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Casos de Obsessão

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jun 30, 2012 8:28 pm

Caso extraído do Capítulo 11Obsessão e Possessão – do livro de Alan Gauld, Mediunidade e Sobrevivência

O Caso Thompson-Gifford


O caso de obsessão mais volumosamente documentado, e provavelmente o mais extraordinário de todos que foram sujeitos a investigação, é geralmente conhecido como caso Thompson-Gifford.

O principal investigador, prof. J. H. Hyslop (1854-1920), antigo professor de Lógica e Ética na Universidade de Colúmbia, foi secretário e chefe executivo da ASPR, que, de facto, refundara em 1907.

Um dedicado crente na imortalidade, ele era, sem dúvida, um defensor obstinado do registo e da publicação de todos os detalhes das sessões, investigações, etc., e seu relatório sobre o caso Thompson-Gifford ocupa 469 páginas das Actas da ASPR do ano de 1909 (71a; cf. 71c, pp. 203-230), como resultado de suas investigações, ele se convenceu de que certos sintomas de aparente distúrbio mental podem, por vezes, ser devidos á influência de espíritos obsessores.

Encontrou, depois, mais outros casos que achou que sustentavam esta opinião, e investigou-os pelos métodos que tentara no caso Thompson-Gifford.

Estes métodos envolviam consultar vários médiuns diferentes, com e sem a presença da pessoa obsediada.

Cada um dos médiuns deveria “ver”, por clarividência, as entidades obsessoras, serem eles mesmos controlados por elas, etc.

Se as afirmações feitas por ou através dos vários médiuns concordassem umas com as outras, e com os sintomas dos pacientes, Hyslop diagnostificaria uma obsessão verdadeira, e poderia aconselhar uma cura, sob essa hipótese.

Depois da morte de Hyslop, seus experimentos foram assumidos por um colega, o dr. Titus Bull, neurologista praticante em Nova Iorque (86a; 86b).
Parece que Bull, eventualmente, deu o passo suplementar de dispensar qualquer contato directo entre paciente e médium (134).

Ele agia como um assistente-procurador em benefício da pessoa obsediada.

Ora, se sob estas condições:

a) as entidades obsessoras se comunicaram e deram informação correctas sobre si mesmas;

b) sem que o paciente soubesse, estas entidades foram convencidas ou forçadas a sair; e

c) o paciente se recuperou, teríamos um caso apresentando severas e óbvias dificuldades para a hipótese da super-PES.

Não sei se algum dos casos de Bull satisfez a esses critérios.
Os registos que foram publicados relacionaram-se principalmente ao período inicial.

Ele parece ter tido, como Wickland, uma boa taxa de sucesso.
Infelizmente, e também como Wickland, ele tinha uma tendência a aceitar o mero facto da cura como sustentando sua teoria.

Não se desviou do caminho para verificar as declarações dos comunicadores sobre si mesmos.

Mas, voltando ao caso Thompson-Gifford:
a pessoa “obsediada” aqui era Frederic L. Thompson, com 36 anos no início dos eventos.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jun 30, 2012 8:29 pm

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Thompson tinha a profissão de ourives, e ocasionalmente mostrara algum talento para o desenho.
Durante o verão e o outono de 1905, foi muitas vezes tomado por impulsos de desenhar e pintar a óleo.

Enquanto pintava, sentia e observava para sua mulher (o que ela confirmou) que ele era um artista chamado Robert Swain Gifford (1804-1905), que encontrara brevemente umas poucas vezes, mas de cujo trabalho ele nada conhecia.

Em janeiro de 1906, ele foi a uma exposição das obras de Gifford, e ali soube, pela primeira vez, que Gifford morrera há um ano.

Enquanto olhava um dos quadros, uma voz disse:
“Você está vendo o que fiz.
Não conseguiria assumir e terminar meu trabalho?”


Depois desse episódio, a urgência para pintar ficou mais forte, e ele começou a ter frequentes alucinações visuais e auditivas.

Pintou algumas destas visões, e vendeu dois ou três dos quadros resultantes (sua semelhança com o trabalho de Gifford foi comentada).

As visões eram principalmente de paisagens com árvores retorcidas pelo vento;
e uma em particular – com carvalhos torcidos sobre um promontório junto a um mar raivoso – continuamente o assombrava.

