LUZ ESPÍRITA
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A ESCADA DE JACÓ - Inácio Ferreira / Carlos A. Baccelli

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A ESCADA DE JACÓ  - Inácio Ferreira / Carlos A. Baccelli - Página 2 Empty Re: A ESCADA DE JACÓ - Inácio Ferreira / Carlos A. Baccelli

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 25, 2014 9:58 pm

- Dá-me a impressão de que a Humanidade teme o Cristo, ao invés de amá-lo...
- Amamos o Cristo, com o qual nos identificamos por sua Vida de lutas e dores, mas tememos a reacção Dele diante dessas mesmas dores e lutas, ou seja, sua renúncia e desprendimento, seu perdão e seu amor...

Admiramos a poesia do Evangelho, sua beleza ímpar é a transcendência de seus ensinos, mas também, de fato, temos receio de abraçá-lo, porque quem se disponha a abraçar o Evangelho concorda em se doar a ele em definitivo e entregar-se a Jesus significa tomar a iniciativa de ceder, de promover a solidariedade, de não fugir do testemunho, de trabalhar pela felicidade do próximo...

Falamos em Deus com maior frequência do que falamos em Jesus, porque concordamos que Deus é mesmo inacessível às nossas pretensões, ao passo que o Mestre é o exemplo imediato a ser seguido!

- Odilon – comentou o Dr. Wilson -, a sua observação é interessantíssima; eu sempre tive isso em mente, só que jamais o havia expressado em palavras...

- O Cristo não se trata apenas de uma divergência religiosa entre as criaturas, alguns aceitando-o como Messias e outros tão-somente na condição de maior dos profetas...
A humanidade do Senhor nos apavora!...
O facto de Ele ter nascido em berço pobre, ter vivido como um homem comum e por fim, ter sido morto na cruz, traçando o roteiro de nossa ascensão espiritual, nos induz a aceitá-lo, na condição de Mestre e Senhor, até um certo limite... ?

Quem, afinal, estaria disposto a viver sem uma pedra onde reclinar a cabeça?
Quem aceitaria passar pelo mundo, despojado de interesses e ambições, sem carregar sequer uma moeda nas dobras de suas vestes?

Quem ofereceria a outra face para ser esbofeteada e faria concessão ao inimigo?
Quem seria capaz de amar, ao ponto de se imolar pela felicidade alheia?

Rematando suas considerações, o Instrutor aduziu com perspicácia:
- Os que defendem a ideia de que Jesus não tenha vindo em corpo de carne pretendem, inconscientemente, fugir ao dever de fazer o mesmo que Ele fez, ou seja:
vivenciar o que Ele nos demonstrou ser possível ao homem que vive em idênticas condições!

Querem tornar o seu exemplo inacessível à Humanidade, para que o homem não se sinta na obrigação de empreender tamanha mudança!...
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 25, 2014 9:59 pm

CAPÍTULO 9

Despedimo-nos.

O Dr. Wilson e nosso amigo Dr. Adroaldo tinham muito a fazer.
Enquanto ambos se retiravam, prometendo estar novamente connosco assim que possível, Manoel Roberto os acompanhava e Odilon e Modesta, a meu convite, subiam comigo a uma das torres de vigilância do hospital, com a finalidade de observarmos a movimentação das entidades que perambulavam nas vizinhanças.

Talvez os nossos companheiros no corpo estranhem, mas o facto é que nem todos os espíritos que nos rondam a instituição se revelam em condições de serem amparados por nós, sendo que muitos simplesmente recusam a se enternarem em um nosocómio de orientação espírita; o preconceito e o fanatismo, como tantas outras mazelas do ser humano, igualmente sobrevivem à morte e prosseguem entravando o progresso...

Por outro lado é provável que muitos irmãos encarnados entendam ao que estamos nos referindo, visto que nem sempre lhes é dado, em seus núcleos de trabalho, socorrerem a todos os necessitados conforme nos solicita a caridade cristã.

O estômago reclama o pão de imediato, todavia o mesmo não acontece com os que se revelam necessitados da luz: se o homem atendesse às suas carências espirituais com a prontidão que atende às do corpo, tudo seria diferente!

As vibrações, decorrentes das notícias que se espalhavam sobre a guerra, já começavam a formar nuvens espessas que se agitavam, quais gigantescas formas-pensamento no horizonte.

- O que estamos vendo parece uma imagem de ficção, não é, Odilon? – Perguntei.
- Todavia, Inácio, é mais que real – esclareceu o Mentor, continuando.
Nesse momento, a maioria dos nossos irmãos na Terra não está pensando em outra coisa; é possível, inclusive, que as redes de televisão estejam transmitindo, ao vivo, cenas do conflito, ensejando ideias e sentimentos que se plasmam e adquirem vida momentânea...

- Vida momentânea?
- Sim; o pensamento cria e a emoção anima...
Tudo que se nos irradia da mente vive com a intensidade com que é pensado.

Essas nuvens mentais que se adensam sem forma definida, assemelham-se a entidades que passam a requisitar alimento condizente com sua própria natureza.
Não sei se estou conseguindo me expressar com clareza.

- Por favor, continue – solicitei.
- Todo processo obsessivo nutre a si mesmo e não se extingue enquanto um dos envolvidos não se recusa a dar-lhes alimento...
- Como uma tumoração maligna que, para se sustentar, aniquila o organismo, consumindo-lhe a vitalidade.

- A comparação é justa.
Essas formas-pensamento suscitam nas mentes incautas, encarnadas e desencarnadas, outras formas-pensamento, estabelecendo um verdadeiro circuito de forças negativas que se mantêm umas às outras, os espíritos influenciam os homens na mesma proporção em que os homens influenciam os espíritos...

Uma ideia infeliz é como se fosse uma semente de treva: encontrando terreno propício à sua germinação, termina por se multiplicar.

- Então, a obsessão, na maioria das vezes, é facilitada... – Comentou Modesta.
- Os obsessores insistem e os obsediados facilitam...
A brecha pela qual a tentação se insinua, a rigor, não é provocada por ela, o morador descuidado de uma casa, que deixa portas e janelas abertas, formula um convite ao salteador, que em outras circunstâncias, talvez não pretendesse assaltá-la.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 25, 2014 9:59 pm

Nas nuvens que observamos ao longe, ensaiando de estender as maiores distâncias, sinistras explosões se verificavam e, qual se fosse trovões ribombando, aterradores lamentos ecoavam no ar...

- Os gritos de dor das vítimas inocentes da guerra já se misturam aos anseios de quantos temem que ela se propague pelo mundo – explicou Odilon.
- E também às motivações dos que a estão incentivando e promovendo, não? – Questionou Modesta.

- Sem dúvida; a guerra é igualmente uma peleja de titãs invisíveis em pleno espaço...
Dezenas de espíritos que podíamos ver da torre de vigilância do hospital encolhiam-se, temerosos, sem entenderem o fenómeno em todas as suas causas e consequências, muitos corriam à procura de abrigo, fazendo lembrar os habitantes de duma cidade na iminência de um bombardeio aéreo, outros, no entanto, erguiam o punho e blasfemavam aos Céus, dando-nos a impressão de que se sentiam felizes...

Dentre esses últimos, alguns atiravam pedras e calhaus contra nossos muros, gritando palavras de ordem e desafiando-nos com o sinal da sinistra cruz suástica no peito nu.

- Adeptos do Nazismo por aqui?! – Perguntei, surpreso.
- A oportunidade enseja que nos revelemos em nossas tendências e inclinações, a hora da crise é aquela em que tiramos o disfarce e nos mostramos como somos...
Os espíritos não se desfazem com tanta facilidade assim de antigas ideias e concepções que lhes enquistaram na mente, a filosofia racial em que o Nazismo se inspirou, levando o mundo a uma catástrofe, com muitos adeptos...

- Somos nós mesmos que criamos os “monstros” que nos devoram...
- Correcto, Inácio, é que nos mantêm cativos por séculos...
Passado mais de meio século, o Nazismo, tanto entre os homens quanto entre os espíritos, é uma realidade da qual não nos livraremos tão cedo, as trevas não desistem facilmente de seus instintos:
se as circunstâncias o favorecerem, a brasa que não se apagou sob as cinzas reavivará as chamas da fogueira...

Nenhuma guerra, os soldados não se limitam a combater; colocando, então, de lado as execuções à regra, saqueiam e cometem actos de crueldade que extrapolam as suas funções militares...
Quase todos somos assim.

- É uma lástima semelhante constatação! – Exclamei.
- Por esse motivo, a necessidade de constante vigilância, pois, às vezes, não nos igualamos aos fora-da-lei, por falta de oportunidade...

Em estado de visível demência, as entidades que conseguiam nos avistar prosseguiam nos ameaçando, certamente na expectativa de que a guerra ganhasse maiores proporções e as favorecesse:
- Os seus muros vão cair! – Gritavam.
Receberemos reforço e invadiremos...

Fujam enquanto é tempo!
A Terra é propriedade nossa, não nos creiam derrotados...
Hitler nos reconduzirá à vitória!

- O curioso, Odilon – comentei - é que esses espíritos não participaram directamente da Segunda Grande Guerra Mundial e sequer viveram na Alemanha...
- É para que vejamos como o mal se propaga e como nos identificamos por fora com aquilo que trazemos por dentro, o Nazismo foi e continua sendo muito mais que uma actividade política, sob a inspiração de uma filosofia materialista: pretendia-se mais do que, por exemplo, simplesmente eliminar os judeus...
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 25, 2014 9:59 pm

O que Hitler e seus sequazes tencionavam era espalhar o terror e exterminar a ideia de Deus, a suástica é qual a cruz do Cristianismo com as extremidades retorcidas, voltadas para si, transformada em símbolo do egocentrismo!...

