LUZ ESPÍRITA
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Criticando Kardec

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 23, 2013 10:25 pm

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Do jeito que está escrito no livro, está sendo afirmado que os fenómenos mediúnicos são alheios à doutrina espiritista, o que não creio ser o que Emmanuel quis dizer, obviamente, porque seria um absurdo.

O que ele quis de facto dizer é, também, a meu ver um absurdo, pois da existência de muitos erros nas obras kardecistas, podemos no mínimo concluir que o espiritismo kardecista também peca pela insuficiência e falsidade
(vide a página erros1.htm, kardec1.htm e kardec2.htm).

A primeira linha de pesquisa não espírita dos fenómenos espíritas (anímicos e mediúnicos) que chegou a constituir uma "escola" foi a Metapsíquica, que se desenvolveu nas duas primeiras décadas desse século e culminou com a publicação em Paris em 1922 do clássico Traité de Métapsychique, de Charles Richet.

Logo após, essa escola foi cedendo lugar à Parapsicologia, cujo pioneiro foi o norte-americano J. B. Rhine, que em 1937 publicou seu New Frontiers of the Mind.

De lá para cá, sob a inspiração dessa disciplina, surgiram e continuam surgindo, em vertiginosa multiplicação, várias outras linhas de investigação dos chamados "fenómenos paranormais".

Talvez não seja exagero afirmar que elas são quase tão numerosas quanto os pesquisadores, cada um com seu "sistema" próprio.

Denominaremos aqui, por simplicidade, de ciências psi o conjunto de tais sistemas, muito embora, como veremos, não sejam ciências genuínas.

Entre os traços comuns dessas disciplinas, destacaríamos a pretensão à cientificidade, a suposição de que aderem ao "método científico", o emprego de métodos quantitativos e de aparelhos, uma certa aversão a "teorias" etc.

Fiquei com a forte impressão de que Chibeni desconhece, ou não estudou a fundo, as tais "ciências psi" que condena.

Seria interessante se ele lesse os mais recentes livros de Dean Radin, The Conscious Universe (1997) e Entangled Minds (2006), bem como o livro edição especial do Jounal of Consciousness Studies, Psi Wars (2003).

Chibeni não citou, em sua bibliografia, nenhum livro de parapsicologia.
Há coisas muito boas, muitos bons resultados, na parapsicologia actual.

Mas, de facto, a parte de "teorização" é altamente deficitária.
Contudo, assim o é porque é assim que tem que ser.

Até que apareça uma boa teoria parapsicológica, não adianta colocar uma teoria falsa para tentar tapar o Sol com a peneira.

Para ilustrar essa situação, consideremos agora alguns exemplos concretos dos equívocos em que incorrem essas pretensas ciências.

a) Seguindo a velha "receita", procuram acumular factos sobre factos, sem o auxílio de um corpo teórico ordenador.
Vimos acima quão inócuo e anti-científico é esse procedimento, e quão bem Kardec compreendeu tal realidade.

Kardec nunca advogou teoria a qualquer custo.
Se uma teoria não é, com toda a honestidade intelectual, encontrada, então não há como, em ciência verdadeira, se colocar uma peneira como se fosse um pára-sol.

Há muitas e muitas décadas os cientistas convivem com uma altamente desconfortável ausência de teoria física:
não há uma teoria que concilie a Teoria da Relatividade com a Mecânica Quântica.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 24, 2013 10:41 pm

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Busca-se tal teoria.
Mas não se finge que se achou tal teoria.

Obviamente, se os parapsicólogos abandonaram o paradigma espírita, isso não foi exclusivamente por "culpa" deles.
Houve também uma culpazinha nada discreta dos fenómenos em si (ou seja, dos pretensos espíritos).

b) Quando explicações são dadas, são-no fragmentariamente, cada facto sendo "explicado" por uma hipótese isolada.

Desse modo, mesmo se artificialmente agruparmos essas hipóteses, não formaremos senão um todo inconsistente, o que viola a própria Lógica.

A moderna Filosofia nem mesmo considera explicações genuínas "explicações" isoladas de factos.

Ossos do ofício... Fazer o quê?
Inventar teorias falsas é que não vai ajudar.


c) As explicações são, via de regra, ainda mais fantásticas do que os factos a que se propõem explicar.

Não exactamente. Pelo menos não sempre.
Por exemplo, nos experimentos para se testar "telepatia", a teoria que aparece é que duas pessoas vivas podem enviar seus pensamentos uma para a outra.

Isso em si já é uma proto-teoria.
Ausência completa de teoria seria se meramente afirmássemos que houve uma co-ocorrência.

A partir do momento em que postulamos uma co-relação, já estamos entrando no campo da teorização.

Outro tipo de pseudo-explicação comumente encontrada são as explicações puramente nominais:
carecem de qualquer substância, consistindo unicamente do emprego de fraseologia excêntrica na descrição dos fenómenos.

Emmanuel profliga semelhante vício filosófico no parágrafo que segue imediatamente ao que abre esta secção:

Isso provavelmente se refere a Waldo Vieira...
Mas muito da moderna parapsicologia (salvo Quevedo et al...) está livre desse problema.

Em vão, procura-se complicar a questão com termos rebuscados, apresentando-se as hipóteses mais descabidas e absurdas [...].

d) Quando "teorias" são fornecidas, não dão conta de todos os factos.
Aqui também Kardec já alertou (O Livro dos Médiuns, parágrafo 42):

Ossos do ofício...

O que caracteriza uma teoria verdadeira é poder dar razão de tudo.
Se, porém, um só fato que seja a contradiz, é que ela é falsa, incompleta, ou por demais absoluta.

É esse ponto acima que me faz ver as afirmações (teorias espíritas) de Kardec como, sim, de facto científicas, mas já refutadas...
Mas como já disse, esse ponto ficará para ser explicitado mais abaixo.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 24, 2013 10:41 pm

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e) Muitos factos relevantes simplesmente não são reconhecidos.

Isso pode resultar:
i de ideias preconcebidas, como no caso daquelas que negam a priori a possibilidade de sobrevivência do ser, e portanto não investigam uma vasta quantidade de fenómenos relativos a ela.

(Esse problema atinge as raias do absurdo no horror que alguns investigadores têm pelos médiuns - exactamente o manancial mais abundante de fenómenos de que se dispõe!);

ou ii. da falta de uma teoria que guie na busca e análise dos factos.
Vimos acima com Kardec quão longe está o Espiritismo de incorrer em semelhantes enganos.

Muitos pesquisadores parapsicológicos, por vezes chamados de pesquisadores psi, estão bem longe de tal vício acima.
Na verdade, qualquer bom pesquisador, em qualquer área, deve buscar não incorrer em tal vício.

f) Emprego de técnicas de investigação inadequadas.
O caso típico e mais importante é o recurso ao "método quantitativo".

Como se sabe, tal método constitui uma das maiores bandeiras da Parapsicologia e demais "ciências psi", que julgam assim estar seguindo os afortunados caminhos da Física e da Química.

Chibeni parece desconhecer os factores que levam a parapsicologia a buscar o "quantitativo".
Infelizmente, o qualitativo pode ser altamente ilusório, e nos levar a conclusões imensamente equivocadas.

Na verdade, até o quantitativo pode gerar isso, especialmente quando nossos estudos não são solidamente embaçados por uma estatística robusta.

Ora, se indubitavelmente a análise das quantidades desempenha nessas ciências um papel importante (embora não exclusivo!), não se segue daí que deva ser igualmente frutífero no estudo de uma ordem de fenómenos completamente diferente.

De facto, são, neste caso, de todo dispensáveis (para dizermos pouco).

É até mesmo ridículo querer substituir a prova cabal fornecida por uma manifestação inteligente
(como por exemplo uma carta que contém informações detalhadas de episódios e coisas desconhecidas)

Esse acima é um raro momento onde Chibeni fala concretamente do método kardecista
(apesar do título do artigo ser "A Excelência Metodológica do Espiritismo").

A questão então é toda essa:
temos que ver essa carta (e as similares), e aquilatar seu peso empírico.

Na maior parte das vezes, o peso será nulo.
Em muitas outras não...

