LUZ ESPÍRITA
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Actuação do Princípio Inteligente não Começa nos Minerais

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 11, 2012 9:31 am

Dr. Ary Lex

Perguntaram-me se a actuação do princípio inteligente começava a partir dos minerais.
Respondi: não.

Aos amigos leitores do JE, ante o debate que se abriu em sua edição de agosto/99, com a mesma pergunta, digo, antes de respondê-la que é mister lembrar as características dos seres vivos.

Já há séculos, distribuíram tudo quanto existe na Terra em três reinos:
mineral, vegetal e animal.

Tentou a vaidade humana criar para o homem um quarto reino - seria o reino hominal, o que não se justifica, pois o homem está enquadrado no reino animal.

SERES BRUTOS E SERES VIVOS
- Os vegetais e os animais, dadas as qualidades que os aproximam, podem ser agrupados com o rótulo de seres organizados.

Para os cientistas, existe uma barreira intransponível entre os seres brutos (inorgânicos) e os seres vivos, pois as propriedades peculiares à vida só se encontram nos animais e vegetais.

Este é um ponto em que o Espiritismo está inteiramente de acordo com as ciências biológicas.

O Espiritismo ensina que a matéria precisa ser impregnada pelo fluido vital para que possa ser utilizada pelo espírito (nos seres inferiores) costuma-se chamar de "princípio espiritual".

Gabriel Delanne, em seu livro A Evolução Anímica, explica a diferenciação entre seres brutos e vivos com uma clareza meridiana.

Mas em que qualidade reside a diferença entre eles?

Podemos responder que não há uma qualidade que, sozinha, permita distinguir os minerais dos seres vivos, mas um conjunto de caracteres o permite:
forma, propriedades físico-químicas, metabolismo, irritabilidade e evolução.

a) FORMA:
- Geralmente os seres brutos não têm forma própria, ao passo que os vivos possuem forma específica.

Por exemplo: quando falamos "areia", não estamos determinando forma alguma, nem quantidade;
quando dizemos "mosca", estamos nos referindo a um ser que tem forma e tamanho certos.


Se a areia tivesse um principio inteligente ou espiritual, ele corresponderia a um grão de areia ou a toda a areia do litoral?

b) PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:
- Os mineirais apresentam composição química simples, sendo as moléculas formadas de poucos átomos, ao passo que a substância viva é complexa.

Suas moléculas possuem milhares de átomos, como o caso da hemoglobina e das proteínas em geral.

A composição dos seres brutos, além de simples, é estável, enquanto que a instabilidade caracteriza os vivos, pois a matéria organizada está em constante renovação.

Mas não é só.
Para haver vida, é preciso haver protoplasma, componente das células, formado principalmente por proteínas.

Na Terra, só pôde surgir a vida no momento em que, na atmosfera, por meio das descargas eléctricas, uniram-se metano, amónia, água e hidrogénio, formando-se os primeiros aminoácidos (Experiências de Urey e Miller).

Estes se combinaram, formando proteínas, as quais se aglomeraram nos coacervados e estes originaram células (Oparim, cientista russo).
Todas as células têm cromossomas e ADN, que não existem nos minerais.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 11, 2012 9:32 am

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c) IRRITABILIDADE:
- Frente aos estímulos do meio exterior, os seres vivos reagem, por meio de movimentos, produção de secreções, reacções agressivas ou tantas outras.

Os minerais não têm irritabilidade:
podemos bater numa pedra, aquecê-la, dar choques eléctricos, que não teremos resposta alguma.

d) METABOLISMO:
- O ser vivo retira do meio ambiente os alimentos de que necessita, incorporando-os ao seu organismo (anabolismo).

No desgaste vital, decompõem-se substâncias do seu corpo, produzindo-se resíduos, que são eliminados
(catabolismo).

A glicose é queimada, produzindo energia, gás carbónico e água.
Os minerais não têm metabolismo.

Uma pedra do pico do Jaraguá, lá está, do mesmo jeito, há muitos milhões de anos.

e) EVOLUÇÃO:
- Todo ser vivo nasce, cresce, vive, reproduz-se e morre.

Os minerais não apresentam esse ciclo vital:
eles não nascem e nem morrem - sua duração é ilimitada.

Imaginemos, por um desvario da imaginação, que um bloco de granito tivesse um princípio espiritual.
Coitado dele - ficaria preso, imutável, sem evoluir, durante muitos milhões de anos.

Imagine mais, se cada átomo ou partícula atómica componente do bloco tivessem também um agente estruturador, como se diz actualmente, a comandar-lhe o equilíbrio intimo - coitado deles.

Uma das leis que o Espiritismo prega é a sublime lei da Evolução:
todos os seres evoluem permanentemente, desde a ameba até o homem;
todos eles, através de múltiplas vivências no mundo físico, estão se aperfeiçoando, estão aprendendo, estão plasmando corpos cada vez mais perfeitos, enquanto o espírito vai progredindo sempre.

A evolução da forma é concomitante com a evolução do espírito.

Delanne, em seu livro A Evolução Anímica, cap. 1, A Vida, diz:
- "Organização e evolução não podem ser compreendidas só pelo jogo das leis físico-químicas.

Os materialistas, com o negarem a existência da alma, privam-se voluntariamente de noções indispensáveis à compreensão dos fenómenos vitais do ser animado;
e os filósofos espiritualistas por sua vez, empregando o senso intimo como instrumento único de investigação, não conheceram a verdadeira natureza da alma;
de sorte que, até agora não lhes foi possível conciliar numa explicação comum, os fenómenos físicos e os mentais".

Continua Delanne:
- "No mundo inorgânico, tudo é cego, passivo, fatal;
jamais se verifica progresso;
não há mais que mudanças de estados, que em nada modificam a natureza íntima da substância".


AS FRONTEIRAS DA VIDA
- Embora sejam tão evidentes essas diferenças entre os seres brutos e os seres vivos, podem surgir certas dúvidas.

Quantas vezes já foram a nós trazidas estas objecções:
e os cristais, que têm formas próprias, serão vivos?
E os vírus?

Realmente, os cristais têm formas características:
as suas moléculas se agregam formando cubos, pirâmides de bases hexagonais ou octogonais, e assim por diante.

Porém aqui a única semelhança é a forma, mas esta é consequência apenas de leis físicas de atracção, que levam as moléculas do cristal a se agruparem formando figuras geométricas.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 11, 2012 9:33 am

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Os cristais não têm nenhuma das outras qualidades dos seres vivos:
são formados geralmente de moléculas pequenas;
não nascem, nem crescem, nem morrem, permanecendo indefinidamente, até que um agente externo dissolva as moléculas no líquido que os abriga.

Não reagem aos estímulos externos, não têm metabolismo e não evoluem.

Os fogos de artifício traçam no céu desenhos interessantes, de variadas cores e tamanhos.

Vamos dizer que têm vida porque plasmaram figuras?

Quanto aos vírus, o problema já é mais difícil.

Vejamos um resumo do que nos ensina Luc Montagner, um dos maiores virologistas do mundo, que conseguiu identificar o vírus da AIDS (Vírus e Homens, Luc Montagner.
Tradução de Maria Luiza Borges - Jorge Zahar Editor -1995).

Diz ele:
- "No fim do século XIX, quando a origem bacteriana das doenças infecciosas foi reconhecida, o termo vírus ou vírus filtrantes passou a ser aplicado a agentes transmissíveis, que são invisíveis ao microscópio e passam através dos filtros de porcelana, que retêm as bactérias.

Foi assim que se demonstrou a origem viral de doenças que afectam plantas, como o mosaico do tabaco, e outras responsáveis por doenças animais e humanas, como a gripe, a poliomielite, a varíola etc..

A invenção do microscópio electrónico permitiu observá-los directamente".

Continua Montagner:
- "Os vírus são seres vivos?

Não exactamente, porque só existem no interior das células de que são parasitas.
O programa genético está inscrito na banda magnética formada pelo ARN ou pelo ADN.
Ele é centenas de milhares de vezes mais curto que aquele que contém o programa genético da célula.

Para poder sobreviver no exterior da célula, o vírus está encerrado numa casca de proteínas, a qual por vezes está cercada por um invólucro de lipídios".

Penetrando célula, o vírus começa a se reproduzir, usando o material da própria célula.

Enzimas especificas produzem milhares de cópias do ADN, cujo mecanismo não citaremos, por desnecessário.

Todas elas são mensagens que dirigem a síntese das proteínas virais.
Formam-se nossos vírus, que saem das células, indo infectar outras.

Estudando esses factos, os biologistas e infectologistas ficaram na dúvida se poderiam ou não considerar os vírus como seres vivos.

Primeiro, porque só conseguem viver dentro de células, reproduzindo-se às custas do material destas.
Segundo porque não têm as demais características dos seres vivos.

A CODIFICAÇÃO E OS NEGOCODIFICADORES
- Kardec, em O Livro dos Espíritos, livro I, cap. IV, Principio Vital, comentando a questão 71, explica:
- "Podemos fazer a seguinte distinção:
1º) - os seres inanimados, formados somente de matéria, sem vitalidade, nem inteligência:
são os corpos brutos;

2º) os seres animados não pensantes, formados de matéria e dotados de vitalidade, mas desprovidos de inteligência;

3º) os seres animados pensantes, formados de matéria, dotados de vitalidade e tendo ainda um principio inteligente que lhes dá a faculdade de pensar".

Na resposta à questão 136-a, os Espíritos disseram que [i]"a vida orgânica pode animar um corpo sem alma, mas a alma não pode habitar um corpo sem vida orgânica".


Portanto, o principio espiritual não pode habitar um mineral.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 11, 2012 9:35 am

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Como introdução ao estudo do Princípio Vital, a partir da questão 60, Kardec escreve que "os seres orgânicos são os que trazem em si mesmos uma fonte de actividade intima, que lhes da a vida:
- nascem, crescem, reproduzem-se e morrem.

Compreendem os animais e as plantas.

Os seres inorgânicos são os que não possuem vitalidade nem movimentos próprios, sendo formados apenas pela agregação da matéria:
os minerais, a água, o ar etc..."

Apesar de Kardec e Delanne ensinarem, de maneira tão peremptória, que o principio espiritual não habita o mineral, por este não lhe oferecer as condições de utilização ou de agitabilidade... ideias orientais, infiltradas no movimento espírita, vêm lançando a confusão neste terreno.

Dizem, por exemplo, que tudo no Universo tem vida, desde o átomo até as estrelas;
que em tudo há a manifestação divina, através de um princípio espiritual, que impregna toda a matéria.

