retiramos do Espiritismo e que tem faltado ao conhecimento de nobres psicoterapeutas, assim como ao de outros especialistas na área da saúde mental e emocional.
O nosso desejo é contribuir de alguma forma em favor da saúde integral, da felicidade do ser humano convidado ao crescimento espiritual, não raro, por intermédio do sofrimento, desde que se nega a realizá-lo mediante o amor.
Com este livro, desejamos também homenagear a obra magistral O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, pelo transcurso do seu 140° aniversário de publicação, em Paris (França), que será comemorado no próximo mês de agosto.
Embora reconhecendo a singeleza do nosso trabalho, desejamos que o gentil leitor encontre nas páginas que seguem algo de útil para o seu aprimoramento moral e espiritual, auxiliando-o a vencer galhardamente os desafios existenciais.

Salvador, 24 de junho de 2005.
Joanna de Ângelis
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1 — Fugas psicológicas
Causas psicológicas das fugas - Danos imediatos e remotos decorrentes - Soluções

Causas psicológicas das fugas
Normalmente, o sistema nervoso central consegue suportar altas cargas emocionais, diluindo-as ou transferindo-as de localização. Em face dos estímulos que proporciona ao sistema endocrínico, o formidando laboratório glandular responde mediante os hormônios específicos que são produzidos e distribuídos em rede segura por todo o organismo.
Embora seja o Self o desencadeador das emoções, a maquinaria orgânica tem a finalidade de expressá-las.
Ocorre, no entanto, que as sucessivas descargas emocionais perturbadoras de tal forma sobrecarregam os nervos que, invariavelmente, transferem aquelas mais difíceis de contornadas e aceitas para os arquivos do inconsciente, dando lugar às fugas psicológicas em que se comprazem muitos pacientes.
Em vez dos enfrentamentos dos problemas com naturalidade, determinadas predisposições emocionais impedem a aceitação das ocorrências mais exaustivas, produzindo um mecanismo automático escapista, mediante o qual parece livrar-se da dificuldade, quando apenas a posterga. Tão natural e repetitivo se faz esse fenómeno, que o paciente deixa-se mascarar por factores opressivos que terminam por vencê-lo.
Departamentos selectivos da mente bloqueiam automaticamente muitas acções desagradáveis, que são arquivadas em sectores especiais, mesmo antes de analisadas devidamente, conforme seria de esperar-se. Em face dessa conduta escamoteadora, surgem os mecanismos de transferência de responsabilidade, de ausência de discernimento, de fugas variadas na área psicológica.
Na vida infantil, porque não compreende a gravidade dos actos, a criança escapa da responsabilidade apelando para a mentira, fruto natural da sua imaginação criadora, que bem-orientada encontrará o correto caminho para dar largas ao seu campo de inspiração e de acção, sem esquecimento da verdade. No entanto, em razão da falta de orientação no lar, que procura castigar o mentiroso, em si mesmo vítima de insegurança e inquietação emocional, elucidando-o quanto à maneira como deve conduzir-se, o ser cresce fisicamente, mantendo-se, porém, no estágio de infância psicológica, o que é muito lamentável. Não poucas vezes, diante dos grandes desafios para os quais o indivíduo não se sente equipado, por lhe faltarem os recursos hábeis para os arrostar, foge para atitudes levianas e irresponsáveis, como se estivesse agindo de forma correta.
Mais grave torna-se o fenómeno quando a necessidade da evasão faz-se mais premente, levando-o a um estágio de esquecimento dos compromissos difíceis, dando a impressão de conduta incompatível com a dignidade e o bom-tom.
É comum ver-se agressão verbal contra outrem, motivada pela inveja, que é a sua causa real, porém disfarçada de defesa deste ou daquele ideal, de uma ou de outra forma de comportamento. Nessa atitude está embutida uma fuga psicológica ocultando a causa real do desapontamento, transformado em rebeldia e mágoa.
Alguns estados pré-depressivos igualmente decorrem da incapacidade de serem resolvidos os desafios existenciais, facultando ao indivíduo esconder-se no medo que o leva ao mutismo, ao afastamento do convívio social e familial, em uma forma de poupar-se a qualquer tipo de sofrimento.
Muito curioso tal mecanismo de fuga, tendo-se em vista que o enfermo vai defrontar-se com aquilo que gostaria de evitar, desde que se torna infeliz, inseguro, no refúgio perigoso em que se homizia. Evidentemente, com o transcorrer do tempo aumenta a insatisfação com a existência e desce ao abismo da depressão psicológica, ensejando ao organismo, pelo impacto contínuo da mente receosa, perturbação nas neuro-transmissões, em decorrência da ausência de serotonina e noradrenalina.
O ser humano encontra-se equipado de recursos preciosos que devem ser aplicados no quotidiano, de forma que se ampliem as possibilidades nele latentes, expressando a potencialidade divina de que se encontra constituído.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 05, 2024 9:16 pm

Toda vez que se tenta evitar esforço e luta, opera-se em sentido contrário às leis da vida, que impõem movimento e acção como recursos de crescimento psicológico, moral, intelectual, espiritual.
Ninguém cresce ou se desenvolve em estado de paralisia.
De igual modo, o ser pensante, quanto mais estímulos produz ao impacto dos ideais, das aspirações, dos programas iluminativos, mais inapreciáveis possibilidades se lhe desdobram convidativas.
Constata-se que os lidadores, em qualquer área existencial, mais se aprimoram quanto mais produzem e mais se afadigam. Resistências morais desconhecidas são accionadas e recursos ignorados aparecem, tornando cada vez mais fáceis os empreendimentos programados.
Sob outro aspecto, as heranças espirituais de experiências transactas permanecem comandando o inconsciente profundo e gerando automatismos de bloqueio para todas as experiências que se apresentam na condição de ameaças à paz.
Quando se tornam mais vigorosas e ressumam com maior facilidade dos depósitos onde se encontram arquivadas, induzem ao suicídio, em mecanismo de transferência de responsabilidade para aquele a quem atribui as razões do que impropriamente considera como fracasso.
Muitas vezes são paixões incontroláveis, caprichos derivados de condutas equivocadas que se deseja impor a outrem, que tem o direito de recusá-las, não lhe aceitando a postura independente, que sempre deve prevalecer no indivíduo.
Todas as empresas experimentam períodos de progresso e de queda em face das razões sociais, económicas, políticas, humanas.
O mesmo ocorre com a existência física, por tratar--se de um empreendimento de alta magnitude e sujeito às mais diversas circunstâncias, especialmente as emocionais, que, de alguma forma, constituem factores de segurança e de equilíbrio.
A indiferença, que muitas vezes aflige aqueles que lhe padecem a postura, é um recurso de fuga psicológica de quem se sente incapaz de competir ou de aceitar o insucesso da pretensão anelada. Não se considerando em condições de compensar a perda, diminui a intensidade do sentimento afectivo e revida ao que considera como ofensa, em forma de morte da emoção.
É normal que ocorram algumas fugas psicológicas no dia a dia da existência humana, em forma de recurso neutralizador do excessivo volume de informações que bombardeiam o indivíduo, através dos diversos veículos de comunicação de massa, das conversações raramente edificantes, das convivências enfermiças.
Ante a impossibilidade de proceder-se a uma catarse que liberaria da carga adicional afugente, a consciência apaga momentaneamente as informações e foge para comportamentos que lhe parecem mais saudáveis e compatíveis com as suas aspirações.
Saúde mental e emocional, por extensão, física também, será sempre o resultado desse equilíbrio psicofísico que deve viger nos indivíduos que se trabalham interiormente, cultivando o optimismo e a confiança irrestrita em Deus e na vida.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 05, 2024 9:17 pm

