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Casos de Reencarnação

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 24, 2013 9:40 pm

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Assim, embora os mais recentes ataques ao livro tenham insistentemente chamado Bernstein de hipnotizador “amador”, ele o é no sentido de não cobrar honorários pelos serviços prestados, mas não no sentido de lhe faltar experiência prática, ou de não estar bem enfronhado na literatura sobre o assunto.

Sob esses dois últimos aspectos, ele, sem sombra de dúvida, está muito mais capacitado do que estavam diversos médicos e dentistas participantes dos seminários que frequentou, e os quais, por serem diplomados, recebiam um certificado autorizando a se utilizarem do hipnotismo em sua prática médica ou odontológica.

Um conhecido de Bernstein, familiarizado com a ideia da reencarnação, chamou a sua atenção para o assunto, e ele ficou sabendo, então, que tinham sido feitas tentativas, à primeira vista bem-sucedidas, por alguns hipnotizadores, para levar seus pacientes a se recordarem de factos ocorridos antes de seu nascimento ou concepção.

Isso o levou a fazer uma experiência semelhante com uma de suas pacientes, Virginia Tighe, a “Ruth Simmons” de seu futuro livro.

Virginia, uma senhora casada, nascera em 27 de abril de 1923 e era do casal George Burns, que residia em Madison, no Estado de Wisconsin.

O casamento dos Burns não durou muito tempo, e, pouco depois de Virginia fazer três anos, a irmã de seu pai, Sra. Myrte Grung, levou-a para Chicago, para morar em companhia dela e de seu marido, um norueguês.

Ali, Virginia teve uma vida normal, fazendo o curso primário e secundário, e, afinal, cursando durante um ano e meio a Universidade do Noroeste.

Aos vinte anos, casou-se com um jovem do Corpo Aéreo do Exército, que morreu na guerra um ano depois.

Mais tarde, casou-se em Denver com seu actual marido, o comerciante Hugh Broan Tighe.
Tiveram três filhos.

Em Pueblo, Estado do Colorado, onde moraram durante alguns anos, Virginia e seu marido travaram conhecimento com o casal Bernstein.

Quando Bernstein resolveu tentar fazer regredir a consciência de um paciente hipnotizado a uma vida anterior, ocorreu-lhe a ideia de que a probabilidade de êxito seria muito maior em um paciente capaz de uma hipnose profunda, sonambúlica.

Lembrou-se então que, algum tempo antes de ter tido ideia de tentar a regressão a uma vida anterior, hipnotizara por duas vezes a Sra. Tighe, e ela prontamente atingira aquele estado hipnótico.

Isso e o facto de Virginia ignorar de todo o seu recente interesse pela reencarnação o levaram a pensar nela como paciente em suas experiências sobre a regressão.

Embora ela e o marido tivessem o tempo ocupado por actividade de diversa natureza, o casal acabou concordando.

As seis sessões que constituem a base do livro foram realizadas, com intervalos, no decorrer dos meses seguintes, tendo sido gravadas em fitas.

2 - Aparecimento de Bridey Murphy Durante os Transes de Virginia

Embora nem Virginia nem Berstein nunca tivessem estado na Irlanda, logo que ela caiu no estado de profunda hipnose regressou primeiro à infância, mas, instruída para ir além de sua vida actual, e contar o que via, ela começou a descrever episódios de uma vida em que era Bridey (Bridget) Kathleen Murphy, uma irlandesa nascida em Cork, em 1798, filha de um advogado protestante de Cork, Duncan Murphy, e de sua esposa, Kathleen.

Disse que cursara uma escola dirigida por uma tal Sra. Strayne e que tinha um irmão chamado Duncan Blaine Murphy, que se casou com a filha da Sra. Strayne, Aimeé. Tinha tido um outro irmão, que morreu ainda criancinha.

Aos vinte anos de idade, Bridey casou-se, em uma cerimónia protestante, com um católico, Sean Brian Joseph McCarthy, filho de um advogado de Cork. Brian e Bridey se mudaram para Belfast, onde ele estudara e onde, segundo Bridey, acabou leccionando Direito na Universidade da Rainha.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 24, 2013 9:40 pm

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Em Belfast, realizou-se nova cerimónia matrimonial, com um sacerdote católico, o Padre John Joseph Gorman, na Igreja de Santa Teresa.

O casal não teve filhos.
Ela viveu até os 66 anos e foi – para usar a sua expressão – “ditched” (metida em um fosso), isto é, enterrada em Belfast em 1864.

Muitas outras de sua informações referiam-se a coisas que pareciam muito improváveis para Virginia ter conhecimento de uma maneira normal, mas que poderiam ser verificadas ou rejeitadas.

E a “procura” de Bridey Murphy consiste na procura que se fez de factos ou registos que pudessem confirmar ou desautorizar tais revelações.

3 - Principais Documentos da Controvérsia Sobre Bridey Murphy

Não se procurará, no que se segue, rever todos os pontos especiais em torno dos quais se fez o debate na controvérsia Bridey Murphy.

Devem, contudo, ser mencionados os principais documentos que, juntos, constituem a história do caso, e nos quais se baseiam as conclusões que serão oferecidas.

Para facilitar as citações, será usado um símbolo para cada documento, usando-se as iniciais do título do documento em questão.

SSBM

As primeiras informações sobre as experiências de regressão no caso Bridey Murphy apareceram em 12, 19 e 26 de setembro de 1954, em “Empire”, suplemento dominical do jornal “Denver Post”, em três artigos, intitulados “A Estranha Procura de Bridey Murphy”, da autoria do jornalista William J. Barker.

MAB

Seguiu-se um artigo intitulado “More about Bridey” (Mais acerca de Bridey) no “Empire” de 5 de dezembro de 1954.

TSBM

O documento seguinte é o próprio livro “The Search for Bridey Murphy” de Bernstein, publicado em janeiro de 1956 por Doubleday & Co.

O último capítulo revela os resultados, até então, da investigação que o editor do livro promovera por intermédio de um escritório de advocacia e várias bibliotecas e agências de detective da Irlanda.

Posteriormente, o Chicago Daily News, que estava publicando um resumo do livro, deu instruções ao seu representante em Londres, Ernie Hill, para ir à Irlanda e lá permanecer por três dias, promovendo novas pesquisas, de Cork a Belfast.

Em vista, contudo, da extensão do território a ser coberto e da exiguidade do tempo autorizado, essa iniciativa dificilmente teria êxito, e realmente se revelou infrutífera.

TABM

Mais tarde, o director do Denver Post enviou William J. Barker à Irlanda para uma permanência de três semanas com igual incumbência.

O que aquele jornalista encontrou e deixou de encontrar foi objectivamente revelado em um suplemento de doze páginas do jornal, em 11 de março de 1956, intitulado “The Truth About Bridey Murphy” (A Verdade Acerca de Bridey Murphy).

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 25, 2013 9:37 pm

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FABI

A revista Life, em seu número 19 de março de 1956, publicou um artigo em duas partes, uma das quais se intitulava “Here Are Facts About Bridey that Reports Found in Ireland”
(Eis os Factos Acerca de Bridey que os Repórteres Verificaram na Irlanda).

Anunciava-se que aquela parte fora compilada com base nas informações de W. J. Barker, Ernie Hill e da própria correspondente de Life, Ruth Lynam.

OSAB

A segunda parte do artigo da Life intitulava-se “Here Are Opinions of Scientists About Bridey’s Reincarnation”
(Eis a Opinião de Cientistas Acerca da “Reencarnação” de Bridey) e apresentava os pontos de vista de dois psiquiatras, Drs. J. Schneck e L. Wolberg, a respeito do caso.

SACA

O documento seguinte consiste em uma série de artigos publicados em maio e junho de 1956 pelo Chicago American, e reproduzidos em outras publicações de Hearst (San Francisco Examiner, New York Journal American), procurando mostrar que as supostas lembranças de Virginia de uma vida como Bridey Murphy na Irlanda eram, na realidade, recordações, guardadas no subconsciente, de sua infância em Madison, Estado de Wiscosin, e em Chicago, de misturas com casos ocorridos na Irlanda, com os quais – afirmava um dos artigos – fora “regalada” por uma tia que era “irlandesa como os lagos de Killarney”.

Outro dos artigos do Chicago American dizia que a verdadeira Bridey Murphy fora encontrada, e era uma tal Bridie Murphy Corkell, cuja casa em Chicago ficava em uma rua transversal a uma das ruas em que Virginia residira.

CNCU

Em 17 de junho de 1956, o Denver Post publicou um artigo de autoria de um dos seus redatores, Robert Byers, intitulado “Chicago Newspaper Charges Unproved” (Não Comprovadas as Acusações do Jornal de Chicago), que comentava criticamente as alegações da série de artigos do Chicago American.

BSE

Em 25 de junho de 1956, Life publicou uma curta reportagem,”Bridey Search Ends at Last” resumindo as afirmações do Chicago American (Termina Afinal a Procura de Bridie), e publicando uma fotografia de Bridie Corkell com seus netos.

CFBI

Também em junho de 1956 foi publicada uma edição tipo livro de bolso de “The Search for Bridey Murphy”, à qual foi acrescentada um capítulo, da autoria de William J. Barker, sobre as investigações na Irlanda, da autoria de William J. Barker, sobre as investigações na Irlanda, apresentando de maneira convincente as principais conclusões que, apesar de várias alegações, parecem válidas à luz dos resultados das investigações feitas por ele mesmo e por outros, salientando que “a autobiografia de Bridey se sustenta fantasticamente bem, à luz dos factos difíceis de serem obtidos que acumulei”.

SRSBM

Na primavera de 1956 foi publicado em Nova Iork pela editora Julian Press um livro, A Scientific Report on “The Search for Bridey Murphy” (Relatório Científico sobre, etc.), com capítulos assinados pelos Drs. M. V. Kline, Bowers, Marcuse, Raginsky e Shapiro, e uma introdução do Dr. Rosen.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 25, 2013 9:38 pm

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HBCL

Em outubro de 1956, o Dever Post publicou, em seis números, uma entrevista de Virginia para o jornalista W.J.Barker, intitulada “How Bridey Changed My Life” (Como Bridey Mudou a Minha Vida), na qual ela comentava várias coisas que tinham sido publicadas a seu respeito.

Além dos trabalhos acima citados, apareceram inúmeros outros em jornais e revistas sobre o caso, da autoria de psiquiatras, psicanalistas e outros profissionais.