Fez vários esboços disto, e uma pintura, que intitulou “A Batalha dos Elementos”.

As pinturas eram feitas em estados mentais que variavam de ligeira dissociação a automatismo mais ou menos completo.

Thompson sempre fora sonhador e tendente a divagações.
Agora ficara incapaz de trabalhar direito, e sua posição financeira deteriorou.

Começou a recear que estivesse ficando louco e, a 16 de janeiro de 1907, chamou Hyslop, recomendado por uma amizade comum.

Hyslop estava, de início, inclinado a considerá-lo mentalmente perturbado, mas decidiu que poderia ser interessante verificar a relação com Gifford, levando-o a um médium.

Assim, a 18 de janeiro, levou-o a uma médium clarividente não-profissional, sra. “Rathbun”.
A sra. Rathbun falou de um homem em termos que não era compatíveis com Gifford.

Thompson disse-lhe que estava tentando descobrir uma certa cena com carvalhos perto do mar.
Ela descreveu um grupo de carvalhos com ramos caídos, e disse que era um lugar perto do mar, onde se devia ir de barco.

Thompson foi encorajado, por esta sessão, a acreditar que não estava louco, e continuou a desenhar e pintar suas visões.
Entrementes, Hyslop levou-a vários outros médiuns (sempre incógnito).

A sessão mais interessante deste período foi uma com a médium de transe sra. “Chenoweth” (sra. Soule), a 16 de março de 1907.
Foram feitos registos esteneográficos completos do que seu controle disse (ela também escrevia, ocasionalmente).

Muita coisa apareceu, nessa sessão, para identificar Gifford.

Suas roupas e maneirismos, seu gosto por tapetes, seu amor pelas colinas e pelo oceano, folhas secas, os impermeáveis que vestia ao viajar de barco e ao pintar, seu gosto por cenas nebulosas e as telas inacabadas em seu estúdio.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jun 30, 2012 8:29 pm

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Foi feito referência a tudo isto.

Muitas das declarações foram confirmadas pela sra. Gifford. Gifford disse:
“Vou ajudá-lo, porque quero alguém que possa captar a inspiração dessas coisas como eu, para continuar minha obra.”

Thompson, logo depois, decidiu que tentaria localizar as cenas de suas visões, mantendo um diário de suas tentativas.

A 2 de julho de 1907, antes de partir, deu a Hyslop alguns esboços que fizera sob a influência “Gifford”, no verão e outono de 1905.
Foi primeiro a Nonquitt, Massachusetts, onde Gifford tivera sua casa de verão, esperando localizar as cenas naquelas vizinhanças.

Foi ali que soube (a sra. Gifford deixou-o ver o estúdio de seu falecido marido) que muitas daquelas paisagens eram das Ilhas Elizabeth, ao largo da Baía Buzzard, Massachusetts, e especialmente da Ilha Naushon, onde Gifford nascera.

Portanto, zarpou para essas ilhas.

O resultado de sua viagem pode ser assim sumariado:

1. - Thompson descobriu, sobre um cavalete no estúdio de Gifford, uma pintura que correspondia em detalhes inconfundíveis com um esboço seu, feito a partir de uma visão, que estava entre os que deixara com Hyslop.

Hyslop apresenta fotos de ambos em seu artigo, com uma carta da sra. Thompson que deixa claro que Thompson não poderia ter visto aquela pintura em nenhuma ocasião anterior.

Depois Thompson achou a cena original na Ilha Nashawena, e pintou-a ele mesmo.

Também no estúdio de Gifford estavam dois outros quadros que Hyslop descreve como “idênticos” a esboço anteriormente feitos por Thompson;
esboços, porém, que não estavam dentre os depositados com Hyslop.

As fotografias dos quadros de Gifford, reproduzidas como figura XIX de Hyslop, são tão pequenas e más que não podem garantir por si sós a semelhança.

2. - Thompson descobriu os cenários reais correspondentes a vários dos esboços que deixara com Hyslop.
Ele fotografou os cenários.

As fotografias (tais como reproduzidas por Hyslop) não são de boa qualidade, e alguns perfis foram retocados.
Num caso – de um grupo de árvores perto de Nonquitt – a semelhança entre a conformação das árvores no esboço e na fotografia é excepcionalmente boa.