Danos imediatos e remotos decorrentes
O hábito de evitar-se responsabilidades e deveres que parecem insuportáveis, conduz o indivíduo a uma falsa comodidade, assinalada pela conduta leviana e infantil.
Todos os seres humanos existem para realizar o crescimento interior, a sua individuação.
Inutilmente se busca burlar o impositivo do progresso, que é o recurso hábil para a conquista do Si profundo e de todas as suas potencialidades.
Quando, por uma ou outra razão, resolve-se pela acomodação ao já feito, ao já conhecido, deperece-se a energia vitalizadora e empobrece-se a existência, que tem por finalidade precípua o enriquecimento pela sabedoria.
Desse modo, os mecanismos de fuga psicológica quase sempre candidatam o paciente a um estado de inconsequências morais, frutos da constante evasão da realidade para um universo de fantasia, onde tudo se realiza magicamente, utopicamente. Essa imaturidade emocional faz que se perca o interesse pelos nobres ideais, aqueles que exigem postura adequada e luta contínua, não dando abrigo a comportamentos alienantes ou desculpistas.
A culpa ancestral, fixada no inconsciente do indivíduo, exerce uma grande pressão sobre sua conduta actual, estimulando às evasões da realidade, ao esquivar-se dos compromissos vigorosos, mantendo atormentada a sua vítima, sempre à espera de algo perturbador.
Ignorar a responsabilidade de forma alguma a anula. Pelo contrário, apenas transfere-a em tempo e lugar, para futuros enfrentamentos inevitáveis, em situações aflitivas pelo impositivo da reencarnação.
Do ponto de vista psicológico, o próprio indivíduo perde a auto-estima e considera-se incapacitado para quaisquer realizações que lhe exijam esforço, acostumado conforme se encontra a desistir diante de qualquer mobilização de forças físicas, morais ou intelectuais.
Com o tempo, torna-se desagradável, acreditando-se não amado, sempre traído pelos amigos, deixado à margem nos empreendimentos que se realizam a sua volta, acumulando mágoas e dissabores injustificáveis.
Certamente, as demais pessoas não têm capacidade para uma convivência fraternal com aqueles que se fazem omissos, com quem não se pode contar nos momentos difíceis, que sempre estão adiando decisões... Após algum período de tolerância, as pessoas afastam-se, procurando seus pares em Espíritos combativos, corajosos e empreendedores, aos quais se afeiçoam.
Os primeiros são considerados como enfermos, mais necessitados de compaixão do que de amizade, enquanto os segundos são tidos como companheiros, porque são participantes de tarefas e de convivências de variado teor.
A busca da harmonia é inevitável no ser humano. Lográ-la, no entanto, constitui-lhe uma empresa na qual se deve empenhar com as veras do sentimento.
Sabendo-se que trata de um logro de largo porte, o empenho de forças e de emoções constitui, sem dúvida, um fenómeno natural, que não pode ser considerado como sacrifício.
Todo herói, mesmo quando tomba no campo de batalha, em realidade não deve ser categorizado como vitimado pelo sacrifício. O seu gesto de doar a existência é-lhe motivo de alegria, de confirmação da nobreza do ideal que vibra em seu mundo íntimo.
Conta-se que Sólon, o maior sábio da Grécia no seu tempo, em um banquete que lhe foi oferecido pelo rei Creso, em Sardes, capital da Lídia, teria sido interrogado pelo monarca, tido como o homem mais rico do mundo naquela ocasião, para que informasse quem, na sua opinião de viajante ilustre, seria a pessoa mais feliz da Terra.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 05, 2024 9:17 pm

Sem perturbar-se, o pensador, após ter estado na sala dos tesouros reais, referiu-se que houvera conhecido em Atenas um jovem de nome Telus, que, após cuidar da genitora enferma, acompanhando-a até a morte, entregou o restante da existência à defesa da sua cidade.
Algo frustrado, o rei vaidoso retornou à carga, indagando-lhe, então, quem seria a segunda pessoa mais feliz do planeta, recebendo outra resposta desanimadora, quando foi afirmado por Sólon que ele houvera conhecido dois jovens, em Atenas, cuja existência fora notabilizada pela elevação moral e pela grandeza de sentimentos, que se imolaram para defender a cidade... Sentindo-se subestimado, o rei Creso, que confundia poder com harmonia interna propiciadora de felicidade, não escondeu a desconsideração com que passou a tratar o convidado, dele havendo escutado que nunca se olvidasse do castigo do tempo, isto é, da fatalidade da própria vida, que altera comportamentos, ocorrências e circunstâncias de maneira tão prodigiosa quanto inesperada.
(...) E Creso, na sua guerra trágica contra Ciro, rei dos persas, viu a sua cidade incendiada, seus tesouros roubados, sendo preso e levado à fogueira, quando se referiu a Sólon, no justo momento em que passava o conquistador, que simpatizava com o filósofo, e indagou-lhe a causa pela qual enunciara que o sábio tinha razão. Explicando-lhe o que houvera acontecido, Ciro foi tomado de compaixão pelo vencido, libertando-o, enquanto exclamava a respeito da possibilidade de em algum dia cair na mesma situação de Creso, esperando receber complacência do seu triunfador.
Nomeou-o seu auxiliar, que lhe prestou relevantes serviços e continuou a trabalho na corte persa após a morte de Ciro, quando foi substituído pelo seu filho Cambises...O castigo do tempo é a inexorabilidade do progresso, das transformações incessantes a que tudo e todos estão submetidos.
Os mecanismos, portanto, de fuga da responsabilidade e do dever somente atormentam aqueles que se lhes entregam inermes, quando seria mais factível e próprio lutar com tenacidade, vencendo os limites e impondo a vontade aos temores e conflitos, por cuja conduta encontraria a auto-realização, a paz.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 05, 2024 9:17 pm

Soluções
O ser humano possui tesouros íntimos inigualáveis, ainda não explorados conscientemente.
Diante dos impositivos existenciais, cumpre-lhe recorrer a esses valores grandiosos, empenhando-se pela superação dos impedimentos que lhe surgem como fenómeno perfeitamente normal e comum a todas as demais criaturas.
A necessidade dos enfrentamentos faz parte da existência humana, sem os quais o processo de crescimento interior ficaria interrompido, dando lugar a transtornos profundos de comportamento que se transformariam em patologias de difícil solução.
O ego que teme o denominado fracasso, que é sempre um insucesso previsível e reparável, resolve evitar os processos desafiadores, mascarando a realidade e fugindo para o mundo de fantasia, constituído de sonhos utópicos e irrealizáveis gerados pelas frustrações. Pequenos exercícios de afirmação da personalidade e de autodescobrimento dos valores adormecidos funcionam como terapia valiosa, por estimular o paciente a novos e contínuos tentames, que vão se coroando de resultados favoráveis, eliminando o subtil complexo de inferioridade e mesmo diluindo, a pouco e pouco, a culpa perturbadora.
Cada vitória, por mais insignificante que se apresente, serve de base para futuros cometimentos, que facultarão a auto-confiança, o reconhecimento das potencialidades ignoradas que respondem pelas forças morais de que é possuidor o Self.
Quanto mais se transfere o encontro com a realidade elaborada pelo Eu consciente actual, mais difícil torna-se a construção da identidade pessoal, que se apresenta como destituída de significados elevados, ocultando as imperfeições que, afinal, fazem parte de todo processo evolutivo.
À medida que se alcançam patamares mais elevados, outros surgem convidativos, demonstrando que não existe pouso definitivo para quem deseja a plenitude, sem novas metas a serem conquistadas. Adicionando-se realizações, umas sobre as outras, ocorrerá um somatório de experiências que impulsionam o indivíduo com segurança no rumo certo da realidade.
Ninguém atinge o acume de um monte sem haver superado as dificuldades iniciais das baixadas. Vencida uma etapa, mais fácil torna-se o avanço na direcção de outra até ser conseguido o objectivo buscado.
A verdadeira saúde psicológica não anui com a precipitação nem com o destemor, que pode parecer heroísmo. Quase todos triunfadores viveram momentos de medo e de perplexidade antes de alcançarem o êxito que ora coroa as suas existências.
Nesse sentido, a prática das boas acções oferece encorajamento para realizações mais amplas nos relacionamentos interpessoais, na convivência social e no amadurecimento da realidade pessoal.
Sempre quando alguém se predispõe a auxiliar, experimenta forte empatia, que resulta de contínuas descargas de adrenalina estimuladora que encoraja para novas realizações e bloqueia os temores infundados. Quando surge essa disposição real para superar as fugas psicológicas, conscientes ou não, automaticamente desenvolvem-se os sentimentos íntimos, proporcionando bem-estar e alegria de viver.
Torna-se um tormento a manutenção das fugas emocionais, o escamoteamento da própria realidade, mascarando o ser de júbilos que não existem e de satisfações que são irreais.
Assumir, portanto, as próprias dificuldades constitui um dos passos necessários para superá-las.
Como todos os indivíduos são seres humanos em processo de crescimento, em conserto, na trajectória carnal, porque ainda portadores de imperfeições de vários tipos, a aceitação de si mesmo conforme se encontra é recurso valioso para a compreensão dos limites que caracterizam os demais, tornando-os tolerantes em relação às faltas alheias, em face das próprias condições agora conhecidas.
A culpa transforma-se em auto-perdão, o medo faz-se estímulo para o avanço contínuo e as incertezas convertem-se em convicções em torno da própria vitória: a saúde integral!
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02 — Preguiça
Factores causais da preguiça - Transtornos gerados pela preguiça - Terapia para a Preguiça