TM

Assim, por exemplo, o número de verão de 1956 da revista Tomorrow contém vários.

AW

O caso também provocou uma série de artigos nos números de março a dezembro de 1956 da revista mensal teosófica Ancient Wisdow (Sabedoria Antiga), alguns tratando da própria encarnação, e outros chamando a atenção para os pontos fracos da série de artigos do American.

RIS

Passando em revista o SRSBM, no número de janeiro de 1957 do Journal A. S. P. R, o Dr. Ian Stevenson, chefe do Departamento de Neurologia e Psiquiatria da Escola de Medicina da Universidade da Virginia, manifesta sua decepção com o livro, apresentando um certo número de razões para isso.

4 - Afirmações de Bridey que Não Foram Confirmadas Até Agora

Nenhuma confirmação se conseguiu ainda que um advogado chamado Duncan Murphy e sua esposa Kathleen tenham vivido em Cork, em 1798, e que tiveram naquele ano uma filha, Bridget Kathleen;
nem que uma certa Bridget Kathleen Murphy tenha se casado em Cork com um católico chamado Sean Brian Joseph McCarthy;

nem que ela tenha morrido em Belfast, no ano de 1864;
nem que houvesse em Belfast, naquele tempo, uma igreja de Santa Teresa;
nem que tenha havido um padre chamado John Joseph Gorman que, segundo disse Bridey, ali realizou uma segunda cerimônia matrimonial.


Não é de surpreender, todavia, que não se tenha encontrado o menor sinal de sua vida, seu casamento e sua morte, uma vez que, a não ser alguns arquivos eclesiásticos, não havia estatísticas dignas de tal nome na Irlanda antes de 1864.

Na verdade, seria mais do que surpreendente se se encontrasse qualquer sinal dela e de sua família, tendo-se em conta a impressão que Bernstein teve logo, e que o próprio leitor poderá verificar pelas conversas gravadas entre Bridey e Bernstein:
que as referências a seu pai e seu marido como “advogados” eram, em parte, uma tentativa de valorizar sua família socialmente, e, em parte, motivadas pelo facto de ter Bridey apenas uma vaga ideia de suas actividades fora de casa, ou o que era, realmente, um advogado.

Em certo ponto, ela diz que seu pai era um cropper (ceifador), isto é, um agricultor, e menciona correctamente o que era cultivado ali, na ocasião.

O pai pode também ter trabalhado parte do tempo em algum cartório ou escritório de advocacia.

No que diz respeito ao marido de Bridey, no fim do capítulo que publicou na edição de livro de bolso, Barker se diz convencido de que Sean (John) Brian McCarthy não era advogado, mas sim um guarda-livros, que trabalhou para várias casas comerciais de Belfast e talvez também para o Queen’s College.

Sua convicção se apóia no facto de constar do Anuário de Belfast, de 1858-59, o nome de John’Carthy como escrevente, e no de 1861-2 como guarda-livros.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jul 25, 2013 9:38 pm

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5 - Exemplos das Afirmações de Bridey que Foram Confirmadas

As informações sobre a personalidade de Bridey, por outro lado, que foram confirmadas, não obstante (no caso de algumas delas) a opinião de entendidas no sentido de que podem não estar correctas, são apresentadas com referência às verificações comprobatórias, no capítulo escrito por Barker para a edição do livro de bolso.

Constituem, como o título do capítulo indica, “As investigações sobre Bridey na Irlanda”.

Para invalidá-las seria preciso mostrar que Virginia se inteirou de maneira normal, nos Estados Unidos, de factos corriqueiros ocorridos na Irlanda há um século.

A tentativa do Chicago American em tal sentido falhou, sem sombra de dúvida.

O máximo que pode ter conseguido foi mostrar que algumas das afirmações de Virginia, mas não aquelas que dizem respeito à presença de Bridey na Irlanda, talvez estejam relacionadas com suas experiências infantis em Chicago.

Para se expor todos os fatos essenciais, as explicações apresentadas para os mesmos de uma maneira ortodoxa e as refutações a essas explicações, seria necessário dispormos de muito mais espaço do que o que temos aqui.

No entanto, alguns exemplos evidenciarão a falta de base para a crença – agora muito espalhada, devido aos ataques da ortodoxia ao livro de Bernstein – de que todos os aspectos intrigantes do caso de Bridey Murphy na Irlanda foram explicados satisfatoriamente à maneira ortodoxa.

Bridey menciona os nomes de dois merceeiros de Belfast dos quais comprava víveres:
Farr e John Carrigan.

Depois de trabalhosas buscas, realizadas pelo bibliotecário-chefe de Belfast, John Babbington e seus auxiliares, verificou-se que aquelas duas mercearias estavam registadas no anuário de Belfast para 1865-66, o qual estava sendo preparado por ocasião da morte de Bridey, em 1864.

Além disso, Barker informa que aqueles eram “os únicos indivíduos daqueles nomes que exploravam o comércio de géneros alimentícios”, naquela época.

Bridey disse também que, no seu tempo, funcionavam em Belfast uma grande companhia fabricante de cabos e cordas e uma tabacaria;
e isso foi confirmado.

Também mencionou uma casa que vendia artigos para senhoras, Cadenn’s, da qual não foi encontrado qualquer vestígio.

Os anuários, porém, mencionam nomes de indivíduos, e não de casas comerciais, e é possível que o dono da casa Cadenn’s não se chamasse Cadenn.

Ainda mais impressionante que a comprovação da existência de Farr e John Carrigan, porém, é o facto de que algumas afirmações de Bridey que, segundo os especialistas em Irlanda, eram irreconciliáveis com os factos conhecidos, na realidade, como ficou comprovado mais tarde, eram perfeitamente conciliáveis.

Vejamos um exemplo.

A primeira das afirmações atribuídas a Bridey, na gravação da primeira sessão, foi a de que, aos quatro anos de idade, isto é, em 1802, tinha raspado toda a pintura de sua cama, que era “uma cama de metal”, e que, por isso, levou uma terrível surra.

Life (em FABI) afirma que “as camas de ferro não tinham sido introduzidas na Irlanda até, pelo menos, 1850”.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 26, 2013 9:58 pm

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No entanto, o Dr. E.J. Dingwall diz que “estavam sendo anunciadas pela Siderúrgica Hive em Cork, em janeiro de 1830... camas de ferro portáteis que eram muito usadas na Irlanda naquela época, embora seja um tanto duvidoso que fossem comuns em 1802”.

A Enciclopédia Britânica (edição de 1950) informa que “as camas de ferro apareceram no século XVIII”.
Assim, Bridey, podia ter tido uma cama de ferro em Cork, no ano de 1802.

Além disso, porém, deve-se chamar a atenção para o facto de que, no relatório sobre a gravação, Bridey não fala em cama de ferro, mas em cama de metal, e o facto, recentemente noticiado, que um exame cuidadoso da gravação parece mostrar que a palavra (que, como muitas outras faladas por Virginia em transe, não era claramente articulada), não era metal, mas little (pequeno), isto é, uma caminha.

Isso se torna mais provável pelo facto de que dificilmente alguém – ainda mais uma criança de quatro anos – iria se referir a uma cama de metal, e sim – como todos os comentaristas do episódio fizeram notar espontaneamente – a uma cama de ferro, ou, se fosse o caso, a uma cama de bronze.

Um dos artigos do Chicago American afirma que a tia que trouxera Virginia para Chicago se lembrava de que naquela cidade, quando Virginia tinha seis ou sete anos, a menina de facto estragara a sua cama, e levara uma surra, e que Virginia se lembrava disso, e tinha comentado o caso, rindo, com a tia, quando uns doze anos depois ganhou uma mobília de quarto como presente de aniversário.

Virginia, por outro lado, disse a Robert Byers (CNCU) que não se lembra do caso e, especialmente, que nunca o comentou com um parente, quando aos dezoito anos ganhou uma mobília de quarto.

É bom saber-se, no que concerne às supostas declarações feitas por seus parentes (cujos nomes o jornal não menciona), que Virginia afirmou a Barker que “tanto Hugh como meus parentes de Chicago são muito contrários a todo o fenómeno Bridey, por motivos religiosos”.

Isso os levaria, ainda que involuntariamente, a deturpar os factos.

Além disso, não se pode esquecer que a revelação a respeito dos estragos feitos na cama e do espancamento foi a primeira feita por Virginia, supostamente como Bridey, e se seguiu imediatamente às declarações relativas à lembrança do que a paciente fizera antes.

É possível, portanto, que a lembrança do incidente diga respeito à sua própria infância, e não à menina que, interrogada, logo em seguida, de qual era o seu nome, disse que se chamava Bridey.

Seja como for, não ficou demonstrado que não havia camas de metal em Cork, em 1802, mas no máximo que, provavelmente, tais móveis não eram comuns, à época, naquela cidade.

Assim – mesmo se Bridey disse “metal” e não “little” – não ficou, realmente, provado que ela não pudesse se lembrar de uma cama de metal em Cork, no ano de 1802.

Vejamos outro facto:
foi dito e repetido que dificilmente a casa de Bridey em Cork poderia ter sido de madeira, em vista daquele material na Irlanda.

Segundo a transcrição da primeira gravação, quando perguntaram a Bridey em que casa morava, ela respondeu:
“É uma bonita casa... uma casa de madeira (wood house)... branca... tem dois pavimentos”.

Aqui, de novo, porém, um exame mais cuidadoso da gravação parece mostrar que a palavra que Bridey articulou não foi “wood”, mas “good”(boa):
“uma bonita casa... uma boa casa...”

Isto é mais do que provável, porque – como Life espontaneamente comentou – em via de regra ninguém usaria a expressão “wood house”, e sim “wooden house”.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 26, 2013 9:59 pm

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Logo depois de citar o trecho assim mencionado, o artigo de Life acrescenta:
“e era chamada “The Meadows” (Prados).

Mas a referência à passagem em que “The Meadows” são mencionados pela primeira vez (segunda gravação) mostra que Bridey não disse que a casa se chamava “The Meadows”.

A pergunta feita foi a seguinte:
“Qual era o seu endereço em Cork?”, e a resposta: “Era...The Meadows...apenas The Meadows” (TSBM).

Na terceira gravação, também,lhe foi perguntado:
“Onde eram The Meadows em Cork?”, e ela respondeu: “Eram... onde eu morava”
(TSBM, Livro de Bolso, pág. 183).

Além disso, o artigo do Denver Post reproduz, em sua página 9, uma secção de uma planta de Cork em 1801, mostrando uma zona chamada Mardike Meadows, onde estava assinalada a existência de meia dúzia de casas.

