LUZ ESPÍRITA
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VISÃO ESPÍRITA DA BÍBLIA

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 16, 2012 9:06 pm

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27 - DILÚVIO: CATÁSTROFE PARCIAL ADAPTADA A UMA ANTIGA LENDA

A lenda do dilúvio, que encontramos em Génesis:
VII e VIII, é uma dessas passagens bíblicas que só podem ser tomadas ao pé da letra pelo fanatismo e a ignorância.

Pouco importa que durante séculos as religiões cristãs, com seus doutores e sacerdotes, tenham sustentado a realidade literal dessa lenda.

A verdade histórica é apenas esta:
a lenda do dilúvio corresponde a um dos arquétipos mentais actualmente estudados pela psicologia profunda.

Os estudos de Karl Jung a respeito são bastante esclarecedores.
Mas o arquétipo colectivo, que corresponde no plano social aos complexos psicanalíticos do plano individual, não é uma abstracção.

Pelo contrário, é uma realidade psíquica enraizada nos factos concretos.

O dilúvio bíblico, por isso mesmo, tem duas faces:
uma é a realidade histórica, a ocorrência real da catástrofe;
outra é a interpretação alegórica, enraizada no arquétipo colectivo e que o texto sagrado nos oferece.


O Livro dos Espíritos explica o problema do dilúvio através dessas duas faces, a real e a lendária.

É o que vemos nos seu item 59, nas "Considerações e Concordâncias Bíblicas referentes à Criação", que se podem resumir nestas palavras:
"O dilúvio de Noé foi uma catástrofe parcial, que se tomou pelo cataclismo geológico".

Aliás, essa afirmação de Kardec foi posteriormente confirmada pelas investigações científicas.

O arqueólogo inglês sir Charles Leonardo Woolley descobriu ao norte de Basora, próximo ao Golfo Pérsico, ao dirigir escavações para a descoberta dos restos da cidade de Ur, as camadas de lama do dilúvio mencionado na Bíblia.

Pesquisas posteriores completaram a descoberta.
O dilúvio parcial do delta dos rios Tigre e Eufrates é hoje uma realidade atestada pela Ciência.

Foi esse dilúvio, ou seja, essa inundação parcial, que serviu de motivo histórico para a lenda bíblica.
Como acentua Kardec, nada perdeu com isso a Bíblia, nem a Religião.

Mas ambas são diminuídas quando o fanatismo insiste em defender um absurdo, quando teima em dizer que Deus afogou o mundo nas águas de uma chuva de quarenta dias e fez Noé salvar-se, com a própria família e as privilegiadas famílias dos animais de cada espécie existente, para que a vida pudesse continuar na Terra.

Sustentar como realidade histórica a figuração ingénua de uma lenda, conferindo-lhe ainda autoridade divina, é ridicularizar o sentimento religioso e minar as bases da concepção espiritual do mundo.

Foi esse processo infeliz de ridicularização que levou o nosso tempo ao materialismo e à descrença que hoje o dominam.

Que diriam os fanáticos da "palavra de Deus" ao saberem que o dilúvio bíblico tem por antecessores o dilúvio babilónico de Gilgamesch, historicamente chamado de "o Noé babilónico", e o dilúvio grego de Deucalião?

O Espiritismo esclarece esse problema, mostrando que o "arquétipo colectivo" de dilúvio é responsável pelo seu aparecimento em diversos capítulos da História das Religiões, e até mesmo na pré-história, entre os povos selvagens.

É esse um dos pontos mais curiosos da psicologia das Religiões.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 16, 2012 9:06 pm

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28 - ADÃO NÃO FOI O PRIMEIRO HOMEM, MAS APENAS O PRIMEIRO HEBREU

O versículo quarto do capítulo sexto do Génesis informa:
"Ora, naquele tempo havia gigantes na Terra".

O tempo referido é o da criação do homem.

Se havia gigantes, Adão não era o primeiro homem, tanto mais que a própria Bíblia nos diz que os "filhos de Deus", que eram Adão e sua descendência, casavam-se com as "filhas dos homens".

É o que vemos no versículo dois do Cap. VI:
"Vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para si mulheres", e ainda no versículo quarto, já acima citado:
"e também depois, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos".

Verifica-se no texto uma dubiedade, parecendo haver uma diferença entre os gigantes e os homens, mas não se poderia explicar as "filhas dos homens", se não fossem filhas dos gigantes.

Essa dubiedade se explica pela Mitologia.

Os gigantes, na verdade, são figuras mitológicas que aparecem no texto bíblico, da mesma maneira que nos textos hindus, egípcios e na "Gigantemaquia", poema que se considera como fragmento extraviado da "Teogonia" de Hesiodo.

A Bíblia herdou dos antigos livros mesopotâmicos a lenda mitológica dos gigantes.
Esse facto comprova a tese espírita da raça adâmica, que na verdade nada mais é do que o povo hebreu.

O exame do texto bíblico, à luz da Antropologia Cultural e da Mitologia, prova que Adão é apenas o primeiro hebreu e não o primeiro homem.

A lenda de Adão e Eva é o capítulo mitológico da História dos Judeus, como a lenda grega de Deucalião e Pirra é o da História dos Hebreus.

As duas histórias se confundem, de tão semelhantes, no caso do dilúvio.
Assim como Heleno foi o primeiro homem para os gregos, Adão foi o primeiro para os judeus.

A falta de conhecimento histórico e a falsa interpretação teológica da Bíblia transformaram uma antiga lenda mitológica em verdade revelada.

O Espiritismo não endossa esse absurdo.

Curioso notar que Deucalião, o Noé grego, e Pirra, sua mulher, tiveram três filhos, como aconteceu com Adão e Eva e depois com Noé.

Em todas essas coincidências comprova-se a origem mitológica e a presença dos arquétipos colectivos nas passagens supostamente históricas da Bíblia.

Querer sustentar a realidade desses relatos ingénuos e impô-los ao povo como verdade divina é querer confundir religião com superstição.

O Espiritismo prefere esclarecer esses problemas à luz da razão.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 16, 2012 9:06 pm

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29 - O PAPEL DOS PROFETAS NA BÍBLIA E NO CULTO DA IGREJA PRIMITIVA

Esclarecimentos dados pelas epístolas de Paulo - Profetas em Israel e na Igreja Cristã, e sibilas, oráculos e pitonisas, nos meios pagãos - João, o evangelista, e os Espíritos.

Um dos problemas mais discutidos no mundo cristão, desde o aparecimento do Espiritismo, é o profetismo.

