LUZ ESPÍRITA
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Luz que nunca se apaga - Bento José / Sandra Carneiro

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Luz que nunca se apaga - Bento José / Sandra Carneiro - Página 4 Empty Re: Luz que nunca se apaga - Bento José / Sandra Carneiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 04, 2015 12:09 pm

— Quero ver minha mãe, minha família. Não quero ficar aqui, Lívia.
Agradeço muito o que você fez por mim, mas quero voltar, quero estar próximo de minha família, minha casa, meus amigos, minha vida...
— Sua vida agora é aqui, Serginho.
Há tanto a aprender, existem infinitas possibilidades que você ignora...
Tantas novas experiências o aguardam...
Não há mais nada a fazer em sua antiga vida; só sofrimento, acredite-me.
Não será bom para você.
Aproveite a ajuda enorme que recebeu e comece vida nova.
Lívia apelava com ternura para o bom senso e o raciocínio do primo, porque sabia o que o aguardava caso decidisse retornar.
E quanto mais ela argumentava, mais Serginho sentia crescer a saudade do antigo lar e o desejo de voltar.
As lembranças acentuavam-se, as recordações lhe traziam imagens claras e podia quase sentir o cheiro agradável do café que todas as manhãs a mãe preparava.
— Quero voltar, Lívia.
Quero estar com eles.
— Mais tarde, quando estiver ambientado à nova vida, você poderá fazer breves incursões pela antiga casa, sem se prejudicar, Serginho.
Por enquanto é prematuro; irá sentir-se muito fraco, em especial emocionalmente.
Não está pronto para retornar.
— Mesmo assim, é o que quero fazer.
Quero voltar. Quero ficar próximo da minha família.
— Você vai se arrepender.
— Não acredito.
Meu lugar é lá e não aqui.
— Está bem, Serginho.
Tenho de conversar com alguns amigos que foram importantes no seu resgate, e trago logo a resposta.
De qualquer forma, precisamos da autorização deles.
Enquanto Lívia se dirigia calma e serenamente por uma das vielas ladeadas de pequenas flores coloridas, num imenso parque, Serginho, ansioso, observava o que havia ao seu redor, sem, no entanto, atentar para a beleza do lugar, a pureza do ar e a suavidade do ambiente.
Só tinha um pensamento: regressar ao antigo lar.
E a ansiedade o dominava por inteiro.
Depois de algum tempo, Lívia retornou com ar sério.
Já não sorria descontraída como fizera todo o tempo que ficara ao lado do primo.
Parecia mais compenetrada e preocupada.
Ao vê-la e notar-lhe o semblante sério, Serginho levantou-se:
— O que foi?
Não vão me deixar ir?
— Prepare-se.
Estamos a caminho.
Esperamos Josué e António, dois amigos que nos acompanharão.
Eles estarão aqui em breve e partiremos de imediato.
— Então por que está tão séria, Lívia?
— Você não entende, não é?
— Não entendo o quê?
— Entristeço-me porque sei o que o aguarda.
— Não adianta querer me convencer a ficar.
Eu quero voltar!
— E vai voltar, não se preocupe.
Em poucos minutos António e Josué juntaram-se a eles e iniciaram o regresso, Serginho amparado por Lívia de um lado e António do outro, com Josué à frente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 04, 2015 12:09 pm

— Segure-se em nós dois e ore.
Feche os olhos e ore.
Logo chegaremos, mas não pare de orar.
— Por quê?
— Serginho, ao menos nisso você tem de colaborar.
Se quer voltar, precisa ajudar.
— Está bem.
Pode ser o Pai-nosso?
— Claro que sim.
O rapaz fechou os olhos para melhor concentrar-se e começou a orar.
Repetiu a prece algumas vezes e então ouviu a voz de Lívia:
— Chegamos.
Serginho, ansioso, abriu os olhos e perguntou:
-Já?
Estavam em frente à porta de sua casa.
— Aqui estamos, meu primo.
Lembre-se de que a oração é forte ligação com Deus.
Se tiver problemas, não hesite em orar.
Não se esqueça disso, está bem?
— Claro. Obrigado, Lívia, obrigado por tudo.
Obrigado, António; obrigado, Josué.
Ficarei bem, não se preocupem.
Lívia olhou para o primo e beijando-o na face despediu-se.
Sozinho diante daquela porta, Serginho ficou emocionadíssimo.
Nunca sentira tanta saudade daquelas escadas que tantas vezes subira e descera tão alegremente.
Ficou ali olhando a porta e as escadas por longo tempo, sem coragem para entrar.
Por fim, ao sentir-se preparado, procurou abrir a porta, sem sucesso.
Tocava-a e era como se ela lhe escorregasse das mãos.
Não conseguia fazê-la abrir-se.
Tentou com insistência, e não teve sucesso.
Pela primeira vez percebeu que realmente estava numa condição diferente.
Sentou-se na beira da calçada para esperar, enquanto pensava:
"Bom, em algum momento, alguém vai aparecer e entro junto".
Serginho observava outras pessoas que caminhavam pela rua, pelas calçadas, algumas com olhar triste, outras totalmente transtornadas.
O que estaria ocorrendo com elas?
Normalmente o lugar onde morava era tranquilo, com gente comum a andar pela calçada; já aquelas pessoas, na maioria, lhe pareciam desesperadas, verdadeiras almas penadas.
Umas passavam por ele como se não o vissem, outras o olhavam e nada diziam.
Achou tudo estranho demais...
Muito tempo depois, uma perua escolar estacionou e Sueli e Fábio desceram, conversando despreocupados.
Vinham falando sobre algo que acontecera na escola naquele dia.
Assim que os viu, Serginho levantou-se feliz e saudoso.
Queria abraçar os irmãos e correu ao encontro deles:
— Sueli, que saudade!
Fábio, como você está, garoto?
Eles continuavam conversando, e passaram por Serginho como se fosse por dentro dele.
Sem tempo até para demonstrar seu pavor, o irmão os seguiu rapidamente, pois tinha de aproveitar e entrar com eles na casa.
Quase se colou a Sueli, e atravessou a porta antes que ela a fechasse outra vez.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 04, 2015 12:09 pm

Quando se viu no antigo lar, o jovem emocionou-se intensamente.
A mãe, como de hábito, estava na cozinha terminando de preparar o almoço.
Serginho queria abraçá-la.
Aproximou-se e beijou-a na face.
Ela nada percebia.
Queria que o abraçasse também, era isso que desejava, porém dona Eugenia ficou conversando com os outros filhos, sem notar sua presença.
Sentiu-se rejeitado.
Deixou a cozinha e foi ao antigo quarto, desejoso de rever suas coisas.
Surpreendeu-se ao encontrá-lo totalmente diferente, transformado em um quarto de hóspedes.
Apenas sua bateria estava ali, todinha montada.
Decepcionado, pensou:
"Eles mudaram tudo!
Minhas roupas, minhas coisas, não tem mais nada aqui!
Só restou a bateria!".
Serginho sentou-se em um canto do quarto e, segurando os joelhos com os braços, chorou sentido.
Estava profundamente angustiado.
De súbito, ouviu uma voz bem perto:
— Está triste, garoto?
Quer ajuda?
Serginho levantou-se, espantado.
— Quem é você?
— De vez em quando ando por aqui.
Geralmente não consigo ficar por muito tempo, porque tem uma mulher que fica rezando a toda hora; a casa se enche de luz e tenho de sair, ir embora.
Mas vejo que você está muito sozinho, precisando de companhia.
Ao verificar o olhar inquieto e esquisito do homem que lhe falava, Serginho respondeu assustado, enxugando as lágrimas:
— Obrigado, estou bem.
Quero ficar sozinho.
— Nunca estamos sozinhos, rapaz.
Há sempre alguém nos observando.
— Como assim?
— Se você não pode ver a todos, muitos podem vê-lo sem que perceba.
Alguns sabem fazer isso muito bem.
Tome cuidado.
— Vou tomar.
Agora quero ver minha mãe.
Serginho ergueu-se e voltou para a cozinha.
Quando entrou, percebeu que aquele homem que encontrara continuava ao seu lado.
— O que quer aqui?
Pode ir embora!
— O, rapaz, faço o que quero, vou para onde quero, você não pode me dar ordens, não.
Se quiser, passo a morar aqui e pronto.
Você não pode fazer nada.
Serginho calou-se.
Tentou participar da conversa da mãe com os irmãos, mas não conseguia tirar a atenção daquele homem que insistia em ficar por perto.
Subitamente angustiado e fraco, sentou-se no chão da cozinha, a fitar a mãe e os irmãos que tanto amava...
Tinha vontade de gritar que os amava, em alto e bom som.
Entretanto, nada podia fazer...
Eles não o ouviriam.