Assim, as declarações de Bridey a respeito de sua casa em Cork não estão em desacordo com os factos conhecidos.

Ao contrário, suas afirmações são de todo compatíveis com o que as pesquisas realizadas na Irlanda mostraram que Cork tinha sido realmente.

Passemos agora à declaração de Bridey de que seu marido ensinara Direito na Queen´s University de Belfast, algum tempo depois de 1847.

Life contesta tal afirmação, não se valendo da sugestão de Barker no sentido de que Brian McCarthy provavelmente não era advogado, mas argumentando que não havia escola de Direito ali na ocasião, nem no Queen´s College antes de 1849, nem na Queen´s University antes de 1908.

Isso, contudo, é um erro.

Na realidade, em 19 de dezembro de 1845, a Rainha Victoria ordenou “que será fundada... uma Faculdade para estudantes de artes, direito, física... que será chamada Faculdade da rainha, Belfast”.

Ao mesmo tempo, ela fundou as faculdades de Cork e Galway.

Depois em 15 de agosto de 1850, fundou a “Universidade da Rainha na Irlanda”, determinando que “as mencionadas Faculdades da Rainha serão e... são aqui constituídas faculdades de nossa Universidade”.

Ainda aqui, portanto, as declarações de Bridey estão de acordo com a realidade, e as afirmações em contrário se baseiam em um erro de facto.

Bridey falou, ainda, de “...saquinhos de arroz...” que eram presos na perna por um elástico: “É um sinal de pureza”.

O redactor da Life especializado em folclore comentou, segundo foi publicado:
“Tolice! O arroz nunca fez parte das tradição popular da Irlanda.
O trigo, a aveia e as batatas sim, há séculos. Mas o arroz, nunca!”


No entanto, a Irlanda começou a importar arroz em 1750.
Sem dúvida, passaram-se alguns anos antes que o produto fosse bem conhecido ali.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 26, 2013 9:59 pm

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E são necessários mais alguns anos para surgir uma “tradição”, espontaneamente, em um certo número de indivíduos.

Sendo branco, o arroz naturalmente iria sugerir a ideia de pureza a alguns de seus primeiros usuários.
É menos evidente porque acabou simbolizando a fertilidade.

De qualquer maneira, o que tem importância para a questão de se saber se as declarações de Bridey representam uma lembrança verdadeira de uma vida anterior na Irlanda não é verificar se o arroz fez parte das tradições populares de lá, mas somente constatar se é ou não possível que a brancura daquele cereal, até então desconhecido no país, não tenha chamado a atenção de alguns de seus primeiros consumidores e levá-los a ter a ideia de simbolizar a pureza no arroz, do mesmo modo que os botões brancos da laranjeira são usados hoje para representar a pureza da noiva, isto é, a virgindade.

E, nesse sentido, a resposta dever ser positiva, segundo tudo indica.

Na verdade, pode ter sido imaginado que o arroz, como símbolo da pureza, ajudaria uma jovem a preservar a sua pureza, se fosse colocado em saquinhos presos à perna, do mesmo modo que ainda hoje as crianças usam medalhas de santos para as ajudarem a se comportar de acordo com os preceitos de sua religião.

No que se refere ao fato de Bridey usar, ao se referir ao enterro de mortos, a palavra “ditching” e não “buring”, sem sombra de dúvida Life tem razão, quando diz que “ditch” não é o mesmo que “bury”.

No entanto, a própria Life lembra que “ditching” era usado para designar os enterros em massa de muita gente que morreu durante a fome de 1845-47.

É muito provável, portanto, como sugere o Professor Seamus Kavanaugh, da Universidade de Cork, que muitas pessoas usassem “ditch” coloquialmente, no sentido de “bury”.

Bridey usou, também, as palavras “tup”,no sentido de “rounder”(bêbado, vagabundo, na gíria) e “linen”(linho), no sentido de handkerchief (lenço).

Life observa que “o erudito Hayward... achou muito engraçada a ideia de que tup, linen... possam ser palavras gaélicas.”

É um mistério completo, porém, saber onde Hayward descobriu que Bridey, ou Bernstein, tenha dito que linen é uma palavra gaélica.

Bridey só se referiu a “linen”uma vez, quando, tendo espirrado durante a quarta sessão, pediu um lenço.

E o Professor Kavanaugh afirma que a palavra era usada, no tempo de Bridey, como sinônimo de handkerchief.

No que concerne a “tup”, é certo que a palavra não é gaélica.
É uma palavra do médio inglês, de origem desconhecida, cujo significado é “carneiro macho”, mas tendo também outros significados na gíria.

Bridey citou “tup”, quando Bernstein lhe pediu para dizer algumas palavras gaélicas.

Não se pode esquecer, porém, que Bridey não é linguista, e , além do mais, como se vê de TSBM, para ela “gaélico” significa, essencialmente, “a linguagem que os camponeses usam”.

É mais do que natural que as palavras de origem inglesa tenham se misturado com o linguajar do homem do campo, e Barker afirma que, na verdade, o Professor Kavanaugh encontrou aquela palavra no dicionário, no sentido que Bridey lhe deu.

Bridey também usou a palavra “lough”para designar rios e lagos.

E Life – segundo parece baseando-se na autoridade de Hayward – sustenta que lough não significa “rio”, mas somente “lago”.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jul 27, 2013 10:04 pm

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No entanto, o Dicionário de Murray, que deve ser pelo menos tão autorizado quanto Hayward, regista “low” como uma variante arcaica de “lough”, significando “lago, rio, água”
(Vol. VI, pág. 271).

Barker salienta ainda que, não obstante a afirmação de Hayward de que “nenhum irlandês se referia a outro como um orange, mas sempre como um orangeman (membro de uma sociedade secreta protestante) ou orangewoman”, não se lembra “de quem quer que fosse, na Irlanda, questionasse quanto ao emprego do termo da gíria orange como sinónimo de orangewoman”.

A respeito da afirmação de Bridey de que lera, ou de quem sua mãe lera para ela, um livro sobre os sofrimentos de Deirdre, Life sustenta que, de acordo com The English Catalogue – “que apresenta uma lista completa de livros pulicados entre 1800 e o presente” – a primeira menção do nome de Deirdre em um título foi na peça “The Sorrows of Deirdre”, publicada em 1905.

Barker, porém , menciona uma “brochura barata, publicada em 1808 por Bolton, intitulada “The Song of Deirdre and the Death of the sons of Unasch” (A Canção de Deirdre e a Morte dos Filhos de Usnach).

Assim, mais uma vez as declarações de Bridey se mostram consistentes com os factos, muito embora Virginia Tighe não pudesse saber que tal brochura tivesse existido, nem tivesse qualquer interesse na questão, ao passo que Life, que se mostrava tão interessada, e cujas fontes de informações sem dúvida eram tão amplas quanto as de Barker, deixou de lado aquela brochura de 1808.

Uma outra afirmação de Bridey é de que em seu tempo uma das moedas correntes era a de dois pence.
Isso é correcto, mas muito pouca gente sabe que tal moeda só foi usada na Irlanda entre 1797 e 1850.

O capítulo de Barker menciona um certo número de outros factos mencionados por Bridey nas gravações, que foram contestados por algumas pessoas supostamente conhecedoras da história na Irlanda, mas confirmados por investigações posteriores.

Os factos já citados, porém, são suficientes para evidenciar não só que os tão exaltados especialistas não são oniscientes, como também que as afirmações daqueles que criticam ideias susceptíveis de causar espanto têm de ser verificadas com tanto cuidado quanto as afirmações dos defensores de tais ideias.

Realmente, como já foi repetidamente salientado, a tentação de confundir o desejo com a realidade e as conclusões emocionais são mais acentuados do lado da ortodoxia religiosa da época e do lugar em questão, ou do lado do “bom senso científico da época”, do que do lado dos defensores de concepções paradoxais à primeira vista.

Levando tudo em consideração, os termos da investigação de Barker, mostrando os pontos em que Bridey estava certa e os peritos errados, constitui a feição central do caso Bridey Murphy, no que concerne à questão de se saber se existe qualquer prova empírica de que a mente humana sobrevive à morte, quer seja sob a forma de um estado desencarnado, que seja sob a forma da reencarnação.

As provas que o caso Bridey Murphy apresentam a favor da sobrevivência consistem, essencialmente, no facto de que informações correctas de coisas obscuras foram fornecidas pelos lábios de Virgínia em transe, e no facto de ser difícil mesmo imaginar como ela poderia, de um modo normal, ficar conhecendo, acerca da Irlanda de mais de um século atrás, pormenores tão numerosos e tão desinteressantes em si mesmos, e para cuja confirmação, saliente-se, os pesquisadores tiveram de trabalhar tão arduamente, o que não torna surpreendente o facto de alguns deles não terem podido ser verificados, mas muito ao contrário, surpreendente que tantos deles pudessem ter sido confirmados.

6 - Alegação de que as Declarações Verídicas de Bridey Podem ser Identificadas como Fatos Ocorridos em sua Infância e Esquecidos.

Vamos agora, examinar sucintamente a alegação do Chicago American, no sentido de que existem factos que explicam as afirmações de Virginia no papel de Bridey Murphy como sendo simples reminiscência e dramatizações, sob os efeitos da hipnose, de ocorrências esquecidas de sua infância e juventude em Madison e Chicago.

Em seu livro “A verdade Acerca de Bridey Murphy”, Barker apresenta um relatório objectivo das confirmações que obteve e das que não conseguiu obter durante as suas três semanas na Irlanda.

Naquele relatório, ele não é nem a favor nem contra a suposição de que Bridey e Virginia eram duas encarnações diferentes de um mesmo indivíduo, mas deixemos o próprio leitor tirar suas conclusões, se tal for o caso.

Ao contrário de Barker, contudo, muitos dos artigos publicados em jornais e revistas constituem evidentes tentativas de exorcismar o demónio que, disfarçado no livro de Bernstein, tentava as centenas de milhares de seus leitores para que acreditassem na reencarnação – doutrina heterodoxa, tanto para a teologia cristã contemporânea como para a psicologia.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jul 27, 2013 10:05 pm

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Na verdade, um dos artigos do “Denver Post” salienta que o Reverendo Wally White declarou “claramente que o seu objectivo era o de desmascarar a reencarnação, devido ao seu ataque às doutrinas religiosas estabelecidas”.