O que era o profetismo bíblico, e o que era por sua vez, o profetismo apostólico?

Por que, na Igreja Primitiva, ao lado dos vários responsáveis pelo movimento cristão, havia os profetas?
E o que faziam esses profetas, do que estavam eles incumbidos?[i]

O rev. Robert Hastings Nichols, em suas História da Igreja Cristã, publicada em versão portuguesa pela Casa Editora Presbiteriana, lembra que podemos ter uma ideia das práticas da Igreja Primitiva pelas epístolas de Paulo, [i]"especialmente as enviadas aos Coríntios".


É precisamente o que dizem os estudiosos espíritas do assunto.

No seu livro De cá e de Lá, publicado nesta capital há cerca de quinze anos, pela livraria da União Federativa Espírita Paulista, o prof. Romeu do Amaral Camargo, ex-diácono da l Igreja Presbiteriana da Capital, estuda o problema com base nas epístolas de Paulo, especialmente na 1 Coríntios.

Para o rev. Nichols, havia na Igreja Primitiva, dois tipos de culto, sendo um "o da oração" e outro o da refeição em comum, a chamada "Festa do Amor".

Quanto ao primeiro, diz o rev. Nichols:
"O culto era dirigido conforme o espírito os movia no momento.
Faziam orações, davam testemunho, ministravam certos ensinos, cantavam salmos".


O que seriam esses "certos ensinos", e como seriam ministrados?

Noutro trecho, o rev. Nichols levanta uma pontinha do véu:
"O Novo Testamento fala de oficiais que se ocupavam do ministério da pregação e do ensino.
São conhecidos como apóstolos, profetas e mestres.

O nome de apóstolo não era restrito aos companheiros de Jesus, mas pertencia também a outros pioneiros do Evangelho, que levavam as boas novas aos novos campos.

Os profetas, mestres e doutores, esclareciam o significado dos Evangelhos às igrejas.
Todos esses exerciam seus ofícios, não pela indicação de qualquer autoridade, mas porque revelavam estar habilitados para tais ofícios, pelos dons do Espírito Santo".


Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, estudando a passagem referente à entrevista de Nicodemos com Jesus acentua:
"O texto primitivo diz apenas 'da água e do espírito', enquanto certas traduções substituíram Espírito por Espírito Santo, o que não é a mesma coisa.

Este ponto capital sobressai dos primeiros comentários feitos sobre o Evangelho, o que um dia será analisado sem equívoco possível".


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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 17, 2012 9:16 pm

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Kardec cita ainda a tradução clássica de Osterwald, conforme o texto primitivo que diz: "Quem não renascer da água e do espírito".

A expressão Espírito Santo, que poderia, pois, levar confusões à compreensão do texto, deve ser substituída por Espírito, conforme o original do texto grego primitivo, e tudo se esclarecerá.

Os dons do Espírito, dons que podem ser movidos no profeta por um espírito que seja santo ou não, eram os elementos dominantes da Igreja Primitiva.

E tanto assim, que o apóstolo João, também evangelista, advertiu os crentes, na sua primeira epístola:
"Caríssimos, não acrediteis em todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus".
(Cap. 4, vers. l -3).

Estudando os caps. 12 e 14 da l Epístola aos Coríntios, de Paulo, o prof. Romeu do Amaral Camargo declara:
"Esses dois capítulos encerram matéria de grande importância e real utilidade para os assistentes de uma sessão espírita, e também indicam claramente o procedimento a ser observado pêlos que participam de uma sessão".

E assim é, realmente.
De tal maneira o apóstolo Paulo se refere aos dons mediúnicos dos profetas, que essa epístola se torna uma espécie de orientação para os trabalhos práticos de Espiritismo.

Por ela se vê, com absoluta clareza, que o culto da oração incluía os ensinos proféticos, e que estes nada mais eram do que as manifestações mediúnicas.

O Espiritismo veio esclarecer o papel dos profetas na antiguidade, que era semelhante ao das sibilas e pitonisas.

Espinosa já havia chegado à conclusão, nos seus famosos estudos sobre as Escrituras, que o profetismo não era um privilégio dos judeus, mas uma qualidade do homem, existente em todo o mundo antigo, como em todo o mundo moderno.

Mas aquilo que Espinosa não podia explicar senão como efeito da imaginação, comparando a inspiração dos profetas à dos poetas, o Espiritismo veio explicar mais tarde, no cumprimento das promessas do Consolador, restabelecendo as coisas em seu verdadeiro sentido.

O profetismo bíblico e o apostólico eram simplesmente o uso da mediunidade, como hoje se faz nas sessões espíritas.

E assim como, na antiguidade, havia profetas em Israel e na Igreja Primitiva, enquanto no mundo pagão existiam sibilas, pitonisas e oráculos, assim, no mundo moderno, há médiuns no Espiritismo, e há "cavalos", "tremedores", "possessos" e "convulsionários", em organizações religiosas que não seguem os princípios do Consolador ou Espírito da Verdade.

O velho problema do profetismo está perfeitamente esclarecido, graças aos estudos espíritas.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 17, 2012 9:16 pm

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30 – SENTIDO COSMOSSOCIOLÓGICO DA LENDA BÍBLICA DO DILÚVIO

Já vimos, que o dilúvio bíblico foi apenas uma inundação parcial, no delta dos rios Tigre e Eufrates, o que está comprovado pelas escavações arqueológicas.

Vimos que Adão e Eva são apenas o mito alegórico do aparecimento da raça hebraica, e que Jeová não é o Deus único do Novo Testamento, mas apenas o deus-familiar do clã de Abraão, Isaac e Jacó.

Tudo nos mostra, numa análise cultural da Bíblia, que ela deve ser interpretada na perspectiva das civilizações agrárias, a que realmente pertence.

A lenda do dilúvio, que é também um mito agrário e ocupa todo o espaço dos capítulos 6º 10 do Génesis, confirma plenamente o carácter local e racial do livro que as igrejas cristãs consideram como "palavra de Deus".

As civilizações agrárias, como acentuou Durkheim a respeito das cidades gregas, explicam-se pela Cosmossociologia.

O cosmos participa das estruturas sociais, pois o homem está ainda profundamente ligado à Natureza, entranhado na Terra.

Por isso vemos, no dilúvio bíblico, Deus falando a Noé, este procurando embarcar todos os seres vivos na arca e servindo-se, depois, do corvo e da pomba para saber se o dilúvio acabara.

Deus, homens e animais convivem e se entendem.
Não existe uma sociedade, mas uma cosmossociedade.