Factores causais da preguiça
A preguiça, ou propensão para a inactividade, para não trabalhar, também conhecida como lentidão para executar qualquer tarefa, ou caracterizada como negligência, moleza, tardança, é desvio de conduta, que merece maior consideração do que aquela que lhe tem sido oferecida.
Surge naturalmente, expressando-se como efeito de algum tipo de cansaço ou mesmo necessidade de repouso, de recomposição das forças e do entusiasmo para a luta existencial.
Todavia, quando se torna prolongado o período reservado para o refazimento das energias, optando-se pela comodidade que se nega às atitudes indispensáveis ao progresso, apresenta-se como fenómeno anómalo de conduta.
E normal a aspiração por conforto e descanso, no entanto, não são poucos os indivíduos que se lhes entregam, sem que apliquem esforço físico ou moral pelo conseguir.
A preguiça pode expressar-se de maneira tranquila, quando o paciente se permite muitas horas de sono, permanência prolongada no leito, mesmo após haver dormido, cortinas cerradas e ambiente de sombras, sem que o tempo seja aproveitado de maneira correta para leituras, reflexões e preces.
Não perturba aos demais, igualmente não se predispõe ao equilíbrio nem à acção.
Lentamente, essa conduta faz-se enfermiça, gerando conflitos psicológicos ou deles sendo resultante, em face das ideias perturbadoras de que não se é pessoa de valor, de que nada lhe acontece de favorável, de que não tem merecimento nem os demais lhe oferecem consideração.
Esse tormento, que se avoluma, transforma-se em pessimismo que propele, cada vez mais, a situações de negatividade e de ressentimento.
Pode também transformar-se em mecanismo de autodestruição, em face da crescente ausência de aceitação de si mesmo, perdendo o necessário contributo da auto-estima para uma existência saudável.
A pessoa assume posição retraída e silenciosa, evitando qualquer tipo de estímulo que a possa arrancar da constrição a que se submete espontaneamente. Danosa, torna os membros lassos, a mente lenta no raciocínio, apresentando, após algum tempo, distúrbios de linguagem e de locomoção.
Sob outro aspecto, pode apresentar-se como perda do entusiasmo pela vida, ausência de motivação para realizar qualquer esforço dignificante ou algum tipo de acção estimuladora.
O seu centro de actividade é o ego, que somente se considera a si mesmo, evitando espraiar-se em direcção das demais pessoas, em cuja convivência poderia haurir entusiasmo e alegria, retomando o arado que sulcaria o solo dos sentimentos para a plantação da boa vontade e do bem-estar.
A avaliação feita pelo indivíduo nesse estágio é sempre deprimente, porque não tem capacidade de ver as conquistas encorajadoras que já foram realizadas nem as possibilidades quase infinitas de crescimento e de edificação.
O tédio domina-lhe as paisagens íntimas e a falta de ideal reflecte-se-lhe na indiferença com que encara quaisquer acontecimentos que, noutras circunstâncias, constituiriam emulação para novas actividades. Esse desinteresse surge, quase sempre, da falta de horizontes mentais mais amplos, da aceitação de antolhos idealistas que impedem a visão profunda e complexa das coisas e das formulações espirituais, limitando o campo de observação, cada vez mais estreito, que perde o colorido e a luminosidade.
Em outra situação, pode resultar de algum choque emocional não digerido conscientemente, no qual o ressentimento tomou conta da área mental, considerando--se pessoa desprestigiada ou perseguida, cuja contribuição para o desenvolvimento geral foi recusada.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 06, 2024 10:40 am

Normalmente, aquele que assim se comporta é vítima de elevado egotismo, que somente sente-se bem quando se vê em destaque, embora não dispondo dos recursos hábeis para as acções que deve desempenhar.
Detectando-se incapacitado, refugia-se na inveja e na acusação aos demais, negando-se a oportunidade de recuperação interior, a fim de enfrentar os embates que são perfeitamente naturais em todos e quaisquer empreendimentos.
O desinteresse é uma forma de morte do idealismo, em razão da falta de sustentação estimuladora para continuar vicejando. Pode-se, ainda, identificar outra maneira em que se escora a preguiça para continuar afligindo as pessoas desavisadas. É aquela na qual o isolamento apresenta-se como uma vingança contra a sociedade, não desejando envolver-se com nada ou ninguém, distanciando-se, cada vez mais, de tudo quanto diz respeito ao grupo familiar, social, espiritual.
Normalmente, esse comportamento é fruto de alguma injustificada decepção, decorrente do excesso de auto-julgamento superior, que os outros não puderam confirmar ou não se submeteram ao seu desplante.
Gerando grande dose de ressentimento, não há como esclarecer-se ao indivíduo, na postura a que se entrega, mantendo raiva e desejo de destruição de tudo quanto lhe parece ameaçar a conduta enfermiça.
Do ponto de vista espiritual, o paciente da preguiça, que se pode tornar crónica, ainda se encontra em faixa primária de desenvolvimento, sem resistências morais para as lutas nem valores pessoais para os desafios. Diante de qualquer impedimento recua, acusando aos outros ou a si mesmo afligindo, no que se compraz, para fugir à responsabilidade que não deseja assumir.
A preguiça prolongada pode expressar também uma síndrome de depressão, mediante a qual se instalam os distúrbios de comportamento afectivo e social, gerando profundos desconfortos e ansiedade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 06, 2024 10:40 am