Ou seja, eu sou das pessoas que acredita que existem boas evidências para a hipótese espírita
(no sentido geral, que chamarei de hipótese espírita básica ou seja:
a hipótese de que algo da mente humana - ou da mente de alguns de nós humanos - sobrevive à morte física durante algum tempo, anos, décadas, e talvez séculos.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 24, 2013 10:41 pm

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Por mais tempo que isso?
Não tenho dados para afirmar que sim.
E além de sobreviver, esse algo pode se comunicar por vezes connosco, ou com alguns de nós).

Contudo, mesmo que haja algo de aparentemente "sobrenatural" na carta, talvez a hipótese espírita básica não seja a mais adequada.

Algumas hipóteses alternativas mais simples (teorias) podem, em alguns casos, ser plenamente satisfatórias, e seriam, em princípio, preferíveis.

Algumas características do fenómeno (da Carta) podem parecer conflitantes com a hipótese espírita básica
(como talvez pudesse ser um exemplo o Cardeal de Barcelona se manifestando logo após sua morte para pedir desculpas a Kardec por ter queimado os livros kardecistas...).

E isso apenas com relação à hipótese espírita básica!
A Teoria Espírita Kardecista é astronomicamente mais elaborada que esta última, o que acaba incorporando uma imensidão de problemas e fardos adicionais...

Por exemplo, o que pensar de um "espírito superior" que, indagado a respeito dos habitantes do "México insular" (ilhas primeiro descobertas por Colombo, nas actuais Bahamas) resolve falar do México continental (onde Colombo nunca esteve) e acaba discorrendo sobre os... Incas!

Talvez a Teoria Espírita Kardecista devesse ficar pelo menos minimamente abalada se dissermos que tal "espírito superior" teve essa sua comunicação registada na Revue Spirite de agosto de 1864, página 241, em artigo intitulado "Perguntas e Problemas: Destruição dos Aborígenes do México", e que seu nome era... Erasto
(que, de quebra, ainda afirmou que os Incas foram dizimados devido à sua indolência evolutiva).

por medidas de desvios estatísticos em experimentos de identificação de cartas de baralho, ou similares.

Não que estas últimas sejam irrelevantes;
mas a evidência que podem dar é imensamente mais fraca e duvidosa do que a que resulta das manifestações inteligentes, e mesmo de efeitos físicos extraordinários produzidos através de um médium possante.
(Parece estarmos aqui na situação de guerreiro que, dispondo de um moderno canhão, prefira servir-se de um tosco estilingue...)

Sou dos que acreditam que tais manifestações inteligentes (exemplo bem estudado: médium Sra. Piper) e físicas (exemplo que creio ser robusto: Daniel Dunglas Home) de facto existem.

Contudo, elas são imensamente raras.

Por exemplo:
provavelmente Chibeni nunca se apercebeu disso, mas... não existe sequer um único exemplo bem descrito de fenómeno paranormal (ou sobrenatural, ou anómalo, ou etc.) em toda a obra de Kardec, incluindo todos os livros por ele publicados e toda a Revue Spirite de janeiro 1858 até abril de 1869.

Todo o exuberante castelo de conhecimentos kardecistas foi construído em cima de fenómenos de veracidade frágil e questionável, e de interpretação duvidosa.

Diante disso, é claro que pequenos desvios estatísticos bem capturados são altamente desejáveis para quem quer conhecer a verdade dos factos do Universo.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 25, 2013 10:46 pm

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g) Recurso desnecessário e perigoso a aparelhos sofisticados.

Não obstante de inegável valor nas investigações da matéria, como mostram os notáveis avanços da Física e da Química, a prescindibilidade de aparelhos no estudo dos fenómenos espíritas ficou evidenciada pelas considerações expendidas no item anterior.

Além disso, há mesmo riscos em sua utilização.
Primeiro, tal utilização pode encobrir deficiências metodológicas profundas, produzindo uma ilusória impressão de rigor, de cientificidade.

Alguns aparelhos acabam sendo necessários e interessantes.
As salas onde ocorrem as sessões para se testar telepatia sob o protocolo metodológico Ganzfeld são um bom exemplo.

Igualmente os equipamentos geradores de eventos aleatórios (incluindo decaimento radioactivo) usados em testes de micro-PK (ou de precognição usando geradores de números pseudo-aleatórios).

Também electroencefalogramas e equipamentos de ressonância magnética funcional (fMRI) têm se mostrado bem proveitosos.

Depois, e mais importante, do ponto de vista epistemológico (ou seja, da teoria do conhecimento), as observações por meio de aparelhos ocupam um nível bem mais baixo na escala da confiabilidade do que aquelas que podem ser alcançadas de modo imediato.

Essa afirmação me parece deveras estranha.
Na verdade, o próprio corpo humano se constitui em um "aparelho" cujo funcionamento podemos, surpreendentemente, conhecer bem aquém do que normalmente imaginamos.

O uso de aparelhos, se fosse contraproducente, jamais seria implantado em qualquer área.

Aparelhos podem amplificar sinais que para nós são de difícil detecção, ou estabilizar sinais que para nós são por demasiado oscilantes ou fugazes, etc.
É lógico que há que se utilizar e conhecer devidamente o aparelho.

Quer seja ele um aparelho electrónico, ou um "aparelho fisiológico" (ou seja, o nosso próprio corpo e órgãos dos sentidos).

Essas considerações epistemológicas explicam, por sinal, a grande estabilidade do núcleo de princípios fundamentais do Espiritismo, quando comparado aos das teorias científicas, pois repousam em fenómenos extremamente básicos do ponto de vista epistémico, com o mesmo grau de certeza, quanto, por exemplo, as proposições de que temos agora uma folha de papel diante de nós, de que há nela algo escrito, de que nos achamos sentados etc.

Medeia vasta distância conceitual entre proposições desse tipo e, por exemplo, aquelas sobre a estrutura dos átomos, dos buracos negros, sobre o mecanismo das mutações genéticas etc.

Igualmente, é muito distante do "básico epistémico" afirmações como "foi um espírito quem escreveu essa carta através da médium" ou "existe um Deus omnipotente, omnisciente, e omnibenevolente que criou esse Universo".

h) Referência a conceitos e teorias científicas obsoletos.

A Física deste século introduziu, como já dissemos, alterações radicais em suas teorias, e conseguintemente em nossa visão do mundo.

Conceitos que faziam parte da Física Clássica, como os de espaço e tempo absolutos, partículas, campos etc., foram ou totalmente abandonados, ou revistos profundamente, por não mais servirem às novas teorias, não dando conta dos fenómenos observados.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 25, 2013 10:47 pm

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Assim, é inacreditável que haja pesquisadores das "ciências psi" tentando elaborar "teorias" e "modelos" para o Espírito baseados em noções de partículas e campos, e ainda mais, com a pretensão de estarem seguindo a Ciência!

Vemos aqui uma vez mais a lucidez de Kardec e dos Espíritos que o auxiliavam, ao não vincularem os princípios centrais do Espiritismo a nenhuma dessas noções.

Assentaram-no, antes, em proposições básicas, "fenomenológicas", como dizem os filósofos, exactamente por serem estáveis.

Problema bem assinalado, e ausente nos bons pesquisadores psi.

i) Desprezo pelo passado:
cada pesquisador em geral reinicia as investigações a partir do "nada", como se outros já não tivessem efectuado constatações dignas de confiança.

Se a dúvida equilibrada representa prudência, quando se torna irrestrita e irreflectida, aliando-se à presunção e ao orgulho, inviabiliza o conhecimento.

Se na Ciência se tivesse adoptado semelhante atitude, não se teria saído de sua pré-história.

Problema bem assinalado, e ausente nos bons pesquisadores psi.

j) Ignorância da relevância dos factores "morais" na produção de certos fenómenos.

Kardec não tardou reconhecer, em seus estudos, a influências por vezes crucial de factores ligados à harmonia de pensamento dos médiuns, experimentadores e assistentes, aos objectivos a que se propõem, à sua condição moral etc.

O assunto é abordado, entre outros lugares, no Capítulo XXI de O Livro dos Médiuns, onde Kardec ressalta a "enorme influência do meio sobre a natureza das manifestações inteligentes" (parágrafo 233).

Essa influência vem sendo também ilustrada e enfatizada na boa literatura mediúnica, que nos mostra em detalhe a complexidade do trabalho dos Espíritos na produção dos fenómenos.