A própria duração do dilúvio (quarenta dias) obedece a ritmos naturais, como o das estações, dos períodos lunares, das enchentes, dos períodos críticos da vida humana ou mesmo da gestação de animais ou do desenvolvimento dos vegetais.

Noé solta um corvo da arca para saber se o dilúvio acabara; a seguir, uma pomba;
sete dias depois
(o número sete é também significativo) solta de novo a pomba e a recolhe de volta com as mãos (símbolo carinhoso da relação homem-animal).

Todos esses pormenores são encontrados nas lendas do dilúvio referentes a vários povos antigos da Ásia, da Europa e da América, entre os quais os índios brasileiros.

Entre os índios do México e da Nova Califórnia, por exemplo, Noé se chama Coxcox e a pomba é substituída pelo colibri.

Todos os Noés, seja o mesopotâmico, o grego, o mexicano, o celta (que se chama Dwyfan e sua mulher Dwyfach), são avisados por Deus (naturalmente o Deus de cada um desses povos) que estava irritado com a corrupção do género humano e manda o seu escolhido construir urna arca.

Só mesmo uma ingenuidade excessiva poderia fazer-nos aceitar o relato bíblico do dilúvio como uma realidade histórica ou divina.

A lenda bíblica do dilúvio corresponde a um mito dessa fase bem conhecida da História dos povos antigos, que é a fase mitológica.

Sua realidade não é histórica nem divina: é simplesmente alegórica.

O dilúvio é uma lenda que corresponde a um passado mitológico, comum a todos os povos.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 17, 2012 9:16 pm

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31 - 0 LIVRO DOS ESPÍRITOS COMO SEQUÊNCIA NATURAL DA BÍBLIA

Este ano assinala o centésimo-décimo aniversário da publicação de O Livro dos Espíritos 1, de Allan Kardec, obra básica do Espiritismo.

Porque foi precisamente a 18 de abril de 1857, portanto há 110 anos exactos, que O Livro dos Espíritos apareceu em Paris, dando início positivo à III Revelação do Cristianismo.

Por mais que os bíblicos literalistas contestem e que as religiões cristãs dogmáticas protestem, há uma verdade que não se pode esconder:
o Livro dos Espíritos é sequência histórica e desenvolvimento natural da Bíblia.

Mesmo alguns espíritas não concordam com isto.

Mas, se atentassem melhor para a sua doutrina e examinassem o assunto à luz das obras básicas da doutrina, compreenderiam a verdade.

Kardec afirmou e demonstrou que o Espiritismo é a continuação do Cristianismo.

Veja-se o que ele escreveu a respeito da introdução e no primeiro capítulo de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Veja-se a sua teoria da Revelação no primeiro capítulo de A Génese.

E consulte-se o livro básico nos pontos referentes ao problema.

A I Revelação do Cristianismo foi feita através de Moisés e dos Profetas e codificada na Bíblia.
Esta codificação anunciava a vinda do Messias e, portanto, outra revelação.

Cumprindo a profecia, a II Revelação veio com o Cristo e foi codificada nos Evangelhos.

Mas esta codificação anunciava outra vinda, a do Espírito da Verdade, que se manifestou a Kardec e deu-lhe os ensinamentos codificados em O Livro dos Espíritos.

Esta codificação é a da III Revelação, que não anuncia mais nenhuma, porque nela a Revelação Cristã se completa, abrindo definitivamente as portas da mediunidade para o dialogo do Visível com o Invisível.

Estando as portas abertas, a Revelação Cristã flui naturalmente daqui para diante, sem necessidade das divisões históricas do início.

Por isso e para isso é que o Espiritismo não se fecha numa estrutura dogmática e eclesiástica.

Kardec afirmou que o Espiritismo é a chave da Bíblia e dos Evangelhos.

Todos os que estudam este problema sem sujeição a dogmatismos e seitas, sabem que não se pode compreender as duas codificações anteriores sem o auxílio da posterior.

Porque a sequência histórica é também uma sequência lógica.

A Bíblia é a premissa maior do Cristianismo;
os Evangelhos são a premissa menor;

O Livro dos Espíritos a conclusão.

Essa a razão porque Jesus prometeu que o Espírito da Verdade viria completar e restabelecer os seus ensinos.

Negar isto é negar o que ele mesmo disse, como vemos no Cap. XIV do Evangelho de Lucas.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 18, 2012 9:13 pm

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32 - O QUE FOI E O QUE É

O Espírito da Verdade esclarece o passado em função do presente, e este em função do futuro - A compreensão espírita em face dos textos antigos e suas dificuldades.

A insistência de alguns confrades no combate ao "biblismo" no meio espírita tem o seu lado louvável.

Também é louvável a insistência dos que combatem o "evangelismo" de tipo protestante, que parece invadir numerosos Centros.

Todo apego aos velhos textos não se justifica, diante dos novos, que nos foram legados por Kardec, sob a orientação do Espírito da Verdade.

O Espiritismo que se enfeita de exageros bíblicos ou evangélicos está nas condições do remendo de pano novo, que se quer aplicar ao pano velho.

Mas isso não quer dizer, evidentemente, que se deva atirar ao lixo o pano velho.
Todo exagero é condenável, por conduzir infalivelmente ao erro.

Consideramos, portanto, errados em sua posição doutrinária, tanto os que condenam a Bíblia como pano velho e imprestável, quanto os que a consideram como "a palavra de Deus".

Kardec é o primeiro a nos dar exemplo da atitude que devemos tomar em face da Bíblia.
Basta-nos a leitura dos seus livros, para compreendermos que ele não ia tanto ao mar, nem tanto à terra.

Nisso, como em tudo, sua atitude era sensata, equilibrada, serena, compreensiva e, sobretudo, natural.

O espírita está de posse de uma doutrina que esclarece todos os problemas humanos, que lança uma luz bastante clara sobre a história, e que exactamente por isso não lhe permite atitudes extremadas.

Ali onde os outros não vêem senão um aspecto, um lado da coisa analisada, o espírita tem obrigação de ver mais, de enxergar mais fundo.

No caso da Bíblia e do Evangelho essa obrigação se torna ainda maior, pois essas duas codificações referentes a duas revelações que antecederam a espírita, representam fases fundamentais da preparação do Espiritismo.

Temos o direito, e até mesmo dever, de analisar os textos antigos.
Mas não temos o direito de procurar destrui-los ou negá-los.


Pedra de Alicerce

Nada mais fácil do que encontrar erros históricos e contradições nos textos antigos.
Muita tinta e muito papel já se gastou com isso, principalmente no caso da Bíblia.

