LUZ ESPÍRITA
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VISÃO ESPÍRITA DA BÍBLIA

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 08, 2012 9:10 pm

1 - NOTA DA EDITORA

O presente livro é a reunião de crónicas escritas por J. Herculano Pires e publicadas, em sua maioria, no extinto jornal "Diário de São Paulo".

Como os leitores poderão ver, a actualidade destas páginas é indiscutível.

Herculano Pires foi um dos mais felizes intérpretes do pensamento espírita dentre os que reencarnaram e já retornaram ávida espiritual.

Por isso, seus escritos constituem páginas de grande importância para os estudiosos do Espiritismo.

Ao reuni-las em livro e apresentá-las ao público, Edições Correio Fraterno presta homenagem a José Herculano Pires, no décimo ano de seu desencarne.
S. Bernardo do Campo. Março de 1989.

2 - BÍBLIA E EVANGELHO

A Bíblia (que o nome quer dizer simplesmente: O Livro) é na verdade uma biblioteca, reunindo os livros diversos da religião hebraica.

Representa a codificação da primeira revelação do ciclo do Cristianismo.

Livros escritos por vários autores estão nela coleccionados, em número de 42.

Foram todos escritos em hebraico e aramaico e traduzidos mais tarde para o latim, por São Jerónimo, na conhecida Vulgata Latina, no século quinto da nossa era.

As igrejas católicas e protestantes reuniram a esse livro os Evangelhos de Jesus, dando a estes o nome geral de Novo Testamento.

O Evangelho, como se costuma designar o Novo Testamento, não pertence de facto à Bíblia.

É outro livro, escrito muito mais tarde, com a reunião dos vários escritos sobre Jesus e seus ensinos.

O Evangelho é a codificação da segunda revelação cristã.

Traz uma nova mensagem, substituindo o deus-guerreiro da Bíblia pelo deus-amor do Sermão da Montanha.

No Espiritismo não devemos confundir esses dois livros, mas devemos reconhecer a linha histórica e profética, a linhagem espiritual que os liga.

São, portanto, dois livros distintos.

O Espiritismo

A antiga religião hebraica é geralmente conhecida como Mosaísmo, porque surgiu e se desenvolveu com Moisés.

A nova religião dos Evangelhos é designada como Cristianismo, porque vem do ensino do Cristo.

Mas, assim como nas páginas da Bíblia lado o advento do Cristo, também nas páginas do está anunciado o advento do Espírito de Verdade.

Este advento se deu no século passado, com a terceira e última revelação cristã, chamada revelação espírita.

Cinco novos livros aparecem, então, escritos por Kardec, mas ditados, inspirados e Orientados pelo Espírito de Verdade e outros Espíritos Superiores.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 08, 2012 9:11 pm

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Os cinco livros fundamentais do Espiritismo, que têm como base O Livro dos Espíritos, representam a codificação da terceira revelação.

Essa revelação se chama Espiritismo porque foi dada pelos Espíritos.

Sua finalidade é esclarecer os ensinos anteriores, de acordo com a mentalidade moderna, já suficientemente arejada e evoluída para entender as alegorias e símbolos contidos na Bíblia e no Evangelho.

Mas enganam-se os que pensam que a Codificação do Espiritismo contraria ou reforma o Evangelho.

3 - SENTIDO HISTÓRICO DA BÍBLIA E A SUA NATUREZA PROFÉTICA

Qual a posição do Espiritismo diante do problema bíblico?

Os recentes debates na televisão entre espíritas, pastores protestantes e sacerdotes católicos, deram motivo a algumas incompreensões, de que se aproveitaram adversários pouco escrupulosos da Doutrina Espírita, para lhe desfecharem novos e injustos ataques.

Vamos procurar esclarecer, por estas colunas, a posição espírita, como já havíamos prometido.

Kardec define essa posição, desde O Livro dos Espíritos, como a de estudo e esclarecimento do texto, à luz da História e na perspectiva da evolução espiritual da Humanidade.

No cap. III deste livro, final do item 59, depois de analisar as contradições entre a Bíblia e as Ciências, no tocante à criação do mundo, ele declara:
[i]"Devemos concluir que a Bíblia é um erro?

Não; mas que os homens se enganaram na sua interpretação".

Essas palavras de Kardec, sustentadas através de toda a Codificação, esclarecem a posição espírita.

Devemos reconhecer na Bíblia a sua natureza profética (ou seja: mediúnica), encerrando a 1ª Revelação, no ciclo histórico das revelações cristãs.

Esse ciclo começa com Moisés (1ª Revelação), define-se com Jesus (2ª Revelação) e encerra-se com o Espiritismo (3ª Revelação).

Os leitores encontrarão explicações detalhadas a respeito em O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, que é um manual de moral evangélica.

O conceito espírita de Revelação, porém, não é o mesmo das religiões em geral.

Revelar é ensinar, e isso tanto pode ser feito pêlos Espíritos (revelação divina) quanto pêlos homens (revelação humana), mas não por Deus "em pessoa", porque Deus age através de suas leis e dos Espíritos.

A revelação bíblica, portanto, não pode ser chamada de "palavra de Deus".

Ela é, apenas, a palavra dos Espíritos-Reveladores, e essa palavra é sempre adequada ao tempo em que foi proferida.

Isto é confirmado pela própria Bíblia, como veremos no decorrer deste estudo.
A expressão "a palavra de Deus" é de origem judaica.

Foi naturalmente herdada pelo Cristianismo, que a empregou para o mesmo fim dos judeus: dar autoridade à Igreja.

A Bíblia, considerada "a palavra de Deus", reveste-se de um poder mágico:
a sua simples leitura, ou simplesmente a audiência dessa leitura, pode espantar o Demónio de uma pessoa e convertê-la a Deus.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 08, 2012 9:11 pm

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Claro que o Espiritismo não aceita nem prega essa velha crendice, mas não a condena.

A cada um, segundo suas convicções, desde que haja boa intenção.

4 - COISAS TERRÍVEIS E INGÉNUAS FIGURAM NOS LIVROS BÍBLICOS

A palavra de Deus não está na Bíblia, mas na natureza, traduzida em suas leis.

A Bíblia é simplesmente uma colectânea de livros hebraicos, que nos dão um panorama histórico do judaísmo primitivo.

Os cinco livros iniciais da Bíblia, que constituem o Pentateuco mosaico, referem-se à formação e organização do povo judeu, após a libertação do Egipto e a conquista de Canaã.

Atribuídos a Moisés, esses livros não foram escritos por ele, pois relatam, inclusive, a sua própria morte.

As pesquisas históricas revelam que os livros da Bíblia têm origem na literatura oral do povo judeu.

Só depois do exílio na Babilónia foi que Esdras conseguiu reunir e compilar os livros orais (guardados na memória) e proclamá-los em praça pública como a lei do judaísmo, ditada por Deus.

Os relatos históricos da Bíblia são ao mesmo tempo ingénuos e terríveis.

Leia o estudante, por exemplo, o Deuteronómio, especialmente os capítulos 23 e 28 desse livro, e Visão Espírita da Bíblia J. Herculano Pires veja se Deus podia ditar aquelas regras de higiene simplória, aquelas impiedosas leis de guerra total, aquelas maldições horríveis contra os que não crêem na "sua palavra".

Essas maldições, até hoje, apavoram as criaturas simples que têm medo de duvidar da Bíblia.

Muitos espertalhões se servem disso e do prestígio da Bíblia como "palavra de Deus", para arregimentar e tosquiar gostosamente vastos rebanhos.

As leis morais da Bíblia podem ser resumidas nos Dez Mandamentos.

Mas esses mandamentos nada têm de transcendentes.
São regras normais de vida para um povo de pastores e agricultores, com pormenores que fazem rir o homem de hoje.

Por isso, os mandamentos são hoje apresentados em resumo.

O Espírito que ditou essas leis a Moisés, no Sinai, era o guia espiritual da família de Abraão, Isaac e Jacob, mais tarde transformado no Deus de Israel.

Desempenhando uma elevada missão, esse Espírito preparava o povo judeu para o monoteísmo, a crença num só Deus, pois os deuses da antiguidade eram muitos.

O Espiritismo reconhece a acção de Deus na Bíblia, mas não pode admiti-la como a "palavra de Deus".

Na verdade, como ensinou o apóstolo Paulo, foram os mensageiros de Deus, os Espíritos, que guiaram o povo de Israel, através dos médiuns, então chamados profetas.

O próprio Moisés era um médium, em constante ligação com lave ou Jeová, o deus bíblico, violento e irascível, tão diferente do deus-pai do Evangelho.

Devemos respeitar a Bíblia no seu exacto valor, mas nunca fazer dela um mito, um novo bezerro de ouro.