Assim, apenas para tomar um dos inúmeros exemplos, lembremos a descrição que André Luiz dá em Missionários da Luz (Cap. X) da profunda perturbação causada nos trabalhos de materialização a que presenciava pelo simples ingresso no recinto de um homem interiormente desequilibrado, e, depois, pelos pensamentos descontrolados dos participantes da reunião.

Diante da surpresa, o Instrutor Alexandre elucida (destacamos):

Nestes fenómenos, André, os factores morais constituem elementos decisivo de organização.
Não estamos diante de mecanismos de menor esforço e, sim, ante manifestações sagradas da vida, em que não se pode prescindir dos elementos superiores e da sintonia vibratória.


Nem todos os pesquisadores psi apresentam conduta que os leve a se distanciar dos "factores morais".

Talvez até por isso que alguns consigam bons resultados.
E há de facto, nos meios psi, um correspondente a esse "elemento moral", que é o factor do pesquisador.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 25, 2013 10:47 pm

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Nele Kardec transforma o possível (a hipótese espírita kardecista) no inegável (o kardecismo como facto incontestável).
Discorre sobre a vida de pessoas reais no pós morte, traça julgamentos, incorre em momentos a meu ver de falta de ética para com pessoas que viveram.

Enfim, todo um leque de problemas nada discretos.
Há alguns casos onde é bem possível que alguém que tenha lido o livro de Kardec na época tenha conseguido identificar de quem Kardec falava.

Lamentável. Mas creio que nada diferente dos padrões da época (talvez melhor).

E é também oportuno repetir:
não existe sequer um único exemplo bem descrito de fenómeno paranormal (ou sobrenatural, ou anómalo, etc.) em toda a obra de Kardec, incluindo todos os livros por ele publicados e toda a Revue Spirite de janeiro 1858 até abril de 1869.

Referências Bibliográficas

Assinalo novamente que não consta da bibliografia citada obras que tratem das ditas "ciências psi".

§.§.§- O-canto-da-ave
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 26, 2013 9:31 pm

Breves Comentários sobre o Artigo "Ciência Espírita"

http://www.geocities.com/Athens/Academy/8482/ciespi.html
Acessado em 17 de novembro de 2007
Inicio ressaltando que, apesar de também esse artigo criticar as "pseudo-ciências do espírito" (parapsicologia aí incluída), não há na bibliografia obra relevante ao tema.

Contrariamente ao que alguns críticos mal informados acerca do Espiritismo e das teorias científicas contemporâneas alegam, o Espiritismo não conflitua com qualquer uma das teorias científicas maduras, quer da Física, quer da Química ou da Biologia.

Bem, em três pontos mais acima eu disse que falaria sobre o problema, digamos, dos factos com as quais o kardecismo "conflitua".

Vou deixar esse comentário para mais abaixo ainda...

Note-se que não incluímos o tópico "comprovação da existência do espírito".

A razão é evidente:
trata-se de uma questão já resolvida, na qual não devem as investigações estacionar.

Foi uma etapa preliminar, e quem não a percorreu não pode, em boa lógica, pretender-se espírita, ou estar realizando pesquisas espíritas.

Esse acima é, sem dúvida, um problema central para aquilatarmos se o kardecismo pode, já, ser considerado como ciência.

É legítimo considerarmos que o paradigma kardecista é científico?
Igualmente, é legítimo considerarmos que os paradigmas da Umbanda, ou do Candomblé, ou do Vudu haitiano, ou do Shamanismo, são paradigmas científicos?


Kardec considerou que havia diante dele provas (provas!) de que os espíritos existem.

E mais, considerou que havia igualmente provas para uma imensidão de afirmações adicionais sobre tais espíritos, e até mesmo sobre uma entidade bem além de tais espíritos, a saber, Deus (notem que não há, que eu saiba, em qualquer parte da obra de kardec, qualquer relato de um espírito que tenha de facto visto Deus!).

O problema disso tudo é que o critério que Kardec usou para considerar determinadas coisas como provas foi por demasiado um critério frouxo, e aberto a falhas.

Como eu assinalei fartamente em [kardec1.htm], Kardec construiu seu paradigma utilizando-se de uma metodologia altamente sujeita a falhas (a saber:
1- confiança nos espíritos com linguagem nobre e digna. 2- confiança na sua própria lógica. 3- confiança no "consenso" dos espíritos), e além disso utilizou-se de tal metodologia (já falha) de modo falho (usou de modo falho a metodologia falha), e pior, em alguns pontos nem mesmo usou tal metodologia.

É claro que, desta maneira, fica fácil chegarmos à conclusão de que "existem espíritos", assim como ficaria igualmente claro chegarmos a muitíssimas outras conclusões similares (como por exemplo "Zeus existe", "Saci-pererê é um ser àparte na criação divina", "anjos e demónios existem", etc.).

Contudo, ao analisar de facto a maneira como se dá o fenómeno mediúnico, em suas forças e fraquezas, muitos pesquisadores chegaram a uma conclusão bem diferente da de Kardec.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 26, 2013 9:32 pm

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O pesquisador psi e filósofo Stephen Braude relata bem esse ponto em seu livro "Immortal Remains" (2003).

Mesmo nos melhores e mais bem estudados casos (como o da Sra. Piper ou o da Sra. Leonard), hipóteses alternativas à hipótese espíritos podem parecer até mais apropriadas, pelo menos em muitos dos incidentes estudados.

E muitíssimo mais temerário, além de se decretar que a existência de espíritos já está cientificamente provada, é extendermos tais afirmações "científicas" para muitíssimo além disso (como quando Kardec alega a existência do perispírito e descreve em minúcias suas propriedades, ou quando fala sobre a origem e evolução dos espíritos e hierarquia dos espíritos, ou quando fala sobre Deus e seus atributos e propósitos, etc., etc., etc.).

Breves Comentários sobre o Artigo "O Paradigma Espírita"

http://www.geocities.com/Athens/Academy/8482/paresp.html
Acessado em 17 de novembro de 2007.

Inicio igualmente ressaltando que, apesar de também esse artigo criticar as "pseudo-ciências do espírito" (parapsicologia aí incluída), não há na bibliografia obra relevante ao tema.

Foi a fase pré-paradigmática das pesquisas do espírito.
Tal fase encerrou-se com o trabalho de Allan Kardec.

Ele nos legou um paradigma admiravelmente coerente, abrangente, empiricamente adequado e heuristicamente fértil, que não deixa nada a desejar aos mais bem sucedidos paradigmas das ciências ordinárias, como a termodinâmica, o electromagnetismo, as teorias da relatividade, a mecânica quântica, etc.

Essa afirmação acima possui um peso tão, digamos, imenso, que faz-se necessário darmos uma pausa e tomarmos fôlego para reflectirmos sobre como melhor abordámo-la.

Vamos olhá-la novamente:
o paradigma kardequiano é similar em qualidade aos paradigmas da termodinâmica, do electromagnetismo, das teorias da relatividade, e da mecânica quântica, no que tange à sua coerência, abrangência, adequação empírica, e fertilidade heurística...

Bem, com relação a isso, gostaria apenas de ressaltar dois pontos:
primeiro, os demais paradigmas citados, ao que eu saiba, não foram construídos na base do "O espírito respondeu que C é a alternativa correcta, então eu vou relatar que os espíritos afirmaram que B é a alternativa correcta"

[Que foi o que Kardec fez diversas vezes, ainda que talvez não conscientemente.

Exemplos:
1- No livro dos Médiuns um espírito disse textualmente que atravessou uma parede ou porta com um determinado objecto, e Kardec resolveu interpretar que isso não ocorreu de facto e que isso seria inclusive impossível, para isso se valendo da opinião contrária de... Erasto, aquele dos "Incas indolentes nas Bahamas".

2- Numerosos espíritos, por mais de dez médiuns diferentes, afirmaram que a alma humana não provém da alma dos animais - Livro dos Espíritos primeira edição de 1857 - e Kardec resolveu, na segunda e terceira edições do livro em 1860, colocar pura e simplesmente que a alma humana provém da alma dos animais, sem esclarecimentos a respeito da "subtil" diferença entre a primeira edição e a segunda e terceira edições.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 26, 2013 9:32 pm

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Imagine se Darwin, na primeira edição da "Origem das Espécies", afirmasse que "O homem não provém do 'macaco' ", e na segunda edição ele afirmasse que "O homem provém do 'macaco'"...,[i/] sem sequer explicar o processo de mudança de opinião;

ou igualmente, se Einstein afirmasse, na sua teoria da relatividade, que [i]"É possível mover-se mais rápido que a luz"
, e, um ano após, afirmasse que "É impossível mover-se mais rápido que a luz", igualmente sem explicações quanto ao processo de mudança de opinião.

