LUZ ESPÍRITA
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Série Psicológica Vol. 5 - O Ser Consciente - Joanna de Angelis

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Out 12, 2012 8:42 pm

Os períodos infantil e adolescente são decisivos na existência, e todas as pessoas passam por dificuldades e crises durante a formação da personalidade, favorecendo conflitos compreensíveis, que levam à independência pessoal.

Nem todos logram vencer as tensões internas e externas que se estabelecem a partir de então.
E, no entanto, nessa fase que se definem os rumos futuros do comportamento, necessitando-se de psicoterapias emocionais e espirituais, próprias para a libertação.

Mesmo essa ocorrência, feliz ou desventurada, e sua aceitação, com o consequente crescimento, têm a ver com a estrutura profunda do self, a realidade do Espírito.

Naturalmente, as recordações infantis positivas ficam submersas, sob aquelas negativas, em razão da valorização do desagradável marcar mais o ser, do que os outros, que deveriam ser mais considerados.

Trata-se de um atavismo masoquista inconsciente, que predomina em a natureza humana.
Assim, os problemas existenciais podem perturbar a identidade, quando o ser é frágil, psicologicamente, e sem experiências desafiadoras, espiritualmente.

Mesmo nas infâncias assinaladas por dificuldades, há muita beleza a recordar e momentos inesquecíveis, que são inerentes a essa fase, excepção feita às personalidades psicopatas e arredias, que cultivam, no seu mutismo ou exacerbação, os conflitos de que padecem.

Seja, porém, qual for a herança infantil que se carregue, a busca da felicidade não deve sofrer solução de continuidade, especialmente se as vivências são conflitivas, merecendo, nesse caso, mais intensidade de re-identificação com o self.

Avançando-se terapeuticamente para a libertação dos traumas, com a fixação dos propósitos e logros de saúde emocional, consegue-se dar o passo primeiro para a conquista da felicidade que logo virá.

Nos períodos de formação da personalidade — infância e juventude — é comum orientar-se o educando para as conquistas externas a qualquer preço, identificando os valores sociais e económicos, não raro em detrimento da realização interior.

Somente quando são estabelecidas metas de triunfo íntimo, é que se alcança a correta identificação do ser com os lídimos objectivos da reencarnação.

Nessa fase de indefinição, muitos indivíduos são induzidos a satisfazer as ambições malogradas ou vitoriosas dos seus pais, educadores e chefes, que projectam sua sombra nos filhos, alunos e subordinados, sem pensarem na realização pessoal dos seus dependentes.

Essa conduta é responsável por muitos conflitos, que impedem um discernimento claro do que seja realmente a felicidade.
Diante disso, a idade da razão pode apresentar-se atemorizante e perturbada por contínuas crises existenciais.

Constatar que as conquistas feitas não são plenificadoras, defrauda as aspirações e tira o sentido da vida, O triunfo e o fracasso externo também produzem a mesma frustração e incompletude.

Nesse período, a constatação do tudo efémero impulsiona o ser na direcção da felicidade, e é nesse nível de consciência que a busca alcança os patamares elevados do amor desinteressado, da paz íntima e da realização espiritual, que são as condições essenciais para culminar no encontro.

A partir daí, a reflexão se torna frequente, a oração faz-se natural e a meditação é um reconforto normal.

Amadurecendo, o indivíduo irradia do mundo interior o bem-estar e passa a fruir de felicidade.
Isto não o impede de ter problemas, que passa a administrar com equilíbrio, não se perturbando, nem se deprimindo com eles.

São os problemas, solucionados, que proporcionam maturidade e harmonia íntima. Sem eles, como exercícios, torna-se improvável o êxito.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 14, 2012 8:36 pm

36 - Plenificação pela felicidade

Todo cometimento decorre da planificação mental, o que é factor de triunfo ou não, de acordo com o investimento da razão.

Para a plenificação do ser, mediante a felicidade, o treinamento mental e emocional torna-se preponderante, a fim de facultar o nível de consciência compatível.

