LUZ ESPÍRITA
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A ESCADA DE JACÓ - Inácio Ferreira / Carlos A. Baccelli

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A ESCADA DE JACÓ  - Inácio Ferreira / Carlos A. Baccelli - Página 3 Empty Re: A ESCADA DE JACÓ - Inácio Ferreira / Carlos A. Baccelli

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Mar 28, 2014 9:34 pm

CAPÍTULO 17

- Convidaremos Adroaldo para vir connosco...
Poderemos ir num pequeno grupo, não? – Perguntei ao Instrutor.

- Não há problema, Inácio, desde que não sejamos muito numerosos.
- Eu, você, o Adroaldo e o Manoel Roberto...

- Penso que obteremos, sim, a permissão dos nossos Maiores, mesmo porque a curiosidade em torno da guerra deve estar atraindo muitos espíritos para a região do conflito.
Apenas deveremos ter o máximo de cautela e nos mostrarmos amistosos.

- Eu me recordo, Odilon, do que nos fala “O Livro dos Espíritos” a respeito, quando os Espíritos Superiores, responderam a uma questão formulada por Kardec, explicaram que, em nosso actual momento evolutivo, a guerra é uma necessidade...
Vivemos num planeta de evolução primária e somos tão imperfeitos, que algo tão monstruoso quanto a guerra se torna uma necessidade!
Como entender isso?

- A questão carece de ser examinada a fundo e sem qualquer paixão.
Tenhamos em mente que a morte não existe; os espíritos que deixam o corpo, não importa em que circunstância, candidatam-se a um novo começar.
Sem dúvida, o mal, sob nenhum pretexto, se justifica, mas se explica.

Há quantos anos, milhares de criaturas permanecem vivendo sob impiedoso regime opressor?
Em diversas áreas geográficas da Crosta, por questões políticas e ambições pessoais dos que ocupam o poder, o homem é proibido de manifestar o que pensa e, consequentemente, se sente privado do direito de se expressar.

Os ditadores mandam executar aqueles que se lhes constituem a menor ameaça, todos devem se pautar pela sua cartilha...
Com o avanço do chamado Direito Internacional e a maior consciência humanitária, a guerra de conquista está se transformando em guerra de libertação.

- O que, convenhamos, não deixa de ser considerado progresso...
- Todavia, Inácio, interesses escusos ainda sobrevivem e, por longo tempo, o homem lutará contra as próprias inclinações de ordem inferior; os povos vitoriosos sempre tiram partido dos derrotados!
Hoje, já não é mais como era ontem, mas estamos distantes do que deve ser amanhã...

- Os norte-americanos e os ingleses não estão agindo por puro idealismo...
- Nem os brasileiros agiriam...

- Se não nos vigiarmos, o que condenamos nos outros, somos capazes de fazer pior.
A verdade é que o mundo precisa mudar...
Quantos biliões de dólares não estão sendo gastos na guerra?

Com uma parcela ínfima desse dinheiro, investida em pesquisas científicas, a Humanidade viveria em melhores condições:
seria possível se extinguir a fome, auxiliar os países pobres, incentivar a educação, combater a criminalidade, descobrir a cura de doenças que continuam sendo um cruel desafio...

- Um simples míssil custa alguns milhares de dólares...
- AS nossas inferioridades em cena nos constrangem a atitudes de insensatez.
Há séculos e séculos, a situação política e religiosa no Oriente vem se arrastando...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Mar 28, 2014 9:34 pm

Os espíritos que por lá vivem não conseguem se emancipar do círculo vicioso que se estabeleceu, crianças, adolescentes e mulheres estão pegando em armas...

As Leis Divinas têm tentado o caminho da diplomacia: vieram os Profetas, depois Jesus Cristo...
As Trevas tanto fizeram que no máximo, se considera o Mestre como maior dos Profetas, sendo que a maioria o coloca em condições de igualdade com Moisés e Maomé.

- Quando não num plano inferior...
O contraste a significativo: Moisés libertou o povo judeu da escravidão, Maomé pregou a “Guerra Santa” e Jesus Cristo morreu na cruz!
O povo do Oriente tem vergonha de Jesus pregado no madeiro!...

- Alguns chegaram a argumentar que a mensagem do Perdão é um sinal de fraqueza, esperavam um Messias guerreiro, digno de Jeová, o Senhor dos Exércitos...
- A guerra, Inácio, que, voltamos a repetir, não se justifica, mas, infelizmente, é um reflexo da média do estado mental em que vivemos, desestabiliza situações e...

- Compreendo que você está querendo dizer: as explosões da guerra, com as suas dores superlativas, fazem os espíritos acordar...
- Emancipar-se do fanatismo, fugir à sintonia com as entidades que os vampirizam; reconsiderar arraigados pontos de vista, respirar outros ares, constatar que a violência gera mais violência, sensibilizando a opinião mundial; fazê-los meditar quanto à transitoriedade do poder...

- Num país sob regime ditatorial, o progresso fica comprometido.
- Lembra-se do Brasil, nos tempos da ditadura militar?
- Como não? Inclusive, antes, sob o Estado Novo, em 1942, o nosso jornal – “A Flama Espírita” – ficou proibido de circular; os padres que sempre estiveram ao lado dos poderosos conseguiram impedir que “A Flama” continuasse divulgando os nossos princípios...

- Em termos do Brasil, Inácio, a História ainda não contou direito as consequências da revolução de 1964...
- As cabeças pensantes do País foram expatriadas e jovens de inteligência promissora foram mortos!

- Uma geração ficou comprometida; do ponto de vista social, económico e cultural, era para que o Brasil da actualidade fosse diferente...
Os espíritos que haviam reencarnado com tal compromisso foram obrigados a se calar ou a se “venderem” ao regime.

- Não poderíamos jamais estar escrevendo o que, agora, escrevemos pelo médium, sem mandá-lo para o “paredão”...
Até os mortos tinham que se conter!
Agentes se infiltravam nos centros espíritas, para saberem o que estava sendo cogitado em nossas reuniões...

- Os países que se envolvem numa guerra estão todos equivocados, no entanto...
- ...uns estão mais que outros, não é?
- Sim; os norte-americanos e os ingleses não estão tencionando apenas combater o terrorismo internacional, a França e a Alemanha não se envolveram directamente, por falta de interesse...

- Económico?
- Sim – infelizmente, sim! Vejamos o caso de alguns países que fazem fronteira com o Iraque que, literalmente, se venderam.
- A guerra põe à amostra a podridão humana!

- Por outro lado, Inácio, o ditador iraquiano, há mais de duas décadas no poder, já mandou eliminar milhares de civis contrários ao seu regime de força:
cientistas, professores, jornalistas, políticos liberais e outros foram condenados à morte e tiveram os seus bens confiscados pelo governo.

- De facto, é uma situação que não pode continuar...
- Por esse motivo, quando não aceitamos os alvitres da Diplomacia Divina, ficamos entregues ao próprio livre-arbítrio.
Sem que esses “focos de resistência” das trevas se extingam, a Humanidade prosseguirá nesse marasmo espiritual...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Mar 28, 2014 9:34 pm

- Certas catástrofes, como, por exemplo, a guerra, têm repercussões até do nosso lado...
- Sem dúvida e não se restringem às manifestações isoladas que presenciamos às portas do Sanatório...
Espíritos baderneiros e ociosos enxameiam na vida de além-túmulo, contestadores oportunistas não são privilégio de homens na Terra...

Existem grupos de espíritos, Inácio, que há séculos se encontram na mesma situação: reencarnam, desencarnam e tornam a encarnar entre si, formando verdadeiro círculo vicioso...
No Mundo Espiritual, existem comunidades de espíritos completamente fechadas.

Vamos citar um exemplo:
os drusos, adeptos da teoria reencarnacionista, descendentes dos essénios, que se juntaram bem antes da vinda do Cristo, até hoje, passados mais de dois mil anos, só constituem família entre si...

- E crêem na Reencarnação!...
- Reencarnar tão-somente não basta!
Para os drusos, a Reencarnação é o fato mais natural; todavia falta-lhes mais ampla perspectiva espiritual da Vida...
Salvo melhor juízo, o seu objectivo existencial se resume na experiência física: o Céu a que aspiram é por lá mesmo!

Efectuando ligeira pausa, o orientador deu sequência ao proveitoso diálogo.

- A guerra, por assim dizer, provoca “desarranjos” nas dimensões espirituais e obriga muitos espíritos a se exilarem, ou seja, a debandarem...
Alguns soldados norte-americanos e ingleses, mortos em combates, renascerão no Oriente e travarão contacto com uma nova cultura – ambição versus desapego, iraquianos chacinados vinculando-se obsessivamente aos seus algozes serão levados para a América e para a Inglaterra e renascerão como filhos e netos, como herdeiros do povo que supostamente os conquistou!

- Que coisa impressionante!
- Inácio - troçou Odilon - estou desconhecendo-o, você está se impressionando com pouca coisa!...
Você acha, então, que poderia ser diferente?