Os artigos do American mal mencionam a maior parte dos factos resumidos por Barker em CFBI, que mostram o caso tal como ele realmente é, isto é, considerando-se Bridey como uma “edição” anterior de Virginia.

Ao contrário, o American rejeita todos eles, sob a alegação de que Virginia foi “regalada” com casos sobre a Irlanda por uma sua tia que era “tão irlandesa quanto os lagos de Killarney”.

Virginia, no entanto, declara que a mencionada tia, Sra. Marie Burns, nasceu em Nova York, era de ascendência escocesa-irlandesa e passou a maior parte da vida em Chicago, “Na verdade, só vim a conhece-la bem quando ela veio morar connosco, e eu tinha, então, dezoito anos.

Não se vai acreditar, portanto, que ela tenha ‘me regalado’ com casos sobre a Irlanda quando eu era criancinha, não é mesmo?”.

Acrescenta Virginia, que não se lembra de que alguém lhe tenha contado algo acerca da Irlanda, em qualquer ocasião, e que só sabe acerca daquele país as coisas que todo o mundo sabe.

O artigo, porém , parece considerar o simples facto da Tia Marie estar morando com Virginia, quando esta última saiu de Chicago, uma confirmação da afirmação de que “parece provável que algumas das referências à Irlanda feitas por Bridey... se baseiam em casos contados por Tia Marie
(San Francisco Examiner, 5 de junho de 1965).

Os artigos do American, ignorando assim, virtualmente, as provas reais da existência de Bridey, concentram a sua atenção em ocorrências “paralelas” – alguns exemplos dos quais serão citados a seguir – na infância de Virginia , deixando inteiramente de lado a questão essencial, que se baseia, como vimos, na verificação de obscuros aspectos da Irlanda, pelos quais se deduz que as afirmações de Bridey constituem lembranças autênticas daquele país.

Como exemplo do “sucesso” do American, encontrando na infância de Virginia várias das declarações de Bridey sobre a Irlanda, podem ser mencionadas as suas “descobertas” em Madison relativas ao nome do Padre John Joseph Gorman que casou Bridey, e ao endereço de Bridey em Cork: ”The Meadows”.

O que o repórter do American descobriu em Madison foi que, a cem pés de distância da casa de Blair Street onde Virginia morava em Madison, essa rua era atravessada pela Gorham Street; que a um e meio quarteirão da casa fica a igreja luterana de St. John (São João), e que o pastor daquela igreja, frequentada pelos pais da menina de três anos, se chamava John N. Walsted!

O repórter, porém, não precisava ter ido tão longe para encontrar homens chamados John.

Pode-se afirmar que no mesmo quarteirão de sua casa, ou em qualquer quarteirão de qualquer cidade dos Estados Unidos, pode-se encontrar meia dúzia de Johns.

A respeito de: ”The Meadows” (Os Prados), a descoberta do American é que “a menos de dois quarteirões da casa de Ruth (isto é, da casa de Virginia em Madison) há um parque, em frente de um lago, um ‘prado’, onde ela deve ter brincado muitas vezes”.

A descoberta mais sensacional do American em Madison, porém, foi a de que, como Bridey, “Ruth (isto é, Virginia) tinha um irmãozinho que morreu”, aliás, nasceu morto, em 29 de outubro de 1927.

O facto, porém, é que Virginia nunca teve um irmão, nado-morto ou não.

Na verdade, a referência a esse mítico irmão só apareceu na versão original do artigo, em Chicago, na edição de 14 de junho de 1954, não tendo sido distribuído aos outros jornais da cadeia.

Outro exemplo típico dos “paralelos” que as investigações do American descobriram refere-se ao facto de Virginia, de repente, ter espirrado com força, no decorrer da quarta sessão de hipnotismo.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jul 27, 2013 10:05 pm

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Uma sua amiga, à qual o artigo se refere apenas com Ann, teria dito: “Se alguém espirrava forte, era Ruth”.

E daí? – é lícito perguntar-se.
Bridey não estava contando, na ocasião, que tivesse espirrado na Irlanda.

Quem espirrou foi o nariz de Virginia, da mesma forma que a laringe e os lábios de Virginia estavam transmitindo as lembranças de Bridey.

O facto de Bridey ter pedido depois um “linen” (linho) é atribuído, pelo artigo, à circunstância de “Ann” sempre chamar seus lenços brancos de linho de “lenços brancos de linho”.

Seria supérfluo comentar os outros paralelos.

O San Francisco Examiner, de Hearst, que reproduziu o artigo do número 28 de maio de 1956 do Chicago American, da autoria do Reverendo Wally White, pastor do tabernáculo do Evangelho de Chicago, salientou que a investigação do American “foi lançada depois que se ficou sabendo que a Sra. Simmons (isto é, Virginia Tighe) frequentara, na infância, a escola dominical do Reverendo White”.

O leitor deduzirá, portanto, que o Reverendo White conhecera Virginia, quando menina, em Chicago.
É interessante, pois, saber o que respondeu Virginia, quando interrogada a respeito, por Baker.

Disse ela (HBCL): “Frequentei a escola dominical do Tabernáculo do Evangelho em Chicago dos quatro aos treze anos, pouco mais ou menos”.

O Reverendo Wally White “não estava lá, quando eu estive.
A primeira vez que o vi foi neste verão
(1956), quando ele apareceu de repente, na porta de nossa casa, aqui em Pueblo... dizendo que queria rezar por mim”.

Vê-se, portanto, que a menção do nome daquele pastor nos títulos de vários dos artigos do American constituía um truque psicológico, visando os piedosos, mas ingénuos, leitores que, vendo o nome do reverendo como autor do artigo, e achando que ele fora o pastor cuja igreja Virginia frequentava em Chicago, presumiam que ele devia saber, por conhecimento próprio, os factos relacionados com a sua infância e a sua juventude;
que os artigos se baseavam em observações directas, e que, portanto, uma vez que os sacerdotes falam a verdade, os artigos não poderiam ser contestados.

O incidente da cama estragada e do castigo que acarretou, em torno do qual o American fez tanto espalhafato, pode se referir à vida de Virginia em Chicago, e não à de Bridey em Cork.

Isso, contudo, é muito menos provável no caso do “Tio Plezz” de Bridey.

O American afirma que se trata, realmente, de “um funcionário municipal aposentado, de 61 anos”, à procura do qual os repórteres “esquadrinharam Chicago” e cujo primeiro nome é Plezz.

O jornal, contudo, omite o seu sobrenome e o seu endereço, “a fim de proteger a sua intimidade”.

No entanto, refere-se ele e à sua mulher como velhos amigos da tia que criou Virginia em Chicago, afirmando que ele e sua mulher visitavam Virginia e seus tios duas ou três vezes por semana, que as visitas eram retribuídas, e que ele e duas de suas filhas costumavam brincar com Virginia.

“Plezz” disse que se lembrava “muito bem do tempo em que Virginia tinha três ou quatro anos, até estar cursando a oitava série”, isto é, quando ela teria de 13 para 14 anos.

Isso significa um estreito relacionamento, durante cerca de dez anos.

Que o leitor, porém, pergunte a si mesmo se é lícito acreditar na existência de um tal “Tio Plezz” em Chicago, diante do facto de Virginia, aos 33 anos de idade, não ter “qualquer lembrança consciente de tal pessoa”, nem mesmo de seu nome, como declarou solenemente, quando interrogada por Barker (HBCL).

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 28, 2013 9:42 pm

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Em 29 de maio de 1956, o jornal de Chicago afirmou que Virginia “tomou as suas primeiras aulas de declamação com uma certa Sra. H. S. M.”
(não identificada além destas iniciais).

Logo em seguida, apresenta longos trechos de peças de teatro em dialeto irlandês, e diz que Ruth (isto é, Virginia) os decorava.

Esta justa posição imediata levaria o leitor apressado a concluir que a professora era a autoridade responsável para a identificação dos trechos citados e para confirmar que Virginia os decorava.

Uma leitura mais cuidadosa, no entanto, revela que o artigo se abstém, cautelosamente, de fazer tal assertativa.
Diz apenas, com todos os ff e rr, que Virginia os decorava.

O que a professora mencionada ensinava, segundo parece, era dicção, e não declamação, e, portanto, nada tem a ver com argumentação ou discussão.

E o que Virginia tem a dizer sobre o assunto é:
“Tomei lições de dicção, em 1935 ou 1936... era uma senhora endinheirada... que dava aquelas lições de graça para pequenos grupos de jovens...

Quando eu tinha doze ou treze anos frequentava as suas aulas, depois da escola, em certos dias.

Infelizmente, acho que não adiantou nada, pois não me lembro, exactamente, de coisa alguma que ela nos ensinava”
(HBCL).

Robert Byers, do Denver Post, localizou aquela professora, a Sra. Harry G. Saulnier.

Ela se lembrava que “Virginia foi minha aluna durante pouco tempo, mas não deve ter sido uma aluna medíocre, pois não me lembro dela muito bem”.

Não se lembrava especificamente – acrescentou – “dos trechos que a Sra. Tighe decorava”, mas que, de qualquer maneira, nunca ouvira falar da peça “Mr. Dooley on Archey Road” que, segundo o American, Virginia aprendera (CNCU).

No que concerne às “jigas irlandesas”, que o jornal afirma que Virginia aprendeu a dançar, ela as identificou como tendo sido o black bottom e o charleston!

O apogeu da série de artigos do Chicago American, contudo, foi a descoberta de uma tal Sra. Bridie Murphy Corkell, que morou em uma das ruas transversais àquela onde moravam Virginia e os seus pais adoptivos em Chicago, e por cujo filho, John, Virginia teria sido “loucamente apaixonada”.

Virginia se lembra que John tinha o apelido de “Buddy Corkell”, mas quanto à suposta paixão por ele, comenta:
“Meu Deus do céu! Ele era sete ou oito anos mais velho do que eu.
Já estava casado, quando fiquei na idade de ter qualquer interesse sentimental por algum rapaz”.


Também se lembra da Sra. Corkell, mas, embora o artigo afirme que ela “esteve em casa dos Corkell muitas vezes”, Virginia jamais falou com a Sra. Corkell, e nem o artigo diz que ela tenha falado.

Além disso, Virginia nunca soube que o nome de baptismo da Sra. Corkell fosse Bridie, e ainda menos se o seu sobrenome de solteira era Murphy, se é que era mesmo.

Realmente, quando o Denver Post tentou comprovar tal coisa, a Sra. Corkell não atendeu ao telefone.