6 Desencarnar: mais informações em notas complementares
7 Perispírito: idem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 04, 2015 12:10 pm

Capítulo 17 - O Evangelho no Lar

Alguns dias se passaram. Serginho sentia fome e sede; estava fraco.
Ainda que junto da família, como havia desejado, via-se invadido por aflição e tristeza.
E havia aquele homem estranho sempre próximo, incomodando-o, e muitas vezes vinha acompanhado por outros.
Naquela noite, após o jantar, viu chegarem outras pessoas.
Todas tinham aparência de doentes, e na grande maioria não viam Serginho.
Pareciam conduzidas por outras, que por sua vez não eram vistas pelo rapaz.
Este notou que a sala onde sua família se reunia foi tomada por nova claridade.
Todos participavam, inclusive seu pai.
O homem que constantemente perambulava por ali disse a Serginho:
— Bom, vou dar umas voltas.
Hoje é dia do Evangelho no Lar, aqui.
Eles são espíritas e cismam de realizar esse tal de Evangelho todas as semanas.
É um horror. Quase sempre tenho de sair, como hoje, e às vezes é difícil voltar...
O homem disse aquilo e saiu através da parede da sala, diante do olhar surpreso de Serginho.
— Será que é assim que a gente se movimenta por aqui? - indagou a si próprio.
No mesmo instante, viu dois homens que lhe sorriam.
— Como vai, Serginho?
— Vocês me conhecem?
— Sim, bastante.
Somos assíduos frequentadores do Evangelho na casa de seus pais.
Temos participado desde quando sua mãe começou sozinha a estudá-lo.
Ver agora a família toda unida em torno do Evangelho é motivo de muita alegria, pois certamente terão suas forças redobradas.
— Quem são vocês?
— Somos amigos.
— Sim, mas quem são?
— Somos amigos de sua família e, quando estamos em trabalho por perto, sempre participamos.
Soubemos do seu resgate e ficamos felizes.
Pena que você decidiu voltar.
Não tem mais nada a fazer aqui, Serginho, não percebe?
— Já sei, foi a Lívia que pediu que vocês viessem me obrigar a ir embora.
— De forma alguma!
Ninguém vai obrigá-lo a nada, pode ficar tranquilo.
Você sempre fará suas escolhas.
— Lá vêm vocês de novo com essa conversa de escolhas...
Serginho ia questionar os dois homens, quando eles pediram silêncio.
O Evangelho ia começar.
Serginho sentiu-se um pouco mais leve e reconfortado naquela noite, como se tivesse sido alimentado.
Ao final, os dois homens, que haviam permanecido o tempo todo com os olhos fechados e os braços estendidos sobre cada pessoa da família, alternadamente, dirigiram-se ao jovem mais uma vez:
— Tem certeza de que não quer voltar para junto de Lívia?
Podemos ajudá-lo.
— Certeza absoluta.
Estou bem aqui.
Sem dizer mais nada, os dois partiram, bem como aqueles que pareciam doentes.
Serginho sentou-se no sofá, ao lado da mãe, com a impressão de estar absolutamente só.
Dona Eugénia sentiu um aperto no peito e pensou no filho.
Ao deitar-se, orou por ele com pleno sentimento de amor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 04, 2015 12:10 pm

***
Os dias se sucediam e a vida na casa do jovem transcorria normalmente.
Por diversas vezes, viu a mãe chorando com sua foto nas mãos, escondida dos outros filhos e do marido.
No restante, contudo, a vida deles continuava.
Via que todos tinham seus afazeres e seus interesses.
Ele observava a si próprio, triste e acabrunhado, fraco, quase sem poder andar direito e completamente desanimado.
Sentia-se sem esperanças, sem nada.
Apenas as lembranças de sua antiga vida estavam sempre com ele; daquela vida para a qual não poderia mais regressar.
Abatido ao extremo, percebeu que os únicos momentos de maior alívio eram os que tinha no dia do Evangelho.
Naqueles cinquenta minutos, ficava mais disposto e com a sensação de que ainda poderia ser feliz.
Quando o Evangelho terminava, via-se novamente entristecido e sem forças.
Foi aí que os estudos realizados na casa passaram a despertar-lhe maior atenção e compreensão.
Devagar, e sem dar-se conta, o rapaz começava a captar as verdades espirituais, com as quais lutara tão teimosamente.
Dona Eugénia, intuída pelos espíritos amigos, passou a fazer comentários mais extensos sobre a vida espiritual, apoiada nas coisas que vinha aprendendo nos livros.
Serginho, apesar de ainda resistir a aceitar a realidade, percebia que não mais poderia ignorá-la.
Dia após dia, foi entendendo alguns fatos que lhe pareciam muito estranhos a princípio, e ficava ansioso para que a noite de Evangelho chegasse.
A medida que compreendia um pouco mais, tomava consciência de sua situação e de como deixara para trás, junto de Lívia, algo importante que desconhecia.
Sua condição começou a causar-lhe grande aflição.
Então uma noite, logo após o Evangelho, totalmente esgotado ele orou:
"Meu Deus, estou desesperado!
Não tenho mais lugar nesta vida, e não quero outra!
Me ajude a aceitar o que me aconteceu!
Meu Deus, me ajude!
Pai-nosso que estás nos céu, santificado seja teu bendito nome"...
Sua súplica era sincera e estava dominado por forte emoção, enquanto copioso pranto lhe banhava o rosto.
Ao final da oração, sentiu alguém tocar sua face:
— Finalmente, está começando a compreender, Serginho.
Há algo muito melhor aguardando você.
Só precisa querer!
— Lívia! Você!
Não está chateada comigo por não ter ouvido o que me dizia!1
Estou envergonhado...
— Não se entristeça por isso.
Sei que muitas vezes precisamos ver com nossos próprios olhos para acreditar.
Acho que já chega de sofrer, não!
Podemos ir?
Serginho levantou-se, auxiliado pela prima.
Olhou uma vez mais tudo ao seu redor com carinho e saudade indescritíveis.
Era difícil para ele a partida.
Ainda desejava ficar.
Foi até o quarto da mãe, que se preparava para dormir.
Olhou-a com ternura, e envolveu-a em forte e suave abraço.
Depois fitou o pai, que lia, acomodado à cabeceira da cama.
Percebeu que uma luz branda banhava aquele quarto.
Pela primeira vez, desde que retornara ao lar, enxergava aquela luz suave, que não dependia da lâmpada nem da claridade do sol.
Era uma luz que emanava da própria casa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 05, 2015 10:39 am

Em seguida, foi até o quarto dos irmãos.
Achegou-se a Sueli, que dormia calmamente.
Beijou-a na face, e ela remexeu-se na cama balbuciando as palavras:
— Eu amo você, Serginho, e sinto saudade.
Serginho, que se fazia acompanhar por Lívia, interrogou-a:
— Ela pode me ver?
— Não. Mas como Sueli é sensitiva, percebe-lhe intensamente a presença, mesmo sem ter consciência disso.
Você notou como ela se tornou mais triste nos últimos meses?
— E verdade.
A mãe ainda comentou isso dias atrás.
Vi que estava preocupada com Sueli.
— Pois é, Serginho, essa tristeza é sua.
— Como assim?
— Não é um sentimento propriamente da Sueli, e sim seu.
Ela apenas absorve sua tristeza, como um rádio capta ondas magnéticas.
A mente dela, especial e preparada para captar as ondas de outras mentes, e afinada como estava com você, apreendeu imediatamente suas emoções.
Sueli está adoecendo lentamente.
Será muito bom para ela que você se afaste agora, para que possa se recuperar.
Sem dizer nada, ele olhou-a mais uma vez e, afagando seu rosto com delicadeza, disse-lhe:
— Desculpe, Sueli, não queria te deixar triste.
Sueli remexeu-se na cama e sorriu, serena.
Depois foi a vez de Fábio.
Serginho entrou no quarto e contemplou algumas fotos suas pregadas à parede do quarto do irmão.
Quanta admiração nutria por ele!
Percebeu o carinho que tinha de toda a família e seu desejo de ficar cresceu ainda mais.
Lívia, observando-lhe a dificuldade, abraçou-o e disse:
— Algo muito melhor o aguarda, acredite em mim.
Você irá compreender.
Depois, no futuro, poderá estar sempre perto deles, você verá!
— Queria falar com minha mãe, dizer quanto a amo...
E como sinto por lhe causar tanta tristeza...
Queria dizer a todos eles quanto os amo também...
E que continuo vivo!
— Você poderá fazê-lo, no momento certo.
— Promete?
— Prometo.
Agora, segure-se em mim e vamos.
Serginho deixou-se por fim conduzir pelos braços firmes da prima e, fechando os olhos, começou a orar enquanto partiam.
As lágrimas corriam pelo seu rosto, porém ele não tinha mais forças para resistir.
Sabia que precisava aceitar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 05, 2015 10:39 am