Não, não e não.

O átomo, a molécula, os minerais, a água, o ar, estão simplesmente sujeitos à leis físicas, não às leis do Espírito.

Não queiramos ver nas leis de tracção, que regem o Universo do átomo às estrelas, qualquer coisa de espiritual.

Também nas afinidades químicas, como a que faz os átomos de cloro buscarem uma combinação com os de sódio, formando o cloreto de sódio, ou sal de cozinha.

Nessa combinação não há amor ou afinidade psíquica, como dizem os sonhadores, mas simplesmente afinidade química.

Mas não são só os orientais, nas suas meditações nos píncaros do Himalaia, que dizem isto.

Infelizmente, pensadores do mais alto gabarito estão querendo fazer uma simbiose entre ideias desses religiosos místicos em êxtase com a física quântica.

Tais pensadores lembra a actuação de um "agente estruturador externo ao Universo material, para que se forme a mais elementar das subpartículas atómicas", dando origem ao átomo.

Por exemplo, diz Carlos de Brito Imbassahy, em A Bioenergia no Campo do Espírito, item 2.1, que experiências no acelerador do LEP mostravam "que algo comandava as acções dessas partículas, como se tivessem uma alma ou espírito próprio, evidentemente distinto do que se considera alma animal".

Haverá, então, dois dirigentes da estruturação material, um que agiria nos átomos e outro nos seres vivos?

Não, o assunto já é complexo demais;
não vamos complicar mais ainda.

Essas são elucubrações teóricas de mentes cultas e avançadas, mas inteiramente destoantes dos ensinos da Codificação.
Mineral não tem vida, não abriga nenhum princípio espiritual.

A matéria, como ensina Kardec, é apenas substância usada pelos Espíritos para sua trajectória no mundo terreno.
Não evolui, não tem individualidade ou personalidade.
Não queiramos inovar, em terreno tão escorregadio."

JORNAL ESPÍRITA, SETEMBRO DE 1999 - EM DEBATE"

§.§.§- O-canto-da-ave
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Actuação do Princípio Inteligente não Começa nos Minerais Empty A VISÃO ESPÍRITA DOS FACTOS

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 12, 2012 9:01 am

Os precursores do Espiritismo
Celso Martins e Aureliano Alves Netto

"O QUE ERA ANTES UM ATALHO, AGORA É UM CAMINHO REAL" MARCIAL

Vivemos cercados de convenções por todos os lados.
As leis humanas são convenções.
Os preceitos sociais.

A moda, a língua, a moral...
Até mesmo a conceituação de Revelação Divina não pôde fugir ao convencionismo.

No consenso geral, houve duas revelações:
a do Antigo Testamento, personificadas em Moisés, e a do Novo Testamento, personificada em Jesus.

Para os espíritas, há ainda a Terceira Revelação, ditada pelas vozes do Céu, os Espíritos Superiores.

Entendemos, entretanto, que, a rigor só se deveria admitir uma única Revelação, progressiva e indivisível.

Deus nunca deixou de revelar-se aos seus filhos.
Por todos os meios e modos.
No tempo e no espaço.

Directa ou indirectamente.
Através de suas obras e de seus profetas.
A própria criatura é maior revelação do Criador.

Dentro desse carácter de unidade e continuidade da Revelação Divina, o Espiritismo surgiu na época apropriada, não para desabonar os ensinamentos anteriormente revelados, nem insurgir-se contra eles, senão para melhor esclarecê-los e ampliá-los.

O Espiritismo, como corpo de Doutrina, data de fins do século XIX, mas suas origens vêm de eras imemoriais, e seus precursores foram todos aqueles que, no decorrer dos tempos, legaram à humanidade subsídios para a demonstração da verdade.

Procuremos, então, identificá-los.

Já na antiga China teria reinado, por volta do ano 3468 antes de Cristo, o sábio Fo-Hi, que, aliás, dizendo estar simplesmente transmitindo o que aprendera de seu ancestrais, divulgou veladamente conhecimentos de Cosmologia e de Filosofia.
Estudou o Céu e a Terra, a dicotomia espírito - matéria e valeu-se de seu poder para incutir os dons morais entre o seu povo.

A Fo-Hi seguiu-se Lao-Tse (nascido 604 anos A.C.), autor do Tao, ou Livro da Senda, e do Te, ou Livro da Virtude e da Retidão.

Confúcio, que viveu cinco séculos antes da era crist3, estimulou o culto dos antepassados, tradicional no Celeste Império, ensinou que se devemos fazer aos outros o que queremos que nos façam, o mesmo preceito que viria a ser proclamado por Jesus:
"O que quereis que vos façam os homens, fazei-o também a eles", conforme Lucas, 6:31.

No século seguinte, o filósofo Mêncio, ou Meng-Tseu, neto de Confúcio, comentou as diversos livros sagrados da China, escrevendo o Tratado de Moral.

Por outro lado, os Vedas - livros sagrados dos hindus - escritos há mais de 4 mil anos, afirmavam a existência dos Espíritos;
e o que segundo os ensinamentos dos brâmanes, constituía-se o dom dos exorcistas, adivinhos, profetas e evocadores de Espíritos.

O Budismo, exaltando a utilidade do sofrimento e da renúncia, tem por base a Lei do Karma, segundo a finalidade precípua da dor para a expiação das faltas cometidas em existências anteriores.

Buda (desencarnado em 478 ou então em 473 antes da nossa era), condenando o desejo egoístico, aconselhava a seus discípulos:
Sede como o sândalo que perfuma o machado que o corta.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 12, 2012 9:01 am

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O Bhagavad-Gita, episódio da antiga epopéia Mababharata, registra no capitulo il. 13, o ensinamento de Khrishna:
"Assim como a alma, vestindo este corpo material, passa pelos estados de infância, mocidade, virilidade e velhice, assim, no tempo devido, ela passa a um outro corpo, e, outras encarnações, viverá outra vez.

Perfeita concordância com a palavra do Cristo:
"Em verdade, em verdade te digo, não pode ver o reino de Deus aquele que não nascer de novo"
(João, 3:3).

O primeiro culto da Grécia, famosa pela sua Mitologia, era o culto dos mortos.
A primeira idéia do povo helênico não foi a da imortalidade, e sim da sobrevivência.
Os Campos Elíseos e o Tártaro não são moradas definitivas.

Os filósofos gregos, na sua maioria, ensinavam que todas as pessoas têm o seu daemon (demónio), termo usado na acepção do Espírito familiar ou guia espiritual.


Homero (século IX A.C.), na Odisséia, descreve a evocação de Tirésias, adivinho de Tebas, por Ulisses.

Periandro, o tirano de Corinto, considerado outrossim um dos sete sábios da Grécia (625-585 A.C.), evocou o Espírito de sua esposa Melissa, após matá-la a pontapés.

Heródoto, o conhecido Pai da História (480425, aproximadamente), manifestou a crença de que as almas puras prosseguiam sua marcha evolutiva em outros mundos materiais.

Por seu turno, Sócrates (468-400 A.C.) defendia o dogma da i mortalidade alma e da vida futura.
Seu discípulo Platão (429-34,A.C.) difundiu e esclareceu a doutrina socrática, favorável à palingenesia, acentuando que aprender é recordar.
Admitia que a alma, após a depuração em vidas sucessivas, torna-se santificada e não mais retorna à Terra.

Mas, conforme lemos em A Reencarnação, obra de Gabriel Delanne, edição da Federação Espírita Brasileira, pág. 22, segundo Platão, antes de chegar a este grau de não mais voltar à terra, as almas giram durante mil anos no Hades, e, quando têm de voltar, bebem as águas do Rio Letes, que lhes tiram a lembrança das existências passadas.

Segundo o Mazdeismo, religião da Pérsia, tendo o Zend-Avesta como livro sagrado, a alma se purifica após experimentar provas expiatórias e a redenção final é alcançada por todas as criaturas.

Zoroastro (o mesmo Zaratustra), reformador da religião do antigo Irã (660-583A.C.), desviou o politeísmo iraniano para a concepção monoteista e pregou uma moral de grande elevação.

Ao que relata Félicien Challaye, em sua Pequena História das Grandes Religiões, os druidas acreditavam na sobrevivência do Espírito e, conforme alguns textos, admitiam a metempsicose;
falavam de almas que emigram para o Ocidente e habitam ilhas longínquas e felizes - ao que referem outros textos.

Já cantava o bardo gaulês Taliésin, por volta do século XII:
"Fui víbora no lago, cobra mosqueada na montanha;
fui estrela, fui sacerdote.

Desde que fui pastor, escoou-se muito tempo;
dormi em cem mundos, agitei-me em mil círculos."

Pois muito bem!

O espírito da velha Gália teve sua revivescência em Joana d'Arc, anunciada alguns séculos antes pelo bardo Mertin e, como se sabe, a virgem de Domrémy, que se sacrificaria por uma causa nobre, qual seja, a defesa de sua pátria, jamais deixou de ser obediente às suas "vozes".

Tendo por centro a mais antiga cidade de que há noticia definida Mênfis, o Antigo Império do Egito (entre 3315 e 2160 A.C.) já ostentava um considerável índice de cultura e progresso material, propiciando o advento do Médio Império, que seria considerado como a Idade de Ouro, pelos historiadores.

É deste período o Livro dos Mortos, documento literário mais importante sobre a religião egípcia, aparecido entre a XVII e a XX dinastias, dizendo que o ser humano se constitui de quatro elementos, a saber:
o corpo (Xa), o duplo do corpo (ou Kha), a alma (Ba) e uma essência ou sopro vital (Khu).

Acerca do segundo elemento (o duplo Kha), elucida Henri Durville, em A Ciência Secreta.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 12, 2012 9:03 am

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É o duplo ou corpo astral do médium que, nas reuniões denominadas espíritas, está na base de todas as manifestações (deslocamentos de objectos sem contacto, aparições, materializações mais ou menos completas, golpes, etc., etc...).

Atribui-se a Hermes Trimegisto (três vezes grande) numerosos livros (42, segundo Clemente de Alexandria, ou 200 mil, como exageradamente informa Jamblico), destacando-se os de cunho iniciático, como Pimandro, Discurso de Iniciação e Tábua de Esmeralda, escritos em época que não podemos precisar.

Sabe-se, contudo, que eram muito citados nos primeiros séculos do Cristianismo em obras de filósofos religiosos.