Em outros casos, porém, a semelhança é muito menor, e eu hesitaria em confiar nela;
mas deve ser dito que, por tudo que pode ser comparado entre desenho e panorama, que aparecem numa foto branco e preto, a semelhança pode impressionar.

3. - Thompson também localizou, ou acreditou ter localizado, outros panoramas de suas visões.
Achava que era guiado até eles.

Enquanto estava examinando e esboçando uma determinada cena, um grupo de árvores na Ilha Naushon, ouviu uma voz dizer-lhe para procurar do outro lado das árvores.

Achou as iniciais de Gifford esculpidas al, com o ano 1902. Hyslop depois examinou a inscrição (não era recente) e fotografou-a.

4. - Na mesma ilha, Thompson localizou e pintou o grupo de carvalhos retorcidos num promontório junto ao mar, o grupo de seus primeiros quadros intitulado “A Batalha dos Elementos”.

Um antigo esboço disto fora deixado com Hyslop.
A pintura da visão e a pintura da realidade assemelhavam-se bem de perto.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 01, 2012 9:15 pm

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Thompson voltou à ilha com Hyslop e, depois de muita dificuldade, relocalizaram o ponto.
Hyslop tirou algumas fotografias que mostram claramente detalhes dos ramos torcidos e caídos.

Infelizmente, não tirou fotos mostrando todo aquele lado do promontório representado nas pinturas, mas gastou o restante do filme tirando fotos de perto dos carvalhos de um outro ângulo.

Assim, as correspondências entre o panorama e os esboços das visões precisam ser elaborados mentalmente, ao invés de se evidenciarem de imediato pela visão.

Deve ser mencionado agora que, enquanto rapaz, Thompson vivera uns dois anos em New Bedford, á pequena distância das Ilhas Elizabeth.

Ele afirmou (e nunca houve razão séria para questionar sua veracidade sobre este ou qualquer outro aspecto do caso) que jamais visitara as ilhas;
e a verdade de sua afirmativa foi confirmada por sua mãe, sua irmã e sua esposa.

Hyslop decidiu que, à luz dessas novas e extremamente curiosas circunstâncias, ele e Thompson (este incógnito, como de hábito) deveriam ir a outras sessões, e, em abril de 1908, de novo começou a fazer a ronda dos médiuns.

Desgraçadamente, nada obtiveram de interessante antes do meio de maio, ponto em que versões confusas das histórias vazaram para a imprensa, e poderiam ser recolhidas e representadas pelos médiuns.

Mas, muito material, que dificilmente poderia ser resultado de pesquisas clandestinas, veio à tona.
Nas sessões de junho, os controles da sra. Chenoweth deram muitos detalhes certos sobre Gifford.

Foi mencionado seu hábito de segurar algo “como um cigarro” (uma varetinha) na boca, enquanto pintava;
o facto de ter ilustrado poesia;
seus dois estúdios, na cidade e no campo (foram dados detalhes identificadores deste último);

sua mobília velha e cadeiras de palhinha;
uma escrivaninha com as pernas abertas para fora;
seu hábito de guardar grandes quantidades de pincéis velhos para pintar pedras e coisas ásperas;

uma cena que pintou perto da casa;
um farol branco com uma luz constante (isto é, não-giratória);
e o facto de ter perdido um filho e tentado expressar seu pesar em seus quadros.

Na sessão de 5 de junho de 1908, o próprio Gifford propôs controlar a sra. Chenoweth, e perguntou se Thompson se lembrava de um incidente, quando ele estava numa ponte e, olhando para a água, viu nela imagens como reflexos, que o inspiraram comum grande desejo de pintar.

Thompson, de facto, tivera uma tal experiência quando esteve numa ponte da Ilha Naushon.

Gifford de novo assumiu ostensivamente controle e mostrou conhecimento das alucinações de Thompson, numa sessão de 9 de dezembro de 1908, com outra médium de transe, sra. “Smead”, Gifford escreveu:
“oceano, sim, sim, sim”, desenhou o que parecia uma pilha de pedras encimada por uma cruz, e então escreveu:
“meu nome está nela, meu nome está nela”.