Não há vitória sem esforço.
Com a mente e a emoção tranquilas, experimenta-se o prazer transpessoal plenificador, gerando o campo para a capacitação intuitiva.

Com ela, mediante o silêncio da mente e a calma dos anseios do corpo, o self é penetrado em profundidade, e a sua percepção da realidade aumenta, facultando-lhe a conquista do conhecimento — a sabedoria que decorre da informação e da acção do amor — que o projecta em outras dimensões do Espírito.

Agigantando-se a consciência, o ser alcança a paranormalidade superior e inter-relaciona-se com os seres de faixas espirituais mais elevadas, vivendo no corpo e fora dele em plenitude.

Assim alcança a iluminação, a bem-aventurança, que são as expressões máximas da felicidade.

O encontro com a vida espiritual pujante se torna uma perene fonte de alegria, reflectindo-se em todas as coisas e pessoas.

A consciência, portanto, iluminada, é a responsável final pela felicidade.

No começo é apenas vislumbrada, intuída, até tornar-se realidade, sem a necessidade de alienação do mundo.

Todos os seres humanos têm direito à felicidade e devem fruí-la, desde as suas mínimas expressões às mais grandiosas, em todo o painel da existência.

Com a visão transpessoal da felicidade, tudo e todos devem ser vistos, sentidos e amados como são.

A consciência os absorve com a sua estrutura.

Não seja a felicidade, no entanto, o resultado da indução externa ou de uma auto-sugestão, pois que se tornaria um engodo proposto e conseguido pelo inconsciente.

A intimidade, a identificação com a unidade, de forma persistente e natural, propiciam o manifestar da felicidade, permitindo uma entrega consciente ao self plenificador.

A felicidade é, portanto, uma forma de viver e, para que se torne permanente, é necessário que seja adquirido o nível de consciência do Espírito, e isto começa quando se descobre e se atenta para o que realmente se deseja da vida além dos níveis imediatos do gozo e do prazer.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 14, 2012 8:37 pm

DÉCIMA PARTE - CONQUISTA DE SI MESMO

37 - O homem consciente

Gurdieff, o eminente psicólogo russo, em uma análise feliz a respeito do homem, referiu-se aos dois estados em que o mesmo se apresenta como decorrência do seu nível de consciência: adormecido e desperto.

O trânsito pela reencarnação enseja ao ser o desenvolvimento dos valores éticos, ampliando-lhe o espaço mental para as conquistas relevantes.

Ao mesmo tempo, quando entorpecida a consciência, antes lúcida, o indivíduo deixa-se conduzir através do mergulho nas distracções, que lhe constituem os interesses máximos do dia-a-dia, olvidando as qualidades superiores que propiciam realmente a felicidade.

Essas distracções prendem-lhe a atenção e detêm-lhe o processo de busca interior, empurrando-o para as fugas espectaculosas e as transferências das metas prioritárias, importantes, para aquelas que enganam, apaixonando-o e levando-o às conquistas vazias das coisas que não proporcionam mais do que o breve bem-estar da volúpia egoística do momento, expressa nos prazeres que logo se esfumam.

Quando convidado às reflexões profundas a respeito da sua realidade como ser imortal, encharcado pelas paixões como se encontra, não consegue deter-se em uma demorada análise de si mesmo, porque logo os pensamentos se expandem em várias direcções, afugentando-o do objectivo essencial propiciador do auto-encontro.

Saciado pelo gozo, embora atormentado pelo desejo de novos prazeres, a sua fixação mental é somente possível quando se refere ao campo das sensações, nas quais chafurda até a exaustão, para retornar à posição anterior de ansiedade e insatisfação.

Acostumado às ideias do imediato, que trazem respostas momentâneas, logo a seguir, qualquer projecção no tempo constitui-lhe sacrifício vão, porquanto não se dispõe a levar adiante a proposta inicial de realização demorada.

Os indivíduos, psicologicamente adormecidos, são ainda fisiológicos, não obstante possam estar projectados na sociedade e até mesmo bem considerados por ela.