Em Pimandro, por exemplo, adverte ao discípulo nestes termos:
"Antes de tudo, é preciso rasgar esta roupa que trazes, esta vestimenta de ignorância, principio da maldade, cadela da corrupção, invólucro tenebroso, morto-vivo, cadáver sensível, inimigo do amor, ciumento no ódio, túmulo que conduzes contigo, ladrão doméstico."

Pitágoras (século VI A.C.)- afirma Gabriel Delanne - foi o primeiro que introduziu na Grécia a doutrina dos renascimento da alma, doutrina que havia conhecido em suas viagens ao Egipto e à Pérsia.

Moisés ([i]século XIII e XII A.C., ou 1500 A.C., ou ainda, nascido no ano 1705 da mesma era, pois divergem os historiadores quanto a datas
), era grande iniciado e teria morrido aos 120 anos de idade, ao que informam alguns autores.

Era sacerdote de Osíris diz Estrabão.
E, como está consignado em Atos, 7:22, Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios, e era poderoso em palavras e obras.

O grande legislador hebreu estabeleceu leis drásticas e sumárias, como meio de, fazendo valer sua autoridade, conter os desregramentos do seu povo, primitivo e indisciplinado.

Conseguiu, assim, onde imperava o politeísmo, estabelecer as sólidas bases do monoteísmo.
Tanto que afirma Delanne na obra A Alma é Imortal estas palavras:
"Na Judéia, os hebreus, ao tempo de Moisés, desconheciam inteiramente qualquer ideia daquilo a que se chama alma."

Todavia, mais tarde a reencarnação tomar-se-ia a crença dos fariseus, conforme relata em suas obras 0 historiador judaico Flávio Josefo (37-95 D.C.), ele próprio reencarnacionista.

Na cidade de Engadi, parte ocidental do Mar Morto, há cerca de 150 anos antes de Cristo, ao tempo dos macabeus, fundou-se a Ordem dos Essénios (ou Esseus), cuja doutrina se assemelha muito à dos primeiros cristãos.

Virgílio (71-19 A.C.) afiançava que todas almas, depois de haverem, durante milhares de anos, girando em tomo dessas existências (no Elisio ou no Tártaro) são chamadas por Deus, em grande enxames, para o Rio Letes, a fim de que, privadas da lembranças, revejam os lugares superiores e convexos, e comecem a querer voltar ao corpo.

Ovídio (43A.C.-7 da era Cristã) achava que a alma, ao atingir a purificação, iria habitar outros orbes.

Com o Cristo desabrolhou na Palestina a esperança de um mundo novo de paz e justiça, quando imperavam os Césares em Roma e a Cidade Eterna dominava nações e povos indefesos.

Contudo, os tempos não eram ainda chegados e Jesus prometeu:
"Mas o Consolador, o Espírito Santo a quem o meu Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará todas as coisas, e vos recordará o que eu vos tenho dito." (João,14:26).

Paulo, converso da Estrada de Damasco, saiu a pregar a Boa Nova, ensinando que fora da Caridade não há salvação e que há corpos celestes e corpos terrestres.
Sob o titulo de São Paulo, precursor do Espiritismo, a Revue Spirite de dezembro de 1863 publica mensagem de François - Nicolas- Madaleine, de cujo contexto vale ressaltar:
Para nós, os livros santos celeiros inesgotáveis, e o grande apóstolo Paulo, que outrora tanto contribuiu para estabelecimento do Cristianismo, por sua prática poderosa, vos deixou monumentos escritos que servirão, não menos energeticamente, à expansão do Espiritismo.

Nos primeiros séculos do Cristianismo, conceituados teólogos perfilharam a crença da reencarnação.

Vejamos:
Tertuliano, doutor da Igreja (155-220), referia-se a uma mesa sobre a qual colocaram um bacia circular feita de vários metais, tendo um alfabeto gravado nas bordas e que profetizava!

São Clemente de Alexandria (150-213), mestre de Orígenes, aceitava a doutrina das vidas sucessivas.

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Actuação do Princípio Inteligente não Começa nos Minerais Empty Re: Actuação do Princípio Inteligente não Começa nos Minerais

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jun 13, 2012 9:45 am

Continua...

Origens, teólogo do século III (185- 254), acreditava que a alma, antes de encarnar na Terra, já existira antes.
Voltaria a nascer em mundos cada vez mais evoluídos, tantas vezes quantas necessárias à remissão de seus pecados.
Escreveu o livro De Principiis, no qual se manifesta a favor da reencarnação, e fez ainda alusão à comunicação com os mortos.

São Gregório de Nissa (335-394) também acreditava na palingenesia.

Esta crença era comum entre os primeiros padres - declara Rufino numa carta a Santo Agostinho tanto como São Jerónimo (347-420) assegura que a transmigração das almas fazia parte dos ensinos revelados a um número de iniciados.

O próprio Santo Agostinho mencionado (354-430), no tratado De Cura Pro Mortuis, explana:
"Os Espíritos dos mortos podem ser enviados aos vivos;
podem-lhe desvendar-lhe o futuro, cujo conhecimento adquiriram, quer por outros Espíritos, quer pelos anjos, quer por uma revelação divina."

Surge com Maomé (570- 632), no mundo árabe, o Islamismo, que combate a idolatria e afirma a existência dos djins, entidades maléficas ou benéficas.

Maomé não sabia ler nem escrever:
[i]ditou os versículos de Alcorão aos seus secretários.


O Maometismo prima pelo fatalismo, como bem define a palavra árabe Maktub (está escrito).

Durante o período da Idade Média (395-1453) - escreve Gabriel- Delanne -, a doutrina palingenésica ficou velada, porque era severamente proscrita pela Igreja, então poderosa;
este ensino esteve confinado nas sociedades secretas ou se transmitiu, oralmente, entre iniciados que se ocupavam com ciências ocultas.

São Tomás de Aquino (1225-1274) comunicava-se com os habitantes do outro mundo - diz o abade Poussin, professor do seminário de Nice, na sua obra O Espiritismo perante a Igreja, publicado em 1866.

Ainda lemos na Questão 89 da Suma Teológica, do mesmo São Tomás de Aquino esta informação.
Frequentemente os mortos aparecem aos vivos, adormecidos ou acordados, para lhes avisar, das coisas que neste mundo se passam.
Isto consta do Vol.8 pagina 220.

Tanto como para Dante Alighieri (1265-1321), na famosa Divina Comédia (tradução de Florentino):
"Logo que um sitio há sido assinalado à alma após a morte, sua faculdade se lhe irradia em torno, do mesmo modo e tanto o fazia, estando ela em seus membros vivos".
(Purgatório, XXV)

John Wycliffe (1320-1384), na Inglaterra, atrai a ira do alto clero por negar o milagre da transubstanciação, isto é, a transformação do vinho em sangue e do pão em corpo de Jesus, por meio da consagração.

Defendendo a tese de que todos os direitos, inclusive o de propriedade, emanam de Deus, insinua que deveriam ser tomados os bens terrenos da Igreja, que. apenas passaria a cuidar dos assuntos espirituais.

Estava' lançada a semente que viria a germinar dois séculos depois..
Após sua morte, Wycliffe foi cognominado "A Estrela Matutina da Reforma".

João Huss(1369-1415) divulgador das idéias de. Wycliffe, foi excomungado pelo Papa Alexandre V e queimado vivo por sentença do Concilio de Constança.

Nicolau Copérnico (1473-1543) demonstra o duplo movimento dos planetas sobre si mesmo e ao redor do sol, teoria que o Papa Paulo V condenou por ser contrária às Escrituras.

O sistema de Copérnico viria a ser confirmado mais tarde por Galileu (1564-1642), que, se não abjurasse de suas concepções, teria sido carbonizado nas fogueiras da Santa' Inquisição.

Descartes (1596-1650), estabelecendo um método novo, cientifico, para dirigir o raciocínio, encetou a luta entre a fé cega e a razão pura.
No dizer de eminente escritor espírita, "Descartes foi o espadachim que deu o golpe final nesse duelo de milénios.

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Actuação do Princípio Inteligente não Começa nos Minerais Empty Re: Actuação do Princípio Inteligente não Começa nos Minerais

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jun 13, 2012 9:45 am

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Inspirado pelo Espírito da Verdade, segundo a sua própria expressão, o filósofo do cogito libertou a filosofia da servidão medieval e preparou o terreno para o advento do Espiritismo."[/i]

Swedenborg, clarividente sueco (1688-1772) em abril do ano de 1744, estabeleceu sua primeira comunicação com os Espíritos.
Escreveu O Céu e o Inferno.
Rejeitava a doutrina do pecado original, não acreditava nas penas eternas e dizia que os anjos e demónios eram seres humanos que viveram na Terra.

A Renascença, nos séculos XV e XVI, operou na Europa um pujante movimento renovador nos domínios literários, artísticos e científicos.

Foi a época de Tasso, Giotto, Fra Angélico, Leonardo da Vinci, Rafael, Miguel Angelo...

Martinho Lutero (1483-1546) insurge-se contra os desregramentos da Igreja Católica, condenando especialmente a ignominiosa simonia decretada por Leão X.
Não havia caído no vazio o ideal reformista de John Wycliffe e de João Huss.

Na luta pela Reforma, Lutero teve a ventura de encontrar o apoio decisivo de seu contemporâneo Erasmo de Rotterdam, cujo pensamento se define numa frase:
"O mundo suspira pelo verdadeiro Evangelho".

Ulrich Zwinglio (1484-1531), reformador suíço que recusava os sacramentos e pregava a abolição definitiva da missa, via Erasmo na imagem de Ulisses, ponderado e previdente;
e comparava Lutero a Ajax, o lutador afoito e estabanado que agia impulsivamente.

No século XVI11, a Enciclopédia ([i]ou Dicionário Raciocinado das Ciências, das Artes e dos Ofícios
), em 33 volumes, dirigida por Diderot e d'Alembert, veio consolidar e disseminar os progressos de toda cultura da época.

Defendendo as idéias da libertação do despotismo governamental e do Clero, abriu caminho para a Revolução Francesa, que adoptou o lema:
Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Foram enciclopedistas:
Volteire, Rousseau, Montesquieu, Quesnay, Jaucourt e outros.

Aliás, o mencionado Rousseau (1712-1778) pensava que "o grande erro é dar importância à vida, como se o nosso ser dependesse dela e como se depois da morte nada mais existisse", aduzindo ainda que, "quando deixamos o nosso corpo, apenas deixamos uma roupagem incómoda."

Eis a opinião de Emmanuel Kant, aquele sempre citado filósofo alemão nascido em 1724 e desencarnado em 1804:
"Quando, afinal, a união da alma com o corpo físico cessar com a morte, a vida no Além não será mais que a natural continuação da ligação que a alma teve com o corpo durante a vida cá embaixo".