Os romanos escravizaram os gregos, que, por sua vez, foram ser professores dos filhos de seus conquistadores e lhes “fizeram a cabeça“...
A espada nunca pode mais que o pensamento!
- Expressei-me mal – desculpei-me - estou maravilhado!...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Mar 28, 2014 9:34 pm

CAPÍTULO 18

- Maravilhado, Odilon, com a precisão da Lei que nos tutela os passos nos caminhos da Evolução.
Com todo seu conhecimento actual e avanço tecnológico, como é que o homem pode continuar se mostrando tão insensível e indiferente às coisas divinas!

Tudo se explica pela Reencarnação!
Pela óptica espírita, tudo se compreende e somos capazes de intuir a Verdade.

- Inácio, meu bom amigo – redarguiu o Instrutor - um simples grão de areia é uma prova exuberante da existência do Criador!
Quando o homem se tornar mais introspectivo, terá maior reverência pela Vida.

Por enquanto, ele não passa de uma criança, brincando de gente grande...
Parte para a conquista do Universo, sem ousar adentrar os meandros de si mesmo!

Acredita-se um amontoado de carne, que se formou uma acção conjunta de elementos químicos que se combinaram ao acaso...
Por mais hipóteses que a ciência materialista avente na tentativa de explicar a origem da Vida na Terra, ela esbarrará nos enigmas da mente.

Todavia a Ciência está bem perto de comprovar a existência do espírito. Modernos estudos sobre a glândula pineal, a Epífise, tem demonstrado que, sob estímulos de carácter intelectual e emocional, quaisquer que sejam eles, se desencadeiam nela determinadas reacções de natureza químico-eléctricas que, por sua vez se reflectem por todo o cérebro.

A mente é o espírito e o cérebro o seu veículo de manifestação.
O Universo é uma projecção da Mente Divina, que o concebeu, que o sustenta e o aperfeiçoa.

- Porque, de maneira geral, o homem não pensa nisso...
- Os técnicos de gabinete, os políticos e o povo em geral não sabem o que se passa nos recessos dos laboratórios de pesquisa.
A ambição desmedida é incompatível com a transcendência.

A Ciência necessita se colocar mais ao alcance do entendimento do homem comum e já começou a fazer isso, a Física, a Química, a Biologia e mesmo a Filosofia carecem de se difundir com terminologia consentânea à compreensão geral, para que as suas conquistas não permaneçam restritas a uma casta de iniciados.

A Religião – que se estagnou – por si só não mais tem bastado aos anseios do homem.

- Pelo que você diz, Religião e Ciência...
- Identificar-se-ão plenamente!
Por esse motivo, a Comunidade dos Espíritos Superiores, sob a direcção do Cristo, tem-se preocupado com a guerra que, se se alastrar, comprometerá os avanços da Ciência e, de novo, poderá dar força ao fanatismo religioso...

- Como a questão, vista por esse ângulo, é ultra-delicada!...
- A preocupação central não é com aqueles que não irão morrer...
Os espíritos renascerão sempre e, depois, a Vida se mostra infinita em todas as direcções.
É evidente que, sob o aspecto humanitário, todos nos preocupamos com a situação dos mutilados, dos que perderam as suas casas, os seus pais, os seus filhos, os seus irmãos...

Mas, a rigor, ninguém sofre prejuízo de que não seja ressarcido.
A Lei de Compensação funciona de forma admirável e, conforme dissemos, todos terão de volta o que lhes pertence, ou, por outras palavras, o de que necessitam transitoriamente, como elementos pedagógicos que lhes promovam a educação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Mar 28, 2014 9:34 pm

A Terra é um grande educandário ou ainda um imenso tabuleiro de xadrez, onde aprendemos a movimentar as peças, cujo objectivo não é ganhar do adversário, mas, isto sim, exercitar a inteligência.

Figuradamente, as armas de guerra são “brinquedos” nas mãos de crianças espirituais, competindo uma com as outras.
Os Espíritos Superiores, no entanto, compadecem-se de nossa grande ingenuidade...

A criatura encarnada está se batendo por uma ilusão!
Os motivos que levam à guerra são os mais fúteis possíveis; a declaração solene de guerra e um país contra outro, com as autoridades civis e militares todas engravatadas e circunspectas, dá-nos uma ideia da dimensão da ignorância humana.

A grandeza do homem está em seus actos de amor!
Só quando ama, ele consegue deixar de ser medíocre!...

- Então, caro amigo – comentei, ensejando ao companheiro o prosseguimento da explanação - o que o homem está vivendo não é real...
- Ele imagina que é, mas não é.
Tornando a falar, especificamente, do conflito no Oriente, o homem montou um cenário e “Hollywood” saiu das telas...

O grande desafio é amar, não é odiar.
A vida material é uma ilusão que passa.

Amanhã ou depois, fora do corpo, os líderes dos dois países mais directamente envolvidos, dirão:
“eu sou fulano”; “eu sou sicrano, beltrano”...
Ora, ninguém se importará com isso.

Eles terão que se haver com a própria consciência.
Deste Outro Lado, não existem países a serem governados, os valores que imperam nas dimensões além da morte são completamente diversos daqueles que levam o homem ao delírio...

Quem está garimpando ouro não se importa com cascalho, quem extrai a pérola deixa a ostra de lado...

- Mas, por vezes – indaguei -, essa ilusão não continua?
- Continua, na forma de ilusão...
Há espíritos que permanecem por dezenas de anos e até séculos fixados naquilo que foram ou nos personagens que animaram; todavia, quando começam a entrever a realidade, enlouquecem, rebelam-se, não querem aceitar os factos.

Depois e expiarem longamente no Mundo Espiritual, finalmente renascem: “fulano”, “sicrano e beltrano” tomam um corpo insignificante e vão ser, por exemplo, anónimos pedintes nas ruas de uma grande cidade ou pacientes crónicos de um hospital psiquiátrico...

- Quando conseguem reencarnar, não é?
- Demora, mas todos reencarnam; a reencarnação é sempre uma bênção...
- O pessoal acha que não reencarnar é um privilégio...

- Ao contrário, para espíritos semelhantes a nós, é uma penalidade.
Quem tem carma na Terra anseia por renascer o mais depressa possível!

Estou, é claro, me referindo a espíritos conscientizados e não àqueles que não admitem a culpa – muitos deles podem ficar até por quinhentos anos, ou mais, sem a bênção do renascimento, finalmente, fragilizam-se, e, quando abrem os olhos, vêem-se choramingando no berço:
esquecidos do que foram, humilhados em sua condição, ocupando, por vezes, um corpo disforme, reerguendo-se, gradativamente, da queda a que se arrojaram...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Mar 28, 2014 9:35 pm

- Ou, então, vão ser ração de dinossauro em mundo primitivo...
O Mentor sorriu com descontracção e admitiu:
- Pode, sim, acontecer. Por que não?

- Quanto tempo demorará o espírito de um criminoso de guerra para se redimir? – Perguntei.
- Inácio, isso é lá com Deus...
Mas pode ser que eu ou você já o tenhamos sido!

- Criminosos de guerra?
Como assim?
Não estaríamos, então, na condição em que nos encontramos – que não é lá essas coisas, mas...

- Eu penso que um criminoso de guerra – Hitler, por exemplo -, que se responsabilizou por milhares de mortes e atrocidades, a não ser em condições especiais, não se levanta...
- Fica difícil entender...
- Admito que sim, porém o espírito não resgata as suas faltas, simplesmente sendo esmagado pelo seu peso...
Você já imaginou se Hitler tivesse que pagar a cada judeu o que deve?

- Ele vai passar a eternidade e não vai conseguir.
- Admito a teoria de que, entre várias existências expiatórias, a Misericórdia Divina, que é Infinita, intercede junto à Lei do Carma e anestesia o espírito, dando-lhe a oportunidade numa existência comum, de demonstrar se mudou...

- Você acha viável, Odilon?
- Acho! De repente, mais tarde, eu ou você, Inácio quando a anestesia terminar e nos voltar a lembrança do que fomos...
- Eu, Inácio Ferreira, espírita, algo moralista, médico psiquiatra, um criminoso de guerra, no passado?...Hum!...

- Eu, Odilon Fernandes, cidadão benemérito, etc. e tal, na mesma... aí, como que fica?
- Uma confusão danada na minha cabeça!
- Inácio, você acha que o nosso irmão Flávio...

- O serial-killer...
- Você acha que ele conseguirá expiar todos os seus crimes, numa única existência?
- De forma alguma.
- De quantas precisaria?

- De umas dez, no mínimo...
- sempre reencarnando louco ou paralítico, como se Deus o sentenciasse a ficar debaixo de uma pedra por mil anos?...
Se assim fosse, infractores da Lei que todos o somos, como seria a nossa vida no mundo, ou seja, na Terra?