A cruz em que Jesus pereceu, através de sua trave horizontal, abraça toda a Humanidade e, da vertical, une a Terra ao Céus, a suástica é a deformação dos ideais do Evangelho e, investindo contra os judeus, a pretexto de impor uma raça ariana pura, Hitler, instrumento passivo do Mal, que representava, quis expurgar por completo da face da Terra o povo de o Senhor descendia, para que não restasse Dele no mundo qualquer traço de sua presença...

Tem-se a impressão de que os alemães eram a reencarnação dos filisteus, que Davi derrotou ao abater o gigante Golias, que escarnecera de sua compleição franzina e de seus cabelos ruivos.

- A luta dos séculos e séculos atrás, então, se repetiu? – Indagou Modesta, que nos seguia, atenta ao diálogo.

- Sim e, de certa forma, está se repetindo na actualidade, o Cristianismo se expandiu, mas os cristãos ainda não se entendem, os filisteus se converteram, no entanto a disputa pelo poder continua...
Os pretextos alegados são outros, as intenções são as mesmas; no fundo, o que se guerreia é a ideia que Jesus veio implantar entre os homens.

- Quer dizer que aqueles espíritos não progrediram? – Tornou a companheira do Instrutor.
- Ninguém se isenta às Leis da Evolução; é claro que, embora lentamente, tais espíritos avançaram, todavia são poucos os que lograram romper com o ciclo vicioso das experiências que, desde então, vêm vivenciando.

Ao contrário do que se imagina, não há quem, de um século para outro, se modifique tanto assim, ou seja, o espírito pode ser comparado a uma região árida que, um dia, se tornará fecunda, como poderíamos dizer que, um dia, o Saara será um jardim!...

Raros são os que verdadeiramente despertam e, depois, não voltam a adormecer...
As aquisições do espírito consomem mais tempo que as do corpo físico.

Se até hoje o organismo humano se encontra em fase de elaboração do ponto de vista genético, estamos mais próximos do que éramos primitivamente do que deveremos ser no futuro.
O que dizer do espírito, dono de infinitas possibilidades de expansão?

- Talvez seja por isso – considerei – que muitos contestam a autenticidade da Reencarnação, afirmando que os espíritos sempre são outros e não os mesmos, alegam que, se os espíritos fossem os mesmos a reencarnar, desde épocas remotas, já era tempo de que se apresentassem mais aperfeiçoados...
O problema é que a evolução moral é lenta e tem-se a impressão de que, inclusive, ela não acontece:
a inteligência seria um património herdado, daí o progresso tecnológico...
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 25, 2014 9:59 pm

CAPÍTULO 10

-Inácio, é a interpretação materialista das coisas – explicou Odilon.
Poucos são os espíritos que vêm se acrescentar à colectividade terrestre oriundos de outros orbes e os que foram guindados ao patamar da Razão, depois de terem estagiado por milénios nas faixas primárias da evolução, os espíritos que habitam presentemente o Planeta estão ligados a ele desde os seus primórdios, ora na condição de encarnados, ora na de desencarnados – milhares permanecem sonolentos, rodeando a sua psicosfera, sem que, às vezes, logrem reencarnar antes de um período de tempo que varia de cem a trezentos anos...

- E os que reencarnam sem real proveito?
- É o que, infelizmente, mais acontece: espíritos que têm várias oportunidades consecutivas no corpo e não conseguem sair da vulgaridade; não pensam em si como essência, não buscam transcender, não se interessam, enfim, pelo que não diz respeito às suas necessidades de sobrevivência física...

- E por que a religião não consegue fazer nada por eles? – Interrogou Modesta.
- Porque as religiões dominantes se apegam mais à letra do que ao seu espírito; não nos esqueçamos de que, durante séculos, a Igreja proibia a interpretação do Evangelho; a concepção de que Jesus se imolou para nos salvar, como que nos eximia de todo e qualquer esforço de redenção pessoal...

- Eximia-nos e ainda nos exime...
- Sem dúvida, Modesta – prosseguiu Odilon -, porque se contam aos milhares os que vivem à espera de uma transformação miraculosa...
A ideia de um Céu de fácil acesso custará muito a sair da cabeça dos que não aprenderam a pensar por si mesmos.

Nesse sentido, a missão da Doutrina Espírita é extraordinária, todavia as verdades que veicula não serão assimiladas por todos, mas apenas por aqueles que estiverem exactamente à procura das respostas que ela lhes oferece às indagações.

O Espiritismo – é bom que o digamos aos nossos irmãos encarnados – ainda não mereceu um ataque maior das Trevas porque, se assim podemos nos expressar, as próprias Trevas não acreditavam na sua capacidade de conscientização das almas, tímido e anónimo no princípio, transferiu-se da França para o Brasil, onde se aclimatou espiritualmente, mas vem sendo considerado uma cultura de terceiro mundo pelos países europeus...

No entanto, nenhum de seus adeptos faz ideia da subtileza do ataque que, de uns tempos para esta parte, lhe é movido por seus opositores que, agora, principalmente depois do advento de Chico Xavier, vêm se preocupando com o seu crescimento.

E não nos iludamos: a infiltração tem sido realizada através dos canais da mediunidade, os espíritos que nos adversam a Causa prevalecem-se da invigilância dos médiuns e criam áreas de conflitos doutrinários; o arsenal de que os seus inimigos dispõem é extremamente diversificado; além do mais, temos sido chamados a lidar com o mediunismo, prática pertinente não à doutrina, mas às seitas afro-brasileiras, em que a Umbanda, o Candomblé e o Catolicismo se fundiram...

Tudo nos impõe o seu ónus.

O Espiritismo foi bem acolhido no Brasil, todavia a simplicidade do nosso povo vem sendo explorada pelos espíritos interessados em estabelecer a confusão, deturpando-lhe a Mensagem Libertadora, os veículos da imprensa leiga não fazem a menor questão de clarear o assunto, de vez que a maioria se encontra a serviço de facções religiosas e políticas interessadas em lucrar com a ignorância de nossa gente...

Apesar sucinta, a explanação de Odilon não podia ser mais clara.
E, aos motivos apontados por ele, ainda vinham se somar o personalismo e, consequentemente, a falta de união dos espíritas que, inconscientes na trama urdida pelas Trevas, permitem fazer-se instrumentos contra o próprio ideal.

- Dr. Odilon – arguiu Modesta -, em sua opinião, o que o espírito encarnado pode fazer para melhor aproveitar as lições do educandário terrestre?
Pelas suas dissertações, com as quais, evidentemente, concordo, a evolução do espírito se processa com lentidão; que providências poderiam ser tomadas no sentido de acelerar o progresso?...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Mar 26, 2014 9:44 pm

- O espírito que toma consciência de que deve crescer – e isso é válido igualmente para nós, os que ainda integramos a comunidade dos que se vinculam ao orbe em que somos chamados a realizar Deus em nós - necessita se esmerar no cumprimento de suas obrigações quotidianas, que lhe reflectem o carma ou seja, no âmbito de nossas próprias actividades familiares, profissionais, sociais e espirituais, contamos com todas as oportunidades que a Vida nos possibilita para que deixemos de marcar passo nas sendas evolutivas...

Mais uma vez, recorremos ao abençoado exemplo do Cristo, que exerceu as funções de anónimo carpinteiro, dialogou com pessoas simples de sua convivência, requisitou humildes representantes do povo para o apostolado, amparou os necessitados que viviam à sua volta...

O Senhor não se revelou aos homens em sua grandeza espiritual, aguardando condições especiais para fazê-lo!
A rigor, não é a tarefa em si que nos destaca, mas, sim, o modo com que a desempenhamos.
A expansão do espírito não é um fenómeno externo; na conquista de nós mesmos está o verdadeiro caminho da ascensão que pretendemos!

- Em suma – apartei -, o segredo está em fazermos da melhor forma possível o que nos é concedido fazer...
- Estamos sempre, Inácio, em nosso melhor momento evolutivo...
- Mesmo os que praticam crimes hediondos?

- Mesmo eles, os que não optaram correctamente; antes de cometer qualquer desatino, o espírito tem tempo suficiente para reflectir e escolher.
Não há ninguém desprovido de livre-arbítrio.

- Mas e as influências espirituais perniciosas a que eles sucumbem?
- No mínimo, existem na mesma proporção do que aquelas que procuram influenciá-lo positivamente, as Leis da Vida não nos deixariam à mercê do Mal!...
Se as próprias criaturas se importam com a influência do meio sobre a formação do carácter, por que o Criador não se importaria?

Se não pudéssemos resistir à opressão que nos induz à criminalidade, não poderíamos ser responsabilizados.
Agora, é claro que a responsabilidade pelo erro cometido está na directa razão dos esclarecimentos que se possuem.

- Então indagou Modesta, tão interessada quanto eu em ouvir as palavras do Mentor, aproveitando a sua estada connosco -, a ociosidade é um dos maiores entraves no caminho do nosso crescimento espiritual?

- O maior de todos!
O comodismo faz com que o espírito consuma em vão, que, se melhor aproveitado por ele, o subtrairia à quase inútil repetição de experiências – quase inútil porque não podemos afirmar de qualquer experiência lhe seja de todo inútil, o fruto que se recusa a amadurecer por si, de tanto se expor aos raios de sol, acaba mudando de tonalidade...