Deus não ditou nem dita livros aos homens.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 08, 2012 9:12 pm

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5 - COMO A PALAVRA DE DEUS FICOU SUJEITA AO HOMEM

Os estudos bíblicos se processam no mundo em duas direcções diversas:
há o estudo normativo dos institutos religiosos, ligados às várias igrejas, que seguem as regras de hermenêutica e a orientação de pesquisas destas igrejas;

e há o estudo livre dos institutos universitários independentes, que seguem os princípios da pesquisa científica e da interpretação histórica.


O Espiritismo não se prende a nenhum dos dois sistemas, pois sua posição é intermediária.

Reconhecendo o conteúdo espiritual da Bíblia, o Espiritismo estuda à luz dos seus princípios, em harmonia com os métodos da antropologia cultural e dos estudos históricos.

Somente às religiões dogmáticas, que se apresentam como vias exclusivas de salvação, interessa o velho conceito da Bíblia como palavra de Deus.

Primeiro, porque esse conceito impede a investigação livre.

Considerada como palavra de Deus, a Bíblia é indiscutível, deve ser aceita literalmente ou de acordo com a "interpretação autorizada da igreja".

Por isso, as igrejas sempre se apresentam como "autoridade única na interpretação da Bíblia".

Segundo, porque essa posição corresponde aos tempos mitológicos, ao pensamento mágico, e não à era de razão em que vivemos.

Vimos rapidamente as contradições insanáveis em que se afundam os hermeneutas religiosos.

Vêem-se eles obrigados a perigosas ginásticas do raciocínio, apoiadas em fórmulas pré-fabricadas, para se safarem das contradições do texto.

Mas não escapam jamais à contradição fundamental, que é esta:
consideram a Bíblia como a palavra de Deus, mas estabelecem, para sua interpretação, regras humanas.

Dessa maneira, é o homem que faz Deus dizer o que lhe interessa.

Há no meio espírita alguns críticos agressivos da Bíblia.
São confrades ilustres e estudiosos, que tomam essa posição em face das agressões religiosas à Doutrina, com base nos textos bíblicos.

A posição da Doutrina, porém, não é essa, como já vimos em Kardec.
As supostas condenações do Espiritismo pela Bíblia decorrem das interpretações sacerdotais.

A Bíblia é um dos maiores repositórios de factos espíritas de toda bibliografia religiosa.

E os textos bíblicos estão eivados de passagens tipicamente espíritas, como veremos.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 09, 2012 8:26 pm

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6 - TODA A BÍBLIA ESTÁ CHEIA DOS FENÓMENOS MEDIÚNICOS

O Espiritismo é apresentado por Kardec, sob a orientação do Espírito da Verdade, como uma sequência natural do Cristianismo.

É o cumprimento da promessa evangélica de Jesus, de enviar à Terra o Consolador, que completaria o seu ensino, esclarecendo os homens a respeito daquilo que ele só pudera ensinar através de alegorias, no seu tempo.

Os homens de então não estavam em condições de compreender o fenómeno natural da comunicação espírita, que misturavam com sistemas de magia e interpretações supersticiosas.

Em A Génese, Kardec esclarece, no primeiro capítulo, que era necessária a evolução das ciências, o progresso dos conhecimentos, o desenvolvimento intelectual, para que o Espiritismo fizesse seu aparecimento, como doutrina, em nosso mundo.

Assim sendo, o Espiritismo tem como base as Escrituras, tem seus fundamentos na Bíblia.

Mas é claro que o conceito espírita da Bíblia não pode ser igual ao das religiões que ficaram no passado, apegadas às formas sacramentais de magia, aos ritos materiais e aos cultos exteriores do próprio paganismo.

A Bíblia não pode ser, para o espírita esclarecido, a "palavra de Deus", pois é um livro escrito pelos homens, como todos os outros livros, e é, principalmente, um conjunto de livros em que encontramos de tudo, desde as regras simplórias de higiene dos judeus primitivos até as lendas e tradições do povo hebreu, misturadas às heranças dos egípcios e babilónios.

O Espiritismo ensina a encarar a Bíblia como um marco da evolução religiosa na Terra, mas não faz dela um novo bezerro de ouro.

É difícil falarmos da Bíblia a pessoas apegadas ao processo de fanatismo religioso de algumas seitas obscurantistas, que chegam, em pleno século vinte, ao cúmulo de renegarem a cultura, para só aceitarem os escritos judeus da época das civilizações agrárias.

São pessoas simples e crentes, que merecem o nosso respeito, mas inteiramente incapazes de compreender o problema bíblico.

Isso, entretanto, não deve impedir-nos de esclarecer esse problema à luz dos princípios espíritas.

A Bíblia não condena o Espiritismo.
Pelo contrário, a Bíblia confirma o Espiritismo, como demonstraremos.

Basta lembrar o caso de Samuel, atormentado pelo espírito mau, aliviado pela mediunidade de Davi, que usava a música para afastá-lo.

Caso típico de mediunidade curadora, constante de Samuel 16: 14-23.
E o colégio de médiuns que acompanhava Moisés no deserto?

E assim por diante, da primeira à última página da Bíblia.

Mas o pior cego é aquele que não quer enxergar.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 09, 2012 8:26 pm

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7 - PROFESSOR DE TEOLOGIA DEFENDE A INTERPRETAÇÃO ESPÍRITA DA BÍBLIA

Numa insistência verdadeiramente desanimadora, certas seitas religiosas que fazem do combate ao Espiritismo a sua principal tarefa, alegam sempre que os espíritas têm medo da Bíblia.

Num debate de TV, o reitor de um instituto bíblico protestante chegou a declarar aos espíritas presentes, de Bíblia em punho:
"Vocês não querem ouvir a palavra de Deus, mas hoje vão ouvir"!

Na sua ingenuidade, pensava que a leitura da Bíblia poria os espíritas a correr.

Outro pastor, chefe de uma seita por ele mesmo fundada, escandalizou-se quando afirmamos que a Bíblia não é a palavra de Deus, e ingenuamente perguntou-nos: "Mas o Senhor tem a coragem de dizer uma coisa dessas na frente do povo de São Paulo"?

Mais tarde, esquecendo os seus deveres religiosos de honestidade e respeito à verdade, promoveu uma campanha sistemática, pelo rádio, de desvirtuamento das nossas declarações. Pensava, certamente, que Deus aprovava sua "bonita" atitude.

Alguns espíritas, por sua vez, ficaram assustados com a nossa audácia.
Achavam que poderíamos afastar do Espiritismo os crentes na Bíblia.

Esqueceram-se de que o Espiritismo não se interessa por quantidade de adeptos, mas pela sua qualidade.

Espíritas que se assustam com a verdade sobre a Bíblia, estão ainda longe de compreender a Doutrina.

Foi por isso tudo que resolvemos enfrentar o tema durante algum tempo, nesta secção 1.

É necessário que se diga a verdade, que se esclareça o povo, cm vez de deixá-lo iludido por expressões como "a palavra de Deus", que servem apenas para os que não querem estudar o problema bíblico em sua realidade histórica, religiosa e cultural.

Os que vivem gritando, de Bíblia em punho, que o Espiritismo é condenado pela Bíblia, não conhecem uma coisa nem outra.

Ignoram o que seja a Bíblia e não têm a mais leve noção de Espiritismo.
No dia em que conhecerem ambas as coisas, terão vergonha de suas acusações actuais.

Se essas pessoas gostassem de ilustrar-se um pouco, indicaríamos a elas a leitura de alguns livros de ilustres figuras protestantes.

Por exemplo, o livro de Haraldur Nielson, teólogo, tradutor da Bíblia para o islandês e professor de teologia da Universidade da Islândia, intitulado:
O Espiritismo e a Igreja 2.

É um livrinho pequeno, que ainda agora aparece em nova edição brasileira e está nas livrarias.

Nesse livro, os nossos acusadores terão o testemunho de um membro da Sociedade Bíblica Inglesa, que não se tornou espírita, mas que reconhece a natureza dos livros bíblicos.

Ele protesta contra as afirmações, sempre levianas, de que a Bíblia condena as manifestações espíritas e as sessões de Espiritismo.

1. O autor se refere à coluna que mantinha no "Diário de São Paulo".
2. Livro relançado "Edições Correio Fraterno", Caixa Postal 58, CEP 09700, São Bernardo do Campo SP,

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 09, 2012 8:27 pm

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8 - ENSINOU O APOSTOLO PAULO: A BÍBLIA É UM LIVRO MEDIÚNICO

A origem mediúnica das religiões é hoje uma tese provada pelas pesquisas antropológicas e etnológicas.

