LUZ ESPÍRITA
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Série Psicológica Vol. 12 - Triunfo Pessoal/Joanna de Angelis

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Série Psicológica Vol. 12 - Triunfo Pessoal/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 12 - Triunfo Pessoal/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 03, 2024 8:03 pm

A mente, que não é física, emite ondas especiais que são captadas por outras equivalentes, que sincronizem com as emissões que lhes são direccionadas.
Há, em todo o Universo, intercâmbio de mentes, de pensamentos, de vibrações, de campos de energia...
No que diz respeito às afinidades psíquicas, a sintonia vibratória permite que sejam decodificadas mensagens mentais por outros cérebros que as captam, conforme os admiráveis fenómenos parapsicológicos da telepatia, da clarividência, da precognição, da retro cognição, cujas experiências em laboratório tornaram-nos cientificamente comprovados, reais.
É natural, portanto, que não havendo a destruição do Self quando ocorre a morte ou desencarnação do ser humano, a mente prossiga enviando suas mensagens de acordo com as construções emocionais de amor ou de ira, de felicidade ou de desdita, que se fazem captadas por estações mentais ou campos psi, dando curso às inspirações, às percepções enobrecidas ou perturbadoras, facultando o surgimento das nefastas obsessões de efeitos calamitosos.
É muito mais vasto o campo dessas intercorrências espirituais do que se pode imaginar, sucedendo tão amiúde, que seria de estranhar-se não as encontrar nos transtornos neuróticos ou psicóticos de qualquer natureza...
O Self dessa maneira, desenvolve-se mediante as experiências que o acercam do Arquétipo Primacial, no qual haure vitalidade e força, transferindo todas as aquisições nobres ou infelizes para futuros cometimentos, assim ampliando os primeiros e recuperando-se dos segundos, armazenando todas as experiências que o conduzirão à individuação plena, ao numinoso ou sintonia com Deus.
Mergulhando, a princípio, no Deus interno, desperta o potencial de sabedoria e de amor que nele jaz, a fim de poder crescer em amplitude no rumo do Deus Criador do Universo...
A saúde mental somente é possível quando o Self, estruturado em valores éticos nobres, compreende a finalidade precípua da existência humana, direccionando os seus sentimentos e conhecimentos em favor da ordem, do progresso, do bem-estar de toda a sociedade.
A liberação do ego arbitrário, desvestido dos implementos da aparência que se exterioriza pela persona, permite a integração do ser na vida em carácter de plenitude.
Todas as terapias académicas procedem valiosas e oportunas, considerando-se a imensa variedade de factores preponderantes e predisponentes, para o atendimento da esquizofrenia, não sendo também de desconsiderar-se a fluidoterapia, o esclarecimento do agente perturbador e o consequente labor de sociabilização do paciente através de grupos de apoio, de actividades espirituais em núcleos próprios onde encontrará compreensão, fraternidade e respeito humano, que o impulsionarão ao encontro com o Si profundo, em clima de paz.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 03, 2024 8:03 pm

7 - Distúrbios colectivos
Terrorismo • Síndrome Do Stress Pós-traumático • Vingança

Em uma linguagem poética, pode-se afirmar que o ser humano está fadado às estrelas. Todavia, porque começou do barro da terra, a sua ascensão é lenta e transformadora na estrutura da aparência através da luminosidade da essência de que se constitui.
Emergindo da escuridão para a claridade, se vai despojando de fora para dentro dos envoltórios que o revestem, tornando-se mais subtil e delicado, à medida que se liberta das couraças mais vigorosas, qual uma cebola (Allium cepa) que, para ser alcançado o núcleo de vida, é necessário retirar-lhe a casca e as túnicas carnosas que o resguardam das agressões do exterior.
Algumas doutrinas espiritualistas, talvez, por isso mesmo, referem-se ao conjunto de camadas ou corpos que vestem o Espírito, atribuindo-lhe sete envoltórios: físico, astral, mental, búdico, nirvânico, monádico e divino. Alguns se apresentando sob outras denominações e com subdivisões, que se interdependem, sendo libertados, um a um, após a morte do invólucro carnal, e mediante a superação dos remanescentes até às estruturas reais, espirituais, que facultam o estado de Plenitude. A Ciência espírita, através da Codificação proposta por Allan Kardec, após estudos e reflexões cuidadosos, apresenta apenas três desses elementos como constitutivos do ser, algures já referidos: Espírito, perispírito e matéria.
A sede da inteligência, o ser em si mesmo, é o Espírito - Self — fonte geradora da vida e portadora de inexauríveis recursos que devem ser penetrados e utilizados no processo da evolução; perispírito ou corpo semi-material, que sedia as experiências e as registra, transferindo-as de uma para outra existência, veículo modelador da forma, que imprime no futuro instrumento material as necessidades que se lhe fazem imperiosas para a superação das tendências primitivas, das paixões dissolventes, dos vícios adquiridos durante o percurso da jornada evolutiva; e o corpo físico, encarregado de envolver os anteriores, experimentando os conteúdos que procedem do ser espiritual que é e se manifestam no soma em que transita.
Nessa trilogia singela, mas complexa, possuem-se os elementos para a compreensão de todos os processos psicopatológicos como os da saúde integral, que dizem respeito aos mecanismos do continuum da evolução.
O ser humano é, portanto, o que elabora no âmago do Espírito, que transfere por meio do corpo intermediário para a vida física as impressões, pensamentos, palavras e acções, que tipificam o estágio evolutivo em que se encontra durante cada vilegiatura carnal.
Desde os primeiros impulsos da inteligência até as momentosas construções da intuição, o Espírito ou Self é o construtor das ocorrências que lhe dizem respeito, gerando e desenvolvendo os instrumentos hábeis para o crescimento e amplitude das aspirações de felicidade e de paz que lhe jazem em latência, porque procedente de Deus.
Desse modo, nele se insculpem os programas que elaboram alegria ou tristeza, saúde ou doença, todos transitórios no rumo da sua suprema realização espiritual.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 03, 2024 8:04 pm

Terrorismo
Em face da predominância da natureza animal sobre a espiritual e do desbordar das paixões, o ser humano, em determinados estágios da evolução, mantém as heranças primevas, os instintos primários que sobrepujam os valiosos tesouros da inteligência, do discernimento, da razão, da consciência. São eles que dão campo ao desenvolvimento da perversidade que não trepida em matar, de forma que a sua truculência emocional prevaleça.
A ausência dos sentimentos que engrandecem o indivíduo, o desvio para as estruturas esquizofrénicas, liberam as forças hediondas do primitivismo que se impõe pela tirania, abraçando o fanatismo que o caracteriza como primário, possuindo, a partir de então, um objectivo estimulador para dar campo ao que lhe é característica de evolução em nível inferior do processo de cultura e de emoção.
Pode, não poucas vezes, desenvolver a inteligência, adquirir conhecimento tecnológico, abraçando causas que parecem nobres, mas que somente constituem fugas do conflito perturbador para exibir a turbulência interior, a odiosidade que preserva no íntimo em relação aos demais com quem convive ou não e, por extensão, contra toda a sociedade.
Em razão da estrutura psicológica mórbida, possui graves desvios da libido, invariavelmente atormentado nas suas manifestações, com severos distúrbios das funções sexuais, ocultando o vazio existencial na exorbitância dos instintos agressivos nos quais se compraz.
Frio, emocionalmente, perverso, porque insano, não possuindo qualquer amor à vida, faz-se odiar, porque se sente incapaz de despertar qualquer sentimento de amor, desencadeando a erupção da selvageria interna, que o promove a uma situação de destaque, na qual transita rapidamente, porque detesta a vida e todas as suas conquistas.
Exilando-se em antros sórdidos onde se refugia, repetindo o inconsciente pessoal que busca esconder-se por sentir-se inferior, incapaz de despertar qualquer interesse digno dos seus coevos, o terrorista é um psicopata congénito, mesmo que se expresse como portador de equilíbrio que bem disfarça, em razão das peculiaridades de toda uma existência de simulação, na qual esteve assinalado pela covardia e desespero íntimo de saber-se não aceito, que é o ressumar do conflito de inferioridade.
Naturalmente, como decorrência da sua insânia, pode fomentar o surgimento de outros portadores dos mesmos sentimentos de perversidade, trabalhando a infância e a juventude — materiais humanos muito próprios - mediante os processos da lavagem cerebral, induzindo a ódios irracionais e necessidade de destruição, que se iniciam pela perda do sentido existencial, que somente possui significado até o momento de alcançar a sua meta destrutiva.
Incapaz de amar, porque se sente ancestralmente odiado, desenvolve perturbação do discernimento, por meio de cuja óptica os acontecimentos e as demais pessoas são todos adversários que devem desaparecer, quando também ele sucumbirá.
A sua fidelidade tem uma existência precária e veloz, mantendo-se enquanto a serviço da loucura que desenvolve, apresentando-se sempre desconfiada e insegura, porque não possui resposta emocional equivalente, nunca se entregando a outrem, por mais que encontre receptividade e afeição.
O terrorista, qual ocorre com o ditador, o sicário, o vândalo, tem existência tumultuada, que é sempre encerrada por homicídio violento ou mediante o suicídio ominoso, inqualificável.
São também terroristas aqueles indivíduos que, não obstante desconhecidos, espalham o medo, aproveitando--se das situações aflitivas para os demais; aqueloutros que geram a insegurança de qualquer natureza; também os ricos que exorbitam no comércio, submetendo os grupos humanos sem recursos ao seu talante; esses vis caluniadores que promovem o ódio; todos aqueles que permitem extermínios, mediante assassinatos inconcebíveis; os assaltantes inconsequentes e maus, que espalham o pavor; os estupradores perversos, e não poucos indivíduos que, apesar de fazerem parte da sociedade, encontram-se enfermos em estado grave...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 03, 2024 8:04 pm

