LUZ ESPÍRITA
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Série Psicológica Vol. 13 - Conflitos Existenciais/Joanna de Angelis

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Série Psicológica Vol. 13 - Conflitos Existenciais/Joanna de Angelis - Página 2 Empty Re: Série Psicológica Vol. 13 - Conflitos Existenciais/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 06, 2024 9:00 pm

05 — Ressentimento
Causas psicológicas do ressentimento - Eleitos perniciosos e transtornos - Emocionais do ressentimento. - Terapia libertadora

Causas psicológicas do ressentimento
Subjacente nos refolhos do inconsciente colectivo e individual da criatura humana, a necessidade do poder impõe-se como factor primacial para a autor realização, para o desenvolvimento da inteligência e da vontade, para a conquista pelo sentimento ou mediante a astúcia de tudo quanto o ego ambiciona.
Esta ânsia de poder, inerente ao ser humano pelo seu atavismo ancestral do processo de evolução animal, conforme Alfred Adler, é geradora de inúmeros conflitos quando não resolvida de maneira equilibrada.
A luta pelo poder, desse ponto de vista, constitui o motivo essencial da existência humana, na busca do seu bem-estar, da sua felicidade.
Freud, mediante a sua psicologia negativa sobre a natureza humana, considerava religião, ciência, moralidade como defesas elaboradas contra os conflitos humanos básicos que permaneciam ligados à agressão e à sexualidade.
O seu paradigma opõe-se ao conceito de que o bem--estar, a felicidade, tenham origem em a natureza do homem e da mulher, não confirmando a possibilidade de que o ser humano possa nascer bom e nobre. Em realidade, para ele, todas as repressões dos conflitos básicos que resultam da ansiedade que proporcionam, transformam a energia que funciona como o accionador dos comportamentos, conduzindo a sociedade, a cultura e a civilização tanto à grandeza dos sentimentos como ao seu desvario.
Ainda, na mesma visão, os sentimentos de elevação moral, fundamentados na justiça, na bondade, na generosidade, no amor fraternal, seriam destituídos de autenticidade, pois que essas manifestações superiores seriam geradas na personalidade.
Resultariam, desse modo, da ansiedade produzida por esses mesmos conflitos básicos, em vez de terem sua procedência nas virtudes e nas conquistas pessoais.
Mesmo a contribuição humana direccionada para a produção social, para o crescimento e edificação tanto do indivíduo como do seu grupo, ainda seriam rescaldos da repressão dos impulsos violentos e homicidas, então transformados em gestos de grandiosa solidariedade e relevante edificação de valores morais, sendo uma forma de compensação dos impulsos para agredir ou para destruir as demais pessoas...Mediante essa formulação, inexistiriam em a natureza humana a bondade intrínseca, a herança da evolução superior, tudo reduzido aos conflitos ancestrais que se fixaram nos instintos básicos.
O verdadeiro poder, sob um novo enfoque da Psicologia Profunda, não se encontra nos recursos amoedados, no relevo social ou político, no religioso ou cultural nas suas multifaces, mas sim na conquista interior do prazer de realizar-se, especialmente quando se consegue a vitória pelo amor, alcançando-se a individuação.
O sentido do poder, conforme Adler, que superaria o sentido do prazer, proposto por Freud, deveria avançar no rumo do sentido de existir, conforme Viktor Frankl.
Examinando-se, porém, o exclusivo sentido do poder, toda vez quando o indivíduo se sente defraudado na sua ambição desmedida, rebela-se, permitindo que o ego seja atingido e subestimado, gerando sentimentos controvertidos de ódio, de rancor, de ressentimento.
Igualmente, a frustração sexual, nessa oportunidade, mascara o seu conflito quando o indivíduo sente-se rejeitado, desenvolvendo-o com mais vigor, já que sua existência é uma herança dos seus instintos básicos, que dá lugar à exacerbação que se converte em ressentimento.
O animal macho rejeitado ou não aceito pelo animal fêmea agride-a, nas esferas inferiores do processo da evolução em que transitam, resultando na fase humana em sentimento de inferioridade, de abandono, abrindo, portanto, espaço para o ressentimento que anela pela subjugação de quem o desprezou.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 06, 2024 9:01 pm

Alojando-se na mente e na emoção, a fracassada possibilidade de manipulação de outrem transforma-se em surda e covarde expressão de vingança disfarçada, que deseja o desforço mediante a infelicidade daquele a quem considera como seu opositor.
Transferindo-se da emoção para a memória, faz-se verdugo cruel do indivíduo que perde o discernimento, a faculdade de logicar, para fixar-se naquilo que considera ofensa, cada vez mais enredando-se nos fluidos deletérios da revolta que termina por acometê-lo de perturbações emocionais e fisiológicas que se desenvolvem e se estimulam pela vitalização contínua.
É compreensível o surgimento de certa frustração e mesmo de desagrado diante de confrontos e de agressões promovidos por outrem, dando lugar a mágoas, que são certa aflição de carácter transitório, não, porém, à instalação do ressentimento.
Spinoza afirmou com propriedade no seu valioso tratado sobre a Ética, que a emoção que é sofrimento deixa de sê-lo no momento em que dela formarmos uma ideia clara e nítida.
Enquanto fixada em algum dos instintos básicos, a emoção é geradora de sofrimento, em face dos impositivos de que se reveste, como fenómeno sem controlo, como capricho decorrente de imaturidade psicológica.
O sentido do existir proporciona uma visão profunda do amor, que a tudo e a todos compreende, agigantando-se ao longo das experiências vivenciadas no quotidiano, que proporcionam crescimento emocional e consequente controlo das paixões.
O ser humano, em face da sua procedência espiritual, é portador do anjo e do demónio em latência, devendo desenvolver as inesgotáveis jazidas portadoras das elevadas manifestações adormecidas, ao tempo em que supera as heranças mais próximas
do primarismo de onde procedem as formas físicas. Assim, a vida possui um sentido de existência, que se fundamenta no amor, superando o vazio e a falta de significado, frutos do estado de tédio e de insatisfação.
Em decorrência da inevitabilidade do sofrimento, o caminho único a ser percorrido é a sua superação, quando se passa a formar a seu respeito uma ideia clara e nítida, racionalizando-lhe as ocorrências.
O ressentimento permanece como um especial arquétipo, sombra densa dominando os sentimentos humanos, aumentando o comportamento conflitivo, quando seria ideal liberá-lo da conduta, mesmo quando iniciando os passos de equilíbrio e da afirmação dos seus valores éticos, dos quais decorrem o bem-estar, a saúde em várias expressões, alcançando o numinoso.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 06, 2024 9:01 pm

Efeitos perniciosos e transtornos Emocionais do ressentimento
Os sentimentos violentados que se transformam em conflitos não resolvidos escravizam a criatura, que passa a vivenciá-los de acordo com o que lhe parece real, jamais conforme exercício de evolução.
Logo advêm transtornos de breve ou de longa duração, tal a depressão como resultado da amargura que domina as paisagens íntimas, devorando os parcos ideais de viver ou transformando-se em mecanismo de vingança, transferindo a culpa, que perturba,
como de responsabilidade de outrem, daquele que gerou a situação, nunca, porém, de si mesmo. Vezes outras, desenvolve a ansiedade pelo desejo mórbido de desforço, mediante o qual supõe erradamente seria resolvido o conflito injustificado.
Esse comportamento, porém, tem a ver com o estágio da consciência adormecida, ou não, de quem se acredita vítima da injunção que toma corpo superior à qualidade do fato ocorrido.
Os indivíduos biliosos já se fazem caracterizar pela debilidade da organização fisiológica, responsável por transtornos funcionais dos equipamentos de que se constitui, tendo maior facilidade em aceitar os desafios existenciais como provocações e instigações à sua aflição.
Portadores de diversos complexos, dentre os quais se destaca a inferioridade que se atribuem, acreditando sempre que tudo de desagradável que lhes sucede é desconsideração de pessoas ou de grupos, mantêm-se sempre armados, disparando petardos violentos contra todos, por decorrência de suspeitas incoerentes que lhes denotam a insegurança.
Não amando, consideram-se desamados, e sempre estão em vigilância rigorosa em torno de tudo quanto lhes diz respeito, desde que procedente dos demais, nunca, porém, deles originado.
A um passo de distúrbios graves, facilmente acolhem o ressentimento em que se comprazem, alterando o comportamento já doentio e mergulhando cada vez mais no poço sem fundo da amargura.
Neurotizando-se com mais vigor, não são capazes de uma catarse honesta, de uma busca de esclarecimento, de um apaziguamento interior, e mais revoltam-se quando são confrontados pela sensatez que os convida a uma revisão do acontecimento, a uma mudança de atitude.
Acumulam motivos e transtornam-se emocionalmente, considerando-se perseguidos e vinculando-se a mais graves compulsões de desforço.
E nesse clima de fixação mental, cultivando o fel da amargura, que se deixam tombar nas malhas nefastas de vinculações psíquicas com outras mentes em desalinho na Esfera espiritual em que se movimentam, iniciando-se conúbios obsessivos de grave porte.
Estabelecida a sintonia, o hóspede psíquico passa a realizar um processo hipnótico bem-urdido, ampliando a ideia da ocorrência na mente do hospedeiro, aumentando--lhe a carga vibratória com o acumular de outras ocorrências já superadas, que agora ressumam com teor de gravidade, mais afligindo o desditoso que se entrega de maneira masoquista ao fenómeno de que não se dá conta.
Nesse processo, apresenta-se a mistura dos sentimentos da vítima e do novo algoz, induzindo a desequilíbrio grave.
E natural que a incidência do transtorno obsessivo sobre o orgulho do ego ferido na sua soberania, resulte em alta carga de descompensação emocional, que o sistema nervoso central tem dificuldade de administrar, emitindo ondas fragmentárias ou aceleradas para as glândulas de secreção endócrina que descarregarão as suas substâncias no sistema imunológico, desarticulando-lhe suas defesas.
O avanço para distúrbios mais profundos é inevitável, porque o paciente bloqueia o discernimento; e qualquer convite para o equilíbrio, para a revisão do comportamento, nele produz reacção violenta ou falsa passividade, que significa indiferença pela terapia
de que necessita.
Ei-los que transitam pelo mundo infelizes, cabisbaixos, sucumbidos ou exaltados, rancorosos, despejando dardos violentos a qualquer contrariedade, justificando a insânia colectiva e desejando agravamento das ocorrências infelizes até a consumação geral pelo caos, que gostariam tivesse vigência imediata.
Nada obstante, tudo poderia ser resolvido com imensa facilidade, com uma boa dose de compreensão, de tolerância e de compaixão.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 06, 2024 9:01 pm