3- Kardec alterou (ou participou activa ou passivamente da alteração, ou publicou a alteração sem atentar para a gravidade do facto) o conteúdo de mensagem atribuída a Jesus de Nazaré, corrigindo estilo, e modificando ideias...;
para todos esses itens, vide kardec1.htm].

O segundo ponto que eu gostaria de assinalar é que tais paradigmas citados por Chibeni (mecânica quântica e etc.) não possuem um acúmulo de anomalias tão grande quanto o paradigma kardecista, e nem sofrem com uma pobreza (ou dubiedade) de evidências empírico-observacionais como o paradigma kardecista.

Esses pontos comentarei após o próximo parágrafo.

Primeiro, o exame isento e criterioso da situação mostra de forma inquestionável que o Espiritismo não experimenta, nem jamais experimentou, qualquer processo de acumulação de anomalias, e muito menos em seus pontos essenciais, acumulação essa que constitui, segundo Kuhn, um pré-requisito para o desencadeamento de uma crise, capaz de justificar a proliferação de teorias alternativas, e, eventualmente, a substituição do paradigma.

Como eu disse mais acima, minha visão dos factos é diametralmente oposta à de Chibeni com relação a este ponto.

Entendo que o kardecismo sofre de forte pobreza de evidências empírico-observacionais e, igualmente, de grande acúmulo de anomalias:

1- Uma anomalia deveras forte para o paradigma kardecista, no meu entendimento, é o próprio exemplo citado por mim mais acima do grave equívoco cometido pelo "espírito" tido como "superior" pelo grupo de Kardec, ou seja, o equívoco de Erasto sobre os aborígenes encontrados por Colombo.

Em [kardec1.htm] eu cito outros exemplos similares, especialmente sobre o "espírito" São Luís, que era o presidente espiritual da Sociedade Espírita de Paris (fundada e dirigida por Kardec).

Ou seja, todo e qualquer erro oriundo de espíritos em situações onde se deveria esperar que não houvesse tal erro se constitui em uma anomalia para o paradigma kardecista, e o enfraquece como teoria científica
(ou, alternativamente, refuta - falsifica - tal paradigma).

2- Um outro problema que se constitui em um anomalia para o paradigma kardecista é a própria proliferação de interpretações diferentes do fenómeno mediúnico.

A expectativa do espiritismo na época de kardec era de que se caminhasse para uma unidade de visões.

A existência, por muitas e muitas décadas, de interpretações alternativas, mesmo no Brasil, como o Candomblé, a Umbanda, e o Espiritismo a là Ramatis, foge totalmente das expectativas kardecistas do século XIX, de modo claramente anómalo.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Nov 27, 2013 9:49 pm

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3- O aumento do conhecimento sobre a estrutura e funcionamento do cérebro apresenta também anomalias para o paradigma kardecista.

A, digamos, "base cerebral" (neuronal) de coisas como as emoções e o carácter situa-se muito além do que era imaginado pelo espiritismo na época de kardec.

O livro do neurologista António Damásio, "O Erro de Descartes", descreve um caso inclusive bem antigo, de um homem chamado Phineas Gage, que ilustra tal problema de forma dramática.

4- Alguns fenómenos neuronais parecem difíceis de conciliar com o paradigma kardecista, como o estado de consciência dos "split-brain" (neste link [urll]http://www.macalester.edu/psychology/whathap/UBNRP/Split_Brain/Split_Brain_Consciousness.html[/url]), ou seja, pessoas submetidas ao seccionamento do corpo caloso no centro do cérebro e que passam a ter seus dois hemisférios neocorticais funcionando sem se comunicarem um com o outro.

Em um caso, o lado direito do cérebro afirmava querer ser um corredor automobilista, enquanto o lado esquerdo asseverava querer ser um desenhista...

Além disso, em pleno escândalo Watergate, o lado esquerdo afirmava gostar de Nixon;
contudo, o lado direito afirmava não gostar... (neste link http://www.macalester.edu/psychology/whathap/UBNRP/Split_Brain/Behavior.html).

Ou ainda o caso de um marido que, com sua mão esquerda, tentava agredir sua esposa, enquanto sua mão direita tentava protegê-la!

Vou resgatar abaixo pontos que deixei não comentados mais acima:
a necessidade que ele tem de não entrar em descompasso com o progresso científico.

Agora é certo que não há nenhum princípio científico estável, nenhuma "verdade prática", que o Espiritismo não tenha ou assimilado, ou mesmo antecipado, sendo, portanto, improcedente os pruridos de reforma e actualização da Doutrina.

Como assinalei acima, alguns factos conhecidos actualmente não foram devidamente "assimilados" pelo paradigma kardecista, notadamente no campo da neurologia.

Há também diversas questões que surgem do actual conhecimento da teoria da relatividade e da mecânica quântica que podem talvez apresentar anomalias (ou candidatos a anomalias) para o paradigma kardecista.

Poderíamos (ou melhor, deveríamos...) indagar aos espíritos, já que o perispírito é feito de matéria ordinária (ainda que "quintessenciada"), o que ocorreria se a Terra fosse engolida por um buraco negro (ficariam os espíritos "pelados"? Ou talvez fossem subitamente transmutados em Espíritos Puros...).

Ou ainda, se dois gémeos idênticos, altamente similares em personalidade, forem separados, um deles embarcando em viagem a velocidade muito próxima da da luz e retornando, digamos, dez anos depois.

O gémeo astronauta poderia viajar em uma velocidade que levasse a que, na Terra, tivessem se passado cem milhões de anos, enquanto para ele teriam se passado apenas dez anos.

Seu irmão gémeo seria já então um Espírito Puro (incluindo talvez também todos os bichos de estimação que deixou para trás, seu cachorro, seu papagaio, seu periquito, seu peixinho dourado, sua minhoca, e quiçá mesmo sua cultura de bactérias...).

Ou ainda diante do impossível ressaltado por Erasto, de corpos materiais se atravessarem uns aos outros, não se constituiria em anomalia o tunelamento quântico?

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Nov 27, 2013 9:51 pm

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O que caracteriza uma teoria verdadeira é poder dar razão de tudo.
Se, porém, um só fato que seja a contradiz, é que ela é falsa, incompleta, ou por demais absoluta.

Toda e qualquer "anomalia" é um candidato a cumprir essa função descrita por Kardec acima.

Apenas temos que ter muita cautela ao tratarmos desses assuntos, pois que é comum determinados factos serem apenas aparentemente anomalias (falsas anomalias), como o caso do movimento de Urano (falsa anomalia para a mecânica de Newton), ao invés de verdadeiramente anomalias, como no caso do movimento de Mercúrio (anomalia verdadeira para a mecânica de Newton).

Contrariamente ao que alguns críticos mal informados acerca do Espiritismo e das teorias científicas contemporâneas alegam, o Espiritismo não conflitua com qualquer uma das teorias científicas maduras, quer da Física, quer da Química ou da Biologia.

Eu mesmo costumo dizer coisas bem parecidas com isso dito acima por Chibeni.
Mas quando eu falo tais coisas, o que eu nego é que tais ciências provem que a hipótese espírita básica é impossível.

Eu não nego que haja conflito.
Há. E forte.

Por exemplo, a ideia de espíritos passa totalmente ao largo da evolução neodarwinista;
e mais, a existência de espíritos é uma redundância colossal ao aparato neuronal, conforme actualmente entendido e conhecido pela ciência.

A imortalidade dos espíritos pode também, talvez, conflituar com a segunda lei da termodinâmica (entropia). Talvez.

No caso dos princípios espíritas básicos, como a existência e sobrevivência do espírito, o livre-arbítrio, a lei de causa e efeito, a reencarnação, etc., a situação é bastante diversa.

Sua confirmação independe totalmente de aparelhos, conforme bem enfatizou Kardec, o que é uma enorme vantagem do ponto de vista epistemológico, pelas razões esboçadas acima.