Caso se permitisse terapia própria, o terrorista desenvolveria o sentimento do amor nele existente, mas não cuidado, conseguindo ultrapassar o nível de hediondez para o da fraternidade, saindo da consciência de sono para outro patamar de lucidez, de despertamento.
Ainda, nesse caso, defronta-se um Self em manifestação primitiva, com todas as expressões de beleza soterradas no inconsciente pessoal, que se transferem de uma existência física para outra sob ódio incoercível, em razão de alguma injustiça ou calamidade vivenciada e não absorvida pela razão.
O amor que a Humanidade lhe ofereça será a terapia mais segura para diminuir-lhe a angústia. Ao invés do revide pelo ódio, que mais lhe aguça os instintos repressores, o amor alcança-o suavemente e deixa de lhe vitalizar o ressentimento contra a sociedade, que o torna herói de fancaria, insignificante, mas hediondo, atormentado e desditoso.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 03, 2024 8:04 pm

Síndrome do stress pós-traumático
Há, na emotividade do ser humano, muita fragilidade psicológica. Ocorrências subtis e graves fazem desencadear conflitos adormecidos no seu inconsciente pessoal, transformando-se em transtornos perturbadores. Trata-se de forças impessoais retidas no abismo do inconsciente. Enquanto isso, as experiências também transcorrem em um estado de saudável inconsciência, porquanto essas forças nunca se exteriorizam nos períodos de normalidade e de equilíbrio. No indivíduo solitário, apresentam-se menos graves, no entanto, quando ele se une à massa e ocorre o desencadear desses mecanismos automáticos, irrompem, demolidores, como gigantes ciclópicos que alucinam e destroem. São eles que fomentam as guerras, as tragédias devastadoras, os massacres, as carnificinas...
Quando sucede esse eclodir de forças colectivas retidas, os indivíduos passam por uma inesperada transformação. Pessoas pacatas fazem-se violentas, as gentis tornam-se agressivas, assumindo situações de loucura, na condição de portadoras de verdadeiro desvario que surpreende. Dominadas pela ferocidade que as vence, tornam-se asselvajadas.
A criatura, de alguma forma, vive sobre um vulcão aparentemente extinto — o seu inconsciente, mas o interior está em processo de erupção, desde que a camada superficial seja arrebentada ou algo lhe desencadeie o emergir do magma incandescente que se encontra no seu interior.
No indivíduo, isoladamente, basta um transtorno neurótico para alavancar e fazer irromper do inconsciente esse tipo de energia retida e ignorada.
Graças a essa força, ocorrem as fixações que se tornam doenças neuróticas, transtornando a existência das suas vítimas, que não se conformam em ser saudáveis, porque, sofrendo a constrição da psique em desalinho, passam a vivenciar imagens torpes que se lhes tornam realidade.
Quando têm vigência, por outro lado, grandes desastres, as calamidades que atingem multidões, a ansiedade e o medo de serem alcançados pela infelicidade fazem que essas mesmas pessoas experimentem síndromes de estresse pós--traumático, atirando-as em buscas frenéticas de salvação.
Apresentam-se como sintomáticos, a revivescência da tragédia, em forma de evocação invasiva, de pesadelos, de sonhos interrompidos, nos quais se repetem as calamidades, como decorrência de um adormecimento psíquico, em razão do aturdimento emocional e da insensibilidade, bem como resultante dos esforços que se fazem para que sejam evitadas quaisquer formas de recordação do episódio traumatizante.
Nas sociedades mais esclarecidas intelectualmente, os pacientes recorrem às leituras religiosas, nas quais tentam encontrar paz e relaxamento das tensões, em obras de auto-ajuda, com propostas confortadoras e ricas de esperança, estimulando-as à auto-estima, à auto conquista - porque os valores externos perderam o significado e deixaram de constituir a segurança a que se entregavam —, ou desbordam nos jogos sexuais, tentando liberar-se dos medos que as assaltam.
Por outro lado, aqueles pacientes que viviam sob os camartelos da ansiedade e da depressão, diante desses acontecimentos ficam sujeitos a uma melhora no seu estado geral, porque, ao analisarem o seu problema individual ante o colosso como se apresenta a tragédia dos outros, esse problema perde quase o sentido, em face da sua insignificância, e apresenta--se sem maior representação, devendo ser deixado de lado.
Pacientes que se recusavam pelo medo a determinadas experiências humanas, tais como as viagens, os negócios, os empreendimentos comunitários, após essas ocorrências calamitosas sentem-se estimulados a realizá-las, e normalmente as conseguem, tornando natural o que antes era desafiador.
O mesmo fenómeno ocorre em relação ao sexo após esses acontecimentos desastrosos, porque os indivíduos passam a sentir necessidade de mais se relacionarem, uns com os outros, embora alguns receios que lhes remanescem, de se apoiarem reciprocamente, de aproveitarem o tempo que lhes restam, apaixonando-se com maior facilidade e entregando-se aos prazeres, logo que passam aqueles momentos mais tormentosos e apavorantes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 03, 2024 8:05 pm

Somente o facto de se darem conta que, não obstante a desgraça colectiva, encontram-se vivos, isso lhes constitui um forte motivo para lutar e, continuar vivendo.
Diversa, porém, é a ocorrência em personalidades mórbidas, que, movidas por auto-comiseração e complexo de culpa, porque se permitem a entrega ao desânimo e ao pessimismo, adoptam a atitude de que a vida não vale ser vivida, porquanto, de um para outro instante, tudo pode retornar ao caos.
Após a Segunda Guerra Mundial, manifestava-se esse fenómeno como medo da bomba que viria dizimar o mundo. Na actualidade, ao lado dos diversos mecanismos bélicos e da guerra sofisticada, o conflito apresenta-se mais feroz, pela incerteza de como ocorrerá a sua consumpção, especialmente ante as ameaças dos artefactos que levam ao extermínio químico ou biológico.
Essa síndrome de stresse pós-traumático, não obstante os danos que produzem no sistema emocional das criaturas, pode, quando recebe a conveniente psicoterapia, induzir ao descobrimento dos valores que a vida reserva a todos e que passam despercebidos ante os avanços da tecnologia e os interesses meramente hedonistas a que se tem apegado a sociedade.
Essa síndrome pode variar entre a ocorrência perturbadora e a sua instalação em semanas e até mesmo em meses, podendo, em alguns casos, o transtorno tornar-se crónico.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 03, 2024 8:05 pm

Vingança
Quando algo acontece perturbador, gerando sofrimento no indivíduo, ou a sua imaturidade psicológica se sente ameaçada por algo muito forte, mesmo raciocinando conscientemente, não se furta às manifestações desconhecidas do seu inconsciente que exige reparação, desforço, o aniquilamento do opositor. O seu lado racional procura resistir, por identificar essa falha do carácter, mas aqueloutro, o sombrio e desconhecido da personalidade, que tem manifestações inesperadas e de todo inconsequentes, arma ciladas, estabelece ardis e atira o ser nos desvarios da vingança de consequências sempre perturbadoras.
Os impulsos irrompem-lhe de áreas desconhecidas do ego, que não consegue identificação com o Si-mesmo, e induzem-no a um trabalho perseverante de odiosidade, instaurando-lhe no imo revolta e desconforto ante esse que se lhe apresenta como perigo para sua segurança, merecendo, portanto, ser destruído.
O fenómeno ocorre, tanto no indivíduo como nas massas, em pessoas como em nações, dando surgimento às guerras nefastas e hediondas, nas quais todos são prejudicados por gerações que se sucedem, tais as sequelas que ficam após o armistício...
No indivíduo, esse transtorno recorrente é perverso mecanismo conflitivo que somente induz ao desespero, e mesmo quando o outro, aquele a quem é inamistoso se rende ou é aniquilado, não desaparecem os efeitos desastrosos dos seus sentimentos perversos, frustrando a quem aparentemente estaria vitorioso.
Invariavelmente neurótico, o enfermo que assim age, vitimado pela repressão sexual infantil ou dominado pela necessidade do poder e da ambição, compete com os demais, aos quais passa a invejar, por se encontrarem em melhores condições psicológicas do que ele. Pode aceitá-los como amigos, enquanto os manipula, sentindo-se beneficiado pela sua dependência, jamais quando se erguem, tornando-se dons quixotes em suas lutas desiguais contra os gigantes simbolizados nos moinhos dos ventos da insensatez.
A vingança é transtorno neurótico soez, que liberta do inconsciente as forças desordenadas aí adormecidas, irrompendo com ferocidade e ligeireza sob o estímulo do combate ao inimigo.
É curioso notar que o inimigo não é aquele que se torna combatido, mas o inconsciente transfere dos seus arcanos a inferioridade do ser, que é inimigo do progresso, do bem, da ordem, para atirar noutrem, em fenómeno de projecção e que guarda internamente, detestando-o.
Ao armar-se de calúnia e de mecanismos de perseguição contra aquele a quem passa a odiar, está realizando uma luta inconsciente contra si mesmo, aquele outro que está escondido no lado escuro da sua personalidade, que se lhe demora oculto na sombra.
Fixa-se no adversário com implacabilidade, e suas metas se reduzem a essa inglória batalha pela sua extinção, do que dependerá a sua liberdade, a partir desse momento. Assim, transtornado, emite ondas deletérias contra o outro, estabelecendo uma comunicação psíquica, se encontra receptividade em quem lhe padece a campanha, que termina por minar as forças daquele que considera seu opositor.
Além da inferioridade moral que tipifica o vingador, o seu primarismo emocional elabora razões ponderosas que lhe surgem na mente em desalinho para dar prosseguimento à façanha, nascidas no inconsciente pessoal profundo, que remanescem de outras existências do Self quando se desarmonizou com este a quem ora enfrenta e desafia para o duelo covarde. Em outras situações, a inferioridade se levanta, e não se sentindo possuidor de recursos para competir mediante valores significativos, cultiva a antipatia que se avoluma e a transforma em fúria, que somente se aplaca quando está lutando contra aquele que o atormenta, mesmo que esse não o saiba, que não tenha a intenção de assim proceder, pois que ignora a situação infeliz do seu adversário.
Se, por acaso, for levado ao sentido de harmonização com o inimigo, não o perdoa interiormente, embora seja quem merece ser perdoado, ruminando o que considera a sua derrota até encontrar novos argumentos para dar prosseguimento à sanha doentia da sua libido atormentada.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 03, 2024 8:05 pm