Só os materialistas a rejeitam. Os interessados podem estudar o assunto no livro do Prof. Ernesto Bozzano, Fenomini Supranormali e Popoli Primitivi (Edizione Europa, Verona), ou em nosso livro O Espírito e o Tempo, lançado pela Editora Pensamento, nesta capital.

A origem da Bíblia é um capítulo natural desse processo geral que originou as religiões.

Os leitores podem encontrar material a respeito no livro do prof. Romeu do Amaral Camargo, De Cá e de Lá, no meu livro já citado e em Os 3 caminhos de Hécate, editado pela Edicel.

Mas não pense o leitor que são os espíritas que afirmam a origem mediúnica da Bíblia.

Quem afirmou foi o apóstolo Paulo, quando declarou peremptoriamente:
"Vós recebestes a lei por mistérios dos anjos", isto em Actos, 7:53, explicando ainda em Hebreus 2:2:
"Porque a lei foi anunciada pelos anjos", e confirmando na mesma epístola, l: 14:
"Espíritos são administradores, enviados para exercer o ministério".

Antes, em Hebreus, l:7, Paulo, depois de advertir que Deus havia falado de muitas maneiras aos profetas, acrescenta:
"Sobre os anjos, diz: o que faz os seus anjos espíritos e os seus ministros chamas de fogo".

Está claro que os anjos são espíritos, reveladores das leis de Deus aos homens, como afirma o Espiritismo.

Paulo vai mais longe, afirmando em Actos 7:30-31, que Deus falou a Moisés através de um anjo na sarça-ardente.

Veja-se o que ficou dito acima: os anjos são espíritos, ministros de Deus, que o faz chama do fogo, nas aparições mediúnicas.

O reverendo Haraldur Nielson, em seu livro O Espiritismo e a Igreja, ele que foi o tradutor da Bíblia para o islandês, a serviço da Sociedade Bíblica Inglesa, afirma que o Cristo é muitas vezes chamado no Evangelho, no original grego, de "pneuma", depois da ressurreição.

E "pneuma" quer dizer espírito.
Da mesma maneira, lembra que Paulo, em Hebreus, 12:9, refere-se a Deus como "Deus dos Espíritos".

Lembra ainda que as manifestações dos Espíritos, nas sessões que realizou com o bispo Hallgrimur Svenson em Reikjavik, eram na forma de línguas de fogo.

Essas manifestações confirmavam que o anjo da sarça-ardente e os fenómenos do Pentecostes foram mediúnicos.

O que falta aos acusadores do Espiritismo é estudo.
Se pusessem o seu dogmatismo de lado e estudassem um pouco, haveriam de compreender essas coisas.

A Bíblia foi inspirada pelos Espíritos, como mensageiros de Deus, no tocante aos seus livros proféticos, que chamamos de mediúnicos.

Os livros históricos e de legislação civil receberam também a colaboração dos Espíritos.

A Bíblia, pois, é um livro mediúnico que não pode condenar o Espiritismo, pois estaria se condenando a si mesma.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 10, 2012 9:30 pm

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9 - COMUNICAÇÕES DE ESPÍRITOS E MATERIALIZAÇÃO NA BÍBLIA

O ministério dos anjos, esse ministério divino, a que o apóstolo Paulo se referiu tantas vezes, é exercido através da mediunidade.

A própria Bíblia nos relata uma infinidade de comunicações mediúnicas.

Veja-se, por exemplo, as palavras do rei Samuel, em Provérbios, 31:1-9, que, segundo o texto bíblico, são "a profecia com que lhe ensinou sua mãe".

Temos ali uma comunicação espírita integralmente reproduzida na Bíblia.

A mãe do rei Samuel (não em forma de anjo, mas na sua própria forma humana) aparece ao Rei e lhe dita a mensagem.

A Bíblia condenou essa comunicação?
Não. Pelo contrário, aprovou-a e transcreveu-a.
Em Números l 1:23-25, temos a descrição de dois factos mediúnicos valiosos.

Primeiro, o Senhor fala a Moisés.
Depois, Moisés reúne os setenta anciãos, formando uma roda, e o Senhor se manifesta materialmente, descendo numa nuvem.

Temos a comunicação pessoal de Jeová a Moisés, e a seguir o fenómeno evidente de materialização de Jeová, através da mediunidade dos anciãos, reunidos para isso na tenda.

A nuvem é a formação de ectoplasma na qual o espírito se corporifica.
Só os que não conhecem os fenómenos espíritas podem aceitar que ali se deu um milagre, um facto sobrenatural.

E podem aceitar, também, a manifestação do próprio Deus.
Longe disso. Jeová era o espírito protector de Israel, que se apresentava como Deus, porque a mentalidade dos povos do tempo era mitológica, e os espíritos eram considerados deuses.

O filósofo Tales de Mileto já dizia, na Grécia, cinco séculos antes de Cristo:
"O mundo é cheio de deuses".

Os espíritos elevados eram considerados deuses benéficos, e os espíritos inferiores eram deuses maléficos.
Daí a invenção do Diabo, como concorrente de Deus no domínio do mundo e das almas.

Deuses, anjos e demónios, da Bíblia, dos Vedas, do Alcorão, de todos os livros sagrados, nada mais são do que espíritos.

Como podem essas criaturas condenar o Espiritismo?
Elas são a prova tradicional da verdade espírita, ao longo da História, como ensina Kardec.

O que Moisés condenou foi apenas o abuso da mediunidade.

Isso, o Espiritismo também condena.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 10, 2012 9:30 pm

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10 - MOISÉS PROIBIU PRECISAMENTE O QUE O ESPIRITISMO PROÍBE

A condenação do Espiritismo pela Bíblia, que é a mais citada e repetida, figura no Cap. 19 do Deuteronómio.

É a condenação de Moisés, que vai do versículo 9 ao 14.
A tradução, como sempre, varia de um tradutor para outro, e às vezes nas diversas edições da mesma tradução.

Moisés proíbe os judeus, quando se estabeleceram em Canaã, de praticar estas abominações:
fazer os filhos passarem pelo fogo;
entregar-se à adivinhação, prognosticar, agourar ou fazer feitiçaria;
fazer encantamento, necromancia, magia, ou consultar os mortos.


E Moisés acrescenta, no versículo 14:
"Porque essas nações, que hás de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores, porém a ti o Senhor teu Deus não permitiu tal coisa".

Assim está na tradução de Almeida, mas variando de forma, por exemplo, na edição das Sociedades Bíblicas Unidas e na edição mais recente da Sociedade Bíblica do Brasil.

Na primeira dessas edições (ambas da mesma tradução de João Ferreira de Almeida) lê-se, por exemplo:
"quem pergunte a um espírito adivinhante", e na segunda:
"quem consulte os mortos".

Na tradução de António Pereira de Figueiredo, lê-se:
"nem quem indague dos mortos a verdade".

Qual delas estará mais de acordo com o texto?
Seja qual for, pouco importa, pois a verdade dita pelos mortos ou pêlos vivos (estes, mortos na carne) é que tudo isso que Moisés condena, também o Espiritismo condena.

Não esqueçamos, porém, de que a condenação de Moisés era circunstancial, pois os povos de Canaã, que os judeus iam conquistar a fio de espada, eram os que praticavam essas coisas.

Mas a condenação do Espiritismo é permanente e geral, pois o Espiritismo, sendo essencialmente cristão, não se interessa por conquistas guerreiras e não faz divisão entre os povos.

Kardec adverte em O Evangelho Segundo o Espiritismo, livro de estudo das partes morais do Evangelho:
"Não soliciteis milagres nem prodígios ao Espiritismo, porque ele declara formalmente que não os produz". (Cap. XXI: 7).

Em O Livro dos Médiuns, Kardec adverte:
"Julgar o Espiritismo pelo que ele não admite, é dar prova de ignorância e desvalorizar a própria opinião". (Cap. 11:14).

Em A Génese e em O Livro dos Espíritos, como nos já citados, Kardec esclarece que a finalidade da prática espírita é moralizar os homens e os povos.

Quem conhece o Espiritismo sabe que todo interesse pessoal, particular, é rigorosamente condenado.

Adivinhações, agouros, feitiçaria, encantamentos, consultar interesseiras, são práticas de magia antiga, que Moisés condenou, como o Espiritismo condena hoje.

Mas o próprio Moisés aprovou a mediunidade moralizadora, a prática espiritual da relação com o mundo invisível, como veremos.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 10, 2012 9:31 pm

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11 - MOISÉS PRATICAVA E DESEJAVA A MEDIUNIDADE BEM ORIENTADA

As pretensas condenações da Bíblia ao Espiritismo, são condenações das práticas de magia, que os judeus haviam aprendido na Babilónia e no Egipto, e que iriam encontrar também em Canaã, pois os cananitas (habitantes da Palestina) como todos os povos antigos, davam-se a essas práticas.