- Mas não terá o mesmo sabor – observei.
- Sem dúvida; acontece, porém, que o espírito é muito mais que um simples fruto que não amadurece no tempo devido...
Incidindo sobre ele a dor consegue induzi-lo ao indispensável amadurecimento preservando-lhe as qualidades intrínsecas.

- Talvez, por esse motivo – gracejei -, o homem que realmente sofre é sempre mais doce...
- Conheço muitos, Inácio – aparteou |Modesta -, que são extremamente amargos...

- É que ainda não se expuseram o suficiente ao calor da provação! – Respondeu Odilon.
Quem não sofre o bastante, não se quebranta.
Em alguns espíritos, sofrimento pouco produz rebeldia!...

- Você tem razão, Odilon – afirmei.
Pelo menos no que se refere a mim, o sofrimento de todo dia é que foi me abrandando, por fim, as frustrações acrescidas ao inevitável desgaste físico, proveniente de cruel mas remissor processo oncológico no cérebro, surtiram interessante efeito...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Mar 26, 2014 9:44 pm

- Comigo, conforme sabem, aconteceu diferente – disse Modesta.
O câncer inesperado ao qual, pela minha condição de espírita e de médium, eu me julgava imune, provocou em mim uma indispensável revisão de valores; intimamente, o tumor que me provocou o desenlace, me fez crescer...

Às vezes, a gente se ilude quanto ao próprio valor.
Cheguei à conclusão de que ser espírita e médium não me tornava um espírito diferente...

- Ser espírita não é um atestado de elevação espiritual, e muito menos médium! – Exclamei.
De facto, o que importa é o espírito com as suas virtudes e aquisições.
Graças a Deus, eu tive oportunidade de viver no corpo por quase noventa anos!...

Aos poucos, fui acompanhando o meu declínio físico e intelectual...
O enfisema pulmonar crónico me fazia esperar pela morte todos os dias, de forma que, de maneira providencial, gradualmente fui me desapegando de tudo, inclusive do corpo desfigurado pelo tempo.

A cada manhã, quando me levantava e me olhava no espelho – aquela face descorada e olheiras profundas! - eu pensava no Inácio que, àquela altura só existia nas fotografias antigas...

A velhice é uma bênção!
Quem tem a oportunidade de envelhecer e de se ver às voltas com muitos achaques e limitações deveria agradecer...

Você não acha, Odilon?
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Mar 26, 2014 9:45 pm

CAPÍTULO 11

- Certamente, Inácio – confirmou o amigo - quem morre sem ter tido oportunidade de pensar na morte, enfrenta embaraços deste Outro Lado...
Todo homem deveria, sem morbidez e aflição, pelo menos uma vez por semana pensar na possibilidade de morrer, ou seja, de deixar o corpo de um instante para outro.

- Isso não lhe traria problemas de outra ordem, como, por exemplo, descaso pela Vida? – Perguntei.

- Segundo deduzo, tal exercício lhe seria mais benéfico que prejudicial, mormente aos que concentram todas as suas aspirações na existência física, tão fugidia quanto um relâmpago que corta os céus em noite tempestuosa.

Porque não admite, para si mesmo, a possibilidade de morrer, o homem mentalmente não se predispõe a viver com senso de eternidade; quando a morte do corpo lhe sobrevêm, o encontra completamente despreparado: é no corpo que o espírito se elabora!

A experiência material é uma espécie de incubadora para o ser, mas que não funciona a contento para aqueles pintainhos espirituais que não tomam a iniciativa de quebrar a casca do ovo...

Neste trecho de conversa, Manoel Roberto, que se dispusera a acompanhar o Dr. Wilson e o Dr. Adroaldo, regressava com a notícia de que alguns dos nossos internos se mostravam excessivamente agitados.

- É consequência da agitação lá de fora, que, por sua vez, é consequência do que os homens estão aprontando lá embaixo – comentei - os nossos irmãos encarnados não se contentam em criar problemas só para si; não sabem que até as bombas que explodem emitem radiações que podem nos alcançar...

Os artefactos nucleares sobre Hiroshima e Nagasaki, ao que estamos informados, tiveram repercussão nas regiões espirituais próximas às duas cidades: muitos espíritos apresentaram lesões em seus corpos e tiveram que ser tratados – as lesões se pareciam com extensas e profundas queimaduras -; isso, evidentemente, sem nos referirmos aos transtornos mentais ocasionados tanto nos que deixaram o corpo de carne directamente atingidos quanto nos que, fora dele, sofreram com impacto da explosão...

Enquanto nos dirigíamos para os pavilhões, com o propósito de tomarmos as devidas providências, Odilon, com base no que eu havia dito, observou:

- O átomo, em seu arcabouço físico, tem uma estrutura espiritual; as partículas atómicas representam subtilíssima concentração de energia, se a Física vem comprovando que a matéria é energia “capturada”, é natural que, quando liberada, essa energia retorne à sua condição primitiva: se liberada serenamente, retorna com serenidade, se com violência, o faz com a mesma intensidade...

A guerra ou uma catástrofe em determinada região do Planeta suscitam alterações na dimensão espiritual correspondente – alterações que serão mais ou menos radicais, de conformidade com a força que as determine.
Já o dissemos e repetimos: as duas esferas, a material e a espiritual, coexistem e integram física e moralmente, as leis que regem os princípios da matéria correspondem às que regem os princípios da Vida Espiritual – a morte não é um abismo intransponível entre os Dois Planos e não existe, entre uma condição e outra, qualquer solução de continuidade...

O menor movimento de um corpo, de um insecto, por exemplo, repercute no movimento do Universo; o pensamento ondula e a emoção reverbera...
Tudo ecoa de forma correspondente.
A Criação vive em regime de total interdependência!

- Se não fosse assim, a gente não se preocuparia uns com os outros, não é? – Questionou a companheira.
- Ora, Modesta – respondi -, se sendo assim a gente já não se preocupa, imagine se não o fosse!...
O egoísmo imperaria em todos os quadrantes do Universo e viveríamos em meio ao caos!
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Mar 26, 2014 9:45 pm

- Quando o homem tomar consciência de que o lixo que atira nas ruas é um crime contra a Natureza, a Terra deixará de ser um planeta de provas e expiações – disse Odilon.

- Até lá, ainda teremos que percorrer alguns séculos, não?...
No mínimo, 500 anos! – Exclamei, num cálculo optimista.

- Teremos que nos educar e tomar a iniciativa do exemplo...
Só a ideia da Reencarnação na cabeça do homem poderá salvar a Humanidade do extermínio!
Se ele continuar dando de ombros ao Amanhã, as gerações futuras estarão ameaçadas.

- Que seremos nós próprios, de volta ao campo semeado; isto é, se tal nos for possível, pois poderá ocorrer que sejamos expurgados pelo ventre da Mãe-Terra, que vimos conspurcando ao longo dos séculos...

Antes que nos inteirássemos da situação no Hospital, em decorrência dos problemas mencionados, com os quais, particularmente, eu já havia me habituado, desde a experiência vivenciada à frente das actividades do Sanatório Espírita, demoramo-nos por mais alguns instantes num dos saguões da instituição, conversando em torno do assunto que nos monopolizava a atenção.

- Dr. Odilon – solicitou Modesta -, fale-nos um pouco mais sobre a questão da ociosidade, que atrasa o espírito em sua caminhada; preocupo-me com familiares e amigos que deixei no mundo, com os quais tenho instado quase inutilmente para que se esforcem...

- Não é só você que padece desse mal – disse, em complemento às palavras da abnegada irmã -; quando ainda encarnado, eu me cansei de insistir com integrantes da própria família e mesmo com amigos para que ligassem maior importância às questões espirituais; alguns aderiram ao Espiritismo, tornando-se seus adeptos teóricos, mas, na prática, não quiseram assumir compromisso com ele...

- O conhecimento espírita nos leva a sair do lugar comum e o homem naturalmente se opõe a tudo que o convida à indispensável renovação: de hábitos, de ideias, de convicções...
- Para mim – observei -, é simplesmente preguiça; com raras excepções, ninguém quer deixar a rotina: há quem se torne escravo do relógio e cronometra todos os seus passos...

- Sei a que você está se referindo, Inácio – ponderou o Instrutor -, e digo-lhe tratar-se de uma compulsão obsessiva relacionada com o tempo... Por outro lado, existem aqueles que ainda não aprenderam a valorizar a bênção do minuto.

- Alguns são obcecados pelo tempo e outros o menosprezam; poucos os que já conseguem administrá-lo com proveito...
- Os obcecados não sabem improvisar, vivendo na expectativa de uma hora e outra; os que não consultam os ponteiros do relógio chegam a ser irresponsáveis...

- Conheci pessoas – aduzi – que tinham hora para tudo – para se levantar, tomar café, ler o jornal, sair para um passeio... - menos para comparecer à sessão no centro espírita...
Tomavam o café da manhã e se punham a conversar no banco da praça até à hora do almoço:
eram metódicos ao extremo...
Outros que também conheci, acendiam um cigarro e, olhando as espirais de fumaça, sequer se davam conta do dia da semana em que estavam...

- Às vezes, Inácio – comentou Modesta - quando saía pelas ruas, com a finalidade de resolver um assunto qualquer, eu fazia questão de caminhar observando as pessoas – não as pessoas em si, mas os seus espíritos; não me interessava saber de que modo estavam vestidas, se de pé, ou sentadas: fixava-me em suas faces e procurava auscultar-lhes os pensamentos...