Terapia libertadora
A visão nova da Psicologia positiva, que reage à proposta freudiana a respeito da personalidade humana, procura entender de maneira muito diversa as emoções, ensejando-lhe uma conduta optimista, na qual devem permanecer como assinaladores de fronteiras a bondade, o perdão, o prazer, as gratificações do sentimento, a esperança e a fé, a confiança, o cultivo das virtudes, a busca e enriquecimento pela sabedoria, o amor pela Humanidade, a coragem e a justiça, a espiritualidade e a transcendência do ser.
A sua proposta induz a uma visão mais profunda do indivíduo no contexto da família, da sociedade, da democracia e da liberdade, ensejando uma orientação para que seja alcançado plenamente o sentido existencial.
Todos os seus argumentos são profundamente humanistas, facultando uma visão de felicidade no destino da criatura, estimulando-a a desenvolver das forças psicológicas dos sentimentos orientados para as virtudes.
O ser, em si mesmo, não é portador de maldade, mas foram as experiências do processo de evolução que despertaram essa face negativa, que pode e deve ser corrigida pela aplicação dos recursos do altruísmo, da bondade, da moralidade e da cooperação com as demais criaturas do mundo.
O processo de evolução gera prazeres, mesmo no cultivo do mal; no entanto, são transitórios, servindo de medida para comparação com as conquistas do bem e as alegrias dele derivadas com sabor duradouro.
Essa Psicologia proporciona a libertação natural do excruciante padecer que ressuma do ressentimento, desde que o paciente predisponha-se à reflexão, à mudança de comportamento mental para a posterior alteração de conduta emocional.
Desvalorizando o que considera ofensivo, em razão da fragilidade de que se reveste esse infeliz conceito, logo descobre o prazer de ser livre, de poder amar sem exigir compensação, de conviver sem qualquer estado preconcebido de autodefesa.
Ninguém vive a atacar outrem, excepto quando em desarmonia consigo, o que deixa de merecer consideração em face do distúrbio do agressor. Nesse sentido, a mudança de atitude mental e emocional rompe os liames da indução obsessiva, facilitando maior claridade para o raciocínio, então livre dos impulsos dominadores do algoz.
Ao mesmo tempo, a aplicação dos valiosos equipamentos do bem, em forma de acções meritórias, não somente é gratificante para a emoção, como é compensador de dívidas transactas, de agressões à vida em outras paragens do tempo e do espaço, quando em diferente vilegiatura carnal.
Persistindo, porém, o gravame que compraz o paciente, ei-lo incapaz de recuperar-se, necessitando de urgente socorro psicoterapêutico, proporcionado por outrem bem-equipado de conhecimentos ou especializado, a fim de que não se converta em um processo irreversível.
Em qualquer circunstância, porém, deve o indivíduo contribuir com a sua vontade, sem a qual todo o empenho e cooperação de outra pessoa redundam, infelizmente, inócuos, quando não mais desagradáveis para o padecente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 06, 2024 9:02 pm

6 — Culpa
A psicologia da culpa - As lamentáveis consequências da culpa não liberada - Processos de libertação da culpa

A psicologia da culpa
Duas são as causas psicológicas da culpa: a que procede da sombra escura do passado, da consciência que se sente responsável por males que haja praticado em relação a outrem e a que tem sua origem na infância, como decorrência da educação que lhe foi ministrada.
A culpa é resultado da raiva que alguém sente contra si mesmo, voltada para dentro, em forma de sensação de algo que foi feito erradamente.
Este procedimento preexiste à vida física, porque originário, na sua primeira proposta, como gravame cometido contra o próximo, que gerou conflito de consciência.
Quando a acção foi desencadeada, a raiva, o ódio ou o desejo de vingança, ou mesmo a inconsequência moral, não permitiram avaliação do desatino, atendendo ao impulso nascido na mesquinhez ou no primarismo pessoal.
Lentamente, porém, o remorso gerou o fenómeno de identificação do erro, mas não se fez acompanhar da coragem para a conveniente reparação, transferindo para os arquivos do Espírito o conflito em forma de culpa, que ressuma facilmente ante o desencadear de qualquer ocorrência produzida pela associação de ideias, condutora da lembrança inconsciente.
Quando isto ocorre, o indivíduo experimenta insopitável angústia, e procura recurso de auto-punição como mecanismo libertador para a consciência responsável pelo delito que ninguém conhece, mas se lhe encontra ínsito no mapa das realizações pessoais, portanto intransferível.
Apresenta-se como uma forte impregnação emocional, em forma de representações ou ideias (lembranças inconscientes), parcial ou totalmente reprimidas, que ressurgem no comportamento, nos sonhos, com fortes tintas de conflito psicológico.
Na segunda hipótese, a má-formação educacional, especialmente quando impede a criança de desenvolver a identidade, conspira para a instalação da culpa.
Normalmente exige-se que o educando seja parcial e adulador, concordando com as ideias dos adultos - pais e educadores - que estabelecem os parâmetros da sua conduta, sem terem em vista a sua espontaneidade, a sua liberdade de pensamento, a sua visão da existência humana em desenvolvimento e formação.
É de lamentar-se que as crianças sejam manipuladas por progenitores e professores, quando frustrados, que lhes transmitem a própria insegurança, insculpindo-lhes comportamentos que a si mesmos agradam em detrimento do que é de melhor para o aprendiz.
Precipita-se-lhe a fase do desenvolvimento adulto com expressões piegas, nas quais se afirmam: "já é uma mocinha, trata-se de um rapazinho", inculcando-lhes condutas extravagantes, sem que deixem de ser realmente crianças.
A vida infantil é relevante na formação da personalidade, na construção da consciência do Si, na definição dos rumos existenciais.
A conduta dos adultos grava no educando a forma de ser ou de parecer, de conviver ou de agradar, de conquistar ou de utilizar-se, dando surgimento, quase sempre, quando não correta, a inúmeros conflitos, a diversas culpas. Constrangida a ocultar a sua realidade, a fim de não ser punida, sentindo-se obrigada a agradar os seus orientadores, a criança compõe um quadro de aparência como forma de conveniência, frustrando-se profundamente e perturbando o carácter moral, que perde as directrizes de dignidade, os referenciais do que é certo e do que é errado...
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 07, 2024 11:10 am

Essa má-educação é imposta para que os educandos sejam bons meninos e boas meninas, o que equivale a dizer que atendam sempre aos interesses dos adultos, não os contrariando, não os desobedecendo. Bem poucas vezes pensa--se no bem-estar da criança, no que lhe apraz, naquilo que lhe é compatível com o entendimento.
Vezes outras, como forma escapista da própria consciência, os pais cumulam os filhos com brinquedos e jogos, em atitude igualmente infantil de suborno emocional, a fim de os distrair; em realidade, no entanto, para fugirem ao dever da sua companhia, dos diálogos indispensáveis, da convivência educativa mais pelos actos do que pelas palavras. Apesar de pretender-se tornar independente o educando, invariavelmente ele cresce co-dependente, isto é, sem liberdade de acção, de satisfação, culpando-se toda vez que se permite o prazer pessoal fora dos padrões estabelecidos e das imposições programadas.
Para poupar-se a problemas, perde a capacidade de dizer não, a espontaneidade de ser coerente com o que pensa, com o que sente, com o que deseja.
Não poucas vezes, a criança é punida quando se opõe, quando externa o seu pensamento, quando se nega, alterando a maneira de ser, a fim de evitar-se os sofrimentos.
Há uma necessidade psicológica de negar-se, de dizer-se não, sempre que se faça próprio, sem a utilização de métodos escapistas que induzem à pusilanimidade, à incoerência de natureza moral.
Não se pode concordar com tudo, e ipso facto, omitir-se de dizer-se o que se pensa, de negar-se, de ser-se autêntico.
Certamente a maneira de expressar a opinião é que se torna relevante, evitando-se a agressividade na resposta negativa, a prepotência na maneira de traduzir o pensamento oposto. Torna-se expressivo, de certo modo, não exactamente o que se diz, mas a maneira como se enuncia a informação.
Esse hábito, porém, deve ser iniciado na infância, embutindo-se no comportamento do educando a coragem de ser honesto, mesmo que a preço de algum ónus.
Essa insegurança na forma de proceder e a dubiedade de conduta, a que agrada aos outros e aquela que a si mesmo satisfaz, quase sempre desencadeiam processos subtis de culpa, que passam a zurzir o indivíduo na maioria das vezes em que é convidado a definir rumos de comportamento.
A culpa pode apresentar-se a partir do momento em que se deseja viver a independência, como se isso constituísse uma traição, um desrespeito àqueles que contribuíram para o desenvolvimento da existência, que deram orientação, que se esforçaram pela educação recebida. Entretanto, merece considerar que, se o esforço foi realizado com o objectivo de dar felicidade, esta começa a partir do instante em que o indivíduo afirma-se como criatura, em que tem capacidade para decidir, para realizar, para fazer-se independente.
Os adultos imaturos, no entanto, diante desse comportamento, cobram o pagamento pelo que fizeram, dizendo-se abandonados, queixando-se de ingratidão, provocando sentimentos injustificáveis de culpa, conduta essa manipuladora e infeliz.
Esse método abusivo é normalmente imposto à infância, propiciando que a culpa se instale, quando a criança dá-se conta de que pensa diferente dos seus pais, exigindo desses educadores sabedoria para poderem diluí-la e apoiarem o que seja correto, modificando o que não esteja compatível com a educação.
A culpa é algoz persistente e perigoso, que merece orientação psicológica urgente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 07, 2024 11:10 am