Despertar significa identificar novos recursos ao alcance, descobrir valores expressivos que estão desperdiçados, propor-se significados novos para a vida e antes não percebidos...

O despertamento retira o véu da ilusão e faculta a percepção da realidade não fugidia, aquela que precede a forma e permanece depois da sua disjunção.

Estar desperto é encontrar-se participe da vida, estuante, tudo realizando com integral lucidez.
E mesmo o acto de dormir, para a aquisição do repouso físico, porque precedido de conhecimento do seu objectivo, torna-se um fenómeno de harmonia, sem os assaltos de clichés mentais arquivados, que assomam em forma de pesadelos tormentosos.

A fixação do despertamento resulta dos insistentes e contínuos espaços da mente, preenchidos pelo desejo veemente de adquirir lucidez.
Tudo quanto faz, realiza-o de forma consciente, desde o ato de coçar-se, quando concentrado, até o de superar o cansaço com o seu séquito de indisposições orgânicas e psíquicas.

Estar desperto é mais do que encontrar-se vivo, do ponto de vista fisiológico, superando os automatismos, para localizar-se nas realizações da inteligência e do sentimento enobrecido.

As distracções habilmente se disfarçam, justificando trabalho exaustivo, repouso demorado, conversações prolongadas, caminhadas e ginásticas que consomem horas, e que, não obstante úteis, desviam da meta essencial que é o despertamento de si mesmo.

Há uma generalizada preferência humana pelas distracções, pela fuga da realidade, consumindo-se tempo e saúde no secundário, com desconsideração ou por ignorância do essencial.

Lentamente, por processo de saturação das distracções ou pelo imperativo de novas reencarnações, o homem aspira à conquista de outros níveis de consciência e emerge do sono, passando a identificar o atraso em que se encontra, diante das infinitas possibilidades de que dispõe.

Altera-se-lhe então a visão para a auto-identificação, entendendo que o largo período de sono é responsável pela existência dos inúmeros conflitos que o aturdem, das contradições entre o que pensa e o que faz, entre ao que aspira e o que realiza, mantendo a sensação permanente de incompletude.

Quando anestesiado no nível de sono, sente a mesma necessidade de completar-se, porém, identificando os meios para o tentame, arroja-se mais nas experiências do instinto, frustrando-se e sofrendo.

A razão propele-o para a tomada de consciência e, nesse estado, à medida que se envolve na libertação das cargas psicológicas opressoras, asfixiantes, passa a fruir emoções que o enlevam, aumentando o número de vivências dos logros íntimos, que lhe constituem degraus e patamares a galgar, tendo em mente o acume, que será a perfeita conscientização de si mesmo.

Ser consciente significa estar desperto, responsável, não-arrogante, não submisso, livre de algemas, liberado do passado e do futuro.

Cada momento actual é magno na vida do homem consciente, e tudo quanto se propõe realizar, ao invés de tornar-se desafio, é-lhe estímulo ao prosseguimento tranquilo da iluminação interior.

Usa a inteligência e aplica o sentimento em perfeita interacção, avançando sempre, sem recuos nem amarguras.
Certamente experimenta as contingências da vida social, dos prejuízos políticos, das injunções do corpo, sem que tais ocorrências o desanimem ou o infelicitem.

Consciente desses fenómenos, mais se afervora na busca da harmonia, conquistando novas áreas que antes permaneciam desconhecidas.
Age sempre lúcido, e cada compromisso que assume, dele se desincumbe em paz, sem a preocupação de vitória exterior ou mesmo de superação.

A auto-conquista é-lhe um crescimento natural e não-perturbador, assinalado pelo aprofundamento da visão da vida, totalmente diverso do comum, passando-a a transpessoal, portanto, espiritual.

Harmonizando aspirações e lutas, buscas e realizações, o homem consciente vive integralmente todos os momentos, todas as acções, todos os sentimentos, todas as aspirações.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 14, 2012 8:37 pm

38 - Ter e ser

Remanescem da infância física traços de insegurança, e conflitos perduram na idade adulta, em razão da falta de maturidade psicológica do ser, expressando-se como apegos às coisas e pessoas, com a consequente rejeição de si mesmo, instabilidade emocional e desajuste social.