- Não sou capaz de imaginar; a ideia que me ocorre é que estaríamos nos arrastando num lamaçal...
- No entanto, estamos de pé!
- Até hoje eu não entendo como Saulo de Tarso conseguiu ser Paulo de Tarso com todo aquele drama de consciência!...

- Intervenção divina. Deus não quer nenhum de seus filhos arrastando-se num lamaçal pela eternidade!
- Ou debaixo de uma pedra por mil anos!...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Mar 28, 2014 9:35 pm

CAPÍTULO 19

Enquanto Odilon providenciava para que não tivéssemos maiores embaraços, na execução que planejávamos aos bastidores do conflito no Oriente, organizei anotações e deliberei dar início, com o concurso do instrumento mediúnico ao qual me afinizei, à tarefa de transmitir aos nossos irmãos na carne a essência das lições que vinha assimilando.

Ansiava, ainda que de forma resumida, por dividir com os amigos de grau tudo o que me estava sendo possível aprender, mesmo sabendo que, a muitos, as minhas informações pudessem causar estranheza.

Rascunhei durante algum tempo as últimas experiências vivenciadas, os diálogos com o Instrutor e com os demais companheiros nas lides do hospital e deliberei descer, não adiando o projecto de escrever uma nova obra que pudesse colaborar com os que, de facto, se interessam pelo conhecimento da verdade.

Apesar da incompreensão de alguns, com referência aos livros escritos anteriormente por mim, os questionamentos e a crítica dos espíritas conservadores, enquanto continuasse contando com a receptividade do médium, não me seria lícito recuar.

Se nós os mortos, nada sabemos da vida de além-túmulo, muito menos os que dela supõem algo saber!

Com o rascunho de minhas anotações debaixo do braço, informei ao Manoel Roberto que me ausentaria por algumas horas, instruindo-o quanto à determinadas questões de ordem interna no Sanatório, e tomei, confiante, o rumo da crosta. Lembro-me de que, estando encarnado, quando na publicação de algumas obras de minha lavra, como, por exemplo, “A Psiquiatria em Face da Reencarnação”, “Novos Rumos à medicina”, “Têm Razão”?

E outras de menor repercussão, acirradas discussões se acenderam e o meio académico se colocou de vez contra mim.
Deste modo, eu já estava habituado à contestação e, se o médium estivesse disposto a perseverar, também eu perseveraria...

A minha vantagem sobre ele é que, agora, as críticas não me alcançavam directamente: mesmo as endereçadas aos meus ouvidos especificamente, passaram antes pelos ouvidos dele...

Se ele aguentasse, eu haveria de aguentar.
A minha época, nós, os espíritas, apanhávamos tanto dos profitentes de outras crenças que nos sentíamos motivados a maior união entre nós, agora, que o Movimento Espírita se expandiu, os seus adeptos se dão ao luxo de brigar uns com os outros.

Está acontecendo connosco exactamente o que aconteceu com os cristãos, durante trezentos anos, sob as mais terríveis perseguições, eles se mantiveram coesos, mas depois a coisa desandou...

Bastou que o Cristianismo, convertido em Catolicismo, se transformasse em religião oficial do império romano para que as animosidades intestinas se mostrassem piores do que as lutas travadas contra o paganismo.

Com a cabeça fervilhando de ideias, consegui furar o “bloqueio” das entidades que se posicionavam nas imediações do Hospital – eu aprendera a me tornar invisível para elas – e desci, já, mentalmente, procurando colocar o medianeiro em condição receptiva; aliás, desde alguns dias, vínhamos trabalhando a sintonia...

O processo de transmissão mediúnica, para obras de fôlego, obedece ao ritmo de inspiração que envolve um escritor comum que, na maioria das vezes, antes de redigi-las,, primeiro concebe a ideia, entrando, digamos em estado de gestação intelectual.

Ninguém semeia sem dispor de terreno convenientemente preparado.
De maneira que, quando cheguei, o médium já me esperava, de caneta em punho!
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Mar 28, 2014 9:35 pm

Seria interessante, a título de orientação para outros médiuns, que eu fizesse o seguinte esclarecimento:
não pensem que, numa actividade mediúnica regular, desenvolvendo um projecto que objectiva mais ampla conscientização dos encarnados, nós, espírito e médium, agindo conjuntamente, não soframos a tentativa da interferência da parte das entidades que se nos opõem aos propósitos.

Contamos, evidentemente, com diversos assessores e não actuamos sem a indispensável cobertura do nosso Plano, mas, mesmo assim, a ousadia dos espíritos incompreensivo é inacreditável.

No dia aprazado e no horário previamente combinado, entre mim e o meu intérprete, no local em que nos habituamos a trabalhar, sempre nas primeiras horas da manhã, aproximei-me e verifiquei que, a certa distância, algumas entidades com intenções contrárias já se posicionavam.

Ao me avistarem, foram logo gritando:
- Não adianta!
Desta vez, você não vai conseguir... Desista!
Ele está sob nossa influência e se sente desanimado.

Desfiguraremos o seu pensamento e consentiremos que você continue nos expondo...
Convém voltar para o lugar de onde veio!

Não podemos, é certo, nos aproximar quanto gostaríamos mas daqui o atingiremos, ou melhor, atingiremos vocês dois...
Desta vez, não será como das anteriores. Desista!...

- Vou ter que trabalhar sob tempestade – pensei.
Os nossos irmãos de ideal, repito, estão longe de conceber a extensão do esforço de quem se propõe servir à Verdade com desinteresse.

Os espíritos que não simpatizam com o que representamos fazem de tudo para atrapalhar-nos.

A nós e aos médiuns dos quais nos valemos:
inspiram alguém da vizinhança a ajustar o rádio no último volume, fazem transeuntes travarem discussão à janela do local de trabalho, emitem pensamentos de apreensão relacionados com a vida familiar do médium, suscitam ligações telefónicas, para tirá-lo da concentração; disparam a buzina de veículo estacionados nas proximidades, Incitam cães próximos a latirem sem parar...

Não creiam que eu esteja exagerando, se não acreditam no que estou dizendo, é fácil:
tentem ser médiuns ou espírito mensageiro!...

A tentativa de serem médiuns poderá ser feita de imediato, quanto a de espírito mensageiro, é óbvio que terão que esperar um pouco e é bem provável que até que o queiram como tal.

A custo, contive-me diante das provocações que continuavam:
- Pare com essa bobagem; ninguém acredita nisso...
As suas obras são medíocres.
Você nunca será escritor!

O que aconteceu aos livros que escreveu quando ainda no corpo?
Nada, absolutamente nada!
Estão por aí, nos volumes que restaram, sendo destruídos pelas traças...
Mudaram o mundo?

Tiveram alguma repercussão? Nenhuma!...
Pare de perder tempo e vá viver a sua vida...
Quase tudo que escutava, o médium também estava ouvindo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Mar 28, 2014 9:35 pm

Convidei-o, mentalmente, a uma oração e, após termos orado, embora nos parecessem um pouco mais distantes, as vozes insistiam:
- O nosso pensamento pesará sobre a mão do médium...
Interferiremos na recepção.
Ele irá se desgastar tanto, que ficará doente.
Se ele é médium para você, há de também sê-lo para nós...

Se não pudermos impedi-lo de começar, o impediremos de dar sequência.
Quando o livro estiver na metade, faremos com que ele o rasgue...
Receberá cartas desalentadoras e não resistirá às críticas.

Infelizmente – e repito -, infelizmente, eu nada podia responder, caso respondesse, poderia pegar os meus rascunhos e voltar para trás...

Em silêncio, me preparando para dar início à tarefa que não seria fácil, apenas pensava:
“Este episódio será mais um capítulo do meu livro, irei incluir a experiência que estamos vivenciando...

Os nossos irmãos acham que “sintonizou, isolou”, as coisas não se passam assim...
De que nos vale trancarmos numa cabina telefónica, se a linha de transmissão permanece exposta aos fenómenos atmosféricos?”

O médium estava a postos e eu não podia decepcioná-lo.
Assim que ele preparou as laudas, diversas canetas e me ofereceu o seu pensamento e a sua mão, abri a pasta que trouxera com as minhas anotações e dei início ao trabalho.

Todavia, de fato, daquela vez estava mais difícil, tanto para mim quanto para ele.
Pude ver, inclusive, quando algumas entidades colocaram ambas as mãos na cabeça e começaram a “pensar em voz alta”, articulando palavras que carecíamos de nos esforçar, eu e o medianeiro, para que não se “misturassem” às nossas...

Vocês me desculpem tantas aspas no texto, no entanto falta-me terminologia adequada para explicar certas coisas.
O certo – digo-lhes – é que, sem tenacidade, mas por parte do médium que do espírito comunicante, nada feito.
Por esse motivo é que tantas actividades mediúnicas se trucam.

Estou lhes dando um exemplo do que se passa com a psicografia, todavia todas as faculdades mediúnicas estão sujeitas aos mesmos entraves, sejam elas de efeitos intelectuais ou físicos; aliás, as de efeitos físicos, pela sua maior passividade, estão mais sujeitos a interferências negativas..