As Lamentáveis consequências da culpa não liberada
A culpa encontra sintonia com as paisagens mais escuras da personalidade humana em que se homizia.
Os conflitos e a mesquinhezes dos sentimentos nutrem-se da presença da culpa, levando a estertores agónicos aquele que lhe sofre a injunção.
Acabrunha e desarticula os mecanismos da fraternidade, tornando o paciente arredio e triste, quando não infeliz e desmotivado.
As suas acções tornam-se policiadas pelo medo de cometer novos desatinos e quase sempre é empurrado para a depressão.
Vezes, porém, outras, apresenta-se com nuanças muito especiais, mediante as quais há uma forma de escamoteá-la através de escusas e de justificações indevidas.
Assevera-se, nessa conduta, que é normal errar, e, sem dúvida, o é, mas não permanecendo em contínua postura de equívocos, prejudicando outras pessoas, sem o reconhecimento das atitudes infelizes que devem sempre ser recuperadas. Tormentosa é a existência de quem se nutre de culpa, sustentando-a com a sua insegurança. Tudo quanto lhe acontece de negativo, mesmo as ocorrências banais, é absorvido como sentimentos necessários à reparação.
A infância conflituosa, não poucas vezes, induz o educando à raiva, ao desejo de vingança, à morte dos pais ou dos mestres. Isto ocorre como catarse libertadora do desgosto. Quando, mais tarde, ocorre algo de infelicitador com aquele a quem foram dirigidos a ira e o desejo de desforço, a culpa instala-se, automaticamente, no enfermo, provocando arrependimento e dor.
Determinados acontecimentos têm lugar não porque sejam desejados, mas porque sucedem dentro dos fenómenos humanos.
Entretanto, a consciência aturdida aflige-se e procura mecanismo de autopunição, encontrando, na culpa, a melhor forma de descarregar o conflito.
Quando, num acidente, alguém morre ao lado de outrem que sobreviveu, em caso de este não possuir estabilidade emocional, logo se refugia na culpa de haver tomado o lugar na vida que pertencia ao que sucumbiu, sem dar-se conta de que sempre teve igualmente direito à existência. Tal comportamento mórbido castra muitas iniciativas e desencadeia outros processos autopunitivos de que a vítima não se dá conta.
O arrependimento, que deve ser um fenómeno normal de avaliação das acções, mediante os resultados decorrentes, torna-se, na consciência de culpa, uma chaga a purgar mal-estar e desconfiança.
Como forma de esconder o conflito, surge a autocomiseração, a auto-compaixão, quando seria mais correto a liberação do estado emocional, mediante a reparação, se e quando possível.
Reprimir a culpa, tentar ignorá-la é tão negativo quanto aceitá-la como ocorrência natural, sem o discernimento da gravidade das acções praticadas.
A medida que é introjectada, porém, a culpa assenhoreia-se da emoção e torna-se punitiva, castradora e perversa.
Gerando perturbações emocionais, pode induzir a comportamentos doentios e a atitudes criminosas, em face de repressões da agressividade, de sentimentos negativos incapazes de enfrentamentos claros e honestos que empurram para a traição, para os abismos sombrios da personalidade. Porque se nutre dos pensamentos atormentadores, o indivíduo sente-se desvalorizado e aflige-se com ideias pessimistas e desagradáveis. Acreditando-se desprezíveis, algumas personalidades de construção frágil escorregam para acções mais conflitivas.
Nos criminosos seriais, por exemplo, a culpa inconsciente propele-os a novos cometimentos homicidas, além do inato impulso psicopata e destrutivo que lhes anula os sentimentos e a lucidez em torno das atrocidades cometidas. Portadores de fragmentação da mente permanecem incapazes de uma avaliação em torno dos próprios actos.
Podem apresentar-se gentis e atraentes, conseguindo, dessa forma, conquistar as suas futuras vítimas, antegozando, no entanto, a satisfação da armadilha que lhes prepara, estimulando-os ao golpe final.
Bloqueando a culpa, saciam-se, por breve tempo, na aflição e no desespero de quem leva à consumpção. Quanto maior for o pavor de que o outro dê mostra, mais estímulo para golpear experimenta o agressor. A fúria sádica explode em prazer mórbido e cessa até nova irrupção.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 07, 2024 11:11 am

Processos de libertação da culpa
Há uma culpa saudável que deve acompanhar os actos humanos quando estes não correspondem aos padrões do equilíbrio e da Ética. Esse sentimento, porém, deve ser encarado como um sentido de responsabilidade.
Sem ela, perder-se-ia o controle da situação, permitindo que os indivíduos agissem irresponsavelmente.
Todas as criaturas cometem erros, alguns de natureza grave.
No entanto, não têm por que desanimar na luta, ou abandonar os compromissos de elevação moral.
O antídoto para a culpa é o perdão. Esse perdão que poderá ser direccionado a si mesmo, a quem foi a vítima, à comunidade, à Natureza.
Desde que a paz e a culpa não podem conviver juntas, porque uma elimina a presença da outra, torna-se necessário o exercício da compreensão da própria fraqueza, para que possa a criatura libertar-se da dolorosa injunção. A coragem de pedir perdão e a capacidade de perdoar são dois mecanismos terapêuticos libertadores da culpa.
Consciente do erro, torna-se exequível que se busque uma forma de reparação, e nenhuma é mais eficiente do que a de auxiliar aquele a quem se ofendeu ou prejudicou, ensejando-lhe a recomposição do que foi danificado.
Tratando-se de culpa que remanesce no inconsciente, procedente de existência passada, a mudança de atitude em relação à vida e aos relacionamentos, ensejando-se trabalho de edificação, torna-se o mais produtivo recurso propiciador do equilíbrio e a libertador da carga conflitiva.
Ignorando-se-lhe a procedência, não se lhe impede a presença em forma de angústia, de insegurança, de insatisfação, de ausência de merecimento a respeito de tudo de bom e de útil quanto sucede... Assim mesmo, o esforço em favor da solidariedade e da compaixão elabora mecanismos de diluição do processo afligente.
E comum que o sentimento de vergonha se instale no período infantil, quando ainda não se tem ideia de responsabilidade de deveres, mas se sabe o que é correto ou não para praticar. Não resistindo ao impulso agressivo ou à acção ilegítima, logo advém a vergonha pelo que foi feito, empurrando para fugas psicológicas automáticas que irão repercutir na idade adulta, embora ignorando-se a razão, o porquê.
A culpa tem a ver com o que foi feito de errado, enquanto que o sentimento de vergonha denota a consciência da irresponsabilidade, o conhecimento da acção negativa que foi praticada.
Somente a decisão de permitir-se herança perturbadora, que remanesce do período infantil, superando-a, torna possível a conquista do equilíbrio, da auto-segurança, da paz.
A saúde mental e comportamental impõe a liberação da culpa, utilizando-se do contributo valioso do discernimento, que avalia a qualidade das acções e permite as reparações, quando equivocadas; e, o prosseguimento delas, quando acertadas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 07, 2024 11:11 am

7 — Ciúme
Psicogénese do ciúme — Comportamentos doentios — Terapia para o ciúme

Psicogénese do ciúme
O Espírito imaturo, vitimado por desvios de comportamento em existências transactas, renasce assinalando o sistema emocional com as marcas infelizes disso resultantes.
Inquieto e insatisfeito, não consegue desenvolver em profundidade a auto-estima, permanecendo em deplorável situação de infância psicológica. Mesmo quando atinge a idade adulta, as suas são reacções de insegurança e capricho, caracterizando as dificuldades que tem para um ajustamento equilibrado no contexto social.
Aspira ao amor e teme entregar-se-lhe, porquanto o sentido da posse que lhe daria autoconfiança está adstrito à dominação de coisas, de pessoas e de interesses imediatistas, ambicionando transferi-lo para quem, certamente, não se permitirá dominar pela sua morbidez. Às vezes, quando se trata de um relacionamento com outra personalidade igualmente infantil, esta deixa-se, temporariamente, manipular, por acomodação ou sentimento subalterno, reagindo a posterior! de maneira imprevisível. Em oportunidades outras, permite-se conduzir, desinteressando-se das próprias aspirações, enquanto submete-se aos caprichos do dominador, resultando numa afectividade doentia, destituída de significados nobres e de vivências enriquecedoras.
Porque a culpa se lhe encontra no íntimo, esse indivíduo não consegue descodificá-la, a fim de libertar-se, ocultando-a na desconfiança que permanece no seu inconsciente, assim experimentando tormentos e desajustes.
Incapaz de oferecer-se em clima de tranquilidade ao afecto, desconfia das demais pessoas, supondo que também são incapazes de dedicar-se com integração desinteressada, sem ocultar sentimentos infelizes.
Porque não consegue manter um bom nível de auto-estima, acredita não merecer o carinho nem o devotamento de outrem, afligindo-se, em razão do medo de perder-lhe a companhia. Esse tormento faz-se tão cruel, que se encarrega, inconscientemente, de afastar a outra pessoa, tornando-lhe a convivência insuportável, em face da geração de contínuos conflitos que o inseguro se permite.
A imaturidade psicológica daqueles que assim agem, torna-se tão grave, que procuram justificar o ciúme como o sal do amor, como se a afectividade tivesse qualquer tipo de necessidade de conflito, do sal da desconfiança.
O amor nutre-se de amor e consolida-se mediante a confiança irrestrita que gera, selando os sentimentos com as belas vibrações da ternura e da amizade bem-estruturada.
A falta de maturidade emocional do indivíduo prende-o ao período do pensamento mítico, no qual as fantasias exercem predominância em sua conduta psíquica.
Incapaz de enfrentar a realidade e as situações que se apresentam como necessárias ao crescimento contínuo da capacidade de discernimento e de luta, faculta-se a permanência na fantasia, no cultivo utópico da ilusão, imaginando um mundo irreal que gostaria de habitar, evitando a convivência com o destemor e o trabalho sério, de forma que se conduz asfixiado pelo que imagina em relação ao que defronta na vida real.
Torna-se capaz de manter uma vida interior conflitiva, que mascara com sorrisos e outros disfarces, padecendo o medo e a incerteza de ser feliz.
Sempre teme ser descoberto e conduzido à vivência dos factos conforme são, e não consoante desejaria. Evita diálogos profundos, receando sempre falsear e ser identificado nos recalques e desaires que lhe são habituais.
Procedente de uma infância na qual teve de escamotear a verdade e disfarçar as próprias necessidades por medo de punição ou de incompreensão dos demais, atinge a idade adulta sem a libertação das inseguranças juvenis.
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Série Psicológica Vol. 13 - Conflitos Existenciais/Joanna de Angelis - Página 2 Empty Re: Série Psicológica Vol. 13 - Conflitos Existenciais/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 07, 2024 11:11 am