Mas nos mesmos livros da Bíblia, em que aparecem essas condenações, há numerosas ordenações que os mais aferrados seguidores da Bíblia não obedecem.

Um pastor nos respondeu, em programa de televisão, que a sua igreja cumpria a "palavra de Deus" pela metade.

O que vale dizer que a palavra de Deus é por ela desrespeitada.

Preferimos cumprir a palavra de Deus integralmente, e por isso evitamos confundi-la com as palavras humanas e com a legislação envelhecida de povos antigos.

Conforme prometemos, vamos hoje demonstrar que Moisés, o grande legislador judeu, médium de excepcionais faculdades, não condenou, mas praticou a mediunidade e desejava vê-la praticada pelo seu povo.

Quanto à prática da mediunidade por Moisés, não precisamos fazer novas citações.

Ele recebia espíritos, conversava com espíritos, evocava espíritos, e além disso fazia-se acompanhar no deserto por uma equipe de médiuns, provocando até mesmo fenómenos de materialização.

Isso tudo já demonstramos.
Mas vamos agora a um episódio que pastores e padres não citam, mas que está na Bíblia, em todas as traduções.

O prof. Romeu do Amaral Camargo, que foi diácono da l Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, comenta esse episódio em seu livro espírita "De cá e de Lá".

É o constante do livro de Números, Cap. 11, versículos 26 a 29.
Foi logo após a reunião dos setenta médiuns na tenda, para a manifestação de Jeová.

Dois médiuns haviam ficado no campo: Eldad e Medad.
E lá mesmo foram tomados e profetizavam, ou seja, davam comunicações de espíritos.

Um jovem correu e denunciou o facto a Josué.
Este pediu a Moisés que proibisse as comunicações.
A resposta de Moisés é um golpe de morte em todas as pretensas condenações do Espiritismo pela Bíblia.

Eis o que diz o grande condutor do povo hebreu:
"Que zelos são esses, que mostras por mim?
Quem dera que todo o povo profetizasse, e que o Senhor lhe desse o seu espírito"!


Comenta o prof. Camargo:
"Médium de extraordinárias faculdades, Moisés sabia que Eldad e Medad não eram mercenários nem mistificadores, não procuravam comunicar-se com o mundo invisível, mas eram procurados pelos espíritos".

Como acabamos de ver, Moisés aprovava a mediunidade pura que o Espiritismo aprova e defende.

Mas o pior cego é o que não quer ver, principalmente quando fechar os olhos é conveniente e proveitoso.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 11, 2012 9:09 pm

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12 - JEOVÁ DAS LIÇÕES SOBRE FORMAS DE MEDIUNIDADE

Jeová ou lave, o Deus de Israel, como já vimos anteriormente, era o Espírito Guia do Povo Hebreu.
Para os povos antigos, os Espíritos eram Deuses, e o Deus de cada povo era a Divindade Suprema.
Esse o motivo por que Jeová se apresentava ao seu povo como se fosse o próprio Deus único.

E como se apresentava ele?
Através da mediunidade, ensinando aos homens rudes do tempo as verdades espirituais que deveriam frutificar no futuro.

É por isso que encontramos, nas páginas da Bíblia, não só o relato de fenómenos espíritas ocorridos com o povo hebreu, mas também ensinamentos precisos e claros sobre a mediunidade.

Logo após os episódios que comentamos, com fenómenos de materialização e de comunicações, o Livro dos Médiuns fornece-nos outros, em que vemos Jeová ensinar que a mediunidade tem várias formas, como o ensina hoje o Espiritismo.

A Bíblia está cheia desses ensinos, que só não vêem os cegos ou os que não querem ver.
Basta o leitor ler a Bíblia, de qualquer tradução, católica ou protestante, no Livro de Números, capítulo XII.

Pode ler todo o capítulo, ou apenas os versículos 5 a 8.
Nestes versículos, Jeová dá aos hebreus uma das lições que só muito mais tarde apareceria de novo, mas então no Livro dos Médiuns, de Allan Kardec.

Vejamo-la.
Miriam e Aarão falavam mal de Moisés, por haver ele tomado uma nova mulher, de origem cusita (era a mulher negra de Moisés).

Ora, Jeová não gostou disso e subitamente "desceu da nuvem", para repreende-los.

Descer da nuvem é materializar-se, pois a nuvem é simplesmente a formação de ectoplasma, como a Bíblia deixa bem claro nos seus relatos.

Imagina-se o Senhor do Universo, o Deus-Pai do Evangelho, fazendo esse papel de alcoviteiro!
Seria absurdo tomarmos esse Jeová, sempre imiscuído nos assuntos domésticos, pelo próprio Deus!

Como espírito-guia, podemos compreendê-lo.

E é como espírito-guia que ele repreende os maldizentes, castiga Miriam, mas antes ensina:
Primeiro, diz ele que pode manifestar-se aos profetas (médiuns) por meio de visão (da vidência) ou de sonhos.

Depois, lembrando que Moisés é o seu instrumento para direcção do povo, esclareceu:
"Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa", acrescenta: "Boca a boca fale com ele, claramente, e não por enigmas".

Cinco formas da mediunidade figuram no ensino bíblico:
1) a de vidência;
2) a de desprendimento, ou sonambúlica;
3) a de materialização;
4) a de voz-directa;
e
5) a de audiência.

O próprio Jeová ensinava a mediunidade, como o apóstolo Paulo, em l Coríntios, ensinaria mais tarde a fazer uma sessão mediúnica.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 11, 2012 9:10 pm

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13 – DEUTERONÓMIO CONFIRMA MEDIUNIDADE DE MOISÉS

Quem conhece o Deuteronómio, livro Bíblico sempre citado contra o Espiritismo, sabe que os seus melhores episódios são de ordem declaradamente mediúnica.

O próprio Moisés é constantemente citado como "mediador entre Deus e o povo".
A palavra "médium" é moderna, mas quer dizer o mesmo que "mediador".

A modernização dos textos bíblicos, feita por várias igrejas, chegou a incluir a palavra "médium" numa tradução clássica da nossa língua, mas somente quando aplicada para combater o Espiritismo.

Nenhum revisor sagrado das nossas traduções clássicas foi capaz da necessária coerência, substituindo a palavra "mediador", que se refere a Moisés, pela "perigosa" palavrinha espírita.

Mas o leitor perspicaz, mesmo que não seja espírita, logo percebe a manobra.
O capítulo V do Deuteronómio é inteiramente mediúnico.

Mas convém lembrar que os sucessos desse capítulo são melhor compreendidos quando lemos o Êxodo, caps. 18 a 20.

Nos versículos 13ª 16, do Cap. 18, vemos Moisés diante do povo, para ser o mediador, o intérprete, - mas na verdade o médium, - entre Deus e o povo.

Nos versículos 22 a 31, Cap. X do Deuteronómio, temos uma bonita descrição de conhecidos fenómenos mediúnicos:
o monte Horebe envolto em chamas, a nuvem de fluidos ectoplásmicos (materializantes), e a voz-directa de Jeová, que falava do meio do fogo, sem se apresentar ao povo.

E Moisés, como sempre, servindo de intermediário, na sua função mediúnica.

Por fim, Jeová recomenda a Moisés que mande o povo embora, mas permaneça com ele, para receber as demais instruções.
(Vers. 31, Cap. 5 de Deut.).

No famoso Cap. 18 de Deuteronómio, tão citado contra o Espiritismo, logo após os versículos das proibições, temos a promessa de Jeová, de que suscitará um grande profeta para auxiliar e orientar o povo.

Como fazia com Moisés, o próprio Jeová promete que porá as suas palavras na boca desse novo médium.

Não obstante, sabendo que todo médium está sujeito a envaidecer-se e dar entrada a espíritos perturbadores, Jeová determina que o profeta seja morto:
"se falar em nome de outros deuses".

Esta passagem (vers. 20 do Cap. XVIII) é uma confirmação bíblica do ensino espírita de que, naquele tempo, os espíritos eram chamados "deuses".

Jeová era espírito guia do povo hebreu, e por isso considerado como o seu Deus, o único verdadeiro.

Mas os profetas de Jeová podiam receber outros deuses, como Baal, Apoio ou Zeus, pelo que a proibição bíblica nesse sentido é terrível e desumana, como podemos ver nos textos.