Por seu turno, Goethe (1749-1832), ao que assegura Léon Denis, "se abeberou amplamente nas fontes d o invisível".

O grande poeta alemão, autor de Fausto, endereçou uma carta a Carlota von Stein, em que sobressaem estes versos.

"Mas ah! em dias de outras vidas, tu foste
Minha irmã, ou, talvez, minha mulher".

Balzac (1779-1850) foi ocultista de renome e se interessou vivamente pelas teorias da exteriorização do pensamento.
Era reencarnacionista.

Continuando, vemos que a 14 de julho de 1789 ocorre a Derrubada da Bastilha, promulgando-se pouco depois a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Despontava, afinal, após 0 Período do Terror, que durou até 1799, a Idade Contemporânea, que nos legou Kardec, e, com ele, o Espiritismo.

Mas ainda na primeira metade do século XIX podemos identificar outros precursores, conforme veremos, encerrando esta retrospectiva histórica.

Em seu livro A História do Espiritismo, Arthur Conan Doyle refere-se à experiência de Edward Irwing, pastor da Igreja Escocesa, com os fenómenos psíquicos, no período de 1830 a 1833.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jun 13, 2012 9:46 am

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Investigando os sensitivos Campbell e Mac-Donald, certificou-se de que eles falavam línguas estranhas e realizavam curas.
Na própria igreja de Irwing, houve manifestações de Espíritos, que produziam ruídos esquisitos e pronunciavam jaculatórias e preces.

No mesmo livro, Conan Doyle relata os prodigiosos fenómenos operados por Andrew Jackson Davis, que o autor considera "o Profeta da Nova Revelação".

Assim é que, na tarde de 6 de março de 1844, Davis foi transportado por uma força misteriosa, da cidade de Poughkeepsie até às montanhas Catzkill, a cerca de 40 milhas de distancia.

Em estado de transe, embora fosse homem inculto, falou línguas por ele desconhecidas discorrendo sobre profundos assuntos geológicos, arqueológicos, mitológicos, históricos, etc.

Recebeu mediunicamente o livro Princípios da Natureza, publicado em 1874, do qual consta esta previsão:
"É verdade que os Espíritos se comunicam entre si, quando um está no corpo e o outro em esferas mais altas - e, também, quando uma pessoa em seu corpo é inconsciente do influxo e assim, não se pode convencer do facto.
Não levará muito tempo para que esta verdade se apresente como viva demonstração.
E o mundo saudará com alegria o surgimento dessa era, ao mesmo tempo em que o intimo dos homens será aberto e estabelecida a comunicação espírita..."

Previsão exacta, concluímos nós.
Pouco depois, os fenómenos de Hydesville despertariam o mundo e o Espiritismo seria codificado por Allan Kardec mediante lento e meticuloso trabalho.

Tudo bem planejado pelo Alto.

Obra colectiva executada com apuro e honestidade, graças ao desbravamento do terreno por uma legião de precursores.
Cada um, a seu turno, como vimos, anunciou o evento e colaborou, de uma forma ou de outra para a sua efectivação.

§.§.§- O-canto-da-ave
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jun 14, 2012 9:30 am

Hyarbas Olavo Ferreira

1 - "O que é Deus"?
"- Deus é a inteligência suprema, causa primária de todos as coisas"

A Ideia de Deus varia de indivíduo para Indivíduo, sempre em consonância com o estado evolutivo de cada um, a que lhe confere maior ou menor grau de compreensão.

Assim, dentro de um mesmo grupo doutrinário, vamos encontrar as mais diferentes opiniões acerca da ideia de Deus, infinito, proferidas por seres de Inteligências finitas, diferentes entre si.

É pois, sensato, que nenhum ostente a pretensão absurda de compreender o Inconcebível.
Que não seja isso, entretanto, motivo para cessar a pesquisa, o que seria absurdo maior.

É remontando às causas que vamos descobrindo os mistérios, aproximando-nos mais o mais de verdade, tornando-nos sempre mais livres e felizes.

No princípio, Isto é, quando o ser se inicia no reino humano, "simples e Ignorante", a primeira ideia que tem do criador é mais ou menos intuitiva, e nasce do medo, do espanto.

Vê Deus nas forças da natureza, nos animais bravios, nos próprios homens que lhes são superiores, nos astros, etc.

A experiência no plano físico, em reencarnações múltiplas, as lutas diversas a que se vê obrigado a participar, exercita no homem as forças do Espírito, alarga-lhe as faculdades Intelectivas.

À medida que ele se agiganta em conhecimentos, decresce-lhe o temor, fruto da ignorância.

No que antes acreditava, cegamente, principia a duvidar.

A dúvida é o primeiro passo rumo à descoberta da verdade, porque, causando insegurança, impulsiona o ser em direcção à pesquisa daquilo que o tomará senhor de si.

Ocorre, entretanto, que ao vislumbrar um obstáculo julgado intransponível, a tendência natural é a simples desistência da tentativa de transpô-lo.

Assim o Espírito, antes possuidor de uma fé cega, tradicional, principia a raciocinar, a duvidar da existência de Deus, o Deus que a tradição lhe legou.
Duvida, a princípio, porque não consegue coadunar os conhecimentos adquiridos, com os factos:
Ensinaram-lhe ser Deus infinitamente justo e bom.
Que conhece o passado, o presente, o futuro.

Que é equânime, tendo criado todos os homens em Igualdade de condições.
E a experiência, os factos, lhe comprovam o contrário.

Vê as desigualdades de classes em todos os tempos;
assiste a nascimentos de génios, ao lado de retardados;
ricos e pobres; sadios e estropiados.

Onde, pois, a Igualdade?
Onde a justiça?
E por que o homem já nasce sofrendo?

Tudo, portanto, vai-lhe parecendo Incoerente, revoltante, alucinante.

Não encontrando respostas para essas e muitas outras questões que afligem a humanidade, dentro doa estreitos e arcaicos conceitos adquiridos, opta pelo comodismo, pela negação.

Não nega, consideremos, a Deus, propriamente.
Nega, sim, o Deus que a Ignorância lho criara, antropomorfo ou com qualquer outra forma conhecida.

Ficaria nesse estado de negação comodativa por todo o sempre, certamente, caso a própria lei não o Impelisse para a frente.
A dor, que o impulsionou até o estado evolutivo em pauta, acicate-o de novo, vergasta-lhe a consciência, compelindo-o, ainda uma vez à pesquisa.

Nasce, então, a primeira e grande certeza, baseada no raciocínio, escudado pela dor:
a certeza na existência de um Criador incriado.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jun 14, 2012 9:31 am

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Persistem algumas dúvidas.
Apagam-se umas para surgirem outras.

Como conciliar todos as ocorrências da vida, principalmente aquelas dolorosas;
os desregramentos dos sentidos, os maus pendores, tudo, enfim, que a humanidade rotulou de "mau", com a bondade Divina?

Por que Deus já não criou o homem perfeito, ou por que não lho protelou meios para evoluir, sem tanto sofrimento?

Dúvidas desta espécie parecem retrogradar o Espírito, que às vezes se revolta, ameaçando a si próprio de novo aderir ao ateísmo.
Mas não consegue.

Uma coisa a razão e o sentimento já lhe demonstraram.
Deus existe.


Partindo dessa premissa, e depois analisando os Seus atributos, que forem compreensíveis pelo estado evolutivo actual, as outras incertezas Irão se dissipando.

Aos poucos, a princípio.
Mais e mais depressa, depois, em aceleração progressiva.

Aí, nesse estado Intermediário entre o espiritualista, de fé cega, e o materialista, pelo reclocínio, a primeira definição de Deus aceitável, seria:
"A Causa de todas as causas".

Depois, pela associação de Ideias, vai-se concluindo e assimilando explicações mais próximas da verdade, muito embora a associação de Ideias requeira muita precaução.

As comparações são necessárias ao nosso raciocínio.

Mas, Ideias e comparações que servem a uma determinada época, parecem Inteiramente infantis, apócrifas, no futuro.

Os gafanhotos com cara de homem, dos quais se serviu João Evangelista, comparando-os aos aviões do primeira grande guerra, hoje, (1971) já não teriam a mínima utilidade comparativa.

As Ideias, em sua maioria, brilham iluminando uma época determinada, para depois se apagaram no passado.

Contudo, há que haver uma causa para obrigar o homem a pensar, a perscrutar os enigmas da natureza, principalmente os que dizem respeito às origens remotas e à existência de Deus.

Consideramos alguns enigmas, restam outros e, certamente, entre eles, haverá graus diversos.
De um modo geral a causa que obriga o homem a pensar é a dor, nos seus vários aspectos.

Todavia, existem outros tipos humanos, cujos destinos, na actual encarnação, perecem colocá-los em posição privilegiada, sem sofrimentos dignos de nota e que, não obstante, abraçam o materialismo.

Já passaram, em vidas pregressas, por muitas experiências, já possuíram a fé cega, Intuitiva e também chegaram no ponto de transição entra a primeira, que é temporária para todos, o a fé pela razão, mais sentimento, a única que faz jus ao nome.

Dividem-se, estes últimos, em dois grupos principais:
os preguiçosos, acomodados por estarem as coisas materiais correndo-lhes de maneira satisfatória, e aquelas que adoptaram para si a norma de Tomé:
ver para crer.

0 privilégio, entretanto, é apenas aparente.
Trata-se de um período de descanso, pelo qual passam todos os Espíritos.

Períodos necessários ao refazimento de forças para encetar novas Jornadas e nos quais, também, se depara ao ser a oportunidade de testar a si próprio.

Comprovar se elo já pode prescindir do aguilhão da dor, utilizando-se da própria vontade, para continuar evoluindo.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jun 14, 2012 9:32 am

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Esse período de paz relativa, da trégua, se verifica em todos de campos que nos são conhecidos:
vemo-lo nas guerras;
assistimo-lo no próprio organismo, que adormece para descansar;

no transcorrer da própria vida de cada um, por mais atribulada que seja, que apresente etapas mais tranquilas;

nos forças da natureza, que ora se manifestam em fúria, ora se aquietam na calmaria, e assim sucessivamente, onde quer que a nossa observação intente demorar-se.

Quanto aos do primeiro grupo, aqueles que se acomodam, preguiçosamente, é certo que as circunstâncias futuras, imediatos ou remotas, de conformidade com o caso específico de cada um, propiciar-lhes-ão novas condições dolorosas, recambiando-os ao progresso compulsório.