- Eu também já fiz essa experiência...
Os mais compenetrados eram os que discutiam questões ligadas a dinheiro ou... falavam da vida alheia!
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A ESCADA DE JACÓ  - Inácio Ferreira / Carlos A. Baccelli - Página 2 Empty Re: A ESCADA DE JACÓ - Inácio Ferreira / Carlos A. Baccelli

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Mar 26, 2014 9:45 pm

- A maioria, no entanto, olhava vagamente para o que lhes acontecia ao redor...
- Olhava sem ver...
- E falava sem pensar...
- Lábios articulando palavras apreendidas...
- E ouvidos sem memória...

Odilon sorriu e retrucou:
- Ora, não exagerem; daqui a pouco, vocês irão dizer tratar-se de...
- corpos sem cabeça! – exclamei, adiantando-me.

- Mas, de facto, Doutor – endossou-me Modesta - era a impressão com que eu também ficava, ora, o Espiritismo nos ensina que o corpo é um simples apêndice do cérebro, ou seja:
o espírito, que é inteligência e sentimento, se situa mais particularmente no cérebro, que comanda as demais funções do organismo...

- E você, qual me ocorria, notava, em suas andanças, um punhado de corpos sem cabeça, não é?
- Compreendo o que estão dizendo – esclareceu Odilon - veja-se quanto o espírito é prisioneiro a matéria: ele tem um cérebro que ainda não pode usar!...

- Não pode?! – Perguntei.
- Digamos que ele esteja aprendendo a “pilotar a espaço nave”...
O que não faria uma criança na cabina de comando de um avião?

À medida que o espírito tomar consciência de si, apropriar-se-á das possibilidades virtuais de sua quase infinita capacidade de raciocinar...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Mar 26, 2014 9:45 pm

CAPÍTULO 12

- Somos deuses – concluiu o Mentor -, mas ainda deuses não somos!
- É impressionante – disse Modesta – a incapacidade de o espírito encarnado fixar o pensamento!...

- Como eu me cansava, quando me debruçava sobre os meus livros de Medicina ou, então, me dispunha a escrever qualquer trabalho doutrinário para livro ou jornal!

Se não ficasse atento, perderia o fio da meada...
Quantas vezes estaquei, de lápis na mão, sobre o papel e nada nenhum pensamento, nenhuma inspiração e olhem que eu orava antes, pedindo a intercessão do Alto...

- Em termos de sintonia – esclareceu Odilon -, estamos longe de nos compararmos ao grande rio que se despeja no oceano, somos diminutos filetes d’água, que qualquer calhau que se lhes atire no leito é capaz de interromper-lhes o curso...
Eis o problema básico da mediunidade: para uma melhor recepção, o medianeiro necessita de exercitar-se em suas faculdades intelectuais, oferecendo “cérebro” aos espíritos comunicantes...

- Todavia – ponderei – os espíritos comunicantes, por sua vez, igualmente precisam “ter cérebro” para os médiuns, não é?
- Sem dúvida, em mediunidade, espírito e médium agem por conjugação de esforços; um pode suprir a deficiência do outro, mas não suprimi-la...

- Voltando ao que lhes dizia – retomou Modesta a palavra -, ao observar as pessoas nas ruas, muitas vezes eu as via como se fossem crisálidas no casulo carnal, em penoso e difícil processo de metamorfose...
Então, ao mesmo tempo vendo-me reflectida nelas, lamentava minha própria situação espiritual, que, a rigor, somente diferia do comum das pessoas devido ao conhecimento espírita que eu já possuía.

- O conhecimento espírita nos desentorpecem as faculdades! – Exclamei.
Se não fosse pelo Espiritismo, eu teria sido um médico medíocre e, o que é pior, cheio de presunção.

- Por esta razão – considerou Odilon -, devemos ser pacientes com os nossos irmãos que ainda “dormem”, a nossa obrigação é a de prosseguirmos cooperando para que despertem, e todos haverão de fazê-lo no momento que lhes seja justo.
Ninguém imporá aos outros o seu modo de ver as coisas; o ângulo de visão com que enxergamos a Vida é pertinente a cada um de nós!...

- Eu fico pensando, meu amigo, naqueles nossos irmãos de ideal que, segundo parece, se especializaram em criticar o trabalho dos outros; se eles fizessem ideia de quanto, por exemplo, um médium tem que se esforçar para cumprir seu dever, seriam mais condescendentes... Alguns são tão impiedosos e intolerantes!...

- Ignorantes, Inácio, ignorantes – corrigiu-me Odilon.
- Que seja – ignorantes! -, no entanto chegam a cometer um verdadeiro crime, visto que, não raro, inoculam o veneno do desânimo na alma de muita gente que se não estivesse lutando na Doutrina, estaria completamente entregue à inércia. Infeliz daquele que servir de pedra-de-tropeço no caminho de alguém!
E muitos o fazem por sentimento de inveja...

- Sinceramente – concordou Modesta -, eu teria medo de ser médium na Terra nos dias de hoje!
- Cumpramos, da melhor forma com o que nos cabe e estejamos mais atentos à voz da consciência, que à dos homens – pontificou o Mentor.
Ninguém é infalível no que faz ou no que fala!

- O problema, no entanto, Doutor, conforme o senhor sabe, é que muitos que estão travando agora os seus primeiros contactos com o Espiritismo, depois de séculos e séculos de descaminhos, se sentem decepcionar pelos que são espíritas há mais tempo, em se retraindo, quando haverão de novamente dele se aproximar?
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Mar 26, 2014 9:46 pm

Às vezes, os espíritos que lhes querem bem pelejaram exaustivamente para colocá-los em contacto com a Doutrina, criaram situações que o favorecessem, mobilizando influências no Mundo Espiritual e esperando a época oportuna, assim como o agricultor espera pelo vicejar da semente lançada à terra...

- Para aparecer alguém e colocar tudo a perder, não é, Modesta?
Eu não sei o que o Odilon tem a dizer, mas, no que me compete, eu o mandaria às favas...
O Espiritismo não tem dono e a Mediunidade também não!

Se, na condição de espírita, tivesse que prestar obediência a alguém, eu não seria espírita!
Vocês me conhecem e, neste ponto, sou radical.
O dia em que o Espiritismo tiver chefes, ele estará perdido!

Se as nossas instituições se transformassem em igrejas e o nosso Movimento se hierarquizasse, até logo!
Eu estaria me despedindo; não seria, de facto, uma grande perda, mas continuaria sendo espírita ao meu modo, em qualquer parte do mundo.

- Calma, Inácio! Isto não vai acontecer – falou o companheiro, desconcertando-me com o sorriso que lhe é peculiar.

- Realmente, não vai, pois seria o cúmulo, mas, se não permanecermos vigilantes – vivos e mortos -, esse “pessoal” intelectualizado acabará com tudo, - falsamente intelectualizado, diga-se de passagem.
A gente tem que tomar cuidado, porque , senão, se torna um personalista às avessas, mas lá no Sanatório mesmo eles tentaram se infiltrar em todas as formas...

O espírito obsessor a gente sabe que é obsessor; o adversário da Causa a gente sabe que é adversário; mas o espírita que, a pretexto de defender a pureza doutrinária, é um lobo em pele de cordeiro...
Por esse motivo é que eu não aceitava ingerência no Sanatório, se tivesse fraquejado, eles não teriam esperado que desencarnassem, a fim de me colocarem para fora!...

- Apesar de não ligar para o que dizem, Inácio, às vezes eu me entristeço com o que, deste Outro Lado, ouço um ou outro companheiro comentar da Terra sobre a minha actuação como espírita e como médico...

Acusam-me de ter sido uma médium sem doutrina e uma espírita vaidosa, que estimava cuidar em excesso da própria aparência; há, inclusive, quem faça insinuações maledicentes a meu respeito...

- Se esse pessoal tivesse sustentado a luta que sustentamos e recebesse as injúrias que recebemos do inimigo do Espiritismo!...
Não se aborreça, Modesta, cada qual prestará contas à consciência e, como você sabe, mesmo que não queiramos, a morte nos induz à inevitável introspecção...

A menor acusação que lancemos contra alguém nos permanece ecoando nos recônditos do ser e a razão, de facto, nunca está ao lado de quem critica com escusa intenção.

- O Inácio disse bem, minha irmã – ponderou Odilon, com tranquilidade - os que assimilam o espírito da Doutrina não fazem referências descaridosas sobre quem quer que seja, pois sabem que a palavra leviana repercute com força semelhante a de um atitude intensa...
A palavra é a precursora da acção, quem pensa e fala de maneira directa ou indirecta acaba fazendo e, portanto, assume a responsabilidade pelas consequências.

- A verdade é que todos ainda não passamos de um bando de insanos – esta é a minha opinião.
À custa de censurar os outros, apontando-lhes os erros e mazelas, disputamos a Preferência Divina, querendo, a qualquer preço, chegar primeiro ao ponto que nos compete, agimos quais fôssemos “espermatozóides pensantes”, em disputa acirrada para, finalmente, alcançar o “óvulo” e fecundá-lo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Mar 26, 2014 9:46 pm

Que morram os demais! Não são problema nosso!
Não procuramos, aos olhos de Deus, nos destacar pelo próprio valor, mas, sim, desmerecendo os “concorrentes”, somos filhos tão personalistas, que queremos o colo do Pai só para nós, mesmo que, para tanto, tenhamos que atentar contra o direito dos nossos irmãos...