Transtornos gerados pela preguiça
A entrega à ociosidade torna débil o carácter do paciente, impedindo-o de realizar qualquer esforço em favor da recuperação.
Sentindo-se bem, de certa forma patologicamente, com a falta de actividade, a tendência é ficar inútil, tornando-se um pesado fardo para a família e a sociedade.
Em relação a qualquer um dos motivos que desencadeiam a preguiça, conforme referidos, a baixa estima e a fuga psicológica são os factores predominantes nesse comportamento doentio.
O corpo é instrumento do Espírito, que necessita de exercício, de movimentação, de actividade, a fim de preservar a própria estrutura. Enquanto o Espírito exige reflexões, pensamentos edificantes contínuos para nutrir-se de energia saudável, o corpo impõe outros deveres, a fim de realizar o mister para o qual foi elaborado. A indolência paralisadora pela falta de acção conduz à flacidez muscular, à perda de movimentação, às dificuldades respiratórias, digestivas, num quadro doentio que tende a piorar cada vez mais, caso não haja uma reacção positiva. Em razão do pessimismo que se assenhoreia do enfermo, a sua convivência faz-se difícil e o seu isolamento mais o atormenta, porque a auto-lamentação passa a constituir-lhe uma ideia fixa, culpando, também, as demais pessoas por não se interessarem pelo seu quadro, nem procurarem auxiliá-lo, o que equivale a dizer, ficarem inúteis também ao seu lado, auxiliando-o na autocomiseração que experimenta.
Em realidade, não está pedindo ou desejando ajuda real, antes apresenta-se reclamando da sua falta para melhor comprazer-se na situação a que se entrega espontaneamente.
A existência, na Terra, é constituída por contínuos desafios, que sempre estão estimulando à conquista de novas experiências, ao desenvolvimento das aptidões adormecidas, ao destemor e à coragem, em contínuas actividades enriquecedoras.
A mente não exercitada em pensamentos saudáveis, descamba para o entorpecimento ou para o cultivo de ideias destrutivas, vulgares, insensatas, que sempre agravam a conduta perniciosa. Pensar é bênção, auxiliando a capacidade do raciocínio, a fim de poder elaborar projectos e propostas que mantenham o entusiasmo e a alegria de viver.
Concomitantemente, surge, vez que outra, alguma lucidez, e o paciente critica-se por não dispor de forças para modificar a situação em que se encontra, desanimando ainda mais, por acreditar na impossibilidade da reabilitação. Faz-se um círculo vicioso: o paciente não dispõe de energias para lutar e nega-se à luta por acreditar na inutilidade do esforço.
Outras vezes, oculta-se no mau humor, tornando--se ofensivo contra aqueles que o convidam à mudança de alternativa, explicando-lhe tudo depende exclusivamente dele, já que ninguém lhe pode tomar a medicação de que somente ele necessita.
A destreza, o esforço, a habilidade, em qualquer área, são decorrentes das tentativas exitosas ou fracassadas a que o indivíduo permite-se, resultando da repetição sem enfado nem queixa para a conquista e a realização pessoal.
Na preguiça ocorrem uma adaptação à inutilidade e uma castração psicológica de referência aos tentames libertadores. O paciente, nesse caso, prefere ser lamentado a receber amor, experimentar compaixão a ter o companheirismo estimulante, permanecer em solidão a experienciar uma convivência agradável.
Armado contra os recursos alternativos da saúde, foge daqueles que o desejam auxiliar infundindo-lhe ânimo, e quando é surpreendido por alguma orientação, logo reage com violência intempestiva, afirmando: "Você não sabe o que eu sinto e certamente não acredita no que se passa no meu mundo íntimo...
Pensa que estou fingindo?
Certamente, o outro não conhece o transtorno que se opera no enfermo, mas sabe que o esforço desprendido poderá contribuir eficazmente para alterar a situação em que se encontra.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 06, 2024 10:40 am

A partir de então, o amigo e candidato ao auxílio torna-se evitado, é tido como adversário, censor, perturbador da sua paz, como se a indolência algo tivesse a ver com tranquilidade e harmonia íntima...
A quase total insensibilidade em relação a si mesmo, à sua recuperação e ao sofrimento que ocasiona à família, que se desestrutura, complica mais o quadro, porque bloqueia o discernimento em torno dos próprios deveres, transferindo para o próximo as responsabilidades que lhe pesam na consciência e as tarefas que devem ser desempenhadas em seu benefício.
A preguiça mina a autoconfiança e destrói as possibilidades de pronta recuperação.
É natural que atraia Espíritos ociosos, que se comprazem no banquete das energias animais do paciente, tele mentalizado e conduzido às fases mais graves, de forma que prossiga vampirizado.
Os centros vitais da emoção e do comportamento são explorados por essas Entidades infelizes, e decompõem-se, funcionando com irregularidade, destrambelhando a organização somática, já que a psíquica e os sentimentos estão seriamente afectados.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 06, 2024 10:42 am

Terapia para a preguiça
Às vezes, o paciente pode receber alguma inspiração superior e interrogar-se: - Por que estou sofrendo desnecessariamente? Até quando suportarei esta situação deplorável?
Isto constitui um despertar terapêutico para a mudança de conduta, sempre a depender do próprio paciente.
Começam a surgir-lhe a vergonha pelo estado em que se encontra, o constrangimento pela inutilidade existencial, dando início ao labor de renovação íntima e ao desejo de reconquistar a saúde, assim como o bem-estar, sem mecanismos escapistas ou perturbadores.
Surgem, então, os pródromos do equilíbrio emocional, o natural desejo pela recuperação, passando a ver a preguiça como algo enfadonho e monótono, irritante e sem sentido, causador de aflições desnecessárias, porquanto nada de útil dela pode ser retirado.
Esse processo inicial de vê-la conforme é, proporciona estímulos para a mudança de comportamento, a aceitação de novos exercícios de despertamento, liberando grande quantidade de energia armazenada, que se encontrava impedida de funcionar em razão dos mecanismos de fuga da realidade.
O próximo passo é a destruição da identidade de preguiçoso, de doente ou inútil, experimentando a alegria que decorre do acto de servir, dos instrumentos activos para a produção de tudo quanto signifique realização pessoal.
Em seguida, caem os antolhos que dificultam a visão global da vida, o ego cede lutar à necessidade de convivência e de compreensão fraternal, abrindo espaços emocional e mental para mais audaciosas realizações.
Certamente, não se trata de uma simples resolução com efeitos imediatos, miraculosos, que não existem, porque após largo período de ociosidade, todo o organismo emocional e físico encontra-se com limites impostos pela lassidão.
É necessário que as leituras edificantes passem a influenciar os painéis mentais, e as velhas histórias de auto-compaixão a que se estava acostumado, fazendo parte do cardápio existencial, cedam lugar aos estímulos da boa convivência social e afectiva, motivando aos avanços constantes. Nesse sentido, a oração e a bioenergia oferecem recursos inestimáveis, ao lado de uma psicoterapia baseada em labores bem direccionados, a fim de que o paciente volte ao mundo real com nova disposição, encontrando estímulos para prosseguir no próprio trabalho realizado.
A actividade bem-dirigida constitui lubrificante eficaz nos mecanismos orgânicos e nos implementos mentais, estimulando as emoções agradáveis de modo que se consiga a saúde integral.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 06, 2024 10:42 am

03 — Raiva
Raiva e primarismo - Raiva e transtorno emocional - Terapia para a raiva

Raiva e primarismo
A raiva é um sentimento que se exterioriza toda vez que o ego sente-se ferido, liberando esse abominável adversário que destrói a paz no indivíduo.
Instala-se inesperadamente, em face de qualquer conflito expresso ou oculto, desferindo golpes violentos de injúria e de agressividade.
Inerente a todos os animais, no ser humano, porque portador de vontade e discernimento, é responsável por transtornos que conseguem obscurecer lhe a razão e perturbar lhe o equilíbrio, produzindo danos emocionais de pequeno ou grande alcance, a depender da extensão e da profundidade de que se reveste.
Quando existe a primazia dos instintos agressivos, na contextura do ser, este, diante de qualquer ocorrência desagradável, real ou imaginária, rebolca-se na situação danosa, em agitação inconsequente, cujos resultados são sempre lamentáveis, quando não funestos.
Predominando nele o instinto de arbitrária dominação, em falsa postura de superioridade, percebendo a fragilidade dessa conduta e a impossibilidade de impor-se, porque não considerado quanto gostaria, recorre ao mecanismo psicológico da raiva para exteriorizar a violência ancestral que lhe dorme no íntimo.
A semelhança de um incêndio que pode começar numa fagulha e trazer prejuízos incalculáveis pela sua extensão, a raiva também pode ser ateada por uma simples insinuação de pequena monta, transformando-se em vulcão de cólera destruidora, que avassala.
Há indivíduos especialmente dotados da facilidade de enraivecer-se, que alternam essa emoção com a psicastenia - palavra cunhada por C. G. Jung, como uma fraqueza psíquica responsável por um estado de astenia psíquica constitucional, com forte tendência para a depressão, o medo, a incapacidade de suportar desafios e dificuldades mentais...
A raiva produz uma elevada descarga de adrenalina e cortisol no sistema circulatório, alcançando o sistema nervoso central, que se agita, produzindo ansiedade e mantendo o sangue na parte superior do corpo, no que resultam diversos prejuízos para as organizações física, emocional e psíquica. Repetindo-se com frequência, produz o endurecimento das artérias e predispõe a vários distúrbios orgânicos...
De alguma forma, a raiva é um mecanismo de defesa do instinto de conservação da vida, que se opõe a qualquer ocorrência que interpreta como agressão, reagindo, de imediato, quando deveria agir de maneira racional. Porque tolda a faculdade de discernir, irrompe, desastrosa, assinalando a sua passagem por desconforto, cansaço e amolentamento das forças, logo cessa o seu furor...
O animal selvagem, quando perseguido ou esfaimado ataca, para logo acalmar-se, conseguido o seu objectivo.
O ser humano, além dessa conduta, agride antes, por medo de ser agredido, aumentando a gravidade de qualquer ato sob a coerção do pânico que se lhe instala de momento, ante situações que considera perigosas, evitando racionalizar a atitude, antes parecendo comprazer-se nela, sustentando a sua superioridade sobre o outro, aquele a quem atribui o perigo que lhe ronda.
O seu processo de evolução do pensamento e da consciência, porque estacionado nos remanescentes do período egocêntrico, ora transformado em egóico, estimula esse comportamento inoportuno e prejudicial, cujos efeitos danosos logo serão sentidos em toda a sua extensão.
O círculo da raiva é vicioso, porque o indivíduo adapta-se a essa injunção, passando a gerar um comportamento agressivo, quando não vivenciando uma postura contínua de mau humor.
Essa raiva inditosa é resultado de pequenas frustrações e contínuas castrações psicológicas, muitas vezes iniciada na constelação familiar, quando pais rigorosos e imprudentes, violentos e injustos, assumem postura coercitiva em relação aos filhos, impondo-se-lhes, sem a possibilidade de diálogos esclarecedores.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 06, 2024 10:43 am