Já os do segundo grupo, que solicitam provas materiais, que às vezes vociferam em altos brados desafiando as forças ocultas e desconhecidas, ocorrer-lhes-á o seguinte:
cedo ou tarde, antes ou depois de terem sido visitados pela dor inexorável, não importa quando, compreenderão o verdadeiro significado de:
"Tú, Tomé, creste porque viste.
Bem aventurados, todavia, aqueles que não virem o crêem".

Pois a experiência lhes demonstrará que não baste ver, para crer.
É necessário, sobretudo, COMPREENDER.

Este é a palavra: COMPREENDER.

Com efeito, todos os acontecimentos com os quais nos deparamos o não compreendemos, com a passar do tempo vamos dando-lhes outras interpretações, mais compatíveis com o grau do nosso entendimento.

É muito conhecida, por exemplo, a história de em certo cientista que, vendo o primeiro gramofone e ouvindo-lhe o som, e não podendo conceber como aquilo seria possível, se recusou a acreditar no que via e ouvia, preferindo atribuir o fenómeno a 'broque de ventriloquismo'.

Assim também, quê quer um de nós, ao nos depararmos com ocorrências que não passamos compreender.
Procuraremos explicá-las, sempre, de acordo com as nossas concepções anteriormente adquiridas.

Porém, um dia saberemos:
a fé se constrói do interior para o exterior;
jamais ao contrário.


(Do livro "Cumprimentando Kardec" de Hyarbas Olavo Ferreira)

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Actuação do Princípio Inteligente não Começa nos Minerais Empty A Arte de Meditar

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jun 15, 2012 9:59 am

Hugo de São Victor

(Hugo de São Vitor nasceu na Saxónia, que hoje faz parte do território da Alemanha, no ano de 1096.
Ainda jovem sentiu a vocação religiosa e mudou-se para Paris com a intenção de ingressar no Mosteiro de São Vitor, no qual residiu até a sua morte em 1141.
Ele viveu, portanto, na primeira metade do século dos anos 1100
)

I

OS TRÊS GÉNEROS DE MEDITAÇÃO


A meditação é a cogitação frequente, que investiga o modo, a causa e a razão de cada coisa.

No modo, investiga o que é;
na causa, porque é;
na razão, como é.

Os seus géneros são três:
o primeiro é sobre as criaturas, o segundo sobre as escrituras, e o último sobre os costumes.

A meditação das criaturas surge da admiração;
a meditação das escrituras, da leitura;
a meditação dos costumes da circunspecção, do atento exame dos afectos, pensamentos e obras humanas.


II

A MEDITAÇÃO DAS CRIATURAS


Na meditação das criaturas a admiração gera a questão, a questão gera a investigação, a investigação a descoberta.

A admiração considera a disposição, a questão busca a causa e a investigação, a razão.

Admiramos a disposição quando consideramos a diferença entre o céu, onde tudo é igual, e a terra, onde existe o alto e o baixo.

Daqui passamos a questionar a causa, que é a terra ter sido feita para a vida terrena, enquanto que o céu para a vida celeste.

A investigação, finalmente, buscará a razão, descobrindo-a ao encontrar que tal como é a terra, tal é a vida terrena;
e tal como é o céu, tal é a vida celeste.

III

A MEDITAÇÃO DAS ESCRITURAS


Na meditação sobre as Escrituras, a consideração deve ser realizada do seguinte modo.

A meditação inicia-se com a leitura:
ela é que ministra a matéria para se conhecer a verdade.
Segue-se-lhe a meditação, que a une.

A esta se acrescentarão a oração, que a eleva;
a operação, que a compõe;
e a contemplação, que nela exulta.

Nossa intenção agora é tratar apenas da meditação.

Nas Escrituras a meditação versa sobre como importa conhecer.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jun 15, 2012 10:01 am

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Tomemos um exemplo.

Está escrito:
- "Desvia-te do mal, e faz o bem".
Salmo 36

À leitura sobrevém a meditação.
Por que disse primeiro "desvia- te do mal" e depois "faz o bem"?

A causa é porque, a não ser que os males sejam primeiro removidos, os bens não podem vir.
A razão, assim como primeiro se erradicam as más sementes, depois as boas são plantadas.

E também, por que disse:
- "Desvia-te do mal"? Porque ocorrem no caminho.

Disse também "desvia-te", porque onde pela fortaleza não podemos resistir, pelo conselho e pela razão escapamos desviando-nos.

Desviamo-nos também do mal evitando a matéria do pecado, como por exemplo, por causa da soberba, evitando-se as riquezas;
por causa da incontinência, a abundância;
por causa da concupiscência, a inclinação da carne;
por causa da inveja e do litígio, o amor da posse.

Isto é desviar-se.


Do mesmo modo, se nos é dado o preceito de nos desviarmos de todo o mal, também somos ordenados a que façamos todo o bem.
Aquele que não se desvia de todo o mal é réu;
assim é réu também aquele que não faz o bem.

Mas, se é assim, quem não é réu?
Somos, portanto, ordenados a que nos desviemos de todo o mal.

Quanto aos bens, porém, há alguns que são necessários;
outros, voluntários.

São bens necessários aqueles contidos nos preceitos e no voto;
quanto aos restantes, se algo for feito, recompensar-se-á;
se nada, não serão imputados.

A meditação sobre uma coisa lida deve versar também sobre como são as coisas que são sabidas, por que o são e como devem ser feitas.

A meditação deve ser uma reflexão do conselho sobre como se realizam as coisas que são sabidas, porque inutilmente serão sabidas se não forem realizadas.

Três considerações a serem feitas na meditação sobre as Escrituras

Na meditação acerca de uma leitura devem se fazer três considerações:
segundo a história, segundo a alegoria, e segundo a tropologia.

1.
A consideração é segundo a história quando buscamos a razão das coisas que se fizeram, ou as admiramos em sua perfeição de acordo com os tempos, os lugares ou os modos convenientes com que se realizaram.

A consideração dos julgamentos divinos exercita quem medita que em nenhum tempo faltou o que foi recto e justo, em todos os quais foi feito o que importava e foi recompensado o que foi justo.

2. A consideração é segundo a alegoria quando a meditação se ocupa sobre as disposições dos factos passados, considerando-lhes a significação dos futuros.

Considera também a admirável razão e providência com que foram adaptados à inteligência e à forma da fé a ser edificada.

3. Na tropologia a meditação se ocupa do fruto que podem trazer as coisas que foram ditas, indagando o que insinuam que se deve fazer, ou o que ensinam que deva ser evitado;

o que a leitura da escritura propõe para ser aprendido, o que para ser exortado, o que para consolar, o que para se temer, o que para iluminar o vigor da inteligência, o que para alimentar o afecto, e qual a forma de viver para o caminho da virtude.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jun 15, 2012 10:01 am

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IV

A MEDITAÇÃO SOBRE OS COSTUMES


A meditação sobre os costumes deve ter por objecto os afectos, os pensamentos e as obras.

Os afectos:
Deve-se considerar nos afectos que sejam rectos e sinceros, isto é, orientados para aquilo que devem sê-lo e segundo o modo com que devem sê-lo.

Amar aquilo que não se deve é mau, e semelhantemente amar de um modo indevido aquilo que deve ser amado também é mau:
o bom afecto existe quando se dirige para aquilo que é devido e segundo o modo com que é devido.

Amnon amou a irmã, e este era um afecto a algo que era devido, mas porque amou mal, não o era segundo o modo como era devido.

O afecto pode ser dirigido àquilo a que é devido e não ser do modo devido;
nunca, porém, poderá sê-lo do modo devido se não for dirigido àquilo a que é devido.

O afecto é recto segundo se dirija ao que é devido, e é sincero segundo seja do modo devido.

Os pensamentos:
Nos pensamentos deve-se considerar que sejam puros e ordenados.

São puros quando nem são gerados de maus afectos, nem geram maus afectos.

São ordenados quando advém racionalmente, isto é, no seu tempo.

De facto, no tempo que não é o seu, mesmo o pensar no que é bom não é sem vício;
como na leitura pensar na oração, e na oração pensar na leitura.

As obras:
Nas obras deve-se considerar primeiro que sejam feitas com boa intenção.

A boa intenção é a que é simples e recta.

É simples a que é sem malícia.
É recta a que é sem ignorância.

A intenção que é sem malícia possui zelo.

Mas a que é por ignorância e não é segundo a ciência, só por causa disso já não possui zelo.

Assim, importa que a intenção seja recta pela discrição, e simples pela benignidade.

Ademais, além da boa intenção deve-se considerar também nas obras que sejam conduzidas desde a recta intenção concebida até ao seu fim por um perseverante fervor, de tal modo que nem a perseverança se entorpeça, nem o amor se arrefeça.

V

OUTROS REQUISITOS DA MEDITAÇÃO SOBRE OS COSTUMES


A meditação sobre os costumes deve discorrer, ademais, por duas considerações, que são a externa e a interna.

A consideração externa é a consideração quanto à forma;
a consideração interna é a consideração quanto à consciência.

Na consideração externa, devemos examinar o que é decente e o que é conveniente.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jun 16, 2012 9:35 am

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A decência deve ser considerada pelo exemplo dado em relação ao próximo.
A conveniência deve ser considerada pelo mérito em relação a nós.

Na consideração interna, quanto à consciência, devemos examinar se a consciência é pura e se não possa ser acusada tanto pelo torpor no bem como pela presunção no mal.

A consciência é pura quando nem é acusada do passado, nem se regozija injustamento do presente.
A origem e a tendência de todos os movimentos do coração.

A meditação sobre os costumes deve exercer também sua consideração no sentido de depreender todos os movimentos que se originam no coração, de onde vêm e para onde tendem.

Deve examinar de onde vêm segundo a origem, e para onde tendem segundo o fim:
todo movimento é proveniente de algo e se dirige para algo.

Os movimentos do coração, porém, às vezes têm uma origem manifesta, outras vezes oculta.
Os que a têm manifesta, ainda às vezes a têm manifestamente boa, outras vezes manifestamente má.

A origem que é manifestamente boa é de Deus;
a que é, porém, manifestamente má é do demónio ou da carne.

Todas as sugestões e todas as aspirações que invisivelmente advêm ao coração procedem destes três autores.

As coisas ocultas às vezes são boas e ocultas, outras vezes màs e dúbias.

As que são boas são de Deus;
as que são más, do demónio ou da carne.