Todos esses quatro itens elencados por Chibeni acima
(1- Existência e sobrevivência do espírito.
2- Livre Arbítrio.
3- Lei de causa e efeito - creio que entendida como: "carma".
4- Reencarnação) estão muito distantes de uma observação epistémica básica.

A distância entre eles e, por exemplo, "a constatação de que o fogo queima"[i] é astronómica (ou que "o Sol existe").

Sem falarmos que as proposições como "o Sol existe" podem ser altamente enganosas, como acontece de fato com uma proposição intimamente próxima a esta, que é:
[i]"O Sol gira em torno da Terra".


Podemos até traçar um paralelo talvez fidedigno...:

O Sol existe.
Mais ou menos igual, epistemicamente, a:
Mensagens por médiuns em transe existem, e parecem se situar além do que a percepção sensorial normal pode fornecer.

O Sol gira em torno da Terra.
Mais ou menos igual, epistemicamente, a:
As mensagens dos médiuns vêm de espíritos desencarnados.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Nov 27, 2013 9:52 pm

Continua...

São proposições da mesma classe epistémica que, digamos, as proposições de que o Sol existe, de que o fogo queima, a cicuta envenena, etc.

Notemos que a inferência espírita diante de um fenómeno de efeitos intelectuais não difere em nada das inferências que fazemos a partir dos fenómenos ordinários.

Quando, por exemplo, o carteiro traz à nossa casa um papel no qual lemos certas frases, não nos acudirá a ideia de que elas não foram escritas por um determinado amigo, quando relatam factos, contêm expressões e veiculam pensamentos peculiares e íntimos.

Exactamente o mesmo se dá com os variados e abundantes casos de psicografia de que somos testemunhas.

Não constitui exagero, pois, afirmar-se que a constatação cuidadosa de uns poucos casos dessa espécie é suficiente para eliminar qualquer dúvida quanto ao princípio básico da Doutrina Espírita, a existência e sobrevivência do espírito.

Esse acima é o ponto crucial.
Temos que analisar a evidência real.
Na obra de Kardec, como eu já disse, ela é inexistente.

Em obras posteriores, ela de facto existe, inclusive com boa qualidade.

Mas é necessário analisarmos tudo e cada coisa com imensa cautela, para não pularmos da constatação de que o "Sol" existe (seja lá o que ele de facto for...) para a temerária afirmação de que o "Sol gira em torno da Terra".

Eu mesmo fiz uma reavaliação altamente meticulosa de um caso de lembrança de vida passada estudado por Ian Stevenson, e cheguei à conclusão que me pareceu possível diante dos dados existentes.

Não conclui que ocorreu reencarnação.
E, igualmente, não conclui que não ocorreu reencarnação... Neste link. http://www.criticandokardec.com.br/imad_elawar_revisited.html

Como se isso não bastasse, a base experimental do Espiritismo incorpora ainda muitos outros tipos de fenómenos, como a psicofonia, a xenoglossia, as materializações, vidência, a pneumatografia e a pneumatofonia, etc.

Além desses fenómenos, que formam uma classe específica, a dos fenómenos espíritas, o Espiritismo apoia-se também em inúmeros fenómenos ordinários.

Referimo-nos, por exemplo, às nossas inclinações e sentimentos, às peculiaridades de nosso relacionamento com as pessoas que nos cercam, aos acontecimentos marcantes de nossa vida, aos distúrbios da personalidade, aos efeitos psicossomáticos, aos sonhos, à evolução das espécies e das civilizações, etc.

Entendemos que a desconsideração desse vasto corpo de evidências a favor do Espiritismo constitui séria omissão por parte de seus críticos e daqueles que tentam fazer ciência não-espírita do espírito.

Cada um desses fenómenos "sobrenaturais" (anómalos) citados acima tem que ser estudada com muita cautela, e caso a caso, meticulosamente.

Frequentemente, há graves problemas nas "evidências".
Algumas poucas vezes não.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Nov 28, 2013 10:41 pm

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Com relação aos fenómenos "não anómalos" citados logo após, como inclinações, sentimentos, etc., eles tendem a se amoldar relativamente bem ao conhecimento científico vigente, o que não quer dizer que eles não escondam reais desafios para os paradigmas da ciência oficial.

Apenas quer dizer que tais desafios, se de facto existem, têm que ser demonstrados com clareza e robustez.
Eu, por exemplo, de imediato não vejo nenhum problema com nenhum dos exemplos não anómalos citados por Chibeni acima.

Conclusão Geral:
minha posição é de que o kardecismo (espiritismo) está imensamente longe de possuir uma metodologia aceitável cientificamente, que dirá uma metodologia excelente.

Contudo, o kardecismo, assim como algumas outras práticas mediúnicas similares
(Umbanda por exemplo), possui uma cientificidade potencial intrínseca de grande magnitude, que deveria ser melhor aproveitada pelos seus adeptos com viés científico.

Júlio Siqueira
18 de Novembro de 2007
juliocbsiqueira@terra.com.br

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Nov 28, 2013 10:41 pm

Yo No Creo En Brujas, Pero...

Comentário inicial importante:
Clique neste link http://www.criticandokardec.com.br/acertos.htm#cientifico para ler nota explicativa a respeito de minha posição extrema de considerar que a telepatia já está comprovada cientificamente.

Durante os últimos doze meses (de junho de 2002 a julho de 2003), estive estudando e lendo muito sobre informações actuais em parapsicologia.

Ao mesmo tempo, estive me informando ao máximo junto aos cépticos nacionais e internacionais a respeito das possíveis falhas nas pesquisas parapsicológicas.
O resultado de todo esse meu estudo é literalmente "assombroso".

Basicamente, em termos estritamente científicos, a paranormalidade está mais do que comprovada.
Ela "existe"! É um facto científico plenamente estabelecido.

Os argumentos cépticos contestando a paranormalidade são de uma debilidade inimaginável.
E olhem que eu sou uma pessoa bastante comedida com relação a este tipo de afirmação.

Por outro lado, o trabalho de alguns pesquisadores da paranormalidade (ou de "psi", como também é dito) como por exemplo Dean Radin e Jessica Utts, são de uma solidez e elegância simplesmente impressionantes.

Observem que eu disse que a paranormalidade "existe", e que ela é um facto científico.

Eu não disse que ela existe (sem aspas), ou que seja um facto do mundo real (como por exemplo, o Sol, ou o seu João da padaria).

As verdades científicas, ao contrário das visões idealizadas transmitidas infelizmente muitas vezes pelos próprios cientistas, são frequentemente bastante fugidias, acabando muitas vezes por serem revisadas e alteradas.

Por exemplo, Einstein estava bastante confortável com sua ideia (errónea) de que suas teorias (relatividade especial e geral) não possuíam elementos que indicassem a possibilidade de voltar-se no tempo.

E todos acreditaram nisso, durante longas décadas, incluindo muitos cientistas (físicos) de um brilhantismo inimaginável.

Até que, na década de 50 (século XX) o lógico e matemático Kurt Gödel (amigo de Einstein) identificou que, para desgraça de Einstein (e talvez de todos nós), o retorno no tempo estava insidiosamente presente nas teorias do Grande Mestre.

Se esse "infeliz revés" aconteceu com a teoria da relatividade, pode talvez acontecer também com a paranormalidade. Porque não?

Mas, por enquanto, para desgraça dos "cépticos", a paranormalidade é facto científico, não importando se revistas científicas reaccionárias como a Nature (e outras do género) aceitam isso ou não.

Para os interessados em um conhecimento introdutório sobre o assunto, o grupo Inter Psi possui um excelente resumo sobre o tema, com o título "Perguntas Frequentes sobre Fenómenos Psi.".
Clique aqui para ir para este site. http://www.pucsp.br/pos/cos/cepe/intercon/faq/textofaq.htm

Dentre os fenómenos "psi" que parecem solidamente comprovados estão a "telepatia" e a "psicocinese"
(no caso, psicocinese SE associada como uma contrapartida à percepção extra-sensorial;
outras formas de psicocinese possuem um embaçamento mais fraco
).

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Nov 28, 2013 10:41 pm

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Os estudos sobre "Lembranças Espontâneas de Vidas Passadas", como os conduzidos por Ian Stevenson e alguns outros estudiosos, apresentam bastantes problemas.