Lentamente vão-se acumulando esses estados de amargura pela falta de oportunidade de defesa ou de justificação, que se convertem em revolta surda, explodindo, indevidamente, quando já se faz uma carga muito pesada na conduta.
Por natural necessidade de afirmação da personalidade, a criança é teimosa, especialmente por falta de discernimento, por necessidade de adquirir experiências, gerando atrito com os pais e familiares mais velhos, que nem sempre estão dispostos a conversar com esclarecimentos ou sabem como equacionar esses conflitos do desenvolvimento intelectual e emocional do educando. Exigem silêncio, respeito, não permitindo as discussões francas e próprias para os esclarecimentos que se tornam necessários ao entendimento das situações existenciais e das possibilidades de acção, no que é ou não concernente a cada um cumprir.
Também ocorre quando são genitores descuidados que não se interessam pelos problemas da prole, causando-lhe um fundo ressentimento, a princípio inconsciente, para desbordar em raiva acumulada.
Outras vezes, como resultado da timidez, o indivíduo refugia-se na raiva, e porque não a pode expressar, foge para transtornos profundos que o maceram.
A falta de conhecimento das próprias debilidades emocionais faz que não disponha de equilíbrio para enfrentamentos, competições, discussões, derrapando facilmente no comportamento infeliz da raiva.
Acidentes automobilísticos, em grande número, são resultado da raiva mal contida de condutores que não se conformam quando outrem deseja ultrapassá-los na rodovia, nas ruas e avenidas, embora estivessem viajando em marcha reduzida. Sentindo-se subestimado pelo outro -raciocínio muito pessoal e sem fundamento — em vez de cederem a passagem, quando observam que o outro veículo se lhes emparelha, aceleram e avançam ambos, raivosos, até o surgimento de um terceiro em sentido oposto, obedecendo, porém, as regras, no que se transforma em tragédia.
Bastasse um pouco de bom-tom, de serenidade, para cooperarem um com o outro, e tudo seria resolvido sem qualquer dano.
Durante os desportos, na política, na religião, na arte, participando ou acompanhando-os, não admitem esses aficionados a vitória do outro, a quem consideram adversário, quando é somente competidor, enraivecendo-se e dando lugar a situações graves, muitas vezes redundando em crimes absurdos.
A raiva é choque violento que abala profundamente o ser humano, deixando rastros de desalento e de infelicidade.
Ela está habitualmente presente nos debates domésticos, quando os parceiros não admitem ser admoestados ou convidados à reflexão por atitudes incompatíveis com a própria afectividade ou decorrentes de situações que surgem, necessárias para os esclarecimentos que facultem a melhora de conduta. Em vez da análise tranquila do fenómeno, a tirania do ego exalta-o, o instinto de predominância do mais forte ressuma e a pessoa acredita que está sendo diminuída, criticada, passando a reagir antes de ouvir, a defender-se antes da acusação, partindo para a agressão desnecessária, de que sempre arrepende-se depois.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 06, 2024 10:43 am

Raiva e transtorno emocional
A raiva tem duas vertentes de procedência: a primeira, mais remota, que é de natureza espiritual, originária em existência pregressa do Espírito, quando, mais soberbo e primário, impôs-se onde se encontrava, desenvolvendo sentimentos de opressão e de desrespeito aos direitos alheios, sempre desconsiderados; a segunda, de procedência actual, isto é, da existência presente, quando factores temperamentais, educacionais, sócio-económicos empurraram-no à situação penosa geradora de conflitos.
No primeiro caso, existe um conflito ancestral, que se encontra ínsito como culpa, armando-o para constante alerta, em mecanismo de autodefesa. O inconsciente impõe-lhe a tese falsa de que o mundo é-lhe hostil e as pessoas encontram-se equipadas de valores para submetê-lo ao seu talante.
No segundo caso, origina-se uma especial disposição para a instalação do conflito de insegurança psicológica desencadeador da raiva.
Quando ocorre qualquer fato que não é entendido de imediato, sentindo-se incapaz de autopromover-se ou acreditando-se espezinhado, o complexo de inferioridade empurra-o para as atitudes grotescas e agressivas.
De bom alvitre, portanto, como terapia preventiva, manter-se o equilíbrio possível diante de qualquer acontecimento novo, inesperado, procurando entendê-lo antes que permanecer na defensiva, como se as demais pessoas se lhe estivessem agredindo, fossem-lhe adversárias e todo o mundo se lhe opusesse.
O acumular das pequenas raivas não liberadas termina por infelicitar o ser, afligindo-o emocionalmente e levando-o especialmente a transtornos depressivos, pela falta de objectivo existencial, por desinteresse de prosseguir na luta, fixando-se com revolta nas ocorrências que considera inditosas em relação a si mesmo.
Não poucas vezes, parceiros que sobrevivem no fluxo da existência corporal em relação ao outro que desencarnou, acumulam raivas que se tornam ressentimentos, por não as haverem liberado quando se apresentaram em forma de frustrações e desagrados enquanto na convivência deles. Havendo a morte interrompido o ciclo da experiência física, aquele que permanece no corpo sente-se lesado, por haver sofrido sem necessidade, conforme supõe, por descobrir infidelidades que ignorava, por despertar do letargo que a união lhe impôs, passando a viver de ressentimentos profundos...
Sob outro aspecto, o ego exaltado rememora os momentos felizes e enraivece-se ante o fato de haver sido muito amado e encontrar-se agora a sós, como se a morte houvesse resultado da opção do outro.
Nos suicídios, aqueles que ficam, em vez de compadecer-se dos infelizes que optaram pela fuga, antes são dominados pela raiva de se sentirem culpados ou não amados, ou não consultados antes do gesto, ruminando mágoas que se acumulam e terminam por intoxicá-los frequentemente.
A raiva tem o condão infeliz de envilecer o sentimento da criatura humana.
A sua constância responde por destrambelhos do sistema nervoso central, por disfunções de algumas das glândulas de secreção endócrina, por diversos problemas do aparelho digestivo e pelo irregular comportamento psicológico. Quando isso ocorre, invariavelmente surgem as somatizações que terminam, quando não tratadas cuidadosamente, em processos degenerativos de alguns órgãos.
A culpa inconsciente domina grande número de criaturas humanas durante o seu trânsito carnal.
Liberada pelo inconsciente profundo, o paciente considera que será punido e, quando isso não ocorre, assume uma das seguintes posturas:
a) Auto-pune-se, negando-se a alegria de viver, fugindo de quaisquer recursos que podem torná-lo mais feliz, impedindo-se de relacionamentos afáveis, por acreditar não os merecer; b) arma-se de agressividade para evitar aproximações ou para considerar-se vítima contínua dos artifícios maléficos da Humanidade, conforme justifica-se.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 06, 2024 10:43 am