Mas nem a Bíblia, nem outros textos submetidos a esse processo de análise agressiva, tiveram o seu prestígio diminuído, ou sequer arranhado.

A força de livros como a Bíblia não está no seu conteúdo racional, na sua coerência histórica ou na sua coerência moral e religiosa.

Está na tradição e no sopro espiritual que lhes impregnam as páginas.
O leitor da Bíblia repele as análises modernas como heréticas, e mais fundamente se apega ao seu livro.

O mesmo se dá com os textos evangélicos: quanto mais combatidos, mais se impuseram no mundo.

Porque todos esses textos foram feitos para falar mais ao coração do que à razão, para despertar antes a alma do que a mente.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 18, 2012 9:13 pm

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E cumpriram e cumprem a sua missão na terra, apesar de toda a incompreensão dos que os combatem.

Alguns intelectuais espíritas, e entre eles os meus prezados amigos Carlos Imbassahy e Mário Cavalcanti de Melo 1, representantes da "Escola de Niterói", que é uma escola voltaireana de Espiritismo, entendem que precisamos acabar com o "biblismo" e o "evangelismo" no meio espírita.

Outros entendem, por outro lado que precisamos de mais Bíblia e mais Evangelho.
Parece-me que são duas posições extremas, e por isso mesmo contrárias ao espírito de compreensão da doutrina.

O Espiritismo nasceu cristão, fundamentado nos Evangelhos, como vemos desde O Livro dos Espíritos, e tendo a Bíblia como o seu mais profundo fundamento, como a pedra mais funda do seu alicerce.

Está claro que a pedra do alicerce deve ficar ali, como base.

Mas, que podemos esperar, se começarmos a cavar a terra e ferir a pedra, com a intenção de destruí-la?

Violência Anti-Bíblica

Diz o confrade Cavalcanti de Mello, em seu livro Da Bíblia aos nossos dias, página 311:
"Pode ser que este livro, a Bíblia, servisse a um povo ignorante e inculto;
mas, para nós, em pleno século XX, está enquadrado entre os muitos contos infantis, como a história da Carochinha.

E aqui ficamos, leitores, não querendo tocar mais nas imoralidades consignadas no Velho Testamento e tão injustamente atribuídas a Jeová e a Moisés, numa infâmia multimilenar, mantida pêlos ignorantes".


Já se viu maior violência?
A Bíblia é considerada como uma [i]"infâmia multimilenar"
, e o que é pior, "mantida pelos ignorantes".

Todo leitor da Bíblia, portanto, é ignorante, a menos que a leia para combater e negar.
E todos os que contribuíram para que se realizasse, há milénios, a codificação bíblica, nada mais foram do que infames e infamantes.

A aceitarmos isso, teríamos de considerar ignorante o próprio Kardec, que se deu ao trabalho de citar a Bíblia como a l Revelação.

Além do mais, estaríamos negando o poder de esclarecimento da doutrina espírita, cuja função não é somente aclarar o futuro, mas também o passado e o presente.

No capítulo VIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, "Instruções dos Espíritos", item 18, diz o espírito de João Evangelista:
"Meus bem-amados, já estamos naqueles tempos em que os erros explicados se transformam em verdade.
Nós mostraremos a correlação poderosa que une o que foi e o que é.


Em verdade vos digo: a manifestação espírita alarga os horizontes, e aqui está o seu enviado, que vai resplandecer como um sol por cima dos montes".

A correlação poderosa

Essa é a atitude espírita em face dos textos antigos, especialmente da Bíblia e dos evangelhos.

Sabemos que são textos de um passado longínquo, e não podemos sensatamente interpretá-los ou criticá-los como se tivessem sido escritos em nossos dias.

A manifestação espírita alarga os horizontes e nos faz enxergar além dos limites estreitos do presente.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 18, 2012 9:14 pm

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Os Espíritos do Senhor se manifestaram e se manifestam para nos ajudarem a transformar os erros em verdades, estabelecendo a correlação poderosa entre o que foi e o que é.

Querer negar o que foi, sustentar apenas o que é, parece-nos absurdo.
É como querer cortar uma árvore pelas raízes e esperar que ela continue a nos alimentar com seus frutos.

A Bíblia, como os Evangelhos e como outros textos religiosos da antiguidade, são os marcos da evolução espiritual da Terra.

É claro que não podemos encontrar num marco praticamente inicial, como a Bíblia, a mesma pureza que vamos encontrar nos Evangelhos ou na codificação espírita.

Mas não é justo que condenemos aquilo que não compreendemos hoje, e que representou um impulso e um valor no seu tempo, muito distante de nós.
Todos os espíritas conhecem a lei de evolução.

Como, então, não colocarmos a Bíblia em seu exacto lugar, na evolução espiritual da Terra, e preferirmos acusá-la de infâmias e imoralidades que só existem aos nossos olhos?

Procuremos, antes, como o fazia Kardec, estabelecer a "correlação poderosa" a que aludiu o espírito de João Evangelista.

33 – A BÍBLIA E O ESPIRITISMO

Há tempos, apareceu em São Paulo um livro intitulado Contradições Bíblicas, que provocou certos rebuliços nos meios espíritas.

Houve mesmo quem temesse pelos efeitos deletérios da obra.

Fui dos que não lhe atribuíram nenhum valor, entendendo que nada se podia temer de um ataque a esse livro que representa um monumento milenar da história humana e um marco indelével na evolução espiritual da terra: a Bíblia.

O tempo se incumbiu, logo mais, de provar que eu estava com a razão.
O livrinho acusatório passou rapidamente ao esquecimento, e a Bíblia continuou a ser o que sempre foi.

Agora, aparece um livro melhor, escrito com mais cuidado, em bom português, analisando o problema bíblico com um pouco mais de atenção.

Mas a sua posição é a mesma do anterior, sua finalidade é ainda apontar contradições no velho texto.

Da Bíblia aos nossos dias, do confrade Mário Cavalcanti de Mello, está provocando, também, agitações no meio espírita.

E não faltam os que lhe batam palmas, certos de que o livro demolidor tem uma grande missão a cumprir.

Não obstante, aparecem os que se opõem a essa atitude antibíblica do confrade Cavalcanti de Mello, impedindo que a crítica ao livro se generalize entre os nossos confrades pouco informados do assunto.

Sinto-me feliz de ter sido um dos primeiros a levantar a pena contra o livro do confrade Cavalcanti de Mello, e de vir mantendo com ele uma polémica serena e fraterna em torno do problema, no jornal "Mundo Espírita".