Aqueles que se apoiam em mecanismos vingativos sempre foram vítimas de repressão infantil e juvenil, sentiram-se desprezados pelo grupo social e transferem agora suas frustrações para quaisquer outros, desde que isso os transforme em pessoas portadoras de poder e ambiciosos dirigentes de qualquer coisa, em que a personalidade doentia passa a ser homenageada, fruindo de destaque, embora a conduta esquizóide, maneirosa, falsamente humilde ou pretensiosamente dominadora.
Sujeitos a esgares ou a convulsões epilépticas, ou a simples ausências, são personalidades psicopatas perigosas, porque traiçoeiras, que sabem simular muito bem os sentimentos íntimos e urdem planos macabros sob o açodar da psique ambivalente, doentia, dissociada e com predomínio da faceta mórbida.
Todo um trabalho psicoterapêutico profundo deve ser apresentado como proposta de recuperação para pacientes dessa natureza, remontando-se a uma psicanálise que lhes chegue à infância, de forma a erradicar pela catarse os traumas e conflitos arraigados, assim alterando-lhes a conduta pessoal com base em novos valores que lhes serão apresentados de maneira afável e duradoura, não raro com ajuda também de terapia psiquiátrica para a remoção de possíveis extractos epilépticos ou esquizofrénicos, que se fazem necessitados de fármacos e barbitúricos específicos.
O amor — que tudo fazem para não conseguir — igualmente é-lhes muito valioso, embora reajam por desconfiança e ambivalência de conduta, gerando no enfermo um clima de simpatia e amizade, normalmente difícil de estruturado, em razão dos muitos tormentos que o avassalam.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 03, 2024 8:05 pm

8 - Perturbações Graves
Perturbações Somatoformes E Psico-fisiológica • Sociopatias • Fobias

O ser humano é essencialmente o Espírito que lhe habita o corpo. Auto construtor das realizações que lhe constituem o património que conduz nas sucessivas experiências da evolução, transfere automaticamente, de uma para outra etapa, os tesouros positivos e negativos que logra acumular.
Não obstante, quando atinge a fase da razão, conhecendo o que deve fazer e pode, em relação ao que pode, mas não convém fazer, e ao que interessa, mas não pode realizar, não poucas vezes opta pelo prazer imediato, a prejuízo das realizações profundas que o devem assinalar durante todo o processo no qual se encontra mergulhado pela Lei da Evolução.
Ninguém, portanto, foge desses desafios que constituem para todos os seres humanos experiências que os projectam em patamares mais avançados.
Superando, lentamente, os instintos agressivos, graças à conquista do raciocínio, aplica-se à Ciência, à Filosofia, à Religião e à Tecnologia, procurando respostas capazes de o instrumentar para o perfeito entendimento das ocorrências à sua volta e dos mecanismos que podem proporcionar-lhe felicidade, nem sempre com o êxito que gostaria de atingir.
As injunções do sofrimento, os desconfortes morais e os desafios socioeconómicos, constituem-lhe incógnitas que luta por compreender e por eliminar, utilizando-se de todos os recursos ao alcance, desde que resultem em plenitude de fácil e rápido consumo.
Conquistada a duras penas a fase da razão, outras, porém, surgem ricas de esperança, convidando ao crescimento e a novas realizações, tais a intuição, a angelitude, além dos limites que estabeleceu... Entretanto, ressumam de uma para outra existência carnal os hábitos e comprometimentos que se transformam em saúde, enfermidade, alegria, dor, que necessitam ser compreendidos para a aquisição de resultados promissores, portanto, da felicidade que almeja.
Nessa paisagem emocional as perturbações têm predomínio, em razão dos descontroles e da própria agressividade que deveria ser transformada em acção responsável, em vez da insistência na violência e na perversidade que remanescem no inconsciente pessoal e colectivo, nos quais se encontra mergulhado.
Essas heranças reaparecem como tendências, em forma de conflitos que aturdem e infelicitam, ou através de aptidões, de habilidades que propelem ao aprimoramento, alargando os horizontes do Self, cada vez mais enriquecido de possibilidades de identificação com a vida colectiva.
Em face dos múltiplos factores decorrentes do primarismo que ainda vige em a natureza humana, as perturbações são muito mais frequentes do que a harmonia e a saúde nos seus vários aspectos.
Mesmo hoje, com tanta cultura, civilização e conhecimentos, quando a razão deveria comandar os comportamentos, ainda prevalecem os instintos violentos e automáticos que não foram disciplinados, gerando novos comprometimentos negativos e perversos, que se irão incorporar ao património moral-espiritual do ser. Por outro lado, a sociedade, como um todo, também agressiva e imediatista, faculta que padrões injustos predominem no seu contexto, elegendo como triunfadores aqueles indivíduos que tripudiam sobre os fracos e se assenhoreiam pela astúcia, pela força, pela audácia negativa dos valores que os projectam, subjugando as demais criaturas.
Há um olvido sistemático, proposital ou inconsciente, a respeito da transitoriedade do ser físico, assim como da sua perenidade como Espírito, trabalhando em favor do momento fugaz, em detrimento do permanente, empurrando a criatura para o absurdo da prepotência, do gozo alucinante e rápido, do acumular desvairado de haveres que se transferem de mãos, que contribuem vigorosamente para as perturbações no comportamento, no relacionamento interpessoal.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 03, 2024 8:06 pm

A educação, que deve ter em vista como prioridade os valores morais, tem cedido lugar apenas à transmissão de conhecimentos específicos ou proporcionadores de pecúnia expressiva, sempre tendo em meta a breve permanência no carro físico, quando os factores de destruição dessa conduta se multiplicam sem cessar, a todos advertindo...
As enfermidades grassam devastadoras, os acidentes variados multiplicam-se, os enfrentamentos infelizes dão-se volumosos, e o ser humano, parecendo afogar-se no desespero das águas revoltas das ambições, para um dia, sobre nada, sonhando em gozo e glória pessoal a qualquer custo.
Essa é uma cultura perversa que leva à hediondez, porque mata os sentimentos de solidariedade, da alegria de viver, do interesse colectivo, da fraternidade, exalçando somente o egotismo injustificável e impossível de realizar-se plenamente, em razão dos vazios existenciais que as conquistas de fora não conseguem preencher.
A onda de desalinho se faz tão característica dessa cultura desenfreada, que se definiram para os deuses dos desportos, das passarelas, do teatro, da televisão e do cinema períodos definidos e curtos, cada dia mais jovens, nos quais se devem aproveitar ao máximo, porque logo estarão substituídos por outros não menos ansiosos e distónicos.
Paradoxalmente, o mesmo ocorre em outras faixas do comportamento humano, quando se elegeu que criminoso tem vida curta, conforme os jargões entre jovens traficantes e imaturos que foram vencidos pela dependência química ou pela ambição de conseguirem fortuna a qualquer preço. Auto-definiram que a sua é sempre uma existência veloz, raramente atingindo os trinta anos, e quando tal ocorre é porque se encontram mortos nos cárceres infectos onde fossilizam em incomum promiscuidade com outros infelizes a caminho da desintegração estrutural...
E inevitável que se multipliquem as perturbações de toda procedência, algumas mais cruéis do que outras, saindo da área do comportamento e da afectividade para as somatizações tormentosas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 04, 2024 11:33 am