Enquanto o Self não seja conscientizado da necessidade de auto-conhecimento, mediante o qual ser-lhe-á possível a identificação da culpa nos seus arcanos, e proponha—se a auto-estima, o auto-respeito, a auto-consideração, ela vicejará cruel, disfarçada de ciúme - insegurança e auto-desvalorização -, de infelicidade - complexo de inferioridade -, de inveja - mesquinhez do carácter -, de auto-punição — tormento masoquista -, ensejando que a raiva seja a companheira constante do comportamento arbitrário.
Tensões desnecessárias invadem o sistema emocional, como já referido, gerando desgaste improcedente, através do qual mais facilmente se instalam os distúrbios de comportamento, como fenómeno catártico que não pode mais ser postergado.
A raiva é um sentimento de desajuste da emotividade, que merece contínua vigilância, a fim de que não se transforme em uma segunda natureza na conduta do indivíduo.
Na raiz psicológica do sentimento de raiva existe um tipo qualquer de medo inconsciente que a desencadeia, levando o indivíduo a atacar antes de ser agredido, o que o torna, invariavelmente, violento e descompensado na emoção.
De alguma forma, a insegurança do próprio valor e o temor de ser ultrapassado predispõem à postura armada contra tudo e todos, como se essa fosse a melhor maneira de poupar-se a sofrimentos e a desafios perturbadores.
Por consequência, os instintos primários predominam orientando as decisões, quando estas deveriam ser controladas pela razão, que sempre discerne qual a melhor postura a assumir-se.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 06, 2024 10:44 am

Terapia para a raiva
O ser humano processa o seu desenvolvimento intelecto-moral passo a passo, sem os saltos de largas conquistas. Superada uma etapa do processo antropossociopsicológico, surge outra igualmente desafiadora, que a experiência adquirida anteriormente lhe faculta superar.
Algumas vezes é natural que se equivoque, a fim de reiniciar o mecanismo auto-iluminativo sem qualquer trauma ou desconforto, desde que a meta é o bem-estar, a conquista da harmonia.
A incidência da raiva, portanto, é perfeitamente normal, tornando-se grave a não capacidade de administrá-la.
De bom alvitre, sempre que invadido pelo desequilíbrio dessa natureza, o paciente reserve-se a coragem de adiar decisões, de responder para esclarecer, de discutir em nome da autodefesa, porquanto, invariavelmente, o ego ferido precipita-o em postura inadequada de que se arrependerá de imediato ou mais tarde.
O silêncio diante de circunstância perturbadora, não se permitindo a invasão dos petardos mentais desferidos pelo opositor, constitui recurso imprescindível para evitar o tombo na irritação e seus consequentes danos.
O hábito, que deve ser cultivado, de considerar-se pessoa portadora de virtudes e de deficiências plausíveis de corrigenda, estando sujeita às variações do humor e de comportamento, susceptível de contrariedades, distonias, predispõe à vigilância. Se advertido, ouvir com atenção e avaliar a proposta apresentada, mesmo quando de maneira agressiva ou indelicada. Quando útil, incorporá-la como medida de sabedoria que lhe será valiosa, e identificando sub-repticiamente sentimentos negativos por parte do outro, não lhe atribuir qualquer valor ou significado.
O exercício da paciência auxilia a aceitar a vulnerabilidade de que se é constituído, não ampliando a irrupção da raiva quando ocorrer.
Tornando-se contínua, como resultado de estresse e de ansiedade, de insegurança e de medo mórbido, faz-se indispensável uma terapia psicológica, de modo a ser detectada a causa desencadeadora do fenómeno perturbador, que tende a agravar-se quando não cuidado de forma adequada. A psicoterapia cuidadosa remontará a conflitos adormecidos no inconsciente, que tiveram origem no período infantil ou durante a adolescência, quando as circunstâncias induziam à aceitação de situações penosas, sem o direito de explicação ou de justificação. As pequenas contrariedades acumularam-se, e porque não diluídas conforme deveriam, explodem quando algo proporciona aumento de volume à carga existente, fazendo-a insuportável.
Ao mesmo tempo, a terapia da prece e da meditação constitui salutar recurso para o controle das emoções, reabastecimento de energias vigorosas que se encarregam de asserenar o sistema nervoso central, impedindo ou diminuindo a incidência da ira.
As boas leituras também funcionam como procedimento terapêutico de excelente qualidade, por enriquecerem a mente com ideias optimistas, substituindo muitos dos clichés psíquicos viciosos que induzem a comportamentos insanos.
Em face dos recursos que se podem haurir na bioenergia, a sua aplicação, nos pacientes susceptíveis à raiva e à sua coorte de distúrbios da emoção, é de inadiável importância, destacando-se o concurso de pessoas abnegadas e saudáveis física e moralmente, como portadoras da doação. Jesus utilizava-se do denominado toque curador, descarregando naqueles que O buscavam as sublimes energias de que era portador. Nada obstante, mediante a sua vontade, penetrava na problemática dos pacientes antes que Lhe narrassem às aflições de que eram vítimas, liberando-os com o Seu psiquismo superior.
Desde a expulsão dos Espíritos imundos que faziam estorcegar as suas vítimas em processos de aparente epilepsia ou de esquizofrenia, à recuperação de morte simulada por catalepsia, de hemorragia, de cegueira, surdez, mudez, dilacerações orgânicas, até as mais graves ocorrências a distância, utilizando-se do incomparável poder de que se fazia possuidor.
Embora a imensa distância moral que medeia entre Ele e os Seus modernos discípulos, todos são possuidores de preciosas energias que dimanam do Pai, algumas das quais encontram-se ínsitas neles mesmos, ou as recebem mediante a interferência dos nobres condutores espirituais da Humanidade.
Por fim, o autocontrole que cada qual deve manter em relação às suas reacções emocionais de qualquer natureza, disciplinando a vontade, educando os sentimentos e adaptando-se a novos hábitos saudáveis, imprescindíveis a uma existência rica de saúde.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 06, 2024 10:44 am

4 — Medo
Psicopatologia do medo - Diferentes manifestações do medo - Erradicação do medo

Psicopatologia do medo
A herança da culpa no inconsciente humano responde por inúmeros desequilíbrios que dela se desdobram, mascarando-se de variadas expressões que se tornam fenómeno inevitável no processo para aquisição de superior nível de consciência.
Após vencer o estágio da consciência de sono, o Espírito reencarnado descobre a paisagem fascinante e quase infinita que faz parte da sua existência corporal, proporcionando-lhe mais amplas aspirações de crescimento, com vistas a alcançar o elevado nível de consciência cósmica.
Os erros e crimes praticados durante a fase inicial de conquista da razão e do discernimento, em face do despertar da consciência, ressumam dos arquivos profundos do Self e reaparecem na personalidade com imposição constrangedora.
Não poucas vezes torna-se inevitável a instalação mortificadora da consciência de culpa que inconscientemente induz ao medo.
Trata-se de um medo absurdo, que se transforma em transtorno de comportamento, agravado pela natural aceitação do paciente, que o aumenta em face da insegurança emocional, tornando-se, não raro, uma patologia que pode desencadear síndromes do pânico ou transtornos depressivos graves.
Quando se apresenta em comportamentos assinalados pela timidez, há uma natural tendência para a alienação ao convívio social, isolando-se e ruminando pensamentos pessimistas em relação a si mesmo e aos demais, ou transformando o sentimento em raiva mal contida que empurra para pavores imprevisíveis.
Todos são vítimas do medo em relação ao desconhecido como ocorrência normal.
Quando se aguarda a concretização de algo ambicionado, é natural que ocorram dúvidas em forma de medo da sua não viabilidade; quando alguém se afeiçoa por outrem, ocorre o medo de não ser correspondido; em face da instabilidade dos fenómenos existenciais, o medo ocupa um lugar de destaque, assim como ocorre com outros sentimentos. Todavia, quando extrapola, gerando situações conflitivas, dando largas à imaginação atormentada, propiciando ansiedade, sudorese, arritmia cardíaca, identifica-se de imediato um pavor que assoma e ameaça a estabilidade emocional. Em tal circunstância, instala-se o transtorno fóbico na condição de gigante opressor, que a cada dia mais temível se torna, violentando a lógica e gerando outros distúrbios no comportamento dos indivíduos.
Psicologicamente, o medo condicionado, que é resultado de um processo de acúmulo desse fenómeno, desde que associado a qualquer estímulo do meio, quase sempre de natureza neutra, responde ao estímulo.
Quase sempre cultivado, deveria ser racionalizado, a fim de inutilizar-se-lhe a procedência para constatar que tem origem maior na imaginação receosa e não em factor real de desequilíbrio e de prevenção de perigo.
Pode-se afirmar que existem factores endógenos e exógenos que respondem pela presença do medo.
No primeiro caso, os comportamentos infelizes de reencarnações anteriores imprimem-no nos refolhos do perispírito que, por sua vez, instala no inconsciente profundo as matrizes do receio de ser identificado, descoberto como autor dos danos que foram produzidos noutrem e procurou ignorar, mascarando-se de inocente. Nesse sentido, podemos incluir as perturbações de natureza espiritual, em forma de subtis obsessões, consequências daqueles actos inditosos que ficaram sem regularização no passado.
No segundo caso, as atitudes educacionais no lar, os relacionamentos familiares agressivos, o desrespeito pela identidade infantil, as narrativas apavorantes nas quais muitos adultos se comprazem, atemorizando crianças; os comportamentos agressivos das pessoas, desenvolvem medos que adquirem volume à medida que o crescimento mental e emocional amplia a capacidade de conduta do educando.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 06, 2024 8:59 pm