Por incrível que pareça, contudo, as críticas dos "cépticos" são muito fracas e pessimamente embaçadas.

É uma afirmação científica bastante razoável dizer que os estudos de Stevenson e demais pesquisadores da área fornecem alguma evidência empírica da ocorrência de reencarnação.

A evidência é fraca. Mas ela, de facto, existe.

Outro ponto interessante são as Experiências de Quase Morte (EQM, ou, no inglês, NDE, Near-Death Experiences).

Achar uma experiência deste tipo que ponha "em Xeque" as hipóteses materialistas é quase tão difícil quanto achar uma pepita de ouro na praia da Barra da Tijuca no Rio de Janeiro.

No entanto, existem algumas poucas EQMs que são realmente bastante indigestas para a hipótese materialista.

Aliás, em se tratando de cepticismo, parece bastante acertado dizer que "Quanto mais os cépticos rezam, mais assombrações aparecem!".

Recentemente, no site Cepticismo Aberto, foi incluída uma matéria dando indicações bem interessantes de que o pesquisador espiritualista William Crookes (do século XIX) teria talvez cometido alguns "deslizes" (fraudes) em suas pesquisas com a médium srta. Florence Cook.

Um dos links indicados na matéria remetendo a informações adicionais indicava um site que falava também sobre o "paranormal" Daniel Douglas Home (também do século XIX), que foi testado por Crookes antes de Florence, e que foi também citado algumas vezes por Allan Kardec.

As informações deste site reforçaram em mim a impressão de que Home era de facto um fenómeno inexplicável (e fartamente bem documentado, mesmos para os padrões actuais) dentro do que a ciência conhecia e dentro do que a ciência conhece, e de que até hoje mesmo os cépticos mais competentes não conseguem entender como ele conseguia fazer as coisas que fazia. Cabe frisar também a mediunidade de Mrs. Piper.

Se Home foi o "Rei da Psicocinese", Piper parece ter sido a "Rainha da Percepção Extra Sensorial".

Um último ponto a comentar é o fenómeno da mediunidade conforme estudado em um ambiente mais, digamos, laboratorial.

Há no momento um pesquisador dos Estados Unidos, Gary Schwartz da Universidade do Arizona, que parece (parece...) estar obtendo resultados interessantes em estudos cientificamente controlados com médiuns.

Os próximos anos dirão se ele está de facto com a razão ou não em sua actual interpretação de que seus resultados indicam a sobrevivência da consciência humana ao fenómeno da morte física.

Finalmente, o trabalho do perito em grafoscopia, Professor Carlos Augusto Perandréa, que estudou a psicografia de Chico Xavier durante muitos anos, é um capítulo todo especial para o embasamento da hipótese da sobrevivência pós-morte.

Como eu já disse anteriormente, Perandréa identificou na psicografia de Chico Xavier elementos gráficos suficientes pertencentes ao suposto espírito da pessoa falecida para atestar a autoria gráfica como sendo da pessoa falecida.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Nov 28, 2013 10:42 pm

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O trabalho de Perandréa possui, a meu ver, uma riqueza objectiva inestimável.

Os materiais que ele utilizou para chegar às suas conclusões podem a qualquer momento ser re-analisados por peritos em grafoscopia para confirmação ou não de suas conclusões (assumindo, obviamente, que Perandréa, como qualquer pesquisador competente, mantém tais materiais).

Adicionalmente, seu artigo científico publicado em 1990 (A Psicografia à Luz da Grafoscopia. Revista Semina, Vol. 11, Edição Especial, pgs.59/71, Universidade Estadual de Londrina, setembro/1990.) fornece tais materiais em um formato provavelmente já adequado para uma análise prévia dos experts da área.

Conforme informei também anteriormente, eu cheguei a me oferecer para gratuitamente enviar cópia de tal artigo científico para as três instituições "cépticas" com as quais tive contacto no ano passado (Sociedade da Terra Redonda, Fórum Céptico Brasileiro, e Sociedade Brasileira de Cépticos e Racionalistas) e simplesmente nenhuma solicitou o documento!

O céptico Ronaldo Cordeiro acabou aceitando receber o material (oferecido gratuitamente, é oportuno relembrar) após minha sexta insistência (dei-me ao trabalho de recontar cuidadosamente) em setembro de 2002.

Bem, como então as auto-proclamadas instituições cépticas não investigaram o caso, somos obrigados a fazê-lo por nós mesmos.

A meu ver, a questão desses estudos de Perandréa se resume ao seguinte:
A psicografia de Chico Xavier apresentava elementos gráficos dele próprio juntamente aos elementos gráficos do suposto espírito comunicante.

Imaginemos que Chico Xavier tenha tido contacto com algum texto manuscrito pela pessoa falecida.

Seria talvez possível que ele, inconscientemente (sinceramente, não acredito na menor possibilidade de que Chico Xavier fraudasse conscientemente), gerasse um material "psicografado" que na verdade fosse uma espécie de fraude, mistura de grafismos seus com imitações dos grafismos da pessoa falecida?

Seria possível que isso passasse pelo crivo de um perito de grande competência (como tudo leva a crer que Perandréa de facto é) como sendo um grafismo autêntico da pessoa falecida misturado ao grafismo do próprio Chico, conforme Perandréa atestou?

É possível uma falsificação feita com grande competência (independente de ser feita conscientemente ou inconscientemente) iludir um perito de grande competência?

Estou tentando entrar em contacto com o professor Perandréa para lhe dirigir tais indagações.

Gostaria de lembrar às instituições que desejem criticar tal trabalho e que sejam verdadeiramente cépticas (e sérias!) que é aconselhável adquirirem o trabalho original, aliás bem baratinho, disponível junto ao pessoal do Núcleo Espírita Universitário da Universidade de Londrina, Paraná (NEU-LD).

O site do NEU-LD é http://www.inbrapenet.com.br/neu/index.html, e informações iniciais a respeito do livro de Perandréa podem ser encontradas no link http://www.inbrapenet.com.br/neu/html/prefacio.htm.

Considero o NEU-LD como um grupo que faz um trabalho interessante no sentido de um espiritismo kardecista científico.
Em seu site, pode-se tomar contacto ou adquirir materiais interessantes sobre o assunto, em vários de seus aspectos.      

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Nov 29, 2013 10:23 pm

Nota sobre a cientificidade da telepatia:
algumas pessoas por vezes têm me criticado por eu dizer que a telepatia está cientificamente comprovada.


Isso daria a impressão de que a comunidade científica como um todo, ou em sua maioria, apoiaria essa afirmação minha.

Resolvi então fazer uma exposição mais técnica sobre o assunto, nos termos abaixo:

O meu posicionamento a respeito dos principais temas psi (parapsicológicos), dentro do meu conhecimento, são:

Nota Especial:
tanto o colega Wellington Zangari (doutor em psicologia e pesquisador parapsicológico com um posicionamento mais, digamos, "materialista") quanto o colega Victor Moura (engenheiro e estudioso-pesquisador do espiritismo e mediunismo em geral, que abraça uma visão mais a favor da hipótese da existência e sobrevivência pós-morte do espírito) me recomendaram fortemente não usar o termo "telepatia" e sim percepção extra sensorial (ESP, extrasensorial perception, ou GESP, general extrasensorial perception).

Eles alertam que seria um termo mais tecnicamente correcto à luz dos dados disponíveis, ou seja, mais defensável.

A- Telepatia:
cientificamente comprovada através dos experimentos Ganzfeld.


Isso não é aceito pela maioria da comunidade científica mundial, e mesmo muitos pesquisadores psi acham que ainda é necessário mais experimentos para embaçar tal posição de que a telepatia estaria cientificamente comprovada.

Minha posição se baseia no base de dados dos experimentos Ganzfeld, conforme exposta pelos artigos nos links abaixo:

- Bem, D. J., Palmer, J., Broughton, R. S. (2001). Updating the Ganzfeld Database: A Victim of Its Own Success?, Journal of Parapsychology, 65, 000-000. Neste Link. http://dbem.ws/Updating_Ganzfeld.pdf

- ESP in the Ganzfeld. Analysis of a Debate. John Palmer. Journal of Consciousness Studies, 10, number 6 - 7, 2003. pp. 51-68. Neste Link. http://www.criticandokardec.com.br/palmer_2003.pdf

Também a tabela indicada neste link http://www.criticandokardec.com.br/BPB_2001.htm é interessante, e os longos textos neste link http://www.criticandokardec.com.br/ganzfeld_e_cia.htm extraídos de minha participação no fórum Cepticismo Aberto.