Usando os conhecidos mecanismos de evasão da responsabilidade e sentindo-se fragilizado, o indivíduo busca a auto-realização, fixando-se em valores externos como forma de destaque no grupo social, ignorando a sua realidade profunda.

Sentimentos egocêntricos passam a aturdi-lo e, inconscientemente, acredita-se merecedor de tudo em primeiro lugar, com desconsideração pelos demais.

Quando tal não ocorre, surgem-lhe as marcas predominantes do egoísmo e passa a reunir recursos que amontoa satisfazendo o ego, mesmo quando atinge os picos do poder ganancioso.

A imaturidade asselvaja-lhe e obnubila-lhe a razão, que permanece asfixiada pelos tormentos do ter, enlouquecendo, a pouco e pouco, a sua vítima, cada vez mais ansiosa por novos haveres.

Ninguém vive bem sem a segurança de si mesmo.
Quando esta não decorre do auto-encontro libertador, é buscada através dos meios externos, que envolvem o seu possuidor em preocupações de aumentá-las, em medos de perdê-las, passando à angústia de mais assegurar-se da sua retenção.

Como efeito, vai traído pela concupiscência da posse, tornando-se possuído pelo objecto que supõe possuir.

Desperta-se-lhe em grau crescente a avareza que o amarfanha, e, depois da alegria fugaz da posse material, transfere-se para a ilusão da dominação arbitrária de outras vidas, de outras pessoas, acreditando-se capaz de detê-las, subjugá-las como conquistas a mais.

Auto-desprezando-se, graças à insegurança íntima, não se considera merecedor de afectos, supondo que, quantos se lhe acerquem, estão interessados no que ele tem, e jamais no que é.

Porque se sente sem possibilidade de amar, embora lhe irrompam episódios de afectividade, que converte em paixões de gozo imediato, não crê que pode ser amado com desinteresse pelos seus haveres.

Assim não sucedendo e vindo a consorciar-se, ele o faz mediante cláusulas de separação de bens, bens que lhe são alicerces de segurança no inconsciente.

Com a percepção embotada, mede os fenómenos existenciais com os instrumentos da actividade contábil, considerando triunfadores somente os que dispõem de contas bancárias volumosas, latifúndios largos e semoventes aos milhares...

A sua louca ambição torna-o misantropo, detendo-o no pórtico das grandes realizações, sem a coragem moral para atravessá-lo, amesquinhando-o.

Se vence o medo de doar algo e o realiza, necessita de ter o ego recompensado pela gratidão, passando à condição de benfeitor, quando tudo no mundo, com o seu carácter de transitoriedade, faz, das criaturas aquinhoadas, mordomos que prestarão contas, ou servidores encarregados de bem aplicar, qual o ensinamento de Jesus através da parábola dos talentos no Evangelho.

O bom aplicador, além dos juros que recebe, experimenta o júbilo da realização, a imensa alegria do serviço, exteriorizada no bem-estar que proporciona.

Ninguém tem coisa alguma no mundo: nem corpo, nem valores amoedados, nem pessoas sob domínio...
A incessante transformação, vigente no Cosmo, tudo altera a cada instante, e o vivo de agora estará morto logo mais;
o dominador torna-se vítima;
o corpo se dilui;
os objectos passam de mãos...

Todo aquele que busca a posse, o ter e reter, permanece vazio de sentimentos e, porque nada é, enche-se de artefactos e coisas brilhantes, porém mortas, prosseguindo cheio de espaços e abarrotado de preocupações afugentes.

O objectivo da vida humana parte do ponto inicial no corpo — a infância — e cresce sem perder o contacto com a sua realidade original, ser transcendental que é.

Chegando à realização da consciência, deve expandi-la, enquanto mais se auto-penetra e descobre novos potenciais a desenvolver.
Ser consciente de si mesmo é a meta existencial, conseguindo o auto-amor que desdobra a bondade, a compaixão, a acção benéfica em favor do próximo.