O que é manifesto, seja bom ou seja mau, é julgado pela sua primeira origem.
O que, entretanto, é dúbio em sua origem, é provado pelo fim.

O fim manifesta o que no princípio se encobria
por causa disto, quem não pode julgar os seus movimentos pelo princípio, investigue o fim e a consumação.

As coisas, portanto, que são dúbias ou incertas são bens ou males ocultos.
As que são males, conforme foi dito, são do demónio ou da carne.

Elas não se distinguem pelo facto de serem más;
distinguem-se pelo fato de que as da carne frequentemente surgem por causa de uma necessidade, enquanto as do demónio o fazem sem uma razão, pois aquilo que é sugerido pelo demónio, assim como é alheio ao homem, assim frequentemente é alheio à razão humana.

As obras do demónio se discernem, pois, por serem estranhas ao homem e alheios à razão humana, enquanto que as da carne e as suas sugestões frequentemente têm uma necessidade precedente como causa;
ultrapassando, porém, o modo e a necessidade, crescem até à superfluidade.

O discernimento entre o bem e o mal, e dos bens entre si.

A meditação dos costumes também deve exercer-se pelos três julgamentos seguintes.

O primeiro é o que julga entre o dia e a noite.
O segundo
é o que julga entre o dia e o dia.
O terceiro
é o que julga o dia todo.

Julgar entre o dia e a noite
é dividir as coisas más das boas.
Julgar entre o dia e o dia é ter o discernimento entre o bom e o melhor.
Julgar o dia todo é avaliar cada um dos bens singulares pelo seu mérito.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jun 16, 2012 9:37 am

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O fim e a direcção de todos os trabalhos.

A meditação dos costumes deve também considerar o fim e a direcção de todos os trabalhos.
O fim é aquilo ao qual se tende.
A direcção, aquilo através do qual mais facilmente se chega.

Tudo aquilo que tende a algum fim a ele se dirige segundo algum caminho próprio, e aquilo que prossegue do modo mais directo, mais rapidamente chega.
Há alguns bens nos quais há muito para se mover e pouco para se promover.
Outros, com pequeno trabalho produzem grande fruto.

Estes, portanto, que mais aproveitam, devem ser discernidos e mais escolhidos:
são os melhores, e importa julgar todo trabalho segundo o seu fruto.

Muitos, não possuindo este discernimento, trabalharam muito e progrediram pouco, já que puseram seus olhos apenas externamente na beleza da obra, e não internamente no fruto da virtude.

Gabaram-se mais em fazer grandes coisas do que exercitar o que é útil, e amaram mais aquilo em que pudessem ser vistos, do que aquilo em que pudessem se emendar.

O discernimento dos graus das obrigações

A meditação dos costumes deve considerar sempre em primeiro lugar as coisas que são devidas, seja pelo preceito, seja pelo voto, e julgá-las como as primeiras a serem feitas.

Estas obras, se feitas, possuem mérito;
se não feitas, geram reacto.
Devem, portanto, ser feitas em primeiro lugar, e não podem ser deixadas sem culpa.

Depois destas, se lhe são acrescentadas outras por um exercício voluntário, isto deverá ser feito de tal maneira que não seja impedido o que é devido.

Há quem queira o que não deve, não querendo o que deve;
outros, ainda, querendo o que devem, todavia colocam impedimentos voluntários querendo o que não devem.

O evitar a aflição e a ocupação

A meditação dos costumes deve considerar também evitar-se na boa acção principalmente os dois males da aflição e da ocupação.

A aflição gera a amargura, a ocupação gera a dissipação.
Pela aflição, amarga-se a doçura da mente;
pela ocupação, dissipa-se a sua tranquilidade.

A aflição surge quando a impaciência nos queima com coisas impossíveis.
A ocupação, quando a impaciência nos agita com coisas possíveis.

Para que a alma não se amargure, sustente pacientemente a sua impossibilidade;
para que não se ocupe erroneamente, não estenda suas possibilidades além da sua medida.

O julgamento da forma correcta de viver

A meditação dos costumes deve julgar também a forma de viver, provando não ser bom apetecer impacientemente as coisas que não se fazem, nem aborrecer-se tolamente com as que se fazem.

Quem sempre apetece o que não faz e aborrece o que faz, nem frui o que lhe é presente, nem se sacia do que lhe é futuro.
Abandona o iniciado antes da consumação, e toma antes do tempo o que deve ser iniciado.

Portanto, é bom contentar-se com o seu bem e aumentar os bens presentes com os bens supervenientes, sem desprezá-los pelos futuros.

A troca dos bens pertence à leviandade;
o exercício, porém, à virtude:
aqueles que desprezam os velhos pelos novos e aqueles que sobem dos inferiores aos superiores correm por caminhos muito diversos.

Aquele que busca a mudança é tão fastidioso como é aplicado aquele que apetece o aperfeiçoamento.

Caminha, portanto, rectissimamente aquele que é de tal maneira fervoroso para o melhor que não se aborrece no bem, mas sustenta o anterior até que no devido tempo alcance o posterior.

§.§.§- O-canto-da-ave
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Actuação do Princípio Inteligente não Começa nos Minerais Empty A Pedagogia do Cristo

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jun 16, 2012 9:38 am

Alexandre Rocha

A recente desencarnação de um dos maiores pedagogos da actualidade, Paulo Freire, e a reavaliação de sua obra dá-nos oportunidade para fazer um paralelo entre a sua proposta pedagógica, malgrado suas posições ideológicas vinculadas ao materialismo histórico, e a proposta pedagógica do Cristo.

Buscou Paulo Freire, no que chamou de "pedagogia do oprimido", título não só de seu método pedagógico, mas também de sua principal obra, provocar o processo de alfabetização (leitura do texto escrito) através da análise social do indivíduo em seu meio (leitura social).

Em sua proposta pedagógica, o indivíduo deve aprender a ler o texto escrito tendo, antes, aprendido a ler a realidade social em que vive.

Se há discussões em relação ao potencial transformador que esse processo pode provocar, são inquestionáveis os resultados práticos da pedagogia do oprimido.

Mas, se não buscou intencionalmente nas fontes cristãs as bases de sua teoria, nem por isso deixam elas de lá se encontrar, redigidas pelos dois primeiros pedagogos cristãos, Paulo e João (excluído, obviamente, o Cristo, pela ausência de um texto seu), cada um interpretando a sua maneira os ensinos de Jesus.

Estaremos neste artigo estudando especificamente o texto joanino, que nos apresenta um Cristo preocupado em, a partir da apresentação da necessidade física ou situação social do indivíduo (leitura biológica e social), apresentar a sua verdadeira necessidade (leitura espiritual).

Vejamos os exemplos:

No capítulo 4 de seu evangelho, João relata que Jesus, ao retornar à Galileia, atravessa a Samaria.
Em Sicar, cansado, senta-se junto ao poço que se acreditava dado por Jacó a seu filho José.
Diz o texto que era cerca de meio-dia.

A apresentação do evangelista é mais do que didáctica.

Ali estão os factores motivadores da necessidade física:
o cansaço da caminhada unido ao sol quente do horário, e ali também está a solução para o problema:
a água do poço.

A passagem é por demais conhecida para que necessitemos dizer que ele pediu da água a uma samaritana, tendo sido ouvido com estranheza pela interpelada.

(Os samaritanos viviam às rusgas com os judeus, desde o retorno destes do exílio da Babilónia.
O facto de Jesus ter procurado uma samaritana, tanto quanto utilizando a figura do samaritano na parábola que fala do amor ao próximo são também significativos exemplos de sua análise social.
)

A partir da necessidade física, a sede, Jesus desenvolve a sua paidéia (processo educativo), despertando a atenção do educando para a leitura espiritual:
nós também temos necessidades não-físicas (e muito mais importantes que estas) e a satisfação dessas necessidades está no entendimento da mensagem que o Cristo estava a trazer.

Ou não foi isso que ele quis dizer no texto relatado por João 4,10.13-14:
- "Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te diz:
Dá-me de beber, tu é que lhe pedirias e ele te daria água viva! [...]

Aquele que bebe desta água (água do poço) terá sede novamente;
mas quem bebe da água que eu lhe darei, nunca mais terá sede.

Pois a água que eu lhe der tornar-se-á nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna".

A perfeição da analogia dá aos que o ouvem condições de fazerem a leitura espiritual.
A partir desse momento, ele fala de sua mensagem não só à samaritana, mas a toda população de Sicar.

Outra passagem significativa para avançarmos em nossa análise é a célebre multiplicação dos pães, quando, após falar ao povo às margens do mar da Galileia, vendo a multidão faminta, Jesus a atendeu em sua necessidade biológica, saciando a fome da massa a partir de apenas cinco pães e dois peixes
(Jo 6:1-14).

Continua...
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Actuação do Princípio Inteligente não Começa nos Minerais Empty Re: Actuação do Princípio Inteligente não Começa nos Minerais

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jun 17, 2012 9:41 am

Continua...

No dia seguinte retorna o Rabi a Cafarnaum para onde também segue a multidão.
Lá o encontram e ouvem o discurso que viria justificar a atitude do dia anterior
(Jo 6:26.34.51):

"Vós me procurais não por terdes visto sinais, mas porque comestes pão e vos saciastes.
Trabalhai não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que perdura até a vida eterna, alimento que o Filho do Homem vos dará.

[...] Eu sou o pão da vida.
Quem vem a mim, nunca mais terá fome e o que crê em mim nunca mais terá sede.

[...] Eu sou o pão vivo descido do céu.
Quem comer deste pão viverá eternamente."


Pouco depois, João nos traz mais um exemplo da pedagogia do Cristo (Jo 9:1-5):
em Jerusalém, é-lhe apresentado um cego de nascença junto à piscina de Siloé, e Jesus não perde a oportunidade para mais uma analogia.

Ali estava alguém que não podia ver a luz:
"Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo".

Dizendo isso, cospe na terra e a lama que se forma é colocada sobre os olhos do cego que, ao lavá-los na piscina, retorna vendo.

Novamente a partir do que o povo considerava um milagre, o Cristo desperta a atenção do público para ouvir a sua mensagem, sempre em analogia ao fenómeno realizado.

Ainda outra vez o Cristo se utiliza desse expediente.
Seguindo à cidade de Betânia (Jo 11:17-44), Jesus vai ao encontro de Lázaro, morto já há quatro dias.

Interpelado, ainda no caminho, pela família por não ter chegado a tempo de impedir a morte de Lázaro, ele se utiliza de mais uma analogia para despertar a atenção do público para a sua mensagem:
"Eu sou a ressurreição e a vida.
Quem crê em mim, ainda que morra, viverá.
E quem vive e crê em mim jamais morrerá."