E para os interessados em teorizações a respeito do mecanismo da telepatia, sugiro o artigo de 2004 neste link http://www.criticandokardec.com.br/quantum_telepathy.pdf.

Não por eu achar que ele esteja certo.
Mas sim por ser um exemplo do tipo de exploração hipotética que devemos fazer diante de tais anomalias.

- Para uma avaliação céptica de qualidade, sugiro este link http://www.skepticreport.com/psychicpowers/ganzfeld.htm do Skeptical Report, com material escrito por Andrew Endersby.

Eu mesmo, há mais ou menos um ano atrás (escrevo esse parágrafo em novembro de 2007), contactei o autor não apenas para parabenizá-lo pelo exaustivo trabalho como também para tentar colocá-lo em contacto com Dean Radin.

Falei com Radin sobre o trabalho de Endersby, e um ponto que Radin assinalou é que o trabalho não havia sido revisado por ninguém ainda.

Seria então interessante que Endersby tentasse publicá-lo em revista peer reviewed (revisada por pares).
Pretendo um dia tentar estimular Endersby a fazer isso.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Nov 29, 2013 10:24 pm

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Outro ponto que Radin assinalou é que o resultado da meta-análise de Endersby também aponta um desvio estatístico significativo, a favor da hipótese "telepática" consequentemente.

Endersby, contudo, sugere hipótese alternativa.

B- Premonição:
aparentemente caminhando para o status de "cientificamente comprovada".


Isso devido a experimentos de Dean Radin, Dick Bierman, e Daryl Bem, em especial um novo protocolo experimental chamado de "Precognitive Habituation" (detalhes neste link http://www.infoamerica.org/documentos_pdf/bem05.pdf, e neste link http://a1162.fmg.uva.nl/%7Edjb/research/PSI/papers/19.pdf).

Há contudo resultado negativo obtido pelo pesquisador psi Richard Broughton.
Broughton, Radin, e Bierman usam uma metodologia similar.

Daryl Bem usa uma metodologia diferente. O artigo de Broughton de 2004, com resultado negativo, pode ser visto neste link http://www.criticandokardec.com.br/presentiment_broughton.pdf.

E o de Radin, também de 2004, com resultado positivo, pode ser visto neste link http://www.criticandokardec.com.br/presentiment_radin.pdf.

C- Clarividência:
indicações interessantes da sua existência.


Há estudos feitos no Pear http://www.princeton.edu/%7Epear/ (Universidade de Princeton) sobre isso.

D- Psicocinese sobre sistemas sub-microscópicos (micro-PK):
indicações fortes da sua existência, estando tais estudos contudo actualmente na berlinda, devido a graves falhas nas tentativas de reprodução dos experimentos.


Há estudos feitos no Pear http://www.princeton.edu/%7Epear/ (Universidade de Princeton) sobre isso.

Um dado curioso é que bem recentemente, em 2003, um crítico desse tipo de estudo, o físico Stanley Jeffers, obteve resultado positivo em experimento por ele conduzido (!), e relatou isso em artigo disponível neste link http://www.criticandokardec.com.br/micro_pk_jeffers_2003.pdf.

Jeffers é muito citado pelos cépticos que gostam de dizer como PK não existe.
Agora que até ele começa a obter resultados favoráveis, a coisa fica um pouco complicada para os cépticos...

E- Psicocinese sobre sistemas macroscópicos (macro-PK):
indicações fracas de sua existência.


Há estudos feitos no Pear http://www.princeton.edu/%7Epear/ (não muitos, creio) sobre isso.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Nov 29, 2013 10:29 pm

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F- Vida pós morte:
indicações minimamente sugestivas de que há algum tipo de sobrevivência, e mesmo de reencarnação.


Tal sobrevivência talvez (talvez!) não seja de longa duração, limitando-se ao invés a poucos anos, ou décadas, por exemplo.

Tais indicações podem ser claramente classificadas, como diria o próprio Carl Sagan em 1995, como "fracas e dúbias".

E além disso, elas não nos fornecem uma boa base para identificarmos exactamente o quê estaria reencarnando e/ou sobrevivendo à morte.

Isso quer dizer que pode ser que haja a sobrevivência à morte de algo que "pareça" ser você mas que na verdade não é você.

Ou seja: a rigor, não há evidências (ou: não me parece haver evidências) que devam ser interpretadas como sugestivas de que você (o seu Eu e a sua consciência e experiência subjectiva) de facto sobreviverá à sua morte! Para aqueles que abraçam a fé materialista, talvez seja prudente continuar assim...

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 30, 2013 11:11 pm

Um Símbolo no Site

Uma característica dos seres humanos é a de sermos muito simbólicos.

Nossos sonhos são abundantes em símbolos que relacionam muitas vezes imagens ricas a realidades emocionais importantes para nós naquele momento.

Talvez a maioria das religiões tenha incorporado isso de um modo bastante intenso.

Mesmo Allan Kardec e seus colaboradores contemporâneos, que condenavam o excesso e os desvios do simbolismo religioso, usaram algumas vezes de símbolos, como pode ser visto no início do Livro dos Espíritos (a cepa em "Prolegómenos").

Para este Site, escolhi um símbolo um pouco estranho.
Uma chama negra.

Na verdade, é assim que eu vejo o trabalho do crítico que (como eu) se põe a analisar algo que é objecto da vida e da riqueza emocional de outras pessoas (e na verdade de mim mesmo).

É talvez uma luz; mas uma luz paradoxal: uma luz que traz escuridão.
Escuridão e incerteza. E, às vezes, dor. É uma luz negra.


Nem sempre o conhecimento traz alegria e "céus abertos".
E, muitas vezes, a alegria, os "céus abertos", e os horizontes brilhantes e iluminados, se estabelecem sob a luz da ignorância, do "não-saber".

Apesar disso, tenho muita confiança que o verdadeiro conhecimento, por mais que durante períodos mais ou menos longos (podendo chegar mesmo a séculos ou mais...) possa se manifestar como depressivo e desalentador, será sempre, no final do túnel, uma fonte reconfortante de luz, alento, entendimento prazeroso, e harmonização saudável do indivíduo com o Universo.

Esta chama, do jeito que ela se apresenta no momento (mesmo para mim) dói.

Posso dizer que toda vez que encontro algo que pareça remeter a conclusões (mesmo que temporárias) como "as comunicação mediúnicas não são confiáveis", "a vida após a morte não existe", ou "vivemos em um Universo sem Deus e sem nenhuma justiça dominante", sinto uma pontada de dor.

Mas tenho sincera convicção de que, no final do túnel, de uma maneira ou de outra, as coisas serão diferentes.

Uma das orações mais bonitas que conheço é a música da cantora "profana" Madonna, dos Estados Unidos, "Like a Little Prayer" (Como Uma Pequena Prece).

Ela fala um verso que, no meio dos acordes da música, me tocam de um modo especial à luz disso que falei nos parágrafos acima sobre a "chama negra":
just like a dream, you are not what you seem;
como um sonho, você não é o que parece... (no caso, ela está se referindo a Deus).

No fundo, acho que essa luz negra é, paradoxalmente, bem igual ao que Madonna descreve nesse verso.

Na verdade, bem mais luminosa do que pode a primeira vista nos parecer...

§.§.§- O-canto-da-ave
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 Criticando Kardec - Página 3 Empty Re: Criticando Kardec

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 30, 2013 11:12 pm

Espiritismo, Ciência e Lógica

"Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto.
Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará"

(A Génese).

O tempo passou.
O século XX foi pródigo em destruir paradigmas, a começar pela Física clássica.

Da constatação de que ela não explicava satisfatoriamente certos fenómenos surgiram dois novos campos:
a Relatividade de Einstein e a menos famosa ao grande público, mas igualmente revolucionária, Mecânica Quântica.

Os electrões, protões e neutrões não podem ser imaginados como pequenas coisas independentes do mundo restante.
O mundo quântico nada tem haver com essas coisas, que podem ser apalpadas.

Apenas permite aos cientistas relacionar diferentes observações dos átomos entre si ou em matérias ainda menores, como procedimento para harmonizar suas observações.