Mais de um mês antes da sessão, Thompson achara esta cruz junto ao mar – era parte dos destroços de um navio naufragado – e vira nela as iniciais de Gifford, R. S. G.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 01, 2012 9:15 pm

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Quando se aproximou do navio, as iniciais se apagaram.
Ele, porém, ficou tão impressionado que pintou a cena, e descreveu o incidente numa carta a sua mulher, carta esta que chegou às mãos de Hyslop antes da sessão de 9 de dezembro.

Nenhuma das médiuns, aliás, deu o nome inteiro de Gifford, mas a sra. Smead escreveu suas iniciais, primeiro como R. G. S e depois como R. S. G.

Não me parece que a teoria da fraude ou do acaso possam ser aplicadas satisfatoriamente ao caso de Thmpson-Gifford, quer pensemos só nas visões de Thompson, ou em todo o complexo de outros fenómenos (as pinturas, as sessões mediúnicas, etc.) associadas a elas.

Duas explicações das visões de Thmpson poderiam ser dadas do ponto de vista da hipótese da super-PES.

A primeira exigiria que supuséssemos que, por um bom tempo antes da morte de Gifford, Thompson tivesse estado bem próximo e frequente contato extra-sensorial com ele (deve-se lembrar que tinham se encontrado), e tivesse armazenado, para uso subsequente, as múltiplas imagens assim obtidas.

Há algo que sugere, em certos casos de PES espontânea, poder haver um retardamento de algumas horas entre a recepção de uma impressão extra-sensorial e sua emergência no consciente.

Mas não sei de nenhum caso com tanto retardamento e número de impressões como os que podemos encontrar no caso Thompson-Gifford.
Acho, portanto, que se deve rejeitar esta versão da super-PES.

A segunda versão possível da super-PES seria mais ortodoxa, postulando que Thompson adquiriu conhecimento clarividente das telas, ainda no estúdio de Gifford, tomou ciência, telepaticamente (talvez a sra. Gifford), dos lugares preferidos de Gifford, investigou-os clarividentemente e seleccionou deles, como temas de visões recorrentes, o tipo de local que agradaria a um pintor.

A única coisa que posso dizer em favor desta hipótese fantástica (para o que os anais da PES não oferecem paralelo) é que pode parecer menos fantástica que sua principal competidora, a teoria da imortalidade.

E isto não me parece razão suficiente para aceita-la.

Assim que passarmos a considerar outros aspectos do caso, ambas as formas da hipótese as super-PES encontram ais obstáculos.

Há, primeiro, o problema do estilo e da técnica das pinturas.
Talvez seja o menos sério dos problemas.

A semelhança detema entre as pinturas de Tthompson e de Gifford era óbvia para todos.

Quanto a haver ou não uma semelhança subjacente de stilo e técnica, as opiniões especializadas diferiam, e talvez seja mais seguro dizer que poucos especialistas acreditavam que as pinturas de Thompson eram as de um homem que começara a pintar havia pouco tempo, e que não teve nenhuma educação artística.

Mas não havia dúvida de que assim era.
Era sabido, entretanto, que Thompson sempre teve talento para desenhar, e dificilmente podemos definir os limites do possível em relação a um súbito florescimento artístico.

Um problema mais sério é o da motivação.
As finanças de Thompson sofreram severamente por causa de seu insopitável impulso de desenhar e pintar, e era um homem casado.

Nenhum impulso assim incontrolável cruzara antes sua mente.
Poderíamos dizer que estava fermentando em seu inconsciente durante anos antes da morte de Gifford, e que sua morte (da qual Thompson não tomou conhecimento por um ano) foi captada e inconscientemente utilizada como desculpa para extravasa-lo.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 01, 2012 9:16 pm

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Mas estas proposições sobre acontecimentos no inconsciente são tão inverificáveis quanto histórias sobre o outro lado de nenhures, parecendo-me o tipo de especulação estéril com que, como argumentei no Capítulo 1, deveríamos evitar nos enredar.

A complexidade se desdobra se levarmos em consideração as afirmações feitas pelas várias médiuns.

Muito embora várias das sessões fossem tediosas e mal-sucedidas, certamente parece-me que em outras foi passada informação correta sobre Gifford, informação nem sempre conhecida dos assistentes.

Foi também demonstrado conhecimento das visões de Thompson.
As médiuns devem ter catado telepaticamente o pensamento de Gifford a partir da mente de Thompson, e então deveriam ter localizado por telepatia e por clarividência outras fontes de informação sobre ele.