Odilon, sorrindo dos meus argumentos, considerou:
- Inácio, não se trata propriamente de insanidade, mas de paixão que ainda não virou amor, a paixão nos desequilibra temporariamente...
Amamos tanto a Deus, mas não compreendemos o amor com que O amamos ou devemos amá-lo, pois que O amamos com um sentimento que é contrário ao verdadeiro amor – o de posse exclusivista!

Disse-nos o Senhor:
“Porque quem se exaltar será humilhado e quem se humilhar será exaltado”.

O nosso real interesse por Deus é mensurado pelo interesse que dispensamos ao próximo, pretendendo tirá-lo do nosso caminho, evitamos o degrau de ascensão, aos Páramos que almejamos atingir...

Sozinho, ninguém chegará a Deus!
Os Espíritos Superiores que retornam à Terra não o fazem apenas com o propósito de nos auxiliar, mas, igualmente, com o de, em nos auxiliando, dar sequência à sua maior identificação com o Criador; quanto mais nos elevamos na escala evolutiva, mais nos sentimos responsáveis pelos que se movimentam na retaguarda.

Do amor a um só, devemos passar ao amor pela Humanidade inteira e, desta, para o amor por todos seres do Universo!

Somos predestinados a amar eternamente!...
Apenas o amor de Deus se basta!
O amor do homem, mesmo depois de angelizado, jamais haverá de contentá-lo.

É nisso, Inácio, que se resume o Eterno Prazer ou, por outras palavras, a Eterna Alegria.
Quando logramos estender a nossa capacidade de amar para além dos próprios limites, a renúncia não nos imporá nenhum tipo de sofrimento e, a exemplo do Cristo, o martírio na cruz será a nossa suprema realização!
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Mar 26, 2014 9:46 pm

CAPÍTULO 13

Odilon Fernandes tinha o dom de transformar qualquer discussão menor em preciosos ensinamentos.

Os gritos nos pavilhões haviam se intensificado e diversos enfermeiros iam e vinham, tentando acalmar os mais exaltados.
Na companhia de Odilon e Modesta, caminhei pelos corredores com a intenção de que, em nos vendo, a nossa simples presença os aquietasse.

Alguns, em melhores condições, mas igualmente apreensivos com a agitação reinante, nos interpelavam:
- Dr. Inácio – adiantou-se um deles -, é verdade que o mundo está em guerra?
A notícia se espalhou e estamos com receio...

- O mundo sempre esteve em guerra, meu irmão – respondi.
Não se preocupe, trata-se de um conflito isolado e, esperamos, sem maiores consequências.

- E o que está acontecendo lá fora?...
Tememos por uma invasão.
O Hospital está sitiado?

- Alguns grupos de arruaceiros – nada mais do que isso.
Tranquilize-se e tranquilize os companheiros, tudo está sob controle...

- É mentira! – Gritou um dos mais agitados de dentro de uma cela.
É a Terceira Guerra Mundial que está começando; não nos enganem!...
Tudo está previsto no Apocalipse: “...

E disseram aos montes e aos rochedos: cai sobre nós, e escondei-nos na face daquele que se assenta no trono, e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande dia da ira deles...”

Finalmente, seremos libertados!
Outro, batendo com violência na porta, como se tencionasse quebrá-la, pedia com insistência:

- Abram! Deixe-me sair...
Eu não vou esperá-los, sei que eles querem me pegar...
Dêem-me uma arma, para que eu possa me defender.

Os nazistas estão lá fora...
Salve-se quem puder!
Isto aqui está mais para campo de concentração do que para hospital...

- Dr. Inácio, Dr. Inácio! – Interpelou-me uma das internas que já estagiava nos serviços de enfermagem.
- Onde é que está acontecendo a guerra?
Tenho três filhos e cinco netos por lá...
É verdade que o Brasil também está sendo atacado?

- É simples boato, minha irmã, acalme-se!...
Os seus filhos e netos estão bem.
E, mesmo que a guerra estivesse envolvendo o Brasil, qual o motivo de tanta aflição?
Você sabe que a morte não existe...

- Doutor, a morte não existe, mas eu não quero que eles sofram...
E, depois, eu ainda não estou em condições de valer a eles.
Se um deles deixasse o corpo em circunstâncias trágicas, para onde iria?
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Mar 26, 2014 9:46 pm

- Confiemos em Deus!
Assim como você foi amparada, eles seriam amparados...
Não dê ouvidos à boataria.
Auxilie-nos a manter a ordem.

- Eu vejo, eu posso ver as nuvens escuras que pairam no horizonte – bradou uma outra, como se estivesse a profetizar.

- Arrependei-vos! Logo as trombetas haverão de soar...
Os homens hão de pagar pelos seus pecados!
O fogo há de lhes purificar a alma...
Nós não estaremos isentos da ira do Senhor!

Blasfemadores, a culpa é inteiramente vossa!...
A heresia que se pratica nesta casa chegará ao fim...
O Inferno espera por todos os ímpios!
Eu vejo a grande destruição que se aproxima...
Arrependei-vos e sereis salvos!

- Doutor – informou-me Manoel Roberto - o Flávio caiu numa nova crise...
Seria bom que o senhor viesse vê-lo.

- Por favor – Solicitei ao diligente companheiro - coloque uma música ambiente em baixo volume e prepare o microfone para que, dentro de alguns minutos, eu fale aos internos.

Dirigindo-nos para onde o mencionado paciente se encontrava isolado, eu, Odilon e Modesta impressionamo-nos ao vê-lo completamente transtornado, fitando-nos com os olhos injectados de sangue a saltar para fora das órbitas.

- Quem são vocês? – Perguntou com ambas as mãos crispadas, contendo-se a custo em sua ânsia de agredir-nos, só, com certeza, não o fazendo pela presença moral dos dois irmãos que se impunham e se apressaram a envolvê-lo com as suas vibrações de paz.

- Você não está me reconhecendo, Flávio? – Indaguei, tentando fazer com que recobrasse o mínimo de lucidez.
Sou eu, o Dr. Inácio Ferreira, seu médico e amigo, tranquilize-se, para que possamos conversar...
O que está havendo?

- Essas vozes e visões é que me atormentam... não suporto mais, tirem-me daqui!...
Eu preciso de sangue para viver, entenderam?
Um vampiro – eis o que, de facto, sou!

O sangue de vocês não me serve, eu preciso beber sangue de verdade...
Soltem-me! Não adianta me prenderem...
Deixem-me ir para a Terra!
Eu sou um vampiro, um vampiro!...

E assim dizendo, a se debater o serial-killer foi tomando a aparência de um grande morcego:
as faces se lhe transformaram por completo, as orelhas afilaram-se e cresceram, os braços cederam lugar a duas robustas asas e os pés se converteram em estranhas garras...

Nem nos filmes de ficção eu jamais presenciara algo parecido!
Sentindo a gravidade do momento, Odilon adiantou-se um passo de nós, que jazíamos praticamente petrificados, e, erguendo as duas mãos espalmadas, concentrou-se e vimos do centro de cada uma delas partir uma emissão de luz que, incidindo directamente sobre os olhos da infeliz entidade que se metamorfoseara, fez com que desfalecesse de imediato, à semelhança de quem experimentasse os efeitos de um potente anestésico.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Mar 27, 2014 10:19 pm

- Inácio, acomodemo-lo na cama – disse o Benfeitor, tomando a iniciativa de erguer aquele corpo disforme do piso do quarto - ele dormirá longamente e, aos poucos, retomará a forma humana.
É lastimável, profundamente lastimável a condição em que se encontra!
Se você me permitir, estimarei acompanhar este caso com você, sem, é lógico, nenhum propósito de intromissão no seu trabalho.

- Esteja à vontade, meu amigo – respondi.
Tenho conversado com Flávio, procurando conscientizá-lo quanto à necessidade da reencarnação em condições que lhe possibilitem o reerguimento, todavia, não me tem sido fácil convencê-lo.

- E, tanto quanto possível, não devemos forçá-lo.
A sua aceitação de uma nova experiência no corpo é factor decisivo para o êxito do empreendimento, precisamos fazer com que compreenda e colabore.

- Não vejo outro caminho, a não ser a sua volta ao corpo em situação de precariedade física, o que ele refuta em aceitar, Flávio é muito inteligente, mas não consegue dominar-se – os seus compromissos cármicos foram se avolumando e...

- Não nos seria lícito, no entanto, constrangê-lo, melhor que ele concorde com as nossas sugestões e, mentalmente, não oponha resistência.
- E, depois, Odilon, o seu espírito será naturalmente rejeitado por quem vier a lhe servir de mãe, existem candidatos à reencarnação que não estão em situação de escolher como desejam renascer...

- A maioria, Inácio, mormente aqueles que, com a sua simples presença ocasionam aversão.
- Infelizmente, é o caso dele, que, sem a nossa intervenção, motivará o próprio aborto na futura progenitora, o seu espírito é praticamente desprovido de laços afectivos e, nesse sentido, não temos a quem recorrer:
nenhuma irmã o aceitará como filho a não ser que solicitemos o auxílio de entidades que se predispõem, a tarefas sacrificiais...

- Consideremos,, porém, a lei do mérito, em seu próprio favor, o nosso Flávio, desde criança, precisará sentir-se desvalido de protecção específica, o objectivo da prova é o de nos induzir à introspecção e, por vezes, o excesso de carinho nos impede de fazê-lo...
Ele viverá sim, às custas da caridade alheia e inspirará piedade às almas de maior sensibilidade, mas não convém que ninguém se disponha a eximi-lo de sentir-se lutando para conquistar simpatia.