Terceira Parte - O Aprendiz

Capítulo 18 - Novas lições


A partida foi extremamente dolorosa.
Agora que Serginho tinha consciência da sua condição actual, a separação daqueles que tanto amava lhe dilacerava a alma; era como se um grande machado tivesse feito um buraco em seu coração e retirado dele um pedaço.
Que dor no peito, no corpo inteiro!
Ao chegarem na colónia, Lívia levou-o novamente ao pequeno quarto, onde despertara após o socorro inicial, e falando-lhe com ternura pediu:
— Descanse, você precisa recobrar as forças.
Descanse, durma.
Você se sentirá bem melhor mais tarde, e então poderemos conversar.
Temos tempo para falar.
Deve recuperar as energias para que possa compreender o que o espera.
— Não tenho vontade de nada, Lívia; queria que a morte fosse um silêncio profundo, que não houvesse nada...
— Não diga isso, Serginho.
Você não sabe o que esta falando.
Há vida aguardando por você; novas alegrias, muitas coisas boas...
Não se deixe abater dessa forma.
Agradeça a Deus por estar aqui, Serginho, entre amigos.
Agradeça e não desanime.
Com o olhar cansado e quase sem forças ele balançou a cabeça, envergonhado.
Sabia que ela estava certa, e queria confiar no que dizia.
Enfiou-se na cama e fechou os olhos, tentando dormir.
Seus pensamentos eram confusos e sentia o coração agitado e aflito.
Porém, aos poucos, envolvido na suavidade e na serenidade indefiníveis do lugar em que se encontrava, deixou seus olhos pesarem mais e mais e, finalmente, entregou-se ao sono reparador.
***
Dias mais tarde despertou refeito, recebendo os raios de sol que entravam suaves no pequeno quarto. Levantou-se e procurou água.
Ao ver um pequeno jarro com água fresca notou que alguém havia cuidado dele enquanto repousava.
Minutos depois Lívia entrou animada:
— Puxa! Que bom que acordou!
Esteve dormindo por longo período!
— Quanto tempo?
Será que foi por mais um ano e meio?
— Não, claro que não.
Dormiu por três dias.
— Menos mal.
— Vejo que já está mais refeito.
— Um pouco, mas ainda sinto uma estranha dor no peito.
Quando retornávamos, julguei ser a dor da separação; hoje percebo que é como se meu peito se partisse...
Dói muito.
— Precisará de paciência para se recuperar completamente.
Isso que você sente ainda é reflexo da forma como desencarnou.
— Como, se este aqui é um corpo diferente, espiritual?
Como posso ter a mesma sensação de quando morri?
— Exactamente por isso.
A lesão que houve em seu corpo físico afectou seu corpo espiritual, porque ele é matéria, apesar de menos densa.
— Dá para explicar melhor?
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 05, 2015 10:39 am

— O perispírito, esse corpo que mantemos quando desencarnados, é semelhante ao corpo físico, só que mais leve, menos material.
Ele fica entre o corpo físico e o espírito, fazendo como que uma ponte entre ambos, e completa a composição do nosso ser integral.
Tudo que fazemos com o corpo físico deixa marcas no perispírito.
Se cuidarmos mal do nosso físico, se, por exemplo, nos entregarmos a vícios que o danifiquem, estes deixarão igualmente marcas profundas em nosso perispírito.
— Quer dizer que ainda tem o espírito?
— Sim, e esse é o mais importante.
— E por que nosso espírito não pode ficar livre de uma vez?
— Porque não podemos viver sem algo de material, ao menos por enquanto.
— Por qual motivo?
— Precisamos nos elevar, nos espiritualizar, adaptando-nos a cada nova condição.
Um dia, porém, quando estivermos totalmente purificados, seremos luz.
A matéria nos imobiliza, nos protege de nossa própria inconsequência.
— Como assim?
— Nosso pensamento cria, Serginho.
Se o homem encarnado promove tanta destruição com o pouco que consegue usar do seu poder mental, como seria se não tivesse a matéria a dificultar-lhe a manifestação e a movimentação do pensamento?
A medida que evoluímos, que nos purificamos, vamos nos tornando mais e mais aptos a utilizar a mente para o bem.
Deus é sábio, Serginho!
Quanto mais compreendemos suas leis, mais percebemos que infinita é sua sabedoria.
— Como tudo isso é complexo, difícil de entender!
— Vê por que precisamos crescer aos poucos?
Até as coisas boas nos causam sofrimentos quando não estamos preparados para elas.
Por isso você deve ir com calma.
Essa dor será tratada devagar.
— Não dá para resolver logo?
Não tem um remédio que me cure por completo?
Ela me incomoda...
— Paciência e trabalho, estudo e compreensão, são algumas ferramentas.
Além disso, você passará por alguns tratamentos aqui, recebendo apoio para que possa superar esse sofrimento, que é mais moral do que no próprio perispírito.
— Pera aí, primeiro você me diz que é na matéria, depois que é moral?
O que é, afinal?
— Você causou sua morte, lembre-se.
Deverá libertar-se da culpa gradualmente.
Muitos reencarnam e levam consigo a dor, que no futuro aparece outra vez em seus corpos físicos.
Serginho olhou-a confuso e contrariado.
Detestava ouvi-la dizer que fora ele próprio o responsável pelo que sofria, e a dor no peito o afligia ainda mais.
Todavia, tentando mudar de assunto, tocou em outro ponto que o intrigava:
— O, Lívia, você tá me deixando confuso, me explica esse negócio de reencarnar, o que significa?
E viver outra vez?
Como é isso?
— Temos uma reunião agora e é importante que venha.
Amigos que o ajudaram o aguardam; será um momento de alegria e bem-estar para você, quando receberá também tratamento para a dor que o aflige.
Tenha calma.
É necessário que você estude muito para poder entender as verdades espirituais.
— Pensei que ao morrer a gente descobria tudo, sabia tudo...
Não pensei que morrer fosse desse jeito...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 05, 2015 10:39 am

Lívia sorriu e abraçou o jovem com extremado carinho:
— Você irá se adaptar.
Agora vamos.
Temos irmãos queridos à nossa espera.
Seguiram ambos para um grande salão onde eram aguardados com ansiedade.
Ao percorrer na companhia de Lívia as alamedas floridas em que estivera tempos atrás, percebia como aquele lugar era lindo e agradável.
A despeito disso, a dor no peito ainda o importunava.
Na reduzida assembleia que os esperava, Serginho recebeu o apoio de amigos e de alguns instrutores da colónia que o auxiliariam em sua adaptação.
Após elevada explanação do Evangelho de Jesus e sentida oração que envolveu a todos em luzes suaves e equilibrantes, Serginho foi convidado a conhecer algumas áreas de estudo, onde poderia esclarecer dúvidas com um orientador e desenvolver nova consciência espiritual.
— Há muito que estudar aqui, Serginho, para que você possa realmente se adaptar, retirando o melhor desta experiência.
Antes de retornar à Terra, terá a oportunidade de preparar-se melhor, para que sua próxima experiência - isto é, sua próxima encarnação - seja bem-sucedida.
— Vou voltar logo para a Terra?!
— É cedo para saber.
Organizar uma reencarnação implica um processo longo e complexo de que participam muitos trabalhadores, bem como altos instrutores da vida espiritual, em particular quando já existe certa lucidez espiritual e o ser que vai encarnar o faz conscientemente.
— Alguns voltam sem querer?
— Muitos. É a reencarnação compulsória.
— E o tal do livre-arbítrio de que a Lívia me falou?
— Todos estamos submetidos à Lei Divina, queiramos ou não, e essa lei prevalece sobre nossos caprichos.
Muitas vezes, não conseguimos escolher o que é melhor para nós.
E a reencarnação é sempre uma grande bênção.
Muitos não conseguem compreender e têm de voltar, por ser o melhor para eles em determinado momento.
Serginho manteve-se em silêncio, reflectindo nas palavras do instrutor quanto a ter maior sucesso da próxima vez, e também em tudo o que abrangia um processo reencarnatório.
Em uma pausa do instrutor, arriscou perguntar:
— Então eu falhei na minha vida, na minha encarnação?
— Todas as vezes em que deixamos a Terra antes da hora, sem ser para o bem geral da Humanidade, nós falhamos.
— Mas isso que vocês dizem não é justo!
Eu não tenho culpa do que aconteceu!
— Serginho, você falhou principalmente pela teimosia.
Precisa reconhecer o quanto é teimoso!
Precisa aprender a admitir suas falhas!
— Eu já estive aqui?
— Antes de reencarnar esteve em outra colónia.
— Existem outras?!
— Sim, existem muitas colónias e outros lugares onde os espíritos se
demoram nos intervalos de suas experiências na carne.
— Por que, então, não consigo lembrar-me de nada?
— Porque não lhe é permitido, para o seu próprio bem.
O mais importante agora, Serginho, é você aproveitar a oportunidade que lhe é oferecida.
Muitos que desencarnam em situação semelhante à sua sofrem por tempo prolongado até receberem o socorro.
Concentre-se em aprender e agradeça a Deus por essa oportunidade - fruto, é claro, daquilo que já conquistou e da ajuda constante daqueles que o amam e o sustentam com suas orações.
Procure trabalhar sua teimosia, começando por aceitar plenamente a nova condição.
Serginho não tinha o que responder, diante da firmeza com que o amigo o orientava.
Ainda que envolvesse aquela orientação em amorosa doçura, não lhe subtraía de forma alguma a seriedade com que era pronunciada.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 05, 2015 10:40 am