Sentindo-se sempre desconsiderado, porque não consegue submeter aqueles a quem gostaria de amar-do-minando, entrega-se aos ciúmes injustificáveis, nos quais a imaginação atormentada exerce uma função patológica.
Vê e ouve o que existe no seu mundo íntimo, transferindo essas fantasias para subjugar o ser a quem diz amar.
Atormentado pela auto-compaixão, refugia-se na infelicidade, de modo a inspirar piedade, quando deveria esforçar-se para conquistar afeição; subestima-se ou sobrevaloriza-se, assumindo posturas inadequadas à idade fisiológica, que deveria estar acompanhada do desempenho saudável de ser psicológico maduro.
Sempre recapitula a defecção afectiva dos demais, que compara com as suas próprias aflições, permitindo-se a ideia mórbida de que ninguém é fiel, pessoa alguma consegue dedicar-se a outrem sem que não mantenha sentimentos servis. Possivelmente, no íntimo, sente-se, dessa forma, incapaz de afeiçoar-se pelo prazer de querer bem, portador de insatisfações pessoais em relação a si mesmo, mesquinho no que se refere à auto-doação... Por consequência, enxerga o amor como mecanismo
de manipulação ou instrumento para a conquista de valores amoedados ou de projecção política, social, artística, sem entender que, se existem aqueles que assim se comportam, não poucos agem e amam de maneira total e diferente dessa postura infeliz.
O ciúme tem raízes, portanto, no egotismo exagerado, que somente pode ser superado mediante o trabalho de auto-disciplina e de entrega pessoal.
O Espírito evolui através de etapas sucessivas, lapidando arestas mediante o instrumento sublime da reencarnação, que lhe propicia transformações morais contínuas, enquanto desenvolve a inteligência e os sentimentos.
Por isso, o Self é depositário de todos os valores das experiências adquiridas no largo jornadear do desenvolvimento antropossociopsicológico. Quanto mais o indivíduo valorizar o ego, sem administrar-lhe as heranças da inferioridade, mais se atormenta, em face da necessidade do relacionamento interpessoal que, sem a presença da afectividade, sempre torna-se frio, distante, sem sentido nem continuidade.
A existência física tem por meta o aprimoramento dos valores espirituais que jazem latentes no ser humano, que adquire sabedoria e paz, de forma que possa desfrutar de saúde integral, o que não significa ausência de enfermidades, que podem ser consideradas como acidentes de percurso na marcha, sem danos graves de qualquer natureza.
Trabalhar a emoção, reflexionar em torno dos sentimentos próprios e do próximo constituem uma saudável psicoterapia para a aquisição da confiança em si mesmo e nos outros.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 07, 2024 11:11 am

Comportamentos doentios
Na morbidez do ciúme, o paciente estertora sempre na inquietação.
Anela pelo amor e recusa-o pelo receio de ser traído ou enganado. Não se sentindo portador de sentimentos de abnegação e de devotamento, desconsidera as mais belas florações da afectividade, sempre tidas como recurso de prazer e de conquista de coisas, sem procurar entender a nobreza que vitaliza aquele que ama.
Talvez essa análise da personalidade enferma do ciumento haja propiciado o conceito psicanalítico de considerar que a bondade, o sacrifício, o devotamento são frustrações da libido, que se transfere de direccionamento, ensejando outro tipo de realização.
Essa conduta de enobrecimento, que enriquece a Humanidade com exemplos dignificadores, é vista, nesse contexto, sob suspeição exagerada, até quase considerada patológica, em razão da consideração imprópria em torno da criatura, como se fora animal apenas pensante...Os períodos cruciais por que passa a criança, segundo a observação de Freud, no que diz respeito ao desenvolvimento psicossexual, através dos estádios oral, anal, fálico e genital, direccionam o ser humano somente para a busca do prazer, sendo que, na mudança de um para outro estádio são gerados conflitos e frustrações, em razão das outras formas anteriores de satisfação (prazer) serem negadas.
Por sua vez, Karen Horney (1885 - 1952), analisando os diferentes padrões da personalidade, sustentou que os indivíduos, particularmente na sociedade hodierna, sofrem de um tipo de ansiedade fundamental.
Essa ansiedade que gera neuróticos, ou daqueles que já se encontram neurotizados, indu-los a uma exagerada busca de múltiplos objectivos como forma de diminuir ou abafar essa inquietação. Um grande número foge, então, na busca do amor, enquanto outros se entregam à conquista de recursos amoedados, de prestígio social, político, religioso, de qualquer tipo, evitando envolvimentos emocionais ou ainda tentando diminuí-la por meio do álcool, das drogas aditivas...A busca neurótica pelo amor, porém, tem prevalência nesses comportamentos ansiosos. E porque o indivíduo pensa que a satisfação do instinto poderá acalmar-lhe a ansiedade, frustra-se com facilidade, já que as suas exigências de afecto são excessivas, totais... A mínima insatisfação que lhe advém, atira-o para o conceito falso de que foi recusado, sentindo-se rejeitado. Com esse fenómeno, aumenta--lhe a ansiedade, que o tornará mais afadigado na busca do afecto ainda não alcançado, ampliando as possibilidades de repulsa, e assim movimentando-se num círculo vicioso.
Desvairado, permite-se a hostilidade que não consegue identificar, sempre receando a perda total do ser que diz amar.
Desvaloriza-se a si mesmo, a fim de enaltecer o outro a quem se afeiçoa, ou passa a desconsiderar, imaginando que se equivocou, quando atribuiu excessivos valores e recursos que a pessoa não possui.
Esse tipo de mecanismo circular é muito comum no paciente ciumento, que sempre está em busca de fidelidade absoluta noutrem, sem condições de manter-se no mesmo padrão, mediante uma conduta tranquila, não neurótica. Em face dessa insegurança emocional, sente o ego ferido pelo desprezo que imagina foi-lhe concedido, deixando-se dominar por ideias perversas de autocídio ou de homicídio.
Na raiz de muitos crimes na área da afectividade doentia, o ciúme destaca-se como factor primacial, por ser possessivo, asselvajado.
Sentindo-se recusado, muitas vezes, porque é cansativo o apego do paciente, e o outro parceiro exaure-se na sua convivência, isso é tido como rejeição porque - pensa - certamente há outrem interferindo no relacionamento, em um triângulo imaginoso.
Desencadeada a ideia suspeitosa e infeliz, a maquinação doentia aumenta, e considerando-se vítima, põe-se em observação alucinada, deformando todos os acontecimentos, que passa a ver através de uma óptica distorcida, isto é, confirmando o que deseja que esteja acontecendo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 07, 2024 11:12 am

Quando a mente descontrola o comando do discernimento, o paciente consegue introduzir pessoas de quem suspeita no convívio do lar, a fim de facilitar o relacionamento com o outro e poder melhor confirmar as angustiantes expectativas, culminando em loucura ou crime.
Não apenas na área da afectividade entre parceiros o ciúme é tormento da alma, como também em qualquer contacto interpessoal, social, profissional...
Quem se permite alimentar a víbora do ciúme no coração, mediante suspeitas infundadas, torna-se elemento prejudicial à sociedade, em razão do comportamento que se decompõe, levando a maledicências, a comentários desairosos, a apresentação de ocorrências não reais, a apontamentos deprimentes e a censuras injustificáveis.
O ciúme estimula a inveja, e ambos trabalham em comum acordo para anular a acção daquele que lhes inspira o sentimento negativo.
Pais imaturos são muito responsáveis por esse comportamento doentio, quando geram cenas de preferências no lar, seleccionando os filhos queridos daqueles que parecem rejeitar. Outras vezes, demonstram a conduta inamistosa com aqueles que são tímidos, empurrando-os para dentro de si mesmos, frustrando-os na afectividade e na autoconfiança, de forma que o complexo de inferioridade os fere dolorosamente, dando lugar ao ciúme e à inveja.
A sociedade é, nesse caso, sempre tida como hostil. Sem dúvida, ela é constituída pelos indivíduos que a compõem. Se a criatura é indiferente ou agressiva, ao encontrar outra equivalente, forma o grupo social desinteressado pelo bem-estar comum, desenvolvendo o egoísmo geral e cerrando as portas àqueles que desejam oportunidade de relacionamento.
Os indivíduos tímidos, aqueles que sofreram agressões na infância, que desenvolveram conflitos de inferioridade, sempre sentem-se rejeitados e repelidos, expulsos sem consideração ou sequer comiseração, em mecanismo evocativo inconsciente do que experimentaram durante a construção da personalidade...
Irão formar bolsões de adversários inconscientes uns (os rejeitados) dos outros (os encarcerados no egoísmo), todos eles insensíveis aos sentimentos de humanidade, e isto sucede porque se sentem excluídos da sociedade, desenvolvendo a agressividade, filha dilecta da revolta e do ressentimento, que explodem em forma dos diversos crimes que ora assolam em toda parte. Não bastassem os prejuízos que provocam onde se encontram, esses indivíduos são infelizes em si mesmos, merecedores de tratamento especializado, de ajuda fraternal, de consideração espiritual, porquanto avançam, cada vez mais, para situações penosas e aflitivas.
Inegavelmente, a convivência com o paciente ciumento é martirizante, especialmente quando se recusa ao tratamento libertador.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 07, 2024 11:12 am