De modo geral, compreendemos que, por enquanto, não há como ser diferente: a vida dos médiuns na Terra é repleta de óbices, dificultando-lhes o reconhecimento.

Que fazer? Quem está disposto a servir se adapta ao instrumento...
A enxada de “corte cego” também pode se afiar através do atrito.

O que eu lhes disse é que, sob tempestade trabalhamos e sob tempestade temos cumprido o dever –mal ou bem, temos cumprido o dever!

Se Jesus pregava em meio à balbúrdia do povo, por que nós – tão imperfeitos – haveríamos de nos calar?
Da primeira à última palavra do primeiro capítulo desta obra, até ao derradeiro, “eles” continuarão tentando perturbar e nós, humildemente, tentando fazer o melhor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Mar 28, 2014 9:36 pm

CAPÍTULO 20

Quando terminamos a tarefa que havia sido programada para aquela manhã, ao me retirar, ainda pude ouvir os impropérios que contra mim e o médium eram assacados:
- Vocês querem nos revelar como somos; escrevem contra o nosso sistema de vida...
O que têm haver com a nossa intimidade?
Estão preocupados com a guerra?

Pois fiquem sabendo que ela se espalhará; o que está acontecendo no Oriente é apenas o começo...
Incendiaremos o mundo e comprometeremos o futuro da Humanidade.
Insignificantes!... Ninguém lerá o que estão escrevendo...

Inútil! O Planeta nos pertence!
Estamos em toda parte; somos vários que fomos designados para combatê-los...
Tolos! Ao invés de se unirem a nós...

Deixando o médium mergulhado em seus afazeres, apenas lhe respondi, sem me deter:
- Insignificante e inútil é toda e qualquer atitude que se oponha à Vontade de Deus.
Respeitamo-los: vocês são nossos irmãos, mas estão perdendo tempo...
O nosso propósito não é o de desafiá-los, propondo-nos tão-somente dizer a verdade aos que têm “ouvidos de ouvir”...

- Dizer a verdade?! – redarguiram.
E, porventura, você a conhece?
O que é a Verdade?...

Compreendo que não me competia contender naquela hora, recordei-me de que, diante de Pilatos, Jesus silenciara, quando a mesma questão lhe fora formulada, e seguiu adiante, porém, não antes de certificar-me de que o companheiro ficaria bem.

De regresso ao Hospital, Odilon já me aguardava, na companhia de Adroaldo e Manoel Roberto, com a permissão de que necessitávamos para a nossa viagem de aprendizado à região do conflito.

- Inácio, você não perde tempo – disse-me o Instrutor, ao se inteirar da actividade a que dera início na elaboração de uma nova obra.
- Procuro imitá-lo – respondi.
- Como é que estão as coisas por lá?

- A posição de sempre...
- Se a temos as portas de nossas instituições deste Outro Lado, não poderíamos contar que fosse diferente na Terra, não é?
- No entanto, os nossos irmãos encarnados nos acreditam inacessíveis às influências a que os médiuns se encontram expostos...

- Equivocadamente, imaginam-nos, espíritos e médiuns, protegidos por uma redoma...
Não! Neste sentido, todo isolamento é de ordem mental.
Carecemos de elevar a sintonia...

- ...O que, convenhamos, não é fácil.
- De facto, não o é, Inácio.
A transmissão mediúnica está sujeita a altos e baixos: temos dias melhores e dias piores...
Nem sempre encontramos o medianeiro em condições ideais.

- E nem sempre estamos nós em tais condições – argumentei.
- Mas, se formos esperar por elas, não trabalharemos!
Apenas, digamos assim, em ocasiões excepcionais as condições referidas se nos apresentam.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 29, 2014 9:50 pm

- É uma pena, pois a tarefa não deixa de ser prejudicada!
- O que importa é a essência da Mensagem e, neste sentido, não temos falhado tanto.
- A forma literária...

- Trata-se de um simples detalhe, Inácio.
- SE a gente pudesse se dedicar com exclusividade, o rendimento seria melhor.
- No entanto, as nossas ocupações – as que nos dizem respeito e as que nossos intérpretes – não no-lo permitem.

- Falta-nos, Odilon, no meu entender, um pouco mais de memória...
Se tivéssemos maior domínio do cérebro... às vezes, na transmissão de um único parágrafo do texto que nos dispomos a escrever, a sintonia falha em diversos pontos.

- Você está certo – concordou o Mentor.
Sabia, no entanto, que a falta de memória tem a ver com egoísmo?
- Não duvido, mas não conseguiria explicar em que aspecto.

- O egoísta vive trancado em seu próprio mundo; isola-se do contacto com os outros e, assim, evita receber estímulos...
- Faz sentido.
- Nosso cérebro se desenvolve a partir dos estímulos que recebe: se fugirmos à vida de relação, à convivência com os semelhantes e nos tornarmos indiferentes...

- Quer dizer que o centro da memória também tem a ver com a prática da caridade?
- Exactamente; a caridade nos expõe aos referidos estímulos do mundo exterior: aprendemos a sentir a dor do outro como se fosse nossa...

Os nossos sentidos físicos se desenvolveram a partir de estímulos de natureza física; por exemplo:
se taparmos um dos olhos de uma criança recém-nascida por trinta dias, impedindo-a de receber o estímulo da luz, a visão daquele olho, em toda a sua vida, jamais seria igual à do que ficou exposto à claridade...
Os nossos sentidos espirituais carecem de estímulos espirituais para que se desenvolvam!

- Quer dizer que melhor memória não é só questão de treinamento?
- Em termos de mediunidade, não; ou, sendo um pouco mais abrangente, em termos de sensibilidade...
Não adianta acumular informações, sem saber utilizá-las.
Decorar palavras não significa memorizar-lhes o conteúdo ou conhecer-lhes o significado.

- Por esse motivo, os médiuns...
- Os médiuns e nós, que tencionamos contactarmos, necessitamos de estar sempre receptivos.
O egoísta não se predispõe a receber, porque não aprendeu a doar.
As flores que não se abrem dificultam a própria polinização...

- A Mente do Criador é inteiramente aberta à criatura...
- É identificar-lhes todos os pensamentos!...
- Seremos melhores médiuns...
- ... Quando formos mais solidários!

- Portanto, não basta que o médium tenha cultura...
- E nem que seja assistido por espíritos intelectualizados!
- O melhor exercício da mediunidade é a prática do bem?

- Perfeitamente, Inácio: o estudo esclarece; a caridade engrandece.
Quando o homem não for egoísta, e seu cérebro naturalmente se activará e ele, então, entrará em mais profunda sintonia com a Vida.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 29, 2014 9:51 pm

- E não será incomodado pelas mentes perturbadoras?
- Não, porque não mais guardará a mínima afinidade com elas.
- Em trocados em miúdos: eu me queixo da falta de memória na mediunidade e, ao invés de me prescrever um fosfato para o cérebro, você me recomenda fazer caridade?

- Inácio, o diagnóstico não me pertence, mas, sim, a Jesus Cristo.
O cérebro do egoísta funciona em regime de circuito fechado.
Para que sejamos mais receptivos e “ocupemos” áreas inexploradas do cérebro, precisamos tomar a iniciativa de nos entregarmos...

- Mas, de modo geral, os médiuns são bastante caridosos...
- Estão começando agora – de modo geral, todos estamos começando agora!
A solidariedade ainda nos é tão inabitual, que basta que alguém se decida a colocá-la em prática para que seja, de imediato, considerado portador de virtudes que está longe de possuir.

A pessoa realmente virtuosa não se caracteriza por uma acção isolada no bem dos semelhantes.
As considerações do Mentor, como sempre, eram oportunas e valiosas, no entanto foi ele mesmo que nos advertiu quanto a necessidade de ultimar preparativos.

Em rápidas palavras, colocou-nos a par da situação que se agravava com o avanço das chamadas Forças de Coalizão sobre a Bagdad das Mil e Uma Noites.

- A resistência está sendo menor que a esperada, mas o número de mortos é elevado...
Temia-se por armas químicas e biológicas, todavia, ao que nos parece, o governo iraquiano não as possui.

- Não foi o que se pretextou para a invasão? – Perguntou Adroaldo.
- Quando a ambição nos domina, qualquer pretexto nos serve para que colimemos os interesses em pauta.
Felizmente – comentou Odilon - os dirigentes do sofrido povo iraquiano estiveram o tempo todo mais preocupados com o seu bem-estar material!...

- Caso contrário, não estariam ou blefando ou deixando crer que possuíssem armas de destruição em nossa massa, não é? – Questionei.
- Teriam investido em armas pesadas e a carnificina seria maior; a resistência sendo ditada pelo fanatismo religioso, aliado a algum sentimento de nacionalidade de quem vê seu país ocupado por estrangeiros...

- Aos iraquianos, porém, não restava escolha...
Seja como for, o país está reconstruindo – afirmei.
- Abstenhamo-nos de julgar, Inácio, mas temos motivos de sobra para pensar o contrário.