Ao regressarem, Lívia os esperava à porta.
— Por ora, aceite só mais um conselho: aproveite enquanto tem Lívia ao seu lado, pois ela ficará connosco por pouco tempo.
Serginho agradeceu e despediu-se do amigo que o alertava, apesar de se sentir entristecido pelas palavras que dele ouvira.
Entristecido e contrariado.
— Você vai embora, Lívia?
Para onde?
Não mora aqui?
— Não, Serginho.
Moro em outra colónia espiritual, mas tenho ainda algum tempo para estar com você.
Vamos aproveitar.
— E onde mora?
— Como você é curioso, não ?
Quer saber tudo de uma só vez!
Calma!
Seguiram os dois pela alameda que levava ao quarto de Serginho.
Ao retornarem, ele se deu conta de que o lugar era uma espécie de ambulatório, com muitos quartos e inúmeras pessoas que pareciam médicos e enfermeiros a entrar e sair do prédio.
—Vejo você mais tarde.
Serginho abraçou a prima sem dizer nada e entrou no quarto que o abrigava.
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Luz que nunca se apaga - Bento José / Sandra Carneiro - Página 4 Empty Re: Luz que nunca se apaga - Bento José / Sandra Carneiro

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 05, 2015 10:40 am

Capítulo 19 - Uma inspiração

Entrou lento e cabisbaixo.
Sentou-se na cama e ficou observando as paredes, os poucos móveis e objectos que havia no quarto.
Pensou nas palavras que há pouco escutara sobre ter falhado em sua vida.
Sentia-se traído por algo que desconhecia.
Não conseguia aceitar que fora responsável pela própria morte.
Mesmo entendendo, não aceitava.
Relutava contra a nova situação e saber-se criador dessa realidade lhe doía profundamente:
"Como pode ser isso?
Que coisa terrível!
Então eu fui o culpado?".
Subitamente, lembrou-se de Paula e a dor no peito aumentou.
"Onde será que a Paula está?
Puxa, coitada...
Será que ela tem recebido ajuda como eu?".
Por alguma razão ignorada, temia que Paula estivesse sofrendo tanto ou mais do que ele.
Pensou longamente na namorada e no quanto gostava dela, ficando ainda mais entristecido.
Depois de muito meditar, sentado em sua cama, resolveu sair para um breve passeio.
Embora fraco, caminhou até um banco do jardim ao lado de seu quarto.
Contemplou o céu que escurecia aos poucos, anunciando o anoitecer.
Uma brisa suave soprava.
Serginho recordou-se de casa, da família, enfim, da vida que deixara, e chorou amargamente, quase arrependido pelas atitudes que acabaram por levá-lo àquela situação.
Depois de muito chorar, retornou ao quarto, pois as dores no peito se haviam intensificado.
Não obstante o bem-estar que o ambiente em redor lhe proporcionava, sua alma estava em conflito e dolorida.
O despertar da consciência no tocante às consequências dos próprios actos impensados fazia brotar em sua alma a culpa, e uma nova dor surgia.
Depois que a noite desceu por completo, exaurido, voltou ao quarto.
Estava exausto e sabia que precisava repousar.
A noite lhe pareceu mais longa e angustiante.
Durante o repouso, cenas do acidente se repetiam diante de seus olhos.
Revia sua família e outras
lembranças misturavam-se às imagens.
Ao acordar na manhã seguinte, sua angústia não havia diminuído, nem era menor a dor que lhe dilacerava o peito.
Lívia encontrou-o muito abatido.
Preocupou-se de imediato.
Sabia que o primo necessitava despertar, abrir sua mente, mas que junto com o despertar vinha também a consciência dos próprios actos, e isso era, com frequência, por demais doloroso.
— Não vai levantar-se hoje?
— Não tenho vontade.
Sinto-me tão angustiado que não dá vontade de nada.
Acho que estou deprimido...
— Quem diria!?
Você, deprimido?
— Por que diz isso?
Ora, você sempre foi tão alegre, tão optimista!
Precisa encontrar forças para lutar com esses sentimentos, Serginho!
Precisa reagir.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 05, 2015 10:40 am

— É que tudo me parece tão difícil, Lívia!
Não sei ao certo lidar com esta nova vida, a falta da vida que deixei me pesa, não sinto forças para vencer esta dor, e tenho tanta saudade de todos, de Paula...
Tudo me parece dor e sofrimento...
— Depende de como você encara essa nova vida.
Se puder vislumbrar quanto tem para aprender, para descobrir, dentro de um novo universo de possibilidades que se descortina para você...
— Não sei onde está esse universo de possibilidades de que fala...
E ainda por cima você vai embora, vai me deixar aqui sozinho...
O que vai ser de mim, meu Deus?
— Calma, não vou imediatamente, ainda temos algum tempo.
Por isso quero que se anime, para que possamos conversar, para que você possa aprender e descubra esse novo mundo de oportunidades...
— Não consigo...
Lívia olhou pensativa para o primo.
O que fazer para auxiliá-lo?
Teve então uma ideia.
— Serginho, talvez uma viagem lhe faça bem.
O que acha?
— Uma viagem?
— Sim! Que tal conhecer um lugar muito bom?
— Sei lá! Que lugar é esse?
— Existe uma colónia muito linda, um lugar interessante, que creio que você gostaria de conhecer.
E há uma pessoa com quem eu queria muito que você conversasse.
Lívia levantou-se e foi até a porta.
— Volto em um instante.
De fato, alguns minutos depois ela reaparecia satisfeita.
— Está aprovada.
Nossa viagem está aprovada.
Vamos! Levante-se, vai conhecer um lugar maravilhoso!
— Não sinto vontade.
Lívia sentou-se calmamente ao lado do primo e, colocando a mão em sua testa, orou em silêncio por algum tempo.
A medida que orava, luzes partiam de seu coração e envolviam o primo, que atónito observava o fenómeno.
Ele ameaçou perguntar algo, e ela,
num gesto, pediu que ficasse quieto.
Ao final daquela curta sessão de passes fluídicos, Serginho já se sentia mais animado.
— O que foi que fez comigo, Lívia?
Que luzes foram aquelas?
— Foi só uma transmissão de energias de amor e carinho, para fortalecê-lo.
— Mas que lindo!
Tantas luzes...
— O lugar para onde estamos indo é muito mais iluminado.
Você vai gostar, pode ter certeza!
Mais animado, Serginho levantou-se.
— Então vamos, estou curioso para conhecer esse lugar!
Lívia pediu que segurasse em seus braços, porque iriam volitar até a outra colónia; flutuariam pelo ar, como haviam feito da Terra até o local onde se encontravam.
E concluiu:
— Precisa também se manter em oração o tempo todo.
Pensar somente em Jesus e orar para que nos ampare nesta viagem.
Do contrário, não conseguiremos chegar.
Serginho, sério e compenetrado, concordou e iniciaram a viagem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 05, 2015 10:40 am