Terapia para o ciúme
Todo e qualquer distúrbio orgânico, psicológico ou mental necessita de tratamento especializado, considerando-se a área em que se apresenta.
E natural, portanto que, naquilo que diz respeito ao comportamento emocional, seja levada em conta a terapêutica especializada, de modo a encontrar-se a raiz actual do problema, nunca sendo olvidado que o Espírito, em si mesmo, é o grande enfermo. Embora esse conhecimento, podem ser minimizados os efeitos perturbadores através do reencontro com as causas da existência presente, que tiveram origem no lar agressivo ou negligente, no grupo social perverso, nas condutas extravagantes ou em processos enfermiços que atingiram a organização física.
Penetrando-se nas causas dos conflitos dessa natureza - o ciúme - pode-se avaliar a melhor conduta para os indivíduos normais, em face dos padrões que denominaremos como de confrontação e de saúde mental. Em todos os indivíduos encontram-se os conflitos inconscientes e os mecanismos de defesa, diferenciando-se através de como são resolvidos.
Oportunamente, com Anna Freud (1895-1982) e outros, como Heinz Hartman (1894-1970) e Erik Erikson (1902-1994), surgiu uma corrente na psicanálise, denominada como psicologia do ego, em que os seus adeptos, além do conceito da libido, agregam os factores culturais e interpessoais como desencadeadores da saúde e dos distúrbios de conduta. Nada obstante, propõem as contribuições saudáveis do si-próprio, na maneira como trabalhar o mundo, conviver com a realidade tal como se apresenta, em vez de mascarar-se, evitando enfrentá-los ou procurar justificativas falsas para a sua evasão.
A criatura humana possui motivação para uma existência saudável, a depender da aspiração que mantenha no seu sacrário íntimo, conforme propõe Abraham Maslow (1908-1970).
Na pirâmide proposta pela eminente terapeuta humanista, as necessidades fisiológicas dos primeiros períodos vão lentamente sendo direccionadas para outras, como as de segurança, conforto, ausência de medos, busca do amor, competência, aprovação e reconhecimento; logo ascendendo para as necessidades cognitivas, ordem, beleza, realização pessoal para atingir as experiências-limite.
Nessa ascensão, o conceito de si-próprio exerce um papel preponderante, por estimular o ser à conquista de valores internos e pessoais, que o erguem ao pleno desenvolvimento dos seus recursos morais e espirituais.
O paciente ciumento, em sua insegurança, não tem qualquer consideração por si próprio, necessitando, portanto, de ser conduzido à auto-estima, à superação dos conflitos de inferioridade e de insegurança, tomando conhecimento lúcido das infinitas possibilidades de equilíbrio e de afectividade que lhe estão ao alcance. Ao mesmo tempo, a libertação das ideias masoquistas primitivas que nele permanecem, da culpa inconsciente que necessita de punição, bem direccionada pelo psicoterapeuta, ensejar-lhe-á a compreensão de que todos erram, de que todos devem assumir a consciência dos equívocos, mas a ninguém é concedido o direito de permanecer no muro das lamentações em torno de reais ou imaginárias aflições. O amor é como um perfume. Espraia-se invisível, mas percebido, impregnando os sentimentos que se identificam, facultando saúde emocional e bem-estar a todos.
Quando buscado com afã, torna-se neurótico e perturbador, jamais atendendo às necessidades legítimas da pessoa. Por outro lado, a acção fraternal da solidariedade enseja uma visão diferente daquela na qual o paciente encarcera-se, acreditando-se, apenas ele, como pessoa que vive um tipo de incompletude. Nesse ministério da acção caridosa para com os enfermos, em relação às demais pessoas que experimentam diferentes tipos de necessidade, ele se descobrirá naqueles a quem Jesus, o Psicoterapeuta por excelência, denominou como os filhos e as filhas do Calvário, por conduzirem também suas cruzes, algumas delas invisíveis aos olhos externos das demais pessoas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 07, 2024 11:12 am

A acção de benemerência direccionada ao próximo conduz ao descobrimento de quanto é saudável ajudar, facultando o entendimento dos dramas alheios e, ao mesmo tempo, encontrando solução para os próprios conflitos.
Aquele que se dedica à compaixão e à caridade, descobre, deslumbrado, não ser o único sofredor do mundo, e identifica-se com muitos que também estão padecendo, verificando, entretanto, quantos estão lutando com destemor para superar os impedimentos e as dificuldades que os atam à aflição.
Essa constatação serve-lhe de estímulo para também procurar a melhor maneira de libertação pessoal.
A terapêutica da bondade ao lado da psicoterapia especializada constitui elemento construtivo para a superação do ciúme, porque, nesse serviço, o afecto se amplia, os horizontes alargam-se, os interesses deixam de ser personalistas e a visão a respeito do mundo e da sociedade torna-se mais complacente e menos rigorosa.
Amor terapia, portanto, é indispensável para qualquer evento de desequilíbrio emocional, especialmente por ensejar o intercâmbio com o Pensamento Divino que se haure através da oração e da esperança.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 07, 2024 11:12 am

8 — Ansiedade
Psicogénese da ansiedade — Desdobramento dos fenómenos ansiosos — Terapia para a ansiedade

Psicogénese da ansiedade
São muitos os factores predisponentes e preponderantes que desencadeiam a ansiedade. Além das conjunturas ancestrais defluentes dos conflitos trazidos de existências transactas, a criança pode apresentar, desde cedo, os primeiros sintomas de ansiedade no medo inato do desconhecido - denominado por John Bowlby como vinculação - e do não familiar. Em realidade, essa vinculação apresenta um lado positivo, que é o de oferecer-lhe conforto e segurança, especialmente junto à mãe, com a qual interage em forma de prazer.
Desde o nascimento, havendo esse sentimento profundo, a criança prepara-se para uma sólida interacção com a sociedade e demonstra-o, desde o princípio, quando qualquer alegria ou satisfação proporciona-lhe um amplo sorriso, apresentando-se calma e confiante.
Quando, porém, isso não ocorre, há uma possibilidade de a criança não sobreviver ou atravessar períodos difíceis, em face do medo inespecífico que seria originado pela ausência da mãe, que os psiquiatras identificam na condição de ansiedade livre flutuante. O paciente apresenta um medo exagerado, e porque não sabe de quê, fica ainda com mais medo, formando um círculo vicioso.
Dessa ansiedade, as aparentes ameaças externas, mesmo que insignificantes, tornam-se-lhe demasiadamente grandes, culminando, na idade adulta, com uma dependência infantil.
Quando uma criança é severamente punida pelos pais - que se apresentam como predadores cruéis - há maior necessidade de apego, tornando-a mais dependente, buscando refúgio, neles mesmos, que são os factores do seu medo.
Esse medo do desconhecido, ainda segundo Bowlby, impõe uma vinculação familiar que, ao ser desfeita, amplia a área da ansiedade.
Certamente, o fenómeno tem as suas raízes profundas na necessidade de reparação da afectividade conflitiva que vem de outras existências espirituais, quando houve desgoverno de conduta, gerando animosidade (nos atuais pais) e necessidade de apoio (no Espírito endividado, que ora se sente rejeitado).
A vinculação com o pai produz segurança, a separação proporciona angústia. No período inicial, essa vinculação pode ser transferida para outrem, quando na ausência da mãe; mais tarde, porém, como a criança já sabe quem é a mãe, não a tendo, chora, perturba-se, inquieta-se, e transfere a insegurança para os outros períodos da existência.
Essa ansiedade básica ou fundamental representa a insegurança que resulta de sentir-se a sós, num mundo hostil, em total desamparo, levando-a a um tormento, no qual nunca está emocionalmente onde se encontra, desejando conseguir o que ainda não aconteceu.
Como decorrência da instabilidade que a caracteriza, anseia por situações proeminentes, destaques, conquistas de valores, especialmente realização pelo amor, em mecanismos espectaculares de fuga do conflito...
A busca do amor faz-se-lhe, então, tormentosa e desesperadora, como se pudesse, através desse recurso, amortecer a ansiedade. No íntimo, porém, evita envolvimentos emocionais verdadeiros, por medo de os perder e vir a sofrer-lhes as consequências. Existe uma necessidade de identificação de pensamentos irracionais que, não poucas vezes, são os responsáveis pelo desencadeamento da ansiedade. Basta um simples encontro, algo que desperte um pensamento automático e irracional, e ei-la que se faz presente.
No inconsciente do indivíduo inseguro existe uma necessidade de autor realização que, não conseguida, favorece-lhe a fuga pela ansiedade, normalmente produzindo--lhe desgaste no sistema emocional, por efeito gerando estresse no comportamento.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 07, 2024 9:06 pm

Na problemática dos conflitos humanos surge o recalcamento que, segundo Freud, resultaria da ansiedade intensa, de um estado emocional muito semelhante ao medo. Segundo ele, o medo da criança de perder o afecto dos pais leva à ansiedade, que a induz a atitudes de inquietação e agressividade.
Considerando-se, ainda, conforme o eminente mestre vienense, que a ansiedade é muito desagradável à criança, ela se esforçará para ver-se livre. Não conseguindo, foge para dentro de si mesma, experienciando a insegurança por sentir-se impossibilitada de reprimir o que a desperta - o ato interdito. Processos enfermiços no organismo físico igualmente
respondem pelo fenómeno da ansiedade, especialmente se o indivíduo não se encontra com estrutura emocional equilibrada para os enfrentamentos que qualquer enfermidade proporciona.
O medo de piorar, de não se libertar da doença, recuperando a saúde, o receio da falta de recursos para atender às necessidades defluentes da situação, o temor dos comentários maliciosos de pessoas insensatas em torno da questão, o pavor da morte favorecem o distúrbio de ansiedade, que se agrava na razão directa em que as dificuldades se apresentam.
A ansiedade é, na conjuntura social da actualidade, um grave factor de perturbação e de desequilíbrio, que merece cuidados especiais, observação profunda e terapia especializada.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 07, 2024 9:07 pm