Dito isto, segue até a gruta em que Lázaro fora colocado e, em passagem por demais conhecida de todos, trá-lo de novo à vida.

Vemos, pois, o Cristo diante da situação de sede, junto à samaritana, afirmar "Quem beber da água que lhe darei nunca mais terá sede".

Ao se defrontar com a fome do povo, ele diz:
"Eu sou o pão da vida.
Quem vem a mim, nunca mais terá fome".

Perante o cego, o Cristo fala:
"Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo".

E,diante de Lázaro morto, conclui:
"Eu sou a ressurreição e a vida.
Quem crê em mim, ainda que morra, viverá".


Realizando seus “milagres”, além de exemplificar o amor ao próximo e atender às necessidades daquele povo sofrido, o Cristo aproveitava para, em sua pedagogia da libertação espiritual, ensinar o caminho para o que chamou de “Reino dos Céus”.

Os resultados que até hoje observamos demonstram a excelência de seu método.

§.§.§- O-canto-da-ave


Última edição por O_Canto_da_Ave em Dom Jun 17, 2012 9:43 am, editado 1 vez(es)
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Actuação do Princípio Inteligente não Começa nos Minerais Empty Caridade

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jun 17, 2012 9:42 am

- Uma meditação prática -
Nilton Sousa

A busca do homem por conhecer-se não é de hoje. Durante centenas de anos temos registado inúmeros pensadores tentando equacionar meios eficazes de interiorização e transformação.

Entretanto, de todos os génios que poderíamos relacionar, dois nos chamam a atenção:
Jesus e Kardec.

Enquanto diversas doutrinas pregavam o recolhimento contemplativo, o isolamento social completo na busca do self, Jesus preferiu caminhar por entre a multidão, consolando uns, amparando outros, estabelecendo sua doutrina não por meio de palavras vazias ou técnicas absurdas, mas fundamentando-a na prática activa.

Conclamou as criaturas a imitarem o samaritano que auxiliou seu próximo na estrada de Jericó, incentivou o perdão sem limites como forma de merecer o perdão de Deus, apontou a caridade como tábua de salvação quando solicitou que vestíssemos os nus, visitássemos os prisioneiros, déssemos pão aos famintos, água aos sedentos, cuidássemos dos enfermos…

Tão eloquentes foram seus exemplos que mesmo Saulo, após a sua conversão escreveria que de todas as virtudes a mais excelente era a caridade.

Aproximadamente dois milénios depois, quando a humanidade mergulhava no racionalismo cartesiano, poderíamos imaginar maiores revelações e novidades no tocante a esse princípio moral traçado pelo Mestre de Nazaré.

No entanto, a Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec repetiria a mensagem do Cristo em nova edição, sedimentando-a na mais pura ciência e filosofia como suporte cognitivo ao seu maior objectivo:
a transformação e moralização da humanidade.

A existência de Deus, a preexistência e sobrevivência dos Espíritos, a reencarnação, o intercâmbio entre o mundo invisível e o corpóreo, a multiplicidade de mundos habitados são princípios filosóficos e científicos que desembocam necessariamente na necessidade de revolução interior do ser.

Kardec, seguindo Jesus, também não se isola numa atitude contemplativa;
sua meditação é a prática da Doutrina Espírita por meio da caridade, na medida em que consolou inúmeros companheiros nas suas dificuldades, incentivou donativos a desabrigados através da Revista Espírita e junto a sua esposa fez visitas a famílias em franca decomposição social.

Exactamente por sentir essa necessidade o génio de Lyon produziu O Evangelho Segundo o Espiritismo, obra que se tornou indispensável ao entendimento do sofrimento humano, bem como da finalidade de nossa existência terrena, ensinando-nos que a caridade é o melhor caminho a dar sentido e significado à nossa presença no mundo.

Aqueles que não conseguem se transformar com base nessa obra não podem apontá-la como ineficaz.
A sua clareza é tão meridiana que pesa sobre eles mesmos a incapacidade de abandonarem seus vícios.

Chico Xavier entendeu bem essa dimensão de Jesus a Kardec, uma vez que poderia ter ficado embevecido, em êxtase, maravilhado ou fascinado com as imagens do mundo espiritual, porém, seguindo a orientação dos próprios espíritos se dedicou a amar o próximo de uma forma extraordinária.

Levando em conta tais exemplos que nos calam muitos sofismas e argumentos de poeira, precisamos priorizar a caridade.

Meditar é importante, mas desde que o tempo que lhe seja dedicado não enferruje nossas mãos, nem nos faça abandonar os princípios do Evangelho no Espiritismo, uma vez que eles são a rota segura de uma meditação produtiva, que não nos entorpece com técnicas que centram atenções prioritárias muito mais em nós que nos outros, até por que Jesus nos conclamava a amar os outros como a nós mesmos e não o contrário, ou seja, todo o amor, satisfação, alegria que desejamos para nós, devemos em situação de igualdade aos nossos semelhantes.

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Actuação do Princípio Inteligente não Começa nos Minerais Empty Solidariedade

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jun 17, 2012 9:43 am

Enéas Martim Canhadas

Estava fazendo minha caminhada habitual pela avenida Sumaré, quando um filhote de cão, talvez de uns 40 dias de vida, se tanto, abandonado ali na Praça Irmãos Karman, veio para a beira da calçada e logo, o seu focinho curioso fez com que ele descesse até o asfalto.

Olhava a cena, enquanto o meu coração acelerava, prestes a ver, e ao mesmo tempo não querendo ver, um acontecimento impiedoso e quase certo.

Os carros passavam à velocidade normal permitida ali, e o cãozinho iria virar carne moída dentro de pouco tempo.

Arriscando-me por entre alguns carros que até diminuíram a marcha e outros tantos passando directo, com cuidado fui me aproximando do animal, receoso pelo trânsito que não parava.

O cãozinho já estava quase no meio da avenida, totalmente indefeso e correndo um risco total, mesmo porque ele poderia ser morto até por não ser visto pelos motoristas.

Nesse momento, um Sr. Marronzinho que acompanhava toda a cena veio do outro lado e com mais autoridade, foi parando o trânsito até que peguei o filhote e, juntos fomos para a praça em lugar seguro.

Perguntávamos um para o outro quem teria abandonado aquele cãozinho ali e como poderíamos cuidar do destino dele.

Nesse mesmo momento, veio do outro lado da rua uma senhora fina e elegante, trajando um conjunto de cores muito bem combinadas que, tomando o cãozinho no colo, disse poder levá-lo para a sua veterinária de confiança que o doaria a alguém, isto é, se não quiséssemos levá-lo.

Perguntou a mim e ao Sr. Marronzinho se estávamos interessados em adoptar o bichinho.
Ele explicou que estava em serviço, senão poderia até levá-lo.

Eu perdera há pouco tempo o meu cão pastor com 11 anos de idade, fiel amigo de tantas caminhadas e que me fez adquirir o saudável hábito de caminhar pelas ruas e avenidas do meu bairro.

Ainda com o coração doendo, não queria adoptar nenhum cão, pelo menos, não por enquanto.

Uma outra jovem senhora, simples e sorridente, carinhosa, logo pegou o cãozinho e segurando-o contra o peito, dizia que desejava muito levá-lo mas o problema é que não tinha espaço em sua casa.

A senhora elegante, gentil e educada insistiu para que ela levasse o cãozinho.

Praticamente havia tomado a decisão pela jovem que titubeava em adoptar o animal.

Logo se preocupou em como poderia arranjar uma maneira de transportá-lo até sua casa.

Prontamente, um motorista do ponto de táxi próximo, disse que deveria ter um pedaço de pano no porta-malas do seu carro e afirmou que a banca de jornal do outro lado da rua, com certeza, poderia arrumar uma sacola plástica que permitiria carregar o filhote.

Assim fora resolvida a situação encaminhando a história para um final feliz.

Um cuidado daqui, uma atenção dali, várias pessoas juntamente buscando solucionar aquele problema, para que o animalzinho fosse rapidamente adotado e, a partir daquele dia, tivesse um lar.

Logo depois voltei para a minha caminhada, tocado por aquele acontecimento e como, do nada, várias pessoas surgiram, prontas e bem intencionadas para por em uso a sua bondade, a sua compaixão e num gesto muito espontâneo e simples de solidariedade, providenciar uma casa e um destino para o filhote.

Hoje, quando me lembro da cena, não consigo deixar de pensar como ser solidário é um gesto simples.

Não tem regras, não precisa de normas nem de campanhas, não precisamos de nos fazer muitas perguntas a respeito.

Basta praticar o acto.
Sim, como uma coisa muito natural.

Tão natural como o samaritano que socorreu o homem caído à beira da estrada e ainda o levou a uma estalagem, onde pudesse receber tratamento e remédios, deixando até dinheiro para pagar as despesas daquele homem, de quem o samaritano nem sabia o nome ou a procedência, nem que pessoa seria, nem dos seus princípios morais, nem de suas convicções religiosas.

Foi um acto tão completo e espontâneo como se o mundo, de facto, não tivesse divisão de países com suas fronteiras, em que as nações falassem uma mesma língua e sem religiões, os seres humanos não estariam enclausurados em suas convicções morais, defendendo este ou aquele princípio, e até mesmo defendendo deuses próprios, supostamente melhores do que outros, como os combates na antiguidade, onde as guerras que os seres humanos travavam eram também guerras entre deuses.

Como já disse, de vez em quando sou tomado pelas lembranças do facto, sinto-me então solidário e um pouco melhor do que normalmente sou.

Mas sinto também que, quando um facto como este não está tão forte e presente na minha mente, não me vejo tão naturalmente bom, nem tão espontaneamente disposto a praticar o bem por mais simples que seja.

Me lembrei do ensinamento de Aristóteles escrevendo em Ética a Nicômaco:
“as virtudes são pois, de duas espécies, a intelectual e a moral, a primeira, por via de regra, gera-se e cresce graças ao ensino – por isso, requer experiência e tempo;
enquanto a virtude moral é adquirida em resultado do hábito.


Não é pois por natureza, nem contrariando a natureza que as virtudes se geram em nós.

Diga-se, antes, que somos adaptados por natureza a recebê-las e nos tornamos perfeitos pelo hábito.”

Sempre me pego pensando, o quanto ainda devo praticar para adquirir o hábito...