Penso que me cabe o dever de dar alguma contribuição para o esclarecimento de um assunto de tamanha importância doutrinária.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 19, 2012 9:26 pm

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E mais feliz ainda me senti, quando, ao abrir o último número da "Revista Internacional de Espiritismo", encontrei o artigo do confrade Arnaldo S. Thiago, quem não conheço pessoalmente, mas cujos trabalhos admiro há tempos, refutando as asserções um tanto quentes do confrade Victor Magaldi, que em artigo anterior elogiara a obra.

Penso que nós, espíritas, temos o dever de analisar as coisas de maneira serena e compreensiva, pois foi a lição de Kardec e esse é o espírito da nossa doutrina.

Sim, porque o Espiritismo não é uma doutrina dogmática, de postulados rígidos, mas uma doutrina evolutiva e amplamente compreensiva, que procura entender a vida em todas as suas manifestações, entendendo, portanto, o processo geral da evolução humana.

Há espíritas que condenam a Psicanálise, o Darwinismo, o Existencialismo, e outras doutrinas científicas e filosóficas, numa atitude fechada de fanáticos religiosos, sem procurarem compreender a razão de ser dessas doutrinas e o que elas representam no imenso esforço do homem para interpretar o mundo e a vida.

Há outros que condenam a Bíblia, como há os que condenam os próprios Evangelhos, e ainda os que condenam o Cristianismo, afirmando que o Espiritismo nada tem a ver com ele.

Todas essas atitudes dogmáticas discordam daquilo que chamamos o espírito da doutrina.

O Espiritismo não condena: explica.
E, explicando, justifica os erros humanos, procurando corrigi-los pela compreensão e não pela coação.

No tocante à Bíblia, é o que podemos ver em Kardec.
A Bíblia é para ele um livro de grande importância histórica, pois representa a codificação da I Revelação.

A seguir, vêm os Evangelhos, que são a codificação da II Revelação.
E depois, como sabemos, O Livro dos Espíritos e as obras que o completam, formando a codificação do Espiritismo.

Todo um processo histórico está representado nessa trilogia.

Se o confrade Mário Cavalcanti de Mello tivesse compreendido isso, em vez de escrever um livro demolidor, aproveitaria o sugestivo título que usou, Da Bíblia aos nossos dias, para mostrar a beleza, a harmonia e a grandeza dessa extraordinária sequência das fases evolutivas da humanidade terrena.

Citemos um trecho esclarecedor de Kardec em A Génese.

Trata-se do número 6 do capítulo quatro:
"A Bíblia, evidentemente, encerra factos que a razão, desenvolvida pela ciência, não poderia hoje aceitar, e outros que parecem estranhos e derivam de costumes que já não são os nossos.

Mas, a par disso, haveria parcialidade em se não reconhecer que ela encerra grandes e belas coisas.

A alegoria ocupa, ali, considerável espaço, ocultando sob o seu véu sublimes verdades, que se patenteiam, desde que se desça ao âmago do pensamento, pois logo desaparece o absurdo".


Nada se pode querer de mais claro, mais preciso e mais belo.
Kardec revela a mais serena e elevada compreensão da Bíblia, e essa deve ser a nossa compreensão de espíritas em face do grande livro.

O confrade Cavalcanti de Mello, que conheço e admiro, partiu de uma premissa falsa, ao escrever a sua obra de crítica bíblica.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 19, 2012 9:26 pm

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Sua intenção, cuja pureza reconheço e louvo, foi a de defender o Espiritismo contra o fanatismo bíblico.

Mas mesmo nesse terreno a posição de ataque não pode surtir efeito, pois os que se apegam à Bíblia só poderão revoltar-se com a crítica ferina e impiedosa do grande livro.

Partisse da ideia de que a Bíblia é a codificação da 1ª Revelação, o livro que encerra, na sua linguagem dramática e alegórica, milenares experiências do homem na procura da Verdade e do Bem, e chegaria facilmente à conclusão de que é um livro do passado, que os Evangelhos e o Espiritismo superaram.

Não se entenda, porém, que falando de superação, - do ponto de vista histórico, - esteja eu endossando a afirmação de que a Bíblia é objecto de museu.
Não. A Bíblia, como todos os grandes textos que encerram verdades reveladas, é um monumento imperecível.

Como bem disse Kardec, os que souberem levantar os véus da alegoria encontrarão na Bíblia os mesmos e eternos princípios esclarecidos mais tarde por Jesus e pelo Espírito da Verdade.

As matanças, os horrores, as imoralidades que o confrade Cavalcanti de Mello aponta na Bíblia, não são mais do que decorrências lógicas e naturais da época a que o livro se refere.

É um pouco de exagero, querermos condenar hoje os costumes de tempos tão distantes.

Tenho dito e repetido, em meus artigos de polémica doutrinária com os confrades da Escola de Niterói, - Imbassahy e Cavalcanti de Mello -, que lhes falta perspectiva histórica no exame dos problemas religiosos do Espiritismo.

E a prova disso está aí, bem clara, no livro Da Bíblia aos nossos dias.

Um pouco de perspectiva histórica teria modificado radicalmente a posição do confrade Mário Cavalcanti de Mello em face da Bíblia.

Queira Deus que, no meio espírita, já tão cheio de incompreensões e confusões, este livro, fundamentalmente errado, não venha criar uma nova escola, absolutamente contrária ao espírito da nossa doutrina.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 19, 2012 9:27 pm

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34 - ARGUMENTOS VERSUS CITAÇÕES

Duas posições numa polémica sobre a Bíblia
- Das "palavras vazias" à avalancha de versículos

- A posição de Kardec: a Bíblia não é um erro, os homens é que se equivocam ao interpretá-la

- Do pingue-pongue das citações ao esclarecimento do problema.

Quem leu o artigo do prezado confrade Mário Cavalcanti de Mello, "Esclarecimentos Necessários", publicado na última edição de "Mundo Espírita", sem ter lido os meus artigos anteriores, a que aquele se refere, há de ter pensado que andei fazendo demonstrações retóricas neste jornal, ao tratar do problema bíblico em face do Espiritismo.

O meu caro antagonista chegou a declarar, com todas as letras, que eu somente escrevi: "até hoje, coisas vazias e sem consistência".

Louva-se o confrade Cavalcanti no seu sistema de citações do texto bíblico, e entendo que o meu dever é refutá-lo "com a Bíblia na mão".

Desde o meu primeiro artigo, entretanto, deixei claro que não me interessava, como não pode interessar-me, um simples bate-boca no estilo de "a Bíblia disse" e "a Bíblia não disse".