Desdobramento dos fenómenos ansiosos
A ausência de serenidade para enfrentar os desafios da existência faz que o comportamento do indivíduo se torne doentio, cheio de expectativas, normalmente perturbadoras, gerando incapacidade de acção equilibrada e de desenvolvimento dos valores ético-morais correctos.
Ao mesmo tempo, avoluma-se na mente uma grande quantidade de ambições, de desejos de execução ou conquista de coisas simultaneamente, aturdindo, desorientando o paciente, que sempre se transfere de um estado psicológico para outro, muitas vezes alternando também o humor, ora risonho, ora sisudo. A necessidade conflitiva de preencher os minutos com actividades, mesmo que desconexas, diminui-lhe a capacidade de observação, confunde-lhe o pensamento e, quando por motivo imperioso vê-se obrigado a parar, amolenta-se, deixando de prestar atenção ao que ocorre, para escorregar pelo sono no rumo da evasão da realidade.
Justifica que não está adormecido, mas de olhos fechados, realmente dominado por um estranho torpor, que é fruto do desinteresse pelo que acontece em volta, pelo que sucede em seu entorno, convocando-o a outras motivações que, não fazendo parte do seu tormento, infelizmente não despertam interesse.
O comportamento ansioso, não poucas vezes, é estimulado por descargas contínuas de adrenalina, o hormônio secretado pelas glândulas supra-renais, que activam a movimentação do indivíduo, parecendo vitalizá-lo de energias, que logo diminuem de intensidade.
Por essa razão, algumas vezes torna-se loquaz, activo, alternando movimentações que o mantenham em intenso trabalho, nem sempre produtivo, por falta de coordenação e direccionamento.
Noutras ocasiões, sofreia a inquietação e atormenta-se em estado de mutismo, taciturno, mas interiormente ansioso, tumultuado.
Quanto mais se deixa arrastar pela insatisfação do que faz, mais deseja realizar, não se fixando na análise das operações concluídas, logo desejando outros desafios e labores que não tem capacidade para atender conforme seria de desejar.
Na sua turbulência comportamental, os indivíduos tornam-se, não raras vezes, exigentes e preconceituosos, agressivos e violentos, desejosos de impor a sua vontade contra a ordem estabelecida ou aquilo que consideram como errado e carente de reparação.
Os seus relacionamentos são turbulentos, porque se desejam impor, não admitindo restrições à forma de conduta, nem orientação que os invite a uma mudança de comportamento.
Quando são atraídos sexualmente, tornam-se quase sempre passionais, porque supõem que é amor aquilo que experimentam, desejando submeter a outra pessoa aos seus caprichos e exigências, como demonstração de fidelidade, o que, após algum tempo de convivência, torna-se insuportável, em razão das descargas contínuas de epinefrina, que respondem por essa necessidade de mudanças de conduta, pela instabilidade nas realizações.
O quadro da ansiedade varia de um para outro indivíduo, embora as características sintomatológicas sejam equivalentes.
Stressando-se com facilidade, em razão da falta de autoconfiança e de harmonia interna, o paciente tende a padecer transtornos depressivos, quase sempre de natureza bipolar, com graves ressonâncias nos equipamentos neuroniais.
Passados os momentos de abstracção da realidade, quando a melancolia profunda mergulhou-o no desinteresse pela vida e na tristeza sem par, o salto para a exaltação leva-o, com frequência, aos delírios visuais e auditivos, extrapolando as possibilidades, para assumir personificações místicas ou histriónicas, poderosas e invejadas, cujas existências enganosas encontram-se no seu inconsciente.
Terminado o período de excitação, no trânsito para o novo submergir na angústia, torna-se muito perigoso, porque a realidade perde os contornos, e o desejo de fuga, de libertação do mal-estar atira-o nos abismos do autocídio.
Desfilam em nossa comunidade social inúmeros indivíduos ansiosos que se negam ao reconhecimento do distúrbio que os atormenta, procurando disfarçar com o álcool, o tabaco, nos quais dizem dispor de um bastão psicológico para apoio e melhor reflexão, nas drogas aditivas ou no sexo desvairado, insaciável, o que mais lhes complica o quadro de insanidade emocional.
O reconhecimento da situação abre oportunidade para uma terapia de auto-ajuda, pelo menos, ensejando receber de imediato o apoio do especialista.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 07, 2024 9:07 pm

Terapia para a ansiedade
Inquestionavelmente, todas aflições e todos desapontamentos que aturdem o ser humano procedem-lhe do Espírito que é, atado aos conflitos que se derivam das malogradas experiências corporais transactas.
O Self, ao longo das vivências acumuladas, exterioriza as inquietações e culpas que necessitam de ser liberadas mediante a catarse pelo sofrimento reparador, a fim de harmonizar-se.
Quando isso não ocorre, o ego apresenta-se estremunhado, inquieto, ansioso...
Especificamente no distúrbio da ansiedade, esses fenómenos atormentadores sucedem-se, como liberação dos dramas íntimos que jazem no inconsciente profundo - arquivados nos recessos do perispírito - e afectam o sistema emocional.
A terapêutica libertadora há que iniciar-se na racionalização do tormento, trabalhando-o mediante a reflexão e a adopção do optimismo, de modo que lentamente a paciência e o equilíbrio possam instalar-se nas paisagens interiores. Psicoterapeutas hábeis conseguirão detectar as causas atuais da ansiedade — remanescentes das causalidades anteriores - liberando, a pouco e pouco, o paciente, através da confiança que lhe infundem, encorajando-o para os cometimentos saudáveis.
Em alguns casos, quando há problema da libido, o psicanalista poderá reconduzir o indivíduo à experiência da vida fetal, ou da perinatal, ou infantil no lar, destrinçando as teias retentivas em torno da perturbação que não conseguiu digerir no período da ocorrência.
Transferindo os medos e as incertezas para o inconsciente, ei-los agora ressumando em forma de ansiedade, que poderá ser diluída após o trabalho de psicanálise nas suas origens.
O paciente, no entanto, como responsável pelo distúrbio psicológico, deve compreender a finalidade da sua actual existência corporal, instrumentalizando-se com segurança para trabalhar-se, adaptando-se ao esquema de saúde e de paz.
Nesse sentido, as leituras edificantes propiciadoras de renovação mental e emocional, as técnicas da Ioga, disciplinando a vontade e o sistema nervoso, constituem valiosos recursos psicoterapêuticos ao alcance de todos.
Nunca se esquecer, igualmente, de que a meditação, induzindo à calma e ao bem-estar, inspira à acção do bem, do amor, da compaixão e da caridade em relação a si mesmo e ao próximo, haurindo alegria de viver e satisfação de auto-realizar-se, entregando-se aos desígnios divinos, ao tempo em que realizará a tarefa de criatura lúcida e consciente das próprias responsabilidades, que descobriu o nobre sentido existencial.
A ansiedade natural, o desejo de que ocorra o que se aguarda, a normal expectativa em torno dos fenómenos existenciais compõem um quadro saudável na existência de todos os indivíduos equilibrados.
O tormento, porém, que produz distúrbios generalizados, tais: sudorese abundante, colapso periférico, arritmia cardíaca, inquietação exagerada, receio de insucesso, produz o estado patológico, que pode ser superado com o auxílio do especialista em psicoterapia e o desejo pessoal realizado com empenho para consegui-lo.
As aflições defluentes da ansiedade podem ser erradicadas, portanto, graças aos cuidados especializados, adicionados à aplicação da bioenergia por meio dos passes e da água fluidificada, que restauram o campo vibratório e revitalizam as células.
Outrossim, o hábito da oração e o cultivo dos pensamentos dignificadores são o coroamento do processo curativo para o encontro da saúde e da paz.
Jesus, o Psicoterapeuta por excelência, asseverou no Sermão da Montanha (Mateus, 5:4): Bem-aventurados os que choram - recuperando-se das culpas e das mazelas -porque eles serão consolados.
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Série Psicológica Vol. 13 - Conflitos Existenciais/Joanna de Angelis - Página 2 Empty Re: Série Psicológica Vol. 13 - Conflitos Existenciais/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 07, 2024 9:07 pm

09 — Crueldade
Psico-génese da crueldade — Desenvolvimento da crueldade — Terapia para a crueldade