Alguns psicólogos transpessoais concluem que, à meditação transcendental — abstracta—, os sentimentos de amor e auto-doação — concretos — devem prevalecer emulando o indivíduo a ser integral, realizado, capacitado para a felicidade.

Os conflitos então cedem lugar, quando os seus espaços são preenchidos pelas realizações expressivas, libertadoras.
A auto-valorização não-egoísta, despretensiosa, permite o encontro do self, que se desvela com infinitas possibilidades.

Rompem-se os limites que amesquinham e ampliam-se as áreas de produção que engrandecem.
Correspondendo a esse estágio, o amadurecimento psicológico faz que o indivíduo cresça sempre e cada vez mais, reconhecendo a sua pequenez, que se agranda ante a excelência da Vida que ele conquista.

O individualismo que nele prevalecia cede lugar ao amor que convive e se expande na direcção dos outros, aqueles que constituem a sociedade na qual se encontra, passando a trabalhá-la, a fim de que também ela seja feliz.

A vaidade, o narcisismo, que existiam na sua personalidade, desaparecem por ausência da vitalidade fornecida pelo ego inseguro, que tinha necessidade de sobreviver, já que o self se encontrava soterrado no desconhecimento.

A conquista do si é realização que independe do ter, do reter, mas que não prescinde do interesse e da luta enviada para ser.

A segurança psicológica do indivíduo centraliza-se no autoconhecimento, na auto-identificação, no auto-amor, no ser.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 14, 2012 8:37 pm

39 - A conquista de si mesmo

A aquisição da consciência demanda tempo e esforço humano, tornando-se o grande desafio do processo da evolução do ser.

Surgem-lhe os pródromos, na fase do instinto, abrindo espaço para a razão, como fenómeno natural do desenvolvimento antropológico-psicológico-socio-lógico da criatura.

O discernimento do bem e do mal, do certo e do errado, e as aquisições ético-morais aparecem, como se fossem o medrar espontâneo da essência divina de que é constituído o Espírito;
todavia, o aprimoramento e a profundidade desses valores dependem do empenho, do interesse, das realizações de cada um.

Herdeiro dos arquétipos remotos dos seus antepassados, o indivíduo mantém por atavismos religiosos e culturais a consciência de culpa, especialmente os ocidentais, vitimados pelas heranças judaico-cristãs, no que diz respeito à desobediência de Eva, no paraíso, e ao fratricídio cometido por Caim contra Abel.

A divina punição de Deus pela rebeldia da mulher e pela insensatez do homem, que a seguiu no erro, responde pelo sofrimento que os acicata, assim como a expulsão do criminoso aumenta-lhe a angústia, dando-lhe margem ao ciúme doentio e à raiva, considerando a preferência injustificável de Deus por Abel, cujas oferendas mais O agradavam...

A absurda aceitação literal do texto bíblico, que tem um carácter simbólico, quiçá para demonstrar o momento em que surge a consciência, — quando o ser pode identificar o que deve, daquilo que não lhe é lícito realizar, saindo do automatismo do instinto para a selecção do discernimento racional, representados no mito da Árvore do conhecimento do bem e do mal —devido a interpretações apaixonadas e fanáticas, gerou conflitos que ainda remanescem nas vidas psicologicamente imaturas.

Na fase do instinto, os fenómenos biológicos automáticos não se fazem acompanhar das dores, que são maiores conforme mais seja apurada a sensibilidade, qual sucede na ocorrência do parto, que passou a ser punição divina, tornando a procriação um verdadeiro castigo, fruto ainda da desobediência que, milenarmente, transformou a comunhão sexual em condenável e imunda, do ponto de vista puritano e hipócrita.

Fonte de vida, o sexo é o instrumento para a perpetuação da espécie, não sendo credor de qualquer condenação. O ultraje e a vulgaridade, a nobreza e a elevação amorosa mediante os quais se expressa, dependem do seu usuário e não da sua função em si mesma.