Perturbações Somatoformes E Psicofisiológicas
Ocorre com frequência, nalgumas perturbações psicológicas, a predominância de sintomas físicos de causa desconhecida, gerando situações afugentes. Normalmente a ansiedade directa ou mesmo dela derivada responde por vários distúrbios que se transformam em mal-estares físicos, com características aparentes de verdadeiras enfermidades orgânicas. Essas perturbações conhecidas como somatoformes, porque assumem expressões corporais, são muito mais frequentes do que se pode pensar habitualmente.
Pessoas ansiosas transformam inconscientemente esse estado de espírito em uma perturbação que lhes assume a forma de doença física, por cujo mecanismo transferem a inquietação emocional para o sofrimento que pensam ter uma origem orgânica.
Apresentam-se sob vários aspectos e podem ser classificadas como hipocondria, na qual o paciente está convencido de sofrer de uma enfermidade grave que o infelicita, procurando sempre soluções médicas e reagindo à lógica da procedência psicológica da mesma. O paciente, nesse caso, assimila com facilidade as doenças de que ouve falar e, no quadro da sua ansiedade e desconforto íntimo, passa a experimentar os sintomas que caracterizam o quadro enfermiço. Da mesma forma, ocorre a somatização, em que o indivíduo com expressivo número de informações sobre as doenças que pensa sofrer em diferentes órgãos do corpo, passa a experienciar preocupações exageradas, piorando o quadro das aflições e acreditando na possibilidade quase imediata da morte. Apesar disso, não podem ser detectadas as suas causas físicas, por procederem do sistema emocional em desalinho. Surgem também como perturbações somatoformes da dor, em que o enfermo experimenta dores generalizadas que realmente fazem sofrer e que se cornificam, sem possuírem qualquer embasamento de natureza orgânica.
Esses pacientes dificilmente aceitam o diagnóstico de perturbação causada por problemas emocionais, tal a realidade que dizem experimentar na forma dos sofrimentos físicos que passam a sentir.
Dentre outras, uma das mais graves e dramáticas é a perturbação de conversão, tradicionalmente conhecida como neurose histérica e estudada por Freud, que elucidava estar na raiz dessa perturbação o conflito do indivíduo que resolve os seus mais terríveis conflitos mediante a sua transformação e desenvolvimento em perturbações físicas histéricas. Muitos desses enfermos, quando em crise de conversão, apresentam-se incapazes de ver, de ouvir, de movimentar-se; não obstante a ausência de factores orgânicos que justifiquem o problema.
Invariavelmente as causas psicogénicas encontram-se, segundo alguns estudiosos, na educação permissiva que tiveram durante a infância, especialmente no que diz respeito às questões sexuais, dando lugar à diminuição dos sintomas provocados por pensamentos e memórias sexuais agressivos.
Numerosa no século XIX, hoje a sofisticação de diagnóstico pode elucidar com rapidez a procedência dessas paralisias, das cegueiras e surdezes, facilmente constatando-se a conversão.
Dessa forma, a sua ocorrência actual tem mais probabilidade de apresentar-se em regiões geográficas onde a cultura é menos divulgada e a vivência familiar menos permissiva, qual ocorre ainda, embora com menor incidência, nas regiões rurais.
Nesse imenso capítulo das psicopatologias, diversos tipos de problemas podem dar surgimento a lesões orgânicas legítimas, como se procedessem de causas bacteriológicas ou físicas diferentes. Entre outros, estão a asma de reacção alérgica, a hipertensão arterial, as úlceras, que tanto podem ser resultado de ansiedades e stress como terem agravados os quadros por acaso já existentes.
Essas perturbações denominadas psicofisiológicas, também conhecidas anteriormente como psicossomáticas, são muito comuns, e constituem um vasto capítulo que vem merecendo cuidados especiais.
Sejam as suas origens orgânicas ou mentais, expressam comportamentos graves na área da saúde, necessitando de bem elaboradas terapias conjugadas. Quando procedentes do organismo físico, através de medicação conveniente e adequada, mas quando decorrentes de factores psicológicos, exigem providências especiais, a fim de serem debeladas as causas emocionais que as desencadeiam, dessa forma eliminando os efeitos destrutivos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 04, 2024 11:33 am

Sem dúvida, o factor emocional pode produzir aumento da pressão arterial, a ulceração e perfuração da parede do estômago, a peritonite, quais se fossem resultados de enfermidades gástricas convencionais.
Nesse capítulo, as doenças coronárias são igualmente muito afectadas por factores psicológicos, podendo produzir dores intensas de carácter anginoso, em razão de determinadas áreas do coração deixarem de receber o volume de oxigénio necessário para o seu funcionamento, sendo possível até mesmo de ocasionar a morte de parte do tecido muscular do órgão, quando este sofra total ausência do elemento vitalizador.
Certamente, os factores mais graves que desencadeiam os bloqueios arteriais estão vinculados à hereditariedade e a outros de natureza biológica, que aumentam a possibilidade da instalação da doença, tais o tabagismo, o colesterol, a obesidade, o abuso do sexo, especialmente nos homens. Além, portanto, desses, de natureza biológica, determinados padrões de comportamento psicológico adicionam riscos que podem ser prevenidos em relação a essas doenças cardíacas.
São inúmeras as terapias biológicas, mediante a abordagem clássica da Medicina em relação a cada tipo de enfermidade. No entanto, a psicoterapia nos casos examinados é portadora de excelentes resultados, desde os métodos da Psicanálise Clássica, Behaviorista, Humanista, Profunda, Transpessoal, aos alternativos, que vêm oferecendo uma contribuição valiosa para o deslindar de problemas comportamentais e das suas consequências orgânicas.
Constituições emocionais frágeis, facilmente se perturbam ante os desafios existenciais, ou sofrem os efeitos da educação deficiente no lar, da mãe castradora ou neurótica, da família desajustada, das pressões sociais e financeiras do momento grave que se vive na Terra, derrapando em transtornos complexos.
A observância de equilibrados padrões de conduta, a cooperação saudável com o psicoterapeuta, o esforço bem direccionado para uma honesta mudança de pensamentos, utilizando-se de reflexões e meditações, de técnicas de relaxamento, de convivência enobrecida com pessoas agradáveis, contribuem igualmente para a reconquista do bem-estar e do equilíbrio, superando essas perturbações que os afectam e podem levá-los à loucura ou à morte.
Deve-se ter em conta, igualmente, que essa fragilidade emocional que caracteriza uns biótipos de outros diferentes tem as suas raízes nos comportamentos ancestrais de existências passadas, quando elaboraram o futuro, no qual ora se encontram.
O inconsciente pessoal de cada um deles traz insculpidos a culpa transacta ou o medo, ou ambos simultaneamente, que ora se transformam em ansiedade em relação ao tempo, como que para fugir de qualquer consequência danosa, que sabe se dará, mas não tem ideia consciente de quando ocorrerá.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 04, 2024 11:33 am

Sociopatias
Na classificação das doenças que afectam a mente, podem-se encontrar os indivíduos que são vítimas da desviância social e tombam na criminalidade. Torna-se algo difícil de estabelecer quando o paciente é um criminoso no sentido pleno da palavra, por desviância social ou por transtorno esquizofrénico, apresentando-se muito ténue o limite entre a normalidade e a criminalidade ou entre as perturbações de ordem mental e a criminalidade.
Examinemos, apenas, os sociopatas ou pessoas com perturbação anti-social da personalidade.
Esses indivíduos, normalmente são portadores de um bom nível de conhecimento, não obstante o temperamento belicoso desde a infância, quando se permitiram actividades sexuais precoces e exaustivas, e cuja conduta escolar foi reprochável, em razão das faltas contínuas às aulas, para se facultarem perturbações infligidas aos outros. Nesse período, não puderam dissimular a perversidade para com os animais, que lhes sofreram aguerridas perseguições. Com uma tendência muito grande à promiscuidade, não se vinculam socialmente a nenhum grupo, sendo geralmente solitários, em cujos períodos se permitem elaborar os seus projectos de inquietação e mesmo de crueldade contra as pessoas.
São desprovidos dos sentimentos de amor e de respeito pela sociedade, como também ignoram os deveres de lealdade para com o próximo e em relação a todo aquele que se lhe acerca. São capazes de cometer deslizes graves e de tomarem atitudes ilegais sem qualquer arrependimento, culpa ou ansiedade, permanecendo frios e insensíveis ao que ocorre à sua volta. Não demonstram interesse por contribuir de alguma forma com a sociedade, antes fazendo questão de traduzir o seu mau humor, silenciosos e isolados em todo momento que lhes é facultado.
Em razão do distúrbio que os comanda, vivem exclusivamente o presente, isto é, todo o seu empenho centra-se no prazer do momento, sem preocupações significativas em relação ao futuro, mas também com nenhum remorso em relação aos actos praticados, mesmo quando hajam gerado sofrimento e perturbação nos outros.
São solitários por prazer, tornando-se insociáveis, podendo dissimular muito bem os seus sentimentos quando em sociedade, hábeis na arte de conquistar e apresentar gentilezas externas, sem qualquer participação emocional, o que lhes dá aparência de normalidade. E assim procedem, porque desejam, além de dissimular as suas torpezas, atingir alguns propósitos que agasalham interiormente. Nesses momentos de breve duração, conseguem cativar e fazer-se estimados. No entanto, não logram manter o mesmo clima em largo período, como, por exemplo, na convivência familiar ou num grupo social, por mais reduzido que seja. Quando ocorre estar em qualquer grupo, apesar da aparência contrafeita, procuram assumir a liderança com que atendem ao egoísmo e se comprazem em comandando os demais, desde que não seja perturbada a sua solidão espontânea. São caprichosos e renitentes, procurando sempre discutir, brigar, em permanente conflito contra os outros indivíduos e a sociedade.
Não devem ser confundidos com os criminosos comuns, embora possam derrapar em actos ilegais e mesmo hediondos, conforme as circunstâncias em que se encontrem. Por formação distorcida da personalidade, não obedecem a qualquer código, e quando o fazem, é exteriormente, a fim de atingirem metas que preservam escondidas no pensamento e esperam alcançar.
Existem causas possíveis desencadeadoras dessas sociopatias, considerando-se que aqueles que as sofrem são, invariavelmente, destituídos de medo e de ansiedade, podendo manter-se indiferentes ao perigo, por permanecerem em estado de infância, com uma imaturidade cortical, que fisiologicamente explicaria a sua maneira de assim serem. Análises feitas mediante electroencefalogramas demonstraram anormalidades típicas, que responderiam pelo seu estado emocional. Em razão dessa disfunção cortical, o sociopata permanece num estado quase de sono, não totalmente acordado durante os períodos normais.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 04, 2024 11:34 am