- É um caso complexo, não, meu caro?
O amor nos pede amar a quem mais se mostre necessitado...

- E assim deve ser, no entanto, não devemos olvidar que amar significa igualmente educar; o amor que super protege vicia ainda mais as almas já viciadas...
Ninguém nos ama mais do que Deus, mas Ele nos deixa com as consequências das dificuldades que criamos.
De outra maneira, como aprenderíamos?

Qualquer criança em estado de penúria merece a nossa atenção e devemos fazer o possível para socorrê-la, todavia não podemos tomar o sofrimento dela para nós, privando-a da oportunidade de crescer.

Temos que nos habituar, Inácio, a ver os benefícios que poderemos prestar ao espírito, que vai viver para sempre, e não tão-somente os que prestamos ao corpo, que é transitório.

- Para mim, este é um dos assuntos mais delicados: possuir discernimento para saber até onde a nossa interferência é válida...
- Muitos pais adoptivos escondem a verdade dos filhos – comentou Modesta, que se mantinha atenta ao diálogo.

- Na minha opinião, é um erro – disse o Mentor.
- Não podemos negar às crianças adoptadas o direito de saber a verdade sobre si!
A pretexto de amor, a omissão poderá gerar maiores traumas...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Mar 27, 2014 10:20 pm

CAPÍTULO 14

- A caridade genuína – prosseguiu o Instrutor - quando não nos é possível evitar que alguém se precipite por livre e espontânea vontade, nos recomenda ampará-lo na queda e estender-lhe as mãos para que tome a iniciativa de se levantar.

- Quantos pais se exaurem de aconselhar os filhos e quase nada conseguem junto a eles! – Exclamei, pesaroso, recordando-me da confidência de tantos amigos no meu consultório.

- O espírito, por mais o amemos e queiramos privá-lo da dor, necessita de aprender por si mesmo o que lhe convém.
Sem sucessivas quedas, a criança não adquiriria mais justa noção de equilíbrio.

Analisemos o nosso próprio caso:
quantas vezes teremos errado como alguém que desejasse conhecer as consequências do erro!

- Por desconhecimento de causa, talvez...
- Por falta de convicção íntima!
Sobre a terra, raros os espíritos que, na actualidade, agem por completa ignorância, algum relativo conhecimento da verdade todos já possuem...

Os que não querem ou não procuram saber o que devem assim agem por preferirem não assumir a responsabilidade de seus actos.
Hoje, a verdade está em toda parte; o que é essencial já foi dito praticamente em todos os idiomas...
Os espíritos mais primitivos, presentemente corporificados no Planeta – a não ser que se tenham dementado - possuem suficiente noção do bem e do mal.

- Dr. Odilon – pediu Modesta -, fale-nos um pouco mais sobre a questão do excesso de protecção dos pais em relação aos filhos...
- Não apenas dos pais em relação aos filhos, mas de qualquer pessoa em relação a outra.

Porque não sabemos aplicar o amor, criamos naqueles aos quais nos vinculamos uma dependência afectiva que chega a ser patológica; quantos espíritos não conseguem deslanchar na experiência reencarnatória porque os que são chamados a tutelá-los nos impedem de caminhar com os próprios pés!
Devemos criar filhos para Deus e não para nós...

- Por favor – insistiu a confreira -, aborde a questão daqueles que nos inspiram compaixão...
- Modesta, não se trata de deixar os culpados entregues às consequências da culpa.
O médico não se recusa a tratar o doente que, voluntariamente, se contaminou...

Suprimir alguém de sua experiência de vida, equivale a negar ao aprendiz acesso ao banco escolar.
Evidentemente que não nos cabe adoptar a atitude, por exemplo, dos adeptos de determinada corrente filosófica preconiza que os sofredores não sejam socorridos, a fim de que não se privem da necessidade de se redimirem através do carma com que renasceram...

Com Jesus Cristo, aprendemos exactamente o contrário:
“...Na verdade, vos digo que quantas vezes o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer.”
Imaginemos se, além do sacerdote e do levita, o samaritano igualmente tivesse passado adiante, deixando aquele pobre homem, que fora vítima de salteadores, à mercê de sua desdita?

Se Deus agisse assim connosco, não teríamos na Terra os benefícios da anestesia, do analgésico, das vacinas, da energia eléctrica, dos modernos meios de locomoção e de tudo o que nos minimiza as privações de ordem material, sucumbiríamos sob a acção dos microorganismos nocivos à saúde e a existência do espírito no corpo inviabilizaria...

Silenciando por instantes, o Mentor prosseguiu:
- Reflictamos no caso de Flávio, que tanto nos toca o coração.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Mar 27, 2014 10:20 pm

Possivelmente, dentro em breve, ele haverá de reencarnar – ainda não sabemos em condições, mas tudo indica que o corpo de carne funcionará para ele à maneira da cela benéfica de uma prisão, onde terá oportunidade de repensar tudo o que fez, o corpo físico para nós outros, espíritos infractores, é um misto de cela carcerária, leito hospitalar e banco de escola:
expiamos faltas, tratamos da saúde espiritual e efectuamos um curso de autoconhecimento...

A situação de Flávio haverá de comover as almas que se preocupam no mundo com a vivência do Evangelho, receberá carinho, alimento e remédio, no entanto seria contraproducente e anti-pedagógico, que alguém o tomasse no colo e o adulasse...
Sei que o assunto é controvertido e que muitos alegarão que o amor nunca é demais.

Concordo:
o verdadeiro amor não extrapola, mas quem estará na Terra em condições de amar sem arroubos da paixão?

- Odilon – apartei o companheiro -, eu sei a que você está querendo se referir.
Muitos adolescentes que se trataram comigo foram “estragados” por seus pais: excesso de mimos, de conforto, de facilidades...

O pessoal acha que amar é carregar a pessoa amada nos braços e impedir que ela enfrente qualquer tipo de problema na vida; ainda há os que imaginam amar escravizado o objecto de sua afeição doentia aos seus caprichos...

Conheci pais que impediram que os filhos se casassem só para que os tivessem ao seu inteiro dispor na velhice, egoísmo, nada mais que egoísmo!...
É isso, sem falar naqueles que escolhem determinada pessoa por escada do seu céu particular, amando-a com exclusividade, como se mais ninguém existisse ou sofresse à sua volta!

Existem devotamentos obsessivos...
Jesus nos ensina a amar sem apego o que muitos sentem por muitos é mais amor a si do que ao próximo! Concorda?

- Sim; às vezes, amando a uma única pessoa, queremos demonstrar ao mundo quanto somos capazes de amar!
- De amar a nós mesmos, não é? – Enfatizei.

- Equivocadamente...
O difícil é amar a todos de forma comedida, ou seja, com amor que não crie ilusões, não faça exigências, não espere retribuição!

- Por mais piedade que Flávio nos inspire, e todos os nossos demais internos, o melhor que temos a fazer é acompanhá-lo em seu processo de reajuste espiritual, sem estar tomando decisões por ele, não é?

- Quanto mais cedo nos tornarmos respeitáveis, mais seremos capazes de tomar as rédeas do destino nas mãos.
A dependência excessiva nos inibe ao progresso.
É claro que uma criança não se encontra adepta a escolher o caminho que lhe compete trilhar e, durante algum tempo, os mais velhos serão chamados a orientá-la, todavia jamais deverão substitui-la na jornada que deverá empreender com o próprio esforço.

O limite de maior idade no mundo cairá gradativamente...
Avisando-me de que o aparelho de som se encontrava a postos, enquanto nos retirávamos para que eu efectuasse breve pronunciamento ao microfone, Manoel Roberto permaneceu tomando providências para que Flávio recebesse medicação complementar.

Do meu gabinete de trabalho, com voz pausada porém firme, falei à nossa comunidade de enfermos e colaboradores:
- Meus irmãos, tranquilize-se – dei início ao rápido apelo, não há motivo para que se mostrem tão apreensivos...
Está tudo sob controle e devemos colaborar com os nossos companheiros encarnados, enviando-lhes bons pensamentos.

A Misericórdia Divina não nos desampara.
A Humanidade está atravessando mais uma de suas crises periódicas, no entanto o Senhor permanece atento e a embarcação terrestre continuará singrando as águas revoltas de sua própria maturidade...
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A ESCADA DE JACÓ  - Inácio Ferreira / Carlos A. Baccelli - Página 2 Empty Re: A ESCADA DE JACÓ - Inácio Ferreira / Carlos A. Baccelli

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Mar 27, 2014 10:20 pm

Tudo se nos constitui em necessário aprendizado.
A guerra é uma sequência da diferença com que, dos Dois Lados da Vida, temos tratado os valores que interessam no espírito imortal.

Não nos desarvoremos, com que ainda se sujeita a tantas ilusões na carne...
Apesar das dificuldades que nos acompanharam no Além-Túmulo, hoje é outro entendimento que possuímos da Vida.

O pensamento elevado é alicerce da paz.
Permaneçamos confiantes e optimistas, pois, caso contrário, mesmo situados a relativa distância do conflito, nos tornaremos vulneráveis à sua repercussão nas regiões do Mundo Espiritual.

Os nossos irmãos que se agitam lá fora são enfermos que sequer ainda podemos acolher em nossa instituição, porém providências haverão de ser tomadas em seu benefício; ninguém jaz esquecido pela Bondade de Deus!