Quando o repórter Bob Byers perguntou ao padre de sua paróquia em Chicago, ele confirmou que o seu nome de baptismo era Bridie, mas não soube dizer se o de solteira era Murphy.

O mesmo aconteceu com o Reverendo Wally White.

Dificilmente, porém, o leitor adivinhará quem era essa tal Sra. Corkell, que o American “descobriu”.

Por uma das estranhas coincidências no caso, a Sra. Bridie (Murphy?) Corkell era mãe do editor do suplemento dominical do Chicago American, quando os artigos foram publicados!

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 28, 2013 9:42 pm

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7 - Comentários de Psiquiatras Sobre o Caso Bridey Murphy

O primeiro artigo de Life (OSAB) diz que “os psiquiatras que estudaram o caso não têm dúvidas de que, se Ruth Simmons pudesse lhes revelar completamente a sua vida, de preferência no estado de hipnose, eles poderiam terminar abruptamente a procura de Bridey Murphy”.

O que tal opinião realmente representa, contudo, é apenas o apego de tais psiquiatras ao princípio metodológico segundo o qual um fenómeno, cuja causa não foi realmente observada, deve ter causas presumivelmente semelhantes às de um outro fenómeno parecido e que foram devidamente constactadas.

Sem dúvida, trata-se de um bom processo científico, mas somente enquanto, a fim de se conseguir aplica-lo, não se tenha de ignorar certas diferenças entre o antigo fenómeno e o novo;
ou não se tenha de forjar semelhanças que não foram encontradas.

Com efeito, se não fossem tais limitações à aplicabilidade daquele princípio metodológico, jamais seriam descobertas as leis naturais ainda desconhecidas;
todos os factos novos teriam de ser desfigurados, a fim de se ajustarem ao leito de Procusto dos meios de explicação já conhecidos.

O aparecimento – seja espontâneo, seja sob hipnose – de personalidades aparentemente diferentes do paciente, mas, na realidade porções dissociadas de sua própria personalidade total, é hoje um fenômeno bem conhecido.

Há, contudo, casos de novas personalidades emergentes que resistem tenazmente à assimilação aos casos de mera dissociação, seja porque a nova personalidade denota possuir conhecimentos que o indivíduo, através de cujo corpo ela se expressa, certamente nunca teve, ou, pelo menos, muito provavelmente nunca teve.

Assim sendo, não consiste na aplicação de um processo científico, mas, ao contrário, de um recurso preconcebido e conservador, a opinião de alguns psiquiatras, no caso Bridey Murphy, segundo a qual Virginia deve ter aprendido, de algum modo, os factos e dados relativos à Irlanda mencionados por Bridey.

As declarações feitas, a propósito, por alguns especialistas, levaram um lúcido e imparcial psiquiatra de Denver, Dr. Jule Eisenbud, a dizer que, no caso Bridey Murphy, “os psiquiatras e psicólogos foram levados a um palavrório mais vazio do que Bridey em seus piores momentos”.

E outro psiquiatra igualmente culto e de espírito largo e aberto, o Dr. Ian Stevenson, acusa os autores do “Relatório Científico”, de terem presumido, gratuitamente, ab initio, qua as lembranças de uma encarnação passada não constituíam uma explicação válida das afirmações confirmadas de Virginia, ignorando, evidentemente, alguns dos factos apurados por Barker na Irlanda, e recorrendo ao velho truque de explicar os dados “analisando” os motivos de Bernstein.

Na verdade, transformar toda questão intrigante ad rem em uma questão ad hominem é a moléstia profissional de que os psiquiatras são mais atacados!

Nos psiquiatras por ela afectados, podem surgir fantasias ainda mais fantásticas do que a de seus pacientes.

Revele, ou não, aquele soi disant “Relatório Científico” motivos ocultos em Bernstein e Virginia, o facto é que mostra claramente a argumentação emotiva que o livro de Bernstein provocou no psiquismo dos supostamente frios cientistas que redigiram o relatório.

Não se deve esquecer, a propósito, que os psiquiatras levam em consideração o hipnotismo essencialmente como um instrumento de terapia, e que, mesmo que as noções a que chegaram do que é um estado hipnótico “de verdade” ou do que é a “verdadeira” natureza da inter-relação entre o paciente e o hipnotizador sejam válidas para finalidades terapêuticas, tais noções são, ao contrário, limitadas e mesquinhas, quando se aplicam ao hipnotismo em geral.

Tais noções tornam-se, então, os dogmas de uma crença, que funcionam, de certo modo, como os antolhos dos cavalos:
limitam a atenção e as hipóteses aos “seguidores” de tais dogmas apenas a um determinado segmento das inúmeras possibilidades do hipnotismo, ou das possíveis significações de algumas das coisas que ocorrem na hipnose.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 28, 2013 9:43 pm

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Assim, por exemplo, o Dr. Raginsky, no estudo “Hipnose Médica” com que contribuiu para o “Relatório”, comenta o facto de, na sexta sessão, ter Bridey conversado com Bernstein, chegando mesmo a fazer-lhe algumas perguntas.

Isso, diz o Dr. Raginsky, “dificilmente seria um verdadeiro estado hipnótico”, pois Virginia deixou de ser “a paciente hipnotizada típica, passiva e receptiva”.

Iss porque o horizonte do Dr. Raginsky é especificadamente o da hipnose médica, e por “verdadeiro” estado hipnótico ele, portanto, só admite o estado hipnótico adequado às finalidades médicas, jamais lhe ocorrendo a ideia de que o comportamento do paciente naquela ocasião pudesse ser a prova de que a hipnose é, às vezes, eficiente para certas finalidades alheias à psiquiatria, em particular para despertar capacidades paranormais no paciente, tal como a capacidade de se lembrar de uma vida que realmente precedeu o seu nascimento e concepção, ou a capacidade para a telepatia ou clarividência, que os primeiros hipnotizadores despertavam, às vezes, com êxito, em seus pacientes.

O sucesso daqueles “mesmeristas” ou “magnetizadores”, em comparação com o fracasso habitual dos hipnotizadores de conseguirem hoje a mesma coisa, talvez se explique pelo facto de serem os processos dos primeiros, ainda que condicionados por dogmas que, mesmo sendo como os do presente, um tanto fantasiosos, eram contudo diferentes e, em verdade, eficientes quanto à finalidade de despertarem capacidades paranormais latentes.

O campo do hipnotismo apresenta a peculiaridade de, nele, qualquer crença determinada acalentada pelo hipnotizador quanto à relação do hipnotizado com o hipnotizador – por exemplo, a crença de que o hipnotizado é passivo e receptivo, e o hipnotizador activo e directivo – leva a gerar, automaticamente, provas empíricas de sua própria correcção!

Com efeito, a crença do hipnotizador quanto à natureza da relação entre ele próprio e o paciente condiciona a própria atitude do hipnotizador, o tom de sua voz, seus modos e, em particular, o processo de indução da hipnose;
e essas características do seu comportamento acarretam poderosas sugestões quanto ao papel determinado que o paciente deve representar.

E a fiel execução, por parte do paciente, do papel que lhe foi imposto automaticamente é que o hipnotizador acredita ser o papel do hipnotizado na “verdadeira” relação entre os dois, e é, então, considerado pelo hipnotizador como a prova que confirma quanto é correta a sua concepção com tal relação.

A medicina não é uma ciência, e sim uma arte prática que, contudo, como outros ramos afins, avança tanto quanto pode no conhecimento das ciências até agora conquistadas.

No caso da medicina, as ciências relevantes são, principalmente, a física, a química e a biologia.

A psicologia,quer em sua modalidade behavorista, que na fisiológica, que recente, mas não totalmente, foi admitida na companhia daquelas ciências adultas, tem contribuído muito pouco para a medicina, até agora.

E a psiquiatria, que por enquanto não passa de um ramo infantil da medicina, tem ainda menos direito, que a maioria dos ramos mais velhos, à condição de ciência.

O título do livro, “Relatório Científico” sobre “A Procura de Bridey Murphy”, é, portanto, ingenuamente pretensioso.

O facto é que, quanto mais realmente cientista é um psiquiatra, tanto menos pontifica em nome da Ciência, como fazem, em muitos lugares, os autores daquele livro.

8 - Que Conclusões Sobre o Caso Podem e Não Podem ser Tiradas

Podemos agora resumir o resultado de nosso exame e comentários sobre o caso Bridey Murphy.

Ele é, por um lado, a constatação de que nem os artigos de jornais e revistas que mencionamos e comentamos, nem os comentários do chamado “Relatório Científico” e de outros psiquiatras, hostis à hipótese da reencarnação, conseguiram desmentir, ou mesmo apresentar um sólido argumento contrário à possibilidade de muitas das declarações da personalidade de Bridey serem lembranças verdadeiras de uma vida anterior de Virginia Tighe, há mais de um século, na Irlanda.

Por outro lado, por motivos outros que não os apresentados por vários críticos hostis, mas que não dispomos de espaço para examinar detidamente, as constatações, resumidas por Baker, dos pontos obscuros na Irlanda, mencionados por Bridey nas seis conversas com Bernstein, não provam que Virginia seja a reencarnação de Bridey, nem oferecem argumentos muito ponderáveis a seu favor.

Em compensação, constituem uma prova bem valiosa de que, nos transes hipnóticos, manifestaram-se conhecimentos paranormais de uma ou outra de várias espécies possíveis, relacionados com factos desconhecidos, ocorridos no Século XIX, na Irlanda.

§.§.§- O-canto-da-ave
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jul 29, 2013 8:15 pm

O Caso Shanti Devi

O Regresso de Uma Mulher que Morreu de Parto

Jane Sherrod Singer

Nenhum caso moderno de reencarnação tem sido mais examinado do que este renascimento de uma jovem indiana.

É um exemplo clássico da tradição hindu se fazendo sentir nos tempos modernos.
A autora é formada em psicologia pela Universidade da Califórnia.

“A velha Índia, a terra em forma de coração de belas mulheres vestidas de sari e belos homens com suas camisas brancas sem colarinho, combinadas com os folgados dhotis, tem, como parte integrante de suas crenças religiosas, a doutrina da reencarnação.

Os hindus vêem o tempo não como um rio correndo, mas como um lago.
Ondas ou ondulações podem aparecer, mas o lago permanece imutável, para todo o sempre.

A casta em que cada um nasce, dizem eles, é o resultado de uma vida passada, e cada um renascerá em uma vida futura de acordo com o seu comportamento nesta vida.

Os hindus aceitam esses factos com a mesma confiança com que esperam o amanhecer de um novo dia.