A evolução espiritual do povo hebreu permitiria a Jesus vir corrigir esses abusos e substituir a concepção bárbara de Deus dos Exércitos pela concepção evangélica do Deus-Pai, cheio de amor com todas as criaturas.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 11, 2012 9:11 pm

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14 - COMO OS HOMENS CONSEGUEM AMOLDAR A PALAVRA DE DEUS

Entre as curiosas contradições dos que aceitam a Bíblia como a palavra de Deus, podemos citar o caso das alterações do texto, com a finalidade de adaptá-lo a interesses sectários.

Essas alterações vêm de longe e constituem um dos campos mais interessantes dos estudos bíblicos.

Kardec menciona, no capítulo quarto de O Evangelho Segundo o Espiritismo, uma referência livre de Jó à reencarnação, que aparece modificada na tradução católica de Sacy (francesa), na tradução protestante de Osterwald e na tradução da Igreja Ortodoxa Grega.

Nesta última, que é a mais próxima do texto original, o princípio da reencarnação está evidente.

Outra citação de Kardec, no mesmo capítulo, é de Isaías (Cap. 26, vers. 19) em que a expressão bíblica é bastante clara:
"os teus mortos viverão; os meus, a quem deram vida, ressuscitarão".

Essa passagem, como outras, é adaptada nas traduções, para esconder a crença dos profetas na reencarnação.

O texto de Jó (Cap. 15, vers. 10-14), aparece desta maneira na versão grega ortodoxa:
"Quando o homem está morto, vive sempre;
findando-se os dias da minha existência terrestre, esperarei, porque a ela voltarei novamente".


Temos aí uma síntese admirável do princípio da reencarnação, de pleno acordo com o Espiritismo:
morto o homem, não fica enterrado, mas ressuscita no corpo espiritual, como ensina o apóstolo Paulo.

Ressuscitado, espera no mundo espiritual o momento de voltar à vida terrena, a fim de prosseguir no seu desenvolvimento.

Todas as alterações, como se vê, caem fragorosamente diante dos estudos críticos da Bíblia, que revelam o verdadeiro sentido dos textos desfigurantes.

E cada alteração corrigida mostra que os textos originais confirmam os princípios do Espiritismo.

Mas as alterações não se deram apenas no passado.
Dão-se agora mesmo, aos nossos olhos.

Examine o leitor a última edição da Bíblia feita pela Sociedade Bíblica do Brasil e impressa em São Paulo, nas oficinas da "Impress".

A tradução portuguesa é a clássica, de João Ferreira de Almeida, mas "revista e actualizada no Brasil".

A revisão implicou a mudança de palavras, às vezes com a finalidade de enquadrar o Espiritismo nas condenações bíblicas às práticas da antiga magia.

É assim que, em l Samuel, como título do Cap. 28, encontramos o seguinte: "Saul consulta a médium de En-Dor".

E também no texto a palavra espírita "- médium" foi incluída.
Mas no Cap. 18 de Deuteronómio foram conservadas as expressões antigas: "adivinhos e feiticeiros".

Que diria disso o bom padre Almeida?
Como se vê, a palavra de Deus é moldada pelos homens, conforme as suas conveniências.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 12, 2012 10:05 pm

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15 - EXPRESSÕES E PALAVRAS DESFIGURADAS NA BÍBLIA

Estamos vivendo uma fase de intensa reformulação dos textos bíblicos.

A "Palavra de Deus" vem sendo alterada, modificada e muitas vezes arranjada, de acordo com os interesses dos homens.

Já existe mesmo uma tradução da Bíblia que se diz aceitável pelos materialistas.

A velha discussão sobre a Vulgata Latina levou os novos tradutores a recorrerem ao texto hebraico.

A tradução clássica do padre Figueiredo, segundo a Vulgata, é acusada de suspeitas, preferindo-se a do padre Almeida, que como vimos, também já foi modificada.

O religioso esclarecido sabe muito bem que as versões antigas da Bíblia estão superadas.

Mas há os que nada entendem e consideram o velho livro como intocável e imutável.
Esses acreditam cegamente nas pretensas condenações ao Espiritismo.

Para eles, só podemos repetir as palavras de Jerónimo de Praga, quando uma velhinha beata levou mais uma acha de lenha para a fogueira em que o queimaram: "Sancta Simplicistas".

A tradução dinamarquesa da Bíblia não trata dos dons espirituais.
O teólogo Haraldur Nielsson explica-nos a razão dessa aparente discrepância.

Pasmem os defensores do dogma da graça, que consideram Deus como chefe do partido a que pertencem!

O tradutor categorizado da Bíblia para o islandês, o rev. Nielsson, que fez a tradução a serviço da Sociedade Bíblica Inglesa, declara:
"No texto grego está a palavra Espíritos e não a expressão Dons Espirituais".

E acrescenta: "Em muitas traduções da Bíblia, esta passagem foi verificada de maneira confusa

apesar de não haver a menor dúvida quanto à verdadeira significação dos termos gregos do texto original: "epei zelotai este pneumaten".

Nielsson adverte ainda que os tradutores e revisores da Bíblia nem sempre tiveram a coragem de traduzir com exactidão os textos originais que se referem claramente à comunicação dos Espíritos.

E faz, correctamente, uma grave denúncia:
"Os teólogos prenderam os seus sistemas em pesadas e estreitas cadeias".

A Bíblia, estudada segundo o espírito que vivifica, sem os prejuízos da letra que mata, revela a sua face espirítica e por tanto mediúnica, como o demonstra o rev. Nielsson e como afirmou Kardec.

Trataremos mais amplamente dos Dons Espirituais.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 12, 2012 10:06 pm

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16 - EPISTOLAS TESTEMUNHAM MEDIUNIDADE APOSTÓLICA

A expressão Dons Espirituais, como a expressão Espírito Santo, não aparece nos textos bíblicos originais.

O rev. Nielsson declara, com sua autoridade de teólogo e traduzir da Bíblia:
"Os termos da Vulgata Latina, spiritum bonum, correspondem exactamente aos dos originais gregos.
A Vulgata não fala absolutamente em Espírito e Espírito Santo".


Isso, no tocante ao Novo Testamento, pois no Velho só se fala em Espírito e Espírito de Deus.

Quanto aos Dons Espirituais, a situação é a mesma.

Essa expressão aparece apenas nos textos paulinos, com a palavra grega charismata, que significa literalmente mediunidade, ou seja, a graça de ser intermediário entre os Espíritos e os Homens.

Os estudos do Rev. Haraldur Nielsson, enfeixados no livrinho O Espiritismo e a Igreja, recentemente lançado, esclarecem bem este assunto.

Nielsson nos mostra, com sua imensa autoridade, que a palavra transe vem da Bíblia, derivando directamente de êxtase.

Eis uma das suas afirmações:
"O próprio Paulo nos diz que estava frequentemente em transe.
O apóstolo Pedro conta-nos a mesma coisa".


E a propósito de João e sua advertência para examinarmos "se os Espíritos são de Deus", lembra que Paulo também adverte que:
"... ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz anátema contra Jesus..." (l Cor. XII:3).

A mediunidade era usada entre os judeus e entre os cristãos primitivos, e Nielsson acentua textualmente:
"Segundo a concepção dos tempos apostólicos, os Espíritos podiam ser bons ou maus, muito evoluídos ou inferiores e atrasados".

Isto explica as advertências apostólicas, pois nas assembleias cristas manifestavam-se também os maus Espíritos, amaldiçoando o Cristo para defenderem o Judaísmo ortodoxo ou mesmo para defenderem as religiões politeístas, que também usavam a mediunidade.

Vemos assim como são inúteis os ataques ao Espiritismo em nome da Bíblia, que é um livro mediúnico.
E como os espiritistas e o Espiritismo nada têm a temer da Bíblia.

E preciso apenas mostrar a verdade sobre a Bíblia, separar o que há nela de humano e divino, não aceitá-la de olhos fechados, dogmaticamente, como "a palavra de Deus", o que é simples absurdo proveniente de épocas de fanatismo.

A Bíblia é muito valiosa para os espiritistas estudiosos, porque é o maior e mais vigoroso testemunho da verdade espírita na Antiguidade.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 12, 2012 10:06 pm

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l7 - COMO OS APÓSTOLOS FAZIAM AS SUAS SESSÕES ESPÍRITAS[/i]

Qual era o culto dos cristãos na Igreja Primitiva?
Que responda o apóstolo Paulo, na l Epístola aos Coríntios.

Nas suas instruções para a celebração da ceia, (XI: 17-34), Paulo nos mostra que esta era simbólica e memorial.

Não se tratava propriamente de uma ceia, mas de uma cerimónia religiosa, e os participantes já deviam ter tomado em casa o seu alimento, para não perturbarem a reunião. Comia-se o pão e bebia-se o vinho.