O sofrimento é uma experiência transitória.
Fala-nos o Cristo quanto à impossibilidade de se construir uma casa sobre a areia...

O mundo, que se convulsiona, mobiliza os seus habitantes e, ao final, como sempre acontece, o mal redundará em bem maior para a colectividade que, na iminência de uma catástrofe de proporções imagináveis, se organiza em manifestações de paz...

Ao que se pode perceber, é uma minoria interessada na guerra, o que, sem dúvida, nos deixa esperançosos quanto ao futuro da civilização.

Os que aqui se sentirem necessitados de medicamento serão medicados, os que, todavia, já se encontram mais lúcidos e calmos auxilie-nos, asserenando os ânimos dos companheiros que ainda não conseguiram o controle das emoções.

Acompanhemos, mentalmente, os acordes da música ambiente e conservemos a certeza de que o Senhor guarda as portas inexpugnáveis desta casa, onde continuamos a nos tratar das mazelas que persistem connosco na vida além da morte!...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Mar 27, 2014 10:20 pm

CAPÍTULO 15

Minhas palavras haviam surtido um efeito imediato, controlando a situação.

Confesso-lhes que eu mesmo me encontrava mais tranquilo.

Ante o silêncio que, aos poucos, fora se restabelecendo, rematei, convidando nossos irmãos a me seguirem na prece:
- Senhor Jesus, Mestre Amado, que a Tua paz nos envolva, a nós e aos nossos companheiros que se demoram nas provas da vida material...

Que, de uma vez por todas, compreendamos a inutilidade de toda violência. Inspira-nos as atitudes, para que sempre sejamos mais solidários e fraternos uns com os outros.

Não nos deixes à mercê das próprias imperfeições, sobre o jugo das inclinações da natureza inferior.

Fortalece-nos os propósitos no bem! ?Diante de Tua luz, que não tenhamos qualquer receio da sombra... se estivermos Contigo, tanto quanto estás connosco, nada deveremos temer!

Não consintas, pois, que retrocedamos na caminhada; guia-nos ao Teu encontro, através das sendas estreitas que por onde jornadeias e pelas quais nos conduzes com esperança...

Que os Teus pensamentos de amor se materializem no mundo, através da iniciativa daqueles que realmente se mostram dispostos a seguir-Te, que o Teu Evangelho não seja para nós um simples repositório de sábias e famosas lições, mas, sim, abençoado roteiro para a Vida que almejamos compartilhar Contigo e com aqueles que nos antecederam na jornada rumo aos Cimos...

Sê connosco, Senhor, nesta casa e em nosso Lar Terrestre!
Que as Tuas bênçãos se espalhem e estejam com todos – com os que acreditam em Ti e com os que ainda descrêem da Tua magnanimidade!

Sabemos que o mundo Te pertence, e esta certeza nos tranquiliza os espíritos, embora sejamos constantemente chamados à responsabilidade de servir na construção da Nova Era.

Fortalece-nos, Mestre, a vontade frágil, para que a tentação não nos induza a sucessivas quedas e não nos enredemos no ciclo vicioso das experiências infelizes...
Confiamos em Ti, hoje e para todo o sempre!...

Quando terminei de orar, o silêncio no hospital se fizera ainda maior e, segundo Manoel Roberto, muitos adormeceram espontaneamente, sendo necessário que apenas alguns poucos pacientes fossem medicados.

Até mesmo lá fora, a agitação cessara parcialmente e o retumbar dos trovões provocado pelas formas-pensamento pareciam, agora, ecoar a considerável distância.

- De que não é capaz o poder da oração, não é, Inácio? – Comentou o Mentor.
- Desculpe-me, mas eu nunca soube orar direito...
Foi a necessidade que me fez orar assim; quando a gente precisa, a gente recorre...

Eu não tenho méritos para que as minhas palavras sejam ouvidas...
Sempre fui um homem mais de acção do que de oração.
A Misericórdia Divina é que é mesmo Infinita!...

- Inácio – falou-me Modesta -, as suas preces sempre foram muito apreciadas por nós, no Sanatório, pois que eram proferidas com sinceridade – curtas, é verdade, mas de muito sentimento.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Mar 27, 2014 10:20 pm

- Para ser franco, Modesta, eu me sentia e ainda me sinto envergonhado de orar...
SE na prece, devemos nos mostrar a Deus, eu tenho medo de que Ele me veja como sou! - se todos os que dizem crer – não importa a crença -, orassem com verdadeira fé, o mundo seria outro – observou Odilon.

Depois do poder do amor, o poder da oração é a força mais extraordinária do Universo!

- Você tem razão – considerei - pois, se não fosse a oração das mães pelos seus filhos, eu não sei o que haveria de ser da juventude, mormente nos dias atribulados que se vive na Terra!
Uma simples prece pode ser mais que a energia que se libera numa explosão atómica!
Se o mundo todo entrasse em oração, faria parar a guerra, você não acha, Odilon?

- Sem dúvida, Inácio.
O Mahatma Gandhi, pela força da oração, pacificou hindus e muçulmanos, o mesmo poderia acontecer entre israelenses e palestinos, iraquianos, e norte-americanos, e assim sucessivamente.
O problema é que infelizmente, a oração se ritualizou nas principais correntes religiosas.

Orar com convicção equivale a agir!
O pensamento elevado quando se alia ao sentimento de fé, guardadas as devidas proporções, tem algo do Poder de Deus que deflagrou a Criação.
Quem age sem se inspirar age equivocadamente.

- Mesmo se age bem intencionado?
- A boa intenção, por isso mesmo, já é uma prece, e das mais eficientes.
Oração é súplica.

- Os que partem para uma guerra, oram...
- Oram pensando em si, ao seu Deus e não ao Deus de todos os homens!...

- Oram em vão?
- Oração não é um conjunto de palavras ou uma fórmula cabalística; oração é um exercício de espiritualidade1!
Porque esteja com a Bíblia ou com o Alcorão nas mãos e mostre lágrimas nos olhos, não significa que o homem esteja verdadeiramente orando.

- Muitos espíritas estimam orar bonito e extenso, as suas preces são preces de oratória – oram com excelente expressão gramatical e retórica...
Odilon sorriu da minha alfinetada e, delicadamente, corrigiu-me a distorção.

- Em termos de oração, a forma, nossa ou dos outros, é o que menos importa; a dos outros, menos ainda do que a nossa...
A qualidade da prece que formulamos nos reflecte a condição interior...
Para orarmos melhor do que temos orado, precisamos provocar mudanças em nosso íntimo.

- Dr. Odilon – interrogou Modesta - é válido afirmar-se que a prece pode nos mudar?
- Quando sincera, ela nos predispõe à mudança que devemos tomar a iniciativa de empreender, alterando o comportamento.

Orar de mãos postas na prática do bem – eis o modo mais eficaz de se orar.
Para quem não se empenha em mudar, a prece não passa de uma colecção de palavras enfadonhas, vazias de espírito.

- Pelo que depreendo, até quando era, o homem pode ser hipócrita...

- O Mestre nos advertiu:
“Guardai-vos dos escribas que querem andar com roupas talares, e gostam de ser saudados nas praças, e das primeiras cadeiras na sinagoga, e dos primeiros assentos nos banquetes, que devoram as casas das viúvas, fazendo longas orações”.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Mar 27, 2014 10:21 pm

E concluindo o Instrutor:
- Os escribas, Inácio, a que o Senhor se refere somos todos nós!... o homem é um ser muito superficial.
Vivemos iludindo a própria consciência...

- Imaginando que estamos passando Deus para trás...
- Diz-nos o salmista:
“Descansa no Senhor e espera nele, não te irrites por causa do homem que prospera em seu caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios.
Deixa a ira, abandona o furor; não te incapacites, certamente isto acabará mal”.

- No entanto, não nos compete efectuar qualquer julgamento, porque, se temos olhos para a acção, não os temos para intenção.
- A não ser quando se refere ao móvel de nossas acções, em relação aos semelhantes, não é?
- E assim mesmo quando nos padecemos de qualquer obsessão ou desequilíbrio, que nos anule por completo o discernimento.

- O que é uma prova terrível!...
- Sim, porque, então, nós transformamos em instrumentos inteiramente passivos, sem consciência do que pretendemos; assemelhamo-nos a um poço de água cristalina que se oferece ao sedento, mas que está envenenada...
Quantos, por exemplo, confundem amor com paixão e cometem verdadeiros desatinos?

- Pais que chegam a seviciar os próprios filhos, irmãos maiores que corrompem os menores; amigos que traem a confiança de amigos...
Eu sei bem o que é isto, Odilon, lidamos com muitos casos assim no Sanatório quando não enlouqueceram porque foram feridos em sentimentos?

Quantos não cometeram o suicídio, após terem sofrido abusos sexuais e outros que se entregaram ao alcoolismo, comprometendo-se no vício por tempo indeterminado?
Quantos não se sentiram lesados psicologicamente e embora tenham deixado o corpo físico, se encontram desnorteados?...

- Também é por esse motivo Inácio, que a Humanidade – somos nós!
Do ponto de vista colectivo tem tanto a expiar; a guerra, parcial e total, não deixa de ser uma espécie de expurgo das culpas, conscientes ou não, que nos pesam.

Periodicamente, conforme já nos foi dito, a “alma do mundo” clama por sangue, ou seja, o organismo planetário enfermo reclama uma espécie de sangria para restabelecer o equilíbrio...