Igualmente a arbitrária eleição celeste de um por outro irmão, ambos gerados em circunstâncias iguais, teria que despertar ressentimentos contraditórios, de ciúme e de raiva, no rejeitado, que levariam inevitavelmente ao hediondo fratricídio...

De geração em geração, a criança que se sentia desprezada, desenvolveu esses sentimentos perversos, perturbando o desenvolvimento da consciência e a consequente conquista de si mesmo.

Em qualquer actividade, competitiva ou não, o inconsciente desatrela a insegurança infantil, ali adormecida, e surgem os conflitos, a infelicidade, a desconfiança desastrosa.

Graças, porém, à reencarnação, o progresso do ser é imperioso, inevitável, e os mecanismos da evolução se expressam, trabalhando-o e promovendo-o a níveis e patamares cada vez mais elevados, até quando o ser, liberto dos conflitos, conquista os sentimentos que canalizará na direcção de novas metas, que alcança realizando-se, plenificando-se.

Já não luta contra as coisas, mas luta pelas coisas, que aprende a seleccionar e qualificar, abandonando, por superação, as paixões dissolventes e fixando os valores que enobrecem.

Percebendo-se instrumento da vida, que faz parte da harmonia do Universo, o indivíduo supera a raiva, por ausência do ciúme, e não compete para destruir, mas trabalha para fomentar o progresso, no qual se engaja e se realiza.

A conquista de si mesmo resulta, portanto, do amadurecimento psicológico, pela racionalização dos acontecimentos, e graças às realizações da solidariedade, que facultam a superação das provas e dos sofrimentos, os quais passam então a ter um comportamento filosófico dignificante — instrumentos de valorização da vida — ao invés de serem castigos à culpa oculta, jacente no mundo íntimo.

A libertação dessa consciência doentia facilita o entendimento do mecanismo da responsabilidade no comportamento que estabelece o lema:
A cada um conforme os seus actos, segundo ensinou o Terapeuta Galileu.

Senhor do discernimento, o homem descobre que colhe de acordo com o que semeia, e que tudo quanto lhe acontece, procede, não tendo carácter castrador ou punitivo. Sente-se emulado a gerar novos futuros efeitos, agindo com consciência e produzindo com equidade.

Tal conduta proporciona-lhe a alegria que provém da tranquilidade da realização, considerando que sempre é tempo de reparar, e postergação é-lhe prejuízo para a economia da sua plenificação.

O homem que se conquista supera os mecanismos de fuga, de transferência de responsabilidade, de rejeição e outros, para enfrentar-se sem acusação. sem justificação, sem perdão.

Descobre a vida e que se encontra vivo, que hoje é o seu dia, utilizando-o com propriedade e sabedoria.
Não tem passado, nem futuro, neste tempo intemporal da relatividade terrestre, e a sua é uma consciência actual, fértil e rica de aspirações, que busca a integração na Cósmica, que já desfruta, vivendo-a nas expressões do amor a tudo e a todos intensamente.

A conquista de si mesmo é lograda mediante o querer.
Jesus afirmou que se poderia fazer tudo quanto Ele fez, se se quisesse, bastando empenhar-se e entregar-se à realização.

Para tanto, necessário seria a fé em si mesmo, nos valores intrínsecos, que seriam desenvolvidos a partir do momento da opção.

Francisco de Assis, o santo, assim quis e o conseguiu.
Apóstolos do bem, da ciência e da fé, do pensamento e da acção quiseram, e o lograram.

Homens e mulheres anónimos entregaram-se aos ideais que lhes vitalizaram as existências e, superando-se, auto-conquistaram-se.

A conquista de si mesmo está ao alcance do querer para ser, do esforçar-se para triunfar, do viver para jamais morrer...

Fim

§.§.§- O-canto-da-ave

Caro amigo:
Se você gostou do livro e tem condições de comprá-lo, faça-o, pois assim estarás ajudando diversas instituições de caridade;
que é para onde os direitos autorais desta obra são destinados.


Muita Paz
Que Jesus o abençoe
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