Seria talvez em função dessa sub-activação cortical, que buscaria inconscientemente motivação estimuladora mediante a emoção do perigo para alcançarem um bom nível de actividade. Em razão dessa disfunção fisiológica, crêem alguns estudiosos, manifestar-se-iam as sociopatias.
Propugnam também que a disfunção tem causa genética, bem como factores ambientais que levaram a uma socialização precoce, sem qualquer disciplina familiar, completando, desse modo, o quadro para a instalação da perturbação.
Constata-se, é certo, que o Self no sociopata, é desintegrado do ego, sofrendo uma fissura que impede o perfeito relacionamento que produziria o seu ajustamento ao grupo social. Isso decorre de heranças morais e espirituais que procedem das experiências infelizes de outras reencarnações, quando o Espírito delinquiu, ocultando a sua culpa e fugindo da convivência humana, matando a sensibilidade e deslocando-se do epicentro do amor pleno para o egocentrismo imediatista, encarregado da gratificação pelo prazer sensório-emocional.
A acção perversa, a que se entregam, gera bem-estar nos seus agentes, preenchendo com satisfação mórbida o vazio existencial, porque destituídos de significados psicológicos e de objectivos dignificadores que promovem a criatura e a tornam integrada no mundo objectivo onde vive, sentem--se abandonados, fugindo para o isolamento de onde saem apenas para afligir os outros.
É inadiável a necessidade de tratamento enérgico dessa perturbação, qual se aplica a outros pacientes portadores de transtornos psicóticos profundos, ao mesmo tempo realizando-se psicoterapia de grupo, de forma a despertar o interesse do enfermo para fora do ego.
Essa marcha do eu para o nós jamais se poderá dar a sós pelo paciente, desde que, deslocado do centro comum de interesses, não se sente motivado a alterar a conduta que se vem aplicando, por nela encontrar isolamento, evitando--se trabalho e preocupação que denomina sempre como aborrecimento para o seu tedioso comportamento doentio.
O sociopata é enfermo da alma, que se pode recuperar mediante esforço conjugado entre o seu médico, o psicoterapeuta, o grupo de ajuda e ele próprio, reconquistando, desse modo, a real alegria de viver na sociedade que se encontra aberta a todos que nela desejem construir felicidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 04, 2024 11:34 am

Fobias
Entre as perturbações desencadeadas pela ansiedade, destacam-se, invariavelmente, as fobias, que se tratam de um medo irracional de determinado objecto, situação ou circunstância.
Denominadas no passado de maneira especial na língua grega, essas perturbações apresentavam-se de maneira esdrúxula e ameaçadora.
Em face da variedade de objectos e circunstâncias que as desencadeiam, passaram a constituir um capítulo denominado como de fobias específicas. A que se refere às alturas - acrofobia - , dos recintos fechados - claustrofobia -, das multidões — oclofobia -, dos gatos - ailurofobia —, dos micróbios - bacilo fobia...
O que chama a atenção é o medo em si mesmo, porque destituído de qualquer racionalidade, pela impossibilidade da ocorrência de qualquer mal ou prejuízo, no entanto irresistível, levando ao desespero aqueles que lhes sofrem o aguilhão. Em face dessa irracionalidade, o paciente está preocupado com algo que lhe aconteça e o infelicite, gerando--lhe dissabor e sofrimento, mesmo que todas as análises dos fatos demonstrem a total impossibilidade disso ocorrer.
Desde há muito tempo, tentou-se encontrar os desencadeadores que respondem pelas fobias, sem resultado muito proveitoso. No entanto, o eminente John Locke acreditava que esses medos provinham de factores associativos, fortuitamente gerados por ideias apavorantes que ficaram arquivadas no inconsciente, tais as narrações de contos fantasmagóricos e de tragédias, de almas de defuntos que viriam buscar as pessoas, produzindo medo do escuro, de dormir sozinho, e desenvolvendo ansiedade e outros distúrbios.
Ainda hoje a tese tem validade, e muitos autores recorrem à possibilidade de teoria do condicionamento clássico. O motivo desse condicionamento é o objecto temido e o efeito é o condicionado, que se expressa na activação autonómica, que apresenta disritmia cardíaca, sudorese álgida e abundante...
Quando a pessoa foi vítima de um animal ou de uma circunstância desagradável, isso poderá desencadear uma fobia específica em relação à ocorrência. Normalmente, porém, generaliza-se esse estado fóbico em relação a outros estímulos, mesmo que não apresentem perigo. Despertado esse estímulo perturbador em outra circunstância, o medo ressurgirá e se expressará em condicionamento a outros diferentes estímulos.
Embora existam outras teorias para explicarem as fobias, como a teoria da prontidão, sempre surgem críticas em razão dos casos que se deslocam das matrizes iniciais, no caso, a herança dos medos do homem primitivo em relação a serpentes, aranhas, baratas e outros motivos que foram transferidos através das gerações ao ser humano. Assim sendo, concluem alguns estudiosos que há uma tendência inata no ser humano em assimilar determinados estímulos mais do que outros, o que daria surgimento aos fóbicos.
Nesse capítulo, as fobias sociais desempenham papel perturbador no comportamento de diversas criaturas, pelo medo que possuem de serem humilhadas em público, de ao terem que falar em reuniões, gaguejarem, e não poderem desincumbir-se a contento, asfixiarem-se em refeições em restaurantes ou reuniões sociais, assim evitando quaisquer ocasiões que possam desencadear essa desagradável ocorrência. Em consequência, fogem das reuniões e grupamentos sociais, poupando-se a sofrimentos que lhes parecem insuportáveis. Não raro, quando obrigadas a participação em festas, recepções, encontros, convivências, procuram ânimo em bebidas alcoólicas e drogas outras, sempre com resultados de efémera duração, que terminam por adicionar ao transtorno fóbico a dependência ainda mais cruel e de mais difícil erradicação.
As fobias estão associadas espiritualmente a condutas incorrectas anteriormente vivenciadas, quando se permitiram os indivíduos abusos e crueldades, ou sofreram sepultamento em vida, considerados mortos e estando apenas em estado cataléptico, despertando depois e vindo a falecer em situação deplorável, desenvolvendo a claustrofobia, ou foram vítimas de crueldades em praças e ambientes abertos, diante da massa alucinada, desencadeando agorafobia e fobia social, etc.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 04, 2024 11:34 am

Noutros aspectos, ocorrências traumáticas não superadas, transferiram os estímulos geradores de sofrimentos que ora se converteram em fobias específicas.
Ao lado de diversas psicoterapias valiosas capazes de reverter o quadro fóbico, não há como negar-se a valiosa psicanálise, bem como a terapia regressiva a existências passadas, de acordo com cada distúrbio, de modo a encontrar--se o estímulo traumático e trabalhá-lo cuidadosamente, assim interrompendo-lhe a força associativa.
Não obstante os resultados positivos que possam advir, é conveniente não se esquecer da renovação moral do paciente, da sua mudança mental de atitude para com a vida, ao mesmo tempo laborando em favor do grupo social, portanto de si mesmo, com vistas ao seu futuro saudável e feliz.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 04, 2024 11:34 am

9 - O Significado Existencial
Ambições Desmedidas • Aflições Da Posse E Da Não Posse • Encontro Com O Self