Psico-génese da crueldade
Na raiz da crueldade existe um transtorno profundo da personalidade. Essa alienação perversa origina-se em conduta criminosa vivenciada em existência pretérita, quando o Espírito, sentindo-se injustiçado por não entender as leis de equilíbrio que vigem no Cosmo, tomou a adaga da falsa justiça e desforçou-se de quem acreditou ser responsável pela sua desdita.
Possivelmente o crime não foi desvelado, ficando, no agressor, as marcas do sentimento perverso que ora ressumam em crueldade.
Também é provável que a Justiça haja descoberto o homicida e tenha-o levado ao tribunal para prestar contas à sociedade, após o que lhe foi aplicada a punição compatível, conforme os cânones legais. Nada obstante, em vez de o calceta utilizar-se da corrigenda para o refazimento emocional, descambou pelos sombrios corredores da revolta e, na convivência com outros companheiros igualmente desditosos, intrometo o veneno do ódio, mais infelicitando-se. Na actualidade, encontram-se-lhe assinaladas na conduta as reacções de mágoa e de vingança contra a Humanidade, que passou a detestar. Convidado ao renascimento, imprimiu nos tecidos subtis do cérebro as impressões grotescas que lhe influenciam as conexões neuroniais, dando lugar a uma personalidade alienada, insensível, hedionda.
Em face da Lei de Causa e Efeito, renasceu em um lar desagregado, a fim de experimentar os efeitos infelizes das suas acções nefastas, padecendo a injunção de sofrimentos impostos pela mãe enferma ou alcoólica, do pai desarvorado e destituído de compaixão, que lhe aplicaram injustificadas punições ou o expulsaram do lar, atirando-o na voragem das ruas infectas e sombrias da criminalidade.
Sob outro aspecto, num ambiente mais róseo, económica e moralmente, desenvolveu a inveja e a amargura, não conseguindo superar a inferioridade espiritual que o precipitou novamente nos desvãos da perversidade, cultivando desdém contra as demais criaturas, desejando crivá-las de espículos dolorosos.
Em alguns quadros da esquizofrenia, encontramos o paciente perverso, que é totalmente destituído de sentimento de culpa ou de consciência de dever, mantendo-se impassível diante do mais tenebroso comportamento que se permite.Com imensa capacidade de dissimular os sentimentos, pode manter-se e conduzir-se de maneira afável quanto gentil - assumindo uma personificação saudável - para logo expressar-se na sua realidade cruel, quando maltrata e predispõe-se a dizimar aquele contra quem volta o temperamento doentio.
A ausência de amor real, especialmente procedente da genitora, produziu-lhe desvios emocionais, em face de o cérebro padecer a escassez de progesterona e serotonina, que lhe alteram a formação saudável, desarmonizando-lhe as sinapses.
Eis por que, normalmente, o criminoso rude e cruel é fruto de uma convivência infeliz com a mãe desnaturada, que não teve condições de amar ou atender o filho, aplicando-lhe sovas contínuas, agredindo-o com expressões danosas, desenvolvendo nele a capacidade de odiá-la, que se reflectiu na sociedade, que ao enfermo emocional também parece culpada pelos sofrimentos experimentados. Toda vez quando agride ou fere, mata ou estupra, no seu inconsciente está fazendo-o à mãe ou ao pai detestados, que pretende destruir.
De alguma forma, essa é a história de criminosos seriais, de bandidos profissionais remunerados para o crime, que apresentam altíssimo índice de crueldade, sem que se dêem conta do estado em que se encontram.
As punições legais que lhes são aplicadas, infelizmente, nada conseguem no que diz respeito à sua modificação emocional. Mais correto seriam as tentativas de tratamento psiquiátrico, para torná-los úteis, no cerceamento à liberdade, pelo menos a si mesmos e, mais remotamente, à sociedade, à qual não se sentem vinculados.
Em pessoas de comportamento normal, porém, sem resistências emocionais nem espirituais, a ingestão do ódio, em face de preconceitos e injustiças que lhes são impostos, pode desenvolver a crueldade sobrecarregada com o peso da culpa e da auto-compaixão, que lhes tornam o fardo ainda mais afligente.
Na amargura que as domina, surgem crises de arrependimento e, muitas vezes, formulam propósitos de renovação, que se podem fixar quando encontram apoio, afectividade e compreensão fraternal.
A crueldade é morbo terrível que ainda assola muitas emoções.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 07, 2024 9:08 pm

Desenvolvimento da crueldade
Em face dos conflitos que se generalizam nas criaturas humanas, o enfermo emocional quase nunca encontra entendimento ou factor que lhe desperte os sentimentos embotados.
Conseguindo captar simpatias, aparenta ser portador de comportamento normal, não deixando transparecer o que se lhe passa no íntimo.
Pequeno incidente, porém, no trato com os demais, pode atear a labareda que o incendeia, irrompendo o desejo de punir quem lhe criou qualquer embaraço real ou imaginário.
Dissimula, então, o impulso infeliz e planeia, não poucas vezes, com riqueza de detalhes, a melhor maneira de infligir-lhe sofrimentos, experimentando bem-estar antecipado ante a perspectiva do êxito que o transforma em sadista.
Naturalmente, essa conduta cruel teve manifestações na infância, quando cominou padecimentos a aves e animais outros, a crianças que maltratou, desenvolvendo uma indiferença por tudo e por todos, que o imunizou à emoção e à piedade. Diferindo de outros psicopatas, não foge ao convívio social, que no íntimo despreza, para poder estar mais próximo das futuras presas que elege, motivado pela inveja, pelo despeito ou simplesmente porque se encontra ao lado de alguém, que está no momento errado, no lugar equivocado...
Quanto mais se aplica à crueldade, o doente mais adquire habilidade para ocultá-la e torná-la pior, ela alcançando níveis perversos impensáveis pela mente saudável.
Surpreendido, nos primeiros tentames, não tem explicação plausível para a morbidez, nem justificativa coerente para a acção nefária.
O prazer decorrente do crime oculto estimula-o ao prosseguimento da acção doentia, não se detendo diante de novos cometimentos infelizes.
Portador de vida interior muito activa, em face da conduta que se permite, é sagaz e rápido no raciocínio, escamoteando a verdade e comprazendo-se em iludir até tombar nas armadilhas que programa para os demais.
Não experimenta qualquer arrependimento pelos actos praticados, o que o leva a ceifar a vida de pessoas que deveriam ser queridas: progenitores, familiares outros, amigos, com a mesma indiferença com que interromperia a existência de um ser abjecto.
Nem todos, porém, são induzidos ao homicídio, podendo permanecer na periferia da prática hedionda, maltratando, de maneiras outras, aqueles que se lhes acercam, mediante indiferença real ou bem-trabalhada, desdenhando os valores morais e sociais que dignificam a Humanidade, fazendo-se hábeis na arte de ironizar e mentir, colocando-se acima do Bem e do Mal, como se fossem inatingíveis no ignóbil procedimento a que se entregam.
Allan Kardec, na questão de n° 752, interrogou as Entidades venerandas:
"Podemos ligar o sentimento de crueldade ao instinto de destruição?"
Recebeu como resposta sábia:
É o próprio instinto de destruição no que ele tem de pior, porque se a destruição é, às vezes, necessária, a crueldade jamais o é. Ela é sempre a consequência de uma natureza má?
Os indivíduos cruéis são sonâmbulos emocionais que torpedeiam quanto podem os objectivos nobres e dignificadores da espécie humana.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 07, 2024 9:08 pm

Terapia para a crueldade
Diante desses infelizes infelicitadores são necessárias condutas de segurança moral, a fim de que as suas provocações bem-urdidas não se transformem em razão de sofrimento ou de angústia geral e/ou pessoal.
Credores de compaixão, mais necessitados se encontram de tratamento cuidadoso, mediante psicoterapias especializadas, nas quais o psicoterapeuta pode recorrer à regressão de memória, para diminuir-lhes o fluxo dos sentimentos contraditórios que ressumam do inconsciente, alterando-lhes as fixações de perversidade como mecanismo de vingança infeliz.
Praxiterapias valiosas, bem aplicadas, conseguem gerar interesse por actividades dantes desconsideradas, desviando a mente da obstinação cruel.
Conversações pacientes e contínuas, músicas relaxantes, danças e todo o arsenal psicoterapêutico ao alcance dos nobres psicólogos, conforme a Escola a que se vinculem, são recursos valiosos para auxiliar o paciente cruel. Em casos especiais, a terapia psiquiátrica auxiliará na regularização das neuro comunicações, restabelecendo, a longo prazo, o correspondente equilíbrio.
Ao mesmo tempo, a terapêutica espírita da bioenergia consegue efeitos salutares, por alcançar os delicados campos de energia no Espírito reencarnado, renovando-lhe o raciocínio e orientando-o.
Muito provavelmente, nos casos de crueldade, encontram-se vinculados os Espíritos que foram vítimas do paciente e dele se utilizam para o comércio doentio da vampirização, roubando-lhe forças preciosas e vingando--se, dessa forma, do padecimento que lhes foi imposto.
Nesse caso, as actividades de desobsessão constituem recurso inabordável, rico de valiosos processos libertadores, em face dos diálogos que podem ser mantidos com os enfermos desencarnados, auxiliando-os no entendimento das Leis Divinas e quanto à necessidade de também alcançarem a felicidade que lhes está reservada.
Unindo-se, portanto, os recursos terapêuticos das doutrinas psicológicas com aqueles do Espiritismo, o paciente torna-se o campo experimental positivo, no qual o amor e a caridade dão-se as mãos para auxiliar, rompendo as algemas do passado e delineando a paisagem feliz do futuro.
Todos os indivíduos, compreensivelmente com as suas excepções inevitáveis, experimentam, uma que outra vez ou com certa insistência, repentinas crises de crueldade, quando são agredidos, maltratados ou discriminados...
Conveniente a manutenção da terapia preventiva, mediante a reflexão ponderada, a meditação, a oração e a prática incessante da caridade, que robustecem os sentimentos e aumentam a capacidade de resistência pessoal à invasão dos agentes destrutivos da saúde e da paz.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 07, 2024 9:08 pm

10 — Violência
Psico-génese da violência — Desenvolvimento da violência — Terapia libertadora da violência

Psico-génese da violência
No processo antropossociopsicológico da evolução, o princípio espiritual adquire experiências, emoções e conhecimentos através do trânsito pelos diferentes reinos da Natureza, nos quais desabrocham os recursos divinos que se lhe encontram em germe.
Dormindo no mineral, lentamente exteriorizam-se-lhe as energias de aglutinação molecular, ampliando as possibilidades no despertar do vegetal, quando cresce em recursos de sensibilidade, a fim de liberar os instintos no trânsito animal, desabrochando as faculdades da inteligência, da razão, da consciência na fase humana, e avançando para a conquista da intuição, que se dá no período angélico.
Em face das centenas de milhões de anos transitando nas experiências rudimentares, transfere, naturalmente, de uma fase para outra as conquistas logradas, ampliando as possibilidades de desenvolvimento na imediata, em que supera os impositivos anteriores, para insculpir as novas aquisições.
No salto das expressões animais para o ciclo de humanidade, durante muito tempo tem lugar a fixação dos instintos e dos automatismos fisiológicos, que se transferem para a manutenção da existência, enquanto eclodem as faculdades superiores da vida, que se encarregarão de liberar-se das constrições penosas do primarismo.
Esse estágio, o trânsito entre a fase anterior — instintiva - e a que se apresenta — consciência —, caracteriza-se por uma predominância poderosa dos hábitos automáticos e dos fenómenos de defesa e preservação da vida, pela predação inconsciente que mantém o Espírito violento, agressivo...
Em alguns casos, ocorrem os fenómenos do medo de enfrentamentos e a permanência das paixões vigorosas portadoras de carácter competitivo, defensivo e agressivo, que desencadeiam a violência.
Há demoradas discussões médicas em torno da questão da violência e da saúde, constantes estudos epidemiológicos procurando encontrar criminosos que apresentem distúrbios mentais, havendo-se chegado à conclusão, quase generalizada, de que a insanidade psíquica não seria responsável pela alta incidência de ocorrências criminosas. Somos, no entanto, de parecer que as tendências biológicas - enfoque também biopsicológico - levam à violência, que se apresentaria como decorrência de componentes biológicos e psicológicos descompensados, resultantes das gravações das heranças espirituais no cérebro do indivíduo. Os factores sociais apresentar-se-iam como decorrência das condutas no contexto da sociedade.
Caracteres morais sem resistência diante de discriminações impostas por circunstâncias sociais ou económicas, sempre injustas, estimulam à reacção pela violência, recurso audacioso de que os fracos se utilizam para impor-se, superando os conflitos daquilo que consideram como inferioridade, que é espicaçada pela perversidade de leis impiedosas ou pela sociedade egoísta e indiferente.
E natural que a criatura humana seja dirigida pelas suas paixões, enquanto nela prevalecem os remanescentes ancestrais do processo evolutivo. Não conseguindo aquilo a que aspira de uma forma pacífica, apela para a violência, pouco dependendo de forças físicas, no que os muito fracos podem vencer os fortes ou os menos inteligentes superam os lúcidos e cultos, graças aos ardis do instinto predador de que são possuidores. Em tal conjuntura, o paciente pode ser considerado como portador de personalidade anti-social que, segundo o Código Internacional de Doenças (CID-10), trata-se de um transtorno de personalidade caracterizado por um desprezo das obrigações sociais e falta de empatia para com os outros.
Representaria um considerável desvio conflitivo entre a conduta e os critérios estabelecidos, tornando-se difícil de ser corrigido, mesmo que sob injunções penosas, quais as de correcção ou de punição, ou mesmo no defrontar de situações profundamente adversas.
Nem todos os autores consideram o paciente violento como portador de personalidade anti-social.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 07, 2024 9:09 pm