- Como assim?
- Ingleses e norte americanos sempre se moveram pelo espírito da conquista...
O carma do povo do Iraque há de continuar por bom tempo ainda!

Gastam-se milhões de dólares na construção de um único míssil, mas não se investe a mesma soma em obras sociais que favoreçam os que vivem na miséria.
Por esta razão, a guerra está apenas se deflagrando...
Espera-se por uma catástrofe de maiores dimensões.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 29, 2014 9:51 pm

CAPÍTULO 21

Não encontramos as dificuldades que esperávamos para chegar à capital do Iraque.
O cenário era de destruição e a desorganização reinante se estendera à dimensão espiritual imediata à região da Crosta.

Numerosos grupos de espíritos iam e vinham, em situação lastimável.
Pude observar que a maioria permanecia alheia ao que lhe havia ocorrido.

- Não nos aproximemos em excesso, para que não corramos o risco de ser abordados, mantenhamo-nos de pensamento elevado e, assim, passaremos relativamente despercebidos...

Despejavam-se bombas e mísseis sobre a cidade e pessoas eram, indiscriminadamente, atingidas, não apenas as construções onde funcionavam órgãos do governo se transformavam em alvos para o exército que sitiava Bagdad, os chamados “ataques cirúrgicos”, através de mísseis considerados de alta precisão, destruíam quarteirões inteiros e os corpos de centenas de civis se encontravam espalhados, completamente mutilados.

Não lhes descreverei, no entanto, o que, parcialmente, a imprensa internacional tem divulgado.
Ater-me-ei ao que presenciamos deste Outro Lado, com os espíritos que se destacavam do corpo e prosseguiam como se nada lhes houvesse acontecido.

Nas cercanias da cidade, vimos quando um “homem-bomba” se aproximou, em trajes civis, e, gritando algo que interpretei como:
“Allah seja louvado!”, accionou um dispositivo em seu corpo e explodiu, levando consigo um grupo de soldados norte-americanos.

Quando a cortina de fumaça se desfez, vários corpos estavam em pedaços pelo chão, e os feridos, esvaindo-se em sangue, eram socorridos pelos companheiros que não foram atingidos.

Fora do corpo, o espírito do fanático religioso, transpondo o limiar da vida de além-túmulo, se apalpava e, considerando-se vivo, frustrava-se, imaginando que falhara em sua missão.

- Procuremos fixá-los com atenção – disse-nos o Instrutor – e ser-nos-á possível ouvi-los...
O pensamento é idioma universal e, para os que assim o compreendem, dispensa o concurso de palavras articuladas.

Com raras excepções, eles não nos poderão ouvir, de vez que sequer atinam com a nossa presença; estão de tal maneira concentrados na guerra, que só enxergam os inimigos...

Por esse motivo, o que se convencionou chamar de “fogo amigo” tem provocado tantas baixas, os combatentes da Coligação Anglo-Americana imaginam ver adversários nos próprios companheiros que não conseguem identificar.

- Ao invés do Paraíso, ganharei o Inferno! – Lamentava-se a entidade, que tentava colocar-se de pé.
Traí a confiança de Allah... Até a minha família desonrei.
Uma arma, preciso encontrar uma arma para continuar resistindo aos invasores...

Eu não sou um desertor!
Ai, como me doem as pernas!...
Com certeza, fui alvejado antes...
E, tristemente, arrastava-se no solo, à procura de uma arma perdida, que não encontrava.

- O que acontecerá a ele? – Perguntou Adroaldo.
- Será recolhido por padioleiros, aguardemos... – Respondeu Odilon.
Não demorou muito e um grupo de muçulmanos desencarnados apareceu:
eram em número de quatro e logo se puseram a socorrer o espírito atordoado.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 29, 2014 9:51 pm

- Perdoem-me, por piedade!
Eu não sei o que houve, que falhei.
Não me entreguem a Saddam...
Vocês sabem o que ele manda fazer a quem fracassa.

- Cale-se e não blasfeme! – Ordenou um dos quatro.
Você não falhou, diversos americanos foram pelos ares... Você é um herói!

- Um herói, eu?!
Onde é que está, então, o Paraíso prometido?...
Colocando-o em cima de uma maca, o líder do grupo socorrista retrucou:

- O Paraíso, certamente, vem depois...
Não duvide da palavra do Profeta!
- Para sempre, seja louvado! – Disseram todos, em uníssono, inclusive o homem que se imolara.

Enquanto os padioleiros se retiravam, o Mentor esclareceu:
- Existem diversos acampamentos espirituais nas imediações...
Todos os “mortos” estão sendo encaminhados a eles.
A dominação continua...

- Você se refere à opressão mental? – Indaguei.
- Sim, Inácio. Os líderes desencarnados da comunidade arrebanham os seus seguidores, poucos os que conseguem se esclarecer e tomar outro rumo...
A comunidade islâmica além da morte é impenetrável.
Nenhuma espécie de fanatismo cessa para quem deixa o corpo sob o seu jugo.

- E os de mentalidade mais aberta?
Não são ouvidos?
- Necessitam de agir com prudência e é o que têm feito.
Como é que, de um instante para outro, contradirão o que eles mesmos pregaram a vida inteira?

Há de se ter muita habilidade e esperar pelo tempo.
Os líderes dos povos do Oriente têm sofrido, ante a incapacidade de libertá-los da hipnose colectiva que auxiliaram a fomentar.

Acompanhemos, no entanto, a reacção dos soldados norte-americanos que se vitimaram na explosão – exortou-nos o companheiro.
Entremos em simbiose mental.

- Meu Deus! – Exclamava um jovem, aterrorizado.
- Arrancaram-me o braço!...
Socorro! Eu não quero morrer!...
Chamem um médico! Quero voltar para casa!...

Outro, um sargento, que havia perdido parte da perna, ainda tentava sustentar o fuzil.

- Não nos dispersemos – gritava aos demais.
Estamos feridos, mas ainda, vivos...
Mantenhamos a posição!
E solicitava a um rapaz, com divisas de cabo no uniforme ensanguentado:
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 29, 2014 9:51 pm

- Comunique-se com a retaguarda e peça socorro urgente...
Vamos precisar de sangue!
Você está ouvindo? Acorde!...
Não perca os sentidos agora! Mova-se!...

Pela cabeça de nenhum deles passava a ideia de que estivessem... mortos.
O certo é que, infelizmente, a batalha que se travava em território iraquiano se estendia ao Outro Lado da Vida.

Manoel Roberto, de hábito mais calado, indagou ao Instrutor:
- Dr. Odilon, onde estarão os familiares desencarnados dos combatentes em questão?
Por que não aparecem para auxiliá-los?

- Manoel, a sua pergunta é interessante, mas convém que nos lembremos de que, para estarmos aqui, tivemos de pedir permissão e nos munir de uma espécie de salvo-conduto.
Não é assim: os mortos não podem ir a toda parte que queiram...

A maioria por falta de condições.
Só não fomos molestados na “fronteira” porque o país está um caos, os chefes militares estão preocupados em abandoná-lo, e, a esta altura, já se encontra sem comando...

Quase todos os integrantes da guarda republicana, tido como soldados de elite, perceberam que não podem resistir, a verdade é que Saddam esperava por uma união do mundo árabe que, felizmente, não aconteceu – pelo menos, por enquanto.

Enquanto médicos e enfermeiros encarnados atendiam aos sobreviventes, estancando hemorragias e administrando-lhes morfina, médicos e enfermeiros desencarnados se aproximavam dos que haviam perecido e, sem que nada lhes dissesse a título de esclarecimento, agiam com naturalidade.

- A nossa situação é muito grave, Capitão?
Temos chance de sobreviver?
Perguntou o rapaz que tivera um dos braços arrancado pela explosão de diversas granadas, que haviam sido amarradas ao corpo do “homem-bomba”.

- Sem dúvida, sem dúvida – respondeu o oficial, providenciando uma espécie de torniquete.
- Difícil acreditar no que estamos vendo... – Comentei com Adroaldo.

- Inácio – explicou-me Odilon - de imediato é o que se pode fazer...
Como se cogitar de um assunto tão transcendente com quem, no momento, não oferece a mínima receptividade?

Em crise, um dos soldados mortos se levantou e, apontando a metralhadora para todos os lados, pôs-se a gritar, alucinado:
- Somos super-homens!...
As bombas iraquianas só nos provocam arranhões...

Levantem-se, seus molengas!
Estamos às portas de Bagdad...
E, com o uniforme em frangalhos e parte do rosto desfigurada, saiu correndo sozinho pela estrada, com um dos enfermeiros em seu encalço.