Um pequeno pedaço de pão e uma pequena taça de vinho, em memória do Senhor.
Veja-se a advertência do vers. 34: "Se alguém tem fome, coma em casa, a fim de não vos reunirdes para juízo".

A cerimónia simbólica de pão e de vinho não era privativa dos cristãos.

Os próprios cananitas a usavam, a ceia maçónica primitiva se constituía dela, e as religiões idólatras a praticavam para os pagãos;
o pão representava a deusa Ceres e o vinho o deus Dionísio.
Para os cristãos, o pão representava a matéria e o vinho o espírito.


A união do espírito com a matéria produzia a "comunhão", que tanto pode ser a encarnação do espírito quanto a incorporação, o nascimento do ser humano ou a união de espírito como o profeta para a transmissão da comunicação mediúnica.

Os profetas eram chamados "pneumáticos", na expressão grega do texto, que quer dizer: cheios de espírito.

Havia dois tipos de espíritos: os de Deus, que eram bons, e os do Mundo, que eram maus.

A respeito das comunicações, Paulo é incisivo:
"A manifestação do espírito é concedida a cada um, visando a um fim proveitoso".

Reunidos os pneumáticos à mesa, em ordem, não se devia permitir o tumulto.

Paulo avisa:
"Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem".

Do Cap. XI ao XIV, Paulo ensina como se fazia a reunião "pneumática" da Igreja Primitiva, e essas regras são as mesmas das sessões mediúnicas de hoje.

O dogmatismo desfigurou a pureza do texto, através de interpretações erróneas ou capciosas.
Mas, apesar disso, o texto conserva o sentido verdadeiro, mesmo nas traduções actualizadas.

As citações acima são da tradução de Almeida, na recente edição da Sociedade Bíblica do Brasil, na qual foi introduzida a palavra "médium".

O estudo das expressões de Paulo nessa epístola, à luz dos estudos históricos e em confronto com todo o contexto escriturístico, mostra que os apóstolos e os cristãos primitivos faziam sessões espíritas.

E mostra mais: que nessas sessões, como nas actuais, manifestavam-se espíritos bons e maus;
aqueles, dando instruções e estes, necessitando de orientação espiritual.


Para esconder sua verdade, foram necessárias as "pesadas e estreitas cadeias" de que fala o rev. Haraldur Nielsson em seu livro O Espiritismo e a Igreja.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 13, 2012 8:49 pm

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18 - DEUS MORRE QUANDO OS HOMENS SE APEGAM À LETRA QUE MATA

Revistas inglesas, norte-americanas, alemãs e francesas vêm há meses anunciando a morte de Deus.

Uma revista brasileira aproveitou o assunto e os dados das revistas estrangeiras.
Não há nenhuma novidade no assunto, que outras publicações do mundo inteiro vão repetindo.

Nem se trata de campanha contra a ideia de Deus, como pretendem alguns religiosos de vistas curtas.

Simples questão de interesse jornalístico.
Mas a verdade é que tudo começou com os teólogos, os doutores da ciência de Deus, que já não sabem mais o que fazer com essa ciência.

A existência de ateus e a propagação do ateísmo não são novidades.
Os ateus já dominam politicamente mais da metade do mundo.
Ideologicamente representam a maioria das pessoas cultas.

Para todos eles, Deus já morreu há muito tempo.
As igrejas são importantes para devolver-lhes a fé.
Esse o motivo do desespero dos teólogos, que chegam* à conclusão de que Deus está morrendo e é necessário salvá-lo.

Mas é preciso não confundir Deus com a concepção antropomórfica de Deus.

O que está morrendo, e ninguém jamais conseguirá reabilitá-la, é essa concepção, oferecida ingenuamente pelos pregadores bíblicos a um mundo que não vive mais a fase agrária da civilização judaica antiga.

Os fanáticos da Bíblia não podem evitar a morte de Deus.
Quanto mais falarem e escreverem sobre Deus, mais o afastarão do espírito arejado dos homens modernos.

Porque a ideia de um Deus semelhante ao homem só podia servir para criaturas ingénuas, numa fase primária da evolução humana.

Enquanto os teólogos, os pregadores, os religiosos em geral, não se convencerem de que as Escrituras Sagradas não são tabus e devem ser estudadas no seu espírito, sem apego à letra, nada poderão fazer contra o ateísmo.

A concepção bíblica de Deus é alegórica, como já afirmamos numerosas vezes.
O Livro dos Espíritos ensina isso desde as suas primeiras páginas.

A própria Bíblia proíbe que façamos imagens de Deus, pois essas imagens são perecíveis.
Quando elas morrem, Deus pode morrer na alma desolada dos crentes.

Se quisermos evitar a morte de Deus na consciência humana, evitemos o literalismo bíblico e a idolatria.

Uma imagem mental de Deus é também um ídolo perecível, e quem a cultua não é menos idólatra que os adoradores de imagens materiais.

A concepção espírita de Deus está acima dessas controvérsias teológicas.

O Deus espírita não é um ídolo, mas aquela realidade que, como dizia Descartes, está na consciência do homem como a marca do artista na sua obra.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 13, 2012 8:49 pm

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19 - JESUS PROCLAMOU EM NAZARÉ O ANO AGRADÁVEL AO SENHOR

Jesus declarou, na sua prédica primeira na Sinagoga de Nazaré, ao ler Isaías e interpretá-lo:
"O espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres;
enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos e proclamar o ano aceitável do Senhor".


É o que consta dos versículos 18ª 19 do Cap. IV do Evangelho de Lucas, tradução de Almeida, revista e actualizada no Brasil.

Outras traduções mencionam, em lugar de "ano aceitável" o "ano agradável ao Senhor".
Esse ano era uma tradição judaica a que o Levítico se refere de maneira minuciosa (XXV: l-34).

Havia o ano Sétimo, o Sábado do Senhor, por analogia com a semana que era o ano do descanso da terra cultivada.
E havia o Ano do Jubileu, ou Quinquagésimo, que era o da Justiça, caracterizado na proclamação de Jesus.

De cinquenta em cinquenta anos se procedia a uma verdadeira reforma da estrutura agrária do Estado para o reequilíbrio das condições sociais, com libertação dos escravos.

Jesus serviu-se dessa tradição para anunciar a sua missão como a proclamação do Ano Agradável ao Senhor, ou seja, de uma nova fase da vida na Terra.

Um famoso pastor, o rev. Stanley Jones, chamado o Cavaleiro do Reino de Deus, estudou essa tradição em suas ligações com o Cristianismo dos primeiros tempos, demonstrando que os cristãos primitivos queriam realmente estabelecer na Terra o Ano Agradável ao Senhor.

A ideia do Novo Ano como oportunidade de renovação, de volta do homem para Deus e de sujeição das leis humanas às leis de Deus vem das próprias Escrituras.

Em O Livro dos Espíritos, de Kardec, obra básica do Espiritismo, essa ideia se traduz num esforço profundo de renovação pessoal e social, afirmando os Espíritos que a função da doutrina é renovar o mundo para aproximá-lo das leis de Deus cujo centro de gravitação é a "Lei de Justiça, Amor e Caridade", estudada num capítulo especial.

Aproveitemos a oportunidade do Novo Ano para ler esse capítulo do Livro III de O Livro dos Espíritos e meditar sobre as palavras de Jesus na proclamação de Nazaré.

O Cristianismo é o foco central de um processo histórico que vem do Judaísmo e se desenvolve no Espiritismo, segundo a promessa de Jesus no Evangelho de João.

A finalidade do Espiritismo é estabelecer na Terra o Ano Agradável ao Senhor, com a substituição do egoísmo e da ambição do homem velho pelo amor e a fraternidade do homem novo.

Que o Novo Ano nos ajude nessa renovação cristã.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 13, 2012 8:49 pm

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20 - A GÉNESE EXPLICADA A LUZ DOS PRINCÍPIOS ESPÍRITAS

O Espiritismo rejeita a concepção bíblica da génese ou procura explicá-la?

Como temos dito, repetindo afirmações de Kardec e Denis, o Espiritismo é a grande síntese do conhecimento.

Originada pelo desenvolvimento histórico do Cristianismo, essa síntese obedece à orientação do Cristo: não vem destruir ou negar, mas confirmar e explicar.

No caso da criação do mundo e do homem, segundo a Bíblia, ele confirma a realidade na alegoria e dá a explicação desta.

Impossível tomar-se hoje a Bíblia ao pé da letra.
É necessário penetrar o sentido dos seus símbolos, dos seus mitos, das suas alegorias.

No capítulo quatro de A Génese, Kardec estuda o problema à luz das conquistas científicas do seu tempo.