Capítulo 20 - Morada luminosa

Ao se aproximarem da colónia, Serginho surpreendeu-se com a luminosidade que dela emanava.
Ao tocarem o solo, ele se assustou:
Lívia igualmente resplandecia aos seus olhos; quase não podia olhar para ela.
— Lívia, o que aconteceu com você?
Como brilha!
A jovem apenas sorriu e continuou caminhando.
A beleza da cidade era algo inacreditável para Serginho.
Ele nunca poderia imaginar que houvesse um lugar tão lindo e inexplicavelmente elevado.
Tinha um brilho intenso, cores fortes, tudo ali era cheio de vida, cheio de energia.
Lívia caminhou com o primo, apresentando-lhe a colónia.
Mostrou-lhe lagos, rios, parques e cachoeiras.
O ambiente era agradável, com arquitectura harmoniosa e organizada, vibrante de actividades e pessoas que transitavam para todos os locais.
Os semblantes eram invariavelmente suaves e alegres.
Lívia conhecia muita gente, pois todos a cumprimentavam à medida que caminhavam.
Alguns se demoravam um pouco mais, querendo notícias:
— Então, esse é o Serginho?
— Sim, Marcos, é meu primo.
— Que bom vê-lo recuperar-se!
Estamos todos orando muito por você, para que brevemente esteja bem.
Serginho olhou sério para os dois homens que acompanhavam Marcos.
Seus rostos lhe pareciam conhecidos.
Fitou-os tentando lembrar.
Adivinhando seus pensamentos, um deles lhe disse:
— Você realmente nos conhece.
Encontramo-nos várias vezes em sua casa, durante o Evangelho no Lar que sua mãe realiza.
— E verdade!
— Eu sou Marcos e este é António.
— Aqui vocês brilham ainda mais do que lá!
Como Lívia.
Nunca a vira tão brilhante! Por quê?
Todos sorriram sem responder.
Pela segunda vez, ninguém lhe explicava o estranho fenómeno.
Despediram-se.
Lívia e Serginho prosseguiram com a visita.
O jovem se mostrava fascinado por tudo que via.
A dor em seu peito havia desaparecido.
O bem-estar e a leveza que sentia naquele ambiente eram absolutamente novos para ele.
Jamais imaginara existir tal lugar.
— Isto aqui é o céu, Lívia?
— Não, longe disso.
Muito longe disso!
E uma colónia onde moram espíritos um pouco mais esclarecidos do que os que estão no posto de resgate onde você se encontra.
Aqui já temos maior consciência das verdades espirituais e uma predisposição constante de ajudar, de trazer mais criaturas para perto de Deus.
O amor também e mais puro, por isso nos sentimos tão felizes neste ambiente.
— Então, se isto não é o céu... como será ele?!
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 05, 2015 10:41 am

— Serginho, há inúmeras outras cidades onde residem seres mais evoluídos, onde o bem-estar e a beleza são nitidamente maiores.
Onde só há alegria, paz e... muito, muito trabalho.
O trabalho em favor da Humanidade não cessa nunca; pelo contrário, é mais intenso à medida que os mundos são mais esclarecidos no amor a Deus.
Nos mundos evoluídos, a Lei Divina é vivida por todas as criaturas.
E por isso neles não há dor, nem egoísmo, nem orgulho, nenhum sofrimento proveniente dessas falhas humanas.
A Lei Divina governa todas as mentes e todos os corações; por conseguinte todos são felizes e úteis, realizando importantes tarefas no sentido do progresso geral do Universo.
E seguem cada vez para mais perto do Pai.
"Na casa de meu Pai há muitas moradas", disse-nos Jesus.
Essas colônias10 e cidades espirituais são todas moradas do Pai, abrigando almas em diferentes estágios de evolução.
Serginho ouvia tudo atentamente, fascinado pelas palavras de Lívia.
Já podia imaginar a beleza de tais lugares, e sua curiosidade se agigantava.
— Não podemos ir a um desses lugares?
— Não, ainda não.
— Por que não?
Não é só irmos voando para essas outras cidades?
— Não, Serginho, não é assim que funciona.
Nosso passaporte para essas cidades evoluídas é nosso progresso moral, o progresso da nossa alma11.
Só crescendo no bem, no amor, no serviço a Deus e ao próximo, poderemos, um dia, empreender a viagem por nós mesmos.
— Mas não conseguimos vir até aqui?
— Eu moro aqui, Serginho, portanto posso chegar a esta colónia sem maiores dificuldades.
Esta é minha casa.
Mas para ir a lugares elevados necessito de preparo adequado e da ajuda dos que já conquistaram o direito de viver acima daqui.
Serginho olhou-a, pensativo.
Então ela vivia naquele lugar maravilhoso!
E irradiava aquela luz suave e doce...
Pela primeira vez deu-se conta de quanto Lívia era especial e suspeitou do tamanho dos benefícios que recebia.
Lívia concordou:
- Sim meu querido, você recebeu muita ajuda.
Compreende agora porque não deve deixar a oportunidade escapar?
Precisa aproveitar para crescer, e para ser útil!
Precisa aprender a ajudar, a doar um pouco de você aos outros.
Assim e somente assim, vai crescer interiormente e começar a entender com o coração aquilo que não pode ser ensinado apenas com palavras.
Precisa amadurecer...
- E como posso fazer isso, Lívia?
Eu gostaria tanto de viver aqui com você!
Mas sinto que não seria capaz de viver em um lugar tão equilibrado.
- Você poderá , um dia , elevar suas vibrações, purificar seus sentimentos e fazer do amor desinteressado ao próximo o seu sentimento dominante.
Nesse dia, quando vibrar em seu intimo o amor a Deus e aos nossos irmãos de humanidade, você estará
preparado para viver em moradas mais abençoadas.
- E como fazer isso?
Como melhorar?
O que preciso fazer?
Quero melhorar, Lívia, para viver em um lugar maravilhoso como este e conhecer outros mais legais ainda!
Puxa, como será o céu então?
- Não temos capacidade sequer de imaginar como são os mundos em grau evolutivo imediatamente superior ao nosso, quanto menos recursos para supor, de longe, como pode ser a morada de Deusa e dos seres perfeitos que gravitam à sua volta.
Temos muito que trabalhar para nos aprimorarmos, estamos muito, muito longe...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 05, 2015 10:41 am

E o que devo fazer Lívia?
O que posso fazer para melhorar, para crescer?
- Está disposto a pôr a mão na massa?
A trabalhar para o bem do próximo?
De verdade?
- Estou.
Quero vir logo para este lugar e viver aqui com você!
Quero fazer o que for preciso!
- Pois bem.
Vamos conversar com alguém que também reside aqui.
Ele é meu instrutor, mentor de meu desenvolvimento.
Vamos procurá-lo.
Por certo nos auxiliará com alguma ideia do que você poderá fazer para se aperfeiçoar, do tipo de trabalho que poderá ajudá-lo nessa nova experiência.
Os dois seguiram por larga alameda cercada de árvores frondosas.

10 Colónias espirituais: mais informações em notas complementares.
11 Ascensão do espírito a mundos superiores: idem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Fev 06, 2015 10:39 am

Capítulo 21 - Uma nova chance

Enquanto caminhavam, Serginho ficava mais ansioso.
Decidira fazer tudo que lhe dissessem desde que pudesse ir logo para aquele lugar maravilhoso.
Encantava-se a cada paisagem, a cada novo prédio que via e a cada semblante que divisava.
Ele percebia que eram todos ocupados e compenetrados, diferentemente das pessoas que encontrava nos arredores do ambulatório onde se recuperava.
Lá observava dor e angústia em muitas faces.
Na colónia que ora visitavam todos lhe pareciam felizes e entusiasmados.
Ao se aproximarem de grande edifício, Lívia olhou firme para o primo e alertou-o:
— Serginho, você tem contado com muita ajuda.
Agora busque dentro de você toda a força de que sua alma dispõe para aproveitar essa oportunidade da melhor maneira possível.
Não sabemos qual será a orientação que receberá; pode ser uma instrução de que não goste, ou de que discorde.
Mas ao invés de retrucar e recusar, fique calado, medite e tente entender.
Aqui queremos somente o seu bem, mesmo que pareça um tanto incompreensível em um primeiro momento.
Prometa que vai controlar seu temperamento, vai procurar ouvir atentamente e agir com cautela.
Serginho abraçou a prima, agradecido:
— Não se preocupe, Lívia.
Vou aceitar o que me oferecerem, seja o que for.
Faço o que for preciso para melhorar.
Lívia sorriu e entraram em busca do seu mentor.
Clarêncio os aguardava em uma sala, cercado de muitos livros.
Eram títulos e mais títulos enfileirados em prateleiras, como em uma biblioteca.
Serginho notou que alguns livros brilhavam como se tivessem luz própria.
Foram recebidos calorosamente:
— Lívia, que bom vê-la!
E esse é Serginho?
— Serginho - disse ela, em tom de respeito e quase cerimónia -, este é meu amigo e mentor, Clarêncio, que tem orientado minha trajectória.
— Prazer, seu Clarêncio.
— Não precisa me tratar de senhor, não. Pode me chamar só pelo nome.
— Está bem.
É que Lívia fala em você com tanto respeito...
— Lívia é um doce.
E então, como vamos ajudar?
Lívia ajeitou-se em uma cadeira, Serginho em outra, e os três iniciaram uma conversa que durou longo tempo.
Lívia contou em detalhes tudo que o primo estava experimentando e mencionou seu desejo de progredir depressa, de crescer, descobrindo como poderia colaborar para o bem comum.
Clarêncio, que já conhecia a história do rapaz, seguia atentamente as experiências narradas por Lívia.
Serginho reafirmou seu intento:
Sabe, Clarêncio?
Quero vir morar junto com Lívia.
Este lugar é especial, nunca vi nada semelhante, e quero vir para cá.
Sinto-me tão bem aqui que até as dores no peito, que tanto me incomodam, desapareceram.
— Compreendo, Serginho.
— Quero vir logo, entende?
Desejo muito morar em um lugar lindo assim!
Lívia e Clarêncio se entreolharam em silêncio, ouvindo Serginho discorrer sobre sua vontade de mudar-se em breve para aquela colónia encantadora.
Após terminar seu pequeno discurso, ele olhou com ansiedade para Clarêncio, que permaneceu quieto alguns minutos.
Depois se levantou calmamente, foi até a janela de sua sala, que dava para um grande lago, e continuou em silêncio, meditando.[/b]
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Fev 06, 2015 10:39 am