Por que isto seria a coisa mais estéril do mundo.
Afinal de contas, nem eu, nem o meu caro confrade, somos teólogos ou discutidores de sacristia.

O que me interessa, e o que penso que deve interessar aos confrades que se derem ao trabalho de acompanhar esta polémica, é apenas saber se a Bíblia é um livro falso e sem sentido, ou se realmente é, como Kardec no-la apresentou, o monumento imperecível da I Revelação.

É claro que não custa ao confrade Cavalcanti, como não custaria a mim ou qualquer outro, tomar um volume da Bíblia, folheá-lo numa hora de calma e copiar de suas páginas os trechos que mais interessassem aos nossos pontos de vista, para com eles bombardearmos a boa fé dos leitores.

A Bíblia está aí, por toda parte, ao alcance de todos.
Quando o confrade Cavalcanti diz que em tal passagem bíblica existe tal coisa, me parece que ninguém porá em dúvida a sua afirmação.

Nem eu pretendi, a qualquer momento, negar os morticínios de que a Bíblia está cheia.
Bem vazio seria, ou bem louco, se o pretendesse, pois qualquer cidadão poderia pegar na estante o seu volume da Bíblia e ver com os próprios olhos que eu estava fraudando ou desconhecendo por completo o assunto em causa.

Não se trata, pois, de alinhavar textos.
Esse alinhavo o confrade já fez, até em excesso, no seu livro Da Bíblia aos nossos dias e nos artigos publicados neste jornal.

Quando dei a minha primeira opinião sobre o livro do confrade, - uma simples e pequenina resposta a um leitor, na minha secção do "Diário de S. Paulo", - não tive a intenção de fazer polémica.

Fui breve e incisivo.
Disse o que pensava do livro, cumprindo um dever a que não podia fugir: o de responder ao leitor.

O confrade Cavalcanti aborreceu-se com a minha franqueza e despejou sobre a minha cabeça atónita uma avalancha de citações bíblicas e de opiniões eruditas sobre a Bíblia.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 20, 2012 9:16 pm

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Respondi, tentando colocar as coisas nos seus devidos lugares.
E depois, quando nos encontramos em Niterói, pessoalmente procurei, de novo, colocar o problema.

Foi então que o confrade me fez aquela promessa que eu cobrei num dos meus últimos artigos: o de não fugir da arena.

Mas como, logo em seguida, voltou a se embarafustar pelo labirinto das citações bíblicas, senti-me no direito de lhe pedir que não saísse do terreno escolhido.

Vejo, agora, que havia um equívoco em tudo isso.

Enquanto eu pensava que o confrade queria discutir o problema bíblico em seu aspecto global e doutrinário, o confrade pensava que eu o desafiava para um pingue-pongue de citações bíblicas.

Esclarecendo o equívoco, só tenho a declarar que para isso não me presto.
Nunca fui bom nessas competições.

Não conheço os golpes e contragolpes que dão a palma da vitória aos jogadores inveterados de bolinhas e raquetes.
Mas, se o confrade quiser continuar discutindo o assunto em seus aspectos essenciais, então estarei às suas ordens.

Vamos, entretanto, para que as coisas fiquem suficientemente claras, procurar situar o problema.

Significação e importância da Bíblia

O que refuto, no livro do confrade Cavalcanti de Mello, não são as citações bíblicas, mas a sua concepção da Bíblia.

Como se pode ver até mesmo pelo seu último artigo, o confrade quer provar que a Bíblia é um livro falso, forjado por espertalhões.

Essa concepção é antiespírita, como já o demonstrei, em meus artigos anteriores, com citações textuais de Kardec.

O codificador jamais pensou semelhante coisa da Bíblia.
Desde O Livro dos Espíritos, o codificador sustentou a necessidade de uma interpretação compreensiva da Bíblia.

Lá encontramos, por exemplo, no capítulo terceiro da I Parte, número 59, em "Considerações e concordâncias bíblicas relativas à criação", uma excelente lição de interpretação bíblica, e esta advertência sempre oportuna:
"Deve-se concluir que a Bíblia é um erro?
Não; mas que os homens se equivocaram ao interpretá-la".


Para que não haja dúvidas a respeito, verifiquemos o texto original, na edição francesa do "Griffon D'Or", de 1947, à página 88: "Faut-il en conclure que la Bible est une erreur?
Nun; mais que lês hommes se sent trompés em 1'interprétant".


Esta foi sempre a posição de Kardec.
Sabemos todos que o codificador não gostava de se contradizer, nem de fazer afirmativas levianas.

O confrade Cavalcanti de Mello respondeu-me que Kardec havia usado de diplomacia, ao que lhe retruquei, lembrando a seriedade do codificador, que nunca usou de artimanhas, diplomáticas ou não, em assuntos de tão grande importância.

Nos livros subsequentes da codificação, essa posição de Kardec não somente se reafirma, como se esclarece.

Foi o que demonstrei, por exemplo, citando o trecho de A Génese em que Kardec fala da necessidade de descermos "ao âmago do pensamento", para compreendermos os absurdos aparentes do texto bíblico.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 20, 2012 9:16 pm

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Mas o confrade Cavalcanti de Mello não pensa assim.
E apanha frases de Kardec, que lhe parecem contradizer aquela sensata e firme do codificador, para querer convencer-nos de que a razão está do seu lado.

Não digo aqui, nem o disse jamais, que o confrade Cavalcanti tivesse feito tal coisa de má fé.
Longe de mim semelhante propósito.

Acho apenas que o confrade está demasiadamente empolgado pelas ideias que esposou, a ponto de não ver o conjunto da opinião de Kardec, vendo apenas as partes da mesma que lhe interessam.

E disso dei um exemplo, quando mostrei que o confrade, à página 31 do seu livro, transcreveu todo um trecho do A Génese e o interpretou a seu modo, sem ver uma pequena ressalva feita no meio da frase pelo codificador.

Kardec diz ali que a ciência demonstrou "inquestionavelmente os erros da génese mosaica", o que agradou muito ao confrade.

Mas Kardec acrescenta: "tomada ao pé da letra", e o confrade não viu nem ouviu isso.
Contentou-se tanto com a primeira parte, que nem sequer ligou à segunda, de fundamental importância.

Além disso, como todos sabem, Kardec apresenta o Espiritismo como o Consolador prometido por Jesus, dando-lhe a expressiva e justa designação de Terceira Revelação.

Terceira porquê?
Porque houve uma Primeira Revelação, feita a Moisés, e representada pela Bíblia, e uma Segunda Revelação, feita por Jesus e representada pêlos Evangelhos e a do Espiritismo.