A visão hedonista sobre a existência humana tem levado multidões às alucinações do prazer, numa interpretação totalmente equivocada sobre a realidade do ser. A descoberta do significado da vida é de relevante magnitude, porque dá sentido à luta e aos desafios que surgem frequentemente, convidando o indivíduo ao avanço e ao crescimento interior.
Esse sentido existencial é uma forma de religiosidade que deve possuir um alto significado motivador para que o indivíduo não desfaleça nos empreendimentos evolutivos.
Não raro acredita-se em significados meramente materiais como os objectivos de toda actividade humana. Por certo, a conquista de valores imediatos produz estímulos internos, concitando ao prosseguimento dos esforços e à sua manutenção optimista. No entanto, serão aqueles subjectivos, nem sempre identificados pela forma e característica do convencional, que despertam e induzem ao prosseguimento de todos os sacrifícios.
Há quem, de maneira pessimista, assinale que a vida humana é uma infrutuosa experiência, na qual a dor e as transformações perturbadoras desempenham papéis significativos. Outros crêem que o tédio e o desfalecimento que tomam conta dos indivíduos são responsáveis pela falta de metas legítimas, porque o ser humano é somente "um animal que pensa." Nada obstante, a beleza, a arte, a cultura, a ciência, a solidariedade, os sentimentos humanitários, a fé religiosa demonstram que o ser humano é um incessante conquistador, que avança resoluto na busca do fim pelo qual anela.
Se não cultiva um ideal religioso, encontra-se desvinculado do Fulcro gerador de vida, e, desse modo, desfalece com mais facilidade, por encerrar na anóxia cerebral e, portanto, na morte orgânica, todos os objectivos existenciais, o que não deixa de ser um grande engano. Há, mesmo, nesse tópico, indivíduos que, em se vinculando aos ideais de engrandecimento humano, tornam-nos sua religião, na qual se realizam e desenvolvem outros contingentes de forças físicas, morais e psíquicas que os auxiliam nos enfrentamentos,' tornando-os heróis internos, em si mesmos, vencedores de alto significado.
O Espírito humano é o mais elevado clímax da evolução antropossociopsicológica na Terra. No entanto, não constitui a etapa final desse processo, porque novos investimentos lhe são oferecidos ou adquiridos, quando encerrando alguns ciclos de conquistas, abrem-se-lhe novas frentes para o próprio engrandecimento.
Encontrando-se no campo objectivo da vida, crê-se que tudo deve ser considerado através dos padrões físicos, fisiológicos, materiais.
O ser humano, todavia, é um feixe de emoções por deslindar e desenvolver, de forma que se facultem estados interiores de bem-estar e de plenitude, que independem de coisas e de lugares, de circunstâncias e de posses.
Não se trata de uma questão filosófica ou teórica, mas de uma realidade existencial, na qual todo indivíduo experiência valores internos que lhe podem estimular ao autoconhecimento ou bloquear-lhe as percepções extrafísicas.
Inevitavelmente, vendo a vida como um amontoado de enigmas, certo aturdimento invade a pessoa, que parece desestruturada para os resolver, temendo ser vencida pela variedade dessas ocorrências inesperadas. Sem embargo, o largo passo da Cultura, da Ciência e da Tecnologia, desvendando sem parar o desconhecido, diminuindo as dores excruciantes que antes eliminavam milhões de seres, muito vem contribuindo para que outros, que jazem ocultos e desafiadores, sejam também ultrapassados, deles retirando-se os benefícios que são decorrentes da sua solução.
Os atavismos que remanescem no ser, mantendo-o na faixa primária das reacções comportamentais, têm tornado a existência tumultuada e, às vezes, quase insuportável, com os estertores das guerras de toda natureza, que se multiplicam no ser e à sua volta.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 04, 2024 11:35 am

Igualmente, as propostas filosóficas, éticas, morais, religiosas e humanitárias vêm trabalhando para que se altere essa situação lamentável, provocada por alguns ignóbeis legisladores que, atormentados e insanos, fazem-se responsáveis pelos tenebrosos comportamentos que assaltam a sociedade, tornando-a, muitas vezes, mais perigosa do que as selvas...
O esforço para se encontrar o significado existencial deve ser contínuo, porquanto a sua falta, o seu não conhecimento podem produzir transtornos internos que dão surgimento a processos psiconeuróticos.
Pessoas inteligentes, lúcidas, estóicas, bem-situadas financeiramente, amadas, quando perdem o sentido da vida e tombam nesse vazio existencial, que a Religião sempre preenche oferecendo metas transpessoais, sentindo-se inúteis, desenvolvem transtornos neuróticos que necessitam ser superados, reencontrando a razão de ser da vida, a utilidade de viver, as imensas possibilidades que lhes estão ao alcance para se tornarem felizes e plenas.
São, portanto, valores subjectivos, como a oração, a meditação, a reflexão, a calma e o trabalho em favor da renovação pessoal, que conseguem preencher emocionalmente, reestruturando o indivíduo em relação à existência humana.
Essa viagem silenciosa é intemporal, não podendo ser realizada em determinado período de tempo, através de objectivos imediatos, mas por meio de experiências psíquicas e emocionais que transcendem a consciência actual, oferecendo-lhe. meta segura mais adiante.
A necessidade da Religião ressalta pelo significado profundo de que se reveste, oferecendo compensação e equilíbrio após a vilegiatura carnal. Então, o significado existencial incorpora-se ao consciente actual e estimula as funções do pensamento, que
passarão a trabalhar pela qualidade de vida e não apenas pela conquista de coisas que poderiam pressupor a totalidade externa das aquisições.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 04, 2024 11:36 am

Ambições Desmedidas
As imagens arquetípicas do prazer, que surgem e permanecem no imo de todo indivíduo, respondem pelo que se convencionou denominar a conquista dos valores objectivos.
A educação hedonista, desde cedo, trabalha o aprendiz para que ele desenvolva a capacidade de não se deixar enganar, para os objectivos que lhe ofereçam recursos para triunfar no concerto social. As suas aspirações são direccionadas pelos pais e educadores que estabelecem quais as actividades rendosas, os empreendimentos lucrativos, os mecanismos sociais para o poder e o destaque na comunidade, empurrando os educandos em formação para esse campeonato insensato. Não conhecendo o pretérito desses Espíritos, violentam-lhes os objectivos do renascimento corporal, impondo-lhes, pela cultura e comportamento programado, a conquista daquilo que pode preencher as necessidades temporais e acalmar os desejos esfogueados.
Concomitantemente, abrem-se-lhe, na actualidade, as portas da libido mediante a experiência sexual antes da maturidade psicológica, produzindo conflitos vários que se lhes insculpem nos refolhos do ser proporcionando transtornos e aflições.
Vivenciando apenas a expressão física, esses educadores inábeis desenvolvem, nos seus aprendizes, como necessidade preponderante a valorização da ambição para atingir as metas sociais a qualquer preço, mesmo quando isso desenvolva perturbação íntima e conflito de consciência. Crêem que podem anular o discernimento, orientando para um único roteiro, que é o poder, que os aturde, ou que os infelicita quando conquistado, encerrando, nessa fantasiosa proposta, o sentido e o significado existenciais.
Vinculados a essas ambições desmedidas, surgem os impositivos da moda, estabelecendo padrões de beleza física, mediante descabidos mecanismos, que variam de época para época, conforme a perda do sentido da vida e o tédio disso decorrente.
Violentando a constituição orgânica do homem e da mulher, que pretendem competir com os mitos ancestrais, na beleza, na aparência, na força, e atingirem o pódio da perfeição estabelecida, surgem os ditadores da elegância impondo alguns dos seus conflitos e arrastando multidões imaturas para os seguirem em revoada que termina, quase sempre, em quedas desastrosas nos transtornos neuróticos, tais a anorexia, a bulimia, o desprezo por si mesmo, quando não conseguem atingir as medidas estabelecidas, caindo em sórdidos poços de depressão. Outrossim, sob a desculpa de irrigar bem o organismo e estimular o coração, são apresentados programas exagerados de musculação e de ginástica, que terminam por levar jovens ambiciosos e desestruturados aos desportos radicais com gravíssimos prejuízos psicológicos e orgânicos.
O fenómeno biológico é irreversível, e todos aqueles que nascem, morrem, abandonando a carcaça que lhes atendeu os compromissos durante o prazo para o qual foi programada.
A alucinada ambição de manter a juventude mediante implantes, cirurgias, hormônios e métodos bizarros, somente levam à inutilidade da vida, que perde o seu significado quando não é conseguido o objectivo banal, que se transforma em algoz impiedoso. Mas não cessa aí a luta daqueles que se entregam exclusivamente ao fenómeno passageiro. A competição que se teme, em relação aos mais jovens, com melhores possibilidades de êxito, cada vez mais juvenis, sem qualquer sentido de discernimento e compreensão para as atribuladas situações a que são empurrados pela beleza física, pela perfeição de linhas, pela elegância, que logo cedem lugar às naturais enxúndias e celulites, que se apresentam em diferentes partes do corpo, exigindo-lhes mais malhação, mais alimentação específica, mais tormento íntimo, mais entrega ao sexo, ou às libações alcoólicas, ou às ingestões de drogas químicas, tornam-se-lhes mecanismos de fuga que os ajudam a suportar as tensões...
Os deuses de um dia logo tombam do trono, cedendo lugar a outros que os substituem, desaparecendo nas sombras dos tormentos que vencem alguns e os submetem a processos de desesperação incomparável.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 04, 2024 11:36 am

Com a precipitação para que sejam amainadas as ambições desmedidas, a criança e o jovem hodiernos dispõem cada vez de menos tempo para a imaginação criativa, para esse período enriquecedor, para os folguedos saudáveis, interrompidos pelas imagens da violência e do sexo em desalinho, quando o Self nessa fase, desenvolve-se e amadurece, estabelecendo as directrizes de segurança e equilíbrio para a própria existência.
Da mesma forma, os desportos que celebrizaram os gregos, especialmente os atenienses, tornando-se profissionalizados, facultam que gangues e máfias administrem a maioria deles, transformando os desportistas vítimas das suas maquinações e perversidades, viciando uns para os aniquilar, utilizando-se de outros para lucros exorbitantes, marginalizando os competidores que não se lhes submeteram, destruindo o idealismo, a competitividade saudável que sempre existiram, para que as rendas sejam cada vez mais altas e os grupos dominadores mais poderosos.
A semelhança dos antigos gladiadores, os indivíduos despersonalizam-se, vivendo sob os holofotes da ilusão, sem amor, mas sempre cercados de interesses servis, sem paz, no entanto obrigados a parecerem modelos de conduta após alçados ao estágio mitológico.
Entre aqueles que armazenam valores amoedados, ao atingirem o topo, não lhes bastam o volume incalculável de dinheiro que acumulam, mas é necessário tornar-se o homem mais rico do mundo, um dos dez mais, o melhor investidor da Bolsa...
Enquanto isso, o ser humano que é permanece em plano secundário, valendo, enquanto domina, e abandonado assim que começa a descida nas requisições para as movimentadas festas sociais, substituídos por outros não menos ambiciosos e neuróticos.
Sem dúvida, alguns indivíduos que não perderam o sentido da vida, embora mantendo as ambições desmedidas, olharam para trás ou para baixo, como se convencionou dizer, e reservam algumas das suas moedas para as obras humanitárias de benemerência, com as quais, isto sim, imortalizam-se no mundo.
Outros, que se destacam na mídia devoradora e perversa, recordando-se das suas dificuldades iniciais, quando lúcidos e ainda não intoxicados pelos vapores da alucinação momentânea do êxito, apresentam-se em espectáculos beneficentes para atraírem público, revertendo às dádivas da sua imagem para auxiliar obras meritórias e vidas em soçobro.
Uma identificação religiosa do indivíduo trabalhará em favor da mudança das ambições desmedidas para a conquista do necessário, daquilo que produz poder e prazer, mas que não se transforma em gozo neurotizante de funestas consequências.
O ser humano deve aprender a ser feliz conforme as circunstâncias, introjectando e vivendo a compreensão da sua transitoriedade física e da sua eternidade espiritual.
Na juventude, a visão, não poucas vezes, distorcida pela imaturidade psicológica, pelo deslumbramento e pujança dos hormônios, o sentido da vida apresenta-se sob um aspecto que não corresponde à realidade. Só mais tarde, quando a maturidade e a velhice dominam as estruturas emocionais e orgânicas, é que se adquire o conhecimento real do sentido existencial.
Será maravilhoso o dia, quando se possa difundir o significado da vida e estimular os começantes nas experiências humanas a descobrir, cada qual, conforme suas emoções, o que lhe será de melhor e de mais compensador proveito. Assim, serão evitadas muitas manifestações neuróticas, especialmente as que decorrem do vazio existencial ou da frustração pelas não conseguidas ambições desmedidas que não têm fim...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 04, 2024 9:42 pm