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Actuação do Princípio Inteligente não Começa nos Minerais Empty O Poder Espiritualizador da Música

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 18, 2012 8:26 am

CENTRO DE ESTUDOS ESPÍRITAS PAULO APÓSTOLO DE MIRASSOL – CEEPA

"Visto que nos encontramos neste estado degradado de imperfeição moral, será melhor sermos práticos, harmonizarmos nossa música e, pelo mesmo processo, começarmos a compor uma nova e melhor forma de arte.
Uma arte de acentuada sublimidade poderá, por si só, levar-nos de volta aos céus."

— Bach

"Sinto-me obrigado a deixar transbordar de todos os lados as ondas de harmonia provenientes do foco da inspiração.
Procuro acompanhá-las e delas me apodero apaixonadamente;
de novo me escapam e desaparecem entre a multidão de distracções que me cercam.

Daí a pouco, torno a apreender com ardor a inspiração;
arrebatado, vou multiplicando todas as modulações, e venho por fim a me apropriar do primeiro pensamento musical.

Tenho necessidade de viver só comigo mesmo.
Sinto que Deus e os anjos estão mais próximos de mim, na minha arte, do que os outros.

Entro em comunhão com eles, e sem temor.
A música é o único acesso espiritual nas esferas superiores da inteligência."

— Beethoven

O presente estudo pretende reflectir sobre a influência que a música, assim como as artes em geral, exerce sobre o comportamento espiritual do ser humano.

A música e sua origem divina

De acordo com escrituras e mitologias de todos os povos a música, assim como as demais expressões da arte, foram trazidas aos homens pelos deuses.
Na remota antiguidade, a música era empregada com a sagrada finalidade de reverenciar o Ser Supremo.

Sua finalidade era a de expressar as cosmogonias, elevar a alma humana às alturas das esferas espirituais.

Todas as expressões artísticas desenvolveram-se á luz dos ritos iniciáticos, com a finalidade de expandir a consciência dos iniciados durante as cerimónias sagradas, abrindo-lhes a captação psíquica para experiências transcendentes.

Com o tempo a arte saiu do âmbito dos templos e do sagrado, vulgarizou-se, caiu na banalização das massas, passando a reflectir seus instintos inferiorizados, anseios embrutecidos e a desmesurada ambição pelo lucro e a fama.

O poder oculto da música

Actualmente a ciência, sobretudo no campo da medicina e da psicologia, vêm redescobrindo verdades e conhecimentos que os antigos sábios detinham sobre o poder oculto da música.

Hoje sabemos que basta estarmos no campo audível da música para que sua influência actue constantemente sobre nós, acelerando ou retardando, regulando ou desregulando as batidas do coração;
relaxando ou irritando os nervos;
influindo na pressão sanguínea, na digestão e no ritmo da respiração, exercendo alterações sobre os processos puramente intelectuais e mentais.


Modernos pesquisadores estão começando a descobrir que a música influi no carácter do indivíduo e, ao influir em seu carácter, significa alterar o átomo ou unidade básica — a pessoa — com a qual se constrói toda a sociedade.

Os grandes sábios da China antiga até o Egipto, desde a Índia até a idade áurea da Grécia acreditavam que há algo imensamente fundamental na música que lhe dá o poder de fazer evoluir ou degradar completamente a alma do indivíduo e, desse modo, fazer ou desfazer civilizações inteiras.

Assim, "uma inovação no estilo musical tem sido invariavelmente seguida de uma inovação na política e na moral", conclui um estudioso moderno.

O Messias de Handel

A influência da música sobre o nosso comportamento é algo que desperta cada vez mais o interesse dos estudiosos.

Ela pode influenciar no comportamento de toda uma nação, como por exemplo ocorreu com o rei George III, na Abadia de Westminster, durante uma apresentação de Handel.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 18, 2012 8:26 am

Continua...

A certa altura da apresentação da obra o Messias (o coro da Aleluia) o rei se pôs em pé, sinal para que todo o público se levantasse.

Ele estava chorando.
Nada jamais o comovera tão vigorosamente.
Dir-se-ia um grande acto de assentimento nacional às verdades fundamentais da religião.

Os diferentes tipos de música levam-nos a manifestar comportamento mentais-emocionais específicos.

Em certas circunstâncias, somos induzidos a alterar procedimentos em função dos diferentes estados de consciências que a música, involuntariamente, pode nos levar a alcançar.

Assim, sob sua influência, podemos tomar a decisão impulsiva e decisiva para iniciar ou terminar um determinado relacionamento amoroso, ou ainda, quem sabe, aumentar ou diminuir a velocidade de nosso carro num lugar inapropriado.

Rossini fala a Kardec sobre a música espírita

Em contactos com Allan Kardec, nas reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, o espírito do músico e compositor clássico Gioachino Rossini, por solicitação do codificador, falou sobre alguns aspectos espirituais da música e sua influência no comportamento espiritual do homem.

Rossini fora um músico extremamente bem sucedido, tendo recebido do rei de França os cargos de Primeiro Compositor do Rei e Inspector Geral de Canto, recebendo um salário invejável.

Esbanjou talento — foi contratado exclusivo do Teatro de Milão durante vinte anos, autor de 30 óperas, reconhecido como a "personalidade mais brilhante que jamais dourou as páginas do livro musical do mundo contemporâneo".

Mas, no além, diante da solicitação de Allan Kardec, ele se julga incapacitado para discorrer a respeito da finalidade transcendente da música, prometendo estudar o assunto, lá, nos domínios espirituais para, numa outra oportunidade, voltar a falar aos membros da Sociedade.

Lembra Rossini ao codificador do espiritismo que a embriaguez do êxito, a complacência dos amigos e as lisonjas dos cortejadores muitas vezes lhe tiraram o meio de reconhecer suas fraquezas morais, turvando-lhe o discernimento sobre a sublime finalidade da arte musical.

Numa posterior comunicação ele volta para expor suas novas ideias.
Começa redefinindo o conceito de harmonia, comparando-a com a luz.

Assim ele se expressa:
"Fora do mundo material, isto é, fora das causas tangíveis, a luz e a harmonia são de essência divina.

A posse de uma e outra está na razão dos esforços empregados para adquiri-las, elas que são duas sublimes alegrias da alma, filhas de Deus e, portanto, irmãs",
querendo dizer com isso que um refinado executante ou ouvinte de música, do ponto de vista espiritual, é alguém que conquistou algo de luz e harmonia em si mesmo.

A harmonia é um sentido íntimo da alma

O espírito de Rossini inicia sua mensagem propondo um novo conceito sobre a expressão HARMONIA, comparando-a com a luz.

Para ele, ambas são uma espécie de sentidos íntimos da alma, estados transcendentes do ser.

Explica que a alma é apta a perceber a harmonia, mesmo sem o auxílio de qualquer instrumentação, como é apta a perceber a luz sem o concurso das combinações materiais.

"Quanto mais desenvolvidos são esses sentidos íntimos da alma, tanto melhor percebe ela a luz e a própria harmonia", ensina.

As diferentes harmonias do espaço

O espírito do grande maestro se diz espantado ao contemplar as diferentes harmonias do espaço.

Diz serem constituídas por inúmeros e diferentes graus, conhecidos e desconhecidos, dispersos e ocultos no éter infinito.

Essas diferentes harmonias, percebidas separadamente, constituem a harmonia particular de cada grau.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 18, 2012 8:28 am

Continua...

A boa música transporta a alma às elevadas esferas do mundo moral

Explica que nos graus inferiores, essas harmonias são elementares e grosseiras.
Nos graus superiores, levam ao êxtase.

Revela que "quando é dado ao espírito inferior deleitar-se com os encantos das harmonias superiores, o êxtase o arrebata e a prece lhe penetra o íntimo".

Informa que a música é um tipo de "encantamento que o transporta às elevadas esferas do mundo moral".

Imerso nas vibrações de uma música superior, o espírito então "entra a viver uma vida superior à sua e assim deseja continuar a viver para sempre".

Contudo, cessada a harmonia que o penetra, "ele desperta para a realidade da sua situação e, dos lamentos que lhe escapam por haver descido, nasce-lhe o desejo de adquirir forças para de novo elevar-se — e aí tem ele um grande motivo de emulação".

Concluímos, portanto, que a música superior contribui para a elevação espiritual do ouvinte — ou do executante — quando dela sabe-se tirar bom proveito.

O espírito do músico actua sobre o fluido universal (ou energia cósmica) através de seu sentimento

O maestro Rossini ressalta que o espírito produz os sons que é capaz de saber e não consegue querer o que não sabe.

"Assim, aquele que compreende muito, que tem em si a harmonia, que se acha dela saturado, que goza do seu sentido íntimo, desse nada impalpável, dessa abstracção que é a concepção da harmonia, actua quando quer sobre o fluido universal que, instrumento fiel, reproduz o que ele concebe e deseja.

O éter vibra sob a acção da vontade do espírito.

A harmonia que o espírito traz em si concretiza-se, por assim dizer, evola-se, doce e suave, como o perfume da violeta, ou ruge como a tempestade, ou estala como o raio, ou solta queixumes como a brisa.

É rápida como o relâmpago, ou lenta como a neblina;
tem os despedaçamentos de um soluço, ou é contínua como a relva;
é precipitada qual catarata, ou calma como um lago;
murmura como um regato, ou ronca como uma torrente.

Ora apresenta a rudeza agreste das montanhas, ora a frescura de um oásis;
é alternativamente triste e melancólica como a noite, leda e jovial como o dia;
caprichosa como a criança, consoladora como uma paixão, límpida como o amor e grandiosa como a Natureza.

Quando chega a este último terreno, confunde-se com a prece, glorifica a Deus e leva ao arroubamento aquele mesmo que a produz, ou a concebe",
esclarece poeticamente o maestro.

Pela música, o espírito faz ressoar no éter a harmonia que traz em si

Rossini explica que o sentimento da harmonia é como o espírito que tem a riqueza intelectual:
um e outro possuem constantemente da propriedade inalienável que conquistaram pelo esforço esforço.

"Pela música, o espírito faz ressoar no éter a harmonia que traz em si",
define o maestro.

Assim como o espírito inteligente, que ensina a sua ciência aos que ignoram, experimenta a ventura de ensinar, porque sabe que torna felizes aqueles a quem instruí, também o espírito que faz ressoar no éter os acordes da harmonia que traz em si experimenta a felicidade de ver satisfeitos os que o escutam.

Para ele, "a harmonia, a ciência e a virtude são as três grande concepções do espírito:
a primeira o arrebata, a segunda o esclarece, a terceira o eleva.
Possuídas em toda a plenitude, elas se confundem e constituem a pureza".


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