Como admitir-se que Kardec pusesse uma pedra falsa como fundamento do edifício das Três Revelações?
Como admitir que ele pudesse usar de "diplomacia", ou seja, de artimanhas diplomáticas, para impingir ao mundo o Espiritismo?


Que nos perdoe o confrade Cavalcanti de Mello, mas a sua posição, nesse problema, é simplesmente insustentável.

Por mais citações bíblicas que o confrade pretenda fazer, jamais conseguirá provar, aos estudiosos desapaixonados, que Kardec pensava da Bíblia o que está escrito no seu livro por nós contestado.

A Bíblia significa, para o Espiritismo, segundo a opinião de Kardec, de Léon Denis, e de tantos outros espíritas do Brasil e do mundo, um livro básico, cheio de verdades sublimes, de que até mesmo Jesus se serviu para a sua pregação do Reino.

Verdadeiro monumento literário de um passado longínquo, representa um marco indelével da evolução espiritual do homem.

Pouco nos importa que o Pentateuco tenha sido escrito por Moisés ou Hilquias, ou que os vários livros da Bíblia estejam repletos de episódios sangrentos e mesmo de relatos de coisas imorais.

Esses episódios e esses relatos se referem a um passado de milhares de anos, e são, por si mesmos, testemunhos escritos da evolução humana.

Muitos deles são alegóricos, como advertiu Kardec, e se hoje nos causam espanto, ontem serviam para despertar consciências.

O confrade Cavalcanti de Mello analisa a Bíblia como se analisasse um livro dos nossos dias, esquecido, como já afirmei numerosas vezes aqui, de que se trata de um velho monumento, de um marco representativo de outras eras e de outra maneira de ver, de pensar e de dizer as coisas.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 20, 2012 9:16 pm

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Kardec chama a atenção dos ledores da Bíblia para a necessidade de se ter em conta "a forma alegórica peculiar ao estilo oriental".

Entretanto, vem o confrade Cavalcanti e me diz que posso "resolver as tradições obscuras de todos os povos", que não encontrarei "coisas tão tristes, tão degradantes e tão profundamente desmoralizantes", como as que se encontram na Bíblia.

Ora, parece-nos que, nesse caso, quem está sendo desmentido não sou eu, mas Kardec.
E não somente ele, mas todos os orientalistas.

Porque coisas tristes, degradantes e desmoralizadoras, segundo o nosso conceito, encontram-se também nos livros bramânicos, nos textos persas, nos islâmicos e outros.

Mas o que importa, como acentua Kardec, é "descer ao âmago do pensamento", é não nos deixarmos prender pelas aparências.

Que diria o confrade, se soubesse, por exemplo, que os famosos "Rubaiyat", de Ornar Khayyam, geralmente interpretados entre nós como cépticos e libertinos, são considerados no Oriente, segundo o testemunho de B. Nicolas, que viveu muitos anos na Pérsia, como versos místicos-alegóricos?

Khayyam, que nunca fora, aliás, um libertino, mas um homem de pensamento, um astrónomo e um místico, aparece ali como uma espécie de profeta, ensinando a mais alta moral.

Almansur Haddad afirma, ainda agora, em recenteedição dos Rubaiyat, que:
"A significação ascéptico-mística da poesia de Ornar Khayyam é habitualmente aceite na Pérsia".

E essa edição, da Bolsa do Livro, de São Paulo, traz um prefácio do sr. Hulhas Azodi, ministro do Ira no Brasil, que declara o seguinte:
"Temos nos "Rubaiyat" um livro de profecias, um catecismo filosófico, um invólucro de sabedoria".

Veja o confrade Cavalcanti de Mello como Kardec tinha razão, ao advertir que precisamos ler a Bíblia com "olhos de ver".

Os cânticos de Salomão, como as matanças e as imoralidades que o confrade não se cansa de ver e citar, no texto bíblico, não têm sentido absurdo que a nossa malícia lhes atribui.

Os tempos são outros. Os costumes mudaram.
A maneira de ver e de exprimir as coisas transformou-se profundamente.

Não podemos acusar de embusteiros, e espertalhões, e malandros, os homens que, inspirados pêlos melhores propósitos, realizaram, há milhares de anos, a codificação bíblica.

Devemos um pouco mais de respeito a essa gente e às suas intenções.

E nós, espíritas, mais do que quaisquer outros, estamos no dever de compreender essas coisas, porque conhecemos o processo complexo da evolução humana, em todos os seus aspectos.

O erro dos homens

A diferença fundamental entre a posição do confrade Cavalcanti e a posição de Kardec é a seguinte: este condena o erro da interpretação da Bíblia pelos homens, enquanto aquele condena a própria Bíblia como um erro.

É isso o que eu discordo no livro do confrade Cavalcanti.
A frase de Kardec, no Livro dos Espíritos, que acima transcrevemos, é suficiente para mostrar o que dissemos.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 21, 2012 9:54 pm

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Kardec afirma, de maneira incisiva, que a Bíblia não é um erro, mas que o erro está na interpretação da Bíblia pelos homens.

O confrade Cavalcanti, pelo contrário, quer provar que a Bíblia é um livro falso, escrito por farsantes.
E pensa, mesmo, que já o provou!

Curioso verificar-se como o confrade repisa textos de Kardec sem os compreender, tirando do mesmo apenas o que convém à sua tese.

Ainda neste último artigo vem a reprodução textual daquele belo trecho de A Génese, em que Kardec aconselhou:
"Não rejeitemos, pois, a génese bíblica; pelo contrário, estudemo-la, como se estuda a história da infância dos povos.

É ela uma espécie rica de alegorias, cujo sentido oculto é preciso procurar, comentar e explicar, por meio das luzes da razão e da ciência".


A transcrição prossegue, para depois o confrade afirmar que está de acordo com ela ao combater "os erros da génese bíblica".

Faltou, ainda uma vez, a ressalva de Kardec: "interpretado ao pé da letra".
Porque o confrade só está de acordo com Kardec, nesse terreno, quando põe de lado essa ressalva.

E no entanto, sou eu o acusado de malabarismo intelectual!
Mas não se pense que desejo devolver a acusação. Pelo contrário.
Não ponho em dúvida a sinceridade do confrade.

O que penso é que ele se encontra demasiado empolgado pelas suas ideias, a ponto de não enxergar em Kardec tudo quanto as contradiz.

Compreendo que o confrade queira combater o apego de certas religiões ao texto bíblico, à letra que mata.