Serginho, cada vez mais ansioso, olhou para Lívia e cochichou:
— Qual é o problema?
— Espere, Serginho!
— Mas...
Clarêncio voltou-se para o rapaz e lhe perguntou:
— Você tem certeza de que quer fazer qualquer coisa, submeter-se a qualquer aprendizado para melhorar?
— Sem dúvida!
Aquilo que me fizer chegar aqui mais rápido, é o que mais quero.
— Pois bem, creio que temos um trabalho apropriado, que irá exigir muito de você, Serginho.
Inicialmente, receberá um treinamento detalhado, um preparo para exercer sua nova actividade.
Depois passará por alguns estágios, sendo acompanhado por Lívia em suas primeiras actividades, e se for diligente e obtiver bons resultados poderá enfim assumir sua nova função.
Entretanto, se durante o treinamento e a preparação não se empenhar o bastante, não será considerado apto a realizar essa tarefa.
— Não tem problema, eu me preparo, faço o que for exigido.
Qual é a actividade, afinal?
Clarêncio fitou Lívia, que sorriu satisfeita, compreendendo sem necessidade de palavras o que Clarêncio pretendia.
— Você será um aprendiz de anjo da guarda.
— Um anjo da guarda12?
Que máximo! De quem?
— Um aprendiz, Serginho, por enquanto só aprendiz; vai exercitar e aprender para um dia, dependendo do seu desenvolvimento espiritual, se tornar um verdadeiro anjo da guarda.
— Tudo bem, um aprendiz, mas para cuidar de quem?
— Quando estiver em treinamento deverá dedicar-se a diferentes pessoas.
Muitos são os que precisam de ajuda, e assim você irá exercitando antes de assumir um protegido com exclusividade.
— Tudo bem! Para mim está óptimo!
Quando começo?
— Logo que retornarem ao seu núcleo de recuperação, amanhã mesmo, começará o seu treinamento.
E o resto dependerá de sua aplicação.
Quanto mais se dedicar, estudar, procurar aprender, mais cedo estará preparado para começar suas actividades.
— Puxa, Clarêncio, como posso agradecer?
Aceito de todo o coração a excelente oportunidade.
Tenho certeza de que conseguirei aprender rápido e logo estarei aqui, vivendo neste lugar magnífico com você e Lívia.
Clarêncio abraçou o rapaz, desejando-lhe muita força, e já saíam quando enfatizou:
— Seja paciente, Serginho, pois o processo é longo.
Seja paciente e perseverante.
Despediram-se e iniciaram a viagem de regresso.
Crescia em Serginho o anseio por começar o treinamento.
— Lívia, o que faz exactamente um anjo da guarda?
— Ajuda as pessoas, Serginho.
— Ajuda como?
— Você irá descobrir tudo através de seu treinamento.
— Você já fez esse curso?
— Já, e aprendi muito.
À medida que se afastavam da colónia onde Lívia vivia ressurgiam as dores no peito de Serginho.
Quando chegaram ao núcleo de recuperação, as dores já incomodavam o rapaz como antes.
— A dor voltou, Lívia.
— Eu sei. Tenha paciência, com calma e determinação você superará isso.
Ore, Serginho, dedique algum tempo à oração, para colher os benefícios maravilhosos da prece.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Fev 06, 2015 10:40 am

— Vou tentar.
— Precisa exercitar a oração para que possa ser um bom aprendiz.
Sem orar, não realizamos nada.
Serginho olhou-a sério.
Começava a desconfiar, ainda que ligeiramente, de que aquela actividade iria exigir dele mais do que gostaria.
— Amanhã começa seu curso.
Venho cedo para acompanhá-lo.
Descanse, precisa se refazer.
— Obrigado por tudo, Lívia, você é um anjo.
Sorrindo Lívia lhe disse, espirituosa:
— Agora você também será um!
Ainda que, por enquanto, aprendiz...
Ele sorriu contente e entrou em seu pequeno quarto.
No dia seguinte estava em pé bem antes de Lívia chegar.
Imaginava como seria o curso e o que iria aprender.
A prima o encontrou ansioso e aflito:
— Lívia, o que vou aprender nesse curso, como ele é?
— Tenha calma, você verá.
Foram juntos até o prédio onde acontecia o treinamento.
Lá se dirigiram a uma pequena sala na qual algumas pessoas, sentadas, aguardavam o início da aula.
Lívia despediu-se do primo, desejando-lhe sucesso na nova tarefa.
Serginho ajeitou-se inquieto na cadeira, observando todos à sua volta.
Eram pessoas de idades diferentes.
Algumas aparentavam dor e angústia; outras, uma resignação apática.
Supunha que num curso como aquele os participantes estariam mais animados e alegres.
Afinal, seriam anjos da guarda!
O instrutor do curso apresentou Serginho a todos os membros daquela turma, que já estava em pleno andamento, e orientou-o:
— Para acompanhar os outros, precisará estudar os assuntos pelos quais eles já passaram.
Ao final da aula, ficamos um pouco mais e lhe dou a bibliografia que deverá estudar, pesquisar, para alcançar a turma. Tudo bem?
Serginho balançou a cabeça concordando, embora um tanto assustado.
Quanto teria de estudar?
Naquele dia, saiu dali carregado de livros.
Deveria lê-los e meditar sobre as lições.
Alguns seriam de vital importância em suas tarefas, como por exemplo "Os Mensageiros", de André Luíz.
Ele deveria estudar, anotar todas as suas dúvidas e tirá-las ao término de cada aula.
O instrutor se oferecera para ficar todos os dias até mais tarde, ajudando-o até que alcançasse o restante da turma.
Já em seu quarto, fechou a porta, sentou-se em uma cadeira e suspirou:
— Puxa vida, que trabalheira!
Olhou desanimado para a pilha de livros sobre a mesa e procurou decidir qual seria o primeiro.
Caminhou até a janela e ao voltar viu sobre a cama outro livro e um bilhete:
"Comece por este. Lívia."
Serginho pegou o livro e folheou-o.
Ele o conhecia: era "O Evangelho segundo o Espiritismo".
Sentou-se na beira da cama e recordou o carinho da mãe, estudando aquele livro em sua casa, nas noites de Evangelho.
Abriu-o no princípio e leu o resto da tarde.
Ao anoitecer, Lívia apareceu e saíram para um passeio.
Serginho estava de novo abatido e cansado.
— Quando irei melhorar, Lívia? Quando?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Fev 06, 2015 10:40 am

— Seja paciente.
Precisa ler, meditar e, acima de tudo, orar.
Busque Deus de todo o seu coração, Serginho.
Ele vai te ajudar, como já está ajudando.
— Eu sei.
É que queria melhorar mais rápido!
— Fique calmo, o importante é estar no caminho certo.
***
Os dias tornaram-se uma rotina de estudos, leituras e longas caminhadas ao lado de Lívia.
Serginho sentia-se frequentemente desmotivado.
Queria fazer coisas diferentes, conhecer lugares, queria novidades!
E muitas vezes ameaçou desistir.
Aquela história de ficar estudando e estudando era cansativa.
Tudo bem que aprendia coisas interessantes, mas...
Lívia procurava estimulá-lo, incentivá-lo para que não desistisse:
— Não são apenas coisas interessantes, Serginho, são extremamente necessárias para que possa auxiliar as pessoas e saiba cuidar de você ao mesmo tempo.
Estará num ambiente mais denso e pesado do que aqui.
Precisa aprender a se proteger.
Não desanime, você prometeu ser paciente.
— Tá bom! Vou continuar tentando.
Para Serginho os dias se arrastavam.
Ele estudava, meio a contragosto, pois desejava mesmo emoção, aventura e acção!
O estudo lhe parecia cansativo e chato; porém, como não tinha outro jeito, lia e assistia às aulas com maior ou menor atenção, conforme o dia.
Dois meses depois Serginho alcançou a turma e gradativamente seu interesse se acentuou.
Já era capaz de concentrar-se um pouco mais nas aulas, quando o instrutor anunciou que começaria uma nova fase no curso.
Passariam metade do tempo estudando a parte teórica, como já vinham fazendo, e a outra metade seria dedicada à prática.
Serginho vibrou!
Finalmente alguma acção!
Encerrada a aula, vários servidores mais experientes juntaram-se aos que principiavam os passos na tarefa de doar-se.
Lívia acompanharia Serginho em seus primeiros exercícios práticos.
Ele ficou radiante!