Ao mesmo tempo, os apavorantes fenómenos sísmicos que periodicamente varrem o planeta, ceifando vidas, destruindo cidades e ameaçando outras, o virulento terrorismo político internacional, a violência urbana, as injustiças sociais profundas, a competição perversa pela projecção no mundo dos negócios, dos divertimentos, do poder de qualquer natureza, produzem medo naqueles cuja constituição emocional, perturbada desde a infância pelos temores que lhe foram infundidos, desborda-se em pavores inquietantes.
A impotência do ser humano diante dos fenómenos da Natureza e a quase indiferença de algumas autoridades do mundo em relação aos seus governados geram medo de cada qual ser a próxima vítima, refugiando-se no silêncio e no temor que assalta ameaçador.
Grande parte do noticiário da mídia (lixo) que se compraz em exaltar o esdrúxulo, o agressivo ao contexto social, o crime, contribui dessa forma para a alucinação de alguns enfermos perversos que se sentem estimulados à prática de arbitrariedades, assim como desenvolve o medo da convivência, do relacionamento com outros indivíduos, sempre vistos como futuros agressores.
Esses medos sempre impedem o repouso, desencadeiam mais imaginativos receios, e mesmo quando apoiados em ocorrências reais, aumentam de intensidade, tornando-se quase insuportáveis.
Atormentam a vida e não evitam que ocorram os fenómenos desagradáveis, que se tenta evitar sem uma pedagogia apropriada.
É como se aquilo que mais se teme sempre acontecesse, exactamente por estar registada no cerne do ser a necessidade dessa experiência para vir a ser vivenciada, para contribuir eficazmente em favor do amadurecimento psicológico, do crescimento cultural, da realização pessoal. Caminhos não percorridos prosseguem sempre como incógnitas desafiadoras.
Nos tormentosos fenómenos de obsessão espiritual, a indução telepática do perseguidor faz que o vitimado ressinta-se de tudo quanto à sua volta possa trabalhar pela sua recuperação, pela reconquista da saúde e do equilíbrio. Teleguiado pelo adversário invisível, experimenta o desconforto que se deriva do medo que lhe é infligido, adoptando conduta estranha, doentia...
De maneira idêntica ocorre quando se está preocupado em demasia com a realização de um projecto muito importante ou de uma programação qualquer que se apresente como relevante, o cansaço, a não renovação do entusiasmo desencadeiam o medo de
não ser bem-sucedido, passando-se a adoptar essa postura desastrosa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 06, 2024 8:59 pm

Diferentes manifestações do medo
Embora inconsciente, o medo da morte predomina na natureza humana, como se ele traduzisse o pavor do aniquilamento da vida.
Disso resultante, apresentam-se os inumeráveis medos: da perda de emprego, de objectos valiosos ou de grande estima, de afeições compensadoras, da confiança nos demais, de amar...
O medo do desconhecido, do escuro, de altura, de pessoas, de multidões, de animais e insectos, que se apresentam como condutas fóbicas, são outros desafios perturbadores.
Acrescente-se a esses o medo de adoecer, de sofrer, de morrer...
Cultivados esses sentimentos, a existência torna-se um contínuo sofrimento, exactamente o que o indivíduo muito teme.
Assumisse-se, no entanto, a atitude do amor e constatar-se-ia que ele é o grande eliminador de qualquer expressão de receio e inquietação, porque oferece resistência moral para os enfrentamentos, para os fenómenos que fazem parte do processo de evolução.
Transitando-se num corpo de constituição molecular que se altera a cada segundo, no qual as mudanças processam-se continuamente, não há como adquirir-se estrutura de permanência, excepto quando o Self assume o comando consciente das funções orgânicas que lhe dizem respeito conduzir.
Mesmo em referência aos automatismos fisiológicos e psicológicos, que aparentemente independem da vontade, esta exerce tal predomínio na organização celular que, bem-direccionada, pode gerar novos condicionamentos, sobre os quais se podem estruturar hábitos de saúde e de bem-estar.
A mente indisciplinada e invigilante, não se habilitando a planificações profundas e de alto significado em torno dos ideais da beleza, do conhecimento, da religião, da investigação científica, da solidariedade humana, tende a cultivar os pavores que se lhe transformam em verdadeira paisagem de apresentação masoquista.
Perdem-se as excelentes oportunidades de viver-se integralmente o momento existencial com as suas dádivas, mesmo algumas que fazem parte do processo humano de evolução, receando o que possa acontecer no futuro e que, certamente, não sucederá, ou que assim sendo, nunca se apresentará conforme se pensou.
As conjunturas nas quais se manifestam os mais diversos fenómenos da vida definem-lhes a profundidade, o valor que lhes devem ser atribuídos, os efeitos que ficam.
No caleidoscópio das mudanças biológicas e emocionais, cada ocorrência expressa-se de maneira muito própria, variando de um para outro indivíduo, tendo em vista a sua constituição emocional.
Eis por que nunca se deve ou se pode avaliar com segurança como seria enfrentada uma situação calamitosa num paralelo pela forma como outrem a tem suportado.
O momento é sempre o grande definidor de forças.
Pessoas frágeis e amorosas conseguem superar situações desastrosas com uma coragem e fé surpreendentes, enquanto outras consideradas fortes e resistentes baqueiam diante de sucessos de pequena monta. Nutrindo-se de autoconfiança pela valorização das próprias energias, podem-se desmascarar os medos que se apresentam em forma de ciúme - filho doentio da insegurança emocional —, da inveja - tormento do mesmo conflito de insegurança -, do ódio - incapacidade de compreender e de desculpar -, do despeito — ausência de critério de auto-valorização —, todos provenientes de imaturidade psicológica, de permanência no período infantil...
Esse peculiar sentimento de medo destrutivo de forma alguma impede que sucedam os transtornos porvindouros, razão por que, entre outras, deve ser combatido com toda decisão, desde que retira o prazer de viver.
A mudança de óptica em torno do seu desenvolvimento na emoção produz a redução de máscaras sob as quais se oculta o danoso inimigo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 06, 2024 9:00 pm