Não há dúvida de que a hipótese da super-PES, aplicada a esse caso (como a outros), é canhestra, e não só por causa da complexidade.
Se a teoria da imortalidade fosse aceita, simplificaria imensamente as coisas.

O problema com a teoria da imortalidade não é exactamente sua canhestrice, mas o conflito com outras áreas de nosso conhecimento, e uma indefinição subjacente em certos tópicos cruciais.

Suponhamos que, simplesmente para efeito de argumentação, aceitássemos uma interpretação do caso Thompson-Gifford em função da imortalidade da alma.

A questão óbvia seria:
que tipo de relacionamento seria de se esperar entre a entidade obsessora (o falecido Gifford) e sua vítima voluntária, Thompson?

O estado mental de Thompson, enquanto sob a influência de Gifford, variava de sonolência e leve dissociação (ao que, de qualquer modo, ele sempre estava sujeito), até um automatismo razoavelmente completo com (provavelmente) uma boa dose de amnésia, sem todavia resultar num transe.

Vi não poucos médiuns em estados que eu diria do mesmo tipo.

Poderia ser proposto, pelas razões mencionadas em capítulos anteriores, que influências extra-sensoriais emergem prontamente no consciente ou transformam-se em acção quando o sujeito está num estado mental onírico ou dissociado, e pode também ser proposto (muito embora seja altamente discutível) que, em algumas pessoas, tal estado pode ser acompanhado por uma resposta mais elevada à sugestão.

Combinemos estas noções coma telepatia recíproca entre o médium e a entidade desencarnada – e poderíamos supor que o médium simplesmente capta o que a entidade desencarnada imagina, ou poder-se-ia designar a esta um papel mais ativo de injectar material no sonho do outro – e de novo chagamos a ver o processo de comunicação como a teoria da influência, que esbocei nos capítulos anteriores.

E é fácil ver como esta teoria seria aplicável no caso Thompson-Gifford – desde que sempre possamos chegar a uma conceituação apropriada de telepatia (que pode ser um grande “se”).

A única diferença entre o caso Thompson-Gifford e muitos casos de mediunidade mental seria, primeiro, que Thompson foi influenciado por apenas uma entidade desencarnada e, segundo, que a influência manifestou-se tanto como alucinação sensorial como em automatismo motor.

Se considerarmos o caso Thompson-Gifford nestes termos, não há questão sobre ser um verdadeiro caso de possessão – o controle directo do sistema neuromuscular de uma pessoa viva por uma pessoa desencarnada.

§.§.§- O-canto-da-ave
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jul 02, 2012 8:50 pm

Revista Espírita, fevereiro de 1864

O Sr. Dombre, presidente da Sociedade Espírita de Marmande, manda-nos o seguinte:
“Com o auxílio dos bons espíritos, em cinco dias livramos de uma obsessão muito violenta e muito perigosa, uma jovem de treze anos, do poder de um mau espírito, desde 8 de maio último.

Diariamente, às cinco da tarde, sem faltar um só dia, ela tinha crises terríveis, de causar piedade.

Essa menina mora em bairro distante e os pais, que consideravam a doença como epilepsia, nem falam mais.

Entretanto, um dos nossos que mora nas vizinhanças, foi informado e uma observação mais atenta dos factos permitiu-lhe facilmente reconhecer a sua verdadeira causa.

Seguindo o conselho dos nossos guias espirituais, imediatamente nos pusemos à obra.

A 11 deste mês, às 8 horas da noite, reuniões começaram por evocar o Espírito, moralizá-lo, orar pelo obsessor e pela vitima e a exercitar sobre esta uma magnetização mental.

As reuniões eram feitas todas as noites e na sexta-feira, dia 15, a menina sofreu a última crise.

Só lhe resta a fraqueza da convalescença, consequência de tão longos e tão violentos abalos, e que se manifesta pela tristeza, pela languidez e pelas lágrimas, como nos havia sido anunciado.

Pelas comunicações dos bons Espíritos, diariamente éramos informados das várias fases da moléstia.

“Essa cura que, noutros tempos, uns teriam considerado como um milagre, e outros como um caso de feitiçaria, pelo que, segundo a opinião, teríamos sido santificados ou queimados, produziu uma certa sensação na cidade.”