12 Anjos da guarda e espíritos protectores: mais informações em notas complementares
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Capítulo 22 - Experimentando

Após algumas instruções e recomendações, Serginho e Lívia deixaram a sala de aula, preparando-se para o primeiro exercício prático.
Caberia a Lívia avaliar o desempenho do primo.
— E qual será a missão, você já sabe? - perguntou Serginho, curioso.
— Sim.
— É importante?
O que vamos fazer?
— Todas as acções de auxílio ao próximo, grandes ou pequenas, são importantes, Serginho.
Pequenas acções somadas vão construindo um grande processo.
Lição número um: nunca despreze uma oportunidade de auxílio, seja do tamanho que for.
— Certo, já entendi.
E qual será nossa missão?
— Lembra-se do motorista do ónibus em que você bateu com a moto?
— Claro que não!
Como vou lembrar?
— Não lhe falei que ele trazia na alma uma culpa oculta, achando-se responsável pelo que aconteceu a você e a Paula?
— Sim, e aí?
— Vamos ajudá-lo.
Será sua primeira missão.
— Ajudá-lo em quê?
— A libertar-se de uma culpa que não necessita nem deve carregar.
— E quanto a Paula?
Pensei que fôssemos ajudá-la.
Você disse que ela não está bem...
— Não está, porém o momento adequado não chegou.
— Por que não?
Lívia fitou-o quase zangada e disse:
— Você estudou muitos casos e sabe que cada coisa tem sua hora.
Levaremos o auxílio a Paula, quando ela estiver em condições de recebê-lo.
Serginho calou-se, relembrando exemplos e mais exemplos estudados.
Sabia que Lívia estava certa.
Então, esboçou um sorriso e afirmou:
— Tudo bem, Lívia, tem razão.
Como se chama mesmo o motorista?
— Adalberto. Por hoje, descanse.
Partimos pela manhã.
Serginho beijou-a carinhosamente no rosto ao se despedirem.
Já deitado, ficou a pensar no motorista, tentando recordar o acidente.
Aquelas lembranças lhe causavam dor e angústia; buscou afastá-las da mente e adormeceu.
Em sonho, reviu o acidente e o semblante do motorista lhe apareceu nítido, como se o conhecesse.
Bem cedo, Lívia e Serginho partiram.
Não demorou muito e entravam em pequena casa na periferia de São Paulo.
Tratava-se de uma casa modesta, mas cuidada com carinho.
Uma jovem preparava o café da manhã para duas crianças.
— Venha até o quarto.
Adalberto está dormindo.
Ele trabalha a noite toda e dorme durante o dia.
Quando se aproximaram, Serginho assustou-se ao perceber a ansiedade e a opressão energética na região do peito do homem.
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Luz que nunca se apaga - Bento José / Sandra Carneiro - Página 4 Empty Re: Luz que nunca se apaga - Bento José / Sandra Carneiro

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Fev 06, 2015 10:40 am

— Vê essa área escura no peito e envolvendo toda a cabeça dele?
— Sim. Ele está angustiado.
— Não conversa com ninguém, não consegue externar seu
sentimento de culpa pelo que ocorreu a você e a Paula, e isso está prejudicando a vida dele.
A culpa reprimida e dissimulada faz com que se sinta inseguro para dirigir e já lhe ocasionou vários problemas.
Instala-se lentamente uma síndrome do pânico que poderá, se não for tratada, comprometer sua vida.
Agora entende por que precisamos ajudá-lo?
Serginho comoveu-se.
Em seus olhos brotaram lágrimas que não controlou.
"Pobre homem - pensava -, não teve culpa alguma e cobra-se...".
Lívia notou a compaixão que crescia no coração do rapaz e ficou feliz.
— Como vamos ajudá-lo? - foi a pergunta que ouviu.
— Você vai conversar com ele.
— Eu? Como?
— Vamos conduzi-lo a um núcleo espírita sério, onde este tipo de tarefa se desenvolve, e lá você lhe enviará uma mensagem.
Devidamente preparado, a mensagem cairá nele como um bálsamo reconfortador e limpará toda a dor que sente.
Por outro lado, receberá auxílio magnético, através dos passes, para restaurar completamente a energia em seu campo perispiritual.
Por meio da intuição de uma amiga do casal, a esposa de Adalberto foi orientada a levá-lo a um núcleo espírita.
A princípio ela relutou um pouco, pois não conhecia nada sobre o Espiritismo e tinha medo; além do mais, não tinha ideia alguma do que se passava no íntimo do marido.
Para ela, tudo estava normal.
Ainda assim, cedendo à orientação da amiga em quem confiava muito, e por quem já havia sido amparada em outros momentos, conversou com o marido.
Adalberto, apesar de estar sendo envolvido pelas energias de Lívia e pelo carinho de Serginho, relutava.
Não aceitou o que a mulher lhe sugeriu.
— Imagina se tem cabimento, Matilde, eu ir a um centro espírita.
Deus me livre! Fazer o quê?
— A Alice falou que alguma coisa insistente lhe diz que devemos ir.
Ela garante que isso é sempre sinal de que algo diferente está acontecendo.
Acho que deveríamos ir, Adalberto.
— Não, de jeito nenhum!
Não gosto disso.
E para quê? Não vamos, não.
Lívia e Serginho intensificaram seus esforços.
Oravam constantemente ao lado da cama de Adalberto, buscando fixar-lhe na mente a ideia, sem sucesso.
— Puxa, Lívia, que dificuldade!
E se ele não quiser mesmo ir?
— Teremos de respeitá-lo.
— E desistir?
—Não. Poderemos tentar outras alternativas, que talvez não tragam os melhores resultados.
Felizmente a esposa de Adalberto não desistiu.
Continuou falando no assunto com o marido, que algumas semanas depois, para livrar-se da chateação insistente dela, acabou cedendo.
Serginho e Lívia ficaram plenamente satisfeitos.
Serginho poderia, afinal, transmitir àquele homem o que era necessário.
Na mesma noite, Serginho e Lívia dirigiram-se ao núcleo espírita, onde já haviam estado diversas vezes em actividades de preparação.
Lá passaram a noite e o dia seguinte trabalhando, junto com os demais colaboradores da casa.
Matilde e Adalberto chegaram no horário, com a amiga.
Uma ansiedade inexplicável tomou conta dele.
Sentia uma expectativa por algo que não sabia definir.
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Luz que nunca se apaga - Bento José / Sandra Carneiro - Página 4 Empty Re: Luz que nunca se apaga - Bento José / Sandra Carneiro