Mostra que o poema bíblico da Criação é uma explicação figurada, à semelhança da génese de todas as religiões antigas, e conclui:
"De todas as antigas géneses, a que mais se aproxima dos dados científicos modernos, apesar dos seus erros, hoje evidentemente demonstrados, é incontestavelmente a de Moisés".

Alguns dos seus erros, acrescenta, são mais aparentes do que reais, decorrendo de falsas interpretações de palavras nas traduções, de modificações semânticas ao longo dos milénios e de se tomar ao pé da letra as suas expressões e formas alegóricas.

O Livro dos Espíritos, no capítulo primeiro de sua terceira parte, traz um estudo intitulado "Considerações e concordâncias bíblicas referentes à Criação", que esclarece bem este assunto.

No capítulo décimo segundo de A Génese, reproduzindo o texto bíblico, Kardec o estuda em relação aos dados científicos, oferecendo um quadro comparativo da alegoria dos seis dias da criação com os espíritos da formação geológica determinados pela Ciência.

Acentua, porém, que a concordância não é rigorosa e não pode ser tomada como tal, mas basta para provar a intuição da realidade na alegoria bíblica.

Kardec conclui o capítulo afirmando: "Não rejeitemos, pois, a génese bíblica, mas estudemo-la, como estudamos a história da origem dos povos".

Hoje, os próprios teólogos católicos e protestantes estão endossando as explicações espíritas.
Há uma revolução teológica em marcha, que vem apenas confirmar a legitimidade da interpretação espírita das Escrituras.

Só os crentes fanáticos da Bíblia, os literalistas amarrados ao texto, ainda investem contra o Espiritismo de Bíblia em punho.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 14, 2012 8:24 pm

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21 - COMO DEUS TIROU O HOMEM DO BARRO OU PÓ DA TERRA

Todos conhecemos a alegoria bíblica da formação do homem, mas nem todos sabemos que, para muita gente, essa alegoria representa uma verdade incontestável, uma realidade.

Diz a tradução de Almeida, no Cap. II do Génesis, vers. 7:
"E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em seus narizes o fôlego da vida: e o homem foi feito alma vivente".

A mesma tradução, na edição revista e actualizada da Sociedade Bíblica do Brasil, corrige "narizes" para "narinas" e faz outras pequenas alterações.

Na tradução de Figueiredo "o pó da terra" é substituído pelo "barro da terra".

De qualquer maneira, o facto essencial é o mesmo em todas as versões bíblicas, ou seja:
Deus formou o homem da terra e assoprou-lhe a vida nas narinas.

O Espiritismo não pode admitir que essa alegoria, aliás muito bela e expressiva, seja tomada ao pé da letra.

Kardec admite, no Livro dos Espíritos, que Adão tenha realmente existido, como possível sobrevivente de um cataclismo na região citada pela Bíblia.

Mas adverte que é mais razoável considerá-lo como um mito ou uma alegoria, "personificando as primeiras idades do mundo".

A espécie humana não começou por um só homem.
Surgiu na Terra pelo encadeamento natural da evolução dos seres.

Em A Génese, Kardec estuda a posição do homem na escala animal e declara:
"Por mais que isso possa ferir o seu orgulho, o homem deve resignar-se a ver no seu corpo material o último elo da animalidade na Terra".

Há contradição, neste ponto, entre a Bíblia e o Espiritismo?
Kardec responde acertadamente que não.

Porque o Espiritismo apenas explica a alegoria bíblica, dá-lhe a necessária interpretação, esclarece-nos quanto ao espírito da letra, em vez de escravizar-nos à "letra que mata".

Os que, pelo contrário, se apegam à letra, acabam fazendo da Bíblia um livro absurdo, contraditório e inaceitável para as pessoas de discernimento.

Os Espíritos esclarecem bem esta questão, como vemos na pergunta 47 de O Livro dos Espíritos.

Kardec pergunta: "A espécie humana estava entre os elementos orgânicos do globo terrestre?"

E a resposta é a seguinte: "Sim, e veio a seu tempo; foi isso que deu motivo a dizer-se que o homem foi feito do limo da terra".

Como se vê, por esta clara resposta, a obra de Deus não se assemelha aos grosseiros trabalhos humanos.

Deus cria através de processos cósmicos ainda inacessíveis ao nosso entendimento.

Os livros bíblicos não poderiam tratar da criação do homem senão de forma alegórica.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 14, 2012 8:24 pm

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22 - EVA E A COSTELA ADÃO: UM MITO DE ORIGEM SOCIAL

Acreditam alguns comentaristas e exegetas que a alegoria bíblica da criação da mulher tinha uma finalidade social: incutir no homem o respeito pela companheira tirada da sua própria carne.

A verdade, ao que parece, é outra.
Esse objectivo seria melhor atingido se Deus criasse o casal ao mesmo tempo.

A Bíblia deu preferência ao homem e colocou a mulher em segundo plano.
O motivo deve ser a necessidade de atender aos preconceitos da época.

Mas é incrível que até hoje, no mundo inteiro, multidões de pessoas acreditem que Adão dormiu sozinho e acordou acompanhado de Eva, porque Deus lhe tirou uma costela e dela fez a primeira mulher.

A passagem figura no Cap. II do Génesis, versículos 18 a 25.
Note-se que Deus já havia criado todas as coisas, o mundo já estava feito e povoado de animais, com Adão solitário no Éden, quando a mulher foi criada.

Tudo concorre para a sua situação de dependência e subserviência das sociedades patriarcais.
O próprio Moisés não compreenderia a mulher criada ao mesmo tempo que o homem.

Por isso, o espírito-guia do povo hebreu, que na verdade era o deus-familiar de Abraão, Isaac e Jacó, lançou mão dessa alegoria ingénua e poética, proveniente de lendas folclóricas.

Quem estuda, na História das Religiões e na Antropologia cultural, o problema das cosmogonias antigas, não tem dúvida quanto à natureza lendária e alegórica dessa passagem bíblica.

Basta recordar os processos mitológicos de criação, em que os próprios deuses eram tirados do corpo de outros deuses e as criaturas humanas também, como no caso muito conhecido da descendência de Brama, na índia.

Aceitar, pois, literalmente, o relato bíblico da criação da mulher é deixar de lado a nossa faculdade de pensar, que Deus nos deu para que seja usada e desenvolvida cada vez mais.

A situação de dependência da mulher se justifica ainda com a alegoria do pecado original, pois é a mulher, criatura inferior, que põe o homem a perder.

O Cristianismo veio modificar essa situação, típica das sociedades patriarcais de toda a Antiguidade, ao valorizar a mulher no plano espiritual, como vemos no Novo Testamento, a começar do nascimento do Messias.

O Espiritismo, que representa o desenvolvimento natural do Cristianismo, completa essa modificação, ao revelar que homem e mulher só existem como expressões da vida nos planos inferiores.

O espírito não tem sexo e se encarna neste ou naquele sexo de acordo com as suas necessidades evolutivas.

Por isso Jesus ensinou que os espíritos "nem se casam nem se dão em casamento, pois são como os anjos do céu", como vemos na passagem de Mateus sobre a ressurreição (Mateus, 22:23-33).

E Paulo sustenta o mesmo princípio, afirmando que em Cristo, na vida espiritual que ele nos oferece: "não há nem homem nem mulher". (Gaiatas,
3:28).

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 14, 2012 8:25 pm

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23 - ALEGORIA DA QUEDA DO HOMEM NA BÍBLIA

O dogma da queda do homem é sustentado no campo religioso como um dos mistérios de Deus, impenetrável à inteligência humana.

Seu fundamento bíblico é o Cap. III do Génesis.

Todos conhecem a lenda poética da árvore proibida, no meio do jardim do Éden, com a serpente demoníaca (a piton grega) enganando Eva, que leva Adão ao pecado original da desobediência.

Mas em virtude do dogmatismo fideísta das religiões, poucas pessoas admitem a natureza alegórica desse conto ingénuo.

O símbolo está evidente, à flor da pele.
Mas os que consideram a Bíblia como a palavra de Deus não podem admiti-lo.
Entendem a alegoria como realidade divina, tomando-a simplesmente ao pé da letra.

Kardec explica em A Génese, Cap. XII, toda a simbologia dessa passagem bíblica:
Adão é a personificação da Humanidade e sua falta representa a fragilidade humana;
a árvore da vida é o símbolo da vida espiritual, que desenvolve a consciência humana e o livre-arbítrio da criatura;

o fruto proibido está no meio do jardim de delícias, porque é a tentação dos prazeres materiais;
a desobediência de Adão e Eva é a violação das leis de Deus pela concupiscência do homem;
a serpente é a imagem da perfídia, da maldade que incita os outros ao erro.