- Por que não o deixam ir?
Que mal poderia lhe suceder? – Questionou Manoel.
Tomando a liberdade de responder ao companheiro, falei, refrescando-lhe a memória:
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 29, 2014 9:51 pm

- Quantas vezes, você mesmo saía correndo pelas ruas, atrás de internos nossos que pulavam o muro do Sanatório, lembra-se?
- A rigor, Manoel – observou Odilon -, mal algum poderia lhe suceder; o mal real não existe!...
No entanto, o seu espírito poderia ser feito prisioneiro.
A responsabilidade de um pai em relação ao filho, ao contrário do que se passa, não cessa com a morte...

- Do filho?... – Indagou Adroaldo.
- Do filho ou do pai...
- Eu sei bem ao que os senhor se refere!

- Toda nação tem um governo correspondente no Mundo Espiritual.
Os soldados desencarnados das tropas anglo-americanas, feitos prisioneiros de guerra pelas milícias muçulmanas do Além, e vice-versa, terão que ser resgatados.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 29, 2014 9:52 pm

CAPÍTULO 22

Caminhando pelas ruas da cidade, percebemos que os espíritos se misturavam com o povo e muitos se comportavam como se, de facto, estivessem em estado de guerra.

Vários pensamentos me acudiam ao cérebro ao mesmo tempo.
Sem nada dizer aos companheiros que, certamente, se encontravam tão surpresos quanto eu, meditava naquela situação, tentando compreender como é que o homem podia descer a nível tão baixo, esquecendo-se completamente de sua destinação espiritual.

Convencia-me, cada vez mais, de que a imperfeição é uma doença da qual a criatura se encontrava sob severo tratamento, entre alguns períodos de melhora e recaídas.

De maneira geral, os combatentes, envolvidos na guerra, só se lembravam do Ser Supremo para pedir-lhe protecção contra o inimigo, esquecidos de que o inimigo também orava ao mesmo Deus.

Em quase nenhum deles, surpreendíamos pensamentos de transcendência...

Os soldados da Coalizão, que já realizavam incursões na periferia da capital iraquiana, beijavam medalhas com a efígie do Cristo, que traziam dependuradas ao pescoço, e os muçulmanos, por sua vez, proferiam jaculatórias:
- “Allah hu akbar! Hu Allah kibir!” (Allah é grande!).

Já outro portava consigo, junto ao peito, diminuto exemplar do “Corão”, acreditando que semelhante providência o livraria da artilharia do adversário ou, então, lhe serviria de passaporte para o Paraíso.

Penalizava-me ver aqueles irmãos equivocados a ignorarem as realidades da Vida além da morte. Quantas existências ainda teriam, no corpo, para despertarem?
Como a religião formalizada era capaz de manter sob hipnose milhões e milhões de espíritos?

Se conhecessem o Espiritismo – seguia pensando - todos os valores pelos quais lutavam com tanta ferocidade careceriam de sentido...
Jesus Cristo peregrinara pelas imediações, estivera tão perto daquela gente, no entanto, jazia esquecido em suas lições libertadoras, os judeus O consideravam, inclusive, abaixo de Moisés, que os libertara da escravidão no Egipto, e os adeptos do Islamismo igualmente não O nivelavam a Maomé, que pregara e incentivara a chamada “Jihad” – Guerra Santa! -, como justificativa para se propagar a fé.

Para muitos, Jesus não passava de um dos muitos profetas da raça, mas estava longe de ser o Messias!
Quanto tempo a Mensagem da Cruz levaria para ser compreendido?

Por outro lado, enquanto os aviões e lança-mísseis davam sequência a implacável bombardeio, atingindo, indiscriminadamente, a civis e militares – prosseguia reflectindo -, nós, os que pertencíamos à civilização do Ocidente e nos dizíamos cristãos, que fazíamos, em termos práticos, para vivenciar o Evangelho?

O Ocidente também encontrava-se em guerra: as desigualdades sociais, a corrupção, a violência, a ambição desmedida, a falta de solidariedade, a opressão do forte contra o fraco, a indiferença, a ausência de amor nos corações...

Não tínhamos o Brasil envolvido, por exemplo, em nenhum conflito armado com alguns dos países que lhe fazem fronteira, mas vivíamos uma guerrilha urbana em grande escala, que já ameaçava, inclusive, estender-se das capitais ao interior:
facções criminosas se organizavam e enfrentavam a polícia; a periferia, relegada ao descaso pelas autoridades, transformara-se em reduto de traficantes e a corrupção se infiltrara em todos os seguimentos da sociedade...

Todos clamavam por uma reforma das bases, mas poucos cogitavam de empreender semelhante reforma pautando-a nas propostas do Evangelho.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 29, 2014 9:52 pm

- Inácio - perguntou-me Odilon, com o propósito de subtrair-me ao silêncio a que me recolhera, em meio à escura fumaça que tomara conta dos céus de Bagdad -, por que você está tão calado?

- Eu estava pensando...
- No entanto, meu amigo, não se deixe abater...
A duras penas, o homem aprenderá o que lhe convém saber.
A Vida continua e a lição não se interrompe.

A rigor, estamos movendo guerra às nossas ilusões, demolindo as construções milenares de nossos enganos.
Sobre a Terra, nunca haverá vencidos... Todo poder é transitório.

A era de um ditador está chegando ao fim, e os que o estão derrotando não passam de instrumentos da Vontade de Deus, se, por sua vez, os supostos vencedores de hoje se transformarem em opressores da nação conquistada, haverá quem, mais cedo ou mais tarde, lhes faça conhecer a derrota...

Os planos de Deus não vão se alterar e o progresso é irreversível em sua marcha!
Na verdade, essas casas em ruínas são feitas de papelão e essas poderosas máquinas de guerra são engenhos de brinquedos...
Os corpos dilacerados são roupagens que o espírito despe, sem que a sua essência seja atingida.

O que precisa mudar é o sentimento!
Enquanto o homem não aprender a amar os semelhantes, ele andará distraído nos caminhos da Terra, recapitulando a lição, até que, em dado momento, lhe ocorra um insight espiritual e a sua visão das coisas se modificam.

Os iraquianos mortos em combate, muitos deles renascerão na América ou na Inglaterra e muitos norte-americanos e ingleses que tombaram no campo de batalha reencarnarão como filhos dos filhos cujos pais pereceram...

É assim que funciona.
Dói-nos, sem dúvida, ver o sofrimento do povo, toda vida dói-nos bem mais observá-los em sua ignorância, pois, se a penúria física cessa com a morte ou com providências de natureza humanitária, a ignorância acompanha o espírito e não se resolve de imediato.

De quantas vidas necessitaremos, a fim de que nos ocupemos tão-somente do que nos interesse para sempre?
O homem, que investe em viagens interplanetárias, esquece-se de que a conquista do Cosmos começa com a conquista de si mesmo!

- O senhor tem razão – aparteou Adroaldo.
Não se trata de indiferença nossa ou de falta de sensibilidade, mas vejamos esses tanques-de-guerra destruídos, esses veículos queimados, essas sucatas de helicópteros abatidos, esses escombros de construções que vieram abaixo...
Um amontoado de pó – nada mais do que isso!

Esses aviões, com essas bombas de alto poder de destruição, não passam de insignificantes insectos voadores...
Quanto desperdício de inteligência e de energia! Vejamos os espíritos, com os seus corpos luminescentes, deixando o casulo físico, da qual se fosse lagartas que, por fim, se transfiguram...

Tudo mudou para eles: a paisagem não é a mesma, no entanto permanecem mentalmente estacionados, como se recusassem a passar ou consentir que o tempo passasse para eles...
Há quantos séculos estarão assim?...

- E por quantos séculos assim ficarão? – Emendei.
- O que poderemos fazer com o intuito de acordá-los? – Perguntou Adroaldo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 29, 2014 9:52 pm

- Não meçamos esforços para tanto – considerou o Mentor - eles não estão esquecidos...
Os horrores da guerra, cujas imagens têm sido veiculadas pela televisão, estão chocando o mundo e sensibilizando a opinião pública; movimentos pacifistas haverão de se multiplicar e pressionar os governos...

- Os governantes!... – Ironizei.
Eu não sei o que se passa na cabeça dessa gente...
Vendo-os e ouvindo-os, tenho a impressão de que se consideram mais imortais do que nós, os que já estamos mortos!

Raros os que verdadeiramente governam para o povo!...
Mal assumem o poder, sentem-se como se fossem os antigos imperadores de Roma, ou seja, semideuses!...

- Por esse motivo, Dr. Inácio – aduziu Adroaldo - o filósofo Platão dizia que os governantes deveriam ser poetas e não políticos...

- Concordo literalmente - respondi.
Apenas lamento que, por vezes, os poetas sejam tão pouco práticos...
- Mas, se ao invés de empunhar o fuzil, Bush e Saddam fossem adeptos da Poesia, teríamos flores caindo do céu e não bombas!

- Restar-nos-ia saber – disse o Instrutor – se, em nossa actual conjuntura evolutiva, estaríamos preparados para nos satisfazermos assim...
Os governantes também são médiuns e, na maioria das vezes, se fazem intérpretes da média da vontade do povo; a violência que se propaga no mundo é resultado da violência que cada um traz dentro de si!...
Não nos esqueçamos de que foi o povo instigado que pediu a Pilatos a crucificação de Jesus Cristo!