Aflições da posse e da não posse
Envolvida pela filosofia da posse, a criatura humana pensa que o significado existencial seja essa conquista.
Assim acreditando, pensadores variados, desde remotas épocas da civilização ocidental, estabeleceram critérios para a sobrevivência feliz do ser, no báratro das incertezas terrestres.
Propuseram que a finalidade da vida, o seu sentido existencial, é o gozo e somente através da posse de recursos amoedados e outros se torna possível atender a essa exigência, porque aquele que tem pode e quando pode adquire o que lhe apraz, o de que necessita, condição essencial para ser feliz.
No jogo dos interesses sociais, no entanto, pode-se perceber que nem sempre a posse é responsável pelo significado que conduz à felicidade, porque não poucos aquinhoados apegam-se de tal forma aos bens que pensam possuir, que terminam sendo por eles possuídos em tormentosos dramas emocionais.
Receiam os acontecimentos internacionais, que alteram a escala de valores das moedas e dos empreendimentos, dos juros e câmbios, o que lhes produz ansiedade incontrolada, pela ameaça de perderem altas somas nas variações da Bolsa, na qual investem expressivas somas, que os fazem ricos e inquietos.
Passam a esquecer a própria identidade, acreditando que não são capazes de gerar simpatia e amor, companheirismo, e afectividade, porque aqueles que se lhes acercam, talvez estejam interessados nas suas posses mais do que nos seus sentimentos.
Quando isso não ocorre, o inverso se manifesta, gerando a crença absurda de poderem comprar fidelidade, carinho, saúde e paz.
Certamente, em determinados momentos, as moedas auxiliam na aquisição de recursos outros que propiciam segurança, equilíbrio orgânico, acompanhamento. No entanto, iludem-se, na maioria das vezes, aqueles que se aferram às posses, porque os seus nomes célebres e os seus tesouros atraem aventureiros de todo porte que desejam ser vistos ao seu lado, que planejam conúbios sexuais para os explorarem depois, enquanto se entregam, esses usufrutuários, a outros enganadores que os dilapidam e os abandonam após o uso...
São tais paradoxos humanos que produzem as vidas vazias, as vidas ressequidas, a falta de sentido existencial e de significado para lutar-se e crescer-se interiormente, descobrindo-se a real felicidade de viver.
Se, de um lado, existem os escravos do que têm, enxameiam no mundo aqueloutros estranhos dependentes da não posse, cujas vidas somente adquiririam qualquer significação se possuíssem...
Quanto mais adquirem, mais esperam reunir, transferindo para o futuro as suas aspirações e vivendo do que falta, em tormentosa conjuntura neurótica.
A verdadeira libertação da posse enseja também a da não posse. O que não se tem, bem examinado, não faz falta, porque é possível viver com aquilo que está ao alcance, desde que se coloque a mente e o sentimento no padrão em que se encontra.
Quem tem dinheiro e poder, às vezes sofre carência de saúde e de paz, ou de amor e de ternura, ou de liberdade para fazer o que lhe interessa e não somente o que as circunstâncias lhe exigem.
Igualmente, quem não o tem, pode encontrar-se em alegria e confiança de melhores dias, ou em clima de resignação, experienciando a escassez que o auxiliará a administrar a abundância quando ou se chegar a alcançá-los.
Ultrapassada a questão da posse e da não posse, ocorreu a alguns filósofos que a existência é sempre assinalada pela dor, e em face dessa constatação, apresentaram a proposta estóica, que via o mundo apenas do ponto de vista material. O significado da vida deveria ser a luta travada para superar o sofrimento, vivendo de acordo com a Natureza e resignando-se aos impositivos do destino, à justiça, porque o mundo, em consequência, seria justo, em razão de ser racional. Através do eudemonismo, na visão estóica, a finalidade existencial consiste em exercitar a própria virtude, aprimorando-se sempre para alcançar a felicidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 04, 2024 9:42 pm

Embora a proposta eudemonista, os estóicos também se empenharam muito em favor de mudanças do conjunto, através de severas críticas sociais e políticas.
Iniciado por Zenão de Cítio e desdobrado o estoicismo em diferentes fases do desenvolvimento da cultura e do tempo, foi adoptado por notáveis pensadores do pretérito remoto e próximo, que o levaram a Roma e o espalharam por toda a Europa, dando lugar, no período novo, quando adoptado pelos romanos, a especulações de carácter religioso e moral, havendo-se destacado nessas fileiras, dentre outros, Séneca, Marco Aurélio, Epicteto, que lhe ofereceram considerável contribuição.
Assim mesmo, a atitude estóica não deve ser encarada como a meta do significado existencial, porque, não raro, ao aceitarem-se as injunções do mundo material surgem situações morais e emocionais que não podem ser controladas, e que induzem ao desespero e ao desequilíbrio, tanto quanto o inverso é verdadeiro.
A busca do significado prosseguiu e encontrou no idealismo a primazia do mundo transcendente ou das ideias sobre o material, orgânico e único. O conceito é vasto e situa na consciência todas as coisas e o próprio mundo, convidando o ser à percepção dessa realidade. Iniciado na Escola de Eleia, na Grécia, vicejou largamente através dos tempos, tornando Descartes o pai do idealismo moderno, que propunha a busca da verdade legítima, que não pode ser encontrada nas coisas, seja como for que se apresentem. Dividindo-se, posteriormente, em duas correntes: o empírico e o absoluto, foi enriquecido por filósofos extraordinários, que tentaram demonstrar a necessidade da conquista interna relevante. Hegel, por exemplo, propôs que a verdade precede e gera o ser.
Nessa proposta, o pensamento de Platão ressurge, quando demonstra que o ser é o real, sobrevivente e precedente ao não ser, elucidando que o Espírito vem do mundo das ideias, ao qual retorna, assim estabelecendo conduta ético-moral expressiva e dedicação aos nobres objectivos existenciais.
A busca psicológica do significado existencial deve revestir-se, portanto, de uma visão idealista do mundo, sem os excessos que desprezam os valores materiais, mas também sem o apego a esses, pensando-se em assegurar o futuro para onde se marcha.
A saúde emocional e orgânica resulta, nessa tese, dos factores que diluem a ansiedade e alteram as heranças do passado, oferecendo novos arquétipos que podem ser elaborados conforme as necessidades que surjam e as aspirações que o inconsciente pessoal libere, já que nele encontram-se armazenadas as propostas do progresso e da felicidade humana.
Consciente das naturais limitações impostas pelo não ser, que é o corpo, sempre em constantes alterações, o indivíduo dá-se conta que é necessário superar a clausura carnal e alcançar o Self, concedendo-lhe primazia no comportamento, de forma que os conteúdos psíquicos identifiquem-se com o ego, harmonizando aspirações e anseios que devem marchar juntos.
Alcançar o ser consciente, descobrindo os objectivos essenciais da existência, torna-se uma psicoterapia preventiva, trabalhada pelo auto-conhecimento, ou de natureza curadora, quando estejam em processo de instalação os desafios e conflitos que resultam da busca equivocada da posse ou da não posse, até então tidas como objectivo essencial do indivíduo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 04, 2024 9:43 pm