Considerar-se que se têm os mesmos direitos de todo ser humano de fazer-se o que aprouver, desde que não agrida os interesses alheios, de proceder-se a escolhas e tomar-se decisões, constitui um passo decisivo para a superação do medo. Quando, por alguma razão, não sejam essas as melhores, e os resultados apresentem-se frustrantes, em vez de desencorajamento, concluir-se pelos lucros e a experiência da tentativa, ensejando-se maior campo de habilidades para futuras selecções e acções.
O terrível medo de amar, em face da possibilidade de sofrer-se a indiferença ou o desprezo da pessoa anelada ou mesmo do ideal elegido, que pode não ser compensador, de forma alguma proporciona satisfação, antes deixa tremenda angústia pelo não experimentado, pelo que ficará para sempre como desconhecido, que deveria ter sido vivenciado.
Pior do que amar e não receber resposta idêntica é o prejuízo de nunca haver amado.
Melhor que se haja vivido uma experiência cujos resultados não foram os mais agradáveis do que permanecer--se na incerteza de como seria tal realização.
Luta-se com o medo para evitá-lo, para contorná-lo, para superá-lo, mais do que se pensa conscientemente, gastando-se tempo valioso, que poderia ser aplicado em experiências que seriam exitosas, em forma de realizações não tentadas. Fantasia-se a vida como uma viagem sem incidentes nem acidentes, o que não deixa de ser utópico e irreal. O próprio ato de viver no corpo é firmado em processos desafiadores do organismo.
Na execução do programa de cada vida, todos tropeçam, sofrem decepções, insucessos, que são mestres hábeis no ensino dos mais eficientes meios para alcançar-se as metas a que se propõem.
Nada é fácil, sempre apresentando-se como recurso de aprendizagem e de evolução.
O medo, portanto, oculta-se na fantasia de tudo muito fácil, sem suores nem lágrimas, sem sofrimentos nem lutas, gerando incertezas em torno do ato de existir.
Não sendo superadas essas facetas do comportamento, podem-se enumerar outros medos, quais o de falar em público, de comunicar-se com pessoas desconhecidas, da solidão...
São medos perversos e traiçoeiros, porque se amontoam uns sobre os outros, cada vez mais complexos e difíceis de solucionados, caso não sejam enfrentados desde as primeiras manifestações. Certamente, todos têm planos e objectivos de felicidade que o medo ensombra e dificulta a realização.
Convém, no entanto, enfrentá-lo enquanto é possível realizar esses projectos, porque momento chega em que os recursos disponíveis de tempo, de saúde e de oportunidade já não existem mais.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 06, 2024 9:00 pm

Erradicação do medo
A coragem de manter contacto com os próprios medos é recurso terapêutico muito valioso para a sua erradicação, ou, pelo menos, para a sua administração psicológica.
Graças aos medos aprende-se como fazer-se algo, o que realmente se deseja fazer e para que se quer realizar.
Desse modo, enquanto não se apresenta como transtorno patológico, que necessita de psicoterapia ou mesmo de terapêutica química, muitos recursos encontram-se ao alcance de quem os deseje para libertar-se dos medos.
A consciência de que se é portador do medo e se está disposto a enfrentar-lhe as nuanças e manifestações, apresenta-se como um passo inicial de excelentes resultados. O prosseguimento da atitude de confiança em favor da sua liberação auxilia na conquista de espaço mental, substituindo-o por novos cometimentos e aspirações edificantes que se lhe opõem.
A vitória sobre qualquer conflito resulta de esforços ingentes e contínuos que o indivíduo se propõe com decisão e coragem. Mesmo quando superado o medo, isso não significa a sua eliminação total e absoluta, pois que novas situações podem exigir precaução e vigilância que se apresentarão em forma de temor.
Alicerçadas nos bons resultados já conseguidos, as novas tentativas serão muito mais fáceis do que as iniciais.
A grande terapia para todos os tipos de medo é a do amor. O amor a si mesmo, ao seu próximo e a Deus.
A si mesmo, de forma respeitosa e racional, considerando a utilidade da existência e o que a vida espera de cada um, desde que todos somente esperam da vida a sua contribuição. Quando diminuam ou desapareçam as doações que a vida oferece, chega o momento da retribuição, no qual é preciso que se lhe dê sustentação, harmonia para que o melhor possa acontecer em relação aos demais.
Nesse raciocínio e doação expressa-se o amor ao próximo, mediante o qual a vida adquire sentido e o relacionamento se vitaliza; porque centrado no interesse pelo bem-estar do outro, irradia-se bondade e ternura em seu benefício, sem o propósito negocista de receber-se compensação. Esse intercâmbio que une as criaturas umas às outras, leva-as à afeição pela Natureza e por todas as formas vivas ou não, alcançando o excelente amor a Deus, no esforço de preservação de tudo.
Alguns psiquiatras e psicólogos mais audaciosos reduzem todas as emoções humanas apenas ao medo e ao amor.
O amor é o antídoto eficaz para a superação do medo e a sua consequente eliminação.
Quando ama, o ser enriquece-se de coragem, embora não possa evitar os enfrentamentos em face dos impulsos edificantes que do amor emanam.
Assim, a solidariedade abre os braços fraternos em favor do próximo, experimentando-se valiosa fortuna de amar-se, desmascarando-se a artimanha do medo que o distanciava dessa emoção felicitadora.
Mantendo-se o sentimento de amor no imo, torna-se fácil converter desilusão em nova esperança e insucesso em experiência positiva. Sempre que voltem os medos - e eles retornarão várias vezes, o que é muito útil -, porque fortalecido, o indivíduo com mais decisão e sabedoria os enfrenta, superando-os por completo.
Em face disso, a escolha é de cada um: o medo ou o amor, já que os dois não convivem no mesmo espaço emocional.
É comum ouvir-se alguém em queixa a respeito da própria capacidade de conhecimento, das possibilidades de realização pessoal, em face do medo de insucesso e de erro.
Muito pior é não tentar, não saber com segurança a respeito de si mesmo, preferindo a dúvida mesquinha.
Quando seja constatada a insuficiência de recursos para que o êxito coroe o esforço envidado, adquire-se o exacto conhecimento de onde se encontra a falha ou a carência, podendo-se e devendo-se voltar aos tentames com novas cargas de que não se dispunha antes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 06, 2024 9:00 pm

Considerando-se a possibilidade de alguns dos medos serem inspirados por adversários desencarnados, a oração--terapia gera um clima psíquico tão elevado que o opositor perde o contacto com a vítima em face de esta erguer-se em superior onda vibratória, na qual não consegue ser alcançada pelo perseguidor espiritual. Nessa faixa de poderoso psiquismo nutriente, haurem-se resistência e vitalidade para vencer-se os limites e vitalizar-se de forças para voos mais altos e audaciosos.
Toda vez que se equivoque, em vez de uma reacção de raiva pelo erro, permita-se a compaixão como direito que se tem pelo erro cometido, considerando-se o estágio de humanidade em que se encontra e age.
Evite-se a postura intransigente de não se desculpar pelos feitos infelizes, pelas acções transtornadas.
Ninguém é excepção no mundo, vivenciando todos experiências equivalentes, que fazem parte do programa de elevação individual.
O medo da morte, por exemplo, que em muitos indivíduos se transforma em infelicidade, não deve permanecer como possibilidade em relação aos enfermos terminais que estão diante da certeza do desprendimento carnal.
Nada obstante, quem poderá avaliar quando irá suceder a morte deste ou daquele indivíduo?
Crianças e jovens saudáveis de um para outro momento são acometidos de enfermidades virulentas e rápidas que lhes ceifam avida, enquanto pacientes em deplorável estado orgânico sobrevivem, expiam, decompõem-se quase em vida.
Ademais, os acidentes de todo tipo, quais aqueles que acontecem com veículos de diferente porte, os da Natureza, os de balas perdidas, os de quedas fatais, demonstram a fragilidade do corpo e a imprevisibilidade dos impositivos humanos.
O medo é sempre injustificável, seja como for que se expresse. Muitas vezes, as pessoas têm receio de aproximar-se de outras nas reuniões sociais, nos encontros de negócios, nas actividades quotidianas, sem recordar-se que também aquelas experimentam as mesmas emoções de incerteza e receio. Se não as desvelam, é porque têm sido obrigadas por necessidades múltiplas a sobrepor-lhes os compromissos abraçados.
Se for considerado que muitos indivíduos venceram os seus medos, encontram-se formas estimulantes para a vitória sobre os próprios.
Na solidariedade estão igualmente os estímulos para o avanço, para a auto-estima, para o encorajamento em favor de novos tentames de progresso.
Sempre que o medo permaneça, mais medo se acumula. Na terapia do amor em relação ao medo, quanto mais se ama, naturalmente mais amor se tem a oferecer.
Mediante também a compaixão, que é diluente do medo, o ser humano torna-se mais digno e saudável.
Graças a esse sentimento que se expande na medida em que se ama, o ser engrandece-se e enriquece-se de vida, envolvendo-se em paz.
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