- Escolhemos Barrabás! – Exclamei.
- O inconsciente colectivo, esclareceu Adroaldo - estudado por Jung, necessita ser levado em consideração.
Os pensamentos de sono uns aos outros e pesam nas decisões de carácter colectivo. Inconscientemente, muitos querem a guerra...

- Acredito que os iraquianos quisessem se libertar de Saddam! – redargui.
Segundo estamos sabendo, na cidade de Basra, os soldados americanos e ingleses estão sendo saudados pelas ruas pela população civil...

- Quando a solução para determinado problema – explicou o Mentor – se mostra demorada e o povo não tem força para reagir ou não pode reagir...
- Durante os mais de vinte anos de ditadura no Iraque, mais de duzentos mil teriam sido sumariamente executados – lembrei.

- A “alma” do povo oprimido clama por justiça e, então, uma catástrofe se prepara, algum acontecimento fora dos padrões habituais para modificar o panorama vigente.

- Quer dizer que o mundo tem “alma”? – Indaguei, ansiando por maiores esclarecimentos.
- O homem tem alma, o povo tem “alma”, o mundo tem “alma”, o Universo tem “alma”...

- A “alma” do povo iraquiano...
- ... É o seu clamor:
o clamor dos injustiçados e perseguidos que, por fim, se levanta!...
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A ESCADA DE JACÓ  - Inácio Ferreira / Carlos A. Baccelli - Página 3 Empty Re: A ESCADA DE JACÓ - Inácio Ferreira / Carlos A. Baccelli

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 29, 2014 9:53 pm

CAPÍTULO 23

Enquanto falávamos, vimos surgir, rente a nós, um grupo de entidades que perambulava, gritando:
- Onde está ele
Estamos a esperá-lo e queremos justiça...
Ele nos pertence, será nosso prisioneiro...

Terá que responder pelo que nos fez, a nós e aos nossos familiares...
Será “olho por olho, dente por dente”!

Perdemos tudo...
Sabemos o que foi que ele ordenou nos fosse feito, morremos sem glória e até hoje não encontramos o Paraíso...
Allah seja louvado, mas que Saddam seja morto!

Eu nunca havia visto uma procissão de espectros.
Eram sentenças que se aglomeravam, quase todos exibindo em seus corpos espirituais as marcas da tortura:
alguns traziam pedaços de corda em volta do pescoço; outros, perfurações na cabeça e no peito, sem descrever a triste situação dos mutilados, que haviam tido as mãos decepadas...

Homens e mulheres mortos, envoltos em seus trajes típicos, procurando o líder iraquiano pelas ruas sombrias de Bagdad!

Mesmo que pudessem nos ver não nos veriam, tal a rigidez de seus corpos e o estranho brilho que traziam nos olhos: eram, aqueles verdadeiros zumbis, pessoas que haviam ousado discordar do infeliz ditador e de seus sequazes e, em consequência, foram sumariamente condenados à morte.

- A guerra – comentei com Odilon – é sempre cruel, mas, às vezes, diante de um quadro assim, a gente se sente constrangido a repensar...
Quando é que esse povo se libertaria de tamanha tirania e crueldade!
Quantas atrocidades encobertas que a opinião pública mundial desconhece!

Com todo respeito, esse nosso irmão é um espírito sanguinário...
Confesso-lhe que preciso me conter, para não me juntar aos espectros que lhe estão reclamando o espírito!

O Mentor, olhando-me significativamente, nada respondeu.

- Queremos Saddam!
Queremos Saddam! – Gritavam em voz ritmada e lenta.
Os seus semblantes escuros – fácies de cera – causavam-me profunda consternação.

- Por mais que se esconda, ele será nosso!
Perante Allah, Justo e Misericordioso, evocamos esse direito!

O seu Inferno seremos nós!...
Não queremos que as forças inimigas o façam prisioneiro, queremos que morra e venha ter connosco!
O “Corão” nos confere o direito de punir os traidores da causa islâmica, ele, os seus filhos e os seus ministros se locupletaram às custas do sofrimento do povo...

- Não nos convém, Doutor – perguntou Manoel Roberto -, a tentativa de auxiliá-los?
Não estarão sendo vítimas pela segunda vez?
Por quanto tempo vagarão?...
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 30, 2014 8:57 pm

- Não nos compete, Manoel, intervenção alguma – esclareceu Odilon - a não ser com as nossas preces a Deus para que esses sofredores irmãos tenham a oportunidade do esclarecimento e sejam amparados pelos espíritos responsáveis pela condução do destino dos povos árabes.
A Misericórdia Divina não os esquecerá!
Se ela tem se lembrado de nós, não os relegará ao desamparo.

- E, depois, Manoel – falou Adroaldo - caso decidíssemos intervir, é possível que eles nos interpretassem à conta de amigos de seu algoz, ver-nos-íamos, então, em delicada e complexa situação...
Se, pelo menos, mencionássemos com eles a palavra perdão, com certeza, não nos entenderiam.

- E seria difícil – completei por minha conta – ter argumentos para convencê-los...
Aquela procissão de mortos-vivos, que cada vez mais engrossava, peregrinava pelos bairros da capital iraquiana em completa desordem: víamos soldados trocando seus uniformes militares por trajes civis e misturando-se à população, diversas casas sendo saqueadas; muitos se prevalecendo do caos reinante para se vingar de seus inimigos pessoais...

Um fortíssimo vento começava a soprar e imaginei tratar-se de um forte deslocamento de ar, provocado pelas sucessivas explosões, pois toneladas de e bombas continuavam a ser despejadas, sem trégua, sobre a cidade semidestruída.

O som ensurdecedor das explosões, a densa cortina de fumaça, o calor, as tempestades de areia, os clamores, corpos espalhados por todos os lados, tudo, enfim, me induzia a crer que aquela fora a visão em que Dante se inspirara para descrever o Inferno...

O vendaval, acima de nossas cabeças se acentuava e o ar, como se estivesse a reflectir a claridade das chamas que consumiam as construções, se avermelhara...

Quase insuportável odor de substâncias químicas, que, para mim, se resumia num cheiro de enxofre, nos penetrava as narinas e quase me provocou vómitos, foi quando Odilon nos recomendou:

- Vigilância e oração! Não vacilemos!...
E, discretamente, apontando para cima, chamou-nos a atenção para uma estranha figura que se formava sob o céu de Bagdad:
uma imensa cabeça que não tive dificuldade para identificar...

- Uma aparição demoníaca! – Exclamei, estupefacto.
Olhos congestos e esbugalhados, sorriso sinistro nos lábios, orelhas imensas e afiladas, dois cornos na fronte e uma barba rala que lhe cobriu o rosto, da costeleta ao queixo pontiagudo, conferiam à monstruosa entidade as feições de Satanás!

Ela me parecia estar respirando em seu próprio habitat, ou seja, aspirando e se deliciando com aquelas tóxicas emanações, inclusive de corpos já em adiantado estado de putrefacção.
Confesso-lhes que a visão era aterradora e inacreditável!

- Santo Deus!
Deve ser um apavorante simulacro do lendário Diabo, não? – Inquiri ao Mentor.
- É, realmente, uma das entidades que plasmaram em si a concepção demoníaca que os próprios homens criaram, ao longo do tempo.

- Lembro-me de uma representação exactamente igual num dos livros da minha biblioteca...
Como é possível?
Quantas entidades existirão assim?

- Infelizmente, diversas:
algumas com maior e outras com menor poder...
- Todos os espíritos a estarão vendo neste instante?
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 30, 2014 8:57 pm

- Nem todos, muitos apenas conseguem pressenti-la...
Era estranho:
aquela imagem que se formara de inesperado, à medida que sorvia as emanações deletérias, parecia ganhar vida e movimento e já se corporificava do dorso nu para cima, com os seus traços me parecendo ainda mais nítidos, ela, ou ele – não sei – girava a cabeça de um lado para o outro e continuava a sorrir, como um génio do Mal que observasse, de uma perspectiva que não sei definir, os seus agentes em acção.

De quando em quando, os aviões me pareciam entrar-lhe pela boca escancarada, qual se estivesse sendo ela a vomitar bombas sobre o povo.

- Incrível, Odilon!...
Eu nunca tinha visto nada igual.
Supunha que aquelas gravuras nos meus livros mais antigos fossem apenas fruto da criatividade mórbida de seus autores, estampas encomendadas pela própria Igreja para aterrorizar os fiéis, intimidando-os com a ameaça respectiva.

Será que algum dos nossos irmãos encarnados a estarão percebendo?
Algum médium por aqui?...

Qual se tivesse desenvolvendo as suas percepções, o ponto de ver e ouvir muito além de nós outros, o Instrutor, com um leve aceno nos convidou a dobrarmos uma esquina e adentrarmos pequena mesquita que ainda se mantinha de pé.