Foi, no entanto, um choque para eles, e para todo o mundo, quando encontraram em Shanti Devi a possível prova dessa parte da filosofia intangível do hinduísmo.

Shanti Devi nasceu em 1926, na antiga capital da nação, Delhi.
O acontecimento foi alegre, mas não espectacular.

Shanti não desceu nas costas de um pavão, como Sarasvati, deusa das artes criativas, nem foi trazida, como Parvati, por Siva cavalgando um touro.

Sua família era remediada, mas nem de longe rica como os marajás.
Durante os primeiros anos de vida, Shanti não foi mais que uma criancinha bonita e querida.

Engatinhou, aprendeu a andar e a falar.

Quando chegou à idade de três anos, seus pais se divertiam muito porque, repetidamente, ela falava a respeito de seus maridos e seus filhos.

- Ela vai se casar cedo - brincou o pai - Precisamos ir preparando o dote.
Até já comprei uma pulseira de ouro para o dia das bodas.

- Fico muito satisfeita com o que ela diz, pois é uma prova que vê que somos felizes, e quer ter uma vida igual à nossa
- observou a mãe.

À medida que iam passando os meses, Shanti falava cada vez mais sobre o “marido” e os “filhos”.
Sua teimosia em se apegar àquilo, em vez de se interessar pelos assuntos que dizem respeito às criancinhas, acabou preocupando os pais.

- Quem é esse marido de quem você tanto fala? – perguntou-lhe a mãe.

- O nome do meu marido é Kedarnath – respondeu a menina, sem hesitação.
Ele mora em Mutra. A nossa casa é de estuque amarelo, com enormes portas em arco e janelas de treliça.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jul 29, 2013 8:16 pm

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O nosso jardim é grande e cheio de cravos-de-defunto e jasmins.
Grandes galhos de buganvília vermelha sobem pela casa.

Muitas vezes nós nos sentávamos na varanda, olhando o nosso filhinho brincar no chão ladrilhado.
Nossos filhos ainda estão lá com o pai.[/i]

Os pais de Shanti foram ficando cada vez mais preocupados. Perceberam que não se tratava de uma criança normal. Com medo de que a filha estivesse louca, levaram-na ao médico da família.

O Dr. Reddy, que fora alertado sobre o problema, assegurou aos pais que Shanti era uma criança normal e muito inteligente, que inventara aquelas conversas para chamar a atenção.

Com a vantagem que lhe dava a sua qualidade de médico, iria fazê-la confessar que inventara aquelas fantasias - prometeu.

Shanti, metida em seu pequeno sari, sentou-se na dura cadeira de madeira do médico e cruzou os braços, enquanto respondia às perguntas do Dr. Reddy. Repetiu tudo o que dissera antes aos pais.

- Então, como é que você não passa de uma menininha? - perguntou o médico.
- Sabe de uma coisa? - retrucou Shanti.
- Eu me chamava Ludgi e morri há cerca de um ano, quando dava à luz outro filho.

O médico e os pais entreolharam-se.
- Continue – convidou o Dr. Reddy. – Conte tudo mais.

- A minha gravidez foi difícil desde o começo
– continuou a menina.
Não me sentia bem, e quando vi que se aproximava o dia, comecei a ter medo de não estar em condições.

Sentia-me cada vez pior, e, quando ocorreu o parto, a criança estava em posição invertida.
Ela escapou, mas eu morri.


A todas as perguntas do médico, a menina dava respostas pertinentes.

Shanti foi levada para fora do consultório por uma enfermeira, enquanto o Dr. Reddy conversava com os pais.

Era de todo impossível – concordaram - que aquela filha única, educada com tanto recato, tivesse em mente tão impressionantes pormenores de uma gravidez difícil.

Nos quatro anos seguintes, os alarmados pais levaram Shanti de um médico a outro.
Todos eles ficavam estupefactos, sem encontrar explicação para o caso.

Quando a menina tinha oito anos, seu tio-avô, o Professor Kishen Chand, resolveu tomar o problema em suas próprias mãos.

Era evidente que a garota não se afastava de sua narrativa.

Tudo aconselhava uma investigação, a fim de descobrir se, em Mutra, um homem chamado Kedarnath perdera a esposa, chamada Ludji, no ano de 1925.

Assim sendo, o professor escreveu uma carta, contendo perguntas pertinentes, e enviou-a ao endereço que Shanti tantas vezes mencionara durante os interrogatórios.

Quando a carta chegou a Mutra, foi aberta e lida por um estupefacto viúvo chamado Kedarnath.
Os factos eram estarrecedores, pois, na verdade, ele ainda estava sofrendo com a perda de sua esposa.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jul 29, 2013 8:17 pm

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No entanto, embora fosse um devoto hindu, não podia admitir que Ludgi tivesse renascido e vivesse em Deli, lembrando-se nitidamente de sua vida em comum.

Desconfiado de algum plano sinistro, talvez visando lesá-lo, Kedarnath escreve a um primo, o Sr. Lal, que morava em Deli, pedindo-lhe para entrar em contacto com Shanti e sua família.

O primo, que estivera muitas vezes em casa de Kedarnath quando Ludgi estava viva, poderia interrogar a criança, para provar que ela era uma impostora e seus pais desprezíveis chantagistas.

Pretextando negócios, Lal marcou um encontro com Devi em sua casa.

Quando lá chegou, Shanti, que tinha então nove anos, estava ajudando a mãe a preparar uma sopa de legumes, e foi abrir a porta para o visitante.

A Sra. Devi ouviu um grito abafado e foi ver o motivo.
Shanti atirara-se aos braços do estupefacto visitante.

- Mamãe! - exclamou, soluçando de emoção.
- Este é um primo de meu marido.
Morava não muito longe de nós em Mutra e depois se mudou para Deli.
Estou tão alegre de vê-lo! Entre, entre!
- acrescentou, dirigindo ao recém-vindo.
- Quero saber notícias de meu marido e de meus filhos.

Naquele momento, apareceu Devi, todos os quatros entraram e iniciaram a mais incrível e agitada das conversas.

Lal confirmou todos os factos que Shanti vinha contando há anos.
Havia, realmente, um Kedarnath que se casara com uma jovem, Ludgi.

Sua esposa tivera dois filhos, pelo mais moço dos quais tinha uma predilecção acentuada, até que morreu de parto, quando ia ter o terceiro.

Shanti concordava, com uma indicação de cabeça, enquanto Lal falava.

O professor Chand foi chamado para se juntar ao grupo, e cooperar para que fossem tomadas as providências adequadas.

Ficou decidido que Kedarnath e o filho predilecto iriam a Deli, como hóspedes dos Devi.

Quando chegaram, o filho de Kedarnath quase foi derrubado pela menina, menor do que ele, que tentava carrega-lo e o cobria de beijos, chamando-o pelos apelidos carinhosos, que o menino já havia quase esquecido.

Quanto a Kedarnath, Shanti o tratou como se fosse uma adulta, como uma esposa submissa, fazendo questão de servi-lhe queijo e biscoitos, com os mesmos modos cerimoniosos característicos de Ludgi.

Os olhos de Kedarnath encheram-se de lágrimas.
Comovida, Shanti procurou consolá-lo, com palavras carinhosas, que somente Ludgi e o marido conheciam.

Apesar da insistência de Shanti, Kedarnath negou-se a deixar o filho com a família Devi.

No fundo, aterrorizados com os estranhos acontecimentos, pai e filho regressaram a Mutra, a fim de reflectirem sobre o caso.

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 30, 2013 9:06 pm

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A notícia incrível de ocorrência chegou aos ouvidos de Desh Bandu Gupta, Presidente da Associação de Imprensa da Índia e membro do parlamento Indiano, que resolveu consultar cientistas e outras pessoas responsáveis, ficando decidido que, se o caso de Shanti fosse uma farsa, deveria ser desmascarado.

Se, ao contrário, a criança fosse a reencarnação de Ludgi ou se possuísse algum poder oculto que lhe permitia revelações tão pormenorizadas, a Índia estaria testemunhando o mais espantoso fenómeno da história moderna.

De qualquer maneira, tornavam-se necessárias novas investigações.
Chegou-se à conclusão de que o mais aconselhável seria levar Shanti a Mutra, e mostrar-lhe a casa onde ela afirmava ter vivido e morrido.

Um pequeno grupo tomou o trem, rumo a Mutra:
Shanti, seus pais, Gupta, um advogado chamado Tara C. Mathur, assim como cientistas, repórteres e outras pessoas gratas.

Quando o trem chegou à estação, Shanti deu um grito de alegria e começou a acenar para várias pessoas que se encontravam na plataforma.

Explicou, correctamente, quais eram os pais do seu marido.

Depois de descer do trem, conversou com eles, fazendo perguntas pertinentes, e falando não o hindustani, que havia aprendido em Deli, mas o dialecto da região de Mutra.

Os viajantes vindos de Deli entraram nos carros que os esperavam, e começou uma das provas mais decisivas:
saber se Shanti conhecia o caminho de sua suposta casa.

Obedecendo às instruções da menina, seguiram por ruas estreitas e tortuosas, assustando os pedestres e as vacas sagradas que dormiam pacatamente nas portas das casas.

Por duas vezes, Shanti hesitou antes de ensinar o caminho, pedindo que lhe desse algum tempo para reflectir, mas indicou, afinal, em ambos os casos, a direcção correcta.

Enfim, mandou parar.
- A casa é esta – disse - Mas a cor é diferente.
No meu tempo, era amarela. Agora é branca.


Não podia haver dúvida.
Kedarnath e seus filhos, porém, já não moravam ali, e os novos ocupantes negaram-se a deixar a comissão examinar o prédio.

A pedido de Shanti, ela foi levada à casa onde Kedarnath passara a residir.
Lá chegando, chamou os dois meninos pelo nome, mas não reconheceu a criança cujo nascimento custara a vida de Ludgi.

Em seguida, Shanti foi à casa da mãe de Ludgi, uma velha que ficou confusa e aterrorizada com aquela menina que agia como Ludgi, falava como Ludgi e sabia de coisas que só Ludgi conhecia.

No entanto, ainda chorando a morte da filha, lembrou todos os detalhes de seu falecimento e dos funerais.
Era demais, para a mente perplexa e cansada da velha.

Quando perguntaram a Shanti se nada mudara na casa de sua mãe, ela respondeu prontamente que não estava mais vendo o poço.