Mas não compreendo como, para fazer isso, ache necessário colocar o Espiritismo numa posição tão incómoda diante da Bíblia.

Todo espírita suficientemente conhecedor da sua doutrina sabe que não deve emaranhar-se nos velhos textos.

Mas sabe, também, que não pode aceitar as tentativas materialistas desses textos, em que tanto se apoia o confrade Cavalcanti de Mello.

Há um abismo entre a aceitação dogmática da Bíblia e a sua rejeição erudita, baseada em pesquisas e interpretações formais do texto, realizadas por homens sem a devida formação espiritual.

Mas no meio desse abismo existe um caminho seguro, que é o traçado por Kardec:
o caminho da interpretação compreensiva, da interpretação sem apego e sem prevenção.

Esse é o único caminho verdadeiramente espírita, e pesa-me que o confrade Cavalcanti não o tenha trilhado.

Não era minha intenção estender-me tanto no presente artigo.
Mas o confrade me fez tais acusações, que me vi obrigado a repisar alguns assuntos, e a demorar-me demasiado em outros.

Que os leitores de Mundo Espírita me perdoem este excesso.
Às avalanchas de citações bíblicas do meu prezado opositor, vime obrigado a opor uma avalancha de argumentos.

Peço a Deus que o confrade Cavalcanti não considere todos estes argumentos como palavras vazias, pois estou convencido de que eles contêm alguma coisa.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 21, 2012 9:54 pm

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Não contêm, em verdade, desmentidos às citações do confrade, pois jamais pretendi duvidar das mesmas.

Com boa vontade, porém, é possível que o confrade vislumbre, nestas linhas, o desejo de colocar o problema bíblico em termos de compreensão geral, e não de estéril e infindável discussão das misérias do texto.

Emmanuel, nesse belo livro que é O Consolador, reafirma, em poucas linhas, de uma clareza admirável, a posição de Kardec, ou seja, a posição do Espiritismo em face da Bíblia.

É pena que o confrade Cavalcanti não tenha lido as respostas de Emmanuel a respeito do assunto, antes de se abalançar à difícil tarefa de mostrar que os espíritas devem encarar a Bíblia como uma simples manobra de espertalhões judeus.

Por mais teimosos que sejamos, um raio de luz das esferas mais altas sempre nos faz bem.

POSFÁCIO

Você, amigo leitor, acabou de ler uma obra, que sem dúvida, enobrece a Literatura Espírita.

Queremos crer que gostou do que leu e admirou a maneira como o professor J. Herculano Pires conduziu sua argumentação a favor da Bíblia.

Além de tudo, ele deu uma preciosa aula de como se deve fazer uma crítica literária.
Em momento algum foi grosseiro, ou agressivo.

Tratou o opositor com respeito e dignidade, buscando convencê-lo de que os espíritas, se não devem cultuar a Bíblia, também não devem enxovalhá-la como fez o opositor em seu livro Da Bíblia aos nossos Dias, dizendo que a Bíblia é uma farsa.

Ora, como afirma o professor, não foi isso que Kardec nos ensinou.

Kardec vê o assunto por outro prisma e diz que o que está errado é a interpretação que os homens dão a ela e aconselha:
não combatamos a Bíblia, estudemo-la, porque a sua força não está nos detalhes que podem não nos convencer, mas no facto dela ser a primeira Revelação dada a Moisés.

A Segunda Revelação foi trazida por Jesus e é representada pelos Evangelhos.

A Terceira chegou até nós, conforme promessa do próprio Jesus, através do Espírito da Verdade.


Por conseguinte vemos que tudo se encadeia e cada coisa deve ser observada dentro do seu tempo e espaço.

É o caso da Bíblia e de outros escritos da Antiguidade.
São textos históricos, mas não isentos de incongruências aos olhos do homem hoje já burilado pela ciência.

Nós espíritas devemos ficar com Kardec que disse:
"os que souberem levantar o véu da alegoria encontrarão na Bíblia os mesmos e eternos princípios esclarecidos mais tarde por Jesus e pelo Espírito da Verdade.

O professor como sempre o fez, primou pela fidelidade a Allan Kardec.
É por isso que dizem que ele foi o melhor metro que mediu o mestre de Lion.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 21, 2012 9:55 pm

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Que falta faz hoje um líder dessa envergadura.

Que me perdoem os expoentes do movimento espírita, mas não vejo ninguém na actual idade com a vocação kardequiana e a garra do professor Herculano Pires.

E aproveito a ocasião para dizer que a Bibliografia desse autêntico líder é composta de 88 obras.

Entre as quais, Edições Correio Fraterno teve a felicidade de publicar as seguintes:
"O Homem Novo", uma colectânea de crónicas que Herculano Pires publicou, primeiramente, no extinto jornal "Diário de São Paulo", com o pseudónimo de Irmão Saulo.

A tónica dessas crónicas é esclarecer sobre o que é e o que não é correio dentro do movimento espírita preocupação sempre constante nesse autor;
"Infinito e o Finito", em que o filósofo Herculano Pires brinca com as palavras e vai construindo com elas magnas lições como essas:
"Deus é infinito. Nós somos finitos";
"Deus é o Ser dos seres..."

"O homem é o ser entre os seres, pequenina criatura apegada à crosta...";

"O Mistério do Bem e do Mal", 45 crónicas que a pena do professor Herculano Pires vasou com o propósito de esclarecer o seu leitor como é vista essa dicotomia à luz da Doutrina dos Espíritos;

"Educação para a Morte", um verdadeiro manual de vida, pois o professor Herculano pouco fala de morte, pelo contrário, ele nos ensina nesta obra a viver com sabedoria para vencermos a morte e possamos dizer, no futuro, como fez Paulo de Tarso:
"Onde está, ó morte, a tua vitória?
Onde está, ó morte, o teu aguilhão?".


Um marco parisiano.

Nos momentos mais importantes e mais difíceis para o Espiritismo no Brasil, o nobre professor sempre esteve presente.

Foi ele, por exemplo, que sustentou a luta contra a tradução para a língua portuguesa do Evangelho Segundo o Espiritismo, feita por Paulo Alves de Godoy, publicada pela Federação Espírita do Estado de São Paulo, tendo mesmo solicitado o recolhimento da edição em virtude de enxertos indevidos.

A FEESP ouvindo-o, até hoje não publicou a segunda edição. Obrigado professor!

Cirso Santiago

Fonte: http://www.espirito.org.br/portal/download/pdf/visao-espirita-da-biblia.pdf

§.§.§- O-canto-da-ave
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