Como, porém, nele existe uma baixa resistência às frustrações, às lutas, aos desafios, com tendência de culpar os outros ou de tornar-se radical diante de quaisquer ocorrências ou conceitos em que se apoie, termina por voltar-se contra a sociedade que o hospeda, transformando-se em portador de um transtorno amoral ou associai da personalidade.
Por sua vez, o Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais (DSM-IV) elucida que se pode identificar o portador do transtorno da personalidade anti-social, graças a um padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos outros, que se inicia na infância ou começo da adolescência e continua na idade adulta.
O indivíduo incurso nessa definição é incapaz de sentir remorso - como ocorre com os portadores de crueldade, igualmente caracterizados pelo transtorno anti-social da personalidade - sendo que são conscientes do que fazem, no entanto, permanecem totalmente irresponsáveis.
Quando não se apresenta indiferente às consequências dos seus actos, executa um mecanismo de realização superficial para justificar a acção criminosa, quando esta ocorre, ou maltrata, furta, rouba outrem, não apresentando qualquer sentimento de culpa.
Sempre se crê portador de razão, justificando que os outros são imbecis, havendo recebido o que merecem da vida. Nunca procura modificar a conduta ou receber assistência que o conduziria ao equilíbrio moral e social.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 07, 2024 9:09 pm

Desenvolvimento da violência
O cinismo é uma expressão que caracteriza a conduta do indivíduo violento, que surge no período infantil - quando patológica -, prolongando-se pela adolescência, em que revela os pendores agressivos com mais intensidade, assim alcançando a idade adulta, sem uma adaptação equilibrada ao meio social.
Esse tipo de sociopatia faculta ao paciente uma existência egocêntrica, conduta teatral, superficial, sem controlo da impulsividade, possuidor de muita leviandade, ausência de sentimentos fraternos em relação às demais pessoas, acreditando-se portador de valores que realmente não tem.
Não dispondo de um sentimento organizado, é insensível ao amor, embora exigente e insatisfeito, sempre demonstrando ressentimento contra as pessoas a quem não se afeiçoa.
Invariavelmente é hábil na maneira de manipular aqueles com quem convive, mentindo desordenadamente, sem escrúpulos, duvidando da inteligência dos outros...
Quando desmascarado na conduta excêntrica e mentirosa que se permite, parece arrepender-se, a fim de cativar as suas vítimas, mantendo-se, porém, insensível a qualquer transformação moral para melhor.
Sempre sabe dissimular o comportamento, tornando-se gentil e simpático, o que levou a corrente americana de psiquiatras antipsiquiatria a sugerir que esse tipo de sociopata fosse excluído das classificações da doutrina mental, elucidando que o problema era mais de natureza moral e ética do que médica.
Sem dúvida, mesmo acreditando-se que o transtorno seria exclusivamente moral, torna-se necessária a ajuda médica, a fim de corrigir perturbações nas sinapses neuroniais que geram o desconforto comportamental.
Este tipo de transtorno da personalidade apresenta-se desde o contexto familial, como de outras maneiras, quais sejam: não socializado, socializado, desafiador de oposição.
Revela-se na convivência doméstica, escolar, comunitária, na área de serviço quando o paciente trabalha regularmente, manifestando-se em conduta agressiva, culminando, quase sempre, em lutas com ou sem armas.
Quando não se pode desforçar naqueles que considera como adversários, maltrata os animais, as plantas, destrói objectos pertencentes aos que tem como desafectos, de forma que produza mal-estar, ou entrega-se a verdadeiros comportamentos de vandalismo, que podem levar a lamentáveis acções de terrorismo covarde, qual vem ocorrendo na actualidade...
Na juventude, sentindo-se frustrado, portanto, irrealizado, pode entregar-se a estupros, em face de conflitos a respeito da própria sexualidade desequilibrada.
Ainda na esteira de conduta irregular, o paciente, sentindo-se dominado pela violência e, não dispondo de coragem para a agressão, na qual pode ser vítima da impulsividade, derrapa em furtos e roubos, rejubilando-se com os prejuízos que causa a outros indivíduos e à comunidade, que procura depredar na insânia que o devasta.
Estudos cuidadosos demonstraram que alguns desses transtornos geradores de violência intermitente podem decorrer de desajustes do sistema nervoso central.
Neste capítulo, podem-se destacar, nos jovens em especial, perturbações profundas que geram alterações disrítmicas do sistema nervoso central, podendo ser consideradas como hiperactividade com déficit de atenção. Desajustando-se, cada vez mais, o paciente pode tombar num transtorno psicótico com delírios, que o leva a acções criminosas hediondas, sem dar-se conta do total desequilíbrio que o devasta.
Esse tipo de delírio é, quase sempre, de natureza persecutória — a mania de perseguição — em legítimas crises de paranóia, quando se sente acossado por pessoas ou grupos que se organizam com o fim de destruí-lo, por não o amarem, em razão de ele estar programado para acções humanitárias e salvadoras da sociedade...
Nesse quadro, a agressividade e o crime são quase que inevitáveis.
Estando instalada a sociopatia, a única providência deverá ser de emergência, recomendada pela Psiquiatria.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 07, 2024 9:09 pm

Terapia libertadora da violência
A psicoterapia é de considerável utilidade em pacientes vítimas da violência.
Tendo-se em vista o largo processo de instalação do distúrbio sociopata da personalidade, o tratamento exige um longo período de libertação das raízes perturbadoras, que deram surgimento à insensibilidade e a todo o cortejo de distúrbios do comportamento.
O paciente necessita de verdadeiro contributo de afectividade na família, a fim de reencontrar a autoconfiança e desenvolver a auto-estima profundamente desorganizada.
Concomitantemente, em persistindo a conduta instável quanto agressiva, o tratamento psiquiátrico, através de medicamentos específicos, auxiliá-lo-á na reorganização do sistema nervoso central e no restabelecimento das neuro comunicações deficientes, de cuja mudança orgânica resultarão benefícios psicossociais em seu favor.
Vivendo-se num clima de intercâmbio de mentes, inevitavelmente, adversários do enfermo e da sociedade nele encontram excelente campo de fixação dos seus sentimentos ignóbeis, dando lugar aos complexos mecanismos de obsessões graves, que exigem os valiosos contributos da bioenergia e da doutrinação dos verdugos desencarnados.
A inclinação para a violência atrai equivalentes do Além-túmulo, gerando intercâmbio pernicioso, no qual a ferocidade das personalidades intrusas mescla-se com o temperamento desorganizado do hospedeiro, tornando-se mais grave a doença que ameaça o cidadão e a sociedade.
Na terapia de natureza psicológica deve ser introduzida a orientação para leituras saudáveis, que podem sensibilizar o enfermo, apresentando-lhe outros padrões de conduta, as elevadas expressões de solidariedade, de compaixão, de amor, de caridade, que existem no mundo, facultando-lhe a auto-realização e a plenitude.
O recurso da prece, por sua vez, irá proporcionar-lhe momentos de reflexão e de bem-estar, mesmo que no início tenha dificuldade em sintonizar com as Fontes Geradoras da Vida, o que é compreensível.
Criado o hábito, este atrairá os Benfeitores do Mundo Maior que passarão a libertar o paciente das vinculações mórbidas da obsessão, inspirando-o a novos cometimentos, nos quais encontrará prazer, constatando que o seu não é um problema isolado, mas faz parte das lutas nas quais se encontra a Humanidade.
Quando as criaturas, na infância e na adolescência, puderem fruir do conhecimento espiritual, educando-se em contacto com a Vida Abundante, os vínculos com o passado infeliz de onde procedem afrouxar-se-ão, evitando o restabelecimento das lutas com os inimigos desencarnados, ao tempo em que, compreendendo a realidade do ser, que é imortal, adquirirão equipamentos para impedir-se a eclosão das tendências perturbadoras.
Na educação moral pelo exemplo e pela rectidão está a mais eficiente psicoterapia preventiva e, naturalmente, curativa, para todos os distúrbios da sociedade em si mesma, ou daqueles que a constituem como células de relevante importância.
Nada obstante, deflagrados os processos violentos e destrutivos, ainda é possível trabalhar-se o enfermo espiritual com os excelentes recursos psicoterapêuticos da actualidade, acrescidos com os salutares contributos da Doutrina Espírita.
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