Não há argumento algum – reconheço – que justifique a violência, todavia, seja qual for a sua forma de manifestar-se, ela nada mais é do que o reflexo do que se passa connosco nas Duas Dimensões da Vida.
No fundo, a causa da guerra deixa de ser o petróleo e a ambição de poder: é uma auto punição!...

- Em outras palavras, estamos nos impondo o que impomos ao Cristo, não é?
“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados!...”
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Mar 27, 2014 10:21 pm

CAPÍTULO 16

Os nossos internos haviam se asserenado e a situação estava sob controle.

No entanto, acaso seria o mesmo que poderíamos dizer em relação aos nossos irmãos encarnados?

As notícias que continuavam nos chegando da Crosta eram apreensivas; o receio de que a guerra se espalhasse tomava conta do mundo, naqueles primeiros meses de 2003...
O que poderíamos fazer?

- Odilon – perguntei – será que não poderíamos visitar o cenário do conflito no Oriente?
Ser-nos-ia difícil conseguir acesso às regiões limítrofes?
Penso que, pelo menos, observando “in loco” o desenrolar dos acontecimentos, seríamos mais fiéis à visão espiritual da guerra...

- Poderíamos, Inácio, sem dívida, tentar uma aproximação, não nos esquecendo da conturbação que, igualmente, deve estar imperando nas dimensões correspondentes...
Desde, é claro, que não procuremos interferir, a não ser em um ou outro caso de socorro isolado.
Você sabe, a questão do fanatismo religioso se estende para além da morte...

- Faríamos uma rápida incursão, apenas com o propósito de colher informações e transmiti-las aos companheiros, que, certamente, estimariam saber o que se passa com os combatentes e os civis que perdem a vida em consequência dos ataques de bombardeios.
Várias cidades iraquianas estão sendo dizimadas e centenas dos que deixaram o corpo devem estar sem exacta noção do fenómeno.

- Farei alguns contactos e, se obtivermos permissão, daqui uns dois, três dias, poderemos ir.
Convém, no entanto, que sejamos os mais discretos possíveis, pois, se nos tomarem por correspondentes de guerra americanos ou ingleses, sofreremos as consequências.

Um embate dessa natureza não cessa com a morte; a região deve estar atraindo milhares de adeptos do Islamismo e, sob este aspecto, as forças aliadas estarão em nítida desvantagem – nas regiões espirituais, o armamento ultra-sofisticado não faz qualquer diferença...

- Veja você, meu caro, eu não havia pensado nisso:
os soldados da Coalizão, mortos em batalha, são feitos prisioneiros?...

- Com raras excepções, porque os ascendentes de ordem moral são factores determinantes; tudo depende da condição mental e espiritual dos que deixam o corpo...
- Espiritualmente, americanos e ingleses estão sendo amparados?
Contam com a retaguarda dos espíritos que lhes são afins?

- É evidente; as manobras que ocorrem dos Dois Lados da Vida são idênticas...
Recorde-se de que estamos nos referindo a uma dimensão imediata àquela em que os homens se encontram vivendo; à medida que se sobe, é que as diferenças naturalmente se estabelecem.
Você verá que muitos, por exemplo, que deixam o corpo no fragor da luta, prosseguem como se nada lhes tivesse acontecido...

- Como é complexa a Vida?!...
- Nós é que a complicamos, meu amigo; os caminhos que devemos percorrer jazem traçados com admirável precisão pela Sabedoria do Criador; já os atalhos correm por nossa conta!

- E como são numerosos, não?
- E mais números e intricados, quanto mais nos afastamos da senda original – o que era para ser uma estrada sem desvios transforma-se num labirinto...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Mar 27, 2014 10:21 pm

- Quanto não demoramos, depois, para encontrar a saída!...
- Ainda estamos à procura dela...
Jesus Cristo, por assim dizer, nos retraçou o caminho, mas continuamos a improvisar veredas que só conduzem para baixo: quando descobrimos, começamos a compreender a viagem de volta, sempre penosa.

- Repito que já disse um sem-número de vezes: quando no corpo, apesar de ser espírita, eu fazia uma ideia diferente da Vida além da morte; as obras de André Luiz, através de Chico Xavier...

- Inácio – aparteou o Mentor - André Luiz, em seu magnífico trabalho, nos forneceu uma ideia geral da Vida que nos esperava e que, de fato, encontramos, após o desenlace...

À época, não poderia ele ter abordado maiores aspectos, sem que a sua obra corresse o risco de ser rejeitada por absurda pelos mais ortodoxos.
O avanço da Ciência contemporânea vem nos ensejando maiores possibilidades no campo da Revelação, todavia mesmo assim precisamos ser cautelosos.

André Luiz, sob a orientação dos Espíritos Superiores que supervisionaram a tarefa mediúnica de Chico Xavier, erigiu um monumental edifício à verdade imortalista – os seus alicerces estão assentados sob bases inamovíveis e a sua estrutura dispensa retoques, mas, convenhamos, falta-lhe o acabamento de alvenaria – o que será realizado através do tempo.

- Cada qual será chamado a acrescentar-lhe um tijolo, não é?
- Melhor nos expressando, cada época, dentro do natural dinamismo da Doutrina, algo acrescentará à simbólica pirâmide em construção, todos serão chamados a colaborar e, neste sentido, os espíritas não devem se sentir os donos da Doutrina, cujo corpo filosófico é receptivo a todas as conquistas de carácter científico.

O Espiritismo incorporará a si verdades que não procedam, necessariamente, da via mediúnica.
Aliás, Inácio, o conceito de mediunidade carece ser ampliado:
faculdades medianímicas são acessíveis a todos...

Breve, teremos físicos, químicos e biólogos médiuns, não estarão propriamente a serviço do Espiritismo, mas da Causa a que ele serve à Doutrina Espírita caberá preservar o vínculo com o Evangelho do Cristo, visto que a Verdade sem Amor é uma candeia sem azeite e, em consequência, sem luz. Sem o Evangelho, o homem nunca saberá o que fazer de si!

- Concordo plenamente; você sempre se expressa com profundo conhecimento de causa...
Permita-me mais uma pergunta: você acha que o nosso esforço é válido, em tentar, como disse, trazer o nosso humilde “tijolo” à construção em andamento?
Confesso-lhe que, por vezes, eu me questiono a respeito.

- É claro que é válido. Como não? Ao Arquitecto da obra caberá aproveitá-lo, segundo as suas conveniências.
- Alguns dizem que eu tenho “humanizado” demais a Vida Espiritual...
Eu só tenho reportado aos nossos irmãos o que vejo e sinto, existem diversos universos: estou vivendo dentro de um deles!...

A coisa é tão grande para cima quanto para baixo.
Quantos conceitos não estou rendendo e formulando todos os dias?...
Eu só tenho uma certeza: Jesus Cristo!
O resto é mutável dentro, evidentemente, da divina imutabilidade da Vida.

- Inácio, se o nosso propósito é o do bem, não estaremos errando de forma absoluta, agora, considerando a transitoriedade de tudo, mormente de nossa própria condição evolutiva, é lógico que o nosso modo de ver vá sofrendo alterações...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Mar 27, 2014 10:22 pm

Antes, do átomo, o homem só enxergava o núcleo, o próton, e eléctron e o nêutron; hoje, além das dezenas de partículas subatómicas que descobriu, considera, do ponto de vista teórico, a existência de um sem-número de outras, à espera de comprovação.

O planeta Plutão, que integra o Sistema Solar, antes que telescópios potentíssimos o surpreendessem em sua órbita, foi descoberto “teoricamente”, Einstein, o pai da Física Moderna, levou mais de dez anos para colocar numa equação a ideia que fervilhava em seu cérebro, com referência à Teoria da Relatividade...

- Acusam-me de “humanizar” em excesso os espíritos, mas, se existe, a diferença entre espírito e matéria é tão ténue...
Para onde olho, só vejo matéria! Para mim, inclusive, Deus é matéria...

- Pelo menos, Matéria-Prima de tudo quanto existe, não é?
- Se matéria é energia, energia é matéria...
Mas eu não entendo patavina disso.
Sem querer advogar em causa própria, o que pretendo é “espiritualizar” concepções excessivas humanas.

Eu não sei como, doravante, há de ficar o Materialismo, que está entrando em colapso.
Aliás, a descrença do homem em relação à vida depois da morte é fruto de absurdos e ingénuas concepções a respeito dele; principalmente no mundo racionalista de hoje, quem continua aceitando a ideia de Céu e Inferno:?...
Por esse motivo é que, se possível, eu gostaria de efectuar uma visita a Bagdad e adjacências...

- Creio que dos nossos Maiores que contactam entidades interessadas no povo do Oriente, obteremos o visto que nos é indispensável para não sermos impedidos pelos grupos de espíritos que lhe guardam as fronteiras...
- Quem diria que pudesse ser assim!...
Para muitos, o espírito pode excursionar a qualquer parte do Universo – sair volitando por aí à vontade...

- Quem nos dera que assim fosse!
Subir é impossível e descer não convém...

- E, para ultrapassarmos os nossos domínios, carecemos de permissão...
- Como alguém que atravessa de um Estado para outro: é natural que se identifique, não?...
Alguém – a própria polícia – sobe os morros do Rio de Janeiro sem, de alguma forma, se fazer anunciar?

Aqui, no Sanatório ou lá no Liceu, Inácio, as nossas portas se abrem para todos, indiscriminadamente?
Não pediu você, ainda há pouco, que a vigilância fosse redobrada?
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