Felicitamos os nossos irmãos de Marmande pelo resultado que obtiveram no caso e somos felizes de ver que aproveitaram os conselhos contidos na Revista, por ocasião de casos análogos, relatados ultimamente.

Assim, puderam convencer-se da força da acção colectiva, quando dirigida por uma fé sincera e uma ardente caridade.

§.§.§- O-canto-da-ave
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jul 02, 2012 8:50 pm

Técnica que ajuda o esclarecedor a melhorar os resultados de seu trabalho

Porque se faz reunião de assistência espiritual, senão para auxiliar os espíritos desencarnados que passam por sofrimento e desequilíbrio.

Naturalmente há outros objectivos e utilidades como oferecer oportunidade para os encarnados exercitarem a mediunidade e a caridade.

Na sua finalidade principal, directa, a abordagem das entidades nas reuniões deve ter muita objectividade e uma técnica de comunicação que garanta o melhor resultado no menor espaço de tempo.

A técnica a seguir divide o diálogo com o espírito em cinco passos e orienta a acção do esclarecedor em cada passo.

1 - Apresentação.

Fase inicial em que se dá as boas vindas ao visitante, esclarecendo quanto ao tipo de trabalho que se desenvolve nesta reunião, procurando transmitir segurança, simpatia, respeito, interesse em ajudar e firmeza de propósitos.

É preciso dar condições para que o espírito possa se comunicar e se predispor a falar de si e de suas necessidades.

2 - Sondagem.

Fase na qual o esclarecedor usa de toda sua experiência e os recursos da inspiração, para sondar o problema mais relevante do espírito comunicante e saber sua opinião a respeito.

Esse é o alvo a ser procurado e atacado com as armas do conhecimento espírita somadas a paciência, vontade de compreender, de ajudar e disposição para não julgar.

Todas as perguntas devem ser feitas para detectar a real necessidade do espírito, distanciadas de qualquer sentimento de curiosidade.

É comum a entidade se apresentar escondendo sua real situação.
Há espíritos que querem discutir a Doutrina, a própria reunião ou a Bíblia, mas não foi para isso que os guias espirituais permitiram sua presença.

Será preciso buscar o verdadeiro motivo.
Outros se expressam com muita raiva desejando intimidar e semear o medo, mas quando perguntado sobre sua mãe ou seu filho, abre-se em pranto e mostra seu verdadeiro estado emocional.

3 - Argumentação.

Importante fase em que o esclarecedor usa de todo seu conhecimento e vivência para dar esclarecimentos bem fundamentados, explicações objectivas, exemplos claros, orientação firme e consistente.

Muitas vezes haverá necessidade de refutar ideias e preconceitos erróneos ligados ao seu problema fundamental, para preparar a entidade à mudança do seu comportamento, facilitando sua libertação de reflexos mentais condicionados e permitindo seu encaminhamento em condições favoráveis para tratamento em instituições do plano espiritual.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jul 02, 2012 8:51 pm

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4 - Vibração.

Momento em que o esclarecedor e quem estiver acompanhando o diálogo, procura endereçar irradiação mental de ânimo, esperança, confiança e amor, completando o trabalho realizado, consciente de que, por mais inflexível que o espírito possa ter se apresentado, ele levou no seu registo mental os esclarecimentos dados que irão, a seu tempo, crescer e frutificar, assim como foi ajudado pelos bons sentimentos que geraram fluidos de alta qualidade.

Conforme o caso, pode-se fazer uma oração e dar um passe.

5 - Encerramento.

Fase na qual o esclarecedor reforça os pontos principais em uma síntese, estimulando e motivando o espírito a perseverar no novo caminho e nas novas ideias.

Despede-se e entrega a entidade nas mãos dos guias espirituais solicitando o encaminhamento para tratamento mais específico, de acordo com a natureza dos problemas identificados.

Naturalmente, cada caso merece uma atenção especial e a padronização ao extremo favorece a insensibilidade que não se coaduna com a Doutrina Espírita.

Use o bom senso e adapte essas sugestões ao estilo das reuniões de seu grupo, nunca esquecendo, porém, que toda nova técnica ou método só deve ser aplicada quando sua utilidade for plenamente compreendida por todos.

Analise tudo e faça bom proveito.

§.§.§- O-canto-da-ave
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