Encontro Com O Self
O notável psiquiatra Carl G. Jung definiu o Self como: "a totalidade da psique consciente e inconsciente", acrescentando que: "essa totalidade transcende a nossa visão porque, na medida em que o inconsciente existe, não é definível; sua existência é um mero postulado e não se pode dizer absolutamente nada a respeito de seus possíveis conteúdos?
Nada obstante a sua muito bem-elaborada conceituação, se o consideramos como o Espírito imortal que precede à concepção e sobrevive à dissolução carnal, teremos, nos depósitos profundos do seu envoltório semi-material, que é o perispírito, o mero postulado que é o inconsciente pessoal, no qual estão arquivadas as experiências ancestrais resultantes de todas as reencarnações ao longo do processo evolutivo a que se encontra submetido. Esse arquétipo, imagem original ou imago Dei que vige no ser humano e concede-lhe a abrangência da consciência e da inconsciência, respondendo pela sua totalidade, procede do Arquétipo Primordial, Consciência Cósmica, Deus ou Causalidade Absoluta.
Toda actividade consciente ou não do ser humano deve dirigir-se para a perfeita identificação do Si-mesmo, integrando os conteúdos psíquicos remanescentes das memórias pretéritas - extractos das reencarnações ínsitos no inconsciente pessoal — com o ego, de maneira que a sua seja a busca desse Arquétipo Primordial, de modo a conseguir a harmonização de natureza cósmica, que deverá ser a fatalidade do processo evolutivo.
Nessa jornada de integração dos conteúdos psíquicos com a realidade do Eu, os valores éticos se destacam propondo o equilíbrio do ser, que se liberta das fixações perturbadoras que dão curso aos distúrbios neuróticos, assim como aos conflitos que procedem dos erros cometidos, e que se impõem como necessidades reparadoras em forma de transtornos de diferentes graus.
A autoconsciência se lhe afirma à medida que descobre o objectivo essencial da existência humana, que é a auto-identificação, percebendo todos os valores que se lhe encontram em latência aguardando o desenvolvimento das possibilidades para torná-los vibrantes e participantes da vida.
Os remanescentes conflitivos cedem, então, lugar à saúde emocional, a pouco e pouco, substituídos pela segurança de conduta, pelas realizações enobrecedoras, pela superação dos tormentos da consciência bem como da culpa, permitindo-se crescer sem fronteiras ou limites, desbravando todo o potencial inconsciente que jaz ignorado, não obstante seja portador de tesouros incalculáveis, e não somente de angústias e perturbações que ressumam periodicamente em forma de desequilíbrios.
O ser humano é o protótipo máximo do processo evolutivo até o momento, cabendo-lhe descortinar horizontes grandiosos e avançar com decisão para conquistá-los.
Para quem se empenha nessa luta, não existem limites que não possam ser conseguidos, desde que as dificuldades e os desafios sejam considerados como estímulos e possibilidades por alcançar.
O hábito da reflexão e o exame dos conteúdos espirituais que procedem das diferentes épocas do pensamento tornam-se valiosos contributos para a conscientização do Self, que supera os automatismos anteriores a que se vê compelido para agir com acerto e consciência nos variados cometimentos que lhe dizem respeito.
Se, por acaso, algum distúrbio lhe tisna, por momentos, a claridade do discernimento, compreende que se trata de uma herança perturbadora que deve ser ultrapassada, diluindo-a, mediante a autoconsciência, que permite encontrar o melhor recurso a ser utilizado. Ante as investidas neuróticas, defluentes de factores endógenos ou exógenos, que fazem parte do processo evolutivo, aceita-as e enfrenta-as com lucidez mental e compreensão emocional, permitindo--se novas experiências saudáveis que se sobrepõem ao conflito, eliminando-o.
Ninguém atravessa a existência sem essas heranças perturbadoras, que se encontram na própria essência do ser.
Apesar disso, a consciência do Si ajuda-o a enfrentar os aparentes impedimentos, insculpindo novos valores que se desenvolverão lentamente, conquistando os espaços antes ocupados pelos temores injustificáveis ou culpas superáveis.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 04, 2024 9:43 pm

Fobias, ansiedades, amarguras, fixações torpes, encontram-se no inconsciente pessoal, resultantes das experiências variadas que não foram eliminadas por-catarses indispensáveis à sua eliminação. Para tanto, os processos psicoterapêuticos têm por meta, além de os sanar, integrar o ser nos valores profundos do Self, na sua consciência divina, onde pulsam as vibrações cósmicas do amor, encarregadas da sustentação da vida e de todos os seus atributos.
Quanto maior for a conscientização do Self, mais fáceis se lhe tornam os avanços no desdobramento dos inimagináveis tesouros de conhecimentos, belezas e harmonias, que estão adormecidos nos seus refolhos mais delicados e profundos.
A adopção de um comportamento rico de religiosidade, sem temor nem ansiedade, sem transferência da realidade objectiva para as fugas subjectivas, superados os mecanismos conflitivos que induzem à busca da fé religiosa somente para fugir dos desafios mundanos, constitui uma metodologia preciosa e saudável para o mister de integração plena e tranquila nos superiores objectivos existenciais.
Na condição de Psicoterapeuta por excelência, Jesus, analisando os conflitos que atormentam o ser humano, exarou com sabedoria, conforme as anotações de Mateus, no capítulo cinco do seu Evangelho, no versículo vinte e cinco: "Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda, e sejas lançado na prisão."
Inevitavelmente percebe-se que o adversário é interno, são as paixões dissolventes que aturdem o ser, e que, em desalinho, encarceram a consciência nos conflitos, gerando os tormentos a que se entregam todos aqueles que se deixam vencer pela culpa, transformada em fobia, ou em angústia, ou em ansiedade, ou em insegurança, ou em transtorno neurótico de outro porte qualquer.
Logo depois, no versículo vinte e seis do mesmo capítulo, Ele aduziu: "Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil."
A oportuna referência tem um carácter terapêutico, leccionando que se faz necessária para a paz íntima, a reconciliação com o adversário — os referidos hábitos mórbidos, perturbadores, transformando-os em agentes de progresso e de renovação, mediante os quais se instalam o equilíbrio, o bem-estar, a saúde, o Reino dos Céus na Terra transitória.
Essa salutar identificação dos valores do Self, a perfeita integração nele, constituem uma das bem-aventuranças, aquela que faculta ao homem a felicidade terrena, prelúdio da vida espiritual futura a que está destinado.
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10 - Reintegração Na Religiosidade
Necessidade Da Fé Religiosa • Apoio Terapêutico Pela Religiosidade • Religião E Saúde

O ser humano é um animal essencialmente religioso em razão da sua procedência. Mesmo nos hábitos mais modestos, assim como nos convencionais, encontram-se os atavismos da religiosidade que lhe é inata.
Quando alguém diz: bom dia!, ou durma bem! Ou seja, feliz!
etc., imagens arquetípicas predominantes em a sua natureza interna exteriorizam a sua procedência espiritual, o seu sentido religioso existencial, mediante uma formulação rica de desejos saudáveis.
Igualmente, quando pragueja ou recalcitra, amaldiçoando ou blasfemando, repete imagens do mesmo tipo, no sentido oposto, que se lhe encontram no inconsciente pessoal, remanescentes da vigência religiosa que lhe é ancestral e predominante.
Toda a história cultural do ser humano está fundamentada nos mitos, nas crenças, nas heranças pretéritas do processo evolutivo.
Foram essas conquistas, logradas ao longo dos milénios, que facultaram à Cultura e à Civilização a elaboração de uma segura escala de valores morais e espirituais que contribuem para o equilíbrio do ser através das experiências que lhe são lícitas vivenciar ao longo da existência corporal.
Sem o conhecimento desses valores - liberdade, felicidade, amor ao próximo, respeito, responsabilidade, direito à vida, à educação, ao labor, à recreação, para serem citados apenas alguns - o sentido existencial desapareceria, em face da ausência de motivações para a luta pelo trabalho, do esforço para a preservação da saúde, do empenho para a busca da felicidade, do devotamento pela constituição da família, do grupo social...
Esses valores éticos e espirituais estão presentes em todas as religiões e são fundamentais no pensamento filosófico, sempre responsável pela elaboração de respostas para as enigmáticas interrogações sobre o ser em si mesmo, a vida, a morte, a realidade, o destino, as ocorrências felizes e desditosas...
Remontando-se aos recuados períodos do desenvolvimento antropológico, por exemplo, o Paleolítico, pode-se encontrar o homem primitivo de então, tentando expressar o seu medo ou respeito, para ele inexplicáveis forças que se lhe sobrepunham, utilizando-se de cultos bizarros, expressos em gravetos e pedras sinalizados, que eram colocados junto às fogueiras, numa forma muito primária de culto religioso. O arquétipo da fé religiosa já se lhe apresentava como necessidade de sufragar algo que supunha sobrevivente à morte no clã ou fora dele...
Na visão junguiana se afirma que a personalidade humana é constituída pela consciência e tudo quanto ela pode abranger, e pelo interior de amplidão indeterminada, ilimitada da psique inconsciente. Nessa personalidade muito complexa haveria algo de indelineável e indefinível, tendo-se em vista que uma grande parte, a que se expressa externamente, possui consciência, podendo ser observada, enquanto que inúmeras ocorrências permanecem informes, inexplicáveis.
Assim raciocinando, pensa-se que há uma fonte geradora desses factores desconhecidos que provêm de uma consciência mais ampla, de uma psique mais bem-elaborada e que se poderia denominar como intuição. A palavra pretende significar que o acontecimento não foi previsto, aparecendo inesperadamente, sem uma procedência determinada, como se ele próprio se produzisse.
Essa intuição, numa análise religiosa, procederia da Divindade que administra tudo quanto haja criado.
Através dessa reflexão, acreditava Jung no valor de qualquer confissão religiosa, especialmente a Religião Católica, pela autoridade exercida sobre as criaturas, atendendo--as nos seus momentos graves e de conflitos, mediante a absolvição do pecado ou a sua condenação pelo permanecimento nele. De alguma forma, no passado, esse mito constituía uma protecção para todos aqueles que se sentiam fragilizados e necessitavam do apoio de algo forte e dominante.
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