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Fev 06, 2015 10:41 am

Sentou-se e permaneceu calado.
Profundamente influenciado por Lívia e Serginho, e também por seu protector espiritual, que cooperava com os dois jovens, pensou com insistência na noite do acidente e viu claro, pela primeira vez, como a culpa o estava angustiando.
Argumentava consigo próprio que não tivera culpa alguma, mas sentia que ela estava lá.
Em determinado ponto do trabalho Serginho acercou-se do médium que recebia mensagens e envolveu-o com carinho, da forma que aprendera.
Havia treinado muito, no decorrer de todas as semanas em que vinham trabalhando, pois lhe parecia demasiado difícil passar suas ideias àquele médium, não obstante ser ele tão experiente e dedicado.
Serginho tinha dificuldade em lhe transmitir seus pensamentos; sabia que era dele o problema, não do médium.
No desejo sincero de auxiliar Adalberto, a quem se afeiçoara, esforçou-se o máximo que pôde e finalmente a comunicação aconteceu.
'Adalberto
Não se torture inutilmente.
Você não teve nenhuma culpa.
A responsabilidade foi minha e o que houve foi uma fatalidade.
Não se torture mais.
Estou me recuperando e você vai me deixar muito feliz se esquecer de vez aquele acidente e libertar seu coração dessa culpa inútil.
Cuide de seus familiares com amor, conforme eles merecem.
Muita paz. Serginho."
Quando Adalberto ouviu a mensagem, sentiu uma explosão de alívio em sua alma.
Compreendeu que o jovem acidentado estava presente, oferecendo a ele compaixão e amparo.
Chorava como criança, vendo-se liberto de um pesado fardo.
Matilde suspeitou do que se tratava, enquanto Alice, que desconhecia por completo o ocorrido, quis saber maiores detalhes.
Terminado o trabalho da noite, Adalberto contou a todos o que vinha sofrendo e afirmou que aquela mensagem lhe havia trazido alívio e alegria novamente; livrara seu coração daquele peso que sentia desde que soubera da morte do rapaz no acidente.
Nas semanas seguintes, Lívia e Serginho assistiram o motorista de perto, até constatarem sua completa recuperação e seu reequilíbrio psíquico e emocional.
A tarefa estava concluída.
— Bem, Serginho, hora de retornarmos.
Como se sente?
— Estou bem.
Embora as dores no peito ainda me incomodem bastante, sinto-me feliz.
— Vai melhorar cada vez mais, pode acreditar.
Lívia e Serginho deixaram a crosta da Terra e retornaram à colónia de recuperação onde o rapaz se preparava.
Satisfeita, Lívia cumprimentou o primo:
— Parabéns, saiu-se bem em sua primeira experiência.
— Você acha mesmo?
— Acho. Um pouco impaciente às vezes, mas foi bem.
Acho que conseguiu ter noção das dificuldades que vai encontrar.
Sabe que, no caso de Adalberto e Matilde, seus corações simples e amorosos nos permitiram ajudá-los prontamente.
Não será assim com todos.
Só os que têm coração puro e fé sincera nos possibilitam uma ligação rápida, e aí os resultados são mais eficazes.
Há situações em que a nossa assistência, infelizmente, sequer se faz percebida.
— É, estudamos casos assim nas aulas.
No entanto, verifico que aqui, em contacto directo com as emoções das pessoas, tudo pode ficar mais difícil.
Sim, você compreendeu.
Depende muito deles, da disposição de cada um para receber ajuda, de como deixam a fé crescer em seus corações e mantêm a esperança acesa.
De qualquer modo, não se preocupe.
Seu aprendizado está apenas começando.
Esse foi um exercício pequeno e simples.
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Luz que nunca se apaga - Bento José / Sandra Carneiro - Página 4 Empty Re: Luz que nunca se apaga - Bento José / Sandra Carneiro

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Fev 06, 2015 10:41 am

Sua primeira tarefa como aprendiz de anjo da guarda está sendo planeada.
— Vamos poder socorrer Paula?
— Acredito que ainda não...
O que não impede que a ajude desde já, orando por ela.
— Já estou fazendo isso.
— Óptimo, então persevere.
O momento chegará e você precisa estar bem preparado.

12 Anjos da guarda e espíritos protectores: mais informações em notas complementares
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Fev 06, 2015 10:41 am

Capítulo 23 - A primeira missão

Na sala, grande expectativa pairava no ar.
Os aprendizes ansiavam por ouvir seus acompanhantes e, sobretudo, por saber o que viria a seguir.
Lívia fez uma avaliação detalhada da experiência e do desempenho do primo, que ficou surpreso ao ouvi-la.
Suas deficiências e dificuldades, apontadas com gentileza e carinho, foram relatadas para que ele pudesse aprimorar-se.
Serginho se chateou ligeiramente; contudo, notou a ternura de Lívia, e entendeu que era para seu bem.
No final, feitas as avaliações, todos iriam prosseguir com as aulas teóricas.
Em algumas semanas, a primeira tarefa seria entregue a cada um.
Serginho ficou frustrado.
Gostara de sua experiência, e queria mais acção.
Acabrunhou-se na cadeira e ficou sério.
"Quando poderei voltar a agir?" - pensava, aborrecido.
Lívia, que deixava a sala, censurou-o com o olhar.
Ele compreendeu e disse baixinho:
— Eu sei.
Paciência... Paciência!
Lívia saiu e deixou-o com suas aulas.
Sucediam-se as semanas e a expectativa de Serginho aumentava.
Depois de vivenciar algumas dificuldades que suas novas tarefas lhe apresentavam, estudava com mais afinco.
A despeito disso, sentia-se desgostoso.
O tempo passava e nada de chegar o momento de agir.
Certa manhã, resoluto, foi falar com o instrutor.
Considerava que deveriam começar logo, que já estavam prontos.
— Sei quanto apreciou sua experiência; o que precisa entender é que ela se deu sob condições fortemente controladas e num caso bem simples.
Nem todas serão assim.
Você enfrentará situações muito mais complexas e precisa estar bem preparado; do contrário poderá haver prejuízo tanto para você como para aqueles a quem irá auxiliar.
Ainda não está pronto.
Deve estudar mais, instruir-se melhor.
— Mas não será uma tarefa acompanhada pela Lívia?
— Amparada, não totalmente acompanhada.
— Como assim?
— Lívia estará presente parte do tempo, dando as orientações e as instruções, porém a tarefa será realizada por você.
E creia-me, você sentirá a diferença.
— Eu sei. Lívia é experiente e tem luz própria.
— É, você captou o que eu quis dizer. Tenha paciência. Continue estudando com calma, o momento certo se aproxima.
— Ao menos dá para saber qual será a tarefa?
— Ainda não. Você saberá quando chegar a hora.
Serginho continuava acabrunhado e contrariado.
Apesar do gosto que vinha pegando pelo estudo, fazer as coisas, estar em contacto com as pessoas, era muito mais interessante e estimulante.
Por outro lado, sabia que naquele curso a disciplina era fundamental.
Messias, sempre atencioso e afectuoso, era ao mesmo tempo extremamente disciplinado e rigoroso, levando tudo a sério.
Dias, semanas se passaram, repletos de aulas e mais aulas, livros e mais livros.
Complementarmente, algumas viagens à Terra para observação e aprendizagem, rápidas incursões com a turma toda para estudar alguns exemplos práticos.
Serginho era o mais animado nessas viagens.
Para ele, ainda que fossem curtas, já eram alguma coisa.
O grupo tirava importante aprendizado dos processos examinados.
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Luz que nunca se apaga - Bento José / Sandra Carneiro - Página 4 Empty Re: Luz que nunca se apaga - Bento José / Sandra Carneiro

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Fev 06, 2015 10:41 am

Enfim, para entusiasmo e alegria gerais, o grande momento foi anunciado.
Teriam as aulas temporariamente interrompidas para estágio prático. Receberiam a primeira incumbência individual.
Serginho continuava desejando com fervor que fosse Paula a escolhida para ser ajudada por ele.
Todos estavam ansiosos.
O instrutor começou a informar cada um sobre sua missão: alguns iriam auxiliar pessoas próximas, familiares, amigos ou conhecidos; outros actuariam junto a desconhecidos.
Chegou finalmente a vez de Serginho.
Ele ouvia com atenção, quase sem respirar, esperando ouvir o nome da namorada. Qual nada!
Nova frustração.
Mais uma vez iria auxiliar alguém que não conhecia!
Por que as coisas nunca eram do jeito que ele queria?
— As coisas vêm sempre para o nosso bem, mesmo que não sejam como gostaríamos que fossem.
Pode ter certeza, Serginho: nosso Pai jamais nos dá algo que não vise ao nosso bem, tenhamos ou não capacidade de compreender seus desígnios.
Nosso entendimento é muito pequeno e nossa visão muito limitada.
Precisamos confiar em Deus e nos entregar a Ele sem reservas.
Quando assim procedemos, o Pai nos guia invariavelmente pelos caminhos que nos trazem o melhor.
Vamos, anime-se!
Você irá gostar de Paulinho; além disso, ele necessita muito de ajuda!
Serginho tentou elevar um pouco o ânimo e perguntou:
— Lívia vai me acompanhar?
— Sim. Ela já sabe tudo em detalhes.
Vai chegar em breve para iniciarem a programação da tarefa.
Aqui está um dossiê completo do caso do Paulinho.
Deve estudá-lo cuidadosamente para poder conhecê-lo e às circunstâncias que o envolvem.
Serginho pegou das mãos do instrutor um calhamaço com as informações que teria de conhecer sobre o garoto.
Suspirou resignado e comentou:
— Então é melhor começar logo.
—É isso mesmo.
Quanto antes, melhor!
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