Deparamo-nos, então, com um velho sacerdote que, ajoelhado na direcção de Meca, de rosto prostrado, orava incessantemente:
- Ó Todo-Poderoso – Dizia ele, com a voz embargada e trémula - intercedei pelo povo iraquiano...
Estamos sendo castigados pelos nossos muitos erros, mas tende piedade de nós!
Afastai o Demónio!...

Por Maomé, o Profeta, nós Vos pedimos:
não nos deixeis à mercê de um inimigo mais inclemente que a própria morte!
Allah, Todo Misericordioso, compadecei-vos de nós!...

Somos um povo temente a Vós!
Não nos abandoneis às Trevas...
Afastai o Demónio de nossos céus!...

E, com insistência, beijava o livro sagrado dos muçulmanos, que, dos lábios, erguia a altura da fronte e, sozinho, vestes cobertas de poeira e fuligem, prosseguia orando:
- Que sejais para sempre louvado!...
Somos tão pecadores, que necessitamos de que os invasores venham com armas nas mãos para nos libertar...

Auxiliai-nos, Ó Senhor de todo o Universo!
As nossas crianças e os nossos jovens estão morrendo...
Libertai-nos, sim, mas tende piedade de nós!

Estamos cansados de viver sob regimes de escravidão...
Certamente, ainda não pudemos compreender qual é a Vossa vontade!...

Aquele homem de fé inquebrantável deveria contar mais de oitenta anos de idade, a sua aparência ascética, deixava entrever uma vida de grandes privações naquela humilde mesquita, que as bombas não atingiam.

- Parece-me que o nosso irmão se encontra numa luta desigual – argumentei com os companheiros.
No entanto, aproximando-se, Odilon tocou-lhe suavemente a fronte e, por fracção de segundo, o ancião pôde vê-lo, confundindo-o com a presença de um emissário de Allah.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 30, 2014 8:57 pm

Prorrompendo em soluços, agradecia, de joelhos, erguendo-se e inclinando-se sucessivas vezes:
- eu não sou merecedor das Vossas Graças, ó Altíssimo!...
Sei que jamais nos abandonastes e nunca nos abandonareis!

O Demónio não prevalecerá sobe nós, porque sempre estivestes com o Vosso povo sofrido, irmão de todos os outros povos da Terra – eu agora o sei!

Sois o nosso Deus e o Deus de todas as criaturas!
Na face do Vosso Mensageiro Celeste, quase ao fim da vida, eu Vos pude ver...
Sede mil vezes louvado!...
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 30, 2014 8:57 pm

CAPÍTULO 24

Saindo da pequena mesquita, uma grande claridade chamou-nos a atenção nos céus de Bagdad:
olhando para cima, observamos diversos pontos luminosos que se aproximavam e, à medida em que se tornavam mais nítidos e reluzentes, a enorme carranca demoníaca como que se sentia incomodava e encolhia.

Virando-me para Odilon, perguntei:
- Que pontos luminosos são aqueles?
Porventura uma espécie de mísseis ultra-sofisticados?...

Detendo-se a analisá-los, o Instrutor comentou:
- Não, Inácio, os homens não se encontram à mercê das forças do Mal que se aglutinam...
O mundo não está sob o domínio livre das Trevas.

Se o próprio organismo é dotado de elementos naturais de defesa contra os agentes nocivos à sanidade, a colectividade humana não se encontra desprovida de protecção: espíritos compromissados com a evolução dos povos do Oriente não permaneceriam de braços cruzados, assistindo, impassíveis, ao desenrolar de acontecimentos tão graves.

O que presenciamos, então, foi um embate sem precedentes, digno de ser descrito pela pena do mais exímio autor literário de ficção.
A imensa fácies, que se contorcia, como que arremessava dardos flamejantes aos pontos luminosos, que se defendiam com poderosos e invisíveis escudos estelares...

Adroaldo, tão surpreso e estarrecido quanto eu e Manoel Roberto, diante daquela cena dantesca, considerou:
- O que estamos vendo faz-me lembrar famosa tela representando a luta do Arcanjo Miguel com o Demónio, expulsando-o do Paraíso...

- A intuição dos artistas sempre captou parcela da Verdade Universal – esclareceu Odilon.
Em todas as expressões da cultura humana – na pintura, na escultura, na poesia, na literatura, etc. -, existem elementos simbólicos traduzindo a realidade.

O Mal se opõe ao Bem com insistência, desde os primórdios da Evolução.
As figuras da Mitologia não mentem.
O Cristo, quando esteve entre nós sobre a Terra, era constantemente perseguido pelas entidades que reclamavam a posse do Planeta e, ainda hoje, a reclamam.

O confronto militar entre a nação iraquiana e as tropas invasoras talvez esteja prestes a terminar, mas a luta – a transcendente luta do Bem contra o Mal – se encontra nos seus primórdios e há de se arrastar no Orbe ao longo de muitos séculos!

Referendo-se aos pontos luminosos que haviam praticamente cerrado a aparição satânica, obrigando-a a recuar e a se desfazer, o Mentor considerou:
- Por enquanto, é o máximo que se pode fazer...
As forças antagónicas necessitam saber que não se encontra operando sem resistência.

Sob várias denominações políticas e religiosas, os prepostos do Senhor estão em toda parte, há uma disputa por cada palmo de terreno, ou, em outras palavras, por cada alma...

Esta guerra que quase ninguém vê, é que dá sustentação àquela que explode com requintes de crueldade no mundo e ameaça de extermínio a civilização.

- Que espíritos integrariam a falange luminosa sob as nossas vistas?
Poderíamos, pelo menos, identificar um ou outro dos seus integrantes? – Interrogou Adroaldo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 30, 2014 8:57 pm

- Segundo estamos informados – respondeu Odilon -, alguns deles foram destacadas personalidades que sempre lutaram pela paz e, a exemplo do Cristo, tombaram, testificando-a com o próprio martírio:
Sadat do Egipto, Faissal da Arábia, Indira da Índia, Kennedy dos Estados Unidos da América, Golda Meir de Israel, Diana da Inglaterra, Teresa de Calcutá, Hussein da Jordânia, Gibran do Líbano, Luther King, Mahatma Gandhi, João XXIII...

- Muitos deles – perguntei – já não se teriam redimido?
Por que motivo prosseguiriam ligados a questões de natureza política?

- Vejamos, Inácio, a atitude do Senhor, que, sendo Um com o Pai, não hesitou em renunciar à divina grandeza para renascer entre os homens...
O seu exemplo inesquecível não permite a nenhum espírito a acomodação.
Para que, afinal, nos redimiríamos?
Para olvidar os que sofrem na retaguarda?

Quanto mais o espírito cresce, mais se lhe ampliam os horizontes em infinitas possibilidades de servir.
Pela causa do Evangelho, seremos chamados, na Terra e no Mais Além, a constantes sacrifícios.

- Gandhi, por quem sempre nutri grande admiração, aspirava ao não-renascimento, ou seja, libertou-se de todos os desejos, lembrando a prescrição budista, tendo o propósito de não mais renascer em corpo carnal...

- Mesmo um espírito de semelhante estatura, quando deixa a vestimenta física, modifica concepções...
A nossa vontade deve ser a Daquele que nos criou.
Se o Cristo veio – com todo o respeito que nos merece a nobre figura do Mahatma – por que ele não mais haveria de renascer?

A sua tarefa de pacificar hindus e muçulmanos ainda não terminou...
Diríamos mesmo que está apenas começando.

Não podemos simplesmente nos redimir e voltar as costas para a Humanidade irredimida.
Que tipo de elevação espiritual seria a que nos induzisse a esquecer os mais comezinhos deveres para com o próximo?

Deste Outro Lado da Vida é que melhor apreciamos a extensão da luta que nos aguarda nos caminhos da verdadeira ascese.

- Perto dele, no entanto, sinto-me um verme rastejante...

- Os “vermes” também devem trabalhar, Inácio, e é por esse motivo que estamos aqui.
Concordo com você:
na condição de “vermes”, nada somos para cogitar do destino das estrelas, todavia não nos esqueçamos de que o astro mais brilhante, um dia, não passava de simples grão de areia perdido na imensidão do Cosmos.

- Eu sempre pensei, - aparteou Adroaldo – que, às vezes, o nome com que passamos a ser conhecidos pelos homens adquire uma dimensão que, em verdade, os nossos espíritos não possuem!

Sem que o Instrutor tivesse tempo de opinar a respeito da inteligente observação do companheiro, notamos que diversas outras explosões aconteciam próximas à mesquita em que dialogávamos.

Os pontos luminosos – alguns maiores, outros menores – não cessavam de se movimentar e se confundiam, sim, com o clarão dos mísseis que eram lançados por aviões, assemelhando-se a estrelas cadentes a precipitar-se da altura, carreando morte e destruição.

Para onde teria ido o rosto descomunal que se materializara no espaço tomado pela fumaça tóxica?
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