Pergunta Kardec:
"Porque impor à fé ingénua da credulidade infantil, como verdades, alegorias tão evidentes, falseando O seu julgamento e fazendo-as mais tarde encarar a Bíblia como um conjunto de fábulas absurdas?"

Além disso, Kardec estuda o verdadeiro sentido dos termos bíblicos em sua origem hebraica e estabelece comparações entre o texto sagrado e conhecidas alegorias mitológicas.

A forma das alegorias bíblicas é bela e o seu sentido é profundo.

Mas essa beleza e essa profundidade são transformadas em absurdo e ridículo pela interpretação literal.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 15, 2012 9:07 pm

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24 - MOSTRA A BÍBLIA QUE ADÃO NÃO FOI O PRIMEIRO HOMEM

Expulso do Éden, o casal primitivo teve dois filhos: Caim e Abel, segundo nos relata o Cap. IV do Génesis, versículos l a 16.

Estava assim iniciada, segundo as religiões dogmáticas, a raça humana na Terra.
Mas a própria bíblia desmente essa suposição, ao declarar, logo no vers. 2, que "Abel foi pastor e Caim lavrador".

Nos versículos 14 e 15 vemos Caim temer que "outros" o matem e o Senhor "pôs um sinal em Caim, para que não o ferisse de morte quem quer que o encontrasse".

E o versículo 16 nos oferece esta preciosa informação: retirando-se da presença do Senhor o renegado Caim "habitou na terra de Node, ao oriente do Éden".

Não precisamos sair dos limites desse capítulo 4 do Génesis para ver que Adão e Eva não iniciaram a raça humana, mas apenas a sua própria descendência, num mundo já povoado há muito tempo.

Os versículos seguintes confirmam isso plenamente.

Que faz o Espiritismo em face deste problema?
Rejeita e condena a Bíblia como falsa?

Não. Pelo contrário, procura interpretá-la em espírito e verdade, em vez de apegar-se às contradições e aos absurdos da "letra que mata".

No capítulo XI de A Génese, Kardec explica que a chamada raça adâmica foi uma das últimas a surgirem na Terra.

"O Génesis no-la mostra, - diz ele, - desde o seu início, industriosa, apta para as artes e as ciências, sem haver passado pela infância intelectual, o que não é próprio das raças primitivas, mas concorda com a opinião de que ela se compunha de Espíritos já avançados".

Caim era lavrador, Abel era pastor, e logo mais veremos Caim casar-se (com quem?) ter filhos e construir uma cidade.

Tratemos agora do fratricídio de Caim, cujo símbolo é também dos mais significativos.
Vemos na Bíblia que Caim matou Abel por ciúmes de Deus.

Ambos haviam oferecido ao Senhor as primícias de seus trabalhos;
Caim, os frutos da terra, Abel, os gordos rebentos do seu rebanho.
O que mostra que já viviam na era das civilizações agrárias.

Mas o Senhor não gostou da oferta vegetal, preferindo a de carne.
Como todos os deuses antigos, o Deus Único da Bíblia também gostava mais de carnes que de frutas.

A alegoria é evidente:
Caim representa o egoísmo humano de uma raça em desenvolvimento, Abel é a vítima inocente desse egoísmo feroz;

Deus pune Caim, mas não o aniquila, por que ele precisa continuar progredindo;

e o Deus em causa não é o verdadeiro Deus, mas um guia espiritual, que representa o Senhor perante a ingenuidade desse povo nascente.


É inacreditável que ainda hoje nos queira impingir essas alegorias em seu sentido liberal!

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 15, 2012 9:08 pm

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25 - CAIM FUNDOU UMA CIDADE SEM TER QUEM HABITÁ-LA!

Com quem se casou Caim, ao retirar-se para a terra do Node?

Se Adão e Eva eram as primeiras criaturas humanas.
Caim era a terceira.
Não haveria mais gente em toda a Terra.

Mas a Bíblia nos conta o seguinte:
"E coabitou Caim com sua mulher;
ela concebeu e deu à luz Enoque.
Caim edificou uma cidade e lhe chamou Enoque, o nome de seu filho".

(Génesis, IV: 17).

Não há explicação teológica que possa resolver as contradições do texto.

É evidente que Caim não era a terceira criatura da Terra, mas apenas o primeiro descendente de uma nova raça, que surgia num mundo já povoado e evoluído.
A mulher de Caim era de outra raça, do povo que habitava a terra de Node.

Os costumes da época ressaltam de todo o texto.
Ao construir uma cidade, Caim lhe deu o nome do filho, homenagem comum nos tempos antigos e ainda hoje comum entre os pioneiros de zonas novas.

E com que povo ia Caim povoar a sua cidade?
Pensaria em fazê-lo apenas com a sua geração?


Claro que isso seria absurdo.
Era o povo de Node que teria de habitar a cidade de Caim.

O facto mesmo de Caim ser pastor e Abel lavrador já nos mostra que Adão e Eva viviam numa civilização constituída.

Se já havia profissões, divisão do trabalho, especialização da produção e até mesmo fundação de cidades, é evidente que o mundo não estava começando, mas já havia começado há muito tempo.

Não se pode ajeitar as coisas, diante destes dados do texto.
O que se pode e deve fazer é interpretar o texto, desvendar-lhe o sentido, decifrar-lhe o símbolo como o fez Kardec.

A raça adâmica era uma nova raça que surgia na Terra, proveniente de migrações espirituais.
Sua missão era auxiliar o desenvolvimento do planeta, ajudar os seus habitantes primitivos a se elevarem espiritualmente.

Não surgia milagrosamente, mas de forma natural, por descendência biológica de outras raças mais aperfeiçoadas.

Entretanto, como era necessário preservar a condição evolutiva dessa raça, a fim de que ela não se perdesse na animalidade terrena, a Bíblia usou o mito da criação directa de Adão e Eva por Deus.

A descendência de Caim e a genealogia do povo hebreu, que vêm nos versículos seguintes da Bíblia, desse mesmo capítulo IV: 17-26, e do capítulo V: l -32, provam precisamente o que acabamos de acentuar.

Os casamentos ali referidos não podem ser explicados sem a existência de outros povos, na Terra, como não se pode admitir que a corrupção do género humano tenha ocorrido na descendência de Adão.

Insistir na aceitação literal dessas coisas, a pretexto de que a Bíblia é "a palavra de Deus", só serve para desmoralizar a Bíblia e a própria religião.

Já é tempo das criaturas pensantes examinarem problemas tão sérios com maior seriedade.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 15, 2012 9:08 pm

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26 - OS FILHOS DE DEUS CASARAM COM AS FILHAS DOS HOMENS

Como se multiplicou a raça adâmica na Terra?

O capítulo VI do Génesis nos conta isso.
E os versículos de l a 7 confirmam plenamente que Adão não era o primeiro homem nem Eva a primeira mulher.

Vemos no versículo 2 a distinção entre os adâmicos, chamados filhos de Deus, e as suas esposas, chamadas filhas dos homens.

Explica, pois, a própria Bíblia, o casamento de Caim.

O versículo 4 é explícito:
"Ora, naquele tempo havia gigantes na Terra;
e também depois, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos;
estes foram valentes varões de renome na Antiguidade".


Vemos assim que a Terra estava povoada de gigantes, ou seja, dos descendentes dos homens primitivos com que Deus a povoara, muito antes da vinda da raça adâmica.

Porque a Bíblia os chama de gigantes?
As pesquisas científicas demonstram que os homens primitivos eram gigantes.

Muitas raças conservavam ainda proporções gigantescas.
Ligando-se a isso a influência da tradição mitológica e os excessos de imaginação, tudo se explica racionalmente.

Um exemplo histórico nos auxilia a compreender esses supostos mistérios:
os portugueses (filhos brancos do Deus Europeu) casaram-se com as índias (filhos dos homens primitivos no Brasil) e deles nasceram os homens que continuariam a raça de gigantes do Planalto de Piratininga (os Bandeirantes).

Os descendentes de Adão e Eva não constituíram, pois, o género humano, mas apenas contribuíram para o seu desenvolvimento na Terra.
Como ensina Kardec, em A Génese, Cap. XI :40, a raça adâmica veio impulsionar o progresso.

E todo progresso acarreta a superação de costumes e tradições, a substituição de valores antigos por novos, mudanças profundas nas formas de relações humanas, com fases intermediárias de aparente anarquia, que são sempre consideradas como de corrupção de costumes.

Daí o dogma bíblico da "corrupção do género humano", provocando a ira de Deus e o castigo de Deus, por motivo de dissolução de costumes, as catástrofes geológicas, as trombas d'água e as inundações que dizimam em geral criaturas inocentes, em zonas sempre acusadas de dissolutas.

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