O átomo se converteu num simples código para um modelo matemático, não em parte da realidade.
A Mecânica Quântica é aceita até hoje devido ao seu pleno êxito, não por ser intuitiva e bela.

Muito pelo contrário:
os paradoxos que seu sistema geraria no mundo macroscópico desafiam o senso comum e intrigaram até seus criadores.

Sua modelagem probabilística acabou com o sonho de ser prever qualquer evento, desde que fossem dadas as condições iniciais.

O acaso entrou definitivamente na Ciência, pelo menos no microcosmo.
Muita gente não gosta disso.

O próprio Einstein não gostava disso exclamou: "Deus não joga dados". Mas parece que Ele joga, sim.

Até a Matemática que se achava acima das crises de paradigmas das demais disciplinas também teve seu choque.
Os matemáticos se empenhavam na busca de um conjunto finito de axiomas do qual se pudesse deduzir toda a Matemática.

O banho de água fria veio quando o Gödel demonstrou que qualquer sistema lógico é incompleto.

Sempre haverá sentenças em que não se poderá decidir se elas são verdadeiras ou falsas e a inclusão de mais axiomas apenas retarda o surgimento dessa questão.

Em suma, há verdades que nunca serão atingidas.
Longe de ser desesperador isto é bom.

É sinal de que a Matemática nunca irá se esgotar.
Podemos criar álgebras e geometrias tão malucas quanto queiram nossa imaginação;
só uma coisa é exigida: coerência.

A Lógica libertou-se totalmente das amarras ao mundo real.


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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Nov 30, 2013 11:12 pm

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O olhar que a ciência lançam sobre o homem também mudou.
Não somos mais o produto acabado da evolução, não estamos à testa de uma fila indiana das espécies.

Somos apenas um ramo de uma árvore ramificada, que é constantemente podada pela tesoura da extinção.

Não somos os mais evoluídos;
pois evolução não significa progresso, mas adaptação.

Uma ervinha é mais auto-suficiente que nós e toda nossa inteligência não é garantia de vida eterna.

As causas primárias e finais voltaram.
A busca por uma "teoria final" que unifique em um só campo a Relatividade e a Mecânica Quântica prossegue.

Dela se espera poder se descobrir o que levou o Universo a ser do que jeito que é e qual o seu destino.

E o Espiritismo nestas mudanças?

O fosso entre as metodologias da “ciência espírita” e as demais “ciências” do mundo material foi progressivamente aumentando:
http://br.geocities.com/falhasespiritismo/index_int_2.html

Ciência
/
Espiritismo


Comum novas gerações de cientistas refutarem trabalhos anteriores.
Aversão a critérios de “autoridade”.

Medo de se distanciar da ortodoxia kardequiana.
Culto à autoridade contido no espírito da Verdade ou Kardec.
Há excepções, óbvio.


Obras de grandes mestres (Principia Mathematica, Origem das Espécies, etc.) ainda lidas como referência, fontes de valor históricos e como uma forma de adentrar no raciocínio do autor.
Os estudantes, porém, usam bibliografia recente, expandida e corrigida.

Livros de Kardec ainda utilizados sem alterações, mesmo no que há de errado.
Notas de rodapé corrigem alguns erros


A lógica é usada como ferramenta apenas. O raciocínio precisa estar corroborado evidências.

A lógica é utilizada como meio de prova ou refutação de hipóteses, não havendo verificação de se a natureza pensa igual.

O bom senso e a experiência usual nem sempre são seguidos (Relatividade e Mecânica Quântica que o digam.
Idem para a “acção à distância” de Newton).
Optam-se por soluções pragmáticas, ainda que esdrúxulas.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 01, 2013 9:34 pm

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O senso comum, ao lado da lógica, é super estimado.

Há grande discussão em torno da filosofia da ciência quanto à questão da melhor metodologia para o estabelecimento de novos conhecimentos
(refutabilidade, crise de paradigmas, etc.).

O conhecimento espírita ainda é maioritariamente indutivo, baseado em moldes científicos do século XIX (positivismo).

Teorias inverificáveis, mas belas, são postas de lado.

Persiste a presença de hipóteses “ad hoc” inverificáveis para sustentar pontos nebulosos da doutrina.
(ex: vida “invisível” em outros planetas)


Apropriações entre ramos da ciência (malthusianismo no darwinismo, biologia na sociologia – darwinismo social, eugenia) hoje são vistas com reservas.

Apropriações correntes são feitas sem garantia de que são válidas
(acção e reacção, noções de mecânica quântica, etc.)


Ciências que não têm acesso directo ao seu objecto de estudo (astronomia, história, etc.) lançam mão da análise indirecta dos efeitos que chegam até nós.
(espectro de luz, documentos históricos).

Pede um lugar “especial” entre as ciências por não ter acesso directo ao seu objecto de estudo (espíritos).

Orações, Meditação e estados alterados de consciência são passíveis de estudo, mas isto não significa que seja verdade aquilo que seus praticantes dizem.

Verdades podem ser extraídas de “estados alterados de consciência”, vulgo mediunidade.
Contudo, nenhuma proposta rigorosa para a separação do joio e do trigo foi apresentada.


Não faz afirmações morais. Descobertas podem, inclusive, entrar em choque com a moral vigente.

Produz cartilhas de certo e errado.
Eufemismos são usados para se alegar que “não é bem assim...”


Bem, vamos por partes.

Há espíritas importantes no movimento (ex.: Carlos Imbassahy) que já atentaram para o risco de considerar Kardec infalível, um verdadeiro receio em se distanciar da obra original.

Ocorrem controvérsias mesmo em questões mais simples como nomenclaturas inapropriadas:
“fluidos”, “vibrações” e “magnetismo” são palavras cujo sentido se modificou tanto a ponto de o uso que é dados a elas na codificação se encontrar totalmente desfasado.

Há quem proponha mudanças por conta própria, outros preferem se apegar a uma espécie de tradição ou de consagração pelo uso.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 01, 2013 9:34 pm

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É defendido que parte da “actualização” está sendo feita por meio livros complementares, até como uma forma de não descaracterizar o espiritismo.

Muito questionável devido ao fato de a primeira leitura recomendada continuar a ser o Pentateuco kardecista, e não as supostas correcções e complementações.

“A Origem das Espécies”, de Darwin, ainda é uma obra de referência para estudantes de biologia, nem que seja para analisar o raciocínio do autor a partir da base que ele tinha.

Entretanto, a apresentação ao darwinismo em seu estado original é apenas introdutória e logo eles apresentados ao que há de mais actualizado no campo de pesquisa.

Stephen Jay Gould desenvolveu interpretações diferentes dos neodarwinistas de como se dava o processo evolutivo.
Era um grande fã de Darwin!

Seus ensaios são permeados por citações de seu mestre, mas Gould corria caminhos alternativos quando a interpretação convencional não era suficiente para ele.

Nem por isso foi menos biólogo ou evolucionista de araque.
Nem foi taxado de “gouldista”.

A possibilidade de pensamentos dissidentes em um campo científico é algo que falta ao espiritismo.

Tudo bem que certas correntes trazem divergências bem destoantes, como os ramatistas;
mas não é isto que está em jogo:
é o medo de discordar do “mestre lionês” que faz dele uma espécie de Aristóteles moderno do espiritismo.

Kardec depositava fichas demais na lógica.
Ela é importante sem dúvida e tê-la é um requisito mínimo.

Mas quem a estuda não demora a descobrir que ela não tanto poder assim como dizem.
Ela não pode ser usada para atestar a falsidade ou verdade de um facto natural.

A validade de uma proposição depende do sistema de axiomas que se tem como ponto de partida.
Assim, o que é falso num sistema pode ser verdadeiro em outro.

E você não sabe, a priori, quais são os axiomas que a Natureza “adopta” em determinado campo, sem falar nas proposições indecidíveis que todo sistema axiomático fatalmente carrega (Teorema de Gödel).

Nas palavras do filósofo da ciência, Karl Popper:
“Contudo, há não muito tempo sustentava-se que a Lógica era uma Ciência que manipula os processos mentais e suas Leis - as leis do nosso pensamento.

Sob esse prisma, não se podia encontrar outra justificação para a Lógica, a não ser na alegação de que não nos é dado pensar de outra maneira.

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