Gupta mandou escavar o local que ela indicou, e foi realmente encontrado um poço, coberto com tábuas e cheio de lama.

Kedarnath perguntou a Shanti o que Ludgi fizera com vários anéis que ela escondera antes de morrer.

Shanti respondeu que ela os pusera em um pote, que enterrara no jardim da casa em que moravam.
A comissão de investigação encontrou, realmente, as jóias no local indicado por Shanti.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jul 30, 2013 9:07 pm

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Nos dias que se seguiram àquele começo sensacional, nenhuma solução se apresentou.
O caso se transformou em um beco sem saída, pela impossibilidade de qualquer explicação científica.

Houve, contudo, muita sensação, além do noticiário internacional, tanto em Deli como em Mutra, provocando embaraço e aborrecimentos.

A menina vivia cercada de curiosidade, e era objecto de comentários desagradáveis.

Evidentemente, Shanti não podia assumir o papel de mãe de meninos mais velhos do que ela, e seu amado Kedarnath aproximava-se dela com apreensão, e não com afecto.

Shanti compreendeu que estava vivendo em dois mundos e que, embora se sentisse atraída pelo passado, esse era mais penoso e difícil que o presente.

Aceitando o conselho de outros, aos poucos, com esforço e sofrimento, afastou-se de sua família de Mutra e tratou de viver como uma jovem em Delhi.

Em 1958, cerca de um quarto de século mais tarde, um operoso repórter reabriu o seu caso.
Encontrou Shanti levando uma vida tranquila e discreta, como funcionária pública em Deli.

Jornais em todo mundo relembraram o caso, mas Shanti negou-se a fornecer novos esclarecimentos.

- Não quero reviver minhas vidas passadas, seja esta, seja minha existência anterior em Mutra – disse ela.
Foi muito difícil para mim dominar a vontade de voltar à minha família.
Não desejo reabrir aquela porta fechada.


O Professor Indra Sem, da Sri Aurobindo Ashram (Retito Sagrado), de Pondicherry, tem toda a documentação do inexplicável caso de Shanti Devi.

Os cientistas e letrados que estudaram o caso só puderam dizer, com certeza, duas coisas:
uma menina, nascida em Delhi, no ano de 1926, sabia de factos positivos acerca de uma mulher que morreu em 1925, e forneceu informações minuciosas e correctas acerca da família da morta e da cidade de Mutra, situada a muitas centenas de milhas de distância.”

§.§.§- O-canto-da-ave
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 31, 2013 9:08 pm

O Caso Swarnlata

Este caso é inusitado pois o sujeito alega lembrar-se de duas encarnações anteriores.

Tratarei da mais antiga e mais importante.

Swarnlata nasceu a 2 de março de 1948, filha de M. L. Mishra, assistente de um inspector distrital escolar, e viveu, no período a que nos referimos, em várias cidades de Madhya Pradesh, Índia.

A partir da idade de três anos e meio, exibiu memórias de uma vida anterior como Biya, filha de uma família chamada Pathak, de Katni, Madhya Pradesh, e (soube-se depois) esposa de Sri Chintamini Pandey, de Maihar, cidade ao norte de Katni.

Deve-se notar que a família Mishra nunca viveu a menos de 160 quilómetros de Katni.

Swarnlata confiou fragmentos de suas memórias, principalmente a seus irmãos e irmãs, mas até certo ponto, também a seus pais.

Ela ainda retinha suas memórias em 1958, quando conheceu Srimati Agnihotri, senhora de Katni, que alegou reconhecer a sua vida anterior.

Isto levou M. L. Mishra, seu pai, a escrever algumas das declarações dela, o que fez em setembro de 1958.

Em março de 1959, H. N. Banerjee, parapsicólogo hindu, passou dois dias com a família Mishra investigando o caso.

Anotou nove declarações feitas por Swarnlata sobre a residência dos Pathak.
Visitou Katni, e guiado pelas declarações de Swarnlata conseguiu achar correctamente a casa da família Pathak.

Foi o primeiro a estabelecer as correspondências entre as memórias de Swarnlata, de uma vida passada, e a vida de Biya, a filha dos Pathak, que morrera em 1939.

No verão de 1959, membros da família Pathak e da família do marido de Biya viajaram até a casa de Swarnlata.

Tomaram muito cuidado para não dar pistas para Swarnlata, e fizeram várias tentativas para enganá-la.

No entanto, ela conseguiu reconhece-los, e não se enganou.
Pouco depois, Swarnlata foi levada a katni e Maihar, onde Byia vivera.
Ela reconheceu mais lugares e pessoas, e comentou várias mudanças que tinham ocorrido desde a morte de Biya.

Seu pai, M. L. Mishra, tomou notas escritas de alguns dos reconhecimentos logo depois que ocorreram.

Swarnlata parece que, depois, foi aceita como Byia pelos Pathak e Pandey, e estabeleceu relações afectuosas com os “irmãos” e “filhos” da vida anterior.

Stevenson ficou quatro dias investigando o caso, no verão de 1961.
Entrevistou quinze pessoas das três famílias envolvidas, incluindo a própria Swarnlata.

Os intérpretes não foram necessários, na maioria dos casos.

Também teve à sua disposição documentos e notas sobre o caso preparados por H. N. Banerjee (v. acima) e notas feitas pelo prof. Pal durante seu estudo do caso em 1963.

Depois de ir-se, manteve correspondência com Swarnlata e seu pai, e encontrou Swarnlata de novo, em novembro de 1971, quando ela já obtivera o bacharelado e o mestrado em botânica, com distinção.

Disse que não tinha perdido suas memórias da vida anterior.
Isto talvez por causa da tolerância da família Mishra.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 31, 2013 9:09 pm

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Agora apresentarei uma lista sumária, da tabela de Stevenson, das várias declarações feitas por Swarnlata, antes de conhecer qualquer membro de sua família anterior.

A maioria delas foi anotada por seu pai.

Foram os itens 6, 13 e 14 que permitiram que H. N. Banerjee encontrasse a casa dos Pathak sem ajuda, quando foi a Katni, em março de 1959.

Para acederem a esta tabela abram a Pág. http://br.geocities.com/existem_espiritos/o_caso_swarnlata.html

Além dos reconhecimentos e das declarações correctas de Swarnlata, certos aspectos de seu comportamento precisam ser mencionados.

Com a família Mishra ela se comportava como uma criança (um tanto séria);
mas quando com os Pathaks, ela se comportava como a irmã mais velha de seus “irmãos”, que de facto tinham quarenta anos ou mais do que ela.

Estes aceitaram-na completamente, e a ligação emocional entre eles tornou-se muito forte, se bem que não interferiu em sua afeição por sua família natural.

Quando a sós com as “crianças” de sua vida anterior (homens muito mais velhos que ela) ela relaxava completamente e tratava-os como uma mãe faria.

Nem Rajendra Prasad Pathak (o segundo irmão de Biya) nem Murli Padey (seu filho) acreditavam em reencarnação antes de conhecerem Swarnlata/Biya.

A diferença de quase dez anos entre a morte de Biya e o nascimento de Swarnlata é incomumente grande, pelos padrões de tais casos.

Swarnlata, de facto, tinha algumas memórias fragmentárias de uma vida intermediária em Sylhet, em Bangladesh (na época, Assam).

Ela deu seu nome como Kamlesh, e mostrou saber alguma coisa da geografia do distrito.

Uma investigação adequada não foi possível.
Swarnlata reteve algumas memórias de música e dança que aprendeu em sua encarnação de Sylhet.

As letras das músicas estavam em bengali (Swarnlata só falava hindi).
O prof. P. Pal, nativo de Bengala, transcreveu as canções e traduziu-as em inglês.

Duas em cada três claramente derivavam de poemas de Rabindranath Tagore.
As danças de acompanhamento eram em estilo apropriado.

Temos aqui um exemplo de xenoglossia recitativa (v. capítulo 7).

A questão que naturalmente surge é se Swarnlata poderia ter aprendido as canções, por meios ordinários, antes dos 5 anos, quando começou a cantá-las.

Stevenson considera em detalhe a possibilidade de que ela possa tê-las visto num filme (um filme numa língua que não fosse a dela), ouviu-as no rádio, ou presenciou uma apresentação delas.

Ele acha muito improvável que poderia tê-las aprendido normalmente;
mas não tenho espaço para detalhar a argumentação.

Agora, de maneira preliminar, apresentei as peças do quebra-cabeça, e precisa-se, então, ver como as peças possam ser dispostas, ou em outras palavras, que explicação pode ser dada, para os factores aparentemente paranormais do caso.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jul 31, 2013 9:10 pm

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Ao abordar esta questão, tentarei, tanto quanto possível, passar ao largo do caso Swarnlata e fazer comentários gerias sobre as descobertas de Stevenson, mas o volume de seu trabalho é tão grande que quaisquer observações minhas seriam inadequadas.

O ponto de partida óbvio está naqueles enfoques que tentam normalizar o paranormal, e demonstrar que, a despeito de todas as aparências em contrário, não há nada nestes casos que não possa ser explicado em termos comuns.
Os cacetes com que os defensores deste enfoque querem bater em seus oponentes são, em ordem crescente de poder destrutivo:
erros de memória combinados com exagero retrospectivo, memória genética, fraude e criptomnesia.

Os dois primeiros podem ser prontamente descartados, tanto pela publicação de Stevenson dos casos em geral, quanto pelo de Swarnlata em particular.

Sem dúvida, o testemunho contém um salpico de erros sobre o que o sujeito disse ou não disse, antes de suas primeiras reuniões com as famílias das personalidades anteriores e, sem dúvida, haveria a tentação de enriquecer as supostas afirmações do sujeito com factos aprendidos após a primeira reunião.

Mas não creio que ninguém que estude seriamente os relatórios de Stevenson conclua que isto seja mais que um pequeno factor para apoiar as declarações e reconhecimentos correctos que os sujeitos teriam feito.

Certamente não pode ser um factor importante no caso de Swarnlata, em que um número substancial de afirmações foi anotado e passado a um estranho antes do primeiro encontro das duas famílias.

O sr. Ian Wilson (172, pp. 56-57) parece pensar que possa haver uma fraqueza subjacente em algumas evidências coligidas por Stevenson, porque duas pessoas que o assistiram num certo número de investigações na Índia e em Sri Lanka eram crentes ardorosos da reencarnação.

Devo imaginar que outros dos ajudantes de Stevenson possam ser incluídos nessa categoria, e que o próprio Stevenson tenha o seu interesse em filosofias reencarnacionistas, porém, o criticismo me parece ilegítimo.

Nem o trabalho prático de uma pessoa nem seus argumentos podem ser minados apontando as esperanças, por mais fortes que sejam, que possam tê-los inspirado, como base de inferência psicológica.

O trabalho prático só pode ser demolido pela detecção de falhas no projecto, no método, no mecanismo, na técnica, etc;
os argumentos só podem ser demolidos pela assinalação de hipóteses falsas ou lógica incompleta.

Qualquer alegação contrária deve ser basicamente invalidada por si mesma.

Quanto á memória genética, tanto quanto eu saiba, não há evidência aceitável;
e na maioria dos casos de Stevenson, a personalidade actual não descendia, biologicamente falando, da anterior.

As possibilidades de fraude são muito mais difíceis de determinar.
Na maior parte, é preciso avaliar essas possibilidades para cada caso em particular.

No caso de Swarnlata, a fraude parece excepcionalmente improvável.
Não houve evidência de que Swarnlata ou seu pai tenham se beneficiado financeiramente.

Seu pai recebeu alguma publicidade com o caso, que para alguns já parece motivo suficiente para fraude.

Mas, mesmo assim, resta o problema de como ele, sem atrair atenção, obteve tanta informação detalhada e altamente pessoal sobre a vida particular dos Pathak, e teve tanto sucesso em introduzir Swarnlata na casa deles.

Nada que Stevenson pôde descobrir sobre ele, por parte de pessoas que o conheciam, ofereceu qualquer base para suspeitar que ele agira de má-fé, e deve-se lembrar que Stevenson permaneceu em contacto com o pai e a irmã por muitos anos.

Parece haver, além disso, algumas razões gerais pelas quais a fraude não pode ser vista como explicação provável dos elementos aparentemente paranormais em casos desta espécie.

Uma é que casos em regiões muito diferentes do mundo exibem características bem semelhantes (listadas anteriormente), características que, na maior parte, faltam naqueles poucos casos em que se detectou fraude.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 01, 2013 8:42 pm

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Criptomnesia é uma explicação que deve ser avaliada caso por caso.
No caso de Swarnlata, parece-me quase inconcebível que a criptomnesia fosse a resposta.

As famílias Mishra e Pathak negaram qualquer conhecimento prévio, e nunca viveram a menos de 150 quilómetros uma da outra.

A principal possibilidade de uma linha de comunicação era que a mãe de Swarnlata provinha de uma região onde a família Pathak tinha interesses comerciais.

Seu nome de solteira era Pathak, muito embora não tivesse qualquer vínculo com os Pathak de que Biya fora filha.

Um dos irmãos de Biya conhecia superficialmente um primo da mãe de Swarnlata.
Os Mishra também passaram por Katni de tempos em tempos.

No entanto, mesmo se Swarnlata ou seus pais ouvissem algo sobre os Pathak de Katni, e então esquecessem (e não há nada que sugira isto), certamente isto não incluiria detalhes íntimos dos quais Swarnlata mostrou conhecimento, nem poderia explicar seu reconhecimento de muitos parentes e servos de sua suposta vida anterior.

Em outros dos casos de Stevenson (não em grande número), a probabilidade de criptomnesia parece maior – as duas famílias envolvidas moravam perto uma da outra ou os pais da personalidade actual, sem dúvida sabiam algo da vida e da morte da personalidade anterior.

Mas Stevenson, muito razoavelmente, aponta que:

a) muitos de seus sujeitos tinham 3 anos ou menos quando exibiram suas primeiras memórias aparentes de uma vida anterior;

b) diversamente dos sujeitos em muitos dos casos clássicos de criptomnesia demonstrados, neste caso, eles não estavam hipnotizados, mas no estado de vigília normal; e

c) até agora, nenhum destes casos forneceu evidência clara de criptomnesia – não houve nada que associasse indubitavelmente as declarações do sujeito com alguma fonte de informação à qual ele sem dúvida teve acesso.

Parece-me muito improvável que fraude ou criptomnesia tenham sido factores mais que marginais para produzir as declarações certas e reconhecimentos tão frequentemente encontrados nas páginas dos relatórios de Stevenson.

As tentativas de normalizar o paranormal nesta área não se mostraram convincentes.
Portanto, precisamos passar a considerar as explicações que envolvem factores ou processos paranormais.

Os factores ou processos mais comummente invocados são PES, obsessão pelo espírito de alguma pessoa morta e a reencarnação propriamente dita.

A teoria da telepatia sofre várias limitações óbvias.

Na grande maioria dos casos, a pessoa pretensamente reencarnada não dá sinal de ter qualquer capacidade especial de PES (Swarnlata, porém, foi percipiente de um caso não muito impressionante de PES espontânea);
algumas das personalidades reencarnadas exibiram habilidades características da personalidade anterior, e já argumentei que habilidades não podem ser adquiridas por PES; em alguns casos, a informação adquirida telepaticamente teria de vir de mais de uma fonte;

e nuns poucos casos a informação não parece ter sido adquirida, mas ter sido organizada num padrão apropriado à mente da personalidade anterior.


Os últimos dois pontos deixaram claro que, de novo, nos confrontamos com o que só pode ser chamado de uma versão da hipótese da super-PES.

Vale a pena citar a exposição que Stevenson faz destes dois pontos com relação ao caso de Swarnlata (153g, pp. 347-348):

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 01, 2013 8:43 pm

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Os irmãos Pathak sabiam das mudanças na casa dos Pathak em Katni e de quase todos os outros factos lembrados por Swarnlata sobre os acontecimentos em Katni, muito embora não se lembrassem das incrustações de ouro nos dentes de sua irmã Biya.

Mas é extremamente improvável que soubessem algo do episódio da latrina, que Swarnlata contou a Srimati Agnihotri, e é igualmente improvável que soubessem algo do dinheiro tomado de Biya por seu marido.

Ele não contara isto a ninguém, por razões óbvias.

Ora, é possível que Swarnlata extraísse itens diferentes de informação de diferentes pessoas, Ada uma como agente de alguns itens, e não de outros... mas o que se torna digno de nota é o padrão da informação que Swarnlata assim extraiu.

Nada não conhecido de Biya, ou que aconteceu depois da morte de Biya, foi afirmado por Swarnlata durante essas declarações.

Precisamos, de algum modo, explicar não só a transferência de informação para Swarnlata, mas a organização da informação em sua mente num padrão análogo ao de Biya.

A percepção extra-sensorial pode explicar a passagem de informação, mas não creio que por si só possa explicar a selecção e disposição da informação num padrão característico de Biya.

Pois se Swarnlata ganhou sua informação por percepção extra-sensorial, por que não deu os nomes das pessoas desconhecidas de Biya, quando as encontrou pela primeira vez?
A percepção extra-sensorial da magnitude aqui proposta não deveria discriminar entre alvos guiados por algum princípio organizador dando um padrão especial às pessoas ou objectos reconhecidos.

Parece-me que devemos supor que a personalidade de Biya, de algum modo, conferiu o padrão de sua mente ao conteúdo da mente de Swarnlata.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 02, 2013 9:57 pm

O Caso Imad Elawar Dos Arquivos do Dr. Ian Stevenson
Helen McCarthy

O Dr. Ian Stevenson, Professor do Curso de Pós-Graduação da Escola de Medicina da Universidade da Virgínia, é, provavelmente, a maior autoridade mundial em pesquisas científicas sobre a reencarnação.

O caso apresentado a seguir ilustra seus métodos de investigação.

O moderno interesse científico pelo estudo da reencarnação pode ser atribuído, directamente, a um eminente pesquisador, o Dr. Ian Stevenson, de Charlottesville, Estado da Virginia, cuja diligência e audácia o tornaram pioneiro na aplicação das técnicas contemporâneas naquele campo multissecular do interesse e curiosidade humana.

Até o Dr. Stevenson ter começado a aplicar métodos modernos de registo, verificação e análise dos casos de reencarnação, os incidentes relativos ao renascimentos ficavam restritos à categoria de lenda, do folclore e das afirmações não comprovadas.

É, portanto, particularmente interessante relembrar um dos casos mais interessantes do Dr. Stevenson, entre os mais de oitocentos que ele registou e os mais de cem que ele considera como plenamente investigados.

Antes, algumas palavras sobre a própria personalidade.

O Dr. Stevenson nasceu em Montreal, em 31 de outubro de 1918. Como filho de Quebec, o francês lhe é familiar, mas seu conhecimento do alemão é também dos melhores, e ele tem trabalhado com diversos outros idiomas em suas pesquisas, inclusive o espanhol e o português.

O Dr. Stevenson começou a estudar medicina na Universidade McGill, depois se relacionou com a Alton Ochsner Medical Foundation, de Nova Orleans, e o Cornell Medical College;

foi assistente e livre-docente da Psiquiatria, de 1949 a 1957, na Escola de Medicina da Universidade Estadual de Louisiana.

De então para cá, trabalha na Escola de Medicina da Universidade de Virginia;
foi chefe de seu Departamento de Neurologia e Psiquiatria até 1967, e, a partir de então, professor do curso de pós graduação, cadeira de Psiquiatria.

Há muitos anos grande parte de seus trabalhos de pesquisa tem se voltado para a parapsicologia em geral, e para a reencarnação, em particular.

O intensivo trabalho de pesquisas sobre o renascimento, por parte do Dr. Stevenson, iniciou-se em 1953.

Sua contribuição vitoriosa em um concurso de ensaios sobre o pioneiro psicólogo e filósofo da religião, William James, foi publicada em 1960, com o título “A Prova da Sobrevivência Pelas Lembranças de Encarnações Anteriores”.

Seguiram-se numerosos trabalhos, em revistas especializadas.

Um ponto de referência na obra do Dr. Stevenson é “Casos Sugestivos de Reencarnação na Década de 20” [1], publicada pela Sociedade Americana de Pesquisas Públicas, no qual Stevenson menciona sete casos registados na Índia, dois no Brasil, sete no Alasca e um no Líbano.

Em Freiburg, na Alemanha, em 1968, o Dr. Stevenson comunicou à décima primeira convenção anual da Associação de Parapsicologia que completara os trabalhos sobre 30 novos casos, de qualidade significativa.

Quando o número de casos investigados por Stevenson se aproxima de mil, qual será o mais cuidadosamente observado e registado?

A resposta a essa pergunta é dada pela natureza dos casos e pelos próprios tipos de investigação.

Na maior parte dos casos, a prova da reencarnação tem base relativamente precária.

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